Professor da UM fora da corrida a reitor da Universidade de Coimbra Diana do Mar - 18 Jan 2019 Yang Chen, professor da Universidade de Macau, desistiu de concorrer à reitoria da Universidade de Coimbra por a audição pública dos candidatos ao cargo ter que ser feita em português, uma língua que não domina [dropcap]Y[/dropcap]ang Chen, um dos cinco aspirantes a reitor da Universidade de Coimbra, retirou a sua candidatura ao cargo. A informação foi avançada pela própria instituição de ensino superior num comunicado, divulgado na noite de quarta-feira, que não adiantava, porém, os motivos. “Disseram-me que tenho de fazer a apresentação em português, língua que eu não falo”, explicou ontem o professor de Matemática da Universidade de Macau ao HM, referindo-se à audiência pública dos candidatos, marcada para o próximo dia 4 de Fevereiro. Na entrevista concedida ao HM, publicada na edição de quarta-feira, o académico, natural de Singapura, tinha antecipado a possibilidade de não chegar à fase da audição pública dos candidatos, dado que estava a aguardar por uma resposta ao e-mail que enviara sobre a possibilidade de fazer a apresentação em inglês, por não falar a língua de Camões. Actos e omissões O regulamento eleitoral deixa claro que o programa de acção a submeter aquando da apresentação das candidaturas tinha de ser redigido em português – algo que Yang Chen cumpriu e por isso foi aceite como candidato. No entanto, as regras nada referem sobre a língua a ser usada na audição pública. Com a saída de Yang Chen, o número de candidatos à liderança da Universidade de Coimbra fica reduzido a quatro. Além do actual vice-reitor Amílcar Falcão, do docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e do director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, participa na corrida a astrónoma brasileira Duília Fernandes de Mello, que passou a ser agora a única estrangeira aspirante ao cargo. A eleição do reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vai ser feita numa reunião plenária do Conselho Geral, marcada para o próximo dia 11 de Fevereiro. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.
Estacionamento ilegal | Três jovens acabam presos Hoje Macau - 18 Jan 2019 [dropcap]T[/dropcap]rês jovens foram detidos e acusados pelas autoridades da prática do crime de furto pelo facto de terem retirado um bloqueador de um veículo que estava estacionado no parque de estacionamento de um hotel do Cotai há dois meses. De acordo com o jornal Ou Mun, um dos jovens, que é proprietário do automóvel, está também acusado do crime de burla, tendo recusado pagar o montante de 40 mil patacas relativo aos dois meses de estacionamento. O dono do carro, que já foi presente ao Ministério Público, disse que estacionou o veículo no local porque um amigo lhe disse que o serviço era gratuito. Dois meses depois descobriu que tinha uma dívida de 40 mil patacas, tendo ido com os outros dois detidos, na quinta-feira da semana passada, retirar o bloqueador do carro.
TSI | Pedro Chiang perde recurso Hoje Macau - 18 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) negou ontem provimento a um recurso interposto por Pedro Chiang contra um despacho proferido por uma juíza do Tribunal Judicial de Base. Em causa estará uma questão jurídica relacionada com a prescrição de um dos processos em que esteve envolvido. O empresário foi condenado à revelia nomeadamente por subornar o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long.
Património | Recolhidas 200 opiniões sobre classificação de nove bens imóveis Hoje Macau - 18 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) recebeu aproximadamente 200 opiniões sobre a classificação do segundo grupo de bens imóveis desde a entrada em vigor da Lei da Salvaguarda do Património Cultural, durante a consulta pública, que terminou no passado dia 5, ao fim de dois meses. Em comunicado, divulgado ontem, o Instituto Cultural (IC) indicou que a maioria dos que participaram nas três sessões de consulta pública manifestou apoio à classificação do conjunto, sem especificar quantos. Em causa, figuram nove bens imóveis. A saber: o Posto do Guarda-Nocturno (Patane), o Templo de Sin Fong, as Ruínas do Colégio de S. Paulo (Antigo Muro, troço na Rua de D. Belchior Carneiro, n.º 35), o Edifício na Calçada do Gaio, n.º 6, o Edifício na Estrada da Vitória, n.º 30, as Casas Moosa, o Cemitério de S. Miguel Arcanjo, o Antigo Mercado do Tarrafeiro e a Feira do Carmo (Antigo Mercado Municipal da Taipa). O IC tem agora um máximo de 180 dias para apresentar o relatório final relativamente às opiniões recolhidas.
Oito projectos culturais vão receber financiamento do IC Hoje Macau - 18 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap]ito de 16 projectos foram escolhidos no âmbito do programa de subsídios à arte da comunidade 2019, anunciou ontem o Instituto Cultural. “Minha História na Jornada” (Comuna de Pedra), “Borboleta Colorida Espalhando Asa – Projecto de Coesão Comunitária de Teatro Uma Pessoa Uma História” (Zero Distance Cooperative), “Luzes Cintilantes e Flores Resplandecentes – Projecto de Arte Comunitária” (Dream Theater Association) figuram entre os seleccionados. O projecto “Mapa da Comunidade de Coloane e Visita guiada dos Moradores” (Rolling Puppet Alternative Theatre), “Diário da Comunidade do Porto Interior 2019” (Arts Empowering Lab), “O Que Eu Posso Fazer?” (Godot Art Association), “Sobre Nós” (Four Dimension Spatial) e “Exposição Temporária – Plano de Consolidação Comunitária da Rua dos Ervanários” (Own Theatre) completam a lista de projectos seleccionados para receber financiamento do IC. O programa, lançado pela primeira vez em 2013, tem como finalidade encorajar os grupos artísticos locais a entrarem nos bairros comunitários ou numa comunidade social particular instando os residentes a desenvolverem criações artísticas.
Casinos | Pedidos de exclusão de acesso com aumento significativo em 2018 Diana do Mar - 18 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) registou, no ano passado, um total de 490 pedidos de exclusão de acesso aos casinos, ou seja, mais 114 do que em 2017. Do total, 417 foram de auto-exclusão (85,1 por cento) enquanto os restantes 73 foram submetidos por terceiros, de acordo com dados publicados no ‘site’ da entidade reguladora. Ao abrigo da lei, que condiciona a entrada, trabalho e jogo nos casinos, o director da DICJ pode interditar o acesso a todos os casinos, ou a apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou confirmem requerimento apresentado para este efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2.º grau. O número de pedidos de exclusão de acesso aos casinos tem seguido uma tendência de aumento desde a entrada em vigor da lei, em 1 de Novembro de 2012. A título de exemplo, em 2013 foram registados 276 pedidos, contra 351 em 2016 e 376 em 2017.
Casinos | Número de menores de 21 anos recusados à entrada em 2018 diminui Diana do Mar - 18 Jan 2019 [dropcap]M[/dropcap]ais de 400 mil menores de 21 anos foram impedidos de entrarem em casinos durante o ano passado. Dados facultados ao HM pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que 401.851 foram bloqueados à entrada, enquanto 173 foram apanhados no interior dos casinos. O número global (402.204) traduz uma diminuição face a 2017, ano em que aproximadamente 430 mil menores de 21 anos tentaram infringir a lei de condicionamento da entrada, do trabalho e do jogo nos casinos, ao abrigo da qual as concessionárias estão impedidas de contratar ou de permitir o acesso aos espaços de jogo por parte de menores de 21 anos. A lei prevê sanções administrativas para quem violar as regras, cujas multas oscilam entre as mil e dez mil patacas. É ainda imposto um “dever de fiscalização” às concessionárias de jogo, cujo incumprimento é penalizado com coimas que vão de dez mil patacas até 500 mil patacas. Além do Corpo de Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária, são autoridades competentes para solicitar a identificação dos frequentadores dos casinos e para ordenar a sua expulsão, quando em exercício de funções, inspectores da DICJ e respectivas chefias, e os directores dos casinos. A lei determina que “os trabalhadores das concessionárias no exercício das funções de fiscalização da entrada nos casinos podem solicitar prova da idade às pessoas que pretendam frequentar os casinos e vedar a entrada a quem a recuse”.
Studio City | Fichas mortas nas salas VIP acabam em 2020 Hoje Macau - 18 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] Melco International Development anunciou na passada terça-feira que o casino do Studio City em Macau vai terminar com o funcionamento das fichas mortas nas salas VIP do seu casino, de acordo com o Jornal Ou Mun. Estas fichas não podem ser trocadas por dinheiro vivo. A medida entra em vigor a 15 de Janeiro de 2020.
Casinos | Segmento VIP cresceu no ano passado, mas proporção nas receitas diminuiu Diana do Mar - 18 Jan 2019 As receitas geradas pelo jogo VIP voltaram a crescer no ano passado, mas o peso que ocupou no total arrecadado pelos casinos encolheu [dropcap]O[/dropcap] jogo VIP continuou a deter a fatia de leão no bolo das receitas arrecadadas pelos casinos, mas o peso que ocupa diminuiu no ano passado, revelam dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). As receitas angariadas nas salas de grandes apostas atingiram 166.097 milhões de patacas no ano passado – mais 10,6 por cento face a 2017 –, contribuindo com 54,8 por cento para o total arrecadado pelos casinos. Uma proporção que encolheu 1,8 pontos percentuais comparativamente a 2017. O segmento VIP tem visto o peso que representa nas receitas totais da indústria do jogo sofrer altos e baixos nos últimos anos: em 2017 foi de 56,6 por cento; em 2016 correspondeu a 53,2 por cento e em 2015 a 55,3 por cento – isto quando em tempos idos chegou a ser superior a 70 por cento. Os casinos fecharam 2018 com receitas de 302.846 milhões de patacas, traduzindo uma subida de 14 por cento. Tratou-se do segundo ano consecutivo de subida das receitas de jogo, depois de 2017 (+19,1 por cento) ter invertido a tendência de queda nos três anos anteriores (-3,3 por cento, em 2016, -34,3 por cento em 2015 e -2,6 por cento em 2014). Fatias menores No ‘ranking’ de todo o sector, depois dos casinos (que representam 99,6 por cento dos proventos) – mas a colossal distância – figuraram as apostas nos jogos de futebol que, ao longo do ano passado, renderam 674 milhões de patacas (mais 155 milhões). Seguiram-se as apostas nos jogos de basquetebol, com 222 milhões (mais 37 milhões). Já as das corridas de cavalos mantiveram a tendência de descida pelo quinto ano consecutivo, com as receitas a sofrerem uma quebra na ordem dos 3 milhões face a 2017 para 104 milhões de patacas, no ano em que o contrato de concessão da Companhia de Corridas de Cavalos, que opera o Macau Jockey Club, foi prorrogado por 24 anos e meio até 31 de Agosto de 2042. No balanço da indústria de jogo de 2018 entram ainda as corridas de galgos, com apenas 23 milhões de patacas. As contas feitas reflectem apenas os primeiros dois trimestres, devido ao termo do prazo do contrato de concessão para a exploração, em regime exclusivo, das corridas de galgos, da Yat Yuen, em finais de Julho. Já as lotarias chinesas geraram receitas de 13 milhões (mais 3 milhões), registando o segundo pior desempenho da indústria do jogo, a seguir às lotarias instantâneas. O contrato de concessão com a Sociedade de Lotarias Wing Hing foi recentemente prorrogado por um ano, expirando no próximo dia 31 de Dezembro. Macau contava, no final do ano passado, com 6.588 mesas de jogo e 16.059 ‘slot machines’ distribuídas por um universo de 41 casinos, dos quais dois com actividade suspensa, de acordo com dados da DICJ.
Infiltrações | Executivo resolveu mais de 13 mil casos desde 2009 João Santos Filipe - 18 Jan 2019 Em 137 situações, os proprietários de fracções recusaram abrir as portas de casa para ajudar os vizinhos a resolver o problema. O Executivo vai estudar forma de obrigar proprietários a cooperarem [dropcap]E[/dropcap]ntre Fevereiro de 2009 e o final do ano passado, o Governo resolveu 13.859 casos de infiltrações, ou seja 75,98 por cento das queixas apresentadas, pelas pessoas que recorreram ao Centro de Interserviços para Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios. Os números foram apresentados ontem pelo Governo à Comissão da Assembleia Legislativa de Acompanhamento dos Trabalhos de Coordenação do Governo para a Resolução do Problema das Infiltrações de Água. De acordo com as informações comunicadas aos deputados e reveladas pelo presidente da comissão, Si Ka Lon, ao longo dos quase dez anos em que o centro está em funcionamento houve um total de 18.240 queixas. Entre estas, 13.859 foram resolvidas com sucesso devido à intervenção do Executivo. Por outro lado, uma percentagem de 3 por cento, equivalente a 687 casos, acabaram resolvidas pelos proprietários, apesar de ter sido pedido auxílio ao Governo. Ainda no que diz respeito às infiltrações, em 2.574 casos os proprietários de fracções envolvidas nos problemas optaram por não cooperar com os pedidos do centro. Em 137 casos, os donos das fracções recusaram mesmo a entrada nas respectivas casas das pessoas que pretendiam resolver os problemas de infiltrações. Por outro lado, há ainda 1.120 casos pendentes. No final da reunião com o Governo, Si Ka Lon mostrou-se preocupado com a forma como a informação foi apresentada: “Há muitas dúvidas, a estatística não permite saber se a percentagem de situações resolvidas é maior nos edifícios públicos ou nos edifícios privados. Não sabemos a idade das residências em que acontecem as infiltrações nem a fonte do problema”, afirmou Si Ka Lon. “Dissemos ao Governo que a informação pode ser apresentada e organizada de melhor forma e que os dados devem constar no portal do centro”, frisou. Entrada forçada Os deputados alertaram ainda para as dificuldades causadas pelos proprietários que não permitem a entrada nas residências. “O número não é significativo. Mas os prédios estão a envelhecer e o fenómeno pode tornar-se mais frequente. Há uma tendência de subida que tem de ser ponderada”, alertou. Actualmente o único mecanismo para forçar uma pessoa a abrir a porta de casa e resolver um problema de infiltrações que cause danos aos prédios dos vizinhos é o recurso aos tribunais. Esta é uma solução que Si Ka Lon considerou com “custos muito elevados”. Por isso, o Governo está à procura de uma solução que se inspire na situação das pensões ilegais. Quando há suspeitas de ilegalidades e os proprietários não abrem as portas, o director da DST pode pedir um mandado judicial que permite forçar a entrada, se necessário.
Enfermeiros | Governo diz que Kiang Wu não pode interferir na mudança de emprego Andreia Sofia Silva - 18 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) responderam a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou sobre o caso dos enfermeiros do hospital Kiang Wu que receberam um aviso da direcção do hospital para se demitirem, depois de terem mostrado intenção de se candidatar ao concurso de recrutamento para o Centro Hospitalar Conde de São Januário. O caso foi denunciado pelo próprio deputado, que recebeu queixas dos profissionais de saúde. Na resposta, que inclui uma explicação da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), é dito que o Kiang Wu não tem o direito de interferir no processo de mudança de emprego dos seus trabalhadores. “A DSAL responde que os residentes de Macau gozam da liberdade de escolha de profissão e de emprego. Ao mesmo tempo, quer para o empregador, quer para o trabalhador, a subsistência da relação de trabalho depende completamente da sua própria vontade, não devendo estar sujeita a interferência ou coerção de outrem.” O Governo adianta também que o concurso comum da carreira de enfermagem dos SSM está aberto a todos os residentes permanentes, “que têm liberdade de escolha profissional”. Os SSM explicaram ainda como funciona o processo de fiscalização dos subsídios atribuídos às instituições privadas de saúde, onde se inclui o hospital Kiang Wu. Existe uma “comissão responsável pela análise do relatório anual das actividades realizadas em conjunto com os documentos comprovativos apresentados pelas instituições financiadas, bem como pela aprovação do plano de actividades a realizar no próximo ano”. Este processo visa “assegurar que os apoios financeiros possam ser utilizados de acordo com os regulamentos previstos e o nível exigido dos serviços adquiridos de assistência médica possa ser alcançado”, concluem os SSM.
Lei do Hino | Associação de Jornalistas considera liberdade ameaçada e pede mudanças João Santos Filipe - 18 Jan 2019 Sónia Chan recusa alterar parte da lei do hino que permite ao Executivo “solicitar” que os média promovam a “Marcha dos Voluntários”. A secretária recusa restrições à liberdade de imprensa e justifica que não há sanções para os “amigos da comunicação social” que não cumprirem [dropcap]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça considera que a promoção da “Marcha dos Voluntários” faz parte da “responsabilidade social” dos órgãos de comunicação e recusa alterar a proposta de lei sobre o hino nacional. Ontem, a Associação dos Jornalistas de Macau (AJM) manifestou à Assembleia Legislativa, onde o diploma está em discussão, a vontade de ver eliminado o artigo que permite ao Executivo “solicitar” a cooperação dos média para a promoção do hino. Contudo, Sónia Chan colocou de parte a introdução de mais alterações à proposta do Governo e diz que “a discussão [sobre o assunto] está feita”. “Esperamos que os órgãos de comunicação cooperem connosco [neste assunto]. Também tem a ver com a vossa responsabilidade social”, respondeu a secretária. “Este artigo não vai afectar a liberdade de imprensa, e esperamos poder promover bem o hino nacional com os jornalistas, para os residentes terem mais amor pela Pátria”, acrescentou. A secretária argumentou que não devem haver preocupações, uma vez que não há penalizações na lei para os órgãos de comunicação social que não acedem às solicitações do Executivo. Na primeira versão da alteração à lei, o Governo tinha sanções, que foram eliminadas na proposta mais recente. Sónia Chan especificou que este aspecto da lei serve para enfatizar os deveres do Executivo. “É só para reforçar a obrigação do Governo, que tem a responsabilidade de fazer bem a promoção do hino nacional”, apontou. A secretária para a Administração e Justiça foi igualmente confrontada com o facto da proposta de lei em Hong Kong não ter um artigo semelhante. Contudo, Sónia Chan frisou que a base dos direitos das regiões é diferente e argumentou que a lei de Hong Kong também tem outros artigos sem correspondência com o ordenamento jurídico local. Máquina de propaganda Na carta enviada a Ho Iat Seng, presidente da AL, a direcção da AJM sublinhou que os órgãos de comunicação social não são uma “máquina de propaganda” do regime e que não têm a obrigação de cooperar com as “solicitações” do Executivo. Por outro lado, existe a preocupação de que este artigo da lei abra o precedente para futuras intervenções do género. “Mesmo sem haver penalizações, a lei dá ao Governo o direito de fazer ‘solicitações’ aos média. Uma vez implementada, a legislação vai causar disputas desnecessárias”, é defendido. “E o mais preocupante é que o Executivo pode utilizar esta lei para intervir ainda mais na liberdade de imprensa e autonomia editorial”, é sublinhado na missiva. Ainda no que diz respeito à promoção do hino em cooperação com os órgãos de comunicação social, a AJM não se opõe ao princípio, mas destaca que é fundamental garantir que a promoção seja feita fora dos blocos noticiosos, por uma questão de independência editorial. Pensões ilegais | Falta de comunicação A secretária para a Administração e Justiça considera que um dos principais problemas no combate às pensões ilegais se prende com o facto do Governo não conseguir encontrar os proprietários das fracções. Esta foi uma das discussões em cima da mesa no primeiro encontro do grupo de trabalho para discutir a criminalização do fenómeno, que aconteceu na terça-feira. “Um dos problemas passa pelo facto de não conseguirmos contactar os donos de casas. Não conseguimos entrar em contacto com eles”, explicou. Sónia Chan prometeu ainda ouvir as opiniões das associações locais sobre a criminalização.
Governo promete reduzir tempo dos concursos de recrutamento em duas semanas Andreia Sofia Silva - 18 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que vai reduzir o tempo necessário para a realização de um concurso de recrutamento em duas semanas. “Com base na apresentação de candidaturas por meios electrónicos utilizados, irá proceder à redução do actual prazo para a apresentação de candidaturas de 20 para 10 dias, seguindo-se uma redução do actual prazo para o suprimento de documentos de 10 dias úteis para cinco dias úteis. Prevê-se que as referidas medidas possam resultar numa redução aproximada de duas semanas do tempo necessário no processo de um concurso”, lê-se na resposta. Este tempo é contado “desde o início da apresentação de candidaturas até à publicação da lista definitiva dos candidatos admitidos”. Os SAFP estão também a analisar “a utilização de um sistema em que os candidatos são seleccionados para a entrevista em proporção com o número de vagas a serem preenchidas na fase de entrevista de selecção”. Para o Governo, “isso vai restringir com razoabilidade o número de candidatos às entrevistas, reduzindo o volume de trabalho que envolve as entrevistas e o tempo despendido pelo júri no tratamento do cálculo dos resultados para elevar a eficiência do recrutamento”. Está também a ser elaborado um estudo sobre a possibilidade dos vários serviços públicos virem a colaborar com os SAFP no processo de recrutamento de funcionários públicos. Esse estudo visa “verificar se a necessidade de pessoal é comum a vários serviços públicos, podendo o respectivo concurso de avaliação de competências profissionais ou funcionais ser efectuado pelos SAFP em colaboração com os serviços públicos interessados, reduzindo os recursos necessários para o processo do método de selecção de cada serviço público”.
Eva Koralnik conta como sobreviveu ao Holocausto Sofia Margarida Mota - 18 Jan 201928 Jan 2019 O fim do Holocausto assinala-se no próximo dia 27 de Janeiro. Eva Koralnik esteve ontem na Universidade de Macau para partilhar a sua história que, ao contrário de muitas, teve final feliz. Aos sete anos, altura em que começou o extermínio dos judeus que viviam na Hungria, conseguiu, com a mãe e a irmã recém-nascida, fugir para a Suíça. Com a memória ainda fresca, a sobrevivente conta como, de um dia para o outro, uma vida normal se transformou num pesadelo [dropcap]C[/dropcap]orpos enchiam as ruas da bela Budapeste”. É assim que Eva Koralnik recorda uma parte da sua infância no momento em que decorria o extermínio de judeus na Hungria, em 1944. Na altura tinha sete anos, mas a memória não lhe falha, até porque “foi um período muito intenso”. Filha de pai húngaro, Willi Rottenberg, e mãe suíça, Berta Passweg, Eva Koralnik nasceu na capital húngara em 1936. Durante esse período a lei suíça estava repleta de discriminações, uma delas viria a ser determinante para a história da família: uma mulher suíça que casasse com um estrangeiro perdia a nacionalidade. Um detalhe legal que se tornou fundamental quando a mãe de Eva se mudou para Budapeste, para seguir o negócio de família no sector dos têxteis, onde viria a conhecer e casar com um húngaro. Eva Koralnik foi a primeira filha, nascida num hospital que se tornou uma recordação maldita. “Quando os russos já estavam a libertar Budapeste, os nazis foram ao hospital e mataram toda a gente: enfermeiras, médicos, doentes, bebés”, apontou perante um auditório cheio de estudantes, na Universidade de Macau. No dia 19 de Março de 1944, o seu pai regressou do trabalho “com uma cara muito triste e disse só três palavras: eles estão aqui!”. Apesar de ter apenas sete anos, Eva Koralnik percebeu que algo terrível estaria a acontecer. FOTO: DR O objectivo das tropas era “matar o maior número de judeus, o mais depressa possível”. “A guerra estava quase no fim. Portanto, estavam com pressa”. Um imperativo fatal, a tempos agigantado pelo facto que “os nazis húngaros, por vezes, eram ainda mais cruéis que os alemães”, referiu. A Hungria, que tinha uma comunidade de cerca de 800 mil judeus, foi o último território a ser ocupado pelas tropas de Hitler. Entre Maio e Julho de 1944, foram executados mais de 450 mil judeus. Estrelas amarelas Assim que começou a ocupação foram aprovadas várias leis, “umas atrás das outras”, que limitaram severamente a vida dos judeus. “Primeiro, todos os judeus passaram a usar uma estrela amarela. A minha mãe coseu-me uma no casaco”, recorda. Além disso, “os judeus só podiam sair à rua duas horas por dia, durante a hora de almoço, quando as lojas estavam fechadas, não se podiam sentar em parques de jardim, não podiam usar eléctricos, à excepção da última carruagem”. A par das restrições reinava o medo. “Sabíamos que todos os camiões que ouvíamos passar levavam pessoas para uma estação ferroviária onde eram enfiadas em vagões com destino a Auschwitz e às câmaras de gás”, recorda. A palavra “selecção” ainda ecoa na memória de Eva Koralnik nos dias de hoje pelas razões mais funestas. “Quando as pessoas chegavam a Auschwitz, eram seleccionadas para dois destinos: uns iam directamente para as câmaras de gás, em especial mulheres, crianças e idosos e outros, enquanto os homens eram escolhidos para trabalhar”, explicou. À medida que os aliados se aproximavam de Budapeste, perto do final da guerra, os bombardeamentos tornaram-se um acontecimento diário. “Dormíamos vestidos porque a qualquer momento podiam soar as sirenes para irmos para a cave”, recorda. Nessa altura, já não havia carruagens para levar as pessoas para os campos de concentração e quem fosse encontrado pelos nazis, era atado, baleado e atirado para o Danúbio. “A minha tia, assim como centenas de outras pessoas, fizeram a chamada marcha da morte. Como já não havia forma de os transportar, estas pessoas andaram durante dias em direcção à Áustria. Quem colapsava era logo baleado”, recordou. Entretanto, a sua família foi separada quando o pai de Eva foi levado para um campo de trabalhos forçados. “Levaram todos os homens jovens, vestidos com uniforme e braçadeira que os identificava como judeus, para recuperar os caminhos de ferro dos comboios que levavam as pessoas para Auschwitz”, descreveu. Eva recorda ainda as palavras que ouviu mais tarde do pai sobre as mulheres que tentavam dar-lhes os seus bebés na esperança de que fossem salvos. Rumo à Suíça Ao mesmo tempo que o genocídio acontecia, centenas de pessoas juntavam-se em frente do consulado suíço, em Budapeste, para tentar arranjar um visto. O perigo da viagem não assustava quem preferia arriscar a travessia da Áustria, liderada pelos alemães, em busca de uma oportunidade de sobrevivência. Era neste consulado que trabalhava Harald Feller, um diplomata mais tarde reconhecido como um dos “justos entre as nações”, distinção dada àqueles, não judeus, que ajudavam as pessoas a fugir ao genocídio. Oskar Schindler e o português Aristides de Sousa Mendes são nomes que também figuram nessa lista. “O homem do consulado que nos salvou prometeu fazer o seu melhor para negociar com os alemães a passagem segura até à Suíça para a minha mãe e mais três senhoras. Como não sabia se as conseguiria encontrar no dia em que conseguisse o visto, arranjou um esconderijo para as três”. Foi nesse local, situado no centro de Budapeste que esperaram seis semanas e onde a irmã mais nova de Eva acabou por nascer. “A minha mãe tirou a minha estrela amarela e fingimos não ser judeus porque isso poderia custar-nos a vida. O certificado de nascimento da minha irmã até hoje diz Vera Rothenberg, religião protestante. Isso salvou-nos”, recordou. Os vistos chegaram no dia 2 de Outubro de 1944. Até à Suíça, mãe e filha tinham pela frente 800 quilómetros de terror. “As carruagens vinham cheias de soldados e a minha mãe tinha medo que eu falasse com eles e lhes dissesse que éramos judias. Estava num medo constante, com uma recém-nascida nos braços e sem comida”, apontou. Percalços pelo caminho Chegadas a Viena começaram os percalços. “Surgiram quatro agentes da Gestapo, perguntaram se vínhamos de Budapeste e disseram para irmos com eles”. O destino era o Hotel Metropole (sede da Gestapo), que tinha na cave uma autêntica câmara de horrores onde os presos eram torturados e mortos. No entanto, nessa noite esperava-as um autêntico milagre: 44 mulheres judias passaram a noite nesse hotel e saíram vivas. “Os documentos falsos valeram-nos um tratamento simpático. Lembro-me bem dos agentes da Gestapo, com as suas botas brilhantes e os pastores alemães na trela. Era muito assustador. Deram-nos quartos lindíssimos e alimentação. A minha mãe estava angustiada porque não sabia se a comida estava envenenada. Eu dormi muito bem, adorei o sítio, mas as mulheres não pararam de andar de um lado para o outro cheias de medo”, descreveu Eva. Na manhã seguinte, seguiram viagem. “Esperávamos chegar à Suíça nessa noite, mas isso não aconteceu. O comboio parou a 10 quilómetros da fronteira”. Mais uma vez, o receio de serem apanhadas e mandadas de volta instalou-se. “Muitas pessoas já ali tinham chegado antes para tentar passar a fronteira, mas acabaram por ser levadas para os campos de concentração”, disse. A noite acabou por ser passada na localidade de Feldkirach, onde contaram com a ajuda do chefe da estação. “O mestre da estação teve tanta pena de nós – devíamos ter uma aparência miserável, cansadas e esfomeadas – que nos trouxe chá e deixou-nos dormir em cima das mesas”. Na manhã seguinte conseguiram, finalmente, passar a fronteira. O início da vida na Suíça não foi fácil. A família juntou-se à avó. O pai de Eva acabou por sobreviver ao campo de trabalho, e dois anos depois conseguiu regressar à Suíça. “Não nos queriam dar o passaporte. Éramos identificados como apátridas, mas em 1960 conseguimos obter passaporte suíço”, recorda com alegria. Eva estudou e licenciou-se em tradução, curso que lhe abriria a porta para trabalhar num processo judicial histórico que encerrou um dos capítulos mais dramáticos da sua vida. Palavras com sentido A palavra holocausto não existia nessa altura, acrescentou Eva Koralnik. “Estávamos apenas a vive-lo, mas não existia um nome”. As palavras conhecidas, além de selecção, eram “câmaras de gás, extermínio e deportação”. O que existia, sublinha, era o medo. “Apenas vivíamos no medo diário e as nossas ocupações era encontrar comida e esconderijo”. Agora há um nome. Chama-se Holocausto e o seu fim é assinalado no próximo dia 27 de Janeiro. Mas as preocupações com o ressurgimento de movimentos de segregação racial não são exclusivo do passado. Esta Europa que agora se mostra cada vez mais virada para a extrema-direita é uma preocupação para quem passou por um dos lados mais escuros da história do velho continente. “Enche-me de medo que tenhamos esta tendência de viragem à extrema-direita por toda a Europa”, confessou a sobrevivente. Para Eva, o que se está a passar neste momento “não é uma acção contra os judeus, mas é dirigira a todos os estrangeiros”. “Isto é uma situação assustadora”, rematou referindo-se às conquistas de poder e de popularidade de Le Pen na França, Órban na Hungria, aos movimentos que ganham protagonismo na Polónia e em Itália. A única forma de fazer frente a esta situação, considera, é estudar história e saber o que a Europa passou de maneira a que não se repita. “Temos que estar muito atentos para que não se volte a repetir o que aconteceu no Holocausto”, sublinhou. O processo Eichmann Em 1961, durante o julgamento histórico, em Jerusalém, de Adolf Eichmann, conhecido como um dos “arquitectos” do Holocausto, Eva Koralnik trabalhou como tradutora na sala de imprensa do tribunal. “Foi um trabalho muito duro”, apontou enquanto recordava o momento em que traduzia as palavras do responsável pela deportação de milhões de judeus para campos de concentração. “Eichmann estava numa cela de vidro para que as pessoas não o matassem a tiro, ou tentassem agredi-lo, mas o pior era quando chamavam as testemunhas que tinham escapado dos campos, mas que tinham de ir a tribunal contar o que lhes tinha acontecido”, apontou. Tratavam-se de depoimentos de pessoas que viram os filhos serem assassinados. A determinada altura, o arguido tentou defender-se referindo que nunca havia visto sangue e que, como tal, estava inocente. “Não viu o sangue porque fez tudo a partir da secretária”, apontou Eva Koralnik. Adolf Eichmann foi condenado à morte por enforcamento.
Dead Combo – “The Egyptian Magician” Hoje Macau - 17 Jan 201917 Jan 2019 “The Egyptian Magician” (instrumental) Dead Combo TÓ TRIPS, PEDRO V. GONÇALVES
Taiwan | Nova feira de arte internacional inaugurada hoje em Taipei Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]C[/dropcap]hama-se Taipei Dangdai e é a primeira edição da nova feira de arte internacional que acontece no centro de exposições Taipei Nangang. O evento foi hoje inaugurado e prolonga-se até domingo, sendo que o público poderá não só visitar obras de arte oriundas de galerias de todo o mundo como participar em palestras sobre a indústria. Citado por um comunicado, o director da feira de arte, Magnus Renfrew, garantiu que a inspiração da sua equipa passa por “trazer novos coleccionadores para o mercado com a nossa estrutura única de sectores, oferecendo qualidade em todos os preços”. “A arte tem tudo a ver com ideias que são comuns para todos nós, e a Taipei Dangdai aspira a ser um ponto de encontro para a troca dessas ideias, providenciando um contexto em que a arte é desembrulhada para uma audiência mais vasta e em que se reduz o fator intimidatório”, acrescentou. Amanhã o programa é marcado pela exploração do tema “Passado”, sendo feita uma retrospectiva do trabalho de artistas como Richard Lin e Li Yuan-Chia, considerada “uma das mais importantes artistas chinesas do século XX”. Sábado será dia de olhar para o “Presente”, onde o foco será as práticas de curadoria contemporâneas e os artistas emergentes. O domingo, último dia da feira, será dedicado aos principais museus e instituições de arte da Ásia do século XX.
Ano novo chinês | Estimado aumento do preço da carne de porco Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue e a Nam Kwong União Comercial e Industrial consideram que o fornecimento de porcos vivos a Macau deverá manter-se estável, uma vez que as quatro pecuniárias de Guangdong, que são as grandes fornecedoras do território, vão voltar a funcionar. Ainda assim, as duas empresas defendem que os preços da venda de porcos vivos deverão aumentar por altura do ano novo chinês, dados os receios da ameaça da peste suína africana, custos de transporte e questões relacionadas com a oferta e procura. De acordo com o jornal Ou Mun, os representantes de ambas as empresas apresentaram esta terça-feira a situação de fornecimento de alimentos frescos e vivos em Macau no ano passado. Actualmente mais de uma centena de bancas nos mercados vendem carne de porco, bem como 29 supermercados. No ano passado foram vendidos mais de 113 mil porcos vivos, um número que representou um aumento de 3,6 por cento face a igual período de 2017. A Nam Yue e a Nam Kwong prometem pôr em prática o mecanismo de fixação de preços no mercado e reforçar a comunicação com as diferentes partes, para que não haja uma grande flutuação do preço dos alimentos. Sobre o novo mercado abastecedor, a Nam Yue disse que tem funcionado bem no último ano, sendo que as bancas dos quarto e sexto andares foram todas arrendadas, além de que o número de comerciantes de venda de vegetais aumentaram de 30 para 36. Houve ainda desistências e uma situação em que o comerciante não pagou a renda. Actualmente permanecem mais de 20 comerciantes em lista de espera, que vendem vegetais e ovos.
Joana Vasconcelos em Paris para abrir arte contemporânea a novos públicos Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] exposição “Branco Luz”, de Joana Vasconcelos, é inaugurada hoje, em Paris, e a artista portuguesa considera que expor em sítios menos tradicionais abre “os públicos para o meio artístico”, aumentando “a intervenção da arte na sociedade”. “A estrutura estabelecida diz que o artista deve expor numa galeria ou num museu. Obviamente aqui [nos armazéns Bon Marché] estamos a transgredir a tradição. Mas em vez de fechar o meio artístico, estes locais abrem os públicos para o meio artístico. A arte contemporânea, quanto mais vista, mais influência tem e mais altera as formas de pensar. Ora, vir a estes locais mais inusitados para a arte contemporânea é ampliar a sua intervenção na sociedade”, disse a artista portuguesa em entrevista à Lusa na capital francesa. A exposição de Joana Vasconcelos no Bon Marché é inaugurada oficialmente na quinta-feira e fica patente até dia 17 de Fevereiro, englobando uma das suas Valquírias com 30 metros que abrange a escadaria principal e os três andares deste armazém parisiense, assim como as suas montras que dão para algumas das ruas mais prestigiadas da margem esquerda do Sena. A valquíria, figura recorrente na obra da artista portuguesa, tem desta vez o nome de Simone, inspirada tanto na política e activista Simone Veil como na escritora e filósofa Simone de Beauvoir, mulheres que Joana Vasconcelos considera como “grandes personagens francesas”. “É a ideia que há mulheres que marcam a sua cultura e a transformam, trazendo uma nova perspectiva para a cultura onde se inserem. A ideia de transformação é o que me interessa, mulheres que no seu tempo transformaram através da sua perspectiva. É uma projecção da minha parte, era o que eu gostava de fazer no meu tempo”, explicou a artista. Desta vez, é uma valquíria inteiramente branca – inserida no tradicional mês do branco do Bon Marché que nos últimos quatro anos tem chamado alguns dos artistas mais prestigiados da arte contemporânea para expor no seu espaço – intercalando tricot, crochet e LED que envolve o percurso dos clientes desta loja francesa. “Há uma interacção de técnicas entre o ‘craft’ e as tecnologias, nós misturamos duas coisas que no mundo existem separadamente. Nós construímos coisas grandes com uma técnica que usa as mãos”, descreveu Joana Vasconcelos, revelando que este projecto demorou cerca de dois anos a ser concluído, teve o contributo de mais de 60 pessoas e que vieram cerca de dez pessoas do seu ateliê para a montagem na capital francesa – que está a decorrer desde o início do ano. Para Vasconcelos, é um regresso às suas origens. Nascida em Paris, onde viveu até aos quatro anos, e educada em Portugal, a artista admite que esta seria a segunda cidade, depois de Lisboa, onde poderia viver devido à relação que mantém a capital francesa a diversos níveis. “A minha relação com Paris é bastante íntima, pessoal e, ao mesmo tempo, profissional. Eu nasci aqui há 47 anos e todo este tempo depois estou a colocar aqui duas peças: uma que é o ‘Coração de Paris’, na Porta de Clignancourt, onde eu nasci e onde o meu coração começou a bater, e estou a vir ao Bon Marché, que é um local iconográfico da história francesa onde integro aqui uma dimensão do luxo, do social”, disse a artista portuguesa. O projecto do “Coração de Paris” foi escolhido pelos habitantes do 18.º bairro e pela Câmara Municipal, tendo inauguração prevista entre o fim de Janeiro e o início de Fevereiro. A artista não esquece as dificuldades passadas pelos pais na transição entre Portugal e França e considera “um privilégio” ter nascido e crescido em democracia. “Eu sou a primeira fornada a ser educada desde a primeira classe em democracia em Portugal e isso significa um privilégio grande e agora, com a minha idade, quem deu valor a essa democracia e ao país que temos, está em locais de destaque naquilo que faz. É na minha geração que se recoloca o país no mapa. Assim como os portugueses da diáspora também têm lugares importantes e olham para Portugal de outra maneira. É fruto dessa democracia”, resumiu a artista. Joana Vasconcelos inaugura, no dia 14 de Fevereiro, uma exposição em Serralves, no Porto, e nos meses seguintes vai ainda expor em Colónia, na Alemanha, Edimburgo, na Escócia, Roterdão, na Holanda e Madrid, em Espanha.
Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, faz exposição que é grande montra do seu trabalho Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] exposição sobre obras públicas em Angola e Moçambique, no período colonial, que é inaugurada hoje, em Lisboa, “é uma grande montra do trabalho que faz o Arquivo Histórico Ultramarino”, disse a directora desta entidade. Ana Canas, directora do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), falava à agência Lusa a propósito da exposição “Colonizando África: Relatórios das Obras Públicas em Angola e Moçambique (1875-1975)”, coordenada pela arquitecta Ana Vaz Milheiro, e que é inaugurada na quinta-feira. “Desde a transição da tutela do AHU – do Instituto de Investigação Científica Tropical para a Direcção-Geral do Livro, Bibliotecas e Arquivos (DGLAB), em Agosto de 2015 -, o AHU faz esta primeira exposição que permite mostrar o tipo de documentação que tem, neste caso, sobretudo relacionada com as obras públicas nas antigas colónias portuguesas, incidindo em Angola e Moçambique”, disse Ana Canas. A responsável referiu à Lusa que, no âmbito do projecto “Coast to Coast”, que estuda a paisagem colonial e pós-colonial nos domínios da arquitectura, infra-estruturas e cidades, “tem-se tratado [arquivisticamente] documentação relativa às obras públicas em todos os espaços que estiveram sob administração portuguesa, entre meados do século XIX e a década de 1930”. Ana Canas afirmou que, a partir deste tratamento arquivístico, “os instrumentos de pesquisa vão ser disponibilizados através da base de dados arquivística da DGLAB-AHU”, referindo que o projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), apresentado pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. A directora sublinhou que a “boa relação” entre as diferentes instituições, no “sentido de se descrever e tratar [a documentação], permite não só dar acesso aos investigadores como ao público em geral”. “Aproveitou-se esta parceria, em que participam investigadores muito ligados à área da arquitectura, que precisavam de aceder a documentação, que não estava ainda identificada e descrita, e que permite que documentação sobre infra-estruturas diversas, portos, caminhos-de-ferro, edifícios públicos, etc., passe a ficar disponibilizada para todos”, explicou Ana Canas. A exposição, que vai estar patente até 18 de Abril, no Palácio da Ega, à Junqueira, é inaugurada quando, em Lisboa, se realiza o I Congresso Internacional da Paisagem Colonial e Pós-Colonial, que começou esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian. A mostra, salientou Ana Vaz Milheiro, a coordenadora, dá um grande enfoque à força de trabalho, “à mão de obra”, no sector das obras públicas, apresentando relatórios, mapas, gráficos e outros documentos, desde 1875, quando foi criada a Sociedade de Geografia de Lisboa, e até 1975, quando se assinalam as independências de das ex-províncias ultramarinas de Angola e Moçambique. A arquitecta Ana Vaz Milheiro realçou o facto de as fotografias usadas na exposição “não serem de propaganda, mas as que eram usadas pelos técnicos” – a única excepção é uma fotografia da barragem das Mabubas, em Angola. “A ideia [da exposição] é mostrar os diversos relatórios que foram produzidos [entre 1875 e 1975] pelos diversos serviços de obras públicas coloniais, e como mostram de que forma o território foi ocupado”, disse à Lusa Ana Vaz Milheiro. A exposição faz parte de um projecto em que se mostra como o território colonial foi ocupado, do ponto de vista historiográfico. “E os nossos colegas de Angola e Moçambique fazem análises sobre este trabalho historiográfico, tentando compreender como as opções coloniais, em termos de infra-estruturação do território, se reflectem nos países, actualmente, nas opções estruturais de desenvolvimento desses Estados”, explicou Ana Milheiro. A mostra começa de “uma forma muito visual, com imagens, de preparação do visitante para o núcleo final”, composta sobretudo por “relatórios, mapas, gráficos”. As infra-estruturas analisadas dividem-se em três áreas: transportes (portos, ferrovias, estradas, pontes e aeroportos), assentamentos humanos, “dentro de lógicas de exploração das matérias-primas” (agrícolas e minerais), e, finalmente, a produção hidroeléctrica, “para tornar os territórios independentes do ponto de vista energético, e até, no caso de Cabora Bassa [actual Cahora Bassa, em Moçambique], numa lógica de exportação”. Neste âmbito, explicou Ana Vaz Milheiro, “há muitos estudos que apontam para uma relação entre o que se fazia em Portugal e o que se fazia em África”. Segundo a investigadora, muitos dos técnicos que trabalharam em África “trouxeram esse conhecimento e aplicaram-no no território português, mas também levavam os conhecimentos da engenharia, cá, e aplicavam-na nos territórios africanos”. “Havia uma grande simbiose e trocavam-se experiências”, enfatizou. Quanto à mão de obra, “há uma população negra nos trabalhos mais duros sobre a supervisão de homens brancos, europeus, demonstrando uma segregação no trabalho”, afirmou. “Havia trabalho compulsivo, forçado e, mais tarde, os próprios europeus, a não querem depender desse trabalho”, exigiram “a mecanização”. prosseguiu. Assim, “no final da década de 1950, vemos operários brancos a manusearem as máquinas”. “Nas obras públicas em Angola e Moçambique não vemos nem mulheres nem crianças”, disse à Lusa Ana Milheiro.
Ténis de mesa | Fu Yu e Marcos Freitas no quadro principal do Open da Hungria Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]M[/dropcap]arcos Freitas e Fu Yu são os portugueses qualificados para o quadro principal de singulares do Open da Hungria de ténis de mesa, prova que integra o circuito mundial e que está a decorrer em Budapeste. Em femininos, Fu Yu (36.ª do ‘ranking’ mundial), vai jogar com a húngara Dora Madarasz (77.ª), enquanto que em masculinos Marcos Freitas (25.º) tem como adversário o chinês Bo Fang (n.º 134). Fu Yu qualificou-se ontem para a ronda de 32, ao conquistar dois triunfos nas rondas preliminares: a olímpica portuguesa começou por vencer a brasileira Lin Gui por 4-1 e derrotou na terceira ronda a russa Yana Noskova, numa partida muito disputada, que teve o resultado final de 4-3. Em singulares masculinos – e com Marcos Freitas já colocado no quadro principal -, Tiago Apolónia foi afastado na terceira ronda preliminar, ao ser derrotado por 4-1 pelo germânico Dang Qiu. Jieni Shao foi eliminada na segunda ronda preliminar de femininos, pela chinesa Yuting Gu, com quem perdeu por 4-1. Na vertente de pares masculinos, Diogo Carvalho e Diogo Chen foram derrotados pela dupla indiana Sharath Kamal Achanta/Sathiyan Gnanasekaran por 3-0. Em pares mistos, Marcos Freitas e Fu Yu foram eliminados na segunda ronda pela dupla de Hong Kong formada por Kwan Kit Ho/Ho Ching Lee, com quem perderam por 3-0.
Deputado cabo-verdiano critica qualidade de materiais chineses usados em furos Hoje Macau - 17 Jan 201917 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] deputado cabo-verdiano Damião Medina, do MdP, partido no poder no país, afirmou ontem, no parlamento, que os materiais chineses usados para equipar furos no concelho do Porto Novo, ilha de São Antão, são de má qualidade. “Furos foram equipados nas vésperas das campanhas eleitorais em Porto Novo, foram mal dimensionados, material de má qualidade, atrevemos até dizer material chinês, que hoje estamos a resolver. Essas são as intervenções que vocês fizeram durante esses 15 anos”, disse o deputado do Movimento para a Democracia (MpD), eleito pelo círculo eleitoral da ilha de Santo Antão. O deputado fazia referência às obras realizadas pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), agora na oposição, após perder as eleições em 2016, depois de 15 anos no poder. Damião Medina fazia uma intervenção no debate com o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, no arranque da sessão plenária de Janeiro no parlamento cabo-verdiano, precisamente num edifício construído e reabilitado pela China. Em resposta, o deputado do PAICV Carlos Delgado pediu um pronunciamento do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, relativamente às declarações de Damião Medina, o que não chegou a acontecer. “Gostaria de ouvir o pronunciamento do presidente sobre essa afirmação infeliz do deputado, que acusou gravemente um país, que é a China, que tem uma cooperação histórica com este país”, afirmou Carlos Delgado, eleito também pelo círculo eleitoral de Santo Antão. Damião Medina voltou a intervir, dizendo que o seu colega não o vai colocar em problemas com a China. “Reconheço o que a China tem feito pelo país e não é o caso que referencia”, esclareceu. A China é um dos principais parceiros de Cabo Verde, em relações diplomáticas estabelecidas em 1976, um ano após a independência do país africano. Além da Assembleia Nacional, a China construiu vários outros edifícios emblemáticos em Cabo Verde, como a Biblioteca e o Auditório nacionais, a primeira barragem no país, e tem apoiado outros projectos e instituições no arquipélago.
Pyongyang pede assinatura de tratado de paz antes de segunda cimeira com Trump Hoje Macau - 17 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] imprensa norte-coreana pediu ontem a assinatura do tratado de paz inter-coreano, numa altura em que é esperado nos Estados Unidos um alto dirigente norte-coreano, no âmbito da preparação de uma segunda cimeira bilateral. “Transformar a península coreana numa zona de paz consistente é o caminho básico para iniciar uma era dourada de paz, prosperidade e reunificação”, afirmou, no editorial, o jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun, de acordo com a agência noticiosa espanhola EFE. A Guerra da Coreia (1950-53), que teve como pano de fundo a disputa geopolítica entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz, pelo que os dois países continuam tecnicamente em guerra. “Só quando transformarmos a península numa zona de paz duradoura e consistente é que o nosso povo poderá desfrutar de uma vida pacífica e estável”, referiu. O artigo é publicado pouco antes da chegada à Washington de Kim Yong-chol, que já se devia ter reunido com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em Novembro, em Nova Iorque. Desde a primeira cimeira entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, em Junho de 2018, na qual os líderes concordaram em trabalhar para a “desnuclearização completa da península coreana”, poucos progressos têm sido feitos. O tratado de paz, exigido pelo líder norte-coreano para dar início à desnuclearização, continua a depender do ‘sinal verde’ dos Estados Unidos, país do qual Pyongyang espera também “medidas proporcionais” para avançar com o processo. Sobre a Coreia do Norte continua a pesar um forte regime de sanções económicas, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, que tem estrangulado a economia do regime.
A confiabilidade da inteligência artificial (II) Jorge Rodrigues Simão - 17 Jan 201928 Jan 2019 “Artificial intelligence is changing our world faster than we can imagine? It will impact every area of our lives. And this is happening whether we like it or not. Artificial intelligence will help us do almost everything better, faster, and cheaper, and it will profoundly change industries, such as transportation, tourism, healthcare, education, retail, agriculture, finance, sales, and marketing. In fact, AI will dramatically change our entire society.” “Artificial Intelligence: 101 Things You Must Know Today About Our Future” – Lasse Rouhiainen [dropcap]A[/dropcap] segunda área-chave diz respeito à força de trabalho ensinando os cidadãos e os especialistas de IA a trabalharem em conjunto. A melhoria da qualificação de profissionais não conhecedores da Ciência de Dados e IA para trabalhar com esta, tornou-se uma parte crucial da estratégia da força de trabalho, e uma nova classe de ferramentas, incluindo a Aprendizagem Automática de Máquina (AutoML na sigla em língua inglesa) que é a automatização do processo total de aplicação de aprendizagem de máquina a problemas do mundo real e que simplificam e automatizam parte do processo de criação de modelos de IA, está a democratizá-la e cerca de 38 por cento dos líderes empresariais concentrarão esforços em ferramentas de IA para pessoas envolvidas em negócios, como a capacidade de segundo nível que cultivarão por trás de conjuntos de dados e modelos reutilizáveis. Todavia a IA amigável ao utilizador ainda é um processo complexo e mesmo com formação básica, os líderes empresariais podem não entender completamente os diferentes parâmetros e níveis de desempenho dos seus algoritmos e poderiam acidentalmente aplicá-los de forma errada, com resultados não intencionais. A resposta é uma estratégia de força de trabalho que cria três níveis de funcionários experientes em IA, e fornece meios para que todos trabalhem em conjunto com êxito. A força de trabalho é composta por cidadãos utilizadores, desenvolvedores de cidadãos e cientistas de dados. À medida que a IA se dissemina, a maioria dos funcionários de uma empresa precisará de formação para se tornarem cidadãos utilizadores do sistema, aprendendo como devem usar os aplicativos avançados da empresa, dar suporte à boa governança de dados e obter ajuda especializada quando necessário. Um grupo mais especializado, talvez de 5 a 10 por cento da sua força de trabalho, deve receber formação adicional, para se tornarem desenvolvedores de cidadãos que são profissionais de negócios, utilizadores avançados e podem identificar casos de uso e conjuntos de dados e trabalhar em estreita colaboração com os especialistas de IA. Quanto às novas aplicações de IA, um pequeno mas crucial grupo de engenheiros e cientistas de dados fará o trabalho pesado para criar, implantar e gerir aplicativos de IA. Para colocar esses três grupos em funcionamento, é necessário identificar sistematicamente novas competências e funções profissionais e desde logo surgem perguntas como o tipo de trabalho que é necessário para que os utilizadores ou desenvolvedores possam manipular? Quais os aplicativos que exige um cientista de dados experiente? É necessária então uma abordagem igualmente sistemática para preencher esses papéis, interna e externamente, e incentivar os diferentes grupos a colaborar. A qualificação profissional em toda a empresa deve abordar tanto as competências técnicas quanto as formas digitais de trabalho. As estruturas de desempenho e compensação terão que se adaptar, e muitos trabalhadores serão bem-sucedidos na qualificação para preencher novas funções, mas alguns não poderão fazer a transição, e nesse caso torna-se imprescindível a preparação para algum volume de negócios. Conhecer o desafio de empregos da IA é essencial e para muitos líderes empresariais, tentar dimensionar o impacto da IA nos empregos tornou-se uma tarefa absurda, pois sabem o que acontece e qual a quantidade do que está em jogo, seja grande ou pequeno em número, e quando constitui tema de debate. As previsões variam amplamente, incluindo as do estudo de automação de empregos internacionais, que colocaram o impacto de curto prazo em menos de 3 por cento dos empregos perdidos até 2020, mas chega a 30 por cento na metade da década de 2030. Os líderes empresarias sondados, concordam que, por enquanto, a IA não está a tirar empregos nas suas organizações e de facto, o dobro de executivos afirmou e que a IA levará a um aumento no número de funcionários (38 por cento), e os que disseram que a IA levará a cortes de empregos (19 por cento) na sua organização. O desafio, neste momento, é de preencher vagas e 31 por cento dos líderes empresariais estão preocupados com a incapacidade de dar resposta à procura por competências de IA nos próximos cinco anos. O ensino de competências adicionais a um empregado pode criar utilizadores e desenvolvedores de cidadãos, mas é provável que se necessite de contratar programadores e cientistas de dados altamente treinados. Forjar parcerias com universidades e alunos é uma forma de começar. A cultura do local de trabalho também é um grande factor. Muitos especialistas em IA querem trabalhar para uma empresa que pense em usar o sistema por longo prazo e também valorizam os locais de trabalho com a configuração organizacional, recursos, definição de funções, pesquisa empolgante e empoderamento individual que os inspirará a fazer um óptimo trabalho em colaboração com outras pessoas talentosas. A terceira área-chave contende com a confiança traduzida em responsabilizar a IA em todas as suas dimensões, pois aumentaram as preocupações sobre a mesma, que pode afectar a privacidade, segurança cibernética, emprego, desigualdade e o meio ambiente. Os clientes, trabalhadores, consultores, reguladores e parceiros corporativos questionam se podem confiar na IA, daí que não seja surpresa que os líderes empresariais digam que garantir que os sistemas de IA sejam confiáveis é o principal desafio de 2019, e como vão superar esse desafio, depende se estão a trabalhar com todas os aspectos da IA responsável, como seja a justiça, interrogando se estão a minimizar os dados e modelos da mesma e estarão a trabalhar com preconceitos quando a usam? A questão de interpretabilidade é importante pois derivam várias questões como a possibilidade de explicar como um modelo de IA toma decisões? Se podem garantir que essas decisões sejam precisas? A questão da robustez e segurança traz interrogações sobre a possibilidade de confiar no desempenho de um sistema de IA? Se os sistemas de IA estão vulneráveis a ataques? A questão da governança põe questões sobre quem é responsável pelos sistemas de IA? Se existem os controlos apropriados? A questão da ética do sistema interroga se os sistemas de IA estão em conformidade com os regulamentos e como afectarão os trabalhadores e clientes? É necessário construir a responsabilidade por cada área, seja dentro da IA CoE ou em um grupo adjacente que trabalhe de perto com o CoE. Um número cada vez maior de empresas está a supervisionar a IA responsável por meio de conselhos de ética ou directores de ética em tecnologia, como parte das suas atribuições. É uma tendência encorajadora, que é de esperar que se desenvolva. É também necessário criar funções de trabalho que combinem conhecimento técnico com um entendimento de preocupações reguladoras, éticas e de reputação. É importante configurar controlos e balancear conflitos de escolha e para estabelecer controlos sobre os dados, algoritmos, processos e estruturas de relatórios da IA, é fundamental a existência de equipas combinadas de especialistas técnicos, comerciais e de auditoria interna que testem e monitorizem continuamente os controlos. Tais equipas terão que considerar as compensações apropriadas e com a interpretabilidade, por exemplo, podem encontrar o equilíbrio certo entre desempenho, custo, importância do caso de uso e extensão da experiência humana envolvida. É de entender que um carro autónomo, um diagnóstico de assistência à saúde por IA e uma campanha de marketing conduzida por IA exigiriam diferentes níveis e tipos de interpretabilidade e controlos relacionados. As outras formas de tornar a IA mais confiável vêm dos seus avanços, particularmente na área da IA Explicável (XAI na sigla em língua inglesa). O programa XAI da Agência de Projectos de Pesquisa Avançada de Defesa dos Estados Unidos (DARPA na sigla em língua inglesa), por exemplo, está a trabalhar em algoritmos mais interpretáveis. A XAI é uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para uso militar. Foi criado em 1958 como uma consequência tecnológica da Guerra Fria e da qual surgiram as bases da ARPANET, a rede que deu origem à Internet. [primeira parte]
Os inadaptados António Cabrita - 17 Jan 2019 [dropcap]N[/dropcap]ão sei como passei de uma coisa a outra, é sempre inesperado o que desencadeiam as sinapses. Leio a correspondência de Artaud, aquelas missivas em que ele falava da perda de potencial e de energia do pensamento, e de como espíritos lhe esburacavam a vontade e roubavam a lucidez, drenando-lhe a capacidade para incarnar o raciocínio, e veio-me uma vontade irresistível de rever Misfits/ Os inadaptados, de John Huston. Assim, num estalar de dedos. À cabeça, que tem a boneca-de-Hollywood, Marilyn, a ver com o cabide-Artaud? E no entanto, revisto o filme, tudo se conjuga, até o “teatro da crueldade” que se delineia na espantosa sequência da caça dos mustangs, em que um Clark Gable a cair da tripeta tem a última grande cena da sua vida. Tem graça a trajectória de Gable, desde o começo quando Darryl F. Zanuck o testou para o papel de Little Caesar (em Alma de Lodo), de 1931, para o rejeitar, alegando: “Não serve para o cinema. As orelhas são grandes e lembra-me um macaco” (e não é que Zanuck não estava longe da verdade?), até essa sequência em que num só lançamento laça o cavalo e uma histérica Roslynd, de sensualidade détraquée. Marilyn tinha-lhe uma admiração de morte e como detestava o guião de Misfits (assusta-a o desespero de Roslyn, o papel que lhe estava reservado), do seu então crepuscular marido Arthur Miller, só aceitou fazer o papel de Roslynd depois de Huston ter convidado Gable para o seu canto do cisne – o actor faleceria de infarto nos dias imediatos ao termo da rodagem e a viúva haveria de culpar Marilyn pelo desgaste que lhe teria causado. E assim foi Marilyn, que de comum precisava de cabeleireiro, maquilhador, camareiro, manicure, massagista, e de Paula Strasberg, para os calores do Nevada. Gable não percebeu nada de Marilyn e do seu comportamento na rodagem (até uma tentativa de suicídio de Marilyn – que fora rejeitada pelo seu ex-amante, Yves Montand, houve) embora esta confessasse mais tarde que quando ele a beijou ela ficou com pele de galinha, ou seja, excitada. Mais do que, hélas, ele obteve de Scarlett O’Hara/Vivien Leigh, em Tudo o Vento Levou, que era frígida. E, no entanto, Vitor Fleming filmara-o como se ele fosse um garanhão, e aí aparenta ser duas vezes mais alto do que no seu derradeiro desempenho como Gay, o intrépido vaqueiro cheio de momices faciais e que encolheu para encarnar a caricatura das suas glórias do passado, as quais só nas cenas finais se resgatam. Talvez por influência do uísque que lhe mordia as entranhas, a interpretação de Gable é toda aos sacões – resta-lhe apenas uma energia intermitente, falha, ou a reserva-a de todo para a cena em que doma o mustang e que nos faz confiar que afinal talvez ele consiga fazer um filho à rapariga? E Roslyn? Desde o princípio que está cansada e ferida e as suas neuroses, o seu sentimento de orfandade, são certamente as da actriz. Depois, tal qual lhe diz Gay, é ensurdecedora a sua tristeza. Como foi dito, Marilyn não faz o papel de Roslyn, ela é Roslyn, e o filme «é a autópsia de uma mulher ainda não inteiramente morta». Roslyn, a bela ex-striper, logo no início, não hesita em divorciar-se e acusa o marido de quê? De ausência. Para bom entendedor. E de ausência sofrem todos os personagens do filme, de Gay, o cowboy que ultrapassou já a meia-idade, a Guido o aviador, ao patético Perce/Montgmorey Clift, ou a Isa, a amiga mais velha: gastam a vida a tentar colmatar esse hiato, essa nostalgia irreparável. Afinal, a que se resume Misfits? A Roslynd e a três cowboys pelo beicinho, cada um deles a procurar mostrar-lhe que é o mustang de que ela precisa? Engano, o filme trata antes, diria Artaud, da vida espectral, quando não acodem ao corpo os órgãos do discernimento. Na primeira vez em que estão a sós, Gay pergunta-lhe pelo grau académico, e ela responde que abandonou cedo a escola, ao que ele se regozija. Ela estranha e Gay explica o que lhe aborrece nesse tipo de mulheres: “as mulheres que se formaram querem sempre saber o que estou a pensar”. Como se pensar fosse uma demasia infinita para uma conta de que não se sabe a cifra. Gay, pelo contrário, identifica-se com os mustangs que caça, imagina-se enredado em pura energia, não tendo, até encontrar Roslynd alma fora do corpo. Estes cowboys insolentes e fora de uso, foram moídos por uma vida que pulsa, embora sem foco (não se queixa o traumatizado Guido, piloto de avião, de que na guerra “bombardeou às cegas”?) e que os obriga a rodopiar de rodeo em rodeo para medir a energia que lhes resta, são “corpos sem órgãos” porque desvitalizados do livre arbítrio que na maturidade inscreve um ganho em toda a perda – aqui, uso a expressão e não o sentido que Artaud lhe dá. É o que o atarantamento de Roslyn acaba por transmitir a Gay, a vontade de «adquirir um sentido para a vida» e de mudar os valores. A coragem, por exemplo, em Gay deixa de ser a inclinação cega de dominar o mustang e de exibir o seu troféu, para significar, numa reviravolta, o gesto de abdicar do troféu, decidindo pela vida do mustang. Conquistar passa a ser o equivalente do seu oposto, a dádiva. Corolariamente, metáfora do triunfo da vida terá o seu epítome na promessa de um filho com que o filme acaba, esse transcendente que dominou por fim o indomesticável. Apesar de um pouco moralista – o sexo é, no filme, o mau estratagema para curar a solidão própria ao homem, e só o amor rompe a clausura – The Misfits é um daqueles filmes imperfeitos que tem tudo para ser imortal. Como aliás o falho pensamento de Artaud.