APN | Posto fronteiriço de Hengqin sob jurisdição da RAEM até 2049 Juana Ng Cen - 28 Out 2019 A Assembleia Popular Nacional concedeu a jurisdição do posto fronteiriço de Hengqin a Macau, que vai contar com verificação alfandegária única. Várias figuras da política local congratularam-se com a medida e agradeceram a “prenda” de Pequim que comemora os 20 anos da RAEM [dropcap]O[/dropcap] Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) deliberou a delegação de poderes à RAEM para ficar com a “jurisdição relativa ao posto fronteiriço de Hengqin” (posto de Macau e áreas adjacentes), segundo a legislação local. O Executivo reagiu à deliberação do órgão colegial referindo que “manifesta em pleno o forte apoio do Governo Central para que Macau integre a conjuntura do desenvolvimento nacional”. Em comunicado, o gabinete do porta-voz do Governo destacou o significado da medida na promoção do projecto da Grande Baía, aumentando “a conveniência de passagem transfronteiriça” e incentivando o “rápido fluxo de factores produtivos, tais como bens e pessoas”. Desta forma, o novo posto fronteiriço irá substituir o do Cotai (Estação de Lótus), e será adoptado um sistema de inspecção conjunta para passagem. A transferência de jurisdição tem também como objectivo facilitar a concretização do plano de “transformar o posto de Hengqin num centro modal integrado de transportes”. Assim sendo, Macau tem autorização do Governo Central para dar andamento aos trabalhos da “ponte Flor de Lótus, ligações entre a Universidade de Macau e o posto fronteiriço de Hengqin (vias de acesso e ponte, com excepção das estacas), bem como a área reservada para a expansão do Metro Ligeiro no posto de Hengqin”. As datas específicas de entrada em funcionamento, coordenadas e extensão das áreas abrangidas pela decisão serão determinadas posteriormente pelo Conselho de Estado. Outro dos pontos destacados pelo comunicado é que o Governo de Macau obterá, mediante arrendamento, o direito de uso sobre o posto fronteiriço de até 19 de Dezembro de 2049. Findo o prazo, a APN pode decidir prorrogar o prazo. Pátria generosa Em declarações ao Ou Mun, o deputado Chui Sai Peng destaca o facto do novo posto adoptar a inspecção fronteiriça integral, em vez das “duas fronteiras, duas verificações.” Além disso, o legislador considera que a medida “acelera a integração no país”. Os transportes foram a parte fundamental do comentário de Ho Ion Sang à medida aprovada pela APN. “O espaço reservado para a extensão do Metro Ligeiro de Macau ao posto fronteiriço de Hengqin proporciona vantagens para a comodidade de transporte entre as duas regiões e permite que Macau fique à distância de uma hora de vários pontos de Guangdong. O empresário e delegado de Macau à APN, Kevin Ho, entende que esta decisão é um “presente do aniversário” oferecido pela Pátria a Macau e uma demonstração da confiança e apoio do Governo Central à RAEM. Já o académico e empresário Lao Ngai Leong, que ocupou durante cinco mandatos também a posição de delegado à APN, refere que a medida resulta da aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, contribuindo para a diversificação adequada da economia de Macau.
APN | Posto fronteiriço de Hengqin sob jurisdição da RAEM até 2049 Juana Ng Cen - 28 Out 2019 A Assembleia Popular Nacional concedeu a jurisdição do posto fronteiriço de Hengqin a Macau, que vai contar com verificação alfandegária única. Várias figuras da política local congratularam-se com a medida e agradeceram a “prenda” de Pequim que comemora os 20 anos da RAEM [dropcap]O[/dropcap] Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) deliberou a delegação de poderes à RAEM para ficar com a “jurisdição relativa ao posto fronteiriço de Hengqin” (posto de Macau e áreas adjacentes), segundo a legislação local. O Executivo reagiu à deliberação do órgão colegial referindo que “manifesta em pleno o forte apoio do Governo Central para que Macau integre a conjuntura do desenvolvimento nacional”. Em comunicado, o gabinete do porta-voz do Governo destacou o significado da medida na promoção do projecto da Grande Baía, aumentando “a conveniência de passagem transfronteiriça” e incentivando o “rápido fluxo de factores produtivos, tais como bens e pessoas”. Desta forma, o novo posto fronteiriço irá substituir o do Cotai (Estação de Lótus), e será adoptado um sistema de inspecção conjunta para passagem. A transferência de jurisdição tem também como objectivo facilitar a concretização do plano de “transformar o posto de Hengqin num centro modal integrado de transportes”. Assim sendo, Macau tem autorização do Governo Central para dar andamento aos trabalhos da “ponte Flor de Lótus, ligações entre a Universidade de Macau e o posto fronteiriço de Hengqin (vias de acesso e ponte, com excepção das estacas), bem como a área reservada para a expansão do Metro Ligeiro no posto de Hengqin”. As datas específicas de entrada em funcionamento, coordenadas e extensão das áreas abrangidas pela decisão serão determinadas posteriormente pelo Conselho de Estado. Outro dos pontos destacados pelo comunicado é que o Governo de Macau obterá, mediante arrendamento, o direito de uso sobre o posto fronteiriço de até 19 de Dezembro de 2049. Findo o prazo, a APN pode decidir prorrogar o prazo. Pátria generosa Em declarações ao Ou Mun, o deputado Chui Sai Peng destaca o facto do novo posto adoptar a inspecção fronteiriça integral, em vez das “duas fronteiras, duas verificações.” Além disso, o legislador considera que a medida “acelera a integração no país”. Os transportes foram a parte fundamental do comentário de Ho Ion Sang à medida aprovada pela APN. “O espaço reservado para a extensão do Metro Ligeiro de Macau ao posto fronteiriço de Hengqin proporciona vantagens para a comodidade de transporte entre as duas regiões e permite que Macau fique à distância de uma hora de vários pontos de Guangdong. O empresário e delegado de Macau à APN, Kevin Ho, entende que esta decisão é um “presente do aniversário” oferecido pela Pátria a Macau e uma demonstração da confiança e apoio do Governo Central à RAEM. Já o académico e empresário Lao Ngai Leong, que ocupou durante cinco mandatos também a posição de delegado à APN, refere que a medida resulta da aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, contribuindo para a diversificação adequada da economia de Macau.
Angola | Médicos chineses rompem barreira da língua e levam acupuntura aos doentes Hoje Macau - 28 Out 2019 As barreiras linguísticas não impedem que médicos chineses atendam as centenas de pacientes que acorrem diariamente ao Hospital Geral de Luanda (HGL) em busca de cuidados de saúde, oferecendo a acupuntura entre as especialidades desta unidade hospitalar. A saúde é uma das vertentes do investimento chinês em Angola, que já ultrapassou os 20 mil milhões de dólares [dropcap]H[/dropcap]á quatro meses em Angola, no âmbito das relações bilaterais entre os dois países, os médicos chineses manifestam-se felizes por trabalhar no país africano e enaltecem as “relações saudáveis” que mantêm com os pacientes e com os “simpáticos” colegas angolanos e cubanos. Dez médicos chineses, um intérprete e um cozinheiro compõem a equipa asiática que, desde Junho passado, trabalham no HGL, constituindo a quinta equipa médica que é enviada para Angola, desde 2009, no quadro da cooperação no sector. Os médicos chineses contaram à Lusa as dificuldades diárias para comunicar em português, um processo no qual contam com a solidariedade de colegas e dos respectivos pacientes, socorrendo-se também de ‘software’ para traduções imediatas. Huang Nan, pediatra, faz parte do grupo dos dez médicos chineses que trabalham no Hospital Geral de Luanda, edificado em 2006 pelos seus compatriotas, e destaca com satisfação a “ginástica” diária e necessária para falar com os doentes. “Trabalho com angolanos e cubanos, eles são simpáticos e eu gosto. Ensinam-nos como abordar os pacientes em português e temos boas relações, esforçamo-nos todos os dias”, disse o médico à agência Lusa, referindo que o diagnóstico é feito quando os doentes falam “pausadamente”. “Sim, quando eles falam devagar ou pausadamente conseguimos nos entender e aí fazemos o diagnóstico”, adiantou Huang Nan, de 34 anos. Segundo o pediatra asiático, o ambiente laboral transforma-se dia após dia num círculo familiar, com a partilha de experiências profissionais, mas também momentos de convívio nas refeições com os colegas angolanos e cubanos, sobretudo no tempo livre. Agulhas milenares Zhang Xin, cirurgião geral, descreve o trabalho no HGL como “intenso”, particularmente no banco de urgência onde são atendidos mais de 200 pacientes/dia, “muitos em estado grave e com necessidade de cirurgia urgente”, uma afluência que difere do seu país. Feliz por estar em Angola e a aprender com outros colegas a língua portuguesa, o cirurgião de 32 anos assegurou que “muitos doentes” já entendem as suas orientações, “mas, quando está difícil”, sublinha, recorrer aos colegas “é indispensável”. Com uma capacidade para mais de 300 camas e para um atendimento diário de mais de 800 pacientes, o hospital dispõe das especialidades de pediatria, maternidade, neurologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, cuidados intensivos, ortotraumatologia, bem como laboratórios e equipamentos avançados. Oferece igualmente especialidades da medicina tradicional chineses como acupuntura, massagens e terapia auricular, entre outras. Pelo menos 25 pacientes com problemas lombares, cervicais, de artrite, ou mesmo paralisia facial acorrem diariamente ao hospital para o tratamento com acupuntura e dizem-se “satisfeitos com os resultados” da terapia milenar chinesa. “Estou a sentir já melhorias. O tratamento vai bem, eles fazem as questões, respondemos prontamente e depois começam com a consulta e está a correr bem”, disse à Lusa a angolana Inês da Costa, 40 anos, que há dois meses recorre à acupuntura para tratar das dores lombares. Satisfeito por trabalhar em Angola está também o acupunturista chinês, Zhou Zugang, que enumerou vantagens da técnica da aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, apontando a satisfação dos doentes. “Aqui eu faço o tratamento com acupuntura e muitos pacientes gostam desse tratamento”, garantiu, realçando que a barreira do português tem sido ultrapassada diariamente. Há oito anos com dores lombares, a angolana Edna Silva disse à Lusa que, em dois meses de tratamento com o recurso a acupuntura no HGL, tem registado melhorias significativas. “De princípio não estava a ver melhorias, mas agora já há evolução. Os médicos chineses percebem a nossa comunicação, eles têm um dispositivo no seu telefone que traduz automaticamente algumas palavras difíceis”, realçou. Saúde acordada “Trabalhar para a melhoria da saúde dos angolanos” é o lema do cardiologista Nie Wenzhen que, admitindo dificuldades para se expressar em português, não foge, no entanto, à “pressão diária de doentes”, particularmente no banco de urgência. Para o médico chinês de 32 anos, que se diz feliz por trabalhar em Angola, os colegas angolanos e cubanos são fundamentais para se sentir em casa, porque, observou, “Deus ama o mundo e a medicina ama a humanidade”. A presença destes médicos chineses em Angola faz parte de acordos intergovernamentais, nomeadamente através de um protocolo que é renovado a cada dois anos. Este mecanismo de cooperação voltou a ser reafirmado oficialmente em Setembro, assinado pelo secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, e pelo embaixador da China em Angola, Gong Tao. O protocolo estabeleceu que os encargos salariais e de viagens internacionais de ida e volta dos médicos são da responsabilidade do Governo chinês. No final da cerimónia de assinatura do protocolo, o embaixador chinês revelou que, até ao momento, cerca de 200 mil cidadãos angolanos foram atendidos por médicos chineses. Gong Tao informou ainda que, nos últimos 10 anos, já passaram por Angola cinco equipas de médicos chineses, totalizando 70 especialistas. O Hospital Geral de Luanda, edificado em 2006 e que teve de ser reconstruído seis anos depois por problemas estruturais, foi reinaugurado em Junho de 2015, após três meses de testes aos equipamentos chineses e de formação para os técnicos. Milhões do oriente “Nos últimos anos a China é um dos países principais que investiu em Angola e segundo estatísticas incompletas, até agora, o volume do investimento chinês no mercado angolano já ultrapassou 20 mil milhões de dólares norte americanos”, afirmou Gong Tao, em Setembro, num evento sobre as relações entre os dois países. O embaixador deu conta também que a dívida de Angola para com o seu país saiu dos 23,3 mil milhões de dólares, em 2017, para 22,8 mil milhões em 2018. Aludindo ao relatório do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, pedido pela embaixada, referiu que a dívida regista “reduções numéricas” e o seu pagamento “decorre na normalidade”. “A dívida está a diminuir com os números, por exemplo, em 2017 era de 23,3 mil milhões de dólares, e em 2018 já baixou para 22,8 mil milhões, e, entretanto, é uma tendência para redução”, frisou. A China é o maior parceiro comercial de Angola. O país asiático continua a ser o principal destino do petróleo angolano, absorvendo 61,56 por cento das exportações no segundo trimestre de 2019, seguido da Índia com 11,05 por cento e depois a Espanha com 3,80 por cento.
Angola | Médicos chineses rompem barreira da língua e levam acupuntura aos doentes Hoje Macau - 28 Out 2019 As barreiras linguísticas não impedem que médicos chineses atendam as centenas de pacientes que acorrem diariamente ao Hospital Geral de Luanda (HGL) em busca de cuidados de saúde, oferecendo a acupuntura entre as especialidades desta unidade hospitalar. A saúde é uma das vertentes do investimento chinês em Angola, que já ultrapassou os 20 mil milhões de dólares [dropcap]H[/dropcap]á quatro meses em Angola, no âmbito das relações bilaterais entre os dois países, os médicos chineses manifestam-se felizes por trabalhar no país africano e enaltecem as “relações saudáveis” que mantêm com os pacientes e com os “simpáticos” colegas angolanos e cubanos. Dez médicos chineses, um intérprete e um cozinheiro compõem a equipa asiática que, desde Junho passado, trabalham no HGL, constituindo a quinta equipa médica que é enviada para Angola, desde 2009, no quadro da cooperação no sector. Os médicos chineses contaram à Lusa as dificuldades diárias para comunicar em português, um processo no qual contam com a solidariedade de colegas e dos respectivos pacientes, socorrendo-se também de ‘software’ para traduções imediatas. Huang Nan, pediatra, faz parte do grupo dos dez médicos chineses que trabalham no Hospital Geral de Luanda, edificado em 2006 pelos seus compatriotas, e destaca com satisfação a “ginástica” diária e necessária para falar com os doentes. “Trabalho com angolanos e cubanos, eles são simpáticos e eu gosto. Ensinam-nos como abordar os pacientes em português e temos boas relações, esforçamo-nos todos os dias”, disse o médico à agência Lusa, referindo que o diagnóstico é feito quando os doentes falam “pausadamente”. “Sim, quando eles falam devagar ou pausadamente conseguimos nos entender e aí fazemos o diagnóstico”, adiantou Huang Nan, de 34 anos. Segundo o pediatra asiático, o ambiente laboral transforma-se dia após dia num círculo familiar, com a partilha de experiências profissionais, mas também momentos de convívio nas refeições com os colegas angolanos e cubanos, sobretudo no tempo livre. Agulhas milenares Zhang Xin, cirurgião geral, descreve o trabalho no HGL como “intenso”, particularmente no banco de urgência onde são atendidos mais de 200 pacientes/dia, “muitos em estado grave e com necessidade de cirurgia urgente”, uma afluência que difere do seu país. Feliz por estar em Angola e a aprender com outros colegas a língua portuguesa, o cirurgião de 32 anos assegurou que “muitos doentes” já entendem as suas orientações, “mas, quando está difícil”, sublinha, recorrer aos colegas “é indispensável”. Com uma capacidade para mais de 300 camas e para um atendimento diário de mais de 800 pacientes, o hospital dispõe das especialidades de pediatria, maternidade, neurologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, cuidados intensivos, ortotraumatologia, bem como laboratórios e equipamentos avançados. Oferece igualmente especialidades da medicina tradicional chineses como acupuntura, massagens e terapia auricular, entre outras. Pelo menos 25 pacientes com problemas lombares, cervicais, de artrite, ou mesmo paralisia facial acorrem diariamente ao hospital para o tratamento com acupuntura e dizem-se “satisfeitos com os resultados” da terapia milenar chinesa. “Estou a sentir já melhorias. O tratamento vai bem, eles fazem as questões, respondemos prontamente e depois começam com a consulta e está a correr bem”, disse à Lusa a angolana Inês da Costa, 40 anos, que há dois meses recorre à acupuntura para tratar das dores lombares. Satisfeito por trabalhar em Angola está também o acupunturista chinês, Zhou Zugang, que enumerou vantagens da técnica da aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, apontando a satisfação dos doentes. “Aqui eu faço o tratamento com acupuntura e muitos pacientes gostam desse tratamento”, garantiu, realçando que a barreira do português tem sido ultrapassada diariamente. Há oito anos com dores lombares, a angolana Edna Silva disse à Lusa que, em dois meses de tratamento com o recurso a acupuntura no HGL, tem registado melhorias significativas. “De princípio não estava a ver melhorias, mas agora já há evolução. Os médicos chineses percebem a nossa comunicação, eles têm um dispositivo no seu telefone que traduz automaticamente algumas palavras difíceis”, realçou. Saúde acordada “Trabalhar para a melhoria da saúde dos angolanos” é o lema do cardiologista Nie Wenzhen que, admitindo dificuldades para se expressar em português, não foge, no entanto, à “pressão diária de doentes”, particularmente no banco de urgência. Para o médico chinês de 32 anos, que se diz feliz por trabalhar em Angola, os colegas angolanos e cubanos são fundamentais para se sentir em casa, porque, observou, “Deus ama o mundo e a medicina ama a humanidade”. A presença destes médicos chineses em Angola faz parte de acordos intergovernamentais, nomeadamente através de um protocolo que é renovado a cada dois anos. Este mecanismo de cooperação voltou a ser reafirmado oficialmente em Setembro, assinado pelo secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, e pelo embaixador da China em Angola, Gong Tao. O protocolo estabeleceu que os encargos salariais e de viagens internacionais de ida e volta dos médicos são da responsabilidade do Governo chinês. No final da cerimónia de assinatura do protocolo, o embaixador chinês revelou que, até ao momento, cerca de 200 mil cidadãos angolanos foram atendidos por médicos chineses. Gong Tao informou ainda que, nos últimos 10 anos, já passaram por Angola cinco equipas de médicos chineses, totalizando 70 especialistas. O Hospital Geral de Luanda, edificado em 2006 e que teve de ser reconstruído seis anos depois por problemas estruturais, foi reinaugurado em Junho de 2015, após três meses de testes aos equipamentos chineses e de formação para os técnicos. Milhões do oriente “Nos últimos anos a China é um dos países principais que investiu em Angola e segundo estatísticas incompletas, até agora, o volume do investimento chinês no mercado angolano já ultrapassou 20 mil milhões de dólares norte americanos”, afirmou Gong Tao, em Setembro, num evento sobre as relações entre os dois países. O embaixador deu conta também que a dívida de Angola para com o seu país saiu dos 23,3 mil milhões de dólares, em 2017, para 22,8 mil milhões em 2018. Aludindo ao relatório do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, pedido pela embaixada, referiu que a dívida regista “reduções numéricas” e o seu pagamento “decorre na normalidade”. “A dívida está a diminuir com os números, por exemplo, em 2017 era de 23,3 mil milhões de dólares, e em 2018 já baixou para 22,8 mil milhões, e, entretanto, é uma tendência para redução”, frisou. A China é o maior parceiro comercial de Angola. O país asiático continua a ser o principal destino do petróleo angolano, absorvendo 61,56 por cento das exportações no segundo trimestre de 2019, seguido da Índia com 11,05 por cento e depois a Espanha com 3,80 por cento.
Poluição luminosa | DSPA estuda mudanças de critérios Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai, que vai estudar, no próximo ano, possíveis mudanças nas regras de controlo da poluição ambiental. “A DSPA tem estado atenta às recentes regulamentações das regiões vizinhas quanto ao controlo da poluição luminosa. As ‘instruções para controlo da poluição luminosa proveniente dos painéis publicitários, das iluminações decorativas e dos monitores LED no exterior dos edifícios’, vigentes em Macau, são comparáveis com os critérios adoptados nas regiões vizinhas. A DSPA planeia iniciar o estudo sobre as medidas de controlo da poluição luminosa no próximo ano”, lê-se na resposta assinada por Raymond Tam, director da DSPA. Além disso, Raymond Tam disse ao deputado que “a DSPA está também a comunicar com as empresas de hotelaria para reforçar a implementação de instruções para controlo da poluição luminosa”.
Poluição luminosa | DSPA estuda mudanças de critérios Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai, que vai estudar, no próximo ano, possíveis mudanças nas regras de controlo da poluição ambiental. “A DSPA tem estado atenta às recentes regulamentações das regiões vizinhas quanto ao controlo da poluição luminosa. As ‘instruções para controlo da poluição luminosa proveniente dos painéis publicitários, das iluminações decorativas e dos monitores LED no exterior dos edifícios’, vigentes em Macau, são comparáveis com os critérios adoptados nas regiões vizinhas. A DSPA planeia iniciar o estudo sobre as medidas de controlo da poluição luminosa no próximo ano”, lê-se na resposta assinada por Raymond Tam, director da DSPA. Além disso, Raymond Tam disse ao deputado que “a DSPA está também a comunicar com as empresas de hotelaria para reforçar a implementação de instruções para controlo da poluição luminosa”.
Eleições | Conselho das Comunidades Portuguesas quer reunir com Governo Andreia Sofia Silva - 25 Out 2019 O Conselho das Comunidades Portuguesas mostra-se disposto a reunir com o Governo português depois de 22 por cento dos votos dos círculos da emigração terem sido anulados nas últimas eleições para a Assembleia da República. Pereira Coutinho, conselheiro por Macau, continua em silêncio face à investigação da Comissão Nacional de Eleições [dropcap]C[/dropcap]hama-se “As comunidades querem votar” e é a mais recente carta entregue à Comissão Nacional de Eleições (CNE) por parte do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), assinada pelo presidente do conselho permanente, Flávio Martins. A missiva surge depois da realização das eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) em Portugal, em que 22 por cento dos votos dos círculos da emigração foram considerados nulos. Nesse contexto, o CCP mostra vontade de reunir com representantes de organismos públicos portugueses. “O Conselho Permanente do CCP apoia a realização de reflexões críticas e investigações aprofundadas acerca de todo o processo do último acto eleitoral, desde a falta de sensibilização à pouca informação nas Comunidades, e juntar-se-á a esse indispensável trabalho a ser realizado pelos órgãos competentes de melhoria a este processo por meio da reflexão.” É já em Novembro que deverá ser feita uma “apresentação de propostas concretas”, disponibilizando-se o CCP ao diálogo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Ministério da Administração Interna, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as forças políticas na AR e os demais órgãos de soberania. Tudo para que se possa melhorar “esse processo (das eleições) desde sua origem, visando o futuro e a dignidade dos que vivem no estrangeiro”. Como exemplo de medidas a apresentar, o CCP defende como sendo “fundamental a uniformização dos actos eleitorais para as Comunidades, objectivando-se que, após alterações constitucional e legais, haja a opção do voto presencial, do voto postal e do voto electrónico à distância (Internet) em todas as eleições (Presidencial, Legislativa e ao Parlamento Europeu) conforme a manifestação atempada do eleitor, visando garantir a plena participação das portuguesas e dos portugueses que vivem no estrangeiro”. Mais CCP Para o CCP, “algumas das análises que tem sido veículadas acerca da participação cívica das Comunidades no acto eleitoral revelaram a falta de conhecimento da realidade da Diáspora”. Nesse sentido, o manifesto apresentado começa por chamar a atenção para o aumento do número de emigrantes a ir às urnas, o que constitui “uma vitória da Democracia”, ainda que “as comunidades sejam historicamente relegadas a segundo plano nos processos cívico-eleitorais”. O CCP lamenta ainda o facto de ter alertado partidos políticos e demais organismos sobre a “falta de informação durante todo o processo eleitoral”, sendo que “pouco foi feito” no acto eleitoral de 6 de Outubro. “Ante as novidades do recenseamento automático e da possibilidade de opção pelo voto postal ou pelo presencial, a verdade é que essas fundamentais informações ocorreram muito timidamente e as Comunidades, em sua maioria, foram apanhadas de surpresa. A auscultação do CCP, que diversas vezes alertou para isso em reuniões ou em seus documentos, poderia ter minimizado o efeito negativo de tal facto”, acrescenta a carta. José Pereira Coutinho, conselheiro do CCP por Macau, difundiu esta carta junto dos órgãos de comunicação social, mas não quis comentar a investigação de que está a ser alvo por parte da CNE. Em causa está um alegado envolvimento da associação que preside, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), na realização de chamadas para eleitores, onde se afirmava que a ATFPM poderia reencaminhar os votos por correspondência para Portugal.
Eleições | Conselho das Comunidades Portuguesas quer reunir com Governo Andreia Sofia Silva - 25 Out 2019 O Conselho das Comunidades Portuguesas mostra-se disposto a reunir com o Governo português depois de 22 por cento dos votos dos círculos da emigração terem sido anulados nas últimas eleições para a Assembleia da República. Pereira Coutinho, conselheiro por Macau, continua em silêncio face à investigação da Comissão Nacional de Eleições [dropcap]C[/dropcap]hama-se “As comunidades querem votar” e é a mais recente carta entregue à Comissão Nacional de Eleições (CNE) por parte do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), assinada pelo presidente do conselho permanente, Flávio Martins. A missiva surge depois da realização das eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) em Portugal, em que 22 por cento dos votos dos círculos da emigração foram considerados nulos. Nesse contexto, o CCP mostra vontade de reunir com representantes de organismos públicos portugueses. “O Conselho Permanente do CCP apoia a realização de reflexões críticas e investigações aprofundadas acerca de todo o processo do último acto eleitoral, desde a falta de sensibilização à pouca informação nas Comunidades, e juntar-se-á a esse indispensável trabalho a ser realizado pelos órgãos competentes de melhoria a este processo por meio da reflexão.” É já em Novembro que deverá ser feita uma “apresentação de propostas concretas”, disponibilizando-se o CCP ao diálogo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Ministério da Administração Interna, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as forças políticas na AR e os demais órgãos de soberania. Tudo para que se possa melhorar “esse processo (das eleições) desde sua origem, visando o futuro e a dignidade dos que vivem no estrangeiro”. Como exemplo de medidas a apresentar, o CCP defende como sendo “fundamental a uniformização dos actos eleitorais para as Comunidades, objectivando-se que, após alterações constitucional e legais, haja a opção do voto presencial, do voto postal e do voto electrónico à distância (Internet) em todas as eleições (Presidencial, Legislativa e ao Parlamento Europeu) conforme a manifestação atempada do eleitor, visando garantir a plena participação das portuguesas e dos portugueses que vivem no estrangeiro”. Mais CCP Para o CCP, “algumas das análises que tem sido veículadas acerca da participação cívica das Comunidades no acto eleitoral revelaram a falta de conhecimento da realidade da Diáspora”. Nesse sentido, o manifesto apresentado começa por chamar a atenção para o aumento do número de emigrantes a ir às urnas, o que constitui “uma vitória da Democracia”, ainda que “as comunidades sejam historicamente relegadas a segundo plano nos processos cívico-eleitorais”. O CCP lamenta ainda o facto de ter alertado partidos políticos e demais organismos sobre a “falta de informação durante todo o processo eleitoral”, sendo que “pouco foi feito” no acto eleitoral de 6 de Outubro. “Ante as novidades do recenseamento automático e da possibilidade de opção pelo voto postal ou pelo presencial, a verdade é que essas fundamentais informações ocorreram muito timidamente e as Comunidades, em sua maioria, foram apanhadas de surpresa. A auscultação do CCP, que diversas vezes alertou para isso em reuniões ou em seus documentos, poderia ter minimizado o efeito negativo de tal facto”, acrescenta a carta. José Pereira Coutinho, conselheiro do CCP por Macau, difundiu esta carta junto dos órgãos de comunicação social, mas não quis comentar a investigação de que está a ser alvo por parte da CNE. Em causa está um alegado envolvimento da associação que preside, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), na realização de chamadas para eleitores, onde se afirmava que a ATFPM poderia reencaminhar os votos por correspondência para Portugal.
Bolsonaro diz que China é um “país capitalista” no início de visita Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]O[/dropcap] Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recusou ontem, à chegada à China, qualquer problema em reunir-se com o homólogo chinês e secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, considerando estar num “país capitalista”. Em declarações aos jornalistas no hotel onde está alojado, em Pequim, Bolsonaro assinalou que quer integrar-se “sem qualquer preconceito ideológico nas economias do mundo” e que fará “o que for possível para o desenvolvimento do país”. “Estou num país capitalista”, disse o Presidente brasileiro, eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), de direita, perante a insistência dos jornalistas sobre se seria problemático encontrar-se com os dirigentes comunistas chineses. Adiantou ainda que o Brasil não pretende imiscuir-se na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, considerando que não é “uma luta” brasileira. Por outro lado, quando questionado sobre se os investimentos da multinacional tecnológica chinesa Huawei seriam bem acolhidos no Brasil, Jair Bolsonaro considerou que “por agora, essa hipótese está fora do radar”. Os Estados Unidos pressionaram o Brasil para que a Huawei – empresa com a qual as companhias norte-americanas estão proibidas de fazer negócios – seja impedida de participar em licitações no país. Jair Bolsonaro afirmou-se ainda satisfeito com a posição “equidistante” da China na questão dos incêndios na Amazónia, mostrando-se convicto de que continuará assim. O grande parceiro O Presidente do Brasil chegou ontem a Pequim, mas a visita oficial ao país só começará na sexta-feira quando se reunir com o Presidente da China, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro Li Keqiang, além de participar num encontro empresarial entre o Brasil e a China. A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil, com as trocas bilaterais a atingirem os 98.900 milhões de dólares em 2018. Em 2018, as exportações para a China representaram 26,8 por cento do total das vendas do Brasil ao exterior e atingiram um pico de 64,2 mil milhões de dólares, beneficiando em parte das disputas comerciais entre Pequim e Washington. No entanto, o Governo chinês afirmou ontem olhar a cooperação com o Brasil de uma perspectiva “estratégica” e a “longo prazo”, considerando que a cooperação bilateral “não se deve restringir à economia e comércio”. Em declarações à agência Lusa, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que os dois países devem “orientar o desenvolvimento em todas as dimensões”. “Esperamos que esta visita sirva para avançar com a cooperação e gerar novas perspectivas”, afirmou Hua Chunying. A eleição de Bolsonaro foi inicialmente recebida com apreensão pelas autoridades chinesas, face à sua aproximação a Taiwan e críticas feitas ao investimento chinês durante a campanha. Bolsonaro tomou posse no início deste ano com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente. O Presidente brasileiro tem promovido um alinhamento com o homólogo norte-americano, Donald Trump, que deverá ter consequências directas nos fóruns multilaterais, negociações sobre o clima, Defesa ou conflito Israel-Palestina.
Bolsonaro diz que China é um "país capitalista" no início de visita Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]O[/dropcap] Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recusou ontem, à chegada à China, qualquer problema em reunir-se com o homólogo chinês e secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, considerando estar num “país capitalista”. Em declarações aos jornalistas no hotel onde está alojado, em Pequim, Bolsonaro assinalou que quer integrar-se “sem qualquer preconceito ideológico nas economias do mundo” e que fará “o que for possível para o desenvolvimento do país”. “Estou num país capitalista”, disse o Presidente brasileiro, eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), de direita, perante a insistência dos jornalistas sobre se seria problemático encontrar-se com os dirigentes comunistas chineses. Adiantou ainda que o Brasil não pretende imiscuir-se na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, considerando que não é “uma luta” brasileira. Por outro lado, quando questionado sobre se os investimentos da multinacional tecnológica chinesa Huawei seriam bem acolhidos no Brasil, Jair Bolsonaro considerou que “por agora, essa hipótese está fora do radar”. Os Estados Unidos pressionaram o Brasil para que a Huawei – empresa com a qual as companhias norte-americanas estão proibidas de fazer negócios – seja impedida de participar em licitações no país. Jair Bolsonaro afirmou-se ainda satisfeito com a posição “equidistante” da China na questão dos incêndios na Amazónia, mostrando-se convicto de que continuará assim. O grande parceiro O Presidente do Brasil chegou ontem a Pequim, mas a visita oficial ao país só começará na sexta-feira quando se reunir com o Presidente da China, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro Li Keqiang, além de participar num encontro empresarial entre o Brasil e a China. A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil, com as trocas bilaterais a atingirem os 98.900 milhões de dólares em 2018. Em 2018, as exportações para a China representaram 26,8 por cento do total das vendas do Brasil ao exterior e atingiram um pico de 64,2 mil milhões de dólares, beneficiando em parte das disputas comerciais entre Pequim e Washington. No entanto, o Governo chinês afirmou ontem olhar a cooperação com o Brasil de uma perspectiva “estratégica” e a “longo prazo”, considerando que a cooperação bilateral “não se deve restringir à economia e comércio”. Em declarações à agência Lusa, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que os dois países devem “orientar o desenvolvimento em todas as dimensões”. “Esperamos que esta visita sirva para avançar com a cooperação e gerar novas perspectivas”, afirmou Hua Chunying. A eleição de Bolsonaro foi inicialmente recebida com apreensão pelas autoridades chinesas, face à sua aproximação a Taiwan e críticas feitas ao investimento chinês durante a campanha. Bolsonaro tomou posse no início deste ano com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente. O Presidente brasileiro tem promovido um alinhamento com o homólogo norte-americano, Donald Trump, que deverá ter consequências directas nos fóruns multilaterais, negociações sobre o clima, Defesa ou conflito Israel-Palestina.
Jorge Neto Valente Jorge Menezes - 25 Out 20195 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap]s declarações do Dr. Jorge Neto Valente, para os microfones e as câmaras de televisão, sobre uma ameaça grave recentemente noticiada (com base numa carta que enviara para Lisboa), surpreenderam-me. Foi penoso ouvi-las: pela minha família, pelos advogados que ele representa e por Macau. As pessoas que me conhecem formarão livremente o seu julgamento. Os que não me conhecem, porém, terão só o benefício das declarações públicas do presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), pois não farei aqui uma defesa da minha integridade. Para além de terem desviado a atenção sobre o que realmente interessava – a ameaça –, as declarações surpreenderam-me pela falta de elevação, de postura institucional, pela pessoalização e, acima de tudo, pela insensibilidade humana que revelaram. Foi pena, pois vieram na sequência de declarações lúcidas suas sobre o Acórdão do TUI proibindo manifestações em Macau. O Dr. Neto Valente começou como terminou, insistindo e repetindo que desconhecia, ao final da tarde, uma notícia dada de manhã, com grande destaque, sobre ameaças a um advogado. No dia de abertura do ano judiciário, não viu jornais, nem falou com quem os tivesse visto. Perguntado se achava normal um advogado, que já fora atacado, voltar a ser ameaçado, respondeu “não sei, não sei, não sei”. Daí em diante partiu para a pessoalização: “não vou pronunciar-me sobre um advogado com quem, aliás, não tenho boas relações, por razões que ele sabe quais são”. “Mas o Dr. é presidente da AAM”, retorquiu o jornalista, “mas eu não sou obrigado a aturar…” e, quando o jornalista notou, “mas ele pode ser…”, o presidente da AAM interrompeu: “ele pode ser o que ele quiser, mas comigo não é nada, porque eu já o conheço há muitos anos, há mais de 20 anos que o conheço, e não quero comentar sobre a personalidade dele, porque se eu comentar sobre a personalidade dele, é ele que vai fazer queixa de mim, percebe… O que eu penso sobre ele é susceptível de fundamentar uma queixa dele contra mim por achar que eu o estou a difamar, compreende?” Apesar de o jornalista reiterar que não estava em causa a pessoa, mas a ameaça, prosseguiu, “O que eu penso dele é bastante mau e não vou dizer mais nada”. Perante a insistência, “o Dr. é presidente da Associação dos Advogados…”, respondeu “Mas, e então, acha que eu sou polícia?”. Pressionado por inúmeras insistências dos jornalistas, após dizer “são casos pessoais, não interessam a ninguém”, acabou por conceder, no final, “com certeza que eu não vou defender que algum advogado seja ameaçado ou atacado”. Com certeza que não. Foi isto que o presidente da AAM teve para dizer quando instado a comentar uma ameaça grave a um familiar de um advogado inscrito na associação a que preside. Pareceu questionar a sua veracidade (“ele diz que foi ameaçado, então…”), desvalorizou-a e, em vez de se revoltar contra os autores de uma ameaça cruel, atacou o advogado ameaçado. Eu também conheço o Dr. Neto Valente há mais de 20 anos, dois dos quais passados no seu escritório. E bem. Fui, aliás, o advogado que ele escolheu para o representar numa causa sua, pessoal. Quando foi raptado, há 19 anos, escrevi-lhe de Inglaterra, estava ele no hospital, expressando revolta pela barbaridade do rapto e felicidade por o saber de saúde, pronto para retomar o seu rumo. Escrever-lhe-ia, de novo, carta idêntica se aquele brutal infortúnio tivesse ocorrido hoje. O Dr. Neto Valente, um advogado muito inteligente, tem tantas razões para não ter boas relações comigo quantas as vezes que critiquei ou discordei de posições que veiculou. A grandeza de espírito manifesta-se em saber distinguir questões ‘pessoais’ de deveres institucionais. E em saber ouvir críticas. Porém, e para que fique cristalinamente claro, os nossos diferendos não são pessoais. Os nossos diferendos são profissionais, deontológicos e cívicos. “Fiquei a saber que, apesar de ser membro da AAM desde 1998, não posso contar com ela, porque o presidente não gosta das minhas críticas e opiniões. Se dúvidas houvesse, o presidente desfê-las: não dá apoio àqueles de quem não gosta. A AAM existe para quem se cale, concorde ou amigue do presidente.” Para quem critica os tribunais assiduamente, num tom nem sempre decoroso, saber aceitar discordâncias não lhe ficaria mal: as liberdades afirmam-se exercitando-as, não tanto apregoando-as. Se os juízes julgassem causas com a parcialidade anunciada por este presidente, viveríamos num ‘estado do torto’, não num estado de direito. Lamento que não tenha tido a coragem para declamar a trova que anunciara, partilhando o que de terrível disse saber sobre mim desde há 20 anos. Esquivou-se, encolhido, sem mais dizer, atrás do receio confessado de que eu o processasse por difamação. Deixo aqui a garantia pública de que não processarei o Dr. Neto Valente por difamação, se ele tiver a integridade de revelar aquilo que diz que sabe que eu sei. Mais tudo o resto. E não o processaria de qualquer modo. Acredito que a liberdade de expressão não deve ser criminalizada, salvo em casos extremos, e que palavras se combatem com palavras, não com tribunais e polícias. Garanto, ainda, que, se tiver a coragem de revelar aquilo que tem em mente, não serei tímido: responderei, documentadamente. Não é edificante o presidente insinuar que um advogado é pessoa indigna sem dizer porquê, impedindo que o mesmo faça a defesa do seu carácter, quando o exercício da advocacia depende da nossa reputação. Não revela coragem. Não revela verticalidade. Fiquei a saber que, apesar de ser membro da AAM desde 1998, não posso contar com ela, porque o presidente não gosta das minhas críticas e opiniões. Se dúvidas houvesse, o presidente desfê-las: não dá apoio àqueles de quem não gosta. A AAM existe para quem se cale, concorde ou amigue do presidente. Estas suas declarações, de tão insensatas, visarão, talvez, descredibilizar futuras divergências que o presidente receie possam ocorrer. De ora em diante, crítica que lhe fizesse seria vista como resposta a esta arremessada, como decorrência de uma mera “questiúncula pessoal”, um pueril esbracejar no ringue, não já como uma tomada de posição séria, isenta e ponderada sobre valores estruturantes da nossa comunidade. É uma táctica antiga: golpear o mensageiro para suprimir a mensagem. Não se consegue, porém, perceber por que razão o presidente da AAM escolheu este, de todos os momentos possíveis, para expressar tamanha animosidade para com um colega, quando era seu dever institucional, e da Direcção a que preside, manifestar solidariedade como tantos informalmente fizeram. De facto, sentido de oportunidade não lhe faltou: Jorge Neto Valente lançou este ataque, tão infame quanto vácuo, no dia em que foi tornado público que máfias locais, apercebendo-se que ameaças contra mim não surtiram efeito, terão tentado coarctar e controlar o exercício livre e convicto da minha profissão, dirigindo uma ameaça grave àqueles cuja protecção jurei assegurar e cuja existência dá sentido à vida. Contexto mais vil do que este não conheço.
Os próximos dois meses Paul Chan Wai Chi - 25 Out 2019 [dropcap]E[/dropcap]m menos de dois meses Macau vai celebrar o 20º aniversário do Regresso à Mãe Pátria. Nessa altura, de acordo com a prática habitual, o Presidente Xi Jinping irá estar presente nas celebrações. Mas, não posso deixar de me interrogar em que ponto estará a situação de Hong Kong por essa altura? Os protestos e as manifestações continuam a acontecer em Hong Kong há mais de quatro meses. Não terminaram com a promulgação da “Lei Anti-Máscaras” e, antes pelo contrário, estas acções têm vindo a intensificar-se. Os conflitos entre a Polícia e os manifestantes não mostram sinais de chegar ao fim. Nas reportagens transmitidas na televisão, podemos ver que ambas as partes se insultam mutuamente. Estes insultos são mais chocantes por parte dos agentes da autoridade, na medida em que a sua formação profissional os deveria impedir de ter estes comportamentos. Lembro-me de há muitos anos atrás ter ido com uns amigos ver um jogo de futebol ao Campo Militar (que já foi demolido) na zona da Areia Preta. Como o Campo não estava aberto ao público, um polícia apareceu e mandou-nos sair. O acontecimento em si não teve nada de especial, mas como éramos muito jovens, reagimos impulsivamente e discutimos com o polícia. Como sabiamos que insultar um agente da autoridade é incorrer em delito, argumentámos com respeito. No entanto, o jovem polícia não conseguiu conter-se e utilizou palavras insultuosas e menos apropriadas. Lembrámo-lo de imediato que, enquanto vestisse uniforme, não podia usar aquela linguagem. Os agentes da autoridade estão proíbidos de utilizar palavrões e insultos, uma regra que visa manter o respeito e a cortesia da polícia na sua relação com a população e, sobretudo, a boa imagem da Força Policial. Depois de ter sido chamado à atenção pela escolha desapropriada de palavras, o jovem polícia acalmou-se e foi embora em paz. Hoje, ouvi claramente, na reportagem a que estava a assitir na TV, os polícias de Hong Kong chamaram aos manifestantes “lixo”, “vocês não passam de lixo”. Se a polícia mantiver uma relação tensa com a população, não vai ter capacidade para controlar os protestos e a violência. Antes pelo contrário, como a violência gera violência, a escalada de distúrbios vai continuar. Exemplo disso é o incidente do passado domingo, em que a Mesquita em Tsim Sha Tsui foi acidentalmente atingida por jorros de água tingida de azul, com que a polícia procurava dispersar os manifestantes. No dia seguinte (segunda-feira), a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e o Comissário da Polícia foram pessoalmente ao local pedir desculpas, de forma a evitar que este episódio pudesse vir a assumir proporções dramáticas, o que revelou uma atitude digna de apreço. Se o Governo de Hong Kong tivesse agido de forma semelhante noutras situações conflituosas, estou em crer que muitos dos problemas que entretanto surgiram já estariam sanados. Infelizmente, nem toda a gente pensa que esta é a forma correcta de agir. Antes da promulgação da “Lei Anti-Máscaras” em Hong Kong, comentei com várias pessoas a lei só viria piorar a situação e provocar mais conflitos. Os problemas que Hong Kong enfrenta actualmente não podem ser resolvidos desta forma. O Governo vai ter de encontrar maneira de lidar com as exigências dos manifestantes criando uma comissão de inquérito independente para averiguar a actuação da Polícia e restabelecendo a credibilidade das forças da autoridade. A promulgação da “Lei Anti-Máscaras” provou ser um passo em falso de Carrie Lam, que tem apostado em medidas paliativas, incapazes de sarar os problemas sociais que afligem Hong Kong. Espero que o Governo de Hong Kong venha a tirar ilações desta situação que se arrasta há mais de quatro meses, e que procure de forma empenhada ultrapassar as contradições sociais nos dois meses que se avizinham. Espero também que não promulgue mais medidas restritivas, nem que adie ou cancele as eleições para o Conselho Distrital. Se a situação de Hong Kong não se puder resolver nos próximos dois meses, o Governo de Macau vai ter muita dificuldade em organizar a vinda do líder da China para presidir às cerimónias do 20º aniversário do Regresso de Macau à Mãe Pátria. Se este problema não se resolver, virá a afectar a população de Macau e, possivelmente, os resultados das eleições gerais de Taiwan, que vão ter lugar em Janeiro de 2020.
“Sentido de missão” João Santos Filipe - 25 Out 2019 [dropcap]T[/dropcap]enham vergonha na cara! O caso do homem que matou, involuntariamente, a estudante de 22 anos é uma página negra para a História da RAEM. É impensável que a Justiça, com a conivência dos Serviços de Alfândega, permita que o homem regresse ao Interior da China, de onde não vai voltar mais. Se calhar quem está no poder acha que o pagamento de 8 milhões de patacas resolve tudo e que a vida de um residente nem vale assim tanto… Não me admirava. É uma Justiça para ricos e amigos. As autoridades já por várias vezes mostraram aquilo que em Portugal se chama a ética republicana: para os amigos tudo, para os outros a lei. Quando Albano Martins mostrou um vídeo de um agente a espancar um cão, conseguiram pegar no caso e constituí-lo arguido. Imperou o bom-senso de alguém para ilibá-lo, mas a “mensagem pretendida” passou para a sociedade. Quando os manifestantes do Pearl Horizon bateram nos agentes da PSP, o secretário fechou os olhos, porque “o Governo tem simpatia” com a causa dos manifestantes. É pena que se preocupe mais com os agentes de Hong Kong do que com os de Macau. Quando o filho de uma pessoa rica andou a fazer grafitis, que ainda estão numa das paredes da zona histórica da RAEM, as autoridades agiram como se nada se tivesse passado. Enfim é tudo tão imundo e tão às claras que devia envergonhar quem tem responsabilidades. Só que não envergonha, como ainda é motivo de orgulho pelo “sentido de missão”. E no meio disto tudo, quem menos interessa são os residentes locais, de quem apenas se espera que fiquem calados, sejam patrióticos e batam palmas, apesar das constantes provocações gratuitas, como mais esta, por parte de quem manda… Depois disto, ainda têm dificuldades em perceber a oposição ao reconhecimento mútuo da carta de condução?
A grande dama do chá Fernando Sobral - 25 Out 2019 [dropcap]O[/dropcap] fumo criava desenhos estranhos nas salas do “Bambu Vermelho”, agitado pelas ventoinhas colocadas no tecto. Pareciam dragões ou grandes peixes que se moviam sem parar, como se fossem fantasmas que ora apareciam, ora desapareciam e se transformavam noutros seres. As mesas estavam repletas de chineses que, encostados uns contra os outros, fumavam e apostavam em todo o tipo de jogos. Muitos deles, refugiados da guerra, tinham muitas histórias, algumas inacreditáveis, para contar. Mas, de noite, escondiam-nas nas profundezas da alma e libertavam todos os outros sentimentos. De vez em quando sorriam, quando as raparigas que deambulavam pelas salas se encostavam a eles e lhes propunham outros jogos, mais físicos. A maioria recusava. Não estavam alegres nem tristes. As suas faces apenas denotavam uma falta de energia, a pouca que lhes restava, e um instinto de sobrevivência que os mantinha vivos. O jogo era uma transfusão de sangue. Luc LeFranc estava numa mesa discreta, longe daquelas onde se jogava mah-jong e outros jogos chineses, com outros três jogadores. O póquer era a sua vida naquela noite. Numa pequena sala, resguardada por um biombo, Cândido Vilaça estava sentado com Marina Kaplan e Jin Shixin. O fumo torna a vista viciada, o que nem sempre nos permite perceber a realidade. Mas locais como aquele desejavam que a irrealidade absorvesse a nitidez. Para que todos se sentissem donos de uma felicidade aparente, aquela que todos buscavam mas era impossível de descobrir, pensou Cândido. Sentia-se destroçado pela fuga, sem explicações, de Prazeres da Costa. Marina olhava para ele e tentou confortá-lo. Mais fria, Jin explicou-lhe que, para fugir, ele precisava de cortar todos os laços emocionais. De outra forma, não poderia desaparecer sem deixar rasto. – Meu querido Cândido, cada tempo cria as suas próprias ilusões. Muitas vezes prometem o céu e trazem apenas o inferno. – Sempre sonhei que ia descobrir o paraíso. Marina tocou com os dedos no braço dele, antes de dizer: – Não foi isso que imaginámos todos? Jin Shixin agarrou no seu copo de vodka e bebeu um pouco. Passou a língua pelos lábios, num gesto desafiador. O seu olhos estavam fixos em Cândido. Marina compreendeu, e sorriu. Jin disse: – Tudo acaba mal na vida. Os finais felizes são uma invenção dos filmes, daqueles que às vezes iamos ver nos finais de tarde em Xangai, Marina. – Nesses dias pensávamos que o mundo não ia acabar. Mas viviamos num equívoco. Ou melhor, eu vivia. A Jin sempre seguiu um caminho desenhado pelo seu mestre Du. Eu acomodava-me. Mas não era uma fiel, como ela. Não era uma crítica. Era uma constatação. Jin fechou os olhos, numa secreta concordância. – E Du, onde está ele, Jin? Em Hong Kong? – Acredito que sim. A sua voz era convincente. Mas Marina, que tinha outros meios de informação, sorriu. A intervenção de Luc LeFranc no caso da resolução da dívida de Prazeres da Costa não tinha tido só o dedo de Jin. Esta olhou para a russa e, compreendendo o que ela estava a pensar, disse: – Isso é irrelevante. O que importa e que os japoneses não saibam onde ele está. Ninguém consegue voltar atrás, Marina. O mal que os homens fazem, persiste. Não há cura para que o que fazemos. Cada acção é absoluta e eterna a sua consequência. Nem o vosso Deus vos salva disso. – Talvez não, Jin. Mas nós, que acreditamos mais ou menos em Deus, acreditamos na salvação final. E tu, Cândido? – Eu sou um refugiado dum mundo mágico que não domino. – Só quando tocas o teu saxofone e pões as pessoas a dançar consegues iludir o feitiço. – Ou quando estou apaixonado. Olhou para Jin. Esta desviou os olhos. Estava inquieta. Marina levantou-se e saiu da sala. Ia ver como estava o ambiente, incluindo nas salas reservadas, onde o ópio era servido aos clientes que se deitavam à espera de pacificarem os seus corpos e pensamentos. Luc LeFranc, por momentos, deixou de olhar para as cartas e para as faces dos outros jogadores e seguiu-a com o olhar. De repente Marina reviu Li Pao. A sua face estava envelhecida, mas era o mesmo fotógrafo que, em anos anteriores, era conhecido como aquele que transformava os corpos das raparigas de Xangai em motivos de desejo, através de calendários e postais muito coloridos e belos. – Que fazes aqui, Li Pao? Ele surpreendeu-se e depois fez um sorriso triste: – Estou a repousar durante uns dias. Vou para as Filipinas. Por lá há paz. – Por enquanto.- Achas que a guerra chegará lá? Eu apenas desejo fazer as minhas fotos. – Ninguém é inocente num mundo de pecadores, Li Pao. E as raparigas ficaram em Xangai. Em Manila são menos inocentes. Marina colocou-lhe a mão no ombro. Junto deles estava uma rapariga filipina que o levou para uma das salas de ópio. Li Pao parecia vergado ao peso das suas dúvidas. Nesse momento deparou-se com Popoff. O sempre glacial russo, parecia transtornado. Ele perguntou: – A menina Jin está por cá? – Está. Eu levo-te até ela. Caminharam um pouco até chegarem ao reservado onde Jin e Cândido, de mãos dadas, falavam. A chinesa mostrou um ar surpreendido com a chegada do russo: – O que aconteceu, Patapoff. – Uma coisa muito estranha, menina Jin. Um grupo de pescadores chegou há pouco a Macau com um corpo que estava a boiar e que eles recolheram. Pelos vistos estava preso a algo pesado, mas as cordas desprenderam-se e veio à superfície. Como são nossos amigos chamaram-me antes de contactarem a polícia. Era o corpo de uma mulher branca. Tinha sido morta com um tiro junto ao coração. Os olhos de Jin brilharam: – Sabes quem era? – Penso não me ter enganado. Mas acho que era o corpo da senhora Amélia, com quem o senhor Prazeres da Costa fugira, segundo me tinham contado. Cândido sabia que fora Jin que informara Potapoff. Mas este acontecimento contradizia Nomura. Ou Prazeres da Costa fugira e matara, por uma razão desconhecida, Amélia. Ou ambos tinham sido mortos pelos japoneses. E só faltava encontrar o corpo do português. Olhou para Jin e, depois, para Marina. Ambos estavam a pensar o mesmo. Jin disse então: – Agora sim, os dados estão lançados. Não há mais tempo para jogos nas sombras. Virou-se para Potapoff e acrescentou: – Vai informar quem deve saber de tudo isto. Depois, quando regressares, falaremos. Potapoff fez uma ligeira vénia e saiu. Jin virou-se para Cândido: – Tens medo, Cândido? – Deixei de saber o que é isso. Marina sentou-se junto a eles, depois de ter ido buscar uma garrafa de vodka. Despejou uma boa porção em três copos e agarrou num deles. Bbbeu o seu conteúdo de um trago. Virou-se para Cândido: – Sabes, um dia conheci um padre jesuíta em Xangai. Definia-se como um marinheiro do Papa. E disse-me que que com eles tinha aprendido lógica, metodologia e sentido de justiça. – É preciso que se faça justiça por Prazeres da Costa. Mesmo apesar dos seus erros. – Sim, o que custa é morrer para nada. Jin disse, numa voz firme: – Neste caso poderemos perecer. Mas será por uma causa. O olhar de Jin faiscava. Cândido nunca vira tanta certeza concentrada nas íris de uma mulher. Horas mais tarde, quando Potapoff se foi embora da casa de Jin, esta veio ter com Cândido. Este estava deitado na cama. Ela voltou a despir-se e colocou-se em cima dele. Nas guerras não há empates. E, nessa noite, Jin derrotou-o. Só parou, quando ele lhe pediu para dormir.
Na rua Direita Valério Romão - 25 Out 201925 Out 2019 [dropcap]E[/dropcap]stive em Óbidos quatro dias, a convite do Fólio. Óbidos é uma vila medieval com óbvio interesse patrimonial e turístico. É também, ao que parece, a capital da ginja em copo de chocolate. E tem livrarias, imensas livrarias. É no entanto uma vila pequena, e percorrer Óbidos de lés a lés a pé não leva mais de dez minutos. O que Óbidos não tem, no entanto, é um minimercado. Ou uma tasca. Não tem nenhuma das coisas que esperamos encontrar numa vila daquela dimensão. A rua principal de Óbidos – a Rua Direita – exibe de um lado e outro uma monocromática série de estabelecimentos onde se vende a inevitável ginja em copo de chocolate, pão com chouriço feito em forno de lenha, bricabraque de vaga inspiração medieval e garrafinhas de água para o turista incapaz de fazer duzentos metros em linha recta sem desidratar. Tudo feito a pensar no turista. O turista, já se sabe, tem horror à diversidade de oferta. Não quer, para além da dificuldade de escolher o sítio onde consumir aquilo que esperam que consuma, ter ainda de escolher o que consumir. Sítio que se quer turístico tem que reduzir a oferta a um cabaz de, no máximo, seis produtos, e concentrar esforços em encaminhar a horda de consumidores aos sítios onde os produtos escolhidos podem ser adquiridos sem demoras. É assim que funcionam, por exemplo e há largos anos, os pastéis de belém (tirando obviamente a parte da demora). Óbidos tem também meia dúzia de restaurantes, mais ou menos disseminados pelas ruas paralelas à rua Direita, destinados ao turista que se esqueceu de trazer o tupperware para a excursão. Embora não sejam de facto o core business da vila, constituem um não despiciendo apoio logístico. Óbidos tem também hosteis, gesthouses de múltiplas cilindradas e hotéis que vão do clássico ao conceptual. Ao longo do ano recebe e promove imensos festivais. Desde o Fólio, de literatura, ao festival Internacional do Chocolate ou ao festival Medieval. E tem turistas, milhares de turistas falando dezenas de línguas diferentes. Chineses, russos, franceses, alemães, uzbeques, you name it. É uma babel de línguas numa rua com pouco mais de duzentos metros. O que Óbidos não tem, e parece não querer de todo ter, é habitantes. Haverá um ou outro resistente, não duvido, pessoas que dada a idade ou condição socioeconómica não conseguiram sair dali. Pessoas, no fundo, condenadas a viver num parque de diversões aberto todos os dias. Essas pessoas quando querem beber um café ou comprar um maço de cigarros deslocam-se até à bomba de gasolina, que fica a uns meros 550 metros da porta da vila. Se quiserem ir ao supermercado, têm apenas de percorrer cerca de um quilómetro. Na vila muralhada propriamente dita, não há quase nada de extra-turístico. A eficiência do modelo de core business é absolutamente notável. Dado que uma elevadíssima percentagem do turismo de Óbidos é de curta duração (excursões de autocarros que despejam centenas de turistas de manhã para os recolherem à tarde), o atendimento não é propriamente excepcional. Não precisa de o ser: o bicho turista entra e sai dos sítios simplesmente porque os sítios estão ali. Não havendo qualquer diversidade de oferta e muito pouca variação de preços, o critério acaba por ser o acaso. Pelo que as pessoas atrás do balcão não estão de todo preocupadas com a fidelização dos clientes que passam pela porta. A simpatia no atendimento pode corresponder, no máximo e marginalmente, a uma ou outra gorjeta. O turismo, quando levado ao expoente da caricatura, não produz qualquer tipo de experiência duradoura. É uma máquina de vaivém na qual o objectivo é tirar peso dos bolsos transferindo-o para às mãos. Óbidos é apenas um exemplo do estado terminal a que se pode chegar. O Chiado e a baixa de Lisboa, embora até podendo levar muito mais tempo a descaracterizar desta forma tão grotesca, estão no bom caminho.
A cultura da suspeita José Navarro de Andrade - 25 Out 2019 [dropcap]N[/dropcap]o outro dia demorei a explicar a um cismático que da criação ao abate a carne de consumo alimentar – por exemplo a bovina – é regulamentada, identificada, monitorizada, inspeccionada, analisada segundo as rígidas normas e directivas que regem a produção no Mercado Único Europeu, sem dúvida as mais apertadas, eficientes e fiáveis do planeta. Ao bezerro acabado de nascer é atribuído um número de identidade específico em todo o gado existente da ponta de Sagres a Utsjoki no extremo Norte finlandês. Na couvette que de maneira cândida e maquinal se retira da prateleira do supermercado consta um código de barras e uma numeração de matrícula que rastreiam a origem e percurso da peça desde a sua saída do matadouro até à região e propriedade em que se desenvolveu. Todas as fases da produção à distribuição estão cobertas de regulamentação e procedimentos definidos e não faltam intervenientes a queixarem-se desta malha como de um garrote. Um trejeito de descrença descrédito nunca se dissipou do rosto do meu interlocutor. Aquele semblante do escrupuloso devoto que escuta louvores a um Deus que ele tem como indubitavelmente falso. E lá vieram as objecções genéricas, vagamente axiológicas, inconsistente e apócrifas: “A carne está cheia de esteróides…” A carne é analisada várias vezes antes de chegar ao teu prato e os esteróides são proibidos… “Ah, mas está nas rações…” como qualquer outro produto alimentar a composição das rações vem impressa nas embalagens e só é posta à venda depois de analisada… “…Ainda no outro dia a ASAE apreendeu…” Exacto! Por essa Europa fora as “ASAEs” são bastante pró-activas e detectam infracções e fraudes – todas? Claro que não… Mas muitas… “…Uma foto obscena de animais horrivelmente maltratados no transporte…” Onde foi tirada essa foto, na Europa? Muito provavelmente não. Como é evidente, ao meu interlocutor apenas entupi não o convenci. Os seus juízos sendo decorrentes de um pano de fundo moral pré-estabelecido e arreigado eram da ordem da fé, das convicções e não da razão. Nesta modalidade de discurso todas as alegações têm ligação próxima e directa com os princípios que as fundamentam. Tudo é essencial à coerência moral, nada é susceptível à dúvida ética, sob pena de um só micróbio contaminar de impureza letal todo o organismo – basta um pecado para corromper a alma inteira, diriam os piedosos. Porque se tomam como evidentes, quase axiomáticos, não há problema que os argumentos sejam débeis; eles valem por si e quem não os compreende nem aceita é infame. Esta malformação intelectual nada deve a um saudável e fulcral cepticismo que questiona as conclusões indagando a prova, a verificação e a consistência dos processos mentais. Ela é um avatar do sentencioso “espírito crítico” mal instruído e mal leccionado, que de tão vulgarizado adstringiu na sua fórmula mais simples: uma coisa esconde sempre outra coisa por detrás e o que “eles” dizem é o que “eles” querem que acreditemos não o que “eles” querem dizer. Vai portanto prevalecendo uma cultura da suspeita, que se manifesta de maneira automática, impermeável e tenaz, que em vez de acender a luz imagina demónios em todas as sombras. Este território nublado e difuso da desconfiança é sumamente propício a teorias da conspiração. Quanto menos plausíveis e mais rebuscadas mais inteligentes parecem, dado que nessas torções proporciona o conforto de uma explicação redonda e acessível. De caminho assiste-se ao abastardamento da noção de resistência, que sem substância se deturpa como adjectiva, porque indeterminada e sem objecto. E o mais curioso é que ninguém se reverá nesta descrição – l’enfer c’est les autres.
Centenas concentrados em Hong Kong em solidariedade com catalães Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]C[/dropcap]entenas de pessoas concentraram-se ontem em Hong Kong para manifestar solidariedade e apoio, segundo destacaram os próprios manifestantes, à “luta” dos “semelhantes catalães” pela “liberdade”. A concentração, intitulada “Solidariedade entre Hong Kong e Catalunha”, começou com um minuto de silêncio dedicado “às pessoas que sacrificaram as respectivas vidas a lutar contra as ditaduras em todo o mundo”. Após este momento, uma tela de grandes dimensões colocada no local da concentração mostrou imagens da polícia espanhola a investir contra os manifestantes na Catalunha, comunidade autónoma espanhola que testemunhou na semana passada violentos distúrbios e grandes manifestações independentistas. Algumas pessoas agitavam bandeiras catalãs e entoavam frases de ordem como “Apoiar Hong Kong, Apoiar Catalunha”. Os recentes protestos na Catalunha também tiveram eco em Hong Kong e chamaram a atenção de muitas pessoas naquela região administrativa da China, que nos últimos quatro meses também tem sido palco de grandes manifestações e de confrontos entre manifestantes e as forças policiais. No entanto, e segundo relatam as agências internacionais, este gesto de solidariedade para com a Catalunha provocou nos últimos dias um intenso debate dentro do movimento pró-democracia de Hong Kong. Enquanto algumas vozes defenderam o gesto de solidariedade para com os protestos e os manifestantes catalães, outras recearam que tal associação poderia diminuir o apoio internacional aos protestos realizados em Hong Kong. O organizador da concentração, Ernesto Chow, disse, em declarações à agência espanhola EFE, que o objectivo da iniciativa era “condenar a brutalidade policial contra os manifestantes na Catalunha, especialmente contra quem protestou de forma pacífica”. Sobre o debate que suscitou a convocatória desta marcha em Hong Kong, Ernesto Chow assegurou que o objectivo da acção “não tem nada a ver” com um eventual apoio à independência da Catalunha. Entre os participantes na concentração também estavam catalães que actualmente trabalham em Hong Kong. Uma dessas pessoas, identificada pela EFE como Marina, afirmou estar “impressionada” pelo facto de os manifestantes de Hong Kong terem decidido “ampliar os horizontes” e prestar este gesto aos “semelhantes” catalães. Penas pesadas O Supremo Tribunal espanhol condenou, a 14 de Outubro, os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão. A sentença motivou protestos independentistas, que começaram no próprio dia do anúncio do Supremo e se repetiram ao longo de vários dias em Barcelona e em outras cidades da região autónoma. A par de várias manifestações pacíficas, a vaga de contestação ficaria igualmente marcada por distúrbios e violentos confrontos entre manifestantes mais radicais e as forças de segurança. Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997. Nos últimos quatro meses, o território semi-autónomo tem sido palco de manifestações pró-democracia que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e activistas mais radicais.
Prémio Sakharov | Distinção de Ilham Tohti ilustra pressão internacional Hoje Macau - 25 Out 2019 A questão dos abusos sobre a minoria ética uigur, em Xinjiang, volta a estar na ribalta após o professor de economia Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua acusado de separatismo, ter sido distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov [dropcap]I[/dropcap]lham Tohti, que foi ontem distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, denunciou nas últimas décadas os abusos sofridos pela minoria étnica chinesa uigur no extremo noroeste da China. Tohti, que era professor de Economia numa universidade de Pequim, até ter sido condenado à prisão perpétua por separatismo, em 2014, começou a escrever sobre as tensões e os abusos na região de Xinjiang nos anos 1990. Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal e situada na fronteira com o Paquistão, Afeganistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, Xinjiang é uma região rica em petróleo e gás natural, mas com reduzida densidade populacional. Os uigures constituem mais de um terço dos seus 21 milhões de habitantes. “Em textos e palestras, Ilham destacava as políticas do Governo que limitam o uso da língua uigur, restringem a capacidade dos uigures de praticar a sua própria religião, bloqueiam as suas possibilidades de conseguir um emprego e encorajam a migração dos Han para a região”, descreveu a Amnistia Internacional. A República Popular da China – o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes – define-se como “uma nação multiétnica”, formada por 56 etnias. Como os Han constituem cerca de 92% do conjunto, as outras são minorias étnicas. Impedido pela censura chinesa de difundir o seu trabalho, o escritor criou o portal em chinês uighurbiz.net, que denunciava abusos dos direitos humanos sofridos pelos uigures. O portal foi bloqueado pelas autoridades chinesas por várias vezes: primeiro antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e depois entre Março e Abril do ano seguinte. Depois de, em 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, ter sido o palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e os han, predominantes em cargos de poder político e empresarial regional, Tohti denunciou casos de uigures que foram presos, mortos ou desapareceram. Na sequência daquele caso, o intelectual chinês ficou detido por várias semanas. “O principal conflito em Xinjiang não se deve ao terrorismo ou ao contraterrorismo, mas antes à desigualdade e abuso de poder”, acusou Tohti, na altura. “Trata-se antes de como poderosos interesses instalados monopolizam os recursos do desenvolvimento”, descreveu. Prisão perpétua Em 15 de Janeiro de 2014, Ilham Tohti foi levado da sua casa em Pequim pela polícia. Durante cinco meses, permaneceu incontactável e em local incerto, até que, em 23 de Setembro, foi condenado à prisão perpétua por “separatismo”. Acusações de separatismo na China são frequentemente usadas pelas autoridades para suprimir críticas às políticas do Governo. Pequim considera que qualquer crítica às suas políticas étnicas visa promover disfarçadamente ideias separatistas. “Embora Ilham se opusesse abertamente ao separatismo e quisesse apenas mostrar como as políticas de Pequim estavam a alimentar a polarização étnica, o governo concluiu que o seu trabalho estava a lançar muita luz sobre a terrível situação dos uigures”, descreveu a Amnistia Internacional. Campos de reeducação A distinção atribuída pelo Parlamento Europeu ilustra também a crescente pressão diplomática que Pequim enfrenta, devido às acusações de que mantém detidos cerca de um milhão de uigures em centros de doutrinação política em Xinjiang. Antigos detidos revelaram que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), num reminiscente da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong. O Governo chinês, que primeiro negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade. Habitualmente, o presidente de cada governo regional pertence à mais importante minoria étnica da região, mas o líder da organização local do Partido Comunista – a verdadeira sede do poder político – costuma ser de etnia Han. O actual secretário em Xinjiang, Chen Quanguo, é conhecido pelas políticas duras que promulgou anteriormente, enquanto ocupou o mesmo cargo no Tibete, outra região chinesa vulnerável ao separatismo. Desde que, em 2016, foi transferido para o Xinjiang, a região converteu-se num Estado policial, com pontos de controlo policial e câmaras de circuito fechado, equipadas com reconhecimento facial, a tornarem-se omnipresentes.
Prémio Sakharov | Distinção de Ilham Tohti ilustra pressão internacional Hoje Macau - 25 Out 2019 A questão dos abusos sobre a minoria ética uigur, em Xinjiang, volta a estar na ribalta após o professor de economia Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua acusado de separatismo, ter sido distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov [dropcap]I[/dropcap]lham Tohti, que foi ontem distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, denunciou nas últimas décadas os abusos sofridos pela minoria étnica chinesa uigur no extremo noroeste da China. Tohti, que era professor de Economia numa universidade de Pequim, até ter sido condenado à prisão perpétua por separatismo, em 2014, começou a escrever sobre as tensões e os abusos na região de Xinjiang nos anos 1990. Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal e situada na fronteira com o Paquistão, Afeganistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, Xinjiang é uma região rica em petróleo e gás natural, mas com reduzida densidade populacional. Os uigures constituem mais de um terço dos seus 21 milhões de habitantes. “Em textos e palestras, Ilham destacava as políticas do Governo que limitam o uso da língua uigur, restringem a capacidade dos uigures de praticar a sua própria religião, bloqueiam as suas possibilidades de conseguir um emprego e encorajam a migração dos Han para a região”, descreveu a Amnistia Internacional. A República Popular da China – o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes – define-se como “uma nação multiétnica”, formada por 56 etnias. Como os Han constituem cerca de 92% do conjunto, as outras são minorias étnicas. Impedido pela censura chinesa de difundir o seu trabalho, o escritor criou o portal em chinês uighurbiz.net, que denunciava abusos dos direitos humanos sofridos pelos uigures. O portal foi bloqueado pelas autoridades chinesas por várias vezes: primeiro antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e depois entre Março e Abril do ano seguinte. Depois de, em 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, ter sido o palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e os han, predominantes em cargos de poder político e empresarial regional, Tohti denunciou casos de uigures que foram presos, mortos ou desapareceram. Na sequência daquele caso, o intelectual chinês ficou detido por várias semanas. “O principal conflito em Xinjiang não se deve ao terrorismo ou ao contraterrorismo, mas antes à desigualdade e abuso de poder”, acusou Tohti, na altura. “Trata-se antes de como poderosos interesses instalados monopolizam os recursos do desenvolvimento”, descreveu. Prisão perpétua Em 15 de Janeiro de 2014, Ilham Tohti foi levado da sua casa em Pequim pela polícia. Durante cinco meses, permaneceu incontactável e em local incerto, até que, em 23 de Setembro, foi condenado à prisão perpétua por “separatismo”. Acusações de separatismo na China são frequentemente usadas pelas autoridades para suprimir críticas às políticas do Governo. Pequim considera que qualquer crítica às suas políticas étnicas visa promover disfarçadamente ideias separatistas. “Embora Ilham se opusesse abertamente ao separatismo e quisesse apenas mostrar como as políticas de Pequim estavam a alimentar a polarização étnica, o governo concluiu que o seu trabalho estava a lançar muita luz sobre a terrível situação dos uigures”, descreveu a Amnistia Internacional. Campos de reeducação A distinção atribuída pelo Parlamento Europeu ilustra também a crescente pressão diplomática que Pequim enfrenta, devido às acusações de que mantém detidos cerca de um milhão de uigures em centros de doutrinação política em Xinjiang. Antigos detidos revelaram que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), num reminiscente da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong. O Governo chinês, que primeiro negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade. Habitualmente, o presidente de cada governo regional pertence à mais importante minoria étnica da região, mas o líder da organização local do Partido Comunista – a verdadeira sede do poder político – costuma ser de etnia Han. O actual secretário em Xinjiang, Chen Quanguo, é conhecido pelas políticas duras que promulgou anteriormente, enquanto ocupou o mesmo cargo no Tibete, outra região chinesa vulnerável ao separatismo. Desde que, em 2016, foi transferido para o Xinjiang, a região converteu-se num Estado policial, com pontos de controlo policial e câmaras de circuito fechado, equipadas com reconhecimento facial, a tornarem-se omnipresentes.
Música e poesia fundem-se em espectáculo do escritor angolano Ondjaki Hoje Macau - 25 Out 2019 [dropcap]O[/dropcap] escritor angolano Ondjaki vai apresentar, em Novembro, em Macau, um “encontro surpresa” entre “a leitura de poemas e a música”, disse ontem à Lusa a delegada da Fundação Oriente no território, Ana Paula Cleto. O espectáculo do poeta e da violoncelista brasileira Maria Clara Vale “Chão de Novo” vai marcar, em 2 de Novembro, o arranque do “Salão de Outono”, que comemora este ano o 10.º aniversário. É “uma oportunidade fantástica” trazer Ondjaki a Macau para assinalar a data do certame, que tem funcionado como uma plataforma de visibilidade para artistas locais e este ano propõe quase 80 obras de meia centena de autores, acrescentou Ana Paula Cleto. “Já tinha conhecimento de que ele [Ondjaki] fazia espectáculos de ‘spoken word’ e, em parceria com o Arte Institute (…) surgiu a ideia de trazer” ao território um dos escritores angolanos mais conhecidos em Portugal, indicou a responsável. No mesmo dia, será atribuído na Casa Garden o prémio da Fundação Oriente para as Artes Plásticas, cujo vencedor será, à semelhança de anos anteriores, convidado a visitar Portugal para uma residência artística de um mês. “Fazemos um programa para estes jovens artistas que inclui visitas a ateliês de artistas portugueses e visitas a alguns museus e galerias mais importantes”, explicou Ana Paulo Cleto, acrescentando que o ‘feedback’ dos últimos anos “tem sido excelente”. No âmbito desta residência artística, a Fundação Oriente tem uma parceria com a galeria Arte Periférica, no Centro Cultural de Belém (CCB), onde os jovens têm espaço para trabalhar e na qual realizam uma exposição individual. Encontro de artes O certame anual possibilita aos “artistas mais jovens de Macau mostrarem aquilo que fazem”, já que nem todos teriam facilmente a possibilidade de fazer exposições no território, disse. Entre as quase 80 obras expostas ao público até 30 de Novembro, encontram-se pinturas a óleo e acrílico, aguarela, desenho, escultura, fotografia e instalação. Todos os artistas seleccionados, embora de diferentes origens, trabalham e vivem em Macau, segundo a Fundação Oriente.
Literatura | HM lança segundo suplemento especial em parceria com editora Abysmo Andreia Sofia Silva - 25 Out 2019 Lançado na última edição do Festival Literário de Óbidos, em Portugal, o suplemento “O Medo”, hoje publicado com o HM, é a segunda parceria do género entre o jornal e a editora portuguesa Abysmo, dirigida por João Paulo Cotrim, depois do lançamento do suplemento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa [dropcap]O[/dropcap] HM voltou a juntar-se à editora portuguesa Abysmo, fundada pelo editor João Paulo Cotrim, para lançar um novo suplemento especial que olha de forma aprofundada para a temática do Medo. Além dos colaboradores habituais do suplemento H, que diariamente são publicados nas páginas do HM, o suplemento conta com novos autores, como é o caso de Gonçalo M. Tavares, de David Soares, autor de romances ligados ao universo do terror e do fantástico, do poeta José Anjos, do escritor Gonçalo M. Tavares ou das psicoterapeutas Ana Sanganha e Patrícia Câmara, que tentam desmistificar, pela via da psicologia, o sentimento do medo na vida humana. O suplemento “O Medo” foi lançado na última edição do Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO), que decorreu entre os dias 10 e 20 de Outubro na histórica cidade portuguesa. Ao HM, João Paulo Cotrim conta que o suplemento foi muito bem recebido, sobretudo depois do lançamento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa, fruto da mesma parceria. Além disso, “tendo em conta o tema da edição deste ano do FOLIO, que tinha a ver com o Medo, um tema que é caro ao Carlos Morais José, achámos graça prolongar e repetir o suplemento com o mesmo tema. É uma forma de intervenção num festival literário de algum modo original e por outra muito interessante, porque prolonga a vida daquilo que é a mesa de debate”. O lançamento do suplemento contou também com a colaboração da livraria portuguesa Ler Devagar, uma das organizadoras do FOLIO. “Não há como escapar ao medo, é algo que nos acompanha ao longo da vida. Quando fizemos a apresentação o suplemento foi distribuído gratuitamente ao longo do festival e foi muito bem acolhido. A mesa de debate no festival também acabou por ser muito interessante do ponto de vista do conteúdo e muito participada, estavam umas 70 pessoas na sala.” João Paulo Cotrim assegura que este suplemento “é uma perspectiva jornalística de perceber este fenómeno, o que significa o medo, a importância que ele tem nas nossas vidas e no modo como nos relacionamos com o mundo. Fomos à procura das várias perspectivas. Há um eixo grande à volta do tempo, o medo do passado, presente e futuro, com textos de cariz filosófico como é o caso do texto do António de Castro Caeiro, ou ensaístico, como é o caso do David Soares e do António Eloy. Estes autores têm um eixo principal que analisa o fenómeno do medo. E depois há uma análise, de uma perspectiva mais intimista, do que é o medo. Há uma interpretação do fenómeno.” Um novo caminho João Paulo Cotrim não tem dúvidas de que a publicação de crónicas no suplemento H dá ao HM “um lugar único na imprensa de expressão lusófona pela quantidade de cronistas, os estilos e os temas que são tratados”. Para o editor da Abysmo, o jornal “tem criado um espaço que é muito interessante e original. De algum modo o suplemento também é uma ampliação dessa dinâmica que acontece diariamente e que tem sido fulcral”. “Parece-me interessante e importante este percurso do HM nestas páginas de cultura, pois tem feito um caminho que acaba por ser muito influente no panorama literário português e estes suplementos são sinal disso mesmo, o prolongar além do quotidiano essas reflexões”, acrescentou João Paulo Cotrim. Apresentando ligeiras diferenças face ao que foi lançado em Óbidos, o suplemento hoje publicado “tem um outro tempo e respiração, mas é interessante ver como estes objectos ganham vidas diferentes”. É como se “o medo também ganhasse rostos diferentes”, assegura João Paulo Cotrim, que adianta que poderão ser lançados novos suplementos no futuro. “Creio que pelo modo como foram acolhidos estes dois é bastante provável que num próximo festival ou numa outra circunstância qualquer avancemos com uma coisa semelhante.”
Literatura | HM lança segundo suplemento especial em parceria com editora Abysmo Andreia Sofia Silva - 25 Out 2019 Lançado na última edição do Festival Literário de Óbidos, em Portugal, o suplemento “O Medo”, hoje publicado com o HM, é a segunda parceria do género entre o jornal e a editora portuguesa Abysmo, dirigida por João Paulo Cotrim, depois do lançamento do suplemento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa [dropcap]O[/dropcap] HM voltou a juntar-se à editora portuguesa Abysmo, fundada pelo editor João Paulo Cotrim, para lançar um novo suplemento especial que olha de forma aprofundada para a temática do Medo. Além dos colaboradores habituais do suplemento H, que diariamente são publicados nas páginas do HM, o suplemento conta com novos autores, como é o caso de Gonçalo M. Tavares, de David Soares, autor de romances ligados ao universo do terror e do fantástico, do poeta José Anjos, do escritor Gonçalo M. Tavares ou das psicoterapeutas Ana Sanganha e Patrícia Câmara, que tentam desmistificar, pela via da psicologia, o sentimento do medo na vida humana. O suplemento “O Medo” foi lançado na última edição do Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO), que decorreu entre os dias 10 e 20 de Outubro na histórica cidade portuguesa. Ao HM, João Paulo Cotrim conta que o suplemento foi muito bem recebido, sobretudo depois do lançamento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa, fruto da mesma parceria. Além disso, “tendo em conta o tema da edição deste ano do FOLIO, que tinha a ver com o Medo, um tema que é caro ao Carlos Morais José, achámos graça prolongar e repetir o suplemento com o mesmo tema. É uma forma de intervenção num festival literário de algum modo original e por outra muito interessante, porque prolonga a vida daquilo que é a mesa de debate”. O lançamento do suplemento contou também com a colaboração da livraria portuguesa Ler Devagar, uma das organizadoras do FOLIO. “Não há como escapar ao medo, é algo que nos acompanha ao longo da vida. Quando fizemos a apresentação o suplemento foi distribuído gratuitamente ao longo do festival e foi muito bem acolhido. A mesa de debate no festival também acabou por ser muito interessante do ponto de vista do conteúdo e muito participada, estavam umas 70 pessoas na sala.” João Paulo Cotrim assegura que este suplemento “é uma perspectiva jornalística de perceber este fenómeno, o que significa o medo, a importância que ele tem nas nossas vidas e no modo como nos relacionamos com o mundo. Fomos à procura das várias perspectivas. Há um eixo grande à volta do tempo, o medo do passado, presente e futuro, com textos de cariz filosófico como é o caso do texto do António de Castro Caeiro, ou ensaístico, como é o caso do David Soares e do António Eloy. Estes autores têm um eixo principal que analisa o fenómeno do medo. E depois há uma análise, de uma perspectiva mais intimista, do que é o medo. Há uma interpretação do fenómeno.” Um novo caminho João Paulo Cotrim não tem dúvidas de que a publicação de crónicas no suplemento H dá ao HM “um lugar único na imprensa de expressão lusófona pela quantidade de cronistas, os estilos e os temas que são tratados”. Para o editor da Abysmo, o jornal “tem criado um espaço que é muito interessante e original. De algum modo o suplemento também é uma ampliação dessa dinâmica que acontece diariamente e que tem sido fulcral”. “Parece-me interessante e importante este percurso do HM nestas páginas de cultura, pois tem feito um caminho que acaba por ser muito influente no panorama literário português e estes suplementos são sinal disso mesmo, o prolongar além do quotidiano essas reflexões”, acrescentou João Paulo Cotrim. Apresentando ligeiras diferenças face ao que foi lançado em Óbidos, o suplemento hoje publicado “tem um outro tempo e respiração, mas é interessante ver como estes objectos ganham vidas diferentes”. É como se “o medo também ganhasse rostos diferentes”, assegura João Paulo Cotrim, que adianta que poderão ser lançados novos suplementos no futuro. “Creio que pelo modo como foram acolhidos estes dois é bastante provável que num próximo festival ou numa outra circunstância qualquer avancemos com uma coisa semelhante.”
Túnel Subaquático | Presidente do LECM afasta método que pode impactar ponte Juana Ng Cen - 25 Out 2019 Durante a consulta pública, foi sugerido o método de escavação a céu aberto do túnel subaquático que vai ligar a península de Macau à Taipa. O presidente do Laboratório de Engenharia Civil de Macau, Ao Peng Kong, afasta essa possibilidade por entender que pode afectar a Ponte Governador Nobre de Carvalho [dropcap]E[/dropcap]nquanto termina a segunda fase da consulta pública (5 de Novembro) da construção do túnel subaquático que vai ligar a península de Macau à Taipa, e ainda se discutem métodos de proceder à obra, Ao Peng Kong, presidente do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), deixou a sua experiência falar mais alto para alertar para um método de construção sugerido durante a consulta. Ao Peng Kong, em declarações à Ou Mun Tin Toi, alertou para o impacto que a obra pode ter para a integridade da Ponte Governador Nobre de Carvalho se for usado o método de escavação a céu aberto. Este método de construção, que implica drenagens de segmentos de rio, terá sido sugerido durante a primeira fase da consulta pública. No entanto, o responsável adiantou que, de acordo com sua experiência, a intensidade dos lodos sedimentados entre Macau-Taipa é muito fraca, e que por isso este método pode causar alguns impactos aos edifícios na zona ribeirinha, assim como à Ponte Governador Nobre de Carvalho. Conservação necessária Já o engenheiro civil Chan Mun Fong, que também pertence à Associação de Empresas de Consultores de Engenharia de Macau, considera que o prazo das obras de construção do túnel subaquático é mais em comparação com outras pontes, e que será mais dispendioso. Chan concorda com o método de escavação adoptado, mas ressalva que se devem proceder a trabalhos de conservação da Ponte Governador Nobre de Carvalho. O engenheiro referiu na Ou Mun Tin Toi que será necessário ajustar os canais marítimos de forma a resolver o problema de transportações dos componentes originado pelo raso relevo oceânico da área. Segundo as autoridades, o projecto terá um comprimento de aproximadamente 2.400 metros, seis faixas de rodagem de duplo sentido, e velocidade máxima permitida de 60 quilómetros horários. O túnel vai ligar as zonas B e D dos Novos Aterros Urbanos de Macau, terá início na intersecção entre a Avenida Dr. Sun Yat-Sen e a Avenida 24 de Junho da Zona B, e terminará numa nova via situada na Zona D, no sentido Leste-Oeste.
Túnel Subaquático | Presidente do LECM afasta método que pode impactar ponte Juana Ng Cen - 25 Out 2019 Durante a consulta pública, foi sugerido o método de escavação a céu aberto do túnel subaquático que vai ligar a península de Macau à Taipa. O presidente do Laboratório de Engenharia Civil de Macau, Ao Peng Kong, afasta essa possibilidade por entender que pode afectar a Ponte Governador Nobre de Carvalho [dropcap]E[/dropcap]nquanto termina a segunda fase da consulta pública (5 de Novembro) da construção do túnel subaquático que vai ligar a península de Macau à Taipa, e ainda se discutem métodos de proceder à obra, Ao Peng Kong, presidente do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), deixou a sua experiência falar mais alto para alertar para um método de construção sugerido durante a consulta. Ao Peng Kong, em declarações à Ou Mun Tin Toi, alertou para o impacto que a obra pode ter para a integridade da Ponte Governador Nobre de Carvalho se for usado o método de escavação a céu aberto. Este método de construção, que implica drenagens de segmentos de rio, terá sido sugerido durante a primeira fase da consulta pública. No entanto, o responsável adiantou que, de acordo com sua experiência, a intensidade dos lodos sedimentados entre Macau-Taipa é muito fraca, e que por isso este método pode causar alguns impactos aos edifícios na zona ribeirinha, assim como à Ponte Governador Nobre de Carvalho. Conservação necessária Já o engenheiro civil Chan Mun Fong, que também pertence à Associação de Empresas de Consultores de Engenharia de Macau, considera que o prazo das obras de construção do túnel subaquático é mais em comparação com outras pontes, e que será mais dispendioso. Chan concorda com o método de escavação adoptado, mas ressalva que se devem proceder a trabalhos de conservação da Ponte Governador Nobre de Carvalho. O engenheiro referiu na Ou Mun Tin Toi que será necessário ajustar os canais marítimos de forma a resolver o problema de transportações dos componentes originado pelo raso relevo oceânico da área. Segundo as autoridades, o projecto terá um comprimento de aproximadamente 2.400 metros, seis faixas de rodagem de duplo sentido, e velocidade máxima permitida de 60 quilómetros horários. O túnel vai ligar as zonas B e D dos Novos Aterros Urbanos de Macau, terá início na intersecção entre a Avenida Dr. Sun Yat-Sen e a Avenida 24 de Junho da Zona B, e terminará numa nova via situada na Zona D, no sentido Leste-Oeste.