Concurso | Dois jovens músicos ganham prémio do IC

Na 42.ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau, promovido pelo Instituto Cultural, dois residentes sagraram-se vencedores: Lam Cheok Seng e Wang Iat Ham. Os prémios foram entregues no passado dia 15 e foi premiada a música chinesa e ocidental

 

Chegou ao fim a 42.ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC), tendo sido premiados dois jovens: Lam Cheok Seng e Wang Iat Ham. Os prémios foram entregues no passado dia 15 na Escola Oficial de Seac Pai Van.

Lam Cheok Seng, de 20 anos de idade, venceu o “Prémio Instituto Cultural (Solo Instrumental Chinês)”, nomeadamente o título de “Grande Campeão no Nível Avançado da categoria de Solo Instrumental Chinês”.

O jovem começou a aprender percussão chinesa aos oito anos de idade, sob a tutela de Li Chang, no Conservatório de Macau, tendo também recebido orientação de Wang Jianhua, “conceituado instrutor de percussão chinês”, e Chen Zuohui, “intérprete de primeira classe a nível nacional”, descreve o IC, numa nota.

Lam Cheok Seng é, assim, instruendo da percussão chinesa há mais de 12 anos, tendo já participado em diversos concertos e concursos. Actualmente é membro da Associação Chinesa de Percussão de Macau.

No caso de Wang Iat Ham, com 12 anos, sagrou-se vencedora do “Prémio Instituto Cultural (Solo Instrumental/Vocal Ocidental)”, obtendo o título de “Grande Campeão no Nível Avançado da categoria de Solo Instrumental/Vocal Ocidental”.

Nascida no seio de uma família musical, Wang estudou violino com Wang Hao, violista da Orquestra de Macau, e Ivan Chan, professor associado de Música de Câmara de Cordas na Academia de Artes Performativas de Hong Kong. Começou a aprender violino aos quatro anos de idade, tendo revelado o seu talento musical desde muito jovem: venceu o título de Grande Campeão no Concurso de Prémios Especiais (Nível Elementar) no 36.º Concurso para Jovens Músicos de Macau aos cinco anos de idade e obteve um Certificado ABRSM de Grau 8 com Distinção aos oito anos de idade. Além destes dois nomes, o IC entregou ainda 20 prémios especiais nas categorias de música chinês e música ocidental.

Grande participação

A 42ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau contou com a participação de mais de 900 concorrentes, tendo decorrido de 24 de Julho a 11 de Agosto, com um total de 74 sessões de provas em 67 categorias musicais.

Os vencedores do primeiro prémio de cada categoria e os concorrentes ou agrupamentos recomendados pelo júri deste ano puderam competir nas categorias de solo de nível elementar, intermédio e avançado, e agrupamento do Concurso de Prémios Especiais.

Relativamente a estes prémios, o músico Chu Hok In foi o “Grande Campeão” na categoria de Solo Instrumental Chinês, seguindo-se o “Vice-Campeão” Lei U Kio e Ho Cheok Hei como o “Segundo Vice-Campeão no Nível Elementar”.

No caso do “Prémio de Melhor Actuação” na categoria de Agrupamento Instrumental Chinês foi atribuído a Li Cheng In, Suen Chi Kei e Wu Ka Yu. Já na categoria de Solo Instrumental/Vocal Ocidental o “Grande Campeão” foi Au Chon Kin. O “Prémio de Melhor Actuação” na categoria de Agrupamento Instrumental/Vocal Ocidental foi atribuído a Ho Nok Hin e Wang Iat Ham.

26 Ago 2024

Creative Macau | Nova exposição colectiva inaugurada amanhã

Vários modos de expressão artística estarão patentes, a partir de amanhã, na galeria da Creative Macau. Na exposição “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21.º Aniversário” cabem 29 participantes, onde se inclui o fotógrafo e arquitecto Francisco Ricarte, o cartunista Rodrigo de Matos ou o designer João Jorge Magalhães

 

Chama-se “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21º Aniversário” e é a nova exposição apresentada amanhã na Creative Macau. O público terá a oportunidade de conhecer as obras de 29 artistas locais nas mais diversas modalidades artísticas, incluindo a fotografia de Francisco Ricarte, os cartoons de Rodrigo de Matos, que habitualmente desenha para os jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal; e ainda o design do macaense João Jorge Magalhães.

Podem também ser vistas obras do pintor Denis Murrell, radicado em Macau há muitos anos, ou de Elisa Vilaça, especialista no trabalho com marionetas e ligada à Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau.

Segundo uma nota da Creative Macau, a ideia aqui é revelar vários tipos de estilos artísticos. “Ao longo dos últimos séculos, a arte tem sido classificada em diferentes períodos, estilos e doutrinas, como o Renascimento, o estilo Barroco, a Pop Art, a Arte Contemporânea, entre outros. Estes movimentos artísticos distintos surgiram em resposta aos fenómenos sociais das suas respectivas épocas.”

A Creative Macau recorda que “as origens da arte remontam à Idade Paleolítica”, sendo que ao longo dos séculos têm sido vários os movimentos, expressões e meios para desenvolver essa mesma arte. Uma delas foi a era digital e da Internet, influenciando “significativamente a produção criativa dos artistas” e permitindo “que os artistas se ligassem e comunicassem uns com os outros, integrassem diferentes culturas na sua arte e chegassem a um público global”.

Arte em rede

Com o tema “Rede Criativa no Século XXI”, a exposição da Creative Macau é um reflexo de como “a Internet tem desempenhado um papel vital na indústria cultural enquanto meio de ligação entre as pessoas”. No caso da Creative Macau – Centro das Indústrias Criativas, em particular, em 21 anos de existência “tem estado na vanguarda desta tendência [da ligação em rede da arte], reunindo artistas de várias áreas para partilharem as suas criações com o público e comunicarem entre si”.

Uma vez que os 21 anos da entidade se celebram este ano, pretende-se, com esta mostra, “proporcionar uma plataforma para os seus membros partilharem livremente a sua criatividade com o público, através de exposições e outras actividades que organiza todos os anos como um meio de mostrar obras de arte”.

Outros artistas que colaboram com esta exposição, e que já expuseram os seus trabalhos na Creative Macau, em mostras individuais ou colectivas, são Ada Mok, Alan Chang, Alice Costa, Angel Chan, Carmen Lei, Christopher Lei, Coco Cheong e David Chio.

Destaque também para o nome de Maria João Das, designer de moda que tem vários anos de experiência na área da indústria têxtil e do designer, tendo sido docente nos cursos de moda da Universidade de São José.

26 Ago 2024

MoMA, em Nova Iorque, exibe cinema português

Um ciclo dedicado ao cinema português que percorre 50 anos de história, do realizador Manoel de Oliveira a Miguel Gomes, vai decorrer entre Outubro e Novembro no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, segundo a programação.

Intitulado “The Ongoing Revolution of Portuguese Cinema” (“A revolução em curso no cinema português”, em tradução livre), o ciclo vai decorrer entre 17 de Outubro e 19 de Novembro, partindo dos 50 anos da Revolução dos Cravos que “pôs fim a quatro décadas de fascismo em Portugal”, recorda um texto sobre o evento divulgado na página do museu na Internet.

A organização do ciclo é da responsabilidade de Francisco Valente, crítico de cinema, realizador e programador, assistente de curadoria do Departamento de Cinema do MoMA, que contou com a colaboração do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e da Cinemateca Portuguesa.

“Sob a influência de Manoel de Oliveira – que questionava continuamente as linhas entre a vida e a sua representação – a geração do ‘Cinema Novo’ expandiu as inovações da ‘nova vaga’ internacional dos anos 60, no meio de um ambiente social sufocante no país e de uma guerra colonial brutal em África”, refere um texto de apresentação do ciclo.

Inspirado na Nova Vaga do cinema francês e no neorrealismo italiano, o Novo Cinema português surgiu na década de 1960, ainda durante o regime do Estado Novo e, com uma linguagem inovadora, rompeu com os cânones do cinema tradicional.

Tradição que se revela

Este ciclo, ainda sem programação concreta divulgada, “traz à luz uma tradição estética em que fazer filmes, sendo que vê-los se torna em um gesto político e existencial, criando um espaço de resistência às forças homogéneas e opressivas que nos constrangem na nossa vida – uma busca, numa palavra, de liberdade”, indica o MoMA.

O mesmo texto contextualiza que, em 1974, “estava também em curso uma outra revolução: uma vaga de filmes que, sob o peso da censura, quebrou as distinções entre realidade e ficção no ecrã”.

“Antes que a noção de ´cinema híbrido´ ganhasse força em todo o mundo, o cinema português utilizava ferramentas do documentário para criar ficção (e vice-versa) e oferecer um novo domínio para os sentidos; tal como um processo revolucionário, estabelecia uma ligação entre a vida quotidiana e as confluências políticas que afetam o seu curso”, acrescenta.

O museu recorda ainda que, após a revolução, o movimento por ela desencadeado “centrou-se nas comunidades operárias com uma dignidade renovada e atraiu cineastas estrangeiros, como Robert Kramer e Thomas Harlan, para captar a atmosfera política febril de Portugal”.

“O espírito independente do cinema português continuaria a desbravar novos caminhos com as obras de João César Monteiro, inspiradas em fábulas, e com os documentários de António Reis e Margarida Cordeiro, Manuela Serra e António Campos, que redefiniram a arte do real e influenciaram cineastas como João Pedro Rodrigues, Pedro Costa e Miguel Gomes”, aponta ainda.

Além da programação de exposições, o MoMA – que possui uma coleção de arte moderna com mais de 150 mil peças e um arquivo sobre cerca de 70 mil artistas – organiza actividades paralelas culturais e educativas.

22 Ago 2024

Turismo | Concurso de fogo-de-artifício de Macau com presença portuguesa

A nova edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau começa já no dia 7 de Setembro e irá contar com a presença de uma equipa portuguesa, como tem sido habitual nos últimos anos. Este evento, anunciado ontem, servirá ainda de celebração ao chamado “duplo aniversário”: os 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China e os 75 anos de implantação da República Popular da China

 

Uma equipa portuguesa vai estar presente no Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, entre 7 de Setembro e 6 de Outubro, disse ontem à Lusa a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Um dos dez espectáculos previstos para a 32.ª edição do concurso será apresentado por uma empresa vinda de Portugal, disse um porta-voz da DST, acrescentando que mais detalhes só serão revelados na próxima semana.
Na edição do ano passado, a primeira após uma pausa de três anos devido à pandemia de covid-19, a Macedos Pirotecnia apresentou o espectáculo “Supernova”, em 1 de Outubro, Dia Nacional da China. A Macedos Pirotecnia, com sede no concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, participou pela quinta vez no concurso, tendo vencido em 2000, a 12.ª edição, a primeira realizada depois da transição de administração de Macau de Portugal para a China.
Além de Portugal, o concurso de 2023 apresentou espetáculos com uma duração de 18 minutos, a combinar fogo-de-artifício e música, de companhias vindas da Austrália, da Suíça, da Áustria, da Rússia, das Filipinas, do Japão, do Reino Unido, da Alemanha e da China. O Reino Unido foi o vencedor e a China e o Japão ficaram no segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Celebrações mil

A edição deste ano irá decorrer no âmbito das celebrações dos 75 anos da fundação da República Popular da China e dos 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China.
O concurso coincide parcialmente com a chamada “Semana Dourada” do Dia Nacional da China de 1 de Outubro. No ano passado, Macau recebeu mais de 116.500 turistas por dia nesse período, que concentrou vários feriados, entre 29 de Setembro e 6 de Outubro.
Segundo uma nota ontem divulgada pela DST, “companhias de fogo-de-artifício de dez países de várias partes do mundo irão apresentar espectáculos coloridos aos residentes e visitantes, enriquecendo as actividades nocturnas e impulsionando a economia comunitária de Macau”.
As exibições de fogo-de-artifício decorrem nos dias 7, 14, 21 de Setembro e ainda nos dias 1 e 6 de Outubro às 21h00 e 21h40 na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau.
A DST destaca ainda os “cinco melhores pontos de visionamento do fogo-de-artifício”, nomeadamente na Avenida Dr. Sun Yat-Sen, do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam; no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, na Avenida de Sagres, ao lado do Hotel Mandarim Oriental; no espaço Anim’Arte Nam Van, junto aos lagos Nam Van, e na Avenida do Oceano, na Taipa.

22 Ago 2024

FRC | Mostra de pintura Gongbi abre ao público terça-feira

A galeria da Fundação Rui Cunha inaugura na próxima terça-feira ao fim da tarde a exposição colectiva “Essence Unbounded”, que reúne 32 quadros de membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau. A pintura Gongbi é uma forma de expressão artística ancestral marcada pelo realismo e a representação colorida de cenários naturais

 

Na próxima terça-feira, 27 de Agosto, a partir das 18h30, a galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura a Exposição da Associação de Pintura Gongbi de Macau “Essence Unbounded”, uma mostra colectiva dos membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau, que conta com curadoria do Mestre Li Jinxiang, que também dirige a associação.

O conjunto é composto por 32 obras de arte, criadas por 32 membros da associação, onde a tradicional pintura meticulosa chinesa figura em temas diversos, como representações realísticas de peixes, gatos e pássaros. A mostra estará patente até 7 de Setembro.

O Gongbi é uma técnica de grande precisão, realista e cuidadosa, geralmente mais descritiva do que interpretativa, que exige pinceladas de inabalável detalhe e delicadeza. É uma arte de paciência e perseverança, cujo desenho requer linhas finas para representar os objectos com minúcia e semelhança exageradas, a que se acrescentam em seguida camadas de tinta e cor, sobre papel de arroz ou seda, até o artista se aproximar da perfeição e do requinte da arte.

Aprender a arte

Segundo o Mestre Li Jinxiang, responsável pela curadoria da mostra, esta expressão artística remonta aos tempos da Dinastia Han (206 AC – 220 DC). “A ‘essência’ da pintura Gongbi é representada através do detalhe meticuloso que tenta captar com realismo o objecto. Já o aspecto ‘ilimitado’ da pintura Gongbi refere-se à capacidade de os artistas retratarem cada aspecto com infinita e desmedida minúcia, dando vida aos temas e transmitindo um sentido que vai além da chamada replicação fotográfica”, refere o curador da mostra explicando o significado do título da exposição “Essence Unbounded”.

Segundo um comunicado da FRC, Li Jinxiang graduou-se em Caligrafia e Pintura pela Universidade Renmin da China, em Pequim, e é formador profissional de Pintura Gongbi, a que se tem dedicado nas últimas duas décadas. Ocupa actualmente o cargo de presidente da Associação de Pintura Gongbi de Macau, e é membro da Associação Chinesa de Pintura Gongbi e da Sociedade de Artistas de Macau.

O curador da mostra é também director do Centro de Educação de Pintura Moquxuan Gongbi de Macau e um artista regularmente convidado pela Associação de Calígrafos e Pintores Chineses. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, com pinturas seleccionadas para prestigiadas exposições e concursos em Macau, Hong Kong, Taiwan e Interior da China.

Em paralelo com a exposição, Li Jinxiang irá conduzir um Workshop de Pintura Gongbi na FRC, que se realiza no dia 2 de Setembro (segunda-feira), das 16h às 18h, em cantonês e limitado a oito participantes. O artista irá ainda apresentar quatro sessões de demonstração ao vivo na galeria da FRC nos dias 28 e 30 de Agosto, e 4 e 6 de Setembro, sempre entre as 15h e as 17h.

22 Ago 2024

Bienal de Veneza | Académica destaca presença da timorense Maria Madeira

Leonor Veiga, crítica de arte e curadora, acaba de publicar um artigo académico de análise ao trabalho de Maria Madeira, a primeira artista timorense a participar na Bienal de Arte de Veneza, onde aponta que, a partir de agora, as atenções do mundo estarão mais viradas para o panorama artístico do país. “Kiss and Don’t Tell”, o projecto de Maria Madeira, pode ser visto até Novembro na icónica cidade italiana

 

Qual a importância da estreia de uma artista timorense naquela que é a mais antiga bienal de arte do mundo, mas também uma das mais influentes? Pela primeira vez, Timor-Leste faz-se representar na Bienal de Arte de Veneza com a artista Maria Madeira e o projecto “Kiss and Don’t Tell”, patente num pequeno pavilhão.

Leonor Veiga, curadora, crítica de arte e ex-residente de Macau, acaba de publicar na revista académica “Third Text – Critical Perspectives on Contemporary Art and Culture”, um artigo que analisa a importância da presença inaugural de Maria Madeira nesta bienal, não só para ela própria como artista, mas também para o país que representa.

No artigo “‘Don’t Kiss and Tell’: The work of Maria Madeira in the Timor-Leste pavilion at the 2024 Venice Biennale”, Leonor Veiga começa por lembrar que “Timor-Leste é um país novo, onde o ecossistema artístico (educação, espaços, mercado e público) ainda não está totalmente desenvolvido”. A Arte Moris – Escola Livre de Arte, a primeira a ser criada no país, acabou por ser desmantelada em 2022 no contexto da covid-19. Tratou-se de um acontecimento que levou a uma “revolta dos estudantes”, que foi “dramática”.

Porém, a presença da artista timorense na Bienal de Veneza pode agora espoletar novos rumos, “apesar da fragilidade do ecossistema artístico local”. “É de esperar que, após uma primeira interacção bem-sucedida, o regresso de Timor-Leste à Bienal de Veneza demonstre mais arte timorense”, descreveu.

Leonor Veiga destaca que “Timor-Leste tem uma comunidade artística próspera, que inclui várias gerações de artistas”, mas “não tem um museu e uma escola de arte”, pelo que “dar o salto para um local altamente reputado e profissional como a Bienal de Veneza é de celebrar, pois ilustra um sentimento de orgulho e entusiasmo nacional”.

Assim, “espera-se que esta participação na Bienal de Veneza contribua para a restauração do ecossistema artístico local, ao mesmo tempo que desempenha um papel na pacificação da geração de artistas Arte Moris”.

Caminho de activismo

Maria Madeira começou a pintar nos anos 90 e desde então que tem feito da arte uma forma de activismo, conforme destaca o artigo de Leonor Veiga, que recorda que Maria Madeira começou por ser “uma voz contra a ocupação indonésia, desde o seu regresso a Timor-Leste, em 2000”, tendo-se tornado numa “voz das mulheres”.

Com “Kiss and Don’t Tell”, apresentado num pavilhão localizado num palacete do século XVI, Maria Madeira prestou homenagem “a um dos grupos de pessoas mais afastadas do país, as mulheres timorenses anónimas que sofreram violência sexual às mãos dos militares indonésios” durante os anos de ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, entre 1975 e 1999.

Maria Madeira deu início, assim, ao trabalho de “Kiss and Don’t Tell” no ano de 2000, um projecto desenvolvido progressivamente até 2023. A presença na Bienal de Veneza permitiu-lhe concluir o trabalho.

Assim, conforme descreve Leonor Veiga no artigo, “nos primeiros tempos, [Maria Madeira] tinha curiosidade em conhecer a cultura do país e, por isso, o uso da noz de bétel e a tecelagem de tais foram-lhe naturais”. Porém, ao tomar conhecimento das antigas salas de tortura, a artista “mudou o rumo do seu activismo, no sentido da ausência de referências ao contributo das mulheres para a resistência”.

“Hoje, como me contou em Veneza, está a tentar localizar sepulturas de mulheres timorenses que, estranhamente, parecem não existir. Isto demonstra como a desigualdade é galopante, mas como através do seu trabalho artístico e académico a artista está a tentar dissecar as injustiças sociais. Como tal, a apresentação (…) para a Bienal de Veneza não pode ser desligada das suas origens como activista”, pode ler-se.

Relativamente à escolha do local de exposição, “corresponde perfeitamente à dimensão do país”, mas “em contraste directo com essa escala está a profundidade do conteúdo apresentado, que, embora extremamente local devido à sua relação direta com uma história real timorense, transmite um problema global: o das violações dos direitos humanos contra as mulheres, e particularmente as que resultam de histórias de conflito de guerra, ocupação e colonização”, destaca-se no artigo.

Para Leonor Veiga, o trabalho de Maria Madeira “está à altura da história”, pois “mulheres timorenses precisavam de ser resgatadas da invisibilidade; precisavam de escapar às salas de tortura e de ser consagradas”. Desta forma, “um palácio veneziano do século XVI é uma boa opção para esse fim”.

A Bienal de Veneza, que termina a 24 de Novembro, conta ainda com um espaço dedicado a Macau, que se faz representar com a exposição “Acima de Zobeida”, de Wong Weng Cheong, com curadoria de Chang Chan. O trabalho pode ser visto no Instituto Santa Maria della Pietà, em Veneza.

Esta é uma instalação inspirada na obra “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, que aborda a cidade fictícia de Zobeida. Segundo a apresentação oficial da exposição, “Wong Weng Cheong mergulha, com este projecto, numa exploração da crise escondida da mutação”, apresentando “um mundo ficcional situado numa zona acima das ruínas de uma cidade, habitado exclusivamente por um grupo de herbívoros com pernas alongadas”.

21 Ago 2024

Ochre Space, em Lisboa, apresenta imagens de Shoko Hashimoto

A galeria Ochre Space, fundada por João Miguel Barros, residente de Macau, em Lisboa, apresenta ao público, no próximo dia 3 de Setembro, uma exposição de fotografia de Shoko Hashimoto, fotógrafo japonês nascido em Ishinomaki em 1939.

Hashimoto formou-se na Faculdade de Arte da Universidade Nihon e 1964, tendo-se especializado em Fotografia. Dez anos depois, recebeu o prémio “Newcomer Award” da Sociedade Fotográfica do Japão pelo seu livro “Gore (Nora-sha)”.

Na exposição trazida pela Ochre Space a Lisboa, intitulada “GOZE”, encontram-se trabalhos realizados a partir do final da década de 1960, com fotografias de mulheres cegas, chamadas, precisamente Goze, que faziam digressões e actuavam nas zonas rurais ao longo do Mar do Japão.

Segundo a apresentação da exposição da Ochre Space, “através das fotografias únicas, Shoko Hashimoto capturou não apenas imagens, mas também histórias de vida que ecoam ao longo das décadas”. É ainda descrito que “cada imagem é uma janela para o passado, pintada com a sensibilidade e maestria de Hashimoto, transportando-nos para um mundo onde a música, a tradição e a resiliência se encontram”.

Voltando à biografia de Hashimoto, editado o livro “Gore”, a série de fotografias foi seleccionada para a exposição “15 Fotógrafos”, apresentada no Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio, tendo feito parte das colecções do museu. Desde então que o projecto “Gore” tem sido exposto a nível internacional.

Fotojornalista activo

Shoko Hashimoto foi também fotojornalista, e viajou para as prefeituras de Nagano, Yamagata, Fukuoka, Kumamoto, Yamanashi e Miyagi para documentar os costumes populares do Japão que estavam a desaparecer gradualmente. Desde 2011 que tem regressado regularmente para fotografar a sua cidade natal, Ishinomaki, que foi devastada pelo terramoto e tsunami de Tohoku e apresentado o seu trabalho em diversas exposições individuais.

Além desta mostra, a Ochre Space apresenta também, no espaço da livraria, livros de fotografia seleccionados de editores chineses e japoneses “de difícil acesso em Portugal”. Segundo a informação da galeria, “no espólio existente constam as primeiras edições de grandes nomes da fotografia japonesa”, sendo que “de entre os livros registados encontram-se alguns exemplares da última edição do Goze, publicado pela Zen Photo Gallery de Tóquio”.

20 Ago 2024

CCM | Aniversário da RPC celebrado com bailado “Wing Chun”

Agendado para os dias 13 e 14 de Setembro, no Centro Cultural de Macau , “Noite de Luar de Haojiang – Bailado de Wing Chun” visa celebrar os 75 anos da República Popular da China e também o património cultural imaterial do país, graças à demonstração criativa da arte marcial Wing Chun e à presença, nos trajes, da gaze de Cantão. O espectáculo tem a assinatura da Companhia de Ópera e Dança de Shenzhen

 

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) prepara-se para ser o palco de mais uma iniciativa cultural de celebração dos 75 anos de implantação da República Popular da China. Trata-se de “Noite de Luar de Haojiang – Bailado ‘Wing Chun’”. Nos dias 13 e 14 de Setembro, sempre às 20h, o público poderá desfrutar de um espectáculo que dá também as boas-vindas ao Festival do Bolo Lunar.

O bailado é produzido e encenado pela Companhia de Ópera e Dança de Shenzhen, tendo recriado o processo de produção do filme “Wing Chun”. A peça narra a história do Mestre Yip, que viajou para uma terra distante, abraçando depois a placa de “Wing Chun Tong”, entrando na rua dos salões de artes marciais onde se encontram muitos heróis, apenas para abrir a porta do “Wing Chun”.

Trata-se de um bailado que visa realçar “a perseverança do povo chinês”, com um “enredo cheio de peripécias”, propondo-se “uma história heroica que presta homenagem às pessoas comuns”, descreve o Instituto Cultural.

História em movimento

Wing Chun é um modelo de arte marcial reconhecido como património intangível nacional e que faz parte da cultura popular de Lingnan. Este espectáculo apresentado no CCM “é desenvolvido de forma inovadora com base em dois itens do património cultural intangível”, nomeadamente o Wing Chun e ainda a gaze de Cantão, que servirá para elaborar os trajes dos artistas. A gaze de Cantão faz parte do património cultural intangível da província de Guangdong.

No modelo de artes marciais Wing Chun incluem-se os cinco principais estilos de Kung Fu, nomeadamente “Wing Chun, Punho do Louva-a-Deus, Palma de Bagua, Punho dos Oito Extremos e Tai Chi Chuan”. Todos estes movimentos são transportados “para uma peça de teatro com dança, interpretando-se, com precisão, a essência das artes marciais através de coreografias de dança”, revelando-se também “a vertente da força e a suavidade do Kung Fu”.

O facto de os trajes dos artistas em palco serem feitos com gaze de Cantão proporciona ainda “uma experiência visual impressionante através dos movimentos dos artistas, manifestando a cultura particular de Lingnan de dentro para fora”.

O IC descreve que esta peça “tem sido muito aclamada e um sucesso de bilheteira desde a sua estreia, causando uma verdadeira sensação nas artes performativas no mercado nacional das artes do espectáculo”.

O espectáculo é organizado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China e pela Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau. Conta ainda com apoios do Departamento de Propaganda e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, do IC, Associação Internacional de Intercâmbio Cultural de Shenzhen e Direcção Municipal de Cultura, Rádiodifusão, Turismo e Desporto de Shenzhen. O bailado é ainda apoiado pela operadora de jogo Sands China.

20 Ago 2024

Grande Baía | IC e MGM organizam Fórum e concurso de fotografia

O Instituto Cultural (IC) organiza, em conjunto com a operadora de jogo MGM, o “Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía”, agendado para Outubro. Neste sentido, foi criado um concurso de fotografia sobre edifícios históricos revitalizados em Macau, que decorre até dia 22 de Setembro.

Segundo uma nota do IC, esta iniciativa “apela à apresentação de trabalhos fotográficos de residentes de Macau de diferentes faixas etárias, procurando apresentar os resultados da revitalização dos edifícios históricos conforme vistos pelo próprio público”.

Haverá duas categorias no concurso, “Estudante” e “Aberta”, sendo que cada categoria contempla prémios que vão desde o “Prémio de Ouro”, “Prémio de Prata”, “Prémio de Bronze” e “Prémios de Mérito”. Os montantes a atribuir variam entre as cinco e as dez mil patacas.

Segundo uma nota do IC, “os edifícios históricos revitalizados são também espaços de qualidade para as actividades culturais e recreativas de Macau, enriquecendo a qualidade de vida dos residentes e o contexto urbano” do território. Os trabalhos de revitalização destes edifícios “são, geralmente, liderados pelo Governo, por entidades privadas ou por outros grupos, que, através do restauro e da integração de novas funções modernas em edifícios históricos, permitem maximizar a utilização dos edifícios históricos”.

Com este processo, dá-se nova vida a estes edifícios que passam a integrar bibliotecas, salas de exposições, cinemas, escolas, parques culturais e criativos, lojas, restaurantes e pensões, numa ligação útil à comunidade onde se inserem.

19 Ago 2024

MICAF | Festival encerra esta semana com o espectáculo “Lu Duan”

Termina esta semana a primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, e fá-lo em grande, com a apresentação do espectáculo “Lu Duan”, o primeiro musical para crianças do Museu do Palácio, em Pequim. Adjacente ao festival, decorre a iniciativa “Dia de Diversão MICAF” até 1 de Setembro

 

A primeira edição do festival especialmente dedicado aos jovens e mais pequenos, o Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau (MICAF, na sigla inglesa), termina esta semana com um espectáculo directamente vindo de Pequim. “Lu Duan”, o primeiro musical para crianças do Museu do Palácio, na capital chinesa, acontece este fim-de-semana, sexta-feira e sábado, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). Os bilhetes já estão à venda.

Com interpretação em mandarim e legendas em inglês, este espectáculo faz a sua estreia em Macau, contando com o genérico intitulado “A Balada do Palácio”, que “prepara o palco com um ambiente histórico solene, mas vibrante”, destaca a apresentação do espectáculo.

“Lu Duan” mostra aos mais novos “os tesouros inestimáveis do Museu do Palácio”, sendo o público levado “numa viagem imersiva através das relíquias históricas do Palácio, olhando de perto o legado e a inovação na salvaguarda do património cultural na era moderna”.

Esta é uma “fusão de arte teatral, cultura tradicional e inovação tecnológica moderna” que levou três anos a ser preparada. É dada vida a “relíquias culturais” e criadas personagens inspiradas na cultura tradicional chinesa.

No conto criado para este espectáculo, Lu Duan é um “jovial personagem de 400 anos que tem uma curiosidade sem limites e está ansioso por explorar as infinitas maravilhas do mundo”. Entretanto, Gao Xiaoduan, que é “descendente do histórico bibliotecário do Museu do Palácio, prospera com as rápidas explosões de informação de pequenos fragmentos digitais, pois cresceu no meio da revolução digital”.

Assim, o musical conta o momento em que Lu Duan e Gao Xiaoduan se encontram, algo que “desencadeia uma jornada de exploração dentro da Cidade Proibida” e um “debate e reflexão sobre a cultura clássica chinesa e as tendências contemporâneas, a preservação histórica e as aspirações futuras”.

Du Haijiang, vice-presidente do Museu do Palácio, é o produtor deste espectáculo, tendo referido numa entrevista que este musical constitui “um passo significativo no compromisso do Museu do Palácio para com a tradição e a inovação”.

Música no CCM

Destaque ainda para a realização do “Dia de Diversão MICAF – Artes em Festa”, uma organização conjunta do IC com a Sands China que decorre até ao final do mês, primeiro este fim-de-semana (sexta-feira, sábado e domingo) e depois no fim-de-semana de 30 de Agosto a 1 de Setembro.

É na praça do CCM que decorre uma “programação ecléctica” neste contexto, com um palco principal repleto de música, uma zona de recreio, um local com bolhas de brincar e ainda jogos e oficinas.

Quem sobe ao palco é a Banda da Juventude de Macau que apresenta “uma série de peças musicais conhecidas de filmes de Miyazaki Hayao e da Disney”, seguindo-se ainda “o salto à corda artístico, actuações de bandas e líderes de claque, dança urbana, actuações de diabolo e dança folclórica portuguesa”.

Destaque ainda, na parte musical, da actuação de James Ng, cantor de Hong Kong, este sábado, bem como de Yumi Chung no dia 1 de Setembro. Haverá ainda a exibição de curtas-metragens infantis.

19 Ago 2024

Cinema | “Grand Tour” de Miguel Gomes seleccionado para Prémio Europeu

O filme “Grand Tour”, de Miguel Gomes, está entre as 29 primeiras obras seleccionadas para os Prémios do Cinema Europeu, anunciou quarta-feira a organização. Na lista encontra-se ainda “Misericórdia”, do francês Alain Guiraudie, com co-produção portuguesa pela Rosa Filmes.

Em comunicado, a Academia Europeia do Cinema lembrou que a selecção foi feita por um painel, consultando vários peritos europeus, e que é desta lista que resultarão os nomeados aos prémios, que são entregues em dezembro, na Suíça. Os restantes filmes seleccionados vão ser anunciados em Setembro e as nomeações reveladas em 05 de Novembro.

A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento.

“Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse.

Miguel Gomes já conquistou o prémio de melhor realização no festival de Cannes deste ano com “Grand Tour”, um feito até aqui inédito para o cinema português. “Grand Tour” foi produzido por Uma Pedra no Sapato, de Filipa Reis, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão.

16 Ago 2024

São Lázaro | Galeria “Fantasia 10” apresenta pinturas Gongbi de Leong Kit Man

A artista Leong Kit Man apresenta até ao dia 30 deste mês, na galeria “Fantasia 10”, situada no histórico bairro de São Lázaro, a exposição de pinturas ao estilo Gongbi. “Recanto Íntimo” é uma iniciativa da Associação Promotora para as Indústrias Criativas na freguesia de São Lázaro

 

Intitula-se “Recanto Íntimo – Exposição de Pinturas Gongbi de Leong Kit Man” e é a nova mostra com trabalhos da artista exposta na galeria “Fantasia 10”, situada no bairro de São Lázaro. A iniciativa da Associação Promotora para as Indústrias Criativas na Freguesia de São Lázaro pode ser vista até ao dia 30 deste mês, apresentando “obras requintadas e com poder curativo em tranquila seda”, com recurso à técnica Gongbi, forma tradicional de pintura chinesa que se caracteriza por uma elevada precisão e detalhe, e que começou a desenvolver-se no período da dinastia Tang.

“Recanto Íntimo” remete para o estúdio da artista, que em chinês tem o nome de “Xintian She”, “onde trabalha dia e noite, cultivando o seu espaço interior na profunda escuridão”, revela um comunicado da organização. Aqui a artista trabalhou em torno de “pequenas pinturas Gongbi”, revelando-se “o charme da dinastia Song, usando cores minerais para criar pinturas em seda de uma elegância antiga”.

Tratam-se de pinturas que resultam “no esforço espontâneo da artista em retratar cenas e objectos da vida quotidiana que se adequam ao mundo meticuloso da pintura”, sendo dado aos trabalhos “um toque antigo”.

Este processo criativo transforma-se em algo que dá conforto à própria artista, “acalmando a ansiedade, dissipando distrações e afastando o glamour superficial, permitindo um estado de auto-reflexão” a caminho da “tranquilidade e paz de espírito”, lê-se ainda.

Artista e curadora

Leong Kit Man, artista e curadora, é doutorada em Belas-Artes pela Academia Nacional de Artes da China, sendo professora assistente na mesma área na Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

Citada pela mesma nota, a artista frisa que “é preciso tenacidade para conseguir os detalhes finos de cada linha ou pincelada, bem como tempo e paciência para adicionar aguadas de tinta e cor, camada por camada, a fim de atingir a ‘espessura e leveza” tão característicos de um estilo de pintura minucioso como é o caso da técnica Gongbi.

Para Leong Kit Man, este estilo tradicional de pintura permite-lhe “ficar quieta e limpar a mente, cultivar um espaço interno e encontrar a ‘paz interior’ no meio do rebuliço urbano, para a cura pessoal”.

Especialista em pintura ao estilo Gongbi, Leong Kit Man fez a sua tese de doutoramento sobre o tema do “Reconhecimento das Imagens Chui Yun como Pinturas”, desenvolvendo também muito trabalho de curadoria e ensino não apenas no ensino superior como também em diversas associações das quais faz parte, como a Associação de Artistas Chineses. É ainda directora da Sociedade de Artistas de Macau, da Associação de Calígrafos e Pintores Chineses Yu Un de Macau e vice-presidente da Associação de Arte Juvenil de Macau.

16 Ago 2024

Canal dos Patos | Exposição colectiva no Armazém do Boi revela preocupações ambientais

São muitos os artistas que dão corpo à nova exposição que estará patente no Armazém do Boi a partir de 11 de Setembro, embora alguns dos trabalhos possam ser vistos numa pré-exibição até ao dia 20 deste mês. Chama-se “A Field Investigation from Shizimen to Canal dos Patos”, e representa um conjunto de explorações artísticas em torno de duas zonas que geram preocupações ambientais. O arquitecto André Lui, além de ser um dos artistas integrantes na mostra, dá apoio na pesquisa histórica

 

São mais de dez, os artistas que fazem parte da nova mostra do Armazém do Boi que promete ser, ao mesmo tempo, um estudo exploratório e artístico em torno das zonas de Shizimen e Canal dos Patos, com a China e a RAEM tão perto. A mostra colectiva intitula-se “A Field Investigation From Shizimen to Canal dos Patos” [Um Trabalho Investigativo de Campo de Shizimen ao Canal dos Patos] acontece entre os dias 11 de Setembro e 4 de Outubro, tendo como curadores Wang Jing e Noah Fong Chao, presidente do Armazém do Boi. André Lui, arquitecto de Macau, é um dos artistas participantes e, ao mesmo tempo, colabora na área da investigação histórica sobre estes espaços.

Outro dos artistas que integra esta exposição é Saiyin, com a série de trabalhos intitulada “Outsider”, que estará em pré-exibição até ao dia 20 de Agosto. “Outsider” inclui uma instalação, “em que o artista escolhe o musgo como o elemento mais básico para exprimir a sua identidade como portador de uma longa deambulação entre Macau e Zhuhai”, descreve-se no programa oficial.

Foram escolhidos musgos de Macau e de Zhuhai para serem plantados em conjunto, sendo que, nesta série artística, representam “plantas com estruturas sociais diferentes” e que também diferem nos seus atributos, “porque crescem em ambientes diferentes”.

O artista reflecte sobre as mudanças que estes musgos sofrem entre Macau e Zhuhai, com duas atmosferas diferentes, quase como aquilo que acontece com residentes que deambulam entre cá e lá. “O musgo, a planta mais insignificante e mais discreta da natureza, tem uma vitalidade tenaz. O musgo que cresce no chão é utilizado para exprimir a sua compreensão da identidade da migração e da deambulação”, descrevendo-se também, de forma metafórica, “o problema de identidade que enfrenta nos dois ambientes”.

Além da instalação, foi criado um filme sobre “a experiência de observar e compreender o mundo e a sociedade em que vive como um forasteiro”.

Observar aves

Outra série de trabalhos que também já pode ser vista no Armazém do Boi, mas em formato de pré-exposição, intitula-se “Observation of Activities of Seabirds at the Macao-Zhuhai Border” [Observação das Actividades das Aves Marinhas na Fronteira Macau-Zhuhai”, da autoria de He Junyan.

Trata-se de um projecto “que aborda questões contemporâneas através da observação de actividades das aves marinhas na ligação das cidades costeiras e ilhas”.

É feita uma análise à ligação entre o ser humano e o ecossistema, sobretudo “nas regiões de urbanização profunda e com sistemas de governação diversificados” como é o caso da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Neste contexto, “os organismos têm de se adaptar não só ao ambiente natural alterado devido ao planeamento e desenvolvimento urbano, mas também ao planeamento e construção de instalações e estruturas para a gestão da fronteira”. Essa fronteira “existe tanto na consciência dos residentes como é evidente nos traçados urbanos”, descreve-se.

No caso das aves marinhas não se observa “a consciência” da existência de uma fronteira entre Macau e Zhuhai, pois embora “as suas capacidades de voo lhes permitam atravessar as fronteiras sem o constrangimento dos regulamentos fronteiriços”, a verdade é que as suas rotinas diárias “são afectadas por desafios de planeamento urbano”. Um dos exemplos é a construção de pontes, que obriga as aves a voar a maiores altitudes, “limitando as suas zonas de caça ao rio antes de se retirarem para os mangais em declínio” perto da zona transfronteiriça. Além disso, “o desenvolvimento extensivo de infra-estruturas em zonas recentemente recuperadas também obriga estas aves marinhas a redefinir o seu sentido de casa em vários territórios”.

Desta forma, “este projecto explora o nexo de ligação entre a natureza, cidade e biologia”, à luz de questões como a habitação, o espaço ocupado pelos seres humanos e a sua relação com a natureza.

Outro trabalho também já presente no Armazém do Boi, é “Despertar do Sonho no Canal dos Patos”, de Lu Jun. Sobre esta obra, o artista refere que, no ano 2000, ele e a mulher decidiram ir viver para junto do Canal dos Patos”.

“Durante o dia víamos das janelas as garças brancas a circular graciosamente à volta do Canal dos Patos, enquanto as garças nocturnas sobrevoavam o canal à noite. Durante os períodos de chuva intensa e de marés astronómicas, as águas do canal transbordavam para as margens de Macau. Do lado de Macau do Canal dos Patos, havia barracas e edifícios baixos. Sempre que o fogo de artifício iluminava o céu perto do Hotel Lisboa, eu e a minha mulher deliciávamo-nos a observá-lo das janelas da nossa casa”, pode ler-se.

Lu Jun recorda ainda que, em apenas duas décadas, “a margem oposta transformou-se num horizonte de estruturas imponentes”, sendo que “o outrora extenso Canal dos Patos encolheu gradualmente e está agora num estado de desidratação”, restando apenas “usar a arte digital para relembrar o passado”.

14 Ago 2024

FRC | Manga, “ArmourMan” e outras histórias em exposição

Chama-se “Comics 2024 + ArmourMan 2024” e é a mais recente exposição da Fundação Rui Cunha, inaugurada esta terça-feira. Com curadoria de Howard Chan, a mostra conta com 60 desenhos e obras de Manga, género artístico japonês. Destaque para o trabalho do artista James Khoo, autor da série “ArmourMan”

A Fundação Rui Cunha (FRC) tem patente, desde esta terça-feira, a exposição de artistas de Manga e banda desenhada de Macau, China e Hong Kong, numa homenagem ao trabalho dos artistas oriundos da Grande Baía. A mostra chama-se “Comics 2024 + ArmourMan 2024” e pode ser vista durante de duas semanas. A exposição de banda desenhada, com vários artistas, decorre até ao dia 17 de Agosto, enquanto a exposição da série “ArmourMan”, do conhecido artista de Hong Kong James Khoo, decorre entre os dias 20 e 24 deste mês. No total, são apresentadas 60 obras.
Esta iniciativa decorre graças a uma parceria com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau, contando com curadoria de Howard Chan, presidente desta entidade.
Assim, até ao dia 17, apresentam-se 30 obras da autoria de nove artistas de banda desenhada de Macau, Hong Kong e da China. Depois, entre os dias 20 e 24, os trabalhos de James Khoo, nome de referência no meio artístico de Hong Kong estarão expostos na galeria da Praia Grande.

Vincent Ho e companhia
Um dos artistas locais cujo trabalho estará patente nesta exposição é Vicent Ho, seguindo-se Jet Wu, Yeung Siu e a dupla “Moto&TakTak”. De Hong Kong chegam os artistas Wai On, Linus Liu e Wah Kei, enquanto que, da China, são apresentados os trabalhos de Chen Wei e Lin Min. Todos eles são membros da associação que promove a mostra e que está ligada ao universo da banda desenhada, ilustração e Manga.
Por sua vez, na segunda semana da mostra, será apresentado o trabalho mais recente do mestre de banda desenhada de Hong Kong, James Khoo Fuk Lung, considerado o pai da série “ArmourMan”. Esta tornou-se num “verdadeiro blockbuster” de banda desenhada assim que foi lançada, há um ano, descreve a FRC em comunicado. Além disso, “as revistas semanais também conseguiram vendas recorde em Macau”, com a maioria das edições a esgotar nas bancas em dois dias.
James Khoo é tido como um “autor experiente de banda desenhada”, sendo que a sua primeira obra de grande sucesso, “Iron Marshal”, vendeu 60.000 livros quando foi lançada. Mais tarde vieram outros sucessos de bilheteira como “Eastern Invincible”, “DragonMan” e muitos outros.
“ArmourMan” é o seu mais recente trabalho e tornou-se a revista semanal de banda desenhada mais vendida em Hong Kong. Para celebrar o primeiro aniversário desta publicação, os organizadores pediram autorização ao artista para expor manuscritos recentes de “ArmourMan”.
A FRC aponta que James Khoo não poderá estar presente em Macau para participar presencialmente na exposição, mas alguns números da nova colecção vão estar à venda na Galeria da FRC, numa iniciativa que tem como objectivo “trazer até aos jovens locais e visitantes este super-herói da actualidade”.
A Associação de Promoção do Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau surgiu em 2014 para apoiar o desenvolvimento profissional da indústria, o intercâmbio técnico e a cooperação entre ilustradores locais e estrangeiros, com vista a assegurar mais projectos de alta qualidade e em grande escala, bem como publicações, palestras e outras actividades que beneficiem a comunidade de Macau. A.S.S.
DESTAQUE
Um dos artistas locais cujo trabalho estará patente nesta exposição é Vicent Ho, seguindo-se Jet Wu, Yeung Siu e a dupla “Moto&TakTak”. De Hong Kong chegam os artistas Wai On, Linus Liu e Wah Kei, enquanto que, da China, são apresentados os trabalhos de Chen Wei e Lin Min

14 Ago 2024

Galeria Tap Seac com exposição de caligrafia de Huang Tingjian

A Galeria do Tap Seac inaugura esta quinta-feira uma nova exposição. Trata-se de “O Caminho de Huang Tingjian – Exposição de Documentos Caligráficos”, com a colaboração do Huang Tingjian Memorial Hall, que recolheu grande parte da documentação histórica apresentada nesta mostra dedicada ao talento de Huang Tingjian, uma das personalidades chinesas mais conhecidas no meio artístico e representativo da arte que se fazia no período da dinastia Song do Norte.

Incluem-se assim, nesta exposição, rubricas feitas pelo mestre e “réplicas perfeitas das obras caligráficas” da sua autoria que revelam “os objectivos e a evolução da caligrafia ao longo da vida de Huang”. Na Galeria do Tap Seac poderá ainda ver-se “as suas impressionantes realizações artísticas e conotações culturais da poesia, do zen, do confuccionismo, da arte do incenso e da piedade filial incorporadas na sua caligrafia”.

Paixões múltiplas

Huang Tingjian foi fundador da Escola de Poesia de Jiangxi, paixão que associou sempre à caligrafia, sendo actualmente reconhecido como “um mestre lendário na história da caligrafia chinesa pelo seu estilo único e profundo conhecimento”. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), “as suas obras tiveram um impacto de grande alcance nas gerações posteriores”.

Localizado na intersecção das três províncias, nomeadamente Jiangxi, Hunan e Hubei, o condado de Xiushui possui uma profunda reserva de património histórico e cultural devido à fusão das culturas dos estados de Wu e Chu e é a cidade natal de Huang Tingjian.

O IC aponta que, com esta mostra, “espera reforçar a amizade e promover o intercâmbio cultural e a cooperação entre Jiangxi e Macau”, bem como “apoiar a revitalização rural do Condado de Xiushui e reforçar a promoção e herança da cultura tradicional chinesa”. A ideia é também fomentar o papel de Macau como “uma base de intercâmbio e cooperação com a cultura chinesa como corrente principal e a coexistência de diferentes culturas”.

“O Caminho de Huang Tingjian – Exposição de Documentos Caligráficos” estará patente até ao dia 15 de Setembro na Galeria Tap Seac.

12 Ago 2024

Academia Portuguesa de Cinema escolhe entre cinco filmes para uma candidatura aos Óscares

Os filmes “A Flor do Buriti”, “Grand Tour”, “Manga d’Terra”, “O teu rosto será o último” e “O vento assobiando nas gruas” vão a votos na Academia Portuguesa de Cinema para uma candidatura aos Óscares de 2025.

A Academia Portuguesa de Cinema anunciou ontem que estes cinco filmes são finalistas e vão agora ser submetidos a votação entre os seus membros, para se escolher qual o candidato de Portugal a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional em 2025.

Estes cinco filmes foram seleccionados por um comité da academia, a partir de trinta longas-metragens de produção nacional consideradas elegíveis, com estreia ocorrida entre 01 de Novembro de 2023 e garantida até 30 de Setembro deste ano.

Das obras seleccionadas, todas tiveram já estreia cinematográfica em Portugal, excepto “Grand Tour”, de Miguel Gomes, que chegará aos cinemas a 19 de Setembro.

A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento.

Miguel Gomes fez um arquivo de viagem pela Ásia, passando por Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia ou Japão, para traçar o trajecto das personagens, recolhendo imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época de 1918. Só depois desse périplo, rodou as cenas com os actores em estúdio em Roma.

“Grand Tour” valeu a Miguel Gomes o prémio de melhor realização este ano no Festival de Cinema de Cannes, em França.

“A Flor do Buriti” é um filme de João Salaviza e Renée Nader Messora e foi rodado no território indígena da Kraholândia, no Brasil, onde já tinham feito “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” (2019).

A narrativa foi construída com relatos históricos e conversas com indígenas e conquistou um Prémio de Elenco em 2023 em Cannes.

“Manga d’Terra” é a nova incursão do realizador luso-suíço Basil da Cunha no território social da Reboleira, na Amadora, e conta a história de Rosa (Eliana Rosa), uma jovem cabo-verdiana que adora cantar e deixa os filhos no arquipélago africano enquanto tenta a sua sorte em Portugal.

Dos livros

“O teu rosto será o último” e “O vento assobiando nas gruas” são duas adaptações literárias de romances de João Ricardo Pedro e Lídia Jorge, respectivamente.

Do romance de João Ricardo Pedro nasceu um filme de Luís Filipe Rocha sobre um jovem, Duarte, que não soube lidar com uma capacidade extraordinária, inata, de tocar piano, e que renegou também pelas circunstâncias familiares em que cresceu.

Com assinatura de Jeanne Waltz, realizadora suíça há muito radicada em Portugal, “O vento assobiando nas gruas” segue Milene, uma jovem mulher que, depois da morte da avó, se depara com uma família de tios que a despreza por causa de um problema de desenvolvimento mental.

À procura de respostas pela morte da avó, Milene ruma às instalações desativadas de uma antiga conserveira, ocupada por uma família cabo-verdiana emigrada, e onde se apaixona por Antonino Mata.

Estes cinco filmes foram escolhidos por um comité composto pela produtora Andreia Nunes, pela realizadora Cristèle Alves Meira, pela actriz Binete Undonque, pelo director de fotografia José Tiago, pelo realizador Luís Galvão Teles, pelo produtor Pedro Borges, pela argumentista Rita Benis, pelo actor Rui Morrison e pelo distribuidor Saúl Rafael. A Academia Portuguesa de Cinema anunciará o filme candidato por Portugal a 11 de Setembro.

12 Ago 2024

Exposições | Humarish Club apresenta “Arte Vibrante de Macau”

Alley Leong Tin I, PIBG2038, Julia Lam Tsz Kwan e Siomeng Chan. Todos eles são artistas locais e todos eles foram convidados a expor obras da sua autoria na mais recente exposição promovida pelo Humarish Club, galeria no Lisboeta Macau. A mostra intitula-se “Arte Vibrante de Macau” e pretende mostrar o que de melhor se faz em termos artísticos no território

 

A galeria Humarish Club, localizada no Lisboeta Macau, empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), acolhe até ao dia 8 de Setembro uma nova exposição apenas com talentos locais na área das artes. Trata-se da mostra “Arte Vibrante de Macau”, que reúne trabalhos de Alley Leong Tin I, PIBG2038, Julia Lam Tsz Kwan e Siomeng Chan.

Segundo um comunicado da organização, trata-se de uma forma de “mostrar a energia explosiva de Macau” no ramo artístico e cultural, apresentando-se “uma exposição cativante que mostra o vibrante panorama artístico de Macau”, procurando chamar a atenção “dos entusiastas da arte e conhecedores da cultura”.

Esta é, na sua essência, uma mostra de arte contemporânea, onde os quatro artistas procuram espoletar o diálogo, “inspirar a criatividade e evocar uma apreciação mais profunda da cena artística de Macau”.

No caso de Alley Leong Tin I, o público pode esperar trabalhos de pintura de alguém que se assume como artista auto-didacta e que só começou a sua carreira como artista em 2021.

“Aos 20 e poucos anos, Alley descobriu que o seu amor pelo desenho podia ser combinado na perfeição com o antigo ofício da tatuagem para criar tatuagens personalizadas para clientes que queriam algo único na sua pele”, descreve a organização da exposição.

Alley trabalhou como tatuadora profissional durante seis anos, tendo decidido dedicar-se a uma carreira como pintora a tempo inteiro. Desta forma, a exposição no Humarish Club irá revelar trabalhos bastante “inspirados pelo budismo e ensinamentos espirituais”, tratando-se de pinturas que permitem “exprimir as infinitas ideias” da artista.

“As suas obras incluem frequentemente figuras excêntricas ou mundos multidimensionais de combinações tecnicolor. O seu estilo pessoal distinto emana alegria e paz e expressa o espírito vibrante e a atmosfera dos três mil universos sem limites”, destaca-se ainda na mesma nota.

De salientar a presença nesta mostra de um dos grandes nomes do graffiti em Macau. PIBG, que se apresenta como PIBG2038, é um artista de graffiti e organizador do festival internacional de arte de rua “Outloud”, uma iniciativa recentemente criada em Macau.

PIBG tem uma carreira com mais de 20 anos e os seus graffitis contêm “personagens com um aspecto lúdico”, que apresentam “uma visão extraordinária, com cores vivas e contrastantes que demonstram vitalidade”.

PIBG tem viajado por vários países desde 2000, participando em actividades do foro criativo e incluindo o seu trabalho em diversas mostras de arte.

O artista juntou-se, em 2004, a alguns criadores de graffiiti e fundou o colectivo GANTZ5, o primeiro grupo de arte graffiti de Macau, que se tornou uma das associações mais influentes na cena graffiti da China. PIBG tem colaborado com diversas marcas internacionais do mundo da moda, nomeadamente Dior, Balenciaga ou Miu Miu.

Estrela da nova geração

Julia Lam Tsz Kwan é formada pela Academia de Belas Artes da Universidade de Tsinghua, uma das mais importantes da China, e é considerada como uma das pintoras mais influentes da nova geração de artistas locais.

Já expôs trabalhos no Museu Nacional de Arte da China, em Pequim, ou mesmo no The Little Lodge, nos EUA, sem esquecer o Museu de Arte de Macau. Desde 2020 que Julia começou a combinar técnicas de aguarela com impressão em chapa offset, para criar uma série de trabalhos “com partículas sobrepostas e infiltradas por spray e pincéis de acrílico”. A artista remodelou objectos recorrendo ao mundo da geometria e proporção, desenvolvendo “o seu próprio contexto visual”.

No caso de Siomeng Chan, a artista tem traçado “um caminho distinto no domínio da arte contemporânea”, sendo bastante influenciada pelas obras do mestre de animação japonesa Hayao Miyazaki durante os seus anos de formação, “as criações de Siomeng abrigam frequentemente um fascínio caprichoso e místico pelo mundo natural”.

Siomeng Chan formou-se no Departamento de Design da Universidade Politécnica de Macau, criando depois o seu próprio estúdio, “The Dino Workshop”, em 2017, onde desenvolveu um personagem próprio, o Dino IP. Este “ganhou imensa popularidade e tornou-se uma marca do seu repertório artístico”.

A artista já colaborou com a marca Uniqlo, que vende roupas e objectos de uso diário. Siomeng Chan colaborou também com a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações de Macau para lançar a primeira série de selos da personagem Dino IP em Macau.

Em 2020, a artista fundou a marca “Semi- Cooked 50% TOY”, juntamente com o designer Kay Tung, tendo focado mais “na direcção criativa de arte e brinquedos”.

12 Ago 2024

Filme “Aventuras no Império”, de Rui Lopes, apresentado este mês em Lisboa

É exibido até ao final do mês, em Lisboa, no espaço Fidelidade Arte Lisboa, o filme-ensaio da autoria do académico Rui Lopes e intitulado “Aventuras no Império: Uma História Mal Contada”, integrado no ciclo de cinema que acompanha a exposição “O Chão é Lava!”.

Trata-se de um filme-ensaio que tem Macau como foco e que é o resultado da investigação que o autor, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, está a realizar “sobre a história das representações de Portugal e do império projectadas na ficção cinematográfica e televisiva estrangeira durante o Estado Novo”, um tema que “tem revelado uma visão mais ambígua do país no exterior”, segundo disse o autor citado na nota que acompanha o projecto.

Macau é aqui um caso de estudo, sendo que “essa ficção combinava um imaginário turístico, de romance e casinos, com um sensacionalismo orientalista, com o vício e a violência, misturando uma retórica colonial e racista com um olhar crítico sobre o colonialismo português”, colonialismo esse tido como “corrupto e incapaz de controlar o contrabando e crime organizado”.

Os contrastes de Macau

Segundo a mesma nota, Rui Lopes quis “desmontar e remontar essas obras, pegando em vários tipos de fontes”, nomeadamente documentos escritos e nos próprios filmes, abordando essas mesmas obras “através de um outro objecto académico, usando a própria linguagem audiovisual para analisar as diferentes vozes e ideias que contribuíram para esta imaginação de Macau”.

O historiador escreveu o guião do filme-ensaio e trabalhou em parceria com o montador de filmes Rui Ribeiro, cruzando “excertos de mais de trinta filmes de ficção e séries televisivas sobre Macau produzidos em diferentes países nos anos 1930-70, intercalados com peças de imprensa, guiões, publicidade e relatórios da censura, permitindo vislumbrar diversos paradoxos e artifícios que materializaram um certo imaginário colonial e o espalharam pelo mundo”.

No dia 30 de Agosto, será a última exibição do filme que conta com a presença do autor para uma palestra. Esta conferência irá abordar “o contexto que moldou essa vaga de produções, desde a Guerra Fria às tensões e contradições geradas pelo estatuto semi-periférico do colonialismo português”.

Segundo informação sobre o filme-ensaio disponível no website da Culturgest, “para lá da propaganda do Estado Novo e de documentários anticoloniais, o império português foi ficcionado em policiais de Hollywood, em sagas de espionagem europeias e no cinema de acção de Hong Kong”.

Neste contexto, as “sampanas e casinos de Macau tornaram-se numa presença recorrente no ecrã, imaginados através de um olhar turístico e romântico”, com a ideia da “Monte Carlo do Oriente”, mas também “recheado de vício, pirataria, violência e corrupção”, sob a ideia da “cidade mais perversa do mundo”.

“Aventuras no Império” é, assim, “uma alucinante colagem audiovisual” que “permite vislumbrar diversos paradoxos e artifícios que materializaram esse imaginário colonial e o espalharam pelo mundo”.

12 Ago 2024

História | Lançado livro sobre primeira missão diplomática do Brasil à China

Corria o ano de 1879 quando a Marinha brasileira se aventurou pelos mares naquela que foi a primeira missão diplomática brasileira à China e consequente viagem de circum-navegação, concluída em 1883. A obra, de Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, foi agora editada no Brasil pela “Dois Por Quatro”

 

Acaba de ser editado no Brasil o livro que relata a primeira volta ao mundo feita por uma tripulação brasileira, bem como os bastidores da primeira missão diplomática do país à China que aconteceu na mesma viagem, entre os anos de 1879 e 1883. O livro, que tem simplesmente como título “Primeira Circum-Navegação Brasileira e Primeira Missão do Brasil à China (1879)” é da autoria de Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, e é editado pela “Dois Por Quatro”.

Segundo um comunicado, tratou-se de uma viagem realizada por 197 homens da Marinha brasileira, incluindo 22 oficiais, 126 marinheiros imperiais, 15 foguistas e 21 soldados navais. A jornada durou 430 dias, 268 de viagem e 162 passados nos portos. A viagem teve como comandante o capitão de fragata Júlio César de Noronha, sendo que muitos marinheiros morreram de diversas doenças. Uma delas foi o beribéri, doença que ocorre devido à carência da vitamina B1 e que se caracteriza pela ocorrência de perturbações digestivas, edemas e perturbações nervosas.

Além da viagem de circum-navegação, estava em causa uma importante missão diplomática à China, a primeira, que visava um acordo “para trazer ao Brasil mão-de-obra chinesa”. Tratou-se de uma missão “cercada de polémica no Brasil e no mundo” e que teve “como enviados extraordinários o diplomata Eduardo Callado e o contra-almirante Arthur Silveira da Motta, futuro barão de Jaceguai”.

Tema inédito

Os autores, Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, prepararam-se para escrever esta obra com pesquisas em diversos arquivos brasileiros e de outros países, apostando num tema que nunca foi abordado na historiografia brasileira.

Citados pelo mesmo comunicado, os autores descrevem que a pretenderam “recuperar uma aventura levada com heroísmo por centenas de marinheiros anónimos, alguns dos quais até perderam a vida”.

“A viagem é um episódio da história brasileira que estava escondido em vários repositórios. Em outros arquivos foi possível recuperar os registros da primeira missão brasileira à China, envolvendo uma grande polémica, o que é um exemplo de como os factos evoluem na crónica da vida política do nosso país”, explicam os autores.

“Escrevemos este livro com muito entusiasmo por recuperar um tema até então inédito, uma parte interessante da memória nacional e também por ser uma história repleta de curiosidades”, refere a mesma nota.

Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco já tinham trabalhado juntos em outras obras de cariz histórico, nomeadamente “A Caminho do Ouro – norte-americanos na Ilha de Santa Catarina”, editado em 2015, e “História Natural da Ilha de Santa Catarina: o códice de Noronha”, lançado em 2017.

12 Ago 2024

Cinemateca | “Amuletos de Agosto” traz nova selecção de filmes

Como habitualmente, um novo mês é, para a Cinemateca Paixão, sinónimo de refrescar a programação e apresentar mais uma selecção de filmes asiáticos, mas não só. Destaque para a cópia restaurada de “Millenium Mambo”, filme de 2001 de Hou Hsiao-Hsien, realizador de Taiwan

 

Já começaram a ser exibidos na Cinemateca Paixão os filmes que fazem parte da selecção do mês em curso, intitulada “Amuletos de Agosto”. Um dos destaques é o filme “Millenium Mambo”, do realizador de Taiwan Hou Hsiao-Hsien, que desta vez se apresenta com uma cópia restaurada, uma vez que se trata de um filme de 2001.

A primeira exibição aconteceu ontem, estando ainda agendadas apresentações nos dias 18, 22 e 25 deste mês.

Tido como “filme inovador” na carreira do cineasta e vencedor do prémio técnico do Festival de Cannes e três prémios “Cavalo de Ouro” do Festival Internacional de Cinema de Taiwan, este filme começa com uma voz-off que recorda o momento em que Vicky vivia uma relação turbulenta com Hao-Hao, um preguiçoso, cuja atitude se assemelha à da namorada, que não tem propriamente grandes objectivos de vida. Ambos passam as noites a fumar e a beber, roubando algumas coisas ou viajando para o Japão. “Millenium Mambo” é um filme que analisa as expectativas e percursos destes dois personagens, questionando o factor tempo e o seu aproveitamento naquelas que parecem ser duas vidas errantes.

Amanhã será exibido um thriller, bem como nos dias 15, 20 e 25 deste mês. Trata-se de “Red Rooms”, um filme de Pascal Plante, do Canadá, com a personagem Kelly-Anne, que todas as manhãs acorda junto ao tribunal para garantir um lugar no julgamento de Ludovic Chevalier, um assassino em série que está a ser julgado e pelo qual está obcecada.

À medida que os dias passam e o julgamento prossegue, ela relaciona-se com outra jovem o que a faz sair da solidão, mas o tempo gasto em tribunal com os familiares das vítimas de Ludovic e a sua obsessão com o assassino fá-la perder cada vez mais a estabilidade emocional e o equilíbrio.

Kelly-Anne traça então um novo objectivo: ter acesso ao vídeo perdido de uma menina de 13 anos, assassinada por Ludovic, que estranhamente é muito parecida com ela.

O abuso a Maria

Do Canadá, saltamos para o México com “Malo Actor” [Mau Actor], exibido hoje às 20h e depois com repetições na quarta-feira, dia 14, 18, 23 e 27. “Malo Actor” é inspirado na má experiência da actriz Maria Schneider com o actor Marlon Brando no filme “O Último Tango em Paris”, de 1972, quando este passa manteiga nas suas partes íntimas sem que a cena tivesse sido combinada com a actriz. O caso só foi confirmado pelo realizador, Bernardo Bertolucci, anos mais tarde.

“Queria sua reacção como menina, não como actriz. Não queria que Maria interpretasse sua humilhação e sua raiva, queria que sentisse. Os gritos… ‘Não, não!’. Depois iria odiar-me para sempre”, disse, citado pelo El País.

No caso de “Mau Actor”, é a actriz Sandra Navarro que acusa o actor Daniel Zavala de ter abusado dela numa cena de sexo. A actriz apresenta queixa, mas toda a produção tenta evitar o escândalo. O filme é de Jorge Cuchí.

“Do Not Expect Too Much from the End of the World” é a película que se exibe pela primeira vez nesta programação este domingo, repetindo-se depois nos dias 16, 24 e 28 de Agosto.

Este filme venceu um Urso de Ouro no Festival de Berlim e conquistou, na Roménia, país onde foi rodado, a categoria de Melhor Filme. Além disso, venceu o Prémio Especial do Júri no 76.º Festival de Cinema de Locarno.

O mais recente filme de Radu Jude conta a história de Angela, uma assistente de produção com excesso de trabalho que tem de conduzir por Bucareste para filmar o casting de um vídeo sobre segurança no trabalho, a pedido de uma multinacional.

Porém, quando Angela se encontra com Marian, um trabalhador desse empresa que está parcialmente paralisado, e este revela o que o levou à sua condição física, depressa é espoletado um escândalo que obriga a uma nova narrativa do vídeo. Este é descrito como “um drama cómico absurdo” dividido em duas partes, em que “numa paisagem vertiginosa o cinema, capitalismo e a tecnologia encontram-se com a sociologia política do mundo digital pós-totalitário”.

“Little Miss Sunshine”, filme de 2006 que já fez sucesso em várias salas de cinema, repete agora na Cinemateca Paixão na próxima terça-feira e depois nos dias 17, 21, 24 e 29 deste mês. Tudo se centra na Olive Hoover, uma criança engraçada de sete anos fascinada por concursos de beleza e que obriga toda a família a acompanhá-la até à Califórnia para competir no concurso nacional “Little Miss Sunshine”. Porém, a par da tentativa de expressar beleza na competição, o que se revela é uma série de peripécias trágico-cómicas que envolvem todos os membros desta família disfuncional.

9 Ago 2024

FRC | Livro “A Campanha”, de Vítor Carmona, lançado hoje

É hoje apresentado, na Fundação Rui Cunha (FRC), aquele que é o primeiro romance histórico de Vítor Carmona e que faz parte de uma trilogia a sair até ao próximo ano. “A Campanha” relata a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, no ano de 1793 em França e traz ao público uma estória relativamente esquecida, destaca o autor

 

“A Campanha”, primeiro romance histórico de Vítor Carmona, é hoje apresentado na Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. Trata-se de uma obra que “explora um tema inédito no campo da ficção nacional, e pouco estudado pelos historiadores: a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, na França de 1793.

Editado pela Saída de Emergência, o livro saiu em Maio de 2023 em Portugal e faz parte de uma trilogia a ser apresentada até ao final do ano, conforme disse o autor ao HM. “O segundo volume vai ser lançado em Outubro e o terceiro em Maio. Desde o início que planeei escrever uma trilogia sobre uma campanha militar pouco conhecida dos portugueses e esquecida pelos historiadores”, contou.

Vítor Carmona diz que “A Campanha” é um livro para leitores que “mesmo que não gostem de História, gostem de boas estórias”, contendo partes ficcionadas de um episódio histórico factual ocorrido há mais de 200 anos. “Achei que esta campanha militar tinha todos os ingredientes que fazem uma boa estória, com conflito, personagens interessantes, uma conjuntura europeia com grande turbulência, nos anos seguintes à Revolução Francesa. Peguei em factos que são verídicos e depois coloquei ficção com personagens que poderiam ter existido.”

Trata-se de uma campanha que levou cinco mil soldados portugueses para combaterem, juntamente com os espanhóis, as tropas francesas na zona de Rossilhão, província francesa, após o regicídio de Luís XVI, em plena Revolução Francesa.

Nessa época, alguns países europeus, nomeadamente Inglaterra, Polónia, Espanha e Portugal, tomaram providências militares e diplomáticas face ao perigo de um ataque por parte da França. É neste contexto que, com a declaração de guerra da Inglaterra à França, Luís Pinto de Sousa exerceu esforços diplomáticos para firmar uma aliança militar com a Espanha e a Inglaterra. A 15 de Julho foi assinada a convenção luso-espanhola de auxílio mútuo e a 26 de Setembro assinou-se a convenção com a Inglaterra. O exército português de auxílio a Espanha e com destino ao Rossilhão foi comandado pelo tenente-general João Forbes Skellater e constituído por seis regimentos de infantaria e uma brigada de artilharia com 22 bocas de fogo, num total de 6.000 efectivos, descreve-se no portal do Arquivo Histórico-Militar do Ministério da Defesa em Portugal.

O grupo militar português incluía “militares de grande prestígio como os marechais-de-campo D. António Soares de Noronha, D. Francisco Xavier de Noronha e D. João Correia de Sá, o conde de Assumar e o coronel Gomes Freire de Andrade, entre outros”.

A campanha do Rossilhão durou até ao final de 1794. As conquistas de Ceret, Villellongue, entre outras praças, trouxeram bastante prestígio aos generais portugueses, embora o Inverno de 1793 provocasse a perda de todas as vantagens militares até aí conseguidas. Na Primavera de 1794, os franceses obrigaram as tropas aliadas a retirar para a Catalunha, onde muitos portugueses morreram ou ficaram feridos. Em Novembro, os franceses venceram a batalha da Montanha Negra, que levou os espanhóis a negociar em separado a assinatura do tratado de paz em Junho de 1795 na cidade de Basileia. Após o regresso das tropas a Portugal, a paz foi assinada em 20 de Agosto de 1797, lê-se ainda no mesmo portal.

A história de Diogo

O livro contém um personagem, Diogo Saraiva, “recém-promovido a capitão, [que] procura transformar a sua companhia de granadeiros numa eficiente unidade de combate, mas duas mulheres determinadas e um criminoso sem escrúpulos atravessam-se no seu caminho”, descreve-se na sinopse do livro.

Enquanto isso, “dois jovens amigos de Campo de Ourique decidem alistar-se para a campanha militar em busca de aventura e fortuna”, sendo que, após uma “penosa viagem marítima até aos Pirenéus Orientais, o que aguarda os soldados portugueses é uma sequência de terríveis e encarniçados combates contra o exército mais poderoso da Europa”. Trata-se, segundo a mesma sinopse, de um romance feito de “paixão, guerra e morte, mas também esperança, coragem e lealdade”.

Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Diz ser um apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica. Há dez anos criou a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão dos combates levados a cabo por Napoleão Bonaparte. A.S.S.

8 Ago 2024

FRC apresenta exposição “Brilho do Sol nas Montanhas”

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Mostra de Ensino Voluntário do Colégio Chao Kuang Piu, intitulada “Brilho do Sol nas Montanhas”, que apresenta o projecto solidário de uma equipa de alunos universitários que, duas vezes por ano, se dedicam a ensinar crianças isoladas e desfavorecidas, na região interior e montanhosa da província de Guizhou, no sudoeste da China.

A mostra faz uma retrospectiva destas campanhas pedagógicas, através de 25 imagens fotográficas das viagens mais recentes, um conjunto de cartas escritas pelas crianças às equipas de professores voluntários, e outros artefactos relacionados.

Após a inauguração, foi ainda projectado um documentário de 25 minutos com o mesmo nome da exposição, tendo-se seguido uma sessão de partilha de testemunhos, apresentada por Eliza Lei, locutora sénior e produtora de programas de TV e Rádio em Macau, com alguns participantes do projecto.

Apoiar as crianças

O Colégio Chao Kuang Piu (CKPC), uma das dez instituições residenciais da Universidade de Macau, celebra este ano o seu décimo aniversário, tendo alojado cerca de 500 alunos anualmente num ambiente colectivo multidisciplinar.

“Desde Dezembro de 2018 que a Equipa de Ensino Voluntário do CKPC realiza ensino voluntário todos os invernos e verões na Escola Primária Gantuan Mei’e, no município autónomo de Congjiang, província de Guizhou, na China. Congjiang era uma das zonas mais pobres de Guizhou e muitas crianças pertencentes às minorias étnicas são chamadas de ‘crianças deixadas para trás’ [ao cuidado de familiares], uma vez que os seus pais trabalham longe de casa”, descreve uma nota da FRC sobre a mostra.

Nesta actividade na China, os estudantes universitários “servem de irmãs e irmãos mais velhos durante estas visitas”. Através do ensino, que abrange disciplinas como o inglês, a arte, o desporto, a música e as ciências, e realização de actividades de grupo, as crianças “são ensinadas sobre o mundo e a cultivar bons hábitos e empatia”. A mostra pode ser vista na galeria da FRC até ao dia 10, na próxima semana.

7 Ago 2024

Orquestra de Macau | Temporada arranca dia 31 de Agosto

Já é conhecido a programação da nova temporada de concertos da Orquestra de Macau 2024/2025, com o tema “Criar Infinidade”. O primeiro espectáculo, “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Felix Mendelssohn, acontece no dia 31 deste mês com a famosa actriz Sylvia Chang

 

É já no último dia deste mês que a Orquestra de Macau (OM) inaugura uma nova temporada de concertos para os anos de 2024 e 2025. E fá-lo em grande. Trata-se da apresentação da obra musical composta por Felix Mendelssohn, “Sonho de uma Noite de Verão”, inspirada na obra do escritor inglês William Shakeaspeare com o mesmo nome.

A obra, que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), a partir das 20h, traz a Macau a famosa actriz Sylvia Chang para interpretar 14 papéis, sendo também a narradora do espectáculo.

Segundo o programa, esta apresentação acontece depois do espectáculo ter passado por salas de Taiwan e Hong Kong. “Os múltiplos níveis de romance e humor da peça inspiraram gerações de artistas, mas nenhum é mais popular do que Felix Mendelssohn”, que conseguiu “um maravilhoso equilíbrio entre o classicismo e o romantismo”, pode ler-se na programação. Este concerto nasce de um trabalho de adaptação músical de Yuan-pu-Chiao, com a OM a fazer-se faz acompanhar por solistas e as vozes femininas do Coro Filarmónico de Hong Kong.

Segundo uma nota do IC sobre o programa, apresentado esta segunda-feira, trata-se de um cartaz que traz ao público local “colaborações interdisciplinares” que acabam por criar “um universo infinito de música com artistas a nível mundial”.

Sob o tema “Criar Infinidade”, a nova temporada pretende apresentar “obras-primas intemporais de estilos e épocas diversificados, desde clássicos proeminentes a obras contemporâneas comoventes, assim como obras de cooperação artística interdisciplinar”, sempre sobre a batuta do maestro da OM, Lio Kuokman.

Homenagem a Brahms

A temporada traz também a “Série de Concertos em Homenagem a Brahms”, uma estreia, e que contará com a presença dos solistas de violino Alexandra Conunova e Josef Špaček, o solista de violoncelo Pablo Ferrández, os pianistas Alexzi Volodin e “Niu Niu” (Zhang Shengliang) e ainda o conceituado maestro austríaco Christian Arming.

Segundo o IC, serão apresentadas as “obras de sinfonia e de câmara mais importantes” de Johannes Brahms, compositor, pianista e maestro alemão nascido em 1833 em Hamburgo e falecido em Viena em 1897.

Um dos espectáculos desta série intitula-se “Homenagem a Brahms – Uma Noite de Prólogo” e conta com o maestro Lio Kuokman, a violinista Alexandra Conunova e o violoncelista Pablo Fernández, estando agendado para o dia 7 de Março do próximo ano no grande auditório do CCM.

Destaque para a presença, nesta temporada da OM, do pianista francês Jean-Yves Thibaude, tido como “um dos melhores pianistas do mundo” e que vai interpretar o “Concerto para Piano n.º 5” do compositor francês Saint-Saëns. Além disso, o maestro Lio Kuok Man, que actua com batuta, tornar-se-á solista de piano no Concerto “Titã Infinito”, mostrando os encantos dos dois gigantes músicos Mahler e Ravel.

Fica a promessa de realização de “cooperações interdisciplinares” entre a OM e outras entidades artísticas, “integrando-se elementos de coreografia, teatro e artes visuais”. Um dos exemplos é o trabalho de parceria com o Ballet de Hong Kong para o bailado “Os Amantes Borboletas”.

Este espectáculo conta com a colaboração de Tim Yip, conhecido director de arte de teatro e cinema, que apresentará “ao público a clássica e perpétua história de amor com uma nova imagem”.

Apresenta-se ainda o programa da BBC, estação televisiva inglesa, “Sete Mundos, Um Planeta”, com a actuação ao vivo da OM, sendo que a narração promete “levar o público a atravessar os sete continentes”.

O cartaz conta ainda com o concerto ao ar livre “Sinfonia Estrelada nos Prados”, que conta com o famoso trompetista de pop e jazz Chris Botti. Espera-se ainda a presença de Hiromi Uehara, conhecida como a “mágica do piano de jazz”, que será protagonista do concerto de Ano Novo que traz uma “abordagem eclética”.

A presença de Bach

Por sua vez, a época da Páscoa será celebrada com um concerto especial que conta com a presença de Masato Suzuki, maestro japonês considerado especialista nas obras do compositor Johann Sebastian Bach. Suzuki irá tocar ao lado do Coro e Orquestra Barroca de Bach para interpretar a composição “Paixão segundo São Mateus”, de Bach.

Da Coreia do Sul chega o “Concerto de Amor em Seul”, com Choi Na Kyung, descrita como a “deusa da flauta” e a soprano Myung Joo Lee. Fica a promessa de um alinhamento repleto de músicas românticas a pensar no Dia dos Namorados.

Em Junho, mês em que se celebra o Dia Mundial da Criança, irá decorrer um “concerto sinfónico animado, com desenhos animados a serem passados em grande ecrã, cantores e coro, para que os jovens entusiastas de música também possam desfrutar do encanto da música e da animação” no MGM Theatre.

Por fim, a programação da nova temporada da OM traz também o espectáculo “Ecos de Antigos Poemas Tang”, fazendo parte da série de espectáculos “Miscelânea de Obras Chinesas”, que combinam “a atmosfera dos tempos antigos e música moderna, a fim de interpretar, de maneira inovadora, os poemas clássicos da dinastia Tang”.

Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda, mas algumas actuações ainda carecem de confirmação do dia.

7 Ago 2024

“Hush! | Novo festival de “Concertos na Praia” em Novembro

Está agendado para os dias 9 e 10 de Novembro, na praia de Hac-Sá, em Coloane, uma nova edição do popular festival de música “Hush! Concertos na Praia”, organizado pelo Instituto Cultural (IC). Neste sentido, estão a ser aceites propostas para a apresentação de músicos, bandas e projectos criativos que se possam apresentar no festival, vendendo produtos locais ou apresentando projectos de arte.

O IC declara, em comunicado, que até ao dia 15 deste mês serão aceites propostas, que visam “promover a cultura da música pop em Macau”, bem como apresentar, no que promete ser uma “maratona de música pop”, uma série de actividades relacionadas com “gastronomia criativa, recreação infantil e instalações artísticas”, sem esquecer o desporto ao ar livre. A ideia é criar um “festival de música multidisciplinar”.

No que diz respeito à música, o “Hush!” apresenta quatro secções, intituladas “Hot Wave”, “Upbeat Power”, “Music Chill” e “Hush! Kids”. Para participarem no evento, as canções de bandas e músicos devem ser originais em “pelo menos metade” de todo o repertório. Por sua vez, “as canções a interpretar na categoria ‘Hush! Kids’ podem não ser originais”.

Será ainda criado o “Projecto de Desenvolvimento Musical Temático”, permitindo às bandas, músicos e associações “mostrarem a sua criatividade na produção de espectáculos musicais temáticos únicos, proporcionando aos participantes uma experiência musical inédita”. O programa do “Hush!” deste ano conta ainda com o “Workshop de Música”, que tem a participação de instrutores a fim de transmitirem conhecimentos sobre a música pop.

O regulamento para a participação no “Hush!” está disponível no portal online do IC ou na página “Hush Full Music” na rede social Facebook.

6 Ago 2024