Covid-19 | Câmara Municipal de Lisboa lança campanha contra discriminação à comunidade chinesa Andreia Sofia Silva - 2 Mar 20202 Mar 2020 “Lisboa informada – Mais Saúde, Menos Discriminação” é o mote da mais recente campanha promovida pela Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a embaixada da República Popular da China em Portugal contra a discriminação de que a comunidade chinesa no país tem vindo a ser alvo devido à epidemia do Covid-19. Na sexta-feira, o embaixador Cai Run visitou lojas que estão a sentir na pele a quebra de clientes [dropcap]S[/dropcap]ão simples folhetos, em português e em chinês, que visam informar a população portuguesa, sobretudo aqueles que vivem na capital do país, Lisboa, de que é seguro comer em restaurantes chineses ou fazer compras nas lojas chinesas. A campanha “Lisboa informada – Mais Saúde, Menos Informação” foi lançada esta sexta-feira, na zona do Martim Moniz, a artéria dos principais negócios da comunidade chinesa em Lisboa. A campanha passa pela distribuição de folhetos por vários pontos da cidade para que os portugueses continuem a consumir produtos chineses, e contém não só informações de saúde, divulgadas pela Direcção-geral de Saúde (DGS), mas também recomendações que visam combater ideias feitas sobre as formas de contágio do Covid-19. “Não existe particular risco de contágio ao receber cartas ou encomendas da China” ou “pode fazer compras numa loja chinesa” são algumas das mensagens. “Todo e qualquer comportamento que apele ao afastamento de estabelecimentos comerciais de proprietários ou funcionários chineses não tem razão de ser e é discriminatório!”, lê-se ainda. A campanha, apoiada pela Embaixada da República Popular da China (RPC) em Portugal, foi pensada e proposta pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). “O que hoje aqui lançamos é da maior importância. Dar mais informação de saúde sobre o Covid-19 e combater a discriminação com base nesta doença. Queremos que fique bem claro que a associação do vírus à comunidade chinesa é errada. A saúde tem de ser vista como um direito e não como uma arma de arremesso”, disse Manuel Heitor, vereador da CML. O responsável adiantou ainda que Lisboa “é conhecida como uma cidade cosmopolita e multicultural, e, portanto, não toleramos a xenofobia ou outro tipo de discriminação”. “A comunidade chinesa é confiável, faz parte da vida da nossa cidade e muito contribui para a riqueza cultural e económica de Lisboa”, acrescentou. Cai Run, embaixador da RPC em Portugal, considerou esta campanha como tendo “um significado muito importante”, uma vez que pretende “apelar à saúde e combater a discriminação”. Passeio pelo bairro Esta foi a primeira vez que o embaixador Cai Run visitou algumas das lojas e supermercados chineses que quase todos os dias têm as portas abertas na zona do Martim Moniz. A acompanhá-lo esteve, além dos vereadores da CML, Graça Freitas, directora-geral de saúde. A visita começou no supermercado do senhor Abin, também ligado ao Centro de Serviços e de Apoio à Comunidade Chinesa em Portugal, passou por um café com chá e típicos doces chineses e também por uma loja de bijuterias. “Hoje visitamos as lojas e restaurantes chineses na zona do Martim Moniz, em Lisboa, para conhecer a situação actual dos seus negócios e expressar solidariedade e apoio para convosco. É também uma forte demonstração da amizade genuína entre os dois povos, português e chinês, unidos face às dificuldades da epidemia do Covid-19”, frisou Cai Run, na conferência de imprensa. Nas ruas do Martim Moniz, Cai Run considerou que a crise pela qual estão a passar os comerciantes chineses será temporária. Estes “estão a sentir alguma pressão nos seus negócios”, frisou. “Creio que esta campanha lançada pela CML é favorável para ajudar a resolver este problema. Julgo que esta pressão vai ser temporária e à medida que se vença esta epidemia os seus negócios também vão retomar a normalidade”, acrescentou. O embaixador destacou o bom trabalho desempenhado pelas autoridades chinesas no combate à epidemia que teve o seu epicentro na cidade de Wuhan, província de Hubei. “Foi estabelecido dentro de pouco tempo um sistema contra a epidemia que tem a cobertura em todo o país. Por isso, a propagação da epidemia tem sido controlada e os trabalhos da contenção têm sido faseados. Destaca-se o decréscimo dos casos recém confirmados fora da província de Hubei.” Neste momento, Portugal está em alerta máximo em relação à epidemia, apesar de não existirem ainda casos confirmados de infecção pelo Covid-19 em território nacional. Apenas dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infecção. A DGS registou, até à data, 59 casos suspeitos de infecção, dois dos quais ainda estavam em estudo na sexta-feira. Os restantes 57 casos suspeitos não se confirmaram, após registarem testes negativos. As autoridades europeias estão também em alerta depois do aparecimento de dezenas de casos em Itália. No total, a doença do Covid-19 já infectou 79.824 pessoas na China continental (que exclui Macau e Hong Kong). Repatriamento “bem sucedido” Na sua intervenção, Cai Run lembrou que há ainda muito por fazer no combate à epidemia no país. “Temos de estar cientes de que não chegamos ainda a um ponto de viragem no controlo da epidemia e que a situação na província de Hubei e na cidade de Wuhan continua severa.” No entanto, o embaixador chinês em Portugal está confiante na recuperação sócio-económica do país. “Enquanto se implementam os trabalhos de prevenção e controlo da epidemia de forma rigorosa e minuciosa, a parte chinesa está a promover os trabalhos da contenção da epidemia e desenvolvimento sócio-económico, aproveitando as vantagens institucionais do socialismo com características chinesas e dependendo de uma forte capacidade de mobilização e ricas experiências nas respostas às emergências públicas de saúde.” “A parte chinesa tem toda a certeza de sair vencedora na batalha contra a epidemia e apostar no desenvolvimento estável da sua economia”, frisou. Cai Run destacou a carta enviada pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a Xi Jinping, e lembrou o sucesso da acção de repatriamento de portugueses que residiam em Wuhan. “Foi neste período que a parte chinesa comunicou à parte portuguesa a evolução da epidemia e as medidas de contenção e proporcionou apoios no repatriamento bem-sucedido dos portugueses de Wuhan para Portugal.” Além disso, foi exigido “aos cidadãos chineses que se encontram ou pretendem vir para Portugal para colaborarem activamente com a parte portuguesa no que diz respeito às medidas de prevenção e controlo, para que cumpram o isolamento de 14 dias”, concluiu o embaixador. Neste momento são cerca de 30 a 40 cidadãos chineses que cumprem a quarentena voluntária em Lisboa, em casas disponibilizadas pela própria comunidade, a fim de estarem totalmente isolados das restantes pessoas. “Temos a boa notícia de que todos os que cumprem estas medidas estão em bom estado de saúde. Ao mesmo tempo também alertamos para que respeitem e cumpram as medidas tomadas pelas autoridades portuguesas. Estes chineses residentes em Portugal também fazem parte da sociedade portuguesa. Por um lado, eles tomam activamente estas medidas de precaução e também têm uma grande vontade de contribuir para os trabalhos de controlo à epidemia”, rematou Cai Run.
Covid-19 | Câmara Municipal de Lisboa lança campanha contra discriminação à comunidade chinesa Andreia Sofia Silva - 2 Mar 2020 “Lisboa informada – Mais Saúde, Menos Discriminação” é o mote da mais recente campanha promovida pela Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a embaixada da República Popular da China em Portugal contra a discriminação de que a comunidade chinesa no país tem vindo a ser alvo devido à epidemia do Covid-19. Na sexta-feira, o embaixador Cai Run visitou lojas que estão a sentir na pele a quebra de clientes [dropcap]S[/dropcap]ão simples folhetos, em português e em chinês, que visam informar a população portuguesa, sobretudo aqueles que vivem na capital do país, Lisboa, de que é seguro comer em restaurantes chineses ou fazer compras nas lojas chinesas. A campanha “Lisboa informada – Mais Saúde, Menos Informação” foi lançada esta sexta-feira, na zona do Martim Moniz, a artéria dos principais negócios da comunidade chinesa em Lisboa. A campanha passa pela distribuição de folhetos por vários pontos da cidade para que os portugueses continuem a consumir produtos chineses, e contém não só informações de saúde, divulgadas pela Direcção-geral de Saúde (DGS), mas também recomendações que visam combater ideias feitas sobre as formas de contágio do Covid-19. “Não existe particular risco de contágio ao receber cartas ou encomendas da China” ou “pode fazer compras numa loja chinesa” são algumas das mensagens. “Todo e qualquer comportamento que apele ao afastamento de estabelecimentos comerciais de proprietários ou funcionários chineses não tem razão de ser e é discriminatório!”, lê-se ainda. A campanha, apoiada pela Embaixada da República Popular da China (RPC) em Portugal, foi pensada e proposta pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). “O que hoje aqui lançamos é da maior importância. Dar mais informação de saúde sobre o Covid-19 e combater a discriminação com base nesta doença. Queremos que fique bem claro que a associação do vírus à comunidade chinesa é errada. A saúde tem de ser vista como um direito e não como uma arma de arremesso”, disse Manuel Heitor, vereador da CML. O responsável adiantou ainda que Lisboa “é conhecida como uma cidade cosmopolita e multicultural, e, portanto, não toleramos a xenofobia ou outro tipo de discriminação”. “A comunidade chinesa é confiável, faz parte da vida da nossa cidade e muito contribui para a riqueza cultural e económica de Lisboa”, acrescentou. Cai Run, embaixador da RPC em Portugal, considerou esta campanha como tendo “um significado muito importante”, uma vez que pretende “apelar à saúde e combater a discriminação”. Passeio pelo bairro Esta foi a primeira vez que o embaixador Cai Run visitou algumas das lojas e supermercados chineses que quase todos os dias têm as portas abertas na zona do Martim Moniz. A acompanhá-lo esteve, além dos vereadores da CML, Graça Freitas, directora-geral de saúde. A visita começou no supermercado do senhor Abin, também ligado ao Centro de Serviços e de Apoio à Comunidade Chinesa em Portugal, passou por um café com chá e típicos doces chineses e também por uma loja de bijuterias. “Hoje visitamos as lojas e restaurantes chineses na zona do Martim Moniz, em Lisboa, para conhecer a situação actual dos seus negócios e expressar solidariedade e apoio para convosco. É também uma forte demonstração da amizade genuína entre os dois povos, português e chinês, unidos face às dificuldades da epidemia do Covid-19”, frisou Cai Run, na conferência de imprensa. Nas ruas do Martim Moniz, Cai Run considerou que a crise pela qual estão a passar os comerciantes chineses será temporária. Estes “estão a sentir alguma pressão nos seus negócios”, frisou. “Creio que esta campanha lançada pela CML é favorável para ajudar a resolver este problema. Julgo que esta pressão vai ser temporária e à medida que se vença esta epidemia os seus negócios também vão retomar a normalidade”, acrescentou. O embaixador destacou o bom trabalho desempenhado pelas autoridades chinesas no combate à epidemia que teve o seu epicentro na cidade de Wuhan, província de Hubei. “Foi estabelecido dentro de pouco tempo um sistema contra a epidemia que tem a cobertura em todo o país. Por isso, a propagação da epidemia tem sido controlada e os trabalhos da contenção têm sido faseados. Destaca-se o decréscimo dos casos recém confirmados fora da província de Hubei.” Neste momento, Portugal está em alerta máximo em relação à epidemia, apesar de não existirem ainda casos confirmados de infecção pelo Covid-19 em território nacional. Apenas dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infecção. A DGS registou, até à data, 59 casos suspeitos de infecção, dois dos quais ainda estavam em estudo na sexta-feira. Os restantes 57 casos suspeitos não se confirmaram, após registarem testes negativos. As autoridades europeias estão também em alerta depois do aparecimento de dezenas de casos em Itália. No total, a doença do Covid-19 já infectou 79.824 pessoas na China continental (que exclui Macau e Hong Kong). Repatriamento “bem sucedido” Na sua intervenção, Cai Run lembrou que há ainda muito por fazer no combate à epidemia no país. “Temos de estar cientes de que não chegamos ainda a um ponto de viragem no controlo da epidemia e que a situação na província de Hubei e na cidade de Wuhan continua severa.” No entanto, o embaixador chinês em Portugal está confiante na recuperação sócio-económica do país. “Enquanto se implementam os trabalhos de prevenção e controlo da epidemia de forma rigorosa e minuciosa, a parte chinesa está a promover os trabalhos da contenção da epidemia e desenvolvimento sócio-económico, aproveitando as vantagens institucionais do socialismo com características chinesas e dependendo de uma forte capacidade de mobilização e ricas experiências nas respostas às emergências públicas de saúde.” “A parte chinesa tem toda a certeza de sair vencedora na batalha contra a epidemia e apostar no desenvolvimento estável da sua economia”, frisou. Cai Run destacou a carta enviada pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a Xi Jinping, e lembrou o sucesso da acção de repatriamento de portugueses que residiam em Wuhan. “Foi neste período que a parte chinesa comunicou à parte portuguesa a evolução da epidemia e as medidas de contenção e proporcionou apoios no repatriamento bem-sucedido dos portugueses de Wuhan para Portugal.” Além disso, foi exigido “aos cidadãos chineses que se encontram ou pretendem vir para Portugal para colaborarem activamente com a parte portuguesa no que diz respeito às medidas de prevenção e controlo, para que cumpram o isolamento de 14 dias”, concluiu o embaixador. Neste momento são cerca de 30 a 40 cidadãos chineses que cumprem a quarentena voluntária em Lisboa, em casas disponibilizadas pela própria comunidade, a fim de estarem totalmente isolados das restantes pessoas. “Temos a boa notícia de que todos os que cumprem estas medidas estão em bom estado de saúde. Ao mesmo tempo também alertamos para que respeitem e cumpram as medidas tomadas pelas autoridades portuguesas. Estes chineses residentes em Portugal também fazem parte da sociedade portuguesa. Por um lado, eles tomam activamente estas medidas de precaução e também têm uma grande vontade de contribuir para os trabalhos de controlo à epidemia”, rematou Cai Run.
Autoridades de Hong Kong prenderam fundador do jornal Apple Daily e dois políticos pró-democracia Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve na sexta-feira o fundador de um diário e dois políticos pró-democracia associados a uma manifestação proibida que se realizou a 31 de Agosto, no âmbito das manifestações anti-governamentais no território. De acordo com o jornal South China Morning Post, as forças de segurança detiveram, ao início da manhã do dia 28, por “intimidar um jornalista” e por “manifestação ilegal” o fundador do diário Apple Daily Jimmy Lai Chee-ying, conhecido por apoiar o movimento pró-democracia e os protestos e pela oposição ao Governo do território. Fontes policiais indicaram terem sido também detidos dois antigos deputados pró-democracia que participaram na manifestação proibida em 31 de Agosto. Um deles é o fundador do Partido Trabalhista de Hong Kong e secretário-geral da Confederação de Sindicatos local Lee Cheuk-yan. Aquele partido confirmou a detenção de Lee esta manhã e acusou a polícia de abuso de poder. A manifestação de 31 de Agosto, que marcou o 13.º fim de semana consecutivo de protestos na cidade, decorreu com a participação de dezenas de milhares de pessoas, de acordo com os organizadores, apesar da chuva e da proibição da polícia. Embora o objectivo fosse protestar em frente ao Gabinete de Ligação do Governo central em Hong Kong, muitos manifestantes concentraram-se junto à sede da polícia, que decidiu empregar canhões de água tingida de azul pela primeira vez desde o início das manifestações, no início de junho de 2019. A marcha foi convocada pela Frente Cívica de Direitos Humanos (CHRF), organismo responsável pelas manifestações mais pacíficas e com mais participantes. As autoridades negaram autorização para o protesto, alegando que em outras manifestações anteriores tinham ocorrido episódios de violência. A data marcava ainda o quinto aniversário da decisão das autoridades chinesas de não permitirem o sufrágio universal e livre para eleger o chefe do Executivo da região administrativa especial de Hong Kong, decisão que desencadeou os protestos conhecidos como ‘revolução dos guarda-chuvas amarelos’ em 2014. Com o surto do coronavírus Covid-19, que já causou mais de 2.800 mortos e mais de 83 mil infectados, as manifestações anti-governamentais em Hong Kong quase desapareceram, mas os apoiantes do movimento pró-democracia já avisaram que poderão regressar às ruas quando a crise de saúde pública terminar.
Covid-19 | Português infectado no Japão teve alta hospitalar Hoje Macau - 1 Mar 20201 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap]driano Maranhão, o primeiro português infectado com o novo coronavírus recebeu hoje alta hospitalar no Japão, depois de resultados negativos nas análises, segundo a sua mulher, Emmanuelle Maranhão. “Após as duas análises às narinas e saliva, estávamos a aguardar que as duas dessem negativo, porque assim ficaria então comprovado que não é portador, nem está contagioso, nem sequer tem a doença dentro do sistema dele”, afirmou em declarações à Lusa, a mulher de Adriano Maranhão, canalizador no Diamond Princess que já teve um exame positivo de infeção pelo novo coronavírus. Emmanuelle explicou como é que o marido, hospitalizado no Japão com confirmação de infeção, teve um resultado positivo e hoje dois negativos: “Fez umas únicas análises, logo no início, com uma zaragatoa, que deu positivo ainda no navio. Depois foi transportado, ficou toda a semana em quarentena, monitorizado e a cumprir os procedimentos, mas sobre esse quadro clínico foram também feitas mais duas análises, com um período de 48 horas entre elas, razão porque só soubemos hoje”. A mulher de Adriano Maranhão adiantou que as análises com 48 horas de diferença tiveram em vista resultados “mais fiáveis” e “dar tempo para ver se dentro do corpo alguma coisa se manifestava”. Confiante nos resultados das últimas análises, Emmanuelle mostrou esperança num regresso do português: “Ao fim deste tempo todo, ele não tem nada neste momento e teve os dois exames negativos. Já tem na mão o certificado de alta médica, por estar saudável. Agora para regressar vai ser outro procedimento”. Emmanuelle explicou ainda que deverá ser a empresa para a qual o português trabalha a “tratar do regresso dele de forma mais oficial, levá-lo para um hotel”. “Tem de ter os papéis para desembarque e depois voltará num voo”, afirmou, considerando ter recebido hoje “a melhor notícia” que a acordou logo cedo de manhã. “Depois deste esforço, agradeço a todos este desfecho feliz”, concluiu. Na passada terça-feira, Emmanuelle Maranhão foi transferido para um hospital na cidade de Okazaki, na província de Aichi, recém-construído e cuja inauguração estava prevista para Abril. Um dia antes, na segunda-feira, a directora-geral da Saúde disse que o português, canalizador no navio de cruzeiros atracado no porto japonês de Yokohama, seria enviado nessa madrugada para um hospital de referência local. Adriano Maranhão, canalizador no Diamond Princess, não tinha inicialmente sintomas, mas o exame revelou-se positivo. Além de Adriano Maranhão, há um outro cidadão português hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.
Covid-19 | Português infectado no Japão teve alta hospitalar Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap]driano Maranhão, o primeiro português infectado com o novo coronavírus recebeu hoje alta hospitalar no Japão, depois de resultados negativos nas análises, segundo a sua mulher, Emmanuelle Maranhão. “Após as duas análises às narinas e saliva, estávamos a aguardar que as duas dessem negativo, porque assim ficaria então comprovado que não é portador, nem está contagioso, nem sequer tem a doença dentro do sistema dele”, afirmou em declarações à Lusa, a mulher de Adriano Maranhão, canalizador no Diamond Princess que já teve um exame positivo de infeção pelo novo coronavírus. Emmanuelle explicou como é que o marido, hospitalizado no Japão com confirmação de infeção, teve um resultado positivo e hoje dois negativos: “Fez umas únicas análises, logo no início, com uma zaragatoa, que deu positivo ainda no navio. Depois foi transportado, ficou toda a semana em quarentena, monitorizado e a cumprir os procedimentos, mas sobre esse quadro clínico foram também feitas mais duas análises, com um período de 48 horas entre elas, razão porque só soubemos hoje”. A mulher de Adriano Maranhão adiantou que as análises com 48 horas de diferença tiveram em vista resultados “mais fiáveis” e “dar tempo para ver se dentro do corpo alguma coisa se manifestava”. Confiante nos resultados das últimas análises, Emmanuelle mostrou esperança num regresso do português: “Ao fim deste tempo todo, ele não tem nada neste momento e teve os dois exames negativos. Já tem na mão o certificado de alta médica, por estar saudável. Agora para regressar vai ser outro procedimento”. Emmanuelle explicou ainda que deverá ser a empresa para a qual o português trabalha a “tratar do regresso dele de forma mais oficial, levá-lo para um hotel”. “Tem de ter os papéis para desembarque e depois voltará num voo”, afirmou, considerando ter recebido hoje “a melhor notícia” que a acordou logo cedo de manhã. “Depois deste esforço, agradeço a todos este desfecho feliz”, concluiu. Na passada terça-feira, Emmanuelle Maranhão foi transferido para um hospital na cidade de Okazaki, na província de Aichi, recém-construído e cuja inauguração estava prevista para Abril. Um dia antes, na segunda-feira, a directora-geral da Saúde disse que o português, canalizador no navio de cruzeiros atracado no porto japonês de Yokohama, seria enviado nessa madrugada para um hospital de referência local. Adriano Maranhão, canalizador no Diamond Princess, não tinha inicialmente sintomas, mas o exame revelou-se positivo. Além de Adriano Maranhão, há um outro cidadão português hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.
Covid-19 | Luxemburgo regista primeiro caso de infecção Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Luxemburgo confirmou o primeiro caso de contágio provocado pelo novo coronavírus num homem de 40 anos que passou uns dias em Itália, revelou o ministério da Saúde do país. A ministra luxemburguesa de Saúde, Paulette Lenert, citada hoje pela agência espanhola EFE, informou que o paciente manifestou sintomas no início desta semana e que estão a identificar as pessoas com quem esteve em contacto. O paciente foi isolado com a família no Centro Hospitalar de Luxemburgo, embora a família não apresente sintomas, segundo o jornal “Le Soir”. Este caso levou o aeroporto de Charleroi, o segundo mais importante na Bélgica (país vizinho do Luxemburgo), a ativar a fase três do plano de epidemia de saúde, o que significa a implementação de novas medidas, como a abertura de um centro de crise, informou a agência noticiosa belga. Na Bélgica, houve um caso confirmado da doença de covid-19 num homem repatriado da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto. A epidemia, que teve origem na China, já infectou 85.641 pessoas em 58 países, das quais morreram 2.933. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Covid-19 | Luxemburgo regista primeiro caso de infecção Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Luxemburgo confirmou o primeiro caso de contágio provocado pelo novo coronavírus num homem de 40 anos que passou uns dias em Itália, revelou o ministério da Saúde do país. A ministra luxemburguesa de Saúde, Paulette Lenert, citada hoje pela agência espanhola EFE, informou que o paciente manifestou sintomas no início desta semana e que estão a identificar as pessoas com quem esteve em contacto. O paciente foi isolado com a família no Centro Hospitalar de Luxemburgo, embora a família não apresente sintomas, segundo o jornal “Le Soir”. Este caso levou o aeroporto de Charleroi, o segundo mais importante na Bélgica (país vizinho do Luxemburgo), a ativar a fase três do plano de epidemia de saúde, o que significa a implementação de novas medidas, como a abertura de um centro de crise, informou a agência noticiosa belga. Na Bélgica, houve um caso confirmado da doença de covid-19 num homem repatriado da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto. A epidemia, que teve origem na China, já infectou 85.641 pessoas em 58 países, das quais morreram 2.933. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Covid-19 | Primeiro morto na Austrália é ex-passageiro de navio onde foram infectados portugueses Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap] Austrália anunciou hoje a primeira morte causada pelo novo coronavírus, um nacional de 78 anos, ex-passageiro de um navio de cruzeiro colocado em quarentena no Japão onde também foram infectados dois portugueses, que permanecem hospitalizados. O homem morreu esta manhã num hospital em Perth (sudoeste), disse um porta-voz do Ministério da Saúde da Austrália. A mulher, de 79 anos, e também contaminada a bordo do navio, continua hospitalizada em Perth. Mais de 700 casos de coronavírus foram identificados entre os passageiros e a tripulação do navio. A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, em dezembro de 2019, já infectou mais de 86 mil pessoas em 53 países de cinco continentes, das quais morreram quase três mil. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Covid-19 | Primeiro morto na Austrália é ex-passageiro de navio onde foram infectados portugueses Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap] Austrália anunciou hoje a primeira morte causada pelo novo coronavírus, um nacional de 78 anos, ex-passageiro de um navio de cruzeiro colocado em quarentena no Japão onde também foram infectados dois portugueses, que permanecem hospitalizados. O homem morreu esta manhã num hospital em Perth (sudoeste), disse um porta-voz do Ministério da Saúde da Austrália. A mulher, de 79 anos, e também contaminada a bordo do navio, continua hospitalizada em Perth. Mais de 700 casos de coronavírus foram identificados entre os passageiros e a tripulação do navio. A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, em dezembro de 2019, já infectou mais de 86 mil pessoas em 53 países de cinco continentes, das quais morreram quase três mil. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Covid-19 | Escritor Luis Sepúlveda é o primeiro caso confirmado nas Astúrias, Espanha Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo das Astúrias, Espanha, confirmou no sábado o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus na região, que, segundo a imprensa espanhola, se trata do escritor chileno Luis Sepúlveda, que esteve recentemente em Portugal. Segundo as autoridades de saúde locais, trata-se de um homem de 70 anos, que se encontra “estável”. De acordo com o jornal La Voz de Asturias, Luis Sepúlveda é o primeiro caso confirmado na região, estando o escritor em isolamento no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo. O escritor e a mulher estiverem na Póvoa do Varzim (distrito do Porto), no festival Correntes d’Escritas, entre 18 e 23 de Fevereiro, e os primeiros sintomas surgiram no dia 25, segundo a edição ‘online’ da publicação, tendo Luis Sepúlveda procurado ajuda médica dois dias depois. A mulher também se encontra em isolamento naquela unidade de saúde, não estando ainda confirmado que está infectada. Segundo dados de sábado da Organização Mundial de Saúde, Espanha tem actualmente 45 casos confirmados de infecção, não havendo registo de vítimas mortais.
Covid-19 | Escritor Luis Sepúlveda é o primeiro caso confirmado nas Astúrias, Espanha Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo das Astúrias, Espanha, confirmou no sábado o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus na região, que, segundo a imprensa espanhola, se trata do escritor chileno Luis Sepúlveda, que esteve recentemente em Portugal. Segundo as autoridades de saúde locais, trata-se de um homem de 70 anos, que se encontra “estável”. De acordo com o jornal La Voz de Asturias, Luis Sepúlveda é o primeiro caso confirmado na região, estando o escritor em isolamento no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo. O escritor e a mulher estiverem na Póvoa do Varzim (distrito do Porto), no festival Correntes d’Escritas, entre 18 e 23 de Fevereiro, e os primeiros sintomas surgiram no dia 25, segundo a edição ‘online’ da publicação, tendo Luis Sepúlveda procurado ajuda médica dois dias depois. A mulher também se encontra em isolamento naquela unidade de saúde, não estando ainda confirmado que está infectada. Segundo dados de sábado da Organização Mundial de Saúde, Espanha tem actualmente 45 casos confirmados de infecção, não havendo registo de vítimas mortais.
Covid-19 | Mais de 3.500 infectados na Coreia do Sul, 376 novos casos em 24 horas Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde sul-coreanas anunciaram hoje 376 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus, elevando para 3.526 o total de pessoas infectadas no país, onde já morreram 17 pessoas. Quase 90% dos novos casos foram registados em Daegu, no centro da Coreia do Sul e na província vizinha de Gyeongsang do Norte, de acordo com o comunicado do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Contagiosas. Em outras cidades importantes do país, também ocorreram novas infeções, incluindo cinco em Seul e uma em Busan. Entre os casos mais recentes, está o de um bebé de mês e meio. O pai do bebé é um seguidor da seita Christian Shincheonji (considerada pelas autoridades como foco do surto viral nacional) e que deu resultado positivo para o patógeno na quinta-feira, noticiou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. A Coreia do Sul intensificou o seu programa de testes depois de declarar o nível máximo de alerta face ao rápido aumento de casos detetados. Hoje, a Coreia do Sul prevê testar 32.422 pessoas. A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, em dezembro de 2019, já infectou mais de 86 mil pessoas em 53 países de cinco continentes, das quais morreram quase três mil. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan. Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infecção. Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) registou 59 casos suspeitos de infecção, dois dos quais ainda em estudo na sexta-feira. Os restantes 57 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.
Covid-19 | Mais de 3.500 infectados na Coreia do Sul, 376 novos casos em 24 horas Hoje Macau - 1 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde sul-coreanas anunciaram hoje 376 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus, elevando para 3.526 o total de pessoas infectadas no país, onde já morreram 17 pessoas. Quase 90% dos novos casos foram registados em Daegu, no centro da Coreia do Sul e na província vizinha de Gyeongsang do Norte, de acordo com o comunicado do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Contagiosas. Em outras cidades importantes do país, também ocorreram novas infeções, incluindo cinco em Seul e uma em Busan. Entre os casos mais recentes, está o de um bebé de mês e meio. O pai do bebé é um seguidor da seita Christian Shincheonji (considerada pelas autoridades como foco do surto viral nacional) e que deu resultado positivo para o patógeno na quinta-feira, noticiou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. A Coreia do Sul intensificou o seu programa de testes depois de declarar o nível máximo de alerta face ao rápido aumento de casos detetados. Hoje, a Coreia do Sul prevê testar 32.422 pessoas. A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, em dezembro de 2019, já infectou mais de 86 mil pessoas em 53 países de cinco continentes, das quais morreram quase três mil. Na Europa, Itália é o país mais atingido pelo surto, com 17 mortos e 605 infectados. A Organização Mundial de Saúde aumentou para muito elevado o nível de ameaça causado pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia. Além da China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan. Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infecção. Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) registou 59 casos suspeitos de infecção, dois dos quais ainda em estudo na sexta-feira. Os restantes 57 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.
O Buda Dourado de Camilo Pessanha Duarte Drumond Braga - 28 Fev 20205 Mar 2020 [dropcap]D[/dropcap]izem que foi o primeiro funcionário público português a pedir transferência para um território onde ninguém queria viver. Mas Alberto Osório de Castro vivia há já largos anos em Timor, para onde se havia trasladado de Moçâmedes. Era primo direito e amigo de Camilo Pessanha e, tal como este, juiz e poeta, além de arqueólogo e botânico amador. No verão de 1912, Osório de Castro passou por Macau e assistiu ao ritual matinal do despertar do poeta, como deixou escrito na página de memórias «Camilo Pessanha em Macau», publicada em 1942 na revista Atlântico. Aí descreve uma visita ao confrade na sua tebaida, isto é, a casa de Camilo à Praia Grande, onde hoje se acha um insípido hotel chinês, mais ou menos frente à chuchumeca da Solmar. Fechado no seu quarto, Camilo demorava a despertar, numa descrição do opiómano que se tornou famosa: “Diante da janela toda aberta, um Buda doirado de bronze, cujo rosto extático vagamente sorria, numa expressão de transcendente serenidade. Dois pivetes ardiam devagar ante a luz, em homenagem da terra e das almas, como depois me disse Camilo, ao Desconhecido. […] O Camilo fumava a longos haustos caladamente, e reanimava-se pouco a pouco como se o tocara vara de condão”. Por conta da legenda, é fácil prestar atenção ao ópio, e ficar por aí. Mas mais do que o causador de tantos dissabores para China, parecem-me bem mais interessantes as referências religiosas: a São Paulo e sobretudo ao curioso Buda doirado, a modos que a evidência de uma suposta adesão ao budismo. Na verdade, é uma «citação» indireta e até jocosa de Arthur Schopenhauer, que também era proprietário de uma estátua doirada de Buda, e que, de modo a alimentar o seu pensamento pessimista, fez amplo uso da versão distorcida e europeizada do Budismo que circulava à época. Junto com os pivetes ardendo em homenagem «ao [Deus] Desconhecido», são apropriações distanciadas, irónicas (tristes até, na sua descrença desolada), de elementos chineses e budistas, junto com o Deus Desconhecido, de que Paulo se fizera emissário em Atenas (Atos dos Apóstolos, 17.23). Houve quem, iludido por estes sinais inequívocos de descrença, quisesse ver em Pessanha um budista. Não entendendo a ironia, ignorando a China e ainda mais o Budismo, enredaram-se no folclore. E há mais deste budismo irónico em Camilo. Veja-se uma carta enviada a um amigo, de 1896, escrita de Mirandela após breve regresso a Portugal: “Continuo fatigadíssimo desta série de deslocações em que ando há dois meses — e que só virá a terminar daqui por cinco ou seis, outra vez no mesmo cabo do mundo. Um horror para quem está acostumado a dois anos e meio de quietação búdica.” Ironia, mais uma vez, e por vezes dolorosa, como nestoutra, de março de 1912: “Não sei se eu disse alguma vez ao Carlos Amaro que há no inferno chinês um terraço, — a torre da Amargura, — onde o condenado é levado ao cabo de cada ciclo de tormentos e de onde vê tudo o que se está passando no mundo distante e pode interessar-lhe o coração”. Para quem muito entendia da China e dos seus mundos, quer a quietação búdica quer a Torre da Amargura, às quais junto o Buda doirado, são pequenos e amargos jogos, não tanto com a China em sim, mas com uma certa visão dela. Por um lado, Camilo Pessanha sabia que o buda schopenhauriano ou o budismo quietista-niilista eram distorções europeias de realidades asiáticas; por outro, sabia também que o seu olhar seria sempre o de um europeu descrente, de algum modo e por isso mesmo, sempre condenado às distorções.
Abóbada tubular António de Castro Caeiro - 28 Fev 2020 [dropcap]E[/dropcap]xistir num corpo não é estar dentro de uma anatomia. Somos estendidos num túnel, num tubo temporal. Há uma enorme dificuldade em comunicar a experiência do estender temporal que põe o corpo a ser tubular. Olho pela janela e encontro o mesmo céu de há 30 anos. Há uma ligação imediata entre o céu de agora e o céu de há trinta anos. Os trinta anos são um abcesso que não aparece. O mesmo se passou com o dicionário que vejo sobre a minha secretária. vi-o numa Livraria em Freiburg e depois em casa. O transporte do livro trouxe-o e ao mesmo tempo deslocou-o. Como penso a desmaterialização? Penso sempre que nunca há desmaterialização, que o que há é a matéria e contudo a maior parte do tempo as pessoas não existem, antes de terem nascido e depois de terem morrido, as coisas não têm realidade antes de terem realidade e depois de se terem desintegrado. O meu corpo desrrealiza-se, desmaterializa-se. Entre continuamente num túnel, num tubo que mantem a sua realidade metafísica e lhe permite telecinética e telepatia e o transporte de um sítio para o outro mas está continuamente a deixar de estar no sítio em que está e se está no mesmo sítio está continuamente a deixar de ser no tempo em que era para ser no tempo em que é agora e no sítio em que existe agora ou onde for. O corpo que chega de uma viagem é um corpo diferente do corpo que inicia a viagem, desmaterializou-se, desrealizou-se, passou para um domínio do onírico e não apenas por está mais cansado ou diferente, mas porque não é recuperado, não está no mesmo sítio, nas mesmas coordenadas do GPS, na mesma situação existencial, o carro em que se encontra é irrecuperável e se compararmos com a memória nítida que temos dos momentos iniciais da partida, sabemos que são momentos irrepetíveis, não podemos entrar nesse carro, esse carro é o mesmo carro, mas já não podemos entrar nele, já não existe, já se desmaterializou, agora é o carro que acabamos de arrumar, de onde saímos, fechamos e trancamos a porta, está continuamente a ser trancado e podemos acelerar o processo de blindagem ao percebermos que a cada instante a secção circular ou global de cada tubo temporal fica irreversivelmente inacessível ao portal da realidade, do tempo da realidade, ao tempo e ao espaço da realidade. Fica acessível ao portal virtual do tempo e do espaço da realidade virtual, onde podemos navegar e ir com o nosso corpo ou os nossos corpos de que nos armamos e com que forramos as nossas existências reais com que nos transmutamos e metamorfoseamos, sem dúvida, mas só para perceber que há uma diferença entre transpor esse portal e não o transpor. Mas percebemos que há continuamente barreiras que estão a ser erigidas ou portas temporais, cascatas temporais, que não permitem aceder às galerias abobadais que estavam presentes justamente há pouco, mesmo agora, no lugar exacto onde estávamos, quase no mesmo preciso instante do mesmo agora. O ser é o ir, o ir é o deixar de ser que desmaterializa e continuamente concretiza ou materializa mas existe no arco tenso de que não nos apercebemos. Somos o portal onde se abre e fecha, onde se dá a materialização e a desmaterialização do ser ainda a devir. O nosso percurso no túnel existencial, no globo universal na sua deslocação temporal tubular é uma nave, uma nau como os antigos bem viram como quando olhamos o céu e vemos as nuvens passar e pensamos que estão paradas e somos nós que nos deslocamos ou então que estamos parados algures na Terra, e que é ela no seu todo que se desloca errando vagabunda pelo vasto cosmos. Somos portadores da totalidade complexa da cápsula em que estamos submersos, o espaço estrutural que está continuamente a fazer-se e a desfazer-se, a refazer-se o projecto é o lance que de antemão está a antecipar no seu todo o sentido do momento seguinte.
Uma fotografia Valério Romão - 28 Fev 20204 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap] fotografia enquanto objecto mudou irremediavelmente desde a aparição dos telemóveis com câmara. Deixou de ter custos. Deixou de ser uma actividade que exige equipamento ou disposição específicos. Transformou-se num acto trivial radicado num dispositivo cada vez mais presente. Toda a gente tem um telemóvel com câmara, toda a gente tira selfies, toda a gente regista – com mais ou menos frequência – os seus dias. Existem até pessoas cuja profissão é documentar fotograficamente as suas vidas, numa espécie de matrioska auto-referencial em que se perde o norte magnético do que é real e do que é encenado, ficando o sujeito do registo inadvertidamente reduzido a actor de si mesmo na maior parte do tempo. Daqui a uns anos, quando o foco da atenção recair noutro epifenómeno mediático qualquer e as criaturas influenciadoras deixarem de ter palco suficiente para acomodar os seus egos, teremos pelo menos como consequência catita a ampliação do manual de diagnóstico de doenças psiquiátricas. A consequência deste fenómeno de sublimação do objecto fotográfico é a de já ninguém ou praticamente ninguém tirar fotografias analógicas (exceptuando porventura alguns fotógrafos apostados em provar que o filme não esgotou as suas potencialidades e hipsters de toda a sorte dispostos a fazer tudo pela medalha do vintage). Além disso, e embora não faltem impressoras fotográficas, muito pouca gente imprime as fotos que tirou com o telemóvel, pelo que a arte de aborrecer pessoas ao jantar com as fotos ou os diapositivos de férias se perdeu definitivamente algures a meio da segunda década deste século. Há uns dias descobri em arrumações umas fotos antigas do meu filho, de quando ele devia ter uns três ou quatro anos de idade. Para mim, que tenho uma memória de peixinho de aquário, encontrar fortuitamente uma fotografia em papel equivale a abrir uma fresta arqueológica sobre a vida. Aquela criança é o meu filho, não tenho dúvidas; mas é também outra coisa: é a evocação de um nexo de possibilidades que a vida se encarregou – bem ou mal – de afunilar. O meu filho é autista. Naquela fotografia o autismo era ainda um diagnóstico a prazo. Com intervenção precoce, suplementos de toda a espécie e dedicação monástica, tudo se resolveria a tempo de ele entrar para a escola e de ser apenas mais uma criança estupidamente irritante ao lado das outras. Era nisso que eu, a mãe e a maior parte dos médicos e terapeutas acreditávamos. O autismo era um percalço desafortunado que poderíamos converter numa monótona normalidade. O meu filho continua a ser autista. Tem dezasseis anos e está praticamente da minha altura. O autismo nele nota-se mais, luz mais. Quando ele tinha três anos o autismo era apenas uma nota de rodapé de uma criança que ainda podia ser tudo. Agora as pessoas vêem primeiro o autismo e só depois, a virar a esquina, o adolescente. Pelo que quando olho para aquela foto do Gui, a sorrir um sorriso que o futuro ainda não desbotara, a custo contenho as lágrimas. Entre o meu filho aqui e agora e aquela criança pluripotencial há um mundo de batalhas e de derrotas. Um mundo que só eu conheço na sua imensidão de percalços e de caminho às escuras, um mundo que se impõe repentinamente e que, cabendo dentro daquela fotografia, o transcende como a paisagem transcende a janela. Um mundo que já não existe e do qual sou portador para todo o sempre.
Elogio merecido João Luz - 28 Fev 20208 Mar 2020 [dropcap]M[/dropcap]uitas vezes esta canina coluna serviu para apontar o dedo à incompetência e à displicência perante a forma como se gere a coisa pública em Macau. Hoje não é um desses dias. Apesar de ter acompanhado de longe, não posso deixar de felicitar a determinação da resposta do Executivo de Macau para conter, dentro do possível, o surto de uma doença desconhecida até agora. Como é natural, não vivemos num mundo perfeito e o Governo, que tomou posse há pouquíssimo tempo, tem tomado decisões difíceis sob imensa pressão. Por exemplo, os critérios usados para determinar que tipo de negócios ou serviços precisam fechar as portas, a questão da entrada e saída de pessoas do território numa das fronteiras mais complexas do mundo em termos jurídicos e políticos, ou a forma como o Governo tem lidado com os residentes que se encontram ainda na província de Hubei. Estes são alguns dos problemas de resolução mais complicada que o Executivo de Ho Iat Seng enfrenta. Mas a seriedade com que lidou com esta ameaça contrasta com a relativização perigosa que, por exemplo, os governos europeus têm demonstrado. Em oito semanas, o Covid- 19 fez quase o triplo das vítimas mortais que o SARS fez em oito meses. O número de infectados é quase 10 vezes superior. Vamos todos respirar fundo e reflectir um pouco sobre estes números. Obviamente que não é razão para pânico, circunstância que nunca ajuda. Ainda assim, a desvalorização e a comparação perigosa à simples gripe espalham-se na Europa quase ao ritmo da propagação do surto.
Epidemia Paul Chan Wai Chi - 28 Fev 2020 [dropcap]D[/dropcap]esde o aparecimento do surto do novo coronavírus em Wuhan, continua a ser difícil conter a propagação da epidemia. Em muitos países já se registaram casos de infecção, que confirmam a possibilidade de uma epidemia a nível mundial. Para já, é difícil prever quando é que a situação pode vir a ficar sob controle, nem mesmo Tedros Adhanom Ghebreyesus, Director Geral da Organização Mundial de Saúde, que se tem mostrado optimista, consegue adiantar uma data. No momento em que escrevo este artigo, estão confirmados cerca de 80.000 casos na China continental e já se registaram perto de 3.000 mortes. Os média têm transmitido vídeo-clips com cenas comoventes e inúmeras histórias trágicas. Em Macau, o Governo tem sabido tirar partido do modelo “Um País, Dois Sistemas”. Numa cidade privada de recursos naturais e de tecnologia avançada, tem sido possível encontrar um caminho para garantir a saúde da população. No entanto, o surto do novo coronavírus em Wuhan, fez vir à luz do dia os pontos fracos de Macau. Com os casinos temporariamente fechados e a política de “Vistos Individuais” suspensa, o número de turistas desceu drásticamente. Os locais turísticos estão agora praticamente vazios, fazendo lembrar o panorama que se vivia há trinta anos. Quem é que disse que o desenvolvimento de Macau já não poderia voltar atrás? Uma epidemia pode reverter todo o progresso obtido nas últimas décadas. Face à adversidade, o novo Governo da RAEM tem feito tudo o que está ao seu alcance para conter a epidemia, e as medidas de controle e prevenção que foram tomadas revelaram-se mais eficazes do que as acções desenvolvidas em Hong Kong. Sem os milhares de turistas que normalmente a visitam, a cidade tem um ar fantasmagórico. Até que se declare o fim da epidemia, mesmo que os casinos retomem a sua actividade, os efeitos nefastos provocados na economia de Macau não poderão ser revertidos. Embora as verbas que o Governo está a investir possam garantir o funcionamento da cidade por mais algum tempo, como é que as pessoas vão conseguir manter o seu estilo de vida num clima de recessão económica, com a indústria do jogo seriamente afectada? Se a população de Macau passar a depender das verbas do Governo para garantir a sua subsistência, a cidade vai perder autonomia. Mesmo que Macau consiga ultrapassar os efeitos do surto deste novo coronavírus, ficará numa posição muito mais difícil se voltar a ser atingido por outra epidemia. Muitas pessoas acreditam que a brutalidade com se espalhou este novo coronavírus em Wuhan se ficou a dever a falhas de informação e à ineficácia na implementação de medidas de contenção da infecção, o que fez com que as autoridades tivessem deixado escapar a altura certa para conter o surto e impedi-lo de se tornar epidémico. Mas os surtos no Japão e na Coreia não se deveram a falta de informação. A negligência humana e os erros institucionais podem ter efeitos mais devastadores do que os desastres naturais, e podem criar as condições para o surgimento de uma nova epidemia. Na sua obra, “A Terceira Vaga: A Democratização nos Finais do Séc. XX”, Samuel P. Huntington assinala que não se pode afirmar que venha a haver uma quarta vaga de democratização no séc. XXI. A julgar pelos acontecimentos do passado, os dois factores chave que influenciarão a expansão da democracia no futuro serão o desenvolvimento económico e a liderança política. O surto do novo coronavirus é um sério revés para a economia da China continental, quebrando as suas cadeias de produção global e fazendo disparar os alertas vermelhos da recessão. Quanto à cena política, da qual constam em termos imediatos; a próxima convenção da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o desenvolvimento político de Hong Kong e de Taiwan, a eleição do sucessor de Najib Razak, para Primeiro-Ministro da Malásia, as eleições presidenciais nos EUA e o Brexit, as falhas e os maus procedimentos cometidos por cada um destes líderes resultarão numa nova epidemia de grande magnitude. Perante a aproximação de uma epidemia, para além de confiar na protecção do Governo, a população deve sobretudo reconquistar um papel primordial no desenvolvimento económico e no domínio da situação política!
Restauração | Koi Kei Bakery fecha duas lojas em Hong Kong Hoje Macau - 28 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap] grupo Koi Kei Bakery anunciou na sua página de Facebook que vai encerrar temporariamente três lojas em Hong Kong, a partir de amanhã, devido ao surto de Covid- 19, que, segundo a empresa, não mostra sinais de abrandamento. As lojas em questão situam-se em Tsim Sha Tsui, Causeway Bay e Mong Kok, mantendo-se, contudo, aberta a loja no Aeroporto de Hong Kong. Este último estabelecimento terá apenas um ajuste no horário de funcionamento, que assim abrirá portas entre as 7h e as 20h15. “A decisão foi baseada na abordagem à epidemia tomada pela administração de empresa em Macau, tendo em conta três factores: movimento de visitantes, logística e matéria-prima. Assim sendo, será necessário algum tempo até voltarmos à normalidade e até Macau conseguir fornecer, a curto-prazo, produtos suficientes para as lojas de Hong Kong.”, lê-se no comunicado da empresa. Importa realçar que o centro de produção da Koi Kei situa-se em Macau e emprega mais de 400 pessoas.
Restauração | Koi Kei Bakery fecha duas lojas em Hong Kong Hoje Macau - 28 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap] grupo Koi Kei Bakery anunciou na sua página de Facebook que vai encerrar temporariamente três lojas em Hong Kong, a partir de amanhã, devido ao surto de Covid- 19, que, segundo a empresa, não mostra sinais de abrandamento. As lojas em questão situam-se em Tsim Sha Tsui, Causeway Bay e Mong Kok, mantendo-se, contudo, aberta a loja no Aeroporto de Hong Kong. Este último estabelecimento terá apenas um ajuste no horário de funcionamento, que assim abrirá portas entre as 7h e as 20h15. “A decisão foi baseada na abordagem à epidemia tomada pela administração de empresa em Macau, tendo em conta três factores: movimento de visitantes, logística e matéria-prima. Assim sendo, será necessário algum tempo até voltarmos à normalidade e até Macau conseguir fornecer, a curto-prazo, produtos suficientes para as lojas de Hong Kong.”, lê-se no comunicado da empresa. Importa realçar que o centro de produção da Koi Kei situa-se em Macau e emprega mais de 400 pessoas.
Galaxy registou descida de 6 por cento das receitas em 2019 Andreia Sofia Silva - 28 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo Galaxy Entertainment Group (GEG) publicou ontem os resultados relativos ao quarto trimestre e todo o ano de 2019, tendo sido registada uma quebra anual de 6 por cento nas receitas do grupo, cifradas em 51,9 mil milhões de dólares de Hong Kong. No que diz respeito ao EBITDA (lucros antes de impostos, amortizações e depreciações) situou-se nos 16,5 mil milhões de dólares de HK, uma quebra anual de dois por cento. Relativamente ao quarto trimestre de 2019, altura em que se registaram os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Wuhan, a Galaxy registou quebras nas receitas de oito por cento, as quais se situaram nos 13 mil milhões de dólares de HK. O EBITDA, no quarto trimestre, foi de 4,1 mil milhões de dólares de HK, uma quebra anual de 6 por cento. No segmento das apostas de massas as receitas relativas a 2019 foram de 283.9 mil milhões de dólares de HK, representando uma quebra anual de 3 por cento. No quarto trimestre de 2019 as receitas neste segmento foram 70.1 mil milhões de dólares de HK, uma quebra de oito por cento. A Galaxy descreve o mercado de Macau, em 2019, como tendo sofrido “oscilações”, causadas pela guerra comercial, um abrandamento da economia mundial, as restrições ao fumo nas salas VIP, a flutuação do renmimbi, os protestos em Hong Kong e a competição dos mercados de jogo a nível regional. Lui Che Woo confiante No comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, Lui Che Woo, presidente do grupo, falou das dificuldades sentidas com a crise causada pelo novo coronavírus. “Sabemos que o encerramento [dos casinos] pode trazer desafios ao sector e à economia de Macau, mas o GEG apoia na totalidade a decisão do Governo”, disse o empresário, descrevendo os donativos que a operadora concedeu a várias entidades. “É altura de toda a comunidade trabalhar em conjunto para ultrapassar estes desafios. Enfrentámos desafios semelhantes no passado, e ultrapassamo-los. Estou confiante de que iremos ultrapassar o desafio actual”, frisou Lui Che Woo.
JP Morgan | Jogo deverá manter-se em baixa até fim do ano Hoje Macau - 28 Fev 20201 Mar 2020 Analistas da consultora JP Morgan prevêem que, afinal, não será no terceiro trimestre que o sector do jogo começará a dar sinais de recuperação no contexto da crise gerada pelo novo coronovírus. O desempenho do mercado vai depender do momento em que as autoridades chinesas sentirem segurança para eliminar proibições de entrada no país e retomarem a emissão de vistos para Macau, dizem [dropcap]A[/dropcap] consultora JP Morgan estima que a recuperação do mercado de entretenimento e de jogo não deverá acontecer antes do quarto trimestre deste ano, por oposição às ideias já apresentadas por alguns analistas de que a recuperação se daria no terceiro trimestre. A análise da JP Morgan é revelada num comunicado ontem emitido e citado pelo portal informativo GGRAsia. “Estamos perante um cenário de perdas de 24 por cento nas receitas do mercado de massas em 2020, uma acentuada quebra que varia entre 25 a 30 por cento esperados na fase do consenso pré-vírus”, escreveram os analistas DS Kim, Derek Choi e Jeremy An. Em 2019, o mercado de massas registou uma quebra de 3,4 por cento, com receitas de mais de 292 mil milhões de patacas, mesmo antes de surgir a crise causada pelo surto do Covid-19. Na mesma nota, a JP Morgan disse que as previsões para o mercado deste ano são “conservadoras”, devido à falta de respostas relativamente ao rumo que o novo coronavírus pode tomar, o que traz grandes incertezas ao mercado. Os analistas consideram que há que olhar para factores como o levantamento das proibições de viagem para a China e a emissão de vistos para que cidadãos chineses possam voltar a viajar para Macau, factores esses que podem “normalizar” o mercado. A JP Morgan diz ainda esperar quebras de 55 por cento nas receitas do mercado de massas relativas ao primeiro trimestre, e 35 por cento no segundo trimestre. Seguir-se-á “alguma estabilidade no terceiro trimestre”, descrevem. A consultora defende que o panorama económico para as seis operadoras de jogo, este ano, é “terrível”, devido aos elevados custos para manter os trabalhadores, além de que vêm aí novos concursos públicos para as licenças. “Os lucros vão, inevitavelmente, registar uma rápida quebra tendo em conta os custos de uma estrutura tão rígida – entre 15 a 20 por cento das despesas operativas estão sujeitas a contenção de custos”, escreveram os pesquisadores. Quebras no EBITDA Os analistas utilizam a metáfora de “viagem turbulenta” para descrever este ano e apontam para enormes perdas também ao nível do EBITDA (lucros antes de impostos, amortizações e depreciações) pode sofrer “uma quebra entre 45 e 80 por cento” no primeiro e segundo trimestre do ano “até atingir os valores mais baixos de sempre”. O EBITDA pode voltar a níveis “okay” no terceiro trimestre, até chegar a um patamar “sólido” no quarto trimestre do ano. “As próximas duas temporadas serão muito importantes dada a virtual falta de receitas”, aponta a JP Morgan.
JP Morgan | Jogo deverá manter-se em baixa até fim do ano Hoje Macau - 28 Fev 2020 Analistas da consultora JP Morgan prevêem que, afinal, não será no terceiro trimestre que o sector do jogo começará a dar sinais de recuperação no contexto da crise gerada pelo novo coronovírus. O desempenho do mercado vai depender do momento em que as autoridades chinesas sentirem segurança para eliminar proibições de entrada no país e retomarem a emissão de vistos para Macau, dizem [dropcap]A[/dropcap] consultora JP Morgan estima que a recuperação do mercado de entretenimento e de jogo não deverá acontecer antes do quarto trimestre deste ano, por oposição às ideias já apresentadas por alguns analistas de que a recuperação se daria no terceiro trimestre. A análise da JP Morgan é revelada num comunicado ontem emitido e citado pelo portal informativo GGRAsia. “Estamos perante um cenário de perdas de 24 por cento nas receitas do mercado de massas em 2020, uma acentuada quebra que varia entre 25 a 30 por cento esperados na fase do consenso pré-vírus”, escreveram os analistas DS Kim, Derek Choi e Jeremy An. Em 2019, o mercado de massas registou uma quebra de 3,4 por cento, com receitas de mais de 292 mil milhões de patacas, mesmo antes de surgir a crise causada pelo surto do Covid-19. Na mesma nota, a JP Morgan disse que as previsões para o mercado deste ano são “conservadoras”, devido à falta de respostas relativamente ao rumo que o novo coronavírus pode tomar, o que traz grandes incertezas ao mercado. Os analistas consideram que há que olhar para factores como o levantamento das proibições de viagem para a China e a emissão de vistos para que cidadãos chineses possam voltar a viajar para Macau, factores esses que podem “normalizar” o mercado. A JP Morgan diz ainda esperar quebras de 55 por cento nas receitas do mercado de massas relativas ao primeiro trimestre, e 35 por cento no segundo trimestre. Seguir-se-á “alguma estabilidade no terceiro trimestre”, descrevem. A consultora defende que o panorama económico para as seis operadoras de jogo, este ano, é “terrível”, devido aos elevados custos para manter os trabalhadores, além de que vêm aí novos concursos públicos para as licenças. “Os lucros vão, inevitavelmente, registar uma rápida quebra tendo em conta os custos de uma estrutura tão rígida – entre 15 a 20 por cento das despesas operativas estão sujeitas a contenção de custos”, escreveram os pesquisadores. Quebras no EBITDA Os analistas utilizam a metáfora de “viagem turbulenta” para descrever este ano e apontam para enormes perdas também ao nível do EBITDA (lucros antes de impostos, amortizações e depreciações) pode sofrer “uma quebra entre 45 e 80 por cento” no primeiro e segundo trimestre do ano “até atingir os valores mais baixos de sempre”. O EBITDA pode voltar a níveis “okay” no terceiro trimestre, até chegar a um patamar “sólido” no quarto trimestre do ano. “As próximas duas temporadas serão muito importantes dada a virtual falta de receitas”, aponta a JP Morgan.
Máscaras | Suspeito de burla impedido de sair de Macau João Luz - 28 Fev 20205 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] residente que foi detido por suspeita de prática de burla na venda de máscaras foi presente a juiz de instrução criminal que decretou como medidas de coacção termo de identidade e residência, prestação de caução, apresentação periódica, proibição de ausência da RAEM, de acordo com um comunicado emitido ontem pelo Ministério Público. A decisão foi tomada após o interrogatório ao arguido e teve “em conta a gravidade dos actos praticados e a circunstância perversa de ter aproveitado, para a prática de burla, a situação grave da epidemia em que há uma grande procura de materiais de prevenção por parte dos cidadãos”. Segundo o que foi apurado pelas autoridades, o arguido terá alegadamente utilizado redes sociais para vender máscaras, exigindo pagamento antecipado e um grande volume de compras do produto. As vítimas nunca receberam as máscaras e as autoridades reforçaram que foram burladas, pelo menos, 12 pessoas. O arguido foi indiciado pela prática de vários crimes de burla que são puníveis, cada um deles, com pena de prisão até três anos ou pena de multa.