Ano Novo Lunar | Feriados decisivos para analisar despesas além jogo Andreia Sofia Silva - 24 Jan 2025 O professor da Universidade de Macau e especialista em turismo Glenn Mccartney considera que os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão essenciais para se perceber a dimensão do turismo regional e as despesas não relacionadas com o jogo O Ano Novo Lunar da Serpente começa na próxima quarta-feira e, mais uma vez, abre um período de feriados que vão trazer muitos turistas a Macau. Segundo o professor assistente da Universidade de Macau (UM) Glenn Mccartney os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão importantes para “medir e avaliar o interesse e as despesas não relacionadas com o jogo, bem como os números de visitas regionais, dado o investimento em eventos à escala da cidade e o esperado grande número de visitantes “, disse ao HM. “Do ponto de vista empresarial, a questão fundamental é a forma como o número de visitantes se traduz em despesas efectivas e o impacto que isso traz às pequenas e médias empresas, como restaurantes, bares e lojas, quer se tratem de visitantes que pernoitem ou de excursionistas que regressem a Hong Kong ou Zhuhai no mesmo dia.” Desta forma, “há expectativas de que a taxa de ocupação dos hotéis de Macau seja elevada, sendo que haverá alguns visitantes de um dia que regressarão para ficar em Zhuhai”, estimou. Mais de um milhão Uma vez que no período homólogo do ano passado o território recebeu quase 1,4 milhões de turistas durante o período de 8 dias do Ano Novo Chinês, é esperado para os próximos dias “um elevado número de visitantes”, sendo que “como este ano o Ano Novo Chinês começa a 29 de Janeiro, Macau pode beneficiar do aumento do número de turistas nos fins-de-semana anteriores e posteriores”. Mas Glenn Mccartney destaca também outros factores que podem potenciar os números do turismo, “uma vez que temos assistido a uma maior acessibilidade e facilidade na passagem das fronteiras como um factor importante desde a reabertura após a covid, por exemplo, com o aumento de visitantes de Hong Kong através da ponte”. Glenn Mccartney defende também que as acções promocionais dos resorts e as festividades nas ruas também podem atrair turistas, sendo que “uma característica importante das actividades do Ano Novo Chinês é a componente de ‘feedback'”, com os “residentes e visitantes a poderem dar a sua opinião, permitindo às autoridades perceberem o impacto dessas actividades do Ano Novo Chinês”. “Este tipo de feedback pode ser uma fonte valiosa para melhorar vários aspectos da organização, das operações e do marketing dos eventos do Ano Novo Chinês, a fim de analisar os visitantes actuais e potenciais no futuro. A utilização das redes pode fazer parte da avaliação da análise de impacto das promoções do Ano Novo Chinês”, descreveu. Para estes dias Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar uma média diária de 185 mil visitantes, dos quais apenas oito mil deverão ser internacionais. A principal atracção durante este período em Macau será a Parada do Ano Novo Lunar, realizada em 31 de Janeiro e repetida a 8 de Fevereiro.
Concursos | Deputados discutiram “negociação competitiva” Hoje Macau - 24 Jan 2025 A possibilidade dos representantes da Administração Pública negociarem directamente as propostas dos concursos públicos com os candidatos foi ontem discutida na 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. Esta novidade vai ser criada pela proposta de lei da contratação pública, aprovada na generalidade a 11 de Janeiro do ano passado. Segundo as explicações de Ella Lei, presidente da comissão, a possibilidade da chamada “negociação competitiva” com os candidatos é uma novidade da lei, mas apenas poderá ser utilizada em três situações: quando todas as propostas do concurso público forem recusadas, embora sem alterar substancialmente o caderno de encargos do concurso, quando os trabalhos forem demasiado complexos, que torne inviável estabelecer um preço anterior para as propostas, ou quando a natureza dos trabalhos impossibilitarem a fixação prévia de um preço. De acordo com o jornal Ou Mun, a proposta de lei estabelece que quando a Administração opta por evitar o concurso público, e pede propostas a um determinado número de empresas, a consulta tem de ser feita pelo menos a cinco empresas. No entanto, Ella Lei indicou que os deputados estão preocupados que a alegada “aleatoriedade” das empresas consultadas não seja garantida nem resulte num procedimento justo, pelo que este aspecto vai ser discutido com o Executivo.
Imprensa | Sam Hou Fai frisa diversidade e internacionalização João Santos Filipe - 24 Jan 2025 A mensagem foi deixada pelo Chefe do Executivo durante o jantar oferecido aos órgãos de comunicação social em português e inglês. Sam Hou Fai destacou o elo de ligação estabelecido com a comunidade internacional O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que os órgãos de comunicação social em língua portuguesa e inglesa desempenham um papel de elo de ligação com a comunidade internacional. A mensagem foi deixada durante o tradicional jantar oferecido aos órgãos de comunicação social. De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, Sam Hou Fai afirmou que “a comunicação social em língua portuguesa e inglesa é um exemplo importante da diversidade cultural e da internacionalização de Macau”. O líder do Governo afirmou esperar que estes órgãos “prossigam também no bom desempenho da função de elo internacional, potenciando as vantagens dos laços linguísticos, culturais e internacionais, continuando a apresentar ao exterior a singularidade de Macau, resultante da fusão das culturas oriental e ocidental”. Com esta esperança, o líder do Governo acredita que os órgãos de comunicação social contribuam para “elevar o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, bem como de plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”. O Chefe do Executivo afirmou também esperar que “o sector continue a aumentar o seu desenvolvimento e a promover, juntamente com o Governo, a internacionalização, para que Macau seja mais atractivo e tenha uma maior influência global”. Como tal, Sam Hou Fai espera que transmitam “para o exterior, através das reportagens profissionais, as ‘experiências de Macau’ e a ‘sabedoria da China’, favorecendo um melhor esclarecimento e evitando desentendimentos e más interpretações do estrangeiro, tornando assim a RAEM numa janela importante de intercâmbio objectivo, racional e genuíno das culturas oriental e ocidental”. Liberdades protegidas Nas esperanças endereças no jantar com os representantes dos órgãos de comunicação social, Sam pediu também fiscalização “à acção governativa”. Face ao ano de 2024, Sam Hou Fai fez um balanço positivo da actuação dos órgãos de comunicação social, indicando que “desempenharam a importante função de elo com as comunidades portuguesa e inglesa no exterior no acesso às informações sobre Macau”. Além disso, indicou que aproveitaram “bem as vantagens singulares da região, decorrentes da proximidade ao Interior da China e da sua abertura ao mundo” e deram “a conhecer a realidade e o desenvolvimento de Macau e prestar informações em primeira mão ao público sobre a implementação bem-sucedida do princípio um país, dois sistemas”. O líder do governo indicou também que “a liberdade de imprensa está totalmente assegurada pela Lei Básica e pela Lei de Imprensa da RAEM, pelo que a mesma será salvaguardada, como sempre e nos termos da lei, pelo Governo da RAEM, o qual apoiará o sector no correcto cumprimento dos seus deveres, na cobertura noticiosa e no acesso a notícias, colaborando activamente na troca eficiente de informações entre os diversos serviços públicos e o sector”.
Trabalho | Ásia Oriental com baixa satisfação laboral e desmotivação Andreia Sofia Silva - 24 Jan 2025 O relatório mundial sobre o panorama laboral, da Associação Internacional Gallup, concluiu que em países e regiões da Ásia Oriental, como a China, Taiwan ou Hong Kong, a maioria dos trabalhadores procura um novo emprego. Em Hong Kong, apenas seis por cento dos inquiridos estão empenhados com os seus empregos Perceber como se sentem os trabalhadores de todo o mundo no local de trabalho, e em relação ao emprego que têm, é o objectivo do relatório da Associação Internacional Gallup, intitulado “State of the Global Workplace 2024”. Se no panorama mundial e regional a Ásia Oriental se sai bem em alguns indicadores, o cenário não é nada favorável no que diz respeito ao compromisso ou empenho que os trabalhadores têm pela empresa a que estão vinculados ou pelas funções que desempenham. Dentro da Ásia Oriental incluem-se países e regiões como a China, Hong Kong, Japão, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan. Esta zona do globo tem “a mais baixa percentagem, a nível regional, de empregados que sentem tristeza diária”, mas tem “a terceira percentagem mais elevada, a nível regional, de empregados que dizem estar à procura, e de forma activa, de um novo trabalho”. Além disso, a Ásia Oriental tem “a terceira percentagem mais baixa a nível regional de empregados comprometidos” com o trabalho que têm (18 por cento, o que ainda assim representa uma subida de 1 por cento face ao período correspondente entre 2022 e 2023). Bem pelo contrário, 67 por cento dos inquiridos não estão, de todo, comprometidos ou empenhados com o trabalho, mais cinco por cento face a igual período. Além disso, 14 por cento diz estar totalmente descomprometida com a empresa para onde trabalham, menos seis por cento. Quanto a emoções negativas vividas diariamente, e com maior frequência, o factor “stress” lidera, com 46 por cento de respostas, menos seis por cento face ao período entre 2022 a 2023. Destaque para a entrada do sentimento “raiva”, com 17 por cento de respostas, e que não gerou quaisquer respostas no último inquérito. “Tristeza” foi um sentimento revelado por 12 por cento dos inquiridos, mais 1 por cento face ao inquérito anterior, e “solidão”, que tem também entrada directa para esta lista de sentimentos menos bons vividos no trabalho, com 18 por cento. Se a insatisfação com o trabalho se demonstra nos números anteriores, as certezas sobem de tom na categoria “ambiente de trabalho – boa altura para encontrar um trabalho”, com 51 por cento a responder afirmativamente, mais 11 por cento de respostas face ao inquérito anterior. Além disso, a categoria “Intenção de deixar – Olhando ou procurando de forma activa por um novo trabalho” foi escolhida por 54 por cento dos inquiridos, menos dois por cento face aos anos de 2022 a 2023. Na categoria “Avaliação de Vida”, os que dizem ter uma vida próspera são 32 por cento, menos sete por cento, em contraste com os 62 por cento de inquiridos que diz estar a sofrer algum tipo de dificuldades, mais sete por cento em relação ao último inquérito. A categoria “sofrimento” relacionado com o posto de trabalho foi escolhida por seis por cento dos participantes no inquérito, uma entrada directa neste estudo. Tristeza em baixo Para o estudo da Gallup, foram entrevistadas 40.428 pessoas em 41 países, sendo que a amostra por país contém cerca de 1.000 homens e mulheres. A margem de erro da sondagem “está entre +3-5 por cento com um nível de confiança de 95 por cento”, é referido. O estudo compara ainda os dados registados pelos trabalhadores da Ásia Oriental com os restantes países. E mais uma vez se denota a falta de compromisso e da sensação de “vestir a camisola” que persiste em muitas empresas. Em termos mundiais, 62 por cento das respostas apontam para a ausência de compromisso, quando na Ásia Oriental essa percentagem sobre para os 67 por cento. No tocante à “Avaliação de Vida”, se a nível mundial 58 por cento dos inquiridos diz estar a passar dificuldades, a percentagem da Ásia Oriental é de 62 por cento. Porém, o sofrimento sentido está apenas em seis por cento das respostas, enquanto a nível mundial a fasquia fica nos oito por cento. Em relação a este factor destaca-se ainda a baixa percentagem do sentimento de “tristeza diária”, com 12 por cento de respostas, quando a nível mundial a fasquia sobe para os 22 por cento. A sensação de “stress” é também superior, com 46 por cento de respostas, quando a nível global é de 41 por cento. China: raiva e dificuldades Olhando para os critérios em cada país, 19 por cento dos trabalhadores da China disseram estar comprometidos com o trabalho, mais dois por cento em termos anuais, enquanto em Hong Kong apenas seis por cento de pessoas estão comprometidas e que gostam do que fazem, o que constitui uma quebra de um por cento. Na “Avaliação de Vida”, 36 por cento dos trabalhadores da China dizem estar a enfrentar dificuldades, mais 1 por cento, enquanto em Taiwan 41 por cento diz enfrentar momentos menos bons, representando uma entrada directa na classificação, sem pontuação anterior para comparar. Já no caso de Hong Kong, 17 por cento de inquiridos assumem atravessar dificuldades, mais 1 por cento face ao inquérito anterior. Quanto ao sentimento de “stress diário”, a China sobe ao primeiro lugar do ranking com 53 por cento de respostas, ainda assim menos 2 por cento em termos anuais, com Hong Kong a seguir-lhe as pisadas, com 49 por cento de respostas. O Japão está em terceiro lugar com 41 por cento de pessoas a sentirem stress diariamente. Em resposta à pergunta se sentiu raiva no dia anterior, a China lidera novamente com 18 por cento de respostas, apesar da quebra anual de 2 por cento; seguindo-se a Coreia do Sul, com 17 por cento de respostas afirmativas, e depois Hong Kong com 16 por cento. Na China apenas 12 por cento dos trabalhadores disseram sentir tristeza, colocando, assim, o país em terceiro lugar. Já em relação a Hong Kong houve 11 por cento de respostas afirmativas neste domínio. Jon Clinfton, CEO da Gallup, deixa um alerta sobre o aumento dos problemas de saúde mental em todo o mundo, sobretudo relacionados com o meio laboral e a forma de relacionamento no meio empresarial. Cerca de 20 por cento dos trabalhadores de todo o mundo “experienciam solidão diária”, sendo que este sentimento “é maior entre trabalhadores em teletrabalho total”. “No relatório deste ano, 41 por cento dos trabalhadores afirmam sentir ‘muito stress’. No entanto, o stress varia significativamente em função da forma como as organizações são geridas. Quem trabalha em empresas com más práticas de gestão (activamente desmotivadas) têm quase 60 por cento mais probabilidades de estar stressadas do que as pessoas que trabalham em ambientes com boas práticas de gestão (empenhadas). De facto, a experiência de ‘muito stress’ é referida cerca de 30 por cento mais frequentemente pelos empregados que trabalham sob má gestão do que pelos desempregados”, disse o CEO da Gallup. Para o responsável, “os líderes sabem que o stress no local de trabalho é um problema – viram os dados, ouviram colegas e sentiram-no eles próprios”. “Um quarto dos líderes sente-se esgotado frequentemente ou sempre, e dois terços sentem-no, pelo menos, algumas vezes. Muitos estão a tentar resolver o problema, mas muitas vezes de forma ineficaz”, conclui-se.
Óbito | Morreu Rocha Vieira aos 85 anos Andreia Sofia Silva - 23 Jan 2025 Vasco Rocha Vieira, o último Governador português de Macau, morreu ontem aos 85 anos. O general encontrava-se doente há bastante tempo. Marcelo Rebelo de Sousa recordou-o como “um dos mais ilustres oficiais” do Exército, mas, para Macau, Rocha Vieira fica para a história como o grande obreiro das medidas decididas na Declaração Conjunta de 1987 Há muito que se encontrava doente, falhando mesmo alguns eventos recentes em Lisboa sobre Macau e a transição. Vasco Rocha Vieira, general, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, e último Governador português de Macau, morreu na madrugada de ontem com 85 anos de idade. Nascido a 16 de Agosto de 1939, exerceu o cargo de Governador de Macau entre 1991 e 1999, quando se processou a transferência do território para a China. Porém, Rocha Vieira já tinha uma ligação a Macau, pois esteve no território após o 25 de Abril. Além disso, foi ainda ministro da República dos Açores entre os anos de 1986 e 1991. Uma das primeiras personalidades a reagir à sua morte, em Portugal, foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que manifestou, numa nota oficial, o “profundo pesar” pela morte de Vasco Rocha Vieira, recordando-o como “um dos mais ilustres oficiais” do Exército e enaltecendo o seu “marcado patriotismo”. Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado recorda Rocha Vieira como “um dos mais ilustres oficiais do Exército Português na transição para a Democracia e nas primeiras décadas da sua afirmação”. “Desde sempre muito ligado aos Comandos, exerceu ainda funções políticas como as de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores”, é recordado na nota. Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda que Rocha Vieira foi “muito próximo do Presidente António Ramalho Eanes”, tendo sido por ele “designado Chanceler das Antigas Ordens Militares”. “O simbolismo do momento da transferência da administração portuguesa para a chinesa permanecerá na memória de muitos portugueses como um exemplo de sentido de Estado, sentido de serviço da causa pública e de marcado patriotismo”, lê-se na nota de pesar. O Presidente da República, que afirma ter acompanhado “de perto os últimos meses” da vida de Rocha Vieira, “apresenta à sua família, e, muito em especial, à sua viúva e filhos, o testemunho de gratidão de Portugal, com muito saudosa amizade”. Na sua biografia, intitulada “A todos os portos a que cheguei”, descreve-se o momento em que Mário Soares, então Presidente da República, disse a Rocha Vieira: “Preciso de si. Vá para Macau e veja se põe aquilo na ordem”, numa referência ao caso do fax de Macau, relacionado com a construção do Aeroporto Internacional de Macau, que tantas dores de cabeça deu ao seu antecessor, Carlos Melancia, também já falecido. O general terá então respondido que nada exigiu para ir para Macau. “Não lhe perguntei nada, nem lhe pus condições. Fui para Macau com o mesmo espírito com que fui para os Açores. Não era um cargo político inerente a uma carreira. Era, de facto, uma missão”, descreve-se. Coube então a Rocha Vieira e à sua equipa a concretização de todos os objectivos e ideais para o futuro de Macau presentes na Declaração Conjunta que tinha sido assinada entre Portugal e a China em 1987. O Governo liderado por Rocha Vieira viu nasceu o aeroporto, construiu todo o quadro legislativo bilingue que ainda hoje está em vigor e ergueu o Centro Cultural de Macau, inaugurado já por Jorge Sampaio a 19 de Março de 1999, entre tantas outras iniciativas, inclusivamente na área do urbanismo. Um “grande amigo” Rocha Vieira chegou, aliás, a pôr o lugar à disposição à frente do Executivo de Macau quando Jorge Sampaio foi eleito Presidente da República, na viragem de 1995 para 1996. “Quando fui para Macau não sabia como as coisas iam correr e quanto tempo ia lá ficar”, recordou na sua biografia. Porém, e apesar de uma inicial hesitação de Sampaio numa mudança, a verdade é que Rocha Vieira acabou por ficar, pois “a sua substituição iria afectar a regular sequência do processo” de transição, numa altura em que “já estava à vista a passagem da administração do território para a China”, descreve-se em “A todos os Portos a que cheguei”. Em declarações à RTP, Chito Rodrigues, general que foi governador de Macau em exercício, deixou palavras de pesar pelo falecimento daquele que foi um amigo. “Recordo-o como grande amigo e sócio honorário da Liga dos Combatentes. Sempre se relacionou connosco e é uma referência nossa. Sabíamos que estava mal e não fomos, de certo modo, surpreendidos [com a notícia da morte], mas é sempre uma surpresa desagradável.” Chito Rodrigues recorda-o no exercício de funções em Macau como alguém que contribuiu “para que Macau fosse um lugar tranquilo para que a descolonização fosse feita de forma ‘exemplar'”. “Estive com ele na abertura do aeroporto e tive relações próximas com ele na qualidade de Governador. Foi alguém que substituiu os seus antecessores com êxito e humildade, repondo a tradição de Governadores militares em Macau”, acrescentou. No livro “Macau entre dois mundos”, de Fernando Lima e Eduardo Cintra Torres, o antigo Governador de Hong Kong, Chris Patten, recordou Rocha Vieira como “um homem corajoso e judicioso, com enorme integridade e um excelente servidor do seu país”. “Acho que Portugal teve muita sorte em ter um homem tão bom como último Governador, um lugar tão difícil”, apontou. As polémicas O nome de Rocha Vieira esteve, no entanto, envolto em algumas polémicas, nomeadamente com a criação da Fundação Jorge Álvares e Fundação Oriente, sobretudo no tocante aos fundos alocados para estas duas entidades. “O grosso da opinião pública do território e as autoridades de Pequim contestavam a legitimidade de um contrato nos termos do qual uma entidade com sede em Lisboa era alimentada com recursos gerados em Macau”, lê-se na biografia de Rocha Vieira. Este apenas pretendia que a fundação “desempenhasse um papel útil para Macau”, tendo a polémica sido diluída com o tempo. Nas redes sociais, o jornalista e antigo director do Macau Hoje, João Severino disse “lamentar muito” o desaparecimento de Rocha Vieira. “O General Vasco Rocha Vieira deixou-nos, após várias semanas internado no hospital. O último Governador de Macau foi um homem bom para muita gente e discriminatório para muitos. De todo o modo a sua carreira militar foi exemplar e deixou marcas na administração de Macau. Mantive com o ilustre Governador alguns momentos controversos, sempre dentro da maior cordialidade e consideração pelo representante máximo do meu país em Macau. Apresento à sua esposa dra. Leonor e aos seus filhos as minhas condolências e que descanse em paz”, escreveu. Uma entidade que reagiu ao desaparecimento de Rocha Vieira foi a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), que nas redes sociais divulgou uma nota de pesar sobre a morte daquele que foi o 138.º Governador português de Macau e que presidia ao conselho estratégico da CCILC. “O General Rocha Vieira desempenhou um papel marcante e exemplar ao longo de toda a sua vida, destacando-se pelo compromisso com o serviço à nação, pela dedicação às relações entre Portugal e a China, e pelo papel histórico no encerramento do ciclo da administração portuguesa em Macau.” A mesma nota refere ainda que “na liderança do conselho estratégico da CCILC, a sua visão estratégica, sabedoria e valores humanos foram sempre fonte de inspiração para toda a Direção e equipa executiva”. Também a Câmara Municipal de Lisboa reagiu oficialmente ao seu desaparecimento. “Rocha Vieira dedicou a sua vida à defesa do interesse nacional, servindo notavelmente Portugal como Chefe do Estado-Maior do Exército e como último Governador de Macau. Estadista de visão, assegurou uma transferência pacífica da soberania de Macau para China. Homem de coragem, contribuiu para a consolidação do processo democrático, sendo peça fundamental do 25 de Novembro de 1975. Foi uma honra contar com o seu depoimento na primeira cerimónia de evocação do 25 de novembro nos Paços do Concelho, em 2023.” O adeus a Macau São célebres as imagens de Rocha Vieira a segurar a bandeira portuguesa ao peito no dia 19 de Dezembro de 1999, com o rosto visivelmente emocionado, como quem diz adeus à “missão” que aceitou desempenhar em Macau. Terminada a sua função de Governador, Rocha Vieira foi mantendo laços estreitos com o território, sendo que a última vez que esteve em Macau foi em 2023, para receber a distinção de doutoramento honoris causa da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. Aí, destacou que as “boas relações históricas” com a China são “um trunfo para Portugal” e que hoje o país é “uma superpotência em afirmação”. O general disse que “um outro grande trunfo” para Portugal é o interesse na China pela língua portuguesa, sublinhando o número crescente de universidades chinesas que ensinam português. No final de 2020, o Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da Universidade Politécnica de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng, disse que havia cerca de 50 instituições de ensino superior com cursos de português na China continental. “A China está interessada em que o português se desenvolva (…) também para poder ter, através de Portugal, uma relação mais estreita com os países de língua portuguesa”, salientou Rocha Vieira. Numa última entrevista concedida à agência Lusa, em 2019, Rocha Vieira recordou os tempos em Macau e as suas vicissitudes, sobretudo no tocante ao processo de transição. “Tive mais problemas com a parte portuguesa do que com a parte chinesa (…) muitas vezes, por falta de percepção. Normalmente, as pessoas estão longe, em Lisboa – isso é uma coisa histórica, que não é só de agora – e acham que sabem melhor as soluções do que aqueles que estão em Macau”, afirmou. Rocha Vieira assegurou que, quando foi necessário definir “o rumo, os objectivos fundamentais das políticas para Macau, foram discutidos pelo Governo de Macau, em Lisboa, com quem deviam ser discutidos, com o Presidente da República e com o primeiro-ministro”, havendo “sempre” sobre isso “uma grande compreensão por parte dos órgãos de soberania portugueses e uma grande prova de confiança em relação a quem estava no território”.
CAEAL | Chefe do Executivo recebeu delegação para acompanhar eleições Hoje Macau - 23 Jan 2025 O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, recebeu uma comitiva da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa para assistir a uma apresentação sobre a preparação das eleições dos futuros deputados. O encontro realizou-se na Sede do Governo, na terça-feira. De acordo com o relato oficial, Sam “agradeceu ao presidente e aos cinco vogais da Comissão por aceitarem a nomeação e assumirem esta grande responsabilidade”, “incentivando” a comissão a efectuar “de forma activa e melhor os trabalhos eleitorais”. Sam Hou Fai pediu ainda à CAEAL que assegure que as eleições “decorrem de forma ordenada e conforme a lei, sob o princípio da imparcialidade, justiça, transparência e integridade”. Ao mesmo tempo, Sam afirmou que “o Governo da Região Administrativa Especial de Macau irá envidar todos esforços para apoiar os trabalhos da Comissão”. No encontro, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, Seng Ioi Man, fez uma breve apresentação sobre o andamento e planeamento dos trabalhos da Comissão. O encontro contou ainda a presença dos vogais da Comissão, Lai U Hou, Ng Wai Han, Mak Kim Meng, Ho In Mui e Wong Lok I.
Cooperação | Sam Hou Fai quer mais ligação com empresas lusófonas Hoje Macau - 23 Jan 2025 O Chefe do Executivo defendeu a necessidade de mais cooperação entre empresas locais e dos países de língua portuguesa. Num discurso perante o cônsul português e os delegados do Fórum Macau, Sam Hou Fai sublinhou a importância das directrizes propostas por Xi Jinping durante a visita a Macau Macau e os países de língua portuguesa devem estreitar a cooperação empresarial. Este foi um dos principais destaques do discurso do Chefe do Executivo no jantar de recepção aos cônsules-gerais na RAEM e aos delegados dos países de língua portuguesa do Fórum Macau. Sam Hou Fai apelou ao aperfeiçoamento dos “vários mecanismos de intercâmbio e cooperação” entre Macau e os mercados lusófonos, para “alavancar de forma abrangente o intercâmbio e cooperação ao nível do sector privado”. “Serão sempre calorosamente bem-vindas as delegações que cheguem dos vossos países para visitar Macau”, garantiu o líder do Governo. Sam prometeu apoiar a deslocação de delegações lusófonas à China continental, incluindo à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin, e à Grande Baía Guangdong-Hong Kong–Macau. Sam defendeu a necessidade de uma “cooperação pragmática (…) nas diversas áreas” e sublinhou a importância do novo plano de acção do Fórum de Macau até 2027. Além da ligação aos países de língua portuguesa, o líder do Governo da RAEM apontou à cooperação entre Macau e os países do Sudeste Asiático. Salientando a relação amigável entre Macau e a lusofonia e que a RAEM é a única região no mundo que tem o chinês e o português como línguas oficiais, Sam Hou Fai vincou a necessidade de “impulsionar um desenvolvimento conjunto caracterizado pela igualdade, cooperação e benefícios mútuos, elevando de forma abrangente o nível da cooperação sino-lusófona”. Amigos próximos Num discurso marcado por múltiplas referências aos “importantes discursos” do Presidente Xi Jinping, que Sam Hou Fai aponta como a chave para abrir uma nova fase da governação da RAEM, o líder do Executivo diz ter sido criado “um novo cenário de intercâmbio e cooperação” entre os países lusófonos e do Sudeste Asiático, a China e a RAEM. Em relação aos Sudeste Asiático, Sam Hou Fai destacou as Filipinas. “A RAEM e os países do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, geograficamente próximos, têm uma cooperação económica e comercial estreita, com intercâmbio intenso de pessoas e na área cultural, sendo tradicionalmente bons vizinhos e bons parceiros.” O governante sublinhou os “contributos valiosos para o desenvolvimento socioeconómico de Macau” da comunidade filipina, que, de acordo com os Censos de 2021, correspondia a cerca de 5 por cento da população total de Macau, sendo a segunda maior comunidade na Região a seguir à comunidade chinesa”. “Esta boa base de cooperação tradicional”, como Sam Hou Fai a categorizou, é um factor a aproveitar para “agarrar novas oportunidades, explorar mais potencialidades de cooperação em todas as vertentes”.
Conselho de Assuntos Continentais avisa para “possíveis riscos” em Macau Hoje Macau - 23 Jan 202523 Jan 2025 Taiwan recomendou à população que não viaje para Hong Kong ou Macau durante o período do Ano Novo Lunar, devido a “possíveis riscos para a segurança”. O Conselho de Assuntos Continentais (MAC, na sigla em inglês) de Taiwan lembrou que o alerta de viagem para os dois territórios permanece no “nível laranja”, o segundo nível mais elevado. O órgão responsável pelas relações com a China justifica o alerta “tendo em conta as alterações à situação em Hong Kong e Macau e em resposta às leis e regulamentos locais e os métodos de aplicação das leis”. “Os cidadãos são aconselhados a evitar viagens não essenciais” às duas cidades, incluindo em trânsito, devido a “possíveis riscos para a segurança e direitos individuais”, acrescentou o MAC, num comunicado. O Ano Novo Lunar é a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais, e este ano em Taiwan inclui um período de nove dias de feriados entre 25 de Janeiro a 2 de Fevereiro. O MAC aconselhou a população a registar-se, com antecedência, numa base de dados criada para taiwaneses que viajem para o Interior, Hong Kong ou Macau e recordou que existem linhas telefónicas directas para apoiar os cidadãos. Registos a subirem Embora não seja obrigatório, o número de taiwaneses que fizeram o registo de viagens para território chinês entre Janeiro e Outubro de 2024 aumentou cerca de 14 vezes em comparação com o ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo organismo em Dezembro. Os registos para Hong Kong e Macau “ultrapassaram cinco vezes o total do mesmo período do ano passado”, disse o MAC. A China “continuou a adoptar e a alterar as leis de segurança nacional, o que levou a vários incidentes, envolvendo a detenção arbitrária, a prisão e interrogatório de cidadãos taiwaneses na China continental, Hong Kong e Macau”, referiu o organismo. Em Setembro, o MAC disse que um dirigente do conglomerado taiwanês Formosa Plastics estava há 18 dias sob “controlo fronteiriço”, um tipo de medida que o impede de sair do país. Taiwan elevou em meados de Junho o nível de alerta de viagem e aconselhou a população a evitar China, Hong Kong e Macau, após Pequim ter ameaçado executar pessoas consideradas “acérrimas defensoras” da independência taiwanesa.
Reserva financeira | Perto do melhor registo anual desde pandemia Hoje Macau - 23 Jan 2025 Após os anos da pandemia, a reserva financeira da RAEM está perto de registar o melhor ano, com ganhos de 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses do ano A reserva financeira de Macau está perto de registar o melhor ano desde a pandemia, após ganhar 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses de 2024, foi ontem anunciado. De acordo com dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), este poderá ser o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. A reserva financeira da RAEM ganhou 22,2 mil milhões de patacas em 2023, depois de ter perdido quase quatro vezes esse valor no ano anterior. O valor da reserva cifrou-se em quase 618 mil milhões de patacas no final de Novembro, o valor mais elevado desde Março de 2022, de acordo com dados publicados no Boletim Oficial. Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,6 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19. A reserva financeira do território ganhou 4,63 mil milhões de patacas em Novembro, em comparação com Outubro, mês em que tinha sofrido a segunda queda em 2024. O valor da reserva extraordinária no final de Novembro era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas. Orçamento previa excedente O orçamento para 2024 previa uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 243,2 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 121,6 mil milhões de patacas e até 247,1 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Em Janeiro de 2024, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem transferido quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público. O orçamento de Macau para 2024 previa o regresso dos excedentes nas contas públicas, antecipando um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, sem “necessidade de recorrer à reserva financeira”.
PJ | Sit Chong Meng reconduzido como director Hoje Macau - 23 Jan 2025 O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reconduziu Sit Chong Meng como director da Polícia Judiciária (PJ), pelo prazo de um ano. A renovação da comissão de serviço de Sit foi divulgada através do extracto de um despacho que foi publicado ontem no Boletim Oficial. e vai vigorar pelo período de um ano, a partir de Fevereiro. Sit Chong Meng é director da PJ desde Fevereiro de 2018, altura em que foi nomeado directamente pelo então Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On. De acordo com o despacho da primeira nomeação, Sit é licenciado em Direito pela Universidade Wa Kio da Província de Fok Kin, tendo ingressado na Administração Pública em 1989, como oficial dos Serviços de Saúde. Em 1990 é nomeado auxiliar de investigação criminal da Directoria da Polícia Judiciária, tendo subido na hierarquia até chegar a director.
Habitação para idosos | Pedidos detalhes sobre nova fase Nunu Wu - 23 Jan 2025 O deputado Ma Io Fong quer que o Executivo revele detalhes sobre a próxima fase do projecto de residências para idosos, depois do lançamento do projecto-piloto na Areia Preta. Numa interpelação escrita, o legislador da bancada parlamentar da Associação Geral das Mulheres pergunta se podem ser divulgadas potenciais localizações para construir novos blocos e quantas fracções serão disponibilizadas. O responsável defendeu também que a renda deste tipo de habitação deveria ser mais baixa e flexível. “Quanto à fixação de valores das rendas, o Governo poderia criar um mecanismo de ajuste, ou elaborar diferentes planos para os moradores consoante a sua condição económica, além de expandir o período e os beneficiários de descontos nas rendas”, indicou. A ideia do deputado é fazer com que os montantes das rendas correspondam às necessidades sociais e à capacidade dos candidatos. Em relação às residências actuais na Areia Preta, erigidas no terreno que estava destinado ao Pearl Horizon, Ma Io Fong considera que existe espaço para melhorias. O deputado deu como exemplo a rapidez dos semáforos que dão apenas 11 segundos para atravessar a estrada, o que representa “um desafio para os idosos”, e perguntou se o Governo tem alguma solução provisória enquanto não for construída uma passagem superior para peões.
Gripe | Governo diz estar satisfeito com vacinação João Luz e Nunu Wu - 23 Jan 2025 Com a época da gripe e das infecções respiratórias a atingir o pico, o Governo está satisfeito com a vacinação e indica que o número de doentes internados nos hospitais da região é “relativamente estável”. Além disso, os casos de gripe aguda têm diminuído em relação ao ano anterior A chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Leong Iek Hou, referiu ontem que o número de doentes internados no Centro Hospitalar Conde São Januário e Hospital Kiang Wu devido a gripe está num estado “relativamente estável”. A responsável traçou um ponto de situação no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, revelando que este ano se tem verificado menos casos de gripe aguda do que no ano passado, com a proporção de doentes com febre a atingir cerca de 16,2 por cento. A responsável, que foi uma das protagonistas durante os tempos da covid-19, revelou que “a situação geral da vacinação contra a gripe deste ano é satisfatória”. Até ao domingo passado, mais de 179 mil pessoas foram vacinadas contra a gripe em Macau. A taxa de vacinação de idosos em instituições de apoio social fixou-se em 93 por cento, enquanto nas creches foram inoculadas 62 por cento das crianças e mais de 80 por cento dos alunos do ensino pré-escolar e ensino básico. Em relação às escolas secundárias, a taxa de vacinação atingiu quase 70 por cento, enquanto os adultos com mais de 65 anos registaram uma taxa de vacinação de 55 por cento. Porém, a responsável previu que o vírus da gripe terá actividade acentuada até Fevereiro, mas que outros vírus respiratórios, como o adenovírus, vão continuar activos no Inverno e na Primavera. Como tal, Leong Iek Hou recomendou a vacina contra a gripe a quem ainda não tomou, atenção à higiene pessoal e ambiental e uso de máscara para evitar infecções simultâneas com vários agentes patogénicos. Pequenos e graúdos Num contexto global, o vice-director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, Wong Ka Ki, afirmou que a taxa de vacinação dos estudantes do ensino não superior é de quase 80 por cento. O responsável acrescentou que os alunos podem receber a vacina contra a gripe durante o período escolar com faltas justificadas. Por outro lado, nas creches e os centros de dia para idosos e deficientes foram implementados sistemas de controlo com check-ups diários logo pela manhã para detectar infecções ou acompanhar a evolução de pacientes. Leong Iek Hou deixou ainda um alerta para a população ter atenção à mistura de medicamentos, que podem interagir e causar problemas de saúde, e para não comprar por conta própria em farmácias, sem receita ou recomendação médica. A responsável referiu ainda que os cidadãos não devem adquirir medicamentos para armazenar em casa.
DSSCU | Mais de 800 processos por obras ilegais Hoje Macau - 23 Jan 2025 No ano passado, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) instaurou 838 processos devido a obras ilegais, de acordo com a informação divulgada ontem. Entre os 838 processos, 238 processos foram resolvidos com demolições voluntárias, o que representou um aumento de 85 por cento face a 2023. Houve ainda 39 processos concluídos com a aplicação de multas por execução de obras ilegais, tendo sido emitidos talões de multas no valor de cerca de 1,5 milhões patacas. As multas respeitantes a 8 casos não foram pagas dentro do prazo fixado, pelo que a Administração prometeu ir avançar para a cobrança coerciva, através dos tribunais. Em comunicado, a DSSCU afirmou dar “prioridade aos casos de novas obras ilegais, de renovação de obras ilegais, de construções em estado de ruína e aos casos de obras ilegais”. “A DSSCU apela, pois, aos cidadãos para salvaguardarem em conjunto a segurança dos edifícios e criarem um ambiente com boas condições de habitabilidade e para não violarem a lei”, foi acrescentado.
EPM | MICE deu instruções “precisas” para repor “regular funcionamento” João Santos Filipe - 23 Jan 2025 Face ao desconhecimento “oficial” por parte da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) da intenção de construir um novo bloco na EPM, o ministro da Educação, Ciência e Inovação diz estar a acompanhar a situação e indica que Jorge Neto Valente foi nomeado pelo anterior ministro O ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal afirma estar “vigilante” face ao funcionamento da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e defende que os representantes do Estado português na Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) receberam “instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”. Foi desta forma que Fernando Alexandre reagiu, ao HM, através do seu gabinete, quando questionado sobre o recente diferendo entre o presidente da FEPM, nomeado pelo Estado português, e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), sobre o anúncio da construção de um novo bloco, que não terá sido discutido pelo Conselho de Administração da FEPM. “O actual Ministro da Educação, Ciência e Inovação está vigilante quanto ao funcionamento da EPM e tem-se mantido permanentemente informado, tendo sido transmitidas aos representantes do Estado português instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”, pode ler-se, na resposta enviada ao HM. Na semana passada, Jorge Neto Valente, na condição de presidente da FEPM, revelou a intenção de construir um novo bloco no edifício onde funciona a escola e considerou que a concessão do terreno onde está o edifício da EPM tinha expirado em 2014. O anúncio apanhou de surpresa a APIM, concessionária do terreno, que através de um comunicado, enviado ao Canal Macau, afirmou desconhecer oficialmente a intenção para a construção de um bloco. Na mensagem assinada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da APIM e vice-presidente da FEPM, consta também que o assunto não foi discutido pelo Conselho de Administração da FEPM. O comunicado recusa ainda ter havido qualquer caducidade do terreno em 2014. O ministério não detalhou as instruções emitidas na resposta ao HM, mas em Agosto do ano passado, depois de uma fiscalização realizada pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) ao funcionamento da EPM, Fernando Alexandre deixou uma correcção ao funcionamento do Conselho de Administração da FEPM, sublinhando a necessidade de as decisões terem de ser tomadas pelos cinco membros do conselho, e não apenas pelo presidente. Actualmente, o CA da FEPM é constituído por cinco membros: três escolhidos pelo Estado português, nomeadamente Jorge Neto Valente, como presidente, Patrícia Ribeiro e Raul Capaz, um membro escolhido pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente, e um outro membro que resulta do consenso do CA, que actualmente é José Basto da Silva. Legados do passado Em relação à existência de mais um diferendo no seio do Conselho de Administração da FEPM, depois do despedimento de vários professores no ano passado, Fernando Alexandre apontou que a nomeação de Jorge Neto Valente para a posição de presidente do Conselho de Administração da FEPM foi decidida pelo anterior Ministro da Educação, João Costa. “O actual presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau foi nomeado para ocupar o cargo pelo anterior Ministro da Educação”, foi indicado. No comunicado enviado ao Canal Macau, e ao contrário do que tinha sido afirmado por Neto Valente, a APIM defendia também que apesar de o terreno estar afecto à prestação de serviços educativos, não existe a obrigação destes serem prestados pela EPM. Em relação a este aspecto, e quando questionada sobre a possibilidade de APIM avançar um eventual despejo, o que criaria a necessidade de encontrar um plano B, o Governo de Portugal recusou esse cenário, e indicou que a APIM tem “mantido sempre uma atitude de total respeito pela sua qualidade de fundadora” da FEPM. O ministério argumentou ainda que, de acordo com os Estatutos da Fundação Escola de Macau, “a disponibilização do terreno em apreço pela APIM, enquanto fundadora, integra o capital inicial da Fundação EPM” e “só por extinção da FEPM o terreno poderia ser afecto a outro fim”.
Da China e dos Chineses (1) António Graça de Abreu - 23 Jan 2025 São mais de mil e quatrocentos milhões de seres humanos, desequilibradamente espalhados por um imenso território com o tamanho da Europa. Constituem a mais paradoxal de todas as nações, igual a si própria há quatro mil anos, uma civilização única, coerente, apaixonante. São os últimos sobreviventes das grandes civilizações agrárias da Idade Antiga. O Egipto, a Mesopotâmia, os impérios da América Central, tudo se esfumou na voragem dos séculos. A China permaneceu, preservou sua identidade e cultura, continuou a sua História, seus costumes e tradições populares, sua arte, sua poesia. Tal como os egípcios, os Chineses inventaram uma escrita complexa que utiliza símbolos pictográficos e ideográficos. Mas se os hieróglifos do tempo dos faraós são relíquias de museu, os caracteres chineses formam, ainda hoje, a mais surpreendente e espantosa representação gráfica de uma língua. Também o elemento aglutinador fundamental do monolito cultural chinês. Os Chineses são mais numerosos do que norte-americanos, soviéticos e europeus todos juntos; no entanto o seu produto interno per capita ainda está longe do das nações mais avançadas do globo. Irão dentro de algum tempo ultrapassar a economia norte-americana, mas será de considerar que a população da China é cinco vezes superior, o que desequilibra quaisquer estatísticas. Há quase duzentos anos Napoleão lançou o grito: “Quando a China despertar, o mundo tremerá!” Em 1974, o diplomata francês Alain Peyrefitte aproveitou a frase para título de um seu livro, best-seller no hemisfério ocidental. Mas é verdade que a China, o grande Império do Meio, apesar de tantos alvoroços, sofrimentos e vigílias, mais do que acordou e começa a tomar em mãos o futuro, abana a roda da História, produz tudo e polui quase tudo. A China faz estremecer o mundo. É um país paradoxal, repito. Com muitos milhões de habitantes a viverem com menos de dois dólares por dia, conta com algumas das metrópoles mais modernas do globo, lança e recupera satélites, envia homens para o espaço e sondas para a lua e para Marte, possui bombas atómicas desde 1961. Orgulha-se de possuir a mais vasta e volumosa literatura jamais escrita por qualquer povo e, no entanto, no século XX apenas terá produzido um admirável e grande escritor, de seu nome Lu Xun 鲁迅. A Quan Tang Shi 全唐詩, Poesia Completa da Dinastia Tang — época de ouro da poesia chinesa, de 618 a 907 –, é uma antologia composta por 48. 900 poemas de 2. 300 autores diferentes; contudo na China actual o analfabetismo atinge ainda cerca de 5% da população. Os Chineses que nunca foram um povo religioso — pese embora os vinte séculos de confucionismo como doutrina oficial do Estado —, endeusaram Mao Zedong durante os dez anos da catastrófica Revolução Cultural Proletária e logo depois distanciaram-se, sem grande mágoa, da majestosa figura do velho “timoneiro”, mas hoje continuam a respeitá-lo como “pai da Nova China.” Os Chineses que sempre gostaram do sossego, do conforto pessoal, da boa comida, dos prazeres da vida, continuam a ser capazes de se submeter aos trabalhos mais árduos e às mais duras privações. “Sofrem a sorrir”, observava Ferreira de Castro, há setenta anos, na sua “A Volta ao Mundo”. A China, que tem algumas das mais belas mulheres do mundo, tentou, até há umas três dezenas de anos atrás, por via de uma radical moralidade, apresentá-las deliberadamente como as mais feias. A China é um oceano de contradições no qual nós, ocidentais, navegamos sempre com perigo de naufrágio. Por isso é tão difícil a viagem, eivada contudo de todos os fascínios, por dentro deste país e deste povo, e também por isso são comuns tremendos erros de análise em relação às realidades chinesas. Na China diz-se: “O estrangeiro que vem ao nosso país durante quinze dias escreve um livro, o que fica uns meses escreve alguns artigos para os jornais, o que permanece mais tempo parte a caneta e nunca mais escreve nada.” Sei, por experiência própria, que conhecer a China ao longo dos anos, vivê-la por dentro quase até à exaustão, produz um adormecimento da vontade, um torpor suave que martiriza e dá prazer. A China, terra de gente diferente de todos os outros povos, entra em nós, invade-nos e começa a ser difícil falar ou escrever sobre os Chineses, porque os conhecemos melhor, ou seja, ignoramos muito mais acerca deles.
Exposição | “GalaxyArt” apresenta “The Boom and Bloom” até Março Hoje Macau - 23 Jan 2025 Pode ser vista até ao dia 9 de Março a mostra “The Boom and Bloom”, com duas obras criadas por Ray Chan, de Shenzhen; e Sanchia Lau, natural de Macau. A galeria “GalaxyArt”, aberta ao público desde 2021, acolhe esta mostra que chega a tempo de celebrar a chegada de um novo Ano Lunar, e que tem curadoria de Gary Mok, de Hong Kong. Segundo uma nota da Galaxy, Ray Chan quis, em “Shake Money Tree”, misturar “arte pop com tendências populares entre os jovens para reinterpretar as tradicionais bênçãos do Ano Novo Chinês”. “Este não é apenas um banquete visual e artístico; é uma viagem pelo património cultural”, refere, citado pelo mesmo comunicado. Esta obra gira, assim, “em torno de um pinheiro que atrai a fortuna, simbolizando a coexistência harmoniosa entre a riqueza e a natureza e sublinhando a importância da gestão financeira”. No caso de Sanchia Lau, o seu projecto “Wishing Doll” traz “uma nova série de personagens com o tema da benção, em que “a combinação da árvore do dinheiro e da boneca dos desejos representa amor e riqueza”. Aqui reflecte-se “uma profunda compreensão da busca dos sonhos”, misturando-se “símbolos chineses auspiciosos com um design moderno, criando-se um diálogo convincente entre a tradição e a arte contemporânea”. Esta exposição traz ainda “três obras de arte temáticas especialmente encomendadas e estreadas em Macau”, com o nome de “Joy and Glory”, a instalação interactiva que dá nome à exposição, “Boom and Bloom” e ainda “A Propitious Omen”, que “incorpora os conceitos de amor e prosperidade, com o lótus – o símbolo de Macau – a dar um toque único e a representar fortuna e harmonia para o novo ano”.
Óbito | Realizador francês Bertrand Blier morre aos 85 anos Hoje Macau - 23 Jan 2025 O realizador e argumentista francês Bertrand Blier, autor de “As bailarinas” e “Traje de noite”, morreu na segunda-feira em Paris, aos 85 anos, revelou a família à agência France-Presse. Para o jornal Le Figaro, morreu “um dos últimos gigantes do cinema francês”, que “soube inventar seu próprio universo cinematográfico” e deixou “filmes inesquecíveis para várias gerações”. Da filmografia, iniciada nos anos 1960, fazem parte, por exemplo, “Hitler, connais pas” (1963), “Como se eu fosse um espião” (1967), no qual entra o pai, o actor Bernard Blier, “A mulher do meu melhor amigo” e “Que raio de vida!” (1991), com Charlotte Gainsbourg e Anouk Grinberg. Autor de filmes marcados pelo humor negro e pela comédia grotesca, Bertrand Blier venceu em 1979 o Óscar de Melhor Filme Internacional com “Uma mulher para dois”, protagonizado por Carole Laure, Gérard Depardieu e Patrick Dewaere. Gerard Depardieu foi, aliás, um dos actores que mais trabalhou com Bertrand Blier e cuja colaboração marcou o cinema francês nos anos 1970 e 1980, com destaque para “As bailarinas” (1974), “Crimes a sangue frio” (1979), “Bela demais para ti” (1989) e “Quanto me amas” (2005). A propósito de “As bailarinas”, com Depardieu e Dewaere, a AFP lembra que este filme foi considerado subversivo e de culto, e ao mesmo tempo criticado “pela misoginia e pela forma como retratou a predominância masculina”. “Hitler, connais pas” (1963) valeu-lhe um prémio de primeiras obras em Locarno (Suíça) e com “Bela demais para ti” venceu o Grande Prémio do Júri em Cannes.
Exposição | “Flora Macanensis” revela memórias de Macau na Polónia Andreia Sofia Silva - 22 Jan 202523 Jan 2025 O antropólogo local Cheong Kin Man, a residir em Berlim há muitos anos, juntou-se a Marta Sala, artista polaca, para realizar uma nova exposição, “Flora Macanensis”, que pode ser vista na cidade de Katowice, Polónia, até 28 de Fevereiro. Nesta mostra, o casal explora memórias de família e o passado de Macau, numa conjugação de instalações artísticas e peças têxteis Estreou ao público no passado dia 7 a exposição “Flora Macanensis”, o mais recente projecto da dupla de artistas Cheong Kin Man, natural de Macau, e Marta Stanisława Sala, polaca. Esta mostra está patente até ao dia 28 de Fevereiro na Biblioteca Pública Municipal de Katowice, na Polónia, mas a ideia é que possa visitar vários países e territórios, incluindo Macau. Segundo uma nota divulgada pelo Instituto Camões na Polónia, esta mostra é um trabalho da dupla composto por “uma série de sete cartazes que conta a história da Flora, mãe do artista, que chegou a Macau clandestinamente nos anos 80 e como a amnistia portuguesa concedida aos imigrantes ilegais no território, depois de uma visita de Mário Soares em 1990, mudou a vida de Macau”. Mas a mostra inclui também o projecto “A Bússola da Utopia”, com três peças têxteis, que conta a história do pai de Cheong Kin Man. Nesta peça, o artista e antropólogo natural de Macau acaba por “entrelaçar a travessia a nado do pai da China a Macau em 1979 com as estadias do jesuíta polaco Miguel Boym em meados do século XVII e também com a passagem do aventureiro polaco Conde Benyowsky pela colónia portuguesa em 1771”. Gonzaga Gomes e outros Desta forma, este trabalho mistura não só memórias pessoais do artista, há muitos anos a residir em Berlim, mas também outros pedaços da história de Macau. Também em “Flora Macanensis” se pode ver o vídeo experimental “O Monumento Pronto-a-Vestir”, que inclui uma entrevista com o navegador e investigador António Abreu Freire. “A obra audiovisual, inspirada no karaoke, demonstra, letra a letra, as traduções inglesa, polaca e cantonesa das palavras de Freire em português”, destaca-se. A mostra completa-se com “duas dúzias de livros em português e publicados em Macau do tempo da administração portuguesa, incluindo obras do sinólogo Luís Gonzaga Gomes (1907-1976), o jornalista Francisco de Carvalho e Rêgo (1898-1960), bem como um mapa ‘tentativa de reconstituição geográfica da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto feita pelo Visconde de Lagoa'”. Ao HM, a dupla de artistas contou que esta é a primeira vez que expõem no país de onde é natural Marta Stanisława Sala, com os dois a quererem “concretizar o plano de viver entre Berlim, Macau, Cracóvia e Lisboa”. A dupla trabalha junta desde 2021, tendo vindo a criar “várias línguas fictícias”, sempre dentro das áreas da arte e da antropologia visual. Marta Sala destaca, sobre “Flora Macanensis”, que “não só é importante ligar o têxtil e o texto nas narrativas auto-etnográficas, mas também a convivência com as pessoas entre Berlim, a Polónia, Macau e Portugal, fontes da nossa criatividade”. A cidade de Katowice é bastante próxima de Marta Sala, pois no lugar onde hoje existe a biblioteca pública, o seu avô materno teve uma oficina de construção de móveis nos anos do comunismo. Porém, Marta Sala nunca viveu nesta pequena cidade, embora permaneça lá toda a família. A ideia de ali expor surgiu da mãe de Marta. “A directora pediu-nos a contextualizar o nosso trabalho e propôs-nos a tematizar mais Macau”, destacou Marta, sendo que na sessão de apresentação da mostra teve lugar uma conversa sobre a participação da dupla na edição da Bienal de Macau de 2023. Marta Sala adianta que, como dupla, procuram “sempre o universal”, enquanto Cheong Kin Man destaca que é-lhe sempre natural falar da sua terra, Macau. “Tanto na Alemanha como na Polónia, sempre queremos falar de Macau de uma forma a que consigamos ter algum reflexo. Quando falámos [na conversa inaugural da exposição] da existência de três passaportes em China, Macau e Hong Kong, pedimos ao público para imaginar as alfândegas entre Katowice, Cracóvia e Varsóvia. Os casos de Macau e da Polónia não são comparáveis, mas a Polónia foi dividida durante séculos”, explicou. No último ano, a dupla não parou de produzir artisticamente, tendo realizado “De Copenhaga com Amor” e “As Espantosas e Curiosas Viagens” em Nuremberga, que teve o apoio da Fundação Oriente, entre outras entidades. Cheong Kin Man adiantou que esta última mostra poderá realizar-se em Lisboa ainda este ano, estando o projecto em fase de negociações.
Davos | Pequim alerta para consequências “inimagináveis” de divisão do mundo Hoje Macau - 22 Jan 2025 O vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, alertou ontem, no Fórum Económico Mundial, em Davos, para os perigos de uma possível divisão do mundo em dois sistemas separados, advertindo que as consequências seriam “inimagináveis” e prejudicariam gravemente a humanidade. Ao discursar na cidade suíça, Ding sublinhou que a comunidade internacional está cada vez mais preocupada com este risco, uma vez que “seria muito difícil enfrentar em conjunto os desafios comuns”, incluindo as alterações climáticas, a segurança alimentar e a transição energética, “se o mundo estiver dividido”. O líder chinês alertou para os riscos de confronto no “pior cenário”, uma situação em que “nenhum país poderia ficar indiferente”. “Davos continua a ser um fórum fundamental para discutir questões globais e fomentar a cooperação internacional, promovendo novas ideias para o progresso comum”, afirmou. Ding apelou também à solidariedade global, sublinhando que a cooperação internacional é essencial para ultrapassar a turbulência e construir um futuro comum. Segundo o governante, a China tem sido um firme defensor do multilateralismo e continua empenhada no sistema internacional baseado no direito, tendo a ONU como centro. O vice-primeiro-ministro salientou o empenho do seu país na construção de uma globalização económica inclusiva, observando que, apesar das “divergências quanto à sua distribuição”, esta continua a ser uma tendência “vantajosa para todos”. A China é um “defensor e construtor” da ordem internacional, assegurou.
Economia | Bolsas caem após Trump ameaçar com subida de taxas Hoje Macau - 22 Jan 2025 As bolsas chinesas registaram quedas durante a sessão de ontem, depois de o novo Presidente norte-americano, Donald Trump, ter sugerido que vai aplicar taxas de 10 por cento sobre as importações da China, em retaliação pelo fluxo de fentanil. O índice de referência da Bolsa de Valores de Hong Kong, o Hang Seng, caía 1,73 por cento por volta das 13:30 locais, pesando especialmente sobre as acções tecnológicas, que estão entre as mais atingidas pelas tensões entre as duas maiores potências mundiais. Na China continental, as bolsas de Xangai e de Shenzhen estavam também no vermelho à mesma hora, com uma descida de 1 por cento e 0,92 por cento, respectivamente. “Estamos a falar de uma taxa de 10 por cento com base no facto de eles estarem a enviar fentanil para o México e para o Canadá”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, na terça-feira. O líder republicano referiu que falou “no outro dia” com o homólogo chinês, Xi Jinping, e que este lhe disse que não queria essa “porcaria” no país. No ano passado, foram registadas cerca de 70.000 mortes por consumo excessivo do opiáceo sintético nos Estados Unidos.
Sunac | Primeiro promotor imobiliário a reestruturar dívida Hoje Macau - 22 Jan 2025 Os planos para pagar a dívida de mais de 15 mil milhões de yuan foram aprovados pelos credores A Sunac, outrora um dos maiores promotores imobiliários da China, tornou-se a primeira empresa do sector a reestruturar com êxito a sua dívida emitida nos mercados internos (“onshore”), depois de ter conseguido o apoio dos credores. Num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa afirmou que os credores destas obrigações, das quais faltavam pagar cerca de 15,4 mil milhões de yuan, aprovaram o plano apresentado pela empresa. A proposta previa uma redução para menos de metade desse montante e oferecia várias opções, como o prolongamento da maturidade das obrigações até 2034, sem obrigação de começar a pagá-las até 2029. A Sunac já tinha sido pioneira entre os promotores chineses quando, em Outubro de 2023, obteve a aprovação da justiça de Hong Kong para o acordo que tinha alcançado com os credores para reestruturar cerca de 10,2 mil milhões de dólares de dívida emitida nos mercados internacionais (“offshore”). A agência de notação da dívida Standard&Poor’s (S&P) afirmou na altura que a Sunac ia abrir caminho para a reestruturação da dívida ‘offshore’ de outros promotores chineses em situações semelhantes, uma vez que não só procurou prolongar as obrigações para ganhar tempo, como também incluiu instrumentos como ‘swaps’ de dívida. No entanto, a 10 de Março, o gestor de activos estatal Cinda apresentou um pedido de liquidação contra a empresa em Hong Kong por falta de pagamento de um empréstimo de 30 milhões de dólares. A primeira audiência foi marcada para 19 de Março. Este caso distingue-se de outros semelhantes, como os que também enfrentam em Hong Kong gigantes como a Evergrande ou Country Garden, pelo facto de o queixoso ser uma empresa estatal chinesa e não um credor privado, apesar de Pequim ter prometido repetidamente medidas para estabilizar o mercado imobiliário nos últimos meses. Ferida grave As acções do promotor em Hong Kong caíram mais de 25 por cento na sequência desta notícia. Ontem, apesar do acordo com os credores ‘onshore’, caíram 2,41 por cento, durante a parte da manhã da sessão. A Sunac tinha um passivo total de cerca de 896 mil milhões de yuan no final do primeiro semestre de 2024, durante o qual registou um prejuízo líquido de 14,957 mil milhões de yuan. A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em Agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares.
A Geogastronomia e Macau Cidade Criativa em Gastronomia da UNESCO Jorge Rodrigues Simão - 22 Jan 2025 “Geogastronomy offers an innovative lens through the exploration of the deep-rooted cultural connections between food, landscape and people. The synergy of the mix and match from different areas creates a magical creativity to outstand the taste of memories which seated as the greatest piece of a region. As part of the UNESCO Creative City of Gastronomy in Macao, Lisboeta Macau aim to bring together the tradition and innovation of food and fun places to foster the global appreciation of Macao.” Dr. Christine Hong Barbosa. Vice-President of Marketing & Retail Development of Lisboeta A geogastronomia é um termo que funde a geografia e a gastronomia, enfatizando a relação entre a cultura alimentar e as suas raízes geográficas. Este conceito destaca a forma como os ingredientes locais, os métodos de cozedura e as influências culturais convergem para moldar as cozinhas regionais. Ao examinar a gastronomia local, os investigadores e os entusiastas podem obter informações sobre a história, a cultura e a identidade de uma comunidade. A geogastronomia serve, assim, como uma ponte que liga as práticas culinárias aos contextos ambientais e sociopolíticos. Macau, situado na costa sul da China, é um exemplo distinto de geogastronomia em acção. A sua posição como porto de comércio histórico e caldeirão de culturas proporciona um cenário único para a sua evolução culinária. A intrincada mistura de influências portuguesas e chinesas na cozinha macaense mostra como a geografia pode influenciar a cultura alimentar, conduzindo a uma gama diversificada de sabores, ingredientes e técnicas de cozinha. A cena gastronómica de Macau é uma tapeçaria vibrante tecida a partir de vários fios culturais, particularmente os de origem chinesa e portuguesa. A cidade possui pratos icónicos como o caril macaense, o bacalhau e os autênticos pastéis de nata (que não se confundem com as tartes de ovos que pejam as ruas e que a devido tempo revelaremos como surgiu tal fenómeno), cada um reflectindo as suas influências históricas únicas. A fusão de especiarias, ervas aromáticas e estilos de cozinha cria uma identidade gastronómica distinta. A utilização de ingredientes sazonais e de origem local realça a ligação de Macau ao seu ambiente geográfico, reforçando os princípios da geogastronomia. O contexto histórico da gastronomia de Macau é notável. A colonização portuguesa introduziu novos ingredientes e técnicas culinárias que se integraram nas tradições alimentares chinesas. Este intercâmbio cultural resultou numa rica variedade de pratos que combinam o melhor dos dois mundos. Por exemplo, o uso de cominhos, caril em pó e leite de coco reflecte as práticas culinárias portuguesas, enquanto técnicas como a fritura no “wok” significam os métodos tradicionais da cozinha chinesa. Como consequência, a cozinha de Macau desenvolveu-se numa mistura sofisticada, em vez de ser uma mera amálgama das culturas que a influenciam. Várias personalidades influentes desempenham um papel crucial na formação da cena culinária de Macau. Notáveis chefes de cozinha e restauradores dedicaram os seus esforços à preservação e inovação da cozinha macaense. Os renomados Chefes António Neves Coelho e José Avillez são conhecidos por modernizar os pratos tradicionais portugueses, mantendo a sua autenticidade. A sua abordagem serve de exemplo de como os chefes podem honrar a sua herança culinária, adaptando-se às tendências contemporâneas. Eles dão ênfase à utilização de ingredientes locais e à valorização das receitas tradicionais. Através das suas iniciativas, promovem o conceito de geogastronomia como um método para preservar o património culinário. O seu trabalho exemplifica o papel vital que os chefes de cozinha e os profissionais da culinária desempenham no quadro da cidade criativa. A designação de “Macau como Cidade Criativa em Gastronomia da UNESCO”, em 2017, realça ainda mais a importância da inovação culinária e do património. Este reconhecimento enfatiza o compromisso da cidade em manter e promover a sua rica história culinária, ao mesmo tempo que promove um futuro sustentável. O programa incentiva à colaboração entre chefes locais, artesãos e académicos, promovendo uma cultura de gastronomia que reflecte a identidade mista de Macau. A designação de “Macau como Cidade Criativa em Gastronomia da UNESCO” teve um impacto de grande alcance em várias facetas da sociedade macaense, nomeadamente no turismo e nas economias locais que abrandou durante o tempo da pandemia da Covid-19 e que começa a renascer. O Lisboeta Macau, por exemplo, tem contribuído de forma notável sendo a sua visão oficial de “ser um destino turístico temático de Macau, que combina marcos icónicos da sua memória colectiva, com a cultura sino-portuguesa única para promover a sua identidade cultural única. O Lisboeta Macau alinha-se orgulhosamente com a visão de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO. A rica história cultural de Macau, que combina influências portuguesas e chinesas, cria uma paisagem gastronómica única e dinâmica. O Lisboeta Macau acredita que este reconhecimento como Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO não só celebra a fusão de sabores e tradições, mas também destaca a importância de preservar e inovar o património alimentar local. Com um forte empenho na preservação do património macaense e na promoção de experiências culinárias inovadoras, o Lisboeta Macau aproveita os pontos fortes da empresa para promover a cultura macaense-portuguesa, apoiando a integração transfronteiriça “Turismo+Gastronomia” através da colaboração com o famoso Chefe português António Coelho no “Angela’s Café and Lounge”, realçando a fusão da herança luso-chinesa de Macau com a cozinha tradicional portuguesa, combinando técnicas culinárias clássicas portuguesas com criações inovadoras para oferecer aos cidadãos e visitantes uma experiência gastronómica memorável e contribuindo para a crescente reputação de Macau como um centro gastronómico vibrante, alinhado com o seu desenvolvimento económico, atraindo entusiastas da comida, turistas e profissionais da indústria”. “O Lisboeta Macau está empenhado em apoiar a estratégia do Governo da RAEM de promover a indústria do turismo, impulsionando de forma consistente o crescimento económico local através da inovação e da integração transfronteiriça. O restaurante temático LINE FRIENDS do Lisboeta Macau “BROWN & FRIENDS CAFE & BISTRO” e a famosa marca de caranguejos de Xangai “CEJERDARY” juntaram-se ao 24.º Festival Gastronómico de Macau, apresentando os diversos sabores locais aos turistas globais e destacando os pontos fortes dinâmicos de Macau como uma plataforma vibrante como Cidade Criativa de Gastronomia da UNESCO. Além disso, o Lisboeta Macau pretende aproveitar as sinergias do “Espaço de Espectáculos ao Ar Livre de Macau” para apresentar a “NOITE LISBOETA-o Mercado Nocturno com Mais Macaenses”, estimulando o desenvolvimento económico da comunidade e imergindo os visitantes numa mistura distinta de cultura tradicional e inovação moderna, mostrando a essência da cultura de inspiração macaense e portuguesa, reforçando ainda mais a economia nocturna de Macau. Estas colaborações ajudam a reforçar a posição de Macau como uma cidade criativa que valoriza tanto a tradição culinária como a inovação, assegurando a sustentabilidade a longo prazo da sua cena gastronómica, ao mesmo tempo que promove o crescimento económico e o intercâmbio cultural”. Tal distinção, posicionou Macau como um destino gastronómico global, atraindo entusiastas da gastronomia e turistas ansiosos por experimentar as suas ofertas culinárias únicas. O sector do turismo beneficiou significativamente com esta designação. Com o aumento do interesse internacional pela gastronomia de Macau, foram organizados vários festivais e eventos gastronómicos para apresentar os pratos locais. Estes eventos não só celebram a cultura gastronómica, como também oferecem aos empresários e às empresas plataformas para mostrarem os seus produtos. Este aumento do turismo traduz-se num aumento das oportunidades económicas para os habitantes locais, incluindo a criação de emprego nos sectores da hotelaria, restauração e produção alimentar caseira ou quase, pese a crise que Macau vive com o baixo poder de compra dos residentes que diminuiu em detrimento do Continente e dos turista daí provenientes que reduziu igualmente, pelas mesmas razões. Além disso, a designação da UNESCO leva o governo a patrocinar iniciativas destinadas a apoiar práticas sustentáveis no sector da gastronomia. Programas que incentivem a cozinha sem desperdício demonstram um compromisso com a sustentabilidade e o envolvimento da comunidade. Esta mudança de paradigma reflecte uma consciência crescente das interligações entre a gastronomia, a gestão ambiental e a responsabilidade social. A educação culinária é outro aspecto crítico da narrativa gastronómica de Macau. As instituições de ensino e as escolas de culinária que devem ser criadas urgentemente não ficando apenas reservadas ao âmbito da Universidade de Turismo desempenharão um papel fundamental na formação da próxima geração de chefes e profissionais de culinária. Ao integrarem a cozinha tradicional macaense nos seus currículos, estas instituições fomentam a apreciação da cultura gastronómica local entre os estudantes. Esta abordagem educativa também incentiva a inovação, uma vez que os jovens chefes fazem experiências com o seu património, dando nova vida às receitas tradicionais. A preservação cultural é fundamental para manter a rica história culinária de Macau. As iniciativas destinadas a documentar as receitas tradicionais e as técnicas de cozinha através de histórias orais e publicações asseguram a salvaguarda destas tradições culinárias para as gerações futuras. O papel das organizações de base e dos projectos comunitários centrados no património culinário reflecte o espírito colaborativo da geogastronomia, em que as comunidades locais se empenham activamente na preservação das suas culturas alimentares únicas. Apesar dos impactos positivos da sua designação pela UNESCO, o sector gastronómico de Macau enfrenta desafios que merecem atenção. Uma preocupação significativa é a potencial diluição das práticas tradicionais devido à globalização e ao turismo de massas. Com a proliferação de restaurantes internacionais e cadeias de fast-food, existe o risco de as tradições culinárias locais serem ofuscadas, levando a uma perda de identidade cultural. Além disso, a pandemia da COVID-19 teve um impacto grave nos sectores da hotelaria e do turismo. As restrições às viagens e à restauração obrigaram muitas empresas locais a adaptarem-se rapidamente ou a arriscarem-se a fechar. Embora alguns estabelecimentos tenham adoptado abordagens inovadoras, como serviços de entrega e aulas de culinária virtuais, outros têm lutado para sobreviver num cenário económico difícil. Outro desafio reside no equilíbrio entre a modernização e a autenticidade culinária. À medida que os chefes experimentam cozinhas de fusão e técnicas de cozinha modernas, podem surgir preocupações relativamente à integridade dos pratos tradicionais. Encontrar um equilíbrio entre inovação e preservação será essencial para manter a autenticidade da cozinha macaense. Olhando para o futuro, vários desenvolvimentos poderão surgir no sector da gastronomia de Macau. Uma das tendências previsíveis é a crescente ênfase nas práticas sustentáveis. À medida que os consumidores se tornam cada vez mais conscientes do impacto ambiental das suas escolhas alimentares, os restaurantes e similares de Macau poderão dar prioridade ao abastecimento local e orgânico. Esta mudança promove um sentido de comunidade e de responsabilidade para com o ambiente. Para além disso, é provável que a tecnologia continue a remodelar a paisagem culinária. Os avanços na produção, preservação e distribuição de alimentos podem proporcionar oportunidades de crescimento e inovação. Por exemplo, a utilização de plataformas digitais pode melhorar os esforços de marketing e reforçar as ligações entre os consumidores e os produtores locais. Inovações como a agricultura vertical e a aquaponia podem também oferecer soluções sustentáveis para o abastecimento de ingredientes numa cidade densamente povoada. A colaboração entre os profissionais da culinária, as autoridades turísticas e os governos de Macau e das províncias do Continente desempenharão um papel crucial na definição da evolução da identidade gastronómica de Macau. As iniciativas conjuntas destinadas a promover a cultura alimentar, a organizar workshops e a apresentar os ingredientes locais podem elevar o perfil da cozinha macaense no palco global. Estes esforços de colaboração promovem o envolvimento da comunidade e podem mitigar os riscos colocados pela globalização e pela pandemia. O futuro da gastronomia de Macau parece promissor, com uma ênfase crescente na sustentabilidade e na inovação. O espírito de colaboração da geogastronomia pode orientar a cidade na navegação destes desafios, assegurando que o seu rico património culinário perdure enquanto se adapta a um mundo em mudança.
Afeganistão | Talibãs afirmam que cidadão chinês foi morto Hoje Macau - 22 Jan 2025 Um cidadão chinês foi morto no nordeste do Afeganistão, anunciou ontem um porta-voz da polícia talibã, apesar de o assassínio de estrangeiros ser raro no país, especialmente desde a retirada das tropas norte-americanas, em 2021. O porta-voz da polícia Mohammed Akbar, na província de Takhar, disse que o homem foi morto na noite de terça-feira por “pessoas desconhecidas”, quando estava a caminho do distrito de Dasht-e-Qala. Akbar disse que o cidadão chinês, de apelido Li, viajou para um destino desconhecido com o seu intérprete e sem informar as autoridades de segurança. O intérprete não ficou ferido no incidente, segundo Akbar. “A polícia iniciou a sua investigação inicial. Fiquem atentos para mais pormenores”, acrescentou Akbar, sem fornecer mais informações. Um grupo chamado Frente de Mobilização Nacional reivindicou a responsabilidade pelo assassínio e disse que os seus combatentes tinham como alvo o veículo do chinês. O grupo alegou que Li estava a treinar os serviços secretos talibãs na monitorização das plataformas das redes sociais, sem apresentar provas. Questionada sobre o incidente, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse ontem que não está familiarizada com o assunto. “Acredito que a Embaixada da China no Afeganistão fará tudo o que estiver ao seu alcance para proteger a segurança dos cidadãos chineses e acompanharemos a situação”, afirmou. A China é de particular importância para os talibãs, que estão a cortejar o investimento estrangeiro e as alianças regionais face ao seu contínuo isolamento na cena internacional devido à sua repressão contra as mulheres.
Panamá | Pequim diz que nunca interferiu na gestão do canal Hoje Macau - 22 Jan 202522 Jan 2025 A China garantiu ontem que “nunca interferiu” na gestão do Canal do Panamá e que “sempre respeitou” a soberania panamiana sobre a infra-estrutura, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter insistido que o canal está sob controlo do país asiático. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que “a soberania e a independência do Panamá não são negociáveis”. “O canal não está sujeito ao controlo directo ou indirecto de nenhuma grande potência”, afirmou Mao. “A China não participou na gestão e no funcionamento do canal, nunca interferiu nos seus assuntos e sempre respeitou a soberania do Panamá sobre o canal”, acrescentou, salientando que a China “reconhece o canal como uma via navegável permanentemente neutra para o tráfego internacional”. A porta-voz disse ainda que a China apoia as declarações do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que defendeu que o canal “é e continuará a ser do Panamá” e que a sua administração continuará a estar sob controlo panamiano “com respeito pela sua neutralidade permanente”. Na passada segunda-feira, Trump disse no seu discurso de tomada de posse que “a China está a operar o Canal do Panamá”. “Mas nós não o demos à China. Demos ao Panamá e vamos recuperá-lo”, avisou o líder republicano.