Salário Mínimo | Conselho Executivo apresenta hoje proposta

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo vai apresentar hoje, em conferência de imprensa, a proposta de lei com o nome “salário mínimo para os trabalhadores”. Apesar de não haver mais pormenores, antevê-se que a proposta introduza o salário mínimo universal no território.

Além, da proposta, Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, vai igualmente apresentar alterações às leis das relações de trabalho e de contratação de trabalhadores não-residentes.

Actualmente, apenas os seguranças e trabalhadoras de limpeza de condomínio têm direito a uma salário mínimo, que equivale a 30 patacas por hora, 240 patacas por dia ou 6.240 patacas por mês.

É de salientar que existe também uma proposta para alterar o valor para 32 patacas por hora, 256 patacas por dia e 6.656 patacas por mês.

Anteriormente, quando houve consulta públicas sobre o salário mínimo universal, o Governo defendeu que as empregadas domésticas e as pessoas com deficiência não deviam ser abrangidas pela lei.

Leong Sun Iok pede alteração a passadeiras e organização do tráfego

[dropcap]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok interpelou o Governo sobre a necessidade de se alterar o sistema de organização do trânsito rodoviário, que já vem dos tempos da Administração portuguesa.

Em interpelação escrita o deputado cita dados estatísticos do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que relevam que, no primeiro trimestre deste ano, se registaram 619 casos de peões que não respeitaram as passadeiras, um aumento de 77 por cento face a igual período do ano passado.

Nesse sentido, Leong Sun Iok lamenta que, apesar de o Governo ter fortalecido as operações de combate às infracções rodoviárias deste género, ainda não é suficiente a consciencialização das pessoas em relação à segurança.

O deputado considerou também que “o velho” conceito do planeamento do tráfego implementado pelo Governo português já não se adapta à situação dos dias de hoje, pelo que pede à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) que reexamine a localização das passadeiras e toda a organização de infra-estruturas viárias.

Foi também pedido ao Executivo a instalação de sistemas de vídeo para a detecção de peões a fim de garantir a segurança da circulação nas estradas. Leong Sun Iok defende também a construção de novas passagens superiores em locais adequados, evitando acidentes de viação, e que adicione mais indicadores para os turistas, esclarecendo a situação rodoviária de Macau.

Governo pode recuar no valor das multas para escolas particulares

A nova lei das escolas particulares do ensino não-superior propõe multas com um valor mínimo de 100 mil patacas. Os valores são contestados devido aos valores elevados, até porque em Macau não existem escolas privadas com fins-lucrativos

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo está a ponderar reduzir o montante das multas aplicadas no âmbito da nova da Lei do Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não-Superior. O diploma está a ser discutido na 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa e a informação foi avançada pelo presidente da comissão, Chan Chak Mo, após mais um encontro entre os deputados.

De acordo com a proposta aprovada na generalidade, a multa mais baixa aplicada às escolas particulares em caso de infrações é de 100 mil patacas. O valor é considerado excessivamente elevado uma vez que não há entidades deste género com fins lucrativos no território. Por outro lado, as escolas recebem subsídios do Governo, pelo que a cobrança de multas acaba por ser vista como redundante.

“O Governo vai ponderar reduzir as multas aplicadas às escolas”, disse Chan. “Na versão inicial, por exemplo, se uma escola começasse a funcionar sem o alvará estava sujeita a uma multa que ia de 500 mil patacas a 1 milhão de patacas. Mesmo outros tipos de multas variam entre 100 mil patacas e 500 mil”, acrescentou.

Porém, as escolas consideram que a proposta tem valores demasiado altos: “O Governo respondeu que a multa mínima é de 100 mil patacas. Mas as entidades particulares consideram que é muito elevado. Como eles também recebem subsídios do Governo para auxiliar com as despesas… Não faz muito sentido aplicar multas tão elevadas”, sustentou.

Devoluções duvidosas

Na discussão do diploma, o ponto que continua a dar que falar é a devolução de alguns dos subsídios atribuídos pela Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) às escolas sem fins lucrativos.

A devolução destina-se apenas a casos em que a escolas sem fins lucrativos fecham as portas. No entanto, ainda não é claro os subsídios que vão ter de ser devolvidos e também não se sabe como vai ser calculado o valor.

Também ainda não foi ontem que a comissão recebeu uma resposta para as várias dúvidas sobre este aspecto do diploma. O Governo prometeu estudar melhor esta questão: “É uma norma complexa e o Executivo vai levar tempo a fazer um estudo sobre a forma como vai ser calculado o valor”, apontou Chan Chak Mo.

Questionado se esta parte da lei poderá atrasar a aprovação do diploma além de Agosto, o que levaria a que só pudesse ser aprovado em Outubro, devido às férias da AL, Chan explicou que vai depender do tempo que o Executivo levar a discutir o assunto. Porém, mostrou-se confiante que as discussões internas do Governo possam estar numa fase final.

Obras | IAM atento à largura dos passeios no centro histórico

[dropcap]O[/dropcap] presidente do Conselho de Administração do Instituto dos Assuntos Municipais (IAM), José Tavares, referiu que a edilidade tem prestado atenção às críticas dos cidadãos, em relação à mobilidade e segurança pedonal, em zonas de grande concentração de pessoas e trânsito, procedendo regularmente, e em coordenação com os serviços de Tráfego e Obras Públicas, a trabalhos de remodelação e alargamento dos passeios. “Macau tem um espaço urbano pequeno, pelo que, há uma certa dificuldade em melhorar e alargar passeios, em particular no centro histórico, na zona antiga tradicional e nas ruas e becos sinuosos”, justificou, acrescentando que “é necessário geralmente coordenar o design de trânsito rodoviário, aquando do alargamento de passeios, a fim de o articular com o plano urbanístico geral”.

O responsável respondia ontem à interpelação feita por Zheng Anting na Assembleia Legislativa, no passado dia 17 de Abril, onde o deputado questionou as mudanças previstas nas estradas e ruas do território.

Conforme adiantou ainda José Tavares, “até ao presente foram concluídos os trabalhos de melhoramento de arruamentos públicos e passeios da Freguesia de Nossa Senhora de Fátima e Freguesia de Santo António”, estando previsto que o Instituto inicie a “obra de remodelação de arruamentos públicos e passeios da Freguesia de São Lázaro no corrente ano”.

Nos últimos anos, o IAM tem vindo a proceder também à substituição de pavimentos de asfalto para betão armado, aumentando a vida e utilização dos mesmos, informou igualmente.

Tiananmen | Aniversário do massacre marcado por críticas da comunidade internacional

Fez ontem 30 anos que a violência manchou de sangue os protestos na Praça Tiananmen, em Pequim. A data foi recordada um pouco por todo o mundo com inúmeras críticas da comunidade internacional, entre as quais da União Europeia e dos Estados Unidos. Em plena guerra comercial, a China acusou Washington de se intrometer “de forma grosseira” nos assuntos internos do país

 

[dropcap]O[/dropcap] dia que a China tenta esconder ou, pelo menos, apagar da memória colectiva foi ontem celebrado, mas a comunidade internacional não deixou passar em branco o dia em que o regime de Pequim respondeu com violência extrema aos protestos que pediram abertura democrática, liberdade de imprensa e responsabilização do poder político. Ontem assinalou-se o trigésimo aniversário do massacre de Tiananmen.

As críticas vieram de vários quadrantes, mas a que mais terá enfurecido o Governo Central foi a de Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, e que foram proferidas numa altura em que os dois países se defrontam numa guerra comercial sem fim à vista. Pompeo recordou os “heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen” para exigir reformas políticas, e pediu a Pequim que publique um balanço dos mortos e dos desaparecidos.

O secretário de Estado afirmou que, “nas décadas que se seguiram, os EUA esperavam que a integração da China na comunidade internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante”. “Essas esperanças desapareceram”, frisou. “O Estado chinês de um partido único não tolera qualquer dissidência e viola os direitos humanos sempre que é do seu interesse”, apontou, em comunicado.

Entretanto, a China reagiu, acusando Mike Pompeo de se intrometer na política interna chinesa e apresentou uma queixa formal aos Estados Unidos na sequência das declarações prestadas.

“Alguns nos Estados Unidos estão muito acostumados a criticar os outros, e sob o pretexto da democracia e dos Direitos Humanos interferem nos assuntos internos de outros países, enquanto fecham os olhos aos seus próprios problemas”, afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.

Além disso, um porta-voz chinês afirmou, num comunicado difundido ‘online’ pela embaixada chinesa em Washington, que a declaração de Pompeo “interfere grosseiramente” nos assuntos internos da China e é “uma afronta ao povo chinês e uma grave violação do direito internacional”.

UE exige libertações

As críticas à postura de Pequim vieram também da União Europeia (UE), com quem a China tem intensas relações comerciais, que pretende reforçar através da política “Uma Faixa, Uma Rota”.

Para a UE, o que aconteceu em Tiananmen foram “protestos pacíficos pela democracia”, lamentando o silêncio das autoridades chinesas sobre os acontecimentos de 1989.

Em comunicado, a Alta Representante da UE para a Política Externa sublinha que “os números exactos daqueles que morreram e foram detidos em 4 de Junho (de 1989) e na repressão que se seguiu nunca foram confirmados e poderão nunca vir a ser conhecidos”, lamentando que, ainda hoje, Pequim não reconheça os acontecimentos de há 30 anos. “O reconhecimento desses eventos e dos mortos, detidos ou desaparecidos em ligação com os protestos de Tiananmen é importante para as gerações futuras e para a memória colectiva”, sustenta Federica Mogherini no comunicado ontem divulgado em Bruxelas.

Mogherini aponta que “a UE espera a libertação imediata dos defensores dos direitos humanos e advogados detidos ou condenados por ligações a esses eventos ou às suas actividades em defesa do estado de direito e democracia, incluindo Huang Qi, Gao Zhisheng, Ge Jueping, o pastor Wang Yi, Xu Lin e Chen Jiahong”. “Continuamos hoje a assistir a uma repressão da liberdade de expressão e de associação e da liberdade de imprensa na China”, observa a chefe de diplomacia europeia.

Lembrando que “os direitos humanos são universais, indivisíveis e interdependentes” e que “as leis e padrões internacionais contemplam o respeito das liberdades fundamentais”, a Alta Representante termina advertindo que o compromisso com os direitos humanos “é e continuará a ser um pilar fundamental” da parceria estratégica UE-China.

Taiwan idem aspas

Os 30 anos do massacre de Tiananmen foram lembrados em Macau e Hong Kong, sendo que Taiwan criticou directamente o posicionamento da China sobre esta matéria.

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, acusou ontem a República Popular da China de querer “continuar a esconder a verdade” sobre o massacre de Tiananmen, criticando o silêncio das autoridades comunistas e da imprensa oficial. “Para um país ser civilizado, ou não, depende da forma como o Governo trata as pessoas e como encara os erros do passado”, afirma Tsai numa mensagem divulgada através da rede social Facebook.

A publicação é acompanhada de uma ilustração de uma vigília com a legenda: “A liberdade é como o ar, só podes sentir a sua existência quando não podes respirar. Não te esqueças do 4 de Junho”, a data do massacre ocorrido em 1989.

Tsai critica também a decisão das autoridades de Hong Kong por não permitir a entrada de um sobrevivente do massacre, Feng Condge, que vive exilado e que pretendia participar na vigília que assinala os trinta anos sobre os acontecimentos.

Segundo a chefe de Estado de Taiwan, o regime de Pequim está a aumentar o controlo e influência sobre a antiga colónia britânica. Tsai Ing-Wen recordou também as recentes declarações do ministro da Defesa de Pequim, Wei Fanghe, que afirmou que a actuação das autoridades no sentido de dispersar as manifestações de 1989 foi “correcta”. “Isto não mostra apenas que o Governo (da República Popular da China) não quis reflectir sobre os erros cometidos naquele ano, mas também que quer continuar a esconder a verdade. Creio que as pessoas, em todo o mundo, que querem liberdade e democracia não podem estar de acordo com a forma como Pequim enfrenta o assunto”, lamentou a chefe de Estado de Taiwan.

Tsai dirigiu-se aos cidadãos da República Popular da China, incluindo os habitantes de Hong Kong “que amam a liberdade” afirmando que Taiwan vai continuar firme em relação aos princípios da democracia e da liberdade”. “Apesar das infiltrações, enquanto eu for Presidente, Taiwan jamais vai ceder às pressões”, afirma no mesmo texto.

China diz que está imune

Entretanto, um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) sugeriu ontem que a sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen tornou a China “imune” à agitação política, numa rara referência sobre os eventos ocorridos há trinta anos.

Em editorial, o Global Times considera que o “incidente” é um “evento histórico esquecido”, face ao espectacular desenvolvimento económico do país. “Desde aquele incidente, a China tornou-se a segunda maior economia do mundo, com acelerada melhoria dos padrões de vida”, defendeu o jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Trata-se de uma referência rara na imprensa chinesa sobre os acontecimentos, mas sublinha a posição oficial do partido. As autoridades defendem que a acção do Governo foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico e que, se o Exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas.

“O incidente de Tiananmen aumentou a imunidade da China contra qualquer agitação política no futuro, como uma vacina à sociedade chinesa”, defendeu o jornal, cujo editorial não foi incluído na versão em chinês e só foi publicado na versão impressa.

Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen acabou quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos.

O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200.

Numa conferência em Singapura, o ministro chinês da Defesa, Wei Fenghe, apontou também, no domingo, que as autoridades fizeram a “decisão correcta” quando enviaram o exército para disparar contra estudantes desarmados, que pediam reformas políticas.

Inéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo”

[dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa.

“A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água.

A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos.
“Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale.

Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”.

A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”.

Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel.

Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”.

De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”.

“A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor.

Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”.

Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale.

Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro.

O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”.

Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”.

Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora.

A primeira expedição musical à psicodélica

[dropcap]O[/dropcap] compositor francês Louis-Hector Berlioz, cujos 150 anos da morte se assinalam este ano, foi uma figura paradigmática do Romantismo, pois a sua vida novelesca e apaixonada e a sua ânsia de independência reflectem-se numa música ousada que não admite regras nem convenções e que se destaca, sobretudo, pela importância dada ao timbre orquestral e à inspiração extramusical e literária. Em conjunto com o compositor húngaro Franz Liszt, Berlioz foi um dos principais impulsionadores da chamada música programática.

Filho de um reputado médico de Grenoble, foi precisamente o seu pai quem lhe transmitiu o amor pela música. A seu conselho, o jovem Hector aprendeu a tocar flauta e guitarra e a compor pequenas peças para diferentes conjuntos. No entanto, não era a música a carreira a que o destinava o seu progenitor; e assim, em 1821 Berlioz mudou-se para Paris para seguir os estudos de medicina na universidade. Não os concluiu; fascinado pelas óperas e concertos que podiam escutar-se na capital, o futuro músico depressa abandonou a carreira médica para seguir a musical, contra a vontade familiar. Gluck, primeiro, e Carl Maria von Weber e Beethoven, depois, converteram-se nos seus modelos musicais mais admirados, enquanto Shakespeare e Goethe o eram no campo literário.

Admitido no Conservatório de Paris em 1825, foi discípulo de Jean François Lesneur e Anton Reicha e conseguiu, após várias tentativas fracassadas, ganhar o prestigiado “Prix de Rome”, que essa instituição concedia anualmente. O ano de 1830 viu nascer a obra que o consagrou como um dos compositores mais originais do seu tempo: a Symphonie fantastique, cujo subtítulo é Épisode de la vie d’un artiste (Episódio da vida de um artista). Página de inspiração autobiográfica, fruto da sua paixão não correspondida pela actriz irlandesa Harriet Smithson, nela se encontram todos os traços do estilo de Berlioz, desde o seu magistral conhecimento da orquestra à sua predilecção pelos extremos, a superação da forma sinfónica tradicional e a subordinação a uma ideia extramusical.

A orquestra, sobretudo, converte-se na grande protagonista da obra: uma orquestra de uma riqueza extrema, cheia tanto de surpreendentes achados tímbricos como de combinações sonoras inovadoras, que em trabalhos posteriores o músico amplificou e refinou ainda mais, e que encontraram no seu Tratado de Instrumentação e Orquestração a sua mais bem sucedida composição teórica. Foi tal o êxito conseguido pela Sinfonia fantástica (estreada apenas seis anos depois da Nona Sinfonia de Beethoven) que imediatamente se considerou o seu autor à mesma altura que Beethoven, comparação exagerada mas que ilustra a perfeição e a originalidade da proposta de Berlioz, numa época em que muitas das inovações do músico de Bona ainda não haviam sido assimiladas pelo público e pela crítica.

A Sinfonia fantástica, Episódio da vida de um artista, em cinco partes, Op. 14, a primeira sinfonia de Hector Berlioz, foi composta no ano de 1830 e apresentada no dia 5 de Dezembro desse ano no Conservatório de Paris, sob a batuta do maestro François-Antoine Habeneck. Esta apresentação difere da versão que conhecemos hoje, uma vez que Berlioz reviu o trabalho durante anos e só veio a republicá-lo em 1845. A Sinfonia foi dedicada ao Imperador de Todas as Rússias, o Czar Nicolau l.

É o trabalho mais conhecido de Berlioz e foi criado por inspiração da sua paixão pela actriz irlandesa Harriet Smithson, após vê-la representar o papel de Ofélia na peça Hamlet, de Shakespeare, em 1827, e também pela leitura de Fausto, de Johann Wolfgang von Goethe. Refira-se que Berlioz, após muita insistência, viria a casar com a actriz em 1833. A obra é um marco na música francesa, pois inaugura o sinfonismo na França. Berlioz quebra a estrutura formal da sinfonia, formada por quatro andamentos, quando a apresenta com um andamento a mais. Redigiu um roteiro, publicado em 1831, em que indicava o que o protagonista imaginava em cada andamento da obra. Para o autor, o artista, sob efeito do ópio, tem alucinações e estas são traduzidas em cinco situações indicadas através dos cinco andamentos, intitulados Devaneios e Paixões, Um Baile, Cena Campestre, Marcha para o Cadafalso e Sonho de uma Noite de Sabá.

O eminente compositor e maestro americano Leonard Bernstein, já falecido, descreveu a sinfonia como a primeira expedição musical à psicodélica devido à sua natureza alucinatória e sonhadora, e porque a história sugere que Berlioz compôs pelo menos uma parte da obra sob a influência de ópio.

Alguns dias antes da estreia da Sinfonia fantástica, surgiu na imprensa um texto do próprio Berlioz, descrevendo o ‘plano do drama musical’ que também estaria impresso no programa de concerto: um jovem músico de grande sensibilidade e cheio de emoção, profundamente desesperado por causa de um amor não retribuído, envenenou-se com ópio. A droga não é forte o suficiente para matá-lo, mas induz um sono profundo com sonhos estranhos. As suas sensações, emoções e lembranças, filtradas por um cérebro febril, transformam-se em imagens e ideias musicais. A própria amada transforma-se, para ele, numa melodia, um tema recorrente (a ‘ideia fixa’) que o persegue constantemente.

 

Sugestão de audição da obra:

Hector Berlioz, Symphonie Fantastique, Op. 14
The Philadelphia Orchestra, Riccardo Muti – EMI, 1985

O Lugar Certo

[dropcap]Q[/dropcap]uando me mudei para Florianópolis conheci uma mulher excêntrica, italiana, que vivia ali na ilha há alguns anos e falava muito bem português. Numa das vezes em que jantei em sua casa, tive a oportunidade de lhe perguntar a razão que a levou a deixar o seu país, mudar-se para a ilha e comprar aquela casa. Bianca perguntou-me se alguma vez tinha visto o filme de Frank Capra, Platinum Blonde (1931) [Loura Platinada]. Disse-lhe que não me lembrava de o ter visto, aliás o único filme que me lembrava de Capra era o It’s A Wonderful Life (1946), que em Portugal teve a tradução de Do Céu Cai Uma Estrela e no Brasil A Felicidade Não Se Compra.

Bianca resolveu então contar-me a parte do filme que lhe importava: “O filme conta a história de um jornalista pobre, Mr. Smith, que casa por amor com uma mulher de uma família muito rica e tradicional. Quase no final do filme há um diálogo entre o mordomo da casa e Mr. Smith. Este último pergunta ao outro o que é que ele faz quando não está a servir. Ao que o mordomo responde que passa o tempo. Passa o tempo como? Com as mãos. Faz um gesto e exemplifica: ajeita uma moldura, dá um toque num livro, toca num candeeiro, assopra-lhe, etc. Mr. Smith pergunta ao mordomo se qualquer um pode fazer isso, ao que ele responde peremptoriamente que não. Porquê, pergunta Mr. Smith? E o mordomo diz: há pessoas que passam o tempo naturalmente, mas há pessoas que nunca o vão conseguir fazer. Mr. Smith insiste e pergunta se há pessoas que nunca saberão como passar o tempo? O mordomo responde que sim. Mr. Smith diz que isso é uma tragédia. O mordomo concorda. Quando Mr. Smith pergunta acerca de si mesmo, se o mordomo acha que ele irá conseguir passar o tempo, se conseguir concentrar-se muito e puser toda a sua alma nessa tarefa, o mordomo sorri e responde que não, que Mr. Smith nunca conseguiria fazê-lo. Como Mr. Smith quer compreender a razão que o leva a dizer isso, o mordomo responde que para passar o tempo a mente tem de estar liberta, que uma pessoa com problemas nunca poderá passar o tempo. Por exemplo, diz, um peixe pode passar o tempo na água, mas não na terra, porque estaria fora do lugar. Uma águia pode passar o tempo sobrevoando as montanhas, mas não numa jaula, porque estaria inquieta e infeliz. E termina por dizer, que Mr. Smith é uma águia numa jaula. Nesse momento, percebi como se tudo ficasse claro e a vida fizesse sentido, que fora do nosso ambiente não se consegue passar o tempo. O tempo passa, fazemo-lo passar ou ele passa naturalmente por nós, se não há alteração no nosso dia-a-dia, se não temos problemas adicionais ou se o ambiente à nossa volta nos é familiar. Caso contrário, o tempo estanca. Este estancamento do tempo, este não passar, tem a ver com “sentir-se fora do lugar” ou “estar fora do lugar”. O tempo passa ou não passa quando alguém está no lugar certo ou, pelo menos, não está num lugar errado. Os seres humanos, a despeito da sua enorme capacidade de adaptação, pertencem a ambientes, tal como os animais. Há humanos que não pertencem ao campo, por exemplo, e sentir-se-iam muito mal a viver no campo. Outros, pelo contrário, sentir-se-iam muito mal a viver na cidade. Para estas pessoas, em lugares trocados, o tempo não passa. Este tempo a não passar quer dizer que o tempo se faz sentir pesado, cada minuto custa muito, como quem está numa fila de espera. Mas uma pessoa que pertença à cidade, se viver no campo vai sentir a sua vida como que numa fila de espera. Os seus dias são vividos como se estivesse numa fila de espera sem fim. Pois nunca irão chamar o seu nome ou o seu número, a despeito da longa espera. Só a morte o irá chamar. Quando vi esse filme, em Roma, na televisão em minha casa, percebi de imediato que não podia deixar o lugar onde vou viver a minha vida ao acaso ou ser displicente acerca disso. Fora do lugar onde devemos ser, o tempo não passa. E se o tempo não passa, a nossa pena neste planeta custa muito mais a suportar. Também é verdade, que podemos nunca encontrar o lugar certo, mas se o encontramos devemos lutar para permanecer nele. Já tinha estado em Floripa uma vez antes, e era a memória mais feliz de toda a minha vida. Lembro-me de quando cá estive, nessa altura, dizer para mim mesma que aqui seria feliz. Mas não fiz nada acerca disso, voltei para Roma e continuei fora do lugar. Depois dessa noite do filme, vendi tudo e mudei-me para cá. Não quis que a minha vida fosse a de um peixe fora de água. Talvez você esteja a pensar que o normal seria o meu lugar ser em Roma e não aqui. Mas o nosso lugar, de cada um, é um mistério que temos de resolver. Ou não. Eu tive a sorte de resolver o mistério do lugar onde o meu tempo passa.” Fiquei a olhar para ela, agradecido pela história, e sorri. Quando voltei para casa a pé, pelo campo, com o escuro do céu povoado de milhares de estrelas, junto com o meu cão, olhei bem para ele. Depois de ter esperado por mim várias horas, o Alf estava feliz como se tivesse encontrado o seu lugar certo para viver. Só que o lugar certo dele era eu, que nunca tive lugar certo.

Taiwan critica Pequim por continuar a esconder a verdade sobre Tiananmen

[dropcap]A[/dropcap] presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, acusou hoje a República Popular da China de querer “continuar a esconder a verdade” sobre o massacre de Tiananmen, que se assinala hoje, criticando o silêncio das autoridades comunistas e da imprensa oficial.

“Para um país ser civilizado, ou não, depende da forma como o governo trata as pessoas e como encara os erros do passado”, afirma Tsai numa mensagem divulgada hoje através da rede social Facebook.

A publicação é acompanhada de uma ilustração de uma vigília com a legenda: “A liberdade é como o ar, só podes sentir a sua existência quando não podes respirar. Não te esqueças do 04 de Junho”, a data do massacre ocorrido em 1989.

Tsai critica também a decisão das autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong por não permitir a entrada de um sobrevivente do massacre, Feng Condge, que vive exilado e que pretendia participar na vigilia que assinala os trinta anos sobre os acontecimentos.

Segundo a chefe de Estado de Taiwan, o regime de Pequim está a aumentar o controlo e influência sobre a antiga colónia britânica. Tsai Ing-Wen recordou também as recentes declarações do ministro da Defesa de Pequim, Wei Fanghe, que afirmou que a actuação das autoridades no sentido de dispersar as manifestações de 1989 foi “correcta”.

“Isto não mostra apenas que o governo (da República Popular da China) não quis reflectir sobre os erros cometidos naquele ano, mas também que quer continuar a esconder a verdade. Creio que as pessoas, em todo o mundo, que querem liberdade e democracia não podem estar de acordo com a forma como Pequim enfrenta o assunto”, lamentou a chefe de Estado de Taiwan.

Tsai dirigiu-se aos cidadãos da República Popular da China, incluindo os habitantes de Hong Kong “que amam a liberdade” afirmando que Taiwan vai continuar firme em relação aos princípios da democracia e da liberdade”.

“Apesar das infiltrações, enquanto eu for presidente, Taiwan jamais vai ceder às pressões”, afirma no mesmo texto. O governo da República Popular da China enfrenta hoje uma das datas mais dolorosas da história do país, fugindo a responsabilidades, negando os factos e criminalizando as vítimas da repressão que pôs fim às manifestações estudantis em 1989.

Em Maio e Junho de 1989 centenas de milhares de estudantes e trabalhadores manifestaram-se na praça Tiananmen, no centro de Pequim, exigindo reformas políticas. O número exacto de vítimas da repressão militar continua desconhecido apesar dos grupos de direitos humanos indicarem “milhares de mortos”.

Asiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais”

[dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador.

“O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias.

Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria.

“Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou.

Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou.

Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”.

“Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou.

Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia.

China apela a estudantes para avaliarem riscos antes de irem estudar para EUA

[dropcap]A[/dropcap] China apelou ontem aos estudantes para que “reforcem a sua avaliação dos riscos” antes de decidirem ir estudar para os Estados Unidos, na sequência de recentes restrições e recusa de vistos a cidadãos chineses.

O ministério chinês da Educação pediu, em comunicado ontem divulgado, aos estudantes que “pensem bem na necessidade de tomar precauções e fazer preparativos adequados” antes de irem para os Estados Unidos.

O apelo surge num contexto de guerra comercial entre Pequim e Washington e de crescente desconfiança dos EUA face à entrada de estudantes e investigadores chineses.

No mês passado, os republicanos apresentaram ao Congresso um projecto de lei para impedir a obtenção de um visto de estudante para entrada no país a qualquer pessoa ligada ao exército chinês, o que suscitou de imediato protestos da China.

O ministério chinês da Educação denunciou ainda várias dificuldades colocadas pelos Estados Unidos perante a apresentação de um pedido de visa, como o aumento do tempo de processamento, a redução do prazo de validade e o aumento do número de recusas.

“Isto afecta todos os chineses que estudam nos Estados Unidos e também os que aí terminaram com sucesso os seus estudos”, refere o ministério no seu site. A proposta de lei apresentada ao Congresso pede a Washington que estabeleça uma lista de instituições científicas e de engenharia ligadas ao exército chinês cujos empregados ou investigadores patrocinados não podem obter visa de estudante ou investigador.

O jornal norte-americano The New York Times já tinha avançado, em Abril, que as autoridades americanas tinham começado a recusar acesso ao país a alguns chineses suspeitos de terem ligações aos serviços de informações do seu país.

Cerca de 360 mil chineses estão actualmente a estudar nos Estados Unidos, de acordo com estatísticas citadas em Março pela agência oficial de notícias chinesa.

Nova Deli vai criar transportes públicos gratuitos para mulheres

[dropcap]A[/dropcap] cidade de Nova Deli vai criar transportes públicos gratuitos para as mulheres como forma de reforçar a segurança, depois de uma violação colectiva a bordo de um autocarro, em 2012, que provocou a indignação internacional.

A medida será criada nos próximos dois ou três meses, anunciaram ontem as autoridades da capital da Índia, adiantando que estes transportes gratuitos deverão servir cerca de 850 mil mulheres. O custo estimado desta medida é de 115 milhões de dólares (102 milhões de euros) por ano, explicou o representante das autoridades locais Arvind Kejriwal, em conferência de imprensa, acrescentando que o objectivo é melhorar a segurança das mulheres, mas também reduzir a poluição do ar.

A segurança das mulheres na capital será ainda reforçada com a instalação, até ao final do ano, de 150 mil câmaras de videovigilância em Nova Deli, adiantou Arvind Kejriwal. “As mulheres poderão deslocar-se gratuitamente [em transportes colectivos) e de uma forma em que se sentirão seguras”, defendeu.

Com cerca de 20 milhões de habitantes, Nova Deli é uma das cidades mais poluídas do mundo, de acordo com dados das Nações Unidas. A rede de transportes públicos da cidade é pouco eficiente e a duplicação das tarifas de metro nos últimos meses obrigou muitas pessoas a passarem a deslocar-se a pé.

Arvind Kejriwal é o líder do pequeno partido Aam Aadmi (AAP), que ganhou as eleições locais em 2015 com promessas de água potável gratuita, electricidade subsidiada e oferecer acesso a serviços de saúde e melhor educação aos pobres.

O responsável também prometeu melhorar a segurança das mulheres, depois de uma violação colectiva de uma estudante seis homens, num autocarro, e que levou à morte da jovem. O assunto ganhou um grande mediatismo internacional e mostrou ao mundo a vulnerabilidade das mulheres na Índia.

Em 2016, foram registadas 40 mil agressões sexuais na Índia, mas o número real deverá ser muito mais elevado, já que ainda se mantém a tradição de esconder este tipo de crime.

Mike Pompeo diz que esperanças de abertura na China “desapareceram” 30 anos após Tiananmen

[dropcap]O[/dropcap] chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse ontem que as esperanças de uma abertura na China “desapareceram” 30 anos após a repressão sangrenta dos protestos pró-democracia na Praça Tiananmen.

“Nas décadas que se seguiram (aos acontecimentos ocorridos em Junho de 1989), os Estados Unidos esperavam que a integração da China na comunidade internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante. Essas esperanças desapareceram”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, citado num comunicado.

“O Estado chinês de um partido único não tolera qualquer dissidência e viola os direitos humanos sempre que é do seu interesse”, prosseguiu.

Na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, os tanques do exército chinês irromperam pela Praça Tiananmen e acabaram com sete semanas de protestos pró-democracia, liderados por estudantes.

Os protestos ganharam força durante maio de 1989, pouco após a morte do líder reformista Hu Yaobang, que dividiu a hierarquia do Partido Comunista (PCC) em facções.

Na véspera da efeméride, Mike Pompeo declarou que quer homenagear os “heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen” para exigir os seus direitos, bem como pediu às autoridades de Pequim para publicarem um balanço dos mortos e dos desaparecidos, algo que nunca fizeram.

A repressão sangrenta destes protestos, que poderá ter feito centenas ou até mesmo mais de mil mortos, continua a ser um assunto tabu na China.

Filipinas devolvem mais de 25 toneladas de lixo electrónico a Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s Filipinas devolveram ontem a Hong Kong um contentor com mais de 25.600 quilos de acessórios electrónicos que chegou ao país em Janeiro, três dias depois de terem devolvido ao Canadá 69 contentores de lixo.

Os contentores que foram devolvidos ao Canadá tinham sido importados ilegalmente há seis anos. O lixo electrónico regressou ontem à sua origem depois de Hong Kong concordar em receber de volta o contentor, anunciou uma fonte da alfândega das Filipinas.

O contentor chegou ao porto de Misamis Oriental no dia 2 de Janeiro e tinha a classificação de “acessórios electrónicos”, mas quando as autoridades da alfândega o vistoriaram na semana passada, encontraram restos de computadores e outros dispositivos electrónicos partidos.

Paralelamente à devolução dos resíduos, a deputada de Misamis Oriental, Juliette Uy, apresentou hoje uma proposta de lei na Câmara de Deputados que proíbe o comércio internacional de lixo electrónica, cujo fenómeno foi baptizado como “colonialismo tóxico” porque parte dos países ricos para os países pobres.

“Nós temos muito do nosso próprio lixo. Quanto mais produzirmos, mais curto e poluído será o nosso futuro. Não precisamos de importar mais lixo”, acrescentou Uy. No mesmo porto estão depositados nove contentores provenientes da Austrália, que chegaram há duas semanas e 6.500 toneladas de detritos enviados pela Coreia do Sul à espera de serem devolvidos ao país, cujo governo já se comprometeu a tratar do retorno.

Depois de vários protestos diplomáticos, o governo filipino conseguiu que o Canadá levasse de volta 69 contentores, de um total de 103 que foram exportados ilegalmente pela empresa Chronic Plastics entre 2013 e 2014 para os portos do país asiático.

Para pressionar o Canadá, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte ameaçou com uma guerra diplomática e chamou para consultas o embaixador e cônsules naquele país, além de retirar parte do pessoal diplomático de Otava e proibiu viagens oficiais de detentores de altos cargos àquele país.

A Malásia anunciou na semana passada que irá devolver 3.000 toneladas de resíduos a países como os EUA, China, Austrália ou Japão, depois de ter devolvido a Espanha, em abril, cinco contentores de lixo.

Depois de receber mais de 7 milhões de toneladas de lixo em 2017, segundo a ONU, a China proibiu em 2018 a importação de lixo, que foi desviado para países do sudoeste asiático como as Filipinas, Malásia e Indonésia.

Crioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca

[dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora.

Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00.

“O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos.

“Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou.

“O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse.

Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses.

O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias.

Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957.

Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100.

Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram.

“As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria.

“Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal.

“Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo.

Macau discute desenvolvimento sustentável do turismo em conferência no Butão

[dropcap]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo de Macau afirmou ontem que o turismo é uma “indústria pilar” da economia do território, mas admitiu que implica “pressão” para os residentes, durante uma conferência mundial dedicada ao sector, a decorrer no Butão.

Maria Helena de Senna Fernandes falava hoje numa conferência da Organização Mundial de Turismo (OMT), na capital do Butão, em que vários países e territórios asiáticos debateram políticas de desenvolvimento sustentável naquele sector, anunciaram as autoridades locais em comunicado.

Na sua intervenção, a directora dos Serviços de Turismo de Macau sublinhou que o turismo é uma “indústria pilar” da economia do território, mas que o seu rápido desenvolvimento “acarretou também pressão para a vida dos residentes”.

Nesse sentido, frisou, o Governo tem procurado desenvolver uma indústria turística compatível com o bem-estar da população, de forma a construir uma cidade sustentável que seja “simultaneamente um bom sítio para viver e viajar”.

A conferência arrancou com intervenções do secretário geral da OMT, Zurab Pololikashvili, e do ministro dos Negócios Estrangeiros do Butão, Tandi Dorjientre, e decorreu na véspera da 31.ª reunião conjunta da comissão da OMT para a Ásia Oriental e Pacífico e da comissão para a Ásia do Sul, que reúne dirigentes e representantes de turismo de 25 países e territórios.

Macau, um território com cerca de 35 quilómetros quadrados, recebeu em 2018 mais de 35 milhões de turistas, um número que já não está longe do ‘tecto máximo’ de 40 milhões de turistas por ano, segundo o Instituto de Formação Turística (IFT). O turismo da região cresceu 211% entre 1999 e 2018.

Em Março, em entrevista à Lusa, Senna Fernandes anunciou que o Governo está a efectuar um estudo para a possível aplicação de uma taxa turística no território, como acontece actualmente em Veneza (Itália) e no Japão.

Yangjiang | Acidente na central nuclear registado no sábado

[dropcap]O[/dropcap]correu um incidente, no passado sábado, na Central Nuclear de Yangjiang, situada na província de Guangdong a cerca de 160 quilómetros de Macau. A notícia foi avançada ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU) após a recepção, ontem, de uma nota do Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong.

O incidente ocorreu durante uma acção de manutenção à unidade 5 da referida central nuclear, em que se registou uma anomalia no modo de controlo da válvula de ajustamento do sistema de bypass de turbina a vapor enquanto o pessoal operacional efectuava o teste de modificação de modo.

Segundo as autoridades, os funcionários conseguiram “retomar de forma atempada ao seu estado normal”, estando neste momento a funcionar de forma “segura e estável”. Segundo a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, o sucedido foi classificado como um incidente operacional de nível 0, “não afectando o funcionamento seguro da central, a saúde do seu pessoal operacional, da população e do ambiente adjacente à referida central”. A Escala Internacional de

Acidentes Nucleares classifica os incidentes em níveis de 1 a 7, sendo o nível 0 incidentes sem problemas de segurança, apontam os SPU.

Óbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje”

[dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos.

“Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa.

A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”.

Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”.

A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.

Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto.

“Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora.

Percurso de ouro

Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida.

Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”.

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.

Mundial 2022 | Revelados convocados para o jogo com o Sri Lanka

O Chao Pak Kei, com seis atletas e o Benfica com cinco, dominam a convocatória de Iong Cho Ieng para o encontro de Macau com o Sri Lanka, a contar para o apuramento para o Mundial de 2022. O Sporting é o único clube da Liga de Elite sem jogadores entre os 23

 

[dropcap]O[/dropcap] Chao Pak Kei e o Benfica de Macau são as equipas mais representadas na lista com os 23 atletas que vão defrontar a selecção do Sri Lanka, em jogo a contar para a primeira eliminatória de apuramento para o Mundial de 2022, no Qatar. O encontro está agendado para amanhã, às 19h30, no Centro Desportivo de Zhuhai e os convocados foram anunciados ontem.

De uma lista de 23 atletas, três são guarda-redes, 10 defesas, sete meio-campistas e três atacantes. Ao nível da defesa, o C.P.K. cede Lei Ka Him, Lei Ka Hou e Kam Chi Hou. No meio-campo os escolhidos são Pang Chi Hang e Lam Ka Seng. Finalmente, Ho Ka Seng é o atacante do C.P.K. cedido pela formação.

Do Benfica vêm cinco atletas. Filipe Duarte, Lei Chin Kin e Chan Man são os defesas encarnados que vão vestir a camisola da formação da Flor do Lótus. O médio Lee Keng Pan e o avançado Nicholas Torrão completam o grupo dos cinco.

A seguir aos dois clubes já referidos, Monte Carlo, Hang Sai e Ka I são as equipas mais representadas. Os canarinhos cedem à selecção o guarda-redes Ho Man Fai e o médio Cheong Hoi Sai. Já o Hang Sai cede o defesa Lam Ka Po e meio-campista Ng Wa Keng. Por sua vez, o Ka I cede o defesa Wong Vernon e o médio Kong Cheng Hou.

Finalmente, o Ching Fung cede o guarda-redes Fong Chi Hang, os sub-23 o guardião U Wai Chong, a Polícia o médio Monteiro Herculano e o Tim Iec o avançado Ho Man Hou.
Consta ainda na lista o defesa Ng Wa Seng, da formação de Hong Kong Central E Western, e o médio Lam Ng Tai, do Wong Tai Sin, também da região vizinha.

No que diz respeito aos clubes da Liga de Elite, o Sporting é a única equipa sem qualquer atleta entre os convocados.

Jogo em Zhuhai

Devido às obras que decorrem no Estádio de Macau, o encontro de amanhã vai ser disputado no Centro Desportivo de Zhuhai. A partida da selecção local está agendada para hoje, às 14h15, nas Portas do Cerco.

Os residentes que tenham visto de entrada para o Interior da China podem assistir ao encontro. Os bilhete são grátis e podem ser levantados durante o dia de hoje e amanhã no Estádio de Macau. Cada residente pode levantar um máximo de quatro ingressos e precisa de mostrar um cartão de identificação.

Solipsismo

[dropcap]N[/dropcap]o tempo presente graduamos áreas vastas de condições que já foram amplamente debatidas quando este ser que hoje somos não existia em grande quantidade a um ritmo comum. Somos muitos, somos mais, somos tantos que nem sabemos para que serve tanta vida em vagas deambulatórias para todos os lados, e que numa visão mais aturada se parece a muitas outras nas circunstâncias em que estamos a ser.

Mas, e pensando melhor, o que somos entre tantos, entretanto, entre muitos e nós – que nós – somos um, e cada um é tão uno como nós, entre todos somos talvez uma violenta abstração. –

Sim, como bem viu Almada Negreiros, todas as soluções para mudar o mundo ao tempo em que nascemos já estavam tomadas, e cada um tem a sua esfera de razão inabalável para o desmentir, e o que acontece é que vivemos essa experiência como única – egoísmo pragmático – assim atirando o nosso eu para o palco das ideias redentoras, ficando quase sempre um vazio imenso ao redor que não é mais que a maravilha da projecção de pensadores, assim fornecido, para testar a pertinência das conclusões.

Sem focar a matéria filosófica inerente ao tema, há no entanto literariamente um princípio assaz solipsista na vertente poesia, sempre que mencionamos eu lírico versus eu poético, o autor. Ou seja, o poeta que escreve não é o que escreve a “coisa” de si, o recurso que o possibilita fazer não é a natureza do autor, e essa transformação em coisa outra torna um fazedor num bem-fazente de tais coisas amadas que ele apenas para os outros tem autoria mas nenhuma autoridade acerca da sua construção.

Quem faz se está fazendo pelo processo lírico inventado, e pode ser que nasça nele um ser novo, renascido, fruto da complementaridade desse exercício que sempre requer coragem pois que nada sabemos do que vem por aí talhado no grau da imaginação, e se se vai fazer dela a realidade única do centro de uma vida. Se para trás deixarmos o eu poético, é porque éramos poetas antes mesmo de começar.

A vida espreita a sua oportunidade para se tornar centro robusto, e quando aí chegados a nossa posição assenta na demonstração que mais nada de superior ou inferior importa. Porém ( e aqui se esbate de novo o tema) criar não é o mesmo que imaginar que o que não queremos não é ou não existe, pois que passando a ser a inventividade plataforma para outras realidades, o fazedor tem uma maior responsabilidade face ao elemento com que se debate. «Se penso, logo existo» posso mesmo assim não ser responsável por nada saber daquilo que os outros são: posso dizer: – sou um eremita – mas o mundo está cheio deles que pensam a solidão como reforma antecipada ao acto perigoso de viver e, no fundo, estamos todos reduzidos à circunstância individual de existir sem que tenhamos em muitas das vezes criado o tal movimento que vai para locais que não podemos ponderar.

Há verbas, isso nos faz solipsistas tamanhos que não conseguimos mais sair da continuada esfera de as contar, estar reduzido à contagem, sós nos labirintos das contas, mas também há verbos, que os verbos saem do solipsismo ambiental quando não arrancam para mais uma manifesta aragem de um eu encurralado. – Fazer, fazer, fazer… não importa o quê, onde, e a que preço, fazer o quê? – Contar a nossa história ímpar, tão única! Um reflexo gratuito se abate por todos os lados como um plasma irreflectido e a Criatura esqueceu-se do Criador, e sem que suspeite ficou louca e só no meio do martírio da sua galvanizadora manobra. Quando por momentos nos olhamos, queremos ver-nos nos outros como se fossem feitos para nos saciar do que somos, em grande parte já temos um plano para sermos, e uma predefinição daquilo que os outros são que nos atira para graus de solidão tamanha que julgamos que fizeram ou disseram aquilo que pensámos ter querido apenas escutar; no fundo, nem nunca olhámos para ninguém, ao acontecer, é cada vez mais por um ângulo esmagador que há-de fazer do outro um não existente. O que não queremos não existe. Mas o que queremos também muitas vezes não existe, de modo que o nada nos assola como um refúgio jamais imaginado.

Em muitos aspectos estamos perto da vertente dos tiranos e também da esquizofrenia que leva a generalizar os factos extra nós como violentas celebrações de vontades alheias, e, o tempo, essa medida estranha aos laboriosos de uma condição demarcada, parece fugir mais que qualquer outra coisa que tenham, mas não se lhes assiste propriamente um destino que implique uma fonte constante de suave satisfação. Falta isto, esta delicadeza que tem o infinito e a crença na vida como uma terna presença em que não se pode tocar. Bloqueio sem firmeza gera espectros. E se temos de lidar com a nossa verdade como centro indiscutível, sejamos mais céleres no combate à memória daquilo que não queremos lembrar. Que mesmo assim, nos havemos de lembrar por fim. Que seja então para agradecer o mal que nos fizeram que soube produzir algum sincero bem.

Para os que possuem o ónus da prova da sua existência, não adulterar os factos «que para ser grande, sê inteiro» e que ainda muitos não cabem dentro de si.

Xi Jinping na Rússia para acertar estratégias com Putin

Na visita de três dias a Moscovo o Presidente chinês deverá abordar com o seu homólogo russo temas como a crise venezuelana, a Coreia do Norte ou a guerra comercial com os Estados Unidos. Em cima da mesa estarão também a assinatura de acordos no âmbito das áreas da agricultura, finanças e ciência e tecnologia

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, realiza esta semana uma visita à Rússia, onde participará no 23º Fórum Económico Internacional e acertará estratégias com o seu grande parceiro internacional Vladimir Putin, face às crescentes tensões com os EUA.

Xi e Putin “vão actualizar e fortalecer as relações”, num momento em que a situação internacional apresenta “mudanças sem precedentes no espaço de um século” e sofre “grande impacto do unilateralismo”, disse ontem o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Zhang Hanhui, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Sem referir a guerra comercial entre a China e os EUA, Zhang sublinhou que as relações entre Pequim e Moscovo são cada vez mais “maduras, estáveis e fortes” e serão reforçadas nesta visita de três dias para a qual Xi Jinping parte na quarta-feira.

“Esta visita consolidará a base política das relações sino-russas, reafirmará o seu apoio mútuo em questões que envolvem as respectivas preocupações fundamentais e assegurará que as relações não serão afectadas por qualquer mudança na situação internacional”, acrescentou.

Especialistas prevêem que Pequim e Moscovo continuarão a traçar estratégias comuns, sobre a Venezuela ou Coreia do Norte, enquanto a guerra comercial com Washington se agrava.

No entanto, Putin poderá também tentar explorar as disputas comerciais entre Pequim e Washington para melhorar a capacidade de manobra da Rússia nas relações com os dois países.

Da agenda

A Xinhua avançou que os dois chefes de Estado deverão assinar documentos de cooperação em áreas como agricultura, finanças, ciência e tecnologia e comércio electrónico.

Os dois Presidentes devem ainda discutir projectos de infraestrutura, como a ponte que ligará Heihe, cidade fronteiriça da província chinesa de Heilongjiang, com a cidade russa vizinha de Blagoveshchensk, permitindo triplicar o volume actual de carga naquela área.

Xi participará ainda num evento para celebrar o 70º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas e no 23º Fórum Económico Internacional, em São Petersburgo, onde apresentará ideias para o “desenvolvimento sustentável, a defesa do multilateralismo e a melhoria da governação global para o desenvolvimento e a prosperidade”, segundo a Xinhua.

A cooperação militar entre os dois países tem também aumentado, com intercâmbios de alto nível entre as forças armadas, para marcar o 70º aniversário das relações, e que incluirão “formação em combate real e outras competências militares”, segundo o porta-voz do ministério chinês da Defesa Wu Qian.

As marinhas dos dois países conduziram um exercício naval conjunto, no início de Maio, em Qingdao, na província de Shandong, leste da China, destinada a preparar para “combate real” e reforçar a “capacidade de comando conjunto e resposta a ameaças à segurança marítima”.

RAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos

[dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania.

“A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados.

O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou.

Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda.

Atrás da objectiva

Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota.

A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM.

A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto.

Exposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi

Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi

 

[dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar.

Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998).

“Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio.

Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição.

Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista.

Novo mundo

Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo.

“O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa.

Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido.

O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita.

Polícia rejeita aumento da criminalidade

[dropcap]O[/dropcap] director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, afirmou no domingo que, “no recente caso do furto de fichas, a identidade dos suspeitos acabou por ser descoberta, indicando que a polícia tem capacidade para lidar com situações inesperadas”, noticiou ontem a Rádio Macau chinesa.

O comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Ma Io Kun, disse que o departamento da secretária para a Segurança atribui grande importância à situação de vigilância dos casinos, afirmando que não é possível considerar que existe um agravamento do risco de segurança em Macau com base apenas nestes casos.

O responsável acrescentou também que as forças policiais continuarão a avaliar se as medidas de segurança ao redor dos casinos são ou não suficientes, e a rever se o crime terá um maior impacto negativo na comunidade.

O presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, Song Wai Kit, afirmou que o caso reflecte a eficácia do mecanismo de cooperação policial entre Macau e o continente, e que é necessário reconsiderar a idade e capacidade física dos agentes dos casinos para enfrentar situações imprevistas.