Gógou, a insubmissa António Cabrita - 14 Jan 2021 10/01/21 Falam em árabe, na mesa do lado, em voz muito alta, e parece-me que cada um deles só comunica ao outro o que lhe falta. Instala-se uma aspereza gutural que cospe caroços e recorta em modo rouco aquilo que é. Falam e pressinto o ar desmembrado à navalhada ou palpita-me que estou prestes a surpreender esse insólito momento em que um coração se funde num cacto. Lá fora, as folhas da acácia vermelha, finas como dedos, tocam ao vento um piano invisível. 11/01/21 «A tragédia do homem isolado interessa-nos naturalmente muito menos que aquela da coisa pública, causada pelo homem isolado», anotou Brecht, a propósito da peça de Shakespeare, Coroliano, em 20/05/51, nos seus Diários de Berlim. Fala do homem que se acoita no poder. Mas também Brecht, como Coroliano, pensava o seu papel insubstituível na esfera de acção cultural na RDA e a sua tragédia pessoal foi a merencória tristeza com que se foi apercebendo que a sua “liberdade” era cada vez mais um adorno do regime. Daí que, como defende Hannah Arendt, foi, paradoxalmente, quando reuniu as melhores condições de trabalho que a sua criatividade como dramaturgo diminuiu. Nos últimos anos, Brecht era claramente um homem esgotado. Embora sejam notáveis os poemas “mínimos” que foi escrevendo com uma limpeza e uma sabedoria “muito chinesas” e que constituiriam as Elegias de Buckow. Eis algumas: DIA QUENTE Dia quente. Com a pasta de escrita nos meus joelhos/ sento-me no caramanchão. Um barco verde/ cruza os prados à vista de todos. Na popa,/ uma freira gorda com vestes grossas. À frente dela,/ um homem idoso de roupa de banho, provavelmente um padre./ No banco de remo, remando com afinco,/ um rapazote. Como nos velhos tempos! Penso,/ como nos velhos tempos! FUMAÇA/ A casita sob as árvores à beira do lago./ A fumaça sobe do telhado./ Em faltando,/ como ficariam desconsolados/ casa, árvores e lago. ABETOS/ Pela manhã/ são acobreados os abetos./ Era já assim que os via/ há meio século atrás,/ duas guerras mundiais atrás,/ com olhos jovens. 12/01/21 Lembremo-nos de Nunca ao Domingo (1960), de Jules Dassin, uma variação, em farsa, do mito de Pigmalião. No porto de Pireu, mora Ilya (Melina Mercouri), uma prostituta independente e popular, de espírito livre e generosa, que aos domingos convida os seus clientes para sua casa, apenas para entretê-los com comida, bebida e música, grátis. Chega à cidade um intelectual americano, Homer Thrace (Jules Dassin), procurando as causas do declínio da Grécia de Platão e Aristóteles. Ao conhecer Ilya e seu modo de vida, conclui que ela é o símbolo vivo das causas do declínio, e propõe-se a uma campanha para “salvá-la” por meio de sua educação, o que permitirá que ela abandone a prostituição e encontre uma vida melhor. Na luta entre o normativo e a “joie de vivre” é o educador quem acabará por ceder. É um filme maravilhoso e desopilante e absolutamente anarca, e a força de Ilya, que mete de pantanas a propriedade privada e qualquer moral burguesa, arrasa tudo, como quem não quer a coisa. Neste filme, o desespero é o cancro social e a alegria ontológica. Este filme devia ser vendido como complemento do livro de Katerina Gógou, Três Cliques à Esquerda… (Barco Bêbado), outra grega anarca, actriz e poeta, devastadora, inclemente e suicida, e onde tudo funciona absolutamente ao contrário: o cancro devém ontológico, posto que não se enxerga escapatória ao mandamento social. Katerina (1940-93) propõe então o combate: «Sei que há areais infindáveis/ e árvores junto ao mar/ e que o amor é uma coisa maravilhosa./ Mas antes era preciso acabarmos com os porcos.», e avisa o rebelde que não espere descanso ou recompensas, de que só lhe restarão alguns pequenos prazeres sornas arrancados à voragem da rebelião: «A nossa vida é/ bofes de fora em vão/ em greves combinadas/ bufos e carros-patrulha./ Por isso é que te digo./ Da próxima vez que dispararem contra nós/ nada de dar à sola. É medir forças contra eles./ Nada de vender a nossa pele ao desbarato pá./ Não. Chove. Dá-me um cigarro.» É um livro exasperador, sem um poro que não esteja betumado pelo desespero: «Enlouqueço dentro de um sonho/ meu e dos meus amigos, em sucessivos ataques de nervos/ choros histéricos, vómitos de bebedeira e nojo/ tentativas de suicídio e inúteis/ resoluções/ de mudar de vida.» Quando este seu livro apareceu em 1978, propagou-se como uma labareda e vendeu mais de 40 000 exemplares. Neste momento, está a ser redescoberto e traduzida por toda a Europa. Talvez Katerina Gógou esteja para estes tempos de biopolítica como Maiakovski esteve para a revolução russa: puro arame-farpado, é um grito necessário porque nos coloca a nu. E, como a do russo (ou a de Brecht), esta não é uma arte blindada; truculenta, anti-retórica, não se imaginem aqui sentidos figurados, costuras, dependências ou auto-complacências que se acalentem ou fiquem por expôr: « Bom dia doutor./ Não./ Não se levante. De resto, não tenho nada de grave./ O do costume./ Passe-me valium metaqualona triptizol — já sabe de cor —/ Torne-me socializável/ arrume-me, vá,/ junto dos seus semelhantes/ junto aos seus bufos/ foda-me se quiser/ bonitas as gravuras na parede./ Aqui tem uma nota de mil/ e dê-me lá a receita/ porque já perdi a paciência meu paneleiro de merda/ e dê por onde der vou rebentar./ Não. Não se levante doutor. Não é grave./ Obrigada./ Muito bom dia.» Leia-se este livro como uma espécie de A Arte de Rebelião Para as Novas Gerações, na esteira do justamente famoso livro de Raoul Vaneigem. Sobreavisando: não se espere consolo, o livro detona, como um convite à decisão. Esta edição da Barco Bêbado é, mais uma vez, belíssima, com desenhos fortes de Gonçalo Pena e um grafismo à altura, cheio de punch, de Paulo da Costa Domingos, a demonstrar que alguns mais velhos estão para durar.
Exposição | Ilustração e perfumaria recontam lenda da Caixa de Pandora João Luz - 14 Jan 2021 E se uma imagem tivesse cheiro? Esta foi a base do conceito para “MY.THOLOGY – Pandora’s Box”, um par de ilustrações de Annie Long Jor que inspiraram a criação dos perfumes “Curse” e “Hope”, da autoria de Suki Man. A exposição pode ser visitada no Pace Coffe, na Rua dos Ervanários, até 7 de Fevereiro Quem percorrer a Rua dos Ervanários, nos dias que correm, tem uma pequena feira de rua com banquinhas para passear os olhos e tentar o paladar. Um dos tesouros escondidos, entre cafés, lojas antiguidades e tendas de mahjong é uma banca ao lado do Pace Coffee onde está patente “MY.THOLOGY – Pandora’s Box”, uma experiência sensorial que junta a ilustração e perfumaria num conceito único. A partir do tema recorrente da pandemia, presente na vida de todos, a ilustradora Annie Long Jor decidiu juntar a imagem à perfumaria, com a ajuda de Suki Man. Apesar de Macau se manter como um porto de abrigo, sem casos positivos de covid-19, as famílias separadas e a “impossibilidade de viajar e sair para ver exposições” obrigaram à clausura o que acabou por inspirar a criação artística. “O tema desta exposição é baseado numa história que todos conhecemos, a lenda da Caixa de Pandora. Na mitologia, quando Pandora abre a caixa liberta todas as maldições e assustada, fecha-a de imediato, deixando lá dentro a esperança”, conta ao HM Annie Long Jor. A ilustradora viu na lenda um reflexo de tudo o que se passou. “Na sequência do que a pandemia nos obriga a passar, com todo o mal e separação de famílias, parece que as pragas e maldições saíram da caixa.” Porém, na versão de Annie Long Jor, a ilustração conta outra história, com a caixa a permanecer aberta e a esperança libertada. “Acho que é uma história boa para começar 2021, é o que precisamos para o nosso futuro e para lidar com este ano”, vaticina a artista. Este foi o mote para os dois desenhos, que representam “Curse” (maldição) e “Hope” (esperança), aos quais correspondem dois perfumes da autoria de Suki Man. “Como sou muito fascinada por esta história e por mitologia, pensei numa forma de a melhorar, com toda a energia positiva que conseguir colocar no projecto”, conta a ilustradora. Próximos capítulos O plano original da dupla de criadoras era servir esta mostra como um aperitivo para algo mais alargado. Nesse sentido, Annie Long Jor revela-se esperançada de que ainda durante este ano possa mostrar a Macau o segundo capítulo de mitos ilustrados e perfumados. Quanto às narrativas, a ilustradora levanta a ponta do véu e adianta que está a “pensar em histórias e personagens, como Cupido, e outras figuras mitológicas”. A exposição pode ser vista até 7 de Fevereiro, de segunda-feira a domingo, na Rua dos Ervanários entre as 12h e as 19h. “Esperamos que as pessoas apreciem em simultâneo as ilustrações e os perfumes. Essa é a parte que achamos mais interessante. Cada um tem as suas próprias memórias e personalidade. Gostaríamos que o público misturasse o que vê ao que cheira e que, a partir daí, construísse um novo espaço no seu imaginário”, aponta a ilustradora.
Quarentena | Observação médica para quem chega de Hebei e Pequim Hoje Macau - 14 Jan 2021 O Centro de Coordenação de Contingência informou que a partir das 00h de hoje, ficaram obrigados a cumprir quarentena, para entrar em Macau, todos os indivíduos que tenham estado nos 14 dias anteriores em determinadas zonas da província de Heilongjiang, Hebei, Liaoning e em Pequim. Ficam também sujeitos a quarentena obrigatória quem chegar a Macau, após ter passado nos últimos 14 dias nas cidades de Dalian e Shenyang na província de Liaoning. A Comissão de Saúde da China anunciou ontem que identificou 115 casos de covid-19 entre terça e quarta-feira, incluindo 107 por contágio local. A maior parte dos casos locais registou-se na província de Hebei (90), que circunda Pequim, onde foi detectado um novo surto, que levou as autoridades chinesas a impor quarentena em três cidades, incluindo na capital, Shijiazhuang, com 11 milhões de habitantes. Os restantes casos de contágio local foram detectados nas províncias de Heilongjiang (16), nomeadamente em Angangxi, na cidade de Qiqihaer, e de Shanxi. Quanto aos casos importados que a Comissão de Saúde da China reportou foram diagnosticados em Xangai e nas províncias de Guangdong e Fujian.
Presidenciais | Dificuldades de voto dos emigrantes assinaladas em debate Andreia Sofia Silva - 14 Jan 2021 No debate televisivo de terça-feira, os candidatos às eleições presidenciais de Portugal, Ana Gomes, Tiago Mayan Gonçalves e Vitorino Silva destacaram as dificuldades que os emigrantes enfrentam para votar e lamentam que o Governo português não tenha ainda instituído o voto por correspondência Os emigrantes que querem votar nas eleições para a Presidência da República de Portugal podem vir a enfrentar dificuldades acrescidas devido à pandemia da covid-19. Este cenário foi lembrado no debate televisivo que juntou todos os candidatos às presidenciais e que foi transmitido na terça-feira na RTP. Ana Gomes destacou o facto de nada ter sido feito para instituir o voto por correspondência. “Já estão de tal maneira a ser afectadas [as eleições] que, neste momento, muitos emigrantes portugueses não podem votar porque a Assembleia da República [AR] não legislou, a tempo e horas, para garantir o que era possível e desejável, que era o voto por correspondência.” Tiago Mayan Gonçalves, candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, também lamentou que nada tenha sido feito até agora. “Poder-se-ia ter ponderado um conjunto de outras circunstâncias, de revisão constitucional para que o voto no continente não tenha de ser presencial e possa ser por correspondência. Não obrigar quem está lá fora, as nossas comunidades, a ter de se deslocar centenas de quilómetros para um consulado. Pensar em quem está inscrito nesses consulados, mas está aqui [em Portugal] há meses porque veio fazer teletrabalho no seu país ou veio dar apoio à família e neste momento não vai poder votar.” Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans, também lembrou as dificuldades de voto relacionadas com o mau funcionamento dos consulados. “Lembro-me, há cinco anos, no voto dos emigrantes, que havia gente que queria votar, ligava para os consulados e não havia telefonistas. Fico triste quando há muita gente que, ainda hoje, está a tentar três e quatro vezes ligar para votar, cinco anos depois ainda não há ninguém para atender o telefone.” Governo reagiu Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, confirmou à Lusa que os portugueses que residem na região vizinha não vão conseguir votar por não conseguirem deslocar-se a Macau. Esta semana, a deputada Joacine Katar Moreira divulgou uma resposta do Executivo português sobre esta matéria. No documento lê-se que “o Governo criou um grupo de trabalho conjunto com o Ministério da Administração Interna e o Ministério dos Negócios Estrangeiros com a incumbência de estudar, avaliar e propor medidas de aperfeiçoamento do processo de votação dos portugueses residentes no estrangeiro”. “O resultado desse trabalho conjunto culminou no alargamento do voto em mobilidade, na uniformização das normas sobre a realização de actos eleitorais e referendáveis, alterando as leis eleitorais para o Presidente da República, a AR e dos órgãos das autarquias locais […] tendo impacto na votação e recenseamento dos eleitores nacionais residentes no estrangeiro. Ao contrário do que é referido, o Governo tem garantido e promovido o direito constitucional de sufrágio dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro”, lê-se na resposta.
Ocean Gardens | Morador suspeito de atirar gatos pela janela Hoje Macau - 14 Jan 2021 A gestão do condomínio do complexo Ocean Garden publicou uma nota na segunda-feira, a dar conta de uma queixa apresentada por um morador sobre um outro residente suspeito de ter morto cinco gatos, depois de, alegadamente, ter atirado os animais pela janela. No comunicado, a gestão do complexo revela ainda ter contactado o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e a polícia, tendo em conta que a acção infringe, não só a lei de protecção dos animais, por maus tratos, mas pode constituir também um crime de ofensa à integridade física por negligência. Em comunicado divulgado ao final do dia, o IAM acusou ter sido notificado a 5 de Janeiro, referindo, no entanto, ser impossível prosseguir a investigação porque as carcaças dos animais, que terão sido encontradas a 19 de Dezembro de 2020, já não se encontram no local. O IAM apelou ainda para a população contactar o organismo sempre que houver suspeitas sobre casos de maus tratos animais.
Casamento falso | Casou três vezes para obter BIR próprio e do ex-marido Pedro Arede - 14 Jan 2021 O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve três pessoas por suspeitas de envolvimento numa sequência de casamentos falsos com o objectivo de obter autorizações de fixação em Macau de forma ilícita. Segundo foi revelado ontem em conferência de imprensa, o caso, que remonta a 2006, terá tido início quando uma mulher, de apelido Dong, que se encontrava grávida, se divorciou do marido, de apelido Lin, para se casar, ainda no mesmo ano, com um residente de Macau, de apelido Lam. Passados sete meses, o filho do ex-marido nasceu, sendo que Lam se dirigiu aos serviços administrativos para registar o bebé como sendo seu filho. Dong e Lam viveram juntos durante sete anos, até que, em 2013, altura em que mãe e filho já tinham adquirido o estatuto de residentes de Macau, resolveram divorciar-se. Em 2016, três anos volvidos, Dong voltaria a casar-se novamente com Lin, o ex-marido. Após investigar um pedido de fixação de residência submetido em 2020 em nome de Lin, o CPSP confirmou que os dois já se tinham casado em 2000 e avançou para a detenção dos três suspeitos, que irão responder agora pelos crimes de falsificação de documentos.
Burla | Desfalcados em 1,47 milhões com esquema de fichas falsas Pedro Arede - 14 Jan 2021 Dois residentes de Macau foram burlados em 1,47 milhões de dólares de Hong Kong depois de se terem apercebido que as 15 fichas de jogo no valor de 1,5 milhões que tinham adquirido eram falsas. Quatro pessoas foram detidas. Um dos suspeitos continua a monte A Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem quatro homens suspeitos de burlar dois residentes de Macau em 1,47 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), através de um esquema de fichas de jogo falsas. Segundo revelou ontem a PJ em conferência de imprensa, tudo começou quando no passado domingo, uma das duas vítima foi contactada por um dos suspeitos, com o objectivo de lhe propor um negócio vantajoso envolvendo fichas de jogo. A transacção em causa implicaria o pagamento de 1,47 milhões de HKD pela aquisição de 15 fichas de jogo de 100 mil HKD, no valor total de 1,5 milhões de HKD. Como a vítima e um amigo estavam interessados em adquirir as fichas de jogo, na madrugada do dia seguinte decidiram ir a uma sala VIP de um casino para efectivar a transacção. Na sala VIP, além da pessoa que entrou inicialmente em contacto com a vítima, estavam ainda os outros suspeitos que viriam mais tarde a ser detidos. Já na posse das fichas de jogo, a vítima dirigiu-se de imediato a um casino localizado no NAPE. Depois de apresentar as 15 fichas de jogo no valor de de 1,5 milhões de HKD na tesouraria do casino para as trocar por fichas de valor mais baixo, foi informado por um funcionário que eram falsas. Depois do sucedido, a vítima ligou à polícia para apresentar queixa. Iniciada a investigação, a PJ recolheu as informações necessárias para avançar com a detenção do suspeito e de três outros cúmplices, na zona norte de Macau. Interrogado, o suspeito, apesar de confessar ter contactado a vítima, recusou assumir a prática de qualquer tipo de burla. Os restantes três cúmplices recusaram-se a cooperar com as autoridades. A monte De acordo com a PJ, depois de concretizada a transacção com a vítima, os quatro detidos, todos eles residentes de Macau, terão ido para Coloane para se encontrar com um quinto suspeito, que se encontra a monte e que as autoridades acreditam estar na posse dos 1,47 milhões resultantes do negócio. Durante a conferência de imprensa, o porta-voz da PJ revelou ainda que uma das vítimas perdeu 1,07 milhões de HKD, ao passo que a outra ficou desfalcada em 392,5 mil HKD. Além disso, a vítima que foi contactada afirmou ter conhecido o suspeito em Novembro e que, já nessa altura, tinha ficado prometida a possibilidade de, no futuro, vir a trocar fichas por um valor inferior ao seu real valor. Os quatro detidos foram presentes ao Ministério Público por suspeitas da prática do crime de burla de valor elevado, podendo ser punidos com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias.
Rendas caíram entre 4 e 4,5 por cento no segundo semestre de 2020 João Santos Filipe - 14 Jan 2021 Apesar da crise económica, a imobiliária JLL diz que os preços das rendas não sofreram grandes alterações e que os acordos de renegociação entre senhorios e inquilinos tiveram efeitos limitados. O cenário foi traçado por Gregory Ku, director administrativo da empresa, numa conferência de imprensa realizada ontem. “[Devido há pandemia] houve reduções de rendas, tanto em residências como no sector do retalho. Mas, essas reduções resultaram em acordo de curto prazo, e que nem todos os senhorios estiveram disponíveis para assumir. Por isso, quando esses acordos aconteceram foi só durante dois ou três meses, por volta de Março e Abril”, afirmou Gregory Ku, sobre 2020. Segundo os dados da JLL, na segunda metade do ano passado, as rendas nas residências de luxo caíram 4 por cento, enquanto no segmento de massas e intermédio a quebra foi de 4,5 por cento. Este ano, a saída dos trabalhadores não-residentes, poderá haver quebras mais significativas, mas que se deverão ficar pelo segmento das casas com mais assoalhadas. Realidades diferentes “No sector residencial vemos que há muitos estrangeiros a sair de Macau, devido às quotas de emprego. Estas saídas afectam directamente o mercado do arrendamento e por isso há senhorios a baixar as rendas ligeiramente. Ainda não é uma tendência forte”, justificou. “Nas casas com mais quartos os senhorios têm mais dificuldades em encontrar inquilinos. Por isso, estão disponíveis para baixar mais os preços, com uma oferta que fica 10 por cento abaixo do praticado anteriormente. Mas as casas mais pequenas têm sempre mais procura, por isso as rendas devem manter-se”, acrescentou. Segundo os dados mencionados pela JLL, com base nas estatísticas oficiais, o desemprego e o subdesemprego, ou seja, pessoas a cumprirem horários reduzidos, estão em valores históricos para a realidade da RAEM. Apesar disso, os representantes das empresas que tratam de transacções imobiliárias não antecipam cenários em que as pessoas percam a capacidade de pagar as hipotecas. “Se olharmos para as poupanças dos residentes ainda estão num nível muito elevado. Mesmo no sector da banca não houve qualquer indicação de as pessoas não terem capacidade de pagar os empréstimos”, relatou Gregory Wu.
Macau e Zhuhai com mecanismo para combater burlas no sector do imobiliário Pedro Arede - 14 Jan 2021 Após uma reunião entre o CC, a DSE e as autoridades de Zhuhai e Hengqin, foram traçadas medidas para combater as muitas fraudes registadas na venda de imóveis do Interior da China, a residentes de Macau. Além de mecanismos para reprimir publicidade ilegal e a verificação da autenticidade de licenças, haverá ainda uma página online sobre o tema A prevenção de irregularidades na venda de imóveis do Interior da China a residentes de Macau entrou numa nova fase. De acordo com um comunicado divulgado na manhã de ontem, o Governo, representado pelo Conselho dos Consumidores (CC) e pela Direcção dos Serviços de Economia (DSE), e as autoridades de Zhuhai e Hengqin chegaram a acordo para criar um mecanismo conjunto de combate às fraudes na compra de habitação. O consenso foi alcançado após uma reunião que decorreu na passada segunda segunda-feira em Zhuhai, definindo que o mecanismo de prevenção assenta em três linhas principais. Segundo a mesma nota, o primeiro ponto passa por criar “um mecanismo conjunto de prevenção sobre a publicidade de imóveis entre Macau, Zhuhai e Hengqin”, com o objectivo de “reprimir acções promocionais ilegais a partir da origem”. Para materializar a ideia, será intensificada a troca de informações e realizados encontros com os promotores dos empreendimentos, agências imobiliárias e agentes de publicidade do Interior da China. A outra medida passará por estabelecer um mecanismo de verificação das chamadas “5 licenças”, ou seja, da documentação obrigatória para a transacção de imóveis. A finalidade, passa por “fortalecer a protecção dos direitos e interesses em matéria de consumo”. “Caso sejam descobertas informações falsas, o caso será tratado de forma severa e denunciado às autoridades judiciais, recaindo sobre o infractor as responsabilidades penais relacionadas”, pode ler-se no comunicado. Por fim, o mecanismo conjunto entre as autoridades de Macau e Zhuhai prevê ainda a criação de uma área específica no website do CC dedicada a dar “Informações sobre a aquisição de imóveis sitos no Interior da China”. A secção permitirá aceder à “plataforma de transacção de imóveis da cidade de Zhuhai”, para que os utilizadores possam verificar, não só “o destino do imóvel”, mas também a autenticidade do número da “Licença de pré-venda de habitações comercializáveis”, uma das cinco obrigatórias. Tolerância zero Durante a reunião, o subdirector da DSE, Chan Hon Sang reforçou em que moldes se baseia a Lei de Publicidade em Macau, sobre imóveis, salientando que, em caso de violação da lei, “a DSE irá sancionar o infractor nos termos legais e confiscar o respectivo suporte publicitário ilícito”. Por seu turno, o presidente do CC, Wong Hon Neng, fez uma apresentação sobre as reclamações que o organismo recebeu sobre imóveis do Interior da China, admitindo ter encontrado “dificuldades” no acompanhamento dos casos. “Como diferentes locais têm o seu próprio regime jurídico, pode existir diferença em matéria de defesa do consumidor”, referiu o presidente do CC, acrescentado ter vontade de explorar uma “proposta viável em prossecução do objectivo comum de salvaguardar os direitos e interesses legítimos do consumido”. O subdirector do Conselho de Gestão do Novo Distrito de Hengqin em Zhuhai, Li Zhiping deixou ainda nota para o facto de as actividades imobiliárias entre Macau e Hengqin se terem tornado cada vez mais “dinâmicas”, importando, por isso, “fomentar o desenvolvimento saudável do sector” e o intercâmbio de residentes. Recorde-se que ainda no passado mês de Dezembro, uma série de residentes lesados na compra de fracções no Interior da China entregou uma petição ao Governo, em busca de soluções por parte do Executivo. Uma das lesadas contou na altura ter desembolsado 2,86 milhões de renminbi em Setembro de 2018 pela compra de uma fracção no Interior da China que afinal não pode ser usada para fins habitacionais.
DSEJ | Indicadores da Juventude alargado a residentes com 35 anos Hoje Macau - 14 Jan 2021 O inquérito do Sistema de Indicadores da Juventude irá alargar o leque de destinatários até aos 35 anos, acompanhando a ampliação estabelecida pela Política de Juventude de Macau (2021-2030), cuja consulta pública terminou no mês passado. De acordo com Lou Pak Sang, que dirige a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), o resultado do inquérito realizado em 2020 será publicado no primeiro semestre deste ano. O responsável, em resposta a interpelação do deputado Lam Lon Wai, destaca a importância destas ferramentas estatísticas para a eficácia da execução das políticas de juventude. O director da DSEJ referiu ainda o contributo científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que analisou a eficácia da “Política de Juventude de Macau (2012-2020), para servir de referência à elaboração da nova ronda de planeamento. Os académicos sugeriram ao Governo o alargamento da cobertura da população, reforço da divulgação das políticas e aumento de comunicação com os jovens, assim como o reforço da educação do amor pela pátria e por Macau e a preparação dos jovens quadros em termos políticos.
Polícias | Governo quer dissolver Conselho de Justiça e Disciplina João Santos Filipe - 14 Jan 2021 A proposta está a levantar dúvidas entre “alguns deputados” que receiam a perda de parte das transparências nos processos disciplinares. Porém, o Executivo insiste que se podem ganhar, pelo menos, 10 dias no tempo de duração dos processos Com a proposta para o novo Estatuto dos Agentes das Forças e Serviços de Segurança, o Governo vai acabar com o Conselho de Justiça e Disciplina, um órgão consultivo para matérias disciplinares. A proposta está a causar polémica na 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, porque há deputados que consideram que a dissolução pode diminuir transparência. O ponto da situação foi feito por Vong Hin Fai, deputado e presidente da comissão, após mais um encontro com o Governo para discutir o diploma. “Alguns membros acham que o conselho deve ser mantido porque oferece uma maior transparência [para as decisões]. Mas, o Governo disse-nos que o conselho é composto pelos cinco dirigentes das corporações de Macau e que na prática, com base nos casos anteriores, tem revelado pouca utilidade”, explicou Vong Hin Fai. O Conselho de Justiça e Disciplina junta os comandantes do Corpo de Bombeiros, Corpo de Polícia de Segurança Pública, e ainda os directores da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau e dos Serviços das Forças de Segurança de Macau. Actualmente, os envolvidos têm várias competências, entre as quais avaliar a adequabilidade das penalizações aplicadas no âmbito de processos disciplinares. Para o Governo, o conselho atrasa os procedimentos, porque permite que cada comandante tenha um período de dois dias para se inteirar dos processos, antes de dar a sua opinião. O prazo total de 10 dias é encarado pelo Executivo como excessivo e visto como um contributo para atrasos. “É um factor de atraso processual porque o procedimento de consulta é demorado e prejudica a celeridade”, afirmou o presidente da comissão sobre a posição do Governo. “Cada dirigente tem dois dias para analisar o processo, o que resulta num prazo de 10 dias”, acrescentou. Apesar de sugerir a eliminação, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, não terá avançado dados sobre as ocasiões em que o conselho foi ouvido e os dias de atrasos causado pela consulta. Secretário definiu “associações sindicais” Na reunião de ontem, os deputados voltaram a debater a definição de associações sindicais. No passado, apesar de a proposta de lei não ser inovadora na proibição dos agentes das forças de segurança participarem em associações políticas e sindicais, há receios de que a interpretação de Wong Sio Chak seja diferente da anterior. Esta questão pode obrigar, por exemplo, polícias a deixar associações onde estiveram nos últimos 30 anos. Um dos deputados que se mostrou preocupado com a questão foi José Pereira Coutinho, ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. Ontem, Wong Sio Chak propôs uma alteração, em que define as associações sindicais como “associações permanentes para a defesa e promoção dos interesses socioprofissionais”. A sugestão não terá agradado aos deputados, que consideram não fazer sentido definir as associações nesta parte do diploma, mas o secretário garantiu abertura para negociar.
Óbito | Sheldon Adelson, o homem que revolucionou o jogo de Macau na liberalização Andreia Sofia Silva - 14 Jan 2021 Viu o que mais ninguém conseguia ver, e exportou para Macau o modelo de negócio de Las Vegas, com o conceito de casino-resort e novas formas de financiamento e de gestão do jogo. Sheldon Adelson morreu esta terça-feira aos 87 anos, vítima de doença prolongada, e é tido como um visionário que mudou para sempre a forma de jogar no território Até o Sands ser inaugurado na península de Macau, em 2004, um casino era apenas isso: um espaço de jogo fechado, onde o único intuito era tentar fazer milhões. Com a entrada da Sands China no mercado e com a inauguração do empreendimento Sands, tudo mudou. Pela primeira vez, um turista não ia ao casino apenas jogar, ia também ver o que por lá se passava fora das salas de jogo. O fundador do império de casinos Las Vegas Sands e principal financiador do Partido Republicano, nos Estados Unidos, Sheldon Adelson, era filho de imigrantes judeus, criado com dois irmãos numa quinta de Boston. Com o jogo tornar-se-ia num dos homens mais ricos do mundo, uma vez que, em 2018, a revista Forbes classificou-o como o 15.º homem mais rico dos Estados Unidos, com uma fortuna estimada em 28,8 mil milhões de euros. “Se fizermos as coisas de forma diferente, o sucesso segue-nos como uma sombra”, afirmou em 2014, durante uma conferência para a indústria de jogos, em Las Vegas. A Sands China reagiu, em comunicado, ao falecimento do seu grande mentor. “Adelson representava a verdadeira definição de pioneiro, empresário e filantropo. Nunca esqueceremos as suas contribuições para o desenvolvimento de Macau, que remontam à sua corajosa visão de criar a faixa do Cotai”, pode ler-se. Em Macau Sheldon Adelson foi uma figura central na liberalização do jogo. Foi ele que introduziu o conceito de casino-resort e que olhou para o Cotai com outros olhos. Com a inauguração do Venetian, em 2007, Macau passava a ter uma Veneza em ponto pequeno e um factor diferenciador para o turismo chinês. A importância de Adelson em Macau é tanta que é comparado, por vários analistas, a Stanley Ho, desaparecido em Maio do ano passado. “Pouco menos de um ano depois de Stanley Ho, morreu outro visionário”, afirmou à Lusa o advogado Pedro Cortés. “Macau deve muito daquilo em que se transformou ao senhor Sheldon Adelson, que recebeu em dobro aquilo que deu à região. Morreu um dos grandes nomes da indústria que, a par de Steve Wynn, ajudou a mudar a face de Macau depois de 2002”, reforçou. Também o advogado Óscar Madureira, ouvido pelo HM, traça um perfil semelhante. “[Sheldon Adelson] teve a importância, depois da liberalização do jogo, que o Stanley Ho teve numa outra fase. Apostou numa zona que não era importante [o Cotai]. Reconheceu ali o local onde iria nascer o jogo e criou o primeiro resort integrado de Macau. Foi lá criada a primeira arena, trouxe os espectáculos de boxe, o Cirque du Soleil.” Para Fernando Vitória, ex-assessor da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), o magnata “modificou o panorama do jogo em duas áreas”. “Importou a visão que tinha dos casinos para Macau de uma forma quase literal, introduziu duas ideias interessantes e que fizeram com que Macau tenha dado um salto qualitativo e quantitativo em relação à qualidade do jogo e à forma como ele era apresentado ao público. Teve a noção do casino-resort. A segunda grande ideia que ele trouxe foi uma gestão aberta e moderna dos casinos, que incluía uma certa inovação no financiamento dos casinos. Isso provocou um choque em Macau.” Fernando Vitória recorda “que os funcionários da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) ficaram extremamente curiosos sobre a forma como ele conseguia obter tanto financiamento e tão rápido, e como entrou imediatamente na bolsa de valores de Hong Kong. Foi um factor de arrasto para os outros casinos, até para a própria SJM”. Ousadia e inovação Óscar Madureira considera que a Sands China “é, de longe, a melhor operadora de Macau”, por ter “as propriedades mais diferentes, que oferecem um produto mais diversificado, o que tem uma oferta no ramo do entretenimento, das convenções, da própria experiência de compras”. Tal deve-se à ousadia e inovação de Sheldon Adelson, que soube “arrastar uma nova classe de empresários de jogo para o Cotai”, destaca Fernando Vitória. Aquando da liberalização, “ficámos surpreendidos pela forma como ele se apresentou, era o homem capaz de transformar o Cotai”, recorda o ex-assessor da DICJ. “O Cotai não estava planeado para casinos, e pensava-se que Macau já tinha muitos casinos e que aquela seria mais uma zona de diversificação da economia. Como aquilo não andava, ele propôs avançar com um casino ali, e todos diziam que seria um investimento suicida. E depois apareceu a Venetian e todas as outras concessionárias correram para o Cotai.” Outra inovação de Sheldon Adelson foi a aposta na Cotai Water Jet, que trouxe novas carreiras de barcos entre Macau e Hong Kong. “Na altura era uma coisa impensável porque havia o monopólio do Stanley Ho, e, no entanto, Sheldon Adelson atirou-se para a frente e conseguiu. A meu ver foi a grande personagem que se atreveu, teve uma ousadia extraordinária, de ver como Macau, apesar de pequeno, conseguiu ser uma outra Las Vegas”, destaca Fernando Vitória. “Fácil de lidar” Manuel das Neves, ex-director da DICJ, privou de perto com Sheldon Adelson quando este chegou ao mercado de Macau. Recorda-se de “uma das figuras mais importantes na era da pós-liberalização”, alguém que “expunha as suas ideias de forma vigorosa, uma pessoa fácil de lidar, tal como os outros magnatas de jogo”. A inovação de Adelson contrastou com as ideias das autoridades de Macau, mas depressa o impasse se resolveu. “Adaptámo-nos e sabíamos que as coisas iam ser diferentes. Nos primeiros tempos houve alguns pequenos desentendimentos, mas foram facilmente ultrapassados. Eles [Governo de Macau] não estavam habituados à forma de Las Vegas, onde há uma diferente fiscalização, com auditorias periódicas, enquanto aqui em Macau temos inspectores nos casinos. Mas eles adaptaram-se e nós também.” Depois da inauguração do Sands e do Venetian, a operadora construiu ainda o hotel Four Seasons e o The Plaza Macau, seguindo-se, também no Cotai, o Sands Cotai Central e o The Parisian Macao. Apesar de Sheldon Adelson ter iniciado a construir a sua riqueza nos Estado Unidos, foi através dos investimentos em Macau que a sua fortuna explodiu. Os casinos em Macau geraram 63 por cento da receita da empresa, de 13,7 mil milhões de dólares, seguidos de Singapura, que representaram 22 por cento da receita do ano passado, e só depois os dos Estados Unidos. “A verdade é que ganhou mais em Macau do que em Las Vegas desde 1988 quando adquiriu o Sands por 184 milhões de dólares”, defendeu Pedro Cortés. Apesar da sua morte, Glenn McCartney, professor na área do turismo da Universidade de Macau, defendeu que o legado de Sheldon Adelson vai continuar em Macau até porque está para breve a inauguração de mais um resort integrado do grupo, o Londoner, que representou um investimento total de 2,2 mil milhões de dólares. “Mesmo após a conclusão das propriedades, Adelson permaneceu inabalável no seu desejo de continuar a investir em Macau. Os nossos corações pesam perante a oportunidade perdida de desfrutar do seu carisma, encanto e orgulho na abertura do The Londoner, mas consola-nos saber que o seu espírito estará certamente presente na revelação da última manifestação da sua visão arrojada, uma visão reforçada pela sua confiança resoluta em Macau e na sua população”, frisou a Sands China. Governo manifesta pesar O Governo manifestou esta terça-feira pesar pela morte do magnata norte-americano dos casinos, Sheldon Adelson, lembrando que ajudou a tornar o território na capital mundial do jogo. “O Sr. Sheldon Adelson promoveu o desenvolvimento da companhia em Macau. O Governo da RAEM manifesta o seu pesar pelo falecimento do Sr. Sheldon Adelson e apresenta à família as sentidas condolências”, acrescentou a nota. Lado político Fervoroso apoiante do Partido Republicano e grande financiador da campanha de Donald Trump para as presidenciais norte-americanas, Sheldon Adelson deixa também um legado na política, além do seu lado empresarial. Contundente, mas reservado, Adelson era descrito como um chefe político antiquado e destacava-se da maioria dos judeus norte-americanos, que são, há décadas, apoiantes tradicionais do Partido Democrata. Financiou várias campanhas políticas dos republicanos, chegando a ser considerado como o “pilar financeiro do Partido Republicano” e, nos últimos anos de vida, estabeleceu vários recordes de contribuições individuais. Adelson era um defensor ferrenho do Presidente Donald Trump e do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Também o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reagiu à morte de Sheldon Adelson, garantindo que “será para sempre lembrado” pelo seu trabalho de fortalecimento das relações entre os EUA e Israel.
Covid-19 | Japão alarga estado de emergência a mais sete regiões Hoje Macau - 13 Jan 2021 O governo do Japão declarou hoje o estado de emergência em mais sete regiões, alargando assim a medida extraordinária em vigor na região de Tóquio desde a semana passada, devido ao aumento de casos de covid-19 no país. O primeiro-ministro, Yoshihide Suga, anunciou a decisão depois de se reunir com o grupo de trabalho do governo para a pandemia e no mesmo dia em que o número total de infeções no Japão ultrapassou as 300.000. As mortes ligadas ao novo coronavírus praticamente duplicaram no último mês para cerca de 4.100. A medida, que entra em vigor na quinta-feira e se prolonga até 7 de fevereiro, diz respeito às prefeituras de Osaka, Quioto, Aichi, Hyogo, Fukuoka, Gifu e Tochigi, que se juntam assim a Tóquio e às zonas circundantes de Chiba, Kanagawa e Saitama, onde o estado de emergência está em vigor desde dia 8. Com o alargamento, 55% da população do Japão e as regiões que reúnem a maior parte da sua atividade económica ficam sob estado de emergência. O estado de emergência implica restrições no horário de bares e restaurantes, determina que 70% dos funcionários devem ficar em teletrabalho e recomenda aos cidadãos que fiquem em casa sempre que possível. O executivo decidiu voltar a recorrer à medida, que foi utilizada na primavera durante a primeira onda de contágios com o novo coronavírus, devido ao aumento de casos nos últimos dias. Os hospitais de Osaka, Aichi, Quioto e Hyogo estão sob pressão face à acumulação de doentes com sintomas graves de covid-19. O ministro da Saúde, Yasutoshi Nishimura, assinalou na terça-feira no parlamento a necessidade de “reverter a tendência” de crescimento e afastou para já o alargamento do estado de emergência a todo o território. A pandemia de covid-19, transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro de 2019 na China, provocou pelo menos 1.945.437 mortos resultantes de mais de 90,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço da agência France Presse.
Pequim pede a Londres para parar de “interferir nos assuntos internos da China” Hoje Macau - 13 Jan 2021 O embaixador chinês na Organização das Nações Unidas, Zhang Jun, pediu ontem ao Reino Unido para que “pare de interferir nos assuntos internos da China”, após Londres ter anunciado medidas sancionatórias por causa da perseguição aos uigures em Xinjiang. O Reino Unido anunciou que vai proibir o comércio de mercadorias relacionadas com o trabalho forçado da minoria muçulmana dos uigures, em Xinjiang, no momento em que escalam as tensões entre o Londres e Pequim e semanas depois de um polémico acordo de princípio sobre investimentos entre a China e a União Europeia, de que os britânicos já não fazem parte. O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, disse que a atitude de Pequim face aos uigures é uma “barbárie” que está a ser cometida sob pretexto de combate ao terrorismo e ao radicalismo islâmico. Em resposta, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Zhang Jun disse que esta medida de Londres é um ataque “puramente político” e “sem fundamento” e aconselhou a diplomacia britânica a não “interferir nos assuntos internos da China”. Zhang referia-se ao facto de Raab ter criticado o que chamou de “violações inaceitáveis dos direitos humanos”, anunciando medidas para proibir as importações e exportações vinculadas ao trabalho forçado dos uigures. Os uigures são o principal grupo étnico em Xinjiang, uma enorme região no noroeste da China que tem fronteiras comuns com o Afeganistão e com o Paquistão. De acordo com especialistas estrangeiros, um milhão de uigures foram detidos nos últimos anos em campos de reeducação política, apesar dos desmentidos de Pequim, que afirma tratarem-se de centros de treino vocacional, destinados a manter as pessoas longe da tentação do islamismo radical.
Português | Governo aceita inscrições para curso em Macau e Portugal Hoje Macau - 13 Jan 2021 A Direcção dos Serviços de Ensino Superior (DSES) está a aceitar candidaturas para mais uma edição da iniciativa “O Ser e Saber da Língua Portuguesa – Curso de Verão em Portugal”, que irá decorrer este ano em duas fases. Podem inscrever-se estudantes portadores do bilhete de identidade de residente de Macau, que frequentem cursos de licenciatura no ano lectivo de 2020/2021, em regime de tempo inteiro, nas instituições do ensino superior de Macau ou no exterior, sem quaisquer conhecimentos prévios da língua portuguesa ou que tenham o nível básico do idioma, bem como outros níveis superiores. A primeira fase desta iniciativa passa pela realização de um curso básico de língua portuguesa, bem como de um exame, existindo turmas em funcionamento em Janeiro, Março ou Junho. Este curso, organizado pela DSES, tem um total de 200 vagas e a duração de 50 horas. A segunda fase desta actividade, será realizada no período do Verão em Portugal, sendo que a DSES ainda irá divulgar o regulamento e disposições “constante a situação da epidemia”. “Dado a evolução contínua da referida epidemia, a DSES irá acompanhar estreitamente a situação, e caso a actividade seja suspensa ou cancelada, a DSES irá, oportunamente, dar essa informação, devendo estar atento às respectivas informações”, informa o organismo.
A memória das coisas Nuno Miguel Guedes - 13 Jan 2021 “[…] esse objeto vale o ar” Clarice Lispector Em vésperas de recolher outra vez de forma compulsiva ao meu universo privado, olho em redor. A casa, os objectos que a compõem, escolhidos por mim ou oferecidos por alguém, irão outra vez ajudar-me a encontrar ordem no caos que lá fora permanece. A casa é mesmo o nosso canto do mundo, o nosso primeiro universo e um cosmo na plena acepção do termo, para lembrar de cor o que Bachelard defendia. Cada coisa é mais do que uma coisa: é uma memória, uma vida, nós. Não por acaso recebo uma mensagem de alguém muito próximo que está a terminar uma mudança de casa. Ao arrumar em caixotes brinquedos antigos dos filhos uma das leis da vida é-lhe devolvida com uma força implacável: nada se repete. Daí que este arrecadar de coisas se torne numa provação melancólica e nostálgica que, escreve-me ela, a deixou em lágrimas. São pedaços do que nós fomos que parecem ser arrancados devagar mas inexoravelmente. E é verdade. A relação entre os objectos e a memória há muito que é estudada por disciplinas como a filosofia ou a psicologia. Sejam objectos quotidianos ou relíquias acarinhadas, influenciam de facto a nossa identidade e personalidade porque, entre outras características, são contadores mudos de histórias que por paradoxo nos gritam por dentro. É o confronto com o que fomos e o que somos que liberta o grito e os fantasmas – e isso pode não ser nada fácil dependendo da forma como estamos dispostos a enfrentar essa batalha. A literatura e a cultura popular – radares mais do que precisos da natureza humana – identificaram desde há muito esse conflito. Normalmente para o pior. Veja-se o belíssimo monumento à tristeza e à perda de um amor que é House Is So Sad, de Larkin. A casa é a sinédoque da ausência que dói e cada objecto fere por isso mesmo. Os três derradeiros versos são lapidares: « You can see how it was:/ Look at the pictures and the cutlery./The music in the piano stool. That vase.» As coisas deixam de o ser para se transformarem em fantasmas do que pôde ter sido e que nos irá assombrar até ao fim. Talheres, uma jarra. Sim, Larkin é amigo. Mas se preferirem modos mais doces de chegar à mesma dor, oiçam por exemplo a extraordinária canção de Elvis Costello e Paul McCartney, incluída no disco do último intitulado de Mighty Like A Rose (1991). A canção chama-se So Like Candy e a letra é provavelmente de McCartney, embora as autorias se diluam. Mas o estilo do baixista dos Beatles é inconfundível: de uma forma cinematográfica, a canção é uma panorâmica lenta sobre uma sala e os objectos lá deixados em sossego que depois de um amor falhado ganham significados absoluto. McCartney (ou Costello) tenta resolver o drama com o humor triste de alguns versos: « Here lie the records that she scratched /And on the sleeve I find a note attached/ And it’s so like Candy/ “My Darling Dear it’s such a waste” / She couldn’t say “goodbye”, but “I admire your taste” ». Apesar do sorriso resignado pela perda de um grande amor que aqui se chama Candy, a dor é a mesma: os objectos tornam-se facas para a alma e para a memória. Nos meus sonhos idealizava uma colaboração entre Larkin e McCartney. A partir desta canção vi que podia descansar. Como escapar a isto? Não sei, mais uma vez. De tantas mudanças que eu não gostaria de ter tido fiquei pelo menos com a gratidão que me vai pacificando e que me diz que há memórias nas coisas e nunca haverá coisas nas memórias. Por isso consigo viver com a bagagem mais leve. Abandonar um objecto nunca significará prescindir daquilo que esse objecto significa. Apenas irá descoisificá-lo de uma vez por todas e arrumá-lo, de forma perene e irredutível, no sítio em que sempre esteve: a nossa vida.
Livros | IIM lança obra sobre o missionário Júlio Massa Hoje Macau - 13 Jan 2021 O Instituto Internacional de Macau apresenta na próxima, terça-feira, dia 19 de Janeiro, o livro “Júlio Augusto Massa – Missionário pensador”. Segundo uma nota oficial divulgada ontem, aquele que é o 12º. volume da colecção “Missionários para o Século XXI”, da autoria do prof. António Aresta, constitui uma biografia do missionário transmontano de Freixo de Espada à Cinta, que chegou a Macau em 1935, tornando-se depois sacerdote e professor interino do Liceu de Macau, leccionando português e latim. Fundador do jornal “O Clarim”, o Pe. Júlio Massa era também “um pensador com grandes afinidades com o existencialismo cristão, entrelaçado com as paisagens exteriores da vida”, que teve sempre Macau no seu imaginário, tendo deixado poemas escritos. Além de contar com transcrições de alguns desses poemas, o livro “Júlio Augusto Massa – Missionário pensador” conta ainda com testemunhos dos seus alunos, o padre Américo Casado e Eduardo Francisco Tavares, entre outros reunidos e recordados pelos membros da Associação dos Antigos Alunos do Seminário de S. José de Macau e por muitas outras pessoas. No dia do lançamento, a apresentação ficará a cargo de Tereza Sena, investigadora de História, havendo ainda lugar para uma mensagem em vídeo da presidente da Câmara do Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas, terra natal do Pe. Júlio Massa.
Festival Fringe sai à rua para ensinar Macau a dançar Pedro Arede - 13 Jan 2021 Integrada na 20.ª edição do Festival Fringe, a série “On Site” arranca já na próxima semana, focada em levar a dança contemporânea às ruas de Macau. Para o director artístico da iniciativa, Mao Wei, esta é uma boa forma de ensinar “o que é um espectáculo de dança”. Os nove programas previstos incluem ainda workshops, espaços de conversa, espectáculos de dança, jogos e actuações improvisadas “Porque é que as pessoas querem ir ao cinema ver filmes e não querem ir ao teatro assistir a um espectáculo de dança contemporânea, inclusivamente quando os bilhetes são mais baratos?” A pergunta é de Mao Wei, director artístico da iniciativa “On Site”, uma série de espectáculos dedicados à dança contemporânea, que marcam o início da 20.ª edição do Festival Fringe na próxima semana. Para Wei, uma iniciativa como o “On Site” é extremamente importante para Macau, sobretudo porque “a adesão à dança contemporânea em Macau é muito mais lenta do que nos países americanos ou europeus”. “As pessoas não têm o hábito de ir assistir a um espectáculo de dança, nem conhecimento para deslindar o que significa ‘contemporâneo’ neste contexto. Na minha opinião isto acontece porque, muitas vezes, as pessoas não sabem o que é um espectáculo de dança, nem o que se passa dentro de uma sala de espectáculos”, disse ontem Mao Wei ao HM, antes de uma conferência de imprensa que serviu para detalhar a programação da série “On Site”. Por isso mesmo, a iniciativa inclui nove programas que prometem transplantar dançarinos de Macau e da China, dos palcos para a malha urbana da cidade. Além de espectáculos de música e dança, estão ainda previstos workshops de prática corporal, espaços de conversa, jogos e actuações improvisadas onde todos podem participar. “Viajante do Corpo” é uma dessas performances que vai tomar as ruas de Macau em quatro geografias diferentes, nos dias 22 e 23 de Janeiro. Sem iluminação ou cenografia, o Largo de S.Domingos (11h do dia 22), o Largo do Pagode do Bazar (15h do dia 22), o Jardim da Fortaleza do Monte (11h do dia 23) e o terraço da Ponte 9 (15h do dia 23) farão de palco para as interpretações de peças de dança executadas por Lin Ting-Syu, bailarino indicado para o Prémio Artístico Taishin, Yang Shih Hao, artista de roda acrobática, o Ghost Group, grupo de dança contemporânea e outros artistas. Para Tracy Wong, curadora da iniciativa “On Site”, “Viajante do Corpo” é a “introdução ideal para quem não sabe nada de dança contemporânea”, porque, além de ser uma experiência única ao ar livre, tem o condão de aglutinar diferentes estilos de dança. “No teatro só é possível ver o corpo dos artistas, a forma como ele pressente as emoções e o significado dos movimentos. Mas quando levamos o espectáculo para a frente de edifícios ou vistas e Macau, há uma química diferente (…) é possível apercebermo-nos do panorama geral e sentir o momento por inteiro, o céu, talvez os pássaros e as pessoas à volta”, partilhou com o HM. Improvisos e prazos de validade Agendado para as 15h00 do dia 21 de Janeiro, a iniciativa baseada no conceito de improvisação “ImprovFlashMob”, pretende propõe que o público se junte ao músico local Bruce Pun, para dar corpo ao som e improvisar danças no largo de S. Domingos. Aberta à criatividade dos particiantes está também a iniciativa “Open Space”, prevista para os dias 22 e 23, e que será um espaço de dança livre ao som de música contemporânea, que ficará, uma vez mais, a cargo de Bruce Pun. Já para “aqueles que depois dos espectáculos ficaram interessados em saber como é que os artistas desenvolvem o corpo ou o próprio conceito artístico”, explica Tracy Wong, estão previstos três workshops entre as 20h30 e as 22h00 dos dias 19, 20 e 21. As sessões ficarão a cargo de Dong Jilan, Wang Peixian e Allen Zhou. Outro dos destaques, desta vez debaixo do tecto das Oficinas Navais Nº1 do Centro de Arte Contemporânea de Macau, é o espectáculo “Um Passo para o Teatro: Prazo de Validade”. Com espectáculos agendados para as 20h00 dos próximos dias 22 e 23, a ideia passa, segundo a curadoria, “por abordar a necessidade de aproveitar o momento e de não pensar demasiadamente no futuro”. Conceito que ganha novos contornos, quando enquadrada no actual contexto da pandemia. “A pandemia levou-nos a pensar muito sobre distanciamentos e que tudo na vida tem um prazo de validade, quer seja a comida que compramos ou os telemóveis que usamos. Não vale a pena pensar quando é que isto vai acabar. Ninguém sabe. É como um relacionamento. É impossível saber durante quanto tempo consegues manter uma relação. Escolhemos este espectáculo para fazer as pessoas pensar sobre o que é o prazo de validade e o que vem depois disso”, explicou Tracy Wong. Ao longo de toda a iniciativa será ainda possível participar no jogo “Pegadas On Site”, em que os participantes poderão recolher autocolantes que podem ser trocados por bilhetes para o espectáculo “Um Passo para o Teatro: Prazo de Validade” e para o evento “Espaço de conversa”, onde é possível interagir com artistas.
Cerca de 2.000 infracções relacionadas com tabaco em 2020 Hoje Macau - 13 Jan 2021 Os Serviços e Saúde (SS) revelaram ontem que em 2020 foram registadas 2.345 infracções relacionadas com tabaco, uma descida assinalável em relação ao ano passado, tendo em conta que em 2019 foram assinalados 5.337 casos. Das infracções à lei do tabaco em 2020, 21 casos são referentes ao uso de cigarros electrónicos em zonas proibidas, 22 casos a ilegalidades nos rótulos dos produtos de tabaco e um caso de venda de cigarro electrónico. Contudo, devido ao impacto da pandemia, os SS dão nota para uma descida acentuada no número de inspecções realizadas em estabelecimentos. Se em 2019, foram efectuadas 333.646 inspecções, em 2020 esse número caiu para 182.220. De entre os casos detectados em 2020, a esmagadora maioria dos fumadores ilegais (2.169 casos) eram homens (92,5 por cento), ao passo que 7,5 por cento eram mulheres (176 casos). Relativamente à proveniência dos infractores, 1.193 multas foram aplicadas a cidadãos residentes de Macau (50,9 por cento), 956 multas aplicadas a turistas (40,8 por cento) e 196 das infracções foram cometidas por trabalhadores não residentes (8,4 por cento). Além disso, do total dos 2.345 casos registados, 1971 infractores (83,2 por cento) pagaram multa, sendo que em 72 casos foi necessário o apoio das forças de segurança. Já nos casinos, foram realizadas 409 inspecções, tendo sido alvo de acusação, 165 indivíduos que fumavam em locais proibidos. Destas, 155 eram homens e 10 são mulheres. Quanto à proveniência, 106 eram turistas (64.2 por cento), 57 são residentes de Macau (34,5 por cento), dois são trabalhadores não residentes (1,2 por cento). Lei recente Recorde-se que desde o dia 1 de Janeiro de 2019, com excepção das salas de fumadores criadas de acordo com as novas normas e permitidas em aeroportos e casinos, é proibido fumar nos recintos fechados públicos em Macau, bem como, o fumo ilegal (incluindo o fumo ilegal de cigarros electrónicos) pode ser multado em 1.500 patacas. No total, até ao dia 31 de Dezembro, os SS receberam 40 pedidos apresentados pelos casinos para a criação de 853 salas de fumadores, das quais 750 salas já foram aprovadas.
Jogo | Apanhado com hologramas para falsificar fichas João Santos Filipe - 13 Jan 2021 Um cidadão do Interior foi detido e arrisca-se a passar até 10 anos na prisão por ter cometido uma burla com fichas falsas. O crime, no valor de 190 mil dólares de Hong Kong, foi cometido com a ajuda de outro suspeito que se encontra em fuga Um homem com 51 anos foi detido depois de alegadamente ter utilizado e trocado 190 mil dólares de Hong Kong em fichas falsas em casinos no centro de Macau. A notícia foi avançada pela Polícia Judiciária (PJ) numa conferência de imprensa realizada ontem e o suspeito está indiciado pela prática de burla de valor consideravelmente elevado. O crime terá ocorrido no dia 26 de Outubro, entre as 8h e as 18h, quando o suspeito, e um colega, terão ido a um casino no centro de Macau, tendo utilizado fichas falsificadas. O esquema foi detectado logo no mesmo dia, quando os trabalhadores começaram a verificar a existência de fichas ilegais com um valor unitário de 5 mil dólares de Hong Kong. Estas foram verificadas não só nas mesas, mas também na tesouraria e nas mãos de outros quatro jogadores. Segundo as contas, as 38 fichas falsificadas encontradas naquele dia resultaram em perdas de 190 mil dólares de Hong Kong. A utilização de fichas falsas alertou os trabalhadores. O indivíduo assim que se apercebeu de que se falava do assunto dentro do casino fugiu e saiu de Macau, assim como o colega. Com os homens em fuga, as autoridades recorreram ao sistema de videovigilâncias para identificarem os dois suspeitos. Passados uns meses, o sujeito decidiu regressar a Macau, na semana passada, a 8 de Janeiro. Porém, no dia 11 de Janeiro foi interceptado pelas autoridades, após ter entrado num dos casinos do território pela 11h. Culpa assumida Confrontado pela polícia com as acções anteriores, o suspeito confessou a prática do crime. O cidadão, de apelido Chou, revelou ainda que tinha comprado 150 fichas falsas com o valor unitário de 5 mil dólares através da Internet, e que dessas tinha trazido 100 para Macau. Quanto às restantes 50 fichas, indicou que se tinha desfeito delas após ter regressado ao Interior, em Outubro do ano passado. O suspeito foi ainda interrogado sobre o destino dos 190 mil dólares de Hong Kong que as vítimas se queixaram de ter perdido, afirmando ter gasto 100 mil dólares desse montante. Quanto aos restantes 90 mil, Chou disse estar desempregado e ter enviado o dinheiro para uma conta bancária no Interior. Quando foi interceptado o homem trazia ainda consigo dois hologramas com o logotipo da SJM, que as autoridades acreditam ter sido utilizado para falsificar as fichas. Por esse motivo, os materiais foram enviados para o Departamento de Ciência Forense. O outro indivíduo que participou no esquema revelado ontem pela PJ ainda se encontra em paradeiro desconhecido. O caso foi encaminhado para o Ministério Público e o suspeito está indiciado pela prática de valor de consideravelmente elevado, punido com uma pena de prisão que vai de 2 a 10 anos.
Empreendimento Roosevelt com novo restaurante português Andreia Sofia Silva - 13 Jan 2021 Chama-se “Roosevelt D’Ouro” e é o novo restaurante de comida portuguesa no empreendimento com o mesmo nome. Herlander Fernandes, chefe executivo do espaço, falou da coragem em arriscar num novo projecto numa altura de crise e nas expectativas moderadas para um novo ano com as fronteiras ainda praticamente fechadas O empreendimento Roosevelt tem um novo restaurante dedicado à comida portuguesa. Fernando Sousa Marques explorava até há bem pouco tempo o espaço Varandas, que foi agora substituído pelo projecto “Roosevelt D’Ouro”, com João Figueiredo e Herlander Fernandes como chefe executivo da cozinha. Ao HM, Herlander Fernandes falou da aposta de risco feita numa altura em que o território continua praticamente fechado ao mundo. “O D’Ouro surgiu como uma oportunidade de negócio que encarei como uma progressão de carreira. Achei que estava no momento de abraçar um projecto maior, ainda que não fosse a altura ideal. Apesar das condições adversas, não podíamos perder a oportunidade de explorar as possibilidades de um espaço como este”, frisou. Apostando numa carta internacional, além da comida portuguesa, o “Roosevelt D’Ouro” pretende “oferecer ao público experiências para todos os gostos”, sendo um restaurante “dedicado à gastronomia portuguesa, salas privadas para eventos ou celebrações à medida”. Questionado sobre as expectativas para este projecto, são ainda baixas, dada a conjuntura no sector do turismo. “São realistas. Não esperamos que haja grandes melhorias face ao ano anterior no que diz respeito às restrições nas fronteiras e, consequentemente, no número de visitantes no território.” Nesse sentido, o foco dos promotores do “Roosevelt D’Ouro” será “o mercado local, que nos tem dado um bom feedback nesta fase inicial”. “Sobre esta estratégia temos vários eventos planeados, de forma a solidificar o conceito e trazer uma dinâmica à cidade”, acrescentou. Varandas não resistiu Fernando Sousa Marques parece ter sido uma das vítimas da crise que afectou o sector da restauração da Macau, tendo confirmado ao HM que actualmente apenas explora o restaurante A Toca, na Taipa. Numa reportagem publicada pelo HM em Fevereiro do ano passado, no início da pandemia, o empresário do sector da restauração confessava que poderia vir a fechar as portas do seu negócio no Roosevelt, dizendo que o apoio concedido pelo Governo não era suficiente. “Para o Varandas, 600 mil [patacas] é muito pouco, pois só com o cancelamento das festas na altura do Ano Novo Chinês perdi um milhão de patacas. Tenho 30 empregados e preciso de os manter. Vou fechar a partir do dia 15 até ao dia 30, depois veremos se a situação melhora”, contou. “Acredito que podem fechar [as pequenas e médias empresas], eu sou um deles também. Acredito que há muita gente que não consegue e desiste, simplesmente. Não digo que o Toca feche, pois consigo aguentar se o senhorio for flexível, e ele tem sido, mas o Varandas tem um custo muito maior. O proprietário tem capacidade para explorar, mas eu não tenho”, disse, na altura.
Sheldon Adelson, criador da Macau Strip, morreu aos 87 anos João Santos Filipe - 13 Jan 202113 Jan 2021 Sheldon Adelson, histórico proprietário da empresa Las Vegas Sands, representada em Macau pela operadora Sands China, morreu na segunda-feira à noite, hora dos Estados Unidos, com 87 anos. A notícia foi avançada ontem à noite, através de um comunicado da empresa, que aponta complicações no tratamento de um linfoma como a causa do óbito. Nascido em 1933, Sheldon Adelson iniciou-se no empreendedorismo com 12 anos de idade, quando montou em Boston um negócio para a venda de jornais. No entanto, foi em 1988 que o norte-americano enveredou pelo negócio que viria a ser o seu principal caminho para o sucesso, com a compra do Hotel e Casino Sands, em Las Vegas. Na cidade americana, Adelson foi responsável em 1989 pelo conceito inovador que juntou ao negócio dos casinos o sector das exposições, que permitia que os quartos mantivessem elevados níveis de ocupação, mesmo durante os dias da semana. A influência do empresário não se ficou pelos EUA, e Sheldon era o principal proprietário da Sands China, a primeira concessionária de fora a entrar em Macau com a liberalização do mercado do jogo. E a entrada foi feita com estrondo. Além da troca de farpas com Stanley Ho, proprietário da rival Sociedade de Jogos de Macau, a abertura do primeiro casino da Sands, com o nome da empresa, em Maio de 2004, ficou marcada por uma multidão extensa e muito entusiasta que fez a porta de entrada ceder. No entanto, o principal momento para a empresa terá chegado mesmo em 2007, com a abertura do casino The Venetian, no Cotai, o maior edifício com a maior área do mundo à data da construção. Foi também devido aos investimentos feitos no Cotai, onde a empresa conta ainda com o The Parisian e vai abrir brevemente de forma oficial o The Londoner, que Sheldon Adelson se apelidava como o homem que tinha tido a visão de construir a Cotai Strip. A informação mereceu uma reacção do Executivo de Macau: “O Governo da RAEM recebeu um aviso da Sands China sobre a morte ocorrida hoje [ontem] de Sheldon Gary Adelson, fundador, presidente e gerente da empresa. O senhor Adelson conduziu e desenvolveu a Sands China em Macau. O Governo expressa as suas condolências à família”, constou num comunicado publicado ontem em chinês. Defensor da causa israelita À margem dos negócios, a vida de Sheldon Adelson ficou ainda marcada pela ligação a Israel, local onde a mulher, Miriam Adelson, nasceu. Descendente de um pai com ascendência judaica, o milionário nunca poupou esforços em prol da agenda do país do Médio Oriente, local onde, segundo a empresa, vai decorrer o funeral. A defesa de Israel foi igualmente um dos motivos apontado pelo milionário para se tornar apoiante do Partido Republicano. Adelson foi um dos principais financiadores do GOP, mesmo quando este apresentou como candidato às presidenciais Donald Trump. Outra das áreas em que Sheldon se destacou, foi a filantropia, nomeadamente no combate às drogas. Uma causa para a qual Sheldon perdeu o filho adoptivo Mitchell. Sheldon Adelson deixa a mulher, quatro filhos e um império com casinos nos Estados Unidos, Macau e Singapura, além de uma fortuna avaliada em 33,5 mil milhões de dólares norte-americanos.
TNR | Associação pede incentivos económicos ao Governo Hoje Macau - 13 Jan 2021 A Associação Macau Oversea Worker Employment Agency sugere que as empresas fiquem isentas de pagar 600 patacas por trimestre por cada trabalhador não-residente do Interior. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o presidente da associação, Ao Ieong Kuong Kao, considerou que, com as poupanças, as empresas poderiam dar 600 patacas aos TNR de fora de Cantão, num formato parecido ao cartão de consumo, para encorajá-los a ficar durante o Ano Novo Chinês em Macau. Segundo o presidente da associação o montante serviria para pagar despesas quotidianas dos trabalhadores, como a realização do teste do ácido nucleico. Ao Ieong Kuong Kao disse concordar com o apelo do governo para que se evitem viagens desnecessárias para o Interior durante o Ano Novo Chinês, mas alertou que os TNR que trabalham com ele consideram que ficar em Macau, Zhuhai e Zhongshan é sempre mais caro, porque os preços são mais elevados, e que também por esse motivo os TNR do Interior preferem regressar aos locais de origem. Segundo a associação, há 110 mil trabalhadores do Interior em Macau na condição de TNR dos quais 40 mil provenientes de províncias que não Guangdong, como Hebei, Liaoning ou Heilongjiang. Ao Ieong Kuong Kao afirmou ainda, segundo a experiência dos anos anteriores que 90 por cento destes TNR costumam celebrar o Ano Novo Chinês nas terras natais.
Lusofonia | Ho Iat Seng diz que Shenzhen deve aproveitar Macau para explorar mercados Pedro Arede - 13 Jan 2021 O Chefe do Executivo considera que Shenzhen deve aproveitar as vantagens de Macau para explorar os mercados dos países lusófonos. Do encontro com o secretário do Comité do Partido Comunista da cidade de Shenzhen, Wang Weizhong, ficou ainda a vontade de reforçar sinergias nos campos da medicina tradicional chinesa, educação, inovação tecnológica e inovação científica Ho Iat Seng defendeu durante um encontro com o secretário do Comité do Partido Comunista da cidade de Shenzhen, Wang Weizhong, que o território deve apostar na exploração dos mercados lusófonos, nomeadamente no desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa. “Em Shenzhen, deve haver muitas empresas que pretendem internacionalização, sendo possível aproveitar o papel de plataforma de Macau para explorar os mercados dos países lusófonos. O Governo da RAEM vai aperfeiçoar de forma constante a sua função de plataforma de serviços para a cooperação empresarial sino-portuguesa”, pode ler-se num comunicado divulgado na segunda-feira à noite, o último dia da visita oficial de Ho pelas cidades da Grande Baía. Ho Iat Seng disse ainda“que Macau está empenhado em desenvolver a indústria da medicina tradicional chinesa e que, no futuro, os medicamentos podem ser registados em Macau e vendidos para a Grande Baía e gradualmente até às outras regiões”. Considerando que os dois territórios podem promover a partilha de recursos educativos no seio da Grande Baía, o Chefe do Executivo espera também reforçar sinergias nos campos da educação, inovação tecnológica e da inovação científica. Ho Iat Seng sublinhou ainda a vontade de reforçar a cooperação bilateral com Shenzhen na dinamização do desenvolvimento do turismo cultural e das indústrias criativas. Exemplo a seguir Por seu turno, Wang Weizhong frisou que Shenzhen está empenhada “na construção de uma área-piloto de demonstração do socialismo com características chinesas” e que a cidade irá colaborar no novo padrão de desenvolvimento da China, ou seja, o mercado interno servirá “como base”, para os mercados interno e externo “se impulsionem mutuamente”. O responsável disse ainda esperar que a cooperação bilateral entre os dois territórios seja alargada “para atingir um padrão de nível internacional” e “aproveitar as vantagens de Macau”, nomeadamente ao nível dos “serviços modernos e inovação tecnológica” e do intercâmbio com os países lusófonos. Recorde-se que durante a visita à província de Guangdong, que teve início na passada sexta-feira, Ho Iat Seng já defendera o reforço da cooperação com cidades da Grande Baía para acelerar o crescimento das indústrias financeira, tecnológica e da saúde. Num momento em que, “para além dos trabalhos de prevenção da pandemia ainda se promove proactivamente a recuperação do turismo”, Macau necessita “de acelerar o crescimento das indústrias da saúde, do sector financeiro moderno e da tecnologia”, podia ler-se numa nota das autoridades, na qual se citava o Chefe do Executivo. Além de Ho Iat Seng, a delegação de Macau que participou na visita às cidades da Grande Baía, integrou elementos do Executivo, como o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, a chefe do gabinete do líder do Governo, Hoi Lai Fong, e a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes.