Xizang | Cientistas extraem maior núcleo de gelo do mundo

Cientistas chineses anunciaram esta terça-feira que extraíram o maior núcleo de gelo do mundo nas latitudes médias e baixas da Terra. O núcleo foi extraído no glaciar Purog Kangri no condado de Tsonyi, Região Autónoma de Xizang, segundo informou a Xinhua.

Com uns impressionantes 324 metros de comprimento, o núcleo de gelo supera o recorde anterior de um núcleo extraído da calota de gelo de Guliya na prefeitura de Ngari em Xizang, indica o Diário do Povo. O glaciar Purog Kangri é o glaciar mais espesso do planalto Qinghai-Tibete. Ao mergulhar na extensão gelada, os investigadores pretendem obter informações valiosas sobre a paisagem em mudança desta região significativa, acrescenta a publicação. Através de exames meticulosos de núcleos de gelo, os cientistas esperam desvendar as transformações que ocorrem dentro do glaciar e lançar luz sobre o impacto da mudança climática global nos glaciares em todo o mundo.

O acontecimento representa um passo crucial na compreensão dos efeitos do aquecimento das temperaturas nestas formações naturais vitais.

UE | China “não aceita e não concorda com” taxas sobre veículos eléctricos

A entrada em vigor de taxas europeias sobre os veículos eléctricos chineses, até 35,3 por cento, levou a uma resposta enérgica de Pequim

 

A China afirmou ontem que “não aceita e não concorda com” a decisão da União Europeia (UE) de aplicar, desde ontem, tarifas alfandegárias de até 35,3 por cento sobre veículos eléctricos importados do país asiático.

O Ministério do Comércio chinês recordou, em comunicado, que apresentou um recurso ao mecanismo de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas de forma determinada”, disse Pequim.

Em Agosto, as autoridades chinesas iniciaram um processo de resolução de litígios junto da OMC, afirmando que a iniciativa da UE “violava gravemente” as regras da organização e não tinha “qualquer base objectiva e jurídica”.

Embora o porta-voz para o comércio tenha sublinhado ontem que a investigação anti-subvenções da UE constitui uma “manifestação de proteccionismo”, o responsável reiterou também a vontade de Pequim de continuar a negociar para “chegar a uma solução mutuamente aceitável o mais rapidamente possível”.

“A China sempre se empenhou em resolver os diferendos comerciais através do diálogo e da consulta, e tem feito tudo o que está ao seu alcance neste domínio. Actualmente, as equipas técnicas das duas partes estão a realizar uma nova ronda de negociações”, lê-se na mesma nota.

“Esperamos que a UE trabalhe de forma construtiva com a China, siga os princípios do pragmatismo e do equilíbrio, aborde as principais preocupações de cada uma das partes (…) e evite uma escalada das fricções comerciais”, insistiu o porta-voz.

Taxas e mais taxas

O executivo comunitário aplicou taxas punitivas de 35,3 por cento ao fabricante chinês SAIC (MG e Maxus, entre outras marcas), 18,8 por cento à Geely e 17 por cento à BYD, por um período máximo de cinco anos.

A medida afectará também as empresas ocidentais que produzem na China, como a norte-americana Tesla, que ficará sujeita a uma taxa de 7,8 por cento, enquanto outras que tenham cooperado com a Comissão na investigação que esta desenvolveu antes de aprovar as taxas ficarão sujeitas a uma taxa de 20,7 por cento.

A UE está a tomar esta medida depois de, apesar da divisão entre os 27, ter recebido apoio suficiente na votação dos governos da UE no início deste mês: cinco países opuseram-se às taxas, dez apoiaram-nas e doze abstiveram-se.

A Comissão declarou que suspenderia os direitos aduaneiros em caso de acordo com a China durante os próximos cinco anos, mas não os cancelaria, a fim de ganhar tempo para os voltar a aplicar se Pequim não cumprisse o acordo. Em retaliação, a China anunciou nos últimos meses investigações sobre as importações de aguardente, produtos lácteos e carne de porco da UE.

DSEC | Transportes e Armazéns com mais trabalhadores

No ano passado, o número de estabelecimentos de transportes e armazenagem sofreu uma redução, mas o número de empregados aumentou. Os dados foram publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) com os “resultados do inquérito ao sector dos transportes, armazenagem e comunicações referente a 2023”.

Em 2023, havia 3.044 estabelecimentos de transportes e armazenagem, menos 214 face a 2022. No entanto, o pessoal contratado era de 18.785 pessoas, um aumento de 2.170 trabalhadores, o que foi justificado com a maior contratação pelas empresas para fazerem face à procura.

“As receitas foram de 20,41 mil milhões de patacas, verificando-se um aumento homólogo de 112,9 por cento, impulsionado pela recuperação gradual quer da economia mundial quer das actividades sociais”, foi indicado pela DSEC. “As receitas provenientes dos serviços de transporte de passageiros (7,51 mil milhões de patacas) e dos serviços de transporte de mercadorias (3,26 mil milhões de patacas) cresceram 184,4 por cento e 49,3 por cento”, foi acrescentado.

No mesmo período, existiam 29 estabelecimentos do ramo das comunicações, uma redução de seis face a 2022. Neste sector registou-se uma redução de 70 trabalhadores, para 2.294 pessoas. As receitas sofreram uma redução de 3,2 por cento nas comunicações, para 7,02 mil milhões de patacas, o que se deveu “principalmente às reduzidas vendas de equipamentos de telecomunicações”.

Trânsito | Multas estáveis, mas valores sobem 16 milhões

Nos primeiros noves meses do ano, registaram-se mais 18 por cento de acidentes de viação (quase 11.700 casos). Também o valor total das multas ultrapassou 147 milhões de patacas, subindo mais de 12 por cento, tendência ascendente verificada igualmente nas infracções cometidas por taxistas

 

Entre Janeiro e Setembro deste ano, as autoridades passaram mais de meio milhão de multas (546.324), total que apesar de representar um ligeiro aumento de 0,7 por cento trouxe aos cofres da RAEM mais 15,9 milhões de patacas do que nos primeiros nove meses de 2023. Feitas as contas aos três primeiros trimestres de 2024, foram passadas multas que ultrapassaram os 147 milhões de patacas, de acordo com os dados estatísticos do trânsito, divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

Importa referir que neste capítulo, as estatísticas mostram que os estacionamentos ilegais caíram 3,24 por cento nos primeiros nove meses deste ano. Porém, o número de condutores apanhados a conduzir sob o efeito de álcool aumentou mais de 20 por cento, com um total de 137 casos detectados

Também o número de pessoas que as autoridades identificaram a usar telemóvel durante a condução subiu 21,3 por cento, para um total de 1.611, assim como a condução sem uso de cinto de segurança, que disparou 58,6 por cento.

No entanto, a infracção que continua a representar a maior tendência de subida é a travessia de ruas fora das passadeiras. Nos primeiros nove meses deste ano, foram apanhados 6.173 peões a atravessar a estrada não cumprindo as regras de trânsito, quase o triplo face ao período homólogo.

Outro dado que salta à vista nas estatísticas do trânsito, é a ligeira diminuição das infracções por excesso de velocidade, que caíram 0,1 por cento, totalizando 8.870 casos. Ainda assim, os casos de excesso de velocidade grave detectados na Ponte de Sai Van triplicaram no período em análise.

Carros de praça

No cômputo geral, foram registados nos primeiros nove meses deste ano quase 11.700 acidentes, uma subida de cerca de 18 por cento. Porém, durante o período em análise, os acidentes fatais caíram 71,43 por cento, para um total de dois casos. Já o número de feridos, aumentou 17,6 por cento, para 198 pessoas feridas em acidentes de viação, quase mais três dezenas do registo dos primeiros três trimestres de 2023.

As irregularidades cometidas por taxistas voltaram a sobressair nos dados estatísticos do CPSP. Nos primeiros noves meses do ano, foram registadas 600 infracções cometidas por condutores de táxi, total que representou um aumento de 52,28 por cento.

A recusa de transporte foi uma das irregularidades mais frequentes, somando 206 casos até Setembro deste ano (+34,64 por cento). Os casos de cobranças abusivas por taxistas também subiram 61,54 por cento durante o período em análise. A categoria que reuniu mais infracções foi “outras irregularidades”, com mais de metade dos registos (373 casos) e um crescimento homólogo de 61,54 por cento.

Ensino superior | UL assina memorando com a Universidade da Cidade de Macau

Foi ontem assinado um novo memorando de cooperação entre a Universidade Cidade de Macau e a Universidade de Lisboa para que haja um intercâmbio de estudantes entre a capital portuguesa e a região. Luís Anjos Ferreira, reitor da UL, lembrou que a universidade está ainda ligada a outras escolas de educação superior na China, destacando a Universidade de Macau, a Universidade Politécnica do Macau e a Universidade de Xangai.

O memorando foi assinado no âmbito do 3.º Fórum dos reitores das instituições do ensino superior da China e dos países de língua portuguesa, que termina hoje. Luís Ferreira lembrou que há cada vez mais pós-graduados chineses na UL e que isso significa que a formação em língua portuguesa na China é de qualidade. “São cada vez mais os estudantes chineses que vão fazer o mestrado e o doutoramento. Isso é um bom sinal, é sinal de que o seu grau de licenciatura já é de grande qualidade”, referiu aos jornalistas.

Em 2022, 51 instituições de ensino superior ofereciam programas de língua portuguesa no interior da China, segundo uma compilação divulgada pelo académico da Universidade Politécnica de Macau, Manuel Duarte João Pires, nesse mesmo ano. No caso de Macau, são cinco universidades com programas de português.

Kiang Wu | Associação autorizada a construir edifício comercial

O terreno onde ainda funciona um pequeno parque aberto ao público com máquinas para exercício físico de manutenção vai receber um edifício com sete andares, para lojas e habitação

 

A Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu obteve autorização para avançar com a construção de um edifício com lojas e habitações na Rua de Santo António. A informação foi divulgada ontem através de um despacho no Boletim Oficial, assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.

O terreno onde vai ser construído o edifício está na posse da associação desde 2003, altura em que venceu uma acção ordinária nos tribunais locais, e é constituído por quatro lotes. No entanto, até ao ano passado, apenas a finalidade de dois dos lotes estava definida.

Os restantes lotes onde a associação vai construir um edifício estiveram até ao ano passado por definir, depois dos edifícios que existem no local terem ruído, de acordo com um despacho de 2003. No local, surgiu um pequeno parque aberto ao público com algumas máquinas de exercício físico de manutenção.

Com a aprovação no ano passado da alteração da finalidade, para uso comercial e habitacional, a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu vai poder expandir o seu património em Macau, com um novo edifício.

De acordo com os dados revelados, os dois lotes têm uma área de 122 metros quadrados e vão permitir uma construção com altura com sete pisos, que vai disponibilizar 1.516 metros quadrados para habitação e 145 metros para comércio.

Custo de 14,52 milhões

Em consequência da revisão do contrato de aforamento do terreno, a associação vai pagar, de uma só vez, um prémio no valor de 14,52 milhões de patacas. Além disso, a associação vai ainda pagar 104 mil patacas como “preço do domínio útil do terreno”.

Na assinatura do novo contrato, a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu fez-se representar por dois empresários: Ho Weng Pio, ligado à Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok, responsável pela polémica construção do Edifício Sin Fong Garden, e Tommy Lau Veng Seng, ex-deputado nomeado por Fernando Chui Sai On com ligações à empresa Hou Lin Construction and Real Estate Investment Company.

A Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu foi fundada em 1871, tem mais de 150 anos, e é responsável pela gestão do Hospital Kiang Wu, um dos mais caros do território.

Além do hospital, a associação controla ainda um instituto de formação de enfermeiros, a escola Keang Peng e tem o monopólio dos serviços fúnebres através da Casa Mortuária da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu.

PIB | Fitch prevê crescimento de 15% este ano

Apesar do ritmo mais moderado, a agência de rating Fitch estima que a economia de Macau continue sólida e em expansão ao longo deste e do próximo ano. Para este ano, a estimativa aponta para um crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de 15 por cento, e para 2025 de 8 por cento. “Estes resultados vão ser baseados na contínua recuperação dos sectores do turismo e do jogo, na capacidade para acolher mais turistas, e nas políticas favoráveis”, é indicado no relatório da agência, divulgado na terça-feira e citado pelo portal GGR Asia.

Entre as “políticas favoráveis” para o crescimento económico, os analistas mencionam as novas medidas de vistos, incluindo as entradas múltiplas de excursionistas entre Macau e Hengqin, e o alargamento da emissão de vistos individuais a 59 cidades chinesas.

Recorde-se que na semana passada, o Fundo Monetário Internacional reviu em baixa o crescimento do PIB para este ano, de 13,9 por cento para 10,6 por cento. A instituição reviu também em baixa, de 9,6 para 7,3 por cento, a previsão para o crescimento da economia de Macau em 2025.

Imprensa | Ron Lam questiona política que diz violar a lei

Governantes cada vez mais distantes dos jornalistas e menos dispostos a responder a perguntas, maiores dificuldades no acesso às fontes e órgãos de comunicação social locais impedidos de participar nas conferências de imprensa. É este o ambiente traçado pelo deputado, face às novas directivas do Governo

 

Ron Lam questionou o Governo sobre a nova política de comunicação, que começou a proibir a presença em eventos oficiais de jornais mensais ou de órgãos de comunicação internacionais. O deputado indica que a nova prática do Governo está a violar a Lei da Imprensa, no respeito pelo acesso às fontes de informação.

De acordo com as novas instruções dos departamentos do Governo, os convites estão a ser limitados aos “jornalistas dos jornais diários e semanais, da televisão, rádio e de agências noticiosas”, devido “ao espaço limitado do local”.

Esta foi a justificação utilizada no Conselho Executivo da passada sexta-feira, num evento em que participaram cerca de 10 jornalistas, apesar de a sala da sede do Governo ter capacidade para mais de 50 pessoas.

No entanto, o mesmo critério foi utilizado durante as cerimónias de inauguração da Ponte Macau e vai voltar a ser utilizado na apresentação da nova Linha do Metro aos jornalistas, agendada para 1 de Novembro.

Com a nova orientação, jornais como a publicação local All About Macau, que tem versão mensal e online, ficam impedidos de participar nos eventos. O mesmo poderá acontecer a publicações e agências internacionais.

Agora, na interpelação, o deputado Ron Lam pergunta ao Governo se vai voltar atrás com a nova política. O membro da Assembleia Legislativa indica que a nova forma de actuar do Executivo é “uma violação clara” da Lei de Imprensa que define que os “jornalistas têm direito de acesso às fontes de informação, nelas se abrangendo as dos órgãos de governo, da administração pública, das empresas de capitais públicos”.

Passado como jornalista

Antes de se mudar para a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ron Lam foi jornalista durante vários anos no Jornal Ou Mun, a publicação tradicionalmente mais próxima do Governo Central e do Governo de Macau. O proprietário Lok Po foi durante vários anos deputado de Macau na Assembleia Popular Nacional.

Ron Lam é deputado por uma plataforma independente, na qual tem como uma das pessoas próximas Johnson Ian, também ele ex-jornalista do Ou Mun.

No texto da interpelação, Ron Lam lamenta ainda que se viva um ambiente cada vez mais restritivo na relação entre o Governo e os jornalistas, que inclusive considera prejudicar a comunicação do Executivo. Segundo o deputado, os jornalistas têm cada vez menos oportunidades de questionar os governantes locais e os dirigentes deixaram praticamente de conceder entrevistas, ao contrário do que acontecia no passado.

Como exemplo das medidas para impedir o contacto entre jornalistas e governantes, Lam U Tou aponta as restrições cada vez mais frequentes nos eventos oficiais, em que os jornalistas ficam impedidos de circular e fechados em zonas distantes dos palcos.

Campanha alegre

O mal-estar entre a comunicação social em língua chinesa e o Governo não é novo, e também a campanha de Sam Hou Fai para o cargo de Chefe de Executivo ficou marcada pela polémica.

Ao contrário de Ho Iat Seng, que nas conferências de imprensa como candidato, respondia praticamente a todas as perguntas, às vezes durante horas, Sam Hou Fai adoptou uma postura diferente. Além da sessão de perguntas e respostas ser notoriamente mais curta, limitada a uma hora, na campanha as perguntas eram feitas quase sempre pelos órgãos de comunicação tidos como mais próximos do Governo ou dos grandes órgãos de comunicação sociais estatais.

Também as campanhas de rua foram polémicas, dado que as informações sobre os percursos só foram enviadas para alguns órgãos de comunicação, sem que se conhecesse um critério para a discriminação. Além disso, Sam manteve o contacto com a imprensa ao mínimo, estando sempre acompanhado de seguranças, que não mostraram ter problemas em bloquear as máquinas fotográficas ou o aproximar dos jornalistas.

Comércio | Song Pek Kei critica modelo do Grande Prémio do Consumo

Montantes baixos, vales de descontos com prazos muito curtos e utilização limitada aos fins-de-semana. São estas as críticas da deputada ligada à comunidade de Fujian, que espera que o programa seja melhorado

 

Song Pek Kei considera que é necessário alterar os moldes do Grande Prémio do Consumo, o programa que distribui vales de desconto e que tem como objectivo incentivar o comércio nos bairros comunitários aos fins-de-semana e atenuar o impacto da “fuga” para lá da fronteira de consumidores locais. Numa interpelação escrita, divulgada ontem, a deputada ligada à comunidade de Fujian sugere a introdução de várias “melhorias” ao programa que se prolonga até 29 de Dezembro.

Quando recorrem a certos meios de pagamento electrónico durante a semana, os residentes podem receber cupões com descontos para utilizar durante o fim-de-semana ou feriados, que são distribuídos por sorteio automático. Contudo, Song Pek Kei indica que “o modelo adoptado no Grande Prémio do Consumo é muito restritivo” o que “afecta parcialmente a vontade dos residentes de consumir”.

Song realça que “não é fácil obter cupões”, dado que os sorteios frequentemente não dão “prémio”, mas mesmo ganhando cupões de desconto, estes têm “um valor demasiado reduzido”. Também o facto de os prazos dos cupões serem inferiores a uma semana faz com que muitos “nem sejam utilizados”, por falta de oportunidade.

Dado que o Governo tem o objectivo de “incentivar a economia de Macau com este programa”, Song Pek Kei pede que “os descontos e incentivos atribuídos estejam em maior sintonia com os desejos da população e que beneficiem os consumidores de uma forma mais directa”. Só desta forma, destaca a legisladora, será possível relançar a vitalidade do mercado.

Reforma à vista?

Apontadas as falhas ao programa que se espera ter um custo de 100 milhões de patacas para os cofres públicos, a deputada quer saber se o Governo vai aumentar o investimento no Grande Prémio do Consumo, para mais pessoas participarem.

No mesmo sentido, a deputada da Assembleia Legislativa pretende saber se o Governo tem planos para autorizar que os cupões sejam utilizados em dias da semana. A deputada recorre a opiniões recolhidas junto do comércio local, para argumentar que os fins-de-semana são alturas de maior consumo, pelo que seria mais eficaz, de forma a ajudar o comércio local, se os cupões pudessem ser gastos ao longo da semana, quando os espaços tendem a ter menos clientes. “Se os cupões só poderem ser utilizados durante o fim-de-semana, o objectivo do Grande Prémio do Consumo de estimular a economia local não vai ser sustentável”, alertou.

Calçada do Gaio | Presidente do IC diz que altura de prédio é legal

A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, defende que a construção de uma arrecadação e outros equipamentos no edifício da Calçada do Gaio respeitam a altura máxima de 81,32 metros. As declarações da responsável pelo IC foram prestadas ontem, após a participação num programa matinal do canal chinês da Rádio Macau.

A polémica sobre a altura do edifício situado nos números 18 a 20 da Calçada do Gaio surgiu na semana passada, depois de o deputado Ron Lam ter questionado a possibilidade do edifício com a arrecadação ultrapassar a altura máxima de 81,32 metros.

Contudo, Deland Leong garantiu ontem que o limite está a ser respeitado: “O edifício mantém-se com a altura de 81,32 metros”, respondeu a responsável. “E a altura de que estamos a falar, é a altura da construção do edifício. Não vai haver mais altura do que essa, devido à arrecadação e aos equipamentos”, acrescentou.

A presidente do IC destacou também que as decisões sobre o projecto têm sido tomadas no âmbito dos contactos mantidos com a Administração Nacional do Património Cultural da China e o Centro do Património Mundial da UNESCO.

O projecto de construção na Calçada do Gaio foi suspenso em 2008, devido ao plano de protecção do corredor visual para a Colina da Guia e à classificação do Centro Histórico de Macau. No entanto, depois de vários anos em que as obras estiveram suspensas, e em que se debateu a possibilidade da altura do edifício ser reduzida, o Instituto Cultural permitiu que em 2022 as obras fossem terminadas e a altura de 81,32 metros mantida.

Seac Pai Van | Nick Lei diz que estação é inconveniente para idosos

A estação do Metro Ligeiro de Seac Pai Van, que é inaugurada amanhã, começou a motivar reparos, com destaque para o deputado Nick Lei que argumenta que a estação não tem acessos convenientes para idosos. Em declarações ao jornal Ou Mun, o legislador ligado à comunidade de Fujian afirmou que o acesso às plataformas implica muitas subidas e descidas, mesmo com a instalação de elevadores, circunstância que pode dificultar a vida aos residentes de Seac Pai Van, onde residem muitos idosos.

Nick Lei recordou que o corredor aéreo pedonal da Avenida da Harmonia e Avenida de Ip Heng serão os principais acessos à estação de Metro Ligeiro prestes a ser inaugurada, mas ainda estão em fase de concepção. Como tal, o deputado entende que o Governo deveria dar prioridade a estas obras para tornar o Metro Ligeiro numa alternativa viável aos autocarros públicos.

O deputado sugeriu ainda que seja tida em conta a estrutura demográfica dos bairros que vão ser servidos pelo Metro Ligeiro, além de ouvir as opiniões da população, de forma a aperfeiçoar os sistemas de transportes públicos.

Apesar dos reparos, Nick Lei realça que a estação de Seac Pai Van do Metro Ligeiro vem colmatar a insuficiência de carreiras e frequências de autocarro a servir o bairro.

Maria José de Freitas, arquitecta: “A nova identidade de Macau é um processo”

A arquitecta Maria José de Freitas é uma das convidadas do Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía, que tem hoje início. Amanhã irá falar sobre o “património partilhado da Grande Baía”, que ao longo dos séculos recebeu muitas influências culturais. A arquitecta elogia a acção dialogante do Governo da RAEM e diz que a identidade de Macau está sempre em construção

 

O que se entende por património partilhado da Grande Baía?

O património partilhado é um grupo científico que existe no ICOMOS [International Council of Monuments and Sites] e que tem a ver com o património que, à época da sua construção, foi partilhado por diversas culturas. No caso de Macau, temos os portugueses que trouxeram na sua bagagem cultural gente de outros continentes, Tailândia, Japão e Índia, e que tinham um vocabulário arquitectónico e urbanístico que foi transmitido para o património edificado que hoje temos. Tudo isso continuou depois no período da Administração portuguesa. Podemos dizer que essa herança continua hoje quando são convidados arquitectos e urbanistas estrangeiros a fazer intervenções em Macau. Nesse aspecto, o território sempre teve um papel e ligação com um âmbito bastante vasto.

Temos ainda Hong Kong, que surge na altura dos grandes impérios [meados do século XIX], e que bebeu da influência cultural dos ingleses. Foi algo que se transmitiu numa arquitectura vitoriana também replicada em Macau e em toda a Ásia nessa altura.

E na China?

Em Cantão surgiu uma arquitectura neoclássica ocidental praticada por orientais, e que depois foi vivida por uma comunidade multicultural na sua génese. É uma arquitectura que, ao longo da sua existência, tem continuado a ser visitada e manteve uma narrativa que engloba a miscigenação cultural. É nesse sentido que falamos do património partilhado, sem que haja uma diferenciação de épocas. É assim que esse património é usufruído, dessa partilha, e é aí que entram os valores que levaram à classificação pela UNESCO do Centro Histórico de Macau. É importante frisar que algumas cidades mais recentes do Delta do Rio das Pérolas, como Zhuhai ou Shenzhen, também têm influências internacionais. As sociedades que pertencem à Grande Baía têm influências vincadas dessa multiculturalidade.

Que exemplos pode apontar?

Temos as Kaiping Towers [torres de vigia fortificadas, com vários andares, construídas em aldeias], que foram desenhadas por emigrantes por questões de defesa. Nas cidades, também mais recentes, de Zhongshan e Foshan, há uma influência ao nível urbanístico. Esta multiculturalidade, que é vivida e que é evidente, deve ser estudada e partilhada em termos de conhecimento e actuações. Existem pressões, até do ponto de vista das alterações climáticas e subida do nível da água do rio. Além dos sucessivos aterros construídos, que têm estrangulado as margens do rio, trazendo alguma poluição atmosférica. Todos esses factores afectam o património existente nas cidades portuárias e piscatórias, pelo que há situações comuns e que devem ser tratadas com uma visão regional e internacional. Há cidades portuárias em todo o mundo que sofrem estas vicissitudes e que tem centros históricos.

Como pode ser feita essa conexão?

Podem-se fazer estudos com resultados mais efectivos. Macau pode desempenhar um papel bastante dialogante dado o seu contexto histórico. Prova disso é fazermos este colóquio. O papel de plataforma de Macau sempre aconteceu desde o início da existência do território, porque sempre houve uma ponte entre a China e o mundo em redor. A China potencia Macau como locutor privilegiado com os países de língua portuguesa. O papel que Macau venha a desempenhar nas cidades da Grande Baía prende-se com esta ligação e abertura que o território sempre teve para acolher outras ideias e culturas.

A actual direcção do Instituto Cultural está alinhada com essa visão mais global em relação ao património?

Penso que sim, pela realização destas reuniões internacionais que me parecem bastante oportunas. Também pelo facto de a presidente [Delang Leong] ter ido a Portugal contactar universidades e com a Direcção-geral do Património, o que dá abertura e entrosamento entre o que está a ser feito em Macau e o conhecimento que se procura lá fora, e este é o caminho certo. Estou curiosa em relação ao contexto desta conferência internacional, para perceber o que os colegas de outras cidades vão dizer e o que têm para partilhar. Macau está a seguir o caminho de abertura, que é visível, e também com outras empresas, no que diz respeito à responsabilidade social corporativa, em que também está a ser feito um caminho faseado. Há novas áreas de conhecimento, culturais e de estudo. Não se pode fazer tudo a um tempo só e o IC está a fazer esse caminho.

No contexto da parceria com casinos para renovar algumas zonas da cidade há o caso da Rua da Felicidade e do Centro Comunitário Kam Pek. Acredita que o futuro do património não passa pela perda da história e memória colectiva.

Sim, isso está presente nas intervenções do IC, que tem tido essa situação bem presente em todos os diálogos que são feitos. Não penso que isso esteja em causa [uma possível perda da história e memória colectiva sobre os lugares]. Houve a questão do pavimento nas Casas-museu da Taipa, mas na altura não sabia o que estava a acontecer. Vi depois que houve uma intervenção em que foi criada uma faixa com granito que dá para percorrer com maior facilidade. Há que melhorar as situações para que sejam sentidas pela população da forma mais correcta possível. O IC tem de trabalhar em conjunto com as direcções de Serviço do Trânsito, Ambiente, Obras Públicas e com o Instituto para os Assuntos Municipais, porque está em causa a preservação da cidade. Há também a questão de existir um filtro em relação ao número de pessoas que visitam certos locais. Deve ser feita uma contagem do número de pessoas que visitam as Ruínas de São Paulo e aprovar medidas concretas sobre isso. Na Rua da Felicidade, algumas medidas implementadas foram revertidas [o fecho parcial da rua ao trânsito], foram apenas experiências. No princípio não se faz tudo bem ou mal, e vai-se balizando. É importante que, tanto o IC como a população, façam essa avaliação, incluindo os comerciantes que estão nos sítios, e os académicos. Toda esta metodologia pode depois ser partilhada com Hong Kong ou Shenzhen.

Defendeu há pouco a sua tese de doutoramento sobre o património de Macau. Conclui nesse trabalho que o território tem construído a sua identidade própria a nível patrimonial. Como tem sido feito esse caminho, e com que actores?

Concluí que Macau sempre teve em si uma identidade múltipla, com chineses, portugueses, macaenses, japoneses e todos os que aqui aportaram e encontraram a sua casa. Essa identidade múltipla era negociada entre portugueses e chineses, e também macaenses. As outras culturas que cá estavam também eram ouvidas.

De que forma isso se tem manifestado?

Com a protecção do Farol da Guia, por exemplo. São eles que elevam a voz e fazem interrogações. O Governo chinês classificou a culinária macaense e o teatro em patuá, há o conhecimento vasto de uma identidade abrangente, e sempre foi assim. Com a negociação dos novos contratos de jogo, após a transição, surgiram outras empresas de jogo que trouxeram outras culturas, com os americanos e neozelandeses que se interessam pela cultura do sítio. Com as novas licenças de jogo isso vai continuar, e Macau passou a ter um papel mais abrangente em termos de multiculturalidade do que tinha antes. Temos mais situações em confronto, mais manifestações culturais. A nova identidade de Macau é mais um processo do que propriamente uma definição, e está em permanente evolução.

Na tese apresenta algumas medidas para a defesa da herança cultural. Faltam técnicos no IC, arqueólogos, investimento público, para que se preserve mais a partir de novas investigações?

É importante que haja técnicos, e até de outros países. Não me parece importante que estejam sediados em Macau, pois podem trabalhar a partir de qualquer parte do mundo em regime de outsourcing. Importa é que o IC esteja ciente dessa situação e que haja uma abrangência cultural com conhecimentos vários vindos de diversas regiões do mundo. Cabe ao Governo fazer essa coordenação em conjunto com universidades de todo o mundo, porque este é um património também mundial.

No ensino superior local, à excepção talvez da Universidade de São José (USJ), não tem existido muito foco nas áreas da Arqueologia e História.

A Universidade Cidade de Macau e a USJ também promovem alguns encontros no âmbito da arquitectura, urbanismo e História, mas era importante que a própria Universidade de Macau (UM) tivesse mais cursos de doutoramento e pós-graduação relacionados com o património arquitectónico existente. Mas a UM está em expansão e pode abranger novos campos de intervenção, podendo existir mais parcerias com a Universidade de Coimbra, por exemplo.

Já existe um Plano de Salvaguarda do Centro Histórico. Entende que é necessário mais dinamismo por parte do IC, dado o atraso na sua publicação?

Os planos são revistos a cada cinco anos. O Plano demorou a aparecer e há algum desfasamento, pois alguns casos poderiam ter sido evitados se o Plano tivesse sido elaborado por altura da classificação do Centro Histórico, em 2005. Refiro-me à zona do Farol da Guia. Temo, porém, que quando os edifícios que estão a ser construídos na Zona A se perturbe a visualização do farol. Na Igreja da Penha a volumetria dos edifícios em volta veio a ser reduzida, o que mostra que a população está atenta, tal como o IC. Há também o caso de Lai Chi Vun e da preservação dos estaleiros. Elogio a visão do IC que tem dado voz a este incómodo sentido, e que depois vai respondendo de forma assertiva.

Falou da pressão das alterações climáticas. O que deve ser feito para lidar com a subida da água do rio?

Esse problema vem do século XIX, pois vários urbanistas vieram de Portugal para Macau e nunca conseguiram resolver o problema. O leito do rio foi sendo resolvido em virtude da construção dos aterros, e isso tem consequências. Devem ser feitos modelos conceptuais e diques de contenção. Mas esta situação engloba todo o delta, não é uma situação que deva ser pensada apenas em Macau.

Um Fórum, dois dias

O Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía, organizado pelo Instituto Cultural, decorre hoje e amanhã. O tema principal dos debates será “Integração e partilha do património cultural na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, tentando-se promover, com académicos e técnicos de várias cidades da região, um diálogo sobre o futuro da defesa do património. O evento terá lugar no Centro Cultural de Macau.

ONU | Israel não pode ignorar obrigações internacionais, diz Guterres

O secretário-geral da ONU lembrou que “nenhuma legislação pode alterar” as obrigações internacionais de Israel, depois da aprovação de uma lei que ameaça o trabalho da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.

António Guterres disse, numa declaração divulgada na segunda-feira, que Israel tem “obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e aqueles que concedem privilégios e imunidades à ONU”.

O português disse estar “profundamente preocupado” com a aprovação no parlamento israelita de uma lei que proíbe a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) de realizar “qualquer actividade” ou de prestar qualquer serviço dentro de Israel.

Guterres anunciou que vai levar o assunto à Assembleia Geral da ONU, que em 1952 criou a UNRWA “para satisfazer as necessidades dos refugiados palestinianos”. O secretário-geral indicou que “não há alternativa à UNRWA”, pois é “o principal meio através do qual a ajuda essencial chega aos refugiados palestinianos nos territórios palestinianos ocupados”.

A aplicação da lei “será prejudicial para a solução do conflito israelo-palestiniano e para a paz e segurança em toda a região”, alertou.

A legislação, que não entra imediatamente em vigor, poderá destruir o processo de distribuição de assistência em Gaza, numa altura em que a crise humanitária no enclave se está a agravar e em que Israel se encontra sob crescente pressão dos Estados Unidos para reforçar a ajuda aos palestinianos.

O parlamento israelita aprovou, além desta, uma segunda lei que corta os laços diplomáticos com a UNRWA. O Governo de Israel acusou funcionários da UNRWA de terem estado envolvidos no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra o sul do país, a 7 de Outubro de 2023.

EUA | Alta diplomata visita Taiwan após críticas de Trump à ilha

A representação dos Estados Unidos em Taiwan anunciou ontem a visita de uma diplomata de alto nível ao território, depois de o candidato presidencial republicano, Donald Trump, ter reiterado recentemente críticas a Taipé.

Em comunicado, o American Institute in Taiwan (AIT) afirmou que Ingrid Larson, directora-geral do escritório do AIT em Washington, vai estar em Taiwan até 1 de Novembro, como parte do “forte compromisso dos EUA com Taiwan e para fazer avançar a crescente parceria EUA-Taiwan”.

“Durante a sua visita a Taiwan, [Larson] discutirá a colaboração contínua entre os EUA e Taiwan em questões de interesse mútuo, como a segurança regional, o comércio e o investimento mutuamente benéficos e os laços educacionais, culturais e interpessoais”, indicou a agência.

A visita surge depois de Trump ter reiterado ataques a Taiwan na sexta-feira, afirmando que a ilha roubou a indústria de semicondutores dos EUA e que deveria pagar a Washington pela sua defesa. “Taiwan roubou-nos a nossa indústria de ‘chips’. Querem protecção, mas não nos pagam para isso. A máfia faz-nos pagar dinheiro”, disse Trump, durante uma conversa com um conhecido apresentador norte-americano.

Ucrânia | Tropas norte-coreanas enviadas para a frente de batalha, diz Seul

O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul disse ontem ter indicações de que algumas tropas norte-coreanas podem estar já a deslocar-se para combater na Ucrânia. “As transferências de tropas entre a Coreia do Norte e a Rússia estão em curso e estamos a estudar a possibilidade de que algum pessoal, incluindo generais militares, passe para a frente de batalha”, disse o NIS.

O exército da Rússia está a ensinar aos norte-coreanos uma centena de termos na língua russa para tentar prevenir “problemas de comunicação”, acrescentou, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

“Acreditamos que um importante responsável de segurança russo envolvido no envio de tropas norte-coreanas estava a bordo do avião especial do governo russo que viajou entre Moscovo e Pyongyang nos dias 23 e 24 de Outubro”, disse o NIS, indicando que o objectivo da viagem seria coordenar o envio de tropas.

A cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang representa uma “ameaça significativa à segurança da comunidade internacional e pode representar um sério risco para a segurança” da Coreia do Sul, afirmou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

Na segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano tinha anunciado que cerca de dez mil militares da Coreia do Norte foram enviados para treinar na Rússia e combater na Ucrânia nas próximas semanas.

“Estamos cada vez mais preocupados com a intenção da Rússia de utilizar estes soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região russa de Kursk”, disse a porta-voz do Pentágono aos jornalistas.

Reverso da medalha

Sabrina Singh lembrou que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já tinha avisado publicamente que, caso os soldados da Coreia do Norte fossem utilizados no campo de batalha, seriam considerados beligerantes e alvos legítimos, com sérias implicações para a segurança na região do Indo-Pacífico.

Austin vai ter um encontro com os responsáveis da Defesa da Coreia do Sul no final desta semana no Pentágono, no qual se espera que seja discutido o uso de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia.

Também na segunda-feira, a NATO afirmou que algumas das tropas norte-coreanas já foram enviadas para a região fronteiriça de Kursk, onde a Rússia tem tentado repelir uma incursão ucraniana iniciada no Verão.

Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu na segunda-feira para uma visita oficial à Rússia, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, sem adiantar o motivo da deslocação.

Stultifera Navis

Designar a loucura não é tarefa fácil, e muito menos está isenta de preconceito, a sua lata complexidade que ao longo do tempo também foi mudando, terá de nós humanos os tratados mais apaixonantes de que há memória. Falar dela é mencionar o parente comum que nos une, daí que toda a sua soberania que alguns ilustram, mais não seja que um alto grau da sua consciência. Parece quase um paradoxo, mas sim: a loucura tem consciência de si mesma.

Reportando-nos a exemplos simples, aqueles que sempre nos parecem os mais lúcidos, tempo houve em que os loucos varridos não tinham nem hospitais, nem prisões, e a sociedade embarcava-os para lugares remotos, mas não muito distante ele se encontra de um país que só tinha “embarcadiços”: poder-se-á afirmar que eram os que estavam junto à costa, mas a costa tem também as costas largas, e o que se viu realmente é que se foram de facto quase todos nos embarques, ficando os mais bisonhos em terra firme produzindo de forma metódica graus de loucura que somente não foram navegáveis, havendo ainda uma estranha ideia que o movimento de um barco apazigua este mal. Que por estas e outras bandas, um louco era só um louco, e não um relapso, um judeu, um mouro, um cigano…era essa outra coisa, tendo a sociedade mansamente ordenada visto em muitos deles elos sagrados. Estavam fora do baralho, que hoje semanticamente apelidamos de ” caixa”.

Todos nós temos ainda muito presente (mesmo que seja antigo) o monumental filme de Fellini – «E la nave va» – de sinopse rocambolesca, cenários eloquentes, onde o espanto de uma ópera flutuante nos segue ainda ao fundo como a mais alta instância da capacidade humana para gerar encanto, e de um romance anterior de Kaherine Anne Porter «A Nave dos Loucos», ou seja, nós reflectimos nestas capacidades artisticamente belas, seus enredos e discursos, que ninguém que não seja imensamente criativo poderá analisar, mas quando nos deparamos com Bosch, bem lá ao fundo deste tempo, conseguimos resolver de uma só vez a subliminar ofensa que a uns destrói e a muitos enaltece. A mais bonita sensação vem-nos ainda de que não falamos de uma Arca, mas de coisas mais tangíveis, como navios, composições flutuantes, barcas, com seres que enfrentam o martírio risível de se verem confinados a si mesmos. O plano de fuga só se deu através de um ostracismo caritativo que a partir do Dilúvio nos faz parecer a todos doidos.

A mudança de percepção acabará por nos influenciar de forma esmagadora «Le bateu ivre» onde Rimbaud nos dá outra perspectiva daquilo que pode ser somente um estado de consciência alterado, e mesmo assim nos convida a entrar em sua matéria poética como taumaturgos. Esta experiência parece contudo quase imperceptível, que todos entrámos nos «Paraísos Artificiais» que pouco ou nada nos dizem da loucura total que habita cada um.

Nostalgicamente nos dirá Foucault: “o barco da loucura não navega mais o rio, ficará atracado, retido e seguro, no hospital. Esta é a grande mudança: o embarque, a partir de então, será para um único lugar: o internamento. A desordem da nau dos loucos, encontrará o frio ordenamento do asilo”.

António Cabrita distinguido com Prémio Armando Baptista-Bastos

O romance “Se não quiseres amar agora no inverno, quando?”, de António Cabrita, venceu o Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, anunciou ontem a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, de Lisboa, que promove o galardão.

Sobre a obra vencedora, que será publicada em Portugal no próximo ano, o júri realçou “a qualidade exímia” com que expõe “memórias de Lisboa [e] da sua periferia”. O prémio tem o valor pecuniário de 3.500 euros.

A esta segunda edição do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, apresentaram-se 40 candidatos, dois deles oriundos do Brasil.

O júri foi presidido pelo editor literário Manuel Alberto Valente, e constituído pelos escritores Dulce Maria Cardoso, Maria João Cantinho, José Ferreira Fernandes e Ricardo Gonçalves Dias, também vogal da Junta de Freguesia.

António Cabrita, a viver em Moçambique desde 2005, foi jornalista durante 23 anos, tendo trabalhado no semanário Expresso, de 1988 a 2004. Literariamente, estreou-se em 1979, com a publicação de um livro de poesia, linha muito presente na sua obra, que reuniu pela primeira vez na coletânea “Arte Negra” (2000), seguindo-se títulos como “Abysmos da mão”.

Ofício da escrita

António Cabrita é também autor de guiões e argumentos, alguns em parceria, para séries documentais como “Mar das Índias”, de Miguel Portas e Helena Torres, e de filmes como “Eu Vi a Luz Num País Perdido” (1993), de António Escudeiro, “Paraíso Perdido” (1995), de Alberto Seixas Santos, “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” (2005), de José Carlos Oliveira, e “O Búzio” (2005), de Sol de Carvalho.

Com Maria Velho da Costa (1938-2020), escreveu “Inferno” (2001), sobre Camilo Castelo Branco, como um possível guião para filme, resultado de encomenda para uma trilogia cinematográfica, a desdobrar em série televisiva, que ficou por cumprir. A obra foi editada em livro pelas edições Íman.

António Cabrita ensina dramaturgia e teoria prática de guiões em Moçambique e tem vindo a publicar ensaios, livros de contos, romances e volumes de poesia. Colaborou também com o Hoje Macau durante vários anos com crónicas semanais.

Entre outros, é autor dos livros de poesia “Bagagem não Reclamada”, “Anatomia Comparada dos Animais Selvagens”, com o qual venceu o Prémio P.E.N. Clube, em 2018, “A Kodak faliu”, “Dick, o cão da minha infância”, e dos romances “A Maldição de Ondina” (2013), “Éter” (2015), “A Paixão segundo João de Deus” (2019) e “Fotografar Contra a Luz” (2020). “Trístia” e “Uma ostra questão”, de 2021, estão entre os seus mais recentes títulos.

A obra “Tecto, para andar ao relento” (2022) reúne algumas das suas crónicas. Como tradutor, conta-se a antologia de poesia hispânica “As Causas Perdidas” (2020). No ano passado, na primeira edição do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, o vencedor foi o romance “Disfarça, que lá vem Sartre”, do autor brasileiro Álvaro Filho.

Fotografia | João Miguel Barros expõe na embaixada portuguesa em Tóquio

É inaugurada esta sexta-feira a exposição fotográfica “Marés”, da autoria de João Miguel Barros, na Embaixada de Portugal no Japão, em Tóquio. Vítor Sereno, ex-cônsul português em Macau e Hong Kong, e agora embaixador, destaca a obra “reconhecida internacionalmente” do “talentoso fotógrafo português”. O público poderá ver “uma reflexão profunda sobre o movimento das marés”

 

O mar é o protagonista da nova exposição de fotografia de João Miguel Barros, que estará patente a partir desta sexta-feira, e até ao dia 22 de Novembro, na Embaixada de Portugal no Japão, em Tóquio. “Marés” é composta por nove imagens apenas e um vídeo, retratando-se o movimento natural e belo do mar.

Numa publicação na rede social Linkedin, Vítor Sereno, actual embaixador português no Japão e antigo cônsul em Macau e Hong Kong, descreveu João Miguel Barros como um “talento fotógrafo português com uma obra que tem sido reconhecida internacionalmente”.

“Com uma sensibilidade artística única, Barros provoca-nos com a pergunta: ‘Quantas marés cabem neste mar?’. Será uma experiência visual e sensorial imperdível, que convida à contemplação e à introspeção”, refere ainda Vítor Sereno.
Ao HM, João Miguel Barros explica que “Marés” constitui um capítulo de um projecto maior, intitulado “Photo-Metragens (Photo-Scripts)”, que esteve presente “durante quase seis meses em 2018 no Museu Berardo, e foi visto por cerca de 85.000 pessoas”, além de que também esteve exposto em Macau, nas Oficinas Navais, em 2019.

Para além das nove imagens, “Marés” conta também com um vídeo, com cerca de uma hora de duração e um texto da autoria do fotógrafo. O mote “é uma parte extraída desse texto assente numa pergunta e numa resposta: ‘Quantas marés cabem neste mar?’ e ‘Todas as que conseguires contar'”.

No referido texto, pode ler-se o seguinte: “O mar aberto agitava-se violentamente contra as rochas. Ia e vinha. Ondulava sobre si próprio em movimentos irregulares. E quase sempre se agigantava naquele lugar, selvagem.

Ainda miúdo perguntava ao avô, no meio de muitas histórias de bravos marinheiros e gigantes marinhos por descobrir: ‘quantas marés cabem neste mar?’. E recordava que invariavelmente ele lhe respondia: ‘todas as que conseguires contar'”.

Ainda em relação ao vídeo, João Miguel Barros explica que foi realizado “do mesmo ponto fixo onde as fotografias foram feitas”, retratando apenas o movimento das marés daquele mar.

O fotógrafo recorda a reacção dos visitantes da mostra quando esta esteve no Museu Berardo, em Lisboa. “A experiência foi muito interessante. Passava pela exposição algumas vezes, de forma anónima, e a sala onde o vídeo estava a passar tinha sempre bastante movimento. Havia quase um certo hipnotismo à volta do movimento das marés. E como a pergunta e resposta estavam imprensas em muito grande à entrada da sala, deparei com um grande número de pessoas …. a contar as marés!”

Assim, “Marés” acarreta em si “uma proposta poética, mas também um trabalho sobre a liberdade e uma homenagem à sabedoria dos mais velhos”.

Para Macau, nada

Relativamente a novos projectos, João Miguel Barros tem algumas ideias na manga, mas não para Macau, pelo menos para já. “O único compromisso que tenho é com a participação na exposição colectiva da Halftone, em Dezembro deste ano. Por razões óbvias não posso deixar de estar presente e apoiar sempre as iniciativas e os projectos da Associação Halftone.”

Há, porém, grandes projectos para a galeria que detém em Lisboa, a “Ochre Space”. São iniciativas, segundo João Miguel Barros, “de grande ambição para os próximos quatro ou cinco anos, e todos eles baseados na fotografia chinesa e japonesa”. A ideia é que a galeria se transforme num espaço “para mostrar o trabalho dos mestres”, lançando depois “alguns [fotógrafos] emergentes de grande qualidade”.

Um dos projectos a ser lançado em Janeiro, dia 14, prende-se com a apresentação do trabalho de Hosoe Eikoh, o “mestre dos mestres”. “Essa é também uma das importantes razões que me levam a Tóquio. O projecto do Hosoe é aquele que consta do seu famoso livro ‘Ordeal by Roses’, que teve como ‘objecto’ e ‘sujeito’ Yukio Mishima. E porquê o dia 14 de Janeiro? Porque nesse dia se celebra o centenário do nascimento do Mishima”, adiantou.

Também no próximo ano, mas em Maio, poderá ser vista, na Ochre Space, a mostra “de importância global”, sobre a “famosíssima performance chinesa ‘Add One Meter to the Anonymous Mountain’, que nesse mês, dois dias antes mais concretamente, celebra 30 anos que se realizou em Pequim”.

João Miguel Barros descreve que tem vindo a fazer, no último ano, “uma investigação muito detalhada e inédita”, sendo que, em Maio do próximo ano, se pode esperar uma exposição de fotografia e o lançamento de um livro da sua autoria.

Espionagem | China detém cidadão sul-coreano suspeito

A China confirmou ontem a detenção de um cidadão sul-coreano por suspeita de espionagem. “O cidadão sul-coreano em questão foi detido pelas autoridades chinesas competentes por suspeita de espionagem”, confirmou Lin Jian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.

“Os serviços competentes (…) deixaram inteiramente a cargo dos representantes da embaixada [sul-coreana] o cumprimento da sua missão consular”, sublinhou.

“A China é um Estado de direito. Investiga e trata as actividades ilegais e criminosas em conformidade com a lei, protegendo simultaneamente os direitos das partes envolvidas”, apontou. O porta-voz não deu pormenores sobre a identidade do indivíduo detido nem sobre as acusações de que é alvo.

As autoridades chinesas têm detido o homem de 50 anos desde o final de 2023, informou na segunda-feira a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, citando fontes diplomáticas em Seul. Segundo a Yonhap, trata-se do primeiro cidadão sul-coreano a ser alvo da nova legislação contraespionagem da China.

Na altura da sua detenção, o cidadão sul-coreano trabalhava para uma empresa de semicondutores na China e vivia na cidade de Hefei, no leste do país.

Proibição dos EUA de investimento em tecnológicas chinesas causa prejuízo global, diz CE de HK

O líder do governo de Hong Kong disse ontem que a proibição de Washington de investir capital norte-americano em empresas tecnológicas chinesas vai ter impacto global, de acordo com a imprensa da região semiautónoma chinesa.

“Mostra novamente que os políticos norte-americanos procuram os seus próprios interesses políticos, minando o investimento e o comércio normais, o mercado livre e a ordem económica. Isto irá prejudicar a cadeia de abastecimento global”, reagiu o chefe do Executivo, John Lee, citado pela emissora pública de Hong Kong RTHK.

Em declarações antes da reunião do Conselho Executivo, Lee notou que a medida da administração de Joe Biden “prejudica os interesses de outros, bem como dos Estados Unidos enquanto nação, do seu povo e das suas empresas”, referiu.

O governo de Hong Kong, continuou o responsável, “vai defender os próprios interesses e os interesses das empresas de Hong Kong”. “Trabalharemos igualmente com o país para proteger os interesses nacionais”, acrescentou.

Segurança em primeiro

A decisão dos Estados Unidos, anunciada na segunda-feira e que entra em vigor a 2 de Janeiro, proíbe o investimento em três sectores-chave da economia chinesa: semicondutores e microelectrónica, informação quântica e inteligência artificial.

“A administração Biden-Harris está empenhada em proteger a segurança nacional dos Estados Unidos da América e em manter as tecnologias estratégicas avançadas fora das mãos daqueles que poderiam usá-las para ameaçar a nossa segurança nacional”, destacou o subsecretário do Tesouro, Paul Rosen, em comunicado.

“A inteligência artificial, os semicondutores e as tecnologias quânticas são fundamentais para o desenvolvimento da próxima geração de aplicações militares, de vigilância, de inteligência e de certas aplicações de cibersegurança”, acrescentou. Rosen alertou, como forma de exemplo, que estas tecnologias poderiam ser utilizadas em sistemas informáticos avançados para quebra de código ou aeronaves de combate de nova geração.

Shenzhou-19 | Pequim apresenta nova tripulação

A China revelou ontem as identidades dos membros da tripulação da missão Shenzhou-19, que parte amanhã para a estação espacial chinesa com a terceira mulher astronauta a bordo.

Os três astronautas são Cai Xuzhe, Song Lingdong e Wang Haoze. Cai será o comandante, anunciou a Agência Espacial Chinesa para Missões Tripuladas, numa conferência de imprensa organizada no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste do país.

Cai já participou na missão Shenzhou-14, em 2022. Para Song e Wang, ambos nascidos na década de 1990, vai ser uma estreia no espaço. Antes de ser seleccionado como astronauta, Song serviu como piloto na força aérea, enquanto Wang foi engenheira na Academia de Tecnologia de Propulsão Aeroespacial, de acordo com a agência.

Wang seguirá os passos de Liu Yang, que se tornou a primeira astronauta chinesa a ir para o espaço em 2012, e Wang Yaping, que se tornou a segunda a fazê-lo, em 2013. A Shenzhou-19 vai descolar às 04:27 de amanhã, informou a agência.

A nave espacial transportará os astronautas para a estação espacial Tiangong, onde realizarão experiências, incluindo investigação sobre a construção de habitats lunares utilizando tijolos feitos de material simulado do solo lunar.

Cabeça na lua

A China, até agora o único país a ter pousado no lado mais distante da Lua, planeia construir uma base de exploração científica juntamente com a Rússia e outros países no polo sul do satélite natural.

Os membros da tripulação ontem revelados substituirão os três astronautas que chegaram à estação espacial chinesa a bordo da missão anterior, a Shenzhou-18, em Abril.

A Tiangong funcionará durante cerca de dez anos e tornar-se-á a única estação espacial do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, for retirada este ano, como previsto.

A China investiu fortemente no seu programa espacial e conseguiu aterrar com sucesso a sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua e chegar a Marte pela primeira vez, tornando-se o terceiro país – depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética – a consegui-lo.

CPSP | Idosa de 80 anos detida por ficar com saco perdido

Uma mulher com 80 anos foi detida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), depois de ter ficado com um saco que encontrou na rua e que tinha no interior uma carteira com dinheiro e outros objectos pessoais. O caso foi relatado ontem pelo CPSP. Os bens encontrados foram avaliados em 2 mil patacas.

As autoridades foram alertadas para o alegado crime a 18 de Outubro, quando um residente se queixou de ter perdido os bens no Toi San. O saco com os valores terá caído na rua quando estava a ser transportado num carrinho de compras. Quando se apercebeu de que tinha perdido os bens, o queixoso ainda voltou ao local, mas o saco já tinha desparecido.

A CPSP recorreu ao sistema de videovigilância da cidade e identificou a suspeita que foi detida a 21 de Outubro, perto das Portas do Cerco. Os bens foram recuperados na casa da detida e o caso encaminhado para o Ministério Público. A mulher está indiciada pelo crime de apropriação ilegítima em caso de acessão ou de coisa achada, que prevê uma pena que pode chegar a um ano de prisão.

Hotéis | Ocupação sobe para 85,4% entre Janeiro e Setembro

Há cada vez mais turistas a ficarem nos hotéis de Macau, numa tendência de crescimento que ultrapassa o número de hóspedes pré-pandemia. Também as excursões internacionais mostram sinais de recuperação

 

Entre Janeiro e Setembro, a taxa de ocupação média dos quartos dos hotéis foi de 85,4 por cento, de acordo com os dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Em comparação com os primeiros nove meses do ano passado, quando começaram a ser levantadas as restrições ligadas à política de zero casos de covid-19, a taxa média de ocupação registou um crescimento de 4,8 pontos percentuais, dado que na altura era de 80,6 por cento. A taxa de ocupação dos hotéis de 5 estrelas era de 87,5 por cento, nos hotéis de 4 estrelas de 81,2 por cento e dos hotéis de 3 estrelas 82,9 por cento.

Os números significam que até Setembro os hotéis de Macau receberam 10,89 milhões de pessoas, um aumento de 11,2 por cento. O período médio de permanência dos hóspedes manteve-se em 1,7 noites, não havendo alterações face ao período homólogo.

De acordo com os dados da DSEC, o número de hóspedes mostra um crescimento de 3,3 por cento face ao período entre Janeiro e Setembro de 2019.

No final do terceiro trimestre, estavam abertos ao público 144 hotéis, o que indica um aumento de sete unidades em termos anuais. No total, havia cerca de 44 mil quartos disponíveis, q que revela uma redução de 3,3 por cento em comparação com o período homólogo. O motivo da redução não foi justificado, mas pode dever-se ao facto de alguns hotéis estarem a fazer obras de renovação.

Mais excursões

Em relação às excursões, entre Janeiro e Setembro o número de entradas de visitantes que chegaram em excursões foi de praticamente 1,5 milhões, um aumento de 101,2 por cento em comparação com o período homólogo.

A maior parte dos excursionistas vem do Interior, 1,33 milhões do total, o que significa cerca de 88 por cento.

Cerca de 142 mil eram visitantes internacionais, o que representa cerca de 9,4 por cento do total dos excursionistas, no que significou um aumento de 276 por cento, em comparação com o período homólogo. “O número de entradas de visitantes em excursões da República da Coreia (58.000) e o da Índia (19.000) subiram 387,1 por cento e 929,8 por cento”, foi destacado pela DSEC.

Também entre Janeiro e Setembro, o número de residentes de Macau que adquiriram nas agências de viagens serviços para viajarem ao exterior correspondeu a 426 mil, mais 46,2 por cento, em termos anuais. De entre estes residentes, 151.000 viajaram em excursões (mais 106,9 por cento em termos anuais), 137 mil dos quais se deslocaram ao Interior.

São Januário | Centro de Endoscopia inaugurado ontem

Foi ontem inaugurado o Centro de Endoscopia no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), após um trabalho de optimização da zona onde se realizava esse tratamento junto à porta do serviço de urgência.

Segundo uma nota dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, director dos SS, declarou que a criação deste Centro constitui “um marco importante para o desenvolvimento do sistema de cuidados de saúde de Macau”, permitindo uma “integração de recursos, pois os exames endoscópios das diferentes especialidades são realizados no mesmo local”.

É ainda disponibilizado um serviço “one-stop” de registo pré-exame, diagnóstico endoscópico, tratamento e recuperação pós-exame, “para que todos os utentes possam sentir que o serviço de cuidados de saúde se encontra sob o princípio de ‘ter por base a população'”, declarou Alvis Lo.

Este Centro deverá vir a disponibilizar “novas técnicas de endoscopia e novos equipamentos”, como a “endoscopia por cápsula, manometria de motilidade gastrointestinal, tecnologia de diagnóstico de tumores por imagem óptica e ressecção endoscópica de tumores”.

A ideia é que o novo Centro possa ser um serviço complementar ao Serviço de Urgência. “Em articulação com os recursos humanos e o apoio técnico do Serviço de Urgência, é aumentada a segurança do diagnóstico e terapêutica. A par disso, o Centro pode também facilitar o uso de equipamentos de raio-X, tomografia computadorizada e a sala de angiografia do Serviço de Urgência, entre outros, melhorando, de forma eficaz, a capacidade de diagnóstico e tratamento das especialidades médicas”, é referido.