Ponte do Delta | Lançado concurso para gestão e exploração de áreas comerciais do posto fronteiriço

[dropcap]E[/dropcap]stá aberto o concurso público para a gestão e exploração das áreas comerciais do Edifício do Posto Fronteiriço na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Segundo o anúncio, publicado ontem pela Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau (DSFSM) em Boletim Oficial, a concessão vai funcionar em regime exclusivo. As propostas têm de ser entregues até 19 de Fevereiro, estando o acto público de abertura marcado para o dia seguinte.

Podem apresentar candidaturas as sociedades com sede principal em Macau, desde que satisfaçam um conjunto de requisitos, como terem a inscrição de início de actividade na Direcção dos Serviços de Finanças há três anos. O prazo de execução figura no caderno de encargos.

Hospital das Ilhas | Estruturas principais devem ficar prontas dentro de três anos

[dropcap]E[/dropcap]stá aberto o concurso público para a construção das estruturas principais do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Segundo o anúncio, publicado ontem pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) em Boletim Oficial, o prazo máximo de execução é de 1150 dias de trabalho, ou seja, de aproximadamente três anos.

O Hospital Geral, o Edifício de Apoio Logístico, o Edifício de Administração e Multi-serviços figuram como as estruturas principais do futuro segundo hospital público de Macau. A empreitada inclui ainda arruamentos e infra-estruturas, sistema automático de recolha de lixo, roupa de cama e vestuário, bem como a instalação de sistemas de baixa tensão no Edifício Residencial para Trabalhadores e no Edifício do Laboratório Central.

As propostas têm de ser entregues até 19 de Março, estando o acto público de abertura previsto para o dia seguinte. São admitidas como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), bem como as, com sede no exterior, desde que participem através de consórcios com entidades com sede em Macau. A dar-se esse caso, deve ser constituído no máximo por três membros, sendo que a participação mínima de cada um não deve ser inferior a 15 por cento, enquanto a do líder deve ultrapassar a fasquia dos 50 por cento.

O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas envolve um total de sete edifícios, sendo a parte mais importante o edifício do Hospital.

Tecnologia | DSAT vai utilizar novas tecnologias para sancionar irregularidades

Dados recolhidos em cooperação com a Alibaba vão permitir às autoridades aplicar multas. A gestão inteligente dos semáforos na Avenida da Praia Grande visa a redução do tempo de espera no trânsito naquela zona em 20 minutos

 

[dropcap]A[/dropcap] caça à multa em Macau vai contar com o reforço dos dados recolhidos com a ajuda da Alibaba. A garantia foi deixada, ontem, pelo director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), numa conferência de imprensa em que foram anunciados os lançamentos de quatro aplicações.

“A polícia vai poder aceder às informações em tempo real e actuar imediatamente. Por exemplo, se na Avenida Almeida Ribeiro houver um congestionamento e um carro para evitar o trânsito vira para a Rua Central, quando não o pode fazer, o condutor vai ser multado”, afirmou Lam Hin San, numa conferência de imprensa que serviu para apresentar os resultados da aplicação das medidas de trânsito inteligente.

Mais tarde, os jornalistas foram levados a um centro de controlo, onde os responsáveis da DSAT vão ter acesso a todas as informações recolhidas por sensores, sistemas de GPS instalados em veículos como autocarros, táxis, entre outros, para saberem como está o estado de trânsito. Neste campo também há acesso às imagens captadas pelas câmaras CCTV no local. Contudo, um dos técnicos frisou que as imagens têm “uma baixa resolução”, devido à protecção da privacidade das pessoas. Porém, quando questionado se toda a nova informação estaria acessível à polícia, limitou-se a dizer que era uma escolha política que teria de ser feita.

Trânsito mais fluido

Segundo a apresentação da DSAT de ontem, até ao momento foram desenvolvidas quatro aplicações com base nos dados recolhidos através de GPS colocados em mais de 1600 veículos, entre autocarros, táxis especiais e 500 autocarros shuttle.

Uma das aplicações implicou a colocação de sete sensores em cruzamentos, na Avenida da Praia Grande, que permite ajustar o tempo de espera dos semáforos. Segundo Lam Hin San, em dois meses que o sistema entrou em funcionamento houve um ganho de 20 por cento no tempo de espera para os condutores. Se anteriormente as pessoas estavam dez minutos à espera no trânsito nessa zona da cidade, agora apenas aguardam oito minutos.

Este é um projecto piloto que o Governo espera que seja levado para outras zonas da cidade de forma a conseguir poupanças de tempo superiores a 20 por cento.

Em relação às outras aplicações, uma serve para analisar em tempo real a situação do trânsito e prever como vai estar na hora seguinte, a pensar na conveniência dos condutores. Uma outra permite aos responsáveis da DSAT terem informações em tempo real do serviço de autocarros e a última permite avisar a as autoridades para a existência de incidentes rodoviários.

As previsões apontam para que ao longo do próximo ano todas estas informações sejam disponibilizadas às pessoas de Macau, através do download das aplicações.

Finalmente, foi prometido o pagamento dos bilhetes de autocarro através de códigos QR no telemóvel, havendo assim dispensa do Cartão Macau Pass, em formato físico. “É muito chato ter que utilizar o cartão, ir busca-lo à carteira. Com o telemóvel e a utilização do código QR é muito mais conveniente”, concluiu Lam Hin Sang.

Este tipo de pagamento já está a ser actualmente utilizado por duas mil pessoas em Macau, de forma experimental.

Jogo | Governo descarta hipótese de não residentes exercerem função de ‘croupier’

A função de ‘croupier’ vai continuar a ser desempenhada exclusivamente por residentes. A garantia foi dada ontem pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que deixou claro que a possibilidade de contratação de trabalhadores não residentes é uma carta fora do baralho

 

[dropcap]A[/dropcap] regra não escrita relativamente aos ‘croupiers’ vai manter-se inalterada, ou seja, dar cartas nos casinos vai continuar a ser uma profissão exercida em exclusivo por residentes de Macau. Isto porque o Governo descartou ontem a possibilidade de serem contratados trabalhadores não residentes para exercerem esse cargo – como proposto na véspera no seio do Conselho para o Desenvolvimento Económico.

“O Governo da RAEM está firme na posição de manter a política de não importação de trabalhadores não residentes para as funções de ‘croupier’”, afirmou o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, aos jornalistas, à margem de um evento. O Governo “continuará a promover o desenvolvimento saudável do sector de jogo e reforçará a capacidade de promoção profissional e a mobilidade horizontal dos trabalhadores residentes”, sublinhou, citado num comunicado oficial.

A hipótese de serem contratados trabalhadores não residentes para o cargo de ‘croupier’ foi sugerida na terça-feira durante a reunião do Conselho para o Desenvolvimento Económico, presidido pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. A informação foi adiantada pelo chefe da secção para o estudo das políticas de recursos humanos do Conselho para o Desenvolvimento Económico, Vong Kok Seng, que deu conta de que durante o encontro, à porta fechada, foi referida a existência de uma grande procura por ‘croupiers’, bem como um potencial aumento no quadro da expansão da indústria do jogo. Um cenário que levou alguns membros do órgão consultivo a alertar para a dificuldade de o mercado de trabalho local satisfazer essa procura e, por conseguinte, a propor a possibilidade de ser fixada uma quota para trabalhadores não residentes para suprir a eventual falta de recursos humanos disponíveis para ocupar o cargo de ‘croupier’.

O secretário para a Economia e Finanças, que também esteve presente no encontro do órgão consultivo do Governo, afirmou que, como habitual, os membros dos diferentes sectores expressaram as suas opiniões e sugestões sobre o desenvolvimento económico de Macau nas diversas vertentes. No entanto, como ressalvou, os representantes do Governo não deram qualquer resposta a essas opiniões e sugestões, indicando que estas serão posteriormente analisadas integralmente.

Política permanente

Contudo, no caso concreto das propostas relativamente aos ‘croupiers’, Lionel Leong foi buscar palavras do Chefe do Executivo, recordando que Chui Sai On afirmou, por diversas vezes, a posição do Executivo de manter o cargo vedado a trabalhadores não residentes, uma política que descreveu como “permanente” da RAEM, que “não está sujeita a alteração”.

Os casinos de Macau contavam, no final do ano transacto, com 24.453 ‘croupiers’, cuja remuneração média correspondia a 19.850 patacas, segundo dados oficiais. A ideia de serem contratados trabalhadores não residentes para o cargo foi avançada no passado e, em 2013, por exemplo, levou mesmo milhares de trabalhadores do sector a saírem à rua em protesto. Os funcionários dos casinos reagiram aos rumores que corriam no seio da indústria do jogo de que não haveria mão-de-obra local para preencher as posições de ‘croupier’ face aos casinos que estavam projectados para a ‘strip’ do Cotai.

Offshore | Empresas podem manter o nome depois de 2021

[dropcap]O[/dropcap] regime offshore vai acabar em Macau em 2021, mas as empresas poderão manter o mesmo nome. A garantia foi dada por Vong Hin Fai, deputado e presidente da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que está actualmente a analisar a proposta de lei que vai revogar o regime jurídico do exercício da actividade offshore.

“As empresas podem manter o nome da empresa que já está registado”, apontou. “Pode manter-se a expressão ‘empresa offshore’, porque a lei não vai obrigar à retirada dessa expressão já registada na conservatória do registo comercial”, acrescentou.

Com a manutenção do nome, a única diferença é que as empresas terão de pagar taxas e impostos relativos ao registo. “Não vai induzir as pessoas em erro [a manutenção do nome da empresa]. Cabe ao Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau e à Autoridade Monetária e Cambial de Macau dar conhecimento à conservatória do registo comercial da caducidade da autorização da actividade offshore, mas isso não implica a alteração do nome da firma”, explicou Vong Hin Fai.

Até ao primeiro trimestre do próximo ano, o Governo deverá concluir todos os contactos que estão a ser feitos junto das 355 empresas offshore existentes no território. Os representantes de 36 empresas adiantaram que pretendem manter a sua actividade até 2021, pelo que os trabalhadores não precisam de apoio da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para a busca de um novo emprego.

Orçamento 2019 | Deputados voltam a criticar falta de previsões macroeconómicas

A falta de previsões macroeconómicas figura como uma das lacunas da proposta de lei do Orçamento para 2019. O parecer da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que analisou o diploma em sede de especialidade, aponta ainda a ausência de indicadores que permitiram compreender se o orçamento é demasiado elevado ou baixo

 

[dropcap]E[/dropcap]mbora não haja normas que exijam que o Governo faculte os pressupostos económicos que foram adoptados na elaboração da proposta de lei do Orçamento para 2019, os deputados da 2ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) lamentam a sua ausência. A taxa do aumento económico ou a taxa de inflação figuram como dois dos indicadores macroeconómicos oficiais que estiveram em falta, sublinha o parecer, publicado ontem no portal da AL.

O documento refere que cada serviço, após a sua avaliação do ano anterior, apresentou às Finanças o montante do seu orçamento para o próximo ano, “estando em falta uma base uniforme para a respectiva previsão, ou seja, qual foi a taxa do aumento económico em que se baseou a previsão”, quando, “para efeitos de uma avaliação racional, a elaboração do orçamento de cada serviço deve basear-se no mesmo pressuposto macroeconómico”.

“A previsão intercalar é um instrumento para o planeamento financeiro. Apesar de o orçamento ser de natureza anual, é necessária, ao nível macroeconómico, a apreciação da previsão das receitas e despesas do Governo, no sentido de avaliar adequadamente a racionalidade do orçamento para o ano seguinte”, aponta o parecer, realçando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) propõe a inclusão de previsões intercalares de três anos.

“A previsão intercalar deve basear-se nos diversos pressupostos relacionados com as receitas e despesas do Governo, sendo alguns com a economia (isto é, os pressupostos económicos gerais), por exemplo, as perspectivas sobre as variações reais do Produto Interno Bruto (PIB) ou a taxa tendencial do Índice de Preços no Consumidor, projectadas para os anos seguintes”, diz o documento. Em causa estão ainda “algumas actividades relacionadas com determinadas áreas do Governo”, refere a 2.ª Comissão Permanente da AL, dando como exemplo as receitas de jogo, o número de visitantes ou o progresso das obras.

No parecer, os deputados assinalam ainda que, apesar de se disponibilizarem encargos plurianuais do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), agrupados por programas, os quais ultrapassam o ano de 2019 e se referem às despesas a cabimentar nos futuros orçamentos, ficam a faltar outros. “Com a excepção deste futuro encargo, os dados suplementares sobre a proposta de Orçamento, submetidos pelo Governo, não referem nada sobre os contingentes e os principais passivos sem dotação”, aponta o parecer. O documento menciona o caso do Plano de Garantia de Créditos a Pequenas e Médias Empresas, mas também os compromissos financeiros para o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa e as pensões atribuídas aos funcionários aposentados. “Esses passivos eventuais podem ter impacto significativo na previsão de futuras despesas e, neste momento, o Governo não elabora as respectivas informações”, indica o documento.

Muito ou pouco

Outro problema sinalizado pela 2.ª Comissão Permanente da AL durante a apreciação da proposta de lei do Orçamento para 2019 prende-se com a ausência de informações que permitam compreender se o montante a que corresponde é grande ou pequeno: “Não existe em Macau a estimativa oficial da percentagem que a despesa pública representa no PIB, indicador esse que permite fazer reflectir a dimensão da despesa pública em relação à economia social no seu todo, facilitando a fiscalização pública no sentido de apurar se o orçamento do Governo é demasiado elevado ou baixo”.

Embora a Lei do Enquadramento Orçamental não disponha de normas para o efeito, os deputados entendem que “a disponibilização dos dados em causa poderia contribuir melhor para a racionalidade na apreciação do orçamento pela Assembleia Legislativa”.

A falta de uma previsão relativa à taxa de aumento do PIB e o facto de não estar estimado um valor único para despesa pública figuram como os factores que deixam a 2.ª Comissão Permanente da AL “impossibilitada” de calcular a percentagem que a despesa pública representa no PIB, pelo que “não é possível reflectir a relação entre o orçamento do Governo e o PIB”.

Tiroteio em Estrasburgo | Assessor de Ana Gomes recorda tensão no Parlamento Europeu

A França está em estado de alerta. O tiroteio ocorrido na noite de terça-feira, em Estrasburgo, provocou a morte de duas pessoas e as autoridades fizeram quatro detenções “próximas do suspeito”. Vasco Batista, assessor no Parlamento Europeu, recorda momentos de tensão dentro do edifício, de onde ninguém podia sair

 

[dropcap]O[/dropcap] trabalho decorria de acordo com a agenda estabelecida, até que a notícia de que estava a acontecer um tiroteio no mercado de natal de Estrasburgo, bem no centro da cidade francesa, obrigou a parar a sessão plenária do Parlamento Europeu (PE) desta terça-feira.

“Estava numa reunião de trabalho, perto das 21h (hora de Estrasburgo) na qual se estava a debater precisamente o relatório com as conclusões e recomendações da Comissão Especial sobre o Terrorismo do PE. Fomos avisados de que um ataque teria decorrido no centro da cidade e que haveriam vítimas. Uma coincidência infeliz”, contou ao Vasco Batista, assessor da eurodeputada Ana Gomes.

Seguiu-se uma longa espera dentro do edifício do PE, de onde as pessoas só puderam sair na madrugada de ontem. “Fomos acompanhando as notícias do exterior através da comunicação social, em particular da televisão francesa, e do Twitter, e fizemo-lo unidos na companhia de colegas, aliviados por estarmos em segurança mas apreensivos com o que se estava a passar. Todos nós conhecíamos alguém que estaria no centro da cidade onde o ataque decorrera.”

O assessor recorda momentos de tensão, enquanto esperavam pela ordem de saída, mas também de apoio. “Durante este período em que as pessoas ficaram confinadas no interior do PE, foi fulcral o apoio dos serviços e funcionários. Todos eles, trabalhando horas extras, asseguraram a protecção de todos.”

Para Vasco Batista, é importante que as comunidades muçulmanas a residir na Europa deixem de ser vítimas de discriminação. “Há agora que pensar nas verdadeiras vítimas e os que ficaram feridos em resultado deste acto repugnante e os seus familiares. E não estigmatizar migrantes e minorias, evitando fazer o jogo dos terroristas.”

O suspeito do atentado, de nome Chérif C., está actualmente a monte e já poderá ter saído de França, apontaram ontem as autoridades. Morreram duas pessoas e ficaram feridas outras 14 num ataque levado a cabo pelo homem de 29 anos, nascido em Estrasburgo, e que já tinha cadastro.

Uma das vítimas é um homem tailandês, de nome Anupong Suebsamarn, com 45 anos, que morreu vítima de um disparo na cabeça quando caminhava com a sua esposa pelo mercado de natal. O incidente obrigou à visita do embaixador tailandês à cidade francesa.

Quatro detidos

Ontem ficou a saber-se que as autoridades francesas já detiveram quatro pessoas consideradas próximas do suspeito. “As detenções continuam em curso”, precisou o chefe do departamento antiterrorista do Ministério Público francês.

Segundo o procurador, várias testemunhas terão ouvido o suspeito gritar “Allah Akbar” (Deus é grande) antes de começar a disparar.

“Tendo em conta o local, o modo de operar, o perfil e testemunhos recolhidos junto de pessoas que o ouviram gritar ‘Allah Akbar’, o departamento antiterrorista do MP de Paris tomou conta da investigação”, disse.

O Ministério Público francês abriu uma investigação por homicídio e tentativa de homicídio relacionada com uma organização terrorista, assim como por associação terrorista. Entretanto, a polícia alemã intensificou o controlo nos postos fronteiriços com a França após o atentado.

Uma região diferente

Miguel Martins é jornalista português e reside em Paris. Ao HM, o repórter falou-nos das especificidades de uma região que nunca seguiu as mesmas regras respeitantes ao laicismo que vigora em França. “Estrasburgo tem um papel completamente distinto em relação à França, e quando o país recuperou a zona da Alsácia-Lorena, permitiu que se mantivesse um estatuto próprio”, começou por dizer.

Nesse sentido, “a religião tem um papel preponderante e não obedece a todos os parâmetros da lei de laicidade que vigora no resto da França, e que data de 1905.”

“Em Estrasburgo há feriados religiosos e os clérigos podem até receber ajudas públicas, uma coisa que não existe no resto da França. É uma região muito específica”, aponta Miguel Martins, que relata até casos de queixas levadas a cabo pela comunidade islâmica em relação a eventuais desigualdades na forma de expressão religiosa. “Há reclamações sempre que uma autarquia decide instalar uma árvore de natal e há críticas da parte de associações muçulmanas que gostariam que isso não acontecesse.”

Num país onde as pessoas se habituaram a viver o seu dia-a-dia com segurança reforçada, o tiroteio em Estrasburgo acabou por deixar mais uma marca. “Foi um atentado que chocou, que está a provocar um estado de sítio na cidade, uma grande capital europeia, com dispositivos de segurança fora do comum, escolas encerradas. O pânico é real, de facto.”

O presidente do PE, Antonio Tajani, disse ontem na abertura dos trabalhos no hemiciclo que a força da democracia ganha à violência do terrorismo. “Foi um ataque criminoso contra a paz, contra a democracia, contra o nosso modelo de vida. Mas é preciso reagir fazendo exactamente o oposto daqueles que querem ferir a democracia”, referiu.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, também reagiu ao tiroteio. “Todos os meus pensamentos vão para as vítimas do ataque de ontem à noite em Estrasburgo, assim como para as suas famílias. Continuamos todos unidos ao lado da França em mais esta provação”, escreveu no Twitter. Jean-Claude Jucker, presidente da Comissão Europeia, condenou “com grande firmeza” o acto, lembrando que “Estrasburgo é, por excelência, uma cidade símbolo da paz e da democracia europeias, que defenderemos sempre”.

O relatório da Comissão Especial sobre o Terrorismo foi aprovado ontem. Na sua página oficial de Facebook, a eurodeputada destacou os pontos principais de um documento onde participou como porta-voz e coordenadora do grupo dos Socialistas e Democratas.

“Trabalhámos construtivamente neste relatório para tentar encontrar consenso e fornecer respostas reais aos cidadãos. O perigo não vai desaparecer, mas podemos melhorar as nossas políticas internas e externas para dificultar a operação de grupos terroristas e melhorar a nossa capacidade de responder a ameaças.”

Ana Gomes disse também que é necessário “agir para acabar com a lavagem de dinheiro e outras práticas financeiras obscuras utilizadas por terroristas e criminosos para financiar as suas atividades.”

“Temos trabalhado arduamente para tentar garantir que este relatório se concentre em medidas práticas para combater o terrorismo. Na sequência de ataques como o que ocorreu aqui em Estrasburgo ontem à noite [terça-feira], devemos tentar unir as pessoas em vez de ceder a quem quer dividir as nossas sociedades. Estigmatizar migrantes não nos tornará mais seguros”, concluiu.

Kim Yong Jun designado selecionador da Coreia do Norte

[dropcap]O[/dropcap] ex-jogador futebolista internacional norte-coreano Kim Yong Jun foi designado selecionador da Coreia do Norte, em substituição do treinador norueguês Jorn Andersen, que deixou o cargo há seis meses, anunciou hoje a agência noticiosa local KCNA.

O técnico vai comandar a seleção na Taça Asiática, que começa a disputar-se no início de 2019, na qual a Coreia do Norte, 109.º classificada no ranking da FIFA, faz parte do Grupo E, juntamente com o Qatar, Líbano e Arábia Saudita, frente à qual o novo selecionador fará a estreia.

Kim Yong Jun, de 35 anos, integrou, como jogador, a seleção da Coreia do Norte que se qualificou para o Mundial de 2010, realizado na África do Sul, na qual perdeu com Portugal por 7-0 e foi eliminada na fase de grupos da competição.

Nadadores Ana Catarina Monteiro e Miguel Nascimento batem recordes nacionais na China

[dropcap]O[/dropcap]s nadadores Ana Catarina Monteiro, nos 200 metros mariposa, e Miguel Nascimento, nos 200 livres, bateram hoje os respectivos recordes nacionais, no segundo dia do Mundial de piscina curta, em Hangzhou, na China.

A nadadora do Fluvial Vilacondense terminou a prova com 2.06,49 minutos, o oitavo tempo (quarta na sua série), superando o seu anterior recorde de Portugal, que lhe pertencia desde 15 de abril de 2018 com 2.07,62, garantindo a presença na final.

O nadador do Benfica, que na terça-feira bateu o recorde nacional dos 100 metros livres (47,61 segundos), no primeiro percurso da estafeta de 4×100 metros livres, na qual também foi superado o máximo nacional, voltou a apresentar-se ao seu melhor nível, com a obtenção de um novo recorde de Portugal dos 200 livres, com o tempo de 1.43,76 minutos.

Ainda na segunda jornada do Mundial de piscina curta, que decorre até domingo, Tamila Holub obteve o 12.º tempo nos 800 metros livres, entre 30 nadadoras, com recorde pessoal (8.29,58 minutos), ao vencer a segunda série, seguida de Diana Durães, 13.ª classificada, com 8.30,12.

China condena à morte autor de ataque que causou 15 mortos em Setembro

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal da província central chinesa de Hunan condenou hoje à morte o autor de um ataque que, em Setembro passado, causou 15 mortos, noticiou hoje a agência oficial chinesa Xinhua.

Yang Zanyun conduziu deliberadamente o seu veículo contra uma multidão numa praça da cidade de Hengyang, do condado de Hengdong, em 12 de Setembro passado. Yang saiu do carro e continuou a atacar, com uma pá e uma faca, as pessoas que se encontravam na praça, onde se juntavam para dançar em grupo ou conviver. O ataque causou 15 mortos e 43 feridos.

Yang, de 54 anos, foi condenado à morte por colocar em perigo a segurança pública através de métodos perigosos, de acordo com o tribunal popular intermédio de Hengyang. O tribunal decidiu ainda privar o réu de quaisquer direitos políticos.

Na altura do ataque, o governo de Hengyang indicou que o suspeito tinha antecedentes criminais, incluindo tráfico de droga, roubo e agressões físicas e que, “agindo sozinho”, procurou “vingar-se da sociedade”.

A China tem registado vários incidentes deste género, normalmente protagonizados por pessoas com problemas psicológicos ou ressentimentos com vizinhos ou a sociedade em geral. Em Junho passado, uma pessoa morreu e dez ficaram feridas quando um homem conduziu uma empilhadora contra peões numa cidade do leste da China, e acabou por ser abatido pela polícia.

Em Abril, um homem armado com uma faca matou sete estudantes e feriu 19, quando os jovens regressavam a casa, no norte do país. A lei chinesa proíbe rigorosamente a venda e posse de armas de fogo, pelo que os ataques são geralmente feitos com facas, explosivos de fabrico artesanal ou por atropelamento.

António Lobo Antunes lamenta que Portugal e Espanha não sejam o mesmo país

[dropcap]O[/dropcap] escritor António Lobo Antunes lamentou que portugueses e espanhóis não sejam cidadãos do mesmo país, numa entrevista dada ao jornal catalão La Vanguardia no âmbito da Feira Internacional do Livro de Guadalajara e publicada ontem.

“Não consigo descobrir muitas diferenças entre a gente da península, somos a mesma coisa, temos a mesma maneira de reagir, embora se coma melhor na Catalunha do que em Portugal. É uma pena que não sejamos o mesmo país, todos os ibéricos. Filipe II de Espanha e I de Portugal tinha todo o direito de ser nosso rei, era neto do monarca legítimo”, afirmou Lobo Antunes logo na primeira resposta da entrevista, antes de acrescentar que o “grande amor” da sua infância foi uma criada galega que trabalhava para os pais.

O autor que lançou recentemente em Portugal “A última porta antes da noite” realçou que o escritor que mais o comove “ainda é um grande poeta do século de ouro” da Península Ibérica, Francisco Gómez de Quevedo, a quem só Camões se pode igualar, na opinião de Lobo Antunes.

“O meu pai lia-nos em voz alta aos seis filhos, gostava muito de poesia”, lembrou o escritor nascido em 1942.

Há mais de dez anos, o Nobel da Literatura José Saramago (1922-2010) disse, ao Diário de Notícias, que Portugal acabaria por se integrar em Espanha, tornando-se uma província de um país que se chamaria Ibéria, para não ofender “os brios” portugueses.

Na mesma entrevista em que recorda que “a ditadura é violência, com os cabrões da polícia política a perseguir a gente”, quando a imprensa escrevia que os presos políticos se suicidavam (“sim, com um tiro nas costas”), Lobo Antunes é ainda questionado sobre se ainda reside em Lisboa, ao que responde que sim, ressalvando que “Lisboa está horrível agora”.

“É um inferno desde que a Madonna e tantos famosos vieram viver para lá. A vida é barata, eu almoço sempre em restaurantes de bairro por seis ou sete euros. Vivo na periferia, porque sou uma espécie de emblema do país e, no centro, as pessoas querem tirar fotos comigo. Só estou tranquilo no meu bairro, onde as pessoas me conhecem e me protegem”, afirmou o escritor.

A dada altura, o entrevistador diz não se atrever a perguntar-lhe pelo prémio Nobel, ao que Lobo Antunes lembra ter entrado na coleção Pléiade, “que é muito mais importante que ganhar o Nobel”, acrescentando que os seus livros estão a ser traduzidos também para o árabe, antes de questionar: “Que mais posso desejar?”

“A única coisa que me interessa dos prémios é o dinheiro. Quando me telefonam a dizer que ganhei um, a primeira coisa que pergunto é ‘quanto?’”, acrescentou.

Antes de terminar a entrevista, Lobo Antunes ainda referiu que estar casado “é uma coisa muito boa para trabalhar, caso contrário perde-se muito tempo a perseguir mulheres”.

Uma das vítimas mortais no ataque em Estrasburgo é um turista tailandês de 45 anos

[dropcap]U[/dropcap]m turista tailandês é um dos três mortos no tiroteio que ocorreu na terça-feira em Estrasburgo, França, informou o jornal local The Nation, confirmando um relato feito anteriormente por uma testemunha à emissora inglesa BBC.

Anupong Suebsamarn, de 45 anos, morreu vítima de um disparo na cabeça quando caminhava com a sua esposa pelo Mercado de Natal da cidade francesa, segundo representantes de uma associação de tailandeses em França citados pelo jornal The Nation.

O casal chegou no dia anterior a Estrasburgo, onde hoje é esperada a chegada do embaixador da Tailândia em França, segundo indicou àquela organização a esposa do falecido, quando se encontrava no hospital.

O ataque no Mercado de Natal de Estrasburgo, na terça-feira à noite, provocou pelo menos três mortos e 12 feridos, seis dos quais em estado crítico, anunciou hoje de madrugada o ministro do Interior francês, Christophe Castaner. Anteriormente, a polícia francesa indicara quatro mortos, mas o balanço foi revisto sem explicação.

Segundo Christophe Castaner, um dispositivo de 350 elementos das forças policiais foi mobilizado para encontrar o autor do ataque. Já as autoridades locais informaram na sua conta da rede social Twitter que as manifestações foram proibidas até novo aviso em todo o território da comuna de Estrasburgo.

O homem tem 29 anos, nasceu em Estrasburgo e tem no seu cadastro condenações em França e na Alemanha. O Ministério Público francês abriu uma investigação por homicídio e tentativa de homicídio relacionada com uma organização terrorista, assim como por associação terrorista.

O Governo francês elevou o nível de alerta no país para “emergência por atentado”, com um reforço de controlo nas fronteiras, aumento de segurança nos mercados de Natal e mobilização de meios envolvidos no dispositivo anti-terrorismo.

A cidade de Estrasburgo, localizada no nordeste da França, junto à fronteira com a Alemanha, acolhe a sede do Parlamento Europeu.

Os euro deputados, confinados desde o início da noite de terça-feira no Parlamento Europeu, começaram a sair do edifício após as 02:00 de hoje.

Os funcionários e euro deputados foram escoltados pela polícia em autocarros e carrinhas para o centro da cidade.

O parlamento ficou confinado desde o começo da noite, após um tiroteio no centro de Estrasburgo, a poucos quilómetros da instituição europeia localizada no norte da cidade.

Campeã olímpica Simone Biles assume medicação para combater ansiedade

[dropcap]A[/dropcap] ginasta multicampeã olímpica Simone Biles admitiu ontem que está a tomar medicação para combater a ansiedade desde que em Janeiro confessou ser vítima de abuso sexual do médico da selecção norte-americana Larry Nassar.

“Agora estou a tomar medicação contra a ansiedade porque tive muitos altos e baixos durante o ano, tentando perceber o que estava a falhar”, explicou a jovem norte-americana num programa da televisão ABC.

Nassar foi condenado a um mínimo de 40 anos de prisão por abusar de centenas de desportistas ao longo de vários anos.

“Não é fácil, mas graças às pessoas que me rodeiam, que são do melhor, é um pouco mais fácil”, acrescentou a vencedora de quatro medalhas de ouro nos Jogos do Rio2016, antes de revelar que recorre “com regularidade” a terapia.

Biles foi uma das últimas vítimas do clínico a reconhecer publicamente os factos, em pleno apogeu do movimento #MeToo, que denuncia as agressões sexuais sofridas maioritariamente por mulheres de diferentes áreas da sociedade.

“Eu também sou uma das muitas sobreviventes que sofreram de abusos sexuais por parte de Larry Nassar”, escreveu a ginasta de 21 anos, e que soma 14 títulos mundiais, na sua conta do Twitter.

Álbum “Mariza” entre os dez melhores de 2018 para a revista britânica Songlines

[dropcap]O[/dropcap] álbum homónimo de Mariza, produzido por Javier Limón, editado em maio último, foi considerado pela revista britânica Songlines um dos dez melhores de 2018, divulgou a publicação. Sobre o álbum, escreve a revista que com o tema “Triguierinha”, que fala de “um amor alegre”, e com o qual abre o CD, Mariza “coloca de lado quaisquer preconceitos de que o fado é sempre melancólico”.

A revista destaca o “maravilhoso” tema “Quem, me Dera”, de autoria do angolano Matias Damásio, “Oração”, a estreia de Mariza como autora, e a interpretação, com Maria da Fé, de “Fado Errado”, que “dá um toque pessoal muito especial ao álbum”.

Mariza começou a cantar fado, regularmente, na casa de fados de Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo, Senhor Vinho, no bairro lisboeta de Madragoa. O single “Quem Me Dera” contabiliza mais de 12 milhões de visualizações na plataforma ‘youtube’, segundo dados da sua promotora.

A Songlines refere ainda “a transparência e delicadeza da produção [do espanhol] Javier Limón”, que tinha produzido já o álbum “Terra” (2008). Mariza encontra-se em digressão europeia a apresentar este novo CD, tendo actuado em Alemanha, Espanha, Inglaterra, França e Suíça, terminando no próximo sábado, no Pavilhão Multiusos, em Guimarães, no Minho, cuja lotação “está já esgotada”, segundo a promotora Ruela Music.

Não é a primeira vez que um álbum de Mariza recebe esta distinção. Já em 2015, “Mundo” foi também incluído na lista dos dez melhores álbuns, da qual fez igualmente parte “Herança”, de Lura.

Com “Mariza” constituem a lista dos dez melhores álbuns de 2018, “Maghreb United”, de AMMAR 808, “Joys Abound”, de Anandi Bhattacharya, “Remain in Light”, de Angélique Kidjo, “Soar”, de Catrin Finch & Seckou Keita, “Wolastoqiyik Lintuwakonawa “, de Jeremy Dutcher, “Melodic Circles: Urban Classical Music from Iran”, de Mehdi Rostami & Adib Rostami, “El Mito de la Pérgola”, de Pascuala Ilabaca y su Fauna, o álbum homónimo do projeto Small Island Big Song, e “Yiddish Glory: Lost Songs of World War II”, coletânea que inclui vários artistas.

Mariza foi distinguida este ano com o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído pelos governos de Lisboa e Madrid.

Coreia do Sul considera improvável que Kim Jong-un viaje a Seul ainda este ano

[dropcap]O[/dropcap] Governo sul-coreano considerou hoje ser improvável que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, visite o país antes do final do ano, referindo-se às especulações sobre uma possível viagem a Seul ainda este mês.

“Consideramos que vai ser difícil que o líder Kim visite Seul este ano”, disse um porta-voz do gabinete presidencial à agência de notícias Yonhap. Ainda assim, o Governo reiterou estar “aberto à possibilidade [de uma visita de Kim] no início do próximo ano”.

Dezembro é um mês agitado no seio do regime norte-coreano, já que no próximo dia 17 celebra-se o aniversário da morte do antigo líder Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un. Em Setembro, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, convidou o líder norte-coreano a visitar Seul antes do final do ano, algo que Kim aceitou.

No entanto, a falta de progressos no diálogo entre Pyongyang e Washington parecem ser um entrave à realização de uma nova cimeira inter-coreana, que seria a quarta desde Abril. A realizar-se, seria a primeira viagem de um líder da Coreia do Norte a Seul.

Por sua vez, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esperar reunir-se com o líder da Coreia do Norte “em Janeiro ou Fevereiro” e garantiu estarem em discussão “três locais” para esta segunda cimeira.

Em Setembro, Trump disse que queria programar uma segunda cimeira com Kim, mas o impasse nas negociações adiou a reunião, que daria continuidade ao histórico encontro de Singapura, em Junho passado.

Em Singapura, os dois líderes concordaram em “trabalhar para a completa desnuclearização da península” coreana, mas até agora os progressos têm sido apenas simbólicos, devido à ausência de um roteiro para o desarmamento.

Mundiais de natação | 4×100 metros livres dos Estados Unidos com recorde do mundo de piscina curta

[dropcap]A[/dropcap] estafeta masculina dos Estados Unidos bateu ontem o recorde do mundo dos 4×100 metros livres em piscina curta, na final da prova nos Mundiais, que se estão a disputar em Hangzhou, na China.

Caeleb Dressel, Blake Pieroni, Michael Chadwick e Ryan Held cumpriram a prova em 3.03,03 minutos, batendo o anterior recorde, também norte-americano, datado de 2009, por 27 centésimos. A equipa feminina também conquistou o ouro na mesma prova.

Directora financeira da Huawei libertada sob fiança

[dropcap]U[/dropcap]m juiz canadiano ordenou, esta terça-feira, a libertação, sob fiança, da directora financeira do grupo chinês de telecomunicações Huawei, horas depois da confirmação da prisão de um ex-diplomata canadiano na China, onde as autoridades ameaçam o Canadá de represálias.

De acordo com a agência France-Presse, depois de três dias de audiências judiciais no tribunal de Vancouver, e em plena crise diplomática entre Pequim, Otava e Washington, o juiz canadiano aceitou o pedido de libertação de Meng Wanzhou, detida no Canadá no início de dezembro, a pedido dos Estados Unidos da América.

A empresária saiu algumas horas depois, sob fortes medidas de segurança. Esta mãe de quatro filhos, de 46 anos, terá de cumprir várias condições: pagar um depósito de 10 milhões de dólares, entregar os dois passaportes, residir numa das duas propriedades que possui em Vancouver e usar uma pulseira eletrónica no tornozelo.

A empresária será monitorizada 24 horas por dia, a suas expensas, e não poderá sair de casa entre as 23:00 e as 06:00.

“O risco de que não se apresente em tribunal [durante o processo de extradição] pode ser reduzido a um nível aceitável, impondo as condições de vigilância propostas pelos seus advogados”, disse o juiz, provocando aplausos dos apoiantes de Meng Wanzhou.

A primeira audiência de extradição ficou marcada para 6 de Fevereiro. Entretanto, os Estados Unidos da América deverão enviar à justiça canadiana a documentação completa relativa ao pedido de extradição.

O grupo Huawei já se congratulou com a libertação da sua directora financeira. Após a detenção de Meng Wanzhou, a China convocou no domingo o embaixador dos Estados Unidos em Pequim e pediu a Washington que abandone o pedido de extradição.

Pequim já tinha convocado um dia antes o embaixador do Canadá. A justiça norte-americana pede a extradição da directora financeira, também vice-presidente da administração e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, por suspeita de ter violado sanções de Washington impostas ao Irão.

Também no domingo, o conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que Donald Trump desconhecia a detenção de Meng Wanzhou na altura em que jantava com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na semana passada.

A diretora financeira, de 46 anos, é suspeita pela justiça norte-americana de ter mentido a vários bancos sobre uma subsidiária da Huawei com o objetivo de obter acesso ao mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando as sanções dos Estados Unidos.

China diz-se preparada para nova era nas energias limpas

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente do Conselho Económico e Social da China disse ontem que o país “entrou numa nova era de cooperação energética” e que, como potência mundial, está disposta a ter mais responsabilidades nesta matéria.

“Como maior produtor e consumidor, a China entrou numa nova era de cooperação energética”, disse Ji Lin, em Macau, na cerimónia de abertura do 7.º Fórum Internacional para as Energias Limpas (IFCE, na sigla em inglês), sublinhando que Pequim “está disposta a aceitar mais responsabilidades e deveres de acordo com as suas capacidades”.

O gigante asiático tem estado nos últimos anos a investir muito em energias renováveis, sendo já o primeiro mercado mundial nos “novos veículos de energia”, com 777 mil vendidos em 2017 e, de acordo com a Bloomberg, o país investiu cerca de 133 mil milhões de dólares em energias renováveis no ano passado.

Apesar disso, o país continua a ser o maior produtor de carvão do mundo. A poluição gerada por aquele combustível afecta regularmente as principais cidades do país.

“A promoção da coordenação energética numa escala internacional” ganha agora mais importância junto dos países que integram a iniciativa chinesa da Rota da Seda (mais conhecida como Uma Faixa, Uma Rota), mas também junto dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sublinhou Ji Lin.

Na mesma ocasião, o responsável chinês para os assuntos da ASEAN, Chen Dehai, afirmou que “a transformação energética e a implementação de um baixo índice de utilização de carbono tem de ser um foco de toda a comunidade internacional”, acrescentando que as energias limpas, tanto na China, como nos países da ASEAN tem tido um grande desenvolvimento nos últimos anos.

Tanto a cooperação energética como o investimento em energias renováveis são fulcrais para os países asiáticos, já que, de acordo com o responsável “o consumo energético vai aumentar 80% em 2040, comparando com 2030”.

“A construção por parte da China e da ASEAN de uma Rota da Seda verde é expectável que progrida com firmeza”, acrescentou. A cerimónia de inauguração contou ainda com o director executivo da Sociedade de Jogos de Macau e o director geral do IFCE, Ambrose So, que sublinhou o papel que Macau pode ter como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, mas também com a ASEAN, “como veículo de promoção para a energia limpa e cidades inteligentes”.

Presidente da AL recusa comentar efeito de doença na candidatura a Chefe do Executivo

[dropcap]H[/dropcap]o Iat Seng regressou ontem ao hemiciclo, depois de duas semanas de baixa devido a uma inflamação aguda no nervo ciático. No final, recusou responder se a doença poderá ter implicações numa futura candidatura a Chefe do Executivo. “Lá estão vocês a tentar saber isso outra vez. Não vos digo nada sobre esse assunto”, disse Ho Iat Seg a rir, para depois abandonar os jornalistas em passo apressado. O actual presidente da AL é apontado como um dos candidatos favoritos a ocupar o cargo que vai ser deixado por Chui Sai On, em Dezembro do próximo ano.

Durante o tempo em que Ho Iat Seng esteve de baixa, as Assembleia Legislativa ignorou qualquer pedido de informação sobre o assunto, à excepção de apontar o motivo da baixa médica. Contudo, ontem, Ho fez um ponto da sua situação, referindo que se encontra “bem”.

“Basicamente, estou recuperado. Recorri ao serviços de fisioterapia do Hospital Kiang Wu e não há problemas de maior”, informou. “Acho que a doença foi causada porque durante todos estes anos [como presidente da AL] tenho passado muito tempo sentado durante períodos prolongados. Há muitos anos que não tinha um tempo maior de descanso”, acrescentou.

O presidente do hemiciclo clarificou também o facto de não ter participado nas sessões das Linhas de Acção Governativa – à excepção do dia em que Chui Sai On foi à Assembleia Legislativa –, mas depois ter participação em recepções a outras associações, nos mesmos dias. “O médico disse-me para não estar sentado durante duas a três horas. Mas no que diz respeito a reuniões que já estavam agendadas, de pequena duração, ou seja com cerca de 20 minutos, fiz tudo para que não fossem canceladas”, sustentou.
Ho garantiu também que aproveitou a maior parte do tempo que esteve de baixa para repousar. “Fiz poucas coisas, fui a algumas reuniões, mas na maior parte do tempo estive a descansar”, apontou.

As eleições para a escolher o próximo Chefe do Executivo deverão acontecer por volta do Verão. Ho Iat Seng tem sido apontado como o favorito, depois de ter voltado atrás na palavra. Inicialmente, Ho tinha dito que se sentia velho para o cargo. Mas tarde deixou em aberto a possibilidade de se candidatar ao mais alto cargo político em Macau.

Porque precisamos de educadores menstruais?

[dropcap]S[/dropcap]e só há uma educadora menstrual no mundo, deviam existir mais. As razões vão na mesma linha de que deveria existir mais e melhor educação sexual. Educadoras menstruais são simplesmente um pouco mais específicas à aflição mensal de quem possui um útero e que sangra entre quatro a seis dias. Digamos que é uma especialidade necessária para desconstruir certos mitos e tabus. Aqui ficam algumas preocupações que deviam fazer com que as educadoras menstruais se multiplicassem no mundo:

1. Ninguém fala abertamente sobre a menstruação, assim como quem tranquilamente comenta o estado de saúde ou do corpo. Tenho tentado trazer essa temática aos contextos mais esquisitos – com o risco de ter a vergonha a ruborizar a face– porque sei que é necessário para mim e para os outros. O que acontece é que a menstruação = (é igual a) pretexto para humilhação, particularmente nas camadas mais jovens. Por isso não ajuda a inexistente discussão da dita na esfera pública. Porque quando é discutida (lembram-se da Fu Yuanhui que nos Jogos Olímpicos falou das suas dores menstruais?) a surpresa da discussão continua a ser demasiada.

2. Ninguém sabe na verdade o que é a menstruação. Afinal, quem é que percebe o ciclo menstrual e de como este funciona? As pessoas que menstruam passam por fases particulares que lhes definem os 28 dias mensais e, por isso, todo o ciclo terá que ser o foco de conhecimento. É preciso entendê-lo nas formas que transformam o corpo e a mente. Este é daqueles casos que ignorance is not a bliss.

3. Ninguém fala verdadeiramente sobre as dores e confortos da menstruação. Além dos queixumes típicos de dores abdominais, e da caricatura popular que a mulher está ‘nos seus dias’, a verdade é que casos graves de TPM ou de endometriose não são diagnosticados como tal. Há muita investigação feita acerca da forma como o desconforto menstrual é, digamos, normalizado. A suposição é de que todo o mau-estar menstrual é normal e por isso não há nada a fazer se não tomar analgésicos para o aliviar. Só que assim não é dada devida atenção à gravidade de certas menstruações difíceis – e não me refiro à negligência do ‘nível mundano’ mas à negligência institucional e académica também, que tende a pôr de lado estes tópicos e deixam pessoas que menstruam com as suas dores terríveis por diagnosticar.

4. Ninguém percebe de que forma o lixo menstrual (pensos e tampões descartáveis) poluem irreversivelmente o ambiente, e muito provavelmente, a nós próprios. A isto vou chamar a desigualdade social da menstruação. Se numa ponta do mundo começa-se a falar de formas ecológicas para lidarmos com a nossa menstruação, a outra ponta ainda luta por um acesso pleno a produtos de higiene feminina dignos. Apesar de não existirem estatísticas claras, os pensos e tampões comerciais poluem o solo e as águas subterrâneas de forma considerável. O que será, portanto, uma boa saúde menstrual? Como é que equacionamos as questões práticas de poluição quando – apesar de questões extremamente relevantes – há quem nem sequer tenha acesso a produtos – mesmo que os mais rascas e poluentes do mercado? Parece-me que a menstruação tem que ser vista à luz do mundo complicado e desigual onde vivemos mas que pode muito bem ser usada como ferramenta de empoderamento. Principalmente quando estas dinâmicas de poder e desigualdade se tornam claras.

Ainda que tenha perfeita consciência da minha hipérbole ao julgar que ninguém pensa nestas questões da menstruação, tenho cá para mim que muita gente não pensa, muito menos fala, sobre estas coisas. Estes são quatro pontos muito simples e muito pouco desenvolvidos para mostrar que a menstruação atravessa domínios importantes para pensarmos sociedades felizes, como a educação, saúde e até a ecologia. Não vos parece claro que ainda teremos que trabalhar bastante para um mundo feliz e menstruado?

Automobilismo | Raul Torras promete regresso a Macau

A estreia de Raul Torras no Grande Prémio de Motos de Macau teve tanto de curta, como de intensa. Apesar do aparatoso acidente e do enorme susto, o espanhol de 42 anos promete voltar ao Circuito da Guia já no próximo ano

 

[dropcap]O[/dropcap] piloto espanhol Raul Torras foi um dos dois motociclistas acidentados que visitou o Centro Hospitalar Conde São Januário na manhã do dia 15 de Novembro. Ainda a recuperar das mazelas da queda à passagem do vigésimo quarto minuto do primeiro treino-livre do evento, Torras admite que lhe saiu a lotaria naquele momento particular. Mesmo com a aposta contínua que a organização da prova tem feito na segurança do circuito nos últimos anos, as consequências de um acidente naquele ponto da pista e àquela velocidade poderiam ter sido bem mais graves. “Sinto-me fisicamente muito, mas muito, dorido”, disse Torras ao HM. “O golpe foi muito, muito forte, e a uma velocidade muito alta. Afortunadamente sofri ‘poucas’ lesões.”

Torras perdeu o controlo da sua Yamaha R1 na entrada da Curva do Mandarim Oriental e acabou por bater no muro exterior. O piloto ficou assombrosamente inerte no asfalto, enquanto a moto japonesa acabou por se imobilizar já em chamas longos metros depois.

Estreante no Circuito da Guia, apesar de ter no seu currículo várias presenças nas principais provas de estrada de nível mundial, o piloto foi rapidamente assistido pela equipa de intervenção e transportado de emergência para o Centro Hospitalar Conde São Januário, onde lhe foi diagnosticada uma hemorragia cerebral e uma inflamação da clavícula direita. “É quase um milagre que três dias depois tive alta hospitalar e pude regressar a casa a andar pelos meus próprios pés”, admite o catalão. “Pese embora, como digo, três semanas depois ainda tenho muitas dores nas costas, pescoço e ombros e ainda não consigo fazer a vida normal.”

A recuperar

Mal chegou ao seu país Natal, Torras iniciou o processo de recuperação, porque deixar as pistas nunca foi opção e quer estar pronto o mais depressa possível para voltar à competição. “Agora, sinto-me muito melhor. Iniciei a reabilitação do ombro, tenho mais mobilidade. As dores persistem, mas com menos intensidade”, explica, sendo que “se tudo correr bem, espero estar totalmente recuperado em quatro ou cinco semanas.”
Torras reconhece que o seu acidente não foi provocado por ter saído mal da curva, mas antes por ter tocado no muro interior. As motos chegam a atingir os 250 km/h neste ponto da pista e o segredo passa por encontrar a trajectória certa, o “apex” perfeito.

“O acidente foi culpa minha”, admite hoje o piloto da equipa MartiMotos. “Eu não calculei bem onde estava o vértice da curva, fechei muito o interior e bati na parede com o ombro. Isso desequilibrou-me, fez-me abrir a trajectória e ir contra o muro exterior. Como as curvas são totalmente cegas, é muito difícil saber e, ou, calcular onde está o ápice da curva.”

Missão por completar

Apesar da infeliz primeira passagem pela RAEM, Torras ficou cliente da prova de motociclismo de estrada mais importante do continente asiático e já pensa em competir entre nós em 2019. “À parte de tudo isto, estou ansioso pelo próximo ano. De Macau gostei muito. O Grande Prémio de Macau e a sua organização parecem-me o melhor que já conheci”, afirma Torras que representou o seu país em provas diversas, como a célebre Ilha de Man TT, a North West 200 ou o Grande Prémio de Ulster.

O infortúnio à quinta volta ao Circuito da Guia não o atemorizou, bem pelo contrário, apenas lhe deu um motivo para regressar com mais força, pois Torras acredita que tem agora uma missão a completar. “Claro que eu quero voltar! Embora tenha rodado pouco, realmente gostei de estar aí. Conheci pessoas muito porreiras e quero voltar para, pelo menos, terminar a corrida.

A queda deixou-me com um ‘espinho na cabeça’. É como deixar algo ‘a meio’ e não gosto desse sentimento. Quero terminar o que comecei”, afiança o número 49, que não hesita repetir, “gostei muito da organização do Grande Prémio de Macau. Devo felicitá-los a todos e espero vê-los no próximo ano!”

Das boas maneiras

[dropcap]N[/dropcap]a peça O Leque de Windermere, de Oscar Wilde, é dita uma frase que decidi adoptar como lema pessoal: « As maneiras antes da moral» (ou manners before morals, no original). É um aforismo tipicamente wildeano: cintilante, de uma falsa superficialidade e uma subversão com estilo.

A peça em questão é uma comédia de costumes que põe em causa a hipocrisia da moral Vitoriana, a mesma que iria condenar Wilde à sua tragédia final. Mas esta pequena frase contém outra verdade subjacente e cada vez mais esquecida: as boas maneiras são essenciais para as relações humanas.

No passado dia 1 de Dezembro morreu um dos seus grandes defensores contemporâneos, o italiano P. M. Forni. Este professor universitário que leccionava Boccacio e Dante na universidade John Hopkins, em Baltimore, abraçou uma nobre causa: a defesa da civilidade. Nestes dias radicais, dedicar uma vida à observação das conveniências e à polidez entre indivíduos parece uma actividade ociosa; mas precisamente por estarmos a viver neste clima cultural é que se torna ainda mais essencial. Forni escreveu dois livros bastante aclamados nos Estados Unidos: Choosing Civility: The Twenty-Five Rules of Considerate Conduct (2002) e The Civility Solution: What to Do When People Are Rude (2010). «O primeiro livro é sobre como não ser rude», disse a sua viúva ao New York Times, « o segundo é sobre o que fazer quando alguém é rude connosco». Uma formulação simples e eficaz mas que esconde muito do pensamento de Forni.

Para ele as boas maneiras – a civilidade – resultavam em maior produtividade, menos stress e maior potencial de desenvolvimento. Respeitar regras tão aparentemente óbvias como falar baixo ou falar amavelmente melhoraria as relações humanas em todas as situações. Mais: Forni acreditava que os actos de violência eram frequentemente resultado de grosserias que ficavam fora de controlo. Lembrou ao mundo que a palavra “civilidade” tem no seu étimo o latim civitas – cidade, comunidade – e que como tal não podia ser relegada para gavetas de protocolo. A civilidade está ao alcance de todos e a humanidade anda a lutar com isso desde o seu início. Forni criou também o programa de civilidade da universidade John Hopkins em 1997, que ainda funciona e é reconhecido como fundamental por diversas entidades cívicas.

A sua epifania chegou quando leccionava uma aula sobre a Divina Comédia (sim, outra vez): «Disse aos meus alunos que se soubessem tudo sobre Dante e depois maltratassem uma idosa no autocarro teria falhado como professor», afirmou.

Forni era também um crítico feroz da vida moderna, como o proclamou no seu livro The Thinking Life: How to Thrive in the Age of Distraction (2011): «Infelizmente a reflexão profunda é a vítima mais ilustre da revolução digital», escreveu.

O combate de Forni (que outros já haviam iniciado – lembro de raspão o grande ensaísta inglês do século XIX, William Hazlitt ) é particularmente necessário nesta altura. Significa o triunfo do bom senso contra a radicalização e a consequente vontade de atribuir intenções políticas ou sociais para gestos simples e quotidianos. É dizer que abrir a porta a uma mulher não é uma proclamação de uma suposta hierarquia patriarcal nem o resultado de uma mirífica “realidade social construída”, como nos gritam as políticas identitárias. É um acto de gentileza, como ouvir o outro, saudar um amigo, dar prioridade aos cidadãos mais velhos. É, na verdade, uma das maneiras de nos salvarmos uns dos outros.

LMA recebe “Sunday Show” no sábado | “As pessoas ficaram muito curiosas”

No próximo sábado, o Live Music Association recebe “Sunday Love”, um espectáculo de cabaret que tem celebrado o burlesco nos últimos 20 anos e que encerra um ciclo em Macau. Em jeito de festa de encerramento do show, membros da comunidade juntam-se aos artistas no palco da Coronel Mesquita

 

[dropcap]“S[/dropcap]unday Love” é o cabaret que tem dado vida ao burlesco em Portugal e levado ao palco performances artísticas há quase 20 anos. Quis o destino que Macau fosse o cenário final deste espectáculo, mais precisamente o Live Music Association (LMA). O momento está marcado para o próximo sábado, dia 15, pelas 22h.

“O lema deste espectáculo foi sempre o de convidar artistas para desenvolverem qualquer coisa a partir de um tema que lhes é dado”, começa por contar a directora artística e mestre de cerimónias, Mónica Coteriano, ao HM. Se no início os participantes eram essencialmente artistas, em pouco tempo o palco servia a todos os interessados. “À medida que se foi desenvolvendo, várias pessoas foram aderindo, sendo que havia interessados em participar que não era eram necessariamente artistas. Eram pessoas que iam ver o espetáculo e que depois vinham ter connosco a perguntar se no próximo podiam participar”, explica a responsável.

É com este espírito que “Sunday Love” é apresentado em Macau. No palco do LMA serão representadas “peças” preparadas por quem cá mora. “O desafio foi lançado à comunidade local – portugueses, macaenses, chineses, brasileiros, todos – que aderiu com uma panóplia de ideias”. Em suma, “o que aconteceu em Macau foi espectacular, até porque dado o tema, e tendo em conta o conceito de cabaret, as pessoas ficaram muito curiosas. A intenção é que cada um faça o que lhe der a real gana”, refere a Mónica Coteriano.

O resultado será um cabaret, para adultos, que conta com vários géneros artísticos e, acima de tudo, com muito boa disposição e surpresas várias.

Ainda assim, é um espectáculo estruturado em que “as apresentações se sucedem e são diferentes entre si”. Neste sentido, o público não sabe o que vai ver a seguir, o que o torna mais apelativo, considera a directora artística.

A juntar-se aos protagonistas locais, vem de Portugal o actor Gonçalo Ferreira de Almeida, a actriz Inês Nogueira e o maquilhador Jorge Bragada.

Final feliz

O “Sunday Love” nasceu em Portugal, no Bairro Alto pelas mãos do colectivo “Bomba Suicida”, em 2001. Mónica Coteriano faz parte do núcleo duro que, na altura, criou este cabaret que se foi desenvolvendo, sempre com o mesmo conceito. Mas, quase 20 anos decorridos, chegou a hora de dar lugar a outros projectos. Depois de um espectáculo no passado mês de Setembro em Portugal, e com a directora artística também responsável pela associação local “10 Marias”, “fazia sentido fazer o enterro em Macau”, referiu.
Paralelemente, o formato cabaret está a regressar em força, ocupando lugar de destaque em cartazes um pouco por todo o mundo e Mónica Coteriano acredita que Macau tem a atmosfera necessária para receber este tipo de expressão artística.

“O preconceito relativamente a este género de espectáculo já foi deixado de lado, ou pelo menos quero acreditar nisso”. Prova disso é a procura de bilhetes que tem sido, “felizmente, bastante grande”, comenta a directora artística do evento.

“Sunday Love” é um espectáculo para maiores de 18 anos apoiado pela Casa de Portugal e a Fundação Oriente. A responsável deixa ainda o alerta: “costumamos ser pontuais, e pedimos às pessoas para estarem no LMA às 22h”.

O que está para vir

Mónica Coteriano está à frente da associação “10 Marias”, uma entidade que se dedica à concepção e apresentação de espectáculo multidisciplinares.

Em mãos está agora um projecto que inclui Tó Trips dos Dead Combo, duas actrizes e uma videografa e que traz “a história dos navegadores que vinham para Macau, vista sob a perspectiva das mulheres que encontravam nos locais por onde passavam, e que eram as suas amantes”.

“Outra característica deste espectáculo em construção é a presença do maquilhador em palco que que vai transformando as participantes consoante vão mudando de país a que pertencem”, revela Mónica Coteriano.

Praia Grande | Moradores exigem demolição de loja considerada ilegal

Os moradores do edifício Lap Heng, situado ao lado do Banco Luso Internacional, exigem a demolição de uma loja de conveniência situada à entrada do prédio. A DSSOPT já confirmou a ilegalidade do negócio, cujo funcionamento tem causado, segundos moradores, problemas de higiene

 

[dropcap]O[/dropcap] edifício Lap Heng, localizado na zona da Praia Grande, ao lado do edifício do Banco Luso Internacional, tem registado problemas de higiene e drenagem causados, alegadamente, pelo funcionamento da loja de conveniência Chun Kei, que se situa à entrada do prédio, bloqueando uma zona de circulação.

A situação foi ontem denunciada por moradores numa conferência de imprensa, onde pediram a demolição da loja, uma vez que esta está a funcionar de forma ilegal. O filho do proprietário apareceu na conferência e assegurou que tem vontade de cooperar para a resolução do problema, mas que é preciso que os serviços públicos tratem da questão da propriedade da loja.

De acordo com o representante dos moradores, de apelido Wong, o edifício tem vindo a ser afectado por problemas de higiene desde 2017, causados por problemas no sistema de drenagem, que afectam não só o dia-a-dia dos residentes como dos estabelecimentos comerciais.

“Para melhorar o sistema de drenagem, é necessário que as máquinas das obras venham para dentro, mas o espaço onde a loja se situa impede a entrada de veículos”, explicou. O assunto já terá sido exposto aos proprietários da loja, mas ainda não se chegou a um consenso quanto à resolução do problema.

Confirmação da DSSOPT

Além dos problemas de higiene, coloca-se a questão da propriedade do espaço. O ano passado, os moradores não encontraram qualquer registo de propriedade da loja de conveniência Chun Kei. Um outro morador consultou junto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que a loja não deveria estar naquele espaço, uma das saídas do edifício, de passagem pública.

A DSSOPT terá dito aos moradores que vão proceder à demolição da loja, mas o representante dos moradores exige que o processo seja mais célere, uma vez que estão em causa problemas de higiene e segurança.

Na conferência de imprensa estiveram presentes o filho e a mulher do proprietário da loja. A esposa, de apelido Lok, referiu que os moradores prestaram declarações falsas, tendo garantido que a loja tem registo comercial e que, até ao momento, não recebeu da DSSOPT nenhuma ordem de demolição. Lok disse que a loja foi adquirida a um outro proprietário no final da década de 70.

O filho, de apelido Ng, disse que, no passado, as leis permitiam o funcionamento de várias lojas no mesmo sistema em que opera a Chun Kei.

Ng disse que tem vontade de cooperar e que é necessário que os serviços públicos esclareçam a questão da propriedade, para determinar o seu funcionamento no futuro.