Zelensky insiste no reforço de sanções contra Rússia após ataque recorde com ‘drones’

O Presidente ucraniano insistiu ontem que só o aumento das sanções impedirá a Rússia de se sentir impune para continuar a intensificar os ataques contra a Ucrânia, após Moscovo ter disparado na passada madrugada um número recorde de ‘drones’. “Só uma sensação de impunidade total pode permitir à Rússia realizar estes ataques e a continuar a aumentar a sua escala”, disse Volodymyr Zelensky, nas redes sociais.

As declarações de Zelensky foram feitas depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter voltado a expressar a sua frustração com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, na sequência dos ataques massivos e letais lançados por Moscovo este fim de semana contra Kiev e outras cidades ucranianas.

Zelensky afirmou que o ataque russo ocorrido na última madrugada – que envolveu 355 ‘drones’ e nove mísseis de cruzeiro – “não tem lógica militar” e é simplesmente uma mensagem “política”. “Ao fazê-lo, Putin mostra o quanto despreza o mundo, o mundo que faz mais esforços para o diálogo do que na pressão”, prosseguiu o Presidente ucraniano.

“Só com força — a força dos Estados Unidos, da Europa e de todas as nações que valorizam a vida — é que estes ataques poderão ser travados e a paz real alcançada”, acrescentou Zelensky, defendendo “o congelamento das finanças russas e a interrupção das vendas de petróleo” russo face à recusa do Kremlin (presidência russa) “em considerar sequer um cessar-fogo”.

Manobras de resposta

Na semana passada, Putin prometeu a Trump, durante uma chamada telefónica, apresentar à Ucrânia as suas condições para um cessar-fogo de pelo menos 30 dias, conforme solicitado por Kiev, Washington e os principais aliados europeus. Até agora, o líder russo não apresentou essas condições.

O Kremlin, através do porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, sustentou que os bombardeamentos das últimas horas foram dirigidos contra alvos militares. Citado pela agência de notícias russa Interfax, Peskov referiu que as manobras foram uma resposta aos ataques lançados pela Ucrânia contra alvos civis.

“Os ucranianos estão a atacar a nossa infraestrutura social e a nossa infraestrutura civil”, mas a “retaliação” russa foi dirigida “contra instalações e alvos militares”, afirmou Peskov. A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022, numa nova etapa da guerra que teve início em 2014 com a anexação da península ucraniana da Crimeia.

Princess Mononoke 520 (II)

A semana passada, analisámos os pontos de vista sobre o amor patentes na obra “Princess Mononoke” (“幽灵公主”) do mestre japonês de manga Hayao Miyazaki e também na recente série de televisão chinesa ” A História do Meu Melhor Amigo” (“流金歲月”)”. Em primeiro lugar, ambos os trabalhos sublinham que o amor verdadeiro deseja a felicidade do outro e que isso nos torna felizes a nós próprios. Quando o outro está triste, nós também entristecemos e desejamos sinceramente o melhor à pessoa amada. Em segundo lugar, o amor verdadeiro é livre. Os amantes verdadeiros não sequestram nem restringem o outro em nome do amor, porque esse tipo de amor não é verdadeiro, mas sim a manifestação de uma espécie de controlo para satisfação pessoal. Esse amor acaba por aprisionar ambas as partes numa jaula. Por conseguinte, a deixa mais importante da Princess Mononoke é “Virei ver-te quando tiveres saudades minhas.”

Se num casamento houver falta de companheirismo, cuidado e apego, não existe amor e a certidão de casamento é apenas um contrato de servidão. O casal vive numa espécie de jaula, impossibilitado de escapar, mas tendo de viver obrigatoriamente um com o outro.

Já que numa relação o que é preciso é existir amor, não há muita diferença se existe uma certidão de casamento ou não, certo? A resposta é “não é bem assim”. Um casal compra uma casa em conjunto para aí residir. Depois de se casarem, têm um bebé. Os pais do marido chamam ao bebé “neto”, bem como os pais da mulher. Duas famílias que antes não se conheciam ligaram-se por causa de uma certidão de casamento. A partir desse momento, o homem tem a responsabilidade de tomar conta dos pais da mulher e a mulher tem a responsabilidade de tomar conta dos pais do marido. O casal também tem de criar os filhos em conjunto. Este exemplo fala sobre cuidar dos pais e dos filhos, a custódia dos ancestrais e dos descendentes e da herança de bens. Existem tanto questões práticas como questões legais que só podem ser protegidas pela lei se a relação do casal for confirmada por uma certidão de casamento. Se quisermos ligar-nos à outra pessoa convenientemente, então o companheirismo, o cuidado e o apego que atrás mencionámos não chegam. Como é que podemos falar sobre “envelhecer juntos, tomar conta dos filhos e dos pais e direitos sucessórios”? Como vamos viver futuramente?

Claro que o amor entre duas pessoas é o centro de tudo. O centro deve ser estável antes de considerarmos questões como “envelhecer juntos, tomar conta dos filhos e dos pais e direitos sucessórios.” Estas questões podem afectar o amor entre o casal, mas também são afectadas pelas condições de cada dupla. Suponhamos que um homem na casa dos 50 pede a mão de uma mulher divorciada de 38 anos com uma filha e ela aceita. Para este casal, o núcleo do amor – companheirismo, cuidado e apego – continua a ser válido, mas ainda é importante tomar conta dos pais? A resposta é, não necessariamente. Uma vez que o homem já está na casa dos 50, os pais já podem ter partido há muito, por isso a responsabilidade de tomar conta dos pais fica muito reduzida, e a questão da integração familiar é relativamente simples. Como a mulher já tem uma filha, decidiram não ter mais crianças e focar-se na que já existe. Portanto, o impacto destas questões num casamento pode ser mais limitado ou mais complexo.

Se me perguntarem se concordo com os pontos de vista da Princess Mononoke sobre o amor, digo-vos que quero perguntar ao meu amor o que pensa. Posso não aceitar todos, mas também não nego todos em definitivo. Respeito a minha amada e quero estar com ela. Questões como tomar conta dos pais, direitos sucessórios e integração familiar não são importantes para nenhum de nós, mas questões como companheirismo, cuidado, apego e envelhecer juntos implicam um empenhamento a dois, não é algo que se faça sozinho.

Amo-te, Princess Mononoke, podes vir ver-me quando tiveres saudades minhas. Talvez isto queira dizer, “Quando pensas em mim, ainda me amas tão profundamente como me amavas ontem.” Se não quiseres parar, se não quiseres ficar num certo sítio, então a minha forma de te amar é “caminhar contigo”, vás para onde fores, quer seja no fim do mundo ou num recanto do mar, ou para lá de centenas de rios e de montanhas, continuarei a caminhar contigo, porque quero segurar a tua mão com força quando caminhas ao meu lado.

Se eu puder sussurrar ao teu ouvido todas as noites, “sinto a tua falta todos os dias”, e também espero que “seja Verão ou Inverno, vou amar-te cada vez mais”. Vou escrever-te um artigo e declarar o meu amor por ti, todos os anos a 20 de Maio. Se chegarmos ao topo do mundo, já não poderemos seguir em frente, por favor voa comigo e eu estarei sempre contigo.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

Ciclo de cinema documental na Casa de Macau a 3 de Junho

A Casa de Macau em Lisboa apresenta, no dia 3 de Junho, o “CineMacau – Ciclo de cinema documental de Macau”, a partir das 16h30, em que se apresentam alguns documentários sobre realizadores locais, ou com ligações ao território.

Segundo uma nota de imprensa, pretende-se, com este evento, “alargar o nosso espaço à divulgação do ‘olhar’ de uma nova geração de cineastas que têm registado imagens e sons sobre a realidade de Macau, passado e presente, trazendo novas perspectivas e novas abordagens sobre esta terra a quem também chamam de sua”.

A coordenação do evento está a cargo de “Ruka” Borges, produtor, apoiado pelo membro da direcção da Casa, Gonçalo Magalhães. Ambos vão assegurar “o enquadramento temático dos filmes”, sendo que será apresentado o primeiro episódio da colectânea “Os Resistentes: Retratos de Macau” do realizador António Caetano de Faria.

Este “recuperou, através da sua ‘lente’, um conjunto de profissões em vias de extinção da antiga Macau”, tratando-se de um projecto cultural sem fins lucrativos apoiado pela Casa de Portugal em Macau, Fundação Macau e pelo Instituto Cultural, com música de fundo composta pela Orquestra Chinesa de Macau.

“Os Resistentes” mostra os retratos de antigas profissões ou lojas em risco de extinção, nomeadamente “sapateiros, relojoeiros, alfaiates, farmacêuticos chineses, carpinteiros”, no geral, “pessoas com décadas de experiência, cuja actividade representa uma parte importante da identidade histórica e cultural de Macau”.

A série foi desenvolvida ao longo de três temporadas — em 2015, 2017 e 2020 — e consiste em episódios curtos, filmados a preto e branco.

“António Caetano Faria começou este projecto ao perceber que muitas destas lojas estavam a desaparecer em silêncio, sem deixar rasto. Ao longo da série, ele procura captar não só os rostos e as vozes, mas também os sons, os gestos e os detalhes do dia a dia desses trabalhadores. O projecto assume um papel quase de arquivo — uma tentativa de preservar, em registo audiovisual, modos de vida e práticas profissionais que deixaram de ser passadas para a geração seguinte”, destaca a Casa de Macau.

Outro projecto

A sessão do dia 3 de Junho complementa-se com o documentário da cineasta Marisa Marinho, “The Macau Project”, onde se capta “a percepção sobre a transição de poderes na RAEM, suscitando-se interrogações e dúvidas de quem, na sua idade (muito jovem), vive as ambivalências de Macau, território que a irá marcar definitivamente como elemento integrante da sua própria identidade.”.

Com este documentário, de 1999, Marisa Martinho apresenta “um ‘olhar’ distanciado e simultaneamente actual na construção de memórias que todos vamos carregando”. Os autores dos projectos cinematográficos estarão presentes na sessão para que haja um debate em torno do cinema.

As marcações devem ser feitas junto da Casa de Macau, com um máximo de 20 pessoas por sessão. A entrada é gratuita, mas pede-se o pagamento facultativo de um “bilhete solidário” no valor de cinco euros.

Fotografia | Somos! traz exposição ao Parisian e novos eventos

Terminado o concurso de fotografia em torno do tema “O Homem e o Divino”, da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, eis que chega esta sexta-feira, no Parisian, a exposição que apresenta as imagens, com curadoria do também fotógrafo Francisco Ricarte. A associação apresenta ainda dois novos eventos em torno da imagem, o “FotoPasseio em Macau” e o encontro “FotoSíntess Somos – Imagens da Lusofonia x Halftone”

 

Abre portas esta sexta-feira a nova exposição de fotografia da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos – ACLP), nascida do concurso de fotografia subordinado ao tema “O Homem e o Divino”. A mostra, que pode ser vista no Parisian Macau, loja 3306, no piso 3, a partir das 18h30, revela as fotografias vencedoras do concurso lançado entre Fevereiro e Março deste ano, assim como as menções honrosas e outras imagens que o júri considerou relevantes por promoverem a comunicação em língua portuguesa e a disseminação das tradições e características lusófonas. A curadoria está a cargo de Francisco Ricarte, também fotógrafo e arquitecto de formação. A mostra está patente até ao dia 28 de Junho.

Segundo um comunicado da Somos – ACLP, o vencedor do concurso, o fotógrafo moçambicano, Marcos Júnior, estará em Macau, sendo a primeira vez que um vencedor desta iniciativa vem ao território participar na exposição. A imagem de Marcos Júnior intitula-se “Onde há fé, há luz que guia”.

O fotógrafo vai ainda participar em duas novas iniciativas da Somos – ACLP, organizadas em parceria com a associação de fotografia local Halftone, onde se pretende, através da imagem, promover “o papel de Macau como ponte para o intercâmbio cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa e, em particular, um diálogo intralusófono no território, com o foco a recair, este ano, sobre o multiculturalismo religioso e a relação entre o Homem e o Divino”.

Passeios e histórias

Uma das novas iniciativas realiza-se no próximo sábado, 31, e intitula-se “FotoPasseio em Macau – Locais Sagrados”, consistindo num percurso guiado por sítios religiosos de culto, que os participantes poderão admirar e fotografar com o apoio, ao nível técnico, do vencedor do concurso e de Francisco Ricarte, curador da exposição da Somos e também presidente da associação Halftone.

O roteiro, inspirado no tema do concurso, contempla as Ruínas de S. Paulo e sua cripta, o Templo de Na Tcha, o Templo de Tou Tei, o Templo de Pau Kung e o Templo de Kun Iam, “evidenciando a pluralidade religiosa e multiculturalidade da cidade”.

Com este evento, “procura-se propiciar uma descoberta coletiva de formas diversas e criativas de captação da espiritualidade local, através das lentes de máquinas fotográficas ou de telefones inteligentes”, refere a Somos. O ponto de encontro será no adro das Ruínas de S. Paulo, sendo que o passeio fotográfico tem início às 10h30 e uma duração de duas horas. No final, cada participante poderá enviar até três fotografias, acompanhadas de legendas, para serem publicadas no website e redes sociais da Somos – ACLP.

Além deste passeio fotográfico, a Somos – ACLP organiza também o evento “FotoSínteses Somos – Imagens da Lusofonia x Halftone – com Marcos Júnior” no dia 3 de Junho, às 18h30, em que o vencedor do concurso e alguns fotógrafos de Macau irão participar numa sessão de partilha de experiências sobre a captação de imagens em contextos religiosos e cerimónias sagradas no âmbito da lusofonia, nomeadamente sobre técnicas fotográficas para a captação de imagens no domínio espiritual, que permitem a intensificação de características de misticidade e transcendência.

Haverá ainda uma reflexão sobre o diálogo entre o fotógrafo e o sagrado, questionando-se se “deve o fotógrafo ser um mero espectador ou participante, e se devem as suas considerações e crenças pessoais serem factores influenciadores na fotografia”, bem como “sobre o poder das fotografias religiosas e espirituais nas sociedades actuais”. Os dois eventos são gratuitos e abertos ao público, mediante inscrição prévia.

Automóveis | Fabricantes em queda na bolsa chinesa

Os construtores automóveis registaram ontem fortes perdas nas bolsas chinesas, depois de a maior vendedora mundial de automóveis eléctricos, a BYD, ter anunciado descontos até 34 por cento em 22 modelos, aumentando os receios de uma escalada da guerra de preços.

Na Bolsa de Valores de Hong Kong, foi a própria BYD, que tinha recentemente atingido máximos históricos, que liderou as quedas, caindo 8,08 por cento. A sua filial de componentes, a BYD Electronic, caiu 4,01 por cento.

Outras empresas importantes como a Geely (-7,98 por cento), a Dongfeng (-6,37 por cento), a Li Auto (-5,73 por cento) e a BAIC (-2,46 por cento) também registaram perdas, assim como a Xiaomi (-2,26 por cento), que não tem os veículos eléctricos como principal linha de negócio, mas está a apostar nestes produtos, tendo apresentado o seu segundo modelo na semana passada.

No continente, o maior construtor automóvel da China, a estatal SAIC (-2,01 por cento), e outras marcas de referência como a Changan (-2,73 por cento) e a Great Wall (-5,52 por cento), registaram quedas em simultâneo.

As descidas surgem depois de a BYD ter anunciado descontos em 22 modelos puramente eléctricos e híbridos plug-in até ao final de Junho: por exemplo, o mais barato da sua gama, o carro utilitário Seagull, verá o seu preço reduzido em 20 por cento para 55.800 yuan (6.793 euros). O maior corte será o do sedan híbrido Seal, cujo preço cairá 34 por cento, para cerca de 102.800 yuan (12.514 euros).

“Embora alguns destes descontos já estivessem a ser implementados em Abril, o anúncio oficial envia um sinal poderoso sobre o quão difícil é o mercado final”, explicam os analistas da Morgan Stanley, citados pela agência Bloomberg.

Imobiliário | Wanda vende 48 centros comerciais por 50 mil milhões de yuan

O conglomerado Wanda recebeu luz verde das autoridades chinesas para vender 48 centros comerciais a um consórcio de investidores, numa operação que ascende a 50 mil milhões de yuan, avançou ontem a imprensa local.

O jornal oficial China Daily informou que a Administração Estatal para a Regulação do Mercado (SAMR) autorizou na semana passada a referida operação, que tem entre os compradores a gestora de activos privados PAG e o gigante tecnológico Tencent.

O negócio “destaca a consolidação contínua no mercado imobiliário comercial da China, com as principais empresas tecnológicas e financeiras cada vez mais atentas às oportunidades no sector”, indicou o jornal, no contexto da prolongada crise imobiliária do país e da fraca procura.

Estes 48 centros comerciais estão localizados em várias cidades do país, incluindo Pequim e Cantão (sudeste). Até ao momento, a SAMR não confirmou o valor da operação, mas o jornal Securities Times cita “fontes do mercado” que afirmam que o valor é de 50 mil milhões de yuan.

O fundador da Wanda, Wang Jianlin, chegou a deter 20 por cento do clube de futebol de Espanha Atlético de Madrid e o emblemático Edificio España, no centro de Madrid.

Pequim alerta para espiões que se fazem passar por académicos, turistas ou amantes

Pequim afirmou ontem que os cidadãos chineses devem estar atentos a “rostos estrangeiros amigáveis” que possam ser espiões, incluindo falsos académicos, turistas e parceiros românticos que pretendem obter informações sobre o país.

Numa publicação na sua conta oficial nas redes sociais, o Ministério da Segurança do Estado da China escreveu que os espiões estrangeiros podem estar escondidos à vista de todos, utilizando várias identidades para levar a cabo actividades que ameaçam a segurança nacional do país.

O ministério destacou cinco identidades falsas habitualmente utilizadas por espiões estrangeiros: turistas que não fazem turismo, académicos que não realizam investigação real, empresários que não fazem negócios, e “amantes insinceros” que exploram relações para recolher informações.

Alguns agentes podem abordar estudantes chineses no estrangeiro e fingir ser “amigos estrangeiros que partilham os mesmos interesses”, para depois os tentarem recrutar através de relações amorosas, alertou o ministério.

“Não se deixem enganar por uma conversa doce e nunca lhes revelem informações sensíveis ou confidenciais”, alertou. O ministério também exortou o público a alertar as autoridades de segurança nacional sobre quaisquer pessoas ou actividades suspeitas.

Nos últimos anos, a China intensificou os trabalhos de contraespionagem, com o Ministério da Segurança do Estado a publicar uma série de mensagens nas redes sociais para sensibilizar o público para possíveis ameaças em contextos aparentemente normais.

Na publicação de domingo, o ministério alertou para académicos que “se aproximam de repente e de forma excessivamente calorosa” e para amigos estrangeiros e contactos online que são “excessivamente ansiosos e atentos” na procura de relações românticas.

Cuidados múltiplos

Os espiões estrangeiros podem infiltrar-se em universidades e institutos de investigação fazendo-se passar por académicos interessados em intercâmbios e colaboração, lê-se no comunicado. Eles podem também utilizar incentivos financeiros ou promessas de favores académicos ou pessoais para extrair informações sensíveis e tecnologias fundamentais da China, apontou.

É estritamente proibido levar material confidencial para eventos académicos no estrangeiro, acrescentou. Os cidadãos devem igualmente ter cuidado com turistas estrangeiros ocasionais e visitantes familiares que demonstrem interesse por paisagens naturais e pela geografia perto de zonas militares ou sensíveis, ou que vagueiem, fotografem ou tentem utilizar equipamento cartográfico de alta precisão nessas zonas.

As pessoas devem também estar atentas a quem tente induzir os residentes locais a efectuar levantamentos ilegais e reconhecimento no local por sua conta.

Comércio | Presidente indonésio e PM chinês abordam expansão

Face aos ataques da administração norte-americana, os países do Sudeste Asiático vão desenvolvendo cada vez mais parcerias comerciais que favoreçam as economias da região

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se com o Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no domingo, para discutir formas de expandir o comércio, no contexto da guerra comercial lançada pelos Estados Unidos.

Li chegou à capital da Indonésia, Jacarta, no sábado à tarde, para uma visita de três dias à maior economia do Sudeste Asiático. Esta foi a primeira paragem da sua primeira visita ao estrangeiro este ano. A Indonésia e a China são membros do Grupo dos 20 (G20), que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes, e do grupo BRICS.

Li viajou com 60 empresários chineses para participar na Recepção Empresarial Indonésia–China, no sábado à noite. Nas suas declarações, sublinhou que a economia chinesa registou um crescimento rápido este ano, apesar dos crescentes desafios externos.

“A actual situação internacional é um impasse”, afirmou Li, no evento que contou também com a presença de Subianto. “O unilateralismo e o proteccionismo estão a aumentar, e o comportamento de intimidação está a crescer”, vincou.

Li referiu que este ano se assinala o 70.º aniversário da criação do Movimento dos Não Alinhados, iniciado por países asiáticos e africanos na cidade indonésia de Bandung, num momento em que o mundo se encontrava numa encruzilhada histórica.

O espírito de solidariedade, amizade e cooperação de Bandung desempenhou um papel fundamental na unidade e cooperação entre os países do Sul Global, afirmou. “Mais de sete décadas depois, o mundo está mais uma vez numa importante encruzilhada”, observou. Li apelou a todos os países para que procurem um terreno comum e resolvam as diferenças através do diálogo e da coexistência pacífica.

Em crescendo

Subianto expressou gratidão ao Governo chinês e às empresas chinesas que participaram na economia indonésia, “criaram postos de trabalho, transferiram tecnologia e geraram confiança entre todas as empresas”.

O líder convidou também os empresários chineses a investirem mais na Indonésia. O comércio bilateral ultrapassou os 147,8 mil milhões de dólares no ano passado, registando um crescimento de 6,1 por cento.

Li destacou que a China é, há nove anos consecutivos, o maior parceiro comercial da Indonésia. O programa de cooperação internacional “Faixa e Rota”, lançado por Pequim, tem registado um “progresso substancial” no país, incluindo a construção de fundições de níquel e da primeira ligação ferroviária de alta velocidade do Sudeste Asiático.

A Indonésia pretende desempenhar um papel mais relevante no fornecimento de níquel e outras matérias-primas aos fabricantes chineses de automóveis eléctricos, um sector em rápido crescimento.

Encontro de líderes

No domingo, Subianto recebeu Li numa cerimónia no Palácio Merdeka, em Jacarta, antes de ambos se encontrarem à porta fechada para uma reunião bilateral. “A actual situação internacional atravessa uma enorme perturbação, e o desenvolvimento pacífico enfrenta numerosos factores incertos e instáveis”, afirmou Li, no discurso de abertura.

Subianto sublinhou a estreita relação histórica entre a Indonésia e a China, afirmando que os dois países vivem um momento importante nas relações bilaterais. “Reitero o nosso empenho em reforçar a nossa parceria estratégica global com o povo e o Governo da China”, afirmou. “Acreditamos que isso trará benefícios não apenas para os dois países, mas também para toda a região asiática”, vincou.

Fang Wanyi e a Importância da Flor do Loto Branco

Luo Ping (1733-1799), o inclassificável pintor de Yangzhou, no fim da sua vida já viúvo, monge budista e envelhecido, fez-se retratar segurando na mão uma flor branca de um loto. Nessa altura vivendo num mosteiro, ele já assinaria pinturas com o nome Huazhisi seng, «o monge do templo das flores». E de todas as flores foi o loto branco, bailian que o acompanhou como se fora um veículo que lhe abria a capacidade de se comover com a beleza das coisas do Mundo, com as pessoas.

Porque Bailian era o nome de pincel da mulher com quem se casara aos dezanove anos. Zhu Shuzhen, a poeta do século doze escrevendo sobre a trágica história da concubina Yang Guifei, falou desse olhar iluminado sobre a beleza que é uma fresta para o espírito: «Flautas e instrumentos de cordas faziam levantar por momentos a sua saia de brocados,/ O seu corpo cheio e leve ao mesmo tempo revelava suas pernas prontas para voar./ E se o luminoso imperador Minghuang a tivesse visto nessse dia,/ Os bárbaros não teriam sido capazes de matar Yang Guifei.»

Um olhar iluminado terá sido o que Fang Wanyi (1732-1779), com o seu nome Bailian, terá dado a Luo Ping, o que se viu nas suas ousadas pinturas. Ela era, como ele, poeta e pintora e os dois fizeram muitas pinturas em comum.

Nas pinturas que ela fez sozinha destacava-se como motivo preferido a flor meihua, da árvore prunus mume traduzida habitualmente como ameixieira que, porque florescem ainda no fim do Inverno, era um exemplo de longanimidade. De resto, toda a família, o casal e os três filhos se dedicaram à pintura dessa outra flor branca.

Fang Wanyi e o seu marido Luo Ping participavam nos habituais encontros sociais entre pintores, poetas e escritores com os ricos mercadores de sal de Yangzhou. Foi o caso de uma festa que ocorreu na Primavera de 1775 na propriedade do comerciante Ye Yongting. O nome escolhido para a sua residência Shuizhuang, «a quinta de alguém», possuía o carácter de uma pergunta e uma alusão à doutrina budista.

Como o dono escreve numa nota autobiográfica, queria colocar em evidência a constância do espaço da quinta com a impermanência do seu ocupante. Dessa reunião seria feita uma memória escrita que neste caso resultou em dois álbuns com vinte pinturas e trinta e oito caligrafias de vários convidados e entre eles Luo Ping e Fang Wanyi (tinta e cor sobre papel, 19 x 24,5 cm cada um, vendidos na plataforma Bonhams).

Alguns dos que escreveram, reforçando a ideia de transitoriedade expressa pelo anfitrião, usaram a expressão canghai sangtian, «mar azul tornando-se um campo de amoreiras», o provérbio que alude às grandes mudanças que ocorrem no decurso do tempo. Quem sabe se foi aquilo que permanece no tempo que levou Luo Ping a segurar na mão uma flor de loto branca ou foi ele que quis distinguir a palavra que na vida breve lhe iluminou o olhar.

Crime | Condutor irrita-se e agride agente do CPSP

Insulto agravado, ofensa à integridade física agravada, dano agravado, resistência e coacção. É esta a lista de crimes pela qual um motorista de 60 anos está indiciado, depois de ter atacado um agente, com uma barra de ferro, devido a um aviso por estacionamento ilegal

 

Um residente com 60 anos foi detido no domingo, depois de ter tentado agredir um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). O caso começou com um aviso perto do Mercado Vermelho e acabou na Avenida do Ouvidor Arriaga, com as imagens da agressão a tornarem-se virais nas redes sociais.

Na origem do incidente, esteve o facto de o agressor ter sido admoestado por um agente por estacionar ilegalmente a sua carrinha, perto do Mercado Vermelho, de acordo com a versão dos acontecimentos do CPSP, apresentada em comunicado.

Segundo a mesma versão, o estacionamento ilegal foi detectado numa operação de rotina das autoridades naquela zona. Todavia, num primeiro momento, como o agente reparou que o condutor estava no interior do veículo pediu-lhe que conduzisse para outro lugar.

No entanto, o CPSP afirma que após o primeiro pedido, o condutor insultou o agente e mostrou-lhe uma barra de metal como forma de ameaça.

Face ao comportamento do condutor, o agente deixou um aviso e pediu a identificação do cidadão. Todavia, o motorista, em vez de apresentar os documentos, arrancou com a carrinha, e tentou fugir do local. O agente do CPSP perseguiu a carrinha, de mota, até que conseguiu interceptá-la, na Avenida do Ouvidor Arriaga. É a partir desse momento que foram captadas as imagens que foram divulgadas nas redes sociais.

Firme e hirto

Com a carrinha bloqueada à frente pela mota, e atrás por um carro particular, o condutor saiu do veículo, mas dirigiu-se de imediato ao agente do CPSP, atacando-o com uma barra metálica. O agente conseguiu defender-se com as mãos, e o agressor foi prontamente imobilizado, não só pelo polícia atacado, mas ainda por um outro agente no local, que se encontrava de folga, e alguns transeuntes.

Apesar de ter sido imobilizado no chão, o homem ainda esperneou e tentou soltar-se durante alguns momentos, embora sem qualquer sucesso, acabando por ser detido. Como consequência da agressão, o agente atacado sofreu uma lesão no braço e o CPSP afirma que o equipamento do polícia ficou danificado.

O caso foi encaminhado para o Ministério Público, e o residente, com cerca de 60 anos, está indiciado da prática dos crimes de insulto agravado, ofensa à integridade física agravada, dano agravado e resistência e coacção.

Violência doméstica | Actualizado guia de casos contra crianças

O IAS reviu o guia para tratar casos de violência doméstica contra crianças e organizou um curso para passar esses conhecimentos a cerca de 600 agentes policiais, médicos, professores e assistentes sociais. Os profissionais receberam formação sobre mecanismos de colaboração, instrumentos de avaliação, análise e intervenção

 

O Instituto de Acção Social (IAS) actualizou os procedimentos para tratar casos de violência doméstica quando as vítimas são crianças, indicou o presidente da instituição, Hon Wai, numa resposta a interpelação escrita do deputado Ho Iong Sang.

No documento divulgado ontem pelo gabinete do deputado da bancada dos Moradores, é indicado que o novo guia, revisto em Março deste ano, actualizou processos de colaboração entre departamentos e polícias, instrumentos de avaliação e análise e prioridades a ter em conta durante a intervenção em casos de violência doméstica com vítimas crianças.

Após a actualização do guia, o IAS organizou um curso de formação básica destinado a trabalhadores da linha da frente de diferentes unidades de serviços para partilhar conhecimentos sobre métodos de abordagem e tratamento de casos que envolvam crianças. Segundo Hon Wai, cerca de 600 pessoas participaram no curso, incluindo agentes da polícia, médicos, pessoal docente, pessoal de aconselhamento e assistentes sociais.

Além da preparação profissional para o problema, o IAS apostou também na educação e sensibilização da população no sentido de identificar e prestar apoio o mais cedo possível a potenciais casos de violência doméstica. Nesse sentido, mais de 40 instituições de serviços sociais organizaram palestras e actividades sobre a lei e para encorajar a população a fazer o pedido de apoio ou a participar o mais cedo possível, e reconhecer os diferentes tipos de violência doméstica.

No terreno

Para afinar os mecanismos de intervenção, o IAS estreitou a colaboração com vários departamentos e instituições públicas, como o Ministério Público, a Polícia Judiciária, o Corpo de Polícia de Segurança Pública, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e os Serviços de Saúde. A cooperação inter-departamental é indicada por Hon Wai como indispensável para tratar assuntos relacionados com as medidas de protecção às vítimas e aconselhamento e acompanhamento de agressores.

A colaboração inclui ainda entidades como a Comissão do Apoio Judiciário, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e o Instituto de Habitação. Desta forma, o IAS quer garantir a capacidade para prestar “apoio económico urgente ou apoio judiciário, abrigo e protecção temporária, apoio à frequência escolar ou ao emprego, cuidados de saúde gratuitos, e aconselhamento individual ou em família. O objectivo é garantir as “necessidades básicas das vítimas e dos seus filhos”, indica o presidente do IAS.

Trânsito | Conselheira quer revisão de sistema de carta por pontos

Cheong Sok Leng, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, defendeu, segundo o jornal Ou Mun, a revisão regular do sistema da carta de condução por pontos, em que cada infracção leva a uma retirada dos pontos ao condutor, para que haja maior transparência.

A também vice-presidente dos Kaifong, ou União Geral das Associações de Moradores de Macau, destacou que cabe às autoridades dar mais explicações à população sobre o funcionamento do sistema de pontos, a fim de evitar que o sistema seja demasiado brando ou rigoroso.

Cheong Sok Leng considera que os motoristas profissionais vão estar mais sujeitos a infracções devido ao facto de conduzirem com mais frequência, sendo que a possibilidade de verem cancelada a autorização de condução trará problemas à sua subsistência. Assim, a conselheira espera que o Governo assegure o funcionamento de um sistema equilibrado e que seja aceite por todos.

Além disso, Cheong Sok Leng defende que o Governo deve reforçar a formação para os motoristas profissionais, para que se reduza o número de acidentes de viação.

TUI | Obra de superestrutura de edifício termina em Janeiro

A obra da superestrutura do Edifício do Tribunal de Última Instância na Avenida da Praia Grande tem data de conclusão prevista para o próximo mês de Janeiro, segundo indicação na página da Direcção dos Serviços de Obras Públicas.

O tribunal no topo na hierarquia judicial da RAEM ficará no edifício do antigo tribunal a Avenida da Praia Grande e as antigas instalações da Polícia Judiciária na Rua Central serão modificados para a sua construção. O prédio ocupa uma área de dois lotes com 3.524 metros quadrados.

O edifício do antigo tribunal será mantido e parte do espaço será reordenada conforme as novas funções e, simultaneamente, será consolidada a estrutura e remodelação no interior. A par disso, será mantida a fachada da ala leste das antigas instalações da Polícia Judiciária ao longo da rua, e em seguida será construído um novo edifício com 1 piso em cave e 3 pisos de altura, com o prazo máximo de execução de 600 dias de trabalho.

A obra da superestrutura do edifício foi adjudicada à Tat Cheong – Companhia de Construção e Engenharia por 235 milhões de patacas.

Hotelaria | Mário Ho planeia hotel destinado a jogos electrónicos

Mário Ho, filho de Stanley Ho e da deputada Ângela Leong, está a planear abrir um hotel dedicado aos jogos electrónicos, que deverá abrir em Chengdu. De acordo com o jornal Ming Pao, o anúncio foi feito durante a exposição Beyond Expo, que decorreu no sábado em Macau.

No passado, Mário Ho foi o seleccionador de algumas das equipas de jogos electrónicos que representaram a região de Macau em competições internacionais e é o principal accionista do Grupo NIP, que controla os Ninja in Pyjamas, uma das grandes principais equipas mundiais nos jogos electrónicos.

O investimento num hotel dedicado aos jogos electrónicos foi justificado pelo empresário com o desenvolvimento do mercado do Interior nestes desportos e as tendências mais recentes.

“Na China quem não cresce rapidamente acaba por ser eliminado, e nós não queremos ser eliminados”, afirmou sobre o hotel que vai ser aberto com a marca do grupo NIP.

Renovação Urbana | Empresa em Hengqin com lucro de 539 milhões

Entre as cerca de 4.000 habitações disponíveis, foram vendidas, até ao final do ano passado, 1.388 apartamentos, o que representa 34,7 por cento do total

 

No ano passado, a Sociedade de Desenvolvimento do Novo Bairro de Macau (Hengqin, Zhuhai), representação no Interior da Macau Renovação Urbana, registou um lucro de 538,7 milhões de patacas (483,4 milhões de renminbis). Os resultados foram divulgados ontem através do portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP).

As vendas das habitações tiveram início em Novembro de 2023 e no ano passado as casas começaram a ser entregues. Este é um projecto que pretende imitar o estilo de vida local, subordinado à legislação do Interior.

Os dados apresentados pela empresa indicam que entre as cerca de 4.000 habitações disponíveis foram vendidas, até ao final do ano passado, 1.388 apartamentos, o que significa cerca de um terço das unidades construídas, ou 34,7 por cento.

No ano passado, a empresa alterou os critérios de compra destas habitações, para facilitar o acesso às mesmas por mais pessoas do mesmo agregado familiar, ao permitir, por exemplo, a compra a residentes com menos de 18 anos.

A nível do estacionamento, as vendas até ao final do ano passado foram menos significativas. Entre os 3.300 espaços de estacionamento construídos foram vendidos um total 462, o que significa cerca de 14 por cento. O relatório da empresa indica que entre os 3.300 estacionamentos um total de 673 foi construído com capacidade para servir como bunker em tempos de guerra, embora não tenha sido indicado se estes foram vendidos.

Mais vendas, mais dinheiro

Como consequência das vendas dos apartamentos e parques de estacionamento, as receitas operacionais da empresa subiram para 3,69 mil milhões de patacas, uma subida face às receitas de 171,6 mil patacas do ano anterior.

Além disso, as cerca de 200 fracções disponíveis para serem arrendadas, assim como as lojas e outros espaços comerciais, geraram uma receita anual de 4,46 milhões de yuan. Os números das unidades arrendadas não foram avançados.

Os custos operacionais situaram-se nos 2,70 mil milhões de patacas, tendo igualmente um crescimento face ao ano passado, quando não foram declarados custos operacionais. A empresa teve ainda de pagar em impostos no Interior cerca de 177,93 milhões de patacas.

Os resultados positivos da Sociedade de Desenvolvimento do Novo Bairro de Macau (Hengqin, Zhuhai) contribuíram para os resultados da empresa-mãe, a Macau Renovação Urbana, encerrou o ano passado com um lucro de 1,79 mil milhões de patacas, quando em 2023 tinha registado prejuízos de 599,3 milhões de patacas.

Habitação | Gabinete de Estudos promete equilíbrio no mercado

O Governo promete acompanhar o mercado imobiliário ao longo do ano para manter um equilíbrio entre procura e oferta, assegurar o “desenvolvimento sustentável” e a habitação para os residentes.

Foi desta forma que Cheong Chok Man, director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR) respondeu a uma interpelação de Lei Chan U, sobre a política de habitação para os próximos anos.

“No Relatório das Linhas de Acção Governativa para o Ano Financeiro de 2025 propôs-se a revisão e optimização da política de habitação, ajustando os planos de oferta de diferentes tipos de habitação, no sentido de melhor responder às necessidades habitacionais dos residentes com diferentes níveis de rendimento”, foi acrescentado. Todavia, ao contrário do que era questionado, Cheong Chok Man não respondeu se vai haver uma revisão do Estudo sobre a Política de Habitação para Fins Residenciais.

Economia | Associação quer acelerar transformação de indústrias

A Associação Económica de Macau defende que Macau necessita de uma transformação económica mais célere, face à fraca recuperação económica a nível local e mundial e ao aumento das tensões geopolíticas. Um dirigente da associação salienta que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação

 

É preciso acelerar a transformação da economia, apostando em indústrias emergentes para retirar o peso do jogo das restantes actividades económicas. A ideia foi deixada por Wong Un Fai, secretário-geral adjunto da Associação Económica de Macau, que, ao jornal Ou Mun, disse que é necessário efectivar a diversificação da economia tendo em conta a fraca recuperação da economia local e global e ainda o aumento das tensões geopolíticas.

Num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, o responsável pediu para se olhar para os anos da pandemia, que explicam os riscos inerentes da dependência de uma única actividade económica. Nesses anos, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu mais de 50 por cento devido à queda de turistas e das receitas do jogo, salientou.

Para o responsável, é também grave o facto de os casinos “roubarem” espaço de desenvolvimento a outros sectores e empresas. Apesar da esperança no fomento de áreas como a cultura, medicina tradicional chinesa (MTC) ou sector financeiro, a sua base é ainda fraca, o desenvolvimento lento e não existe uma cadeia de produção e fornecimento com maturidade, escreveu.

Assim, Wong Un Fai defende que Macau tem desequilíbrios estruturais na sua economia que não dão resistência ao território para enfrentar impactos externos, defendendo um maior foco das autoridades em indústrias emergentes como a MTC, através dos laboratórios nacionais. maior entrada de empresas internacionais, para promover Macau como um centro de actividade entre a moeda chinesa e os países de língua portuguesa.

Wong Un Fai pede também o reforço da aposta no ensino superior, aumentando o investimento em investigação científica para cerca de 1 por cento do PIB, criando mais laboratórios de referência do Estado e reforçando a cooperação académica internacional.

Parcos investimentos

Em relação ao investimento na área da ciência, Wong Un Fai disse que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação e desenvolvimento científico, representando apenas 0,3 por cento do PIB.

Ao nível dos recursos humanos, o responsável alertou para a escassez de quadros qualificados que limita a transformação das actividades económicas, e criticou a falta de políticas adequadas e medidas complementares para a chegada de mais quadros qualificados internacionais. Isso faz de Macau um território pouco atractivo para a chegada de académicos e profissionais, defendeu.

Ainda que seja uma das 11 cidades do projecto da Grande Baía, Macau não desempenha, segundo Wong Un Fai, o papel que lhe foi destinado por Pequim neste contexto, pois é em Hengqin que existe oferta de terrenos e políticas de apoio ao território.

Além disso, lembrou, é ainda necessário aumentar a articulação entre a RAEM e as restantes cidades da Grande Baía nas áreas legislativa, indústrias e recursos.

Jogo | Como o bacará e o empresário Yip Hon ajudaram a cimentar a STDM

Jorge Godinho, jurista e especialista na história do jogo de Macau, publicou um artigo que destaca o legado de Stanley Ho e como o bacará e o empresário Yip Hon foram essenciais na construção do império da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau. Completaram-se ontem cinco anos da morte do rei do jogo de Macau

 

Acaba de ser publicado, na revista “Gaming Law Review”, um artigo de análise do académico Jorge Godinho que retrata as peças essenciais que ajudaram a construir o império da STDM – Sociedade de Turismo e Diversões de Macau e o legado que Stanley Ho deixou nas indústrias do jogo e entretenimento do território. Os fundadores dos STDM foram Yip Hon, Teddy Yip, Henry Fok e Stanley Ho.

Em “The place of Stanley Ho (1921-2020) in Macau casino gaming history” [O lugar de Stanley Ho (1921-2020) na história do jogo de casino em Macau], conclui-se que dado o parco conhecimento e domínio do funcionamento dos jogos de fortuna e azar por parte do magnata de Hong Kong, acabou por ser Yip Hon o grande estratega da STDM nessa área. E que, nos primeiros anos, o bacará foi o jogo que deu fortuna aos bolsos dos gestores da STDM.

“Yip Hon esteve por detrás das principais mudanças de 1975-1976: a viragem para o bacará e a utilização de uma rede de promotores de jogo. Stanley Ho era um empresário muito inteligente, com um olhar extremamente atento às oportunidades de negócio. Foi decisivo ao aproveitar a oportunidade oferecida pelas reformas e pelo concurso público de 1961-1962 e ao criar a STDM. No entanto, isso não é necessariamente o mesmo que ter experiência no jogo em geral e no bacará em particular”, escreveu Jorge Godinho na conclusão.

O professor visitante na Universidade de Macau e docente no ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes cita um diálogo entre Stanley Ho e a jornalista do canal CNN, Lorraine Hahn, numa entrevista de 2004, em que este assume o seu fraco conhecimento dos meandros do funcionamento do jogo.

“Não percebo nada de jogos de azar, continuo a não jogar. Consegui esta concessão porque foi um desafio para mim, pois não consigo perceber por que razão Hong Kong era tão próspera e Macau era uma cidade moribunda, a apenas 40 milhas de distância. Por isso, mais uma vez, adoro desafios, apresentei uma proposta e ganhei a concessão. (…) Como é que eu sou? Bem, sou muito normal; a única diferença é que não jogo”, assumiu Stanley Ho, acrescentando que apenas se interessava por desporto. “Bem, gosto desse nome [rei do jogo], mas para ser muito franco não mereço esse ‘rei do casino’, não jogo, como posso ser o rei do casino?”, questionou Stanley Ho em resposta à jornalista.

O artigo de Jorge Godinho destaca que “nos primeiros anos, e durante o período em que se deu a grande viragem para o bacará, a força motriz do jogo na STDM foi Yip Hon (1904-1997), o verdadeiro perito do jogo na STDM”, cuja importância foi reconhecida pelo próprio Stanley Ho.

“Devido ao tempo que passei em Macau, conhecia toda a gente de lá e, em 1961, quando houve um concurso para a concessão do jogo, juntei-me a alguns amigos e fizemos uma proposta para o casino – e ganhámos o franchise. Eu estava a trabalhar com o Sr. Henry Fok, o meu cunhado Teddy Yip e Yip Hon, que era um jogador profissional. Precisava de alguém que conhecesse esse lado do negócio”, disse o magnata, citado no artigo.

Yip Hon era “o único accionista da STDM especialista em jogo”, e, nos primeiros anos de vida da empresa, o bacará gradualmente assumiu mais importância, ganhando destaque face a jogos como o blackjack e roleta, “tanto no mercado de massas como no segmento das grandes apostas”.

Dados citados por Jorge Godinho, da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos, à data com o nome Inspecção dos Contratos de Jogos, mostram uma “evidente” ascensão do bacará, que era o maior jogo em 1977, com 37 por cento de quota de mercado, e 65 por cento de quota em 1984. “Por outro lado, todos os outros jogos diminuíram o seu peso relativo”, acrescenta o autor do artigo.

Dividir o bolo

O monopólio da STDM em Macau durou exactamente 40 anos e três meses – de 1 de Janeiro de 1962 a 31 de Março de 2002, quando as autoridades decidiram liberalizar o mercado, trazendo para o território concessionárias norte-americanas.

No artigo é referida a posição pública de Stanley Ho relativamente à chegada de novas operadoras e ao estilo de empresa que trouxe novidades ao que se passava em Macau, com mais eventos de cariz internacional. “Eles querem imitar Las Vegas, criar grandes espaços centrados no entretenimento familiar. Isso é bom para Macau. Quanto aos nossos clientes habituais, eles vêm para jogar assim que entram no casino. Não têm tempo para ver outras coisas”, referiu o magnata.

Da STDM nasceu a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) que concorreu ao concurso público para a atribuição de novas concessões e que ganhou uma, mas para Jorge Godinho poderá ter havido uma má análise da futura concorrência, o que afectou, em parte, o posicionamento da operadora.

“A SJM pode ter esquecido o seu próprio passado e pode ter repetido alguns dos erros cometidos pela Tai Heng no concurso público de 1961, a começar pelo excesso de confiança. A SJM poderá ter entendido que, como lhe seria sempre atribuída uma das concessões, não valeria a pena assumir compromissos ‘excessivos’. Esta abordagem revelou-se incorrecta”, lê-se.

O estudo remete a 1961, quando a anterior concessionária à STDM, a Tai Heng Ltd, encarou esse concurso “de forma demasiado optimista e poderá ter subestimado a concorrência potencial num processo de concurso em que a decisão se baseia essencialmente numa base muito simples e directa: o montante da renda oferecida”. “A Tai Heng pode ter esperado que não houvesse concorrência, dado o montante do investimento necessário”, defendeu Jorge Godinho.

Concurso aquém

Em 2001, Macau tinha deixado para trás há bem pouco tempo a administração portuguesa e era já RAEM. As análises em relação ao futuro do jogo já sem monopólio eram, portanto, prudentes. “Embora em 2001 se acreditasse que havia potencial para crescer e transformar o mercado através da introdução da concorrência, na altura as expectativas não eram muito elevadas. Num movimento algo conservador, cuidadoso ou incremental, foi tomada a decisão de ter (apenas) três concessões. De facto, em 2001, ninguém poderia ter previsto o enorme desenvolvimento que, de facto, ocorreu nos anos seguintes.”

Estava “ainda muito fresca” a criminalidade marcada pelas seitas no final dos anos 90 e “os decisores eram muito prudentes”. “Havia dúvidas sobre se as grandes empresas internacionais estariam presentes no concurso público de 2001. Havia também a percepção de que seriam necessários muitos anos para que os novos operadores gerassem efectivamente algum tipo de concorrência significativa para o antigo monopólio da STDM.”

Segundo Jorge Godinho, “com o benefício da retrospectiva, é bastante claro que estas percepções não estavam de acordo com o que aconteceu”, pois “os anos que se seguiram a 2001 foram caracterizados por um crescimento histórico e por transformações qualitativas”.

Jorge Godinho recorda que, embora fosse “amplamente esperado que uma das concessões fosse atribuída à SJM”, a verdade é que a empresa “foi classificada em terceiro lugar – o que não é uma posição excelente”. “Talvez porque os projectos de investimento pré-concessionados não eram vistos como os melhores para o que se pretendia ser um futuro dominado pelo turismo de massas em Macau e com uma diversificação crescente. A SJM terá estimado que a nova concorrência não lhe retiraria demasiada quota de mercado, especialmente no sector VIP”, acrescentou.

O lugar de hoje

Aquando do desenvolvimento dos primeiros projectos de grande envergadura no Cotai, Jorge Godinho destaca como a “força motriz foi a Venetian, liderada por Sheldon Adelson”, que trouxe para o território o maior casino do mundo, o Venetian. Tratou-se de “uma aposta fortíssima em Macau, que deu bons resultados”, frisou o autor do estudo, que destaca que a SJM depressa perdeu terreno no mercado.

“O papel principal nestes projectos [no Cotai] não foi desempenhado pela SJM. A perda de quota de mercado da SJM começou em 2004 e foi relativamente rápida. Em 2009, a SJM continuava a liderar, com 31 por cento de quota, mas a liderança do mercado perdeu-se em 2014 e nunca mais voltou. A SJM enfrentou uma concorrência séria tanto no mercado de massas como no mercado VIP, e nos investimentos em novas propriedades”, refere Godinho.

O estudo traz ainda dados sobre o actual posicionamento da SJM após os anos duros da pandemia, e já no contexto de atribuição de novas licenças de jogo, num total de seis.

“A SJM foi o último operador a abrir um grande resort integrado na zona do Cotai”, lê-se, referindo-se de seguida que, a partir do terceiro trimestre de 2023, a quota de mercado por GGR [Gross Gaming Revenue – receitas brutas de jogo] foi de 26,9 por cento para a Venetian, 18 por cento para a Galaxy, 14,6 por cento para a MGM, 14,5 por cento para a Melco, 13,4 por cento para a Wynn e 12,1 por cento para a SJM.

Assim, o que se verificou, nos últimos anos, foi “a perda inevitável de importância da SJM” tendo em conta “a intensa competição desde o fim do monopólio em 2001”. “Actualmente, a SJM encontra-se na última posição. A SJM Resorts é o principal operador de casinos em Macau apenas numa métrica específica: o número de casinos (13). Este facto deve-se sobretudo à sua longa história e ao legado dos ‘casinos-satélite’. O concurso público de 2022 para seis concessões constitui a base do actual ciclo de concessões de dez anos (2023-2032). No concurso de 2022, a SJM foi classificada na sexta posição – a última entre os operadores históricos”, remata Jorge Godinho.

ASEAN | Malásia apela a maior união face a tarifas dos EUA

O sudeste asiático deve acelerar a integração económica, diversificar os mercados e manter-se unido face às perturbações no comércio global resultantes das tarifas dos Estados Unidos, disse ontem o chefe da diplomacia da Malásia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros malaio, Mohamad Hasan, falava durante a abertura da primeira cimeira anual de chefes de Estado e de Governo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur.

“Os países da ASEAN estão entre os mais afectados pelas tarifas impostas pelos EUA. A guerra comercial entre os EUA e a China está a perturbar drasticamente os padrões de produção e comércio em todo o mundo”, disse Mohamad.

O diplomata admitiu mesmo que “é provável que ocorra uma desaceleração económica global”. “Devemos aproveitar este momento para aprofundar a integração económica regional, para que possamos proteger melhor a nossa região de choques externos,” acrescentou Mohamad.

Os países da ASEAN, muitos dos quais dependem das exportações para os EUA, estão a sofrer com tarifas que variam entre 10 por cento e 49 por cento. Seis dos dez países membros da associação estavam entre os mais afectados, com tarifas que variavam entre 32 por cento e 49 por cento.

A ASEAN tentou, sem sucesso, marcar uma reunião inicial com os EUA como um bloco. A unidade da ASEAN é crucial, uma vez que a região lida com os impactos das alterações climáticas e com a perturbação causada pelo uso da inteligência artificial e de outras tecnologias não regulamentadas para fins criminosos, disse Mohamad.

O diplomata acrescentou que a ASEAN, cuja presidência rotativa pertence à Malásia, será testada pela pressão externa, incluindo uma rivalidade entre superpotências. “As pressões externas estão a aumentar, e o âmbito dos desafios nunca foi tão grande”, disse Mohamad. “Portanto, é crucial que reforcemos os laços que nos unem, para que não se desfaçam sob pressões externas. Para a ASEAN, a unidade é agora mais importante do que nunca”, sublinhou.

Gaza | Ataques israelitas fazem 52 mortos desde sábado

Pelo menos 52 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o início da manhã de sábado devido a ataques aéreros israelitas, avançou a agência de notícias palestiniana Wafa. No sábado à noite, um drone das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atacou uma empresa familiar no bairro de Al Hakr, em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, matando cinco palestinianos.

Durante a noite, a força aérea israelita lançou também ataques contra comunidades a leste de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde vários helicópteros das IDF também abriram fogo. No norte do enclave, foram relatados ataques aéreos e “tiros intensos” por parte das forças israelitas em vários locais, incluindo Beit Lahia e a nordeste de Jabalia. As autoridades locais e médicas já tinham avançado a morte de pelo menos mais oito pessoas na Cidade de Gaza e mais sete em Rafah, no sul da Faixa, onde cerca de 60 pessoas ficaram também feridas.

O pior pesadelo

Os ataques surgem depois do Ministério da Saúde do Governo do Hamas, na Faixa de Gaza, ter registado 79 mortos na sexta-feira, entre eles nove filhos de uma pediatra, que se encontrava a trabalhar no hospital quando os corpos chegaram.

Segundo o Hamas, a pediatra Alaa al Najjaros encontrava-se a trabalhar no Hospital Nasser em Khan Younis (sul de Gaza) quando os corpos de nove dos seus 10 filhos (Yahya, Rakan, Raslan, Jibran, Eve, Rivan, Luqman, Sadeen e Sidra) chegaram após terem sido mortos num ataque à sua casa.

O marido da pediatra, Hamdi Al Najjar, e o único filho sobrevivente, Adam, ambos gravemente feridos, estão a ser tratados na unidade de cuidados intensivos. As imagens divulgadas após o ataque pela Quds News Network mostram Hamdi na maca com queimaduras graves.

A mais velha das crianças falecidas tinha 12 anos, de acordo com o director-geral do Ministério da Saúde de Gaza, Munir al-Bursh. O vídeo do resgate dos corpos mostra os agentes da Defesa Civil de Gaza e do Crescente Vermelho Palestiniano a retirarem da casa os corpos carbonizados das crianças, um após outro.

“Ela deixou-os para cumprir o seu dever e a sua missão para com todas as crianças que não encontram outro lugar no Hospital Nasser, que está cheio de gritos inocentes e enfraquecido pela doença, pela fome e pelo cansaço”, escreveu o médico, Youssef Abu Al Rish, numa nota divulgada ontem pelos serviços de saúde.

Dados actualizados, ontem, pelo Ministério da Saúde elevam para mais de 53.900 o número de pessoas mortas em Gaza desde que Israel lançou uma ofensiva. A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

O coveiro da democracia

Aí está ele! De mão no peito e no pescoço. A desfalecer. Com as televisões todas a cobrir o dia inteiro o trajecto das ambulâncias que o transportava. A aparecer na Praça do Município lisboeta de ligaduras no punho e pensos nos braços, a fingir que chorava à boa maneira bolsonarista e trumpista.

Eis, o coitadinho, que merecia o voto dos analfabetos da política, ou melhor, de todos aqueles que não pensaram se não num Messias que salvará Portugal dos corruptos, dos imigrantes e dos ciganos. De seu nome André Ventura, conseguiu captar os descontentes com os partidos da governação em 51 anos de democracia e obter uma votação inacreditável que nenhuma sondagem alguma vez alvitrou. Ventura está na maior. No caminho de coveiro da democracia.

O Chega ficará certamente como o partido principal da oposição, já que tudo indica que os votos dos emigrantes na Europa e fora da Europa irão oferecer dois deputados à AD e dois ao Chega. As eleições mostraram, efectivamente, tudo o que temos escrito aqui ao longo dos anos: o descontentamento da classe média, os salários baixos, as pensões de miséria, as escolas com chuva a entrar no seu interior, os jovens sem casa e a emigrarem, os médicos e enfermeiros mal pagos, os agentes policiais com esquadras que mais parecem pocilgas, os idosos sem lares dignos, os pobres sem poder de comprar os medicamentos não comparticipados, os transportes a abarrotar e com passes caros, o IRS a aumentar, os subsídios de renda a serem retirados a mais de 80 mil pobres, as grávidas a terem os filhos em ambulâncias, as consultas e cirurgias a demorarem meses e, algumas anos, a inexistência de habitação social ou de renda acessível, a violência doméstica a aumentar e os prevaricadores a serem mandados em liberdade. Todos estes factos têm sido salientados nestas crónicas e foram todas estas as razões que levaram ao aumento no voto num partido neofascista. Como foi possível que o Alentejo e Algarve sempre socialista e comunista fosse parar às mãos do Chega? Pelo descontentamento que grassa na população portuguesa.

O Chega até venceu em Algueirão-Mem Martins, nos arredores de Lisboa, onde a grande maioria de moradores é constituída por empregadas domésticas e funcionários públicos de nível hierárquico inferior que se levantam todos os dias às cinco horas para apanhar um comboio para o trabalho, quando não há greve. Foi este fenómeno do descontentamento com os governantes do PSD e do PS que levou muita gente que não é racista, não é xenófoba, não é pedófila, não rouba malas, a votar no Chega. Votaram eleitores que antes colocavam a cruz no PSD, no PS, no PCP e até no Bloco de Esquerda. Uma amiga nossa do BE transmitiu-me que votou no Chega porque nunca perdoará a Mariana Mortágua ter despedido funcionárias do partido que estavam grávidas. E, por isso, assistimos à queda enorme do BE que fica com Mortágua apenas no Parlamento e com sintomas de em próximas eleições desaparecer do hemiciclo.

Quanto ao “hecatombo” do Partido Socialista já se esperava. Um partido que optou por esquecer os jovens, que se transformou num feudo anti António Costa, que tem mais de seis facções no seu interior a degladiarem-se, obviamente que teria de cair na desgraça. Com mais ou menos reflexão, com um novo qualquer secretário-geral, irá demorar muitos anos a levantar-se do chão, se não lhe acontecer o mesmo que ao partido socialista francês. Votos socialistas com familiares a viver com dificuldades foram para o Chega. Votos socialistas anti Pedro Nuno Santos foram para o Livre.

Quanto à AD, que foi levada ao colo pelas televisões, está a cantar uma grande vitória. Qual vitória? Aumentou um pouco o número de votos e nem sequer consegue ter a estabilidade normal para governar. Das duas, uma. Ou se alia ao Chega, ou aguarda que o pequeno grupo parlamentar socialista lhe aprove o programa de governo e o orçamento do Estado. As vozes já se fizeram ouvir, tristemente, nas hostes pêpêdistas. Hugo Soares e Paulo Rangel já deram o mote de que em muitas propostas irá existir uma coexistência com o Chega.

Os portugueses não pensaram duas vezes. Embriagaram-se com as promessas de Ventura que nunca poderia cumprir, em face de Portugal não ter dinheiro para que os seus desideratos fossem para a frente e votaram numa criatura que já teve o desplante de dizer que “Ainda não viram nada” e “Irei ser o futuro primeiro-ministro”.

Ventura é antidemocrático, apenas quer alterar a Constituição, retirar da Constituição a palavra “socialismo”, quer retirar todos os subsídios e as casas às comunidades ciganas, retirar, à laia de Passos Coelho, o subsídio de férias e de Natal, proibir que nas escolas haja educação sexual, que os polícias actuem a matar, de preferência negros porque é um racista puro e quer, essencialmente, que os imigrantes que estão a “aguentar” a Segurança Social sejam expulsos de Portugal, à boa maneira trumpista.

A democracia portuguesa corre perigo. Não agora. Mas sim, nas próximas eleições legislativas, se os partidos democráticos não se convencerem que têm de se unir para defender um regime conquistado com muita luta, prisões e deportações de homens antifascistas. Ventura só tem em mente mudar o regime e ser o coveiro da democracia, de forma a poder continuar a receber os parabéns de toda a extrema-direita da Europa e EUA. Ventura – se os portugueses não abrirem bem os olhos e se os governantes não começarem a resolver os problemas de sobrevivência da maioria -, irá para chefe do executivo e a tragédia neofascista será uma realidade em Portugal.

Museu do Grande Prémio | Ilustrações de concurso podem ser vistas até Setembro

Os trabalhos vencedores do Concurso de Ilustração do Carro Vencedor do Primeiro Grande Prémio da Ásia (Macau) estão disponíveis para visualização do público numa mostra patente no Museu do Grande Prémio de Macau (MGPM) até ao dia 1 de Setembro. Os prémios do concurso foram atribuídos na última sexta-feira, numa organização da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e a Macau Creations Limited.

No total, foram entregues 30 prémios. O concurso teve como tema principal o Triumph TR2, carro vencedor do primeiro Grande Prémio de Macau. No total, foram recebidos 88 trabalhos, que receberam mais de 10 mil votos online do público. Uma comissão de avaliação escolheu ainda os primeiros três classificados do grupo de candidatos do ensino secundário e do grupo aberto. A concurso estavam também as categorias de “mais populares da Internet”, “prémios de mérito” e “prémios de finalistas”.

No grupo do ensino secundário, os vencedores foram Chan Hei Wo, em primeiro lugar, seguindo-se Leong Sam U e Ma Nim Ian, como terceiro classificado. Por sua vez, no grupo aberto, ganhou Tam Iok Meng, Lam Si Cheng, em segundo lugar e Cheang Ka Ian, em terceiro lugar.

A exposição que agora fica patente na cave do Museu permite “ao público apreciar as obras artísticas criativas e temáticas premiadas”, sendo que, através da ilustração, “o público poderá também sentir a preciosa história do Grande Prémio de Macau”, lê-se numa nota oficial.

Concerto | Bruno Pernadas em Macau e no Interior em Junho

O mês de Junho será preenchido para o multi-instrumentista e compositor português Bruno Pernadas, que em parceria com a associação NOYB (None of Your Business), protagoniza diversos concertos em Macau, Hong Kong e noutras paragens do sul da China. As sonoridades lusas podem ouvir-se em Shenzhen, no dia 12; em Macau no dia seguinte, e depois em Zhuhai e Hong Kong

 

A associação NOYB (None of Your Business) prepara-se para trazer, já no próximo mês de Junho, a digressão de Bruno Pernadas, “The Greatest Bay Area Tour 2025”, com concertos em Shenzhen, Macau, Zhuhai e Hong Kong. Assim, o público português, chinês e de outras nacionalidades pode ouvir e ver de perto as criações do multi-instrumentista e compositor português, apresentando-se uma jornada de fusões sonoras que deambulam entre o “jazz, pop futurista, folk, electrónica e rock psicadélico”.

Segundo uma nota de imprensa da NOYB, Bruno Pernadas é “mestre da alquimia sonora, criando paisagens vibrantes e imersivas que desafiam categorizações, tornando os seus concertos uma experiência inesquecível”. “A sua abordagem fluída entre géneros, combinando arranjos intricados com influências globais, levará o público numa viagem musical onde melodias retro-futuristas se encontram com ritmos hipnóticos, e onde cada nota conta uma história. Mais do que uma série de concertos, este evento é uma ponte cultural entre Portugal e a Grande Baía”, refere ainda a NOYB.

Destaque para o facto de o concerto em Macau decorrer dois dias depois do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das comunidades portuguesas, sendo que todo o mês é dedicado a celebrar a cultura e língua portuguesas.

Todas as músicas numa só

A incursão de Bruno Pernadas pelo mundo da música fez-se através dos Real Combo Lisbonense e de grupos como os “Julie & The Carjackers” ou “Minta & the Brooktrout”. O primeiro álbum intitulava-se “How Can We Be Joyful In A World Full Of Knowledge?”, e foi lançado há 11 anos. Seguiu-se “Those Who Throw Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them”, em 2016, e desde aí que tem somado êxitos. Destaque para o lançamento, em 2021, do trabalho discográfico “Private Reasons”, que encerra a trilogia sonora criada em 2014 e 2016. Ainda nesse ano, Bruno Pernadas lançou “Worst Summer Ever”, tendo criado também diversas bandas sonoras para dança, teatro e cinema.

Em declarações à Agenda Cultural de Lisboa, Bruno Pernadas falou da diversidade de estilos musicais que estão presentes no trabalho que faz. “Não há um género que descreva a música que faço. Tem jazz, tem música pop, muita música exótica, algum rock, world music… Quando faço música não penso muito nisso, em que género é que se encaixa.”

O músico disse ainda, à mesma publicação, que não se considera cantor. “Não, não me sinto cantor, de todo [risos]. Nos outros discos também cantei, mas neste canto mais, é um facto. Foi difícil para mim porque não me é natural, não tenho ferramentas para isso. Canto como qualquer pessoa, a única diferença é que sei as notas que estou a cantar, mas técnica não tenho. Prefiro muito mais tocar instrumentos.”

Pyongyang | Detidos três dirigentes após acidente com navio de guerra

O lançamento de um novo navio de guerra ficou marcado por um acidente que afectou o casco da embarcação, permitindo a entrada de água, e que levou ao cancelamento da cerimónia

 

A Coreia do Norte deteve três dirigentes no âmbito de uma investigação a um acidente ocorrido, na quarta-feira, durante a cerimónia de lançamento de um novo navio de guerra. “As autoridades detiveram Kang Jong Chol, engenheiro-chefe do Estaleiro Chongjin, Han Kyong Hak, chefe da oficina de construção do casco, e Kim Yong Hak, vice-director de assuntos administrativos”, disse o grupo que está a analisar o incidente, citado no sábado pela KCNA.

A agência de notícias oficial norte-coreana disse que o líder, Kim Jong-un, que esteve presente na cerimónia de lançamento do contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, descreveu o acidente como um “acto criminoso”.

Na sexta-feira, a KCNA tinha dito que uma inspecção subaquática e interna detalhada do navio de guerra “confirmou que, ao contrário do que foi inicialmente anunciado, não houve qualquer brecha no fundo do navio”. No entanto, “o casco de estibordo foi riscado e um pouco de água do mar entrou na secção de popa pela saída de emergência”, acrescentou a agência, garantindo que os danos sofridos pelo navio de guerra “não foram graves”.

“Não foram identificados mais danos no navio de guerra” e “o plano de reabilitação está a avançar conforme programado”, informou no sábado a KCNA. De acordo com os serviços de informação dos EUA e da Coreia do Sul, a “tentativa de lançamento lateral” do navio falhou.

O contratorpedeiro está actualmente inclinado na água, disseram os militares sul-coreanos. Imagens de satélite do local mostraram o navio deitado de lado, com a maior parte do casco submerso e coberto por capas azuis.

Em busca de equilíbrio

Hong Kil-ho, o director do estaleiro onde ocorreu o acidente, foi convocado por uma comissão militar na quinta-feira, acrescentou a KCNA.

Os especialistas norte-coreanos estimam que serão necessários “dois ou três dias para restaurar o equilíbrio do navio de guerra que bombeia água do mar da secção inundada”, disse a agência. A reparação do casco do contratorpedeiro deverá demorar cerca de dez dias, acrescentou.

O nome do barco não foi especificado. Em Abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon. Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.

A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”.

Segundo alguns especialistas, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares tácticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão. O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte.