Lusofonia | Nova edição do Festival arranca hoje às 19h30

Carlão, antigo integrante do grupo português de hip-hop Da Weasel, é um dos grandes nomes do cartaz de mais uma edição do festival da Lusofonia, actuando amanhã nas Casas Museu da Taipa. Este é o regresso de uma das festas mais populares e representativa da multiculturalidade de Macau após o período da pandemia, contando com os habituais postos de venda das associações locais

 

Arranca hoje mais uma edição do Festival da Lusofonia, que habitualmente acontece na Taipa, nomeadamente nas Casas-Museu, Jardim Municipal, Largo do Carmo e Auditório do Carmo e que junta anualmente as mais diversas culturas que habitam Macau, com destaque para a matriz lusófona. O cartaz deste ano é marcado pela presença do músico português Carlão, ex-integrante do grupo Da Weasel, ligado ao hip-hop, que actua amanhã.

Com inúmeras actividades ligadas ao artesanato, cultura e gastronomia organizadas por dezenas de associações locais, os espectáculos começam hoje no Largo do Carmo às 19h30, prolongando-se até às 22h. Destaque para as actuações de artistas locais, nomeadamente Rita Portela, voz do jazz e do fado, Lulu Tavares, o saxofonista Paulo Pereira, Fabrizio Croce, Daniela da Silva, Jandira Silva, um grupo de música popular portuguesa, a banda Janmed e os Goa Groovie Band. Entre as 19h45 e as 22h, decorre ainda, no anfiteatro das Casas Museu da Taipa, actuações de Betchy Barros e o grupo Fogo Fogo, de Cabo Verde.

Amanhã, entre as 16h e as 23h, no anfiteatro das Casas Museu da Taipa, decorrem diversas actuações, nomeadamente de Carlão, do grupo folclórico infantil da Escola Portuguesa de Macau ou do Grupo Axê Capoeira do mestre Eddy Murphy. Destaque ainda para os concertos da banda Concrete/Lotus, formada por Kelsey Wilhem e Joana de Freitas, ou ainda do grupo João Gomes e Banda.

Das 19h30 às 22h, no Largo do Carmo, haverá mais música com diversos artistas como Fabrizio Croce, Giulliana Fellini e João Mascarenhas, Banda Janmed e Betchy Barros.

The Bridge e amigos

Domingo, último dia do festival, é tempo de fechar mais uma edição de um dos eventos mais populares do território com música. Os espectáculos no anfiteatro das Casas Museu da Taipa começam logo às 16h e 22h, sendo protagonizados por vários artistas, tal como o Elvis de Macau, banda Top Riff, Banda Inova, os The Bridge ou o grupo Fado Oriente.

Das 19h30 às 22h, desta vez no Largo do Carmo, acontecem os espectáculos de bandas ou músicos que actuaram nos dias anteriores, nomeadamente os Concrete/Lotus, Daniela da Silva, Giuliana Fellini e João Mascarenhas ou Benjamim Soares.

27 Out 2023

Raphael Alves vence concurso fotográfico da “Somos!”

Raphael Alves venceu a quarta edição do Somos Imagens da Lusofonia, que teve como tema a solidão vivida em tempos de covid-19, com uma fotografia captada num cemitério em Manaus, Brasil, anunciou hoje a organização.

A imagem “Insulae”, premiada com 10 mil patacas retrata desigualdades socioeconómicas, sendo que a “falta de políticas para a região mostraram a fragilidade do maior estado brasileiro, o Amazonas”, escreveu o participante do Brasil na memória descritiva, segundo um comunicado da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos – ACLP), de Macau, que organizou o concurso. “Durante a pandemia de covid-19, apenas três familiares de cada vítima podiam comparecer aos enterros nos cemitérios de Manaus. Uma morte isolada”, continuou Alves.

O painel de jurados, composto por um grupo de fotojornalistas de Macau, Brasil e Portugal, atribuiu o segundo prémio – cinco mil patacas – ao trabalho de Jorge Meira, “Safe Distance”, uma imagem tirada “em Vila Praia de Âncora, depois do plano de desconfinamento do Governo português que previa um distanciamento de 1,5 metros entre veraneantes”, referiu a mesma nota.
Dário Paraíso, que ficou em terceiro – 3.500 patacas -, concorreu com “Espera”, uma imagem captada no mercado de Bobo Forro, em São Tomé, e que, segundo a organização, “descreve a paragem no tempo há muito conhecida de São Tomé e Príncipe”.

“Um sentimento transversal”

Apesar da pandemia ter sido vivida de forma diferente em todo o mundo, os trabalhos recebidos revelam que “a solidão foi, entre outros, um sentimento transversal a todos os países concorrentes”, declarou à Lusa a presidente da Somos – ACLP, Marta Pereira.
“A pandemia da covid-19 marcou o nosso quotidiano nos últimos anos, agravando a solidão e o isolamento social, em todo o mundo, o que inevitavelmente distanciou povos, nomeadamente dos países de língua portuguesa [PLP]”, referiu.

O concurso, aberto a todos os cidadãos dos países de língua portuguesa e residentes de Macau, atribuiu ainda três menções honrosas aos portugueses Bruno Taveira, com a fotografia “Em busca do essencial”, e Rodrigo Cabrita, com “Solidão Coletiva”, e ao moçambicano Marcos Júnior, que apresentou “distância”.

Com mais de 200 trabalhos recebidos, Marta Pereira notou ainda que a participação na competição tem vindo a aumentar e que a iniciativa Somos Imagens da Lusofonia “reúne todas as condições para vir a figurar entre os grandes concursos mundiais dedicados à fotografia”.

A exposição Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias irá ser inaugurada a 12 de Janeiro do próximo ano, na Casa Garden – Fundação Oriente.

26 Out 2023

IC | Feira de livros em chinês e português junta mais de 30 livrarias e editoras

A Exposição de Obras Ilustradas em Chinês e Português em Macau, com a participação de mais de 30 livrarias e editoras, integra este ano palestras, oficinas e sessões de leitura em família, anunciou ontem o Instituto Cultural (IC).

A feira, que se realiza entre sexta-feira e 05 de Novembro, no Auditório do Carmo, na zona da Taipa, quer contribuir para que “residentes e turistas tenham um conhecimento mais aprofundado sobre as publicações da China e dos países de língua portuguesa” (PLP) e para “a promoção do desenvolvimento de Macau como ‘cidade de leitura'”, escreveu o IC num comunicado.

Com o objectivo de “incentivar as crianças e jovens a desenvolver bons hábitos de leitura”, o evento, integrado no 5.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os PLP, vai contar com a presença de mais de 30 livrarias e editoras, incluindo de Portugal, e incluir “mais de 500 livros ilustrados e livros infantis em várias línguas, principalmente em chinês e português”. Além disso, o IC vai organizar duas sessões diárias de leitura familiar.

Ainda segundo o comunicado, entre sexta-feira e 29 de Dezembro, a Casa da Literatura de Macau vai receber a exposição “Amor entre Páginas”, com a apresentação de 50 conjuntos de “ilustrações originais fantásticas e de estilos variados, de nove autores [grupos] de livros ilustrados do interior da China, de Portugal e de Macau”.

26 Out 2023

GPMacau | Actividades no museu para celebrar 70.º aniversário

O Museu do Grande Prémio de Macau (GPM) promove uma série de actividades em Novembro que visam celebrar os 70 anos do maior evento desportivo de Macau. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), as actividades incluem a projecção na fachada do museu, em todas as noites do mês, às 19h e 22h, um novo espectáculo de vídeo mapping, com o nome “Crónicas do Museu do Grande Prémio de Macau: 70 Anos Lendários”. Foi ainda produzido o vídeo intitulado “70 Anos Lendários do Grande Prémio de Macau”, que regista “os momentos marcantes das várias décadas de história do evento”, e que será exibido na sala de projecção do museu na próxima quarta-feira, dia 1 de Novembro.

Também no mesmo dia, será lançada no museu uma nova atracção que permite aos visitantes assistir à corrida de carros com recurso à realidade virtual. O público “precisa apenas de colocar os óculos de realidade virtual disponíveis no museu para poder rever a prova do China Touring Car Championship do Grande Prémio de Macau de 2022 e experienciar o ambiente da corrida de forma imersiva e multidimensional”.

Outra das actividades organizadas para celebrar os 70 anos do GPM, é a exposição da equipa de topo mundial Oracle Red Bull Racing, que decorre na cave do museu a partir de amanhã e até 19 de Novembro. A mostra promete revelar “a história, equipamentos dos pilotos e vídeos promocionais da equipa”. Será ainda organizado o evento pop-up “Red Bull Pit Stop Challenge” no Galaxy Macau.

Nos seis dias de corridas do 70.º GPM, nos dias 11, 12, 16, 17, 18 e 19 de Novembro, o Museu do Grande Prémio de Macau irá prolongar o horário de funcionamento até às 21h30. Nesses dias serão acrescentadas duas visitas guiadas ao público, bem como duas sessões na sala de projecção, às 18h30 e às 20h30. Além disso, a partir da próxima quarta-feira, serão oferecidos dois tipos de descontos na aquisição de bilhetes de entrada no museu.

26 Out 2023

Académicos defendem maior divulgação de Henrique de Senna Fernandes

Estudiosos de Henrique de Senna Fernandes defenderam à Lusa que há ainda muito a fazer na divulgação do trabalho do macaense no meio académico em língua portuguesa, notando o difícil acesso às obras do autor fora de Macau.

“O interesse cresceu [no Brasil] nos últimos anos, mas temos muito por fazer, as pesquisas são ainda esporádicas”, notou Mônica Simas, académica brasileira que participa na conferência “Lembrando Henrique de Senna Fernandes: Jornadas em torno da identidade macaense”. A conferência termina hoje na Universidade de Macau.

“Acho que, em parte, se deve ao facto de os estudos portugueses se concentrarem nos domínios Atlânticos, e os interesses sobre a China se concentrarem na cultura chinesa continental”, justificou a docente da Universidade Ca’ Foscari de Veneza, para quem, “apesar disso, os lugares periféricos encontram sempre pesquisadores interessados”: “Portanto, há já uma tradição nesses estudos, mas ela é estreita”.

A contribuir para a dormência académica relativa ao estudo da literatura do escritor de Macau está ainda “a questão da circulação” dos livros – uma “grande dificuldade” nas palavras de Simas, que sugere a possibilidade de criar versões eletrónicas.

Outras “formas efectivas” de ampliar o público e a crítica seria, de acordo com a brasileira, a tradução dos livros para outros idiomas, além de professores e investigadores incentivarem a realização de trabalhos comparados, no âmbito das literaturas de língua portuguesa ou de outras línguas.

O autor macaense dividiu a profissão de advogado com a de professor e escritor, tendo deixado quatro livros publicados, com dois dos romances, “Amor e Dedinhos de Pé” (1993) e “Trança Feiticeira” (1996), a chegarem ao cinema.

Uma “pioneira”

Com uma “parte grande” dedicada à literatura de Henrique de Senna Fernandes na tese de doutoramento (2001), Simas lembrou que, ao integrar o corpo docente na Universidade de São Paulo, em 2003, foi encontrar “um meio propício para a recepção do estudo da literatura de Macau”, com a académica Benilde Justo Caniato “a motivar os alunos a fazer teses”.

“Ela é uma espécie de pioneira, que eu saiba, no Brasil, que teria motivado os primeiros estudos sobre a obra de Henrique de Senna Fernandes”, acrescentou.

No caso de Portugal, onde os livros do escritor-advogado são igualmente de “difícil acesso”, há também ainda muito caminho a percorrer para dar a conhecer a literatura macaense, salienta o professor da Universidade Nova de Lisboa, Rogério Miguel Puga, sugerindo que estas sejam disponibilizadas ‘online’ e gratuitamente, para ajudar “estudantes portugueses a analisar a obra”. O professor garante estar “bem acompanhado” na academia portuguesa, com “inúmeras pessoas a ler e a estudar Henrique de Senna Fernandes”.

Análise realista

Importa conhecer o autor, analisa ainda Puga, na medida em que este, enquanto voz macaense, descreve, “de forma realista, o território durante a administração portuguesa”, as “comunidades portuguesa, chinesa e macaense, bem com a diáspora macaense e as relações de poder, étnicas e de género no território”.

“A caracterização da Macau do século XX é um aspecto muito relevante da obra, as diferenças do Bazar chinês e da cidadela cristã, os lares macaenses, dos reinóis, bem como a crítica (por vezes) encoberta à comunidade cristã que se esconde atrás de fachadas e contrai infecções venéreas tratadas por personagens dos romances. Esse retrato crítico é muito interessante”, disse.

Também para Mónica Simas há “um interesse óbvio” na bibliografia de Senna Fernandes, sendo “fundamental à compreensão mais vasta do Império português”. “No caso específico dos romances, interessa ver a tensão entre os valores locais e universais; acompanhar a representação de processos de integração ou de fricção e ostracismo social”, referiu.

26 Out 2023

Artes de rua | Graffiti marca presença no Festival “!Outloud”

Está a decorrer a quinta edição do “!Outloud International Street Art Festival” que, tal como o nome indica, se dedica a apresentar ao público local os melhores trabalhos de arte de rua, com destaque para o graffiti. O festival, que arrancou dia 14, apresenta 12 artistas de rua internacionais, com eventos junto ao empreendimento Ponte 16 e Praça de Ponte e Horta

 

A Praça de Ponte e Horta, na zona do Porto Exterior, e a praça exterior ao hotel Sofitel, no empreendimento Ponte 16, são os palcos escolhidos para a quinta edição do festival dedicado à arte urbana e ao graffiti, intitulado “!Outloud International Street Art Festival”. Segundo um comunicado da organização, poderão ver-se eventos e actividades de 12 artistas de rua reconhecidos internacionalmente que farão um mural em graffiti com cerca de 500 metros quadrados entre sexta-feira e domingo. Segundo a organização, trata-se do maior mural do género pintado em Macau até à data.

O evento, que termina no último dia do mês, na próxima terça-feira, é organizado pela Associação de Promoção dos Bairros Antigos de Macau, sendo co-organizado pela United Culture Media LTD e diversas associações locais, além de ser patrocinado pelo próprio Sofitel. O objectivo é “promover a arte de rua e o intercâmbio criativo”, bem como “desenvolver a consciência cultural e promover os bairros antigos de Macau”.

O festival pretende unir a praça exterior do hotel Sofitel e a Praça de Ponte e Horta, sendo o graffiti o meio criativo escolhido para o fazer. Esperam-se competições de dança e de graffiti, workshops, sessões de pintura ao vivo, instalações de arte, concertos e desfiles de rua, sem esquecer a organização de eventos de caridade. A ideia é que o público possa ter “uma experiência imersiva completa” com este evento.

“Entre o velho e o novo”

Apesar de esta ser a quinta edição do festival, a verdade é que o evento começou a ser pensado há dez anos numa cidade “multifacetada e enérgica que alberga uma mistura entre o Oriente e o Ocidente, entre o velho e o novo”, sendo um destino de eleição “para os visitantes que apreciam a fusão de culturas e experiências”.

O facto de o festival se situar na zona histórica da península faz com que haja “uma riqueza [proporcionada] pelos antecedentes históricos e pelas múltiplas lojas com vários perfis”, tendo muito recentemente sido integrados o graffiti e a arte de rua como símbolos “do amor partilhado entre as comunidades locais”.

A organização do festival destaca, em comunicado, que nos últimos anos tanto o graffiti como a arte de rua “transformaram-se em arte urbana moderna e numa forma de representação da personalidade das cidades”, graças aos vários formatos de letras pintados, “visuais impactantes, caracteres apelativos e cores vivas”.

O festival, com os artistas, mas também com toda a envolvente do público e do lado histórico do local, promete trazer “energia e vida a todas as comunidades locais, elevando o lado comunitário e deixando memórias para os visitantes”, além de contribuir para uma maior “consciência global da própria cidade”.

26 Out 2023

Bienal de Artes de Taipei arranca a 18 de Novembro

Já é conhecido o programa da próxima edição da Bienal de Artes de Taipei, Taiwan, que decorre entre os dias 18 de Novembro e 24 de Março de 2024, com um leque variado de actividades e eventos subjacentes ao tema “Small World” [Pequeno Mundo]. A abertura oficial desta que é a 13.ª edição decorre entre os dias 18 e 19 de Novembro e conta com programas especiais que incluem debates, espectáculos musicais e sessões de audição apresentados por artistas, músicos e escritores associados à bienal.

Inclui-se uma série de conversas intitulada “Artist on Artist”, onde grupos de participantes são convidados a partilhar o seu trabalho com o público, com nomes como dj sniff, Natascha Sadr Haghighian, Samia Halaby, Lai Chih-Sheng, Ellen Pau, Wang Wei, Alexander Provan, juntamente com o convidado especial Terre Thaemlitz (também conhecido como DJ Sprinkles).

Na apresentação intitulada “The Psychedelic Spiritual Ceremony”, uma instalação que traça o percurso do artista taiwanês Li Jiun Yang, irão actuar grupos musicais como “Buddha”, “Tiger” e “Dog”.

Destaque para a presença da pintora abstracta palestiniana Samia Halaby, de 93 anos, actualmente residente em Nova Iorque. A artista é considerada pioneira da pintura cinética por computador, apresentando em Taipei uma série de pinturas cinéticas que escreveu no seu computador desde os anos 80. Trata-se de pinturas digitais que serão mostradas em ligação com uma actuação ao vivo, em que a artista interage e improvisa com outros colaboradores, com as cores das obras a mudarem de acordo com a melodia da música. Neste evento colabora o artista indonésio Julian Abraham (Togar). Além disso, a artista palestiniana participará numa conversa com a artista de vídeo de Hong Kong Ellen Pau.

Música e arte

A bienal conta com curadoria de Freya Chou, Reem Shadid e Brian Kuan Wood, apresentando obras de mais de 50 artistas e músicos de Taiwan e internacionais, com o objectivo de “transformar o museu num espaço de escuta, reunião e improvisação”. Segundo o comunicado da organização, esta edição apresenta ainda o projecto do estúdio AAU ANASTAS, dos arquitectos palestinianos Elias e Yousef Anastas, que transforma uma galeria numa sala de música.

24 Out 2023

Literatura | UM e UCM recordam escrita de Henrique de Senna Fernandes

“Lembrando Henrique de Senna Fernandes – Jornadas em torno da identidade macaense” é o nome do colóquio que decorre hoje e amanhã na Universidade Cidade de Macau e na Universidade de Macau. A ideia é falar do autor macaense no ano em que se celebra o centenário do seu nascimento, incluindo-se ainda sessões sobre a identidade macaense e a literatura de Macau

 

Arranca hoje na Universidade Cidade de Macau (UCM) um colóquio inteiramente dedicado a Henrique de Senna Fernandes, aquele que é considerado o grande escritor de Macau, que sempre escolheu o português para as suas obras e que nunca deixou de se identificar como macaense. “Lembrando Henrique de Senna Fernandes – Jornadas em torno da identidade macaense” acontece ainda amanhã na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau (UM).

O evento começa hoje às 10h15, na UCM, com a palestra plenária de Mónica Simas, académica brasileira e grande especialista na obra de Henrique de Senna Fernandes, que vai apresentar “O mundo extraordinário de Henrique de Senna Fernandes”, com moderação de Carina Liu, da UCM.

Este colóquio de dois dias inclui ainda painéis sobre a ligação do autor à literatura de Macau, a literatura euroasiática, a identidade linguística e cultural, bem como as áreas da tradução e do ensino do português como língua estrangeira. Decorrerá ainda uma mesa redonda sobre o tema “Ser Macaense – A identidade macaense na primeira pessoa”.

No programa do evento, os organizadores da conferência descrevem Henrique de Senna Fernandes como um “icónico escritor de Macau, que nos apresenta nos seus contos e romances a Macau de meados do século XX”, revelando também “uma história secular de co-habitação de culturas muito distintas, com especial incidência na representação da comunidade macaense”.

Assim, este pretende ser “um fórum de reflexão e discussão da condição macaense e da problemática multicultural a marcar a Cidade do Nome de Deus [Macau] desde a sua fundação”.

Cultura e afectos

Na primeira sessão, a ideia é debater se Macau tem, de facto, uma cultura própria, chamando a atenção para a “importância da preservação da cultura local”. Trata-se de uma sessão que “procura introduzir alguns conceitos teóricos, como a Globalização e a cultura local, para compreender a necessidade de preservar culturas particulares, bem como a luta do escritor Henrique de Senna Fernandes pelo reconhecimento das características de Macau”, apontam os organizadores.

Por sua vez, na segunda sessão, procura-se analisar “as representações das relações afectivas e contextos conjugais” nos textos do autor macaense.

“A identidade macaense surge a partir de processos matrimoniais que envolvem um conhecimento sobre os intensos fluxos migratórios pelos quais a região passou. As relações entre diferentes etnias geraram uma sociedade mestiça que envolve tabus que tiveram de ser superados”, descreve o programa, que vai ainda analisar “as relações amorosas descritas por Henrique de Senna Fernandes, identificando os desafios que enfrentaram”.

Académicos em conjunto

Depois da palestra protagonizada por Mónica Simas, o programa prossegue a partir das 11h com o painel “Henrique de Senna Fernandes e a literatura de Macau”, com a participação de Sara Augusto, académica actualmente em funções no Instituto Português do Oriente, que vai falar de “Senna Fernandes: A herança literária na obra de Miguel de Senna Fernandes”, seu filho e presidente da Associação dos Macaenses.

Por sua vez, Manuela Carvalho, da UM, vai falar da “Adaptação cinematográfica de ‘Amor e Dedinhos de Pé’: (Re) criação e Transgressão”, enquanto hoje, a partir das 15h, Maria José Grosso, docente da UM, vai apresentar “A educação no olhar evocativo de Senna Fernandes”. Maria Antónia Espadinha, antiga docente da UM e da Universidade de São José, falará d’”As mulheres de Henrique de Senna Fernandes”, enquanto Pedro Caeiro, da UCM, aborda “A Cultura Local no ensino PLE [Português como Língua Estrangeira] em Macau – Mong-Há como material didáctico”. Destaque ainda para a sessão das 17h15 até às 18h, protagonizada pelo docente da UM Mário Pinharanda Nunes, que vai falar da “Obra de Henrique de Senna Fernandes enquanto fonte documental da génese e evolução do patuá”.

A mesa redonda sobre a temática “Ser Macaense: A identidade macaense na primeira pessoa”, que começa às 18h15, traz para o debate nomes de personalidades macaenses como Miguel de Senna Fernandes, José Luís Sales Marques, António Monteiro, Sérgio Perez e Elisabela Larrea.

Da identidade

Amanhã o colóquio prossegue na UM, a partir das 10h, com moderação de Mário Pinharanda Nunes, discutindo-se “Henrique de Senna Fernandes: O Homem, a Obra e a Cultura Macaense”. Mónica Simas volta a pisar o palco para questionar se Macau tem uma cultura própria e para falar da “preservação da cultura local”. Marisa Gaspar, antropóloga que está a realizar uma investigação pós-doutoramento no território, aborda o romance de Senna Fernandes adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha, “Amor e Dedinhos de Pé”, apresentando um “olhar antropológico sobre a memória e identidade na comunidade macaense”.

O colóquio encerra amanhã ao final do dia com um sexto painel, intitulado “A obra de Henrique de Senna Fernandes no contexto de outras literaturas euroasiáticas”, com a presença dos académicos Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa, e Melissa de Silva, da Universidade Nacional de Singapura.

24 Out 2023

Prémios do Cinema Asiático | Macau acolhe campo para novos cineastas

A Academia dos Prémios do Cinema Asiático vai organizar em Macau, no próximo mês de Abril, a primeira edição do “International Film Camp” para jovens cineastas de toda a Ásia. O objectivo do evento é fomentar o contacto com profissionais da indústria, apresentar projectos e atribuir prémios

 

Os resorts da operadora Sands China em Macau serão o palco da primeira edição do “International Film Camp” (IFC) [Campo de Cinema Internacional], destinado a cineastas emergentes de Macau e de toda a Ásia. O evento está marcado para o período entre 9 e 13 de Abril de 2024 e é uma iniciativa promovida pela Academia dos Prémios do Cinema Asiático, uma organização sem fins lucrativos criada em 2007.

O estabelecimento deste campo para cineastas trata-se, segundo um comunicado divulgado pela Sands China, de “uma iniciativa inovadora que visa estimular e capacitar a próxima geração de cineastas asiáticos”, contando com o apoio do Instituto Cultural de Macau e da Direcção dos Serviços de Cultura, Desporto e Turismo de Hong Kong, entre outras entidades.

Pretende-se que o IFC seja “uma plataforma única para os cineastas emergentes interagirem com profissionais da indústria, obterem conhecimentos valiosos sobre os aspectos criativos e comerciais do cinema e receberem financiamento de produção e oportunidades de distribuição através da Academia dos Prémios de Cinema Asiático”.

Curtas e longas

O IFC aceita participantes com idades compreendidas entre 21 e 40 anos, naturais de Macau, Hong Kong, China e demais regiões e países asiáticos. Os candidatos terão de apresentar propostas para uma curta-metragem de ficção centrada no tema “A minha terra natal”.

Além disso, os interessados na iniciativa precisam submeter uma declaração do realizador e um plano de produção, juntamente com uma amostra de cinco minutos de um trabalho ou trabalhos que já tenham realizado. Será depois feita uma pré-selecção de 30 candidatos para entrevistas conduzidas “por um painel distinto de peritos da indústria”. No final, apenas 16 cineastas serão convidados para participar no IFC.

Entre os dias 9 e 13 de Abril, os escolhidos poderão beneficiar “da orientação de profissionais de renome do sector, que partilharão os seus conhecimentos e fornecerão informações valiosas sobre a realização de filmes”. Espera-se, assim, que o IFC promova “um ambiente de colaboração e apoio, encorajando a troca de ideias e a exploração de novos horizontes criativos”.

Os 16 cineastas apresentarão no final os projectos de curtas-metragens a um painel de jurados que atribuirá a oito deles uma bolsa de produção de 300 mil dólares de Hong Kong a cada um para que realizem o projecto cinematográfico. Este painel será presidido pelo mentor principal do campo, o veterano produtor de cinema Terence Chang, cuja carreira de sucesso abrangeu as indústrias cinematográficas de Hong Kong, Hollywood e China.

A Academia dos Prémios de Cinema Asiático fará depois a curadoria dos projectos desenvolvidos no âmbito do IFC, apresentando-os no programa anual de digressão “Asian Cinerama”. Espera-se ainda que os cineastas escolhidos possam ter apoio da Academia para colocar os seus filmes em diversos festivais e atrair potenciais patrocinadores, “ampliando o seu alcance e exposição na indústria”.

Convidados de honra

A iniciativa conta ainda com diversos convidados de honra, sendo que, de Macau, se incluem nomes como o de Tracy Choi, Emily Chan e Hong Heng-Fai, todos realizadores com um importante currículo na indústria do cinema local.

Wilfred Wong, presidente e director-executivo da Sands China, igualmente presidente da Academia dos Prémios de Cinema Asiático, disse que “o cultivo de talentos desempenha um papel crucial na transmissão do sucesso do desenvolvimento da indústria cinematográfica na Ásia”.

Desta forma, o IFC promete reunir “jovens e emergentes cineastas da área da Grande Baía e das regiões asiáticas”, para participar em workshops, seminários, apresentação de guiões e orientação prática por parte de profissionais da indústria. “O nosso objectivo é cultivar jovens talentosos e preparar o seu caminho para um maior desenvolvimento”, concluiu.

De frisar que, além de ligado ao sector do jogo, Wilfred Wong tem desenvolvido bastante trabalho na área do cinema de Hong Kong, sendo presidente do Hong Kong Film Development Council e da Hong Kong International Film Festival Society.

24 Out 2023

O Clarim | Exposição dos 75 anos do semanário até Novembro

“Uma Ponte de Diálogo: Exposição do 75º Aniversário d’O Clarim” é a mostra de fotografia que celebra o aniversário do semanário católico de língua portuguesa, inaugurada dia 20 e patente até ao dia 18 de Novembro no salão de exposições do Centro Diocesano, situado na Rua Formosa.

Segundo um comunicado do jornal, esta iniciativa inaugura as celebrações dos 75 anos de vida do jornal, “dando à população a oportunidade única de revisitar uma parte significativa da história da imprensa de Macau, principalmente nas últimas sete décadas”.

Dispõem-se, na exposição, painéis de imagens por ordem cronológica com os principais momentos da publicação, destacando “a missão e o papel da imprensa católica na sociedade de Macau, procurando constituir uma ponte de diálogo entre o passado e o presente”.

São imagens “recuperadas dos arquivos da Diocese de Macau”, sendo que a exposição vai depois cumprir um programa itinerante, com a passagem por várias escolas e entidades de carácter sócio-cultural. Serão ainda organizadas uma série de palestras sobre a imprensa de Macau, sendo convidadas “diversas personalidades [para abordar o assunto], cujo contributo permitirá dar a conhecer à população em geral a história e os processos de produção de um sector desconhecido da maioria do público”.

O mesmo comunicado dá ainda conta que “há 75 anos que O Clarim assume como missão [ser] uma ponte de diálogo entre a Igreja e os fiéis, bem como com a sociedade”.

23 Out 2023

Cineasta lusodescendente John Allen Soares prepara filme para a Warner Bros.

O cineasta lusodescendente John Allen Soares, que trabalha na Warner Bros., em Los Angeles, está a preparar a realização de um novo filme de acção independente, com o título provisório de “Ion Blade”. “Vai ser um filme de acção e aventura que tem lugar na Califórnia, algo como ‘O Tesouro’ [com Nick Cage], mas focado na história na Califórnia e com mais kung-fu”, disse à Lusa o cineasta, com raízes na ilha de São Jorge, nos Açores.

A sua intenção é começar a filmar em 2024, em paralelo ao trabalho que faz na Warner Bros., onde é editor da série de animação “As minhas aventuras com o Super-Homem”, que passa na HBO Max e Cartoon Network. No novo filme, Soares vai pôr em prática o seu treino como coreógrafo de acção e acrobacias, um interesse que surgiu por causa do filme “Matrix”, em 1999.

“Antes do Matrix, muitos filmes de acção nos EUA baseavam-se no espalhafato e custavam muito dinheiro, com efeitos visuais e pós-produção, explosões no estúdio”, afirmou. “Quando vi esse filme, introduziu-me a este mundo do cinema de Hong Kong, em que todo o espectáculo se baseia naquilo que a pessoa consegue fazer”, continuou. “Não precisamos de explosões e efeitos especiais”.

Percurso pouco comum

Aos 41 anos, John Allen Soares teve um percurso profissional pouco ortodoxo e chegou à indústria do entretenimento vindo da quinta de cultivo de amêndoa da família em Hughson, vale central da Califórnia.

“Havia todos estes filmes incríveis e desenhos animados na televisão quando eu cresci”, referiu, “e tornei-me obcecado com isto”. Filmes como “História Interminável”, “Os Goonies”, “Indiana Jones”, “Star Wars” ou “Caça-Fantasmas” fascinavam-no e levaram-no a começar a fazer os seus próprios filmes muito cedo.

“Estava obcecado com isto e o outro lado da moeda era esta vida de trabalho difícil na produção de amêndoa. Estava sempre a fantasiar sobre estas coisas que via no ecrã”, lembrou o cineasta.

A família, que começou por trabalhar na pesca em alto mar, acabou por trocar o barco pelo cultivo de amêndoa no início dos anos oitenta. “O meu pai achou que não podia criar-me num barco”, disse Soares. O seu objectivo era chegar à indústria do entretenimento, o que não foi fácil. Aprendeu a filmar e a editar sozinho, primeiro com VCR (videogravador de cassetes) e depois num computador que um amigo lhe deu.

Ao longo de quase dez anos, o lusodescendente trabalhou no seu próprio filme, “The Danger Element”, enquanto continuava na quinta. Quando estava a terminar, teve a oportunidade que perseguia: precisavam de um editor para desenhos animados feitos para a DreamWorks e ele agarrou esse trabalho, mesmo tendo de se mudar para o Tennessee. “Foi assim que entrei na animação”, contou. Tinha 33 anos.

No final desse projecto, mudou-se para Burbank, Los Angeles, e trabalhou primeiro na Titmouse e depois na Warner Bros., onde está desde 2018. Foi nomeado para um Emmy pelo trabalho de edição nos “Looney Tunes”. “Não esperei trabalhar em animação”, referiu. “Isto acabou por ser um trabalho fantástico”, acrescentou.

Português como identidade

Embora não fale português, John Allen Soares sublinhou que as suas origens sempre foram parte da sua identidade. “Quando o meu bisavô chegou, tinha a ideia de assimilar, agora somos americanos”, contou. “Mas o meu avô ainda falava português. A minha geração, eu e os meus primos, estávamos todos interessados e queríamos que falassem a língua mais frequentemente”, acrescentou.

Cresceu a ir a festas nos salões portugueses e a praticar a religião católica, muito presente na comunidade. “A minha geração não fala a língua, mas ainda temos familiaridade com estas coisas”, frisou. “Muitas das paróquias católicas na área são portuguesas, por isso estamos muito ligados à cultura nesse aspeto”, frisou.

O filme “The Danger Element” está disponível na plataforma de streaming Tubi e os trabalhos de animação de John Allen Soares, “As minhas aventuras com o Super-Homem”, “Looney Tunes”, e “Trick or Treat, Scooby Doo”, estão na HBO Max. Fez ainda “Little Big Awesome” (Amazon) e “Veggietales: In the house” (Netflix), além de séries web e coordenação de acção em filmes independentes.

23 Out 2023

Música | Adiados concertos de Eason Chan

Os concertos de Eason Chan em Macau, que estavam marcados de hoje a domingo, foram adiados para os dias 26 e 27 deste mês e 1 de Novembro devido a uma indisposição do cantor, que diz estar com sintomas de constipação desde esta terça-feira, informou a Best Shine Group, produtora dos espectáculos.

Na mesma nota, a produtora sublinha que o objectivo do adiamento dos concertos é garantir a qualidade dos mesmos com um melhor estado de saúde do cantor. Quem adquiriu bilhetes para os espectáculos deste fim-de-semana pode utilizá-los nas novas datas ou pedir reembolso até segunda-feira.

Recorde-se que a vinda de Eason Chan a Macau gerou alguma polémica pois, como foi documentado em múltiplas publicações nas redes sociais, os fãs pediram-lhe num espectáculo para falar em mandarim ao invés de cantonês, para o entenderem. Contudo, o cantor de cantopop disse “adorar falar da forma e na língua que quiser”, questionando, sem noção, se os fãs pediram a David Bowie para cantar em mandarim ou cantonês, em vez de inglês.

20 Out 2023

“Amor Escarlate” é o primeiro romance de José Basto da Silva

O macaense José Basto da Silva, presidente da Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco, lançou na última semana o seu primeiro romance. Trata-se de “Amor Escarlate – Memórias dos Tempos de Estudante em Macau” e nasce das crónicas que o autor preparou em tempos para o boletim mensal da Associação dos Macaenses, “A Voz”, cuja publicação foi, entretanto, suspensa.

Ao HM, o autor contou que este projecto literário começou há cerca de seis anos, precisamente na altura em que se aventurou como cronista. Quando “A Voz” deixou de se publicar, José Basto da Silva, formado em engenharia informática, pensou transformar as crónicas que não chegaram a ser publicadas num romance. “Acabei por ficar com alguns textos que nunca chegaram a sair, e achei que seria um desperdício deitar tudo fora. Então decidi romancear todos os textos, e até tinha mais histórias para contar. À medida que vamos escrevendo, recordamos sempre mais histórias.”

“Amor Escarlate” conta “histórias da juventude, dos nossos tempos de liceu, que se passaram nos anos 80 entre os alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco e o Liceu de Macau”. Algumas histórias foram vividas na primeira pessoa, outras observadas. “São factos que romanceei para tentar criar uma história que tivesse algum fio condutor e interesse. São coisas que, de facto, aconteceram, paixonetas entre estudantes, pequenas guerras, cenas de pancadaria, rivalidades que existiam entre as escolas, corações partidos. Os problemas da juventude.”

Rivalidades e pequenas guerras

Os tempos da adolescência são, por norma, conturbados, e em Macau não foi excepção nos anos 80, mesmo com a coexistência de três comunidades: a portuguesa, a chinesa e a macaense. “Havia uma certa segregação dos alunos macaenses que iam para a escola comercial e os portugueses que iam para o liceu. Havia uma franja que se misturava, mas no geral, os grupos não se misturavam muito e namorava-se dentro dos grupos. Foi a altura em que surgiram os computadores, a MTV, o BreakDance, o Yo-Yo, e há muitas histórias engraçadas da juventude dos anos 80.”

José Basto da Silva recorda uma espécie de “hierarquia” entre as comunidades. “Havia os alunos macaenses de classe média que iam para a escola comercial, com alguns a ter a aspiração de seguir o ensino superior. Havia os alunos mais mal comportados que iam para o Colégio Dom Bosco, com uma formação mais profissional e que não tinham aspirações [de ir para a universidade], e que com 15 anos começavam a trabalhar. Depois havia a elite, os filhos dos portugueses, dos funcionários públicos, que iam para o liceu, tinham dinheiro, falavam português muito bem e gozavam com os macaenses que falavam português com um sotaque próprio. Havia esta rivalidade.”

“Amor Escarlate” apresenta um certo “twist”, mas o autor não quer revelar algumas das histórias que o livro contém. “Esta incursão pelas letras foi interessante e foi uma aprendizagem. Escrever uma coluna ou artigos científicos são coisas mais objectivas, que não envolvem a imaginação. Escrever um livro obrigou-me a puxar pelas minhas recordações. O processo de escrita tem a sua ciência.”

A obra é editada pela Praia Grande Edições e foi lançada no festival literário Rota das Letras, que terminou na última semana.

20 Out 2023

Macau em destaque em programa de eventos em Almada

O Centro Cultural Fernão Mendes Pinto, em Almada, Portugal, acolhe até Maio de 2024, o programa “Almada na Rota do Oriente”, com uma série de conferências nas áreas da Literatura, História, Sociologia e Etnografia, bem como espectáculos musicais, exibições de filmes e exposições de fotografia, pintura ou instrumentos musicais.

O programa é promovido pela Associação Almada Mundo em parceria com a União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal, Cacilhas e a Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, centrando-se, segundo uma nota de imprensa da organização, no livro “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, publicado no século XVII.

A iniciativa procura, “recuperar esse legado simbólico para homenagear a fórmula da interculturalidade que marcou a odisseia dos Portugueses pelo Oriente”. “Símbolo das relações entre o Ocidente e o Oriente, ou, em rigor, entre Portugal e a China, Macau será, desta vez, o principal ponto desta rota do Oriente”, acrescentam ainda os organizadores.

“Cantar Macau” na estreia

Macau foi protagonista do primeiro evento, decorrido na quarta-feira, que incluiu o espectáculo “Cantar Macau” com o duo “A Outra Banda”, formado pelo antropólogo e macaense Carlos Piteira e Jaime Mota. Foram cantadas músicas de Macau “com sonoridades revivalistas, no sentido de preservar algumas das músicas do passado”. Os músicos exploraram “canções sobre as vivências e memórias de Macau perpetuadas nas palavras de Poetas que aí viveram, incluindo temas em patuá, crioulo da comunidade macaense e uma das suas marcas identitárias”.

Destaque ainda para alguns eventos que vão decorrer nos próximos meses dedicados a Macau, como a exibição a 16 de Novembro de três documentários sobre o território, da autoria de Carlos Fraga. Para o dia 17 de Janeiro está marcada a conferência “A Literatura de Macau”, protagonizada pelo poeta e autor Jorge Arrimar, bem como “Macau na Rota de Fernão Mendes Pinto”, que decorre a 20 de Fevereiro e que conta com Ana Paula Laborinho e Rui Loureiro como oradores.

No dia 23 de Maio, data da última sessão do programa, são apresentados os “Projectos da identidade macaense na diáspora”, nomeadamente a Fundação Casa de Macau em Lisboa. Organiza-se ainda a conferência “Identidade Macaense: Um modelo analítico com final gastronómico”, com Carlos Piteira e Maria João Santos Ferreira.

20 Out 2023

Exposição | “MIxed”, com artistas de Macau, apresentada em Foshan

É inaugurada amanhã em Foshan uma exposição que reúne 10 artistas de Macau, como Alexandre Marreiros, Sara Augusto e Francisco Ricarte, na galeria “ArtOn Space”. A mostra conta com curadoria de João Miguel Barros e iiOn Ho e nasce de uma parceria com a galeria Ochre Space, em Lisboa

 

Alexandre Marreiros, Alan Ieon, Elói Scarva, Francisco Ricarte, Hugo Teixeira, João Palla Martins, Tang Kuok Hou, Rusty Fox, Sara Augusto e Stefan Nunes. São estes os nomes dos fotógrafos e artistas que vão expor, a partir de amanhã, na nova galeria de arte em Foshan virada para a fotografia e artes visuais: a ArtOn Space.

Intitulada “Mixed”, a mostra conta com curadoria de João Miguel Barros, advogado, fotógrafo e fundador da galeria de fotografia Ochre Space, em Lisboa, com a qual a ArtOn Space estabeleceu uma parceria em termos de curadoria de projectos. A curadoria está também a cargo de iiOn Ho, responsável pela galeria na cidade chinesa.

Segundo disse João Miguel Barros ao HM, foi feita uma proposta a iiOn Ho quanto à possibilidade “de seleccionar alguns trabalhos de artistas de Macau, preferencialmente no âmbito [da sua colaboração] com a associação Halftone”, que edita regularmente uma revista de fotografia no território.

Assim, a associação, criada em Macau ganha, com “MIxed”, a sua “primeira internacionalização”, a partir de “um projecto multifacetado e diversificado, com trabalhos autónomos e independentes (daí o nome da exposição), mas que assentam na ideia da construção e da humanidade”, frisou João Miguel Barros.

A mostra estende-se ainda a outros espaços associados à ArtOn Space, nomeadamente a 272 Gallery by Stream, Sensing Bookstore, SOS perfume e The Calling Hill.

Um ponto de partida

João Miguel Barros cita o texto de apresentação da exposição para explicar que “MIxed” não constitui “um ponto de chegada, mas antes um ponto de partida”. O público poderá ver imagens como “Cinderella Going Home” ou “Out, No Photo”, de Alexandre Marreiros, ou “Senhora das Castanhas”, de Stefan Nunes.

Assim, “além de outros projectos que a ArtOn Space tem em carteira, relacionados com a normal actividade da galeria, esta exposição lança as bases para um projecto mais vasto e ambicioso, que é a dinamização de um evento de larga escala relacionado com a fotografia na cidade de Foshan”, adiantou.

Trata-se de um projecto que “está a dar os primeiros passos junto das entidades governamentais”, centrando-se, numa primeira fase, no espaço da galeria, rematou o curador, tendo a Ochre Space como parceiro internacional. De destacar que a ArtOn Space está situada numa das zonas mais tradicionais da cidade de Foshan.

20 Out 2023

António Mil-Homens expõe numa galeria em Lisboa

O fotógrafo António Mil-Homens, que viveu em Macau durante várias décadas, tem uma nova exposição na galeria “Acto Abstracto”, em Lisboa, intitulada “Macau, Agora e Sempre”, patente até ao dia 17 de Novembro. Ao HM, o autor das imagens revelou um pouco sobre o processo de criação do conjunto de 19 fotografias, todas a preto e branco.

“Diria que esta é uma mostra essencialmente diferente. Repesquei um conjunto de cinco trabalhos que expus na Creative Macau, em que, pela primeira vez, em termos de conceito, do ponto de vista técnico e edição de imagens, fiz algo de verdadeiramente diferente. Depois seleccionei mais 12 imagens de arquivos que têm já uma outra abordagem ao nível do formato”, contou.

O público pode, assim, ver um quadríptico e um conjunto de 12 telas, sendo que este projecto partiu do convite de Maria João Ramos, também antiga residente em Macau e proprietária da galeria. “Curiosamente, [a Acto Abstracto] só tinha exposto pintura [até à data], mas desta vez a Maria João queria fotografia, e assim aconteceu”.

Entre tradição e arquitectura

As cinco fotografias expostas no formato quadríptico são mais clássicas e com uma abordagem à estética arquitectónica, onde o edifício do Sofitel, na Ponte 16 (Porto Interior), assume uma posição de destaque. As restantes 12 imagens “têm o lado tradicional de Macau, a Macau pela qual me apaixonei logo em 1996 na primeira estadia”.

Na inauguração da exposição, que decorreu no passado dia 13, “as pessoas sentiram-se identificadas com Macau [ao ver as imagens], mas a minha intenção foi sempre fazer uma abordagem diferente”. “Continuam a imagens documentais, mas tentei dar-lhes um cunho diferente”, assumiu.

Desde que regressou a Portugal que António Mil-Homens tem mostrado algum do trabalho fotográfico que fez em Macau ao nível da fotografia artística e documental. A última mostra decorreu em Castelo Branco e teve como nome “Bicicletas de Macau”, onde o autor procurou mostrar os raros sinais da mobilidade através da bicicleta nas ruas de Macau, tendo em conta as dificuldades de locomoção neste meio de transporte devido à poluição e trânsito excessivo.

19 Out 2023

Pianista e compositora de jazz Carla Bley morreu aos 87 anos

A compositora e pianista de jazz Carla Bley morreu terça-feira, em casa, em Willow, no estado de Nova de Nova Iorque, anunciou o seu companheiro, o baixista Steve Swallow. “Depois de uma carreira de mais de 70 anos e de quase 60 álbuns, a compositora e pianista Carla Bley deixou-nos na manhã desta terça-feira aos 87 anos”, lê-se na mensagem divulgada pelo músico, citada pelo jornal The New York Times.

Carla Bley, criadora “irrepreensivelmente original”, foi “responsável por mais de 60 anos de provocações astutas no jazz e em torno dele”, escreve o jornal norte-americano. De acordo com Steve Swallow, citado pelo The New York Times, Carla Bley morreu na sequência de um tumor cerebral.

Lovella May Borg, de nome de baptismo, nasceu em Oakland, Califórnia, em 11 de Maio de 1936. Estudou música com o pai, o músico Emil Carl Borg, professor de piano e organista de igreja. Bley, porém, fez quase toda a formação por si mesma.

Descobriu o jazz aos 12 anos, através do vibrafonista Lionel Hampton, o que a levaria a Nova Iorque, o centro da cena jazz da época, quando tinha ainda 17 anos. Aí se cruzavam músicos como Miles Davis e John Coltrane, Dizzy Gillespie e Count Basie, o músico residente do clube Birdland, onde Carla Bley começou por vender cigarros, só para poder ouvir os seus heróis.

Não tardou a ser notada. Primeiro, o pianista canadiano Paul Bley, com quem se casou em 1957 e que a encorajou a compor. Depois o também pianista George Russell, que a desafiou a escrever para o seu sexteto, e o saxofonista Jimmy Giuffre, que gravou peças suas como “Ictus” e “Jesus Maria”.

Beat e Grândola

Na década de 1960, fundou a Jazz Composers Guild, que se batia por melhores condições de trabalho para os músicos. A associação acabaria por se transformar na Jazz Composer’s Orchestra, que Carla Bley fundou com o trompetista austríaco Michael Mantler, o seu segundo marido.

Em 1969, começou a compor para a Liberation Music Orchestra, do contrabaixista Charlie Haden, à qual viria a associar-se, e com a qual gravou “Grândola, vila morena”, de José Afonso, no álbum “The Ballad of the Fallen”, de 1983.

O nome de Carla Bley tornou-se conhecido e regular em Portugal, na viragem dos anos de 1980 para os anos de 1990, primeiro com festivais como o Jazz em Agosto, da Fundação Calouste Gulbenkian, depois, um pouco por todo o lado, tendo actuado em Lisboa, no Porto, em Coimbra, em Espinho, nos principais festivais de jazz do país, nas principais salas, da Gulbenkian à Casa da Música, onde actuou com a Orquestra Jazz de Matosinhos.

19 Out 2023

FRC | Música clássica hoje em destaque nas “Soirées Musicales”

A Fundação Rui Cunha apresenta hoje uma sessão de música clássica intitulada “Soirées Musicales”, inserida no ciclo “Os Sons da Praia Grande”. A partir das 18h30, os pianistas Peggy Lau e Chi-Kit Lam, a flautista Kubi Kou e a violetista Kati Ho Weatherly vão interpretar Chopin, Liszt, Dvořák e Rachmaninoff

 

Os amantes de música clássica podem hoje ouvir um painel de músicos na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 18h30, num concerto intitulado “Soirées Musicales”, evento inserido no ciclo “Os Sons da Praia Grande”. Segundo um comunicado da FRC, o evento é gratuito e traz a Macau o reconhecido pianista e professor de Hong Kong, Chi-Kit Lam, que vai tocar com alguns músicos de Macau, nomeadamente a pianista Peggy Lau, a flautista Kubi Kou e a violetista Kati Ho Weatherly.

O concerto do fim de tarde de hoje é “uma oportunidade única de assistir a uma viagem pelo mundo da música clássica” através de uma “tapeçaria sonora” dos mais conhecidos compositores deste género musical a nível mundial, indica a FRC em comunicado.

O programa inclui composições para piano, flauta e viola de arco, de compositores como o polaco Frédéric Chopin, o húngaro Franz Liszt, o checo Antonín Dvořák e o aclamado compositor russo Sergei Rachmaninoff. Vão constar ainda no repertório interpretações composições do dinamarquês Joachim Andersen, o suíço, naturalizado norte-americano, Ernest Bloch, e ainda o argentino Astor Piazzolla.

Virtuosidades musicais

Segundo o mesmo comunicado, Chi-Kit Lam é um “pianista virtuoso, conhecido pelas suas proezas técnicas e profunda expressão musical”, apresentando composições como Scherzo nº 2 de Chopin e os restantes nocturnos bem conhecidos deste compositor.

O público poderá ainda ouvir o conjunto de músicos nos “ritmos vibrantes das ‘Danças Eslavas’ de Dvořák, nas variações fascinantes das ‘Rapsódia sobre um Tema de Paganini’, de Rachmaninoff, ou na ‘Balada e Dança dos Silfos’, de Andersen, com as suas harmonias que enchem o ar e transportam para um mundo de imaginação e maravilha”, descreve a FRC.

As composições evocativas de Piazzolla, incluindo “Oblivion” e “Libertango”, juntamente com o “Concertino para Flauta, Viola e Piano”, de Bloch, revelam uma “rara combinação de instrumentos que marca uma estreia em Macau e realça a interacção harmoniosa entre eles”.

Chi-Kit Lam iniciou a formação musical na Academia de Artes Performativas de Hong Kong e concluiu o doutoramento em Artes Musicais na Universidade de Kansas. Além disso, estudou piano com Jack Winerock e Pedagogia do Piano com o pioneiro Scott McBride Smith. Foi professor na Oklahoma Panhandle State University e na Universidade do Kansas, nos EUA, e mais recentemente na Faculdade de Piano da Universidade de Hainan, na China.

O músico de Hong Kong já se apresentou pelo mundo inteiro como solista, em importantes concertos e festivais de música, e também como orador e professor, em conferências e masterclasses sobre música e pedagogia, indica a FRC.

19 Out 2023

Rede social X vai começar a cobrar taxa de um dólar na Nova Zelândia e Filipinas

A rede social X (ex-Twitter) informou hoje que vai começar a cobrar uma taxa de um dólar por ano aos novos utilizadores na Nova Zelândia e nas Filipinas para realizar qualquer ação básica, exceto ler e seguir outras contas.

Em comunicado, a rede social de Elon Musk informou que a medida, em fase experimental, visa “reduzir as mensagens indesejadas, a manipulação na plataforma e a atividade de ‘bots'”, que se traduz numa aplicação de software concebido para simular ações humanas.

A partir de hoje, os serviços incluídos na taxa incluem publicar, republicar, responder e gostar, enquanto os utilizadores que não pagam só poderão seguir outras contas, ler e ver fotos e vídeos. “Isto permitir-nos-á avaliar uma medida potencialmente poderosa para nos ajudar a combater os ‘bots’ e as contas inúteis na X, mantendo o acesso à plataforma em troca de uma taxa reduzida”, argumentou a rede social.

Os novos utilizadores da Nova Zelândia e das Filipinas terão primeiro de verificar a conta com o número de telefone e pagar o equivalente a um dólar: 1,43 dólares neozelandeses e 42,51 pesos filipinos. A X afirmou que vai partilhar os resultados desta medida experimental logo que possível.

O empresário Elon Musk, que adquiriu o Twitter em 2022 e o rebatizou de X em julho, tem procurado formas de aumentar as receitas da plataforma, incluindo uma taxa para assinantes ‘premium’ em todo o mundo, bem como para combater os ‘bots’.

No entanto, Musk também fez despedimentos em massa e eliminou equipas de monitorização da desinformação, o que levou a um aumento das notícias falsas e das mensagens de ódio na rede e à consequente fuga de muitos dos seus anunciantes.

18 Out 2023

Web Summit | Cosgrave pede desculpas sobre o conflito com Hamas e espera que paz seja alcançada

O cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave pediu hoje desculpas sobre as suas declarações relativas ao conflito entre Israel e o Hamas, lamentando não ter transmitido “compaixão”, e disse esperar que a paz seja alcançada.

A posição do Paddy Cosgrave, que é irlandês, acontece um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do cofundador da Web Summit, que classificou de “ultrajantes”.

“Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 07 de outubro” e “apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras”, começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit.

“Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados”, mas “compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos”, prossegue o cofundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.

“Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz” e, “em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado”, afirma Cosgrave.

Na sua mensagem, recorda que, “tal como tantas figuras a nível mundial”, também acredita “que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às convenções de Genebra – ou seja, não cometer crimes de guerra”.

Ora, esta posição “aplica-se igualmente a qualquer Estado em qualquer guerra, nenhum país deve violar estas leis, mesmo que tenham sido cometidas atrocidades contra ele”, afirma, recordando que “sempre” foi anti-guerra e pró-lei internacional. “É precisamente nos nossos momentos mais sombrios que devemos tentar defender os princípios que nos tornam civilizados”, defende.

Lembra que o secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken disse, na semana passada, juntamente com os parceiros regionais da América no Qatar que “Israel tem o direito e até a obrigação de defender o seu povo e de fazer tudo o que puder para garantir que o que aconteceu no sábado passado nunca mais aconteça”, mas “ao mesmo tempo, a forma como Israel faz isto é importante. A forma como qualquer democracia deve lidar com tal situação é importante”.

Para esse fim, “discutimos com os israelitas – instámos os israelitas – a usarem todas as precauções possíveis para evitar” danos nos civis, disse Blinken, citado por Cosgrave.

“Nos meus comentários, tentei fazer exatamente o mesmo que o secretário Blinken e tantos outros a nível mundial: exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional”, explica.

Destaca ainda, a propósito da Web Summit no Qatar em 2024, “o agradecimento público do secretário Blinken” a Doha “pelo seu apoio nesta crise e em questões mais amplas que afetam a região”, em que referiu que os EUA e o Qatar “partilham o objetivo de impedir que este conflito se espalhe”.

Neste sentido, “tal como o governo dos EUA, a Web Summit acredita no trabalho com parceiros regionais e globais – incluindo o Qatar – para encorajar o diálogo e a comunicação dos quais depende a paz, e para lutar por uma solução justa e duradoura para as questões subjacentes que a região enfrenta. Como disse o secretário Blinken: ‘Uma coisa é certa: não podemos voltar ao status quo que permitiu que isto acontecesse em primeiro lugar'”, adianta.

“A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas e lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que eu disse”, reiterando esperar que a paz seja alcançada.

“Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo”, disse Dor Shapira, na segunda-feira, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), depois de em 13 de outubro Cosgrave ter feito uma publicação, na mesma plataforma, que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de tecnológicas israelitas.

“Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são”, destacou Paddy Cosgrave.

Em reação, o embaixador israelita defendeu que, “mesmo nestes tempos difíceis”, Cosgrave “é incapaz de deixar de lado as suas opiniões políticas extremistas e denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes”.

“Devemos ter tolerância zero em relação aos atos terroristas e de terror”, sublinhou ainda Dor Shapira. Também muitos utilizadores da rede social X reagiram às publicações do cofundador da Web Summit com críticas, partilhado a ‘hashtag’ #cancelwebsummit.

A Web Summit foi fundada em 2009 e decorreu em Dublin até 2016, altura em que se mudou para Lisboa, onde no ano passado acolheu mais de 71 mil pessoas de 160 países. A próxima edição será realizada entre os dias 13 e 16 de novembro. Além disso, a empresa também organiza as conferências Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, além de eventos Web Summit no Rio de Janeiro e Doha.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

18 Out 2023

Guiné Equatorial pela primeira vez em mostra gastronómica lusófona de Macau

A Guiné Equatorial está presente pela primeira vez na Mostra Gastronómica Lusófona da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, apresentada ontem no restaurante Tromba Rija de Macau com a presença de seis chefs.

Marcial Mangue nunca pensou que a Guiné Equatorial se pudesse reconhecer nos sabores de outros territórios da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Até chegar a Macau, onde, em conjunto com chefs de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal, está a participar na mostra gastronómica da 15.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa (PLP), que começa amanhã, e termina a 25 de Outubro, no restaurante Tromba Rija. “Diria que não haveria ingredientes semelhantes, mas partilhámos ingredientes, como a mandioca e o óleo de palma”, disse aos jornalistas, durante uma apresentação culinária.

Especialista em pratos tradicionais da África Central, coube ao jovem chef inaugurar a primeira presença da Guiné Equatorial na mostra gastronómica em Macau – o país aderiu oficialmente em 2014 à CPLP e apenas no ano passado foi aprovado como membro do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP (Fórum Macau), responsável pela organização da Semana Cultural.

Sobre a cozinha equato-guineense, estranha para os pares dos países presentes, Marcial Mangue salientou que “tudo é natural” e que “todos os ingredientes se vão buscar à terra directamente para a panela”. Entre os pratos apresentados ontem, Mangue optou por homenagear “várias culturas”: a pepesup, sopa de peixe picante originária “de uma parte costeira do país”, e o bambucha, guisado do grupo étnico Fang, “que habita a floresta”.

Para a chef Cláudia Neves, de Cabo Verde, o contacto com a Guiné Equatorial é uma “descoberta de novos sabores” e que vai resultar em “mais bagagem”. Há pontos em comum, sublinhou: “Ele utiliza o milho, a nossa gastronomia é à base do milho, utilizou o marisco que é o búzio, nós também temos, a mandioca, a batata doce”, notou, salientando que “talvez o que muda é a forma de confeccionar e os condimentos”.

Afectos no prato

Sobre o evento que reúne culinárias do universo lusófono, a docente da Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde quer trazer para cima da mesa a cultura e as raízes do arquipélago “através da gastronomia, da cachupa, do modje de São Nicolau, da djagacida, um prato típico da Ilha do Fogo”.

Além da língua, acrescentou, os seis países representados nesta mostra ligam-se “pelos temperos, raízes e produtos”. “Depois é uma ligação afectiva e a comida é a melhor forma de afecto”. Afectos confecionados com ingredientes que chegaram, em parte, de avião com esta especialista em pratos crioulos: “A sopa [de peixe e atum], em Cabo Verde, fazemos com cabeça de atum, mas aqui como não havia, trouxe lata de atum, porque tem um tempero diferente, porque o nosso atum é de água salgada, então é diferente, mas na cozinha temos que reinventar, temos de saber reaproveitar e reutilizar”.

Já Caco Marinho, do Brasil, quer servir comida “o mais fresca possível”. Depois de ter encerrado dois restaurantes durante a pandemia da covid-19, o chef e empresário da Baía é hoje presidente do Instituto Ori, que “tem o alimento como transformador sócio ambiental”. “Trabalho directamente com agricultores e agricultoras, pescadores artesanais. Esses são os ingredientes que me interessam, não me interessa super processados, não me interessa comida sem alma”, explicou.

Marinho, que serviu durante a apresentação de ontem, entre outros pratos, moqueca de camarão acompanhada de farofa de dendê e molho lambão, resumiu o encontro em Macau das seis culinárias como uma “cozinha alegre, colorida, de temperos e pimentas”.

“O sentimento, apesar da distância geográfica, é de irmandade, é como se tivéssemos irmãos em outro lugar com ligações de afecto, de memórias, de aromas, que apesar da distância geográfica são parecidos”, disse. Para o curador do evento e actual chef do Tromba Rija de Macau, houve surpresas nestas culinárias com “500 anos de história”. “Não conhecia a malanga”, declarou aos jornalistas Telmo Gongó, referindo-se a uma raiz cultivada sobretudo na América do Sul.

“As pessoas que visitam o restaurante conseguem perceber que a cozinha portuguesa não é só de Portugal e Macau, mas podem perceber que a cozinha portuguesa, dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], a de Macau, veio de fusão por barco. Em Macau, temos especiarias da Índia, de África, e tudo o que está aqui demonstrado são os países por onde o barco passava antes de aqui chegar e que trazia as especiarias para Macau”, concluiu.

18 Out 2023

Arquitectura | Escolhidos vencedores do concurso de fotografia

Chan Weng Kin, Chan U Long e Cheang I Man são os três vencedores da edição deste ano do concurso de fotografia de arquitectura de Macau, promovido pelo CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo.

Segundo um comunicado da entidade, os trabalhos premiados foram escolhidos de um total de 468 fotografias, submetidas por 198 participantes, que foram avaliados por um “painel de juízes experientes que seleccionaram as melhores fotografias para o tema deste ano, considerando a sua qualidade artística e técnica e originalidade de visão”.

A fotografia vencedora na secção “Grupo de Estudantes” é da autoria de Magno Máximo do Rosário, tendo sido considerada pelos jurados como “representativa da paisagem urbana de Macau, destacando o contraste entre os edifícios altos e o complexo tecido da cidade”. Já os segundo e terceiro prémios nesta categoria foram atribuídos a Yu Yunzhong e Song Sok Fong, respectivamente.

O CURB refere ainda que a edição deste ano “desafiou os entusiastas da fotografia a olharem além do óbvio para capturar a arquitectura negligenciada que merece mais atenção e apreciação”. A cerimónia de atribuição dos prémios decorre no sábado às 17h, e que a exposição com os trabalhos premiados abre ao público a 20 de Novembro no edifício Ponte 9 – Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas, zona do Porto Interior, onde está sediado o CURB.

18 Out 2023

Macau recebe primeira edição da “Asia Performance Entertainment Expo”

Macau prepara-se para acolher um novo evento relacionado com o sector das exposições e convenções. Trata-se da “Asia Performance Entertainment Expo” que decorre entre os dias 17 e 19 de Novembro, pretendendo “impulsionar o crescimento da indústria dos espectáculos ao vivo na região da Ásia-Pacífico”.

Outros objectivos do evento prendem-se com a facilitação “do intercâmbio cultural entre os países asiáticos” e unir “os principais intervenientes e profissionais da área”. O evento, que decorre no Venetian, no Cotai, é organizado pela Associação da Indústria de Espectáculos ao Vivo da Ásia-Pacífico (APLPIA).

Segundo um comunicado do evento, a nova Expo terá uma área de exposição de cerca de dez mil metros quadrados, contando com 180 expositores com “uma gama diversificada de participantes do sector, incluindo meios de comunicação social, plataformas de venda de bilhetes ou empresas de entretenimento e de gestão”.

Espera-se a presença de grandes empresas do entretenimento e audiovisual como a Hong Kong Television Broadcasts Limited (TVB), a Maoyan Entertainment, a Damai, a Tencent e a Douyin. Os organizadores esperam poder atrair mais de 500 compradores profissionais e mais de dez mil visitantes, prevendo negócios no valor superior a 100 milhões de dólares.

Concertos e diversão

O evento integra uma série de iniciativas, como o “Fórum da Indústria do Entretenimento” e espectáculos, o “Musical Estrelas do Oceano”, que já estreou na China, e ainda o festival “KoolTai”, que traz a Macau nomes como Suede, Jessie J e Corinne Bailey Rae.

Entre os dias 13 e 16 de Novembro decorrem espectáculos ao ar livre nos principais bairros tradicionais de Macau e Taipa, e nos dias 17 e 18 de Novembro é exibido no Venetian Theatre o filme “The Storm Show”. Também paraa 17 de Novembro está marcado o espectáculo da tour mundial do cantor de Hong Kong Pakho Chau, intitulado “Seize the Moment”, no Cotai Arena no Venetian.
No dia seguinte, o mesmo espaço acolhe o programa “Aproveite o Presente, Crie o Futuro”, com cantores de Hong Kong, Macau e Taiwan.

18 Out 2023

Pintura | “Um Mundo Psicadélico” de Alice Ieong, na FRC

A galeria da Fundação Rui Cunha acolhe até 28 de Outubro a exposição de pintura “Um Mundo Psicadélico”, da autoria de Alice Ieong. As obras patentes na mostra, que foi inaugurada ontem, procuram retratar visões pessoais de um plano diferente de realidade e percepção

 

Foi inaugurada ontem a exposição individual de pintura de Alice Ieong, intitulada “Um Mundo Psicadélico” [A Psychedelic World], e que pode ser vista até ao dia 28 deste mês. De destacar que Alice Ieong é directora geral da Associação Internacional de Arte Contemporânea de Macau e também da Ark – Associação de Arte de Macau.

A mostra conta com curadoria de Bill Wong e reúne 23 obras de pintura contemporânea que reflectem o percurso estético da artista. Segundo o curador, citado por um comunicado da FRC, a artista “cresceu perto do Largo do Senado, em Macau” e acompanhou o desenvolvimento do território nos últimos anos, acabando por transpor essa evolução para a pintura.

“Quando sai da sua casa tem a zona turística e cultural, repleta de calçada portuguesa. Olhando para trás, Macau passou de uma pequena vila de pescadores para o título de Capital Mundial do Jogo, quase do dia para a noite, o que é muito deslumbrante. Ela tenta pintar na tela imagens exteriores, as ruas, os diferentes cenários, a atmosfera cultural e pública que vê diariamente”, descreveu Bill Wong.

Uma forma de exploração

Nas suas próprias palavras, a artista refere que tem “vontade de explorar a vida, as crenças, o ser humano e a sociedade enquanto formas de arte”, embora Alice Ieong transforme ainda “essas cenas familiares em objectos geométricos planos, como paisagens ocultas”.

Comparada com a pintura de paisagem, esta é mais como uma “pintura de imagens surrealistas, usando cores de contos de fadas para criar uma paisagem que parece não ter estações, nem amanhecer e anoitecer, e nenhum fenómeno astronómico”, aponta ainda o curador.

São usados, nas pinturas, “elementos poéticos e símbolos – como riscas caindo, círculos flutuantes, formas geométricas e objectos aparentemente reconhecíveis e irreconhecíveis”. A atmosfera dos quadros “transmite uma sensação fria e elegante”, como um espaço “desligado da realidade, sem elementos mundanos: não há pessoas, o tempo parece estar parado, as coisas estão estáticas, mas em certo sentido, também estão em movimento”.

Alice Ieong vive e trabalha em Macau, e tem um mestrado em Belas Artes na Universidade Chinesa de Hong Kong. Além de dirigir duas associações criativas no território, a artista conta no currículo com obras expostas em Macau, Hong Kong, Xangai, Guangzhou, Taiwan e no Museu Nacional de Arte da China, em Pequim.

18 Out 2023