O Mistério da Irritabilidade

[dropcap]D[/dropcap]e onde vem a irritabilidade das pessoas? De onde nasce? Da impaciência, da frustração? Geralmente ando a pé pela cidade de Lisboa e sou confrontado muitas vezes com a impaciência dos peões em relação aos motoristas, quer seja pelo estacionamento que lhes corta a passagem – mas também não há onde estacionar –, quer seja por passarem já com o sinal vermelho. Na esquina da rua de São Bento com a Avenida Álvares Cabral, junto ao Largo do Rato, não poucas vezes assisto à fúria dos peões para com os motoristas, por estes estarem a passar no vermelho. Não há um mínimo de compreensão ou tentativa de o fazer. A situação é muito simples se analisada friamente: no Largo do Rato há vários semáforos e outras tantas direcções; os veículos que descem da Rua das Amoreiras ou da Avenida João XXI para a de São Bento têm os semáforos bastante afastados da passadeira do início da Rua de São Bento – onde os peões diariamente se enfurecem com os motoristas –, o que os leva muitas vezes a passarem o sinal no fim do amarelo e, devido a muitas das vezes terem de passar devagar por várias razões, acabam por cair em cima da passadeira como sinal verde para os peões. Por vezes, bastava que os primeiros peões esperasses dois segundos e tudo se resolvia, mas não é isso que acontece. Se o carro vem devagar, atravessam-se à frente, gesticulam e proferem impropérios, indignados por alguém não respeitar as regras do trânsito. Se o carro vem depressa, não atravessam, mas os impropérios e a gesticulação atingem o seu apogeu. Evidentemente, todos estes peões, que talvez não sejam motoristas ou quando o são cumprem todas as regras de trânsito, estão no seu direito de se indignar. Mas o que está em causa não é a indignação, mas a de saber se uma vida com correcção tem direito a agredir uma vida incorrecta? Neste caso particular é fácil de determinar o correcto e o incorrecto, não padecemos de subjectividade. Mais importante ainda do que saber se a vida correcta tem ou não direito de agredir a vida incorrecta – que evidentemente não tem, embora tenha o direito de se indignar –, é a de saber se quem tem uma vida correcta deve deixar-se perturbar por quem age incorrectamente. Pois parece-me claro que aqueles segundos de altercação afectam o ponto de vista das pessoas envolvidas. O seu humor fica alterado. Quem se alterca com outrem, a não ser que tenha prazer nisso – e há pessoas que têm prazer nisso –, vai ter o dia estragado ou, pelo menos, minutos ou horas depois do acontecido, dependendo do grau de altercação. No fundo, o que está aqui em causa não é sequer um ponto de vista da abnegação ou de perdoar os actos dos outros, mas de se auto-preservar, preservando o seu bem-estar. Esta entrega à irritabilidade, porque no fundo é disso que se trata, de irritabilidade, a pessoa irrita-se com a outra, e muitas das vezes por questões de nada, leva-nos a pensar o que está por detrás disto. Se a irritabilidade com uma situação ou com uma pessoa nos faz ficar perturbados durante um tempo, então porque nos entregamos a ela? Será que somos tão incapazes de agir em concordância com o que é melhor para nós ou a irritabilidade também nos traz ganhos? É apenas uma questão de auto-domínio?

O que é propriamente a irritabilidade? O dicionário diz-nos que se trata de uma resposta excessiva a um estímulo, levando-nos claramente no sentido da medicina. Por exemplo, uma irritação na pele é a resposta (excessiva) que a pele dá a um determinado alimento ingerido ou ao contacto com produtos nocivos (por exemplo, químicos) ou com um ambiente agressivo (por exemplo, fumo ou pó). Assim, a irritabilidade em relação a um acontecimento, a irritabilidade da alma, será um estímulo excessivo na alma em relação ao que se julga ser o justo e que é corrompido. De outro modo, a irritabilidade acontece porque sentimos em nós que o outro comete uma injustiça, um gesto incorrecto. Mas se em relação a uma irritabilidade da pele, nós nos protegemos, porque em relação à irritabilidade da alma a uma possibilidade dela acontecer não fazemos o mesmo? Porque somos tão vulneráveis à irritação? Será isso uma consequência da vida em enormes comunidades ou uma consequencial de se ser humano, independentemente do tamanho da comunidade onde se esteja inserido?

Quantas vezes ao dia somos confrontados com a irritação das pessoas, quer seja na vida “real” quer seja na virtual? É este aumento da irritação que legitima a pergunta acerca de qual o seu significado para o humano, se por detrás do mal evidente não estará também um bem que ainda não descortinámos, como se a irritação fosse uma espécie de equilíbrio, devido à constante frustração dos nossos dias, dos nossos quotidianos.
Aquela pessoa que profere impropérios contra outrem, que seja na passadeira de uma rua de Lisboa, quer se seja no mural do facebook de alguém, talvez mais do que agir devido a um descontrolo de si mesma, aja devido a uma reacção – ainda desconhecida – da sua alma, de modo a equilibrar a sua própria vida. Talvez a irritabilidade lhe seja nesse momento tão necessária quanto um comprimido contra a tensão arterial. Talvez a irritabilidade, contrariamente ao que julgamos, seja uma forma misteriosa de preservação. Talvez o irritar-se com outrem nos salve de um ataque cardíaco. Esta especulação, a confirmar-se, justificaria pelo menos porque é que alguém perde a sua própria vida com tolices. Pois o tempo que se perde na irritação, seja um bem ou um mal, é real e concreto. A nossa vida perde-se ali. Enquanto estamos irritados não fazemos outra coisa. Nem o que tínhamos para fazer, nem o que não tínhamos para fazer e poderia ser apenas não fazer nada. Assim, enquanto a irritabilidade permanecer um mistério, talvez seja preferir evitar entregarmo-nos a ela, porque a vida que se perde entretanto não é mistério nenhum. É a nossa vida.

Um rocambolesco rendez-vous com a história

[dropcap]O[/dropcap] redemoinho das imagens não é coisa apenas do nosso tempo, caro leitor. Recuemos vinte e três séculos e repare-se no modo como elas irrompem nos textos apocalípticos de “Daniel”, chegando quase a atropelar o relato dos acontecimentos: “Considerava eu, na minha visão nocturna, que os quatro ventos do céu se precipitaram sobre o grande mar. Surgiram do mar quatro grandes animais, diferentes uns dos outros” (7,2-3). Esses animais fabulosos são, logo a seguir, descritos um a um: o primeiro “era semelhante a um leão, mas tinha asas de águia”, o segundo era “semelhante a um urso”; o terceiro era parecido a “uma pantera que tinha sobre o dorso quatro asas de ave” e, por fim, o mais “aterrador”, tinha “enormes dentes de ferro (…) e dez chifres” (7,4-8)[*].

Ao lerem-se hoje estas palavras, fica-se a meio caminho entre aquela sensação de burlesco (tipo King Kong no cimo do Empire State Building com Fay Wray na palma da mão) e a possibilidade de tomar as alegorias a sério. Devo dizer, caro leitor, que já o fiz há uns tempos, quando me pus a desfibrilar um doutoramento. Uma década antes, precisamente, passou-se uma coisa na minha vida que me faz sempre evocar esta ‘terra de ninguém’ entre o burlesco e a mais severa das gravidades. Eu conto.

Lembro-me que o dia ia avançado – umas três grolsch com gargalo de pirolito e um gorduroso frikandel enchiam as horas –, quando ouvi o telefone. Era a televisão (holandesa). No dia seguinte, tive que me levantar cedíssimo e lá voei com os operadores de câmara e o ensonado jornalista que fazia um dos programas de actualidade mais vistos na altura (esqueci-me completamente do nome dele). Ali ia eu como tradutor escolhido à pressa, depois de várias tentativas, em Hilversum, para encontrar alguém que não deixasse fugir aquele encontro com a “História” que a AVRO (o nome do canal) tinha subitamente descoberto.

Só soube do que se tratava, quando nos alojámos numa das salas privadas do aeroporto Charles de Gaulle. O entrevistado que, umas horas depois, apareceu na minha frente era um alto responsável da polícia de S. Paulo que estava em discreto trânsito a caminho da Alemanha.

Era um homem alto e magro. Uma seta de marfim com os pés espetados na terra e umas sibilantes que fariam vibrar as raízes dos coqueiros. O cinto apertado dividia-lhe o corpo em dois como se fosse uma almofada de penas atada ao meio por um fio de nylon. Andava com os pés virados para fora e o cabelo liso de risca ao meio levantava no ar uma caligrafia eléctrica. Era um hímen expressivo que avançava com passos curtos, moldando tudo com palavra líquida e aconchegada. Sorria com vapores de sapo de boca larga (e, sim, sim, parecia-se realmente com o personagem de Daniel com os seus “enormes dentes de ferro”).
Na sua maleta metalizada, levava nem mais nem menos do que os presumíveis ossos do nazi Josef Mengele que iriam ser sujeitos a testes de DNA. Lembro-me bem do contraste entre o calvinismo austero do jornalista holandês e o humor desbragado e despropositado do brasileiro. Nunca mais soube nada acerca desta história que se passou há mais de três décadas.

Os acasos, caro leitor, têm sempre unhas de gel: destapam o que parece tapado. Por vezes parecem feitos à medida das nossas memórias mais bizarras. Foi o que me aconteceu, quando, há dias, li uma notícia que dava como certo que os ossos de Mengele tinham passado a ser usados no Brasil em aulas de medicina forense. A iniciativa teria pertencido ao director do Departamento de Medicina Legal da Universidade de S. Paulo, Daniel Romero Muñoz, que, em meados dos anos oitenta, liderou a equipa que identificou o cadáver de Mengele.

Como é sabido, Mengele foi um dos facínoras nazis que, logo após a II Grande Guerra Mundial, conseguiu fugir para Argentina e depois para o Paraguai, tendo-se fixado no Brasil em 1960. Segundo rezam as crónicas, morreu afogado na praia de Bertioga em 1979 e foi enterrado em S. Paulo com um nome falso. Passados poucos anos, devido à intercepção de uma carta do casal alemão que enterrou Mengele com o nome de Wolfgang Gerhard, a verdade veio ao de cima. Daí que, em 1985, o cadáver tivesse sido finalmente exumado e, depois de longa pesquisa, a equipa multinacional que na altura se formou chegou à conclusão que se tratava mesmo do corpo de Mengele.

Foi no decorrer destas perícias que eu voei de Amesterdão para Paris e servi de tradutor à AVRO. Houve, no entanto, caro leitor, um pequeno acontecimento que fez desse dia um dia King Kong.

Quando já nos despedíamos nos corredores do aeroporto, fiquei a sós por momentos com o polícia que, com o seu ar afilado de seta de marfim, me murmurou aos ouvidos por duas vezes: “Isto são ossos de cachorro, isto são ossos de cachorro”. E de seguida rematou: “Os verdadeiros já voaram, já voaram”. Vi-o depois a desaparecer no meio da multidão, ia de costas, cada vez mais pequeno, e imitava com a mão a forma de um avião. O cinto apertado dividia-lhe o corpo em várias escarpas, os pés a serpearem mistério e a cabeça a esfumar-se até se confundir com uma seta, ou com uma lâmina afiada.

Na narrativa de Daniel, a vitória do “filho do homem” sobre as quatro “bestas” funcionava como alegoria para os males terríveis do mundo que, de modo iconográfico, se iam assim expiando. No desfecho da narrativa que pôs o polícia fuinha de S. Paulo a expelir sibilantes no Charles de Gaulle, a alegoria gestual soube-me a fel. Não saberei bem dizer porquê.

Talvez porque conseguir, ao mesmo tempo, dizer a verdade e confundir os sentidos é atracar em ‘terra de ninguém’ (nesse limbo entre o King Kong burlesco e a gravidade da circunstância). Foi aí, em terreno instável, que esta minha história se ficou. Sem âncora alguma. Até porque, para o bem ou para o mal, o apocalipse não passa disso mesmo: de uma visão. E uma visão é coisa que existe por si, sem precisar seja do que for que a explique. O autor anónimo dos textos de Daniel sabia-o bem.

[*] Daniel, Antigo Testamento em Bíblia Sagrada, Difusora bíblica, Lisboa, 2000, Pp.1421-1451.

A Desordem e o Ódio

[dropcap]É[/dropcap] famosa a fúria de Samora Machel quando descobriu que afinal Mutimati Barnabé João (autor de “Eu O Povo”) fora uma invenção de António Quadros e não um guerrilheiro frelimista, morto em combate.

Percebe-se mas denota a ingenuidade do líder moçambicano, nesta matéria. Não se fazem bons poemas por ordem e graça do Espírito Santo. E a poesia não brota da sageza, da espontaneidade, ratice ou boa vontade, mas do domínio, técnico, e duma feliz dosagem entre as valências da memória e da imaginação, e quando a uma certa tradição retórica se conjuga a circunstância e a oportunidade. Ademais, por gracioso que seja António Aleixo não se compara a Fernando Pessoa.

Durante o regime socialista, como aconteceu nos outros países da mesma feição política, Moçambique foi habitado pelo dogma de que toda a gente era poeta ou artista. O que é confundir os iguais direitos que a todos cabe a montante com o que cada um faz disso a jusante.

Do mesmo modo que não me tornei cientista atómico nem escultor, a poesia não é para todos. Embora continue a haver muitos mais imitadores de poetas do que poetas.

O Cartier-Bresson fez dos mais notáveis enquadramentos da fotografia do século xx porque tinha atrás de si um curso de pintura – arte a qual abdicou, depois de ter interiorizado toda a história da disciplina. Não nasceu do nada aquele “vício natural” de enquadrar as fotos como se cristalizasse num clic a harmonia condensada de um universo.

Sim, o desejo é capaz de produzir objectos ou acções que transmutam o saber em novas formulações ou relações, mas para isso é necessário sublimar algo já existente, seja da ordem da sexualidade, duma crença ou de qualquer repertório técnico-discursivo.

Vale o mesmo para a rebeldia política, como movimento capilar, se por um lado fascina o apelo romântico da luta hoje é um crime abstrairmo-nos da história política dos últimos cem anos, pois esta destruiu a idade da inocência, e não foi só para os militantes.

Já estes caracterizam-se por presumirem uma unidade formal para a luta por via de uma transcendência – personificada no comité central do partido, ou nos dogmas da ideologia ou do nacionalismo, como realidades superiores. Depois, com mais ferocidade acrescida exercem as suas tarefas de organização e de exterminação. E os fins valem sempre os meios.

Sempre preferi os rebeldes, aquele que actualizam uma potência sem o filtro de uma filiação, que a uma necessidade visceral de justiça ou de mudança aliam uma causa concreta ou uma reavaliação dos valores. O que por vezes deu mudança de paradigmas, como em Maio de 68.

Mas isso assusta. Daí que Carvalho da Silva, o antigo dirigente sindical, tenha dito sobre os “coletes amarelos”:

“Não há democracia sem estruturas de mediação, os sindicatos, como muitas outras organizações, existem para representar interesses específicos, e a quem a sociedade pode responsabilizar; nestes movimentos inorgânicos perante a ausência de estruturas de mediação, isso torna-se uma bagunça e nega a democracia”.
É uma evidência que a democracia pode ser a primeira vítima do seu próprio sucesso mas esta será uma forma simplista de colocar as questões.

Como não simpatizar com os “coletes amarelos”?

Ainda que a sua força seja a sua fraqueza: a sua recusa de líderes e porta-vozes é eficaz (já foi) numa acção pontual, em prolongando-se pode cair na indistinção e na instrumentalização por grupos radicais.

Macron começou arrogantemente e afinal a sua inflexão neo-liberal dobrou como o junco diante da violência da realidade. Agora, dada a capilaridade da comunicação hoje em dia e os contágios que daí advêm é de perguntar se a reivindicação de que Macron abdique não terá já uma dedada da extrema-direita.

Em Portugal o movimento tem a sua primeira manifestação marcada para esta semana. O poder está apreensivo – foi de cem euros, a cedência de Macron no aumento do ordenado mínimo – e curiosamente a UGT e a CGTP já se colocaram de fora das reivindicações. Não querem estar “fora do sistema”, serem considerados arruaceiros.

Entretanto, o que mais desconcerta e ninguém quer pensar é a atmosfera de uma crispação latente que borbulha quer nas redes sociais, quer no descontrole com que num ápice os comentários dos leitores nos jornais se aproximam da arbitrariedade do ódio. É um sintoma acabrunhante.

O ódio toma conta das sociedades. Com profetas eleitos: Trump e Bolsonaro, que elevaram à legitimidade a arbitrariedade, o espírito arruaceiro e a impunidade. Tudo o que é arcaico, as pulsões mais retrógadas têm agora uma âncora para se assumirem sem vergonha.

A notícia mais simples e anódina é trampolim para exercícios de picardia e de desqualificação mútua entre os comentadores, o objecto da notícia não passa de um pretexto.

Na semana passada, António Lobo Antunes deu uma entrevista em que se afirmava a favor de uma só nação ibérica. Com raras excepções não se trocaram argumentos nos comentários que se lhe seguiram, não se discutiu uma ideia; antes se amontoaram as notas denegridoras sobre o escritor, as sentenças e a condenação sem freio que roça o ódio.

Todavia, há vinte anos, se um Virgílio Ferreira, um Eduardo Lourenço, um Prado Coelho, uma Agustina ou o Abelaira, manifestavam uma ideia considerada controversa havia em primeiro lugar uma suspensão da opinião. Se aquela criatura dizia tal, ponderava-se, porque a autoridade de milhares de páginas escritas por aquele autor pesava.

Agora há uma manifesta falta de humildade e a sentença de um mecânico de automóveis, de um marceneiro, de um polícia, de uma empregada doméstica, de um trolha, de um enfermeiro, parece equivaler-se à de um escritor consagrado. Também as democracias liberais caíram na distorção do socialismo e confundem o justo direito à igualdade a montante com a propriedade da opinião a jusante. Todos pensadores de primeira água, todos são poetas e artistas.

E entretanto esconde-se um fascista não declarado entre cada três comentadores.

Cinema | “Caminhos Longos” de António Lemos Ferreira recorda Macau dos nos 50

O realizador António Lemos Ferreira esteve no território para apresentar o documentário “Caminhos Longos” no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge. O filme traz ao ecrã as imagens feitas no território pelo seu pai em 1957, numa narrativa que se cruza com o regresso do cineasta a Macau, quase 60 anos depois de ter partido

 

[dropcap]“C[/dropcap]aminhos Longos” é o filme realizado por António Lemos Ferreira que traz ao ecrã a Macau dos final dos anos cinquenta numa história que cruza o passado familiar do cineasta. A película esteve em exibição no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge e, de acordo com o realizador, o objectivo agora e que seja um presente para os moradores, tendo distribuido várias cópias por associações locais.

O filme tem origem em 1955, altura em que o pai de António Lemos Ferreira realizou a película homónima que veio a desaparecer anos depois. “Durante muitos anos foi o primeiro e único filme que existia acerca do território, mas acabou por desaparecer”, conta António Ferreira ao HM.

Mas, as imagens recolhidas pelo pai do realizador não se limitaram ao filme. “Dois anos mais tarde, em 1957, filmou-me a mim, filmou a cidade, principalmente a vista da torre da Guia, filmou a família e mesmo alguns dos seus alunos do tempo em que dava aulas no Colégio Dom Bosco”, refere. “Lembro-me que o meu pai foi comprar a bobine de 8mm a Honk Kong que na altura custaria meio ordenado. Depois o padre António Giacomino é que lhe emprestou a câmara para que pudesse filmar”, recorda.

Do baú

As bobines de 8mm permaneceram guardadas até ao ano passado, altura em que António Lemos Ferreira achou que “era altura de trazer aquelas imagens a público para mostrar sobretudo aos macaenses o território de outros tempos” e ao mesmo tempo explorar com um contraponto com a realidade.

Foi quando surgiu a ideia de fazer um documentário, aponta. Para o efeito o realizador regressou a Macau, após quase 60 anos de ausência. “O objectivo era inicialmente visitar os locais filmados pelo meu pai e procurar fazer as filmagens nos mesmos ângulos, mas Macau mudou. Sofreu muitas alterações”, refere.

De acordo com o cineasta, estas mudanças são normais e podem mesmo ser construtivas. Neste caso, um imprevisto acabou por se tornar o fio condutor de toda a narrativa. “Ía filmar só as pessoas a saírem da igreja e calhou naquela altura começar a decorrer uma procissão. Aproveitei, filmei, correu bem e acabei por aproveitar a música de toda a procissão. Era uma música fúnebre mas que fazia uma boa ligação filosófica entre o casamento dos meus pais e a visita que fiz ao cemitério”, conta ao HM.

Com o confronto com a realidade também a ideia inicial para “Caminhos Longos” se foi transformando. “Acabei por fazer uma adaptação dos locais, numa abordagem em que contei com a minha parte da família mais velha e que ainda está cá”, comenta. O resultado foi uma produção luso macaense em que “a família mais nova, mais virada para as novas tecnologias e para a música tratou dos arranjos e edição em Portugal, enquanto a família de Macau contou as histórias”.

Regresso a casa

“Caminhos Longos” acabou por representar o percurso do próprio realizador no seu regresso a Macau, aponta, e foi feito como se se tratasse de um diário pessoal onde estão as memórias mais antigas e o caminho até à actualidade. Por outro lado, o filme “representa um reencontro com as origens e também com o que a minha infância em que vinha de uma família macaense tradicional, de um português que veio cá fazer a tropa, conhece uma chinesa, casam-se e têm filhos”, acrescenta o realizador ao mesmo tempo que recorda os anos em que cresceu no território. “Vivi cá os primeiros sete anos de vida e andava sempre dividido. Era educado no seio de uma família chinesa, convivia com ela e falava chinês e depois ía para a escola portuguesa e sentia-me atrapalhado, o que na altura era muito comum nas famílias macaenses”, recorda.

Mas, acima de tudo “Caminhos Longos” é um filme que pretende ser uma oferta ao território. “Fiz o filme para que seja oferecido ao povo de Macau porque todas as sociedade são o que são dada o seu passado”, sublinha.

No regresso a Macau, no ano passado, apesar de ter conhecimento das alterações que a cidade sofreu nos últimos anos, António Lemos ferreira não deixou de se surpreender. Mas no geral, “Macau é agora uma cidade muito internacional com muita variedade arquitectónica em que se conseguiu manter as características portuguesas de alguns edifícios, o que torna o território muito interessante”, remata.

Café Delta estabelece parceria com o Alibaba

A Delta Cafés foi escolhida para dinamizar a categoria “café” no Alibaba, que domina o e-commerce na China. As exportações representam 32% dos negócios do Grupo Nabeiro

 

[dropcap]O[/dropcap] Alibaba, uma espécie de Amazon chinesa, identificou o café como uma das categorias estratégicas para os próximos anos e convidou a Delta Cafés para a dinamização desta nova categoria, num projecto de parceria desenhado a 5 anos. “Sendo o TMALL o principal veículo de criação de marca na China, a Delta Cafés assumiu o desafio de lançar a primeira Flagship Store oficial portuguesa gerida directamente pela marca, oportunidade única para a Delta Cafés, enquanto marca inovadora, de aprender e corresponder às novas expectativas dos consumidores”, considera Alberto Pinto, director para os mercados internacionais do Grupo Nabeiro – Delta Cafés.

As exportações representam cerca de 32% do negócio do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, cujo volume de negócios em 2018 será da ordem dos 400 milhões de euros. Está presente em 25 países mas os mercados em que estão com posição mais interessante são aqueles em que a marca tem operação própria, com destaque para Espanha, Brasil, França, Angola, Suíça e Luxemburgo. “Temos apostado continuamente nos diferentes mercados onde estamos presentes, pensando de forma global e agindo localmente, proporcionando novos momentos de consumo e chegando a novos consumidores”, refere Alberto Pinto.

Presença em Xangai

A Delta tem presença directa na China com a Delta Food Shangai, que tem como principal actividade a promoção e comercialização de café e produtos complementares no mercado asiático e em Angola, através da Angonabeiro, que faz a distribuição dos produtos da Delta e produz a marca de café Ginga.

Mas é Angola é um caso especial. Como diz Alberto Pinto, “reconhecemos a qualidade do café angolano e por isso o compromisso do Grupo Nabeiro com Angola é de longo prazo”. Considera ainda que a Angonabeiro, “tem contribuído activamente para restaurar o café angolano e os hábitos de consumo dos angolanos e esses esforços têm dado frutos ao longo dos anos”.

Um dos objectivos da Delta Cafés é entrar no ‘top ten’ das marcas de café mundiais, nos próximos cinco anos. Para este objectivo, além da internacionalização, o outro pilar é a inovação, por isso pretendem “continuar a criar tendências e a acrescentar valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café, diz Alberto Pinto.

Uma das lanças para a conquista de mercados, está a Delta Q, sistema de cápsulas para consumo no lar e nas empresas, que surgiu no mercado em Novembro de 2007 com uma produção diária de 395 cápsulas. Dez anos depois, a marca de café do grupo Nabeiro produz mais de dois milhões de cápsulas por dia, com destino a 25 países.

Algumas acções recentes que obedecem a estes dois pilares são o primeiro café expresso móvel, através do Delta Q WALQ), a aposta num novo segmento de mercado com barras de cereais Croffee, o Go Chill by Delta é uma bebida fria de café com leite, uma nova edição Chef’s Collection com assinaturas dos ‘chefs’ Ljubomir Stanisic e Ricardo Costa e novas campanhas internacionais, com a nomeação dos embaixadores Ricardo Pereira e Pauleta, respectivamente para os mercados do Brasil e de França.

Chan Meng Kam leva Lótus de Ouro; Vítor Sereno é o primeiro diplomata luso a ser agraciado

É para o empresário e membro do Conselho Executivo que vai a segunda mais alta condecoração da RAEM: a Lótus de Ouro. Já entre os cinco distinguidos com a Lótus de Prata figuram dois antigos deputados – Kwan Tsui Hang e Fong Chi Keong. A comunidade portuguesa – como tem vindo a ser habitual – também não foi esquecida, com o Governo a atribuir uma medalha de mérito profissional à médica Paula Pimenta e o título honorífico de prestígio ao ex-cônsul de Portugal Vítor Sereno, que estará presente na cerimónia

[dropcap]C[/dropcap]han Meng Kam vai ser distinguido com a Lótus de Ouro, a segunda mais alta condecoração da RAEM, a seguir ao Grande Lótus, que não é entregue desde 2013. O anúncio foi feito ontem, em comunicado, pelo Gabinete do Porta-Voz do Governo, que publicou a lista composta de aproximadamente meia centena de individualidades e entidades que vão ser agraciadas. A cerimónia de imposição de medalhas e títulos honoríficos tem lugar a 9 de Janeiro.

A atribuição da Lótus de Ouro ao empresário natural de Fujian e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e do Conselho Executivo da RAEM foi justificada com a sua participação “activa”, ao longo dos anos, nos “assuntos sociais e públicos, nos trabalhos de voluntariado e em acções de beneficência”.

O papel de liderança em “encorajar os jovens a dedicarem-se ao serviço público” também foi enaltecido, a par com o empenho “em dar um contributo à educação e prestação de serviços aos grupos em situação vulnerável” e o “auxilio financeiro”. Chan Meng Kam, que começou a dar cartas no cenário político como deputado (2005-2017), ocupa, entre outros, o cargo de presidente do conselho de administração da Universidade Cidade de Macau e do Comité Paralímpico de Macau, assumindo a mesma posição na Aliança do Povo de Instituição de Macau que, aliás, fundou.

A Lótus de Ouro figura como a segunda mais alta condecoração da RAEM, a seguir à Grande Lótus que foi atribuída pela última vez, em 2013, a Lau Cheok Va, pouco depois de ter deixado a presidência da Assembleia Legislativa.

Prata para ex-deputados, banqueiro e atleta

Já a Lótus de Prata vai para cinco personalidades, incluindo também dois ex-deputados: Fong Chi Keong e Kwan Tsui Hang. O primeiro, empresário ligado ao ramo da construção civil e presidente da Associação Geral de Wushu de Macau e membro do conselho de administração de várias universidades, é agraciado pela sua dedicação, desde a década de 1980, à “promoção de acções de beneficência, cultura, educação e desporto e aos assuntos sociais, assim como às actividades associativas”. No breve perfil, o Gabinete do Porta-voz destaca ainda que, ao longo dos anos, Fong Chi Keong tem também “vindo a acompanhar de perto e a apoiar a educação e as causas de beneficência na China”.

Em causa, uma figura que, enquanto dirigente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, chegou a afirmar que “é impossível estar a sempre a ajudar as pessoas” e que, na qualidade de deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, defendeu no hemiciclo, aquando do debate sobre a criminalização da violência doméstica, que as agressões no seio de um casal constituem um sinal de amor, um comentário que lhe viria a valer acérrimas críticas por parte da sociedade que o obrigaram a admitir que falou “demais”.

Também com a Lótus de Prata vai ser distinguida Kwan Tsui Hang, pela luta que travou, ao longo de 21 anos como deputada (1996-2017), “em defesa de reivindicações da população e na luta pelos direitos da classe trabalhadora”, com o Executivo a reconhecer também os trabalhos associativos, nomeadamente no seio da Federação das Associações dos Operários, bem como a sua participação activa na elaboração e revisão da legislação laboral e em diplomas relacionados com a segurança social.

A mesma distinção vai ainda para Ho Hao Tong, presidente do conselho de administração do Banco Tai Fung pelo seu contributo para “o desenvolvimento social e melhoria da vida da população e do sector da indústria e comércio, e para Huang Junhua, atleta da selecção de artes marciais de Macau que conquistou, este ano, uma medalha de ouro para a RAEM na modalidade de Nanquan nos Jogos Asiáticos, que decorreram na Indonésia.

Premiar o mérito

Já com as medalhas de mérito – divididas em sete categorias – vão ser agraciadas 23 individualidades e entidades. A portuguesa Paula Pimenta, chefe de serviço no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), onde trabalha desde 1995, figura entre as personalidades distinguidas por mérito profissional. O Executivo destaca em particular o trabalho desenvolvido pela médica, que criou a especialidade de Medicina de Urgência no CHCSJ, em 2003, ano em que ocorreu a Síndrome Respiratória Aguda (SARS): “Apesar das circunstâncias extremamente exigentes ligadas à epidemia não houve disrupção do serviço de urgência, cumprindo escrupulosamente os princípios profissionais na prestação de cuidados urgentes à população de Macau”.

O mesmo galardão vai ser entregue a outro profissional de saúde. Em causa, Kuok Cheong U, médico consultor da área de imagiologia que desempenha actualmente as funções de subdirector dos Serviços de Saúde e director do CHCSJ, com o Executivo a salientar que foi sob a sua liderança que o único hospital público de Macau recebeu acreditação internacional em termos de gestão pelo Conselho Australiano de Normas de Saúde, bem como a melhoria significativa do nível geral dos serviços médicos prestados.

O lote de medalhas de mérito profissional fecha-se com Xu Aoao, astrónomo que trabalha ao serviço da Universidade de Ciência e Tecnologia, com o Governo a colocar em relevo o papel que o professor universitário desempenhou no âmbito da criação dos laboratórios de referencia do Estado; e com Mak Seng Hin, responsável pelo Departamento de Informática e Tecnologia do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, pelo seu contributo, na formação e selecção, ao longo de mais de uma década, de participantes de Macau que alcançaram bons resultados em competições regionais e internacionais.

Já as medalhas de mérito industrial e comercial vão para Mok Chi Wai, gerente geral da Companhia de Construção e Investimento Predial Tai Iec e presidente da Federação de Juventude de Macau; para Ip Sio Man, também empresário, que acumula em simultâneo a presidência da Associação de Fornecedores de Macau e da Associação Comercial e Industrial de Publicações de Macau; bem como para Wong Kin Chong, presidente da Casa de Câmbio Sun Fu Lon, elogiado pelo trabalho em prol da melhoria do ambiente de negócios nas zonas antigas, em particular na zona norte da cidade.

O restaurante Sai Nam e o restaurante cantonense Kapok granjeiam as medalhas de mérito turístico; enquanto as de mérito educativo vão para três personalidades, entre as quais Sou Chio Fai – que desempenha funções nos serviços de educação públicos desde 1989 e ocupa, desde 2011, o cargo de coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior –, bem como para uma instituição de ensino (Escola de Santa Madalena).

Já a medalha de mérito cultural vai ser entregue ao jornal Ou Mun (Diário de Macau), fundado em 1958, considerado “um meio de comunicação social tradicional de Macau e reconhecido por diversos sectores sociais”.

Operários, Mulheres e bispo premiados por altruísmo

Pelo mérito altruísmo serão agraciados, Stephen Lee, nomeado bispo de Macau em Janeiro de 2016, por “seguir e acreditar nos valores da compaixão e amor” e “promover activamente a educação, cultura, caridade e outros serviços sociais, bem como a Federação das Associações dos Operários de Macau e a Associação Geral das Mulheres, ambas criadas em 1950, e a Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau (constituída em 1968). As medalhas de mérito desportivo vão em exclusivo para atletas – Li Yi (artes marciais), Sou Soi Lam e Wong Sok I (ambos no karaté) e Hoi Long (triatlo).

Já as medalhas de valor, de dedicação e de serviços comunitários – que visam premiar entidades, órgãos públicos ou trabalhadores, que se distinguiram no desempenho das suas funções pela prestação de serviços de relevo – são 11, incluindo duas entidades (Centro de Operações de Protecção Civil e o Serviço de Urgência do CHCSJ). Marjory Vendramini, fundadora dos lares “Berço da Esperança” e “Fonte da Esperança” foi uma das personalidades distinguidas nesta categoria pelos serviços de cuidados aos bebés e crianças abandonados e maltratados e pelo apoio a mulheres e famílias em risco.

No plano os títulos honoríficos destaca-se a distinção a Vítor Sereno, que exerceu o cargo de cônsul geral de Portugal em Macau e Hong Kong entre Março de 2013 e Agosto último. Actualmente a desempenhar a função de embaixador no Senegal, Vítor Sereno figura como o primeiro diplomata português a ser agraciado pelo Governo da RAEM.

Contactado pelo HM, Vítor Sereno, agora embaixador no Senegal, afirmou que se deslocará a Macau para a imposição da medalha. “Atendendo à importância da distinção, estarei presente na cerimónia pública”, adiantou Vítor Sereno ao HM, agradecendo ao Governo e, em especial, ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, pelo título honorífico de prestígio.

“Gostaria de o dedicar a todas e a todos os portugueses que vivem e trabalham em Macau”, afirmou, falando de “um exemplo enquanto comunidade para o mundo”. “Partilho-o também com a minha antiga equipa de trabalho, agora chefiada pelo embaixador Paulo Cunha Alves e com todos os colegas diplomatas, técnicos e administrativos das nossas missões na República Popular da China”, sublinhou Vítor Sereno.

Lista das individualidades e entidades agraciadas com medalhas e títulos honoríficos:

Medalhas de Honra:

Lótus de Ouro – Chan Meng Kam
Lótus de Prata – Fong Chi Keong
Lótus de Prata – Ho Hao Tong
Lótus de Prata – Kwan Tsui Hang
Lótus de Prata – Huang Junhua

Medalhas de Mérito:

Mérito Profissional – Xu Aoao
Mérito Profissional – Kuok Cheong U
Mérito Profissional – Maria Paula de Matos Pimenta Simões
Mérito Profissional – Mak Seng Hin
Industrial e Comercial – Mok Chi Wai
Mérito Industrial e Comercial – Ip Sio Man
Mérito Industrial e Comercial – Wong Kin Chong
Mérito Turístico – Restaurante Sai Nam
Mérito Turístico – Restaurante Cantonense Kapok, Limitada
Mérito Educativo – Choi Kun Sam
Mérito Educativo – Sou Chio Fai
Medalha de Mérito Educativo – Escola de Santa Madalena
Medalha de Mérito Educativo – Tang Siu Lan
Medalha de Mérito Cultural – Ou Mun Iat Pou (Diário de Macau) – Empresa Jornalística e Editorial Limitada
Mérito Altruístico – Lee Bun Sang Stephen
Mérito Altruístico – Federação das Associações dos Operários de Macau
Mérito Altruístico – Associação Geral das Mulheres de Macau
Mérito Altruístico – Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau
Mérito Desportivo – Iao Chon In
Mérito Desportivo – Li Yi
Mérito Desportivo – Sou Soi Lam
Mérito Desportivo – Hoi Long
Mérito Desportivo – Wong Sok I

Medalhas de Valor, de Dedicação e de Serviços Comunitários:

Valor – Centro de Operações de Protecção Civil
Valor – Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário
Valor – Chao Ka Cheong
Dedicação – Chio U Lok
Dedicação – Vong Se Peng
Dedicação – Ngou Kuok Lim
Dedicação – Tang Kwong Yui
Serviços Comunitários – Lam Wai Wa
Serviços Comunitários – Chan Ioi Kong
Serviços Comunitários – Marjory Rangel de Faria Vendramini
Serviços Comunitários – Associação Richmond Fellowship de Macau

Títulos Honoríficos de Prestígio e de Valor:

Prestígio – Ma Hok Cheung
Prestígio – Vítor Paulo da Costa Sereno
Prestígio –Liu Liang
Valor – Lam Oi Man
Valor – U Choi Hong
Valor – Equipa da Escola Secundária Pui Ching que participou na “Feira Internacional de Ciência e Engenharia 2018 (Intel ISEF)”
Valor – Leong Ieng Wai

Taipa | Anulada concessão de terreno que iria dar lugar a parque aquático

Foi ontem declarada nula a concessão de um terreno à entrada da Taipa que chegou a ser pensado para construir um parque aquático, mas que nunca foi desenvolvido. A decisão surge depois de vários deputados questionarem o atraso na declaração de caducidade

 

[dropcap]D[/dropcap]ecorria o ano de 1997 quando o terreno localizado em frente ao hotel Altira foi concessionado à Chong Va – Entretenimento Limitada, após a realização de um concurso público que recebeu três propostas. A ideia era erguer ali um parque aquático que competisse com o Ocean Park de Hong Kong, mas a verdade é que o terreno permaneceu durante 25 anos sem desenvolvimento.

Ontem, de acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial (BO) e assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, foi finalmente declarada nula a concessão. Vários deputados, tal como Ella Lei e Leong Sun Iok, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), questionaram recentemente as razões para o atraso da decisão do Executivo.

O despacho aponta para o facto da concessionária não ter cumprido “com a obrigação de realizar o aproveitamento do terreno no prazo estipulado” no contrato assinado. Além disso, o Governo refere o facto de “as razões justificativas expostas pela concessionária na resposta à audiência escrita não lograram alterar o sentido da decisão de declarar a caducidade da concessão”. A concessionária tem agora 15 dias para recorrer da decisão junto dos tribunais.

Golfinhos e museu

A Chong Va – Entretenimento Limitada tem como sócio José Cheong Vai Chi. A empresa tem também como gerente não sócio o empresário Ambrose So, hoje director-executivo e vice-presidente da Sociedade de Jogos de Macau. Liang Tat Man e Lai Lim Ching compõem o grupo de gerentes.

De acordo com o despacho publicado em BO em 1997, assinado pelo secretário-adjunto José Alberto Alves de Paula, a concessão previa a construção de um parque aquático com um espaço com golfinhos, um santuário de aves, um jardim botânico, um campo para a prática de mini golfe, restaurantes, um museu de cera e um teleférico, entre outras infra-estruturas.

Como contrapartidas para a concessão por arrendamento, a Chong Va – Entretenimento Limitada teve de suportar os custos de várias obras, tal como a construção e pavimentação de arruamentos, de diques de protecção e muros de retenção, bem como redes de águas, esgotos e drenagem de águas pluviais.

Estava também prevista a construção de um parque de estacionamento subterrâneo que seria explorado pelo Governo, bem como de “outras infra-estruturas consideradas necessárias e indispensáveis à prossecução da finalidade da concessão”.

Numa intervenção recente na Assembleia Legislativa, a deputada Ella Lei acusou o Governo do ex-Chefe do Executivo Edmund Ho de conluio no processo de concessão deste terreno.

“O terreno era para um parque temático, mas já se passaram 21 anos e nada foi construído. Naquela altura, o contrato dizia que em 2008, a concessão do terreno caducava. Mas não foi o que aconteceu”, recordou. “Em 2005 uma empresa de Hong Kong injectou capital na concessionária. Foi só um teatro que se fez naquela altura. A verdade é que o terreno foi avaliado em 4 mil milhões de patacas, na altura, e o projecto acabou alterado para residências de luxo”, apontou.

A deputada atacou depois a antiga Lei de Terras: “Era este o problema. As concessionárias vendiam os terrenos e conseguiam prolongamento dos prazos de concessão. Era tudo conluio! O Governo não devia ter autorizado o prolongamento dos prazos”, rematou.

Zona de arborização vai nascer junto ao edifício do Gabinete de Ligação

[dropcap]D[/dropcap]ois terrenos localizados perto do edifício do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM vão ser aproveitados para a construção de uma zona de arborização, ainda que as árvores tenham de respeitar a altura máxima prevista na lei, de cerca de 20 metros, devido à proximidade com o Farol da Guia. O projecto foi ontem aprovado em sede do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU).

Contudo, um membro do CPU questionou se seria possível alterar a finalidade do terreno, uma vez que o concessionário nada pode construir e, por isso, não irá obter lucros do pedaço de terra que lhe foi concessionado.

“O proprietário perdeu tudo, coitado. Este terreno é para uma zona verde que não tem qualquer fim de exploração. Será que o proprietário pode trocar este terreno por outro?”, questionou.

Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), garantiu que o assunto poderá ser debatido posteriormente. ”Este terreno tem como finalidade a construção de uma zona verde e não pode ser explorado para outros fins. Mas poderemos discutir as questões de propriedade numa outra ocasião.”

Os dois terrenos, localizados na estrada de Cacilhas, tiveram a última planta de alinhamento oficial emitida em 1995. Actualmente o local encontra-se ao abandono, com apenas alguns veículos estacionados.

Lugares precisam-se

Além do pedido de alteração de finalidade, outro membro do CPU questionou o Governo se seria possível estabelecer ali alguns lugares de estacionamento, pelo facto do Gabinete de Ligação ser um local com muitos eventos e visitas.

“Estes dois terrenos têm como fim a arborização, mas podemos ou não disponibilizar alguns lugares de estacionamento ali? Como ao redor está localizado o Gabinete de Ligação, que recebe muitas visitas e onde existe muita circulação. A rua é estreita e não há muito espaço para estacionamento, e neste terreno existe uma área muito vasta”, apontou.

Apesar de ter considerado esta opinião “muito pertinente”, Li Cafeng lembrou que o terreno não é público. “A finalidade é para a criação de uma zona verde. Sei que à frente deste edifício há um auto-silo público, mesmo em frente ao edifício do Gabinete de Ligação. Há falta de lugares de estacionamento mas o terreno não é público, pelo que não podemos ainda tomar medidas quanto a isso”, frisou.

Fitch mantém ‘rating’ de Macau em AA

A Fitch Ratings decidiu manter a notação de crédito a longo prazo de Macau em AA, com perspectiva estável. O grau AA, o segundo mais elevado, a seguir ao triplo A, corresponde a uma capacidade de cumprimento muito forte

 

[dropcap]A[/dropcap] agência Fitch Ratings, uma das maiores do mundo, anunciou ontem que decidiu manter a notação de crédito a longo prazo de Macau em AA, com perspectiva estável. A classificação atribuída é “sustentada pelas finanças públicas excepcionalmente fortes, combinadas com um demonstrado compromisso de prudência fiscal tanto durante períodos de ganhos inesperados como de choques negativos nas receitas de jogo”. Em contrapartida, assinala, o ‘rating’ é “constrangido pela alta volatilidade do Produto Interno de Bruto (PIB), pela concentração na indústria do jogo e do turismo da China e pela sua susceptibilidade a mudanças no ambiente político da China”.

Destacando o desempenho fiscal “forte” da RAEM, a Fitch Ratings estima que o saldo orçamental corresponda a 9,5 por cento do PIB em 2018, uma descida ligeira face aos 10 por cento do ano passado. A agência de notação financeira salienta que a actividade “robusta” do jogo continuou a impulsionar as receitas fiscais, mas observa que as despesas mantêm-se abaixo do orçamentado.

A Fitch Ratings aborda ainda as previsões do Chefe do Executivo para o próximo ano, constantes das Linhas de Acção Governativa (LAG), que apontam para um cenário de estabilidade, para notar que o Executivo prevê um superavit de 18 mil milhões de patacas em 2019 – cerca de 4 por cento do PIB – com base em cálculos “bastante conservadores”. Neste âmbito, a Fitch Ratings dá o exemplo da previsão implícita de uma contracção de dois dígitos das receitas dos casinos relativamente às suas previsões para 2018.

“A Fitch prevê um saldo orçamental de 9,4 por cento do PIB em 2019, com base na nossa perspectiva mais optimista de que as receitas de jogo vão subir aproximadamente 5 por cento no próximo ano”, diz o mesmo comunicado.

Único sem dívida soberana

Os recorrentes excedentes orçamentais têm contribuído para criar largas almofadas financeiras, observa a agência que estima que as reservas fiscais de Macau sejam equivalentes a 136 por cento do PIB, aproximadamente seis vezes mais do que a despesa projectada no Orçamento para 2019. Além disso, aponta, “Macau figura como o único território avaliado pela Fitch Ratings sem dívida soberana, o que a coloca abaixo da mediana histórica AA, correspondente a 39 por cento do PIB”.

Relativamente ao principal motor da economia de Macau, a Fitch Ratings nota que a indústria de jogo teve este ano um desempenho acima das suas expectativas, notando que o mercado de massas cresceu rapidamente, em linha com o desejo das autoridades de diminuir a sua dependência dos grandes apostadores, embora apontando que o segmento VIP ainda contribui com a fatia de leão para as receitas dos casinos (cerca de 55%). O crescimento “robusto” dos turistas também merece destaque, com a agência a atribui-lo a uma série de iniciativas com vista a facilitar a chegada de visitantes da China, bem como a uma maior conectividade fronteiriça, em que se inclui a abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

PIB com subida de 4,6% em 2018

A Fitch faz ainda previsões relativamente ao PIB, antecipando um crescimento de 4,6 por cento este ano, mas um abrandamento para 3 por cento em 2019. “Tal resulta da nossa expectativa relativamente a uma moderação gradual da actividade do jogo, aliada a uma perspectiva reduzida no plano da procura interna”, justifica, apontando para uma queda da despesa pública em 2019, devido à conclusão de uma série de projectos de infra-estruturas.

No plano das finanças externas, Macau surge entre as mais fortes do universo de países e regiões avaliados pela agência que antecipa um superavit da conta corrente equivalente a aproximadamente 30 por cento do PIB, uma média que a RAEM mantém há mais de 15 anos, reflexo do facto de o grosso das receitas de jogo serem geradas por turistas. Como resultado, o território tornou-se um grande credor externo (205% do PIB), sublinha a Fitch, apontando que o peso dos activos externos líquidos no PIB (172% do PIB) contribuiu para que Macau tenha subido ao quinto lugar entre as economias avaliadas.

Os riscos de sempre

A Fitch também sinaliza os potenciais riscos, com a forte dependência do jogo a surgir à cabeça, dado que o sector representa quase 50 por cento do PIB e mais de 20 por cento do emprego, “não obstante os esforços de diversificação económica”. Segue-se o facto de sete em cada dez turistas serem da China, os quais são, aliás, os visitantes que mais gastam, algo que, adverte a agência, também pode ser um problema: “Qualquer mudança inesperada nas regulações relativas aos vistos ou no ambiente político em geral da China que tenha impacto na capacidade de viajarem para Macau ou que acabe com o ‘de facto’ monopólio de jogo de Macau na China seriam prejudiciais ao seu perfil de crédito”. Embora fora do seu foco de atenção, a Fitch alerta ainda para a possibilidade de as operadoras de jogo norte-americanas serem afectadas pela escalada da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.

Até as próprias discussões relativamente ao futuro da indústria do jogo, cujas actuais licenças expiram entre 2020 e 2022, constituem “um potencial risco”, isto apesar de a Fitch entender ser improvável que tenha um impacto negativo na qualidade do crédito soberano de Macau. “A Fitch não acredita que as autoridades vão procurar perturbar as operações de negócio dos operadores de jogo, dado o potencial efeito dominó nas receitas fiscais, emprego e turismo em termos gerais”, realça a mesma nota.

Relativamente à banca a Fitch espera estabilidade, tanto do ponto de vista do lucro, como da qualidade dos activos ou da capitalização, ainda que advirta para riscos associados ao rápido crescimento dos empréstimos e à crescente exposição à China que é, aliás, a maior na região da Ásia Pacífico, equivalendo a cerca de 38 por cento dos activos do sector bancário no final do primeiro semestre.

“A agência também entende que a indulgência do quadro regulamentar constitui um potencial risco, apesar de as autoridades estarem em vias de melhorar algumas das deficiências” através da actualização do regime jurídico do sistema financeiro, que vai aumentar as exigências em termos de capital, endurecer as sanções contra actividades financeiras ilícitas e melhor alinhar as directrizes de supervisão com os padrões internacionais”.

Identificado quinto caso de Legionella

[dropcap]U[/dropcap]m taxista com 69 anos de idade foi identificado, ontem, como o quinto caso de Legionella no território. O diagnóstico foi concluído quatro dias depois do indivíduo se ter deslocado, pela primeira vez, a um clínica local, o que aconteceu no dia 15 de Dezembro, quando apresentava como sintomas febre e tosse.

Actualmente, o homem, que tem um historial de doenças crónicas, encontra-se internado em estado crítico, com turvação da consciência e ainda com manifestações de febre. A fonte da infecção ainda não está identificada, mas os familiares dos indivíduos não apresentam qualquer sintoma. Também nos 10 dias anteriores aos sintomas, o individuo não viajou para fora de Macau.

CPU | Questionada construção de posto de combustíveis no Cotai

[dropcap]O[/dropcap] Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) aprovou ontem a construção de um posto de abastecimento de combustíveis no Cotai, junto ao empreendimento Broadway. Apesar da aprovação, o projecto submetido foi alvo de criticas da parte do membro do CPU e também deputado nomeado Wu Chou Kit.

“O Governo tem de respeitar o despacho de 2004 [que já previa a construção de um posto de combustíveis]. Já está definida uma ligação entre as duas ciclovias, e penso que o Governo tem de ponderar bem para ver se há outra localização para este posto de abastecimento de combustíveis.”

Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, garantiu que esta obra “não afecta o projecto da ciclovia”, além de que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais “já tem um plano” para o local.

O anúncio da obra de extensão da actual ciclovia da Estrada Flor de Lótus até Coloane foi anunciado em Fevereiro deste ano e deverá custar aos cofres do Executivo um total de 18 milhões de patacas. Está prevista a sua inauguração no próximo ano.

Febre suína africana chega a Zhuhai, principal abastecedor de Macau

Doença animal já afecta 23 províncias do Interior da China, entre as quais a vizinha, ou seja o principal mercado abastecedor da RAEM. Associação local mostra-se preocupada com o impacto no abastecimento. IACM garante que está a seguir o caso

 

[dropcap]O[/dropcap] surto da febre suína africana chegou ontem ao distrito de Xiangzhou, na cidade de Zhuhai, e causou a morte de 11 porcos. Esta região é uma das principais fornecedoras deste tipo de carne a Macau. A informação foi avançada, ontem, pelo Ministério da Agricultura e para os Assuntos Rurais do Governo Central.

Segundo o ministério do Interior da China, o alerta para a situação foi dado às 15h00, quando o Centro Nacional de Pesquisa Sobre Doenças Animais confirmou os resultados das autópsias.

Além das 11 mortes registadas, foram abatidos outros 50 suínos que se encontravam no mesmo matadouro. A criação de uma zona de quarentena e a desinfestação dos espaços ocupados pelos animais foram outras das medidas de controlo do contágio adoptadas.

Apesar da febre suína africana não ser transmitida para os seres-humanos, é provável que o território vá sentir os efeitos ao nível do abastecimento e dos preços da carne. De acordo com o presidente da Associação dos Comerciantes de Carne Verde Iong Hap Tong de Macau, Che Su Peng, cerca de 95 por cento dos porcos em Zhuhai têm origem na empresa que forneceu os animais contagiados pela febre. Por este motivo, Che teme que a rede de fornecimento acabe mesmo por ser afectada.

Segundo as palavras do presidente só ontem foram importados cerca de 140 porcos vivos, que foram colocados de quarentena. Durante o dia de hoje devem ser abatidos, dentro dos procedimentos normais.

Governo segue situação

Depois de ter sido conhecido o caso, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) emitiu um comunicado a garantir que está a acompanhar os acontecimentos e em contacto com as autoridades do Interior da China.

“Após ter sido revelado o incidente [do contágio], entrou-se em contacto com as autoridades do Interior da China e com os fornecedores de porcos vivos. Apesar de haver uma redução no número de animais disponíveis para o fornecimento, o abastecimento de Macau não foi afectado e as pecuárias que fornecem o território não registaram casos de contágio da doença”, pode ler-se, na versão em chinês, do comunicado do IACM.

Ainda de acordo com o Governo, “as inspecções e os trabalhos de quarentena em Macau vão ser reforçados, incluindo os cuidados de desinfestação nos matadouros”.

O IACM explica ainda que a doença “só afecta javalis e porcos domésticos”, não constituindo qualquer tipo de ameaça para a saúde humana. Segundo a mesma fonte, a febre suína africana não tem “impacto directo na saúde nem na segurança alimentar”. O Governo explica ainda que o vírus é facilmente destruído, uma vez que não resiste a elevadas temperaturas.

Em relação à compra de carne de porco, o IACM aconselha as pessoas a não trazerem qualquer tipo de produtos do Interior da China nem a adquirirem produtos de vendedores ambulantes, que não identifiquem a origem dos animais.

Em relação aos cuidados durante a confecção de carne de porco, é pedido às pessoas que cozinhem bem a carne e que lavem bem as mãos, após terem estado em contacto com carne de porco crua.

IAM | Ho Ion Sang teme repetição de funções face a outros serviços

[dropcap]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang interpelou ontem o Governo quanto à possibilidade do futuro Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), que entra oficialmente em funcionamento no próximo dia 1, venha a repetir serviços já desempenhados por outras entidades públicas. Isto porque, na visão do deputado, o IAM promete oferecer, de acordo com a lei que serve de base à sua criação, serviços na área da cultura, recreio e salubridade pública.

Ho Ion Sang lembrou também que algumas funções anteriormente desempenhadas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) foram transferidas para o Instituto Cultural e Instituto do Desporto.
Neste sentido, o deputado ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), questiona o que é que o Governo vai fazer para evitar esta possível repetição de funções e quais as medidas que serão tomadas para garantir a coordenação interdepartamental.

Na interpelação escrita, o deputado recorda que o Governo anunciou que seria concluído ainda este mês o processo de selecção dos candidatos para o conselho consultivo do IAM. Ho Ion Sang pede que haja um equilíbrio nos membros, para que haja igual acesso de jovens e mulheres. É também exigido que sejam divulgados os critérios de selecção com vista a aumentar o nível de abertura do IAM.

Idosos | Agnes Lam quer mais apoios a proprietários de fracções antigas

A deputada está preocupada com a falta e apoios à camada mais velha da população proprietária de casas antigas, sem condições de acesso adequadas, pede ao Governo que estude a viabilidade de medidas de apoio

 

[dropcap]A[/dropcap] deputada Agnes Lam está preocupada com os idosos proprietários de fracções antigas sem condições, como a ausência de elevadores, e quer saber quais são as medidas de apoio que o Governo vai adoptar. Para a legisladora, muitos destes residentes atravessam dificuldades profundas, uma vez que apesar de terem mobilidade reduzida necessitam de subir vários lances de escadas para entrarem e saírem de casa.

O cenário é agravado devido ao facto de serem proprietários de fracções nas zonas mais antigas da cidade, o que faz com que as casas tenham um valor baixo no mercado. Assim, defende Agnes Lam, estes cidadãos não conseguem vender a casa e comprar uma mais moderna com as condições de mobilidade que necessitam. O facto de terem uma fracção também impossibilita a candidatura à compra de uma fracção económica ou social.

Foi esta a razão que levou Agnes Lam a enviar uma interpelação ao Governo para saber que planos podem ser criados a pensar nestes cidadãos: “Recebemos no escritório muitas queixas de pessoas idosas que estão numa situação complicada. Por um lado, têm fracções com pouco valor no mercado, normalmente situadas nas zonas velhas. Mas à medida que envelhecem deixam de conseguir subir e descer escadas, porque são prédios antigos e sem elevadores. Contudo, se venderem a casa, o dinheiro não é suficiente para se mudarem para uma mais moderna, onde têm as condições que agora necesistam”, explicou a deputada, ao HM.

“São situações em que as pessoas têm uma casa, mas não têm mais rendimentos. Também os filhos não precisam de herdar a casa, porque já têm habitação própria. Portanto, era importante que houvesse um apoio para as pessoas se mudarem para um local melhor”, justificou.

Neste sentido, Agnes Lam considera que há, pelo menos, três medidas cuja viabilidade deve ser estudada: um plano de troca de casas comparticipado, a disponibilização de habitações sociais e ainda a disponibilização de lares de terceira idade.

No primeiro caso, o Governo comparticipava o pagamento da futura casa, na diferença entre o preço da habitação antiga e da nova. Por exemplo, se num caso a casa antiga de um casal fosse vendida no mercado por três milhões de patacas e a nova habitação custasse quatro milhões, então a comparticipação do Governo seria de um milhão.

No segundo caso, o Governo trocaria a casa actual dos idosos por uma fracção social. Contudo, após a morte dos habitantes, ambas as casas reverteriam para a RAEM. Já no último caso, as pessoas deixariam as casas e seriam internadas em lar, com condições de acesso e onde pudessem viver à vontade.

Hipoteca invertida

Ainda a pensar neste tipo de casais com uma habitação, mas sem rendimentos, a Agnes Lam sublinha a necessidade de se estudar um mecanismo de hipoteca invertida, tal como acontece em Hong Kong.

A hipoteca invertida é um mecanismo de apoio social em que o Governo ou instituições celebram acordos com os proprietários de fracções e se comprometem a pagar mensalmente uma prestação ao longo de planos de 5 anos, 10 anos ou 20 anos, dependendo do tempo que vive. Durante esse período, o proprietário continua a viver em casa. Assim que morre, ou o contrato chega ao fim, o idoso tem a prioridade na compra da casa, pelo valor do dinheiro que recebeu ao longo dos anos. Caso opte por não comprar a casa, ou morra, o Governo ou instituição financeira, vendem a fracção no mercado.

Se a venda gerar um lucro superior aos pagamentos, o dinheiro ganho é dividido entre as partes, sendo que no caso da morte, passa para os descendentes. O objectivo desta medida é financiar a pessoa no seu dia-a-dia, como se fosse uma pensão em troca da habitação.

“A importância da hipoteca revertida fica-se no aspecto em que permite às pessoas viverem na sua casa até morrerem, ao mesmo tempo que recebem uma espécie de pensão. É um bom negócio. Consideramos que poderá ser uma solução para algumas pessoas”, sublinhou Agnes Lam.

Estudo | Associação de ex-deputado pede controlo dos preços do imobiliário

[dropcap]A[/dropcap] Associação de Gestão de Macau, presidida pelo ex-deputado Lau Veng Seng, divulgou ontem um estudo sobre o planeamento da carreira dos jovens e a compra de habitação.

De acordo com o jornal Ou Mun, a associação pede que o Governo controle os preços praticados no mercado imobiliário através da regulamentação dos investidores do exterior. É também defendido o aumento dos valores das propriedades adquiridas para fins de investimento.

O estudo contou com a participação de mil inquiridos, entre os 18 e 39 anos, e revela que 35 por cento já tem casa própria, enquanto que apenas 20 por cento compraram casa com as suas poupanças.

Restauração | Governo vai emitir licenças provisórias

[dropcap]O[/dropcap] Governo vai permitir a emissão de licenças provisórias para o funcionamento de estabelecimentos de comidas e bebidas. A informação foi dada ontem pelo porta-voz do conselho Executivo, Leong Heng Teng, na apresentação do projecto de regulamento administrativo sobre as alterações do procedimento de licenciamento de estabelecimentos de comidas e bebidas.

Com a entrada em vigor do referido projecto, a 1 de Janeiro do próximo ano, vai ser possível “antecipar o exercício provisório da actividade externa deste tipo de estabelecimentos”, apontou o responsável. No entanto há condições: além do pagamento de uma caução no valor de 10 mil patacas, o requerente, depois de concluir as obras de acordo com o projecto previamente aprovado tem que declarar que assegura que o seu estabelecimento opera respeitando os requisitos de segurança e saúde pública. Com as condições asseguradas, serão emitidas licenças provisórias com a validade de quatro meses.

A medida tem como objectivo diminuir o tempo de espera para entrada em funcionamento destes estabelecimentos de restauração, sendo que o objectivo é que as licenças venham a ser aprovados no prazo de 45 dias úteis. Neste momento os prazos de apreciação dos pedidos de licenças são entre 49 e 45 dias, esclareceu a representante do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), To Sok I.

Apesar deste projecto de regulamento administrativo não se aplicar obrigatoriamente aos processos de pedido de licença que se encontram neste momento pendentes, os interessados podem solicitar o documento que os permite funcionar provisoriamente, admitiu Leong Heng Teng.

De acordo com To Sok I, são aprovados entre 120 e 140 pedidos de licença por ano, sendo que estão pendentes neste momento 60.

Serviços Electrónicos | Governo anuncia política “um sítio, todas as soluções”

“Um sítio, todas as soluções” é a nova política do Governo, anunciada ontem pelo porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng e que pretende reunir numa só conta de cada residente o acesso a todos os serviços públicos. A ideia é concretizada através do regulamento administrativo “Serviços Electrónicos” que entre em vigor já no início do próximo ano. Contudo, para já, os residentes só vão poder aceder a três funções dentro da nova plataforma

 

[dropcap]A[/dropcap] partir do próximo dia 2 de Janeiro qualquer residente pode actualizar os dados nos quiosques electrónicos para que lhe seja criada a conta única que permite o acesso a todos os serviços do Governo. A informação foi dada ontem pelo porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, na conferência de imprensa de apresentação do projecto de regulamento administrativo intitulado “Serviços Electrónicos”.

A ideia é seguir uma nova política, “Um sítio, todas as soluções”, “em que uma só página da internet congrega o acesso a todos os serviços públicos”, acrescentou o responsável. Por outro lado, “o interessado pode encontrar reunidos, num mesmo portal da interne, os serviços e as informações que procura e não precisará de várias contas de utilizador para tratar, por meios electrónicos, dos seus assuntos, submeter formulários ou outros documentos, de modo a atingir o objectivo de ‘um sítio, todas as soluções’”, explicou.

Início humilde

Apesar da política apontar para todas as soluções, em Janeiro do próximo ano apenas três valências vão estar disponíveis nesta página uniformizada. Ou seja, na prática os residentes vão passar a poder fazer online a marcação prévia de atendimento, disponível para seis serviços públicos: Direcção dos Serviços de Identificação, Direcção dos Serviços de Finanças, Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Fundo de Segurança Social e Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

Outra função que vai estar disponível desde o momento inicial é a apresentação de pedidos para a contratação de empregadas domésticas referentes a trabalhadores não residentes. Recorde-se que actualmente os empregadores têm de tratar pessoalmente do pedido de contratação (junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais) e de autorização de permanência (junto da PSP).

O terceiro serviço prestado tem que ver com os pedidos de licenciamento dos estabelecimentos de restauração.

O futuro o dirá

Para o futuro, os residentes podem ainda aceder a outras informações e serviços públicos. “Prevemos que em dois ou três anos possamos integrar mais serviços como os de nascimento e de casamento”, adiantou o director dos Serviços de Administração e Função Pública, Kou Peng Kuan.

De acordo com Leong Heng Teng, existem neste momento cerca de 60 serviços públicos e que na futura vão ser “compilados para que esta política disponibilize um serviços mais eficiente”, acrescentou.

O Governo pretende com o presente projecto de regulamento administrativo evitar “as falhas do passado” disse o porta voz do Conselho Executivo. “Verificou-se uma falta de interconectividade e comunicação entre as plataformas dos serviços funcionais. Desta forma, para elevar o nível de satisfação da eficiência em geral referente à prestação dos serviços disponibilizados, foi necessário intensificar e regular a sua gestão, no sentido de criar uma plataforma electrónica uniformizada”, apontou Leong.

O responsável referia-se ao recente desenvolvimento dos serviços electrónicos e do seu uso para a prestação e serviços públicos já implementado e que se tem mostrado insatisfatório.

Fundação sul-coreana retira prémio atribuído em 2004 a Aung San Suu Kyi

[dropcap]U[/dropcap]ma das maiores organizações de defesa dos direitos humanos da Coreia do Sul anunciou ontem que ia retirar um prémio atribuído em 2004 à dirigente birmanesa Aung San Suu Kyi, devido à indiferença manifestada perante a crise dos muçulmanos rohingyas.

Na altura dissidente admirada, Aung San Suu Kyi não pôde receber na época o prémio Gwangju dos direitos humanos por se encontrar sob detenção domiciliária, decidida pela junta militar no poder.

Desde que o partido da prémio Nobel da paz chegou ao poder, Aung San Suu Kyi é a dirigente “de facto” de Myanmar, sendo alvo de numerosas críticas da comunidade internacional pela recusa de condenar as violências contra os rohingyas.

Mais de 720 mil rohingyas fugiram, desde 2017, da violência exercida pelos militares birmaneses e por milícias budistas, numa crise que a ONU qualificou de genocídio.

A “indiferença perante as atrocidades cometidas contra os rohingyas é contrária aos valores defendidos por este prémio, a protecção e a promoção dos direitos humanos”, declarou o porta-voz da Fundação do Memorial de 18 de Maio, Cho Jin-tae. Como consequência, o conselho de administração da fundação decidiu retirar o prémio a Aung San Suu Kyi.

Criada em 1994, esta fundação assinala o levantamento democrático de Gwangju em 1980, brutalmente reprimido pelo exército sul-coreano, com mais de 200 mortos e feridos.

A revolta contra o ditador militar Chun Doo-hwa inspirou o movimento contestatário que culminou no restabelecimento da democracia, sete anos mais tarde, na Coreia do Sul.

Em meados de Novembro, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional retirou a Aung San Suu Kyi um prémio concedido em 2009, por considerar que a antiga dissidente tinha “traído os valores que outrora defendeu”.

Taiwan fecha redes 3G no final do ano

[dropcap]T[/dropcap]aiwan está a preparar-se para fechar as redes de telecomunicação 3G no final deste ano, quando ainda existem 200 mil utilizadores deste serviço na ilha, informaram hoje empresas da área. No início do ano, os serviços 3G registavam 6,4 milhões de utilizadores.

A ilha terminou os serviços 2G em 2017 e, depois de lançar o 4G em 2013, planeia agora lançar o 5G em 2020, disse a presidente da Comissão de Comunicações de Taiwan, Chan Ting-I, em declarações no parlamento, em outubro passado.

O número de utilizadores 4G na ilha ultrapassou o número de habitantes, 23,7 milhões, em março último, de acordo com dados das empresas telecomunicações taiwanesas.

Taiwan é o segundo país do mundo, a seguir à Finlândia, na utilização de dados móveis por utilizador, com uma média mensal de 12,3 GB por mês em 2017, indicaram dados publicados em Junho pela empresa de estudos de mercado Tefficient da Suécia.

O adiamento para 2020 da introdução da rede 5G vai deixar Taiwan atrás de outros países asiáticos, como o Japão, a Coreia do Sul e a República Popular da China.

Na China, os operadores China Mobile, China Telecom e China Unicom já receberam licenças 5G e o fabricante Huawei anunciou já o lançamento de modelos 5G em 2019.

Ed Sheeran foi o artista mais lucrativo ao vivo em 2018

[dropcap]O[/dropcap] músico britânico Ed Sheeran foi o artista com a digressão internacional mais lucrativa de 2018, com 379 milhões de euros de receitas e 4,8 milhões de bilhetes vendidos, foi ontem anunciado.

De acordo com a Pollstar, além de liderar o ‘top’ das digressões mais lucrativas de 2018, Ed Sheeran bateu o recorde do mais bem-sucedido artista em 30 anos, desde que esta empresa norte-americana começou a compilar dados de actuações ao vivo.

Nesta tabela, Ed Sheeran, que dará dois concertos no próximo ano em Lisboa, é seguido pela cantora norte-americana Taylor Swift, com 302 milhões de euros e 2,8 milhões de bilhetes vendidos na “Reputation tour”.

Em terceiro lugar figuram Jay-Z e Beyoncé, na digressão conjunta “On the run II” que gerou 223 milhões de euros de receitas da venda de 2,1 milhões de bilhetes.

A tabela dos dez artistas mais lucrativos inclui ainda Pink, Bruno Mars, The Eagles, Justin Timberlake, Roger Waters, U2 e Rolling Stones.

Huawei nega ligações a serviços de informação chineses

[dropcap]A[/dropcap] empresa chinesa Huawei negou ontem qualquer ligação aos serviços de informação e inteligência de Pequim, quando enfrenta uma vaga de rejeições dos seus equipamentos de telecomunicação 5G no Ocidente.

“Não há evidências de que a Huawei esteja a ameaçar a segurança nacional de qualquer país”, disse Ken Hu, responsável da empresa, em conferência de Imprensa, realizada ontem na sede do grupo, em Shenzhen.

Perante as preocupações do Ocidente em relação a potenciais actos de espionagem, a fabricante chinesa de equipamentos decidiu abrir os seus laboratórios de pesquisa à curiosidade dos jornalistas e organizar uma conferência de Imprensa para esclarecer dúvidas. Hu assegurou que a sua empresa nunca recebeu nenhum pedido do governo chinês para acesso a dados.

Esta posição de defesa por parte da Huawei acontece numa fase difícil da empresa, com os EUA preocupados com o avanço tecnológico chinês e a tentar dissuadir os aliados de usar equipamento daquela firma.

Ao mesmo tempo, a Huawei assistiu à prisão da sua directora financeira, Meng Wanzhou, considerada suspeita, pela justiça norte-americana, de cumplicidade em fraude para contornar as sanções dos Estados Unidos ao Irão, o que levou à sua recente detenção num aeroporto do Canadá.

A tecnologia 5G consiste num futuro padrão de telefonia móvel que deverá oferecer uma taxa de transferência de dados muito mais alta do que a verificada nos modelos 4G, podendo permitir a transição digital de veículos autónomos, guiados por inteligência artificial.

“Proibir uma determinada empresa não vai resolver problemas de segurança cibernética”, disse Hu, garantindo que muitos clientes da Huawei continuam a depositar confiança nos protocolos da empresa.

O grupo tenta há mais de um ano convencer clientes e governos da falta de vínculos com Pequim e lembra que a empresa é 100% propriedade de seus funcionários, não do Estado ou do Exército chinês.

A desconfiança ocidental sobre a Huawei é alimentada, em parte, por o seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês.

Para tranquilizar os operadores estrangeiros, a Huawei deu acesso aos seus equipamentos em laboratórios dedicados, onde podem ser totalmente desmontados, para permitir acesso ao seu código-fonte.

A Huawei já investiu milhares de milhões de dólares na investigação de tecnologia 5G e assinou 25 contratos comerciais, disse Ken Hu. O grupo tem mais de 80.000 funcionários, quase metade dos quais trabalham em pesquisa e desenvolvimento.

Estes investimentos podem, no entanto, ter sido mal sucedidos, se a empresa continuar a ser excluída dos mercados ocidentais, de acordo com especialistas.

Ministra canadiana cancela viagem a Pequim

[dropcap]A[/dropcap]s tensões diplomáticas entre o Canadá e a China levaram ao cancelamento da viagem da ministra do turismo canadiana, Mélanie Joly, que iria a Pequim na próxima semana. A ministra ia participar na cerimónia de encerramento do evento “O Ano do Turismo Canadá-China 2018”, que foi desenvolvido como uma parceria para promover viagens entre os dois países. A cerimónia acabou por ser adiada.

A tensão acontece depois de dois cidadãos canadianos continuarem detidos na China: o empresário Michael Spavor e o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig. As detenções ocorreram depois das autoridades canadianas prenderem a executiva da Huawei a pedido dos Estados Unidos.

A mulher foi libertada sob fiança de 10 milhões de dólares mas permanece em Vancouver. Outra consequência da crise entre os dois países foi o adiamento da abertura de uma loja da “Canada Goose”, em Pequim, agendada para este sábado. As acções da marca caíram esta semana e foram alvo de críticas e ameaças de boicote por parte de consumidores chineses incomodados pela prisão de Meng.

Taiwan convida papa Francisco a visitar a ilha

[dropcap]A[/dropcap] líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, convidou o papa a visitar a ilha, numa mensagem de felicitações pelo aniversário de Francisco, na qual considerou o papa uma importante inspiração para a população taiwanesa. Na mesma mensagem, a responsável disse esperar que o papa possa visitar a ilha para transmitir inspiração, compaixão e um guia espiritual para a população, de acordo com a agência de notícias oficial de Taiwan CNA.

Tsai agradeceu ainda a dedicação de Francisco, que na segunda-feira assinalou o 82.º aniversário, na defesa dos fracos e necessitados, e também dos direitos humanos. Este é o terceiro convite que Taiwan envia a Francisco para que visite a ilha, com perto de 300 mil católicos e onde a Igreja católica desenvolve um importante trabalho educativo, médico e de solidariedade.

Embora o Vaticano seja aliado diplomático de Taiwan, não é provável que Francisco aceite o convite das autoridades da ilha, devido às divergências políticas entre Taipé e Pequim, e à aproximação entre o Estado católico à China, que resultou na assinatura de importantes acordos este ano.

Novo estatuto dos funcionários públicos entra em vigor em Janeiro

[dropcap]E[/dropcap]ntra em vigor a 1 de Janeiro a proposta de alteração ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, depois de a Assembleia Legislativa a ter aprovado ontem, na especialidade. O artigo que prevê que as trabalhadoras têm direito a faltar 90 dias por motivo de parto desencadeou uma série de intervenções, com deputados a pedirem mais dias de descanso, algo que a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, descartou, afirmando não haver planos para alargar o prazo até 98 dias.

Este artigo foi, aliás, votado separadamente, tendo sido aprovado com as abstenções dos deputados Wong Kit Cheng e Chan Iek Lap. Numa declaração de voto, Agnes Lam reconheceu que o diploma “concede maiores benefícios às trabalhadores”, mas lamentou que o disposto sobre os dias de maternidade em caso de aborto não seja melhor do que o previsto na Lei das Relações de Trabalho, que regula o sector privado.

Já Chan Iek Lap, médico de profissão, confessou, por seu turno, estar “desiludido” por se continuar a lesar os privados, dado que a norma que dita que o atestado é obrigatoriamente passado por médico dos estabelecimentos hospitalares ou centros de saúde não foi alvo de mexidas.

Pensões actualizadas

No mesmo plenário, os deputados aprovaram ainda, desta feita por unanimidade, a proposta de lei que revê em alta os índices mínimos das pensões de aposentação e de sobrevivência dos trabalhadores da Administração Pública, de 70 para 90 pontos e de 35 para 60 pontos, respectivamente, que estavam por actualizar desde 1992. Na prática, a pensão de aposentação sobe para 7650 patacas (mais 28,6%), enquanto a de sobrevivência para 5100 patacas (mais 71,4%). Vão beneficiar do aumento da pensão de aposentação 24 residentes, enquanto da de sobrevivência um total de 44. As actualizações entram em vigor no mês seguinte ao da sua publicação em Boletim Oficial.