Hoje Macau EventosUCCLA espera renovação para “evitar acabar em museu” O novo secretário-geral da UCCLA quer modernizar a instituição “sem preconceitos” e com os olhos nos jovens lusófonos, aprendendo e aplicando o seu mundo nas várias actividades para evitar que esta associação intermunicipal se transforme num museu. Em entrevista à agência Lusa, a primeira desde que tomou posse como secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Outubro, Luís Campos Ferreira disse que encontrou uma instituição com alicerces fortes, que é respeitada, credível e está estruturada. A UCCLA “não precisa de reforçar alicerces, mas precisa de adaptar-se aos novos tempos e às novas gerações”, disse. “Temos de conseguir que as novas gerações não percam as relações que as gerações mais velhas tinham, relações muitas vezes a preto e branco, de tensão, de afectos e desafectos, de encontros e desencontros; mas eram relações, existiam, estavam lá”, defendeu. “Estamos a falar de novos ciclos. Não podemos ficar agarrados ao bem ou ao mal do passado, não é bom para ninguém: Ajustes de contas por um lado e saudosismos por outro (…) não chegam para alimentar as necessidades dos mais novos”, prosseguiu. Sobre a forma como pretende concretizar este impulso junto das gerações mais novas, disse apostar na continuidade dos métodos tradicionais, que “não devem ser abandonados”, como “as ligações entre as universidades”, fomentando eventos musicais, desportivos, culturais “com que os mais novos se identifiquem”. “Mas há um novo mundo. A língua é a mesma, mas há uma nova linguagem” e, nesse sentido, lembrou que os mais jovens têm uma linguagem estética, comportamental, de aprendizagem e de comunicação “diferente” e que “tem a ver com o mundo digital, com as novas realidades, a inteligência artificial, a própria evolução da maneira como os jovens veem a vida e as esperanças que eles têm”. Uma nova linguagem Para Luís Campos Ferreira, o papel da UCCLA deve ser o de acompanhar e fomentar essa nova linguagem, sendo “um espaço de oportunidades dessas novas linguagens”. E exemplificou: “Nós estamos habituados a exposições de pintura tradicional. A arte hoje é muito mais do que isso, a arte digital é um infinito. Nós próprios, tal como na área da economia, muitas vezes temos dificuldades em acompanhar essas evoluções, e falar de bitcoins…, são mundos escuros que muitas vezes temos dificuldades em perceber a lógica e o racional que preside àquilo. O mesmo acontece nas artes”. “Nós devemos, ao nível dos eventos, ao nível da criação de encontros e de culturas, promover que sejam à volta destas novas zonas em que os jovens se identificam e que sabem muito mais que nós sobre isso”, disse. “A UCCLA que eu vim encontrar precisa de partir para aí. Não é por uma questão de moda, não é por uma questão de rutura com o passado e, por isso, de preconceito. É por uma questão de manter vivas estas relações, porque senão transformamo-nos num museu da lusofonia”, advertiu. O próximo ano será “um bom teste” para esta nova forma de comunicar da UCCLA, em que o novo secretário-geral está empenhado, uma vez que a instituição celebra 40 anos, a par de outros três acontecimentos: Os 50 anos da independência da maior parte dos países de língua portuguesa, os 25 anos da transição de Macau e os 500 anos de Camões. “Vamos tentar ter acções muito simples, muito exequíveis, já com o foco nas novas gerações”, disse, acrescentando que as mesmas só terão sentido com jovens, “de idade e de espírito”, que tragam “novas formas de comemorar e de celebrar, que não sejam apenas aquelas cerimónias cheias de talha dourada e já com algum bolor do tempo”.
Hoje Macau EventosKun Iam | Centro Ecuménico renovado e inaugurado Foi inaugurado, esta quarta-feira, o novo Centro Ecuménico Kun Iam que se apresenta agora ao público como um “espaço de turismo cultural polivalente”, segundo o Instituto Cultural (IC). Para a inauguração, foi escolhida a exposição “Momentos de Luz com Kun Iam – Exposição Individual de Cristina Rocha Leiria”, arquitecta e escultora portuguesa. Assim, desde quarta-feira que é possível visitar “um espaço de turismo cultural polivalente, com espaços expositivos e lojas de venda de produtos culturais e criativos, contribuindo assim para o desenvolvimento do turismo cultural na comunidade e para a diversificação da oferta de experiências culturais do público”. Na mostra de Cristina Rocha Leiria, revelam-se “estátuas de Kun Iam e outras obras associadas, permitindo ao público apreciar a sua beleza transcendental da através da textura e dos contornos de materiais como o jade, o cristal, a madeira e o aço escovado, através da interacção entre a luz e as esculturas”. A exposição “é complementada com imagens e vídeos que retratam o processo de concepção e construção do Centro”. “Momentos de Luz com Kun Iam – Exposição Individual de Cristina Rocha Leiria” estará patente até ao dia 13 de Março de 2025, estando aberta ao público em geral, com entrada livre. O Centro Ecuménico Kun Iam está aberto diariamente das 10h às 18h.
Andreia Sofia Silva EventosLivraria portuguesa | Luís Mesquita de Melo apresenta novo livro Luís Mesquita de Melo, jurista e autor, lança o seu novo livro amanhã na Livraria Portuguesa. “Nas Esquinas do Olhar”, editado em Setembro com a chancela da Astrolábio, apresenta uma história que começa nos Açores, de onde é natural o autor, passando depois por Lisboa, Macau e Vietname. Os anos 80 e 90 espelham-se neste romance, que não esquece o ano da transição de Macau, numa “escrita muito sensorial” Chama-se “Nas Esquinas do Olhar” e é o novo romance de Luís Mesquita de Melo, jurista e ex-residente de Macau. Depois da edição em Portugal, em Setembro, eis que a Livraria Portuguesa acolhe amanhã o lançamento da obra. Trata-se de um “livro de impressões e atmosferas”, uma “viagem que, partindo dos Açores e passando por Lisboa, se abre ao mundo e ao Oriente em especial: Macau e Vietname”, descreve uma nota sobre o lançamento, da autoria de Vítor Dores. Assim, a viagem faz-se aos anos 80 e 90 do século passado, com referências à queda do Muro de Berlim, em 1989, e à transição de Macau em 1999. Além disso, o livro “articula-se em dois planos geográficos e temporais, intercalando, em flashbacks muito visuais, a lembrança nostálgica com a descoberta dos grandes espaços urbanos desse ‘Oriente longíquo'”. Faz-se, nas páginas do livro, a “revisitação da ilha [dos Açores] como espaço matricial e mítico, e da infância e da adolescência enquanto paraísos irremediavelmente perdidos”. Vítor Dores destaca ainda, na obra, a mescla de lugares, cheiros e sabores, com laivos de “açorianidade e orientalidade”, com contrastes metafóricos como “o anticiclone dos Açores e a asiática monção do Nordeste” ou ainda o “canal Faial/Pico e os mares do sul da China, o bulício de Saigão e a paz contemplativa da paisagem açoriana”. “Nas Esquinas do Olhar” traz personagens como Álvaro dos Reis, jovem que “chegou ao meio do mar para escrever um livro”, trazendo em si “a alma viajada e ideias que voam à solta enredadas em palavras que se lhe colaram para sempre à ponta dos dedos”. Álvaro é um “ilhéu atlântico, faialense de nascimento que cresceu entre a tentação do grande Sul e da navegação de longo curso”. Mas também Thu, uma jovem vietnamita, “impossivelmente bonita, que desceu sem querer ao mais baixo de si, do outro lado do Golfo de Tonkin, na margem errada do Rio das Pérolas, quando só queria dançar na sua vontade triste de ser alegre”. Há depois um chinês, “bate-fichas em Macau, capaz de manobrar o lado mais negro da fraqueza humana”, lê-se na obra. Do Direito à literatura Esta não é a primeira vez que Luís Mesquita de Melo envereda pela literatura, tendo lançado, em 2019, “A Humidade dos Dias”. Nascido na ilha da Horta, Açores, em 1964, licenciou-se em Direito e, em 1990, rumou ao Oriente, tendo trabalhado em Macau no Gabinete para a Modernização Legislativa e como assessor do Presidente da Assembleia Legislativa de Macau. Reside actualmente a tempo inteiro no Vietname trabalhando como advogado e executivo de empresas ligadas à indústria do jogo e ao desenvolvimento de projectos na área da hospitalidade e dos resorts integrados. Em 2022 Luís Melo lançou outra obra, intitulada “Navegações e Outras Errâncias”.
Hoje Macau EventosNovo livro relata perfil de Manuel Teixeira Gomes como homem de negócios “Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, livro do investigador Gonçalo Couceiro, que revela documentos inéditos, destaca as facetas de homem de negócios e de agente de seguros do escritor Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), sétimo Presidente da República portuguesa. “A detalhada e profunda investigação de Gonçalo Couceiro revela pela primeira vez a atividade [de Manuel Teixeira Gomes] de agente da Companhia de Seguros Fidelidade em Portimão”, escreve no prefácio a jornalista Helena Garrido, destacando que a investigação permite “compreender melhor a sua actividade e experiência de empresário exportador”. No livro “Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, Couceiro relata o último negócio fechado em território nacional, quando viajava no cargueiro Zeus a caminho da Argélia onde residiu exilado, em Bougie, actual Béjaïa, até morrer. O navio atracou no porto de Setúbal, cidade onde se jogou uma partida de futebol entre o Vitória local e o Portimonense, e onde Teixeira Gomes recebeu o seu amigo de infância António do Alvo que, tratando-o por ‘Manelinho’, lhe propôs um negócio, de imediato fechado. “Pela primeira vez, encontrámos documentos que bem atestam o modo de agir de um empresário moderno, muito atento à prevenção de risco e à montagem das operações comerciais e logísticas, em terra ou no mar, que envolviam a sua actividade”, salienta Gonçalo Couceiro. Até 1904, em nome do pai, José Libânio Gomes, Manuel Teixeira Gomes garantia o expediente, contabilidade e actividade seguradora da então Vila Nova de Portimão, mas “o próprio Teixeira Gomes foi também, por alguns meses, o agente da Companhia de Seguros Fidelidade”, realça Couceiro referindo que este facto é “ignorado e omisso nas suas biografias”. Manuel Teixeira Gomes foi negociante e exportador de frutos secos, em particular para o norte da Europa. Quando o escritor se viu obrigado a deixar os negócios, redigiu uma carta ao irmão José. Nesse documento, Manuel Teixeira Gomes revela-se “um homem prático, um gestor que […] domina a escrituração contabilística e financeira e estabelece um ‘manual’ para uso interno”. Papéis queimados Realça ainda Gonçalo Couceiro, que os papéis de Teixeira Gomes em Portimão, como o escritor disse ao jornalista Norberto Lopes, autor de “O Exilado de Bougie”, foram queimados, por ordem sua. “De 1911 para trás, isto é, antes da minha partida para Londres [onde foi embaixador de Portugal], não tenho passado. E olhe que não me arrependo de ter mandado queimar essa papelada velha”, disse a Norberto Lopes, cita Couceiro. Os documentos sobre a sua actividade como agente de seguros estão, todavia, preservados no arquivo da respectiva companhia, e merecerá um tratamento futuro, “até estatístico/comercial”, mais detalhado, alvitra Gonçalo Couceiro que considera não ter sido dado “justificado relevo à sua actividade comercial” em obras sobre o autor de “Agosto Azul” e “Sabina Freire”. Para o autor esta omissão deve-se por se considerar a faceta comercial pouco relevante, “em vista da espantosa produção literária ou do desempenho notável que teve na vida pública”. Foi a sua actividade comercial, com sede em Portimão e um escritório em Antuérpia que “lhe deu independência económica, liberdade pessoal e lhe possibilitou ser coleccionador que reuniu perto de um milhar de obras de arte que hoje se encontram nos museus portugueses”. Gonçalo Couceiro afirma-se “convicto” de que foi a sua condição de homem de negócios que “lhe permitiu uma vida ‘romanesca’, livre e criadora”. A obra publica alguma documentação, nomeadamente na área de seguros e alguma correspondência o que permite uma aproximação “à forma como eram feitos os negócios da sua casa comercial e sobretudo na transição operada” após a morte do pai do escritor, em 1905.
Hoje Macau Eventos50 anos de carreira do cartoonista António revistos hoje na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje a sessão “António: 50 anos de cartoons”, que aborda a carreira de António Antunes, um dos mais importantes cartoonistas portugueses, colaborador de longa data do semanário Expresso. A conversa, moderada pelo jornalista Gilberto Lopes, começa às 18h30. António iniciou a carreira como cartoonista no vespertino “República”, na mesma data em que ocorreu a tentativa de golpe de Estado a partir das Caldas da Rainha, onde se desenhou uma antevisão da Revolução de Abril. António começou a sua jornada na imprensa como uma “brincadeira”, tendo colaborado com publicações como “Diário de Notícias”, “A Capital”, “A Vida Mundial” e “O Jornal”, antes de se tornar colaborador do “Expresso”, onde permanece até hoje. A sua habilidade inegável de comunicar com humor – muitas vezes mordaz – provoca emoções complexas e gera diálogos construtivos, resultando em uma carreira repleta de prémios e distinções, destaca uma nota de imprensa. Desenhos ou terramotos? Na sessão de hoje pretende-se analisar também se a “arte de um cartoon pode realmente provocar terramotos políticos e sociais à escala global”, dando-se o exemplo do cartoon, de 1993, com a imagem do então Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, uma reacção às suas declarações durante a epidemia de sida em África. Este cartoon levou a discussões no Parlamento, após a reunião de 29 mil assinaturas por parte da comunidade católica contra o cartoon. Mais recentemente, o cartoon “Pax Canina”, publicado no jornal New York Times, retratou o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, gerando acusações de antissemitismo e levando o jornal a abandonar a publicação de cartoons na sua edição internacional. Outro exemplo marcante, é o cartoon “O gueto Varsóvia em Shatila”, que recebeu o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal em 1983, mas também provocou a ira da comunidade judaica. A imagem foi inspirada numa fotografia de um jovem do gueto de Varsóvia, retratando um campo de refugiados palestinianos em Shatila. Assim, segundo uma nota da “Somos!”, a associação que promove o encontro, o debate de hoje pretende encontrar respostas para questões em torno do papel do cartoon, nomeadamente se este deve “ter limites na forma de expressão artística e satírica”. Actualmente, existe “uma pressão sobre a liberdade de expressão, que cria um clima desfavorável para o cartoon”, tendo “muitos cartoonistas sido despedidos, censurados, presos ou exilados”, destaca a mesma nota. Nascido em Vila Franca de Xira em 1953, António Antunes sempre assinou os seus cartoons como António, tendo-se formado em Pintura na Escola Artística António Arroio, de Lisboa. Começou a publicar cartoons a 16 de Março de 1974 no jornal República, sendo colaborador permanente do semanário Expresso desde o final de 1974. É um cartoonista premiado internacionalmente.
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | Taoísmo expresso em nova mostra de Gao Shiqiang É hoje inaugurada uma nova exposição no Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Trata-se de “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, com obras em vídeo ligadas ao universo e paisagens taoistas O Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) acolhe hoje, a partir das 18h30, a mostra de Gao Shiqiang intitulada “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, uma exposição onde o público local poderá ver trabalhos de vídeos relacionados com o conceito de “Sanshi”, ligado ao espírito e corpos humanos, mas mantendo igualmente uma conexão ao taoísmo e à cultura chinesa. Podem ser vistas obras que “têm como pano de fundo montanhas e águas”, revelando-se “a paisagem do desenvolvimento da China”, transmitindo-se “a diversidade de consciências e a profundidade do tempo e do espaço no mundo das montanhas e águas”. Patente no Albergue SCM até ao dia 5 de Janeiro, esta mostra é organizada pelo Círculo de Amigos da Cultura (CAC) do Albergue SCM, e conta com curadoria de Noah Ng, ligado à direcção do CAC, e de Wu Qiong, vice-presidente do departamento de Arte Experimental da School of Intermedia Art [Escola de Arte Intermédia] da Academia Chinesa das Artes. Segundo o manifesto apresentado pelos curadores, esta exposição nasce de um projecto desenvolvido na Escola de Arte Intermédia intitulado “Shanshi, a Cosmotechnic”. No âmbito desta iniciativa, foram desenvolvidas actividades por um colectivo de criadores coordenado por Gao Shiqiang. “Entendemos o ‘Teatro Shanshi’ como o esforço de um colectivo criativo para recriar uma performance em torno da ‘cena Shanshi'”, levando as paisagens e tradições taoistas para “ambientes urbanos e espaços de exposição” através do trabalho criativo. Desta forma, a ideia de “Teatro Sanshi” remete para a apresentação “de um contexto de desenvolvimento completo de ‘Shanshi’ que transita da ideia de ‘oculto’ para um lado ‘visível’ através da justaposição das obras dos artistas de diferentes fases”. O chamado “espírito shanshi”, que está “enraizado nas tradições filosóficas taoistas, há muito que está impresso nos genes culturais do povo chinês, manifestando-se como uma forma holística única de percepcionar, compreender e ligar com o mundo”. Há, depois, uma interligação com a arte contemporânea, com a ideia de “Shanshi” a ser “constantemente objecto de uma viagem de ‘partida – regresso’ para a maioria dos artistas chineses”. Para os curadores, esta mostra no Albergue SCM constitui “uma prova deste fenómeno”. Seis partes Na galeria do Albergue SCM podem ser vistas seis obras de Gao Shiqiang realizadas entre os anos de 2007 e 2022. São elas “Butterfly Lovers”, uma peça inspirada “na pungente história de amor popular chinesa de Liang Zhu”, em que “duas figuras históricas que não existem no mesmo espaço-tempo são fundidas num contexto narrativo especial”. Para este trabalho, o artista recorreu ao “reflexo mútuo de três casais para restaurar o amor e a história retratados na lenda”. Segue-se a peça “The Other There”, que “observa com frieza as aldeias ao longo da fronteira entre a China e a Rússia, as fábricas em Mudanjiang e as paisagens urbanas em Hangzhou”. Neste caso, há uma “exploração de temas populares, como a modernização e o consumismo que parecem ser meramente superficiais”, sendo que, aqui, “o artista procura um outro olhar que consiga transcender” uma certa lógica causal. “Spring” e “QingBang”, duas instalações-vídeo em Zhoushan, uma cidade costeira em Zhejiang, foram criadas simultaneamente. Gao refere-se a estes dois trabalhos de forma humorística, descrevendo “QingBang” como o cenário de “Spring”. “QingBang” é, assim, descrito como um vídeo que “desperta sentimentos de nostalgia através do sonho de amor de dois jovens, reflectindo ainda mais a contemplação do artista” sobre esse tal olhar próprio. No caso de “Spring”, revela-se “o desenvolvimento de Zhoushan, uma cidade situada na vanguarda da costa sudeste”, um dos símbolos do movimento económico de Reforma e Abertura vivido na China a partir de meados dos anos 80. As restantes peças, nomeadamente “Shanshi, a Cosmotechnic” e “Dawn”, pertencem à “Série Shanshui” de Gao. O primeiro inaugura a série, enquanto “Dawn” apresenta “uma vista panorâmica da ‘paisagem de mil milhas’ das montanhas Taihang através de um único take longo sob a forma de um rolo longo”. Em termos gerais, a “Série Shanshi” visa “revitalizar a tradição, partilhando a experiência de ‘Shanshi’ e a visão do mundo que lhe está subjacente, criando um novo ‘caminho para a compreensão contemporânea do mundo”. Ainda segundo os curadores, todos os trabalhos expostos nesta mostra permitem uma observação de “múltiplas camadas de ligações ou contrastes”, sob os conceitos de “tempo – espaço, narrativa – não narrativa, tradição – modernidade, templo – floresta de montanha, natureza – civilização”. Gao Shiqiang nasceu em Shandong em 1971, estando ligado à criação e investigação de escultura situacional, instalação e vídeo experimental desde meados dos anos 90. No início da década de 2000, os seus trabalhos de investigação e ensino começaram a centrar-se na arte da imagem em movimento, dedicando-se também à investigação narrativa.
Hoje Macau EventosRAEM, 25 anos | Lançado livro com testemunhos “incontornáveis e poderosos” Foi ontem lançado, em Lisboa, na Biblioteca das Galveias, o livro “Macau entre Portugal e a China – 25 testemunhos”, com coordenação de Maria do Carmo Figueiredo, antiga presidente da Teledifusão de Macau. Eis uma oportunidade para recordar palavras sobre Macau de personalidades como Ana Paula Laborinho, José Garcia Leandro, antigo governador, ou Carlos Monjardino A coordenadora do livro “Macau entre Portugal e a China – 25 testemunhos” disse à Lusa que a obra conta com testemunhos “incontornáveis e poderosos” sobre a transferência de administração portuguesa de Macau para a China. “Pensei que era importante ter um livro que falasse de Macau e procurei 25 testemunhos inéditos para assinalar a data”, refere Maria do Carmo Figueiredo, jurista, que relembra que dia 20 de Dezembro se assinalam os 25 anos da transferência da administração portuguesa de Macau para a República Popular da China, nos termos da Declaração Conjunta, assinada em Abril de 1987, em Pequim. A antiga presidente da TDM (Teledifusão de Macau), que escolheu as 25 personalidades que colaboram nesta obra, destaca os testemunhos de três protagonistas da história. São eles, os antigos Presidentes António Ramalho Eanes, Aníbal Cavaco e Silva e do último Governador de Macau, Vasco Rocha Vieira. “A forma como decorreram as negociações e o conteúdo do acordo foram um exemplo para a comunidade internacional”, escreve Aníbal Cavaco Silva, ex-Presidente português (2006-2016) e primeiro ministro, que assinou em Pequim a Declaração Conjunta entre Portugal e a China. No seu testemunho, Cavaco Silva, acrescenta, ainda, que “foi um bom acordo, que salvaguardou direitos políticos, económicos, religiosos, sociais e laborais dos habitantes de Macau”. Para António Ramalho Eanes, Presidente entre 1976 e 1986, “o acordo conseguido em conformidade com o princípio ‘Um país, dois sistemas’ honrou a República Popular da China, respeitou a dignidade de Portugal e salvaguardou os interesses de Macau.” Por outro lado, é destacado pelo General Vasco Rocha Vieira, último Governador de Macau, que ” a localização linguística e o trabalho desenvolvido no sentido de afirmar o bilinguismo em Macau esteve diretamente relacionado com a localização das leis” e, acrescenta, que “a preservação da identidade de Macau era um objetivo estratégico quando se refletia sobre o processo de transição a longo prazo”. Uma espécie de dicionário Neste livro, de 302 páginas, que constitui “um dicionário de pessoas e factos”, é possível o leitor ficar a conhecer “o encontro entre o Ocidente e o Oriente, as conversações e as negociações para a transferência de poderes, a gestão de Macau após o 25 de Abril e no período de transição, o impacto na educação, na cultura, na vida económica, financeira e social, na comunicação social em língua portuguesa, na ponte Portugal- China-Países de língua oficial portuguesa, na preservação do legado luso em Macau e do legado de Macau em Portugal e na permanência da Igreja Católica em Macau”. Sobre este último aspecto, escreve a coordenadora sobre “a importante” referência no testemunho de padre Peter Stilwell ao Presidente Mário Soares, “que sempre encorajou a Igreja Católica a retomar o ensino superior em Macau”. Maria do Carmo Figueiredo destaca, também, o testemunho “notável” do embaixador Pedro Catarino, representante da República há mais de dez anos na Região Autónoma dos Açores e o primeiro chefe da parte portuguesa no Grupo de Ligação Conjunto entre Portugal e a China. Por último, a coordenadora destacou o contributo de todos aqueles que tornaram possível esta obra, citando vários nomes, entre eles, os de jornalistas. Além dos cinco testemunhos referidos anteriormente, colaboraram nesta obra, Adriano Jordão, Ana Paula Laborinho, António Caeiro, António Noronha, Carlos Cid Álvares, Carlos Monjardino, Eduardo Marçal Grilo, Gilberto Lopes, João Charters de Almeida, Joaquim Chito Rodrigues, Jorge Rangel, Jorge Silva, José Avillez, José Garcia Leandro, José Rocha Dinis, José Rodrigues dos Santos, Maria Alexandra Costa Gomes, Maria Celeste Hagatong, Pedro Pauleta e Rui Martins. O livro tem a chancela da Âncora editora e foi apresentado por António Vitorino, figura histórica do Partido Socialista e ligado à última administração portuguesa de Macau.
Hoje Macau EventosCentenário da morte do poeta Camilo Pessanha com pré-lançamento O centenário da morte do poeta Camilo Pessanha, natural de Coimbra, vai ser assinalado na cidade em 2026, tendo as entidades promotoras marcado para quinta-feira um pré-lançamento das comemorações. “Autor de uma obra breve, mas de elevado requinte estético, Camilo Pessanha é considerado o mais alto expoente do simbolismo em Portugal e exerceu uma notável influência sobre a lírica portuguesa do século XX, como reconheceram autores tão determinantes como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Eugénio de Andrade ou Carlos de Oliveira”, disse à agência Lusa o investigador António Apolinário Lourenço. Este professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) é um dos organizadores do programa dos 100 anos da morte de Pessanha, promovido através de uma parceria do Centro de Literatura Portuguesa, que tem sede na FLUC, com o Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC), liderado por Valdemar Rosas. “Apaixonado pela arte oriental, Pessanha escreveu vários ensaios sobre a produção artística chinesa e reuniu um significativo conjunto de peças representativas dessa arte, que legou ao Estado português e que se encontram depositadas no Museu Machado de Castro, em Coimbra”, salientou Apolinário Lourenço. Vida em Macau Nascido na cidade do Mondego, em 7 de Setembro de 1867, o poeta frequentou o Liceu e a Universidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Direito se licenciou. Partiu depois para Macau, onde foi professor de filosofia, conservador do Registo Predial e temporariamente juiz, tendo morrido no dia 1 de Março de 1926. Ficou sepultado no território. Em vida, Camilo Pessanha publicou apenas o livro “Clepsidra”, em 1920, com os poemas reunidos e organizados pela sua amiga Ana de Castro Osório. Esta quinta-feira, às 19h, realiza-se o pré-lançamento das comemorações do centenário da sua morte, no café Santa Cruz, em Coimbra. A iniciativa “A caminho do centenário” inclui a leitura de poemas do autor, por Albino Matos, Beatriz Matos, João Rasteiro, Maria João Simões, Natália Queirós, Valdemar Rosas e António Apolinário Lourenço. Os actores Francisco Paz e Maria Manuel Almeida, da Cooperativa Bonifrates, irão ler, respectivamente, uma carta de Pessanha a Ana de Castro Osório, em que lhe declara o seu amor, e a resposta da feminista republicana, explicando “as razões que a obrigam a declinar um compromisso amoroso com o poeta”. O programa completo, que será apresentado em 2025, incluirá reuniões científicas, exposições e publicações, entre outros eventos. A Câmara Municipal e a Reitoria da Universidade de Coimbra associam-se às comemorações, cujo “ponto alto” será em 2026. Nas últimas décadas do século XX, junto às Escadas Monumentais, funcionou o bar Clepsidra, ponto de encontro de sucessivas gerações da esquerda académica de Coimbra que renomearam o espaço como “Clep”. A memória de Camilo Pessanha está perpetuada na toponímia da cidade e no programa “Clepsidra”, realizado por João Pedro Gonçalves, que a Rádio Universidade de Coimbra (RUC) emite semanalmente há longos anos.
Andreia Sofia Silva EventosVila da Taipa | Exposição de Crystal W. M. Chan para ver até Fevereiro A Associação Cultural da Vila da Taipa acolhe, até Fevereiro, uma nova exposição da artista local Crystal W. M. Chan, intitulada “Subtropical Romance”. Trata-se de uma mostra de pintura da artista que fez formação superior em Nova Iorque e que faz parte da nova geração de artistas de Macau. Ao HM, Crystal Chan confessou que grande parte dos quadros presentes na vila da Taipa foram pintados este ano por altura da sua gravidez. “A minha filha nasceu em Outubro, trouxe muita alegria à minha vida e isso influenciou-me a ver o mundo de forma diferente. [A minha gravidez] trouxe novas cores à minha vida e também à minha paleta de pinturas”, disse. Porém, mais do que quadros pintados num certo estado de graça, Crystal W. M. Chan aponta que estas pinturas são também “uma reflexão sobre viagens e turismo, pois depois da covid todos nós ficamos com vontade de viajar”. “Adoro ir a praias e ilhas, gosto do Verão, do sol e do mar. Penso que o clima tropical faz as pessoas felizes, no geral. Além disso, muitos turistas visitam Macau, uma cidade subtropical de onde sou natural e onde vivo. Comecei a pensar na relação que temos com o nosso local de origem e como tentamos fugir dele para outro paraíso imaginado. Como todos os frutos, árvores e plantas também migraram de um continente para outro e se tornaram símbolos tropicais exóticos.” Assim, no meio de tantas viagens e correlações entre lugares tropicais, a artista começou a pensar “na forma como lugares se transformam em desejos e realizam as nossas fantasias”. “Não me lembro de ter visto, enquanto crescia, todas estas palmeiras em Macau, mas agora tornaram-se parte do cenário deste paraíso manufacturado”, adiantou a artista, cujas obras também remetem para a ideia “do encontro do Oriente com o Ocidente como slogan turístico”. O regresso Há cinco anos que Crystal W. M. Chan não expunha em nome próprio em Macau. Agora, “Subtropical Romance” surge numa altura em que a pintura dá à artista “tempo para contemplar e reflectir num ambiente calmo, num ano com muitas mudanças”. O nome da exposição remete “para o sítio onde nos encontramos neste momento, que é Macau, e que vem tanto da situação climática real como a ideia de tropical, numa espécie de imaginação em relação a férias de lazer”. Em relação ao conceito de romance, pode ser pensado “como uma fantasia, uma história de amor, mas o romantismo é também um género dos séculos XVIII e XIX que foi muito significativo na história da arte”. “É um movimento em resposta à era do Iluminismo e à Revolução Industrial, quando as pessoas sentiram a necessidade de se exprimirem, de sentirem e de imaginarem. Tem a ver com paixão, intuição e emoção. Também tem a ver com a relação entre os seres humanos e o ambiente”, acrescentou. Crystam W. M. Chan tem feito projectos em parceria com o seu marido, o também artista Benjamin Kidder Hodges, estando “sintonizada” no ambiente em que se encontra, com preocupações sobre as grandes mudanças em Macau. “Desde que voltei para Macau por causa da covid que testemunhei o processo de construção das ilhas artificiais entre Macau e a Taipa e aprendi mais sobre o facto de a recuperação de terrenos fazer parte da história do desenvolvimento de Macau. Estes projectos também dizem respeito à forma como somos tão cegos ou tão impotentes perante as alterações ambientais. Penso que a arte sonora permite-me construir um ambiente que sintoniza os nossos ouvidos para ouvir o que nos rodeia.” A artista diz estar “feliz por manter a pintura como a principal prática artística”, pois é um género artístico que “requer mais conversação interna, como um monólogo”, querendo apostar também em arte sonora. A exposição pode ser vista na galeria da associação na Rua dos Clérigos.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteLivro | Viagem do “Pátria” contada agora ao público infanto-juvenil Filipa Brito Pais, sobrinha-neta do aviador Brito Pais, que há 100 anos fez a primeira viagem aérea de Portugal a Macau com Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, acaba de lançar o livro que conta essa história aos mais novos. “A aventurosa viagem do Pátria” tem prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa A Edições Afrontamento acaba de lançar em Portugal mais uma obra que conta a viagem do “Pátria”, nome do avião que, há 100 anos, percorreu os céus desde Vila Nova de Mil-fontes até Macau, a primeira viagem do género a ser realizada. Lá dentro, iam os aviadores Brito Pais e Sarmento de Beires, bem como o mecânico Manuel Gouveia. Filipa Brito Pais, sobrinha neta do aviador Brito Pais, e professora do primeiro ciclo do ensino básico, é a autora de “A aventurosa viagem do Pátria”, destinado a um público infanto-juvenil, e com ilustrações de Leonor Almeida. O prefácio está a cargo do Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, que também dá apoio à edição do livro. Ao HM, a autora explicou que o livro se dirige a pequenos leitores a partir dos oito anos, mas “pode ser adaptado a adultos que queiram conhecer a história mais rapidamente e que gostem de banda desenhada”. Houve muitas aventuras a ficar de fora, embora haja muitas por contar. “Não retrata todas as etapas, porque seria impossível que o fizesse por ser para crianças. É um livro cuja história está bastante reduzida, até a pedido do meu editor, porque queria meter todas as peripécias e aventuras que eles viveram. A história de escreverem na tela do avião, na partida, foi uma das que não escrevi. O facto de Manuel Gouveia [o mecânico], dizer que era um homem do Norte, e que se fosse para morrer, morria-se. Outra do banho tomado a água fria que afinal era água a ferver.” São peripécias “demonstrativas de coragem e perseverança, capacidade de liderança”, sendo que este é um livro com uma mensagem forte, para que os jovens “não desistam dos seus sonhos”. Filipa Brito Pais cresceu a ouvir algumas histórias da grande aventura protagonizada pelo seu tio bisavô, e contada em livro pelo seu companheiro de viagem, Sarmento de Beires. Com as actividades de comemoração do centenário da viagem, Filipa percebeu que os mais jovens gostavam da história, mas não havia material de leitura para lhes transmitir a aventura. A ideia de fazer um livro começou a surgir a partir de 2017, quando, por ironia do destino, Filipa Brito Pais foi colocada numa escola em Colos, Odemira, a Escola Básica Aviador Brito Pais. Colos é a terra dos seus avós, e aí, com os colegas, Filipa começou a falar de uma história desconhecida. “Com a aproximação do centenário surgiram convites para eu ir à escola dar palestras, incluindo da Escola Portuguesa de Macau. Aí senti que, realmente, existia curiosidade e tanto as crianças como os jovens gostam da história, mas não havia literatura sobre o assunto. Então, nas palestras, levava comigo para a literatura adulta, nomeadamente o original de Sarmento de Beires com cerca de 100 anos. Face à mensagem que transmito nas minhas palestras, no sentido de os jovens não desistirem dos sonhos, para terem a coragem que os aviadores tiveram, comecei a adaptar para criar este livro”, contou. Carinho em Colos Filipa Brito Pais ainda conheceu “a tia Céu”, que foi a grande impulsionadora da angariação de fundos feita em todo o país para que a viagem pudesse acontecer, e que contou com apoios financeiros das famílias dos aviadores. Tal movimento chegou a aparecer nos jornais da época e a gerar bastante entusiasmo. “Lembro-me de ir a casa dela e ainda ouvir as histórias. Como criança as coisas iam surgindo, tínhamos os quadros e os livros. A minha avó falava muito dele, a minha bisavó também. A nossa casa era na Rua dos Aviadores, em Vila Nova de Mil-fontes, que acolhia os aviadores quando iam a Mil-fontes.” Filipa Brito Pais lamenta que a história esteja hoje “bastante esquecida em Portugal, ao contrário do que acontece em Macau”, por oposição à muito conhecida viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. “Foi uma estória apagada da história por questões políticas que hoje conhecemos, e em Colos percebi que havia um grande carinho por ela. Com o centenário começaram a haver maiores movimentações na família no sentido de honrar e continuar o legado deixado pelo meu tio bisavô. “A aventurosa viagem do Pátria” conta, assim, a “aventura épica” feita em 1924, quando estes três homens deixaram “o nome de Portugal na História da Aviação Mundial”. “Brito Pais e Sarmento de Beires sonharam em voar e em honrar a Pátria e Camões, escolhendo o destino de Macau, que nessa época era terra portuguesa. Sem apoios financeiros e com um avião velho e pesado, arriscaram e voaram por países que até então, nunca ninguém tinha ousado voar. Foram muitas as aventuras e poderiam ter desistido perante as adversidades que foram encontrando, mas não! Eles continuaram.” Na mesma descrição do livro, é apontado que a obra revela “não só a força portuguesa e o amor à Pátria destes três heróis nacionais, esquecidos na história, como também mostra que nunca devemos desistir dos nossos sonhos até alcançar o nosso objectivo”.
Hoje Macau EventosLiteratura | Maria Teresa Horta na lista da BBC das 100 mulheres mais influentes A escritora portuguesa Maria Teresa Horta foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que inclui artistas, activistas, advogadas ou cientistas. A escritora e jornalista portuguesa é descrita como “uma das feministas mais proeminentes de Portugal e autora de muitos livros premiados” destacando as “Novas Cartas Portuguesas”, escrito em co-autoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. O livro no qual as autoras denunciavam as opressões a que as mulheres eram sujeitas, no contexto da ditadura, da violência fascista, da guerra colonial, da emigração e da pobreza que dominava o país, foi banido e censurado pelo regime. A proibição daquela obra pelo governo autoritário no ano da publicação, em 1972, e o julgamento do processo conhecido por “Três Marias”, por alegada ofensa à moral pública, segundo os padrões da censura, “fez manchetes e inspirou protestos em todo o mundo”, escreve a BBC. O impacto internacional da obra deu-se logo pouco depois da sua divulgação em França pela escritora Simone de Beauvoir, e pelo conhecimento público do processo de que as “Três Marias” estavam a ser alvo, com a cobertura do julgamento feita por meios de comunicação internacionais (entre os quais Le Monde, Time, The New York Times, Nouvel Observateur e televisões norte-americanas), manifestações feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro e a defesa pública da obra e das autoras por várias personalidades internacionais, como Marguerite Duras, Doris Lessing, Iris Murdoch e Delphine Seyrig. Estas acções fizeram com que o caso fosse votado, em Junho de 1973, numa conferência da National Organization for Women (NOW), em Boston, como a primeira causa feminista internacional. O caso foi simbólico na queda do regime pela Revolução de 25 de Abril de 1974, a qual celebrou este ano o 50.º aniversário, recorda a BBC. A lista “BBC 100 Women” deste ano inclui nomes de pessoas mais conhecidas, como a actriz norte-americana Sharon Stone, a artista britânica Tracey Emin, a sobrevivente do caso de violação em França Gisèle Pelicot e a iraquiana Nadia Murad, vencedora do Prémio Nobel da Paz. As brasileiras Lourdes Barreto, activista pelos direitos das prostitutas, e a ginasta Rebeca Andrade e a bióloga Silvana Santos também estão na lista, que teve em conta a imparcialidade e a representação regional. Percurso de peso Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante activa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres. Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romance e conto. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.
Hoje Macau EventosNova edição de Festival Internacional da Creative até terça-feira Decorre até à próxima terça-feira, 10, a nova edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, um evento organizado pela Creative Macau e que mostra o que de melhor se faz no género curta, documentário ou animação a nível mundial. Mais uma vez, as sessões decorrem no Teatro Capitol, bem no centro da cidade. Destaque para a sessão de hoje que começa às 14h com a secção “Shorts Fiction”, com a exibição de “Son”, de Saman Hosseinpuor, da Suíça e Irão, e “Spiritum”, do México, do realizador Adolfo Margullis. Da China chegam-nos as produções “One More Chance”, de Wu Hanmo; “Growing Pains”, de Shengwen Ruan; ou ainda “Where Does the Bird Fly”, de Dorji Gyaltsen. Destaque ainda para a secção deste festival dedicada às produções cinematográficas da Grande Baía. Hoje exibe-se “Wena”, inserida na secção “Expanded Cinema – Greater Bay Area – Fiction”, da autoria de Natalie Kung, de Hong Kong. De Macau apresentam-se, nestes dias, películas como “A Long Journey to Farewell”, de Chen Meng Hang Yangpei; “One Night Legends”, de Jenny Wan; “Change”, de Sherwin Hng ou ainda “Finding You Ying in…What is it?”, da aclamada realizadora local Tracy Choi e Xu Wei. Em nome de Portugal Esta sexta-feira será a vez de exibir uma película portuguesa. “O Estado de Alma”, de Sara Naves, é uma curta-metragem de animação que conta a história de Alma, uma menina que “acorda todos os dias com uma nova condição, sofrendo as mais variadas transformações físicas que reflectem os seus sentimentos de inadequação e a impedem de seguir uma rotina diária normal”. Neste filme, Alma sente-se, a cada dia que passa, “gradualmente mais só e afastada de todos”. Ainda nas curtas de ficção apresenta-se “Sonido: Ivans & Tobis”, de Diogo Baldaia; ou ainda “As Gaivotas Cortam o Céu”, de Mariana Bártolo e Guillermo García López. Destaque também para a realização de algumas masterclasses, nomeadamente no sábado. Uma delas, que começa às 17h, intitula-se “Narrative Odyssey: A Journey Through Storytelling Mediums” e conta com Soumitra Ranade como oradora. Às 19h é a vez de Lúcia Lemos, ex-directora da Creative Macau, fazer um balanço dos filmes de ficção mais poderosos que passaram pelo festival entre os anos de 2015 e 2023. Na segunda-feira, serão ainda exibidos mais documentários a partir das 14h, nomeadamente “Chri$stine”, de Christine Seow, de Singapura; ou “O que nos espera”, de Chico Bahia e Bruxo Xavier, do Brasil. O festival encerra com uma gala de atribuição de prémios e concertos a partir das 17h30. A organização sublinhou que recebeu “um número final impressionante de 5.836 candidaturas de mais de 130 países de regiões”. Na edição de 2023, a primeira com a presença de realizadores estrangeiros após a pandemia de covid-19, o festival tinha recebido 4.051 trabalhos para a selecção oficial, sendo que a lista de finalistas incluiu obras oriundas de 51 países. O vencedor do festival pode receber um prémio de até 20 mil patacas. A audiência poderá votar nos favoritos nas categorias de Ficção, Documentário e Animação, podendo participar também na escolha do Melhor Filme do Público. “O cinema é um entretenimento para narrar acontecimentos, documentários, comédia e histórias. Este é particularmente o caso das tecnologias actuais que servem para proporcionar um pódio para os cineastas transportarem as suas histórias para o público”, afirmou a directora do festival, Margarida Cheung Vieira. O evento vai ainda acolher três masterclasses ministradas por profissionais e cineastas sobre como “chamar a atenção em festivais de cinema, explorar personagens para actores e transformar a inspiração em material cinematográfico cativante”, indicou a organização. Lançado em 2010, o Festival Internacional de Curtas Metragens de Macau apresenta produções independentes de reduzido orçamento.
Andreia Sofia Silva EventosGraffiti | Festival “!Outloud” com mais de 30 artistas na rua Está aí mais uma edição do festival exclusivamente dedicado ao graffiti. O “!Outloud – Festival Internacional de Arte de Rua” decorre até domingo com uma série de pinturas feitas ao vivo por artistas convidados de vários países da área do graffiti, música e dança. Destaque para a presença da dupla de artistas locais AAFK Os amantes de graffiti dispõem, até domingo, de um festival inteiramente dedicado a este género artístico de rua que só nos últimos anos ganhou maior notoriedade e, sobretudo, reconhecimento. O “!Outloud – Festival Internacional de Arte de Rua” decorre até ao dia 8 em vários pontos da cidade, sendo organizado por diversas entidades, nomeadamente a Sociedade de Artes Visuais da Cidade de Macau ou a Associação Juvenil de Dança de Rua de Macau, entre outras. As pinturas serão feitas ao vivo junto ao Hotel S, junto à Praça Ponte e Horta. Segundo um comunicado, este festival pretende “promover o intercâmbio cultural através da arte de rua, fomentar o desenvolvimento artístico da comunidade, melhorar a atmosfera artística do bairro e insuflar energia” nos bairros comunitários onde acontecem estas pinturas. O público pode ver trabalhos de 33 artistas de países como Japão ou Coreia do Sul, sem esquecer nomes de regiões como Taiwan ou Hong Kong, prevendo-se que a área total das paredes cobertas de graffiti irá ultrapassar os 1.000 metros quadrados, “tornando-se no maior evento de arte de rua da história de Macau”. AAFK é o nome da dupla de artistas locais convidada para este festival. Os AAFK são Anny, de Macau, e Felipe, natural da Costa Rica. Ambos têm um passado ligado ao design gráfico, ilustração, publicidade e indústria de brinquedos. Fazem graffiti desde 2015, tendo já exposto as suas pinturas murais na China, Europa e Costa Rica. A edição deste ano tem como tema principal a ideia de “City Pop”, ou “Cidade Pop”, combinando “elementos de música e arte pop com cultura de rua num evento artístico de grande escala”. Para demonstrar a conexão da cultura pop que existe em Macau com o festival, foram convidados “conhecidos artistas de graffiti do Japão e da Coreia do Sul para criar pinturas ao vivo”. Será ainda organizado um concurso de dança na rua para apoio social, com artistas como Yoon Ji, da Coreia do Sul, ou Madoka, do Japão. Todas as taxas pagas pelo público serão entregues, após o pagamento dos custos do evento, para causas locais de beneficência. Dez anos de pintura Destaque ainda para o verdadeiro significado de “Outloud”, em cantonense “響朵 – Heong Duo”, que se refere à ideia de “fazer um nome para si próprio”. Segundo a organização do festival, é uma ideia associada “a um sentimento de autoconfiança inabalável” ou a uma “declaração ousada de um determinado estatuto no mundo”. Neste caso, de quem pinta e expressa, através do graffiti, aquilo que quer dizer. A organização do “!Outloud” recorda o momento em que, há dez anos, surgiu em Macau “um parque de graffiti no coração de Macau”, o que levou ao nascimento desta iniciativa “numa cidade conhecida pela sua diversidade artística, com arquitectura moderna e, ao mesmo tempo, tradicional, e com um cenário turístico vibrante”. O “!Outloud” orgulha-se, assim, de seleccionar “cuidadosamente os locais com significado histórico e que tenham uma história por detrás, injectando, nessas áreas, uma nova energia através da arte do graffiti e da dança de rua, da criação musical e da cultura”.
Hoje Macau EventosFRC | Halftone volta a exibir imagens de membros da associação A Fundação Rui Cunha (FRC) volta a ser palco de mais uma exposição de fotografia da Halftone – Associação de Fotografia. A mostra, que abriu ontem portas ao público, intitula-se “Halftone Exposição’24”, acolhendo imagens de 24 membros desta associação sem fins lucrativos que pretende mostrar o que de melhor se faz na área da fotografia em Macau, tanto a nível profissional como amador. Participam, assim, neste projecto nomes como André Ritchie, Cecília Ho, José das Neves, José Sales Marques, Nuno Calçada Bastos, António Mil-Homens, fotógrafo, Elói Scarva ou Francisco Ricarte, entre outros. Esta exposição “é ilustrativa da vitalidade da prática fotográfica dos seus participantes”, revela uma nota oficial, sendo também exemplificativa da “diversidade das várias abordagens estéticas e temáticas que a prática fotográfica permite”, seja documental, fotografia de rua, paisagem, conceptual ou de estúdio. Tal demonstra “o papel decisivo [da Halftone] na prática artística e visual contemporânea, designadamente na RAEM”.
Hoje Macau EventosLivraria Portuguesa | Jason Wordie apresenta segunda edição de livro sobre Macau Depois de uma primeira sessão, Jason Wordie, jornalista e historiador de Hong Kong, estará hoje novamente na Livraria Portuguesa para apresentar a segunda edição do livro “Macao, People and Places, Past and Present”, lançado há 11 anos. Eis a oportunidade para rever uma obra em inglês sobre o território e partilhar experiências de leitura com o autor Jason Wordie lançou há 11 anos uma obra que explora a essência de Macau, intitulada “Macao, People and Places, Past and Present”. Agora, numa altura em que acaba de ser lançada uma segunda edição, o autor está em Macau para falar hoje do projecto na Livraria Portuguesa, a partir das 15h, depois de uma primeira sessão que decorreu ontem no mesmo local. Esta obra é descrita como um guia sobre o território, mas, ao mesmo tempo, “um trabalho académico, acompanhado de uma bibliografia exaustiva”. Todos os recantos e segredos de Macau são aqui contados em mais de 400 páginas de textos e fotos, onde, num denso livro de consulta, se incluem diversas narrativas sobre a península e ilhas, que remontam aos primórdios da chegada dos portugueses a Macau, em meados do século XVI. Segundo um artigo da Revista Macau de 2014, Jason Wordie visitou Macau pela primeira vez em 1988, tendo voltado sempre para revisitar memórias e lugares. O livro que agora ganha uma segunda edição começa nas Portas do Cerco, e segue pelos bairros, que o autor descreve como sendo “aparentemente semelhantes, mas na verdade muito diversos”. Há ainda passos dados por lugares classificados pela UNESCO, nomeadamente o Centro Histórico, ou ainda bairros que são menos explorados por turistas, nomeadamente o Fai Chi Kei, Ilha Verde ou Areia Preta. Sobre este livro, o crítico Nigel Collett escreveu que a sua leitura foi “um prazer absoluto”, tendo ficado “encantado” em todo o tempo de leitura, passando das Portas do Cerco a Coloane, devorando páginas. Nigel Collett, também ele autor, descreveu esta obra como um “livro soberbo”, com imagens do professor Anthony Headley e edição de Colin Day. Referiu ainda que “a história e as culturas chinesa e portuguesa predominam naturalmente neste livro, tal como em Macau”. “Quer se trate de igrejas, templos, fortalezas, edifícios governamentais, praças e jardins públicos, bibliotecas e a mais antiga casa de luz da costa chinesa, Jason Wordie acompanha-o a vê-los a todos”, descreveu Collett na mesma recensão crítica. Cantos da casa Logo no primeiro capítulo do livro, com o nome “Portas do Cerco – Barrier Gate, Amaral and Other ‘Border Incidents’ – and Cross-Boundary Trade”, Jason Wordie descreve como a zona norte da península era um espaço bastante longínquo em termos culturais da restante zona da cidade, onde grande parte dos macaenses e portugueses viviam. “Até meados do século XIX, grande parte da zona norte de Macau, além das zonas muralhadas, não era mais do que uma série de terrenos meio baldios, remotos, com casas isoladas e aldeias com zonas de cultivo. Desde Mong Há até à fronteira chinesa das Portas do Cerco, (…) esta zona de Macau era uma zona remonta e assombrada de vagabundos e fugitivos da cidade”, escreve Wordie. Segue-se depois o segundo capítulo dedicado à Ilha Verde e bairro de Toi San, com descrições das antigas fábricas e presença religiosa. Jason Wordie é um historiador e escritor consagrado de Hong Kong. Licenciado em História pela Universidade de Hong Kong, criou reputação na criação de percursos pedonais onde se vão contando estórias de Macau, Hong Kong e Cantão. Escreve também em jornais, nomeadamente no South China Morning Post, vivendo na zona dos Novos Territórios há mais de duas décadas.
Hoje Macau EventosVenetian | Mangal de Macau em destaque em mostra da USJ Será inaugurada este sábado a mostra “Gota a Gota”, uma exposição de fotografia sobre a biodiversidade nas zonas húmidas de Macau, nomeadamente o mangal da Taipa, numa iniciativa da Universidade de São José (USJ). As imagens podem ser vistas no Circle Hall, terceiro piso do Venetian, até ao dia 9 deste mês. A mostra é organizada pelo Instituto de Ciências e Ambiente da USJ em colaboração com o Departamento de Media, Artes e Tecnologia da mesma universidade, além de contar com o apoio do projecto “Drop by Drop”, da WASH Foundation. A mostra “destaca os esforços de colaboração do público para promover a sensibilização para os ecossistemas únicos de Macau”, descreve uma nota, sendo que estas imagens são resultado de um concurso de fotografia sobre a biodiversidade no mangal realizado entre Janeiro e Agosto. As imagens revelam “o delicado equilíbrio do ecossistema e a necessidade de o preservar”, podendo o público ver uma centena de fotografias, resultado de mais de 500 submissões. Karen Araño Tagulao, ecologista marinha e uma das académicas da USJ que se tem dedicado a estudar o ecossistema dos mangais, descreveu que este concurso de fotografia “destaca a biodiversidade escondida das zonas húmidas de Macau, ao mesmo tempo que envolve activamente a comunidade nos esforços de conservação, promovendo uma ligação significativa entre a ciência e a comunidade”. Karen Tagulao tem coordenado também o projecto “Drop by Drop”, algo que considera “fundamental para aumentar a sensibilização para o valor e a importância dos ecossistemas locais”.
Hoje Macau EventosCCM | Ópera chinesa sobe ao palco esta sexta-feira Chama-se “Yang Silang visita a mãe” e é o espectáculo de ópera chinesa que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), em jeito de celebração dos 25 anos da RAEM. Trata-se de uma “série de estórias embebidas em história, amor e intriga” da autoria da Companhia Nacional da Ópera de Pequim. Esta é uma “ópera de renome” que conta a história de uma família reunida em tempo de guerra. Quando Yang Yanhui (Yang Silang), o quarto filho da família Yang, é levado pelos inimigos do reino de Qidan, acaba por casar com Tiejing, a princesa do reino. Quinze anos depois, Yang Yanhui fica a saber que a sua mãe está a chegar à frente de combate. Desejoso de a ver, contará com a ajuda secreta da sua mulher para preparar o tão aguardado reencontro. No sábado decorre, a partir das 19h30, o espectáculo “Excertos de ‘A Espada do Cosmos e Reconciliação entre o General e Primeiro-Ministro”, também no grande auditório. Esta peça “retrata uma rixa entre dois blocos políticos durante a dinastia Qin e que arruína o casamento feliz de um jovem casal”. Fundada em 1955, nascida da dedicação de Mei Lanfang, a Companhia Nacional Chinesa de Ópera de Pequim é aplaudida tanto no país como no estrangeiro. Nos últimos anos Macau tem desfrutado regularmente do vasto repertório desta companhia e, desta vez, mantendo a tradição, a trupe traz-nos mais uma emocionante série de óperas clássicas que divulgam este precioso património cultural.
Hoje Macau EventosFotografia | Novo livro de Gonçalo Lobo Pinheiro lançado sábado Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista português há muito radicado em Macau, lança este sábado um novo livro de fotografia. Trata-se de “Poética Urbana”, com uma centena de imagens captadas no dia-a-dia de Macau, revelando-se o lado contemporâneo e urbano da cidade. A sessão de lançamento, que começa às 18h30, decorre na Livraria Portuguesa O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 14 anos, prepara-se para lançar o seu mais recente livro, intitulado “Poética Urbana”, no próximo dia 7, sábado, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa. Segundo um comunicado, trata-se de um livro que é resultado de um projecto iniciado há cinco anos, “três dos quais em plena pandemia”, em que o fotógrafo divagou pelas ruas de Macau e descobriu o lado mais urbano do território. “De manhã à noite, com sol ou com chuva, com mais ou menos luz, estas 100 fotografias representam a escolha final da minha visão do quotidiano contemporâneo citadino do território que me acolheu há mais de 14 anos”, disse Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota. Com design de Marta Gregório, a obra contém a centena de imagens que “revelam o olhar sensível e artístico do autor sobre a vida urbana do território chinês”, além de que o prefácio do livro, da autoria da reconhecida fotojornalista norte-americana Andrea Star Reese, descreve o trabalho de Gonçalo Lobo Pinheiro como “uma exploração poética do quotidiano”. “O Gonçalo Lobo Pinheiro é um homem incondicionalmente apaixonado pelas ruas que percorre e pelas pessoas que descobre. Todos os fotojornalistas contam histórias, mas alguns fotografam com uma graça lírica. Gonçalo Lobo Pinheiro é um poeta visual. Em ‘Poética Urbana’, ele leva-nos a um lugar que guarda pedaços de vidas que nos lembram de nós mesmos, de outros que vimos ou conhecemos, de sentimentos que temos, tivemos, desejamos ter ou esquecemos”, escreveu. Em simultâneo ao lançamento, será inaugurada uma exposição fotográfica com 20 imagens seleccionadas do livro, também na galeria da Livraria Portuguesa. A exposição estará patente ao público até ao dia 29 de Dezembro de 2024. Lançamento em Lisboa O fotojornalista destaca ainda que “Poética Urbana” é um livro que reúne “momentos diversos, maioritariamente vividos e captados nos bairros antigos do território, onde ainda se consegue sentir aquele pulsar especial de uma Macau que pouco ou quase nada existe, mas que, ainda assim, teima, e bem, em desaparecer por completo”. Numa altura em que a RAEM celebra 25 anos de existência, Gonçalo Lobo Pinheiro descreve que esta obra é também um sinal do seu “amor pelo território”. Após o lançamento em Macau, o livro e a exposição terão também expressão em Portugal, com um evento agendado para Fevereiro do próximo ano, na Galeria Malangatana do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa. “Poética Urbana” representa uma “celebração do instante capturado na rua, do quotidiano transformado em arte e do diálogo entre a fotografia e a emoção”, sendo que o seu autor convida “o público a descobrir a beleza inesperada da vida urbana através da sua lente”. Gonçalo Lobo Pinheiro tem uma carreira na área do fotojornalismo há mais de 20 anos, colaborando actualmente com a agência de notícias Lusa, tendo trabalhado inclusivamente com a imprensa desportiva portuguesa.
Hoje Macau EventosPatuá | Antigo crioulo de Macau sobrevive em grupo de teatro que recusa contos de fadas Proibido nas escolas pela administração portuguesa e confinado às casas macaenses, o patuá, crioulo de Macau, sobrevive hoje no palco, pelas mãos dos Dóçi Papiaçam. Contam histórias de escárnio, para fazer rir, e recusam contos de fadas. Ainda José Carion Jr. era um miúdo, e o avô, vizinho no Largo da Companhia, centro de Macau, assomava à porta e gritava: “Vôs hóji ui-di janota, undi tá vai? Iou pensâ qui vôs tá vai caçâ a-mui” – numa tradução livre: “Estás muito janota, onde é que vais? Acho que vais à procura de namoradas”. O patuá, crioulo de Macau, era então língua corrente na casa dos Carion, como acontecia, aliás, no lar de muitas famílias macaenses, nome dado a esta comunidade euro-asiática, com raízes em Macau, sendo a maioria dos membros lusodescendentes. “O meu avô falava português, mas comunicava muitas vezes em patuá”, conta José, que veste uma ‘t-shirt’ da Liga dos Combatentes e tem ao pescoço um fio com uma “moeda comemorativa dos Descobrimentos”, comprada e mandada cortar em Lisboa, no Castelo de São Jorge. Ao lado, estão sentados o neto Hélio e a filha Paula. No caso desta família, o patuá era utilizado também pela avó de José, chinesa que não falava português e que no crioulo encontrava manifestações da língua materna – ‘a-mui’, por exemplo, significa ‘menina’ em cantonês. O patuá, estabelecido ao longo dos últimos 400 anos em Macau e derivado sobretudo da língua portuguesa – embora com outras influências, incluindo o concanim (Índia) ou o malaio – entrou em declínio devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas do território. “Houve a adoção do português padrão como meio de comunicação entre as províncias ultramarinas. Nas escolas, proibia-se o patuá, porque era sinónimo de falar mal português, e isto pegou, ninguém gostaria de ser sujeito à chacota, estávamos num mundo em que falar bem português era sinal de estatuto”, lembra à Lusa Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses. O patuá foi sobrevivendo entre quatro paredes e ainda hoje se fala à mesa dos Carion. Mas mais por casmurrice, confessam. Outras línguas cruzam os dias desta família: português, cantonês e inglês. Agora é a vez de Paula Carion ‘botâ faladura’ (fazer uso da palavra): “Tento falar às vezes com o meu filho. Somos uma das famílias que tenta preservar o patuá, utilizando-o diariamente”, diz. O único lugar onde esta língua suplanta todas as outras é mesmo no palco. Paula e José fazem parte do grupo de teatro Dóçi Papiaçam di Macau (doce linguajar de Macau), que através da sátira conta histórias da terra. Os Dóçi nasceram em 1993, ano da morte do poeta e acérrimo defensor do patuá José dos Santos Ferreira. Senna Fernandes, hoje à frente do projeto, integrou o grupo desde o primeiro momento, quando subiu ao palco “Olâ Pisidénte” (Ver o Presidente), onde apresentaram a Mário Soares, de visita a Macau, as preocupações da comunidade macaense. Passaram 31 anos, a maioria dos quais, 25, já após a criação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), na sequência da transferência de administração do território para a China, em 1999. “Com a RAEM, a língua fixou-se no palco, pelo facto de não ser utilizada como meio de comunicação normal”, nota Senna Fernandes, admitindo não saber quantas pessoas falam o crioulo, que atravessa atualmente um “estado mais dormente”. O dramaturgo lembra as conquistas: as peças dos Dóçi começaram a integrar o cartaz do Festival de Artes de Macau em 1997 e, passados dez anos, subiram ao grande auditório do Centro Cultural, “de onde nunca mais saíram”. Em 2021, o teatro em patuá foi classificado património cultural imaterial pela China. E “o teatro não significa nada sem a língua”, diz, considerando esta uma homenagem ao próprio crioulo. Mas o grupo foi apanhado de surpresa quando, este ano, pela primeira vez, as autoridades locais pediram o guião da peça antes desta estrear, dando a justificação, conta Senna Fernandes, de que é necessário para fazer a classificação etária do espetáculo. “A alma do patuá é a capacidade de fazer rir”, frisa o macaense sobre o trabalho dos Dóçi que, ao longo dos anos, tocaram em temas como o sistema eleitoral – não existe sufrágio direto em Macau – ou a política restritiva durante a pandemia da covid-19. Senna Fernandes espera que esta “não seja uma forma desvirtuada de exercer qualquer tipo de pressão”: “A partir do momento que começam a tirar isto ou aquilo, acabou. O que seria? Um teatro de contos de fadas? É o que se pretende? Pelo amor de Deus, eu não estaria aí para isto”, garante. Já quanto ao futuro lugar do patuá, o macaense diz que não tem pretensões de fazer ressuscitar esta “estranha e bonita língua”. Antes fazê-la renascer e ser encarada pela juventude como “uma nova língua” a aprender, “despida do contexto sociocultural do passado”, ainda que parte inalienável da identidade macaense. “É uma língua suscetível de abarcar a realidade moderna, (…) em que não existe uma lógica só de uma língua, mas uma lógica linguística que abarca outros elementos linguísticos. Isto tem muito a ver com os crioulos”, reflete. Paula Carion admite que a produção de manuais e até a criação de cursos, nos níveis secundário ou superior, poderiam ser apostas locais. “Iou já falâ, governo têm qui apoiâ. Nôm têm apoio, patuá já morê [“Já disse, o governo deve apoiar. Sem apoio, o patuá morre]”, sugere José. Paula responde que “apoio tamêm nôm sâm somente sapeca [não é apenas dinheiro]”, mas que são precisas mais pessoas a aprenderem a língua. Há que trazer as novas gerações para o palco, todos concordam. Os Dóçi contaram este ano com novas apostas jovens e, além disso, também um teatro para crianças nasceu pelas mãos do encenador macaense Delfino Gabriel. E Hélio, com quatro anos, mostra que o patuá pode mesmo ser para todos, ao cantar parte de uma música dos Dóçi, que também têm um coro: ‘”Sino-sino lôgo rapicâ/ Sâm Natal, Sâm Natal, Sâm Natal (Os sinos tocam/ É Natal, É Natal, É Natal).
Hoje Macau EventosNova edição do “Salão de Outono” decorre a partir de dia 14 O “AFA Salão de Outono 2024” abre portas no próximo dia 14 de Dezembro, revelando uma série de obras de arte seleccionadas de artistas locais. A exposição ficará patente no The Parisian, sendo que no dia 14 serão também anunciados os vencedores do “Prémio de Arte da Fundação Oriente”. Há 15 anos que a AFA – Art for All Society organiza o “Salão de Outono”, que tem como objectivos “criar uma plataforma entre os artistas de Macau e o público”, tendo sido recebidas mais de 250 submissões de peças individuais ou conjuntos de obras. Assim, com o apoio da Fundação Oriente e Sands China, esta edição do “Salão de Outuno” apresenta trabalhos de 113 artistas que irão exibir mais de 200 peças ou conjuntos, “mais do dobro em relação ao número das edições anteriores”. Participam artistas como Carlos Sena Caires, também académico da Universidade de São José; David Luke Hartung; o arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte; Gui Jesus Carvalho; Lúcia Lemos, ex-directora da Creative Macau, Nyoman Suarnata, Yolanda Kog, Allen Wong, Wong Hio Chit, Si Tou Chak Sam, Nuno Calçada Bastos, António dos Santos Duarte Mil-Homens ou Joey Ho, entre tantos outros nomes bem conhecidos do mundo das artes locais. Estes trabalhos são expostos em oito salas, representando-se diferentes meios artísticos, como a pintura a óleo, a aguarela, a pintura a tinta, a cerâmica e a escultura. Algumas salas apresentarão trabalhos em formato digital, como a fotografia, a modelação 3D, o vídeo ou a instalação, sendo que haverá salas com maior foco no estilo “Pop Art” e ilustrações digitais da autoria de artistas mais jovens, “dando-se início a um diálogo artístico entre gerações”. Prémios e convidados Destaque para o facto de, na lista dos artistas presentes, alguns deles terem sido convidados pela AFA para expor, nomeadamente Lok Kei, o arquitecto Carlos Marreiros; Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural; o designer Víctor Marreiros e ainda a escultora Cristina Rocha Leiria, conhecida pelo seu trabalho na estátua do Centro Ecuménico Kun Iam. No que diz respeito ao “Prémio de Arte da Fundação Oriente”, no valor de 50 mil patacas, é aberto a artistas de qualquer nacionalidade com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos. O vencedor irá beneficiar de uma residência artística a realizar em Portugal durante um mês, “permitindo ao beneficiário criar, trocar ideias ou receber formação em instituições de arte públicas ou privadas”. O vencedor do “Prémio de Arte da Fundação Oriente” do ano passado, o artista Wong Sio Heng, será apresentado no “Salão de Outono” deste ano na “Exposição em Exposição”.
Hoje Macau EventosTeatro D. Pedro V | Concerto com Zé Eduardo em quadra natalícia O músico português Zé Eduardo, profundamente ligado ao jazz, será a figura de destaque numa série de espectáculos apresentados pelo Teatro D. Pedro V nos dias 21, 22, 24 e 25 de Dezembro, juntamente com o grupo “Jazz Mission Big Band”. A iniciativa é organizada pelo Instituto Cultural O natal celebra-se este ano no Teatro D. Pedro V com a série de espectáculos intitulada “Jazz Up para o Natal no Teatro Dom Pedro V”, que decorrem nos dias 21, 22, 24 e 25 de Dezembro. Os protagonistas destes espectáculos são o músico Zé Eduardo, uma das maiores referências do jazz português, e o grupo “Jazz Mission Big Band”. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), que promove os eventos, o público poderá desfrutar de noites que combinam “jazz, gastronomia e cultura portuguesa”, celebrando “o Natal no teatro e tendo uma experiência em ambiente cultural, artístico e festivo”. Tanto Zé Eduardo como o grupo “Jazz Mission Big Band” irão partilhar o palco com as cantoras Marta Garrett e Sofia Rodrigues, apresentando-se “uma série de peças clássicas de jazz e canções de Natal”. O grupo é composto por “grandes artistas de jazz de Portugal e outros países europeus”, apresentando-se, nestes concertos, o “vigor majestoso da banda e o arranjo único das peças de Zé Eduardo”. Senhor professor O instrumentista e compositor Zé Eduardo é conhecido pela sua dedicação e pelo seu notável contributo para a educação e promoção da música jazz, tanto em Portugal como em Macau, onde tem colaborado com associações e grupos locais nos últimos anos. O IC descreve que o artista orientou muitos dos principais músicos de jazz europeus, incluindo o premiado saxofonista Perico Sambeat, o qual também fará parte deste concerto. Zé Eduardo possui fortes laços com Macau, tendo participado no primeiro Festival Internacional de Jazz de Macau em 1979. Desde então, tem-se deslocado frequentemente a Macau para realizar iniciativas de promoção e educação na área do jazz, formando muitos músicos. Os concertos no Teatro D. Pedro V serão ainda complementados por actuações das cantoras locais Amanda e Elisa Chan, bem como os instrumentistas Lam Chak Seng, Chan Hon Chong e Gregory Wong. “Para além de evidenciar o elo cultural profundo entre Macau e os Países de Língua Portuguesa, este concerto propõe também mostrar os resultados do contributo de longo prazo de Zé Eduardo para a promoção do desenvolvimento da música jazz em Macau”, descreve a mesma nota. Além da música, haverá lugar à promoção e descoberta da gastronomia portuguesa, pois antes de cada concerto, nas arcadas do teatro, será realizada uma recepção por um chefe de cozinha local especializado em gastronomia portuguesa, podendo o público, mediante apresentação de bilhete, saborear vários petiscos e bebidas tradicionais de Portugal e de Natal neste edifício neoclássico classificado Património Mundial. Os bilhetes para esta série de concertos estão à venda desde ontem e custam 250 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosPraça do CCM oferece espectáculos gratuitos este fim-de-semana A praça do Centro Cultural de Macau (CCM) será palco, este fim-de-semana, de uma série de espectáculos ao ar livre, totalmente gratuitos. A iniciativa chama-se “Clássicos reimaginados: Harmonias da Hora Dourada” e conta com o apoio da Sands China. Segundo uma nota da operadora de jogo, esta iniciativa conta com actuações ao vivo do grupo “Janoska Ensemble”, Niu Niu e Gordon Lee, além de uma masterclass especial do Janoska Ensemble. Os concertos integram-se no Programa de Artes Performativas da Sands China em celebração do 75.º aniversário da fundação da República Popular da China, do 25.º aniversário do regresso de Macau à pátria e da designação de Macau como Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025. Este sábado terá lugar, a partir das 17h, o “Concerto dos 10 anos do Janoska Ensemble”, grupo com músicos de jazz que anda em digressão com o seu novo álbum, intitulado “The Four Seasons”. Destaque ainda para a realização de uma masterclass com este grupo no domingo, no mesmo local, a partir das 16h. Os “Janoska Ensemble” descrevem-se como um “conjunto que transporta a improvisação na música clássica para o século XXI”, proporcionando “uma viagem emocionante e aventureira às últimas fronteiras onde nenhum músico foi antes”. Este grupo apresenta uma espécie de fusão de vários estilos musicais, ultrapassando “todas as fronteiras com a sua linguagem musical poliglota”. Os “Janoska Ensemble” estrearam-se com o disco “Janoska Style”, em 2016, tendo lançado, há cinco anos, “Revolution”, que ganhou um Disco de Ouro. Em 2022, surgiu o terceiro trabalho de originais, “The Big B’s”. “Resumir em poucas palavras a qualidade especial dos arranjos de Janoska não é tarefa fácil: são incursões paralelas no território clássico e em domínios distantes do repertório musical, onde os músicos exercem a sua criatividade espontânea para criar música de primeira classe, inovadora e emocionante que vive e respira”, descreve-se no website oficial do grupo. Os “Janoska Ensemble” são compostos por três irmãos de Bratislava – Ondrej e Roman Janoska nos violinos e František Janoska ao piano – juntamente com o cunhado Julius Darvas, nascido em Konstanz, no contrabaixo. Niu Niu Vs Gordon Lee Esta série de espectáculos inclui ainda o “Concerto de Harmónica de Gordon Lee” e o “Recital de Piano ‘Lifetime’ de Niu Niu”, ambos a partir das 17h30. No caso de Gordon Lee, o músico é considerado como um dos importantes harmonicistas do mundo, tendo ganho, em 2017, o Festival Mundial de Harmónica de 2017, que é a competição de grau mais elevado para este tipo de instrumento. Gordon foi convidado a actuar no Carnegie Hall em Nova Iorque, no Muth Concert Hall em Viena, no Esplanade em Singapura, no International Harmonica Festival em Seul e no World Harmonica Festival em Trossingen na Alemanha. O seu repertório inclui o Concerto para Harmónica de Spivakovsky, o Prelúdio e Dança para Harmónica e Orquestra de Farnon, Toledo para Harmónica e Orquestra de Moody, entre outros. Nascido e criado em Hong Kong, Gordon formou-se na Universidade de Educação de Hong Kong, além de ter estudado Harmónica Cromática com o solista de Harmónica Cromática Franz Chmel de Viena, Sigmund Groven da Noruega. O músico estudou também Harmónica Diatónica com Howard Levy, vencedor de dois Grammys, de Nova Iorque. Em Hong Kong, estudou técnicas de execução com o solista de sheng Cheng Tak-wai. No caso de Niu Niu, nome artístico de Zhang Shengliang, é já um famoso pianista com apenas 27 anos. Nasceu em Xiamen, China, numa família de músicos, tendo começado a estudar piano com o pai. Estreou-se em recitais de piano com apenas seis anos de idade, tocando uma Sonata de Mozart e um Étude de Chopin. Aos oito anos, Niu Niu foi o aluno mais jovem de sempre a matricular-se na escola primária afiliada do Conservatório de Música de Xangai.
Hoje Macau EventosKa-Hó | Exposição “Riding On Dreams” a partir de domingo Será inaugurada no próximo domingo, dia 1, a exposição “Riding On Dreams” na galeria Hold On to Hope, da autoria da artista local Ada Zhang. A galeria, que é um projecto de cariz social da responsabilidade da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), acolhe esta mostra até ao dia 5 de Janeiro. Segundo uma nota de imprensa, esta exposição “apresenta uma colecção cativante de pinturas a óleo e aquarelas que celebra as paisagens encantadoras de Macau”, na qual a artista “convida os espectadores a mergulharem na beleza única desta cidade vibrante, tal como é expressa através das suas obras evocativas”. A ARTM convida o público a deslocarem-se à pitoresca aldeia de Ka-Hó para descobrir, nestas obras, “a essência sonhadora de Macau”, para que “cada pintura o transporte para as suas cenas pitorescas”. Ada Zhang é natural da província de Sichuan e especializou-se em aguarela, pintura a óleo, desenho e esboço. É directora da Associação de Artistas Contemporâneos de Aguarela de Macau e membro da Associação de Artes de Macau, da Associação de Arte Juvenil de Macau, da Associação de Pintura de Macau e da Associação de Calígrafos e Pintores Chineses “Yü Ün” de Macau. Os seus trabalhos ganharam o Prémio de Excelência do Concurso de Desenho Cheng Yang Bazhai em 2021 e foram seleccionados para a Bienal de Aguarela da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau de 2021.
Andreia Sofia Silva EventosMímica | Festival no CCM e Jardim Luís de Camões no fim-de-semana Decorre este fim-de-semana a terceira edição do Festival Internacional de Mímica de Macau, organizado pelo Teatro CANU, e que terá sessões no Centro Cultural de Macau e também ao ar livre no Jardim Luís de Camões. O evento conta com a participação de artistas locais e internacionais, peritos na arte de fazer rir, sonhar e pensar Acontece este sábado e domingo a terceira edição do Festival Internacional de Mímica de Macau (MIMF), um evento organizado pelo Teatro CANU, e que este ano tem como mote “Viver a vida através dos olhos de um palhaço, e com sentido de humor”. Não surpreende, assim, que uma das secções do evento seja “Clown’s Dream” e outra “Humor Clashing”, sendo que os espectáculos, de curta duração, decorrem na Box I do Centro Cultural de Macau (CCM). Assim, no sábado e domingo, a partir das 19h45, pode ver-se a actuação “Vitamin”, com Carlo Jacucci, de Itália. Segundo a organização, este espectáculo é “uma viagem deliciosa pelos momentos peculiares da vida, onde o quotidiano se torna extraordinário” e onde “uma lagarta luta para se libertar da sua caixa, um guru tropeça na sabedoria que nunca leu e um corredor de maratona desvia-se hilariantemente da rota, transformando-se em roubo”. Aqui, Carlo Jacucci, o único actor, “dá vida a estas personagens inesperadas, transformando lutas simples em beleza cheia de riso”. Segue-se “idio2 Play”, com a dupla de performers japoneses Kosube Abe e Hiroyoshi Hisatomi. Em dez minutos estes irão recorrer a chapéus e outros adereços para combinar “movimentos hábeis e uma improvisação leve e bem-humorada”. O “Dio2” é um duo de entretenimento japonês, apostando em magia, comédia e acrobacias, num estilo “ligeiramente absurdo, mas conscientemente único”. Ainda nesta secção do festival destaque para o espectáculo de 30 minutos protagonizado por Gregg Goldston, “The Magic of Mime”. Este “é um espectáculo cativante de habilidade física, misturando comédia e drama para criar um mundo invisível encantador”. Gregg apresenta “um chapéu mágico”, encaminhando o público em “batalhas que transformam de forma surreal a realidade em fantasia, numa luta sincera entre o desejo de amizades e o medo de as perseguir”. Gregg Goldston é um mimo de renome mundial, realizador e educador de mímica de Los Angeles, tendo começado a trabalhar nesta área depois de ver a actuação do mestre Marcel Marceau. Em várias tournées americanas de Marceau nos anos 2000, Gregg serviu como assistente do actor, tendo depois começado a desempenhar papéis mais importantes. Gregg Goldston, visto como alguém que está a ajudar a desenvolver a primeira geração de mimos americanos, irá dar um workshop integrado neste festival. Sonhos dos palhaços Se em “Humor Clashing” as actuações começam no final do dia, na secção “Clown’s Dream” o riso e a fantasia prometem prolongar-se pela noite dentro, a partir das 21h30. Apresenta-se, com actores japoneses e o Teatro CANU, o espectáculo “The Eyes of Odin”. “Na mitologia nórdica, Odin, o rei dos deuses, enviava os seus corvos para voar até ao mundo dos humanos e observar tudo o que acontece. Desta vez, inesperadamente, um deles perdeu-se no nosso mundo – um lugar cheio de risos e mistérios insolúveis: ouviu um prisioneiro obcecado com a liberdade; testemunhou um professor apaixonadamente dedicado à musculação durante uma aula de ginástica; e encontrou uma lontra marinha numa fonte termal, tão apaixonada por se encharcar que nem os deslizamentos de terras e as tempestades ao nível de um tufão a conseguiram afastar”, descreve-se, sobre o espectáculo. Esta actuação é “um poema visual que combina actuações de palhaços, mímica, teatro físico e música ao vivo”, com momentos poéticos dentro do absurdo, colocando questões silenciosas e guiando o público a seguir os passos do corvo para um reino indefinível”. Destaque ainda para outras actuações, como “ZEROKO Play”, com o grupo Zeroko, composto por Masahi Kadoya e Keisuke Hamaguchi. Fica a garantia de “palhaçadas, objectos e humor para uma diversão interactiva”. Das 12h às 18h, tanto no sábado como no domingo, é a vez do Jardim Luís de Camões receber actividades diversas como sessões de pintura facial para crianças ou actuações musicais, como é o caso do Dj Burnie, natural de Macau. Também nestas ruas haverá lugar à mímica e ao divertimento. Esta secção do festival intitula-se “WOW! Outdoor Performance Festival”. Fonte de inspiração O Festival Internacional de Mímica de Macau nasce das experiências teatrais de Lai Nei Chan, fundadora e directora desta iniciativa, que estudou em Londres. “Uma vez, assisti a uma actuação de palhaços no Festival Internacional de Mímica de Londres, onde dois palhaços fizeram um espectáculo que me comoveu pelo seu poder sem palavras e impacto emocional, despertando o meu amor pela mímica. Descobri que esta forma não-verbal de actuação não exigia qualquer preparação e permitia uma imersão pura na experiência teatral, livre de pensamentos excessivos. Esta constatação alimentou o meu desejo de criar um festival internacional de mímica em Macau, permitindo ao público local experimentar as alegrias únicas desta forma de arte”, confessou.