Jogo | Seaport estima receitas “mais fracas do que o esperado”

A corretora Seaport Research Partners reduziu para mais de metade a estimativa de crescimento das receitas brutas do jogo deste ano para 3 por cento, uma previsão “mais fraca do que o esperado” no início do ano, quando foi projectada uma subida de 6,5 por cento.

Num comunicado divulgado na terça-feira, citado pelo portal GGR Asia, o analista Vitaly Umansky mantém a estimativa de crescimento de 7 por cento para os anos 2026 e 2027, com 2027 a ter receitas brutas de jogo que podem ficar a 92 por cento do nível de 2019.

“Prevemos um fortalecimento do mercado no final do Verão e no segundo semestre deste ano. Não esperamos que a guerra comercial tenha um impacto negativo significativo em Macau, nesta altura”, apontou o analista.

De acordo com a Seaport, os benefícios das mesas digitais ‘inteligentes’ “poderão ser mais fortes do que o esperado e levar a uma revisão em alta das previsões”, principalmente porque as apostas paralelas no bacará estão a aumentar.

Recorde-se que nos primeiros três meses de 2025, as receitas brutas dos casinos de Macau foram de cerca de 57,66 mil milhões de patacas, mais 0,6 por cento do que no mesmo período de 2024.

Economia | Alerta para efeitos do proteccionismo

O debate de ontem sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças demonstrou a posição prudente do secretário Tai Kin Ip em relação ao cenário económico local. Numa altura em que o mundo enfrenta um cenário de tarifas impostas pelos EUA e a consequente resposta da China, o governante afirmou que a economia local pode sofrer com esta atitude proteccionista.

“O agravamento do unilateralismo e do proteccionismo trazem impactos ao desenvolvimento económico e à estabilidade da cadeia de abastecimento mundial, afectando as actividades económicas, a evolução inflacionária e a direcção das políticas monetárias adoptadas pelos principais bancos centrais, o que dá origem a várias instabilidades e incertezas em termos de perspectivas da economia mundial”.

Assim, tendo em conta que “Macau é uma microeconomia orientada para o exterior e altamente aberta, dificilmente consegue isolar-se dos impactos externos”. Tai Kin Ip referiu que, apesar “da situação económica de Macau permanecer geralmente estável”, enfrenta “alguns problemas antigos e novos desafios”.

Tal como já referiu no passado, o secretário deixou claro que as receitas brutas do jogo podem não trazer um cenário económico tão desafogado como se pensava. “No primeiro trimestre deste ano as receitas brutas do jogo mantiveram-se praticamente iguais em termos anuais, podendo as receitas financeiras não ser tão optimistas como o previsto”, disse no seu discurso, acrescentando que “o desenvolvimento da diversificação industrial ainda não satisfaz as expectativas da sociedade”. Assim sendo, o secretário para a Economia e Finanças aconselha a “examinar cuidadosamente a situação económica e responder com prudência”.

PME | Novo plano de bonificação de juros

Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, apresentou ontem as principais medidas da sua tutela no âmbito do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano. E uma delas prende-se com o lançamento de mais um apoio financeiro às pequenas e médias empresas (PME): o “Plano de bonificação de juros de créditos bancários para as pequenas e médias empresas”.

O secretário explicou que esta medida será proporcionada a cada “empresário comercial qualificado”, sendo concedida uma “bonificação de juros de créditos bancários até uma taxa de 4 por cento, para créditos bancários até 5 milhões de patacas, com um prazo de 3 anos”. As empresas elegíveis têm que ter participações superiores a 50 por cento por parte de residentes de Macau, entre outros critérios.

Além disso, o apoio governamental estende-se também à banca, com a medida “Pagamento apenas de juros, sem amortização do capital”. A ideia é “aliviar os encargos de juros suportados pelas PME, apoiando as empresas a reforçar a sua liquidez e o desenvolvimento dos seus negócios”, explicou o secretário.

Tai Kin Ip lembrou que as PME “são uma importante parte integrante da economia de Macau”, e que será dado todo o apoio “à operação sustentável, desenvolvimento inovador e reforço da capacidade de operação” destas empresas, não apenas com apoios financeiros, mas também com “a expansão da clientela, promoção do consumo e reforço das suas capacidades”.

Outra das medidas do foro empresarial apresentada no debate de ontem, visa a expansão dos “Serviços de Apoio à Digitalização das PME 2025”, com o aumento das actuais 900 vagas para 1500.

LAG 2025 | Deputados continuam a alertar sobre desemprego jovem

Vários deputados levaram ontem a questão do desemprego jovem para o debate sectorial das Linhas de Acção Governativa para a área da Economia e Finanças. Lam Lon Wai referiu que “estamos a desenvolver-nos aos poucos [em termos tecnológicos e empresariais], mas as exigências para os jovens entrarem no mercado de trabalho são muitas”.

Também Lei Leong Wong frisou esta problemática. “O secretário disse que a situação económica está estável, tudo certo. Mas para os jovens que têm dificuldades em encontrar um emprego a situação não está assim tão boa. Não digo que todos os trabalhadores não residentes têm de sair de Macau, mas é necessário avaliar o número por áreas. Os jovens têm confiança, mas enfrentam muito stress”, referiu.

Da parte do Executivo, ficou a promessa de continuidade do apoio ao emprego e formação profissional. “Depois da pandemia muitos jovens não precisavam de realizar estágios, pois encontravam emprego rapidamente. Em 2023 tivemos 213 estagiários nos nossos programas, e em 2024, 197. As entidades que prestam estágios deram oito mil patacas a cada estagiário, e este ano, em Junho, vamos lançar uma nova ronda de estágios. Vamos melhorar o plano em várias áreas”, referiu o director Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, Chan U Tong.

Opção Hengqin

O director da DSAL adiantou ainda que “o Governo sempre deu importância ao emprego dos jovens”. “Lançamos planos de colocação profissional para jovens e bolsas de contacto com concessionárias. Tivemos 14.699 pessoas em 2024, com 60 por cento, ou seja, 9.239 com menos de 34 anos. No primeiro trimestre deste ano tivemos 2.517 correspondências de emprego bem-sucedidas, sendo que 1.278 pessoas, ou seja, 50 por cento, eram jovens com menos de 34 anos, o que [demonstra] uma alta percentagem de jovens que aderiram ao mercado laboral”, referiu.

A grande maioria das vagas preenchidas prendem-se com empregos administrativos ou no sector de vendas, mas Chan U Tong assegurou que faltam pessoas para trabalhos de instalação e na restauração. “Os jovens de Macau podem também tentar encontrar trabalho na Zona de Cooperação em Hengqin. Além disso, queremos estender o plano de estágios às cidades da Grande Baía”, disse.

Por sua vez, o secretário Tai Kin Ip referiu que em três anos “temos obtido resultados positivos nas edições dos programas de estágio”. “As empresas participantes, talvez devido à escassez de mão-de-obra, aceitam trabalhadores e não disponibilizam estágios, daí verificar-se uma redução das ofertas. Temos de ver se há possibilidade de antecipar o contacto dos estudantes com a realidade laboral, para que sejam disponibilizados novos postos de trabalho relacionados com tecnologias avançadas e do sector terciário. Estamos a conceber acções de formação nessas áreas em conjugação com associações, sobre o sector de exposições e convenções e turismo”, acrescentou.

Casinos-satélite | Secretário diz que estão a ser eleborados “planos preparatórios”

O debate de ontem sobre as Linhas de Acção Governativa para a área da Economia e Finanças incidiu muito sobre o encerramento dos casinos- satélite, mas o secretário Tai Kin Ip disse apenas que estão a ser pensados “planos preparatórios”. Deputados temem impacto financeiro na banca, nas empresas e mais desemprego

 

São 11 os casinos-satélite que podem fechar portas nos próximos meses, tendo em conta a informação já avançada pelo Governo de que as empresas gestoras destes espaços têm até ao final do ano para terminar este modelo de exploração dos espaços de jogo. Os sinais de alerta quanto ao impacto negativo desta mudança têm surgido nos últimos meses, mas o Governo teima em não dar uma resposta concreta dos planos de coordenação a levar a cabo com as empresas gestoras.

Ontem, não foi excepção: foram vários os deputados a colocar questões sobre os casinos-satélite ao secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, no âmbito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, mas a resposta só surgiu bem no final do debate, perto das 20h, tendo em conta que a sessão começou às 9h30 e terminou às 20h.

“O Governo sempre agiu de acordo com a lei para regular o sector do jogo. O regime jurídico define três anos de período transitório, e o Executivo vai trabalhar bem nesse sentido e definir planos preparatórios. Estamos a desenvolver esse tipo de trabalho”, disse.

Dúvidas e mais dúvidas

Um dos deputados a questionar os planos governamentais foi Lei Leong Wong. “Existem 11 casinos-satélite com um total de 13 mil trabalhadores, e se não conseguirmos tratar bem este problema isso vai causar grande impacto na sociedade. O Governo está a coordenar este assunto [do encerramento]? Se apenas pedirmos aos trabalhadores para encontrarem um novo emprego a 31 de Dezembro de 2025, será já demasiado tarde”, apontou.

O deputado Lam U Tou foi também um dos intervenientes sobre este assunto. “Como vai resolver a situação de desemprego de dezenas de milhares de trabalhadores dos casinos-satélite? Os locais não conseguem emprego, e como é que as PME vão subsistir?”, inquiriu.

Por sua vez, Cheung Kin Chung alertou para o impacto destes encerramentos na banca. “Além de termos de proteger os nossos trabalhadores, se forem encerrados os casinos satélite encerra também a economia dos bairros e tal vai afectar o problema do crédito malparado. Não sei se o Governo tem alguma previsão em relação a esta matéria”, disse.

O mesmo deputado referiu que actualmente a fatia do crédito malparado no conjunto global de créditos bancários é de 5,6 por cento, com um risco ainda “controlado”. Porém, “se os casinos-satélite fecharem, a situação dos hotéis piora e isso afecta o crédito malparado”. “Temos de pensar em formas de podermos ajudar mais os nossos bancos”, frisou.

Sobre o crédito malparado, Tai Kin Ip mostrou-se optimista. “Nos últimos meses [o crédito malparado] tem estado estável. Se investirmos mais na base [do problema] nos próximos meses podemos manter essa estabilidade”, disse apenas.

Índia | JD Vance reuniu-se com Narendra Modi

O vice-Presidente dos Estados Unidos reuniu-se segunda-feira à porta fechada com o primeiro-ministro da Índia, no início de uma visita de quatro dias, em que o comércio bilateral a dominar o encontro.

Durante a reunião, JD Vance e Narendra Modi celebraram o progresso em direção a um Acordo Comercial Bilateral e anunciaram formalmente a finalização dos Termos de Referência para as negociações, de acordo com um comunicado oficial da Casa Branca.

O acordo tem por objectivo uma estrutura moderna e equilibrada que fortaleça as cadeias de abastecimento e gere benefícios económicos entre os dois países.

A visita serviu também para rever o progresso bilateral e foi descrita como uma reunião agradável e produtiva pelo vice-Presidente norte-americano. Esta é a primeira visita de um vice-Presidente dos EUA à Índia em 12 anos, depois da visita de Joe Biden quando era vice de Barack Obama.

Vance – que se tinha encontrado com Modi em Fevereiro passado, durante a Cimeira de Ação de Inteligência Artificial, em Paris – viajou para Jaipur, capital do estado ocidental do Rajastão. A Índia está a procurar activamente aumentar o investimento dos EUA em sectores-chave, como a tecnologia, a indústria transformadora, o automóvel e a energia.

O Governo indiano também implementou políticas para facilitar o investimento direto estrangeiro e olha para os Estados Unidos como um parceiro estratégico fundamental no seu desenvolvimento económico.

O empresário Elon Musk – que colabora com o Governo dos EUA – já anunciou planos para visitar a Índia ainda este ano, após uma conversa telefónica com Modi, sugerindo uma possível entrada no mercado indiano para as empresas Tesla e Starlink.

Gaza | Hamas acusa aviação israelita pela morte de 25 palestinianos

A Defesa Civil palestiniana em Gaza acusou Israel de ter matado ontem pelo menos 25 pessoas em vários pontos do enclave, em vários ataques.

Mohammed Al-Moughair, responsável pela Defesa Civil em Gaza, organismo controlado pelo Hamas, disse à Agência France Presse que nove pessoas foram mortas e seis outras estão desaparecidas após um bombardeamento israelita que atingiu uma casa no centro de Khan Yuhnis, no sul do território palestiniano.

Os ataques aéreos também mataram cinco pessoas no campo de refugiados de Al-Chati, a oeste da cidade de Gaza. Segundo a mesma fonte, cinco pessoas morreram também na sequência de bombardeamentos que atingiram tendas que abrigavam deslocados a nordeste de Jabalia, norte de Gaza.

Um ataque aéreo também matou quatro pessoas a oeste do campo de Jabalia, enquanto duas outras pessoas foram mortas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Rompendo uma trégua de quase dois meses, Israel retomou a 18 de Março a ofensiva aérea e terrestre contra o Hamas em Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, 1.864 palestinianos foram mortos desde 18 de Março, elevando para 51.240 o número de mortos em Gaza desde o início da retaliação militar israelita no final de 2023. No sábado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou estar determinado a continuar com a guerra.

Daniel Pires, editor de Pessanha

O evento que aconteceu no início deste ano na Biblioteca Nacional, Daniel Pires, mestre de investigadores celebrou um percurso discreto, muito ligado a Macau. Não apenas por isso, mas poucos nomes estão tão ligados à figura de Camilo Pessanha quanto o de Daniel Pires, que se tornou, ao longo de décadas, mais do que um leitor e um editor, o generoso construtor de ferramentas com que outros puderam ler o poeta.

Quem já leu autores, com vontade de os estudar, sabe o quão precioso é haver em final de livros um índice onomástico. Do reino do papel, quase defunto, foi substituído por outras coisas. Mas diria eu que a principal atividade de Daniel Pires, em torno de Camilo Pessanha, é, sobretudo, a criação de instrumentos de investigação, a exemplo de um índice onomástico. Não são visíveis, não são vistosos, não são sequer autorais muitas vezes, e no entanto são fulcrais.

As suas atividades em torno da obra de Pessanha não se encontram encerradas, sempre in fieri. Assim, não diremos “foram”, pois continuam: organizar e editar a prosa, construir uma cronologia da vida e da obra, reunir e catalogar a biblioteca privada do poeta, editar a correspondência. Por exemplo, o trabalho de reconstituição da biblioteca pessoal do poeta, publicado no volume Clepsydra 1920-2020 – Estudos e Revisões (Documenta, 2020), organizado por Catarina Nunes de Almeida, e de que versões prévias haviam saído em outros locais.

Já a cronologia da vida e da obra de Pessanha segue um percurso paralelo, iniciado com a Exposição Biobibliográfica Itinerante (1991), organizada por Pires em Macau, onde se publicou o seu catálogo, e aprofundada ao longo dos anos em vários outros suportes, culminando numa versão amadurecida no volume Correspondência, Dedicatória e Outros Textos (BNP, 2012). Essa cronologia — longe de ser uma repetição das que saíram nas edições anteriores —é, na verdade, uma versão cada vez mais alentada.

O retrato do poeta que, graças a Daniel Pires, se afastou da figura abúlica com que a crítica tantas vezes nos deixou. Hoje sabemos, com documentos na mão, que Pessanha participou ativamente na vida cívica de Macau, envolveu-se em comissões, foi professor, juiz, tradutor, membro da Sociedade de Geografia (sócio nº 4421, como descobriu o próprio Pires), e manteve uma rede de relações profissionais e políticas que fazem dele um agente do seu tempo. A correspondência editada em 2012 revela, com clareza, o patriotismo republicano e laico de quem denunciou o desinteresse do Estado português por Macau e procurou melhorar o funcionamento do sistema judiciário e pedagógico local. Importa também notar o valor das dedicatórias do poeta, cuidadosamente reunidas por Pires nesse mesmo volume. Num autor de escrita tão contida, essas breves ofertas manuscritas de livro são documentos que ampliam a espessura da obra, revelando muito das redes pessoais e intelectuais de Pessanha.

A intervenção de Daniel Pires no domínio editorial inclui ainda a coletânea Homenagem a Camilo Pessanha (1991), organizada com o Instituto Português do Oriente e o Instituto Cultural de Macau, e sobretudo Camilo Pessanha, Prosador e Tradutor (1993), também publicado no território, onde pela primeira vez se reúne de forma sistemática a prosa e as traduções do poeta. Esta edição permanece, ainda hoje, a recolha de referência da prosa de Pessanha — uma obra que merecia ter conhecido edição em Portugal, o que, inexplicavelmente, nunca aconteceu. Apenas os textos sobre a China foram republicados pela Vega, também em 1993, numa edição intitulada “segunda”, embora a primeira tenha saído em 1944, pela Agência Geral das Colónias, e da responsabilidade de outro organizador.

Mesmo a Clepsydra, território sensível e disputado por tantos editores, não lhe escapou. Veja-se a sua proposta de edição, publicada pela Livros Horizonte em 2007 com belas ilustrações de Rui Campos Matos. O ouro da Clepsydra foi sempre o mais cobiçado. Mas Daniel Pires mostrou-nos que também na prata da prosa e no bronze dos textos aparentemente secundários como cartas e documentação árida se esconde ouro de não menor fulgor.

FAM | “A Vida de Pi” sobe ao palco do CCM este fim-de-semana

O espectáculo de abertura de mais uma edição do Festival de Artes de Macau (FAM) decorre este fim-de-semana, nomeadamente esta sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Trata-se de um espectáculo que o jornal The Guardian descreveu como sendo “uma viagem extraordinária”. É “a magia do teatro” a regressar, apresentando-se em palco “uma espantosa mescla de marionetas e narrativa teatral adaptada pela premiada dramaturga Lolita Chakrabarti”.

“A Vida de Pi” apresentou-se no “West End”, em Londres, tendo ganho cinco prémios Olivier, com uma história baseada no livro de Yann Martel.

“Quando um cargueiro se afunda na vastidão do Pacífico, um rapaz de 16 anos chamado Pi fica retido num barco salva-vidas com quatro animais selvagens – uma hiena, uma zebra, um orangotango e um tigre de Bengala. Quem sobreviverá à inexorabilidade do tempo e à inclemência da natureza?”, descreve-se na apresentação oficial deste espectáculo, que traz “efeitos visuais de última geração” e uma “encenação e design de luzes fantásticos”.

Com encenação de Max Webster, “A Vida de Pi” estreou em 2019 e desde então que “tem sido um enorme sucesso internacional”, tendo feito “furor no Reino Unido”. Houve já apresentações na Broadway, EUA, apresentando-se agora este “clássico moderno contado de forma realista e envolvente” em Macau.

As personagens principais deste espectáculo são “Pi”, interpretado por Kashif Ghole; a sua mãe, Aria Prasad e o pai, Ronny Jhutti.

Feiras G2E Asia e Asian IR Expo regressam no próximo mês

Decorrem, entre os dias 7 e 9 de Maio, dois grandes eventos ligados à indústria do jogo, no que será um regresso ao território. A G2E Asia e Asian IR Expo acontecem no Venetian, no Cotai, prometendo uma “série de novas iniciativas”, com o lançamento de novos produtos da indústria do jogo e do entretenimento em resorts “que estreiam na Ásia”, destaca-se no comunicado da organização.

A feira, com uma dimensão superior a 30 mil metros quadrados, promete “abranger todo o espectro das indústrias do entretenimento e das viagens”, esperando-se mais de dez mil visitantes oriundos de 80 países e regiões a Macau. Haverá, como habitual neste tipo de eventos, várias sessões de networking para que se possam estabelecer mais negócios e parcerias.

Das novidades

Um dos destaques da G2E Asia é o “Fórum de Inovação no Gaming”, que não é mais do que três dias de sessões onde o público “pode mergulhar nas últimas tendências e tecnologias da área do jogo, apresentadas pelos vencedores e nomeados dos Prémios G2E Asia”.

Decorre ainda mais uma edição dos prémios “G2E Asia Awards” que prometem celebrar “a excelência e a inovação na indústria do jogo e do entretenimento”, nomeadamente com cinco categorias: Prémio de Melhor Slot, Prémio de Melhor Jogo de Mesa Electrónico, Prémio de Melhor Jogo de Mesa, Prémio de Melhor Fornecimento de Casino e Prémio de Melhor Solução Tecnológica de IR, com ligação ao mundo virtual.

Por sua vez, a Asia IR Expo irá trazer também novidades, com a “Zona de Experiência de Tecnologia de Hospitalidade Inteligente”. Esta promete “oferecer uma experiência imersiva e interactiva”, com “inovações emergentes” apresentadas ao público nas áreas da “recepção, limpeza e hospitalidade inteligentes, com visitas guiadas e demonstrações ao vivo”.

Destaque também para o regresso da “Zona de Tecnologia” e as “Tech Talks”, onde se apresentam “os mais recentes avanços de marcas emergentes do sector”. São dois dias em que nas “Tech Talks”, ou palestras sobre tecnologia, estarão “especialistas a abordar tópicos importantes sobre a tecnologia de entretenimento e hospitalidade inteligente”, destaca-se na mesma nota.

Noites de Quiz | Edição especial do 25 de Abril esta quinta-feira

O espaço Bookand acolhe esta quinta-feira, a partir das 20h30, uma edição especial da popular iniciativa “Noites de Quiz”. Trata-se de uma edição em que o concurso de perguntas e respostas de cultura geral incidirá apenas sobre os 51 anos da Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal a 25 de Abril de 1974 e os principais acontecimentos deste período histórico

 

Decorre esta quinta-feira uma edição especial do concurso “Noites de Quiz”, no espaço Bookand. Trata-se de uma noite de perguntas e respostas em que as equipas participantes terão de responder às questões sobre os 51 anos do 25 de Abril de 1974, a revolução que, em Portugal, derrubou o regime fascista do Estado Novo, no poder desde 1933.

Segundo uma nota da None of Your Business (NOYB), a associação que organiza este evento, que acontece a partir das 20h30, promete-se “uma noite de conhecimento, diversão e celebração da Liberdade”. Nesta que será a 16.ª edição do quiz, “os participantes serão desafiados com 30 perguntas e duas ‘guilhotinas’ com várias questões dedicadas ao 25 de Abril e temas contemporâneos a esta data histórica”.

Este é um concurso inteiramente em português, sendo disputado por equipas compostas entre dois a quatro elementos, com um custo de 20 patacas por participante. Como é habitual, haverá diversos prémios para os melhores classificados.

O 25 de Abril de 1974 foi o culminar de uma preparação de vários meses da revolução por parte do Movimento das Forças Armadas (MFA), que pretendiam derrubar o regime ditatorial, liderado à data por Marcelo Caetano, e acabar com a Guerra Colonial nas colónias portuguesas em África, que durava desde 1961.

O golpe militar decorreu de forma pacífica, com a ocupação de vários pontos estratégicos em Lisboa e outras cidades do país, levando à queda do regime que deixou de ter apoio militar. Marcelo Caetano, então Presidente do Conselho em substituição de Salazar, exilou-se no Brasil.

Concurso concorrido

As “Noites de Quiz” têm sido um sucesso desde o seu lançamento, a 8 de Agosto do ano passado, realizando-se a cada 15 dias. Até à data já participaram mais de 550 pessoas, tendo sido feitas 450 perguntas “sobre os mais variados temas”, além de que a organização conseguiu estabelecer “diversas parcerias com marcas locais de Macau”.

O espaço Bookand, dedicado aos livros e à cultura e situado na zona de São Lourenço, tem acolhido os eventos. Segundo a NOYB, “tem vindo a consolidar-se como um espaço cultural de referência em Macau, com uma programação diversificada e regular ao longo dos últimos meses”.

Empresas mais interessadas no yuan face a incerteza no mercado obrigacionista dos EUA

As empresas estão cada vez mais interessadas em utilizar a moeda chinesa, o yuan, na liquidação de pagamentos internacionais, segundo os resultados de um inquérito publicados ontem pelo Instituto Monetário Internacional da Universidade Renmin.

O enfraquecimento do domínio do dólar norte-americano, exacerbado por uma série de políticas da nova administração dos Estados Unidos, criou uma “janela de oportunidade” para a internacionalização do yuan, argumentaram os autores.

As conclusões da Universidade Renmin, que fica no norte de Pequim, sobre a internacionalização do yuan nos últimos trimestres são coerentes: a percentagem de empresas que planeiam aumentar as transações em yuan subiu de cerca de 21,5 por cento, no segundo trimestre de 2024, para quase 24 por cento, no primeiro trimestre deste ano.

Cerca de 68 por cento das empresas inquiridas afirmaram que estão a utilizar o yuan para liquidações comerciais transfronteiriças, enquanto 53 por cento estavam a utilizar a moeda para transações cambiais.

“A volatilidade crescente no mercado do Tesouro dos EUA marca um ponto de viragem”, afirmou Yang Changjiang, professor de Finanças, salientando que, ao contrário de anteriores situações de turbulência, desta vez o capital global deixou de fluir para os EUA.

Nas últimas duas semanas, registou-se uma venda de obrigações do Tesouro norte-americano, que chegou a fazer subir os juros para títulos com prazo de maturidade a 30 anos em meio ponto percentual, após o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar “tarifas retaliatórias” contra o resto do mundo.

A guerra comercial com a China – que viu as tarifas dos EUA sobre produtos chineses aumentarem 145 por cento este ano, contra 125 por cento impostos pela China – intensificou as preocupações sobre o impacto da dissociação EUA-China na economia global.

Num documento conhecido como “Acordo de Mar-a-Lago”, Stephen Miran, presidente do Conselho de Conselheiros Económicos da Administração Trump, defendeu um enfraquecimento do dólar norte-americano e a troca de títulos do Tesouro norte-americano de curto prazo por obrigações a 100 anos.

“Costumávamos considerar a liquidação do comércio como o principal motor da internacionalização do yuan, mas agora o foco mudou para a possibilidade de o yuan servir como um activo de refúgio”, disse Yang. “Esta é uma oportunidade que temos de aproveitar”, apontou.

Mudanças em curso

Apesar da crescente inclinação para utilizar a moeda chinesa além-fronteiras, o alcance dessa utilização continua a ser muito inferior ao do dólar norte-americano. O yuan continua a ser a quarta moeda de pagamento mais utilizada, com uma quota de 4,13 por cento em Março, segundo dados do Swift, o sistema que permite transações interbancárias internacionais.

Em comparação, a quota do dólar norte-americano está em 49,08 por cento, de longe a mais alta. Tu Yonghong, vice-director do Instituto da Universidade Renmin, afirmou que o sistema monetário mundial irá provavelmente tornar-se mais diversificado, dado o atual panorama mundial, o que beneficiará a utilização da moeda chinesa no estrangeiro.

Shenzhou-20 | Nova tripulação vai ser lançada para o espaço

A meta de ter astronautas na lua a médio prazo mantém-se viva na mente das autoridades chinesas

A China vai lançar esta semana uma nova missão espacial tripulada, perseguindo o objectivo de enviar astronautas à Lua nos próximos cinco anos.

A missão Shenzhou-20 vai descolar do centro de lançamento de Jiuquan, no noroeste do país, transportando três astronautas. O destino da equipa é a estação espacial Tiangong, onde permanecerá durante cerca de seis meses. A missão pretende contribuir para o ambicioso objectivo da China de colocar astronautas na Lua até 2030, seguido da construção de uma base lunar.

A nave espacial Shenzhou e o foguetão lançador Longa Marcha-2F já foram transferidos para o local de lançamento e serão lançados “em devido tempo, num futuro próximo”, afirmou a Agência Espacial Chinesa na semana passada.

Fotografias publicadas pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua mostram o longo foguetão branco assente num pedestal azul decorado com bandeiras chinesas, rodeado de faixas vermelhas e douradas que saúdam o programa espacial nacional.

“Actualmente, as instalações e o equipamento do local de lançamento estão em boas condições. As inspecções funcionais e os testes conjuntos serão realizados como previsto”, declarou a Agência de Voos Espaciais Tripulados da China (CMSA).

As autoridades ainda não revelaram a identidade dos astronautas da missão Shenzhou-20, nem as tarefas exactas que irão desempenhar. A tripulação está “em boas condições, precisa nas suas manobras e bem coordenada”, disse apenas Zhou Wenxing, membro do centro de formação de astronautas do país, citado pela televisão estatal CCTV.

A anterior missão tripulada da China, a Shenzhou-19, foi lançada em Outubro passado e deverá estar concluída a 29 de Abril. É liderada por Cai Xuzhe, um antigo piloto de caça de 48 anos, que já voou a bordo da estação espacial Tiangong durante a missão Shenzhou-14, em 2022.

A tripulação também inclui Wang Haoze, de 35 anos, a única engenheira de voo espacial do país e a terceira mulher chinesa a participar numa missão espacial tripulada. Song Lingdong, um homem de 34 anos, completa o trio.

Deixem-me sonhar

A equipa da Shenzhou-19 terá realizado experiências para observar como as radiações extremas, a gravidade, a temperatura e outras condições afectam os “tijolos” feitos de materiais que imitam o solo lunar, de acordo com os comunicados de imprensa emitidos aquando do lançamento.

Sob a direcção do Presidente chinês, Xi Jinping, a China acelerou a realização do seu “sonho espacial”. O seu programa é o terceiro no mundo a colocar seres humanos em órbita. A China também já colocou sondas em Marte e na Lua.

Pequim afirma estar no bom caminho para enviar uma missão tripulada à Lua até 2030. Nas últimas décadas, Pequim investiu milhares de milhões de dólares na construção de um programa espacial de ponta que rivaliza com os dos Estados Unidos e da Europa.

Em 2019, conseguiu pousar a sonda Chang’e-4 no lado mais distante da Lua – uma estreia mundial – bem como um pequeno robô em Marte em 2021. A estação Tiangong, cujo módulo central Tianhe foi lançado em 2021, deverá ser utilizada durante cerca de dez anos.

Liu Cai e as flores de pessegueiro caídas na água

Shen Zhou (1427-1509), o influente mestre das artes do pincel de Suzhou, num rolo de caligrafia aponta um facto para a origem de um famoso intercâmbio de cerca de noventa poemas entre literatos, despertados pela observação das flores caídas, luohua shi:

«Na Primavera do ano de 1505 estive doente um mês inteiro. Quando recuperei, as flores das árvores tinham todas caído cobrindo o chão de pétalas vermelhas e brancas. Olhando a sua decadência sem ter presenciado o seu desabrochar, não podia deixar de me sentir triste. Esse encontro com as flores caídas inspirou-me na composição de versos.»

E não apenas versos como se pode ver numa página de álbum intitulada Sentimento poético sobre as flores caídas (tinta e cor sobre papel, 35,9 x 60,1 cm, no Museu de Nanquim) onde surpreendemos um literato num promontório de olhar suspenso em distantes montanhas azuis e no chão à sua volta pontos cor-de-rosa, indicando flores que ele já não está a contemplar.

Os dez poemas, que iniciaram a longa e florescente conversa, resultado da percepção das pétalas ao vento como uma silenciosa procissão escoltando a partida da Primavera, inseriam-se numa corrente que inspirara, por exemplo, poemas de Du Mu (803-852) e continuaria no paroxismo sentimental da personagem Lin Daiyu do Sonho do quarto vermelho, de Cao Xueqin (1710-1765), que cavou na terra um buraco para sepultar flores mortas.

Um pintor da corte do imperador Huizong (r.1100-1125) abrira uma outra perspectiva ao mostrar o que aconteceria quando se, em vez de caírem na terra, as flores caísssem nas águas de um rio. No rolo horizontal Peixes a nadar entre flores caídas (tinta e cor sobre seda, 26,4 x 255,3 cm, no Museu de Arte de St. Louis, Missouri) o pintor inicia essa visão do mundo submerso com um ramo de flores de pessegueiro caído na água. Um literato observando a pintura podia recordar imediatamente a utopia da Fonte das flores de pessegueiro descrita no poema de Tao Yuanming (365-427) e perceber que estava entrando num desconhecido e grato lugar de felicidade.

Liu Cai, a quem é atribuído o rolo, distinguiu-se nessa recriação do mundo marinho habitado por peixes e como tal referido em catálogos imperiais. O seu olhar único perduraria além da sua vida como no rolo horizontal Escola de peixes a brincar alegres entre plantas aquáticas (tinta e cor sobre seda, 29,7 x 231,7 cm, no Museu do Palácio Nacional em Taipé) que datará já da dinastia Ming.

De ambos os rolos, no entanto, se desprende a mesma sensação de leveza na facilidade dos peixes deslocando-se na água. No rolo de St Louis, depois do ramo de pessegueiro, nota-se um peixe prateado que apanhou na boca uma pétala cor-de-rosa e parece fugir para o fundo, atraindo logo um cardume dos seus iguais que trigosamente o perseguem. Figuras que recuperam a alegria perdida quando as flores caíram.

FDCT | Candidaturas para bolsas no exterior até ao fim do mês

O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) anunciou ontem um novo programa de financiamento da investigação científica e tecnológica no exterior, cujas candidaturas decorrem até ao final do mês.

Cada um dos projectos aprovados no âmbito do Programa de Financiamento para Cooperação Externa em Ciência e Tecnologia poderá receber até cinco milhões de patacas, acrescentou o fundo. “Tendo em conta que este é o ano inaugural deste programa, o número exacto de projectos a financiar será decidido com base na qualidade e quantidade de candidaturas recebidas”, sublinhou o FDCT.

Em Fevereiro, o FDCT indicou à Lusa que “o financiamento está disponível para projectos de investigação em cooperação com qualquer país de língua portuguesa; não é dada preferência a nenhum país em particular”.

Investigação científica | Macau junta-se à cidade brasileira de São Paulo

O Governo de Macau anunciou ontem um programa para financiar, com um limite máximo de 255 mil euros, investigação científica conjunta com o estado brasileiro de São Paulo em áreas como a biomedicina, inteligência artificial e ciências espaciais.

Num comunicado, o Fundo para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia (FDCT) de Macau indicou que o programa foi lançado com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O FDCT sublinhou que um dos objectivos do programa, cujo período de candidatura está aberto até 13 de Junho, é “encorajar os intercâmbios científicos e tecnológicos entre Macau e os países de língua portuguesa”.

O reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau disse à Lusa que o programa, “criado muito recentemente”, reflecte a política do novo Governo local de reforçar os laços com os países lusófonos.

Joseph Lee Hun-wei afirmou que o plano nasceu de um acordo de cooperação com a FAPESP, celebrado durante uma viagem ao Brasil de uma delegação do FDCT. O acordo válido por cinco anos, foi assinado em 3 de Abril pelo presidente do FDCT, Alex Che Weng Keong. Segundo um comunicado da FAPESP, o programa vai financiar projectos de investigação conjunta nas áreas da biomedicina, inteligência artificial, tecnologia dos oceanos, ciências espaciais e agricultura.

A FAPESP irá financiar com um valor máximo de 600 mil reais (90 mil euros), enquanto o FDCT irá apoiar com até 1,5 milhões de patacas (165 mil euros), durante um período máximo de três anos.

Turismo | Mais de meio milhão de visitantes na Páscoa

Ao longo dos quatro dias dos feriados da Páscoa, entre 18 e 21 de Abril, 520.065 turistas entraram em Macau, total que representou uma subida de 28,1 por cento em termos anuais.

De acordo com dados revelados na madrugada de ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, quase 63 por cento dos visitantes vieram do Interior da China (cerca de 327.000), enquanto de Hong Kong chegaram 146.000 visitantes, representando 28 por cento de todas as entradas. Entre os mais de 520.000 turistas que visitaram Macau durante os quatro dias, apenas 37.000 eram estrangeiros.

Como manda a tradição, o posto fronteiriço por onde entraram mais turistas foram as Portas do Cerco, com pouco mais de 200.000 entradas, seguido do posto da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau com quase 145.000.

Alargando o escopo às travessias fronteiriças de residentes de Macau, os quatro dias de fim-de-semana prolongado da Páscoa foram de grande intensidade nas fronteiras, com as entradas e saídas em todos os postos a ultrapassar os 2,8 milhões de travessias, com as Portas do Cerco a registarem quase metade do movimento com 1,4 milhões de travessias.

CBRE | Receios sobre retaliações a concessionárias “exagerados”

Os analistas da empresa de pesquisa de investimentos consideram que, actualmente, os maiores riscos para o sector do jogo decorrem de um potencial abrandamento da economia do Interior e do impacto das tarifas dos EUA nos mercados de Cantão e Hong Kong

 

Os analistas da empresa de pesquisa de investimentos CBRE consideram que “os riscos políticos” enfrentados pelas concessionárias com capital americano no âmbito da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China “parecem exagerados”. A opinião surge no mais recente relatório da CBRE sobre Macau, ontem citado pelo portal GGR Asia, e que tem em conta a importância destas concessionárias para o orçamento da RAEM e o mercado de emprego.

“Os riscos políticos, como políticas retaliatórias contra as concessionárias do jogo dos Estados Unidos em Macau são uma preocupação, mas parecem exagerados”, pode ler-se no relatório assinado por John DeCree e Max Marsh. “Os empreendimentos turísticos de Macau são essenciais para a economia da região e contribuem para mais de 80 por cento das receitas do Governo com impostos, e as concessionárias do jogo norte-americanos, sozinhas, empregam 15 por cento da mão-de-obra”, foi acrescentado.

Os analistas da CBRE defendem também que “acções directas contra as concessionárias poderiam destabilizar a RAE”, o que nesta perspectiva “faz com que estas movimentações sejam pouco prováveis”.

Actualmente, existem três concessionárias onde o capital americano adquire uma maior importância, a MGM China, Wynn Macau e Sands China.

Perigos maiores

No relatório, consta também que os danos colaterais de “políticas mais abrangentes” como a “desvalorização do yuan ou as restrições ao fluxo de capitais” são actualmente “riscos maiores” para o sector do jogo.

“O crescimento das receitas brutas do jogo de Macau tem sido moderado nos meses mais recentes, e agora as perspectivas são mais sombrias, no âmbito de uma guerra comercial disruptiva”, foi justificado. “Os principais mercados dos jogadores em Macau são Cantão e Hong Kong e ambos têm economias que estão altamente dependentes das exportações. Uma guerra comercial prolongada vai ter impacto nesses mercados, e vai ter um impacto na procura em Macau”, foi explicado.

Por isso, no entender dos analistas da CBRE “o maior risco a curto prazo para Macau é mais fundamental do que político”. “A trajectória do crescimento em Macau já vinha a moderar-se nos últimos meses [antes da guerra comercial], com o aumento das receitas brutas do jogo a ser apenas de 0,6 por cento em termos homólogos no primeiro trimestre de 2025”, foi argumentado. “No entanto, isto já se tinha reflectido na avaliação do sector antes dos anúncios das tarifas de 2 de Abril. Agora, a avaliação reflecte um risco económico ainda maior, associado a preocupações regulamentares”, foi vincado.

O outro lado

Quanto aos riscos para Macau, os analistas indicam que existe a possibilidade de haver um abrandamento da economia da China, o que terá impacto no sector do jogo.

Todavia, este aspecto não é totalmente visto como negativo para os analistas, dado que poderão acontecer estímulos fiscais no Interior para relançar a economia e gerar uma maior vontade de gastar. “Se as exportações diminuírem, a China poderá ser motivada a fornecer estímulos fiscais adicionais para desbloquear a montanha de poupanças e impulsionar as despesas internas, o que deverá apoiar a procura de jogo de Macau”, acrescentou a instituição.

“Embora tenhamos em conta os riscos económicos e políticos com que Macau e a China se confrontam, as actuais condições de mercado criaram uma vez mais uma oportunidade interessante para os investidores a longo prazo [nas acções das concessionárias]” é acrescentado.

Ponte HKZM | Preço do estacionamento foi reduzido

A Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou uma redução do preço para os veículos ligeiros que utilizam o estacionamento da Fronteira da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau por mais de 12 horas.

De acordo com um comunicado da DSAT, e com a informação publicada no Boletim Oficial, o estacionamento ininterrupto por mais de 12 horas e até um máximo de 24 horas vai ser cobrado sempre ao preço de 120 patacas. Antes destas alterações, o estacionamento custava 10 patacas por hora, o que significava que o estacionamento por um período de 24 horas teria um custo de 240 patacas. Se um condutor deixar o veículo ligeiro estacionado naquele local por cinco dias, o preço passa agora a ser de 600 patacas, quando anteriormente era de 1.200 patacas.

O modelo de 10 patacas por hora continua a ser aplicado aos estacionamentos com uma duração inferior a 12 horas. Por exemplo, se uma pessoa estacionar naquele local por oito horas, paga 80 patacas.

A DSAT justificou a nova medida com a vontade de “utilizar bem os recursos de estacionamento”, “atrair os turistas a prolongarem a estadia em Macau”, “promover o desenvolvimento económico” e “promover um maior intercâmbio com as regiões vizinhas”.

O estacionamento máximo permitido é de oito dias, e no caso de haver menos de 600 lugares disponíveis torna-se necessário fazer reserva online.

Metro Ligeiro | Si Ka Lon pede melhor serviço e novas tecnologias

O deputado ligado à comunidade de Fujian pediu ao Governo que melhore os serviços do Metro Ligeiro e implemente medidas para reduzir o número de avarias. Além disso, Si Ka Lon espera eficácia na exploração dos espaços comerciais das estações

 

Si Ka Lon defende o recurso a novas tecnologias para controlar regularmente o funcionamento do Metro Ligeiro e antecipar eventuais problemas. A proposta faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à comunidade de Fujian, que foi entregue na Assembleia Legislativa, ainda antes dos problemas de domingo, quando cerca de 30 pessoas ficaram presas nas carruagens.

De acordo com o documento, Si Ka Lon indica que o “funcionamento do Metro Ligeiro tem sido afectado periodicamente por falhas que revelam insuficiências em termos de segurança e estabilidade”. Por este motivo, o deputado considera que o transporte “não conseguiu satisfazer plenamente as expectativas do público e dos viajantes quanto a um funcionamento eficiente”.

Para lidar com a situação, o legislador acredita que o Governo deve encorajar a empresa que explora o metro a seguir o exemplo do que se faz em Hong Kong e criar “um centro de dados e um sistema de monitorização do desempenho dinâmico da via para verificar instantaneamente o desempenho dos comboios e do equipamento”. “Os dados serão transmitidos para análise aprofundada, de modo a identificar antecipadamente quaisquer irregularidades e efectuar a manutenção preventiva, tornando assim a monitorização mais eficiente e melhorando a eficiência global da operação”, acrescentou.

Si Ka Lon pergunta assim ao Executivo se existe intenção de “investir mais em sistemas inteligentes adequados para melhorar a qualidade e a eficiência do serviço do Metro Ligeiro”.

Mais negócio

O deputado questiona ainda o Executivo sobre os planos para explorar espaços comerciais nas várias estações de Metro Ligeiro. O deputado reconhece que “as lojas da estação da Barra foram todas arrendadas”, mas que o “desenvolvimento comercial noutras estações tem sido lento”, faltando “um plano claro” para esta aposta.

Também neste aspecto, o deputado faz o contraste com a situação do metro em Hong Kong, onde as estações têm vários espaços comerciais e também grandes anúncios publicitários, que contribuem para as receitas do da empresa que gere o transporte público.

Também neste aspecto, Si Ka Lon pede que se siga Hong Kong, porque ao “introduzirem-se grandes espaços publicitários, lojas especiais ou projectos comerciais nas principais estações, acredita-se que haverá um aumento das receitas além dos bilhetes e que se promoverá a economia do Metro Ligeiro de superfície”.

No passado, o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, explicou que um dos grandes obstáculos à instalação de lojas nas estações prendia-se com o facto de não terem sido planeadas nos projectos de concepção, o que fazia com que não houvesse espaço suficiente.

Economia | Plano de Bonificação de juros entrou em vigor

O Plano de Bonificação de Juros de Créditos Bancários para as Pequenas e Médias Empresas 2025 foi lançado ontem, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT).

A medida abrange as Pequenas e Médias Empresas que passam a poder requerer a bonificação de juros de créditos através dos bancos, desde que obtenham, no período entre 22 de Abril de 2025 e 22 de Abril de 2026, o crédito autorizado por um banco licenciado em Macau destinado a financiar as necessidades de fundo de maneio da empresa candidata.

Os requisitos cumulativos para poder aceder a este plano implicam que os empresários sejam residentes de Macau ou que mais de 50 por cento do capital das sociedades comerciais seja detido por residentes; que as empresas não exerçam actividades em regime e concessão ou de subconcessão pública; não exerçam actividades financeiras; tenham até 100 trabalhadores, tanto a tempo interior como parcial; não tenham dívidas cobráveis através por processo de execução fiscal; estejam “em situação operacional adequada”; disponham de licença para o exercício das actividades que desenvolvem e tenham aberto actividade até 14 de Abril deste ano.

O montante máximo dos créditos a conceder a cada empresário comercial é de cinco milhões de patacas, com o prazo máximo de bonificação de três anos e o limite máximo da taxa anual de bonificação é de 4 por cento. O limite máximo do montante total dos créditos a bonificar é de 10 mil milhões de patacas.

Cancro | Pereira Coutinho pede medidas para acelerar diagnósticos

Face ao aumento dos casos de cancro em Macau, o deputado José Pereira Coutinho perguntou ao Governo que medidas serão implementadas para reduzir a espera por testes de despistagem de cancros, aumentar a eficácia dos exames de rastreio e promover a detecção precoce de cancros raros.

Numa interpelação escrita divulgada ontem, o deputado cita dados oficiais que revelam “um preocupante aumento no número de novos casos de cancro, que passaram de 1.677 em 2015 para 2.571 em 2021”, tornando-se “uma das principais causas de mortalidade na região, ocupando uma posição de relevo entre as dez principais causas de morte em Macau”.

Além do aumento dos casos de cancro, Pereira Coutinho alerta para o “aumento significativo” de cirurgias realizadas no Centro Hospitalar Conde São Januário nos últimos dez anos, prolongando o tempo de espera, situação de sobrecarga do sistema de saúde contraditória perante a celeridade de tratamento que as doenças oncológicas exigem.

Entre os tipos de cancro mais prevalentes em Macau, sobressaem o cancro pulmonar, cancro colorretal, cancro do cólon e do reto, cancro da mama, cancro da próstata e cancro da tiroide, indica o deputado.

Além do diagnóstico e tratamento, Pereira Coutinho sublinha a “urgência de implementar políticas eficazes de prevenção”, e da sensibilização para os “factores de risco, como o tabagismo e a dieta, bem como a promoção de rastreios regulares, são fundamentais para a detecção precoce da doença”.

Suicídio | Governo reforça consultas e serviços de psicoterapia

Face ao recorde de suicídios no ano passado, foram criadas consultas externas de saúde mental em nove centros de saúde e serviços de psicoterapia em duas instituições privadas. O director dos Serviços de Saúde destacou os esforços do Governo na detecção precoce de problemas psicológicos, como a depressão

 

2024 foi um ano negro em Macau em matéria de suicídio, com 90 pessoas a tomarem a sua própria vida, batendo recordes e causando alarme social. O deputado Ho Ion Sang abordou o tema numa interpelação escrita e perguntou ao Governo que medidas vão ser tomadas para reduzir a trágica estatística.

Tendo em conta o crescimento da taxa de suicídio, o director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, começou por garantir que “o Governo da RAEM atribui uma relevância significativa à saúde psicológica dos residentes”.

Em termos práticos, os SS “criaram consultas externas de saúde mental em nove centros de saúde, concederam apoio financeiro a duas instituições sem fins lucrativos para a prestação de serviços de psicoterapia”. Além disso, foram criadas “equipas de prestação de serviços psicológicos comunitários”, para estreitar proximidade com casos latentes e fornecer consultas de psiquiatria na comunidade e em lares de idosos.

Também ao nível hospitalar, as urgências do Hospital Conde de São Januário passaram a prestar serviços de psiquiatria 24 horas para emergências.

Um dos pontos principais da resposta de Alvis Lo prende-se com a recolha e análise de dados sobre o suicídio. Na interpelação escrita, Ho Ion Sang afirma que o registo de 2024 foi o pior dos últimos dez anos. Porém, os dados estatísticos relativos ao suicídio têm estado espalhados em várias categorias ao longo dos anos, entre estatísticas da criminalidade e indicadores da saúde. O HM analisou os dados disponíveis desde 2003 e uma realidade salta à vista: antes de 2017, nunca se verificaram mais de 80 suicídios anualmente. Aliás, a média anual de suicídios entre 2003 e 2013 foi de 53,5 casos, com um total de 589 suicídios nesses 11 anos.

Informação é poder

Depois desta dispersão de metodologia estatística, o Governo compromete-se em proceder à recolha sistemática de dados relativos ao sexo, idade, profissão e causas do suicídio, efectuando análises multidimensionais e construindo um sistema de prevenção a três níveis.

Num primeiro nível, as autoridades apostam em campanhas de sensibilização sobre saúde mental, em especial para os jovens. O segundo nível, prende-se com o rastreio para grupos de alto risco, reforçando a capacidade de identificação e tratamento de crises, “encaminhamento de casos de alto risco e a intensificação da intervenção precoce nos transtornos mentais, como a depressão”. O terceiro nível, inclui “primeiros socorros psicológicos” e intervenção de acção social a indivíduos com tentativa de suicídio, e acompanhamento de luto a familiares.

Alvis Lo realça a medida lançada pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) para a elaboração de boletins de identificação da saúde mental de alunos, com o objectivo de identificar e intervir precocemente em doenças do foro psiquiátrico. A DSEDJ lançou também o “Plano de linha aberta de aconselhamento para alunos e apoio online – Chat With U”, em cooperação com instituições de serviço social.

Óbito | Comunidade recorda capacidade de diálogo de Papa Francisco

Foram 12 anos à frente dos destinos da Igreja Católica. O Papa Francisco morreu na segunda-feira de manhã aos 88 anos. Ainda participou nas celebrações do domingo de Páscoa no Vaticano, já bastante debilitado. A comunidade católica local recorda o seu legado de diálogo e capacidade de gestão de várias crises na Igreja

 

Jorge Mario Bergoglio ficará para sempre conhecido como Papa Francisco. Faleceu esta segunda-feira aos 88 anos, horas depois de celebrar a sua última Páscoa perante uma multidão no Vaticano. O Papa Francisco não conseguiu sobreviver às complicações de uma pneumonia bilateral, que obrigou a um prolongado internamento há semanas.

A notícia da morta do Papa Francisco correu o mundo e as mensagens de condolências e homenagem multiplicaram-se globalmente. A comunidade católica local não foi excepção. “Sem dúvida que a comunidade católica de Macau acarinhava muito o Papa Francisco, graças ao seu sorriso, sem dúvida que foi de um grande ensinamento para a comunidade local. As pessoas sempre demonstraram um grande carinho pelo Papa”, disse ao HM o padre Daniel Carvalho.

O sacerdote destacou o facto de Francisco ter sido o primeiro Papa oriundo da América Latina, mais precisamente da Argentina, o que foi “uma grande novidade para a Igreja”. Contrariando a imagem austera do seu antecessor, Jorge Mario Bergoglio rapidamente conquistou a simpatia de crentes e não-crentes pela simplicidade e capacidade de diálogo com vários grupos sociais e minorias.

“Foi um Papa que não se destacava pela sua intelectualidade, mas pelo trabalho pastoral. Demonstrou ser uma pessoa de muito diálogo, alguém misericordioso, e muito próximo das pessoas mais simples, sofredoras. Foi um Papa extremamente acessível, mostrando um lado da Igreja que a humanidade talvez não estivesse acostumada a ver. Uma Igreja mais próxima, missionária, aberta ao diálogo.”

Questionado sobre o futuro líder da Igreja Católica, o padre Daniel Carvalho diz ser difícil apontar, para já, um possível nome.

“A Igreja Católica tem hoje cerca de 120 cardeais, então quando acontece o conclave há sempre uma eleição, e o candidato que obtém dois terços dos votos é eleito Papa. É muito difícil acertar na figura que será o próximo Papa. Existem sempre várias possibilidades. É muito provável que seja alguém da linha do Papa Francisco, pois muitos dos cardeais actuais foram escolhidos por ele. Pode haver uma tendência de continuidade pelo mesmo pensamento”, frisou.

Religião “para todos”

Stephen Morgan, reitor da Universidade de São José (USJ), recordou as palavras do Papa Francisco em Lisboa, no ano passado, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, quanto ao facto de “o catolicismo ser para todos, todos”. “Ele tinha capacidade de comunicar isso, e penso que também estava preocupado em assegurar que, aos mais altos níveis de governação, a Igreja fosse representativa e com alcance global.”

Para Stephen Morgan, o Papa Francisco “tinha uma capacidade de comunicação e de ligação com as pessoas”, além de ter criado raízes entre a Igreja Católica em países da zona sul do globo.

“Foram ordenados muitos cardeais em lugares como o Myanmar, Timor-Leste ou até Mongólia, numa espécie de reconhecimento da natureza global do catolicismo, e talvez seja algo que só alguém da América Latina, do sul global, poderia promover.”

Ao longo de 12 anos de pontificado, o Papa Francisco fez uma aproximação à comunidade LGBT e teve de lidar com o escândalo dos abusos sexuais no seio da Igreja. O posicionamento de Francisco nesse campo é outro ponto destacado por Stephen Morgan. “Ele fez um enorme número de coisas em termos de governação interna da Igreja, criando mecanismos de responsabilização. Não tenho a certeza se a responsabilização já terá acontecido, mas esses mecanismos, na crise dos abusos sexuais ou de gestão dos bens da Igreja, foram realmente muito importantes. Ele tinha uma capacidade de se relacionar com pessoas ‘modernas’, devido ao seu estilo informal”, destacou o reitor da USJ.

Quanto à futura liderança da Igreja Católica, também Stephen Morgan diz que há ainda muitas possibilidades em aberto, tendo em conta o elevado número de eleitores papais. Além disso, “uma das características do pontificado deste Papa foi o facto de não se ter reunido com os cardeais muitas vezes, sendo que os seus antecessores tinham tendência para reunir com os cardeais com muito mais frequência”. “O Papa Francisco não o fez, por isso não se conhecem verdadeiramente. Pode ser um conclave muito curto, com a maioria a dizer: ‘Não conheço ninguém, mas conheço esta pessoa’. Pode ser o Tolentino Mendonça, por exemplo. Pode levar muito tempo a que se conheçam”, explicou.

Segundo a Al Jazeera, em Janeiro deste ano existiam 252 cardeais, sendo que 138 têm poder de eleição do novo líder da Igreja Católica. O novo Papa irá cumprir o 267º pontificado.

Fala-se de vários nomes que poderão suceder a Francisco: além do português Tolentino Mendonça, há os cardeais Peter Erdo, Pietro Parolin, cardeal secretário de Estado; Peter Turkson, do Gana; Luís Tagle, das Filipinas; Mário Grech e Matteo Zuppi.

“Vale a pena referir que cerca de 50 por cento dos actuais cardeais vêm do sul global. Por isso, a ideia de que o novo Papa possa ser um asiático ou africano, e não um latino-americano, é elevada. Mas quem sabe?”, deixa no ar Stephen Morgan.

Próxima jornada

O funeral do Papa Francisco será realizado dentro de nove dias e o conclave para eleger o seu sucessor dentro de um mês, anunciou ontem o Vaticano após a morte do pontífice. Este domingo, Francisco conseguiu falar, sentado numa cadeira de rodas, no âmbito da cerimónia de benção “Urbi et Orbi”: “Urbi”, por ser dirigida a Roma, e “Orbi”, por também se direccionar ao mundo inteiro.

Na sua mensagem, lida por um assessor, denunciou-se a “desprezível situação humanitária” em Gaza, e foi feito um apelo ao cessar-fogo. O Papa Francisco alertou também para “o clima de crescente antissemitismo que se está a espalhar pelo mundo”. “Apelo aos beligerantes para que cessem o fogo, libertem os reféns e prestem uma ajuda preciosa às pessoas famintas que anseiam por um futuro de paz”, afirmou Francisco na mensagem.

“A missão autodeterminada do Papa Francisco era transformar a Igreja Católica num ‘hospital de campanha’, no sentido de ir ao encontro das pessoas onde elas estão, sem as julgar, curando-as com remédios de graça. Por isso, muitos católicos amavam-no profundamente”, rematou Stephen Morgan.

A Diocese de Macau emitiu ontem uma nota oficial sobre o falecimento do Papa, recordando que este “foi chamado à Casa do Pai no Vaticano, em Roma, aos 88 anos de idade”.

“Ao longo de seu ministério terreno, o Papa Francisco proclamou ardentemente a infinita misericórdia de Deus, semeou esperança entre os fiéis, percorreu muitas terras e cuidou com ternura dos mais frágeis, tornando-se um modelo exemplar de liderança pastoral”, é referido na nota, a que se segue um comentário do Bispo Stephen Lee.

“Neste tempo sagrado da Oitava de Páscoa, Dom Stephen Lee, Bispo de Macau, juntamente com todos os irmãos e irmãs em Cristo, eleva preces fervorosas pelo eterno descanso da alma do Papa Francisco e para que ele seja recebido na glória do Reino Celestial. Expressamos igualmente a nossa sincera gratidão pelas numerosas mensagens de condolências recebidas de todos aqueles que, com bom coração, partilham deste momento de luto”, é referido. A Diocese diz que vai anunciar as cerimónias memoriais do falecimento de Francisco.

A nota dá ainda conta da cronologia da vida de Francisco, nomeadamente o nascimento, a 17 de Dezembro de 1936, em Buenos Aires, com o nome de Jorge Mario Bergoglio; e a entrada nos jesuítas em 1958, tendo sido ordenado sacerdote em 1969. Em 2001 foi ordenado cardeal, e cerca de 12 anos depois foi escolhido como Papa.

Condolências de Pequim

A China apresentou ontem condolências pela morte do Papa Francisco, aos 88 anos, e afirmou que pretende continuar a desenvolver as suas relações com o Vaticano. Francisco foi o primeiro papa sul-americano e jesuíta da história.

“A China apresenta as suas condolências pela morte do Papa Francisco”, disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. A Santa Sé e a China não mantêm relações diplomáticas oficiais, uma vez que o Vaticano é um dos cerca de dez países que reconhecem Taiwan. No entanto, em 2018, o pontificado de Francisco assinou um acordo histórico com o Governo chinês sobre a complexa questão da nomeação de bispos católicos na China.

“Nos últimos anos, a China e o Vaticano mantiveram contactos construtivos e intercâmbios amigáveis”, afirmou Guo Jiakun. “A China está disposta a fazer esforços conjuntos com o Vaticano para promover a melhoria contínua das relações”, declarou.