China “prudentemente optimista” após negociação comercial com EUA

Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês mostrou-se ontem “prudentemente optimista”, após uma reunião entre equipas comerciais da China e dos Estados Unidos, sublinhando que, apesar das “boas indicações”, Pequim “aguarda para ver”.

“É necessário ser prudentemente optimista. O resultado da reunião deixou boas indicações e tudo aponta para que se tenha ultrapassado o ponto mais crítico da guerra tarifária”, assinalou o Global Times, em editorial, destacando que “a evolução da situação dependerá dos detalhes” e “da implementação do próprio acordo”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, na sua rede social Truth Social, que, no âmbito do novo pacto, os EUA imporão uma tarifa de 55 por cento sobre produtos chineses, enquanto Pequim manterá uma taxa de 10 por cento sobre bens norte-americanos.

Até ao momento, a China não confirmou estes números nem outros pormenores do acordo alcançado em Londres, que ainda necessita da aprovação final tanto de Trump como do líder chinês, Xi Jinping.

Pequim também não confirmou se, tal como referido por Trump, o pacto inclui a aprovação de vistos para estudantes chineses matriculados em universidades norte-americanas, nem o fornecimento a Washington de minerais raros essenciais para a indústria.

O Global Times destacou que o “quadro de trabalho” acordado deverá ser suficiente para “resolver os problemas económicos e comerciais” surgidos nas últimas semanas, salientando que “é crucial que os Estados Unidos demonstrem sinceridade”.

Abusos e pragmatismo

“Os EUA abusaram unilateralmente das tarifas sobre a China, conduzindo à situação difícil actual; por outro lado, faltaram repetidamente à palavra e até aumentaram a pressão após terem alcançado um consenso preliminar”, acrescentou o jornal.

O mesmo órgão referiu que a China tem sido sincera e que a parte norte-americana deve “mostrar integridade”, “cumprir o consenso” e “salvaguardar em conjunto os resultados do diálogo, obtidos com tanto esforço”.

“Espera-se que os EUA adoptem uma postura pragmática e levantem as suas medidas negativas contra a China”, concluiu. As conversações visaram reduzir as tensões entre as duas potências, que se têm acusado mutuamente de violar o acordo alcançado em Genebra, em Maio, após uma escalada na guerra comercial.

Naquele encontro, os dois países acordaram um pacto temporário de 90 dias, pelo qual a China reduziria as tarifas sobre produtos norte-americanos de 125 por cento para 10 por cento, enquanto os EUA diminuiriam as suas tarifas sobre bens chineses de 145 por cento para 30 por cento.

Comédia | Jimmy O. Yang actua pela primeira em vez Macau no Broadway

Os dias 4, 5 e 6 de Julho merecem estar reservados no calendário dos fãs de stand-up comedy de Macau. Jimmy O. Yang, o comediante de Hong Kong que entra em séries como “Silicon Valley” e “Space Force”, vai actuar no Broadway Theatre. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje e custam entre 480 e 880 patacas

 

“Tenho algo grande para anunciar: Macau, Ou Mun, vou aí estar entre 4 e 6 de Julho para três espectáculos. Vão ser os meus primeiros espectáculos em Macau. Os bilhetes vão estar à venda no dia 13 de Junho. Até já, Macau!” Foi desta forma que o comediante Jimmy O. Yang anunciou nas redes sociais que vai trazer o seu espectáculo de stand-up comedy pela primeira vez a Macau. Os espectáculos estão marcados para o Broadway Theatre. Nos dias 4 e 5 de Julho têm início às 20h30 e no dia 6 de Julho, domingo, a sessão começa às 15h.

Os bilhetes estão à venda a partir de hoje e custam entre 480 e 880 patacas.

Antes dos espectáculos em Macau, Jimmy O. Yang irá actuar na sua terra natal, Hong Kong, com cinco espectáculos já esgotados no Coliseu da cidade vizinha, entre hoje e domingo, com duas matinés pelo meio.

Com 38 anos de idade, o comediante tem já uma carreira longa, não só na comédia de palco, mas principalmente em série de televisão e cinema. A popularidade da comédia da HBO “Silicon Valley” apresentou Jimmy O. Yang ao mundo, interpretando um membro de uma equipa de programadores informáticos que tenta a sua sorte no mundo bilionários das aplicações móveis.

Outro papel recorrente no currículo de Jimmy O. Yang, foi na série da Netflix “Space Force”, onde contracena com actores como Steve Carell, John Malkovich, Ben Schwartz, Diana Silvers, Lisa Kudrow e o seu pai Richard Ouyang.

O comediante de Hong Kong entrou ainda em séries como “Os Simpsons”, “It’s Always Sunny in Philadelphia”, “American Dad”, entre outras.

Na sétima arte

Em cerca de 12 anos, Jimmy O. Yang entrou em mais de duas dezenas de filmes. Na sua filmografia há algumas longas metragens incontornáveis, como “Crazy Rich Asians”, “Love Hard”, “Like a Boss” e animações como “The Monkey King”, onde dá voz ao protagonista, “Minions: The Rise of Gru”, “The Lego Movie 2” e “Wish Dragon”.

No meio da uma carreira no palco e nos grandes e pequenos ecrãs, Jimmy O. Yang ainda teve tempo para escrever um livro: “How to American: An Immigrant’s Guide to Disappointing Your Parents”. A obra não só descreve um pouco a sua vida, enquanto alguém que no início da adolescência se muda de Hong Kong para a Califórnia, onde já tinha família, mas também desvenda os temas que costuma abordar nos espectáculos de stand-up comedy.

Na introdução do livro, o comediante dá algumas pistas sobre o seu percurso e o impacto que teve na sua família. “Recusei um emprego na área financeira para me dedicar à carreira de stand-up comedy. O meu pai pensou que eu tinha enlouquecido. Mas apercebi-me que mais valia desiludir os meus pais durante alguns anos, do que desiludir-me o resto da minha vida. Tive de os desiludir para poder dedicar-me ao que amava fazer. Essa foi a única forma que arranjei para poder comer o meu bolo de nabo chinês e a tarte de maçã americana ao mesmo tempo.”

Jimmy O. Yang nasceu em Hong Kong no Verão de 1987, depois de os seus pais se terem mudado de Xangai para a região vizinha. Em 2000, quando o comediante era um jovem de 13 anos, a família mudou-se para Los Angeles, onde vivia uma tia e uma avó do jovem.

Em 2009, formou-se em Economia na Universidade da Califórnia, em San Diego. Na cerimónia de entrega dos diplomas no ano em que completou a licenciatura, o orador principal foi Mike Judge, o autor da série “Silicon Valley”.

Take-away | Distribuidor detido por conduzir embriagado

Um distribuidor de take-away foi detido depois de sofrer um acidente de viação e acusado uma taxa de alcoolemia de 2,95 gramas por litro de sangue, na terça-feira. Segundo o jornal Ou Mun, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) recebeu a chamada do próprio suspeito, que pediu ajuda e alegou que o pé esquerdo tinha ficado ferido numa das barras de estacionamento para motos.

Quando os agentes policiais chegaram, verificaram que o suspeito cheirava a álcool e suspeitaram que tinha estado a conduzir com excesso de álcool no sangue. Também antes da chamada, o CPSP tinha recebido uma denúncia de um acidente de viação, em que o condutor de uma moto tinha caído sozinho, sem causar danos, e fugido do local.

Com recurso à videovigilância o CPSP confirmou que se tratava do mesmo suspeito e que após o acidente ainda continuou a distribuir comida. Depois de fazer o teste de balão, foi descoberta uma taxa alcoolemia de 2,95 gramas por litro de sangue no condutor. O caso foi encaminhado ao Ministério Público pela prática do crime de condução em estado de embriaguez.

SMG | Wutip passa a sinal 1 mas mantém-se alerta

A tempestade tropical Wutip tem enfraquecido à medida que se aproxima de Macau, ainda assim as autoridades esperam que o vento se intensifique ao longo do dia de hoje, acompanhado de aguaceiros fortes e trovoadas. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos baixaram ontem à tarde o alerta para sinal 1, enquanto as autoridades nacionais aumentaram

 

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) baixaram ontem à tarde o alerta de tempestade tropical do sinal 3 para o sinal 1, quando a tempestade Wutip estava a cerca de 680 quilómetros de Macau.

De acordo com a trajectória prevista, o Wutip irá tomar hoje um rumo de norte a nordeste, aproximando-se da costa oeste da Província de Guangdong e a corrente de ar sudoeste associada vai afectar Macau. Assim sendo, o vento na região poderá voltar a intensificar-se para ventos sustentáveis entre 41 km/h e 62 km/h, acompanhado de rajadas de cerca de 110 km/h.

Os SMG prevêem também aguaceiros fortes e trovoadas entre o final do dia de hoje e o início de domingo.

Devido à “significativa” precipitação contínua e acumulada e ao efeito da maré astronómica, os SMG alertaram para a possibilidade de ligeiras inundações em zonas do Porto Interior entre hoje e amanhã. Apesar de terem baixado o sinal de alerta, os SMG apontaram ontem que a trajectória do ciclone tropical ainda é incerta e apelaram à população para se manter alerta.

Por outro lado

Ao contrário do alívio do nível de alerta em relação à tempestade tropical Wutip verificado em Macau, as autoridades chinesas optaram ontem por outra via, elevando a resposta de emergência de nível IV para III, face à aproximação da primeira tempestade do ano, que deverá atingir por duas vezes o sul da China.

O sistema chinês de resposta a desastres meteorológicos compreende quatro níveis, sendo o nível I o mais grave e o nível IV o menos severo. A activação do nível III implica a mobilização mais alargada de recursos e coordenação reforçada entre agências a nível local e nacional para prevenir e mitigar os potenciais impactos do fenómeno.

De acordo com o Centro Meteorológico Nacional chinês, o Wutip desloca-se em direcção a noroeste a cerca de 10 quilómetros por hora e poderá tocar terra pela primeira vez entre a madrugada e a manhã de hoje, numa faixa costeira entre Lingshui e Ledong, na ilha de Hainan. Um segundo impacto está previsto para amanhã, na costa entre o oeste da província de Guangdong e a região autónoma de Guangxi.

Até amanhã, o sul da China deverá registar chuvas “muito fortes ou extremamente fortes” em zonas localizadas, nomeadamente no centro de Hainan, norte de Guangdong e leste de Guangxi, segundo o organismo meteorológico.

O observatório central mantém activo um alerta amarelo de tufão, o terceiro nível numa escala de quatro cores, em que o vermelho representa a situação mais grave.

A Administração Meteorológica da China, que tutela o Centro Meteorológico Nacional, apelou às autoridades locais para que reforcem as medidas de precaução face aos possíveis efeitos de ventos fortes, chuvas e deslizamentos de terra.

O Wutip é o primeiro tufão da época na China, mas a sua formação registou-se com mais de dois meses de atraso em relação ao habitual início da temporada, que costuma ocorrer no final de Março. Especialistas atribuem o atraso a um sistema de alta pressão subtropical invulgarmente forte e à chegada tardia da monção de Verão ao mar do Sul da China, factores que inibiram a convecção tropical necessária para o desenvolvimento de ciclones.

MUST | Estudo revela ligeira quebra de confiança dos trabalhadores

Pode a satisfação aumentar quando a confiança diminui? Pelos vistos, sim, pelo menos de acordo com o inquérito à confiança e satisfação da população empregada de Macau, realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na siga inglesa).

Os resultados apresentados na quarta-feira pelo director do instituto da MUST que conduziu o inquérito, Liu Chengkun, revelam que o índice geral da confiança dos trabalhadores reduziu 0,66 por cento em termos anuais, de 3.04 pontos para 3.02 pontos, numa escala que vai de 1 a 5. Ou seja, ficou em território neutro.

Por outro lado, o índice geral da satisfação aumentou 0,93 por cento para 3.26 pontos, ganhando 0.3 pontos em relação ao ano passado.

O académico explicou que o índice geral da confiança é constituído pela avaliação ao sentimento de segurança face ao mercado laboral, à empresa empregadora e à autoconfiança do trabalhador. Neste capítulo, apesar de os trabalhadores terem mais confiança na empresa em que trabalham, cujos pontos aumentaram 0,92 por cento, a confiança no mercado laboral caiu 2,58 por cento. Os índices de autoconfiança mantiveram-se no mesmo nível de 2024.

Os resultados indicam também que a confiança na segurança no trabalho, com o receio de perder o emprego no espaço de um ano, foi dos indicadores com a maior quebra, 5,4 por cento. Os outros indicadores onde se verificaram maiores descidas de confiança foram os da facilidade/dificuldade em encontrar novo emprego, e confiança para ascender na carreira e passar para um emprego melhor, com quebras respectivas de 4,48 por cento e 3,41 por cento.

O inquérito foi realizado entre 10 e 29 de Abril, e contou com a participação de 837 inquiridos, empregados a tempo inteiro.

Casinos-satélite | Fecho afecta imobiliário e banca

O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau alerta que o crédito mal- parado pode atingir os 100 mil milhões de patacas, devido ao encerramento dos casinos-satélite e dos negócios que giram à volta destes espaços de diversão

 

O anúncio sobre o encerramento cerca de nove casinos-satélite na Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) resultou no congelamento de pelo menos 10 negócios de imobiliário, em apenas dois dias. O cenário foi traçado pelo presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kin Wa, em declarações ao jornal Ou Mun.

Segundo Ip Kin Wa, com a confirmação do encerramento de nove casinos-satélite naquela zona, vários interessados na compra de imóveis, ou no arrendamento, optaram imediatamente por adiar os negócios, havendo mesmo quem tenha desistido do investimento.

Ip revelou que em muitos casos os congelamentos de potenciais negócios foram justificados com a necessidade de esperar para ver o que acontece no futuro e perceber qual será o novo valor dos imóveis. Com o encerramento dos casinos-satélite, à volta dos quais convivem vários negócios, como lojas de penhores, restaurantes ou lojas de conveniência, espera-se que haja uma desvalorização destes espaços.

O presidente da associação explicou também que algumas renovações de arrendamentos de espaços comerciais naquela zona, que estavam praticamente concluídas, ficaram em suspenso e podem não avançar. Face a este cenário, Ip Kin Wa mostra-se muito preocupado com o que considerou o impacto directo do anúncio do encerramento dos casinos daquela zona.

Como consequência do fecho, o dirigente associativo teme que a crise com que se debate o mercado imobiliário há alguns anos se prolongue com a quebra do valor dos imóveis e a redução dos preços de venda.

Tiros nos pés

Nas declarações prestadas ao jornal com maior circulação no território, Ip Kin Wa alertou ainda que o encerramento dos casinos-satélite representa um risco para a saúde do sistema bancário muito superior ao reconhecido oficialmente pelo Governo.

De acordo com o presidente da associação, o Governo indicou que os créditos relacionados com os casinos-satélite só representam 1 por cento do total dos créditos da banca. No entanto, segundo Ip, os números da própria banca apontam que o valor ligado a estes casinos é superior a 10 mil milhões de patacas.

Além disso, Ip indicou que o Governo, ao optar por não tomar medidas para salvar os casinos-satélites, está a ignorar o impacto indirecto do encerramento destes casinos nos outros negócios que giram à volta dos espaços de jogo. Anteriormente, Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, estimou que haveria cerca de 320 lojas que poderiam ser afectadas pelo encerramento dos casinos.

No entanto, o presidente da associação vem agora avisar que foram pedidos empréstimos durante a pandemia por estes negócios, para fazer face à redução das receitas, e que não houve tempo de recuperar financeiramente, o que faz com que não tenham capacidade de devolver o dinheiro aos bancos. A estes empréstimos, juntam-se as hipotecas a serem pagas pelos senhorios que arrendam os espaços onde os negócios são explorados. Segundo Ip, quando os empréstimos dos negócios e as hipotecas são tidos em conta, o montante de crédito ligado directamente e indirectamente aos casinos-satélite sobe para pelo menos 70 mil milhões de patacas, no caso de 70 por cento dos negócios perderem a capacidade para pagarem os respectivos empréstimos.

Com base nestas contas, Ip Kin Wa estimou que o crédito mal-parado pode subir para 100 mil milhões de patacas, uma taxa de 10 por cento. De acordo com os dados citados por Ip, da Autoridade Monetária de Macau referentes a Abril, nesse mês, a taxa de incumprimento de empréstimos era de 5,4 por cento, equivalente a 55 mil milhões de patacas.

Jogo | Governo renova contrato com SLOT mas exige redução de TNR

O Governo renovou o contrato de concessão de exploração de lotarias instantâneas com a SLOT — Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau, mas exigiu à empresa prioridade aos residentes locais no acesso ao emprego e que formulasse propostas para reduzir as quotas de trabalhadores não-residentes.

Segundo a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), entre os recursos humanos da SLOT, 15 por cento são TNR. Face às exigências do Executivo, a empresa propôs reduzir em 35 por cento as quotas actuais de TNR, para um total de 26 quotas para trabalhadores não especializados até ao fim do primeiro trimestre do próximo ano.

A DICJ sublinhou ontem que “o Governo da RAEM continuará a avaliar a situação de execução da SLOT no que diz respeito à garantia de prioridade de acesso ao emprego dos residentes locais e no cumprimento das suas responsabilidades sociais, de modo a assegurar o desenvolvimento saudável do mercado de trabalho local e, em conjunto, salvaguardar a estabilidade social”.

Aviação | Abertura do mercado arranca em Fevereiro de 2026

A lei que pretende acabar com o monopólio da Air Macau na aviação civil deverá entrar vigor em Fevereiro do próximo ano. A estimativa foi deixada por Vong Hin Fai, deputado e presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, ontem, depois de ter sido finalizada a discussão na especialidade.

Nesta fase, a lei ainda vai ter de ser votada no Plenário da Assembleia Legislativa, o que deverá acontecer o mais tardar até 15 de Agosto deste ano, não se esperando qualquer dificuldade na aprovação do diploma.

A partir do momento em que a lei entrar em vigor, em teoria, qualquer companhia aérea pode tentar obter uma licença para operar em Macau. Contudo, o número de licenças é controlado pelo Chefe do Executivo, o que significa que existe a possibilidade de o mercado não ficar efectivamente liberalizado.

Além da aviação de transporte de passageiros, o sistema de concessão deixa igualmente de vigorar para o transporte de mercadorias e de transporte de correio.

A lei não vai impor uma obrigação de serviços às novas empresas que entrem no mercado de Macau, mas, se após obterem a autorização, as empresas deixarem passar dois anos sem realizar qualquer actividade, a autorização vai caducar.

As autorizações para operar em Macau podem ser distribuídas por concurso público. No entanto, Chefe do Executivo tem poderes para dispensar esse procedimento e entregar a licença directamente a uma empresa, se considerar que essa opção é aquela que melhor defende o interesse público.

Trânsito | Lo Choi In pede obras na Praça Ferreira do Amaral

O número de acidentes naquela que é uma das zonas características de Macau leva a deputada a defender uma intervenção profunda, que pode passar por um melhor aproveitamento do subsolo

 

A deputada Lo Choi In defende a necessidade de se realizarem obras na Praça Ferreira do Amaral para reduzir os riscos de acidentes para os peões, face ao enorme volume de autocarros. A questão consta de uma interpelação escrita da legisladora ligada à comunidade de Jiangmen.

O pedido para alterar aquela que é uma das principais praças do território, e um dos pontos com maior circulação de autocarros, surge depois de na última semana de Maio terem sido registados pelo menos três acidentes com autocarros no local. A deputada considera que os acidentes naquela zona são cada vez mais frequentes e que o problema precisa de uma resposta.

“Quando introduzimos num motor de busca as palavras Praça Ferreira do Amaral surgem inúmeras notícias sobre acidentes naquele local, desde atropelamentos de peões, colisões entre autocarros ou acidentes entre autocarros e carros particulares, quando os autocarros entram na rotunda”, descreveu Lo. “A população tem a impressão que este local se tornou um dos pontos negros do trânsito”, avisou.

No texto, a deputada reconhece que por vezes os acidentes são da responsabilidade de peões ou das pessoas que não adoptam as cautelas devidas de circulação naquela zona. No entanto, Lo Choi In defende que “quando os acidentes se sucedem, isso pode reflectir as falhas na concepção das paragens de autocarros na rotunda”.

Desafios reconhecidos

De acordo com a deputada, as obras no local devem ser profundas, embora reconheça que a praça resultou de um desenvolvimento histórico que vai sempre limitar as intervenções na zona.

No entanto, Lo sugere uma parceria entre o governo e diferentes instituições académicas para se proceder a um novo planeamento, de forma a que os congestionamentos deixem de ser frequentes, ao contrário do que actualmente acontece, em alturas como o Ano Novo Lunar, a Semana Dourada, ou o Feriado Nacional. Segundo a deputada, o governo deve ponderar convidar especialistas nestas questões para resolver o problema não só de Macau, mas também do Interior.

Com estas alterações, Lo indica que vai ser possível “optimizar a eficiência da rede viária, aumentar a segurança dos peões e ainda revitalizar e aproveitar o espaço subterrâneo daquela zona.

Ao mesmo tempo, a legisladora aproveita a interpelação para defender a necessidade de substituir e organizar várias paragens de autocarros em Macau, principalmente as mais antigas. Sobre este assunto, Lo afirma que são várias as paragens a ser substituídas e que o trabalho vai levar tempo. Contudo, apela ao Executivo para ter como prioridade as paragens que ficam perto das escolas e as mais utilizadas pelos idosos.

Eleições | Soldado de Mao detido por exploração de mah-jong

As autoridades recusaram identificar Wong Wai Man como o detido, mas a informação começou a circular na manhã de ontem. O armador tem estado incontactável desde então. A apresentação da lista candidata às legislativas fica assim em causa, dado que Wong tinha até hoje para reunir 77 assinaturas válidas

 

Numa altura em que lutava contra o tempo na tentativa de reunir 77 assinaturas para se candidatar às eleições legislativas, Wong Wai Man, também conhecido como Soldado de Mao, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ). Com este cenário, a participação nas eleições deverá estar praticamente afastada, dado que Wong terá estado detido durante quase dois dias, e o prazo limite para a recolha das assinaturas em falta termina hoje.

As indicações sobre o desaparecimento de Wong Wai Man começaram a circular na manhã de ontem, quando um comunicado, em nome de Carl Ching, amigo do Soldado de Mao, começou a circular online. De acordo com este comunicado, Carl tinha entregue duas cartas junto das autoridades a pedir a libertação de Wong. A primeira foi entregue de manhã, por volta das 9h30, no Ministério Público, e tinha como destinatário o Procurador Chan Tsz King. A segunda, foi entregue por volta do meio-dia na sede do Governo e estava endereçada ao Chefe do Executivo.

Além de pedir a libertação imediata do potencial candidato às eleições legislativas, a carta ainda pedia que o processo judicial contra o potencial candidato fosse suspenso, até ao final das eleições.

O HM contactou Carl Ching para perceber os contornos da detenção, mas sem sucesso. Ao mesmo tempo, o número de telemóvel de Wong Wai Man esteve sempre incontactável.

Quando a informação sobre o caso ainda era escassa, o HM contactou o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público (MP) e a Sede do Governo. O objectivo passou por confirmar a detenção, assim como a entrega das cartas mencionadas. Até ao fecho da edição do HM apenas o CPSP respondeu, indicando que não tinha informações sobre o caso.

Exploração de Mah-Jong

À tarde, durante a habitual conferência de imprensa da PJ, cuja informação foi citada pelo jornal Ou Mun, foi revelado um caso de exploração de mah-jong. Este é um crime que pode ser punido com uma pena de prisão de um ano ou 120 dias de multas.

Segundo os contornos apresentados, o caso resultou num detido, que foi apresentado como um residente de apelido Wong, trabalhador da construção civil e com 61 anos. Os dados coincidem com a identidade de Wong Wai Man, que nasceu em Julho de 1963, o que significa que tem precisamente 61 anos, e é trabalhador da construção civil, precisamente armador de ferro.

Além do mais, o caso foi detectado na Rua do Canal Novo, onde fica situada a Associação dos Armadores de Ferro e Aço, igualmente ligada a Wong Wai Man.

Após a informação ser relevada, o HM ligou à PJ para confirmar os dados, mas uma porta-voz da PJ limitou-se a dizer que não tinha mais informação para divulgar. Também só depois de grande insistência, a PJ confirmou que a informação citada pela publicação em língua chinesa tinha sido divulgada numa conferência de imprensa de rotina.

Buscas na quarta

Segundo a PJ, citada pelo jornal Ou Mun, no interior da loja alvo das buscas na manhã de quarta-feira terão sido encontradas 11 mesas electrónicas de mah-jong, embora apenas duas estivessem ligadas. As duas mesas estariam a ser utilizadas por oito pessoas. Além disso, enquanto as autoridades permaneceram na loja, identificada como “loja” para jogar mah-jong, apareceram no local quatro pessoas.

Das buscas resultou a detenção de Wong e a apreensão de 18 sets de mah-jong, 1.287 fichas de jogo, e 56 baralhos de cartas.

Durante a operação, mais nove homens e três mulheres foram “convidados” a irem à esquadra auxiliar a PJ na investigação. Wong terá recusado responder às perguntas da PJ. A PJ acredita que os jogadores tinham de pagar 200 patacas para poderem jogar, e que durante os três meses de operação terá havido pagamentos no total de de 8.800 patacas. O caso foi encaminhado para o MP.

Lista em causa

A detenção acontece numa fase em que o Soldado de Macau, também conhecido como Capitão Macau, tentava reunir mais 77 assinaturas para participar nas eleições de Setembro para a Assembleia Legislativa.

Na sexta-feira, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) considerou que das 395 assinaturas apresentadas por Wong para constituição da comissão de candidatura, 175 não cumpriam os requisitos legais. Como previsto na lei, foi assim concedido um prazo adicional de cinco dias úteis à potencial lista Ajuda Mútua Grassroots para conseguir as assinaturas necessárias. O prazo terminava hoje, mas o candidato passou cerca de dois dias detido, pelo que não é certo que consiga concluir o processo a tempo de participar no acto eleitoral.

Caso as assinaturas fiquem por recolher, o acto eleitoral vai contar com apenas oito listas, sendo que apenas uma delas não se encontra actualmente representada no hemiciclo. A Assembleia Legislativa deverá assim sofrer poucas alterações, no campo dos deputados eleitos pela via directa.

História que se repete

Esta não é a primeira vez que Wong Wai Man enfrenta problemas com a polícia, depois de tentar exercer direitos previstos na Lei Básica.

Em Maio de 2023, após entregar um pedido de manifestação no Dia do Trabalhador junto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), Wong acusou a polícia de lhe enviar mensagens a pedir que cancelasse o pedido. Além disso, na sequência do pedido de manifestação, também a sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço recebeu visitas de agentes da polícia.

As queixas de Wong Wai Man, publicadas num artigo do jornal All About Macau, foram investigadas horas depois pela PJ, que concluiu não ter havido pressão do CPSP e que apenas teria havido “pressões pessoais”. Na altura, a PJ indicou que Wong não se mostrou disponível para mostrar todas as mensagens que teria recebido.

Na conferência de imprensa da PJ a ilibar o CPSP, a polícia definiu ainda Wong Wai Man como um infractor recorrente. Nessa ocasião, a PJ revelou que a associação ligada a Wong Wai Man tinha sido alvo, desde 2018, de pelo menos oito denúncias de jogo ilegal. A PJ tentou ainda descredibilizar o Soldado de Mao ao indicar que este tinha cometido várias infracções de trânsito, sendo multado por isso.

Após ser ilibada, na altura, o CPSP garantiu através de um comunicado que respeita sempre todos os direitos previstos na Lei Básica.

China e África pedem aos EUA que resolvam disputas comerciais sem coerção

A China, 53 países africanos e a União Africana pediram ontem à comunidade internacional, em particular aos Estados Unidos, para que resolvam disputas comerciais com diálogo baseado no “respeito e reciprocidade”, rejeitando o unilateralismo e medidas económicas coercivas.

“Perante as tentativas de certos países de perturbar a ordem económica e comercial internacional existente através de tarifas, prejudicando os interesses comuns da comunidade internacional, pedimos a todos os países – especialmente os Estados Unidos – que regressem ao caminho correcto de resolver disputas comerciais através de consultas baseadas em igualdade, respeito e reciprocidade”, refere-se na declaração emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O comunicado foi divulgado no final da reunião de acompanhamento do Fórum de Cooperação China África (FOCAC), realizada na cidade central chinesa de Changsha, onde foi discutida a aplicação dos acordos da última reunião de Pequim, em 2024.

Os signatários denunciaram que o uso de tarifas e outras barreiras está “a perturbar a ordem económica e comercial internacional existente” e alertaram que “nenhum país deve fazer concessões ou acordos às custas dos interesses de outros”.

Mais ajuda

Nesse contexto, pediram que a comunidade internacional “aumente substancialmente – e não reduza drasticamente – a ajuda ao desenvolvimento da África”, com o objectivo de melhorar os meios de subsistência, reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento económico e social no continente.

Como parte dos seus compromissos, a China anunciou isenções tarifárias totais para produtos tributáveis dos 53 países africanos com os quais mantém relações diplomáticas – excepto Esuatini , bem como novas medidas para facilitar o acesso de produtos africanos ao seu mercado.

Na reunião, foi apresentada uma lista detalhada do estado dos acordos de Pequim e foi lançado o programa comercial China-África programado para 2026. Paralelamente, Pequim reafirmou a sua disponibilidade para cooperar com a África em sectores como indústria verde, comércio electrónico, inteligência artificial, segurança e governança, no contexto de uma relação económica que ganhou peso.

Segundo dados da Administração Geral de Alfândegas, o comércio bilateral superou os 2,1 triliões de yuans (255,7 biliões de euros) em 2024, enquanto nos primeiros cinco meses de 2025 cresceu 12,4 por cento em relação ao ano anterior, até 963,21 biliões de yuans (117,29 biliões de euros).

A porta das estrelas (I)

(Continuação da edição de 5 de Junho)

Para entender o projecto de Trump, é essencial assistir ao vídeo de apresentação do Stargate. O magnata começa a falar quase em burocratês, afirmando que o objectivo do projecto é construir «a infra-estrutura física e virtual para fortalecer a próxima geração de inteligências artificiais». Depois, faz uma pausa, respira fundo e prossegue com a afirmação fatal de que «Para isso, construiremos centros de dados colossais». Esta passagem, se o magnata tivesse optado por publicá-la no “Truth Social” em vez de anunciá-la em transmissão mundial, teria certamente sido escrita em letras maiúsculas trumpianas «CONSTRUIREMOS CENTROS DE DADOS COLOSSAIS».

A porta das estrelas, em suma, é algo muito terreno. Não se trata de escrever algumas linhas de software, mas de construir enormes galpões industriais onde armazenar uma quantidade gigantesca de dados, necessários para treinar as IAs a igualar e talvez superar a inteligência humana. Trata-se de desviar cursos de água inteiros para arrefecer as máquinas, dado o incrível consumo energético dessas infra-estruturas. A IA consome muita energia e certamente não é «verde». Trump percebeu isso e, portanto, o slogan da campanha Republicana de 2008 «drill, baby, drill!» também se adapta ao desenvolvimento da IA. Não é crueldade ou desinteresse em relação ao destino ecológico do planeta. É puro princípio de realidade. Típico, antes do presidente, do empresário. Porque Altman pode contratar todos os melhores engenheiros informáticos do mundo e recolher todos os dados que quiser, mas sem as GPUs de Jensen e a terra de Donald ChatGpt pode ser, no máximo, uma calculadora brilhante.

Numa entrevista recente, Jake Sullivan, ex-Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos explicou que agora o Estado já não consegue exercer um controlo real sobre o desenvolvimento tecnológico, especialmente quando se trata de IA. É assim mesmo. Regular a OpenAi e empresas semelhantes é impossível. A inovação é muito rápida e não pode ser abrandada sem criar ameaças à segurança nacional. No entanto, como a IA não existe na natureza, mas tem de ser produzida, raciocina Trump, se eu quiser exercer poder neste processo, um poder, não uma governação ao estilo europeu que equivale a suicídio industrial, tenho de me inserir nas cadeias de valor. Como fazer isso? Às vezes, as soluções mais banais são também as mais eficazes. Certamente, o Estado não pode competir com Altman em software, com Jensen em hardware ou com Ellison e a Microsoft na nuvem. Mas continua a ser o único sujeito que possui o solo, sobre a qual exerce o monopólio da violência legítima e sobre a qual pode conceder autorização para «CONSTRUIR CENTROS DE DADOS COLOSSAIS».

Só o Estado pode decidir desviar cursos de água para direccioná-los para as instalações de refrigeração e fornecer aos centros de dados a energia necessária para alimentar a capacidade de computação. Nem as GPUs de Jensen, nem o software da OpenAI, nem a nuvem da Oracle o podem fazer. Neste mundo, só Donald Trump o pode fazer. Em termos económicos, trata-se de ocupar um ponto de estrangulamento numa cadeia de valor.

No momento, o presidente e os três mosqueteiros da Stargate (Ellison, Masa e Altman) estão alinhados. Portanto, o magnata promete uma enxurrada de ordens executivas e declarações de emergência para garantir o abastecimento de água e energia necessários para alimentar os colossais centros de dados que agora fazem parte da paisagem americana. No entanto, ao fazer isso, Trump também pretende sinalizar aos seus companheiros de viagem que a porta das estrelas ainda depende do Estado, pelo menos até que nas palavras de Max Weber «o último quintal de combustível fóssil seja queimado».

Perfurem. Assim e resumindo, através do Stargate, Trump pretende consolidar a primazia em IA em relação à China e manter alguma forma de controlo sobre a inovação. A responsabilidade financeira da operação ou seja, a tarefa de encontrar os cem mil milhões de dólares para começar e depois quintuplicá-los cabe ao SoftBank, enquanto a responsabilidade operacional é da OpenAi.

A Oracle disponibilizará as nuvens e a Nvidia as GPUs, enquanto ao governo cabe a tarefa de garantir o fornecimento de energia necessário para alimentar todo o processo. Stargate é, antes de mais nada, um projecto de infra-estrutura, que se concretiza na construção de centros de dados colossais e na futura criação de cem mil postos de trabalho. Como disse Trump no fórum de Davos, a porta das estrelas deve, de facto, ser inserida na estratégia industrial mais ampla do país, que consiste em «tornar os Estados Unidos uma superpotência industrial».

Consulado | Sara Augusto apresenta livro e exposição sobre Camões

“Vasto Império do Coração” é o título do livro que Sara Augusto apresenta na próxima quarta-feira. A obra, acompanhada por uma exposição focada na presença de Camões em Macau, faz parte do cartaz de celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas

 

Macau continua a celebrar a portugalidade e o poeta maior da língua portuguesa, Luís de Camões, com vários eventos e protagonistas. Desta vez o foco é, novamente o poeta, mas a iniciativa nasce de Sara Augusto, académica, docente de português na Universidade Cidade de Macau e também fotógrafa.

“Vasto Império do Coração” é o verso de António Couto de Viana que dá nome ao livro e exposição será apresentada na próxima quarta-feira, 18 no Auditório Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra composta por 12 imagens de Sara Augusto, fica também patente no mesmo local.

Ao HM, Sara Augusto explica que a escolha do nome para a obra e exposição “tem a ver com a sonoridade do verso”. “O poema a que pertence é um poema atormentado, que faz contrastar a imensidade da obra de Camões como um país que não corresponde às expectativas do sujeito poético. Mas não foi o sentido do poema que me interessou, foi este verso em particular que me parece relacionar-se com a vocação para as viagens marítimas e sobretudo com a expansão da língua portuguesa. Camões, como um dos poetas mais celebrados na nossa língua, representa esse vasto poder de uma língua, capaz de expressar latitudes e culturas diferentes como mostra a riqueza da literatura lusófona”, explicou.

“Vasto Império do Coração” resulta do trabalho desenvolvido por Sara Augusto para um congresso. “Esse trabalho foi depois mais desenvolvido e apresentado num colóquio em Pequim, organizado também pelo Instituto Português do Oriente, no âmbito da celebração dos 500 anos do nascimento do poeta. Desta apresentação veio a ideia de publicar um volume com uma antologia de textos, um estudo e registo fotográfico, ambos da minha autoria.”

Testemunhos poéticos

A obra em causa é uma antologia que “recolhe registos poéticos de visitantes, de escritores portugueses que residiram em Macau algum tempo e de escritores nascidos em Macau, revelando laços que celebram, se identificam e que inscreveram Camões na memória colectiva”.

Sara Augusto adianta que “o conjunto de textos abrange pouco mais de dois séculos” e o ponto de partida é o poema “Camões”, de Almeida Garrett, “que se tornou o modelo da imagem romântica do poeta solitário, escrevendo os seus versos no cenário da gruta”.

“Este modelo foi levado à letra no século XIX e em grande parte do século XX. O livro ‘A Gruta de Camões’ de Monsenhor Manuel Teixeira foi uma fonte importante, tal como a consulta dos cinco volumes da antologia ‘De Longe à China’, além de uma pesquisa demorada na Biblioteca Pública de Macau. A antologia contém poemas de Miguel Torga, Sophia, José Augusto Seabra, José Jorge Letria, por exemplo. Outros poetas portugueses visitaram e viveram algum tempo em Macau, como António Manuel Couto Viana, José Valle de Figueiredo, ou ainda Alice Vieira e Eugénio de Andrade”, explicou Sara Augusto.

O lugar de Adé

A autora destaca que “foi muito importante a poesia de inspiração camoniana de José dos Santos Ferreira, Adé, que chegou a traduzir poemas de Camões para patuá, ou ainda a poesia de José Joaquim Monteiro, Leonel Alves, Maria do Rosário Almeida, António Correia, Fernanda Dias, Josué da Silva, António Bondoso, José Maria Bártolo”.

Depois, já no século XXI, “o tema camoniano continuou, tomando formas distintas e mais elaboradas, como acontece com Fernando Sales Lopes, Jorge Arrimar, António Mil-Homens e ainda Carlos Morais José”, este último um nome que Sara Augusto considera “incontornável”, tendo em conta o romance “O Arquivo das Confissões”.

As imagens na exposição são a preto e branco e focam-se “no jardim e na gruta de Camões”, pretendendo “acompanhar o registo poético”. Com os dois projectos, a responsável quis “participar da celebração dos 500 anos do nascimento de Camões e apresentar um acervo de forma organizada, acompanhado de um estudo”.

Além disso, “pretendeu-se reunir a poesia que fala de Camões, mas também a imagem subjectiva de um registo fotográfico”, disse.

PCC | Ex-líder taiwanês Ma Ying-jeou visita China

O ex-líder de Taiwan Ma Ying-jeou visita esta semana Xiamen, sudeste da China, para participar no Fórum do Estreito, evento organizado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), informou ontem a agência de notícias taiwanesa CNA.

O director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, explicou que o ex-líder da ilha (2008-2016) acompanha um grupo de estudantes, entre 14 a 27 de Junho, naquela que será a quarta viagem à China desde que deixou o cargo, de acordo com um comunicado divulgado pela CNA.

Durante a visita, Ma e o resto da delegação vão participar na 17.ª edição do Fórum do Estreito, além de viajarem ainda até à província noroeste de Gansu, para visitar os vestígios da antiga Rota da Seda, entre outras actividades de caráter cultural.

Hsiao, que não antecipou possíveis reuniões entre o ex-líder taiwanês e altos funcionários do PCC, indicou que a situação actual entre os dois lados do Estreito “é mais grave do que nunca” e, por isso, manter o diálogo entre ambas as partes é “ainda mais necessário”.

“Ma Ying-jeou está disposto a tomar medidas concretas e a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover o intercâmbio entre ambos os lados, construir pontes de paz e transmitir o desejo de intercâmbio que existe na sociedade civil de ambos os lados”, referiu o director executivo da fundação, ainda segundo a nota.

A China e Taiwan passaram por um momento de aproximação durante a liderança de Ma, a ponto de o líder ter mantido um encontro histórico em Singapura com o homólogo chinês, Xi Jinping, no final de 2015, o primeiro entre líderes dos dois lados do estreito em mais de 60 anos. Ma e Xi voltaram a reunir-se em Abril do ano passado em Pequim e, nessa ocasião, o Presidente chinês insistiu que “não há forças que possam separar Taiwan da China”.

Aviação | Anfíbio AG600 com certificação para iniciar produção em série

O AG600, considerado o maior avião anfíbio do mundo, recebeu ontem o certificado para a sua produção, anunciou a Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC), em comunicado.

O AG600, também o primeiro avião anfíbio de grande porte construído na China, tem 39,6 metros de comprimento e 38,8 metros de envergadura – dimensões semelhantes às de um Boeing 737 –, e um peso máximo de 53,5 toneladas. A AVIC, uma das construtoras estatais de aviões do país, indicou que o certificado marca “o início da fase de produção em massa” do AG600.

A aeronave, projectada principalmente para missões de salvamento marítimo e combate a incêndios, completou em Abril passado a certificação de aeronavegabilidade, após acumular mais de 3.500 horas de voo, acrescentou a AVIC. Os testes de voo foram realizados em condições diversas, incluindo ambientes de frio extremo, altas temperaturas e humidade, bem como ventos fortes, para verificar as capacidades operacionais do aparelho.

O AG600 é o maior avião anfíbio actualmente em operação, comparável em escala a aeronaves de fuselagem estreita como o Boeing 737 ou o Airbus A320. O primeiro voo do avião ocorreu a 24 de Dezembro de 2017, seguido de outro voo bem-sucedido em 2018. Em Junho de 2024, a China iniciou a produção em pequena escala do aparelho.

Brasil e Moçambique sobem em índice chinês de infraestruturas

O Brasil subiu ao quarto lugar num índice chinês para a construção de infraestruturas a nível mundial, enquanto Moçambique ultrapassou Angola, de acordo com um relatório ontem divulgado em Macau.

No ‘ranking’ de 2025 do Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, liderado pela Arábia Saudita, Indonésia e Malásia, o Brasil é o país lusófono com melhor pontuação, tendo apanhado o Vietname na quarta posição.

Esta iniciativa, anunciada pelo líder chinês, Xi Jinping, em 2013, envolve mais de 80 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos.

O Brasil “tem continuado a melhorar as políticas fiscais e tributárias e a avançar nas estratégias industriais, o que leva a melhorias sustentadas no ambiente de negócios e a um aumento constante do dinamismo”, refere o relatório.

Moçambique subiu do 38.º para o 34.º lugar do índice, com o país a “demonstrar melhorias notáveis” e a ultrapassar Angola, que caiu da 20.ª para a 35.ª posição, de acordo com o documento. Ajustes na política monetária de Moçambique e revisões na lei de investimento “promoveram um ambiente de negócios mais favorável, permitindo um progresso sem sobressaltos em projetos importantes”, explicou o relatório.

Mundo português

Segue-se, entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Guiné Equatorial (56.º lugar), Portugal (62.º), Timor-Leste (67.º), Cabo Verde (70.º), São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau (ambos no 73.º). O índice avalia o ambiente, a procura, a receptividade e os custos para o desenvolvimento de infraestruturas em 84 países.

Quanto mais alta for a pontuação, melhor será a perspectiva da indústria de infraestruturas de um país e maior será o grau de atractividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios.

No caso de Portugal, o relatório destacou as contas públicas positivas e reservas cambiais estáveis, “reforçando a capacidade de pagamento externo do país”, nomeadamente para investir em infraestruturas. Além disso, o relatório sublinhou que Portugal atingiu um recorde na produção de energia renovável, que representou 71 por cento do consumo nacional de electricidade em 2024.

O documento foi apresentado no 16.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas, que está a decorrer em Macau até quinta-feira, reunindo representantes de mais de 70 países e regiões.

Visita | Lagarde diz em Pequim que é necessário “agir” para evitar novas tensões comerciais

A líder do BCE está em Pequim, onde apelou a uma cooperação activa contra a fragmentação global e as “as políticas comerciais coercivas”

 

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu ontem em Pequim que “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios” globais e apelou à acção para evitar uma “escalada de tensões mutuamente prejudicial”.

Lagarde encontra-se na capital chinesa para reuniões com o Banco Popular da China (banco central), segundo anunciou na terça-feira, através da rede social X. A responsável destacou num discurso as crescentes dificuldades à cooperação internacional num cenário de “tensões comerciais” e “complexidade geopolítica”.

“Os ajustamentos unilaterais para resolver fricções globais revelaram-se frequentemente insuficientes ao longo da história”, afirmou Lagarde, sublinhando que estas medidas podem gerar “consequências imprevisíveis ou onerosas”, sobretudo quando substituem políticas estruturais destinadas a lidar com as causas profundas dos desequilíbrios.

A presidente do BCE alertou para o aumento das fricções entre regiões com interesses geopolíticos desalinhados, num contexto em que essas mesmas regiões “estão mais integradas economicamente do que nunca”. “O incentivo à cooperação está a enfraquecer, mas os custos da não-cooperação aumentaram”, advertiu. Num mundo em processo de fragmentação, após décadas de globalização que não garantiu a todos os países as mesmas condições, Lagarde defendeu que a cooperação deve ser preservada.

“Alguns países de baixo rendimento registaram avanços notáveis – nenhum mais do que a China”, salientou. “As economias avançadas também beneficiaram, ainda que de forma desigual”, notou, recordando que os consumidores obtiveram preços mais baixos e que muitas empresas europeias colheram ganhos substanciais ao subir na cadeia de valor.

Proteccionismo destrutivo

Contudo, Lagarde sublinhou que o cenário actual é marcado por “níveis tarifários inimagináveis há poucos anos”, impulsionados por um “realinhamento geopolítico” e pela percepção crescente de “injustiças no comércio internacional”.

A presidente do BCE considerou que excedentes e défices não são problemáticos por si só, quando reflectem factores como a vantagem comparativa ou a evolução demográfica. “Tornam-se polémicos quando não são corrigidos ao longo do tempo e se atribuem a decisões políticas”, apontou.

“Poucos países estão dispostos a manter dependência de outros”, reconheceu, ressalvando que isso “não significa abdicar dos benefícios mais amplos do comércio”. Para Lagarde, o proteccionismo não constitui uma solução sustentável: “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios estruturais, apenas corroem os alicerces da prosperidade global”.

A responsável apelou a soluções “cooperativas”, que envolvam ajustamentos das políticas macroeconómicas tanto por parte de países com excedente como dos que registam défices, e defendeu uma transição para uma economia global “mais sustentável e assente em regras comuns – ou melhoradas”.

Banca de acordo

O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Popular da China (banco central) assinaram ontem um memorando de entendimento para cooperar na área da banca central. O BCE informou que a assinatura do memorando ocorre por ocasião da visita a Pequim da sua presidente, Christine Lagarde, onde se reuniu com o governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng.

Este memorando de entendimento, que actualiza o assinado em 2008, inclui a base para o intercâmbio de informações, diálogo e cooperação entre as duas instituições regularmente. “É importante que mantenhamos a cooperação global e estou muito satisfeita por assinar este memorando de entendimento com o governador Pan como sinal do nosso diálogo contínuo com o Banco Popular da China”, disse Lagarde.

Imobiliário | JLL pede planeamento urbano urgente para o ZAPE

Com o anunciado encerramento dos casinos-satélite, não só as propriedades onde estão ainda instalados, como as dos restaurantes e lojas nos seus arredores, vão sofrer uma depreciação de valor.

Para acautelar o impacto dos fechos, não só no mercado imobiliário, mas também nos negócios do comércio e restaurantes que têm vivido dos jogadores, a imobiliária JLL pede ao Governo que anuncie o mais brevemente possível as ideias que tem para o ZAPE, em especial ao nível do planeamento urbano, para estabilizar a confiança do mercado e o ambiente empresarial.

Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, a empresa refere que na avaliação de imóveis com um casino-satélite, a área do casino representa cerca de 50 por cento da avaliação total, que é baseada na renda calculada com base nos rendimentos do casino. Ora, se estes espaços deixarem de ter jogo e ficarem apenas com os negócios de comércio, as rendas cairão drasticamente, assim como o valor da propriedade.

A imobiliária alertou ainda para o efeito dominó que poderá ser desencadeado pela desvalorização das propriedades, não só ao nível das receitas apuradas pelos proprietários em rendas, mas também na capacidade para pagar empréstimos contraídos aos bancos.

SMG | Wutip pode levar a sinal 3, esperadas inundações

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos consideram a possibilidade de emitir hoje o sinal 3 como moderada. O ciclone tropical, baptizado como Wutip, poderá resultar em inundações ligeiras nas zonas baixas da cidade, especialmente no sul do Porto Interior, devido à conjugação de chuva contínua e maré astronómica

 

A primeira tempestade tropical do ano pode levar os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a içar ao longo do dia de hoje o sinal 3, avançaram ontem as autoridades, depois de terem içado o sinal 1 às 06h de ontem.

A depressão tropical localizada na parte central do Mar do Sul da China intensificou-se durante a manhã de ontem para uma tempestade tropical, e foi denominada de “Wutip”. Como a projecção da localização da tempestade foi revista mais para norte do que o inicialmente previsto e, “devido à influência conjunta de uma crista de alta pressão”, ontem o vento em Macau intensificou-se. A previsão dos SMG apontava ontem para a possibilidade de o vento atingir hoje o nível 6 da Escala de Beaufort, especialmente na Ponte de Sai Van. Os fortes ventos podem ser acompanhados por aguaceiros e trovoadas.

Devido à hipótese de fortes rajadas de vento, as autoridades recomendaram aos condutores de motociclos o uso do corredor exclusivo na Ponte Sai Van ou Ponte Macau para viajar entre a Taipa e a Península de Macau.

Devido à influência de uma corrente de ar sudoeste, entre o final do dia de amanhã e o início da manhã de domingo, “Macau vai sofrer aguaceiros fortes e frequentes, acompanhados de trovoadas”, e “a precipitação acumulada será significativa, podendo haver inundações em zonas baixas devido à chuva contínua”.

“Por outro lado, nos próximos dias, devido à maré astronómica associada a vento forte, na quinta-feira (hoje), poderão ocorrer ligeiras inundações na zona sul do Porto Interior”, acrescentaram ontem os SMG.

A rota possível

Com base nas previsões de ontem dos SMG, a tempestade tropical mover-se-á em direcção à ilha de Hainan e, posteriormente, seguirá para norte-nordeste, em direcção à costa oeste de Guangdong.

Uma vez que a trajectória do ciclone tropical ainda é incerta, as autoridades aconselharam ontem à população que preste atenção às últimas informações meteorológicas e tome medidas de precaução contra o vento e as inundações.

Além disso, as autoridades sugerem à população que verifique a segurança de objectos que possam ser arrastados ou destruídos pelo vento, como vasos, ou antenas, reparar e reforçar andaimes e tapumes, desobstruir canalização em instalações de obras, considerar a recolha de embarcações para abrigos e portos de segurança.

Levo Chan | Condenação em Macau impede acesso de esposa a dinheiro em Taiwan

Ady An, esposa de Levo Chan, foi impedida de movimentar o dinheiro do empresário e promotor do jogo que se encontra guardado num banco em Taiwan. Em causa, está a condenação em Macau de Levo Chan pela prática de 27 crimes e a aplicação de 13 anos de prisão: 24 crimes de exploração ilícita de jogo em local autorizado, 1 crime de associação ou sociedade secreta, 1 crime de exploração ilícita de jogo e 1 crime agravado de branqueamento de capitais.

De acordo com dois processos diferentes que correram nos tribunais da Ilha Formosa, face à condenação na RAEM do junket, o banco onde o dinheiro está guardado suspeita que os capitais tenham origem duvidosa. Por esse motivo, quando Ady An tentou fazer um levantamento de 65 mil dólares americanos (525 mil patacas) para pagar o empréstimo da habitação, o banco recusou o levantamento. Segundo a instituição bancária, aquele dinheiro só pode ser acedido pelo próprio Levo Chan, apesar de este se encontrar a cumprir pena de 13 anos de prisão em Coloane.

Ady An levou o caso para os tribunais e pretendia obter a confirmação dos seus poderes para movimentar a conta onde estão depositados 50 milhões de dólares de Hong Kong (51,45 milhões de patacas) e 200 mil dólares americanos (1,62 milhões de patacas) de Levo Chan. Numa decisão de Dezembro de 2023, Ady perdeu o caso.

Antes desta decisão, a mulher de Levo Chan também perdeu um outro caso, ligado ao mais recente, em que contestava a necessidade de pagar de 1,65 milhões de dólares taiwaneses (446 mil patacas) para que o caso principal fosse julgado. Em ambas as situações, o tribunal decidiu contra a famosa actriz e cantora de Taiwan e mãe de dois filhos de Levo.

MP | Procurador-adjunto condenado formalmente demitido

O procurador-adjunto Kong Chi, condenado em Fevereiro a 21 anos de prisão por ajudar pessoas a escapar à Justiça, foi formalmente demitido de funções com a autorização oficial de Sam Hou Fai. O caso resultou também na condenação de dois empresários a 16 e 10 anos de prisão

 

Agora é oficial. Depois de ter sido condenado a 21 anos de prisão, o Conselho dos Magistrados do Ministério Público aplicou “ao arguido Kong Chi, que exercia as funções de procurador-adjunto, a pena de demissão”. A demissão foi autorizada pelo Chefe do Executivo, num aviso publicado ontem no Boletim Oficial (BO).

O aviso, assinado pelo presidente do conselho e Procurador do Ministério Público, Chan Tsz King, data de 04 de Junho. Kong Chi foi condenado em 18 de Fevereiro pelo Tribunal de Última Instância (TUI), a 21 anos de prisão, depois de o Ministério Público recorrer da sentença de 17 anos.

“Foi proferida a decisão de última instância relativa ao caso de corrupção passiva e prevaricação do magistrado do Ministério Público (ora encontra-se suspenso de funções), que passou a ser condenado em 21 anos de prisão, por o TUI considerá-lo culpado pelo crime de associação ou sociedade secreta”, lê-se num comunicado divulgado então pelo gabinete do presidente do TUI.

Em Janeiro do ano passado, o Tribunal de Segunda Instância (TSI) considerou Kong Chi culpado de dezenas de crimes de corrupção passiva para acto ilícito, abuso de poder, prevaricação e violação de segredo de justiça. A sentença decidiu ainda a perda, a favor das autoridades de Macau, de bens detidos pelo procurador-adjunto no valor de 14 milhões de patacas, considerando como sendo “de origem desconhecida”.

Os cinco juízes do tribunal colectivo consideraram que este dinheiro terá vindo de subornos, disfarçados como “honorários ou taxas de consultoria”, pagos a um casal de empresários do ramo do câmbio de dinheiro, Choi Sao Ieng e Ng Wai Chu.

Dentro e fora

De acordo com a sentença do TSI, entre 2008 e 2015, o procurador-adjunto ignorou provas, aconselhou pessoas sob investigação a mudar depoimentos, partilhou informação confidencial ou sob segredo de justiça, mesmo em casos atribuídos a outros procuradores.

O procurador-adjunto, que estava desde Fevereiro de 2022 de licença sem vencimento de longa duração e que regressou a Macau em Setembro de 2023, tendo sido de imediato colocado em prisão preventiva, negou todas as acusações.

A Justiça de Macau aplicou, na altura, penas de 14 e seis anos de prisão, respectivamente, a Choi Sao Ieng e Ng Wai Chu, que o TUI também reviu após recurso do MP, para 16 e dez anos, respectivamente, de prisão efectiva. Neste caso esteve também envolvida a advogada de nacionalidade portuguesa Kuan Hoi Lon, que o TSI absolveu por considerar que nunca houve qualquer contacto com Kong Chi.

Em 2017, o ex-procurador Ho Chio Meng, que liderou o MP de Macau desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, até 2014, foi condenado a 21 anos de prisão por vários crimes, incluindo burla, branqueamento de capitais e associação criminosa.

CCAC | Número de queixas, denúncias e processos cresce em 2024

O relatório assinado por Ao Ieong Song destaca que o sector privado está cada vez mais aberto a apresentar queixas por corrupção. No sector público, a actividade do CCCA focou as energias nas simulações de comparência no serviço por parte dos trabalhadores públicos

 

Em 2024, o número de queixas, denúncias e processos instruídos por iniciativa do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) registou um aumento de 9,6 por cento, face a 2023, de 701 para 768 ocorrências. Os números foram revelados ontem com o Relatório de Actividades do Comissariado contra a Corrupção de Macau de 2024.

Entre as queixas, denúncias e processos instruídos pelo CCAC, 741 foram apresentadas por cidadãos, 17 foram processos encaminhados por serviços públicos, dois foram processos instruídos por iniciativa do CCAC, quatro tiveram como base informações extraídas de processos de órgãos judiciais, e outros quatro foram resultaram das comunicações internas de troca de informações entre a Direcção dos Serviços contra a Corrupção (DSCC) e a Direcção dos Serviços de Provedoria de Justiça (DSPJ).

Em comparação com 2023, houve mais 65 queixas e denúncias de cidadãos e mais sete processos encaminhados por outras entidades. No entanto, o CCAC teve menor iniciativa, com uma diferença de dois processos, e também o número de processos instruídos resultantes da troca de informação da DSCC e da DSPJ apresentou uma redução de três processos. O número de processos com base em informações extraídas de processos de órgãos judiciais manteve-se em quatro, sem alterações.

Uma das competências do CCAC passa por fornecer diferentes tipos de informações, e no âmbito destas funções o organismo lidou com 1.667 pedidos. Também neste aspecto, em 2024, o CCAC registou maior actividade, ao lidar com mais 50 pedidos de informações do que em 2023.

Mais casos no MP

A informação compilada pelo organismo liderado por Ao Ieong Song destaca que entre os casos investigados nos últimos três anos “houve um aumento da percentagem dos que foram encaminhados para o Ministério Público”. Este aumento tem tido altos e baixos, dado que em 2022 cerca de 9,7 por cento dos processos foram encaminhados para o MP. No ano seguinte, em 2023, a proporção de casos enviados para o MP baixou para 8,8 por cento, todavia, no ano passado, aumentou para 16,8 por cento.

No relatório, é também destacado que “o peso dos processos relacionados com o sector privado tem vindo a aumentar de ano para ano”. O CCAC destaca mesmo que no ano passado encaminhou dois casos de corrupção no sector privado para o MP, o que definiu como “raro”. “Verifica-se que o peso de processos relacionados com o sector privado tem vindo a aumentar de ano para ano enquanto a percentagem de casos relacionados com o sector público tem vindo a diminuir gradualmente”, foi indicado.

“Ao mesmo tempo, verificou-se uma grande mudança na atitude da sociedade em relação ao tratamento dos casos de corrupção no sector privado, por exemplo, em 2024, pela primeira vez, algumas empresas integradas de turismo e lazer tomaram a iniciativa de apresentar queixas sobre casos suspeitos de corrupção no sector privado envolvendo trabalhadores de empresas suas subordinadas”, foi notado. “Trata-se, sem dúvida, de um bom começo para o combate à corrupção no sector privado”, foi acrescentado.

Wong Sio Chak defende tolerância zero para irregularidades

O secretário para a Segurança defendeu tolerância zero para os funcionários dos Serviços de Alfândega (SA) e os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) que estão a ser alvos de investigação pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Os casos surgem no relatório do CCAC divulgado ontem.

Numa nota publicada no portal da secretaria da Segurança, Wong apontou que as “autoridades já tomaram medidas rigorosas relativamente ao pessoal envolvido” e que prometeu uma política de tolerância zero para “a prática de quaisquer actos que violem a lei e a disciplina por parte dos funcionários”.

Wong também deu instruções às várias equipas e departamentos sob a sua alçada para reforçarem a gestão e supervisão internas, melhorarem várias orientações de trabalho, continuarem a sensibilizar os agentes para conhecerem e cumprirem a lei e encararem com seriedade a disciplina policial.

Num dos casos relatados pelo CCAC, verificou-se que um agente do CPSP tinha por hábito sair do trabalho, ou nem sequer comparecer, pedindo aos colegas que lhe picassem o ponto. A situação aconteceu de 2018 a 2024, e em causa está a prática de vários crimes de burla e de falsificação praticada por funcionários.

A nível dos SA, foram detectados três casos também de faltas indevidas ou de ausências prolongadas, justificadas com atestados médicos que se suspeita terem sido passados por médicos que sabiam que os agentes não tinham problemas de saúde. Terão recebido entre 600 mil e 1,7 milhões de patacas a título de remunerações indevidas.

Finanças | Despesa pública aumenta 1,2% até ao final de Maio

Apesar da despesa pública ter aumentado e as receitas públicas diminuído, Macau terminou Maio com um excedente nas contas públicas de 11,7 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento do que no mesmo período do ano passado

 

A despesa pública subiu 1,2 por cento nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, foi anunciado na terça-feira, ainda antes da revisão do orçamento. De acordo com dados publicados ‘online’ pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), foram gastos até Maio 31,6 mil milhões de patacas.

A despesa pública aumentou devido ao acréscimo de 54,6 por cento, para 942,1 milhões de patacas, no valor aplicado em “acções e outras participações”. A Lusa pediu à DSF mais informação sobre esta rubrica, mas não recebeu até ao momento qualquer resposta. Além disso, os gastos em apoios e subsídios sociais aumentaram 1,6 por cento para 15,3 mil milhões de patacas.

A Assembleia Legislativa aprovou ontem uma proposta, apresentada pelo Governo para aumentar em 2,86 mil milhões de patacas as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para as crianças até 3 anos, para elevar a mais baixa natalidade do mundo. Em sentido contrário à despesa, a receita corrente de Macau caiu 1,9 por cento nos primeiros cinco meses do ano, para 43 mil milhões de patacas.

A principal razão para a diminuição foi uma queda de 70,7 por cento, para 366,1 milhões de patacas, nos “rendimentos da propriedade”, rubrica que inclui a receita das concessões de terrenos. Pelo contrário, as receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86,4 por cento do total – subiram 0,3 por cento, para 37,1 mil milhões de patacas.

As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos.

Impostos do jogo em alta

Os impostos provenientes das receitas totais dos casinos de Macau, que atingiram 97,7 mil milhões de patacas nos primeiros cinco meses do ano, cresceram mais 1,7 por cento do que no mesmo período de 2024.
Em 15 de Abril, o Sam Hou Fai, admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração nas receitas do jogo.

Macau terminou Maio com um excedente nas contas públicas de 11,7 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento do que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, este valor já é maior do que a previsão do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior.

G-Dragon | Deputados exigem maior verificação de ilegais

A descoberta de trabalhadores ilegais nos postos de venda do concerto do rapper e compositor G-Dragon, em Macau, levou os deputados a manifestarem-se ontem no hemiciclo, no período de antes da ordem do dia, exigindo maior fiscalização nesta matéria.

O deputado Lei Leong Wong diz ter recebido “várias queixas de trabalhadores de diversos sectores que alegam que há muitos trabalhadores ilegais” no território, nomeadamente “‘fotógrafos acompanhantes’ nas redes sociais do Interior da China, que têm ‘licenças especiais de condução’ e aproveitam para o exercício ilegal da actividade de transporte”. Lei Leong Wong lembrou que “registou-se um caso suspeito de trabalho ilegal numa zona de venda de lembranças, durante um concerto realizado em Macau por um cantor muito famoso da Coreia do Sul, o que despertou a atenção de Macau e das regiões vizinhas”. Para o deputado, “todas estas situações, além de prejudicarem gravemente os direitos e interesses dos trabalhadores locais, podem ainda afectar as estratégias e o planeamento do desenvolvimento económico de Macau”.

Também Leong Sun Iok recorreu a este tema para intervir, dizendo que “num concerto realizado recentemente, terão sido contratados 68 trabalhadores ilegais para a venda de lembranças”, num caso que envolveu “estudantes universitários a estudar em Macau e trabalhadores a exercer funções não autorizadas”. Segundo o relato do deputado, “houve mesmo quem afirmasse ser voluntário para fugir às responsabilidades, caso que despertou a atenção da sociedade”.

Para Leong Sun Iok, “o problema de trabalhadores ilegais tem vindo a reduzir o espaço de sobrevivência das empresas cumpridoras da lei e dos trabalhadores locais”.