Comunidades | Emídio Sousa sucede a José Cesário como secretário João Santos Filipe - 9 Jun 20259 Jun 2025 O novo secretário das Comunidades Portuguesas tem experiência governativa na área do ambiente e durante mais de 10 anos foi presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Por sua vez, José Cesário vai regressar às funções de deputado O Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, escolheu Emídio Sousa como o novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. A substituição de José Cesário, que tinha reassumido estas funções no ano passado, e que cumpriu quatro períodos distintos no cargo, foi revelada com o anúncio dos membros que constituem o novo Executivo português. A nomeação significa para Emídio Sousa uma mudança de pasta, dado que no anterior Governo tinha desempenhado as funções de secretário de Estado do Ambiente. O novo responsável pela pasta das comunidades portuguesas tem uma carreira essencialmente ligada à política e à Administração Pública. De acordo com o seu perfil na rede social Linkedin, é licenciado em Administração Pública, área na qual obteve igualmente um mestrado. Durante cerca de 20 anos trabalhou nas Águas de Gaia, onde chegou ao cargo de secretário-geral, tendo depois, em Outubro de 2013, assumido as funções de presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, onde ficou durante cerca de 10 anos. Antes de ser eleito presidente da câmara, havia desempenhado as funções de vereador. “De Consciência Tranquila” Por sua vez, após ter sido tornado público que deixava de ser secretário de Estado das Comunidades, José Cesário deixou uma mensagem de despedida nas redes sociais. “Foi uma enorme honra para mim ter voltado a exercer estas funções governativas no governo liderado pelo meu amigo Luís Montenegro e ter servido os portugueses residentes no estrangeiro. Foi um ano muito difícil, cheio de obstáculos, em que, apesar de tudo, foi possível executar algumas medidas, que espero venham a traduzir-se em mais valias para quem vive fora de Portugal”, escreveu Cesário. “A opção por um novo passaporte e o alargamento do seu prazo de validade, a resolução do problema salarial dos nossos funcionários no Brasil, a normalização da actividade do Conselho das Comunidades Portuguesas e a alteração do regime dos apoios às associações e à comunicação social das Comunidades são bons exemplos dessa acção”, foi acrescentado. O prolongamento do prazo de passaporte de 5 anos para 10 anos ainda não está em vigor. “Sinceramente, saio de consciência tranquila, mas com a certeza de que há muito para fazer para termos uma relação mais próxima e eficaz com as nossas Comunidades”, atirou. “Naturalmente, desejo ao meu sucessor toda a sorte do mundo, estando certo que, sendo um homem sensato e trabalhador, tudo fará para servir os portugueses no estrangeiro”, frisou. No lugar de sempre Apesar de deixar o cargo de secretário de Estado, José Cesário vai assumir as funções de deputado, depois de ter sido eleito pelo círculo fora da Europa. Este é um regresso a um parlamento que Cesário bem conhece e para o qual tem sido sucessivamente eleito desde 1983, apenas com um interregno em 2022, primeiro como representante de Aveiro e desde 2005 como representante das comunidades fora da Europa. “A partir de hoje regresso à Assembleia da República, como Deputado eleito por Fora da Europa, cessando as minhas funções de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas”, escreveu. “Agora é tempo de me dedicar à vida parlamentar, representando com determinação, trabalho e humildade aqueles que me elegeram, a quem tanto devo e com quem tanto tenho aprendido. Vamos ao trabalho!…”, vincou. Rita Santos lamenta saída de “amigo” A presidente da mesa da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) lamentou que o “amigo” José Cesário deixe de ser o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. “Foi uma surpresa […] o Dr. José Cesário, além de ser secretário de Estado, é nosso amigo”, reconheceu em declarações ao Canal Macau da TDM. “É mais pela questão humana, pela sua capacidade de comunicar com as pessoas, de resolução dos problemas, por isso temos tido uma boa relação com ele. Quer ele esteja no Governo, ou não esteja, está sempre disposto a ajudar as pessoas. Ficámos tristes, mas temos de olhar para a frente”, acrescentou. Rita Santos destacou também que José Cesário vai continuar a defender a comunidade, agora no parlamento. “Ele é deputado e penso que com o cargo de deputado ele pode continuar a lutar pelos legítimos direitos dos portugueses a viver fora de Portugal”, atirou. Ao mesmo tempo, deixou desejos de estabelecer uma boa relação com o novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa. “Com o novo secretário de Estado esperamos que possa haver uma colaboração e um bom contacto, como acontece com o Dr. José Cesário, e desejamos-lhes o maior sucesso, para poder resolver os problemas dos portugueses que são bastantes” afirmou.
MUST | Sam Hou Fai promete ambiente favorável Hoje Macau - 9 Jun 2025 O Chefe do Executivo discursou no sábado na cerimónia de graduação 2025 da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), prometendo que o Governo, “em colaboração com todos os sectores da sociedade, irá proporcionar mais oportunidades, um palco maior e um ambiente mais favorável para os estudantes e a geração jovem desenvolverem os seus talentos, trabalharem, criarem os seus próprios negócios e concretizarem as suas aspirações”. Além do sucesso profissional, Sam Hou Fai expressou o desejo de que “o espírito patriótico e amor a Macau continue a ser transmitido de geração em geração, e que o princípio de ‘Um País, Dois Sistemas’ prossiga”. Sam Hou Fai salientou o estímulo dado pelo Presidente Xi Jinping, que visitou a MUST em Dezembro do ano passado, trocando impressões com professores, estudantes e investigadores da universidade, e dando “orientações e atenção valiosas”.
Ouro | Governo prepara nova lei para comércio Hoje Macau - 9 Jun 2025 O Conselho de Consumidores começou a ouvir os comerciantes de ouro com o objectivo de alterar a legislação em vigor. A informação foi divulgada através de uma nota de imprensa. “À medida da evolução das técnicas no sector e da mudança dos modelos de consumo nos anos recentes, o CC propõe a optimização do regime jurídico dos artigos de ouro de Macau, no sentido de permitir que o sector corresponda às necessidades reais no desenvolvimento do mercado, aumentando a sua competitividade e protegendo os direitos e interesses do consumidor”, foi explicado. Houve assim três sessões de consulta com os comerciantes, embora as datas não tenham sido reveladas. O objectivo passa também por fazer com que Macau seja um centro mundial para a compra e venda de ouro. “O CC procedeu à organização e à análise das respectivas opiniões e irá optimizar o regime jurídico […] conforme a situação real, de maneira de contribuir para o posicionamento de Macau enquanto Centro Mundial de Turismo e Lazer”, foi acrescentado.
Eleições | Listas candidatas caem para menos de metade Hoje Macau - 9 Jun 2025 A comissão eleitoral recebeu até ao final do prazo nove pedidos de candidatura por sufrágio directo ao parlamento de Macau, menos de metade do que nas anteriores eleições, em 2021. O próximo passo será a apresentação das listas de candidatos e programas políticos até 26 de Junho A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) recebeu nove pedidos de listas candidatas às próximas eleições legislativas, menos de metade das listas que tentaram participar no acto eleitoral de 2021. Há quatro anos, houve 19 listas de candidatos à Assembleia Legislativa (AL), embora cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia -, tenham depois sido excluídos por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM”. Num comunicado divulgado na sexta-feira, a comissão eleitoral sublinhou que, após terminar o prazo para a apresentação de pedidos, as comissões de candidatura que foram reconhecidas poderão apresentar a lista de candidatos e programa político até 26 de Junho. A lista apenas será “definitivamente admitida” para as eleições “após passar a verificação” dos candidatos, sublinhou o órgão eleitoral. A Comissão de Defesa da Segurança do Estado irá determinar “se os candidatos defendem a Lei Básica e são fiéis” à RAEM e emitir um parecer vinculativo, do qual “não cabe reclamação nem recurso contencioso”. Esta Comissão de Defesa da Segurança do Estado irá anunciar, o mais tardar, até 15 de Julho, a decisão sobre a verificação da lista de candidatos para as legislativas, marcadas para 14 de Setembro. A comissão eleitoral prometeu aplicar “de forma rigorosa” a nova lei eleitoral, aprovada depois das exclusões de 2021, “que visa uma maior implementação do princípio ‘Macau governada por patriotas'”. Em bom português Na terça-feira, ao apresentar o seu pedido de candidatura, o deputado português José Pereira Coutinho garantiu estar confiante de que não será desqualificado, apesar de ser – juntamente com o deputado Ron Lam – uma das poucas vozes críticas do Governo na AL. “O facto de ser crítico não significa que não sou patriota, eu também sou patriota”, disse o antigo candidato à Assembleia da República portuguesa, em 2015, pelo partido Nós Cidadãos. “Nós temos aqui trabalhado sempre para o bem de Macau e para o bem dos cidadãos de Macau”, acrescentou Pereira Coutinho. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados posteriormente pelo chefe do Governo local. No caso do sufrágio indirecto, a comissão eleitoral disse ter recebido seis pedidos de candidatura, mais um do que em 2021, para os cinco sectores: industrial, comercial e financeiro; trabalhadores; profissionais liberais; serviços sociais e educacional; e cultural e desportivo. Há quatro anos, as 19 listas iniciais de candidatos por sufrágio directo contavam com três lusodescendentes. Dois deles, José Pereira Coutinho e Lídia Lourenço, estavam na lista da Nova Esperança, ligada à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O terceiro, o arquitecto Rui Leão, secretário-geral da União Internacional de Arquitectos, integrou a lista Observatório Cívico, encabeçada pela então deputada Agnes Lam. Pereira Coutinho não revelou a composição da lista, mas garantiu a presença de Rita Santos, que pediu em Outubro a suspensão do mandato de conselheira das Comunidades Portuguesas para preparar as eleições. Pereira Coutinho renunciou em 2021 ao mandato de conselheiro das Comunidades Portuguesas, para o qual tinha sido eleito em 2015, pelo círculo da China, Macau e Hong Kong.
Cheques pecuniários | Ex-beneficiários defendem melhores critérios de atribuição Andreia Sofia Silva - 9 Jun 2025 Tendo em conta as mudanças ao plano de comparticipação pecuniária, o HM ouviu três residentes permanentes que vão deixar de receber o cheque por não residirem permanentemente em Macau, incluindo uma macaense que nasceu no território. Arnaldo Gonçalves, académico e ex-beneficiário, defende uma melhor distribuição do apoio consoante os rendimentos das famílias As regras para a atribuição dos cheques pecuniários vão mudar e agora é mesmo necessário estar 183 dias por ano no território. As excepções são algumas e prendem-se com estudantes de Macau que estejam a frequentar cursos no estrangeiro ou residentes a trabalhar remotamente para Macau e que estejam inscritos no Fundo de Segurança Social, entre outras situações. Porém, muitas pessoas vão ficar de fora, ainda que tenham residido durante várias décadas no território ou mesmo macaenses nascidos no em Macau, ou seja, muitos dos membros da diáspora macaense. No caso de Arnaldo Gonçalves, residente permanente a residir em Lisboa, viveu várias décadas em Macau, tendo trabalhado para o Governo e sido professor universitário na área da ciência política. Há seis anos voltou a Portugal, estando reformado, e contou ao HM que já estava à espera do dia em que ia deixar de receber as dez mil patacas anuais. “Essa medida visa, no fundo, dar uma contrapartida às pessoas, dadas as dificuldades existentes no consumo e as características de vida. Já não vivo em Macau, e acho que do ponto de vista da equidade, o Governo nunca conseguiu fazer um regime mais justo do ponto de vista distributivo, pois não há um sistema de atribuição pelos rendimentos, e no fundo há multimilionários que ganham o subsídio, tal como os pensionistas, é tudo igual”, lamentou. É isso que Arnaldo Gonçalves diz “lamentar”. “Dá trabalho fazer uma avaliação das posses económicas das pessoas, e assim todos recebem por igual e assim é mais prático em termos administrativos”, frisou. Maria João Ferreira, macaense de gema, filha do famoso poeta Adé, também vai deixar de receber o cheque pecuniário. Diz compreender, mas também critica as posições do Executivo. “Já estava à espera e aceito com toda a tranquilidade. É justo, uma vez que não moro lá nem tenho hipótese de estar os 183 dias. Agradeço o tempo de cheques que me foi dispensado. Morei em Macau até aos meus 16 anos, mas nasci lá, estudei lá e ainda tenho lá família. Até à pandemia ia lá todos os anos de férias. Penso que sempre devia ter havido uma distinção entre os nascidos em Macau e os que apenas trabalharam lá algum tempo”, referiu. Maria João Ferreira, actualmente na direcção da Casa de Macau em Lisboa, diz ter ficado “chocada” com um caso muito concreto. “Há uns anos, quando estava a fazer o doutoramento, soube de um funcionário público que fez duas comissões de serviço em Macau e viu-se contemplado com o dinheiro do BIR e até contou, não apenas a mim, que achava engraçado como é que ele, tendo estado lá tão pouco tempo, tinha direito a uma benesse dessas”, frisou. “Isso é que eu acho mal. Uma coisa é alguém ir fazer uma comissão de serviço na Administração Pública, ou duas ou três, mas nunca foi, de facto, residente. É, por assim dizer, um imigrante, pois vai apenas trabalhar. É assim que vejo as coisas”, acrescentou. Patacas amealhadas Para Arnaldo Gonçalves, as dez mil patacas anuais serviam como “fundo de maneio” para viagens ao território, onde ainda tem família e para onde viaja com frequência. “Nunca usei esse dinheiro para fins pessoais, sabe? Mas penso que estas mudanças se tratam de uma boa medida, justificável, e até acho egoísta da minha parte, que estou há tantos anos fora, dizer que tinha direito a esse apoio. Há outras pessoas que precisam”, salientou. No caso de Maria João Ferreira, o dinheiro do cheque pecuniário era usado também para as despesas em Macau e com as viagens para o território. “Tenho conta em Macau, e quando ia lá, se fosse preciso comprar o bilhete de avião, a minha irmã adiantava-me o dinheiro cá, ou então esse dinheiro servia para custear a minha estadia em Macau”, explicou. Sofia Mota, residente permanente e ex-moradora em Macau, lamenta a ausência de explicações para estas mudanças. “Depende para que serve o cheque pecuniário, se é uma forma de distribuir a riqueza ou os lucros dos casinos pelas pessoas que fazem parte do território, ou que já fizeram; ou se é uma condição para fazer parte do território. Não percebo a premissa na qual a medida do cheque pecuniário está assente, e consoante a premissa estas alterações podem ser mais ou menos aceitáveis.” A professora considera que “não faz sentido que quem contribui para a segurança social por iniciativa própria, como é o meu caso, não esteja abrangido”. “Parece que há um sistema de segurança social de primeira e um de segunda. Pessoas que venham a Portugal para prestar cuidados familiares parecem não estar abrangidas e, no entanto, estão fora do território por motivos de força maior. O que se entende por prestar subsistência a familiares, é prestar cuidados? Não se percebe qual a função do cheque e a coerência das excepções”, adiantou. Sofia Mota confessa que também usava o dinheiro para “um fundo de maneio para ir a Macau, ou para investir em formação”. As primeiras reacções As alterações ao programa de comparticipação pecuniário foram apresentadas no final de Maio e referem que três grupos vão ficar isentos da obrigatoriedade de ficar 183 dias por ano em Macau e, assim, receber o cheque. São eles os residentes com menos de 22 anos em 2024 e em que um dos pais cumpre os requisitos para receber o cheque; os beneficiários da pensão de invalidez e os beneficiários do subsídio de invalidez. Há outras oito situações em que os residentes podem ter acesso ao cheque. É o que acontece quando os residentes frequentam o ensino superior fora do território; quando estão internados num hospital fora da RAEM, quem têm mais de 65 anos e vive no Interior da China ou, mesmo tendo menos de 65 anos, apresentam razões de saúde que justifiquem a permanência no Interior da China. Estão ainda abrangidos pelas excepções os residentes que trabalham fora de Macau para um empregador registado no Fundo de Segurança Social da RAEM e os residentes fora da RAEM que sejam responsáveis pela subsistência do agregado familiar. A estas juntam-se ainda o exercício de funções oficiais fora de Macau; o registo do domicílio, trabalho ou estudo na Zona de Cooperação Aprofundada; e ainda o trabalho prestado nas cidades de Grande Baía, à excepção de Hong Kong que é deixada de fora. O deputado Pereira Coutinho manifestou-se contra as alterações ao cheque pecuniário referindo que violam a Lei Básica de Macau, nomeadamente no artigo 25, que garante a igualdade dos residentes de Macau perante a lei e proíbe discriminações. O artigo determina que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”. Mais recentemente, a Associação Sinergia de Macau declarou publicamente que as alterações ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico não estão de acordo com os anseios da população. Ron Lam ainda criticou o Executivo por ter aplicado as mudanças “à pressa” o que só veio causar mais polémica: “O Governo estava com pressa e aplicou uma medida brusca, sem fazer qualquer consulta pública, havendo apenas movimentações de bastidores o que leva a população a questionar a governação”, atirou. “As consultas com as associações locais foram simuladas, o que apenas gerou mais críticas e provocou mais polémicas desnecessárias”, acrescentou.
Camões foi “grande ‘amador'” de Moçambique, influenciando a sua poesia Hoje Macau - 8 Jun 2025 O académico Lourenço do Rosário destacou na sexta-feira que Luís de Camões influenciou poetas moçambicanos como um “grande ‘amador’”, pedindo mais pesquisas para descobrir um Camões acolhido na Ilha de Moçambique, no norte do país. “Camões foi um grande amador, gostava muito de mulheres e uma das razões de ele estar sempre na prisão era exactamente porque ele tinha vários problemas com mulheres, sobretudo casadas (…). Ele chega em 1567, não tinha dinheiro para continuar a viagem para Portugal, não tinha dinheiro também para viver na Ilha de Moçambique”, descreveu o académico moçambicano Lourenço do Rosário, em declarações à imprensa, após proferir a palestra da abertura do segundo congresso sobre os 500 anos de Camões. Moçambique acolhe o segundo congresso dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, dando ênfase à relação do poeta português com o oceano Índico e o território moçambicano. Lourenço do Rosário, ensaísta e professor de literatura, disse que Camões foi acolhido “no Macúti”, casas construídas com material local, “pelas mulheres muthianas” (mulher, na língua local de Nampula), quando chegou à Ilha de Moçambique. “Ele faz aquele poema ‛Endechas a Bárbara Escrava’, que é um dos mais lindos poemas que escreveu sobre mulheres, portanto Camões sabia cantar a mulher”, acrescentou Lourenço do Rosário. “Uma obrigação” O ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo e também membro de júri do Prémio Leya criticou Portugal por não valorizar os feitos de Camões para o império português do Oriente, defendendo que não se pode “alienar esta realidade” de que o poeta “começou a escrever e terminou as suas obras em Moçambique”. “Então, temos essa obrigação de resgatar essa leitura de Camões e ir ver o que ele de crítico tinha em relação à presença de Portugal no império do oriente”, disse o professor, pedindo pesquisa para assegurar a presença de Camões nas escolas a partir da sua ação no oriente. A partir dessa perspectiva, Lourenço do Rosário lembrou também que Camões deve ser visto em Moçambique como alguém que foi “preso, expulso e degredado”, que lutou como militar e viveu pobre, tendo passado por “privações” no Oriente, antes de Portugal o apresentar ao mundo como um “grande poeta português”. Lourenço do Rosário pediu mais pesquisas para influenciar as decisões políticas face à presença de Camões nos programas de ensino no país. “É preciso valorizar aquilo que é nosso, e Camões é nosso, porque ele escreveu aqui”. “Há toda uma geração, grupo de [Eduardo] White, Nelson Saúte, Rui Knopfli, sobretudo os poetas que estão ligados à Ilha de Moçambique, têm muita influência da escrita do Camões, do olhar do Camões sobre o mundo, não só do ponto de vista do amor, mas também sobre a crítica social, portanto, acho que os pesquisadores moçambicanos têm muito material para descobrir e influenciar os nossos manuais escolares. Não aquele Camões heroico de Portugal, mas o Camões nosso, de Moçambique”, disse. O embaixador de Portugal em Moçambique, também presente na abertura do congresso, destacou o movimento académico no enaltecimento de Camões como um “elemento unificador” de uma cultura e língua que “não é só dos portugueses”, apontando o poeta como “símbolo de projeção da comunidade de falantes do português no futuro”. A Rede Camões em África e Ásia, que promove e incentiva estudos e publicações sobre Camões, realizou o primeiro congresso sobre os 500 anos do nascimento do poeta no ano passado, em Macau, sendo que, para 2026, se pretende levar o mesmo evento para Goa, fazendo um périplo por lugares onde este passou e viveu, explicou a organização. Nascido há 501 anos, em 10 de Junho de 1524, em Lisboa, o poeta-soldado Luís Vaz de Camões viveu e escreveu cerca de dois anos na Ilha de Moçambique, na antiga rua do Fogo, onde também terá sentido que o amor “é fogo que arde sem se ver”.
Citigroup | Despedidos 3.500 funcionários na China Hoje Macau - 6 Jun 2025 O banco norte-americano Citigroup despediu cerca de 3.500 colaboradores da divisão de tecnologia na China continental, no âmbito de uma estratégia global de redução de custos e reestruturação operacional, informou ontem o jornal Financial Times. Os cortes afectam uma divisão sediada nas cidades de Xangai e Dalian, responsável pela prestação de serviços informáticos a operações do Citigroup em mais de 20 países. Segundo informou o banco, alguns dos postos de trabalho serão relocalizados para outros países, “para ficarem mais próximos dos negócios e produtos que apoiam”, sem, no entanto, revelar números ou destinos concretos. A instituição financeira indicou ainda que o processo deverá estar concluído “no início do quarto trimestre”. “Apesar de ainda haver trabalho a fazer, muitos dos nossos esforços permitiram melhorar a eficiência da nossa forma de operar, da nossa força de trabalho e da presença global em termos de infraestruturas”, afirmou Marc Luet, responsável do Citi para o Japão, norte da Ásia e Austrália, citado pelo Financial Times. O banco, que mantém presença na China continental desde 1902, garantiu que a decisão não terá impacto nas operações bancárias da sua subsidiária chinesa, com sede em Xangai, nem na equipa tecnológica baseada em Cantão, que continua a prestar serviços à China continental e a Hong Kong. Terceiro maior banco dos Estados Unidos em termos de activos, o Citigroup tem procurado resolver desafios operacionais e de rentabilidade persistentes através de uma reestruturação profunda, que incluiu o despedimento de milhares de trabalhadores e uma simplificação da estrutura de gestão. Este corte representa um dos maiores despedimentos registados entre grupos financeiros estrangeiros na China nos últimos anos, e reflecte uma tendência crescente de redução de quadros na área tecnológica.
Mar do Japão | Seul resgata quatro norte-coreanos em barco à deriva Hoje Macau - 6 Jun 2025 A Coreia do Sul anunciou ontem ter resgatado quatro norte-coreanos cujo barco estava alegadamente à deriva em águas territoriais no mar do Japão. A Marinha sul-coreana “detectou um pequeno barco de madeira norte-coreano a cerca de 100 quilómetros da costa de Goseong”, na costa leste da Coreia do Sul, disse um porta-voz militar. De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, os resgatados tinham aparentemente atravessado a fronteira marítima acidentalmente e pediram para ser devolvidos à Coreia do Norte. Os quatro foram entregues “às autoridades [sul-coreanas] competentes”, disseram os militares, acrescentando que o incidente aconteceu em maio. Os desertores norte-coreanos são normalmente sujeitos a interrogatórios pelos serviços de segurança sul-coreanos. “Se desejarem regressar à Coreia do Norte, garantiremos o repatriamento rápido e seguro por razões humanitárias”, garantiu o Ministério da Unificação da Coreia do Sul. Seul afirmou que ainda aguarda uma resposta de Pyongyang sobre o repatriamento de dois norte-coreanos encontrados em circunstâncias semelhantes há três meses no mar Amarelo, localizado entre a China, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. No discurso de posse, na quarta-feira, o novo Presidente de centro-esquerda da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, disse que queria aproximar-se da Coreia do Norte, num discurso que contrasta com a linha dura do antecessor deposto Yoon Suk-yeol.
Hong Kong | Nomeado primeiro juiz estrangeiro em um ano Hoje Macau - 6 Jun 2025 O parlamento de Hong Kong aprovou a primeira nomeação de um juiz estrangeiro para o tribunal superior da região semiautónoma chinesa no espaço de um ano, após uma série de demissões. O Conselho Legislativo do território votou na quarta-feira a favor de uma proposta do Governo para nomear William Young para o Tribunal de Última Instância de Hong Kong, para um mandato de três anos, que deverá começar ainda em Junho. O número dois do executivo de Hong Kong, o secretário-chefe Eric Chan Kwok-ki, sublinhou aos deputados que o juiz liderou uma comissão de inquérito ao ataque de Março de 2019 contra duas mesquitas em Christchurch. Em Agosto de 2020, um supremacista branco foi condenado a pena perpétua sem direito a liberdade condicional – a primeira sentença deste tipo na Nova Zelândia – por ter morto 51 muçulmanos. A nomeação de juízes de outras jurisdições que partilham o sistema conhecido como ‘Common Law’ (direito comum) herdado do Reino Unido “contribuiu para a manutenção de um elevado nível de confiança no sistema judicial” de Hong Kong, defendeu Eric Chan. O secretário-chefe disse ainda que a vinda de juízes estrangeiros “demonstra que a Lei Básica [a ‘mini-constituição’ de Hong Kong] garante o exercício independente do poder judicial”. Volta ao mundo Depois de se reformar do Supremo Tribunal da Nova Zelândia, em 2022, William Young, de 73 anos, serviu como juiz nos tribunais superiores das Seychelles, de Samoa e das ilhas Fiji. Em Julho de 2022, o neozelandês foi nomeado para os Tribunais do Centro Financeiro Internacional do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, mas demitiu-se menos de um mês depois. Na altura, Young deu como razão o risco de “percepções adversas”, após a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional ter acusado o país de nomear juízes estrangeiros para tentar legitimar o regime político. Cinco juízes estrangeiros não permanentes (dois do Reino Unido e três da Austrália) desempenham actualmente funções no tribunal superior de Hong Kong, que conta também com o lusodescendente Roberto Ribeiro. Vários magistrados estrangeiros, incluindo do Reino Unido e do Canadá, abandonaram o Tribunal de Última Instância do território nos últimos 12 meses.
Os sistemas meteorológicos de alerta precoce e a sua importância Olavo Rasquinho - 6 Jun 2025 (continuação da edição de 5 de Junho) Apesar de possuir um serviço meteorológico eficiente (Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronómicos das Filipinas – PAGASA1) as Filipinas, devido ao Haiyan, foram palco de uma das grandes tragédias relacionadas com ciclones tropicais. No caso do Haiyan, os boletins de alerta foram emitidos, regular e atempadamente, antes e durante a passagem do tufão, mas o facto de os mapas de risco de inundações estarem desatualizados fez com que muitas pessoas tivessem perecido por se refugiarem em abrigos situados em zonas consideradas seguras nesses mapas. Por outro lado, devido a haver muitas línguas no país (mais de 180 línguas e dialetos regionais), os boletins são emitidos principalmente em inglês e tagalo, as duas línguas oficiais. Assim, as razões de um tão grande número de vítimas, além da excecional violência do tufão e dos mapas de risco de inundações estarem desatualizados, foi o facto de terem sido usados os termos “storm surge”, suscetíveis de não serem compreendidos por grande parte da população menos instruída. Entre as recomendações expressas nos relatórios das várias missões encarregues de avaliar as consequências do tufão sobressaíram a necessidade de atualização urgente dos mapas de risco de inundações e a utilização, nos boletins de alerta, de linguagem menos técnica com o intuito de ser facilmente compreendida pelas populações. Os media filipinos, e alguns internacionais, noticiaram que o presidente da autarquia de Guiuan2, a primeira cidade filipina que se encontrava no percurso previsto do tufão, enviou mensageiros com altifalantes, em motociclos, aos vários “barangays”3 da municipalidade próximos da costa, avisando a aproximação de um tsunami. O termo “tsunami”, embora não fosse tecnicamente correto nesta situação, alertou as populações, pouco sensibilizadas com a previsão de uma maré de tempestade, para que seguissem as instruções da autoridade de proteção civil a fim de serem evacuadas, o que foi conseguido com sucesso. Note-se que as pessoas estavam bem cientes das consequências dos tsunamis, dado que foram bastante divulgadas notícias sobre as consequências de um fenómeno deste tipo que ocorrera alguns anos antes, em 2004, na costa oeste de Sumatra, causando aproximadamente 230.000 vítimas mortais em 14 países diferentes. A OMM e o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR)5 têm insistido na necessidade de alargamento deste tipo de sistemas de alerta precoce a outros fenómenos, além dos relacionados com meteorologia. Surgiu, assim, o conceito de Sistemas de Alerta Precoce de Riscos Múltiplos (internacionalmente conhecido como “Multihazard Early Warning Systems” – MHEWS), que abrangem vários tipos de riscos, considerando as inter-relações entre eles. Os principais riscos que podem ser motivo da emissão de alertas multirriscos são essencialmente inundações, ciclones extratropicais, ciclones tropicais (ciclones, tufões, furacões), marés de tempestade, secas, incêndios florestais, ondas de calor, deslizamentos de terras, sismos e tsunamis. De acordo com o relatório “Global Status of Multi-Hazard Early Warning Systems 2024”, elaborado pela OMM e UNDRR (apresentado na COP29 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres), os países com sistemas deste tipo menos desenvolvidos têm uma taxa de mortalidade relacionada com desastres naturais de quase seis vezes superior do que os países em que os sistemas multirriscos são mais avançados, e quase quatro vezes mais pessoas afetadas por catástrofes. Espera-se que na próxima conferência sobre o clima, a realizar sob os auspícios da UNFCCC6 (COP30 – 15 a 21 de novembro de 2025, em Belém, Brasil), venham a ser reforçadas as medidas para a melhoria dos sistemas de alerta precoce nos países em que ainda não estejam devidamente implantados. Referências: PAGASA – Philippine Atmospheric, Geophysical and Astronomical Services Administration. Guiuan – cidade importante na história das Filipinas. Consta que, no século XVI, foi na ilha Homonhon, pertencente àquela municipalidade, que Fernão de Magalhães desembarcou pela primeira vez naquele arquipélago. Talvez por esta razão a população da cidade é maioritariamente católica. Barangay – Divisão administrativa nas Filipinas, correspondente a aldeia. “ESCAP/WMO Typhoon Committee” – tem sede do Secretariado em Macau, desde 2007. UNDRR – United Nations Office for Disaster Risk Reduction. UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change.
Alliance Française | Apresentado hoje documentário sobre Maria Callas Hoje Macau - 6 Jun 20256 Jun 2025 É hoje que o público pode recordar uma das grandes vozes do nosso tempo, Maria Callas, e também saber mais sobre a sua vida. Isto porque a Alliance Française de Macau acolhe a exibição do documentário “Callas – Paris, 1958”, do realizador francês Tom Volf. A exibição dá-se no contexto do festival French May, em parceria com Hong Kong A Alliance Française de Macau, em colaboração com a Alliance Française de Hong Kong e com o French May Arts Fest, apresenta hoje em Macau o filme documentário “Callas – Paris, 1958”, da autoria de Tom Volf, datado de 2023. A exibição acontece a partir das 19h30 na sala 4 do Cinema do Studio City, integrando-se na secção “French May Cinema Programme” do festival French May. Segundo uma nota de imprensa da organização, “a exibição será precedida de uma apresentação por Michel Reis, melómano, autor e apresentador do programa de música clássica da Rádio Macau, ‘Scherzo’, e por Peter Gordon, que vive em Hong Kong desde 1985 e trabalha com as principais companhias de ópera de Hong Kong e Guangdong”. O filme documenta a estreia de “uma das maiores lendas da ópera, a diva por excelência, sensação mediática e rosto da ópera do século XX, a extremamente rara soprano ‘assoluto'” Maria Callas, em França. Este foi o concerto em que Maria Callas foi acompanhada pela Orchestre de l’Opéra Nationale de Paris e Choeurs, sob a direcção do maestro Georges Sébastian, “um espectáculo que se tornou uma verdadeira lenda”. Tratou-se, segundo a mesma nota, de um espectáculo que integrou uma gala da caridade a favor das obras da “Légion d’Honneur”, tendo sido transmitido em directo pela televisão francesa e pelas televisões de outros países europeus, através da Eurovisão, o que era bastante raro na época. Anunciado pela imprensa como “Le plus grand spectacle du monde” [O maior espectáculo do mundo], “o concerto foi realmente excepcional”. Encomenda de celebração O filme foi encomendado pela Fondation Callas, através do Fundo de Doações Maria Callas, criado pelo próprio Volf, para a celebração do centenário do nascimento da célebre soprano greco-americana, que se assinalou no dia 2 de Dezembro de 2023. A Fundação foi criada em Paris em 2017 pelo mundialmente conhecido maestro Georges Prêtre, que desenvolveu uma relação de trabalho muito próxima com a cantora, que dirigiu por diversas vezes. Este documentário demorou seis anos a ser concluído e dois anos a colorir. Volf foi também autor do documentário aclamado pela crítica “Maria by Callas”, lançado em 2017 em mais de 40 países, e que ganhou prémios em festivais de cinema na Europa e nos EUA. Lançou ainda três livros sobre a cantora: “Maria by Callas”, “Callas Confidential” e “Maria Callas: Memoirs & Letters”. No espectáculo escolhido para este documentário, Maria Callas surgiu “com a sua indumentária de alta costura mais elegante e jóias no valor de mais de um milhão de dólares americanos”, sendo que o repertório escolhido “mostrou Callas no seu auge, tanto em recital como como actriz”. “É de salientar que tinha cantado ‘Violetta’ numa produção de ‘La Traviata’ em Lisboa no início desse ano de 1958, no famoso Teatro Nacional de São Carlos, considerada a sua melhor Violetta das mais de 60 que interpretou”, lê-se ainda. Os comentários do famoso actor e animador Pierre Tchernia, conhecido como “Magic Tchernia”, foram complementados pelos de Pierre Dumayet, durante os intervalos, tanto nos bastidores durante as mudanças de cenário como na plateia, que conduziu inúmeras entrevistas com figuras como Jean Cocteau, Patachou, Brigitte Bardot, Gilbert Bécaud, Zizi Jeanmaire e Roland Petit, além de de Begum Aga Khan, um programa dirigido por Roger Benarmou intitulado “La grande nuit de l’opéra” [A grande noite da ópera] , sob a tutela do Institut national de l’audiovisuel (INA). As filmagens originais do concerto foram restauradas para os modernos ecrãs de grandes dimensões pelo produtor e especialista em colorização e restauro de filmes e imagens de arquivo, Samuel François-Steininger, a partir de bobinas originais de 16 milímetros, que, juntamente com as fitas matriz, foram recentemente descobertas no próprio arquivo de gravações de Callas em Atenas. O documentário exibido sexta-feira foi produzido em francês com legendas em inglês e “mostra a icónica cantora de ópera no auge da sua fama, preservando a sua voz em todas as suas cores e amplitude para a posteridade”. “Na actuação, os elementos visuais são tão importantes como as dimensões vocais na sua arte. Apresentado a cores, resolução 4K e som surround Dolby Atmos, o trabalho meticuloso de Tom Volf proporcionou ao público uma imersão moderna nesta actuação histórica”, lê-se na mesma nota.
GP | Jaguar que venceu em Macau em 1984 regressou às pistas Sérgio Fonseca - 6 Jun 20256 Jun 2025 Os mais de setenta anos de história do Grande Prémio de Macau fazem-se de pessoas, máquinas e grandes momentos. Estávamos em 1984, quando Tom Walkinshaw conquistou a única vitória da Jaguar na Corrida da Guia. Após anos afastado do público, para gáudio dos aficcionados, este mesmo carro voltou às pistas pelas mãos de um entusiasta do evento de automobilismo da RAEM Richard Meins, um empresário inglês do ramo do transporte marítimo que residiu muitos anos em Hong Kong, e que participou por diversas ocasiões no Grande Prémio de Macau, conduziu este Jaguar XJS de Grupo A na prova Historic Touring Car Challenge, uma competição para clássicos, durante o Donington Historic Festival. Este “Big Cat”, o chassis nº5 e um dos quatro XJS originais ainda existentes, está praticamente como estava em 1984, mas dada as limitações da publicidade ao tabaco, hoje ostenta as cores usadas no Campeonato Europeu de Carros de Turismo, em vez da icónica decoração preta e dourada da John Player Special (JPS) que marcou a passagem pelo Circuito da Guia. Curiosamente, este regresso às pistas, de um carro que esteve muitos anos parado na Nova Zelândia e no Japão, estava previsto para o Autódromo Internacional do Algarve, mas o Historic Touring Car Challenge cancelou a sua prova no início de Abril em Portimão. Sendo assim, foi em terras de Sua Majestade que Richard Meins fez a sua primeira corrida com o carro britânico. “O carro venceu em 1984 em Macau, por isso sou um grande fã deste modelo”, explicou Ricard Meins à revista inglesa Motorsport News. “Ainda tenho as fotografias que tirei nesse fim de semana em Macau”, recordou este ávido coleccionador de carros de competição clássicos e que, além de conduzir, apoiou vários pilotos no Grande Prémio de Macau. Em Donington Park, Richard Meins partilhou o imponente Jaguar XJS, equipado com um motor V12 de 5.3 litros, com Jack Tetley, e terminaram em sexto lugar da geral, vencendo na sua classe. Richard Meins só tinha guiado o carro uma ou duas vezes anteriormente, mas planeia participar em mais rondas do Historic Touring Car Challenge com o XJS de 1984. “Vamos tentar colocá-lo em pista com mais frequência agora”, disse ainda Ricard Meins, que revelou estar a ponderar uma participação no Silverstone Festival em Agosto com este exemplar muito raro e marcante da história dos carros de turismo dos anos 1980. Estreia de uma decoração icónica No Verão de 1984, Tom Walkinshaw aceitou o desafio da organização portuguesa do Grande Prémio para viajar no final desse ano até Macau. Com o título europeu no bolso, o piloto e chefe de equipa inglês fez-se acompanhar por um dos seus pilotos habituais, o alemão Hans Heyer. A Corrida da Guia era um feudo da BMW e o controverso inglês queria colocar um ponto final no domínio bávaro na prova. Para isso, contou com o precioso apoio da JPS, que estava a relançar a marca, decorando os seus carros com as famosas cores preta e dourada que mais tarde seriam eternizadas nos Lotus de Ayrton Senna. Na altura, a Corrida da Guia acontecia três semanas antes dos 1000 km de Bathurst, outra prova importante no calendário mundial das corridas de carros de Turismo, e assim a TWR fez um “dois em um”. A corrida de 100 milhas nas ruas de Macau não teria muita história, tal o domínio dos carros construídos nas oficinas de Kidlington face à concorrência encabeçada pelos dois BMW 635i oficiais da Schnitzer, guiados por Hans Stuck e Dieter Quester, e pintados pela rival Marlboro. Tom Walkinshaw terminou em primeiro e Hans Heyer e m segundo. No final da corrida, citado pelo jornal português Autosport, Tom Walkinshaw disse: “O circuito é fantástico. Apertado, mas com muitas curvas, subidas e descidas, o que fez com que a corrida se tornasse obrigatoriamente difícil. Mas eu gosto de coisas difíceis e, para mim, a corrida foi óptima do princípio ao fim. Diverti-me e, como fomos bem recebidos, esperamos voltar a correr em Macau.” Os Jaguar foram novamente convidados pela Comissão do Grande Prémio de Macau para correr em 1985, mas Tom Walkinshaw tinha outros planos para os seus carros. Felizmente, graças a Richard Meins continuaremos a ver este belíssimo carro nas pistas.
Educação | China pede aos EUA para não politizarem intercâmbios Hoje Macau - 6 Jun 2025 A China criticou ontem as novas restrições impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, à entrada de cidadãos estrangeiros, incluindo as que afectam a Universidade de Harvard, e apelou a Washington para que deixe de politizar a cooperação educacional. “A cooperação educacional entre a China e os EUA é mutuamente benéfica. A China sempre se opôs à politização nesta área”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Lin Jian, em conferência de imprensa. Lin respondia à ordem assinada por Trump que suspende por seis meses a entrada de novos estudantes internacionais em Harvard, sob acusações de “radicalismo” e “ligações estrangeiras preocupantes” por parte do centro académico. Pequim advertiu que esta medida vai “prejudicar a imagem e a credibilidade internacional” dos EUA e garantiu que vai defender os direitos legítimos dos seus estudantes e académicos no estrangeiro. Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe actualmente 10.158 estudantes internacionais de 150 países, incluindo 2.126 da China, segundo dados relativos ao ano letivo 2024/2025 publicados no portal do gabinete internacional da instituição. O porta-voz também reagiu à nova proibição de viajar para os Estados Unidos para cidadãos de 12 países, incluindo Irão, Haiti, Guiné Equatorial, Somália e Iémen, e às restrições impostas a cidadãos de outros sete, como Cuba e Venezuela. “Os intercâmbios interpessoais são a base fundamental para promover a compreensão e a cooperação entre os países. Esperamos que todas as partes criem condições propícias para o efeito, em vez de erguerem barreiras”, afirmou Lin.
Taiwan | Pequim oferece recompensas pela captura de piratas informáticos Hoje Macau - 6 Jun 2025 O Gabinete de Segurança Pública da cidade chinesa de Cantão vai oferecer recompensas a quem ajudar a capturar mais de 20 indivíduos ligados a Taiwan acusados de terem realizado ciberataques contra uma empresa tecnológica chinesa. Esta é a primeira vez que as autoridades de segurança pública chinesas tomam esta medida para “combater as forças separatistas de Taiwan”, segundo o jornal oficial Global Times. É também “a primeira acção coordenada de repressão das actividades criminosas organizadas pelo Comando da Força de Informação, Comunicações e Electrónica de Taiwan”, acrescentou. Segundo o Global Times, estes “20 suspeitos da ilha de Taiwan” estiveram envolvidos em ciberataques contra uma empresa tecnológica chinesa local e estão ligados às autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP), actualmente no poder em Taiwan. “O ciberataque foi dirigido e executado pelo Comando da Força de Informação, Comunicações e Eletrónica do DPP, que realiza múltiplas actividades ilegais”, declarou o Gabinete de Segurança Pública Municipal de Cantão, que emitiu mandados de busca para os 20 suspeitos. As autoridades chinesas acrescentaram que aqueles que fornecerem pistas válidas e ajudarem na captura dos suspeitos receberão uma recompensa de 10.000 yuan por cada um deles.
AIE | Investimento de 2,9 biliões de euros em 2025 com China a liderar Hoje Macau - 6 Jun 2025 As previsões da Agência Internacional de Energia para 2025 indicam o reforço da liderança chinesa na revolução energética em curso com a aposta nas energias “limpas” em detrimento do investimento em combustíveis fósseis O investimento em energia deverá aumentar para 3,3 biliões de dólares (2,9 biliões de euros) em 2025, com a China a consolidar a sua posição de liderança, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). A análise, ontem divulgada pela agência, indica que as energias “limpas” deverão atrair duas vezes mais capital do que os combustíveis fósseis. “No meio das incertezas geopolíticas e económicas que ensombram as perspectivas do mundo da energia, vemos a segurança energética emergir como um motor fundamental do crescimento do investimento global este ano”, lê-se no relatório. “Actualmente, a China é, de longe, o maior investidor mundial em energia, gastando duas vezes mais do que a União Europeia – e quase tanto como a UE e os Estados Unidos juntos”, acrescenta a análise, salientando que, em 2015, o país asiático estava apenas à frente dos Estados Unidos neste aspecto. O investimento em energias renováveis e nucleares, armazenamento e combustíveis com baixas emissões, bem como em eficiência energética e eletrificação, deverá atingir um recorde de 2,2 biliões de dólares, segundo a AIE. “As actuais tendências de investimento mostram claramente que se aproxima uma nova era da electricidade”, sublinhou a agência. O investimento neste sector deverá ser cerca de 50 por cento superior ao montante total gasto em petróleo, gás natural e carvão. Há dez anos, o investimento em combustíveis fósseis era 30 por cento superior ao investimento na produção e nas redes de eletricidade, indicou o organismo. O petróleo, o gás natural e o carvão deverão absorver investimentos de 1,1 biliões de dólares, com forte concentração das despesas na exploração de petróleo e gás no Médio Oriente. Sobe e desce A AIE estimou que a queda dos preços e da procura de petróleo deverá conduzir ao primeiro declínio do investimento no sector desde a pandemia de covid-19, em 2020, principalmente devido a uma descida acentuada das despesas com o petróleo de xisto nos Estados Unidos. Em contrapartida, o investimento em novas instalações de gás natural liquefeito (GNL) registará um forte crescimento. “Entre 2026 e 2028, o mercado mundial de GNL deverá registar o maior crescimento de capacidade de sempre”, estimou a AIE. De acordo com a agência, o investimento mundial em energia solar deverá atingir 450 mil milhões de dólares até ao final de 2025, colocando-a em primeiro lugar, enquanto o investimento em energia nuclear deverá atingir cerca de 75 mil milhões de dólares, um aumento de 50 por cento nos últimos cinco anos. No entanto, a AIE receia que o investimento nas redes eléctricas (cabos, postes, etc.), actualmente em 400 mil milhões de dólares por ano, “não acompanhe o ritmo das despesas de produção e electrificação”, o que constitui um “sinal preocupante para a segurança da electricidade”. O investimento em redes teria de aumentar para atingir a paridade com as despesas de produção até ao início da década de 2030, mas “tal é dificultado por procedimentos de licenciamento morosos e por cadeias apertadas de abastecimento de transformadores e cabos”. Por último, o forte crescimento da procura de electricidade está também a beneficiar o carvão, principalmente na China e na Índia. Em 2024, a China lançou a construção de quase 100 gigawatts (GW) de novas centrais eléctricas alimentadas a carvão, elevando as aprovações globais para centrais deste tipo ao nível mais elevado desde 2015, salientou a AIE.
Filosofia Popular da Peregrinação ao Oeste Ana Cristina Alves - 6 Jun 2025 Ana Cristina Alves, Investigadora Auxiliar e Coordenadora do Serviço Educativo do Centro Científico e Cultural de Macau 20 de maio de 2025 Introdução e comparação cultural Qual é a filosofia popular implícita na obra Peregrinação ao Oeste《西遊记》 de Wu Cheng´en (吴承恩) 1500 – 1582? Esta foi redigida durante a Dinastia Ming e publicada em 1570, mais ou menos pela altura em que os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, o épico camoniano, seria editado, em 1572. Na Peregrinação ao Oeste procura-se através de uma recriação imaginária de um grupo de peregrinos, encabeçado pelo monge da dinastia Tang Xuanzang (唐玄奘 Xuánzàng), conquistar um novo mundo espiritual, o da religião budista, ao qual os chineses deveriam aderir de modo a garantir uma melhor conduta ético-moral para uma população já há muito desviada dos bons ensinamentos e conduta apropriados. Quem lidera a iniciativa de libertar os chineses do sofrimento é, como não poderia deixar de ser, a Divindade da Compaixão, Guanyin (观音Guānyīn), sempre atenta a todas as almas aflitas, pronta para se lançar no socorro delas. Já no caso de Os Lusíadas, compostos por Luís Vaz de Camões (1524/5-1580), narra-se igualmente uma viagem, só que é real, indissociável de aspetos espirituais e religiosos, porque feita em nome da universalidade da fé cristã, sendo, porém, indissociável da viagem concreta, que implica a conquista bem humana e renascentista de um mundo melhor para as gentes, no qual os portugueses possam não apenas sobreviver, mas comandar e imperar, por serem dignos de uma história antiga e guerreiros muito valorosos. Canta-se, portanto, o heroísmo dos descobrimentos, radicados na fé cristã, mas acompanhados e protegidos pelo alento renascentista que recupera o espírito e divindades clássicas, como sejam a protetora Vénus, divindade amorosa que vela pelos portugueses, e o agressivo e ciumento Baco, o deus do vinho que os quer perder. A Peregrinação ao Oeste pelos chineses é realizada em nome da libertação e salvação coletivas, através do contacto com os sutras budistas; a “Peregrinação” portuguesa ao Leste é igualmente em nome de uma coletividade, salva as almas e estende-se a toda a terra, dada a vocação proselitista do Cristianismo e globalizante dos mercadores, bem como dos navegadores, Camões seu arauto poético deseja a propagação da fé por um grande império construído pelos heróis portugueses, como se lê na primeira estância do Canto Primeiro: As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram; Que viria a ser traduzida para chinês por Zhang Weimin 张维民 em 19981 da seguinte forma: 威武的船队,强悍的勇士, 驶离卢济塔尼亚西部海岸, 越过自古茫无人迹的海崖, 甚至跨越塔普罗瓦那海角, 经历千难万险、无穷战争, 超出人力所能承受的极限, 在那荒僻遥远的异域之帮, 将灿烂辉煌的新帝国拓建。 张维民(译) 《卢济塔尼亚人之歌 •第一章,一》 Ambas as peregrinações são verdadeiros romances de aventura em estilo poético, Os Lusíadas em poesia, a Peregrinação ao Oeste em prosa poética e poesia. Neste último, A Bodhisattva Guanyin subjugará 4 monstros que serão os companheiros do Monge Xuanzang. A Bodhisattva leva consigo uma sotaina bordada e um anel de nove voltas para entregar ao monge. Este último, se cumprir eficazmente a sua missão de 14 anos, escapa à roda da reincarnação (Jenner, 1994:60), e os seus discípulos, forças divinas desobedientes em queda no mundo humano, poderão regressar ao Céu, onde voltarão a ocupar cargos divinos. Guanyin entrega também uma banda, que provoca terríveis dores de cabeça ao desobediente Rei Macaco (Jenner, 1994:60). Apresentem-se os monstros e espíritos indomáveis. Primeiro Sun Wukong (孙悟空Sūn Wǔkōng ), de Rei Macaco desobediente transita a obediente guardião da religião budista. Guanyin libertará este espírito indomável, prisioneiro na Montanha dos Cinco Elementos (五行山 Wǔxíng Shān), como castigo pelas desobediências que não têm conta. Depois um Marechal Celestial que passará a Porco. Ele é o Marechal Tian Peng (天篷Tiān Péng ) da Via Láctea, tentou seduzir a Divindade da Lua, foi punido pelo Imperador de Jade com duzentas machadadas e condenado ao exílio na terra. A Bodhisattva batizou-o com o apelido de Zhu Bajie (猪八戒Zhū Bājiè ), que significa «Porco das Oito Abstinências,» e deu-lhe o nome budista de Zhu Wuneng (猪悟能Zhū Wǔnéng ), ou seja, «Porco Desperto para o Poder» (1994:63). Haverá um ogre que será dominado e transformado em Monge Areia. Foi castigado por ter sido um general celestial distraído. Pagou a distração com 800 chicotadas, tendo sido exilado para a terra, onde devora viajantes escondido nas águas do Rio das Areias Flutuantes. Guanyin liberta-o, batizando-o com o apelido de «Areia» (沙Shā ) , e o nome budista de Wujing (牾净Wǔjìng), que significa «Desperto para a Pureza». Segue-se o filho do Rei Dragão do Mar do Oeste que será metamorfoseado em Cavalo Branco. Foi denunciado pelo próprio pai por ter queimado as pérolas brilhantes do palácio. O imperador de Jade castigou-o, suspendendo-o no ar. Deu-lhe 300 chicotadas, deixando-o a aguardar a morte. O príncipe dragão é liberto para se transformar no Cavalo Branco do monge Xuánzàng, ou como é conhecido em chinês, no Cavalo-Dragão Branco, (白龙马Bái Lóng Mǎ ). No termo da peregrinação, Zhu Wuneng espiritualizado, ascende ao Céu, sendo recompensado com o cargo celestial de Limpa-Altares. Mas há mais honras para o grupo de peregrinos vitoriosos que levaram os sutras até à China: o Monge Areia receberá o título de Santo (Arhat) Dourado, o Macaco será nomeado Buda da Luta Vitoriosa e o Monge Sanzang receberá o título de Buda do Mérito (buda candana-punya.) Assim como o Cavalo Branco ascenderá a Dragão Celestial. Filosofia Popular Proverbial Entre os peregrinos encontram-se, como se sabe, o Macaco e o Porco que escoltam na viagem ao Oeste o grande monge e tradutor budista Xuanzang [ 唐玄奘 Xuánzàng (c. 602 – 664) ou Sanzang (三藏Sānzàng), o Monge dos Três Tesouros budistas (o próprio Buda, os Ensinamentos ou Dharma, a Ordem Monástica ou Sangha), mandatado pelo Imperador Imperador Táng Tàizōng (唐太宗, r. 626-649) para ir buscar as escrituras sagradas à Índia. Estas serão entregues pelo Buda Histórico que reside no Pico do Abutre, porque «há muitas criaturas gananciosas e malvadas no Leste, que se comprazem em provocar sofrimento aos outros, matando e lutando sem parar.» (Jenner, 1994: 58). Por isso, Buda quis distribuir as escrituras pelo mundo chinês. Na filosofia popular e proverbial, que hoje corre de boca em boca, chama-se a atenção para o duelo existencial, travado entre dois dos cinco peregrinos, muito semelhante ao da obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616), composta entre 1605 e 1615, na qual o autor coloca em diálogo duas personagens opostas e complementares, Dom Quixote e Sancho Pança: o primeiro extremamente idealista, romântico, sonhador e mesmo utópico, quase só pele e osso, por ser como que um espírito encarnado; o segundo, materialista, realista, pragmático, um “pés na terra” muito forte e rechonchudo. Mutatis mutandis Zhu Bajie, o Porco das Oito Abstinências, e Sun Wugong, o Macaco Desperto para o Vazio, da Peregrinação a Oeste têm muitas das características opostas e complementares que encontramos em D. Quixote e Sancho Pança. A confirmá-lo, atente-se em alguns dos ditos proverbiais associados ao Rei Macaco: 1) As Setenta e Duas transformações do Rei Macaco (七十二变qī shí èr biàn) 2) Infindáveis Mutações (千变万化qiān biàn wàn huà) 3) Grande Confusão no Palácio Celestial (大闹天宮dà nào tiān gōng) 4) Infinitos Poderes Mágicos (神通广大shéntōng- guǎnggdà ) 5) Aparece e Desaparece Misteriosamente (神出鬼没shénchū-guǐmò) Ele possui uma infinita capacidade espiritual, que lhe permite acompanhar o movimento universal e estar em permanente transformação. Tem inúmeros poderes mágicos, aprendidos com o melhor dos mestres taoistas, o que o capacita a interferir com sucesso tanto na ordem celestial como na terrena, razão pela qual virá a ser castigado e apenas subjugado pelo próprio Buda, que ao domá-lo revela pertencer a uma ordem espiritual e religiosa superior. Após um castigo de quinhentos anos, infligido pelo patriarca do Budismo, ficará apto a integrar o grupo dos peregrinos que introduzirá com sucesso os sutras e os ensinamentos budistas na China. Sun Wugong revela ser uma personagem complexa e multifacetada, retendo e potenciando o melhor e o pior da natureza humana na sua portentosa inteligência, desafiante e desobediente. Tem imensa dificuldade em lidar sobretudo com Zhu Bajie, pela estupidez e concupiscência do parceiro, sempre pronto a preguiçar e a entregar-se a prazeres exclusivamente carnais. Zhu Bajie encarna alguns dos defeitos típicos da natureza humana que são bem revelados na filosofia proverbial popular, como se pode verificar por alguns dos ditos aqui referidos: 1) Zhū Bájiè Falha e Nunca Assume as suas Responsabilidades (豬八戒上陈Zhū Bájiè Shàng Chén) 2) Zhu Bajie Enfeita-se com Flores (豬八戒戴花Zhū Bájiè Dài Huā). 3) Zhū Bájiè vê-se ao Espelho (cZhū Bájiè kàn Jìngzi) 4) Zhū Bájiè Partiu de Avião (豬八戒坐飞机Zhū Bájiè zuò fēijī). No primeiro provérbio, nota-se a dificuldade do porco em assumir culpas sempre que erra, e como errar é humano, não têm contas as vezes em que sacode as responsabilidades; já no segundo é denunciado um defeito muito característico por entre as gentes, a vaidade, ou seja, a necessidade constantes de enfeites, e não só do ponto de vista físico, porque aqui não apenas contam as indumentárias como também os títulos, cargos e honrarias, numa total incapacidade de se autoavaliar com rigor. No terceiro dito, está em causa a fealdade física e moral, que atrai queixas dos outros, pela falta de compostura e, por fim, emprega-se esta expressão quando alguém parte desta para a melhor, mas de uma maneira pior, ou seja, sem dignidade. Para terminar, aqui ficam alguns provérbios de sentido mais geral, retirados da Peregrinação ao Oeste, que chamam a atenção para os males gerais do mundo através das aventuras dos peregrinos, já que, com exceção de Sun Wugong, os outros se deixam enganar muito facilmente, por todo o tipo de monstros, demónios, espíritos sedutores, etc., tendo grande dificuldade em desvendar comportamentos hipócritas nos quais vão tropeçando ao longo da jornada, onde encontram “muitas caras às quais não conseguem ver o coração” ou, por outras palavras, abundante hipocrisia, como refere o dito (虚情假意 xū qíng jiǎ yì). Por isso, estão constantemente envolvidos em sarilhos ou situações que “não têm pés nem cabeça”, o que é traduzido literalmente em chinês por “tamanhos desiguais” (七长八短 qī cháng bā duān). Ora num mundo enganador, os peregrinos são aqueles que com boas intenções vão seguindo com o objetivo maior de salvar a China, assim o grupo se vê na situação de “grande nau, grande tormenta”, ou como é dito em chinês, de “grande árvore que atrai o vento” (树大招风 shū dà zhāo fēng ) num mundo em que quando a virtude cresce alguns centímetros, logo a maldade aumenta vários metros (道高一尺,魔高一丈 dào gāo yī chǐ, mó gāo yī zhàng). Apesar de todas as advertências, vindas da sabedoria popular e das aventuras romanescas, a Peregrinação ao Oeste e Os Lusíadas terminam com o sucesso dos seus protagonistas, já que os portugueses se expandem pelo mundo, o Budismo é introduzido na China e todos os personagens da novela poética dão origem a um pedagógico manancial proverbial. Referências Bibliográficas Alves, Ana Cristina. 2022. Cultura Chinesa, Uma Perspetiva Ocidental. Coord. Carmen Amando Mendes. Coimbra: Almedina e Centro Científico e Cultural de Macau. 蔡志忠 (编绘)2014《西游记》北京:现代出版社. Camões, Luís de. 1971. Os Lusíadas. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa. Camões, Luís de. 1998. 《卢济塔尼亚人之歌》. Beijing: Fundação Oriente e Federação das Associações Artísticas e Literárias da China. Jenner, W.J.F. 1994. Wu Cheng’en. Journey to the West. «西遊記». Hong Kong: The Commercial Press. 吴承恩2015《西游记》. 全三册.长沙:岳麓书社. “Histórias Proverbiais relativas a Zhu Bajie”:《描写猪八戒的成语》 http://wenwen.soso.com/z/q314030363.htm “Histórias Proverbiais relativas a Sun Wukong”: 《关于孙悟空的成语》http://zhidao.baidu.com/question/95335747.html Este espaço conta com a colaboração do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, sendo as opiniões expressas no artigo da inteira responsabilidade dos autores” https://www.cccm.gov.pt Beijing: Fundação Oriente e Federação das Associações Artísticas e Literárias da China.
Habitação | Mercado encolhe mais de 50% num ano João Santos Filipe - 6 Jun 2025 O mercado da habitação continua em contracção e no espaço de um ano o preço médio do metro quadrado desvalorizou 23,8 por cento. Se a comparação for feita com o período pré-pandemia, os preços caíram 39,5 por cento No início de Maio, o número de transacções no mercado de habitação caiu para menos de metade, com uma redução de 57,6 por cento, em comparação com a primeira quinzena de Maio do ano passado. A informação consta das estatísticas da Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Segundo os dados mais recentes, na primeira metade de Maio deste ano houve um total de 78 compras e vendas de habitação, o que contrasta com as 184 transacções registadas nos primeiros quinze dias de Maio de 2024. Esta é uma diferença de 106 negócios. As alterações no espaço de um ano não se ficaram pelo número de transacções, o mesmo aconteceu com o preço médio do metro quadrado. Na primeira metade de Maio deste ano o preço médio da habitação foi de 69.634 patacas por metro quadrado, o que significa uma redução de 23,8 por cento face ao período homólogo, quando o preço médio era de 91.361 patacas por metro quadrado. A redução significa que se uma pessoa pagou, no ano passado, 5,80 milhões de patacas por uma habitação, a mesma casa valeria em Maio deste ano 4,42 milhões de patacas, o que implica uma desvalorização de 1,38 milhões de patacas. No início de Maio deste ano, Coloane foi a região com as casas mais caras, onde o preço médio foi de 90.755 patacas por metro quadrado. Ao invés, na Península de Macau o preço médio por metro quadrado foi de 69.132 patacas por metro quadrado, o mais reduzido. Outras realidades Se a comparação for feita com a primeira metade de Abril deste ano, a redução tanto ao nível do número de transacções como do preço é mais moderada. Em termos do preço da habitação, no espaço de um mês a redução foi de 11 por cento, dado que no início de Abril deste ano o preço médio do metro quadrado foi fixado em 78.204 patacas. Quando se analisa a tendência ao nível do número de transacções, a redução foi de 34,6 por cento, superior a um terço, dado que no início de Abril tinham sido registadas junto da DSF um total de 133 transacções. O número mais recente de transacções foi apenas de 78 compras e vendas, o que significa uma diferença de 55 transacções. As comparações com o período pré-pandemia mostram um contraste ainda mais acentuado. Ao nível do preço do metro quadrado, a comparação com o início de Maio de 2019 mostra uma redução de 39,5 por cento, de 115.071 patacas por metro quadrado para 69.634 patacas por metro quadrado. Tendo em conta estes números, se uma pessoa tivesse comparado uma habitação no início de Maio de 2019 por 5,80 milhões de patacas, essa mesma casa estaria agora avaliada em 3,51 milhões de patacas, uma diferença de 2,29 milhões de patacas.
IAM | Mais de 60 produtos com facilidades de exportação Hoje Macau - 6 Jun 2025 Mais de 50 tipos de alimentos de Macau foram abrangidos pelo “Acordo de Cooperação no Controlo de Segurança dos Produtos Alimentares Fabricados em Macau e Exportados para o Interior da China” desde que foi assinado pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) com entidades da China, em 2019. Segundo uma nota do IAM, além desses alimentos, “cerca de 10 tipos de produtos de carne foram recomendados pelo IAM à Administração Geral das Alfândegas da China para serem registados com sucesso” no país, como “produtos de pastelaria tradicionais, produtos de ninhos de andorinha prontos a comer, produtos de carne, entre outros”, ao abrigo do “Memorando sobre a inspecção sanitária e os requisitos veterinários de produtos de carne exportados por Macau para o Interior da China”, assinado em 2023. As entidades chinesas que estabeleceram a cooperação com Macau são a Administração Geral das Alfândegas da China e a Secretaria para a Administração e Justiça, criando “um modelo inovador de supervisão cooperativa”.
Imobiliário | Dirigente associativo pede imigração para responder a crise João Santos Filipe - 6 Jun 2025 A Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau acredita que o território precisa de mais imigrantes qualificados para inverter a contracção do mercado imobiliário. No entanto, Ip Kun Wa ficou desiludido com as Linhas de Acção Governativa por não ter visto um compromisso com a estabilização do mercado O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kun Wa, admite a desilusão com as primeiras Linhas de Acção Governativa do Executivo de Sam Hou Fai, por considerar que faltam medidas para apoiar o mercado imobiliário. A posição foi tomada em declarações prestadas ao jornal Ou Mun. De acordo com o presidente da associação, o Governo precisa de facilitar os requisitos para atrair mão-de-obra qualificada de fora, dado que a imigração é tida como a tábua de salvação para o mercado imobiliário. Na visão do representante, se o território tiver mais pessoas, com forte capacidade de compra, vai aumentar a procura por habitação em Macau. O dirigente associativo também reconheceu que o mercado imobiliário está actualmente numa fase de contracção, devido à falta de confiança dos consumidores que acreditam que se comprarem um imóvel que este vai perder valor nos tempos mais próximos. Todavia, o presidente da associação alertou que, ao contrário de Hong Kong, em Macau não existe um mercado bolsista. Como tal, e dado que o crescimento da economia implica o aumento do consumo, o mercado de imóveis é uma das poucas vias para os residentes investirem as suas poupanças, ganharem maior confiança e ajudarem a desenvolver a economia local. Face a esta visão, Ip Kun Wa considerou que as Linhas de Acção Governativa foram uma desilusão porque apenas contêm “algumas frases ligeiras” sobre a necessidade de permitir a entrada de mais imigrantes e de agilizar os processos de aprovação de novos imigrantes, sem que haja verdadeiramente detalhes. Medidas de longo prazo Em relação às Linhas de Acção Governativa e às propostas para o imobiliário, com excepção da emigração, Ip Kun Wa reconheceu estar céptico, dado que as propostas para promover o desenvolvimento da economia são de longo prazo e, por esse motivo, só se vão reflectir na procura por mais imóveis no longo prazo. Ip Kun Wa lamentou também que o Governo de Macau não se tenha comprometido com medidas para estabilizar os mercados mais essenciais para a economia. O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau deu o exemplo do Interior, onde considerou que depois dos sinais de apoio do Governo Central ao mercado bolsista, houve sinais de estabilização e recuperação, no que entendeu ser uma política acertada.
IDQ / Inspecções | Pereira Coutinho critica suspensão de serviços Andreia Sofia Silva - 6 Jun 2025 O deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre as alterações aos serviços prestados pelo Instituto para o Desenvolvimento e Qualidade (IDQ), e que têm “implicações para a qualidade e inspecção em Macau”. Segundo a interpelação, o gabinete de atendimento aos cidadãos do deputado tem recebido muitas queixas de “empresários locais que expressam preocupação em relação à recente decisão do IDQ de suspender a prestação de diversos serviços essenciais”, como é o caso da “inspecção de equipamentos de elevação e a emissão de certificados de inspecção para empresas particulares, bem como para os respectivos projectos de engenharia”. Esta mudança ocorreu a partir de Março do ano passado, sendo que, para Pereira Coutinho, “sem aviso prévio, esta decisão suscita várias questões sobre a continuidade dos serviços essenciais que garantem a segurança e a qualidade no sector da construção, equipamentos de elevação e engenharia em Macau”. O deputado questiona também “como será garantido, no futuro, o cumprimento de diversas finalidades do IDQ”.
Governo recusa penalizar não utilização de cintos de segurança nos bancos de trás João Santos Filipe - 6 Jun 2025 O Governo recusa avançar com multas para penalizar os passageiros que não utilizem cintos de segurança nos bancos traseiros. A posição do Executivo foi assumida numa reunião da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, pela presidente e deputada Ella Lei. Citada pelo jornal Ou Mun, a membro da Assembleia Legislativa afirmou que a não utilização de cintos de segurança nos bancos traseiros não vai ser penalizada com as alterações à lei do trânsito. Além disso, o Governo terá dito que precisa de mais tempo para estudar a medida que, por exemplo, em Portugal passou a vigorar em 1994, ainda antes da transição da transferência de Macau. O Executivo terá ainda indicado que qualquer alteração terá de se feita “passo-a-passo”. Em relação às penalizações para a não utilização do cinto de segurança nos bancos da frente a multa vai passar a ser de 300 patacas. Na reunião de ontem, uma das discussões que levantou mais polémica é uma norma que dá poderes aos motoristas dos transportes públicos para recusarem passageiros que apresentem um comportamento ou transportem materiais que possam ser tidos como perigosos para o condutor e para os outros passageiros. Grandes debates Segundo Ella Lei, esta questão esteve longe de ser pacífica entre os deputados, com alguns a questionarem a possibilidade de haver decisões aleatórias dos motoristas. Terá havido quem sugerisse ao Governo para deixar cair a norma. No entanto, os representantes do Executivo prometeram elaborar, posteriormente, depois de aprovada a lei, linhas orientadoras para os motoristas. Após a reunião de ontem, Ella Lei admitiu desconhecer se vai ser possível finalizar a discussão das alterações da lei do trânsito até Outubro, até porque o Governo ainda tem de apresentar uma nova versão do texto de trabalho. No caso de não ser possível, a lei vai cair e terá de ser apresentada novamente na generalidade, e votada pelos novos deputados, para depois voltar a ser analisada especialidade.
Jogo / Receitas | Revisão em baixa não surpreende analistas João Luz - 6 Jun 2025 Os analistas da CreditSights não ficaram surpreendidos com a revisão em baixa da estimativa para as receitas brutas do jogo deste ano, anunciada pelo Governo na terça-feira. A meta mais “conservadora e em linha com a performance do sector” é explicada pela possível queda dos segmentos VIP e massas premium Na terça-feira, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, anunciou aquilo que parecia inevitável: a revisão em baixa das estimativas para as receitas brutas do jogo em 2025. Na proposta de revisão orçamental, o Governo cortou as expectativas em 12 mil milhões de patacas, da estimativa inicial de 240 mil milhões para 228 mil milhões de patacas. A rectificação da performance da indústria não apanhou de surpresa os analistas da CreditSights. Numa nota divulgada ontem, os analistas Nicholas Chen e David Bussey referem que a revisão “não foi uma completa surpresa”, “tendo em conta o fraco registo de receitas brutas mensais desde o início do ano” para cumprir a meta de 240 mil milhões de patacas no fim de 2025. Aliás, a instituição acrescenta que a nova meta prevista “é mais conservadora e em linha com a performance anual do sector até agora”. Apesar dos números encorajadores de turistas que têm visitado Macau este ano, o crescimento do fluxo de visitantes não se tem reflectido nas receitas brutas do jogo, salientam os analistas. “Suspeitamos que isso se deva à maior prevalência de jogadores do segmento de massas, em detrimento de apostadores dos segmentos VIP e massas premium, assim como à subida dos elementos não-jogo”, refere a nota, citada pelo portal GGR Asia. Raios de sol Os resultados dos casinos no mês passado não passaram ao lado da análise divulgada ontem. Os casinos arrecadaram receitas brutas de 21,19 mil milhões de patacas em Maio, o valor mais elevado desde a pandemia, ou seja, desde Janeiro de 2020 quando foram apurados 22,13 mil milhões de patacas. “O robusto registo de visitantes durante os cinco dias de feriados do 1º de Maio”, que suportaram as receitas brutas de Maio foram encarados como um sinal positivo, uma vez que graças ao mês passado a média mensal de receitas brutas subiu para 19,5 mil milhões de patacas, 500 milhões de patacas acima das receitas brutas mensais da nova estimativa do Governo. É também mencionado que o crescimento do número de visitantes ajudou a compensar a redução do montante das apostas. Como tal, os analistas alertam que “o sector do jogo pode ainda correr o risco de não cumprir a nova meta para as receitas se o número de turistas mostrar sinais de enfraquecimento”. Em termos de receita acumulada, nos primeiros cinco meses deste ano registou-se um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 97,71 mil milhões de patacas face aos 96,06 mil milhões de patacas registados entre Janeiro e Maio do ano passado. No entanto, o valor ainda está muito longe de 2019 e antes da campanha contra os junkets, quando as receitas entre Janeiro e Maio foram de 125,69 mil milhões de patacas.
Eleições | FAOM entrega pedido de candidatura Hoje Macau - 6 Jun 2025 A lista União para o Desenvolvimento, liderada pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), entregou na quarta-feira o pedido de reconhecimento da comissão de candidatura, com 500 assinaturas. O mandatário da lista, Kong Ioi Fai, falou das ideias preliminares do grupo para estas eleições. A equipa que concorre é composta por 12 pessoas e procura alcançar os objectivos traçados para as últimas eleições. O mandatário falou ainda da longa experiência do grupo em actos eleitorais e no acompanhamento dos problemas dos residentes, em fases tão distintas como a recessão económica sentida em Macau depois da transição, a epidemia da SARS, em 2003; a crise financeira de 2008 e os anos da covid-19. Kong Io Fai destacou objectivos essenciais como a revitalização da economia, a garantia do bem-estar da população, o desenvolvimento dos jovens, a melhoria da Administração pública e a protecção dos direitos laborais. União dos Interesses Empresariais entregou pedido de reconhecimento A lista União dos Interesses Empresariais de Macau, ligada à Associação Comercial de Macau, entregou ontem o pedido de constituição da comissão de candidatura com o apoio de 103 pessoas colectivas. Esta é uma lista vai participar nas eleições de 14 de Setembro no sufrágio indirecto e que em 2021 elegeu como deputados os empresários Kou Hoi In, José Chui Sai Peng, Ip Sio Kai e Wang Sai Man. A lista participa no sufrágio indirecto pelos sectores industrial, comercial e financeiro e desde 2021 concorreu sempre sem oposição. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o mandatário da lista, o empresário Ma Iao Lai, apontou que depois do pedido de reconhecimento ser confirmado pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, a lista vai realizar palestras para recolher opiniões e estudar os quatros candidatos.
Emigrantes | Associação TSP lança inquérito sobre eleições legislativas Hoje Macau - 6 Jun 2025 A Associação TSP – Também Somos Portugueses, baseada em Portugal, vai lançar um novo inquérito sobre os problemas registados nas últimas eleições legislativas para a Assembleia da República em Portugal, que serviram para eleger os deputados e o primeiro-ministro. Segundo uma nota da associação, a ideia é perceber “a forma como decorreram as recentes eleições legislativas portuguesas para quem vive no estrangeiro e quais são os problemas de que se queixam os emigrantes”, além de que se pretende chegar a respostas sobre a abstenção. “Para quem votou pretende-se saber se foi fácil votar, as dificuldades que tiveram e porque é que muitos não juntaram uma cópia do documento de identificação, cuja falta fez com que muitos milhares de votos fossem anulados”, lê-se no comunicado enviado às redacções. No inquérito, que está disponibilizado no portal da associação e nas redes sociais da mesma, pretende-se também perceber “as modalidades de voto preferidas pelos portugueses no estrangeiro”, seja “o voto presencial nos consulados, o voto postal ou os métodos que, apesar de ainda não estarem disponíveis em Portugal, são usados noutros países”, ou mesmo “o voto digital e voto por procuração”. O inquérito questiona ainda os principais problemas sentidos pelos portugueses que vivem no estrangeiro, tal como “o acesso aos serviços dos consulados, o ensino da língua portuguesa, o acesso à saúde em Portugal, problemas com os impostos portugueses, a reforma dos emigrantes, o regresso para Portugal, o processo de votação para as eleições portuguesas, ou outros”.