Galaxy Arena | Digressão de Eason Chan passa por Macau e traz documentário Andreia Sofia Silva - 27 Jun 2025 O cantor e actor de Hong Kong anda em digressão e traz vários espectáculos a Macau no mês de Agosto, integrados na “Fear and Dreams World Tour”. Os fãs podem também comprar bilhete para o documentário exibido a 5 de Agosto sobre os bastidores dos espectáculos Eason Chan, conhecido actor e cantor de Hong Kong, vai estar em Macau com a sua digressão mundial, a “Fear and Dreams World Tour”. Os espectáculos acontecem na Galaxy Arena entre os dias 1 e 3 de Agosto e depois entre os dias 8 e 10 do mesmo mês, para que os fãs possam desfrutar ao máximo do cantopop escrito e cantado por esta personalidade de Hong Kong que o tem ajudado a construir uma carreira bem-sucedida nos últimos anos. Mas a vinda de Eason Chan traz um bombom para os fãs, com a exibição do documentário, no dia 5, sobre a digressão que tem passado por diversos palcos. A sinopse do projecto fala de como a “vida é uma peça de teatro, em que os cantores interpretam as suas canções”, sendo que “Fear and Dreams: Now is the only reality”, o nome do documentário, pretende mostrar como isso tem acontecido na vida de Eason Chan. “Desde o conceito inicial do concerto em 2018 até à última paragem da digressão mundial ‘Fear and Dreams’ em 2025, ‘Fear and Dreams: Now is the only reality’ documenta a jornada nos bastidores. Em palco, Eason abre o coração para partilhar o concerto temático com o público, mas fora do palco o filme revela as lutas e experiências menos conhecidas”, lê-se ainda. Assim, no dia 5, o público poderá perceber o outro lado da carreira do artista, reflectindo sobre ideias como “o medo está sempre presente; os sonhos são uma escolha; o presente é a única realidade”, defendidas pelo artista e passadas neste documentário. Ainda segundo a mesma sinopse, “mais do que apenas um documentário sobre um concerto, este filme é uma crónica de sete anos da vida de Eason Chan”, pautados por “perturbações causadas pela pandemia global, problemas de saúde, e uma lesão acidental causada por um desmaio”. Além da exibição, o dia 5 de Agosto inclui também uma “sessão de partilha”, em que “Eason irá partilhar histórias dos bastidores da digressão mundial ‘Fear and Dreams’, existindo a oportunidade de haver interacções ao vivo para que o público possa partilhar histórias pessoais sobre a digressão”. Não faltarão produtos de merchadising, como uma t-shirt para cada participante “desenhada por Eason Chan” e ainda um cartão de lembrança. Os bilhetes para este evento em específico estão à venda desde quarta-feira. Eason Chan anda nos palcos com a digressão “Fear and Dream” desde 2022, mas o projecto jea tem o fim anunciado para este ano. Os concertos em Macau prometem trazer os grandes êxitos da sua carreira, os clássicos ou actuais, como “2001: A Space Odissey”, “Flowerless”, “Lies” ou “The Distance Between Hearts”, entre tantos outros. De destacar que os bilhetes para os espectáculos no Galaxy Arena também já estão à venda. Vida no palco Desde o álbum de estreia, que ganhou o seu nome e editado em 1996, muita música aconteceu na vida de Eason Chan, que já conta com um punhado de trabalhos discográficos editados não apenas em cantonês, mas também em mandarim. No caso do cantonês, o último trabalho saiu em 2023, com o nome de “Chin Up!”, enquanto em mandarim o mais recente disco é “C’mon In~”, de 2017. Mas a carreira de Eason Chan também está bastante ligada à grande indústria de cinema de Hong Kong, contando já com mais de 40 filmes no currículo desde a sua estreia, em 2007, um ano depois de ter iniciado a sua carreira na música. E se o sucesso nos palcos está à vista, nos ecrãs esse sucesso não tem sido inferior, já que recebeu uma nomeação para “Melhor Actor Secundário” nos Hong Kong Film Awards em 2000 pelo seu papel em “Lavender”. Cinco anos depois ganhou nova nomeação nos Golden Bauhinia Awards em Hong Kong pelo trabalho em “Crazy N’ The City”. Seguiu-se uma nomeação em 2008, desta vez nos Taiwan Golden Horse Awards, os maiores prémios da indústria de cinema da região. Segundo o website do actor e cantor, a revista Time considerou-o “um pioneiro e influenciador na cena Cantopop”, com êxitos como ” “My Happy Times”, “Shall We Talk”, “The king of karaoke”, “Next Year, Today”, entre outros. Antes de começar a sua carreira artística na região vizinha, Eason Chan esteve em Inglaterra, mas só depois de participar no Concurso de Novos Talentos é que a história de sucesso arrancou. Na parte musical, Eason Chan ganhou na categoria de “Most Outstanding Pop Male Singer Award” nos prémios “Top Ten Chinese Gold Songs Award Concert” durante 13 anos consecutivos, tendo ganho nove vezes consecutivas o prémio “The Most Favorite Male Singer” em mais uns prémios da música, os “Ultimate Song Chart Awards Presentation”. O álbum “U87” ganhou fama mundial, sobretudo porque Eason Chan conseguiu um contrato com uma produtora de cariz global, tendo sido considerado pela Time como “um dos cinco álbuns asiáticos que valia a pena comprar em 2005”, além de que ganhou seis prémios no concurso “Ultimate Song Chart Awards Presentation”, descreve a sua biografia oficial.
A delicada arte de traduzir o invisível: entre Confúcio, Heráclito e a poesia das lacunas Hoje Macau - 27 Jun 2025 Por Fernando Santoro, Caroline Pires Ting, Verônica Filippovna e Jean-Yves Beziau* Existe uma diferença invisível entre o que vemos e o que dizemos. Entre o que está inscrito na matéria e o que escorrega em palavras. Quem se debruça sobre a filosofia da linguagem – ou quem já se aventurou a traduzir um poema chinês de dois milênios atrás – percebe bem disso. Muitas vezes, a tarefa do intérprete é encontrar essa diferença invisível e mostrá-la com novas palavras. Muitas vezes, a tarefa é deixar o invisível e o inaudível preservado nas lacunas. O caso da escrita clássica chinesa (文言文, wényánwén) é emblemático. Mais do que um código de comunicação, trata-se de um modo de pensar visualmente. Uma lógica de composição de sentidos que se dá pela disposição espacial, pela densidade gráfica e por uma economia de linguagem que desafia os hábitos frasais das línguas ocidentais. Traduzir versos de sabedoria escritos em wényánwén é como tentar decantar o silêncio de uma pintura caligráfica para dentro de uma sentença de sintaxe definida. É um sonho que sempre ultrapassa a realidade; mas ainda cabe ao intérprete sonhar que são reais os sonhos do sábio e poeta. Tomemos a inscrição ritual da dinastia Shang, gravada em bronze, na banheira do imperador Tang, que proclama: 「苟日新,日日新,又日新」 Em leitura aproximada: “Se renovar num dia, renovar-se todos os dias, e novamente renovar-se.” Note-se a ausência de sujeito, de artigos, de tempos verbais definidos. Tudo é sugerido por contexto e ritmo interno. O contexto é o que serve aos olhos e ouvidos do intérprete – seja a banheira do imperador, seja o campo de semear do lavrador, seja o papel em branco do poeta. O ritmo interno do poema inspira-lhe o ritmo da sua respiração, até que o tempo das palavras se torne o tempo da sua vida junto à vida ao redor. No original, a inscrição se apresenta de forma vertical, como segue (reconstituída em arranjo tipográfico para ilustração): 苟 日 新 日 日 新 又 日 新 Três blocos verticais. Três gestos de escrita que ecoam no espaço como um mantra ético-visual. Não há sujeito, não há tempo verbal definido. Apenas um convite à renovação, repetido como quem inscreve o tempo na matéria. Um tempo ternário: inspira, retém, expira. Movimento do exterior para o interior. Ponto de inflexão. Movimento do interior para o exterior. A semântica dos ideogramas insere-se no movimento: 日 sol/dia 新 novo/renovar/inovar. Movimento da manhã, quando nasce o sol novo – o sol levanta o novo dia (acima). Movimento do amanhã, quando de novo nasce o dia – o dia, sol de novo. No ponto de inflexão, renova-se o dia, dia após dia, de sol a sol. Do bronze à vanguarda: Pound e Augusto de Campos como tradutores de lacunas A primeira operação de tradução para o Ocidente moderno veio com Ezra Pound, que, inspirado pelas anotações de Ernest Fenollosa, traduziu o aforismo confuciano para o inglês com ecos de entusiasmo modernista: “As the sun makes it new / Day by day make it new / Yet again make it new.” Pound não apenas traduziu: transmutou. Fez do conselho ético uma bandeira estética: Make it new, lema da poética modernista do século XX. Lema de inspiração ao mesmo tempo tradicional e inovadora, à medida que Pound compunha sua própria poesia a partir de traduções livres de poemas clássicos – intraduções. Inspira-se a tradição. Reflete-se sobre o fulcro expressivo e vital do poema. Expira-se um poema novo e inovador. Décadas depois, Augusto de Campos, movido pela poética concretista brasileira, ao traduzir a tradução de Ezra Pound com experimentos gráficos de letraset, recriou o aforismo em português: “RENOVAR DIA SOL A SOL DIA RENOVAR.” A geometria sonora e rítmica, aqui, reencena o jogo de repetição e cadência que a inscrição de bronze já sugeria. Na intradução de Campos, ressoa o lema do paideuma poundiano e retorna a sintaxe da diagramação dos caracteres visíveis no verso de Confúcio. A equivocidade semântica do ideograma 日 retorna no cruzamento da lavra poética: dia a dia, sol a sol. Ambos os poetas compreenderam que traduzir o chinês clássico não é apenas tarefa lexical. É um ato estético, quase ritual, de reencenar o gesto original por outros meios. Recuperar a forma e o movimento que perfazem os contornos do que precisa ser captado pelo leitor, pelo intérprete, daquilo que deve por sua vez instigá-lo a mover-se à medida que é tocado pelo efeito do sentido. O desafio filosófico: como traduzir o que resiste à tradução? A questão vai além da poética. Traduzir o chinês clássico é um problema filosófico que requisita um pensamento hermenêutico sensível e uma ousadia para construir a ideia em outra forma. Porque a ideia, para uma tradução entre culturas tão diversas, não pode ter uma forma definida, mas é o que permite transitar entre as formas dos signos e das palavras de uma língua às formas que podem ser assumidas em outra. Estamos diante de um desafio de transposição estrutural: a passagem de uma lógica de relações espaciais dos ideogramas para uma lógica de conexões lineares entre sujeitos e predicados; de uma sintaxe diagramática visual para uma linearidade ditada pela sequência fonética; de uma composição escrita sem norma sintática para uma gramática de palavras com funções sintáticas definidas. Um desafio de traduzir em diversos níveis de encontros e desencontros intraduzíveis. Como bem aponta o conceito chinês de 本末 (běnmò), há sempre uma raiz (本) e suas ramificações (末). Na tradução, não buscamos repetir o original como cópia, mas enraizar em outro solo e fazer florescer os ramos de sentido brotados da raiz anterior. E não se trata apenas de dilemas orientais. O mesmo impasse aparece na tradução de conceitos gregos clássicos como aretê (ἀρετή). Virtude? Excelência? Potência? O termo, como mostra Kinnucan (2014) ao comentar o Dicionário dos Intraduzíveis, recusa-se a ser fixado em um único significado. Traduzir aretê ou wényánwén é sempre um ato de decisão hermenêutica, de escolha de mundos: aquele mundo em que acreditamos que o autor viveu, este mundo em que vivemos, o outro mundo em que desejamos nos encontrar. Traduzir é criar: entre fidelidade e invenção Contemporâneo de Confúcio, mas vivendo no extremo ocidental do continente asiático, Heráclito expressou, com versos semelhantes, uma ideia sobre a natureza do sol e sobre o primeiro grande enigma astronômico: por que o sol sempre nasce do lado oposto ao lado do céu em que se põe? καὶ ὁ ἥλιος οὐ μόνον e o sol não somente νέος ἐφ᾿ ἡμέρῃ ἐστίν, é novo a cada dia ἀλλ᾿ ἀεὶ νέος mas sempre novo (Fragmento B6, Diels & Kranz, Aristóteles, Meteorológica II, 2, 355a 14) Heráclito e Confúcio, cada um a seu modo, fizeram da concisão uma arte filosófica. Ambos escreveram para sugerir mais do que explicar. Para apontar caminhos ao leitor, sem entregar o mapa. O sol da natureza e o dia de lavrar a própria vida reúnem, no arco de uma distensão espaço-temporal, a física de Heráclito e a ética de Confúcio. Neste arco de várias pontas couberam os poetas do século XX, Ezra e Augusto, para inspirar uma nova estética e, quem sabe, ainda cabemos nós para aprender com todos eles. Tensionados neste arco do sol, os raios nos alcançam, nos ferem e iluminam. Talvez, no fundo, a tarefa do tradutor seja essa: não decifrar o enigma, mas recriar um novo, que vai nos devorar e regurgitar em palavras. Preservar o mistério, enquanto se nos transforma. Na delicada passagem da sintaxe espacial do sol que nasce e se eleva, para a linearidade sonora da voz que inspira e expira, aprendemos algo essencial: toda tradução é também uma forma de visão e de escuta. Uma visão do que se oculta em tudo que se mostra e uma escuta atenta ao ritmo, ao silêncio que distingue os sons. A tradução se faz possível à medida que preserva a poética das lacunas. Via do Meio seria, afinal, o nome apropriado para esse exercício? Entre o dito e o não-dito. Entre a raiz e os ramos. Entre Confúcio, Heráclito, Pound, Campos… e nós. Referências Bibliográficas Campos, Augusto de. Poesia da Recusa. São Paulo: Perspectiva, 1993. (Coletânea que inclui a tradução de Confúcio e reflexões sobre a tradução como criação.) Cassin, Barbara (Org.); SANTORO, Fernando; BUARQUE, Luisa (Comp.). Dicionário dos intraduzíveis – Vol. 1 (Línguas): Um vocabulário das filosofias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018. Kinnucan, Michael. 2014. “Review of Dictionary of Untranslatables: A Philosophical Lexicon, edited by B. Cassin.” Asymptote Journal, julho. Acesso em junho de 2025. https://www.asymptotejournal.com/criticism/barbara-cassin-dictionary-of-untranslatables-a-philosophical-lexicon/ Pound, Ezra. The Confucian Odes. London: Faber and Faber, 1954. (Edição em que Pound sintetiza seu trabalho de recriação poética a partir do chinês, incluindo o célebre lema Make it new.) *Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
PJ | Primeira detenção por uso de “space oil” João Luz - 27 Jun 2025 A Polícia Judiciária anunciou ontem a primeira detenção por tráfico de etomidato, a droga vulgarmente conhecida como “space oil”. O suspeito detido é um cidadão vietnamita, que foi apanhado com 635 gramas, cujo valor no mercado negro é de cerca de 37.000 patacas A Polícia Judiciária (PJ) fez a primeira detenção por suspeitas de tráfico de etomidato, a droga conhecida como “space oil” desde a revisão da legislação que passou a incluir a substância na lista de estupefacientes cuja venda e consumo constitui crime. Em conferência de imprensa, as autoridades revelaram que o detido é um homem vietnamita e que durante a operação policial, que ocorreu na quarta-feira, foram apreendidas várias garrafas contendo etomidato e líquido para cigarros electrónicos, com um peso total superior a 635 gramas. A PJ estima que as substâncias apreendidas tenham um valor de 37 mil patacas no mercado negro. Segundo o relato das autoridades divulgado pelo canal chinês da Rádio Macau, a investigação ao suspeito começou com uma denúncia. Uma equipa de agentes da PJ dirigiu-se ao domicílio do suspeito, na zona central da península, onde encontrou parafernália necessária para fazer os cigarros electrónicos com a droga. O material estava escondido no quarto do suspeito, nas escadas do prédio e até na caixa de correio. Após a realização de um teste rápido, a polícia identificou a substância como sendo “space oil”. As autoridades indicaram ainda, apesar da falta de cooperação do suspeito na investigação, que os clientes do homem detido eram conterrâneos do Vietname, que compravam cada cigarro electrónico com “space oil” por 1.000 patacas. Teste do ácido O director da PJ, Sit Chong Meng, revelou ontem que as autoridades da RAEM compraram nas regiões vizinhas testes rápidos que detectam em cerca de três minutos se uma pessoa consumiu “space oil”. O responsável indicou que a PJ tem estado atenta ao possível consumo da droga em campus universitários, mas também na comunidade, e que tem organizado programas de sensibilização para os perigos do consumo. O etomidato, um anestésico de curta acção, administrado por via intravenosa, utilizado principalmente em serviços de urgência, unidades de anestesia, salas de cirurgia e unidades de cuidados intensivos. A substância entrou no radar das forças policiais da região depois da morte de, pelo menos três pessoas em Hong Kong, situação que levou a região vizinha a aumentar as penas para quem produz e trafica “space oil”. Em Macau, antes da entrada do etomidato na lista de substâncias proibidas, foram encontrados cinco casos de consumo, um deles envolvendo dois adolescentes com 16 e 18 anos.
DSAMA | Afastado perigo da água do rio Liujiang Hoje Macau - 27 Jun 2025 As autoridades chinesas detectaram uma elevada concentração de antimónio na água do rio Liujiang da província de Guangxi, mas segundo uma nota ontem divulgada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) não há perigos para Macau. Isto porque “após comunicação com os serviços de recursos hídricos e as entidades abastecedoras de água do Interior da China, verificou-se que a distância entre o canal de Modaomen, a principal captação de água de Macau, e o rio Liujiang é de cerca de 700 quilómetros”. Além disso, descreve a mesma nota, “o volume de água do rio Xijiang é suficiente, podendo desempenhar eficazmente o papel purificador em relação aos poluentes de antimónio”. Foi feita uma avaliação preliminar ao caso, concluindo que “não há impacto no abastecimento de água de Macau”, além de que “os reservatórios de Zhuhai Zhuyin e Zhuxiandong, que abastecem actualmente a Macau, possuem capacidade de armazenamento suficiente, garantindo a segurança no abastecimento de água a Macau nos próximos tempos”.
Imobiliário | Pedidas políticas para atrair investidores João Santos Filipe - 27 Jun 2025 Os presidentes de duas associações ligadas ao sector imobiliário pedem ao Executivo de Sam Hou Fai que siga os exemplos de Hong Kong e do Interior, para trazer capitais de fora que invistam nas compras e arrendamentos de habitações Face à contracção do mercado imobiliário, alguns dirigentes de associações locais defendem que o Governo deve lançar medidas para atrair investidores de fora. As ideias foram defendidas por Ip Kin Wan, presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, e Lok Wai Tak, presidente da Associação Comercial de Fomento Predial de Macau, em declarações ao jornal Ou Mun. Na perspectiva de Ip Kin Wan, Macau atravessa uma grave crise ao nível do sector imobiliário, pelo que deve seguir os exemplos do Interior e de Hong Kong, na forma como lidaram com as dificuldades neste sector e nos mercados bolsistas, através de medidas de estímulo. Ip realçou que as notícias mais recentes são negativas para o imobiliário, uma referência implícita ao encerramento dos casinos-satélite, pelo que considera que o Governo deve pensar em outras formas de promover a procura neste mercado. Uma das sugestões do dirigente da associação passa pela adopção de medidas para atrair quadros qualificados com uma forte capacidade financeira, assim como investidores de fora. “Actualmente, as cidades de primeira e segunda categorias do Interior e Hong Kong estão a atrair activamente quadros qualificados e fundos mundiais”, referiu o dirigente. “Só através da atracção destes quadros qualificados e investidores é possível impulsionar o consumo, gerar mais vendas de habitação, contratos de arrendamento e outras necessidades de alojamento. Se o sector imobiliário estiver mais activo, também os sectores bancário, jurídico, construção, engenharia de decoração, entre outros vão ser beneficiados, o que vai estimular toda a economia”, acrescentou. Copo meio vazio Por sua vez, Lok Wai Tak, presidente da Associação Comercial de Fomento Predial de Macau, lamentou a situação actual, ao destacar que até ao final do ano os preços dos imóveis vão cair mais 30 por cento. Lok admitiu que a suposta recuperação do mercado do imobiliário “é mais lenta do que era esperado” e que “a oferta de imóveis supera a procura”. Ao mesmo tempo, o presidente da Associação Comercial de Fomento Predial de Macau reconheceu que nesta fase não existem razões no mercado para que se evitem maiores quebras dos preços porque a procura não existe como no passado. Neste sentido, Lok reconheceu que a expectativa é para que os preços continuem em quebra nos próximos meses. Como forma de destacar a fragilidade do mercado, Lok Wai Tak também indicou que um dos sinais mais evidentes é o facto de o número de transacções não estar aumentar, apesar dos preços continuarem a cair.
Turismo | Registada quebra nas excursões da China Andreia Sofia Silva - 27 Jun 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que nos cinco primeiros meses deste ano Macau recebeu 855 mil turistas em excursões, o que representa um aumento muito ligeiro de 0,7 por cento em termos anuais. Já os excursionistas do Interior da China, foram 732 mil, menos 2,2 por cento em termos anuais. Porém, no que diz respeito a visitantes internacionais, contabilizaram-se 99 mil, mais 12,4 por cento, com destaque para os turistas oriundos da Coreia do Sul, um total de 46 mil, o que representa uma subida de 24,2 por cento. Se olharmos apenas para o mês de Maio, o número de turistas em excursões foi de 128 mil pessoas, menos 21 por cento em termos anuais, “devido principalmente ao número de entradas de visitantes em excursões do Interior da China (101.000) ter diminuído 27,9 por cento”, explica a DSEC. Porém, “o número de entradas de visitantes internacionais em excursões (22.000) cresceu 22,8 por cento face a Maio de 2024, destacando-se que os visitantes em excursões da República da Coreia (8.000) ascenderam 20,5 por cento”, lê-se na nota oficial.
DSEDJ | Escolas “encorajadas” a ver cerimónias da guerra contra o Japão João Santos Filipe - 27 Jun 2025 O Governo quer fortalecer o patriotismo dos jovens através dos exemplos dos chineses de Macau que participaram no esforço de guerra contra a invasão japonesa. Os eventos para homenagear as vítimas arrancam em Agosto, e incluem intercâmbios, exposições temáticas e até uma cerimónia de homenagem às vítimas do massacre de Nanjing As escolas do território vão ser “encorajadas” pela Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) a organizar sessões para os alunos e professores assistirem em directo às cerimónias do “80.º aniversário da vitória do povo chinês na guerra contra o Japão e da vitória mundial contra o fascismo”. As comemorações estão agendadas para 3 de Setembro, em Pequim, e a DSEDJ quer organizar vários eventos em Macau, para promover o espírito nacionalista. Numa conferência de imprensa conduzida pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, O Lam, o director da DSEDJ, Kong Chi Meng, explicou que é esperado que todas as escolas do território disponibilizem nos pavilhões desportivos meios para que os alunos assistam às cerimónias em directo de Pequim. Além disso, antes de 3 de Setembro, a partir dos finais de Agosto, os professores e os alunos das escolas primárias e secundárias vão ser levados a participar em exposições temáticas para ficarem a conhecer “os eventos históricos relevantes” sobre a guerra. É ainda esperado que nestes dias o conteúdo das aulas verse sobre estes acontecimentos. O responsável pela DSEDJ indicou igualmente que foram desenvolvidos materiais didácticos para ensinar aos alunos os eventos históricos, que visam a ligação entre os chineses de Macau e a sua contribuição para os esforços da guerra. Tendo em conta as celebrações, a DSEDJ revelou também que os eventos anuais de intercâmbio realizados com o Interior vão sofrer alterações, para que os professores e os alunos tenham paragens obrigatórias em diferentes monumentos de celebração da vitória na guerra. Massacre de Nanjing Na apresentação dos vários eventos, O Lam destacou que o objectivo do Governo passa por “promover o grande espírito da Guerra de Resistência” e “inspirar o fervor patriótico”. Todas as actividades vão estar subordinadas ao tema: “Recordar a História, Acarinhar a Memória dos Mártires, Acarinhar a Paz e Criar o Futuro”. Em termos das comemorações e eventos para assinalar os eventos históricos, a 13 de Dezembro vai também ser organizada uma homenagem às vítimas do massacre de Nanjing e a todos os chineses mortos durante a guerra. Os moldes da homenagem foram apresentados de forma genérica, mas espera-se que incluam intercâmbios entre escolas e acções de promoção sobre o passado. O massacre de Nanjing aconteceu em 1937, tendo decorrido durante algumas semanas após a conquista pelos tropas japonesas daquela que era a capital da República da China. Após a conquista, as tropas japonesas massacraram a população, incluindo crianças, mulheres e não combatentes. No pós- Segunda Guerra Mundial, o Julgamento de Tóquio, que levou à justiça os responsáveis japoneses, foi estimado que o número de vítimas tinha variado entre 100 mil e 200 mil. A invasão da China pelo Japão começou em 1931 com a ocupação da Manchuria, num primeiro momento. Em 1937, o Japão expandiu o escopo da guerra, procurando a ocupação total da China. O que começou como um conflito localizado na Ásia acabaria por integrar-se na 2.ª Guerra Mundial, a partir de Dezembro de 1941, com os ataques de Pearl Harbour. Ao longo de vários anos, as estimativas apontam para que no lado chinês entre 3,8 milhões e 10,6 milhões de pessoas tenham morrido. A paz foi alcançada a 2 de Dezembro, depois dos Estados Unidos terem atacado o Japão com a segunda bomba atómica, em Nagasaki.
Eleições | Zheng Anting e Lo Choi In saem da lista de Jiangmen João Santos Filipe e Nunu Wu - 26 Jun 2025 Os deputados eleitos pela União Macau-Guangdong em 2021 ficam fora da lista encabeçada pelo economista Joey Lao, anterior deputado nomeado preterido em 2021 por Ho Iat Seng. Na apresentação da lista, o mandatário Chan Sio Cheng prometeu uma nova dinâmica, enquanto Joey Lao diz que a lista quer uma “Macau mais feliz” Os deputados Zheng Anting e Lo Choi In foram afastados da lista União Macau-Guangdong, de acordo com os nomes revelados ontem, o último dia para entregar os nomes dos candidatos e os programas políticos das listas candidatas às eleições legislativas. No pólo oposto, a lista passa a acolher o economista Joey Lao Chi Ngai, ex-deputado nomeado entre 2017 e 2021, que foi afastado do parlamento pelo então Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, após um mandato. No segundo lugar surge agora Lee Koi Ian, empresário local, que apresentou como principais credenciais da candidatura o conhecimento da realidade da economia local e das pequenas e médias empresas. Em terceiro lugar da lista com 14 candidatos surge Ng Nga Fan. Na apresentação dos nomes da lista, Chan Sio Cheng prometeu que os candidatos vão apresentar uma nova dinâmica com base em três aspectos: nova equipa, novas acções e uma nova perspectiva. Por sua vez, Joey Lao, o candidato principal, destacou que a lista vai trabalhar para concretizar o conceito “Macau mais feliz” e que a felicidade é o objectivo que os residentes procuram, assim como a visão política do Governo e a missão original da equipa para esta eleição. No caminho para a felicidade, Joey Lao garante que é fundamental “impulsionar a economia de Macau através de uma nova dinâmica”, e estudar a indexação da pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência. Exportar idosos Na perspectiva de Joey Lao, a felicidade de Macau passa ainda por criar condições para que os idosos reformados que vivem na Grande Baía tenham acesso a consultas médicas em qualquer das onze cidades, recebem pensão para idosos e o subsídio. O cabeça-de-lista destacou também que vai dar prioridade ao desenvolvimento económico, bem-estar da população, cooperação entre Guangdong e Macau, políticas sociais e desenvolvimento da juventude. Por seu turno, Lee Koi Ian defendeu que como empresário no activo percebe bem as dificuldades e problemas do actual ambiente de negócios em Macau, pelo que deixou a esperança que o Governo lance mais medidas de revitalização económica e apoie a transformação das pequenas e médias empresas. Lee Koi Ian indicou ainda esperar que o Governo embeleze os bairros antigos e leve mais turistas a consumir nestas zonas. Ao mesmo tempo, o empresário prometeu pressionar o Governo para lançar medidas para criar mais emprego. Além disso, apontou que pretende aprofundar a cooperação entre Guangdong e Macau, para que as grandes empresas na Grande Baía apoiem à entrada das PME de Macau no Interior e criem espaço no outro lado da fronteira para os jovens de Macau.
Investimentos | Residentes apostam na Ásia e América Hoje Macau - 26 Jun 2025 Na hora de investir as suas poupanças, os residentes de Macau procuraram sobretudo fundos e entidades sediados na Ásia, em primeiro lugar, e depois nos Estados Unidos ou Canadá. É o que revelam as mais recentes estatísticas da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) sobre a Carteira de Investimentos relativas ao fim do ano passado. Assim, e em termos de distribuição geográfica, “a região asiática deteve a maior fatia da carteira de investimentos externos de residentes de Macau, com 44 por cento do total, sendo a restante aplicada principalmente na América do Norte”, com 22,9 por cento. A Europa surge em terceiro lugar com 17,6 por cento dos investimentos feitos, seguindo-se o Atlântico Norte e Caraíbas e a Oceânia. Estes investimentos dizem respeito a pessoas, Governo e entidades colectivas, excluindo-se as reservas cambiais. Segundo os cálculos feitos a preços de mercado de 31 de Dezembro de 2024, os investimentos tiveram um valor global de 1.204,3 mil milhões de patacas, mais 2,7 por cento em relação a Junho de 2024, e mais 14,3 por cento face a finais de 2023. A AMCM descreve que o “investimento em títulos emitidos por entidades no Interior da China continuou a ser predominante, representando 28,4 por cento do total da carteira de investimentos externos aplicados pelos residentes de Macau”. Além disso, o investimento dos residentes em títulos emitidos por entidades americanas foi de 250,6 mil milhões de patacas, uma subida de 33,6 por cento face ao final de 2023, tendo o respectivo peso na carteira de investimentos no exterior crescido de 17,8 para 20,8 por cento.
Isabel Rio Novo, autora da biografia de Luís de Camões: “Tempo em Macau foi de tranquilidade” Andreia Sofia Silva - 26 Jun 2025 Será lançada amanhã, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, a biografia de Luís de Camões, da autoria de Isabel Rio Novo. Em entrevista ao HM, a autora desvenda alguns segredos sobre a vida do poeta em Macau, um período de relativa calma no meio de uma vida quase sempre turbulenta Porque decidiu embrenhar-se na escrita de mais uma biografia sobre Camões? É verdade que Luís Vaz de Camões foi biografado muitíssimas vezes ao longo de 500 anos. No entanto, há 50 anos que não havia uma biografia sobre ele. Do meu ponto de vista e do editor, Camões merecia uma biografia mais actual que revisitasse de uma forma desprovida todo tipo de preconceitos, buscando fontes conhecidas, a pesquisa de informação ainda não descoberta e onde se fizesse a releitura de todas as obras anteriores. Esta biografia não é apenas uma súmula, mas também a reinterpretação daquilo que já se sabia, mas que raramente tinha sido relacionado. O livro traz também alguns dados novos com alguma documentação que foi descoberta. Como nasceu a sua relação com a escrita de Camões? Apaixonei-me e fui daquelas jovens leitoras que não ficou atormentada com Camões. Pelo contrário, gostei logo e deixei-me seduzir pelo Camões lírico. Sou das áreas de Literatura Comparada e da História, e nesse sentido sempre compreendi a dimensão e importância da obra de Camões. E quais são? É uma obra e um autor muito do seu tempo e da sua época, que foi extraordinária, com o Renascimento, o Humanismo e as viagens da navegação. Mas, ao mesmo tempo, é uma obra que é produto de um génio literário fora de série, daqueles que podemos contar um punhado na história da literatura universal. Que Camões encontramos nesta biografia? Tentei ir ao fundo, retirar camadas do sentido que estes 500 anos foram acrescentando a Camões, no sentido em que cada época leu o seu Camões e produziu a sua interpretação. Quis descobrir o substracto, o homem de carne e osso que viveu e escreveu há 500 anos. Foi um homem sofrido, com muitas dificuldades financeiras. Foi um homem com uma relação complexa e difícil com a realidade, não só do seu tempo, mas também com a realidade [em si]. O tema da época, do desconcerto do mundo, de como a sociedade parece funcionar ao invés daquilo que deveria funcionar, tratando-se de um tópico literário do Renascimento, foi algo que Camões sentiu de forma pessoal e genuína. De que forma? Ele viveu uma série de dissabores, de experiências extremas. Basta dizer que esteve preso várias vezes e por razões diversas. Fez grandes viagens numa altura em que estas eram empreendimentos absolutamente arriscados, morosos e complicados. Camões esteve envolvido em expedições militares, e quase toda a sua vida foi soldado. Mas esse conjunto de experiências permitiu-lhe ser quase tudo aquilo que alguém podia ser na época em que viveu. Foi um dos autores mais viajados da época, tendo estado no Brasil, Goa… Sim. Mesmo a ligação a Macau, que é contestada por alguns estudiosos, mas não por mim… sou persuadida, face à documentação existente e testemunhos indirectos, que Camões passou pela China com o cargo de provedor dos defuntos e ausentes. Quando isso aconteceu já existia, ainda que de forma muito incipiente, o estabelecimento português na China, que já era Macau. Não se sabe se Camões exerceu esse cargo que lhe foi atribuído pelo vice-rei D. Francisco Coutinho, se ele estava exactamente designado para ser provedor durante a viagem, ou provedor no estabelecimento de Macau. Mas o que ele conheceu da China foi, seguramente, esse pequeno entreposto que Portugal tinha conseguido, a muito custo, com muita dificuldade e depois de muitas tentativas, obter na China. O que fazia um provedor dos defuntos? Sempre que um português morria no Oriente, um soldado ou mercador, era preciso assegurar os direitos dos herdeiros, das famílias que normalmente estavam em Portugal. O provedor tinha de identificar o falecido, a sua naturalidade, origem e fazer com que os herdeiros fossem conhecidos. Tinha ainda de guardar os bens do falecido antes que fossem roubados, levá-los a leilão, guardar as moedas que daí resultassem e depois levar tudo isso para Lisboa. Era um processo que, se corresse bem, demorava muitos meses, pois era preciso enviar esse dinheiro para as autoridades de Goa que depois o enviavam na carreira da Índia para Lisboa. Podemos falar de um período de estabilidade na vida de Camões em Macau? Sim. Até essa nomeação como provedor dos defuntos, tudo o que Camões conhecia do Oriente tinha sido como soldado. Mal chega a Goa [1553], embarca semanas depois numa primeira expedição militar. Sabemos porquê: não porque tivesse alguma apetência bélica, mas porque só participando em expedições ganhava o seu soldo. Embora toda a gente dissesse que os soldados viviam muito pobremente, o soldo era o que Camões tinha para sobreviver. O tempo vivido em Macau, em que esteve liberto das obrigações de soldado, foi um tempo de tranquilidade em relação à subsistência, que estava assegurada. Dispunha de algum tempo e calma para prosseguir o trabalho com “Os Lusíadas”. Mais do que isso, tanto quanto as fontes permitem deduzir, Camões conheceu em Macau uma fase de equilíbrio em termos de vida pessoal e amorosa, na medida em que, na viagem de regresso, trazia consigo, segundo o testemunho de Diogo do Couto, uma rapariga chinesa. Dinamene. Esse foi o termo usado pelo cronista. Não sabemos se seria uma rapariga chinesa ou asiática. Essa rapariga com quem Camões vivia maritalmente era alguém de quem gostava muito, segundo o testemunho de Diogo do Couto. Mas Dinamene não seria, certamente, o nome dela, por ser um nome mitológico que, aliás, já Camões usava na sua lírica, mesmo antes de ter embarcado para o Oriente. As raparigas chinesas com quem os soldados e mercadores em Macau viviam amancebadas eram baptizadas e recebiam um nome cristão. Portanto, Dinamene até teria um nome cristão e português. Mas como não sabemos o nome dela, e se for com consciência de que usamos uma espécie de metáfora, podemos chamar-lhe Dinamene. Ela morre depois numa viagem e deixa Camões muito abalado. Na viagem de regresso de Macau a Goa, provavelmente no fim do seu mandato como provedor, Camões sofre o célebre naufrágio, no qual perde os bens pessoais que tinha amealhado, incluindo os bens dos defuntos de que era guardião, e isso vai trazer-lhe complicações. Sofre também a perda de Dinamene. O naufrágio foi junto a alguns nos mares da China, provavelmente junto à foz do rio Mekong. Considera improvável que tenha perdido aí parte de “Os Lusíadas”. Os primeiros biógrafos dizem que Camões se salvou desse naufrágio com uma tábua. Não é descabido que tenha conseguido salvar, nessa tábua, o manuscrito dos Lusíadas. Mas também não é de excluir que Camões soubesse de cor o seu poema. A memória das pessoas no século XVI era diferente. Estavam muito habituadas a guardar as coisas de memória. E nós sabemos, porque a prova obtém-se na obra de Camões, que este tinha uma memória extraordinária. Tenho forma de o provar, claro, que Camões seja um dos raros autores que conhecia de cor o seu poema. Considera que Camões teve uma vida inferior ao seu verdadeiro talento? Sem dúvida. Segundo um conjunto demasiado extenso de testemunhos concordantes, ele morre pobre, mesmo em condições miseráveis, e segundo uma testemunha ocular, sem ter um cobertor com que se cobrir. Por outro lado, Camões ficou conhecido a seguir à publicação dos Lusíadas, que foram comentados e lidos [no tempo de vida do poeta]. Temos o testemunho de Faria de Sousa, um dos primeiros biógrafos de Camões, que diz que quando este passava nas ruas as pessoas paravam e apontavam. Camões tinha também uma figura que se destacava, com o olho vazado e a usar uma pala. Nessa altura, já estaria bastante doente, a usar muletas. Mas há um conjunto de poetas, que é muito pouco crível que não conhecessem Camões, que nunca se lhe referem. Há, por outro lado, outros humanistas, como Pedro Magalhães Gândavo, que desde logo o elogia como o príncipe dos poetas portugueses. Mas o rei dá-lhe uma tença por feitos prestados e pela publicação de “Os Lusíadas”. Essa famosa tença, que não devia ser grande coisa, porque todos os biógrafos antigos dizem que era irrisória, é-lhe atribuída como uma espécie de reforma militar, por causa dos 17 anos de serviço no Oriente, e não propriamente como recompensa pela publicação de “Os Lusíadas”. A carta de mercê de D. Sebastião, que lhe atribui o título de Cavaleiro Fidalgo, não tinha, na prática, nenhuma repercussão, mas dava-lhe 15 mil reais. [A publicação de “Os Lusíadas”] terá sido um argumento adicional [para a carta] e não o argumento principal. Isso leva-nos a crer que D. Sebastião nem sequer terá lido ou ouvido ler “Os Lusíadas”, terá recebido uma informação indirecta, favorável sobre o poema. Como se deu o processo de edição de “Os Lusíadas”? Foi um acontecimento, porque tanto a imprensa como os livros que se publicavam por ano eram uma quantidade muito pequena. No ano em que “Os Lusíadas” são publicados foram a única obra de cariz não religioso [a ser editada]. Para custear a edição é mais que provável que Camões tenha tido o apoio de um mecenas, provavelmente D. Manuel de Portugal, da família dos Condes do Vimioso. Conseguir que a obra fosse imprensa era um processo moroso e complicado, pois tinha ainda de passar pelo Exame Prévio das autoridades civis, da autoridade régia e da censura da Inquisição. O revedor do Santo Ofício acaba por não só deixar passar o livro, como tecer uma quantidade de elogios quase inédita no alvará que autoriza a publicação da obra. Se formos pegar nos pareceres emitidos pelo mesmo revedor, não há nenhuma outra obra sobre a qual ele seja tão elogioso como foi com a epopeia de Camões. Na Indonésia, fez amizade com um escravo da Ilha de Java. Camões esteve, pelo menos uma vez, na ilha de Ternate, na Indonésia, no arquipélago das Molucas, numa altura em que houve conflitos motivados por um capitão português extremamente cruel para com o rei ou sultão de Ternate, e que originaram uma espécie de guerra entre os portugueses e os locais. Camões tem uma canção que descreve a ilha de Ternate. Não sabemos se foi nessa altura, ou em outra passagem pelo Extremo Oriente, que Camões se ligou a um jaú, ou javanês, mas que podia não ser exactamente do Extremo Oriente, mas um escravo liberto que se tivesse ligado por amizade a Camões. E isto porque numa das primeiras biografias de Camões lê-se que jaú, com o nome cristão António, pedia esmola à noite. Essa liberdade de movimentos de um escravo indicia que, provavelmente, seria um escravo liberto. Pedia esmola para Camões, para ele próprio e para a mãe de Camões, com quem Camões terá vivido nos últimos anos de vida.
“929 Challenge” cria prémio para ‘startups’ de PALOP e Timor-Leste Hoje Macau - 26 Jun 2025 A quinta edição da competição “929 Challenge” em Macau vai incluir um prémio para a melhor ‘startup’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, anunciou ontem a organização. Marco Duarte Rizzolio, co-fundador da 929 Challenge, disse à Lusa que o prémio ‘Future Builders’ (Criadores do Futuro) foi criado para encorajar os participantes dos países lusófonos menos desenvolvidos. “Temos uma língua em comum, mas o patamar de desenvolvimento económico de cada um dos países é completamente diferente”, explicou Rizzolio, à margem de uma conferência de imprensa. A última edição da competição para ’startups’ chinesas e dos países de língua portuguesa registou um novo máximo, com mais de 1.600 participantes em mais de 320 equipas. No entanto, em 2024, a 929 Challenge não recebeu quaisquer projectos de Timor-Leste ou de São Tomé e Príncipe. Com o novo prémio, Rizzolio disse esperar que na edição deste ano haja ‘startups’ de todos os nove países lusófonos. “O objectivo é isso, incentivar, mas também é ajudar (…). Se eles conseguem ganhar aquele prémio, já é algo de motivador para eles, para poderem desenvolver o projecto”, explicou. A ‘startup’ portuguesa Iplexmed, que desenvolve dispositivos de diagnóstico genético rápido, venceu a edição do ano passado, enquanto a também portuguesa NS2, que fornece soluções inteligentes para monitorizar a qualidade da água para uma aquicultura sustentável, ficou em terceiro. A primeira vez A única vez que uma equipa dos PALOP e de Timor-Leste chegou aos finalistas foi logo na primeira edição, lançada em 2021, então apenas direccionada a estudantes universitários. Um projecto da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau para instalar painéis solares na região de Gabu, no leste do país, ficou em segundo lugar. “No final, quem ganha muitas vezes são equipas que têm já produtos maduros, serviços maduros”, explicou Rizzolio. As inscrições estão abertas até 30 de Setembro, tanto para empresas como para equipas de alunos universitários. Rizzolio, também professor da Universidade Cidade de Macau, recordou que a competição tem novos parceiros, incluindo a StartupPorto, a Cabo Verde Digital e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique. Os melhores 16 planos – oito de empresas e oito de universitários – terão 10 minutos para convencer o júri da 929 Challenge e potenciais investidores na final, em Novembro. O outro cofundador da competição, José Alves, sublinhou que a competição “ainda não é um sucesso” porque até agora não conseguiu atrair projectos para abrir portas em Macau. “Precisamos de identificar as melhores ‘startups’, investir nelas e trazê-las para o mercado da China continental, ou levá-las da China para os países lusófonos”, explicou o docente. O concurso é coorganizado pelo Fórum Macau e por várias instituições da região, incluindo todas as universidades. O secretário-geral adjunto do Fórum de Macau, Danilo Afonso Henriques, reiterou na conferência de imprensa que “estabelecer ‘startups’ em Macau requer apoio continuado”. “Sem esforços colectivos e sustentados, esta visão corre o risco de permanecer por realizar, tornando redundante os esforços e trabalho árduo de tantos”, alertou o timorense.
Irão | Aprovada suspensão da cooperação com a AIEA Hoje Macau - 26 Jun 2025 O Parlamento iraniano votou ontem a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica na sequência de 12 dias de guerra marcados por ataques israelitas e norte-americanos contra instalações nucleares do Irão. O presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, disse que a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) recusou-se a condenar o ataque contra as instalações nucleares iranianas, comprometendo a credibilidade internacional do organismo das Nações Unidas. As declarações de Ghalibaf ocorreram após os deputados terem votado a favor da suspensão da cooperação com AIEA. “A Organização Iraniana de Energia Atómica vai suspender a cooperação com a AIEA enquanto a segurança das instalações nucleares não for garantida”, acrescentou o Presidente do Parlamento de Teerão. No dia 13 de Junho, Israel, com o apoio dos Estados Unidos, atacou instalações militares e nucleares iranianas. O Irão retaliou disparando mísseis e lançando aparelhos aéreos não tripulados contra Israel. O cessar-fogo foi acordado na terça-feira, após intervenção da Administração norte-americana.
Coutinho quer voos directos entre Macau e Portugal Hoje Macau - 26 Jun 2025 O deputado José Pereira Coutinho defendeu ontem voos directos para Portugal e avisou que as restrições à ajuda financeira anual dada aos residentes da região chinesa vai afectar reformados em Portugal. “Temos de transformar o Aeroporto Internacional de Macau, de facto com rotas aéreas directas para a Europa, nomeadamente para Portugal”, disse Coutinho, após a apresentação do programa político da lista Nova Esperança ao parlamento local. O jurista disse que os maiores aviões de longo curso do mundo já conseguem aterrar em Macau, mas que falta no aeroporto espaço para estacionar as aeronaves, um problema que disse esperar ser resolvido com a ampliação da infraestrutura. A expansão do aeroporto, lançada em Novembro, envolve a construção de um aterro com mais de 129 hectares e deverá estar terminada em 2030, aumentando a capacidade de 9,6 milhões para 13 milhões de passageiros por ano. “Esperamos que no futuro não seja necessário deslocarmo-nos a Hong Kong para apanhar um voo internacional para a Europa ou para a América e possamos começar a viagem em Macau que é aqui que é a nossa casa”, disse Coutinho. O aeroporto de Macau tem actualmente voos regulares de passageiros operados por 27 companhias aéreas para 41 destinos na China continental, Taiwan, Sudeste Asiático, Japão e Coreia do Sul. Cortes criticados Por outro lado, Coutinho criticou a decisão do Governo local de restringir as ajudas financeiras dadas anualmente às pessoas com estatuto de residente, àqueles que em 2024 tenham residido na região, pelo menos, 183 dias. A medida prevê excepções, incluindo para os que vivem nas nove cidades da China continental integradas no projecto da Grande Baía Guandong-Hong Kong-Macau e para os que estejam a estudar em universidades no exterior. Mas Coutinho alertou que as excepções não eliminaram todas as injustiças, nomeadamente casos de reformados que vivem em Portugal. O deputado deu o exemplo de um antigo soldado português, “com quase 90 anos”, que trabalhou durante 40 anos como polícia em Macau, mas que não tem direito à ajuda financeira por ter ido viver com a filha em Portugal, após ter ficado viúvo. “Acha justo?” perguntou Coutinho aos jornalistas. O programa político da Nova Esperança defende ainda “uma concretização mais aprofundada” do papel de Macau como plataforma de cooperação com os países de língua portuguesa, “com a maior participação da população e dos empresários”. A Nova Esperança foi uma das oito candidaturas validadas pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Há quatro anos, houve 19 listas de candidatos à Assembleia Legislativa, embora cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia -, tenham depois sido excluídos por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM”.
A porta das estrelas (II) Jorge Rodrigues Simão - 26 Jun 2025 (Continuação da edição de 19 de Junho) Obviamente, não é certo que Trump tenha sucesso nesta complicada tarefa de dividir para reinar. Entretanto, é perfeitamente possível que um desses actores desenvolva modelos de IA ou outras invenções tão poderosas que não possam ser ignoradas, obrigando o presidente a cooptá-lo em detrimento de outra pessoa, com todas as consequências que isso acarreta. Um exemplo poderia ser a Microsoft, que em 2024 anunciou uma parceria com a Blackrock para fazer exactamente o que a Stargate deveria fazer, ou seja, lançar uma infra-estrutura física de IA. Já foram investidos trinta mil milhões e, este ano, serão adicionados outros oitenta mil milhões de dólares. Total são cento e dez mil milhões de dólares, dez a mais do que o portal das estrelas. Mas isso, para Trump, é um problema até certo ponto. Se as empresas competem para ganhar os seus favores e permanecem fiéis aos interesses americanos, tanto melhor. Os grandes nomes da tecnologia devem competir ferozmente entre si, produzindo inovação. Basta que não pensem que são mais importantes do que o presidente mesmo que talvez o sejam realmente. Na sua monumental “Sociologia”, Georg Simmel distinguia entre competição existencial em que está em jogo a vida dos contendores e competição orientada para o resultado em que importa é a consecução do objectivo. Enquanto este tipo de concorrência prevalecer entre os magnatas da tecnologia americana, o Manual Cencelli ou como partilhar o poder criado por Trump funcionará. Mas se alguém se sentir existencialmente ameaçado por outra pessoa, a situação poderá explodir. Estamos evidentemente em plena zona Elon Musk, campeão dos riscos existenciais. O fundador da SpaceX levou apenas algumas horas para reagir ao anúncio da Stargate. E, obviamente, fez no X, comentando secamente a publicação com a qual a OpenAi anunciava o nascimento do projecto afirmando que «Eles não têm dinheiro. A SoftBank tem menos de dez mil milhões de dólares, segundo fontes fidedignas». Ora, mesmo sem saber quais são as fontes fidedignas de Elon, os seus cálculos estão correctos. Se subtrairmos dos vinte e cinco mil milhões de dólares de liquidez que o fundo de Masa declarou no balanço de Setembro de 2024, os dezanove mil milhões de dólares que investirá na Stargate, restam cerca de seis mil milhões de dólares nas contas da SoftBank. Mas, como vimos, o problema não é esse. E certamente não é essa a dificuldade de Elon. O fundador da SpaceX ficou de facto surpreendido com a jogada de Trump, que depois de o ter usado durante toda a campanha eleitoral como imagem pública, o fez desaparecer das cenas que importam com excepção da polémica que se seguiu à sua suposta saudação romana. Acima de tudo, porém, o ex-chefe da Doge (deixou o governo Trump e o seu cargo no Doge, o órgão encarregado de reduzir os gastos do governo dos Estados Unidos e reduzir empregos) não tolera que o projecto Stargate seja construído em torno da OpenAi, empresa que Musk fundou em 2015 sem fins lucrativos e que lhe foi roubada por Altman, acusado por Elon de querer ganhar dinheiro desenvolvendo uma Inteligência Artificial Geral (AGI) capaz de destruir a humanidade. Em síntese clara de Musk, «A OpenAi é o mal». A situação é paradoxal. Trump, com quem Musk basicamente conviveu nos últimos três meses, despreza a IA de Elon e atribui a liderança operacional do maior projecto relacionado à IA da história americana àquele que, segundo o fundador da Tesla, não é simplesmente um concorrente, mas uma ameaça existencial à sobrevivência da humanidade. Consequência, um ex-representante do governo, como Musk, afirma publicamente que a Stargate é um projecto irrealista, incapaz de se financiar e liderado por pessoas malvadas prontas a «evocar o demónio da IA» para ganhar dinheiro. Nessa loucura, o presidente teve que se apressar em declarar que Elon está apenas um pouco agitado porque no projecto «há uma pessoa que ele odeia» e que, de qualquer forma, não há nada com que se preocupar porque «eu também odeio algumas pessoas». A resposta de Altman a Musk, também publicada no X, foi quase imediata «O que é bom para o país nem sempre é bom para as suas empresas. Mas espero que, no seu novo cargo, coloque sempre os Estados Unidos em primeiro lugar». O chefe da OpenAi demonstra conhecer Elon muito bem, porque acerta exactamente no ponto em que a América de Trump e o império de Musk podem tomar caminhos diferentes. Para o presidente, o governo deve apostar no desenvolvimento da IA sem qualquer tipo de preocupação ética, filosófica ou ambiental, porque o objectivo é tornar a América grande novamente ou, pelo menos, garantir que continue maior do que a China.
Rota da Seda | Programa de formação de talentos arrancou em Pequim Hoje Macau - 26 Jun 2025 Foi oficialmente lançado, em Pequim, no passado dia 16, o programa de formação de talentos nas áreas do design cultural e criativo da Rota Marítima da Seda, apoiado pelo MGM e seleccionado para financiamento do Fundo Nacional de Artes da China (FNAC) este ano. Num comunicado de imprensa, descreve-se como este programa será desenvolvido em colaboração com o Museu do Palácio e o Instituto de Tecnologia da Moda, ambos sediados em Pequim. A ideia é formar “uma equipa de ensino de elite” que, durante 60 dias de “cursos intensivos e estudos de campo”, irá explorar “vários pontos-chave ao longo da Rota Marítima da Seda”. O programa, intitulado “Formação de Talentos em Design Cultural e Criativo para a Rota Marítima da Seda”, tem por objectivo a promoção da “investigação e a transformação inovadora do património cultural e histórico da Rota Marítima da Seda, formar talentos relacionados, destacando o papel fundamental de Macau como ponte entre as culturas chinesa e ocidental”. O programa propõe uma “formação multifacetada que combina teoria, estudos de campo e prática, com o objectivo de transformar os participantes em profissionais, comunicadores e promotores da herança cultural e da criatividade”, visando “cultivar novos talentos para o desenvolvimento das indústrias do turismo criativo e cultural na Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, contribuindo também para a continuidade do legado cultural da Rota da Seda”. Foram escolhidos 30 participantes, “incluindo profissionais dos sectores do património cultural e das artes, investigadores académicos e doutorandos”, sendo que, depois de Pequim, o programa prossegue em Quanzhou, Guangzhou, Hengqin e Macau, “oferecendo experiências de aprendizagem distintas”. Após estas sessões presenciais, os participantes entrarão numa fase criativa online para refinar o seu trabalho através de um diálogo contínuo com os instrutores. Os resultados finais serão revelados no primeiro trimestre de 2026, destaca o MGM numa nota de imprensa.
Hold On to Hope | Pintura a óleo para ver em Julho Hoje Macau - 26 Jun 2025 Julho marca a inauguração de uma nova mostra na ilha de Coloane, nomeadamente na galeria Hold On to Hope, gerida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. Desta vez, o público poderá ver quadros pintados a óleo por seis artistas, numa mostra intitulada “Chasing Dreams Under the Stars” O dia 6 de Julho marca a estreia de uma nova exposição com trabalhos dos alunos do curso de mestrado da Universidade de Huaqiao, na China. A mostra, intitulada “Chasing Dreams Under the Stars”, é acolhida pela galeria Hold On to Hope, localizada na vila de Ka-Hó, em Coloane. O espaço é gerido pela ARTM – Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau, tratando-se de um projecto com um forte cariz de integração social, dando a conhecer à sociedade o trabalho desenvolvido por esta entidade. A mostra pode ser visitada até ao dia 27 de Julho. Os seis artistas, estudantes de mestrado, que apresentam os seus dotes artísticos são Maruko, John U, Fong Hio Wa, Rosa, Madonna, Ho Cheng Wa. Estes apresentam, segundo uma nota de imprensa, mais 30 obras de arte, que reflectem “experiências e perspectivas individuais”, bem como “pensamentos e sentimentos sobre o mundo em redor”, onde não faltam sequer retratos de Macau e do seu património. Desta forma, a nova mostra da galeria Hold On to Hope conta com “uma diversidade de estilos e temas”, reflectindo “técnicas e inspirações criativas variadas, contando histórias de esperança, sonhos e a busca pela paixão através das obras”. A organização da mostra espera que o público “fique cativado pelas cores e técnicas de cada pintura”. Sonhos e estrelas Para a organização, “Chasing Dreams Under the Stars” é “mais do que uma exposição de arte”, sendo também a “celebração da criatividade e do poder da autoexpressão”, permitindo que “a arte e as emoções se encontrem, transformando sonhos em realidade”. A última exposição realizada na histórica vila de Ka-Hó aconteceu em Maio e visou, precisamente, celebrar os 25 anos de existência da ARTM enquanto entidade que ajuda pessoas com o vício da droga, álcool ou jogo a curarem-se e voltarem a ter uma vida em sociedade. Com o nome “Ageing Gracefully”, esta mostra contou com pinturas e peças de artesanato produzidas pelos utentes da ARTM, sendo consideradas “elementos vitais da vida quotidiana na comunidade terapêutica da ARTM”.
Hong Kong | Justiça avalia recurso de jornalista condenado por sedição Hoje Macau - 26 Jun 2025 A justiça de Hong Kong vai analisar em setembro um recurso do primeiro jornalista condenado a pena de prisão ao abrigo de uma lei de sedição, avançou ontem a imprensa da região. De acordo com o portal de notícias Hong Kong Free Press, o Tribunal de Recurso marcou para 22 de Setembro a audiência pedida por Patrick Lam Shiu-tung, antigo chefe de redação interino do Stand News. O portal de notícias Stand News fechou portas em Dezembro de 2021, após uma operação policial que envolveu 200 polícias, o congelamento de bens da empresa e a detenção da direcção, incluindo Patrick Lam. Em Outubro passado, Lam apresentou um recurso da condenação, um mês antes, a 14 meses de prisão, a primeira sentença contra um jornalista ao abrigo de uma lei de sedição estabelecida quando Hong Kong era uma antiga colónia britânica. Apesar da primeira instância ter considerado Lam culpado, o chefe de redação saiu em liberdade devido a questões de saúde e por já ter cumprido 10 meses de prisão preventiva. Também em Setembro, o mesmo tribunal condenou o antigo chefe de redação do Stand News, Chung Pui-kuen, a 21 meses de prisão por sedição. O juiz Kwok Wai-kin considerou Chung e Lam culpados de conspiração por publicarem e reproduzirem materiais sediciosos, juntamente com a Best Pencil (Hong Kong) Ltd, a companhia que era proprietária do Stand News. O julgamento, que teve início em Outubro de 2022, durou cerca de 50 dias, tendo o veredicto sido adiado várias vezes.
Pequim pede que se evite “lei da selva” comercial e defende cooperação global Hoje Macau - 26 Jun 2025 O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, advertiu ontem contra os riscos de uma crescente fragmentação económica e comercial, defendendo a cooperação e o multilateralismo face às políticas de contenção e de redução de riscos promovidas pelas potências ocidentais. “Aquilo de que o mundo precisa não é da lei da selva, mas do sucesso mútuo através da cooperação”, afirmou Li, numa referência implícita às tensões proteccionistas e às medidas lideradas pelos Estados Unidos para reduzir a dependência da China em sectores estratégicos. Li discursava na sessão inaugural da Reunião Anual dos Novos Campeões, conhecida como o “Davos de Verão” e promovida pelo Fórum Económico Mundial, que decorre esta semana em Tianjin, no nordeste da China, e reúne líderes políticos e empresariais de mais de 90 países e regiões. Em transformação No seu discurso, o primeiro-ministro chinês alertou para “mudanças profundas” na economia internacional, impulsionadas por tensões geopolíticas, transformação tecnológica e reconfiguração das cadeias de abastecimento globais. “O mundo não pode voltar a ser um conjunto de ilhas isoladas. Precisamos de mais pontes de cooperação em que todos ganhemos”, defendeu. Num contexto marcado pelo aumento de taxas alfandegárias, restrições ao investimento estrangeiro e apelos à ‘dissociação’ económica com a China, Li reiterou que o comércio e o investimento globais “não devem ser politizados nem transformados em instrumentos de confronto”. Sublinhou ainda que a China continua comprometida com o diálogo, a integração económica e a promoção de um sistema multilateral aberto. “A globalização económica não vai parar. Pode passar por altos e baixos, mas continuará a avançar”, declarou. Li destacou também o papel crescente das economias emergentes como “novos motores” do comércio internacional, recordando que representam cerca de 70 por cento da população mundial. A edição deste ano do “Davos de Verão” decorre sob o signo da incerteza geoeconómica e do aumento do protecionismo, colocando a tónica nas oportunidades oferecidas pelo empreendedorismo e pelas novas tecnologias para impulsionar o crescimento e a resiliência económica. Entre os participantes contam-se os chefes de Governo de países como Equador, Singapura e Vietname.
Qingdao | Reunião da Organização de Cooperação de Xangai arranca Hoje Macau - 26 Jun 2025 O encontro dos ministros da Defesa de países asiáticos representativos de 40% da população mundial acontece ao mesmo tempo que em Haia decorre a cimeira da Nato A reunião de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai, por vezes apelidada de “NATO asiática”, arrancou ontem na cidade de Qingdao, nordeste da China, decorrendo em paralelo à cimeira da aliança transatlântica, em Haia, que se prevê dará luz verde ao pedido de Trump para que os países europeus aumentem para 5 por cento a sua contribuição financeira para a aliança militar. O evento visa “consolidar e aprofundar a confiança mútua em matéria militar” e promover “a cooperação prática entre os Estados-membros”, afirmou o Ministério da Defesa da China, num comunicado. Segundo a mesma nota, a reunião, que termina hoje, contribuirá para “a manutenção da paz e estabilidade mundiais e regionais” e para “o desenvolvimento e prosperidade comuns”. Entre os objectivos destacados está também o “reforço da capacidade da organização para combater o terrorismo regional”. Está prevista uma intervenção do ministro da Defesa chinês, Dong Jun, dado que a China exerce actualmente a presidência rotativa da organização. A atenção estará também virada para a eventual participação do ministro da Defesa iraniano, Hosein Dehgán, depois de o Irão ter aceitado um cessar-fogo com Israel nas últimas horas. A reunião em Qingdao ocorre num contexto de agravamento das tensões no Médio Oriente nas últimas semanas. Após o ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, no fim de semana, a Organização de Cooperação de Xangai condenou a operação e manifestou “grave preocupação”, considerando que esta representou “uma violação grave do Direito internacional” e teve “um impacto negativo na paz e segurança globais”. Russos à mesa Está também prevista a presença do ministro da Defesa da Rússia, Andréi Beloussov. Moscovo e Pequim têm aprofundado os seus laços na área da Defesa nos últimos anos, ao mesmo tempo que a China mantém uma posição ambígua face à guerra na Ucrânia. Dehgán e Beloussov reuniram-se na segunda-feira, tendo ambos condenado os ataques dos EUA e de Israel contra o Irão. O ministro russo expressou ainda o seu apoio a Teerão e classificou as exigências ocidentais no domínio nuclear como um “pretexto” para enfraquecer o país. Cobertura gigantesca A organização inclui como membros a China, Rússia, Índia, Irão, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Tajiquistão, Bielorrússia e Usbequistão, sendo considerada a maior organização regional do mundo em termos de cobertura geográfica e população, abrangendo cerca de 40 por cento da população mundial. Apesar de os seus membros afirmarem que não se trata de uma aliança militar e que o objectivo principal é proteger os Estados-membros de ameaças como o terrorismo, separatismo e extremismo, analistas consideram que o bloco visa sobretudo contrariar a influência da NATO.
SMG | Sinal 1 de tempestade içado Hoje Macau - 26 Jun 2025 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem às 16h30 o sinal 1 de tempestade tropical devido a uma área de baixa pressão na parte norte do Mar do Sul da China que se intensificou para uma depressão tropical, mas apontaram que a possibilidade de elevar o alerta para sinal 3 era “relativamente baixa”. As autoridades estimavam ontem que a tempestade, que estava a cerca de 800 quilómetros de Macau, se iria deslocar para as áreas entre a costa oeste de Guangdong e a ilha de Hainan, nos próximos dias. Como tal, será de esperar a partir de hoje e nos próximos dias céu gradualmente nublado, a intensificação do vento, assim como aguaceiros e trovoadas ocasionais. Como é normal nestas circunstâncias, os SMG aconselham a população a manter-se actualizada sobre as últimas informações meteorológicas. Porto Interior | Apelos à protecção de barcos e ponte-cais Após a emissão do sinal 1 de tempestade tropical, ontem à tarde, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) apelou a embarcações de pesca, pontes-cais do Porto Interior e ao público para estarem atentos às alterações climatéricas e tomarem medidas de protecção com antecedência. As autoridades acrescentam que “os itinerários do transporte marítimo de passageiros serão suspensos tendo em conta a deterioração das condições no mar”, e que cidadãos e turistas devem fazer planos cuidados para que as suas viagens não sejam afectadas. “Com a aproximação da tempestade tropical, as condições meteorológicas de Macau vão piorar faseadamente, pelo que as embarcações de obras devem tomar as medidas de protecção o mais cedo possível, sendo necessário retirar-se da zona de obras quando estiver içado o sinal 3 de tempestade tropical. As embarcações de pesca devem regressar a Macau o mais rápido possível para se abrigarem.
Metro Ligeiro | Divulgados planos para casos de sinal 8 de tufão Hoje Macau - 26 Jun 2025 A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau e a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego divulgaram ontem os planos de operação do transporte quando estiverem içados sinais de tempestade tropical. Se os Serviços Meteorológicos e Geofísicos não emitirem o sinal 8 de tufão, o serviço de Metro Ligeiro mantém-se em funcionamento normal em todas as linhas. Se as autoridades emitirem o sinal 8, ou superior, o serviço é suspenso em todas as linhas. A última composição a circular na Linha de Hengqin terá partida da Estação de Lótus, em direcção à Ilha da Montanha, com a circulação cerca de 10 minutos antes da emissão do sinal. Na linha de Seac Pai Van, com partida da estação do Hospital das Ilhas, a última carruagem saírá 15 minutos antes da emissão do sinal 8, “enquanto os últimos comboios das restantes estações de partida partirão cerca de 40 minutos antes da emissão do sinal 8 de tufão” Após a descida do sinal 8, e em condições normais, a Linha de Hengqin retomará o serviço imediatamente, enquanto a Linha Seac Pai Van reiniciará as suas operações cerca de 20 minutos mais tarde.
Justiça | Património de Isabel Chiang em hasta pública João Santos Filipe - 26 Jun 2025 A empresária, ligada a várias burlas, foi declarada falida em Outubro de 2019, e mais de 200 credores, entre os quais o empresário Chan Meng Kam, esperam ver as suas dívidas pagas com a venda de 23 imóveis avaliados em pelo menos 147,28 milhões de patacas Cerca de 23 imóveis pertencentes à empresária Isabel Chiang foram colocados em hasta pública, para pagar as dívidas a mais de 200 credores, de acordo com o portal dos Tribunais da RAEM. A empresária, que se encontra em lugar incerto, foi acusada, em 2019, por vários empresários, inclusive Chan Meng Kam de ter pedido empréstimos e promover esquemas de investimento sem ter a intenção de devolver o dinheiro. Os imóveis, que não se limitam a apartamentos, e incluem pelo menos um edifício na sua totalidade, foram avaliados com um valor base de venda de cerca de 147,28 milhões de patacas. O valor mais elevado dos bens à venda é de 28,96 milhões de patacas e diz respeito a um centro comercial com rés-do-chão e três andares na Rua dos Ervanários. Entre os bens mais valiosos, encontram-se ainda um apartamento com dois pisos num prédio na Avenida de Sagres, avaliado em 21,72 milhões de patacas, e também uma cave no Pátio de São Lázaro, avaliada em 15,16 milhões de patacas. Os imóveis estão a ser vendidos através da apresentação de propostas por carta fechada, e com dois processos de venda diferentes, embora ambos tenham como data limite 17 de Julho. Entre os credores consta o nome de Chan Meng Kam, mas também de membros ligados à comunidade portuguesa, como Armando de Jesus, ex-conselheiro das comunidades. No entanto, na lista consta também a RAEM, a empresa de fornecimento de electricidade CEM e vários bancos, como o Banco Nacional Ultramarino, sucursal de Macau do Banco da China, ICBC ou Tai Fung. Terra prometida Em 2019, quando o escândalo com Isabel Chiang rebentou, a empresária foi acusada de pedir empréstimos ou promover investimentos com retornos elevados no desenvolvimento da Rua dos Ervanários, perto das Ruínas de São Paulo, e também no pátio Chon Sau ou na Rua da Nossa Senhora do Amparo. Até 2015, a empresária terá gasto pelo menos 100 milhões de patacas para comprar lojas nessa zona. Parte do dinheiro utilizado para essas compras, terá tido como origem Chan Meng Kam, que reconheceu ter emprestado dinheiro à empresária, tendo recebido como garantia dois imóveis. No entanto, mais tarde, quando o dinheiro ficou por devolver, Chan apercebeu-se de que os imóveis tinham sido utilizados como garantia para outros empréstimos. O caso levou a uma investigação da Polícia Judiciária que em 2019 reconhecia que haveria mais de 30 vítimas da burla, com os prejuízos avaliados em pelo menos 200 milhões de patacas. Isabel Chiang foi declarada insolvente a 3 de Outubro de 2019, de acordo com um aviso publicado no Boletim Oficial.
Arbitragem | Assinado novo acordo sino-lusófono Hoje Macau - 26 Jun 2025 Foi assinado esta terça-feira um novo acordo de cooperação na área da arbitragem jurídica, nomeadamente entre o Centro de Arbitragem do Centro de Comércio Mundial Macau, a funcionar no World Trade Center, e o Instituto de Certificação e Formação de Mediadores Lusófonos. Segundo um comunicado do WTC, trata-se de um acordo que visa “aprimorar o profissionalismo dos serviços de mediação e optimizar a eficiência na resolução de conflitos transfronteiriços”. O memorando foi assinado por Jackson Tui, presidente do centro de arbitragem do WTC, e por Ana Coimbra Trigo, presidente do Instituto de Certificação em Macau. No seu discurso, Jackson Tsui referiu que este acordo reforça “ainda mais o papel de Macau como ponte de ligação na cooperação jurídica sino-lusófona”. Já Ana Coimbra Trigo, afirmou que esta parceria pretende “promover o reconhecimento mútuo e a interoperabilidade dos padrões de mediação sino-lusófonos, consolidando a função de Macau como ‘centro de resolução de conflitos entre a China e os países lusófonos'”.
Canídromo | Deputado Leong Hong Sai sugere alargamento de passeios Hoje Macau - 26 Jun 2025 Tendo em conta o previsível aumento de fluxo de pessoas nas imediações do Parque Desportivo para os Cidadãos no Canídromo Yat Yuen, o deputado Leong Hong Sai defende que os passeios devem ser alargados, assim como as ruas com mais faixas de rodagem. Em declarações ao jornal do Cidadão, o legislador dos Kaifong reforçou que a zona, já por si com elevada densidade populacional, terá ainda maior fluxo de pessoas se avançar a ideia do Governo de estender a linha leste do Metro Ligeiro do Posto Fronteiriço de Qingmao ao Fai Chi Kei, com uma estação adjacente ao Parque Desportivo. O deputado e engenheiro salientou que mesmo nos dias de hoje, a zona está mal servida em termos de transportes e passagens superiores para peões. Outra oportunidade nascida da eventual chegada do Metro Ligeiro a Qingmao, será a possibilidade de desviar os turistas que entram em Macau por aquela fronteira para as zonas do Fai Chi Kei e Patane. Durante a construção, o deputado recomenda ao Governo que garanta as condições de habitabilidade para os residentes das imediações do Canídromo Yat Yuen, face às obras de grandes dimensões. Tanto o ruído, como o pó produzido devem ter o mínimo impacto possível na vida dos residentes.