Orçamento | Kevin Ho defende subsídios só para quem mais precisa

Numa altura em que se espera a apresentação das Linhas de Acção Governativa, as primeiras do novo Governo, Kevin Ho apela à precisão na distribuição de apoios sociais

 

O deputado de Macau na Assembleia Popular Nacional e empresário Kevin Ho defende que o Governo deve ser cauteloso com o orçamento da RAEM, e fazer uma distribuição mais precisa dos apoios sociais. A mensagem foi deixada através de declarações prestada à TDM.

“No que diz respeito aos beneficiários da assistência social, o Governo tem de ser mais preciso na sua distribuição. Os que têm mais necessidades devem receber mais”, afirmou o empresário.

Nos últimos tempos, vários representantes de diferentes associações têm defendido uma nova distribuição de apoios, apesar de oficialmente o orçamento da RAEM não ser deficitário. No primeiro mês do ano, o orçamento teve um superavit de 3,68 mil milhões de patacas, menos 1,74 mil milhões de patacas do que no primeiro mês do ano passado.

“Quer se trate dos subsídios anteriores, em dinheiro, ou das várias políticas preferenciais para os residentes, como a distribuição dos dividendos das receitas da RAEM […] os que têm maiores necessidades devem receber mais apoio”, justificou o empresário.

Um dos apoios que tem sido visado por alguns deputados e associações é o programa de comparticipação pecuniária, também conhecido como o “cheque pecuniário”, de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil patacas para residentes não-permanentes. Embora não tenha sido visado por Kevin Ho, foram várias as vozes políticas locais que pediram a eliminação do apoio para os residentes que não vivem pelo menos metade do ano na RAEM.

Confiança no Governo

A emissora pública ouviu também Lao Chi Long, empresário local e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que apesar de reconhecer as limitações no estado actual da economia, mostrou confiança no Executivo de Sam Hou Fai para dar a volta à situação.

“Embora a economia possa não ter um desempenho tão bom quanto o esperado, estou confiante que o Governo da RAEM tem a capacidade de mudar esta situação e implementar mais políticas para impulsionar um desenvolvimento económico positivo”, afirmou Lao, citado pelo Canal Macau.

Nos últimos tempos, têm surgido cada vez mais pedidos de apoio às pequenas e médias empresas que não estão a beneficiar do aumento do número de turistas do Interior.

Também diferentes representantes do mercado imobiliário, como o ex-deputado Ung Choi Kun, têm defendido políticas de apoio a empresários, construtoras e redução de impostos, para promover mais compras e vendas de casas e espaços comerciais.

Diplomacia | Paulo Rangel confirma viagem a Pequim e Macau

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, vai deslocar-se a Macau e à China no final do mês, adiantou à Lusa fonte oficial, estando ainda o programa da deslocação a ser definido.

No início deste mês, a TDM indicava a presença do número dois do Executivo português em Macau e na China, estando prevista a participação no Fórum Boao, que decorrerá entre 25 e 28 de Março, na província de Hainan, e a realização de contactos com as autoridades chinesas, designadamente com o homólogo chinês, Wang Yi. À Lusa, fonte do gabinete de Paulo Rangel confirmou a deslocação no final do mês, indicando que o programa da deslocação ainda não está encerrado.

Macau receberá ainda este ano as comemorações do 10 de Junho, que se iniciam em Lagos, segundo informou em Fevereiro a Presidência da República, numa nota publicada no seu site. “O Presidente da República designou a cidade de Lagos como sede das comemorações, em 2025, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, estendendo-se as celebrações à comunidade portuguesa em Macau”, lê-se no texto datado do dia 7 de Fevereiro.

Segundo a mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu constituir para a organização das comemorações “uma comissão presidida pela Dr.ª Lídia Jorge, escritora, e que integra o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, a secretária-geral da Presidência da República e o chefe do Protocolo do Estado”.

Em Dezembro do ano passado, o chefe de Estado já tinha admitido que o seu último 10 de Junho do seu mandato – que termina em 9 de Março do próximo ano – viesse a ser celebrado junto de comunidades emigrantes portuguesas mais longínquas como as da Ásia-Pacífico, na Austrália, em Macau ou em Goa.

IAS | Nick Lei defende alargamento de rede comunitária

O deputado Nick Lei quer que a rede de colaboração comunitária, que o Instituto de Acção Social (IAS) utiliza para prestar apoio em cooperação com associações cívicas e entidades sociais, seja alargada a mais associações. Numa interpelação escrita divulgada no sábado, o também dirigente em associações ligadas à comunidade de Fujian mencionou o incêndio num prédio, que deflagrou no início do mês no bairro do Toi San, como um exemplo da necessidade alargar a rede de apoios comunitários.

Nick Lei afirma que a primeira associação que chegou ao terreno nesse incêndio recebeu pedidos de ajuda de moradores, mas como não pertence à rede de colaboração comunitária acabou por ter apenas de reencaminhar os pedidos para outras entidades.

Importa referir que a rede de cooperação mobilizada pelo IAS inclui a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Federação das Associações dos Operários de Macau, a Associação Geral das Mulheres de Macau e a Caritas Macau, segundo um comunicado do IAS publicado no início de Março. Ora, entre as entidades mencionadas não está a Aliança do Povo, presidida por Nick Lei, ligada à comunidade de Fujian.

O deputado mencionou a estatística apresentada pelo Corpo de Bombeiros, que entre Julho de 2019 e o mês passado, procedeu a inspecções a 1.742 apartamentos para detectar potenciais riscos de fuga de gás, e verificou que menos de um terço das habitações, 30,4 por cento, passou no teste. Face aos números pouco animadores, Nick Lei pede que sejam realizadas mais inspecções e com mais qualidade.

Jogo | Davis Fong desvaloriza impacto de casinos tailandeses

Davis Fong, académico e antigo deputado, considera que os futuros casinos na Tailândia terão mais impacto negativo no sector do jogo de Singapura do que em Macau.

Segundo o jornal Ou Mun, o director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau, defendeu que, a curto prazo, as futuras concessões de jogo na Tailândia não serão uma ameaça para Macau, pois o território sofre mais com o ambiente económico externo. Davis Fong recordou que em 2010, primeiro ano de abertura de casinos em Singapura, achava-se que Macau iria perder jogadores, mas a verdade é que isso não aconteceu.

Davis Fong considera que uma das vantagens de Macau sobre estes dois territórios é o facto de reunir os casinos numa só zona, como o Cotai, que absorve cerca de 70 por cento dos jogadores do segmento de massas. Em caso de má sorte, o apostador pode ir para o casino ao lado, o que não acontecerá na Tailândia, acredita, onde as infra-estruturas estarão afastadas uma das outras.

Este defende ainda que os jogadores não vão deixar de lado um sítio de apostas mais perto para se deslocar para mais longe, ao contrário dos apostadores VIP, que podem deslocar-se à Tailândia, por terem objectivos de apostas e de viagem diferentes. Segundo Davis Fong, aos jogadores de grandes somas não lhes faz diferença se jogam em Macau ou na Tailândia.

Macau Pass | CAEAL atenta a solicitações em trocas

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa não recebeu uma “queixa formal” sobre o caso da idosa que terá sido convidada a assinar uma lista para as eleições enquanto trocava o cartão Macau Pass. Ainda assim, a comissão diz estar preocupada e que presta “especial atenção” à situação

 

Mesmo sem qualquer queixa formal, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) garante que vai estar atenta ao processo de troca de cartões Macau Pass para idosos, no âmbito do programa de incentivo ao consumo Grande Prémio do Consumo.

“Mesmo que ainda não tenha recebido uma queixa formal sobre a situação, a CAEAL vai manter-se em contacto com a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e acompanhar de perto a situação e todas as notícias relativas às eleições legislativas a ter lugar no corrente ano”, indicou a CAEAL em resposta a questões colocadas pelo HM.

Recorde-se que na segunda-feira passada, uma residente afirmou aos microfones do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, que a sua avó teria sido convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando trocava numa associação local o cartão Macau Pass para idosos para participar no Grande Prémio do Consumo. Sobre este episódio, o organismo que organiza e fiscaliza as eleições legislativas, liderado pelo magistrado Seng Ioi Man, assegura estar a acompanhar o caso.

“Aos comentários tecidos pela ouvinte da Rádio Macau sobre a troca do Cartão da Macau Pass para Idosos, a CAEAL presta especial atenção, e para inteirar-se da situação, entrou em contacto imediatamente com a DSEDT, que é responsável pela coordenação do trabalho de substituição daquele cartão com as instituições de serviço social e associações cívicas colaboradoras.”

Secar a concorrência

Na semana passada, a DSEDT afirmou ao HM ter realizado sessões de formação, emitiu orientações para as associações cívicas que estão a colaborar com o Governo na troca de cartões Macau Pass para idosos e lembrou aos funcionários que devem limitar o seu serviço à substituição dos cartões. “A DSEDT continuará a fiscalizar todos os postos de serviços, e caso verifique a violação das orientações em qualquer um destes, cessará, de imediato, o serviço de substituição de cartões disponibilizado pelo posto de serviço envolvido”, acrescentou a entidade liderada por Yau Yun Wah ao HM.

O HM procurou conhecer as consequências para casos em que as associações cívicas tanto junto da CAEAL, como da DSEDT. Além do encerramento dos postos de troca de cartões, não foi referido se haveria alguma consequência legal, ou infracções às leis que regulam as eleições.

O ex-deputado Au Kam San apresentou uma explicação para o “nervosismo” das principais associações tradicionais recorrerem a todos os expedientes para recolher o máximo de assinaturas possíveis, mesmo quando prestam serviços públicos, como a troca de cartões Macau Pass para idosos.

“Isto é uma táctica, porque na mesma eleição, qualquer eleitor só pode assinar uma vez uma lista (…), caso contrário estará a cometer um crime. Quanto mais assinaturas uma lista conseguir, mais espaço retira a outras listas. Se uma associação reunir 50.000 assinaturas, mesmo que só submeta 500 e que as restantes 49.500 sejam deitadas no lixo, esses eleitores não vão poder assinar outras listas”, indicou Au Kam San numa publicação no Facebook.

O ex-deputado salienta que apesar de não ser punido com prisão quem assina mais do que uma propositura de candidatura, além do pagamento de multa, o eleitor pode ficar com registo criminal.

Paul French, escritor: À procura de Wallis Simpson na China

O Festival Literário Rota das Letras, que começa na sexta-feira, vai contar com a presença do escritor Paul French, que lançou no ano passado um novo livro biográfico, “Her Lotus Year”, que descreve a vivência de Wallis Simpson na China, antes de ser duquesa de Windsor. O autor britânico irá também falar sobre “Destination Macau”, um relato nostálgico e quase cinematográfico da história da cidade

 

Como chegou à história da experiência de vida de Wallis Simpson na China?

Vivi em Xangai durante muitos anos e muitos visitantes sabiam que Wallis Simpson tinha passado um tempo na cidade. Corriam rumores sobre o que tinha feito, e os visitantes queriam sempre saber se os boatos eram verdadeiros, como a ideia de que ela tinha aprendido técnicas sexuais esotéricas ou se tinha posado nua para fotografias. Também se falava que tinha pertencido a um grupo de contrabando de ópio, ou a um grupo de apostas que combinava corridas de cavalos. Para mim, como autor e especialista nas experiências de estrangeiros em Xangai na primeira metade do século XX, nada disto fazia sentido. Então pensei que esta era a altura ideal para descobrir realmente o que Wallis tinha feito na China. O facto de ela ter estado no país em 1924 e 1925, dois dos anos mais fascinantes da história da China moderna, ajudou bastante.

Como descreve a vida da duquesa no país durante aquele período político específico?

A China estava num caos total quando ela lá esteve, pois Puyi, o último imperador, tinha sido expulso da Cidade Proibida e ocorreram as maiores greves de sempre na história de Hong Kong. Além disso, registaram-se fracções políticas em Guangzhou, senhores da guerra a lutar em Xangai e no Norte da China. Esses foram também os anos mais húmidos de que há registo na China, com quebras de produção nas colheitas e a ocorrência de surtos de febre tifoide e cólera. Disparou o número de bandidos e piratas. Depois, em Março de 1925, morreu Sun Yat-sen, líder da revolução republicana de 1911, sem que tenha deixado um sucessor óbvio. Wallis deparou-se com tudo isto, pois ficou retida na ilha de Shamian, em Guangzhou, enquanto a cidade se debatia; em Xangai, viu cadáveres a serem trazidos para a cidade, vindos das batalhas dos senhores da guerra; viu vítimas de tifo e cólera em Tianjin; e tropas dos senhores da guerra a ameaçarem Pequim. Mas também se encontrava, em grande parte, numa bolha protectora estrangeira que a protegia dos soldados estrangeiros e da sua pele branca. Podia deleitar-se com a cultura e a estética da China, enquanto à sua volta o país inteiro ameaçava explodir.

Como era a personalidade de Wallis Simpson, figura controversa no contexto do casamento com o duque de Windsor?

É muito importante não confundir a Wallis de 1924 com a Wallis posterior, dos longos anos de exílio e controvérsia como Duquesa de Windsor. Em 1924, Wallis tinha apenas 28 anos, fugia de um marido fisicamente abusivo (o seu primeiro marido, Win Spencer, um comandante da marinha americana) e ainda não era particularmente sofisticada ou cosmopolita. Estas eram caraterísticas que aprenderia na China, misturando-se nas “colónias” [concessões] estrangeiras internacionais e boémias de Xangai e Pequim. De facto, foi em Pequim que se misturou pela primeira vez com embaixadores, políticos chineses de alto nível, oficiais militares de alta patente e estetas, e com eles aprendeu tudo, desde jogar bridge e apreciar jade até como se comportar na alta sociedade. Obviamente, isso foi útil uma década mais tarde, quando conheceu o Príncipe de Gales em Inglaterra. É certo que a Wallis posterior, a duquesa, é uma figura mais difícil de gostar. Talvez ela e o duque tenham tomado algumas más decisões políticas e feito algumas amizades, talvez Wallis se tenha tornado um pouco amarga por não ter sido aceite pela família real britânica. Mas o certo é que em 1924 era jovem, livre de um mau marido e estava num dos países mais fascinantes do mundo.

O que podem os leitores percepcionar desta figura e sobre a China daquele tempo, com “Her Lotus Year”?

A China em 1925 estava à beira de uma potencial explosão, pois todo o país poderia ter caído no caos total, dividindo-se em territórios do tamanho de Portugal geridos por senhores da guerra com exércitos privados, ou uma dinastia Qing ressurgente apoiada pelo Japão no Norte [da China], os republicanos no Sul e, claro, as potências estrangeiras – Inglaterra, América, França e Japão – que detinham terras chinesas como colónias. Em última análise, isso não aconteceu, mas ninguém sabia disso em 1925. A própria Wallis oscilou entre sentir-se incrivelmente confortável e feliz naquele que foi o seu “Ano de Lótus”, como a própria o descreveu, citando os soporíferos náufragos de Homero que nunca querem regressar a casa; e sentir-se aterrorizada com a violência dos senhores da guerra ou daqueles que eram contra estrangeiros.

Quais os maiores desafios, como escritor, no processo de investigação da história de Wallis?

Wallis tornou-se provavelmente a mulher mais fotografada e falada da história, mais do que Marilyn Monroe, mais do que até a Rainha Isabel II. Mas em 1924 ela não era famosa de todo. Por isso, deixou um rasto muito difícil de seguir. Escreveu as suas memórias, mas estas foram “desinfectadas”. Um grande problema foram também os rumores que o Governo britânico e os serviços secretos fizeram circular em 1936, numa tentativa de destruir a ideia de um casamento entre o Rei Eduardo VIII e Wallis. A tentativa falhou, pois ele abdicou do trono e eles casaram, mas esses rumores e insinuações sexuais, muitos deles racistas e misóginos, mantiveram-se até hoje, além de que continuam a ser regularmente reciclados na imprensa tabloide britânica e americana. Achei a verdadeira Wallis uma personagem muito mais simpática do que esperava, e espero que os leitores também sintam isso.

É convidado de mais uma edição do Rota das Letras. Como se sente por fazer parte do festival?

Adoro fazer parte do Festival Literário de Macau. Embora já tenha falado antes em Macau, nomeadamente na Livraria Portuguesa e outros locais, nunca tinha participado no festival. Estou ansioso por poder falar sobre Wallis Simpson e também sobre a minha nova colecção de ensaios sobre Macau, intitulada “Destination Macau”. Algumas histórias de Macau que me têm agradado ao longo dos anos, algumas delas apresentadas com um olhar mais inglês, por assim dizer, poderão interessar e serão uma novidade para o público local.

Livro | “Destination Macau”, a cidade entre “o imaginário e o real”

Paul French acaba de lançar o terceiro volume da colecção “Destination”, que teve edições sobre Xangai ou Pequim, e que agora se dedica a contar histórias da Macau antiga, um “lugar tão imaginário como real”, como descreve a sinopse da obra. A obra do autor britânico apresenta “a Macau dos artistas George Chinnery e George Smirnoff, dos escritores Deolinda da Conceição e Maurice Dekobra, até às fantasias da ‘Pulp Fiction’ e sonhos febris cinematográficos de Josef von Sternberg e Jean Delannoy”.

Não faltam ainda, escritas pela pena de Paul French, histórias em torno de figuras históricas como Pedro José Lobo e Ian Fleming, autor e criador de James Bond. É descrita a Macau do tempo da II Guerra Mundial, dos que “vieram para Macau em busca de ouro e os que procuravam refúgio da guerra”, sem esquecer “os combatentes que procuravam uma passagem secreta através da ‘neutra’ Macau”.

Paul French desvenda mistérios ou conta histórias esquecidas para muitos, como a ideia de que o Japão terá tentado comprar Macau em 1934 ou a pessoa que navegou com a rainha dos piratas de Macau, Lai Choi San. São, ao todo, 18 histórias “verdadeiras de pessoas fascinantes que viveram ou visitaram Macau nos séculos XIX e XX”.

Macau tem mais quatro restaurantes com estrelas Michelin

Quatro restaurantes em Macau conquistaram ontem uma estrela Michelin, entre os 19 restaurantes distinguidos no território na edição deste ano do Guia Michelin de Hong Kong e Macau, ontem anunciados numa cerimónia. Na edição do ano passado, Macau tinha conquistado mais dois restaurantes com estrelas Michelin, totalizando 15 estabelecimentos distinguidos na classificação do guia.

O restaurante “Sushi Kissho by Miyakawa”, no ‘resort’ Galaxy Macau, entrou para o grupo dos estabelecimentos com uma estrela, enquanto “Zuicho”, no Grand Lisboa Palace, “Mizumi”, no Wynn Palace, e “Aji”, no MGM Cotai, foram promovidos de “seleccionado” a uma estrela.
Onze restaurantes, contra oito em 2024, apresentam agora uma estrela Michelin, incluindo “Five Foot Road” (MGM Cotai), “Lai Heen” (Galaxy), “8 1/2 Otto e Mezzo – Bombana” (Galaxy), “Sushi Kinetsu” (City of Dreams), “Pearl Dragon” (Studio City), “Ying” (hotel Altira), “Zi Yat Heen” (hotel Four Seasons).

Dois restaurantes de Macau, “Robuchon au Dôme” no hotel-casino Grand Lisboa, e “Jade Dragon”, no ‘resort’ City of Dreams, mantiveram três estrelas Michelin.

Grupo dos seis

Por outro lado, Macau passou a ter seis restaurantes com duas estrelas, com a promoção do estabelecimento Chef Tam’s Seasons, no ‘resort’ Wynn Palace, que no ano passado tinha uma estrela.
Cinco mantiveram duas estrelas: “The Huaiyang Garden” (The Londoner), “Alain Ducasse at Morpheus” (City of Dreams), “The Eight 8” (Grand Lisboa), “Feng Wei Ju” (hotel StarWorld) e “Wing Lei” (Wynn Macau).

Na distinção “bib gourmand”, conferida aos restaurantes que oferecem menus de três pratos por menos de 400 patacas (quase 46 euros), Macau passou a ter 11 estabelecimentos em Macau, entre eles o português “O Castiço”, mais um do que em 2024.

Além destes, destaque para 28 restaurantes selcecionados, incluindo quatro de cozinha portuguesa: “Chiado”, “A Lorcha”, “Portugália” e “Manuel Cozinha Portuguesa”. A única estrela verde, que distingue uma cozinha sustentável, continuou a ser o restaurante educacional da Universidade de Turismo de Macau, de gastronomia macaense.

O Guia Michelin de Hong Kong e Macau distinguiu 95 restaurantes com estrelas Michelin, 76 dos quais em Hong Kong e 19 em Macau. A cerimónia de atribuição dos prémios realizou-se no Grand Lisboa Palace, ‘resort’ da Sociedade de Jogos de Macau (SJM).

Mulheres Palestinianas

Demorei demasiado tempo a abordar a questão palestiniana neste espaço. Não sei explicar a demora. É um tema complexo e emocionalmente exigente. Fico perplexa ao ver como, nos meus círculos sociais, a legitimidade da luta palestiniana é amplamente reconhecida, enquanto noutros espaços, qualquer apoio ao povo palestiniano é rapidamente confundido com uma atitude anti-semita.

Vivemos num mundo de extremos, onde persiste a divisão em realidades paralelas, sem margem para o diálogo. E, assim, a situação crítica continua. O que mais posso dizer, senão que sinto revolta? Tempero a minha comida com za’atar todos os dias como um gesto simbólico para manter viva a consciência de um povo que sofre de fome e privação. Assistimos a uma limpeza étnica sem precedentes, e a ocupação palestiniana, os campos de refugiados e os escombros são o epicentro da degradação sociopolítica do mundo moderno.

No Dia da Mulher, tive a oportunidade de ouvir Shahd Wadi, investigadora e escritora palestiniana, que tem explorado a ocupação e as artes como forma de testemunho das vidas e experiências das mulheres. Recentemente, lançou o livro de poesia “Chuva de Jasmim”, onde se entrelaçam vivências e línguas. Shahd escolheu Portugal como refúgio enquanto aguarda o dia em que possa regressar à aldeia da sua família, de onde a sua avó foi forçada a partir em 1948. Nessa conversa informal, discutiram-se questões fundamentais: narrativas de mulheres, a imposição do feminismo ocidental que insiste em ver a mulher árabe como vítima, o corpo como instrumento de memória de um povo em extermínio.

O conceito de interseccionalidade revela-se essencial neste contexto, pois permite compreender a resistência de um povo em paralelo com a emancipação social das mulheres. Trata-se de uma luta contra a ocupação, a injustiça e a violência sistémica. As histórias partilhadas por Shahd Wadi trouxeram uma nova luz à forma como percebemos a criatividade e resiliência das mulheres palestinianas. Como aquela mulher que, ao ver um homem a ser preso pelos soldados israelitas, lhe passa o bebé para os braços e encena uma discussão, fingindo estar farta das detenções constantes do marido, deixando-a sozinha com a criança. Os soldados, desconcertados com a situação, libertam-no. O homem devolve o bebé a essa mulher, que nunca antes tinha visto. Ou como, diante da ameaça de violação, algumas mulheres se despem, destruindo o prazer que os agressores esperam obter ao roubar-lhes a honra.

Refletir sobre a resistência das mulheres palestinianas é também reconhecer como o seu corpo se tornou um alvo de guerra. É o corpo que gera e que garante a continuidade de um povo em risco de extermínio. As restrições ao acesso aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva não são acidentais. Um checkpoint pode impedir uma mulher de chegar ao hospital para dar à luz, pondo em perigo a vida do bebé e da mãe. Pequenos detalhes como este evidenciam a dimensão insidiosa do processo de limpeza étnica em curso.

Shahd Wadi partilhou estas e muitas outras histórias, assumindo um papel essencial na preservação da experiência palestiniana. Deu-nos permissão para torná-las nossas, integrando-as no nosso imaginário político de luta e resistência. No Dia da Mulher, e em tantos outros, que se reflitam sobre as mulheres palestinianas que continuam a resistir, não apenas pelo direito de decidir sobre os seus corpos e futuros, mas também pelo direito de existir com dignidade, liberdade e soberania.

A sua luta é um testemunho de coragem e resiliência e recorda-nos que o feminismo, em qualquer parte do mundo, deve adaptar-se às realidades locais. As suas histórias e experiências fazem parte da luta pela liberdade do povo palestiniano, uma luta que pertence a todos.

Lisboeta | Primeiro parque de skate abre este sábado

O empreendimento Lisboeta Macau inaugura amanhã o primeiro parque de skate ao ar livre de Macau, em parceria com a Associação Geral de Cultura e Desenvolvimento de Desportos de Skate de Macau. A ideia é “promover a prática do skate e melhorar a sua cultura”.

O parque está localizado no H853 Outdoor Event Space e será gerido por esta associação, iniciando o funcionamento, ainda a título experimental, a partir de sábado. Segundo um comunicado, pretende-se que este espaço se torne num “destino privilegiado para os entusiastas de desportos radicais, enriquecendo ainda mais as ofertas de desporto e lazer de Macau”.

Entende-se que esta iniciativa, ligada aos desportos radicais, “se alinha com a visão estratégia de Macau do ‘Turismo + Desporto’, promovendo-se sinergias entre o turismo cultural e experiências diversas”, além de se reforçar “o apelo de Macau como um destino dinâmico e multifacetado”.

A entidade que vai gerir este parque constitui um colectivo de quatro associações, nomeadamente a Associação de Desenvolvimento de Skate de Macau, a Associação de Intercâmbio e Aprendizagem de Skate de Macau e a Associação de Skate de Macau. Espera-se, com esta inauguração, “desenvolver ainda mais a prática do skate e o seu crescimento, envolvendo mais entusiastas de Macau”, a fim de “trazer alegria a Macau, quer o skate seja um desporto ou uma forma de expressão cultural”.

Casa de Vidro | Exposição sobre Português inaugurada terça-feira

A Associação Cultural 10 Marias apresenta, na próxima semana, mais um projecto. Trata-se da exposição “Português, Uma Língua Global”, que ficará patente na Casa de Vidro do Tap Seac a partir de terça-feira. A mostra inspira-se na obra “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, lançada em 2016, revelando a presença do idioma luso em todo o mundo

 

É inaugurada na próxima terça-feira, a partir das 18h30, mais uma exposição da iniciativa da Associação Cultural 10 Marias. Trata-se de “Português, Uma Língua Global: Explorando o alcance e a influência da língua portuguesa”, que pode ser vista na Casa de Vidro do Tap Seac. Esta mostra conta com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo e da Casa de Portugal em Macau.

Segundo um comunicado, a iniciativa “oferece uma exploração aprofundada da presença e influência da língua portuguesa no mundo, conectando culturas, economias e comunidades”, inspirando-se na obra “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, lançada em 2016 com a autoria de Luís Antero Reto, Fernando Luís Machado e José Paulo Esperança. A obra está disponível em português, chinês e inglês.

Com esta mostra, pretende-se apresentar “uma perspectiva multidisciplinar sobre o português, destacando a sua evolução histórica, expansão geográfica e importância cultural”. “Como uma das línguas mais faladas globalmente, o português é um património dinâmico e em constante transformação, moldado pelos seus falantes em diversos continentes”, acrescenta-se.

Presença do autor

A 10 Marias considera que o trabalho de Luís Reto “tem sido fundamental na documentação da influência global da língua”, sendo que “a sua presença [na inauguração da exposição] proporcionará uma visão valiosa sobre a importância do português no mundo actual”.

Na Casa de Vidro, os visitantes “poderão descobrir o impacto da língua em diversas áreas, incluindo o seu alcance demográfico, o seu papel na educação e a sua relevância econômica enquanto língua dos negócios e do comércio”. Explora-se ainda “o português como ferramenta diplomática, meio de expressão artística e científica, e como um actor-chave na comunicação digital”.

Macau, “uma cidade onde o Oriente encontra o Ocidente”, torna-se, assim, o local ideal para apresentar “Português, Uma Língua Global”, um projecto cultural onde se “celebra a língua como uma força unificadora e, ao mesmo tempo, diversa”.

A organização considera também que a mostra “reflecte sobre o papel do português como ponte entre nações, promovendo a mobilidade, o intercâmbio cultural e a colaboração internacional”. “Mais do que um meio de comunicação, o português é um património partilhado que continua a expandir a sua influência no cenário global. Esta exposição convida os visitantes a explorarem o passado, o presente e o futuro da língua, apreciando a riqueza e a diversidade de um idioma verdadeiramente global”, remata a organização.

De destacar que Luís Reto está em Macau a propósito de uma palestra na Fundação Rui Cunha que decorre na próxima segunda-feira. A partir das 18h30 pode ouvir-se a sessão do ciclo “Roda de Ideias”, intitulada “O potencial da língua portuguesa no mundo contemporâneo”. Luís Reto foi reitor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Luís Reto, sendo acompanhado na conversa pelo reitor associado da Faculdade de Negócios da Universidade da Cidade de Macau, José Paulo Esperança, também ligado à exposição que se apresenta na Casa de Vidro.

Taiwan | Acções registam recorde de vendas no estrangeiro com queda da TSMC

As acções de empresas taiwanesas sofreram a maior fuga de sempre de investidores estrangeiros devido à alienação da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), o maior fabricante de semicondutores do mundo, informou ontem a Bloomberg.

De acordo com os dados do mercado bolsista compilados pela agência de notícias, os fundos globais reduziram as suas posições nas últimas 12 sessões no mercado bolsista da ilha, desinvestindo em acções no valor líquido de 391 mil milhões de dólares taiwaneses desde quarta-feira.

A TSMC, que representa mais de um terço do peso do índice de referência do mercado bolsista taiwanês Taiex, caiu quase 10 por cento nesse período, uma vez que os investidores estrangeiros venderam 155 milhões de acções, segundo a Bloomberg.

O mercado bolsista de Taiwan foi arrastado pela queda global das acções de fabricantes de semicondutores este ano, devido a preocupações com a elevada valorização do sector e com o aparecimento do DeepSeek, uma das aplicações de inteligência artificial (IA) mais avançadas da China, explicou a Bloomberg.

A TSMC, que registou receitas equivalentes a 15.500 milhões de euros nos primeiros dois meses do ano, mais 39,2 por cento do que no mesmo período de 2024, descia 0,4 por cento na mesma altura, depois de ter fechado a subir 1,75 por cento no dia anterior.

Sede do maior fabricante de semicondutores do mundo (TSMC) e da maior montadora de produtos tecnológicos do mundo (Foxconn), Taiwan tem beneficiado fortemente do crescimento da inteligência artificial e da computação de alto desempenho, graças à boa relação entre as empresas da ilha e os líderes do sector, como a Nvidia e a AMD.

Ensino / IA | Cursos nas escolas primárias e secundárias de Pequim ainda este ano

A partir do segundo semestre de 2025, todas as escolas primárias e secundárias de Pequim oferecerão cursos gerais de inteligência artificial (IA) com carga horária de pelo menos 8 horas por ano, de acordo com o Plano de Promoção da Educação em Inteligência Artificial nas Escolas Primárias e Secundárias (2025-2027), divulgado recentemente pela Comissão Municipal de Educação de Pequim, indica o Diário do Povo.

O currículo abrangerá todas as etapas da educação, desde o ensino fundamental até o ensino médio, e visa fortalecer as capacidades dos alunos nesta área-chave. As escolas terão a flexibilidade de criar cursos autónomos de IA ou combiná-los com outras disciplinas, como tecnologia da informação, ciência, actividades práticas e educação para trabalho, acrescenta a publicação.

Além disso, no âmbito do programa, a capital chinesa planeia treinar cem reconhecidos professores especializados e mil professores especializados de destaque no ensino de IA.

A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo de Pequim para acelerar a construção de um sistema educacional de IA com características da capital e, ao mesmo tempo, promover a reforma e o desenvolvimento da educação básica. Concentrando-se em seis áreas-chave da aplicação da IA, incluindo ensino, aprendizagem, fomento, avaliação, pesquisa e administração, a cidade explorará novos cenários de aplicação da IA.

Este ambicioso plano coloca Pequim como pioneira na integração da IA na educação, visando preparar os alunos para navegar no mundo digital enquanto usam a tecnologia de forma responsável.

Golfo de Omã | China, Rússia e Irão completam exercícios

As marinhas das três nações levaram a cabo simulações de salvamento de embarcações sequestradas para reforçar a capacidade de luta contra o terrorismo marítimo e a pirataria

 

A China, o Irão e a Rússia concluíram ontem uma série de exercícios marítimos no âmbito de manobras conjuntas nas proximidades do porto iraniano de Chabahar, no golfo de Omã. De acordo com a imprensa oficial chinesa, as três marinhas simularam operações de salvamento de navios comerciais sequestrados, com o objectivo de “reforçar as capacidades navais dos três países para fazer face a ameaças à segurança”.

A operação decorreu numa região próxima do porto de Chabahar e incluiu ataques a alvos marítimos, abordagem e controlo de danos, bem como operações conjuntas de busca e salvamento.

De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, os exercícios incluíram disparos de metralhadora pesada contra alvos marítimos, treino noturno de tiro ao alvo e salvamento de embarcações comerciais simuladas sequestradas.

Citado pelo jornal oficial Global Times, Zhang Junshe, um perito em assuntos militares chineses, disse que o exercício se centrou na luta contra o terrorismo marítimo e a pirataria. Os exercícios, apelidados de “Security Ties 2025”, têm como objectivo “aprofundar a confiança militar mútua e a cooperação pragmática entre as forças armadas dos países participantes”, afirmou o Exército chinês, em comunicado.

A história repete-se

A Marinha do Exército de Libertação Popular da China (ELP) enviou o contratorpedeiro Baotou e o navio de abastecimento Gaoyouhu para participar nos exercícios, detalhou a mesma fonte.

Os exercícios anuais foram realizados numa data semelhante em 2024, também nas águas do Golfo de Omã, e envolveram forças chinesas com o contratorpedeiro de mísseis guiados Urumqi, a fragata de mísseis Linyi e o navio de abastecimento Dongpinghu.

O exercício do ano passado coincidiu com os combates dos rebeldes Huthis no Iémen contra os navios de guerra norte-americanos e britânicos estacionados no mar Vermelho para proteger a navegação nesta via fluvial estratégica, através da qual se estima que passe 15 por cento do comércio marítimo mundial.

Os exercícios deste ano coincidem com uma reunião em Pequim, na sexta-feira, entre representantes da China, da Rússia e do Irão sobre a “questão nuclear” iraniana.

Os Retratos de Estrangeiros de Xie Sui

Da Yu, Yu o grande, uma figura lendária que se acredita ter sido o fundador da dinastia Xia (2059 – 2025 a. C.) de acordo com a tradição, dirigiu um grande esforço colectivo durante treze anos, conseguindo por fim controlar uma imensa inundação do rio Huanghe (o rio Amarelo) que cobria colinas e arrasava povoados. Uma «pressão excessiva» do bem precioso que é a água, razão da escolha dos lugares para habitar, que quando em excesso causa um desequilíbrio.

Um pintor da corte de Qianlong (r.1735-96) chamado Xie Sui tratou esse tema da luta para viver com a natureza desmedida de um modo notável em vários rolos verticais, como em O grande Yu domestica a inundação (tinta e cor sobre papel, 188,6 x 115,4 cm, vendido na Sothebys) onde ressalta a figuração de uma grande quantidade de trabalhadores pintados de forma genérica.

Mas o seu labor de recriar personagens em pinturas para a corte seria mais detalhado quando realizou uma série de quatro rolos horizontais com trezentas e uma figuras de pessoas, representativas dos mais diversos povos que vinham dos quatro cantos do Mundo prestar tributo ao Filho do Céu.

Inseria-se essa figuração na antiga tradição de Retratos das oferendas períodicas que vinha já da dinastia Tang e explicitada em 1636 pelo cartógrafo Chen Zushou, já em diálogo com conhecimentos que traziam Europeus: «Todos os povos bárbaros dentro dos quatro mares devem vir prestar tributo ao nosso imperador. Embora eles (os jesuítas) possam descrever o Mundo como compreendendo cinco continentes, são no entanto quatro deles que devem rodear o núcleo do Império.»

Uma curiosa influência na figuração desse ceremonial vê-se numa pintura anónima de 1761, existente no Museu do Palácio em Pequim (rolo vertical, tinta e cor sobre seda, 299 x 207 cm) intitulada Dez mil nações chegam para prestar tributo, em que se nota um realismo no tratamento das figuras que as aproxima do estilo exótico, europeu, introduzido na corte pelo missionário jesuíta Italiano Giuseppe Castiglione (1688-1766) que estava ao serviço do imperador.

Xie Sui nos seus quatro rolos (c. 133,9 x 1402,2 cm, cada um,tinta e cor sobre papel, no Museu do Palácio Nacional, Taipé) mostra pares de figuras de estrangeiros, geralmente homem e mulher da mesma proveniência, alguns deles inventados. Entre eles encontra-se um casal que um título acima deles, como acontece com todas as outras figuras, escrito em caracteres sínicos e manchus, indica serem provenientes de Daxiyangguo, como então era designado Portugal. E que um texto descreve:

«Os homens têm corpos longos com narizes proeminentes e bocas como as das corujas», as mulheres «prendem o cabelo para cima, usam ganchos, têm decotes quadrados e corpetes expostos, usam blusas curtas e saias longas com dois ou três arcos por baixo e muitas vezes levam um xaile a cobrir as suas cabeças.»

Explosão | Taiwan revela morte de menina ocorrida em Macau

A informação da morte da menina de dois anos em Macau apenas foi confirmada pelos Serviços de Saúde (SS), depois de ter sido revelada, em primeira mão, pelos órgãos de comunicação social da antiga Formosa. Os SS consideram que atenderam a “todas as necessidades” da vítima e da família em tempo útil

 

Faleceu a menina de dois anos que tinha sido atingida por detritos projectados por uma explosão em Taiwan. Apesar do óbito ter acontecido na sexta-feira, no Centro Hospitalar Conde São Januário, a informação foi divulgada na noite de quarta-feira pelos órgãos de comunicação social de Taiwan.

O caso remonta a 13 de Fevereiro, quando uma família com sete elementos de Macau estava a fazer turismo em Taichung e foi atingida por vários objectos projectados para a rua, devido a uma explosão no 12.º andar de um centro comercial. Nesse dia, foram declarados mortos dois residentes, os avós da família. Contudo, a menina de dois anos, neta das outras vítimas mortais, ficou em coma, com lesões cerebrais, ligada à máquina e a lutar pela vida.

A menina foi transportada para Macau a 26 de Fevereiro, permanecendo sempre em coma, e internada no Centro Hospitalar Conde São Januário. Na sexta-feira à noite, 7 de Março, acabou por falecer. A informação foi comunicada aos meios de comunicação social de Taiwan pelo homem que no dia do acidente ajudou a transportar a menina de urgência para o hospital.

No entanto, a informação do óbito não foi comunicada em Macau. A informação apenas foi tornada pública, depois notícia ter sido avançada pelos órgãos de comunicação social de Taiwan, onde o caso ainda está a ser investigado e promete muitos desenvolvimentos, pela necessidade de serem apuradas responsabilidades sobre o acidente e pagas as compensações às famílias das vítimas. Do acidente, no que diz respeito a vítimas de Macau, resultaram outros quatro feridos que recuperaram sem problemas.

Atrás do prejuízo

Com a informação dos órgãos de comunicação social de Taiwan a ser divulgada nas redes sociais, e a chegar a alguns órgãos de comunicação social locais, os Serviços de Saúde acabaram por emitir um comunicado, na madrugada de quinta-feira, em chinês. A informação em português apenas foi disponibilizada de manhã.

“Os Serviços de Saúde informaram que, após a obtenção do consentimento da família, foi agora anunciado que a menina de Macau que ficou ferida na anterior explosão de gás em Taichung morreu no Hospital Conde de S. Januário no dia 7 deste mês”, foi confirmado.

As autoridades defenderam ainda a qualidade dos serviços prestadas à vítima e à família: “Os Serviços de Saúde manifestaram profundo pesar pela morte da menina e apresentaram as mais profundas condolências à sua família, também foram prestados apoio emocional e serviços de aconselhamento aos familiares e atendidas as suas necessidades em tempo útil”, foi acrescentado.

Críticas online

Com a notícia do óbito por parte dos órgãos de comunicação de Taiwan, surgiram vários comentários online a lamentar o sucedido e a desejar as condolências à família.

No entanto, a postura do Governo e dos órgãos de comunicação social de Macau foi igualmente alvo de várias críticas, face à incompreensão pelo facto do desfecho deste caso, que foi altamente mediático, apenas ter sido conhecido através dos órgãos de comunicação social de Taiwan.

Em alguns dos grupos de conversação mais populares do território em chinês tradicional lamentava-se a falta de transparência do Governo da RAEM e a falta de vontade dos órgãos de comunicação social para noticiarem eventos fora da agenda do Governo.

DSAL | Vagas de trabalho no Shake Shack e Barbie Love

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três sessões de feiras de emprego, disponibilizando um total de 224 vagas, nos dias 20, 21 e 24 de Março, para os sectores da restauração, comércio a retalho de vestuário e supermercados, administração predial e limpeza.

Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 19 de Março.

A primeira sessão está marcada para a manhã de 20 de Março, com a oferta de 80 vagas para trabalhar nos restaurantes Shake Shack e no yum cha Êxito, na Rua da Cantão, para as funções de chefe de loja, cozinheiro, assistente de cozinheiro e empregado de restauração. Na tarde do mesmo dia, serão disponibilizadas 14 vagas para chefe de loja, vendedor e empregado de armazém em duas lojas de vestuário desportivo.

Na manhã do dia seguinte, será a vez dos sectores da administração predial e limpeza, com 83 vagas para supervisor de atendimento ao cliente, oficial de manutenção de instalações prediais, porteiro, varredor de rua e trabalhador de coleta de lixo.

Na manhã de 24 de Março, serão oferecidas 47 vagas para trabalhar nos supermercados “Barbie Love” e do “Supermercado San Fa Seng” para as funções de operador de caixa, arrumador de prateleiras, empregado de armazém, embalador de frutas e legumes e cortador de carnes. As três sessões vão decorrer no Edifício da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2-6.

Combustíveis | Pedida nova equipa para controlar preços

A associação Poder do Povo, presidida por Lam Weng Ioi, afirma que os produtos e serviços derivados do petróleo têm preços excessivos no território e pede uma supervisão séria por parte das autoridades

 

A associação Poder do Povo defende a criação de um grupo de trabalho para controlar as flutuações dos preços ligados aos produtos derivados do petróleo em Macau. A posição foi tomada pelo presidente Lam Weng Ioi, através de uma carta entregue na sede do Executivo.

De acordo com a mensagem divulgada ontem, a associação considera “evidente” que os preços precisam de ser regulamentados porque “se mantêm” sempre “muito elevados”, com uma média superior a 14 patacas por litro de gasolina, apesar do preço do crude sofrer várias flutuações.

Na perspectiva da associação dirigida por Lam, a necessidade de supervisão fica ainda mais clara, quando actualmente os preços praticados são muito semelhantes aos que eram cobrados em outras alturas quando o preço do petróleo era muito mais alto. “O aumento dos preços destes bens de primeira necessidade está invariavelmente a aumentar os encargos da população”, é argumentado.

Por isso, a associação Poder do Povo sugere um grupo para “monitorizar e controlar os preços” dos derivados do petróleo, e em principalmente aqueles dos bens ou serviços com maior impacto na vida da população, como o preço dos combustíveis, transportes, comunicações e electricidade. “As empresas relevantes devem ser sujeitas a licenciamento e supervisão”, foi indicado.

A associação indica também que as empresas “que exploram serviços públicos devem ser obrigadas a divulgar informações sobre os preços e a limitar os seus lucros, devendo os seus dados financeiros ser auditados e publicados”. “O Governo deve avaliar os preços e o desempenho operacional das empresas em causa e rever regularmente as licenças, bem como introduzir mais concorrentes através de concursos públicos regulares”, foi acrescentado.

Luta eterna

Também na carta a associação se insiste numa das suas principais bandeiras, o controlo da emissão de autorizações para trabalhadores não residentes.

“De acordo com as queixas dos nossos membros, algumas empresas controladas ou fiscalizadas pelos serviços públicos, como parques de estacionamento ou outros serviços subcontratados pelos serviços públicos, estão cheias de trabalhadores não residentes, para trabalhos como limpezas, gestão de condomínios e até engenharia”, foi indicado.

“Não apoiamos a discriminação dos trabalhadores não residentes, mas o Governo deve tomar a iniciativa de incentivar estas empresas a contratarem mais trabalhadores residentes, principalmente na situação económica actual”, foi frisado. “A prioridade dos trabalhadores locais no acesso ao emprego não deve ser apenas um slogan vazio”, foi concluído.

Jardim da Flora | Pista de gelo concluída este mês

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelou que as obras de construção de uma pista de gelo para crianças no Jardim da Flora vão ser concluídas neste mês. A revelação foi feita durante um colóquio sobre assuntos comunitários da Freguesia de São Lázaro, na quarta-feira.

Segundo o jornal Ou Mun, os representantes do IAM explicaram que antes de ser uma pista de gelo, o local era um labirinto com plantas. Como este espaço foi danificado pelo sol e chuvas intensas, ao mesmo tempo que outras construções impediram a construção de abrigos para a vegetação, o IAM decidiu instalar ali uma pista de gelo com 450 metros quadrados.

Os representantes do IAM explicaram também que na fase actual ainda estão a corrigir alguns defeitos nas obras e que numa fase posterior, quando estiver garantida a segurança, a pista vai estar aberta ao público.

Macau Pass | Troca de cartão polémica devido a cobrança

Depois de um idoso se queixar de lhe terem pedido 50 patacas para trocar o Macau Pass, o Governo afirmou que a partir de hoje não há cobranças, depois de anunciar que a troca era gratuita. Quanto ao pedido para assinar listas para as eleições, o Executivo garantiu ao HM que se tiver conhecimento de irregularidades encerrará postos de troca de cartões

 

Depois de uma queixa na segunda-feira de que uma idosa terá sido convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando trocava o cartão Macau Pass para idosos para participar no Grande Prémio do Consumo numa associação local, ontem o processo voltou a conhecer um novo episódio.

Mais uma vez, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, um idoso queixou-se de lhe ter sido cobrado 50 patacas para trocar o cartão Macau Pass para Idosos que permite participar no programa de descontos e incentivo ao consumo Grande Prémio do Consumo. O caso ocorreu numa loja da Macau Pass onde o funcionário terá informado o residente de que se fizesse a troca num dos cerca de 60 postos de troca em serviços sociais e associações locais o serviço seria gratuito.

Recorde-se que no final da semana passada, no dia em que começou a troca de cartões, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) emitiu um comunicado a informar que “o tratamento das formalidades de substituição” dos cartões era gratuito. Também o pedido de um cartão temporário não teria encargos. “Caso os idosos necessitem de utilizar o cartão durante o período de substituição, a Macau Pass fornecer-lhes-á gratuitamente um cartão de utilização temporária”, mesmo nos centros de serviços da Macau Pass.

Depois da queixa, a DSEDT esclareceu que as 50 patacas cobradas seriam devolvidas no saldo do novo cartão. Além disso, o Governo negociou com a Macau Pass para, a partir de hoje, terminarem a pré-cobrança de taxas para trocar os cartões.

Perninha eleitoral

Além da cobrança de 50 patacas, a troca de cartões e o pedido de cartões temporários que se faz exclusivamente nas lojas da Macau Pass tem sido criticada pelas longas filas que tem gerado. O deputado Pereira Coutinho foi uma das vozes que denunciou a situação.

Por outro lado, quando o serviço de troca de cartões decorria apenas há três dias úteis, uma residente alegou que a sua avó foi convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando tentava trocar o cartão Macau Pass para idosos numa associação local.

O HM contactou todos os serviços públicos envolvidos (Instituto de Acção Social, Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa e DSEDT), para saber se estaria em curso alguma investigação relacionada com acções eleitorais durante as trocas dos cartões para idosos, e quais as consequências, e só obteve resposta da DSEDT. O organismo liderado por Yau Yun Wah começou por referir que a DSEDT organizou sessões de formação e esclarecimentos para “as entidades colaboradoras em relação aos procedimentos de substituição de cartões para idosos”.

Além disso, a DSEDT afirmou ter elaborado “Orientações de operação e confidencialidade” e solicitou “aos funcionários de todos os postos de serviços que as cumprissem rigorosamente”.

Em relação ao pedido para assinar proposituras de candidaturas durante a troca de cartões, a DSEDT salienta ter “lembrado aos seus funcionários que se devem conformar com as orientações para prestar assistência aos residentes na substituição de cartões, limitando-se apenas o serviço disponibilizado ao de substituição de cartões”. Comunicação que a DSEDT garantiu ao HM, num e-mail enviado ao fim da tarde de quarta-feira, ter sido reiterada “há alguns dias”.

Em relação a possíveis consequências de aproveitamento eleitoral de associações no trabalho de substituição de cartões, o Governo garantiu ao HM que estará atento. “A DSEDT continuará a fiscalizar todos os postos de serviços, e caso verifique a violação das orientações em qualquer um destes, cessará, de imediato, o serviço de substituição de cartões disponibilizado pelo posto de serviço envolvido”, foi acrescentado.

“Duas Sessões” | Sam Hou Fai promete “acções concretas”

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, promete a realização de “acções concretas” em Macau para “transformar o espírito das ‘Duas Sessões'” e as palavras dos dirigentes chineses em acções práticas, defendeu ontem num discurso proferido na Sessão de Transmissão do Espírito das “Duas Sessões” da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) deste ano.

Sam Hou Fai disse que as mensagens transmitidas nas “Duas Sessões” irão “abrir de forma incansável novos horizontes de desenvolvimento para Macau no contexto de participação e apoio à modernização ao estilo chinês, contribuindo, assim, de maneira ainda mais significativa para a construção de um grande país e para a revitalização nacional”.

Pretende-se, por exemplo, “introduzir novos conceitos de governação, aperfeiçoar as formas de acção governativa e intensificar a comunicação e cooperação com a sociedade”, implementando “plenamente o princípio de ‘Macau governada por patriotas'”. O governante adiantou ainda que serão tiradas ilações para “aprofundar a reforma da Administração pública, reforçar a coordenação e a concertação, e elevar de forma abrangente a eficácia governativa”.

No tocante à economia, a diversificação continua a ser o principal objectivo. “Iremos adoptar uma nova mentalidade com esforços mais intensificados e medidas mais pragmáticas que acelerem e promovam a diversificação adequada da economia, a fim de alcançar novos avanços e novos resultados”, disse.

Economia | Lei Chan U pede explicações sobre turismo de saúde

O deputado dos Operários pede ao Executivo que apresente as medidas que vai adoptar para fomentar a indústria do turismo de saúde, que é vista como um dos pilares da diversificação económica

 

O deputado Lei Chan U pretende que o Governo apresente as medidas que vão ser adoptadas para concretizar a política de exploração do turismo de saúde. A pergunta faz parte de uma interpelação escrita, e surge depois do Hospital das Ilhas ter entrado em funcionamento, em Setembro do ano passado.

Segundo o deputado, o Executivo indicou que o caminho para explorar o turismo de saúde passava pela criação de parcerias entre as autoridades, as concessionárias de jogo e os diferentes serviços médicos. Contudo, legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que é necessário disponibilizar mais informação sobre o que realmente se pretende para o sector e como se vão concretizar os objectivos: “Qual é o ponto de situação sobre o aproveitamento do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital como catalisador para atrair mais turistas de saúde e promover o desenvolvimento deste sector em Macau?”, questiona o deputado dos Operários. “E que medidas concretas foram adoptada pelo Governo para efectivamente aplicar esses planos?”, acrescenta.

Segundo o entendimento de Lei Chan U, com o Hospital das Ilhas em funcionamento desde Setembro de 2024 é necessário “reforçar gradualmente o seu papel e as suas funções na promoção do desenvolvimento do sector”.

Hospitais de dia

Além de pedir na interpelação escrita que se passe do papel à realidade, Lei Chan U questiona o Executivo sobre os planos para criar os chamados “hospitais de dia”.

Inicialmente apresentada no ano passado, a ideia passa por criar novas unidades de saúde no sistema de licenciamento, que ocupem uma função intermédia, entre as clínicas e os hospitais. De acordo com os moldes apresentados, e citados por Lei Chan U, a criação das novas unidades de saúde implica a alteração do regime de licenciamento das instituições de saúde. E o Governo prometeu uma nova consulta pública neste sentido. Porém, ainda não se verificaram desenvolvimentos. Como tal, Lei pede um ponto da situação: “A Administração indicou que vai lançar uma consulta pública sobre o aumento do número de licenças para os hospitais de dia no primeiro trimestre de 2025. Qual é o ponto da situação dos trabalhos preparatórios da consulta pública? Quando está previsto o início da consulta pública?”, interroga.

Apresentado como um dos grandes projectos na área da saúde em Macau, o Hospital das Ilhas abriu no ano passado, em Setembro. No entanto, ao contrário do que chegou a ser esperado não é um hospital público, e a gestão foi entregue a uma entidade privada, o Peking Union Medical College Hospital. Quando pretendem utilizar estes serviços, os residentes têm de pagar como qualquer turista ou outro cliente. A única forma de serem atendidos em condições iguais às do sector público acontece quando os residentes são encaminhados para este hospital pelos Serviços de Saúde.

IC | Lançado livro sobre as raízes históricas da Rua das Estalagens

“In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens” é o nome da obra bilingue, lançada em formato digital, que conta a história desta rua histórica de Macau, revelando os negócios que sobreviveram à passagem do tempo. A produção esteve a cargo da Sociedade de Artistas de Macau, com o apoio do Instituto Cultural e da Sands China

 

A história serpenteia pela Rua das Estalagens desde finais do século XIX. A estreita artéria sempre foi palco de um intenso reboliço social e comercial e foi onde Sun Yat-sen, considerado o pai da China moderna e da revolução republicana, abriu farmácias e drogarias, sobretudo a partir de 1893. Ao longo dos anos, a Rua das Estalagens, no Porto Interior, foi um exemplo vivo do comércio, sendo que os governadores portugueses foram, progressivamente, expandindo a rua, composta por edifícios do estilo chinês e templos, como o Templo do Bazar e Templo da Deusa Noi Wo.

Todos estes pedaços de história se contam agora na publicação digital “In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens”, obra produzida pela Sociedade dos Artistas de Macau e de autoria de Siguo Chen nos textos e ilustrações de Shirley Lu. Os responsáveis pela edição são o Instituto Cultural (IC) e a operadora de jogo Sands China.

Segundo uma nota de imprensa da Sands China, o livro, em chinês e inglês, pretende “destacar o passado fascinante da histórica rua de Macau e a beleza do seu legado”, contendo entrevistas com figuras ligadas à rua, sejam comerciantes ou moradores. Pretende-se, deste modo, levar “residentes e visitantes a redescobrir a preciosidade das lojas centenárias e o património cultural da rua através de histórias lendárias”, para que estes possam “alargar a sua compreensão sobre a transformação do bairro e dos seus habitantes”.

O conteúdo do livro resulta de “conversas próximas com representantes de associações, entidades empresariais e residentes do bairro”, tendo como fonte dezenas de histórias orais que facilmente se podem perder se não forem registadas. Esta obra não fica encerrada no mundo digital, tendo sido impressa para constar nas bibliotecas públicas de Macau e escolas, a fim de “promover o sentido do património cultural e realçar os laços mútuos entre as pessoas de Macau”, pretendendo ser “um recurso comunitário valioso para aprofundar a compreensão e a apreciação de Macau e da rua”.

200 anos de história

Um dos destaques dado no livro é ao sector têxtil que sempre predominou na Rua das Estalagens. No capítulo intitulado “Two Centuries of Prosperity: Spinning a Legacy in the Textiles Trade” [Dois séculos de prosperidade: A construção de um legado no comércio de têxteis], lê-se que “a Rua das Estalagens sempre foi um centro para a indústria têxtil”. Nos anos em que o sector têxtil tinha uma maior presença no território, entre as décadas de 70 e 90, “a rua albergou mais de 20 lojas com produtos de fábrica, incluindo três espaços da Loja de Fazendas Veng On”. “Em seu redor existiram 30 negócios relacionados com estas lojas, como alfaiates, lojas de roupa, lojas com produtos ocidentais e lojas de ornamentos para funerais, o que trouxe reputação à rua”, lê-se ainda. Na Rua das Estalagens “o comércio de tecidos tem mais de 200 anos”, aponta o mesmo texto.

Outros capítulos do livro falam da presença do revolucionário republicano em Macau, em “The Starting Point of Sun Yat-sen’s Story” [O Ponto de Partida da História de Sun Yat-sen] ou estórias de personalidades ligadas à rua e ao seu comércio.

Na conclusão da obra, refere-se que depois da transição, a rua “enfrentou novos desafios: a crise financeira global, a epidemia da SARS, a covid-19 e a incerteza da economia, deixando novamente a necessidade de renovação”.

“No passado, os negócios floresceram, por si só, graças ao trabalho árduo e resiliência. Mas hoje em dia a comunidade junta-se com uma visão partilhada, planeando de forma activa [o desenvolvimento da rua] com o apoio do Governo de Macau e as empresas de resorts integrados. Com estes esforços, existe um sentido de esperança que a Rua das Estalagens recupere brevemente a sua antiga vitalidade, estando pronta para uma nova era de prosperidade”, é apontado.

Visão institucional

A presidente do IC, Deland Leong Wai Man, apontou que o livro resulta do “esforço ponderado para alargar a discussão em torno da preservação e revitalização [da rua]”, segundo a mesma nota de imprensa. “Espera-se que a renovação da rua inspire mais pessoas a tomar conhecimento dos bairros históricos de Macau e a participar na sua preservação, combinando ideias e recursos para garantir que a cultura e a história da cidade continuem a prosperar durante gerações”, disse ainda.

Por sua vez, Wilfred Wong, presidente-executivo da Sands China, defendeu que “a Rua das Estalagens é um microcosmo da própria Macau, um lugar onde uma história rica se encontra com um futuro moderno”.

“As paredes das suas ruelas testemunharam a transformação de Macau, e as suas histórias e pessoas merecem ser recordadas, pois são fontes preciosas do património cultural de Macau. O nosso esforço para publicar o livro foi possível graças à colaboração da nossa equipa local para realizar entrevistas com proprietários de lojas históricas, criar ilustrações e tirar fotografias, entre outros trabalhos”, frisou.

Fachadas novas

Recorde-se que esta publicação surge depois de ter sido anunciado pelo Governo a actuação da Sands no plano de revitalização da Rua das Estalagens, nomeadamente com o “Programa de Recrutamento de Empreendedores para a Rua das Estalagens”, lançado em Abril do ano passado.

A operadora de jogo explica que os sete negócios seleccionados para a iniciativa “têm vindo a abrir por fases, trazendo energia para a zona juntamente com outros novos negócios, proporcionando uma plataforma para jovens empresários ambiciosos poderem realizar os seus sonhos”.

Além disso, a operadora de jogo pretende revitalizar as fachadas das lojas “com desenhos que realçam as suas características, ressoando a história da rua e da cidade”. Para esta iniciativa, a Sands também tem colaborado com a Sociedade de Artistas de Macau, sendo que os desenhos serão criados por dois jovens artistas locais, Lei Chek On e Sit Ka Kit.

“O objectivo é que, com um esforço colectivo como este, a comunidade possa redescobrir a história da rua e aprender sobre as suas histórias e lojas passadas através das interpretações visuais destes artistas locais de Macau e das suas percepções do território”, lê-se.

Siguo Chen, o autor do livro, é um jornalista veterano com uma carreira de mais de 60 anos que tem estado profundamente ligado à área de media tanto em Macau como em Hong Kong.

EUA | Japão lamenta imposição de tarifas sobre o aço

O Japão lamentou ontem ser alvo das tarifas aduaneiras de 25 por cento sobre o aço, impostas pelos Estados Unidos, alertando que as barreiras alfandegárias podem ter um impacto considerável nas ligações económicas.

O porta-voz do Governo de Tóquio, Yoshimasa Hayashi, disse “ser lamentável” que o Japão não tenha conseguido a isenção nas tarifas sobre o aço e o alumínio, em vigor desde ontem, marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais.

Além do Japão, União Europeia, Canadá, China e Austrália são afectados por esta medida, e o objectivo declarado do Presidente norte-americano, Donald Trump, passa por proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que tem visto a produção diminuir de ano para ano face a uma concorrência cada vez mais forte, particularmente da Ásia (ver página 11).

Os Estados Unidos importam cerca de metade do aço e do alumínio utilizados no país, para sectores tão variados como as indústrias automóvel e aeronáutica, a petroquímica e os produtos de consumo básicos, como os enlatados.

Hayashi disse ainda que o aço e o alumínio japoneses não comprometem a segurança nacional dos Estados Unidos e que os produtos japoneses são de alta qualidade, difíceis de substituir, reforçando a competitividade da indústria transformadora norte-americana.

“As medidas de restrição comercial adoptadas pelos Estados Unidos vão ter provavelmente um impacto considerável nas relações económicas entre o Japão e os Estados Unidos, bem como no sistema comercial multilateral”, advertiu ainda o porta-voz, sem mencionar eventuais represálias.

Sem escape

No início da semana, o ministro do Comércio japonês, Yoji Muto, deslocou-se a Washington para tentar obter uma isenção da Administração norte-americana, mas sem êxito. O Japão exportou 31,4 milhões de toneladas de aço em 2024, incluindo 1,12 milhões de toneladas para os Estados Unidos, de acordo com dados das autoridades japonesas.

Este valor corresponde a 4 por cento das importações de aço dos Estados Unidos, sendo Tóquio o sexto maior fornecedor, atrás do Canadá, do Brasil e do México. Até 2022, o Japão obteve a isenção sobre os direitos de exportação, para os Estados Unidos, de 1,25 milhões de toneladas de aço, por ano.

Donald Trump ameaça também agravar as taxas sobre as importações de automóveis a partir de Abril. Trata-se de uma questão importante para Tóquio visto que, no ano passado, a indústria automóvel representou cerca de 28 por cento de todas as exportações japonesas para os Estados Unidos.

Durante o primeiro mandato, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já tinha imposto direitos aduaneiros de 25 por cento sobre o aço e de 10 por cento sobre o alumínio, numa tentativa de proteger a indústria americana sobretudo do centro e oeste norte-americanos.

Geogastronomia e a Inteligência Artificial

A complexa interacção destas perspectivas reflecte os debates mais amplos no mundo da culinária, abordando a forma como os sistemas alimentares podem evoluir respeitando as identidades culturais. A relação entre a geogastronomia e a IA é ilustrada através de vários estudos de caso inovadores.

Um exemplo convincente é o domínio da nutrição personalizada. As tecnologias emergentes utilizam a IA para analisar as preferências alimentares individuais, as métricas de saúde e as predisposições genéticas. Empresas como a Nutrigenomix utilizam a IA para adaptar os conselhos nutricionais com base na análise do ADN, dando ênfase a uma abordagem mais individualizada da alimentação que tem em conta tanto o contexto geográfico como a saúde pessoal.

Outro esforço notável é o desenvolvimento de cozinhas inteligentes. Empresas como a Samsung e a LG introduziram aparelhos de cozinha baseados em IA que ajudam na preparação de refeições e na sugestão de receitas.

Estes dispositivos inteligentes podem oferecer receitas personalizadas com base nos ingredientes disponíveis, melhorando a experiência culinária e reduzindo o desperdício alimentar. Esta inovação não só simplifica a preparação de refeições, como também incentiva os consumidores a explorar ingredientes locais e sazonais. Além disso, as plataformas baseadas em IA, como a Tock, permitem que os restauradores de cozinha analisem os dados dos clientes para melhorar o serviço e adaptar os menus à evolução das preferências.

Esta adaptabilidade, impulsionada pela percepção dos dados, ilustra a forma como a IA pode transformar os modelos de negócio tradicionais no sector da culinária, ao mesmo tempo que os enquadra no contexto geográfico da experiência gastronómica. Apesar dos desenvolvimentos promissores na intersecção entre a geogastronomia e a IA, persistem desafios e limitações significativos. As preocupações com a privacidade dos dados levantam questões éticas relativamente à informação dos consumidores.

À medida que a IA analisa os hábitos alimentares pessoais, a protecção destes dados torna-se fundamental. Existe também o risco de exacerbar as desigualdades no acesso aos alimentos se a tecnologia se tornar demasiado centralizada ou se os produtores mais pequenos não tiverem recursos para competir.

Além disso, a dependência de abordagens baseadas em dados pode ofuscar a importância da criatividade humana na cozinha. Embora os dados possam orientar a inovação culinária, a arte de cozinhar é muitas vezes uma questão de experimentação e instinto.

À medida que os chefes de cozinha adoptam ferramentas de IA, devem manter-se vigilantes para preservar a essência e a alegria da criatividade culinária. O futuro da geogastronomia e da IA depende de uma abordagem sinérgica que respeite tanto os avanços tecnológicos como as tradições culinárias. As iniciativas educativas centradas na integração dos estudos alimentares com a tecnologia podem abrir caminho a uma nova geração de profissionais de culinária equipados para navegar nesta paisagem em evolução.

As universidades e as escolas de culinária podem incorporar a formação em IA juntamente com a educação culinária tradicional para produzir chefes de cozinha bem preparados e familiarizados com ambos os domínios. Além disso, os esforços de colaboração entre os criadores de tecnologia, os chefes de cozinha e os agricultores podem conduzir a práticas mais sustentáveis.

Ao utilizar a IA para abordar o transporte de alimentos, a gestão de resíduos e as estratégias de aprovisionamento, as partes interessadas podem criar um sistema alimentar mais eficiente que respeite os sabores e as culturas locais. Finalmente, a implementação da IA na agricultura comunitária é promissora. As iniciativas de IA localizadas podem oferecer aos agricultores informações sobre dados climáticos, padrões de rotação de culturas e tendências de mercado, promovendo assim a resiliência contra os desafios ambientais.

Ao melhorar as redes alimentares locais, as comunidades podem tornar-se mais auto-suficientes, promovendo simultaneamente o rico património agrícola exclusivo das suas regiões. A intersecção entre a geogastronomia e a IA é um domínio dinâmico e cheio de oportunidades. Ao compreender a forma como os factores geográficos influenciam a cozinha e ao integrar tecnologias de IA, podemos promover a inovação culinária, respeitando simultaneamente o património cultural.

A sinergia entre tradição e tecnologia tem o potencial de redefinir a nossa paisagem culinária, abrindo caminho a práticas sustentáveis e a experiências gastronómicas melhoradas. Em última análise, à medida que este diálogo interdisciplinar prossegue, o mundo da culinária está na vanguarda da mudança transformadora, combinando o sabor com a tecnologia de uma forma que enriquece a nossa cultura alimentar global.