Covid-19 | Grande Prémio do Qatar de MotoGP cancelado devido à epidemia

[dropcap]A[/dropcap] corrida de abertura do Mundial de MotoGP, prevista para o Qatar, foi cancelada devido à epidemia de Covid-19, anunciou ontem a organização do Campeonato do Mundo de motociclismo de velocidade, em que participa o português Miguel Oliveira.
A decisão afecta apenas a categoria rainha no Grande Prémio do Qatar, explicou a Dorna, empresa promotora do campeonato, em comunicado, assinado também pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM) e pela associação de equipas.
As provas das categorias inferiores, de Moto2 e Moto3, deverão decorrer como previsto, pois as equipas já estavam naquele país do Médio Oriente, devido aos testes de pré-temporada que ali se realizaram durante o fim de semana.
“As autoridades do Qatar não deixam entrar no país ninguém que viaje a partir de Itália. Estivemos até à última hora a tentar tudo, mas não foi possível”, explicou o presidente da FIM, o português Jorge Viegas, em declarações à agência Lusa.
O Qatar decidiu colocar em quarentena por 14 dias todos os passageiros provenientes de Itália ou que tenham estado naquele país transalpino nas últimas duas semanas: “Desta forma, não é possível haver corrida”, observou Jorge Viegas, até porque seis dos 22 pilotos do campeonato são italianos, bem como muitos dos elementos que compõem as diversas equipas.
“Fecharam o Qatar a pessoas da China, Irão, Coreia e Itália”, explicou o responsável máximo da FIM, acreditando que os prejuízos decorrentes desta decisão serão, “sobretudo, desportivos”.
No entanto, Jorge Viegas admitiu que mais provas do Mundial de motociclismo de velocidade possam vir a ser canceladas ou adiadas.
“A segunda corrida do campeonato seria na Ásia [Tailândia, em 22 de março] e a segunda prova do Mundial de Superbikes está agendada para o Qatar [em 15 de março]. A menos que se altere a situação, terão que ser adiadas ou canceladas. Nós apenas seguimos aquilo que os governos nos impõem”, concluiu o dirigente máximo do motociclismo mundial. Também na Fórmula 1 já foi cancelado o Grande Prémio da China, devido ao surto do coronavírus.

Covid-19 | “Não me arrependo de ter assinado pelo Wuhan”, diz Daniel Carriço

[dropcap]O[/dropcap] futebolista internacional português Daniel Carriço afirmou hoje não estar arrependido de ter assinado pelos chineses do Wuhan Zall, apesar de a equipa estar retida em Espanha, devido à epidemia de Covid-19, provocada por um novo coronavírus.

“Não me arrependo. Estou entusiasmado, porque quero participar na Liga chinesa e desfrutar de uma nova experiência. Além do mais, asseguraram a minha segurança e que vamos trabalhar em Espanha até que a situação se mantenha na China”, disse o central luso à imprensa espanhola.

Daniel Carriço assinou pelo Wuhan Zall, do principal escalão chinês, no último mercado de ‘inverno’, após seis temporadas e meia ao serviço do Sevilha. O jogador, de 31 anos, está integrado na equipa do Wuhan Zall que se encontra a estagiar em Espanha desde o final de janeiro e impossibilitada de regressar à China, devido ao surto de Covid-19 no país.

“Tive algumas dúvidas no início, quando começámos a negociar a transferência. Não se sabia nada. Apenas que havia um novo vírus na China. No entanto, a equipa técnica assegurou-me que não regressariam à China enquanto a situação se mantivesse na China, sobretudo em Wuhan”, revelou.

Carriço deseja que a Liga chinesa, que se encontra suspensa, recomece “o mais rapidamente possível” e admitiu que os colegas de equipa estão a passar um momento complicado, uma vez que “muitos têm familiares fechados em casa”.

Os jogadores do Wuhan foram recebidos na sede da Liga espanhola de futebol e vão assistir ao vivo ao clássico Real Madrid-FC Barcelona, que se disputa hoje, no Santiago Bernabéu.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infectou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios. Das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram.

Covid-19 | "Não me arrependo de ter assinado pelo Wuhan", diz Daniel Carriço

[dropcap]O[/dropcap] futebolista internacional português Daniel Carriço afirmou hoje não estar arrependido de ter assinado pelos chineses do Wuhan Zall, apesar de a equipa estar retida em Espanha, devido à epidemia de Covid-19, provocada por um novo coronavírus.
“Não me arrependo. Estou entusiasmado, porque quero participar na Liga chinesa e desfrutar de uma nova experiência. Além do mais, asseguraram a minha segurança e que vamos trabalhar em Espanha até que a situação se mantenha na China”, disse o central luso à imprensa espanhola.
Daniel Carriço assinou pelo Wuhan Zall, do principal escalão chinês, no último mercado de ‘inverno’, após seis temporadas e meia ao serviço do Sevilha. O jogador, de 31 anos, está integrado na equipa do Wuhan Zall que se encontra a estagiar em Espanha desde o final de janeiro e impossibilitada de regressar à China, devido ao surto de Covid-19 no país.
“Tive algumas dúvidas no início, quando começámos a negociar a transferência. Não se sabia nada. Apenas que havia um novo vírus na China. No entanto, a equipa técnica assegurou-me que não regressariam à China enquanto a situação se mantivesse na China, sobretudo em Wuhan”, revelou.
Carriço deseja que a Liga chinesa, que se encontra suspensa, recomece “o mais rapidamente possível” e admitiu que os colegas de equipa estão a passar um momento complicado, uma vez que “muitos têm familiares fechados em casa”.
Os jogadores do Wuhan foram recebidos na sede da Liga espanhola de futebol e vão assistir ao vivo ao clássico Real Madrid-FC Barcelona, que se disputa hoje, no Santiago Bernabéu.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infectou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios. Das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram.

A máscara

[dropcap]S[/dropcap]orrisos de felicidade e esgares de discórdia depreendem-se nos dias mascarados que correm. A máscara tornou-se num objecto essencial no dia-a-dia dos residentes de Macau, um bem fundamental, alvo de enorme procura, a derradeira protecção contra um inimigo invisível.

Não querendo entrar no campo científico no que toca à eficácia das máscaras para evitar a propagação de um surto viral, é impossível escapar à preponderância que este objecto adquiriu nas vidas de todos nós.
Não passamos sem elas, ao ponto de o Governo ter de assegurar o fornecimento regular de máscaras, são essenciais para acedermos a transportes, parques, estabelecimentos comerciais, por aí fora.

Mesmo ao ar-livre, uma cara destapada é um insulto à unanimidade mascarada, uma petulância individual que esbarra no colectivo.

Este fim-de-semana fui dar uma caminhada pelos trilhos de Coloane, fui respirar fundo, desfrutar do grande exterior, do céu imenso e do ar fresco. Nos trilhos, a percentagem de mascarados e caras destapadas dividia-se em partes iguais. O suor e a respiração ofegante humedecem a integridade das máscaras, tira-lhes eficácia. Máscaras e exercício físico são incompatíveis.

Porém, o seu uso nesse contexto é meramente social, não tem nada de clínico. Cobrimos as vias respiratórias com aquele aglomerado químico de não-tecido de polipropileno, um composto derivado do petróleo, por uma questão de cortesia. Aposto que as máscaras cirúrgicas serão um dos itens mais encontrados no lixo que sem piedade enchem mar e terra, mas essa será outra epidemia.

Atalhando a minha ignorante foice numa seara que não domino, este passeio por Coloane recordou-me leituras que fiz há uns largos anos.

Perto do final da carreira académica, um dos maiores vultos da antropologia moderna, Claude Lévi-Strauss, esmiuçava as diversas facetas simbólicas e identitárias de máscaras no livro “A via das máscaras”.

Obviamente, não fiz qualquer trabalho de campo, estive fora de Macau durante o período mais apertado da “prisão domiciliária” a que a prevenção votou as gentes de Macau, e, acima de tudo, não tenho qualificações para tecer considerações de natureza antropológica. Ah, e estas máscaras não têm uma vocação simbólica, ritualística ou identitária. O seu propósito é completamente pragmático.

Ainda assim, apertem o cinto e sigam-me neste rally tascas das ciências sociais e perdoem este exercício de excesso de reflexão.

Em “A via das máscaras”, Claude Lévi-Strauss escalpeliza as relações entre objectos artísticos, as suas funções ritualísticas e acepções míticas num contexto social.

O célebre antropólogo francês teorizou que “uma máscara não existe em si; ela supõe, sempre presentes ao seu lado, outras máscaras reais ou possíveis que poderiam ser escolhidas para substituí-la”. E conclui argumentando “uma máscara não é inicialmente o que ela representa, mas o que ela transforma, isto é, a escolha de não representar”.

Quando coloco a minha máscara estou a estabelecer um diálogo sem palavras com o resto da sociedade. Estou a exclamar: sim, a minha proximidade é relativamente segura e eu tenho em consideração a sua esfera “imunológica”. É um gesto que assegura, que tranquiliza, algo que vai além da representação social, é um gesto que me transforma numa “não-ameaça”, mesmo que a minha máscara esteja comprometida com humidade.

Cobrir parte do rosto com a máscara é quase uma manifestação ritualística, uma espécie de acto carregado de uma indefinível religiosidade unificadora, como um sacramento purificador.

Além disso, a ausência de um rosto inteiro concentra toda a expressividade na percepção do olhar. Estimam-se sorrisos, presumem-se expressões carrancudas, intuem-se olhares preocupados, sempre com uma carga de incerteza. A única coisa que se projecta ostensivamente é o sentido de segurança, escondendo o semblante emocional. Não se pressente aquilo que se sente (incha Gustava Santos!).

Atenção: Estas tolas e despropositadas considerações não pretendem desencorajar ou menosprezar o uso de máscara. A microbiologia está-se nas tintas para significados, simbolismo, representações sociais ou gajos que pensam em excesso. Todos devemos fazer o que está ao nosso alcance para travar a escalada do surto, é algo que nos une enquanto tecido social, independentemente dos muros culturais e das barreiras linguísticas.

Macau e a sua população em 1867

[dropcap]E[/dropcap]m 1810 residiam em Macau 3018 portugueses ou luso-descendentes (1172 homens e 1846 mulheres), 1025 escravos (425 homens e 600 mulheres), sem incluir padres e militares, segundo Almerindo Lessa, que refere, para 1822 haver 4215 cristãos (977 homens, dos quais apenas 604 maiores de 14 anos, 2701 mulheres e 537 escravos) e 8000 chineses, alguns vivendo já à europeia. Em 1825, os chineses eram 18 mil, número que em 1829 aumentou para 40 mil, dos quais 6090 já cristãos. No ano seguinte os chineses convertidos dobraram, apesar de terem diminuído em número e sem incluir a tropa, em Macau viviam 3351 europeus ou descendentes (1202 homens e 2149 mulheres), 1129 escravos (350 homens e 779 mulheres) e 148 de outras raças (30 homens e 118 mulheres). Em 1834, Macau contava apenas 90 pessoas nascidas em Portugal, sendo 1530 o número de mestiços, 2700 mulheres cristãs de várias raças e cores, 180 soldados canarins e 18 mil chineses, que pouco aumentaram em 1841, havendo 4788 europeus (portugueses, ingleses, holandeses, alemães, franceses, belgas, escandinavos e norte americanos) entre eles 580 homens, 2151 mulheres e 157 escravos. Existiam então 1770 fogos.

De década para década na cidade os chineses dobravam em número e em 1860 chegavam aos 80 mil, numa população de 85.470 habitantes, composta também de parses, mouros e cristãos novos. Portugueses e macaenses eram 5239 almas, concentradas na cidade intramuros, onde a zona do Bazar já aí estava inserida.
Hong Kong, que desde 1841 tinha sido entregue aos britânicos como paga da derrota chinesa na Guerra do Ópio, foi-se desenvolvendo rapidamente como cidade mercantil devido ao seu excelente porto de águas profundas, levando muitos dos residentes de Macau, atraídos por factores económicos, a mudarem-se para lá. Assim, chegados a 1867, a população de Macau contava, segundo Almerindo Lessa, “com cinco mil portugueses, 56.252 habitantes chineses, sendo 48.617 da província de Kuangtung, 5723 de Macau e 1797 de Fukien e aí viviam ainda sessenta famílias inglesas (17)” [estes 17 refere-se aos número de fogos], espanholas (29), italianas (3), francesas (4), peruanas (4), americanas (3), prussianas (3), holandesas (1) e chilenas (1). Nesse ano, na cidade existiam 762 fogos (casas) de portugueses, dos quais, 419 na freguesia da Sé, 263 na de S. Lourenço e 80 em Santo António. Havia ainda 8819 fogos chineses e o número de almas que neles habitava, somando com os criados chineses que se achavam servindo e pernoitando em casas de moradores portugueses e de diversos estrangeiros residentes, bem como os colonos e empregados nos estabelecimentos de emigração chinesa que, por vários motivos, não foram incluídos nos fogos, elevava o total da população chinesa a 56.252 pessoas, segundo o recenseamento de 1867.

Fogos e vias públicas

Na cidade cristã, nas 2672 casas chinesas habitavam 20.177 (do sexo masculino 11.781 e do feminino 8396 e desses, 948 eram menores de 12 anos); no Bazar, nas 2639 casas chinesas viviam 14.573 (masculinos 11.259 e femininos 3314 e desses, 264 menores); na povoação do Patane, em 1387 fogos residiam 8481 (3563 masculinos e 4918 femininos e entre esses 304 eram menores); na povoação de Mongh’a, existente antes de os portugueses chegarem a Macau, havia 353 habitações com 8182 chineses, (2391 masculinos e 5791 femininos e desses 1466 menores); na povoação de S. Lázaro, com 568 fogos viviam 2590 chineses (1113 masculinos e 1477 femininos e entre eles 195 menores), sendo onde habitava a maioria dos chineses convertidos ao Catolicismo; na Serra da Penha e sítio denominado Tanque Mainato estavam construídas 84 habitações onde se encontravam 533 chineses (313 masculinos e 220 femininos e desses 48 eram menores); na povoação da Barra para os 1716 chineses (1029 masculinos e 687 femininos e entre esses, 162 menores de 12 anos) havia 330 casas.

Segundo Manuel de Castro Sampaio, chefe da Repartição de Estatística de Macau, as multidões de chineses que diariamente se viam pelas ruas, sobretudo do Bazar [nessa altura aí se ultimava a construção das suas cem vias públicas], podiam suscitar a ideia de uma maior população que os 56.252 chineses a aqui residir.

Porém, grande parte dessas multidões era de chineses das ilhas circunvizinhas, pois naturais de Macau eram apenas 5723, sendo os restantes de Hong Kong 13, de Xangai 39, da província de Guangdong 48.617, da província de Guangxi 63 e da província de Fujian 1797. A exiguidade do número de chineses de Macau devia-se a estes se acharem principalmente em Cantão, nas colónias britânicas de Hong Kong e Singapura e em algumas ilhas da Malásia. De admirar era a tão grande desproporção entre os chineses de Guangdong e os de Guangxi, já que desde o reinado do Imperador Kang Xi ambas eram administradas e governadas pelo mesmo vice-rei, mas tal se devia a grande parte serem cantonenses provenientes da ilha de Heungshan, ligada pelo istmo a Macau. Os de Fujian, a maioria eram de Chincheu, uma das mais importantes cidades daquela província e onde os portugueses tiveram um estabelecimento comercial arrasado pelos chineses em 1549, oito anos antes da fundação de Macau.

Também muitos dos chineses que percorriam a cidade, 15.590 habitavam a bordo das 2471 tancás, lorchas, taumões e outras embarcações pertencentes a Macau e estacionavam no Rio do Oeste e no mar, em frente à Baía da Praia Grande. Diariamente vinham à cidade para tratar de negócios e retiravam-se ordinariamente logo que os tivessem concluído.

Quanto a haver maior número de habitantes chineses na cidade cristã do que no Bazar, em ambas a população masculina era semelhante, estando a diferença no sexo feminino. Tal devia-se, como acima foi referido, a serem eles criados que serviam e pernoitavam em casas de portugueses e de estrangeiros, bem como colonos e empregados nos estabelecimentos de emigração chinesa. O Bazar era quase exclusivamente habitado pelo sexo masculino e exemplo disso a Rua Nova d’ El-Rei, a mais populosa do Bazar, que tinha 1184 habitantes do sexo masculino e apenas 26 do feminino. No entanto, no Patane, em Mongh’a e em S. Lázaro havia mais mulheres do que homens.

Das 180 vias públicas da cidade cristã, apenas em 16 não existiam inquilinos chineses, sendo muitas das outras habitadas somente por eles, que em grande parte viviam quase tão aglomerados como no Bazar.

Em 1867, Macau contava com 526 vias públicas, havendo três praças, 18 largos, 105 ruas, 28 calçadas, 23 vielas, 112 travessas, oito escadas, 149 becos, 76 pátios, quatro praias [duas na cidade cristã, uma no Tanque do Mainato (na freguesia de S. Lourenço) e outra em Mong Há], duas ribeiras, a do Patane e a da Barra, para além de várzeas, campos e hortas, existindo ainda aterros, não fosse a península de Macau formada por sedimentação das areias do Rio Oeste (Xijiang) e do Rio das Pérolas (Zhujiang) trazidas pelo Mar do Sul da China.

Caminho de Sahel

[dropcap]L[/dropcap]onga estrada. Quantos anos têm estas palavras novas, já irisadas de dunas? Forma-se uma bolha, no tempo. Como uma erupção dermatológica que vai passar ou deixar marca. Na pele. Do deserto. Uma ruga nas areias assestadas ao vento. Como ombro defensivo. O dia mais pleno e a paisagem mais longa. A ociosidade que evolui nas dunas como as rugas do tempo a lavrar o rosto e com a lentidão inexorável que só ele sabe.

Lembrar tantas coisas não vistas e não vividas. Tantas, que nelas nos encontramos. Que liberdade imensa só assim. Bem vês, estamos ali, mais longe do que o imaginado simplesmente nos dias iguais. Vou. E sei que nos encontramos lá. Para um chá perfumado de menta e um sol tórrido. A fugir. Lento. O toldo em franjas. Mas nada importa porque se coa a luz e o tempo pára. Em coisa escuras “para ser amadas entre a sombra e a alma”, como dizia Neruda.

Ou lugares possíveis que dizias, estendendo a mão mapa. Tiravas da carteira esses catões de visita que sigo, a vir dar aqui. Onde haveria que voltar e sempre. É talvez por isso ou porque que não há dia maior do que o do deserto. Nem lugar que menos sombras ocultem. À luz, sem que tudo se faça visível, sem cantos sombrios e estátuas a encobrir a face que conta. Em segredo nas luzes da cidade. Olho para dentro deste copo de chá, que tenho entre as mãos. É preciso que na transparência do líquido não veja um chá deserto.

Não me apanhes pela noite, viajante. Enquanto o chá me arrefece sem emenda nas mãos. E, pontual, chegou, como outras vezes, em sua vez a ausência.

Há desertos de viagem, como objectos portáteis que trazemos connosco. E há os desertos grandes que se estendem ao olhar e, na comparação, os reduzem a ínfimas partículas de um punhado de areia, no enorme continente. Espraiamos os olhos como quem os atira ao mar. Refrescam a alma sedenta de correr como só o faz um chá quente. E quantas vezes – outras – à beira do deserto. Deserto do tórrido esplendor a sós. O ar do deserto. Move-se. Cedo ao perfume e à linguagem do chá no copo de vidro, a escaldar e a espalhar um aroma de menta. Das folhas sóbrias a acabar vida na beira do desvão do copo e um oásis. Abismar as pupilas mínimas e os lábios nessa fronteira do líquido transparente. E doce, sempre demasiado doce. Para lá, não há esquinas nem ângulos abruptos. Só esse mar. Em drapeados que não parecem temer nem acabar. O Sahel.

Esta faixa quase árida de savana seca, com um verão chuvoso mas pouco. Lacrimal. Sahel é quase nome de anjo. Uma longa asa estendida à cintura de África, como quem dissesse, daqui para cima o deserto. Porque quando atraca a um território, revira-se a terra em alguns graus no eixo de rotação diário e cria desertos de longitude indeterminável. Mas agora as penas um muro. Uma barreira de árvores contra a vastidão crescente.

Onde mais te poderia encontrar? Neste terraço ressequido sobre o mar de luz. Nem precisava de me virar porque pressenti sem equívoco a enormidade que quase alteraria o eixo de rotação da terra de novo em mais uns graus. Não fora assim antes e seria bem outra a paisagem. Que a mudar, seria como a minha num minuto determinante. E mesmo se mais um grau apenas, da rotação, a mudar, muitos quilómetros de deserto novo sobre as terras limítrofes. Que deserto é tudo o resto. O que se instala. Sentes o poder?

Veio, chegou antes de se anunciar. À beira do nada, a orla do estéril. Em contrição pelo aperto inclemente e do sol. Se alguns reconhecem a linguagem do deserto. Se ouvem as vagas como senão sentido, ouvido e amado. Secreto rumorejar de areias sob os pés, porque o restolhar é indiscreto, o sentir. Sair daquele ponto apontado no mapa. Nas entrelinhas de um mapa, encontramos por vezes quem voou sem destino e amarou em dunas.

Uma trepidação lânguida do ar, como se toda a realidade a rescender do deserto da terra logo ali aos pés, num fumegar a respirar o calor intenso. Como se acabada de sair das trevas frias e ainda fumegante. Sahel, como outra franja de deserto qualquer. Percorrida de caravanas, de alforges repletos de coisas essenciais. Segredos. Armas. Coisas que o comum mortal não coloca na lista do necessário. Mas cada um sabe de si e do que transporta.

Descalço-me. Os pés, a alma exaustos de caminhar. Os oásis existem, afinal. E depois, mais além não interessa mais do que o teu olhar indizível. Então estás aqui finalmente no meio deste nada. Nada mais carece de sentido nenhum. Porque cheguei, porque me sentei, descalcei as botas doridas e simplesmente rejeitei a possibilidade dessa dor menor entre o meu olhar e tu. Ali. Na minha frente e longe de tudo. Uma camada de tempo e abstracção. Mais que não seja desta dor insistente.

No deserto, onde acampar senão na voz de uma voz amiga. No semáforo inclemente desse sol sem-abrigo nem destino. São vozes, as do deserto que nos toma. E quentes. Sobejantes ao sol que ilumina. A importância ou o esquecimento. Olho mais além. Ali está ele, parado, extático em espera. Ao apelo na atmosfera densa e tórrida, a inundar pulmões e alma de caminho, volta-se de frente e reconheço-o inconfundível. Cruzamentos nas linhas do mapa, da mão estendida. O relógio parado sem prazo a extinguir, fecho as folhas amareladas do sol a esta escrita.

As palavras não crescem no deserto. A plenitude. Talvez. Longe da selva, urbana. Demasiado urbana. Onde cada pessoa é demasiado humana. E só ele, anjo. Mas as árvores crescem. Lentamente. A grande muralha verde contra o avanço do deserto.

A verdade é chegar. Ninguém vem tão longe senão para se encontrar, ou um amor. O chá aromático, de folhas, no copo que rolo nos dedos e ainda a escaldar, o dirá. Senão o tempo.

Covid-19 | Na China, epidemia coloca negócios entre a doença e a falência

[dropcap]A[/dropcap]lice Zhang, gerente de uma confeitaria em Pequim, deixou de estar alarmada com a possibilidade de infecção pelo Covid-19 para se preocupar com a possibilidade de ficar desempregada, à medida que a China permanece paralisada.

“Vamos todos perder o emprego em breve”, admitiu à agência Lusa a gerente da Comptoirs de France de Sanlitun, tradicionalmente uma das zonas mais movimentados da capital chinesa, mas desde há um mês convertida numa espécie de bairro fantasma.

Volvidas cinco semanas desde o início da epidemia do novo coronavírus, é cada vez mais evidente que muitos negócios não sobreviverão às restritas medidas de prevenção adoptadas pelas autoridades chinesas, que incluem restrições sob a movimentação de centenas de milhões de pessoas ou o encerramento forçado de estabelecimentos.

André Zhou, natural de Braga e proprietário do Viva, um dos poucos restaurantes portugueses em Xangai, a “capital” financeira da China, revelou à Lusa só ter recebido hoje (sexta-feira) autorização para reabrir, mas aguarda agora que os funcionários cumpram 14 dias de quarentena para poderem voltar ao trabalho.

Em Pequim e Xangai, viajantes oriundos de outras zonas do país têm de ficar em casa duas semanas após voltarem das suas terras natais, o que impede o regresso imediato ao trabalho de milhões de trabalhadores migrantes, que em Janeiro passado foram a casa celebrar o Ano Novo Lunar e só agora começam a voltar às prósperas cidades do litoral.

Inaugurado há cinco anos, o Viva fica em Weihai Lu, próximo de uma das ruas comerciais mais frequentadas do centro de Xangai. Com cerca de oitenta metros quadrados, o espaço custa a André o equivalente a quase dez mil euros por mês. “Está difícil”, admitiu. “Tenho a renda paga até Abril, depois logo se vê”.

Zhang Kejian, funcionário da Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional, órgão máximo de planificação económica da China, assumiu que as autoridades chinesas enfrentam um “dilema” entre recuperar a actividade económica e evitar a propagação da doença, que matou já 2.788 pessoas e infectou 78.824 no país asiático.

Analistas dizem, porém, que a actividade económica não voltará ao normal até pelo menos meados de Março. O turismo e outras indústrias de serviços podem não conseguir recuperar as vendas perdidas.

Cenários de quebra

Na Comptoirs de France de Sanlitun, os fins de tarde costumavam ser movimentados, à medida que os alunos da escola primária adjacente acorriam à confeitaria para comer éclairs, mil folhas ou muffins de chocolate. As escolas, no entanto, continuam encerradas, por período indefinido, com os alunos a assistir às aulas via ‘online’. As mesas do estabelecimento permanecem vazias ao longo do dia.

A operar na China desde 2006, para a Comptoirs de France, que só em Pequim tem doze estabelecimentos, e cuja facturação depende ainda das vendas para hotéis ou companhias aéreas, outros dois sectores fortemente atingidos pelo surto, a paralisia dos negócios representou uma queda homóloga das receitas de 85 por cento, explicou a gerente.

Despesas com fornecedores, rendas e mais de 200 funcionários, no entanto, mantiveram-se.
Um inquérito realizado pela Câmara de Comércio da União Europeia revelou um cenário idêntico para outros negócios europeus no país.

Segundo os resultados a que a agência Lusa teve acesso, quase metade das empresas inquiridas prevê uma queda de dois dígitos nas receitas e um quarto estima uma queda superior a 20 por cento, no primeiro semestre de 2020.

Joerg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio, apontou que a “rede de regras conflitantes” aplicadas no combate contra o vírus produziu “centenas de feudos”, à medida que funcionários e comités locais adoptam medidas por si, “tornando quase impossível a movimentação de mercadorias ou pessoas no país”.

“Todos os entrevistados sofreram consequências em graus variados e foram sujeitos a restrições e regulamentações frequentemente conflituantes”, apontou.

“Embora a contenção do vírus seja a tarefa mais importante, medidas de padronização em jurisdições maiores devem ser priorizadas para recuperar a economia real”, aconselhou.

Covid-19 | Na China, epidemia coloca negócios entre a doença e a falência

[dropcap]A[/dropcap]lice Zhang, gerente de uma confeitaria em Pequim, deixou de estar alarmada com a possibilidade de infecção pelo Covid-19 para se preocupar com a possibilidade de ficar desempregada, à medida que a China permanece paralisada.
“Vamos todos perder o emprego em breve”, admitiu à agência Lusa a gerente da Comptoirs de France de Sanlitun, tradicionalmente uma das zonas mais movimentados da capital chinesa, mas desde há um mês convertida numa espécie de bairro fantasma.
Volvidas cinco semanas desde o início da epidemia do novo coronavírus, é cada vez mais evidente que muitos negócios não sobreviverão às restritas medidas de prevenção adoptadas pelas autoridades chinesas, que incluem restrições sob a movimentação de centenas de milhões de pessoas ou o encerramento forçado de estabelecimentos.
André Zhou, natural de Braga e proprietário do Viva, um dos poucos restaurantes portugueses em Xangai, a “capital” financeira da China, revelou à Lusa só ter recebido hoje (sexta-feira) autorização para reabrir, mas aguarda agora que os funcionários cumpram 14 dias de quarentena para poderem voltar ao trabalho.
Em Pequim e Xangai, viajantes oriundos de outras zonas do país têm de ficar em casa duas semanas após voltarem das suas terras natais, o que impede o regresso imediato ao trabalho de milhões de trabalhadores migrantes, que em Janeiro passado foram a casa celebrar o Ano Novo Lunar e só agora começam a voltar às prósperas cidades do litoral.
Inaugurado há cinco anos, o Viva fica em Weihai Lu, próximo de uma das ruas comerciais mais frequentadas do centro de Xangai. Com cerca de oitenta metros quadrados, o espaço custa a André o equivalente a quase dez mil euros por mês. “Está difícil”, admitiu. “Tenho a renda paga até Abril, depois logo se vê”.
Zhang Kejian, funcionário da Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional, órgão máximo de planificação económica da China, assumiu que as autoridades chinesas enfrentam um “dilema” entre recuperar a actividade económica e evitar a propagação da doença, que matou já 2.788 pessoas e infectou 78.824 no país asiático.
Analistas dizem, porém, que a actividade económica não voltará ao normal até pelo menos meados de Março. O turismo e outras indústrias de serviços podem não conseguir recuperar as vendas perdidas.

Cenários de quebra

Na Comptoirs de France de Sanlitun, os fins de tarde costumavam ser movimentados, à medida que os alunos da escola primária adjacente acorriam à confeitaria para comer éclairs, mil folhas ou muffins de chocolate. As escolas, no entanto, continuam encerradas, por período indefinido, com os alunos a assistir às aulas via ‘online’. As mesas do estabelecimento permanecem vazias ao longo do dia.
A operar na China desde 2006, para a Comptoirs de France, que só em Pequim tem doze estabelecimentos, e cuja facturação depende ainda das vendas para hotéis ou companhias aéreas, outros dois sectores fortemente atingidos pelo surto, a paralisia dos negócios representou uma queda homóloga das receitas de 85 por cento, explicou a gerente.
Despesas com fornecedores, rendas e mais de 200 funcionários, no entanto, mantiveram-se.
Um inquérito realizado pela Câmara de Comércio da União Europeia revelou um cenário idêntico para outros negócios europeus no país.
Segundo os resultados a que a agência Lusa teve acesso, quase metade das empresas inquiridas prevê uma queda de dois dígitos nas receitas e um quarto estima uma queda superior a 20 por cento, no primeiro semestre de 2020.
Joerg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio, apontou que a “rede de regras conflitantes” aplicadas no combate contra o vírus produziu “centenas de feudos”, à medida que funcionários e comités locais adoptam medidas por si, “tornando quase impossível a movimentação de mercadorias ou pessoas no país”.
“Todos os entrevistados sofreram consequências em graus variados e foram sujeitos a restrições e regulamentações frequentemente conflituantes”, apontou.
“Embora a contenção do vírus seja a tarefa mais importante, medidas de padronização em jurisdições maiores devem ser priorizadas para recuperar a economia real”, aconselhou.

Economia | PIB de Macau com queda de 4,7 por cento

[dropcap]O[/dropcap] Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu 4,7 por cento em 2019 e registou uma contração de 8,1 por cento no último trimestre do ano passado. Os dados, divulgados no sábado pela Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) atestam assim que o ano passado foi o primeiro dos últimos três a registar uma queda.

Quanto aos motivos, a DSEC aponta que “em 2019 a economia foi arrastada pelas quedas do investimento e das exportações de serviços, registando um crescimento negativo desde o primeiro trimestre e uma contração anual de 4,7 por cento em termos reais”. Também a procura interna apresentou um “comportamento desfavorável”, com uma retracção anual de 4,6 por cento, onde se destaca destaca a queda de 20,1 por cento na formação bruta de capital fixo, provocada pelo decréscimo substancial do investimento do sector privado em construção.

Apesar do aumento do número de visitantes, a procura externa também registou uma quebra anual de 3,4 por cento, motivada pela redução dos gastos dos visitantes e tendência descendente das receitas de jogo verificada no último trimestre de 2019.

Destacam-se as descidas homólogas de 4 por cento nas exportações de serviços do jogo e de 5,7 por cento de outros serviços turísticos, enquanto as exportações de bens recuaram 8,3 por cento. Em 2019, o PIB de Macau atingiu 434,7 mil milhões de patacas, enquanto o PIB per capita correspondeu a 645.438 patacas.

Economia | PIB de Macau com queda de 4,7 por cento

[dropcap]O[/dropcap] Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu 4,7 por cento em 2019 e registou uma contração de 8,1 por cento no último trimestre do ano passado. Os dados, divulgados no sábado pela Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) atestam assim que o ano passado foi o primeiro dos últimos três a registar uma queda.
Quanto aos motivos, a DSEC aponta que “em 2019 a economia foi arrastada pelas quedas do investimento e das exportações de serviços, registando um crescimento negativo desde o primeiro trimestre e uma contração anual de 4,7 por cento em termos reais”. Também a procura interna apresentou um “comportamento desfavorável”, com uma retracção anual de 4,6 por cento, onde se destaca destaca a queda de 20,1 por cento na formação bruta de capital fixo, provocada pelo decréscimo substancial do investimento do sector privado em construção.
Apesar do aumento do número de visitantes, a procura externa também registou uma quebra anual de 3,4 por cento, motivada pela redução dos gastos dos visitantes e tendência descendente das receitas de jogo verificada no último trimestre de 2019.
Destacam-se as descidas homólogas de 4 por cento nas exportações de serviços do jogo e de 5,7 por cento de outros serviços turísticos, enquanto as exportações de bens recuaram 8,3 por cento. Em 2019, o PIB de Macau atingiu 434,7 mil milhões de patacas, enquanto o PIB per capita correspondeu a 645.438 patacas.

Jogo | Casinos registam quebra de 87,7% em Fevereiro

Num mês marcado pelo encerramento dos casinos durante duas semanas, as receitas brutas de jogo de Fevereiro registaram uma queda anual que vai ficar para a história, totalizando apenas 3,104 mil milhões de patacas. O valor mais baixo desde Fevereiro de 2005

 

[dropcap]P[/dropcap]elos piores motivos, mas para a história. Além de ter sido o mês em que Macau praticamente paralisou devido à crise e às medidas de prevenção tomadas para combater o coronavírus, Covid- 19, Fevereiro de 2020 será também lembrado pela maior queda anual de receitas brutas dos casinos, desde Fevereiro de 2005.

Em Fevereiro de 2020, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 87,7 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 3,104 mil milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 25,307 mil milhões de patacas.

Segundo os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), registou-se também uma descida de quase 50 por cento (49.9 por cento) em relação à receita bruta acumulada de 2020, depois de em Janeiro já ter sido registada uma queda de 11,3 por cento em relação a igual período do ano passado na capital mundial do jogo.

A queda abrupta, contudo, já vinha sendo profetizada, pelo menos, desde que o Governo decretou o encerramento dos casinos durante 15 dias, numa medida sem precedentes, de prevenção contra o novo tipo de coronavírus, que forçou os 41 estabelecimentos de jogo de Macau (dos quais, há 39 activos) a fechar portas entre 5 e 19 de Fevereiro.

O resultado está assim em linha com as previsões dos analistas, embora seja até ligeiramente melhor. Na semana passada, analistas da consultora Sanford Bernstein traçaram um cenário negro para concessionárias de jogo em Macau, apontando para quebras de 90 por cento no final de Fevereiro e de 80 por cento para Março, segundo o portal Asia Gaming.

De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), é necessário recuar até Fevereiro de 2005 para encontrar registo semelhante, quando as receitas brutas totalizaram 3.211 mil milhões de patacas. Pior, só mesmo em 2004 quando em Abril as receitas brutas foram de 2.984 mil milhões.

Segundo a DSEC, em 2005, existiam no território apenas 17 casinos, 1338 mesas e 3.421 máquinas de jogo. Já o pior registo de sempre foi em Maio de 2003, quando as receitas brutas dos casinos se fixaram em 1.760 mil milhões de patacas.

Recuperação lenta

Se por um lado, já praticamente todos os casinos do território reabriram portas (37) desde que foi levantado o decreto do Governo, por outro, o cenário está longe da normalidade, sobretudo ao nível de receitas.

A consultora JP Morgan avançou mesmo na semana passada, via comunicado, que a recuperação do mercado de jogo não deverá acontecer antes do quarto trimestre deste ano.

Jogo | Casinos registam quebra de 87,7% em Fevereiro

Num mês marcado pelo encerramento dos casinos durante duas semanas, as receitas brutas de jogo de Fevereiro registaram uma queda anual que vai ficar para a história, totalizando apenas 3,104 mil milhões de patacas. O valor mais baixo desde Fevereiro de 2005

 
[dropcap]P[/dropcap]elos piores motivos, mas para a história. Além de ter sido o mês em que Macau praticamente paralisou devido à crise e às medidas de prevenção tomadas para combater o coronavírus, Covid- 19, Fevereiro de 2020 será também lembrado pela maior queda anual de receitas brutas dos casinos, desde Fevereiro de 2005.
Em Fevereiro de 2020, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 87,7 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 3,104 mil milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 25,307 mil milhões de patacas.
Segundo os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), registou-se também uma descida de quase 50 por cento (49.9 por cento) em relação à receita bruta acumulada de 2020, depois de em Janeiro já ter sido registada uma queda de 11,3 por cento em relação a igual período do ano passado na capital mundial do jogo.
A queda abrupta, contudo, já vinha sendo profetizada, pelo menos, desde que o Governo decretou o encerramento dos casinos durante 15 dias, numa medida sem precedentes, de prevenção contra o novo tipo de coronavírus, que forçou os 41 estabelecimentos de jogo de Macau (dos quais, há 39 activos) a fechar portas entre 5 e 19 de Fevereiro.
O resultado está assim em linha com as previsões dos analistas, embora seja até ligeiramente melhor. Na semana passada, analistas da consultora Sanford Bernstein traçaram um cenário negro para concessionárias de jogo em Macau, apontando para quebras de 90 por cento no final de Fevereiro e de 80 por cento para Março, segundo o portal Asia Gaming.
De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), é necessário recuar até Fevereiro de 2005 para encontrar registo semelhante, quando as receitas brutas totalizaram 3.211 mil milhões de patacas. Pior, só mesmo em 2004 quando em Abril as receitas brutas foram de 2.984 mil milhões.
Segundo a DSEC, em 2005, existiam no território apenas 17 casinos, 1338 mesas e 3.421 máquinas de jogo. Já o pior registo de sempre foi em Maio de 2003, quando as receitas brutas dos casinos se fixaram em 1.760 mil milhões de patacas.

Recuperação lenta

Se por um lado, já praticamente todos os casinos do território reabriram portas (37) desde que foi levantado o decreto do Governo, por outro, o cenário está longe da normalidade, sobretudo ao nível de receitas.
A consultora JP Morgan avançou mesmo na semana passada, via comunicado, que a recuperação do mercado de jogo não deverá acontecer antes do quarto trimestre deste ano.

Bombeiro embebedou-se e roubou loja

Uma noite de copos com os amigos terminou da pior maneira para um membro do Corpo de Bombeiros, que acabou a madrugada a roubar uma loja de fomento predial. Mais tarde, ainda se arrependeu, mas acabou mesmo detido

 

[dropcap]U[/dropcap]m bombeiro embebedou-se durante uma noite de festa com os amigos, quando estava fora do serviço, e roubou uma loja de fomento predial. Horas depois, o homem ainda ligou ao dono do espaço na Avenida do Governador Jaime Silvério Marques para devolver 29.300 patacas, mas acabou detido. A vítima queixa-se que o valor do roubo foi de 100.900 patacas, uma vez que além 50 mil patacas em dinheiro vivo, desapareceram igualmente uma pulseia de diamantes, avaliada em 50 mil patacas, e garrafas de vinho tinto.

O caso foi apresentado na sexta-feira de manhã pela Polícia Judiciária (PJ), e o roubo terá acontecido às 06h00 da manhã de 25 de Fevereiro. “A companhia de fomento predial apresentou a queixa para o furto, depois de se ter apercebido da situação às 10h00, do dia 25, quando repararam que as portas estavam abertas. Não havia sinais de entrada forçada”, informou o porta-voz da PJ, na apresentação do caso.

“Segundo o proprietário foram levadas 50 mil patacas em numerário, uma pulseira de diamantes, avaliada no mesmo valor, e algumas garrafas de vinho tinto”, acrescentou.

No dia seguinte ao roubo, a 26 de Fevereiro, e alegadamente quando se terá apercebido do crime que tinha cometido, o “soldado da paz” entrou em contacto com o dono da loja e combinou um encontro para entregar a quantia roubada. Foi nessa ocasião, já a 27 de Abril, que a Polícia Judiciária procedeu à sua detenção.

Após ser detido, o membro do Corpo dos Bombeiros confessou ter cometido o roubo, mas recusou ter levado mais do 29.300 patacas. O homem, que se encontrava fora-de-serviço, negou ainda ter levado a pulseira de diamantes ou as garrafas de vinho.

Portas abertas

Após investigar as imagens da videovigilância, a PJ chegou à conclusão que o roubo foi possível porque os empregados da empresa de fomento predial tinham deixado as portas destrancadas.

Por isso, quando saiu de um bar do NAPE, o bombeiro conseguiu entrar dentro da loja sem ter tido necessidade de forçar a porta. Porém, as autoridades ainda precisam de continuar a investigar o caso. As imagens mostram o homem a sair da loja a carregar dois sacos, mas não é possível perceber se terá levado a pulseira, as garrafas de vinho e as 50 mil patacas.

“O suspeito disse que saiu do bar sozinho e passou à frente da loja. Como estava embriagado, entrou na loja e descobriu havia dinheiro nas gavetas. Ele afirma que só levou o dinheiro que mais tarde devolveu e que deixou o local de táxi, tendo ido para casa”, revelou o porta-voz da PJ.

O caso foi agora reencaminhado, na sexta-feira, para o Ministério Público e o homem está indiciado pela prática do crime de furto qualificado. Por esse motivo, arrisca cumprir uma pena de prisão que pode chegar aos cinco anos.

A tristeza de Wong Sio Chak

Após ter sido divulgado o caso, o secretário Wong Sio Chak admitiu a sua tristeza por ver um membro da sua tutela envolvido: “Sentimo-nos sempre tristes em qualquer caso que envolve o nosso pessoal. Mas, estamos a proceder dentro da normalidade, a averiguar a situação e já está aberto um processo disciplinar”, afirmou o secretário. Por outro lado, Wong recordou ao pessoa da sua tutela que tem obrigações reforçadas e a obrigação de dar o exemplo à população: “De qualquer forma quero sublinhar que nunca vamos tolerar situações que envolvam o pessoal das forças de segurança. Sabemos que enquanto membros das forças de segurança estamos sujeitos a uma exigência maior”, vincou.

Cinemateca | Governo já estava comprometido com a realização de obras

[dropcap]E[/dropcap]m resposta a uma interpelação escrita enviada pelo deputado Sulu Sou, o Governo afirmou que no final do prazo de exploração de três anos da Cut Lda, “ficou de realizar obras de manutenção e reparação” e que iria usar essa paragem para “rever e avaliar o estado de funcionamento da Cinemateca”.

Na interpelação escrita enviada a 30 de Dezembro no seguimento do anúncio do fecho do espaço, que viria, afinal, a ser adiado por mais seis meses, o deputado perguntou porque é que o destino da Cinemateca só foi decidido “no último minuto”, qual a avaliação que faz e quais as políticas de desenvolvimento da indústria cinematográfica local.

Afirmando que desde o primeiro dia “a Cinemateca já realizou 25 festivais de cinema, com 653 filmes exibidos, totalizando 1568 sessões de projecção com 56.970 espectadores”, na resposta, o Governo apontou os estragos provocados chuvas torrenciais ocorridas em Junho de 2019, como factor determinante para a realização de obras de melhoramento.

Por outro lado, o Governo admitiu que o prolongamento da concessão por mais seis meses foi para dar resposta “às opiniões e necessidades do sector profissional e do público”.

O Governo diz ainda diz que, no futuro, quer alargar o serviços da Cinemateca de forma a integrar no mesmo espaço projecção de filmes, exposições e requisição e leitura de periódicos e revistas cinematográficas e “adjudicar num curto prazo” as operações do espaço mediante concurso público para que entre em funcionamento “logo que tiverem sido concluídas as obras de beneficiação”.

Cinemateca | Governo já estava comprometido com a realização de obras

[dropcap]E[/dropcap]m resposta a uma interpelação escrita enviada pelo deputado Sulu Sou, o Governo afirmou que no final do prazo de exploração de três anos da Cut Lda, “ficou de realizar obras de manutenção e reparação” e que iria usar essa paragem para “rever e avaliar o estado de funcionamento da Cinemateca”.
Na interpelação escrita enviada a 30 de Dezembro no seguimento do anúncio do fecho do espaço, que viria, afinal, a ser adiado por mais seis meses, o deputado perguntou porque é que o destino da Cinemateca só foi decidido “no último minuto”, qual a avaliação que faz e quais as políticas de desenvolvimento da indústria cinematográfica local.
Afirmando que desde o primeiro dia “a Cinemateca já realizou 25 festivais de cinema, com 653 filmes exibidos, totalizando 1568 sessões de projecção com 56.970 espectadores”, na resposta, o Governo apontou os estragos provocados chuvas torrenciais ocorridas em Junho de 2019, como factor determinante para a realização de obras de melhoramento.
Por outro lado, o Governo admitiu que o prolongamento da concessão por mais seis meses foi para dar resposta “às opiniões e necessidades do sector profissional e do público”.
O Governo diz ainda diz que, no futuro, quer alargar o serviços da Cinemateca de forma a integrar no mesmo espaço projecção de filmes, exposições e requisição e leitura de periódicos e revistas cinematográficas e “adjudicar num curto prazo” as operações do espaço mediante concurso público para que entre em funcionamento “logo que tiverem sido concluídas as obras de beneficiação”.

Criminalidade informática | Parecer da Associação de Advogados estudado profundamente pelo Governo, diz secretário

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, garantiu que o parecer da Associação dos Advogados de Macau, em que se colocava a hipótese da Polícia Judiciária realizar buscas encobertas ao abrigado das alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática, foi analisado com bastante profundidade. Porém, deixou as explicações sobre o assunto para Ho Ion Sang, presidente da Primeira Comissão da Assembleia Legislativa que está a analisar o texto.

“A questão [das buscas encobertas em aparelhos electrónicos] já foi suficientemente debatida. Depois poderá ser mais desenvolvida. Mas, não vou fazer mais comentários. O presidente Ho Ion Seng poderá fazer esses comentários”, respondeu Wong, quando questionado sobre o assunto. “Todavia, gostava de salientar que prestamos bastante atenção à Associação dos Advogados de Macau e analisámos com profundidade o parecer”, acrescentou.

As declarações de Wong Sio Chak foram prestadas na sexta-feira, à saída de mais uma reunião com os deputados sobre a Lei de Combate à Criminalidade Informática.

Já no dia anterior, os deputados e o Governo tinham reunido para debater o texto das alterações à lei e os pontos levantados pelo parecer da Associação dos Advogados de Macau. Este documento levantava a hipótese de a Polícia Judiciária poder fazer buscas em aparelhos electrónicos de uma pessoa sem o consentimento desta ou das buscas serem feitas sem autorização prévia de um juiz.

Face às dúvidas, o deputado Ho Ion Sang defendeu que tal não seria possível, porque a Polícia Judiciária está sempre obrigada a cumprir o Código Processo Penal, que já prevê essas situações.

Nova versão

Na reunião de sexta-feira entre os deputados e o Governo chegou-se ao final da primeira análise à proposta de alteração à Lei de Combate à Criminalidade Informática.

Além de visar agilizar as buscas de Polícia Judiciária à luz das novas tecnologias, o documento criminaliza as estações de telecomunicações que emitem mensagem indesejadas de telemóvel, que promovem negócios com pornografia, jogo ilegal ou salas de massagens.

Os deputados vão agora ficar a aguardar pela apresentação do Executivo de um novo texto que já terá integradas as alterações acordadas com os deputados na primeira análise.

Criminalidade informática | Parecer da Associação de Advogados estudado profundamente pelo Governo, diz secretário

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, garantiu que o parecer da Associação dos Advogados de Macau, em que se colocava a hipótese da Polícia Judiciária realizar buscas encobertas ao abrigado das alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática, foi analisado com bastante profundidade. Porém, deixou as explicações sobre o assunto para Ho Ion Sang, presidente da Primeira Comissão da Assembleia Legislativa que está a analisar o texto.
“A questão [das buscas encobertas em aparelhos electrónicos] já foi suficientemente debatida. Depois poderá ser mais desenvolvida. Mas, não vou fazer mais comentários. O presidente Ho Ion Seng poderá fazer esses comentários”, respondeu Wong, quando questionado sobre o assunto. “Todavia, gostava de salientar que prestamos bastante atenção à Associação dos Advogados de Macau e analisámos com profundidade o parecer”, acrescentou.
As declarações de Wong Sio Chak foram prestadas na sexta-feira, à saída de mais uma reunião com os deputados sobre a Lei de Combate à Criminalidade Informática.
Já no dia anterior, os deputados e o Governo tinham reunido para debater o texto das alterações à lei e os pontos levantados pelo parecer da Associação dos Advogados de Macau. Este documento levantava a hipótese de a Polícia Judiciária poder fazer buscas em aparelhos electrónicos de uma pessoa sem o consentimento desta ou das buscas serem feitas sem autorização prévia de um juiz.
Face às dúvidas, o deputado Ho Ion Sang defendeu que tal não seria possível, porque a Polícia Judiciária está sempre obrigada a cumprir o Código Processo Penal, que já prevê essas situações.

Nova versão

Na reunião de sexta-feira entre os deputados e o Governo chegou-se ao final da primeira análise à proposta de alteração à Lei de Combate à Criminalidade Informática.
Além de visar agilizar as buscas de Polícia Judiciária à luz das novas tecnologias, o documento criminaliza as estações de telecomunicações que emitem mensagem indesejadas de telemóvel, que promovem negócios com pornografia, jogo ilegal ou salas de massagens.
Os deputados vão agora ficar a aguardar pela apresentação do Executivo de um novo texto que já terá integradas as alterações acordadas com os deputados na primeira análise.

Hengqin | Preço de arrendamento de fronteira vai ser “muito baixo”

O secretário para a Administração e Justiça admitiu que apesar das obras estarem concluídas, a nova fronteira não vai abrir no primeiro trimestre, devido ao impacto do coronavírus nos testes da infra-estrutura

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, defendeu que o valor que Macau vai pagar de renda para mudar a fronteira da Flor de Lótus para a Ilha da Montanha vai ser “simbólico”.

As declarações foram prestadas na sexta-feira, à saída da reunião da comissão da Assembleia Legislativa que está a analisar a proposta de lei que vai permitir a aplicação do Direito da RAEM na Ilha da Montanha.

Segundo as declarações do secretário citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, André Cheong explicou que os detalhes da mudança da fronteira da parte de Macau para Hengqin ainda estão a ser ultimados e que apenas deverão constar no acordo a ser assinado entre o Governo da RAEM e as entidades do Interior. Contudo, revelou que o preço vai ser “muito baixo” e principalmente “simbólico.”

O secretário admitiu ainda que a entrada em funcionamento da fronteira vai sofrer atrasos. Anteriormente tinha sido traçada como meta a abertura da fronteira no primeiro trimestre deste ano. Mas, devido ao impacto do surto do coronavírus não vai ser possível testar o fluxo de entradas de pessoas forma adequada através das novas instalações. Por este motivo, e apesar de as obras estarem concluídas, as eventuais entradas vão continuar a ser feitas pela Fronteira Flor de Lótus como acontece actualmente.

Quando a situação normalizar, e for possível realizar os testes necessários, vai ser colocada em funcionamento a nova fronteira, já na Ilha da Montanha.

Sigam as regras

Na mesma ocasião, o secretário para a Administração e Justiça abordou a reabertura dos serviços, depois de um encerramento forçado pelo surto do coronavírus.

Sobre a reabertura, André Cheong pediu aos funcionários e à população que se desloque aos departamentos do Governo que cumpra “rigorosamente” as medidas de prevenção, como a utilização de máscara, o preenchimento da declaração de saúde e a lavagem frequente das mãos.

“Temos de ter em conta que ainda estamos numa altura especial de combate ao vírus. Já elaborámos instruções para todos os serviços públicos, exigindo que, a partir de segunda-feira [hoje], as executem rigorosamente”, apelou André Cheong, citado pelo canal em português da Rádio Macau.

Até hoje, os serviços públicos estavam a atender as pessoas de acordo com marcações prévias. Agora, a população apenas precisa de se deslocar aos serviços para ser atendida.

Todavia, dependendo do número de utentes, os departamentos poderão tomar medidas especiais para lidar com as respectivas situações: “Isso depende de cada serviço. Como vamos voltar ao funcionamento normal, já teremos quase todos os balcões abertos, pelo que, se não houver muitos utentes, o atendimento pode ser normal. Mas caso algum serviço se depare com uma situação em que, em poucas horas entram muitas pessoas, então [podem] utilizar esse sistema de senhas”, concretizou.

Hengqin | Preço de arrendamento de fronteira vai ser “muito baixo”

O secretário para a Administração e Justiça admitiu que apesar das obras estarem concluídas, a nova fronteira não vai abrir no primeiro trimestre, devido ao impacto do coronavírus nos testes da infra-estrutura

 
[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, defendeu que o valor que Macau vai pagar de renda para mudar a fronteira da Flor de Lótus para a Ilha da Montanha vai ser “simbólico”.
As declarações foram prestadas na sexta-feira, à saída da reunião da comissão da Assembleia Legislativa que está a analisar a proposta de lei que vai permitir a aplicação do Direito da RAEM na Ilha da Montanha.
Segundo as declarações do secretário citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, André Cheong explicou que os detalhes da mudança da fronteira da parte de Macau para Hengqin ainda estão a ser ultimados e que apenas deverão constar no acordo a ser assinado entre o Governo da RAEM e as entidades do Interior. Contudo, revelou que o preço vai ser “muito baixo” e principalmente “simbólico.”
O secretário admitiu ainda que a entrada em funcionamento da fronteira vai sofrer atrasos. Anteriormente tinha sido traçada como meta a abertura da fronteira no primeiro trimestre deste ano. Mas, devido ao impacto do surto do coronavírus não vai ser possível testar o fluxo de entradas de pessoas forma adequada através das novas instalações. Por este motivo, e apesar de as obras estarem concluídas, as eventuais entradas vão continuar a ser feitas pela Fronteira Flor de Lótus como acontece actualmente.
Quando a situação normalizar, e for possível realizar os testes necessários, vai ser colocada em funcionamento a nova fronteira, já na Ilha da Montanha.

Sigam as regras

Na mesma ocasião, o secretário para a Administração e Justiça abordou a reabertura dos serviços, depois de um encerramento forçado pelo surto do coronavírus.
Sobre a reabertura, André Cheong pediu aos funcionários e à população que se desloque aos departamentos do Governo que cumpra “rigorosamente” as medidas de prevenção, como a utilização de máscara, o preenchimento da declaração de saúde e a lavagem frequente das mãos.
“Temos de ter em conta que ainda estamos numa altura especial de combate ao vírus. Já elaborámos instruções para todos os serviços públicos, exigindo que, a partir de segunda-feira [hoje], as executem rigorosamente”, apelou André Cheong, citado pelo canal em português da Rádio Macau.
Até hoje, os serviços públicos estavam a atender as pessoas de acordo com marcações prévias. Agora, a população apenas precisa de se deslocar aos serviços para ser atendida.
Todavia, dependendo do número de utentes, os departamentos poderão tomar medidas especiais para lidar com as respectivas situações: “Isso depende de cada serviço. Como vamos voltar ao funcionamento normal, já teremos quase todos os balcões abertos, pelo que, se não houver muitos utentes, o atendimento pode ser normal. Mas caso algum serviço se depare com uma situação em que, em poucas horas entram muitas pessoas, então [podem] utilizar esse sistema de senhas”, concretizou.

Epidemia | Macau decreta isolamento para quem esteve em Itália ou Irão

[dropcap]M[/dropcap]acau vai isolar quem entra no território e tenha estado em Itália ou no Irão 14 dias antes, anunciaram as autoridades no sábado. A medida, que já entrou em vigor, destina-se a reforçar a prevenção, explicaram as autoridades em comunicado.

“Os indivíduos que tenham estado na Itália ou no Irão nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, devem efectuar, a pedido dos Serviços de Saúde, observação clínica de isolamento nos locais indicados em Macau, com a duração de 14 dias, sem prejuízo de outras medidas de prevenção da epidemia”, indicaram.

“Os residentes de Macau podem realizar a observação médica domiciliária em local considerado apropriado pelos Serviços de Saúde; por sua vez, os indivíduos não residentes de Macau devem pagar todas as despesas de observação médica de isolamento efectuadas no hotel designado”, salientaram.

Também no sábado passado, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) emitiu um alerta de viagem (nível 2) para Itália. O aviso traduz-se num “alerta aos residentes de Macau que planeiem viajar ou que se encontrem naquele país, para reconsiderarem a viagem neste momento”, pelo que “é sugerido que se evitem viagens não essenciais neste período para aquele destino”.

Epidemia | Macau decreta isolamento para quem esteve em Itália ou Irão

[dropcap]M[/dropcap]acau vai isolar quem entra no território e tenha estado em Itália ou no Irão 14 dias antes, anunciaram as autoridades no sábado. A medida, que já entrou em vigor, destina-se a reforçar a prevenção, explicaram as autoridades em comunicado.
“Os indivíduos que tenham estado na Itália ou no Irão nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, devem efectuar, a pedido dos Serviços de Saúde, observação clínica de isolamento nos locais indicados em Macau, com a duração de 14 dias, sem prejuízo de outras medidas de prevenção da epidemia”, indicaram.
“Os residentes de Macau podem realizar a observação médica domiciliária em local considerado apropriado pelos Serviços de Saúde; por sua vez, os indivíduos não residentes de Macau devem pagar todas as despesas de observação médica de isolamento efectuadas no hotel designado”, salientaram.
Também no sábado passado, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) emitiu um alerta de viagem (nível 2) para Itália. O aviso traduz-se num “alerta aos residentes de Macau que planeiem viajar ou que se encontrem naquele país, para reconsiderarem a viagem neste momento”, pelo que “é sugerido que se evitem viagens não essenciais neste período para aquele destino”.

Covid-19 | Voo com residentes oriundos de Hubei chega no sábado 

O director dos Serviços de Saúde de Macau adiantou ontem que há meia centena de residentes na província de Hubei que pretendem regressar ao território. Está prevista a chegada do voo fretado da Air Macau no próximo sábado, 7 de Março. Apenas os portadores de BIR que cumpram todos os requisitos podem embarcar no avião, frisou Lei Chin Ion

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo decidiu enviar um voo fretado para Hubei para trazer os residentes de Macau que continuam na província, à semelhança da decisão tomada pelas autoridades de Hong Kong. Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), declarou ontem em conferência de imprensa que, dos 164 residentes que se encontram em Hubei, 65 estão em condições de regressar, embora apenas 50 tenham “manifestado vontade” de o fazer.

O voo fretado da Air Macau deverá chegar ao território no próximo sábado, 7 de Março, estando previsto o envio imediato dos residentes para o cumprimento da quarentena de 14 dias no centro dos SSM no Alto de Coloane. O plano é, para já, “preliminar” e ainda não é certo o número de residentes que vão embarcar no avião.

“Temos de assegurar e confirmar os dados de saúde de todos os que vão embarcar e de como serão feitos os trabalhos de isolamento. Esta acção tem um alto risco, pois há o perigo de estes residentes, quando regressarem a Macau, estarem infectados. É um factor que não conseguimos prever, mas estamos sempre preparados para o pior, e tratamos todos de forma igual”, assegurou Lei Chin Ion.

Aqueles que apresentarem sintomas de tosse ou febre não podem embarcar, além de que o transporte para o aeroporto deve ser assegurado pelos próprios residentes. A entrada no avião far-se-á mediante o preenchimento de um inquérito sobre o seu estado de saúde.

“As bagagens têm de ser simples e não podem trazer muitas coisas, sobretudo comida ou lembranças. Será feita uma plena desinfecção em todas as bagagens”, disse Lei Chin Ion, que adiantou que todos os profissionais de acompanhamento, incluindo a tripulação, estarão devidamente equipados. “Não serão permitidas malas de mão. Preparamos fraldas descartáveis para os tripulantes e não haverá disponibilização de refeições porque terão de estar com a máscara colocada durante todo o percurso.”

Crianças sozinhas

Uma vez que apenas os portadores do BIR poderão embarcar no avião, existe a possibilidade de crianças realizarem o voo sozinhas, sendo posteriormente acompanhadas por familiares em Coloane. No entanto, as crianças só podem voar para Macau mediante uma declaração de autorização assinada pelos pais.

“As crianças que, não tendo o acompanhamento dos pais, terão de ser acompanhados por familiares no Alto de Coloane. Só existindo este acordo é que poderão embarcar no avião”, assegurou o director dos SSM.

Do total de 164 residentes que se encontram em Hubei, 56 são crianças, sendo que 13 delas têm menos de 14 anos e 32 têm idades compreendidas entre 3 e 12 anos, frisou Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo.

Lei Chin Ion diz ser uma “responsabilidade” do Executivo trazer estes residentes e diz não haver riscos pelo facto de as crianças poderem vir a viajar sozinhas. “Algumas pessoas reclamam que as crianças ainda são pequenas e que terão de ser acompanhadas por familiares, mas isso não se justifica, porque já fizemos uma avaliação e as crianças a partir de cinco anos estão em condições para embarcar no avião e viajar.”

O director dos SSM esclareceu que a decisão do regresso dos residentes de Hubei foi tomada tendo em conta que o território está há 26 dias consecutivos sem novos casos. “Posso dizer que actualmente o risco do surto na comunidade é muito baixo.”

Depois de ter sido dado alta a oito pacientes, há dois doentes que continuam internados no Centro Hospitalar Conde de São Januário, apresentando “sintomas ligeiros”. Ieong Iek Hou, coordenadora dos SSM, disse que, até à data, contam-se 1800 casos suspeitos, estando actualmente 17 casos a ser analisados.

Coreia do Sul | Regresso via Hong Kong

Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), garantiu que 21 residentes de Macau já voltaram da Coreia do Sul desde o dia 20 de Fevereiro, enquanto que há nove pessoas a regressar hoje via aeroporto de Hong Kong. Apenas para os residentes é assegurado transporte para Macau a partir do aeroporto. “É uma medida excepcional e só se limita aos retornos da Coreia do Sul para Hong Kong através de voos directos. As pessoas que reunirem as condições podem ligar para o Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para podermos ajudar”, explicou.

DSEJ | Serviços reabrem

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) emitiu ontem uma nota de imprensa onde dá conta da abertura, hoje, de algumas instalações dos Centros de Actividades Educativas e Centros de Juventude, “tendo em conta o recente desenvolvimento da epidemia”.

Covid-19 | Voo com residentes oriundos de Hubei chega no sábado 

O director dos Serviços de Saúde de Macau adiantou ontem que há meia centena de residentes na província de Hubei que pretendem regressar ao território. Está prevista a chegada do voo fretado da Air Macau no próximo sábado, 7 de Março. Apenas os portadores de BIR que cumpram todos os requisitos podem embarcar no avião, frisou Lei Chin Ion

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo decidiu enviar um voo fretado para Hubei para trazer os residentes de Macau que continuam na província, à semelhança da decisão tomada pelas autoridades de Hong Kong. Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), declarou ontem em conferência de imprensa que, dos 164 residentes que se encontram em Hubei, 65 estão em condições de regressar, embora apenas 50 tenham “manifestado vontade” de o fazer.
O voo fretado da Air Macau deverá chegar ao território no próximo sábado, 7 de Março, estando previsto o envio imediato dos residentes para o cumprimento da quarentena de 14 dias no centro dos SSM no Alto de Coloane. O plano é, para já, “preliminar” e ainda não é certo o número de residentes que vão embarcar no avião.
“Temos de assegurar e confirmar os dados de saúde de todos os que vão embarcar e de como serão feitos os trabalhos de isolamento. Esta acção tem um alto risco, pois há o perigo de estes residentes, quando regressarem a Macau, estarem infectados. É um factor que não conseguimos prever, mas estamos sempre preparados para o pior, e tratamos todos de forma igual”, assegurou Lei Chin Ion.
Aqueles que apresentarem sintomas de tosse ou febre não podem embarcar, além de que o transporte para o aeroporto deve ser assegurado pelos próprios residentes. A entrada no avião far-se-á mediante o preenchimento de um inquérito sobre o seu estado de saúde.
“As bagagens têm de ser simples e não podem trazer muitas coisas, sobretudo comida ou lembranças. Será feita uma plena desinfecção em todas as bagagens”, disse Lei Chin Ion, que adiantou que todos os profissionais de acompanhamento, incluindo a tripulação, estarão devidamente equipados. “Não serão permitidas malas de mão. Preparamos fraldas descartáveis para os tripulantes e não haverá disponibilização de refeições porque terão de estar com a máscara colocada durante todo o percurso.”

Crianças sozinhas

Uma vez que apenas os portadores do BIR poderão embarcar no avião, existe a possibilidade de crianças realizarem o voo sozinhas, sendo posteriormente acompanhadas por familiares em Coloane. No entanto, as crianças só podem voar para Macau mediante uma declaração de autorização assinada pelos pais.
“As crianças que, não tendo o acompanhamento dos pais, terão de ser acompanhados por familiares no Alto de Coloane. Só existindo este acordo é que poderão embarcar no avião”, assegurou o director dos SSM.
Do total de 164 residentes que se encontram em Hubei, 56 são crianças, sendo que 13 delas têm menos de 14 anos e 32 têm idades compreendidas entre 3 e 12 anos, frisou Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo.
Lei Chin Ion diz ser uma “responsabilidade” do Executivo trazer estes residentes e diz não haver riscos pelo facto de as crianças poderem vir a viajar sozinhas. “Algumas pessoas reclamam que as crianças ainda são pequenas e que terão de ser acompanhadas por familiares, mas isso não se justifica, porque já fizemos uma avaliação e as crianças a partir de cinco anos estão em condições para embarcar no avião e viajar.”
O director dos SSM esclareceu que a decisão do regresso dos residentes de Hubei foi tomada tendo em conta que o território está há 26 dias consecutivos sem novos casos. “Posso dizer que actualmente o risco do surto na comunidade é muito baixo.”
Depois de ter sido dado alta a oito pacientes, há dois doentes que continuam internados no Centro Hospitalar Conde de São Januário, apresentando “sintomas ligeiros”. Ieong Iek Hou, coordenadora dos SSM, disse que, até à data, contam-se 1800 casos suspeitos, estando actualmente 17 casos a ser analisados.

Coreia do Sul | Regresso via Hong Kong

Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), garantiu que 21 residentes de Macau já voltaram da Coreia do Sul desde o dia 20 de Fevereiro, enquanto que há nove pessoas a regressar hoje via aeroporto de Hong Kong. Apenas para os residentes é assegurado transporte para Macau a partir do aeroporto. “É uma medida excepcional e só se limita aos retornos da Coreia do Sul para Hong Kong através de voos directos. As pessoas que reunirem as condições podem ligar para o Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para podermos ajudar”, explicou.

DSEJ | Serviços reabrem

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) emitiu ontem uma nota de imprensa onde dá conta da abertura, hoje, de algumas instalações dos Centros de Actividades Educativas e Centros de Juventude, “tendo em conta o recente desenvolvimento da epidemia”.