Pilotos do raid terrestre Macau-Lisboa relembram a aventura passados 31 anos Andreia Sofia Silva - 8 Ago 20199 Ago 2019 Foi há 31 anos que sete homens se fizeram à estrada com o objectivo de fazer o raid Macau-Lisboa. A viagem de jipe incluía atravessar, em 1988, uma China fechada ao mundo, sem telemóveis ou GPS, passando por zonas complicadas como o deserto de Gobi, Himalaias, Paquistão e Irão. O objectivo foi lembrar a presença portuguesa em Macau e o regresso do território à China, que aconteceria 11 anos depois João Severino partiu com João Queiroga, Jorge Barra, Vitalino Carvalho, José Babaroca, João Santos e Mok Wa Hoi, em três UMMs, nos primeiros dias de Março de 1988. [dropcap]A[/dropcap] ideia começou a germinar na cabeça de João Severino, à época jornalista da TDM e ex-director do Macau Hoje. Amante da velocidade, Severino sentia-se preso no pequeno território de Macau que não o deixava acelerar. Pensou arranjar jipes, atravessar pelas Portas do Cerco e desbravar caminho. Uma ideia que parecia impossível. Um dia, no Clube Militar, a coincidência uniu um conjunto de companheiros que partilhavam a mesma vontade. Mexeram-se cordelinhos para angariar apoios públicos e privados, onde se destaca o do empresário Ng Fok e do ex-governador Carlos Melancia, que agilizou muitas questões de ordem prática. À altura, corria o ano de 1988, só João Severino tinha experiência em automobilismo, tendo chegado a competir no Grande Prémio de Macau. Mas a falta de experiência ao volante não impediu que outros seis companheiros, João Queiroga, Jorge Barra, Vitalino Carvalho, José Babaroca, João Santos e Mok Wa Hoi lhe fizessem companhia naquele que foi o primeiro raid terrestre Macau-Lisboa. Em 50 dias percorrerem 22 mil quilómetros, com deserto, neve e conflitos pelo caminho. A viagem terminou na Torre de Belém no dia 25 de Abril de 1988, depois de ter partido das Ruínas de São Paulo, em Macau. “Quando chegámos a Lisboa, Mário Soares (à época Presidente da República) ainda esperou por nós, porque saíamos da capital às 5h da manhã e quase não podíamos andar. Custou-nos mais Covilhã-Lisboa do que Macau-Lisboa, porque a chuva era tanta e intensa que não víamos um metro à frente, com uma estrada horrível. Depois, Mário Soares anunciou que seríamos condecorados e fomos condecorados com ordem de mérito desportivo.” Anos depois, o primeiro raid terrestre Macau-Lisboa foi a aventura de uma vida para muitos, e, apesar das inúmeras peripécias, os jipes UMM chegaram intactos ao seu destino. “Naquele tempo, só para arranjar vistos e autorizações… o Irão estava em guerra com o Iraque, o Paquistão com o Afeganistão, e íamos atravessar a China pela primeira vez, quando o país era muito fechado. Não havia hotéis, telemóveis, helicópteros de apoio. Foi uma expedição que hoje, passados tantos anos, é considerada única no mundo”, recorda João Severino. Na China, todo o trajecto ficou definido pelas autoridades, como recorda João Queiroga, outro dos pilotos, à época presidente do Instituto do Desporto. “Durante ano e meio, a China negociou connosco porque era a primeira vez que passavam no país viaturas estrangeiras conduzidas por estrangeiros. A própria rota na China teve de ser negociada. Depois perceberam quem éramos e qual o nosso objectivo e, pela primeira vez, a China autorizou a nossa passagem por um trajecto que eles decidiram.” Isso implicou proibições de passagem. “Não podíamos passar pela trajectória até à URSS e também não podíamos ir muito para sul, porque havia ali problemas com a fronteira. Assim, seguimos pelos Himalaias, na única estrada de ligação por terra entre a China e o Paquistão.” “A viagem tinha uma simbologia muito grande. Queríamos fazer a ligação entre as Ruínas (de São Paulo) e a Torre (de Belém), e havia o simbolismo da presença lusa em Macau.” – João Queiroga Deserto e neve João Queiroga, hoje a residir em Portugal, foi um dos nomes mais envolvidos na organização da viagem, e fala do enorme simbolismo da odisseia de estrada. “Em 1986 houve uns aviadores que tentaram fazer a ligação entre Macau e Lisboa por monomotor, mas tiveram tanto azar. Quando estavam quase no fim da jornada, o avião aterrou num campo de arroz em Cantão.” Queiroga foi uma das pessoas que se encontrou com Jorge Barra e João Severino naquele dia decisivo no Clube Militar. “A viagem tinha uma simbologia muito grande. Queríamos fazer a ligação entre as Ruínas (de São Paulo) e a Torre (de Belém), e havia o simbolismo da presença lusa em Macau. Também fazíamos a representação da comunidade portuguesa em Macau nas celebrações do 10 de Junho em Lisboa.” Um ano antes, em 1987, havia sido assinada a Declaração Conjunta que determinava que Macau seria território chinês em 1999. Severino assegura que “o raid foi muito difícil”, e que pelo caminho viram a morte “mais de cinco vezes”. “Há uma altura em que chegámos ao deserto do Gobi (na China), com 70 graus de calor e 75 graus dentro do jipe. O Gobi tinha quase três mil quilómetros e a respiração começava a faltar, porque não tínhamos ar condicionado.” Depois, nos Himalaias, o problema foi o oposto. “A neve é uma coisa horrível, e chegámos a ter três metros de altura de neve acima do jipe. Não sabíamos onde estava a estrada, e um de nós ia à frente a bater com o ferro para ver onde estava duro. Porque caindo para o precipício, e eram precipícios de 500 metros de altura ou mais, morríamos logo”, acrescentou Severino. Vitalino Carvalho, médico urologista reformado, é o único dos pilotos que ainda reside em Macau. Ao HM, recorda a passagem pelo “Khunjerav Pass, a 4,693 metros na fronteira entre a China e o Paquistão”, depois de terem deixado o último posto fronteiriço chinês. “Durante horas, sozinhos na imensidão branca da neve que tombava, seguido pela descida da montanha até ao vale do primeiro posto paquistanês, por estradas ladeadas por precipícios profundos, onde só cabia um carro.” Os pilotos partiram, mas demoraram a dar notícias a quem tinha ficado à sua espera. “Só ao fim de dez dias é que conseguimos um telefone para ligar para Macau e dizer que estava tudo bem connosco. As famílias ficaram contentes, foi uma festa na rádio”, recorda Severino. O Irão e os blue jeans Era tudo anti-americano”, contou Severino. “Se apanhassem um maço de Marlboro levávamos um tiro, porque era americano. Faziam-nos perguntas malucas na fronteira. Até que, a certa altura, eu pergunto a uma guarda, mulher, se tinha estado nos EUA, porque vi os jeans dela da Levis. Aí, deixaram-nos passar.” Chegados ao Irão, os sete pilotos passaram por uma série de peripécias. As fronteiras constituíam quase sempre um problema. “Era tudo anti-americano”, contou Severino. “Se apanhassem um maço de Marlboro levávamos um tiro, porque era americano. Faziam-nos perguntas malucas na fronteira. Até que, a certa altura, eu pergunto a uma guarda, mulher, se tinha estado nos EUA, porque vi os jeans dela da Levis. Aí, deixaram-nos passar.” Era tudo anti-americano”, contou Severino. “Se apanhassem um maço de Marlboro levávamos um tiro, porque era americano. Faziam-nos perguntas malucas na fronteira. Até que, a certa altura, eu pergunto a uma guarda, mulher, se tinha estado nos EUA, porque vi os jeans dela da Levis. Aí, deixaram-nos passar.”[/caption] No país dos aiatolas, os três jipes eram mandados parar a cada 100 quilómetros por “miúdos drogados, cheios de cocaína”. Mas foi aí que se depararam com outra curiosidade. “Tínhamos de beijar a fotografia do aiatola. Perdi a cabeça quando vi um dos miúdos com uma arma que eu conhecia, e que me tinha espezinhado o passaporte. Foram os meus colegas que me seguraram. Depois percebi que Portugal, na língua do Irão, é laranja, e aí disseram-nos que espezinhavam os passaportes gozando com isso, como se fosse uma bola. E ainda por cima, os nossos fatos eram laranja. Riam, riam.” A passagem pelo país implicou ainda a dormida numa prisão. “Atravessámos o Irão com uma grande dificuldade. Dormimos no átrio de uma prisão, porque era o sítio mais seguro. As autoridades mandaram-nos para lá e dormimos num anexo. Depois guiámos mais 1200 quilómetros quase, eu sozinho a conduzir, já não via nada, porque tinha os meus companheiros doentes.” A condição feminina no Irão foi uma novidade para os pilotos. “Recordo o facto de nos depararmos com todas as mulheres do Aiatola Khomeini vestidas com o hijab e a roupa larga a cobrir o corpo de forma a não deixar mostrar as curvas femininas”, frisou Vitalino Carvalho. Este recorda também “o artifício feminino de na recepção do Consulado de Portugal, irem em linha directa para a casa de banho, a fim de vestirem e calçarem o último grito da moda de Paris”. Às portas da Europa, a Turquia também constituiu um problema. “Foi muito mau porque tínhamos de parar a toda a hora. Os polícias só queriam tabaco americano. Inventavam coisas para pararmos, íamos para a prisão, depois dávamos tabaco e seguíamos”, contou Severino. A partir daí, as dificuldades foram diminuindo. “A Bulgária foi uma surpresa, um país muito bonito. Jugoslávia fantástico, já aí não queriam nada com a URSS. Era um país diferente, com as mulheres mais bonitas do mundo. Em Itália descansámos porque vínhamos muito cansados. Ainda hoje tenho problemas de costas por causa disso, porque no deserto não se pode andar devagar, senão o jipe atola. O jipe dava 115 quilómetros por hora, como se fossemos no ar”, referiu o antigo jornalista. Marreiros relatava tudo “Custou-nos mais Lisboa-Covilhã do que Macau Lisboa, porque a chuva era tanta e intensa que não víamos um metro à frente, com uma estrada horrível.” – João Severino A viagem contou ainda com o apoio dos irmãos Marreiros. Se Vítor, designer gráfico, tratou da decoração dos jipes UMM, Carlos Marreiros, arquitecto, esteve quase a embarcar na viagem. Não o fez por motivos pessoais, mas ajudou nos relatos para os media e, mais tarde, ajudou na edição do livro. “Foram quase dois meses, aparecia sempre na televisão e nos jornais também. Apelidaram-me de raidista platónico, porque estava no ar, mas não sentia as dificuldades da viagem”, adiantou ao HM Carlos Marreiros. Por telefone, os pilotos iam relatando tudo ao arquitecto. “Fui tomando notas do que eles me diziam e do que iam fazendo. Diziam-me que tinham encontrado minhotas em terras do deserto do Gobi, depois contactaram com guerrilheiros e houve um encontro engraçado no Irão. Eles conheciam Portugal como orange, a terra da laranja, e os citrinos tem origem nos países árabes. E quando souberam que os jipes eram portugueses foram muito bem tratados”, aponta, numa referência à história de João Severino. O livro acabaria por ser publicado pelo Instituto Cultural (IC). “Fui apenas o braço-direito, porque as histórias são deles. Bons tempos, tinha tempo para conviver.” Décadas depois, e no ano em que Macau celebra 20 anos de transferência de soberania para a China, Vitalino Carvalho fala de um enorme companheirismo que vingou ao longo de toda a viagem. Carlos Marreiros assume que, se fosse feita hoje, todos os olhos do mundo estariam postos em Macau. “Não tínhamos nenhum propósito comercial, queríamos apenas conviver, fizemos tudo pelo gosto pela aventura e pelo desenrascanço. Mas havia um propósito cultural. Estávamos longe de pensar que os jipes UMM tivessem a performance que tiveram, sem avarias de maior. Se acontecesse num país estrangeiro seria muito noticiado e seria objecto de exploração de marketing. Hoje, com as redes sociais, teria mais impacto.” Vitalino Carvalho não duvida de que hoje voltaria a fazer o mesmo. “Quando partir o próximo carro, de preferência um UMM, mesmo velhinho e em segunda mão, dá-se um jeito e lá vamos outra vez.”
Pequim pondera tomar medidas para resolver situação em Hong Kong Hoje Macau - 8 Ago 2019 [dropcap]U[/dropcap]m representante do Governo chinês em Hong Kong alertou esta quarta-feira que Pequim está a ponderar tomar medidas na região, que enfrenta “a situação mais grave desde a transferência da soberania” para a China. O chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau, Zhang Xiaoming, falava a representantes da sociedade de Hong Kong, na cidade chinesa de Shenzhen, que faz fronteira com o território. Os protestos, cada vez mais violentos, estão a ter “grande impacto na sociedade”, disse Zhang aos 500 participantes, que incluíam membros dos órgãos legislativos e consultivos de Hong Kong e do Governo central. “Pode-se dizer que Hong Kong enfrenta a situação mais grave desde a transferência de soberania”, descreveu. O responsável afirmou que o Governo central está “muito preocupado” com os protestos que há dois meses abalam Hong Kong e que está a considerar tomar medidas. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica. A China, até à data, não interferiu directamente, embora através de editoriais na imprensa oficial e declarações das autoridades, tenha condenado os manifestantes e organizadores dos protestos, apelidando-os de criminosos, palhaços e radicais violentos. Pequim responsabilizou ainda a interferência externa, nomeadamente os Estados Unidos, por inflamarem os protestos. As autoridades têm ainda apontando um artigo na lei de Hong Kong que permite que tropas estacionadas na cidade ajudem a “manter a ordem pública”, a pedido do governo de Hong Kong. Na segunda-feira, os maiores protestos em décadas interromperam o metropolitano da cidade e levaram ao cancelamento de mais de 250 voos, enquanto manifestantes se espalharam pelo território, bloqueando várias estradas. Várias centenas de advogados pediram ontem uma reunião com a secretária da Justiça, Teresa Cheng, e organizaram um protesto silencioso. Margaret Ng, advogada e ex-parlamentar, disse que quer-se reunir com Cheng para obter a garantia de que não há motivos políticos para processar os detidos nos protestos. Cerca de 500 pessoas foram presas desde o início dos protestos, em Junho, e dezenas de pessoas acusadas formalmente de tumultos, o que pode resultar numa pena máxima de 10 anos de prisão. “Uma das coisas mais importantes num Estado de Direito é que a acusação não seja abusiva, porque se o for, torna-se o mais poderoso instrumento de opressão”, observou Ng. Ela e outros advogados instaram os manifestantes a evitar a violência, que pode prejudicar a sua causa. O advogado Dennis Kwok defendeu ainda que as advertências do governo sobre medidas duras contra os manifestantes apenas inflamam a revolta do povo. E pediu uma investigação independente sobre as acções da polícia e dos manifestantes. Um outro funcionário chinês disse na terça-feira que é “apenas uma questão de tempo” até que os responsáveis pelos protestos sejam punidos, indicando que Pequim adoptará uma linha dura contra os manifestantes e que não planeia negociar reformas políticas. “Gostaríamos de deixar claro ao pequeno grupo de criminosos sem escrúpulos e violentos que estão por detrás: aqueles que brincam com fogo serão queimados”, disse Yang Guang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau.
Fundo soberano | Kou Hoi In demarca-se da retirada do diploma Hoje Macau - 7 Ago 2019 [dropcap]K[/dropcap]ou Hoi In, recentemente eleito presidente da Assembleia Legislativa (AL), disse ontem aos jornalistas que nada tem a ver com a retirada da proposta de lei que iria estabelecer um novo fundo soberano e obrigar a mexidas no orçamento definido para este ano. O deputado adiantou que o Executivo ouviu as diversas queixas dos cidadãos sobre a criação da nova empresa de investimento, pelo que decidiu realizar uma consulta pública sobre esse assunto. Sobre o prolongamento da discussão da proposta de lei de combate à criminalidade informática, Kou Hoi In referiu que ninguém sabe que o que vai acontecer no futuro, e que há coisas que não se podem controlar de forma prévia. “Mesmo que o secretário para a Segurança, por algum motivo, não possa assistir à reunião, e por isso tenha pedido para ser retirada a proposta de lei deste debate, nada tem a ver com a possível controvérsia do diploma”, relatou.
Leonel Alves recusa interpretação “radical” do juramento de Kou Hoi In João Santos Filipe - 7 Ago 2019 [dropcap]L[/dropcap]eonel Alves considerou desnecessária a repetição do juramento de Kou Hoi In, para a tomada de posse como presidente da Assembleia Legislativa. Segundo advogado e ex-secretário da Mesa da AL, o facto de Kou Hoi In não ter dito “Macau” na segunda das três vezes que a palavra surge no juramento não tem impacto para o significado do acto, uma vez que está implícito que se estava a referir à RAEM. “Na República Popular da China só há duas Regiões Especiais Administrativas, Macau e Hong Kong. A cerimónia ocorreu em Macau por isso está implícito que ele se está a referir a Macau. Ele não estava a fazer o juramento em Hong Kong…”, afirmou Leonel Alves, ao HM. “Não vamos fazer uma interpretação do juramento tão radical e fundamentalista”, acrescentou. Ainda de acordo com Leonel Alves o primeiro juramento decorreu publicamente e solenemente pelo que a RAEM já estava implícita no juramento, o que faz com que os requisitos do juramento estivesse cumpridos. Foi a 16 de Julho que decorreu o primeiro juramento, que acabou por ser repetido na tarde de 20 de Julho, pelo facto de Kou Hoi In não ter dito Macau. No lugar certo O também membro do Conselho Executivo deixou ainda elogios à escolha de Kou Hoi In para presidente da Assembleia Legislativa: “Acho muito bem. É meu amigo e tem muita experiência. […] Tive oportunidade de trabalhar com ele na Mesa da Assembleia Legislativa. Estivemos juntos na noite da transferência da Soberania, na altura com o vice-presidente Lau Cheok Vá, eu como 1.º Secretário da Mesa da AL e ele como 2.º Secretário da Mesa. Temos uma amizade com muitos anos e tenho fé que vai desempenhar um excelente trabalho nas futuras legislaturas”, afirmou. Leonel Alves foi deputado entre 1984 e 2017 e se tivesse continuado na AL poderia ter sido um dos candidatos à posição de presidente, uma vez que tinha uma experiência de 33 anos ininterruptos. Contudo, recusou comentar o cenário: “O cargo exige muitos requisitos a longevidade não é o único critério. Não coloco esse cenário em consideração. Qualquer um dos deputados que esteja no hemiciclo pode ser eleito”, apontou.
Medicina Tradicional Chinesa | Lam Lon Wai critica parque em Hengqin Hoje Macau - 7 Ago 2019 [dropcap]L[/dropcap]am Lon Wai, deputado à Assembleia Legislativa e presidente da direcção da Associação Choi In Tong Sam apontou, num comunicado, que o Parque Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong – Macau, localizado na Ilha de Hengqin, não tem conseguido proporcionar oportunidades de emprego suficientes para os médicos oriundos de Macau, pedindo um fomento da indústria dentro do contexto da Grande Baía. O deputado pede que o parque seja aproveitado pelas autoridades para estabelecer pontes com Macau e os países de língua portuguesa, com o objectivo de promover não apenas o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, mas também a produção de medicamentos, pois Lam Lon Wai defende que ambas as áreas estão em fases diferentes de desenvolvimento. Nesse sentido, o Governo deve tomar medidas a este nível, indica. O responsável frisou também que deve ser reforçada a formação e o apoio aos jovens médicos dessa área. Neste sentido, o deputado à AL pede que seja uniformizado o licenciamento destes profissionais, para que se possa elevar a capacidade dos médicos, pedindo também uma alteração dos regulamentos em vigor. Isto porque, na visão de Lam Lon Wai, as diferenças nas normas de reconhecimento profissional e formação fazem com que a identificação profissional obtida seja considerada insuficiente em Macau, o que restringe seriamente a indústria.
Bi-invisibilidade Tânia dos Santos - 7 Ago 20197 Ago 2019 [dropcap]A[/dropcap] bissexualidade é invisível, mas muito presente nas formas de relacionamento romântico e sexual contemporâneos. A literatura parece concordar que isto se deve a um limbo algures entre o mundo heterossexual e o mundo homossexual, onde a bissexualidade se encontra. Estes mundos estão melhor limitados pela sua característica monossexual (ou só do mesmo sexo ou do sexo oposto) tornando-os muito mais fáceis de reconhecer e assumir. A bissexualidade, por sua vez, fica num não-lugar de identificação imediata. Durante muito tempo que se julgou que nem existia – era só uma fase de transição de um mundo para o outro. Estes mundos apresentam-se numa espécie de sistema binário contrastante, em que a homossexualidade é o contrário da heterossexualidade. A necessidade de desconstruir a expectativa de que todos os relacionamentos são entre um homem e uma mulher, ou que a família se faz exclusivamente através desta relação, resulta nesta dicotomia que tem como intuito dar espaço a formas para além das heteronormativas. Este processo implica a constante politização de identidades e denúncia das dinâmicas de poder que definem o subalterno e o dominador. Mas a bissexualidade não é claramente uma nem outra e por isso fica perdida nesse jogo de poder e de legitimidade. Fica perdida entre o mundo do privilégio heterossexual e o mundo de reivindicação da homossexualidade. Navegar nestes dois mundos possibilita uma complexa posição de conforto e desconforto – e de muita dificuldade de reconhecimento – porque ‘normalmente’ ou se é uma coisa ou outra. A falta de reconhecimento pelo outro heterossexual ou homossexual faz com que sejam exigidas provas à não-monossexualidade. Porque os bissexuais, se não forem poliamorosos (que podem ser), ou estão numa relação homossexual ou heterossexual – e aí espera-se que preencham os requisitos ou de um ou de outro. Só que a bissexualidade não é só outra forma incompreendida de viver a sexualidade. Há quem a encaixe nas novas formas de heterossexualidade: é de algum modo expectável (graças à pornografia?) que as mulheres sejam bissexuais. Esta bissexualidade apresenta-se como comportamento sexual que deve ser visto/avaliado/admirado. Ao que a literatura chama de bissexualidade performativa – porque serve de performance ao outro-heterossexual. O que nos leva à questão – será que a bissexualidade está a romper com a perspectiva dicotómica do sexo ou está a dar mais força ao patriarcado? A resposta certa para ajudar a navegar este dilema da bissexualidade terá que partir da definição que lhe damos – só que ela continua invisível. Esta invisibilidade tem criado barreiras na maior congruência entre a identificação da orientação sexual e o comportamento sexual das pessoas. Pessoas tidas como heterossexuais que têm também parceiros do mesmo sexo não se identificam como bissexuais (e vice-versa) porque há dificuldade em mobilizar a bissexualidade para além dos mundos sexuais nossos conhecidos. A bissexualidade está bastante alinhada com as expectativas de um contínuo sexual, onde as pessoas se poderiam posicionar entre mais heterossexual ou mais homossexual. A proposta inicial do Kinsey e a visão pós-estruturalista e mais sofisticada da teoria queer, tenta apresentar a identidade sexual e de género de forma fluída, contínua e em transformação. Num mundo ideal (um mundo muito mais justo do que o actual) esta fluidez talvez fosse menos complicada de ser entendida e os espaços deste contínuo seriam a única posição possível.
Palas nos olhos João Luz - 7 Ago 2019 [dropcap]A[/dropcap] descaracterização que está a ser feita da larga maioria dos manifestantes de Hong Kong provoca-me urticária pela injustiça que implica. Já foram agentes da CIA, agora são terroristas, emissários de Steve Bannon (entrando em contradição com a tese CIA), putos mimados (apesar dos protestos serem transversais à sociedade), putos sem casa e em desespero socioeconómico, estudantes influenciáveis, lavados cerebralmente por influências externas que nunca se materializam, manifestantes profissionais pagos pelo Dr. Evil. Tudo, mais alguma coisa e coisa nenhuma em simultâneo. Pelo meio, tapam-se os olhos à coisa mais evidente para alguém que vai a Hong Kong e que tem lá amigos. Existe uma identidade Hongkonger que em muitos aspectos é antagónica ao patriotismo forçado que não admite crítica ou dissidência. Além disso, há um sentimento de desespero que se agudiza à medida que direitos e liberdade entram em erosão. Depois temos um Governo que não existe além da polícia e da força, que não tem qualquer interesse em ouvir as preocupações da população, mesmo quando 1/3 vem para a rua mostrar o seu desagrado. A mera suspensão da lei da extradição deixa a pairar um fantasma legal que abre portas ao envio de pessoas que vivem no segundo sistema para um país onde a justiça rapta, espanca para arrancar confissões, detém sem acusação e que em tudo é distante de um Estado de Direito. Em Macau vive-se com palas nos olhos, sem noção do que é o primeiro sistema, mas ele vem aí. Talvez nessa altura percebam porque se manifestavam aqui ao lado.
Náufrago na hora João Paulo Cotrim - 7 Ago 2019 Djairsound, Lisboa, 25 Julho [dropcap]N[/dropcap]a certeza de que tudo fui,/ sou eu mesmo o poço e a cisterna/ onde me banho e a idade flui/antecipando pó e poterna.// Mas seria tão bom como já foi/ ter sete anos e não este ar de boi, pesados cornos de lucidez intacta, tal pedra que o pensamento impacta.» Encerra com estas duas quadras a «Canção da Lúcida Idade», apenas uma das muitas, junto com outros tantos fados, que dão volume a este «Arder a Vida Inteira», do José Luiz [Tavares]. Recordo-me de as ver nascer em caderno pautado, a letra redonda e a lavrar sulcos de tão vincada, com a folha a mostrar o desgaste de uma mão que se roça inteira, pois o canhoto torna destarte antena a caneta, orientada aos nortes ou às alturas. Bebericando a sua preta, garantia-me que era intervalo no que vinha erguendo. Queria experimentar com respiração mais sôfrega, procurando aqueles temas fadistas, usando a popular quadra, aspirando a cantares. Sendo do rigor, o Zé Luiz nem descansou até haver composto boa dezena de poemas, afinal camonianos, a navegar pela cidade, pelo destino, pela morte e pelo amor, combo em variantes que sobem ao fescenino. E não pôde deixar fora o seu característico trabalho de linguagem, nas associações improváveis ou no léxico desenterrado que nem tesouro. E os versos tanto abrasam como sopram as cinzas do que vamos sendo. Coincidências, tal a do encontro com o mano Bruno [Portela], que assina a enigmática fotografia da capa [algures na página]. Afirma-se, assim, estilo a perseguir no futuro, resultante da relação do poeta com aquela arte de capturar fragmentos de real. Natural, portanto, que a celebração fosse desalinhada e em casa onde a mistura de comida e dança e bebida e canção obedece ao batuque. As mesas estavam prontas para a janta, o convite bem comportado anunciava o bom-leitor Patrak, também chamado de Luís Carlos Patraquim, a apresentar particularidades em torno da fogueira sem nunca se queimar, mas talvez tenha sido esse o único momento previsto a acontecer tal e qual. Enfim, para além das maravilhosas mornas da Maria Alice, que fizeram tremer as fundações de Santos às Janelas Verdes. Logo antes e a pés juntos atreveu-se o Aurelino [Costa] a entrar em noite, que seria tanto dele, com leitura ouvida em África. Aurelino sabe domesticar o mar dos convívios e atirar-se da onda mais alta. Aconteceu mais para o fim da noite, com o Djair, dono da casa, ao leme de uma precursão capaz de acordar os deuses. Detalhes, dirão, junto com outros abrilhantando a noite, mas escapam a essa classificação a leitura do Valério [Romão] e o bailado surpreendente, e de risco por improvisado, de Mano Preto. Se a isto somarmos as palavras abysmadas do Zé Luiz – chamou-me «seu editor» –, dou a noite por ganha. De «Canção da Danação II»: «noites de sismos bang bang/outro rosto por mim descora/ rudes tenazes pulso de sangue/ fazem-me náufrago na hora». Calcutá, Lisboa, 25 Julho No intervalo de contas por acertar, no sentido dos ponteiros do relógio, de cobrança a contra-cobrança, e com puxão de orelhas a começar o dia, concedo-me a tusa dos projectos. Por que raio, pergunto-me têm tanto a ver com bairro-alto? Começou antes, mas desembocou à mesa da noite com o José Xavier [Ezequiel] a tentar arrancar-me uma data para as suas lombadas e o Paulo [José Miranda] a anunciar mais poesia, ainda que o convidado fosse o José Ricardo [Nunes], em tarefa de hortelão, a ajeitar courelas, arrancando ervas daninhas, ou a regá-las, metáforas que nem soas apropriadas, antes fosse de carácter aeroespacial, metesse planetas e outras figuras do espaço distante por desbravar, i.e., por trazer próximo. Devia ter distribuído antes aos convivas, incluindo os que se ajuntaram brevemente, o Hiren [Tambacal], anfitrião-mor, e o Bernardo [Trindade], o seu «Clássico» (ed. Companhia das Ilhas). Nem por isso se deixaram de trocar leituras em voz alta, recordações do Bairro, opiniões políticas, duas ou três alegrias, além das tristezas. O Zé Ricardo é dos poetas mais fingidores que me foi dado nascer com. Sob a ameaça do nada, ludibria: nem os versos nos salvam e a literatura enfarta, mas com amigos algo muda. «Estão as quatro mesas cheias na Casa Antero/ e eu de pé ao balcão no canto/ mais escuro, a beber Memória/ enquanto espero pelos meus amigos./ Espero e escrevo que espero e escrevo./ E rapidamente me farto de tanta literatura, anseio/ é por conversa. Sozinho,/ neste canto escuro, escrevo e espero/ que algo se interrompa em mim,/ que as palavras percam de vez/ o pouco sentido que lhes resta.» Decidamos, entre nós e sempre no escuro, que palavras aprisionam o sentido. Campos Trindade, Lisboa, 25 Julho Estranhamente, ou nem por isso, almejar a Lua vem significando tocar desejos nas suas múltiplas dimensões, nas várias esquinas de luz e concreto. Somos ora astronautas, ora satélites de estranho sistema solar. Este propósito que me é trazido esta tarde parece ser de puro gozo, nascido de memórias todas atiradas ao futuro, coisa de beira-rio hoje e bairro-alto ontem, gesta da noite sempiterna, quando a ternura se sabe esconder no tempo. Estranhamente, ou nem tanto, o mano mais novo, Bernardo [Trindade], põe-me nas mãos o N.º 2, Tomo 1.º, de finais 1800, da «Revista Illustrada», do Luiz Antonio Gonsalves de Freitas. No amarelo do tempo a lamber o papel inscreve-se poema do dilecto Gomes Leal, ferroada intitulada «A Lua Morta». E troca-me, dramatica e simbolicamente, as voltas. Assente em premissa científica, anuncia morto esse espelho dos nossos quereres, vontades e sentires. «Ha milhões d’annos já que esse alvejante rastro,/ que ella espalha nos céos e sobre o mar profundo,/ não é mais que o lençol do cadaver d’um astro,/ do espectro d’um planeta e o phantasma d’um mundo.// Ha milhões d’annos já que, em torno á nossa esphera,/ o morto globo gyra, errante, solitario,/como o vulcão d’um astro extincto e sem cratéra, / — Frio espectro de luz que arrasta do seu sudário!» E seguem-se em cadência repetitiva evocações de catástrofes, um despropósito de descrições fúnebres e funestas, ainda que no inverso da nossa Terra, desembocando em diagnóstico fatal: eis «sombra vã», «cidade morta». Para quê, então, dirigir-lhe as mãos erguidas, em choro ou ternura? «E, no entanto, alma humana ! eterna atormentada!/ tu quizéras vêr perto a morta nau errante,/ quizéras abordar á extranha nau geláda,/ com seu porão sem voz, seus mastros de brilhante.// […] «Tu quizéras sarar as affliccções internas,/ n’essa imóvel região sem ar, nem movimento,/ n’esses bosques sem voz e noutes sempiternas,/ — onde não sopra nem um ai, nem folha, mar, nem vento !…// «Tu quizéras, emfim, da Vida soluçante/ ver quebrar-se o rumor n’esse silencio enorme.» No «silêncio enorme», na «região sem ar», na «nau gelada», queremos que aí desague o rumor da Vida soluçante. Em vão. E o poeta não anuncia conforto, antes anuncia os pedaços de «noute eterna» que já habitam os nossos dias. Os astros estão condenados. «Descança, Homem, porém ! — Como uma vil lanterna,/ morrendo, um dia, o sol regelerá no Oriente./ E n’esse cataclysmo e horror de noute eterna,/— as boccas se abrirão n’um só grito pungente.» Calcutá, Lisboa, 1 Agosto A maré de lágrimas paralisa-me na cadeira, quando os elementos pediam a brisa do abraço. O futuro adivinha-se enregelado. Fiz-me sensato, racional, pesando as palavras de modo a evitar do campo minado das emoções. Mas chegará para estabelecer um plano sobre o qual assentar passos, percursos, consolos? Valeu-me, madrugada dentro, longa conversa lunar, das que ajudam a sarar aflições. Assim do nada.
Regressar Nuno Miguel Guedes - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap]lhem, amigos. Não sei se acontece convosco mas eu aproveito o balanço e deixo a confissão: o que mais gosto das férias é do regresso. A sério. Aliás, para ser ainda mais sincero, já que aqui ninguém nos ouve: o que eu gosto mais de todas as partidas, de todas as viagens, afectivas ou geográficas, colectivas ou individuais é sempre o mesmo: o regresso. Como agora. Já me fazia falta voltar a estas palavras que interrompi por vontade própria e necessidade. Mas a sua ausência não foi nem nunca será tão gratificante como o regressar à escrita. Assim com tudo, desde miúdo. As férias escolares, quando era criança, prolongavam-se por uma eternidade em que cabiam muitas aventuras e descobertas. Mas chegava sempre aquela altura terrível para os meus pais em que me lamentava pelos cantos, suspirando com uma frase cara aos supermercados: o regresso às aulas. Na Irlanda – um país que amo e o que mais visitei – cheguei a escrever para casa: “Não volto”. Oh, ilusão juvenil! Claro que voltei – e o ter voltado foi o melhor de ter partido, até porque me deu a infinita possibilidade de regressar. Gosto de regressar, sim. Gosto de me confortar numa ordem doce das coisas: um céu conhecido, um gesto previsível, uma rua já palmilhada. Não me escuso ao desconhecido – bom, não é verdade, cada vez tenho menos paciência, mas adiante – mas não sei viver sem o familiar. O meu filósofo político de referência, Michael Oakeshott, diagnosticou há muito esta disposição natural num célebre ensaio, On Being Conservative. Mas na verdade a razão funda desta disposição é – como qualquer conhecedor do conservadorismo britânico saberá – o medo da perda. E para isto não é necessário aderir a uma mundividência específica: começa e acaba em ser humano. O que mais me comove, então, é o voltar não a algo que se abandonou mas a algo que nunca se deixou. E reconhecê-lo, e comprazer-se nisso mesmo. O regresso é um combate ao tempo. É uma espécie de reclamação de imortalidade que só terá lugar se depois de partirmos deixarmos qualquer coisa a que alguém possa regressar. O poeta Shelley, por exemplo, sabia-o : « A mudança é certa», escreveu. «A paz é seguida por distúrbios; a partida de homens maus é seguida pelo seu regresso. Tais recorrências não deveriam constituir ocasiões para tristeza mas sim realidades para produzir conhecimento, para que pelo meio possamos ser felizes. » O regresso é a razão da partida e de todas as pausas. As férias, com a utopia do descanso e de “pormos em dia” tudo o que não tivemos coragem de fazer antes, são uma falácia. Não há férias da vida.
Exposição | Santiago Ribeiro leva pintura surrealista a Pequim Raquel Moz - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap] pintor surrealista português Santiago Ribeiro mostra pela primeira vez a sua arte em Pequim, na Exposição Internacional de Arte Contemporânea “Arts Week in China”, que decorre de 23 a 28 de Agosto. Artistas de vários países participam nesta mostra, cujo programa pretende familiarizar os moradores da República Popular da China com as modernas tendências nas artes visuais e decorativas, segundo o comunicado de imprensa. Depois de uma digressão internacional que passou por Belgrado na Sérvia, São Petersburgo na Rússia, Nova Iorque nos EUA e agora Pequim na China, Santiago Ribeiro apresenta ao público chinês a pintura a óleo “Industrial of Apples”, título da tela surrealista escolhida para esta participação. O artista português, nascido em 1964, é natural de Coimbra e algumas das suas obras fazem parte da colecção permanente do Museu Nacional Machado de Castro, na cidade dos estudantes. Santiago Ribeiro é também o fundador e promotor do projecto artístico internacional “Surrealism Now”, criado em 2010, organizado com o apoio da Fundação Bissaya Barreto. A arte de Santiago Ribeiro passou já por muitas cidades como Berlim, Moscovo, Nova Iorque, Dallas, Los Angeles, Mississippi, Varsóvia, São Petersburgo, Nantes, Paris, Londres, Florença, Madrid, Granada, Barcelona, Lisboa, Belgrado, Bucareste, Tóquio, Taipé, além de diversos locais no Brasil e em Portugal. A “Art Week in China” é organizada pela União das Artes da Eurásia, a Fundação Mundial para as Artes e o Centro Cultural Russo em Pequim.
Concerto | Pixies pela primeira vez em Hong Kong a 3 de Março João Luz - 7 Ago 2019 Os Pixies têm um concerto marcado em Hong Kong para o dia 3 de Março. Será a primeira vez que a banda de Black Francis e Kim Deal toca na cidade vizinha, ainda para mais com um disco novo na bagagem. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje [dropcap]E[/dropcap] pronto, é oficial. Trinta e três anos depois da formação, os Pixies têm um concerto marcado em Hong Kong, no dia 3 de Março, às 19:30, no KITEC Rotunda 2, como parte da tour Asia 2020. Apesar da bendita data ser daqui a sensivelmente sete meses, os bilhetes vão ser postos à venda hoje, a partir das 14h, e custam 590 dólares de Hong Kong. Mas mais do que detalhes de agenda, importa referir a importância que a banda de Boston teve no panorama do rock alternativo dos anos 90. Sem os Pixies seria difícil imaginar a sonoridade dos Nirvana, Smashing Pumpkins, Radiohead, por aí fora. Pegando na urgência sonora do punk rock, com umas pinceladas de surf rock com harmonias pop nalguns refrões, o grupo liderado pelas guitarras de Black Francis, Joey Santiago e o baixo de Kim Deal antecipou a década do rock alternativo. Formados em Boston corria o ano de 1986, os Pixies editaram dois discos de rajada que os iria catapultar para o estrelato relativo dos circuitos indie. Em 1988 “Surfer Rosa” era lançado e um ano depois surge o aclamadíssimo “Doolitle”. Com produção de Steve Albini, “Surfer Rosa” conquistou tanto o público como a crítica musical, apesar dos temas bizarros descritos pelas letras. Desse primeiro registo saíram hinos intemporais como “Where Is My Mind?”, “Gigantic” e “Broken Face”, que influenciaram artistas como Kurt Cobain. Aliás, o vocalista dos Nirvana chegou mesmo a confessar que “Surfer Rosa” foi a base de onde surgiu “Nevermind”. No ano seguinte viria a aclamação e a entrada na Elektra Records, que daria projecção internacional à banda. Apesar das referências surrealistas, inspiração em episódios de violência de textos bíblicos, tortura e morte, “Doolittle” ofereceu ao mundo hinos como “Hey”, “Gouge Away”, “Debaser”, “Monkey Goes to Heaven” e o sucesso comercial “Here Comes Your Man”. Nada seria como dantes para a banda de Boston. Divórcio e reunificação Depois do segundo disco, as tensões entre Black Francis e Kim Deal começaram a tornar-se evidentes, chegando ao ponto de o guitarrista atirar uma guitarra contra a baixista durante um concerto na Alemanha. Ainda assim, voltaram a estúdio para gravar mais dois discos. “Bossanova” e “Troupe Le Monde”, antes de se separarem em 1993. Aproveitando a separação para pegar num projecto que tinha começado durante um período de hiato dos Pixies, Kim Deal teve oportunidade para se focar noutra banda que marcou o início dos anos 90: Breeders. Mais de dez anos depois de uma separação algo violenta, os Pixies voltariam a reunir-se em 2004, para gáudio de uma legião de fãs, muitos que nunca tiveram oportunidade para os ver ao vivo. Regressaram aos palcos, sem grandes palavras para o público, comprometidos com a música e em grande forma, comprovando que o legado musical dos Pixies sobrevive muito bem à passagem do tempo. Sem necessidade para justificar tours, desta vez os Pixies partem para a Ásia com um disco novo na bagagem, mas antes disso lançam-se aos palcos norte-americanos e europeus, com destaque para o concerto em Lisboa, no Campo Pequeno no dia 25 de Outubro. “Beneath The Eyrie”, com data de lançamento para 13 de Setembro, é o disco que traz alguma frescura aos alinhamentos dos espectáculos que se avizinham.
Galaxy | Croupiers falam de desigualdade nos aumentos salariais Hoje Macau - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap]s croupiers dos casinos mais pequenos que pertencem à operadora de jogo Galaxy exigem aumentos salariais, afirmando, de acordo com o website World Gaming Information, que não receberam por parte das chefias quaisquer informações oficiais sobre um possível ajustamento dos ordenados. Os trabalhadores entregam hoje uma carta à direcção da empresa como forma de protesto. As queixas surgiram porque, desde o dia 15 de Julho que os croupiers da Galaxy Casino SA, com menos de um ano de trabalho, passaram a receber um salário de 19.500 patacas, enquanto que aqueles que já trabalham para a empresa há mais de um ano passaram a receber 21.500 patacas. Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, adiantou ao HM que os croupiers dos casinos Waldo, Rio e Broadway, que também pertencem ao universo da Galaxy, não foram aumentados nem sequer informados dessa possibilidade. “O salário deveria ter sido ajustado no início deste mês, mas a empresa não notificou os trabalhadores sobre esta matéria. Mesmo os representantes dos recursos humanos asseguram que não receberam quaisquer informações nesse sentido”, frisou. Cloee Chao acredita que, por estarem em causa funcionários de casinos de menor dimensão, “talvez os responsáveis do departamento de recursos humanos se tenham esquecido de os informar”. Para já, apenas vai ser exigido um ajuste salarial, não estando contempladas outras medidas de protesto.
PJ | Três denúncias de fraude em encontros online Hoje Macau - 7 Ago 2019 [dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem ter recebido queixas de três cidadãos locais que foram alvo de situações de fraude numa plataforma de encontros sexuais online. A notícia foi avançada pelo canal chinês da Rádio Macau, após a denúncia feita junto das autoridades policiais. Na investigação da PJ foi apurado que os três burlados tinham entre 20 e 36 anos, todos do sexo masculino e residentes em Macau. As vítimas conheceram uma mulher através das redes sociais que se ofereceu para prestar serviços sexuais a troco de dinheiro. Após a marcação dos encontros, cada um dos homens foi abordado por telefone por um indivíduo desconhecido que lhes pediu o pagamento adiantado, via cartões pré-carregados para aquisições na internet. Com isto acabaram por perder entre 5 mil a 19.400 patacas, por encontros sexuais que nunca se concretizaram. A PJ vai continuar a investigar o caso e alerta os cidadãos para terem cuidado com este tipo de plataformas e de pagamentos online a entidades desconhecidas.
Pearl Horizon | Lesados reclamam revisão do regime jurídico Juana Ng Cen - 7 Ago 2019 A Associação dos Compradores de Pearl Horizon voltam à troca epistolar com as entidades governamentais, à espera de uma solução que reverta os prejuízos sofridos. Ontem foi deixada mais uma missiva na AL [dropcap]O[/dropcap] presidente da Associação dos Compradores de Pearl Horizon, Kou Meng Pok, foi ontem à Assembleia Legislativa (AL) para entregar uma carta, reivindicando a revisão dos detalhes do “Regime Jurídico de Habitação para Alojamento Temporário e de Habitação para Troca no Âmbito da Renovação Urbana”, para poder resolver o problema dos lesados que foram excluídos do acesso à habitação para troca por falta do registo predial. Em declarações ao Hoje Macau, o dirigente da Associação criticou as lacunas existentes na lei, em que houve “casais registados como legalmente casados que compraram duas fracções autónomas do edifício em construção “Pearl Horizon”, por não considerarem suficiente viverem em apenas uma, embora só tivessem direito a candidatar-se à compra de uma habitação para troca. No entanto, os casais que tem uma relação conjugal sem registo de casamento, podem solicitar duas unidades. Isto é irracional!”. O mesmo responsável disse ainda que a habitação para troca deve ser calculada em termos do tamanho da unidade, e não do número de unidades, porque “se a área total de duas habitações for menor que uma grande, também não é justo”. Kou Meng Pok sublinhou também que “não importa quais são as alterações à lei, o mais importante é que o Governo tome medidas para resolver todos os problemas, tão depressa quanto possível, que não devem ter que ser solucionados por nós mesmos”. Acerca da resposta que o Governo deu às cartas anteriormente enviadas, Kou disse que Chui Sai On indicou que as pessoas prejudicadas deveriam consultar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ou a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). Contudo, depois de estes terem consultado os respectivos departamentos, os funcionários afirmaram que não tinham recebido nenhuma proposta de resolução por parte do Executivo e que também não sabiam o que fazer para resolver o caso. Ignorância parlamentar O dirigente da Associação revelou também que os deputados da AL – Au Kam San, José Maria Pereira Coutinho, Sulu Sou e Zheng Anting –, que entretanto ouviram as suas queixas, declararam que “não sabiam que iria haver problemas com aqueles que não fizeram o registo predial. Se soubessem teriam votado contra a aprovação da lei”. Portanto, Kou Meng Pok pede ao presidente da AL que proceda à revisão da lei o mais breve possível. No entanto, de acordo como o relatório final da consulta pública sobre o regime jurídico de habitação para troca, divulgado em Outubro de 2018, existiam ainda opiniões da sociedade que consideravam que “cada pessoa só pode adquirir uma habitação para troca, porque as pessoas que compraram mais do que uma fracção do edifício em construção estarão basicamente a exercer especulação, e o Governo não deve utilizar os recursos públicos para compensar as suas perdas especulativas”.
Hotel 13 negociado por 1,2 mil milhões de dólares de Hong Kong Hoje Macau - 7 Ago 2019 [dropcap]A[/dropcap] empresa South Shore, que controla o Hotel 13, em Seac Pai Van, está a negociar a venda de 60 por cento do activo a troco de 1,2 mil milhões de dólares de Hong Kong. A informação consta de um comunicado enviado ontem à Bolsa de Hong Kong, em que não é identificado o potencial comprador. Segundo os dados revelados o interessado na aquisição de 60 por cento do hotel tem ligações a um dos principais accionistas do projecto, mas também não identifica quem o accionista em causa. Além da venda de 60 por cento do hotel, a transacção implica que o comprador assuma uma dívida que se aproxima de 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, assim como os juros desta dívida, que rondam os 1,2 mil milhões. O Hotel 13 está parcialmente aberto desde Agosto e no passado sempre se afirmou com a intenção de receber um casino. Contudo, até ao momento essa intenção não foi concretizada o que tem afectado os resultados da empresa. Perdas confirmadas Também ontem a empresa publicou o relatório sobre o último ano económico e confirmou perdas de 5,8 mil milhões de dólares de Hong Kong. No ano financeiro anterior, as perdas da empresa tinham sido de 1,6 mil milhões de dólares de Hong Kong, o que mostra um agravamento dos resultados superior a 4 mil milhões de dólares. Já em relação ao Hotel 13, a empresa revelou que as receitas ligadas ao aluguer dos hotéis foram de 3 milhões de dólares de Hong Kong, o que corresponde a uma diária de 5 mil dólares por quarto. A taxa de ocupação, numa altura em que o hotel só está aberto parcialmente, foi de 8 por cento. Já em relação à venda de comida e bebidas, as receitas foram de 2 milhões de dólares de Hong Kong. Sobre o mercado de Macau, a empresa admite que se está a tentar adaptar ao facto de não ter uma área de jogo. “O Hotel 13 está focado em reposicionar-se no mercado e adaptar um modelo de negócio diferente sem o recurso ao jogo, desde que abriu em Agosto do ano passado. A tendência passa agora por capitalizar as instalações ultra luxuosas e criar uma marca que possa aumentar a taxa de ocupação e organizar eventos especiais”, é explicado. Além dos relatório publicados, as acções da empresa voltaram a ser comercializadas, depois de terem estado quase um mês suspensas.
Centro Histórico | Esboço do Plano de Salvaguarda e Gestão até ao fim do ano João Santos Filipe - 7 Ago 20197 Ago 2019 O IC espera até ao final do ano concluir o projecto do regulamento administrativo que vai ser o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau. Um dos principais aspectos a ter em conta vai ser o corredor visual da Colina da Penha [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) espera terminar até ao final do ano um esboço do que será o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, que depois será publicado como regulamento administrativo. O ponto da situação foi feito, ontem, por Sou Kin Meng, Chefe Substituto do Departamento do Património Cultural. “Em relação ao projecto para o regulamento administrativo para o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau estamos a desenvolver os trabalhos necessários”, Sou Kin Meng. “Todas as opiniões ouvidas durante a consulta pública de 2018 vão ser tidas em conta e vão ser incluídas na elaboração na proposta do regulamento administrativo. Claro que a proposta ainda está na fase de elaboração e vamos tentar concluí-la até ao final do ano”, acrescentou. De acordo com o responsável caso haja outros desenvolvimentos sobre o plano as informações serão atempadamente divulgadas. Porém, de acordo com Sou, a altura e a largura do corredor visual para a Colinha da Penha ainda está por definir. Este foi um aspecto focado por mais de 50 por cento das 2.050 opiniões ouvidas na consulta pública de 2018. “Esperamos que a proposta [do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau] seja bastante abrangida e desenvolvida”, sublinhou. Durante a conferência de imprensa de ontem, Choi Kin Long, vice-presidente substituto do IC, avançou igualmente que vai ser criado um centro para a monitorização em tempo real do património. Esta criação depende de vários estudos que estão a ser feitos e, segundo o responsável, vai permitir escolher o património que será acompanhado através de tecnologias “inteligentes”. Raio do Gaio Um tema que ficou sem resposta foi o dos eventuais trabalhos em “contra-relógio” do edifício na Rua da Calçada do Gaio nos números 18 a 20. O edifício fica numa zona cuja construção em altura foi limitada a 52,5 metros, no ano de 2008. Porém, a obra atingiu a altura de 81,32 metros antes do despacho ser publicado, havendo associações, como o Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia, que defendem que devia ser demolida em parte. Os responsáveis do IC foram questionados sobre a existência de obras em 2008 mesmo à noite, para construir o máximo possível antes do despacho ser publicado, mas negaram qualquer conhecimento dessa situação. “As informações que temos são sobre a altura da construção. Não temos informações sobre a velocidade com que os trabalhos foram feitos”, respondeu Choi Kin Long, quando questionado. Sobre as eventuais negociações para compensar o construtor do edifício pelo facto de ter visto a área de aproveitação reduzida, com o despacho de 2008, o vice-presidente afirmou não estar a par do assunto e que não seria o IC a negociar a compensação. Ainda no que diz respeito à vista para a Colina da Guia e as construções na Zona A dos Novos Aterros, Choi admitiu que o IC não tem muitas informações sobre a situações. Farol da Guia na UNESCO O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia quer que o Centro do Património Mundial da UNESCO tome uma posição sobre o edifício na Calçada do Gaio. Numa carta enviada ontem à presidente do Centro, Mechtild Rössler, a grupo pede que a UNESCO clarifique se concorda com a altura superior a 80 metros do edifício ou se os andares superiores deviam ser demolidos até se chegar ao limite dos 52,5 metros. Ao mesmo tempo pergunta qual será o impacto visual para a colina, caso os edifícios em construção na Avenida Rodrigo Rodrigues sejam concluídos com alturas que chegam aos 90 metros de altura. O grupo sublinha a importância de haver uma resposta para as questões, que preocupam a sociedade de Macau.
Ensino especial | Número de estudantes aumentou mais de 60 por cento Sofia Margarida Mota - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap]s alunos com necessidades especiais aumentaram cerca de 60 por cento no ano passado. A informação foi adiantada ontem por Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), na sessão plenária de respostas a interpelações na Assembleia Legislativa. “No passado, tínhamos 502 alunos e agora temos 821”, disse. O aumento de estudantes com deficiência levou à contratação de mais professores, com o corpo docente a passar de 81 para 142. Entretanto, as turmas que funcionam em regime de inclusão abrangem um total de 1480 alunos e 251 docentes. Nestas turmas a proporção entre alunos com deficiência é de 1/10 a 15, dependendo da gravidade das situações que requerem cuidados especiais.
Seguro Universal | Estudo de viabilidade apresentado este ano Sofia Margarida Mota - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap]s resultados do estudo sobre a viabilidade de um sistema de seguro de saúde universal em Macau e de avaliação do sistema médico vão ser divulgados no último trimestre deste ano. A informação foi deixada ontem pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura em resposta a Song Pek Kei. A investigação está a cargo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e conta com a colaboração de instituições académicas do continente, de Hong Kong e dos Estados Unidos. Integrada na pesquisa está a realização de um inquérito “em grande escala” sobre a vontade dos cidadãos em aderir a um seguro de saúde universal, a viabilidade e necessidade de implementação deste seguro bem como o custo e os benefícios.
Lei Básica | Sónia Chan defende que democracia pode existir sem sufrágio universal Sofia Margarida Mota - 7 Ago 20197 Ago 2019 A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, defendeu ontem que não é necessário sufrágio universal para se considerar um sistema democrático e que o avanço de Macau para uma mudança de sistema político não depende do Chefe do Executivo. A governante respondia a Au Kam San que defendeu a necessidade de intervenção do Chefe do Executivo para o desenvolvimento democrático de Macau [dropcap]O[/dropcap] sistema político local é o mais adequado e reúne o consenso da sociedade. A ideia foi defendida ontem pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, na sessão plenária de respostas a interpelações. “O actual sistema está de acordo com a realidade. Em 2012, tivemos um amplo consenso na sociedade”, justificou a governante referindo-se à reforma que aumentou de 300 para 400 os membros do colégio eleitoral responsável pela eleição do Chefe do Executivo. Chan respondia a Au Kam San que interpelou o Governo no sentido de apressar a mudança de sistema político. Mas, de acordo com Sónia Chan, para existir democracia não é necessário um sistema de voto universal. “Claro que um voto por pessoa é uma forma democrática, mas não é a ultima”, apontou. Já o deputado Chan Wa Keong sublinhou que Macau já é uma democracia. “O nosso sistema é um sistema democrático” e o mais importante é saber qual o regime mais adequado pelo que “quando a sociedade tem dúvidas em relação à democracia, isso pouco ou nada afecta a sociedade. Por isso, temos que ter muita cautela”, porque “os últimos anos demonstram que o sistema em vigor tem sido o mais favorável ao desenvolvimento económico do território”. Chan Wa Keong acrescentou ainda que “há uma norma a definir a orientação na Lei Básica para que se caminhe para a eleição universal”, mas questiona se essa será a melhor opção. “Se queremos ter um desenvolvimento acelerado optaria por uma democratização da política em sacrifício da nossa economia?”, questionou. Segundo o tribuno ainda é “cedo” para se caminhar no sentido do sufrágio universal. Por outro lado, o deputado entende que a população não deseja essa alteração de sistema político. “Em Macau não há essa solicitação ou um consenso mais ou menos solidificado para a reforma política”. “Concordo com o deputado. Temos de ter consenso”, apontou Sónia Chan sobre a intervenção de Chan Wa Keong. Sónia Chan avançou ainda que não é possível saber qual o melhor sistema político. “Há vários tipos de sistemas políticos no mundo, e não podemos dizer qual é o melhor – o mais importante é que esteja de acordo com o desenvolvimento do local onde se aplica”, referiu. Dependência materna Por outro lado, e apesar da democratização do sistema local estar prevista na Lei Básica, o avanço para esta meta não depende do Chefe do Executivo, afirmou Sónia Chan. “O Governo da RAEM é subordinado ao Governo Central e com um elevado grau de autonomia – isto está na lei básica. O Governo da RAEM não pode alterar o sistema político, o desenvolvimento do nosso sistema e as nossas decisões estão de acordo com o Governo Central”, acrescentou a secretária, afirmando que “este é o princípio elementar de ‘Um País, Dois Sistemas’”. O deputado pro-democrata Ng Kuok Cheong discordou de Sónia Chan e defendeu que “cabe ao Chefe do Executivo dar o primeiro passo para a reforma política”. Quanto à altura para o fazer, o momento actual parece o mais adequado. “De facto, estamos numa situação bastante boa”, disse Ng. Acresce ainda o facto de a figura de Chui Sai On enquanto Chefe do Executivo não estar nos seus melhores dias, consequência de não ter sido uma escolha de todos. “Em termos de desempenho, o nosso dirigente está muito aquém das expectativas da população e em termos de reconhecimento também tem um nível muito baixo”, referiu Ng.
Governo vai formar mais enfermeiros especializados em saúde mental Sofia Margarida Mota - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) vão formar mais enfermeiros especializados na área da saúde mental. A garantia foi deixada ontem pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em resposta a interpelação de Ella Lei que se mostrou preocupada com as medidas de prevenção e intervenção neste sector, especialmente quanto à prevenção do suicídio. “Os SS planeiam no segundo programa de formação de enfermeiros especialistas – previsto decorrer de 2022 a 2024 – formar 10 enfermeiros especialistas psiquiátricos de modo a atender à necessidade de desenvolvimento dos serviços e à perda natural de pessoal”, apontou Alexis Tam. Além desta medida e dada a escassez de profissionais em psicologia, o Governo pondera formar outros profissionais na área. A sugestão foi dada por Ella Lei e Song Pek Kei. Ella considera que se tem de esperar muito tempo para se formarem psicólogos capazes de salvaguardar as necessidades locais. “Quanto a psicólogos também faltam em Macau. Nas organizações comunitárias, só 40 por cento são da área da psicologia e 60 são assistentes socias. Estas equipas são muito importantes”. Já Song Pek Kei, apontou que o Governo deve abrir vagas para ingresso na função pública “de conselheiros – temos muitos – e depois dar desenvolvimento profissional na área da psicologia” “Em relação ao aconselhamento também concordo com a deputada”, referiu o secretário. “Encontrei-me com a associação dos psicólogos de Macau. Tivemos um intercâmbio e eu disse-lhes que esperamos que Macau tenha tratamentos para pessoas com problemas mentais. Podemos também convidar as associações profissionais desta área para elevar os níveis dos profissionais com mais acções de formação”, acrescentou. Leong Sun Iok mostrou-se preocupado com a falta de certificação dos psicólogos. Apesar da questão, Alexis Tam não avançou com os próximos passos. Diagnóstico local Também na calha está um estudo de avaliação da saúde mental dos residentes. A sugestão foi dada por Ip Sio Kai que considera que, para melhorar os serviços prestados, é necessário, primeiro, saber as necessidades. “Sugiro ao Governo estudos sobre o estado psicológico das pessoas, perante o rápido desenvolvimento económico de Macau, para daí colocar melhor os recursos e resolver problemas”, disse. A Ip, Alexis Tam respondeu que “futuramente vamos desenvolver essas acções de inquérito”. Actualmente, os serviços de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) conta com 17 médicos especialistas e 46 enfermeiros. Entre estes enfermeiros, 10 têm a qualificação de especialistas. A equipa do serviço de psiquiatria conta ainda com 11 psicoterapeutas, seis terapeutas ocupacionais e oito assistentes sociais. De acordo com o director dos serviços de psiquiatria do CHCSJ, “este ano vão ser recrutados mais nove psicoterapeutas” para “satisfazer as necessidades”. “Antigamente, o tempo de espera para consulta era de quatro meses e agora é de três semanas”, rematou. Acerca da taxa de suicídio, o Governo esclareceu que, no ano passado, foi de 9,3 por 100 mil habitantes, “inferior ao padrão de alta taxa de suicídio definido pela Organização Mundial de Saúde – mais de 13 mortes por suicídio por 100 mil habitantes”.
Campanha Eleitoral | CAECE sublinha proibição de sondagens Raquel Moz - 7 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap] período de campanha eleitoral para a eleição do quinto mandato do Chefe do Executivo da RAEM tem início às 00h do dia 10 de Agosto e termina às 24h do dia 23 de Agosto. A Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE) alertou ontem para a obrigação de cumprimento das normas durante a campanha e o acto eleitoral, sob pena de responsabilização criminal dos infractores. Assim, desde o início do período de campanha eleitoral até ao dia seguinte à eleição (24h do dia 26 de Agosto), “é proibida qualquer divulgação, sob qualquer forma, dos resultados de sondagens ou inquéritos relativos ao candidato, sobretudo através da internet ou de quaisquer aplicações de rede de comunicação móvel”. Ninguém pode perturbar reuniões ou comícios de propaganda eleitoral com “tumultos, desordens ou vozearias”, também não pode ser roubado, furtado, ocultado, destruído, rasgado, inutilizado ou tornado ilegível, o material de propaganda eleitoral. A CAECE acrescenta ainda que, “ninguém pode coagir ou induzir, directa ou indirectamente e por meios ilícitos, os membros da Comissão Eleitoral a votar ou a abster-se de votar, assim como a votar ou a não votar no candidato”. A violação das normas será penalizada criminalmente, de acordo com a Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo.
Comunidades Macaenses | Comissão Organizadora foi recebida por Chui Sai On João Santos Filipe - 7 Ago 2019 O Chefe do Governo sublinhou a importância da comida macaense para o estatuto de “Cidade da Gastronomia” e a necessidade de os mais velhos transmitirem as receitas aos mais novos [dropcap]O[/dropcap] Encontro das Comunidades Macaenses vai decorrer de 23 a 29 de Novembro e Chui Sai On já se comprometeu a cumprir a tradição e participar na sessão de abertura. A promessa foi deixada ontem, depois de um encontro com a comissão organizadora do evento, que decorreu na sede do Governo. “Foi um encontro muito amigável e o Chefe do Executivo disponibilizou-se de imediato a participar na nossa sessão inaugural do Encontro da Comunidades Macaenses”, contou ao HM Leonel Alves, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses. “O Governo e o Chefe do Executivo continuam a apoiar fortemente a nossa comunidade e todos estes eventos marcantes”, revelou. Em relação ao evento, Leonel Alves destacou uma visita ao Interior da China que tem como objectivo acompanhar as cidades da Grande Baía. “Este ano temos uma parte do evento no Interior da China para se ver a zona da Grande Baía, que é uma grande novidade geoeconomia. São sintomas de uma interacção cultural maior”, apontou. Por outro lado, o presidente do Conselho das Comunidades Macaenses mencionou a crescente participação registada ao longo das edições: “Contamos com mais de mil interessados. O número de participantes tem vindo sempre a crescer, o que significa que as gerações um bocadinho mais velhas e as novas, ou seja os filhos dos primeiros emigrantes, continuam a mostrar muito interesse, não só em Macau, mas nos assuntos da comunidade e nos laços históricos e familiares”, destacou. Saber de gerações De acordo com o comunicado do Governo, Chui Sai On destacou a importância da comida macaense para a distinção de Macau como cidade Gastronómica. Neste sentido, o Chefe do Executivo considerou “importante garantir que a comunidade macaense possa continuar a promover e a transmitir as receitas típicas, a fim de permitir que estas sejam transmitidas às próximas gerações”. Outra personalidade que deve estar presente na cerimónia é o candidato a Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. Pelo menos, a organização tem em vista convidá-lo, contou Leonel Alves. “O evento é em Novembro e ele só vai tomar posse em Dezembro. Contudo, depois das eleições já vai estar indigitado e esperamos ter um encontro para poder convidá-lo para o evento”, admitiu Alves. A cerimónia de abertura do evento está agendada para 24 de Novembro e deverá ter a tradicional foto de grupo à frente das Ruínas de São Paulo.
Conferência | Cultura na Grande Baía discutida a partir de domingo Andreia Sofia Silva - 7 Ago 2019 O académico português Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa, é um dos oradores convidados da conferência que arranca este domingo, intitulada “A Missão Cultural para o Desenvolvimento e a Construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, promovida pelo Governo. Ao HM, o investigador revela que vai abordar sobretudo “o papel pioneiro de Macau nas relações sino-ocidentais desde o século XVI”, um ponto diferenciador face às restantes cidades que integram o projecto político de Pequim [dropcap]M[/dropcap]uito se fala do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau como o próximo hub tecnológico do sul da China, à semelhança de Silicon Valley, nos Estados Unidos. Contudo, o Governo da RAEM decidiu olhar para o projecto desenvolvido pelo Governo Central de uma perspectiva cultural, ao organizar a conferência “A Missão Cultural para o Desenvolvimento e a Construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. A iniciativa é da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, liderada por Mi Jian, e tem lugar entre este domingo e a próxima quarta-feira, dia 14. Um dos convidados portugueses é Rogério Miguel Puga, académico da Universidade Nova de Lisboa (UNL) que se tem debruçado nos últimos anos sobre o estudo da história e cultura de Macau e que vai falar da importância que o território tem para a história e cultura da zona da Grande Baía. Ao HM, o investigador adiantou o tema da sua palestra. “Falarei sobre o papel pioneiro de Macau nas relações sino-ocidentais desde o século XVI, sobretudo até à fundação de Hong Kong pelos britânicos”. À data, o pequeno território no sul da China teve um papel “primordial como porta de entrada dos ocidentais na China e de saída de chineses, onde, nessa câmara de descompressão cultural, se habitavam as costumes e línguas ocidentais”. Macau desempenhou esse papel “único” até ao século XIX, possuindo uma importante história no contexto do Delta do Rio das Pérolas, na China, em Portugal (a nível nacional) e a nível internacional, pois “a partir do ano de 1700 chega a Companhia das Índias Inglesas e no final do século XVIII os norte-americanos”. Primeira em quase tudo Não é por acaso que Pequim deseja que Macau desempenhe um papel primordial no contexto da Grande Baía, dando um enorme destaque político ao seu posicionamento. Rogério Miguel Puga recorda que foi em Macau que começou quase tudo o que estava ligado ao Ocidente. “Foi através do território que se introduziu a medicina ocidental na China, onde houve o primeiro hospital e a primeira universidade ocidentais na China, teve o primeiro farol ocidental e a primeira imprensa ocidental. Aliás, os marcos históricos das relações sino-ocidentais até 1842 envolvem sempre Macau”, recorda. O Templo de Kun Iam foi o local escolhido para a assinatura do primeiro tratado sino-americano, algo que aconteceu “na mesa de pedra que ainda lá está”. O território acolheu também o primeiro museu na China, organizado por ingleses e americanos, “a primeira biblioteca em língua inglesa e foi o espaço feminino do comércio ocidental na China, pois as mulheres ocidentais não podiam entrar na China”. Estas ficavam então estabelecidas em Macau, “onde ajudavam a cuidar dos negócios dos maridos quando eles subiam a Cantão, como aconteceu com Rebecca Kinsman, cujo marido está sepultado no Cemitério Protestante de Macau”. Neste sentido, o académico português considera que “a dimensão histórica e cultural da Grande Baía, nomeadamente no que diz respeito às relações sino-ocidentais, não pode ser esquecida, e este congresso é prova de que não está a ser”. “Macau foi pioneiro nas relações exteriores da China e tem uma relação especial com Portugal, podendo reclamar a si esse papel simbólico”, acrescentou. “Uma posição ímpar” Tendo em conta todo este manancial histórico, Rogério Miguel Puga defende que o Governo deve fomentar o relacionamento de Macau com o espaço lusófono, pois o território foi “o primeiro espaço-fronteira de contacto contínuo com ocidente, onde sempre houve tolerância cultural”. Deve-se, por isso, “estimular as relações com os países lusófonos e continuar a rentabilizar, em termos de património e de turismo cultural, a dimensão portuguesa do passado histórico da cidade. Como, aliás, tem sido feito”. Questionado sobre a preservação da cultura macaense face a outras expressões culturais da China, Rogério Miguel Puga adiantou que devem ser aproveitadas as “especificidades culturais e históricas, como RAEM da China, para destacar a sua identidade própria no seio da China multicultural e diversificada”. Macau “é uma cidade-fronteira e de contacto desde o século XVI, virada para o mar, que nasceu da pesca e do comércio internacional, logo é um símbolo essencial e antigo da Grande Baía e da actual Rota da Seda, é um Janus cultural, como alguém já lhe chamou”. No que diz respeito a Hong Kong, Rogério Miguel Puga acredita que existem “objectivos idênticos, comuns”. “Deve ser levado a bom porto os objectivos do desenvolvimento sustentável da Grande Baía, também através das relações e dos negócios com o estrangeiro. Deve existir um papel local, regional, nacional e internacional, como Macau sempre teve”, frisou. Outras áreas abordadas O HM contactou a Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional no sentido de saber a lista completa de oradores. O organismo dirigido por Mi Jian esclareceu que foram convidados para o evento “60 académicos, incluindo dois portugueses”. Até ao fecho da edição, não o HM não conseguir confirmar a identidade do outro convidado português. A conferência irá debruçar-se sobre áreas como a história, filosofia, religião, política, Direito, linguagem, arte e literatura nas nove cidades que compõem a iniciativa da Grande Baía. O Governo de Macau justifica a realização desta conferência com o facto de Macau “ter uma missão muito explícita e específica que é diferente de outras cidades da Grande Baía”, uma vez que o próprio projecto do Governo Central tem a missão de se desenvolver “na base do intercâmbio e cooperação onde a cultura chinesa é a base e diversas culturas coexistem”. Além disso, este papel constitui “uma afirmação das raízes profundas de Macau no que diz respeito ao seu estatuto cultural e histórico”, sendo que Pequim “depositou grandes expectativas para o próximo papel que Macau irá desempenhar no intercâmbio cultural global e na integração”. A direcção de serviços liderada por Mi Jian relembra ainda que “a história única de Macau formou uma ecologia cultural muito especial”, existindo não apenas uma forte presença da cultura chinesa, mas também de um multiculturalismo “baseado na cultura Ocidental, que tem vindo a espalhar-se”. A realização desta conferência tem como objectivo “responder à confiança e expectativa do país” e também demonstrar “as características humanísticas únicas e o charme da coexistência multicultural de Macau”, sem esquecer a promoção do conceito de “construir uma comunidade com um futuro partilhado em mente”.
Activistas de Hong Kong pedem renúncia do governo em conferência inédita Hoje Macau - 6 Ago 2019 [dropcap]T[/dropcap]rês membros do movimento pró-democracia de Hong Kong fizeram hoje uma conferência de imprensa inédita em que usaram máscaras e pediram a renúncia da chefe do executivo e uma investigação à acção da polícia nas manifestações locais. Além da renúncia de Carrie Lam e da investigação à polícia, os representantes do movimento pró-democracia de Hong Kong pediram uma amnistia para os manifestantes e a suspensão da polémica lei de extradição para a China. A conferência de imprensa foi dada, segundo explicaram, para não deixar o monopólio da comunicação ao executivo da cidade, alinhado com Pequim. Hong Kong está a viver a pior crise política do território desde que voltou a pertencer à China, em 1997, contando já dois meses de manifestações, com confrontos cada vez mais frequentes entre pequenos grupos radicais e a polícia anti-motim. O movimento pró-democracia não assumiu, no entanto, nenhum líder claro por medo de retaliações, e a organização das suas acções é feita nas redes sociais. Vestidos com a roupa associada ao protesto, uma camisa preta e um chapéu amarelo, dois homens e uma mulher com as caras tapadas por máscaras falaram com os jornalistas, naquela que foi a primeira conferência de imprensa de representantes do protesto. “Esta plataforma visa contrabalançar o monopólio do governo sobre o discurso político”, explicou um deles, assegurando que não falavam em nome de nenhum partido político, mas sim “em nome do povo”. “Pedimos ao governo que capacite as pessoas e responda aos apelos dos cidadãos de Hong Kong”, afirmaram, em declarações lidas em inglês e em cantonês. Hoje, a polícia de Hong Kong anunciou que deteve 148 pessoas na segunda-feira, à margem das manifestações pró-democracia na ex-colónia britânica. Na segunda-feira, a polícia de Hong Kong já tinha avançado ter detido 420 pessoas desde que os protestos começaram, há nove semanas. Numa outra conferência de imprensa dada pelo porta-voz do Gabinete de Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, a China avisou os responsáveis pelos protestos em Hong Kong de que “serão punidos”, chamando-lhes “criminosos e radicais”. O porta-voz lembrou ainda que ninguém deve subestimar “o imenso poder do Governo central”. “Nunca subestimem a forte determinação e o imenso poder do Governo central” e “não confundam contenção com fraqueza”, disse numa conferência de imprensa, um dia após uma greve geral e manifestações marcadas por mais confrontos com a polícia na antiga colónia britânica. “Deve ficar muito claro para o pequeno grupo de criminosos violentos e sem escrúpulos e às forças repugnantes por detrás deles: aqueles que brincam com fogo morrerão pelo fogo”, disse. “No final, eles serão punidos, (…) é uma questão de tempo” e “terão de enfrentar a Justiça”, acrescentou, ao mesmo tempo que reiterou o apoio de Pequim à chefe do Governo de Hong Kong e à polícia, sublinhando que têm capacidade para reprimir os actos criminosos e violentos e para restaurar a ordem pública”. “Aqueles que brincam com fogo morrerão pelo fogo”, avisou.