EPM | “Os Lusíadas” declamados por António Fonseca este sábado

Decorre este sábado, no auditório da Escola Portuguesa de Macau, o espectáculo “Os Lusíadas como nunca os ouviu”, com o actor António Fonseca, que em formato conferência irá falar com o público sobre a obra mais importante do poeta Luís de Camões. Destaque ainda para o arranque de uma conferência sobre língua portuguesa promovida pelo IPOR

 

O auditório da Escola Portuguesa de Macau (EPM) acolhe este sábado o espectáculo, em formato conferência, “Os Lusíadas como nunca os ouviu”, com a participação do actor António Fonseca, que conseguiu a proeza de decorar o livro de Luís de Camões e levá-lo ao palco.

O evento, integrado numa conferência de dois dias sobre língua portuguesa, decorre às 16h este sábado, servindo para o actor fazer uma “introdução leve e divertida à obra e suas circunstâncias”.

“Os Lusíadas como nunca os ouviu” é o nome de um espectáculo que já passou por diversos palcos. Sobre a obra poética que lhe dá vida, o próprio António Fonseca reconheceu que “mais de 50 por cento da população portuguesa tem um historial parecido com o que tinha quando, em 2008, decidi atirar-me à epopeia de Camões: uma obra semi-odiada, quando fui aluno do ensino secundário; apreciada, sem ser conhecida quando cresci; enfim, uma referência histórica perdida no baú de tantas referências históricas e informações da memória, que nunca nos damos ao trabalho de refrescar”.

Assim, em 2008 o actor começou o imenso trabalho de decorar “Os Lusíadas”, por considerar que “uma das razões de ser, entre outras, de um actor é exactamente refrescar o que, fazendo parte do nosso património colectivo, por quaisquer razões, murchou”.

Português a rodos

Esta sexta-feira, terá início a conferência mundial onde se integra este espectáculo. O 9.º Encontro de Pontos de Rede de Ensino de PLE da Ásia (EPR2024), começa às 9h no Auditório Dr. Stanley Ho do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong e tem como tema “Os avanços tecnológicos no ensino-aprendizagem de PLE: estratégias, desafios e perspectivas pedagógicas”.

Destaque para a presença do docente António Branco, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e Director Geral da PORTULAN CLARIN que abrirá a sessão plenária.

Associa-se igualmente ao Encontro de 2024 o IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa, com o apoio institucional da organização e a presença do seu Director Executivo, Dr. João Neves, que proferirá uma comunicação na mesma sessão. Haverá um total de 12 sessões com académicos de várias partes do mundo.

Iniciada em 2015, esta conferência propõe-se, “numa perspectiva essencialmente oficinal, partir de experiências concretas nos diferentes contextos presentes para a reflexão sobre abordagens ao ensino da língua e da cultura, favorecendo a partilha de materiais e o desenvolvimento de projetos conjuntos entre participantes”, descreve-se em comunicado.

20 Nov 2024

Música | Felipe Fontenelle lança disco “Não Digas Nada”

Felipe Fontenelle, músico brasileiro e ex-residente de Macau, anteriormente ligado à Casa de Portugal em Macau, acaba de lançar um novo álbum, “Não Digas Nada”, um trabalho que “reflecte a sua trajectória cultural e musical, repleto de diferentes sonoridades”.

O disco, que já está disponível em formato físico e nas plataformas digitais, combina influências do samba, bossa nova, MPB e música portuguesa numa mágica fusão de ritmos e estilos dos países e regiões por onde o artista passou e viveu, como Brasil, Portugal, Macau e Estados Unidos.

“Não Digas Nada” conta com a presença de “convidados ilustres”, incluindo um “dueto singular” com a cantora e compositora portuguesa Luísa Sobral. Destaque para a “participação do célebre violoncelista Jaques Morelenbaum, que com a sua assinatura musical única dá um toque especial a este conjunto de canções”, descreve uma nota.

O álbum será lançado este domingo no Centro Cultural de Cascais, em Portugal, que o artista promete ser uma “noite memorável em que o público poderá vivenciar de perto a atmosfera e as sonoridades da nova obra”. “Não Digas Nada” é um “convite à diversidade musical, à poesia e à troca cultural entre continentes, proporcionando uma experiência que transita entre o aconchego familiar e o deslumbramento do moderno”, é descrito.

19 Nov 2024

CCM | D’As Entranhas estreia nova peça de teatro

Uma mulher sozinha e palavras, muitas palavras. É este o mote para a nova peça de teatro d’As Entranhas – Associação Cultural, que sobe ao palco do Centro Cultural de Macau na próxima semana. “Home Sweet Home” vai buscar influências literárias de mulheres que escrevem sobre si e as outras, como Adília Lopes, Maria do Rosário Pedreira e Dulce Maria Cardoso

 

O palco “Box II” do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe mais uma peça teatral em português na próxima semana, nomeadamente na quinta e sexta-feira e também no sábado, de 28 a 30 de Novembro.

Trata-se de “Home Sweet Home” uma criação d’As Entranhas Macau – Associação Cultural, um “espectáculo de teatro transdisciplinar” que, conforme descreve o comunicado, é criado a partir de uma selecção de textos compilados e adaptados de autoras portuguesas que, nas suas palavras, escrevem sobre si próprias, as outras mulheres, o corpo e as suas mudanças e também os seus sentimentos.

Assim, as influências literárias para este espectáculo chegam da poetisa Adília Lopes e a sua “Dobra”; “O Meu Corpo Humano”, o mais recente livro de poesia de Maria do Rosário Pedreira; excertos de poemas de Isabel Meirelles, Alexandre O’ Neill e Tóssan; e ainda “Os Meus Sentimentos”, de Dulce Maria Cardoso. Pretende-se que haja uma integração, na dramaturgia, “com o universo biográfico da protagonista”.

Segundo a mesma nota, este espectáculo “é desenvolvido através da pesquisa de comportamentos repetitivos”, pretendendo “explorar o real e a ficção”. Propõe-se ainda “uma reflexão sobre o quotidiano de uma figura feminina, com incidência na dor da perda e na irremediável solidão íntima que está para lá do visível”.

Desta forma, “o espectáculo é um retrato sobre o que se perde, o que permanece e o que resta na existência de uma mulher sozinha, traduzido na passagem do tempo vivido, no envelhecimento do corpo e dos objectos que a rodeiam, infalivelmente partidos, gastos e esquecidos”.

“Home Sweet Home” traz “a dramatização e estilização de fragmentos universais da vida real”, em que “os jogos de palavras e de sentidos misturam-se com a fragilidade desse corpo ‘habitado’ por memórias, mostrando-nos o belo e o terrível do absurdo presente-ausente da vida vivida”.

Laivos de auto-biografia

Neste espectáculo, constrói-se, assim, no palco “um imaginário sobre restos de uma infância nunca deixada, a impossibilidade do amor, a inevitável desilusão e o sentimento de perda face a tudo, de um mundo adulto nunca inteiramente compreendido”.

“Home Sweet Home” é, também, “uma ficção autobiográfica onde os sentidos do real se misturam com as múltiplas ‘vozes’ da personagem”. Criou-se uma “interdisciplinaridade das diversas áreas (teatro, música e vídeo), em que se desconstrói as fronteiras habituais do plano espectador, actor e cena, fragmentando o objecto artístico em vários planos”.

Este espectáculo d’As Entranhas “tem uma forte componente plástica e sonora” e é aconselhável a maiores de 18 anos, sendo interdito a menores de 13.

Vera Paz, que interpreta a peça e assina a dramaturgia do espectáculo encenado por Ricardo Moura, é a directora artística desta associação fundada em 2017, em Macau, e que reúne um conjunto de profissionais de diferentes áreas. Esta entidade “constitui-se como um espaço de acção cultural interdisciplinar que promove a investigação e a difusão da arte contemporânea através da produção de objectos artísticos, nomeadamente espectáculos teatrais, instalações multimédia e exposições”.

Este é o regresso d’As Entranhas aos espectáculos depois de um interregno, pois o último evento ocorreu em 2022, com “Canções de Faca e Alguidar”, um espectáculo musical apresentado na Casa Garden. No ano anterior decorreu, no espaço “Black Box” do Antigo Tribunal “A Boda”. D’As Entranhas tem também uma ligação a Portugal, tendo sido criada, como colectivo, em 1999 numa parceria entre Vera Paz e Ricardo Moura. Só depois ganhou uma extensão em Macau.

19 Nov 2024

25 de Abril | Morreu Celeste Caeiro, a mulher que deu cravos aos militares

Faleceu na sexta-feira a mulher que tornou o cravo um símbolo da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974, que pôs fim a um longo período de ditadura em Portugal. Celeste Caeiro morreu com 92 anos no Hospital de Leiria.

A neta, Carolina Caeiro Fontela, confirmou à Lusa que a avó morreu devido a problemas do foro respiratório, lamentando que Celeste Caeiro nunca tenha sido homenageada em vida.

Em Abril passado, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, ambas, residentes em Alcobaça, esclareceram as lacunas da história: “Há muita gente que ainda pensa que foi uma florista [que deu um cravo a um soldado], mas a minha avó não era florista”, disse a neta à Lusa, lembrando que Celeste trabalhava num ‘self-service’ no edifício Franjinhas, na Rua Braamcamp, em Lisboa.

Com a mãe e uma filha de 5 anos a seu cargo e a viver numa “casa humilde, sem rádio e sem televisão”, só quando chegou ao emprego, no dia 25 de Abril de 1974, é que Celeste soube que estava a haver uma revolução.

Nesse dia, o ‘self-service’, que completava um ano, não iria abrir portas e o patrão, “que tinha mandado comprar cravos para oferecer aos clientes e decorar o espaço, disse aos funcionários que levassem um ramo cada um”.

Celeste pegou no seu ramo de cravos – “vermelhos e brancos” – e rumou ao Rossio para ver “o que há tanto tempo esperava que acontecesse”. Foi aí que perguntou a um soldado o que estavam ali a fazer e se precisava de alguma coisa.

O soldado, “de quem nunca soube a identidade, fez sinal de que queria um cigarro” e Celeste, que sofria dos pulmões e nunca fumou, deu-lhe antes um cravo, que o militar colocou no cano da arma e que acabaria por ser o símbolo da revolução.

A história de Celeste Caeiro, entrelaçada com aspectos políticos e sociais da época, foi contada num documentário da Comissão dos 50 anos do 25 de Abril, com argumento original de Vilma Reis e Roberto Faustino e produção de Tino Navarro e MGN Filmes Lisboa.

18 Nov 2024

FRC acolhe palestra sobre Direito comparado em contratos comerciais

A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje a conferência “Crise e alterações de circunstâncias: As lições do Direito comparado”, protagonizada por Dário Moura Vicente. O orador, que fala a partir das 18h30, é professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.

O tema da palestra incidirá sobre a ligação entre as crises económicas ocorridas nos últimos anos, nomeadamente as “severas crises em 2008-2009 e 2019-2020”, e o facto de terem “colocado em evidência os problemas postos pela alteração anormal das circunstâncias, em que as partes fundaram a decisão de contratar”.

É aqui que se fará o exercício do Direito comparado entre os regimes jurídicos nacionais relativos à contratação, pois estes “diferem substancialmente entre si, revelando-se as diferentes concepções acerca do contrato e da sua função social que lhes estão subjacentes”.

Uns e outros

Segundo o comunicado que apresenta a conferência, os sistemas romanistas do Direito possuem “um princípio de equivalência das prestações contratuais, com longa tradição, que permite à parte lesada reclamar, sob certas condições, a modificação ou a resolução dos contratos”, mas depois os “sistemas da Common Law são muito mais restritivos no tocante à admissibilidade da resolução ou modificação do contracto por alteração de circunstâncias”.

Desta forma, “a diversidade de regimes é, inevitavelmente, fonte de insegurança no comércio internacional”, embora “as partes nos contratos disponham de diversos instrumentos que lhes permitem mitigar o problema”, nomeadamente “os acordos de escolha da lei aplicável, as cláusulas de hardship, as convenções de arbitragem que confiram aos árbitros o poder de adaptarem contratos de prestações duradouras a novas circunstâncias e a designação das regras ou princípios comuns a diferentes sistemas jurídicos”.

Na conferência protagonizada por Dário Moura Vicente falar-se-á também das possibilidades encontradas no Direito Internacional Privado, que “faculta aos interessados, em vários dos sistemas referidos, o apelo à reserva de ordem pública internacional a fim de obstarem aos resultados mais injustos da aplicação de leis estrangeiras ou do reconhecimento de sentenças estrangeiras”.

18 Nov 2024

Camões | Anunciada instalação artística comemorativa junto à gruta

Depois da visita a Macau para uma série de actividades de celebração dos 500 anos do nascimento do poeta Luís de Camões, o comissário das celebrações, José Augusto Bernardes, anunciou em Lisboa que Macau passará a ter uma nova pedra comemorativa, nomeadamente “uma peça artística de qualidade”, sem que tenham sido avançados mais nomes ou detalhes

 

A gruta de Camões poderá ter uma nova peça de arte a comemorar os 500 anos do nascimento do poeta. A informação foi anunciada em Lisboa pelo comissário das comemorações do V centenário, o professor catedrático José Augusto Bernardes, que esteve recentemente em Macau.

Segundo a Lusa, Bernardes afirmou que se prevê colocar “uma peça artística de qualidade”, onde estão inseridas diferentes placas assinalando as efemérides relativas ao poeta, como as celebrações de 1880 ou de 1924. O responsável disse que foram já feitos contactos neste sentido, sem adiantar pormenores.

Na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, o comissário-geral da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, afirmou, na última quinta-feira, querer o país inteiro a celebrar o poeta e “dinamizar a memória camoniana”, tendo sido apresentado o programa das comemorações oficiais, que se estendem até 2026.

O responsável realçou a capacidade de Luís de Camões “unir a comunidade” com os seus escritos, sendo que um dos projectos anunciados para Portugal passa pelos distritos e regiões autónomas escolherem um dia dedicado a Camões, com a colaboração das entidades locais. Nesses casos, a estrutura de missão pode facultar uma exposição itinerante ou um espectáculo musical. A cidade de Coimbra já tem um dia agendado para homenagear o poeta, 12 de Fevereiro do próximo ano, seguindo-se o Funchal a 31 de Março.

Bernardes adiantou que pretende elaborar um “roteiro camoniano”, apesar de lacunas na biografia do poeta, começando pelo local onde nasceu. Foram mencionados municípios como Coimbra, Constância, no distrito de Santarém, e Lisboa.

Debate nas escolas

Mais do que estátuas, como a inaugurada em Lisboa em 1869, Bernardes pretende “debater e não impor Camões”, e levar o poeta às escolas. Para o comissário-geral da Estrutura de Missão, “o tempo das estátuas já acabou” e um “monumento de 12 metros de altura” que ultrapassará a estátua do poeta na Baixa lisboeta, de autoria de Victor Bastos (1830-1894), é a edição das obras completas de Camões, anotadas por camonistas, mas dirigidas ao grande público.

Entre os projectos previstos, José Augusto Bernardes destacou ainda um ‘site’ completo e fundamentado sobre Luís de Camões, tendo referido que na internet se encontra muita informação que constitui lenda ou mito, sendo até “errónea”, sem qualquer verificação científica.

Outro projecto adiantado, foi o de uma “exposição de referência” que ocupará três salas da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), comissariada pelo historiador João Alves Dias, a inaugurar no próximo ano.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, encerrou a sessão reforçando o que afirmara na primeira apresentação das linhas programáticas das comemorações camonianas, no passado dia 5 de Junho, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, que assentam em três eixos: cívico-cultural, de investigação e educativo.

As comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões arrancaram oficialmente no passado dia 10 de Junho, com uma programação a estender-se até 10 de Junho de 2026, a difundir em pormenor.

O programa comemorativo dos 500 anos do nascimento de Camões tem uma verba de 2,2 milhões de euros inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2025, mas o comissário-geral espera encontrar outros apoios, como disse à Lusa em Outubro.

18 Nov 2024

IIM | Exposição de fotografia sobre “Duplo Aniversário” dia 23

Será inaugurada no próximo dia 23 de Novembro uma nova exposição de fotografia da iniciativa do Instituto Internacional de Macau (IIM). Trata-se da mostra “Celebração calorosa do 75º. Aniversário da implantação da República Popular da China: No 25º aniversário do estabelecimento da RAEM – os sucessos alcançados na preservação e valorização do património cultural”, que tem o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura.

Além disso, associações locais colaboraram também para a realização deste projecto, nomeadamente a Associação dos Embaixadores do Património de Macau e o Grupo de Danças e Cantares de Macau.

Nesta mostra, reúnem-se cerca de 80 trabalhos, da autoria de vários fotógrafos de Macau e de outras regiões, sendo as imagens fruto do concurso de fotografia anualmente realizado pelo IIM.

Segundo um comunicado, “além de conjugar com as épocas festivas de Macau, a mostra retrata imagens da riqueza cultural do património de Macau e também os sucessos alcançados pela RAEM ao longo dos seus 25 anos, na preservação e promoção patrimonial de Macau”.

A exposição pode ser visitada no IIM até ao dia 27 de Dezembro. Poderá ainda ser visto o documentário “Heritople”, dedicado ao tema do património cultural de Macau, e recentemente produzido pelo IIM e apoiado pela Fundação Macau.

15 Nov 2024

Arquitectos da DOCOMOMO debatem hoje preservação de edifícios

Decorre hoje, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma conferência promovida pelo DOCOMOMO – Centro de Investigação, intitulada “Entrelaçando Paisagens: Porquê, como é que edifícios podem ser preservados?” apresentada por Diogo Burnay e Cristina Veríssimo.

Segundo um comunicado, esta palestra pretende responder a uma série de questões sobre a preservação de edifícios com interesse histórico ou cultural, nomeadamente “como pode a preservação dos edifícios existentes contribuir para resolver questões ambientais e sociais mais vastas?”, ou “porque é que a memória cultural viva da comunidade pode beneficiar da preservação dos edifícios?”.

Outras questões dão ainda o mote ao debate, como “quais poderão ser as novas histórias, narrativas e resultados que emergem do entrelaçamento do património cultural e das intervenções arquitectónicas contemporâneas”.

Dão-se exemplos de alguns projectos edificados em Portugal, como a plataforma linear e longitudinal da antiga Estação Ferroviária de Mora, que se tornou o caminho de ligação entre os diferentes edifícios do novo Centro Interpretativo Megalítico de Mora.

Por sua vez, o Museu da Tapeçaria de Arraiolos “é a nova vida de um edifício que já foi: um convento, um Hospital e um Quartel-General Militar”. Já a Escola Braamcamp Freire “reúne edifícios antigos e novos de uma forma interligada para formar uma entidade holística e uma experiência espacial para a sua comunidade”.

Irá também falar-se do centro arqueológico fenício de Tavira que “explorou a nova estrutura de cobertura que alberga o antigo povoado fenício, como plataforma pública, ligando os achados arqueológicos à cidade existente”.

Quem é quem

Diogo Burnay é professor associado da School of Architecture, Dalhousie University, Halifax, Canadá desde 2012. Foi director da Escola de Arquitectura de 2012 a 2022. Tem mestrado em Arquitectura, Bartlett School of Architecture, University College London, Londres, Inglaterra, 1995.

Trabalhou em Lisboa com Maria Manuel Godinho de Almeida e Duarte Cabral de Mello em 1989; em Londres, na Building Design Partnership, entre 1988 e 1990; em Macau com Manuel Vicente, entre 1992 e 1995 e na OBS Arquitectos, entre 1995 e 1997.

Diogo Burnay foi também docente na Escola de Arquitectura da Universidade de Hong Kong em 1995; na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, de 1997 a 2011; na College of Design da University of Minnesota em 2002 e 2006 e na Architecture School University of Texas, Arlington, 2007.

Cristina Veríssimo é professora desde 2024 na Escola de Arquitectura da Dalhousie University, Canadá, desde 2013 e desde 2024 é Professora Associada. Tem mestrado em Arquitectura, MArch II, GSD Harvard University, 2002.

Trabalhou em Lisboa com Carrilho da Graça (1987 – 1989). Trabalhou em Londres com Zaha Hadid (1989 – 1991). Em Macau, Cristina Veríssimo esteve na Profabril (1992-1997). Leccionou na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, de 1999 a 2012.

Diogo Burnay e Cristina Veríssimo fundaram a CVDB Arquitectos em 1999. O atelier já recebeu prémios nacionais e internacionais, como o primeiro prémio edifício educacional WAN 2013 e melhor edifício educacional do ano 2014 do Archdaily, Architectural Review 2015. Actualmente o atelier é responsável pela edificação do Supremo Tribunal de Justiça de Moçambique.

15 Nov 2024

Cinemateca | Novembro traz clássicos de Hollywood dos anos 90

“De olhos bem fechados”, o último filme de Stanley Kubrick que juntou o então casal Nicole Kidman e Tom Cruise na tela, é um dos destaques da secção “Encantos de Novembro” da Cinemateca Paixão, com a primeira exibição amanhã. “O Sexto Sentido”, de Bruce Willis, é outro clássico apresentado

 

A Cinemateca Paixão decidiu, este mês, ir buscar dois clássicos do cinema de Hollywood de 1999 para enriquecer o ecrã. Um deles é “De olhos bem fechados”, o último filme de Stanley Kubrick, que fez sucesso por juntar o então casal Nicole Kidman e Tom Cruise, separados há vários anos.

O filme, onde a sexualidade e o erotismo estão bem presentes, será exibido este sábado na Cinemateca às 21h30, com repetição na próxima terça-feira às 19h30.

Tom Cruise interpreta o personagem de um médico bem-sucedido, casado e com uma filha pequena, que um dia embarca numa aventura após conhecer um antigo colega de faculdade num bar. Aí começa uma empolgante teia de mistérios que muda a vida do casal para sempre, com o médico a tentar perceber aquilo que viu num palacete.

Do baú de Hollywood foi também retirado outro êxito, “O Sexto Sentido”, com Bruce Willis, que também se exibe este sábado a partir das 19h30, com repetições no domingo à tarde e depois no dia 23.

Neste filme, Bruce Willis é um psiquiatra que começa a tratar uma criança que vê os mortos. Porém, nesta trama cheia de suspense, depressa se percebe que o terapeuta está demasiado envolvido no caso em termos pessoais, não conseguindo desligar-se e dar atenção à família. O filme exibido na Cinemateca é uma cópia restaurada.

Novos asiáticos

Além dos clássicos de Hollywood, “Encantos de Novembro” traz também cinema asiático. Uma das escolhas recai em “Blossoms under somewhere”, da realizadora de Hong Kong Riley Yip, exibido na próxima quinta-feira a partir das 19h30.

Este filme foi premiado pela Iniciativa Primeira Longa-Metragem do Fundo de Desenvolvimento Cinematográfico de Hong Kong e conta a história de Ching, uma rapariga de liceu que quer apaixonar-se por alguém, mas, como é gaga, sente receio em estabelecer contacto com os outros.

Ching gere um negócio de lingerie em segunda mão juntamente com Rachel, uma amiga, tentando aí atrair não só a atenção dos compradores, mas também o seu amor. Neste processo, Ching acaba por perder a sua única amizade.

“Ghost Cat Anzu”, filme japonês de animação, é a aposta da Cinemateca Paixão para amanhã, a partir das 16h30, e para a próxima quarta-feira, às 19h30. A história remete para Karin, uma menina abandonada pelo pai numa pequena cidade onde vive o seu avô, um monge, mas este pede a Anzu, um gato, para tomar conta da neta.

De Taiwan chega-nos “Yen and Ai-Lee”, que teve oito nomeações para os Prémios Cavalos de Ouro deste ano, e que se exibe no próximo domingo, 24, às 21h.

A história gira em torno de Yen, que depois de cumprir oito anos de prisão pela morte do pai regressa à sua aldeia natal, Hakkanese, procurando reconciliar-se com o passado e a sua própria mãe, Ai-Lee.

Porém, o regresso torna-se ainda mais complicado, pois na cidade de Kaoshiung existe uma misteriosa estudante de representação que ronda a família e que tem grandes semelhanças físicas com Yen. Quando os dois se conhecem, o destino parece trazer consigo um segredo partilhado por ambos que leva o telespectador a questionar o que poderá acontecer aos dois. Todos estes filmes asiáticos seleccionados pela Cinemateca Paixão são deste ano.

15 Nov 2024

Fotografia | UM organiza exposição sobre Angola e Moçambique

No contexto de uma viagem de intercâmbio do Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da Universidade de Macau a Angola e Moçambique, o advogado e docente Miguel Quental retratou o dia-a-dia das populações destes países. As imagens podem agora ser vistas na UM até Dezembro numa mostra promovida pela própria instituição de ensino

 

Retratar a simplicidade e uma realidade bem diferente daquela que se vive em Macau. São estas as ideias transmitidas pelas fotografias tiradas por Miguel Quental, advogado e docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (FDUM), em Angola e Moçambique, e que podem agora ser vistas pelo grande público numa mostra promovida pelo Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da FDUM.

Ao HM, o causídico, que apenas faz fotografia em lazer, disse ter aceitado o repto do Centro para mostrar estas imagens que fez no contexto de uma visita de intercâmbio e cooperação às Faculdades de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, e Agostinho Neto, em Angola.

“Como gosto de fazer fotografia fui tirando algumas imagens durante essas viagens. Este é um Centro que se dedica ao estudo comparativo do Direito e às publicações que se fazem em língua portuguesa na sua relação com a China, e pensei que fosse interessante dar a conhecer a cultura e a forma de viver de Angola e Moçambique para os alunos da faculdade que nunca tiveram acesso a essa realidade.”

Para Miguel Quental, a ideia é também “levar pessoas à universidade, que é também um espaço de cultura”. E até se pode dizer que a mostra tem tido sucesso, pois logo no primeiro dia cerca de 50 pessoas visitaram o espaço.

Na exposição, inaugurada no passado dia 28 de Outubro e patente na entrada da FDUM, podem ver-se “fotografias com cenas de rua, miúdos a brincar na praia, vendilhões com o comércio tradicional, paisagens com barcos, a ria, o mar, a cidade e o campo”.

“Procurei fazer esse contraste, pois a realidade, em relação a Macau, é bastante diferente a todos os níveis, desde a alimentação, o tipo de comércio e a forma de vender os bens”, realçou.

Boa cooperação

Na inauguração, Miguel Quental destacou “estar longe” de ser fotógrafo, considerando-se apenas “um coleccionador de imagens que reflectem momentos de vida, uns bons, maus e outros mais felizes”.

“Procuro fotografar a vida e a nossa forma de viver, e fotografo o momento na esperança de o tornar eterno, pelo menos um pouco mais eterno. Quantas vezes olhamos e não vemos, ou vemos e não reparamos num pequeno pormenor, numa pequena forma, algo simples ou uma bonita cor”, disse.

Miguel Quental já tinha estado em Moçambique, mas, no tocante a Angola, esta foi a primeira vez. “Sempre tive o fascínio de ir a Luanda. Tive um sentimento misto, pois gostei de lá estar, mas senti muita tristeza, e pensei que talvez as pessoas não sejam realmente muito felizes. Procurei retratar um pouco disso e penso que consegui captar os miúdos na sua essência, a brincar na praia.”

Para o autor das imagens, foram captados “pequenos momentos” bem como a “tristeza” sentida em tantos rostos.

Sobre o resultado da presença do Centro de Estudos na FDUM nestes países, Miguel Quental destacou que “há muito trabalho a fazer” nestas universidades, tendo sido “muito importante” a visita da FDUM.

“Assinámos um protocolo com a Universidade Agostinho Neto e nos próximos anos vamos receber alunos e professores na UM. Vamos dar continuidade ao protocolo que mantemos há 25 anos com Moçambique. Cientificamente foram duas visitas que valeram a pena e procurei, com estas imagens, aliar a parte cultural à parte científica”, rematou.

13 Nov 2024

Mafra | VIII Festival de Música decorre até final do mês

A Fundação Jorge Álvares (FJA) volta a apoiar a realização de mais uma edição do Festival de Música de Mafra Filipe de Sousa. A oitava edição decorre até final do mês e tem um programa de espectáculos de música clássica, que inclui, este sábado, o evento “Centenários de Joly Braga Santos e Gabriel Fauré”, na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira. Este espectáculo conta com o Trio Parnasse.

Nascido em 1924 e falecido em 1988, José Manuel Joly Braga Santos foi um compositor de música erudita e maestro português, enquanto Gabriel Fauré foi um compositor e organista francês nascido em finais do século XIX.

No dia 23 de Novembro é a vez de decorrer o concerto “Grande Mestre e Convidado”, com João Elias e Jean Louis Steuerman ao piano. Este evento decorre em Mafra no Torreão Sul do Real Edifício. Também aqui decorre o concerto de encerramento, a 30 de Novembro, com Adriano Jordão ao piano e Pavel Gomzikov no violoncelo.

Segundo uma nota da FJA, este festival homenageia Filipe de Sousa, “uma das mais prestigiadas figuras da musicologia portuguesa” e benemérito da FJA.

“Numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Mafra e da Fundação Jorge Álvares, sob a direcção artística de Adriano Jordão, o festival deste ano presta também tributo à artista Teresa Berganza, com seis concertos ao piano e uma programação de excelência”, descreve-se ainda.

13 Nov 2024

Livro sobre história do karting em Macau já se encontra à venda

Já está disponível na Livraria Portuguesa e em outros espaços o livro “História do Karting em Macau”, da autoria de Pedro Dá Mesquita e Carlos Barreto, recentemente lançado no Museu do Grande Prémio. Esta é uma edição da Praia Grande Edições com o patrocínio do Galaxy Entertainment Group.

Trata-se de uma edição trilingue e é o resultado de um trabalho de pesquisa iniciado em 2008, “através da recolha de documentos antigos, histórias e imagens” junto de praticantes e dirigentes ligados à modalidade, “desde as suas humildes origens até aos dias de hoje, ao longo de décadas de tremendas mudanças nas infraestruturas, tecnologia, segurança e comunicações”, disse Carlos Barreto na apresentação do livro.

A primeira prova de Karting em Macau realizou-se no já longínquo ano de 1965 e teve como principal impulsionador Teddy Yip, empresário também ligado à organização das primeiras edições do Grande Prémio de Macau. Ao longo dos anos, o kartódromo do território acolheu importantes nomes da modalidade, como o actual tri-campeão mundial de Fórmula 1, Max Verstappen, aqui tendo iniciado também carreiras de sucesso no desporto automóvel pilotos locais como André Couto e Charles Leong Hong Chio, vencedores dos Grandes Prémios de Macau de Fórmula 3, em 2000, e de Fórmula 4, em 2020 e 2021, respectivamente.

Um percurso na escrita

“Quando fui desafiado a escrever este livro, estava longe de imaginar quão interessante seria esta viagem que estamos agora em condições de partilhar com os leitores”, confessou Pedro Dá Mesquita, co-autor do projecto. “Espero que o prazer que tive em escrevê-lo seja o mesmo que terá quem o leia”.

Daniel Tam Ka Keong, um dos pilotos e instrutores de karting presentes na cerimónia de lançamento do livro, convidou os amantes da modalidade a “explorarem a apaixonante evolução do karting em Macau através desta cativante narrativa da sua história”.

A Praia Grande Edições surge associada a este projecto “por se inscrever na sua vocação editorial, intimamente ligada a temas relacionados com a história de Macau, neste caso na sua vertente desportiva”, explicou Ricardo Pinto, administrador da empresa. O livro tem 276 páginas, 33 das quais com imagens que ilustram a evolução da modalidade ao longo dos últimos 60 anos.

13 Nov 2024

Grande Baía | Memórias em exposição de pintura na Fundação Rui Cunha

He Honglang, Li Zhuchao e Fu Rao são três jovens artistas de Macau que juntaram as suas veias artísticas para uma exposição conjunta na Fundação Rui Cunha. “The First Moment of Pure Flowers Bloom” terá uma curta duração, com fim apontado para este sábado, mas será possível observar a leitura artística que estes residentes fazem do espaço inerente à Grande Baía

 

Foi inaugurada esta terça-feira uma nova exposição de pintura na Fundação Rui Cunha (FRC). Trata-se de “The First Moment of Pure Flowers Bloom – Memories of Bay Area Cities” [O Primeiro Momento em que as Flores Puras Florescem – Memórias das Cidades da Área da Baía], dos jovens artistas He Honglang, Li Zhuchao e Fu Rao, sendo esta co-organizada pela Associação de Arte Juvenil de Macau.

O público poderá, assim, ver 26 pinturas a óleo e gravuras criadas pelos três artistas que são também estudantes de mestrado da Universidade Politécnica de Macau. Nestes trabalhos expressa-se, segundo uma nota da FRC, “o estilo urbano único e a atmosfera cultural da Grande Baía através da pintura feita com devoção”.

Na nota de intenções, descreve-se que o tema da exposição “simboliza a busca dos artistas pela vida e pela beleza, bem como a exploração de uma nova existência e esperança”. “Enquanto estudam em Macau, os artistas participantes vivenciam o espírito humanístico do continente e da Grande Baía com ‘coração puro’ e geram motivação e força criativa”, é ainda descrito.

Forma de expressão

A exposição que está patente esta semana na FRC traz obras que “não são apenas uma exploração da renovação e da esperança, mas também um olhar afectuoso sobre a passagem do tempo e a mudança da cidade”. Descreve-se ainda que através destes quadros, “o público irá vivenciar o momento puro do início da vida, e sentir o calor e a transitoriedade da memória da cidade”.

Aqui, os artistas “atravessam as fronteiras de regiões e culturas para nos apresentarem cidades repletas de histórias”, nomeadamente no caso do He Honglang, que se centra “na coexistência de edifícios antigos e novos na cidade da Grande Baía e na integração da arquitectura chinesa e ocidental”.

Enquanto isso, Li Zhuchao “centra-se na situação actual da indústria pesqueira de Macau”, e Fu Rao “centra-se nas cenas em movimento”. Ainda segundo o manifesto da mostra, as cidades da Grande Baía “deixaram de ser apenas espaços físicos, mas passaram a ser portadoras de memória e emoção urbana”, pois cada obra apresentada na exposição “é como uma pequena peça de um puzzle, quando juntas formam uma magnífica imagem da cidade, da memória, do tempo”.

A Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau é um projecto político que visa a cooperação e integração regional entre Macau, Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong.

13 Nov 2024

Documentário “Heritople” exibido segunda-feira na USJ

É já na próxima segunda-feira que será exibido, a partir das 19h, o documentário “Heritople”, da autoria de António Sanmarful. Esta exibição é acompanhada de um seminário de investigação em história coordenado pela professora Priscilla Roberts.

“Heritople” é um documentário trilingue, produzido pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e apoiado pela Fundação Macau e que inclui uma série de entrevistas a cidadãos de Macau, revelando “a importância do património cultural e as suas experiências neste território, onde se cruzam as culturas ocidental e oriental”, descreve-se numa nota sobre o evento.

Assim, o realizador registou “testemunhos que nos fazem compreender a importância do legado cultural, bem como a importância de preservar e dar continuidade a esse legado”, nomeadamente a Ip Tat, presidente da Associação do Templo Na Tcha ou Harry Kwah Hou Ieong, presidente da Associação de Estudos para a Reinvenção do Património Cultural de Macau.

Outras figuras entrevistadas foram Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), Matias Lao Hon Pong, presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau, Santos Pinto, proprietário do Restaurante “O Santos”, Lin Yin Cong, professora do Ensino Secundário e Fundadora da livraria Júbilo 31 livros, André Lui Chak Keong, Arquitecto e Elisabela Larrea, presidente da Associação de Investigação Cultural Macaense.

Com mão do IIM

“Heritople” foi uma proposta do IIM a António Sanmarful, tendo sido feito com a colaboração da Associação dos Embaixadores do Património de Macau para um projecto comunitário dedicado ao estudo do património cultural de Macau pelos jovens. Este documentário foi realizado com o objectivo de ampliar a promoção da ligação entre as pessoas e o património local, “o que será importante para uma maior compreensão do legado cultural de Macau e para a harmonia da coexistência da intersecção entre o Oriente e o Ocidente”, é revelado na mesma nota.

António Sanmarful nasceu em Macau e licenciou-se em Cinema e Fotografia em Madrid, Espanha. A nível profissional, dedicou oito anos a trabalhar em publicidade, séries, cinema, videoclipes e documentários. Regressou a Macau em 2014, tendo começado como técnico de câmara, passando depois a director de fotografia. Actualmente, é freelancer.

12 Nov 2024

Artes visuais | Bienal itinerante na China com presença portuguesa

Ricardo Meireles é o único português num grupo de dez artistas que expõem na secção de Macau na Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2024. O espaço expositivo, intitulado “Não é Macau, mas chama-se Macau” mostra fotografia, pintura e demais artes plásticas em 30 conjuntos. Depois da estreia em Hangzhou, a mostra fará um périplo que termina em Pequim

 

Inaugurada no passado dia 18 de Outubro, a Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2024 apresenta 30 trabalhos ou conjuntos de obras de dez artistas locais, que expõem na secção “Não é Macau, mas chama-se Macau”. Esta é uma iniciativa artística organizada ao mais alto nível não apenas pelo Ministério da Cultura e Turismo da China, como também pelas autoridades de Macau e Hong Kong.

A mostra pode ser visitada no Museu de Arte de Gongwang, em Hangzhou, passando depois pelas cidades de Nanjing, Guangzhou, Shenzhen e Pequim até Agosto de 2025. O evento mantém-se em Hangzhou até esta sexta-feira.

Desde 2008 que a Bienal se realiza, tratando-se de uma “plataforma importante de promoção do intercâmbio entre artistas do Interior da China, de Hong Kong e de Macau”, tendo-se tornado “um importante evento de intercâmbio cultural entre os três territórios”, destaca uma nota.

No rol de dez artistas locais, inclui-se o português Ricardo Meireles, que apresenta fotografia, bem como Cai Guo Jie, Ieong Wan Si, Im Fong, Lam Im Peng, Lo Hio Ieng, Lou Kam Ieng, Ng Sang Kei, Sit Ka Kit e Xie Yun.

Ricardo Meireles leva à China o projecto “Rua de Macau: Uma Sinfonia de Vida e Memória”, que combina vídeo e fotografia, capturando “a essência desta paisagem urbana em constante mudança”. A instalação de vídeo intitula-se “Passageiros” e “documenta as ruas da cidade, onde câmaras capturam a dança em tempo real do movimento urbano, acompanhada pelos sons reais de Macau”. Para a curadora, trata-se de um trabalho “que explora o ritmo da cidade, um lugar onde áreas movimentadas coexistem com espaços tranquilos”, levando ainda à reflexão “sobre a natureza efémera da nossa existência, à medida que as pessoas passam sem realmente reparar nos espaços que as rodeiam”.

Há ainda três fotografias de Ricardo Meireles numa série intitulada “Reflexo de Vida: Uma Ode à Rua de Macau”, onde se explora “a estreita ligação entre os espaços da cidade e as suas pessoas”.

“Macau, com a sua rica mistura de culturas, é uma entidade viva que cresce e se adapta. As ruas, praças, becos e pátios da cidade são lugares onde o tradicional e o moderno se encontram. Através deste trabalho, os espectadores irão reparar e reflectir sobre os espaços que muitas vezes passam despercebidos”, descreve a curadora, que defende que esta é uma “oportunidade para redescobrir as memórias e a identidade entrelaçadas no ambiente urbano de Macau”.

Trata-se, na visão da curadora, de uma cidade “onde as experiências são mais importantes do que o imutável, e onde cada rua, praça e beco contribui para o rico retrato da vida que conecta o passado ao presente”.

O tema da Bienal é “Integração e Diálogo”, apresentando trabalhos nas mais diversas áreas culturais. Desta forma, revela-se “o desenvolvimento da cultura urbana e a singular paisagem e espírito cultural urbano contemporâneo, formados pela convergência de diversas culturas”.

No caso dos artistas de Macau, as obras revelam “estilos distintos que reflectem a compreensão e as impressões pessoais de cada um sobre Macau, transmitindo ao público as suas ligações emocionais e afectivas com a cidade”.

Ser e não ser

Uma nota da curadora da exposição, Vivien Heong Hong Lei, explica que o nome Macau atribuído à secção da Bienal não remete para um “sentido físico, espacial ou geográfico, mas antes como cada um de nós o percepciona e compreende”. Assim, nesta Bienal, Macau surge como um “conceito relativo, construído por cada pessoa através da sua própria percepção e ideação”, sendo que a ideia de “Não é Macau” significa que o território “não é imutável, alterando-se continuamente de acordo com as percepções e compreensão das pessoas”.

Assim, Macau “é um certo ‘nome’ que só existe enquanto tal, mas não como uma entidade física”. Trata-se de algo que, quando visto ou vivido, “só existe nesse mesmo instante, pois no instante seguinte já se torna uma memória, uma ilusão que não pode ser tocada ou guardada”.

Porém, segundo a curadoria, este é um território que deixa memórias e fragmentos emocionais, que “sofrem uma permanente reconstituição, arquivo e armazenamento, de acordo com as nossas próprias percepções, experiências de vida e até o próprio curso do tempo”. Trata-se de uma “ilusão que sempre se reflectiu na nossa natureza interior”.

Do lado dos artistas são múltiplas as ligações a Macau. Ng Sang Kei e Lou Kam Ieng, “nascidos e criados em Macau”; Im Fong, “que se mudou do continente para Macau ainda novo para prosseguir o seu sonho”; Ricardo Filipe dos Santos Meireles, “um português que trata Macau como a sua segunda casa”; Lo Hio Ieng e Lam Im Peng, “jovens artistas que regressaram a Macau com expectativas depois de estudos no exterior”; ou ainda Ieong Wan Si, “outro regressado a casa, após completar estudos no estrangeiro, e que já tentou explorar o sentido de identidade entre Macau e a cidade onde estudou”.

Por sua vez, Sit Ka Kit mudou-se para a zona da Grande Baía, vivendo entre Macau e Zhuhai; Cai Guo Jie, que é “um novo imigrante que tem Macau no seu destino por via do casamento” e Xie Yun, “uma jovem e esforçada trabalhadora na Europa”.

12 Nov 2024

Galaxy Macau | Loja “Pop-up” com marcas de moda locais

Pode ser visitada até ao dia 18 de Novembro uma nova loja de roupa em formato “Pop-up”, ou seja, com funcionamento temporário, e que apresenta várias marcas de moda locais. A loja irá funcionar no Promenade East do Galaxy Macau, apresentando-se 15 marcas diariamente entre as 10h e as 22h.

As marcas escolhidas são a “Common Comma”, “C/W Collective”, “Earlyink”, “ella épeler”, “Joya Ma”, “Jump Off”, “Lexx Moda”, “Mosq.”, “MULTIPLIER”, “Nega C.”, “No. 42、SANCHIALAU”, “SHEFEELING”, “Stardust Journey” e “VATIC”.

Esta é uma iniciativa conjunta do Instituto Cultural (IC) com a Galaxy no apoio à moda que se faz em Macau. Promete-se a apresentação de produtos tão variados como bolsas, lenços de seda, carteiras, sapatos femininos, entre outros acessórios, “em estilos distintos, como estilo moderno e elegante, estilo juvenil e doce, estilo de rua ou estilo vanguardista e desconstrutivista”.

O objectivo é “promover as marcas de moda originais de Macau junto dos turistas e dos residentes, no sentido de aumentar a visibilidade das marcas e ajudar o sector a expandir o mercado da indústria”.

Antes deste evento em Macau, o IC estabeleceu o mesmo formato de loja “Pop-up” com colecções locais nas zonas de Hengqin e Guangzhou, “tendo o evento sido muito bem acolhido pelo próprio sector e pelo público”. O mesmo evento irá estender-se, em Dezembro, a Shenzhen, “com vista a alargar os canais de venda no mercado da Grande Baía Guangdong–Hong Kong– Macau”, descreve a organização.

11 Nov 2024

Beyoncé lidera corrida aos Grammy 2025 com 11 nomeações

A cantora Beyoncé lidera as nomeações na 67.ª edição dos Grammy, os prémios norte-americanos da música, com onze indicações em categorias como Gravação do Ano, Álbum do Ano, Canção do Ano e Melhor Álbum Country, foi anunciado na sexta-feira.

Com as 11 nomeações aos Grammy 2025, Beyoncé passa a contar com 99 indicações, tornando-se assim a artista mais premiada de sempre, com 32 Grammy conquistados, também na artista mais nomeada de sempre, nos prémios norte-americanos de música.

Entre os artistas mais nomeados nos Grammy 2025 estão também Charli xcx, Billie Eilish e Post Malone, com sete indicações cada, e Sabrina Carpenter, Chappell Roan e Taylor Swift, com seis.

Beyoncé está nomeada para Álbum do Ano e Melhor Álbum Country com “Cowboy Carter”, e Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Canção Country, com “Texas Hold’Em”.

Além disso, a cantora está ainda indicada nas categorias de Melhor Performance Pop a Solo, Melhor Performance Pop de Duo ou Grupo, num dueto com Post Malone, Melhor Performance de Rap Melódico, num tema com Linda Martell e Shaboozey, Melhor Performance Country a Solo, Melhor Performance Country de Duo ou Grupo, num dueto com Miley Cyrus, e Melhor Performance Americana.

Esta é a primeira vez que a cantora, que fez parte das Destiny’s Child antes de iniciar a carreira a solo, está nomeada em categorias dos géneros de música Country e Americana.

Swift, Andre 3000 e companhia

Para o Grammy de Gravação do Ano, além de Beyoncé, estão também nomeados The Beatles, com “Now and Then”, Sabrina Carpenter, com “Espresso”, Charli xcx, com “360”, Billie Eilish, com “Birds of a Feather”, Kendrick Lamar, com “Not like us”, Chappell Roan, com “Good luck, babe!” e Taylor Swift, com “Fortnight”, tema que partilha com Post Malone.

Na categoria de Álbum do Ano competem também, além de “Cowboy Carter”, de Beyoncé, “New Blue Sun”, de André 3000, “Short n’ sweet”, de Sabrina Carpenter, “BRAT”, de Charli xcx, “Djesse Vol.4”, de Jacob Collier, “Hit me hard and soft”, de Billie Eilish, “Chappell Roan The rise and fall of a Midwest princess”, de Chappell Roan, e “The tortured poets department”, de Taylor Swift.

A longa lista de mais de 90 categorias dos Grammy abrange diferentes géneros musicais, do jazz à música clássica, passando pelo rap, o rock e o metal, indo também do gospel aos audiolivros. Os vencedores dos 67.º Grammy serão anunciados a 2 de Fevereiro, numa cerimónia em Los Angeles, nos Estados Unidos.

11 Nov 2024

Arte Equestre Portuguesa propõe-se a Património Imaterial da UNESCO

O Comité Intergovernamental para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) reúne-se de 2 a 7 de Dezembro na capital paraguaia, e, entre as candidaturas apresentadas, conta-se ainda uma proposta do Brasil sobre o modo de produção artesanal do Queijo de Minas, no Estado de Minas Gerais, no sudeste do país sul-americano.

“A Equitação Portuguesa é uma prática que se traduz na excelência do ensino do cavalo expressa na realização dos andamentos e ares de alta escola, que deriva do ensino praticado nas academias de arte equestre europeia, com particularidades que a distinguem, fundamentalmente as que advêm da equitação de trabalho de alaceamento e lide do touro, em campo ou em arena, ou nos jogos equestres”, indica a descrição patente no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, do qual consta desde 2021.

O mesmo texto lembra que esta prática “encontra-se plasmada no trabalho realizado desde o século XVIII na Real Picaria, tendo atingido uma difusão contínua que chegou [à actualidade] e congrega numerosos indivíduos e grupos de praticantes”.

A comunidade de praticantes vai desde os amadores aos profissionais, encontrando-se o maior grupo na Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), embora haja praticantes espalhados por 20 países em cinco continentes, como recorda o texto patente na candidatura à classificação pela UNESCO.

Montar “à Marialva”

A EPAE, com sede no Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa, realiza apresentações regulares no Picadeiro Henrique Calado, na zona lisboeta da Ajuda.

A escola reata os costumes da corte portuguesa do século XVIII. Esta arte foi fixada pelo marquês de Marialva, Manuel Carlos de Andrade (1755-1817), no livro “Luz da Liberal e Nobre Arte de Cavallaria” (1790), e “daí se referir a forma de montar [portuguesa] como ‘à Marialva'”, disse à agência Lusa fonte da candidatura.

A arte portuguesa de montar a cavalo “distingue-se pela forma de trajar dos cavaleiros, os arreios que são diferentes de outras escolas, e forma de lidar com o cavalo”, acrescentou.

Várias manifestações culturais portuguesas estão inscritas na lista do Património Imaterial da UNESCO, como o fado, o cante alentejano, ou a barro negro de Bisalhães e a dieta mediterrânica. A candidatura a Património Imaterial da Humanidade foi avançada pela Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano, em parceria com o município da Golegã e a Parques de Sintra.

11 Nov 2024

Creative | Trabalhos de alunos de comunicação da USJ em exposição

Foi apresentada no último fim-de-semana uma nova exposição na Creative Macau. Trata-se de “25”, que mostra ao público os melhores trabalhos de fotografia realizados pelos alunos da licenciatura em Comunicação e Media da Universidade de São José. Eis a oportunidade para ver a “essência vibrante” do território

 

A Universidade de São José (USJ) associou-se à Creative Macau para expor, na sua galeria, mais uma exposição dos seus alunos. Trata-se de “25”, a “Exposição de Fotografias de Alunos e Antigos Alunos da Licenciatura em Comunicação e Media”, que pode agora ser vista gratuitamente na galeria da Creative Macau até ao dia 30 deste mês.

Segundo a organização, este projecto nasce de uma parceria anual com a USJ com mais de uma década de existência “para apresentar 125 fotografias tiradas por alunos e ex-alunos da licenciatura em Comunicação e Media da Faculdade de Artes e Humanidades”. Assim, “25” é uma exposição “que celebra a essência vibrante de Macau através das lentes de vários jovens artistas talentosos (estudantes e antigos estudantes da licenciatura”.

Esta colecção de imagens apresenta “cinco temas diferentes, cada um deles captando facetas únicas das últimas décadas deste território”, com “paisagens singulares, vida urbana, cultura, natureza e, claro, as suas gentes”. A mesma nota dá conta que cada tema é retratado nas 25 fotografias escolhidas “que ilustram um leque diversificado de perspectivas”.

Parabéns à RAEM

Claro que “25” é também uma forma de celebração do 25.º aniversário do regresso de Macau à China. Esta pretende convidar o espectador a “experienciar a cidade sob uma nova luz, em que cada fotografia conta uma história que reflecte o espírito, a criatividade e as aspirações de uma nova geração e serve também de plataforma para o diálogo sobre a identidade, a cultura e o sentido de pertença da comunidade em Macau, hoje”.

Esta mostra nasce também de uma pesquisa feita no Departamento de Comunicação Social, Arte e Tecnologia da Universidade de S. José a fim de criar “esta selecção comissariada, apresentada em grupos criativos de fotografias de grande simbolismo, significado e beleza”.

Além do curso de comunicação, a Faculdade de Artes e Humanidades disponibiliza formação superior em quatro áreas-chave de estudo, nomeadamente Artes e Tecnologia dos Media; Arquitectura e Design; História e Património; Línguas e Cultura.

Assim, segundo a USJ, proporciona-se “um ambiente multidisciplinar único, no qual os estudantes têm acesso a oportunidades educativas excepcionais e desenvolvem um sentido de ética e integridade como uma pessoa completa, capaz de pensar de forma rigorosa, crítica e criativa”.

O Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas é um projecto gerido e desenvolvido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, tendo sido estabelecido em 2003. Tem por objectivo apoiar e fomentar o desenvolvimento de 12 indústrias criativas em Macau, que passam pelas áreas da publicidade, fotografia, arte, arquitectura ou vídeo, entre outras.

11 Nov 2024

Centro UNESCO | Fotografias de Jorge Veiga Alves em exposição

Será apresentada amanhã a exposição digital “À Procura de Macau” de Jorge Veiga Alves, fotógrafo amador e autor desta mostra. O evento de apresentação decorre a partir das 15h no Centro UNESCO Macau, tratando-se de imagens feitas no período em que o autor viveu em Macau, nos anos de 1984 a 1994, e mais tarde de 2005 a 2016.

Jorge Veiga Alves, economista aposentado do Banco de Portugal, viveu em Macau entre 1986 e 1994, tendo sido requisitado para prestar serviços no antigo Instituto Emissor de Macau/Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM).

Entrou, no início da década de 70, no mundo da fotografia através do modo analógico, fez fotografia submarina e que foi totalmente conquistado pelo modo digital. Participou em exposições e apresentações audiovisuais de fotografia colectivas e individuais.

Assim, esta mostra abrange duas componentes, as fotografias analógicas dos anos 80 e princípios dos anos 90, e que foram depois digitalizadas e alvo de um processo de recuperação e tratamento, e depois as fotografias já feitas na era digital. A iniciativa tem o apoio da Fundação Macau.

8 Nov 2024

Automobilismo | Desenvolvimento do karting em Macau contado em livro

Na próxima segunda-feira, será lançado, no Museu do Grande Prémio, o livro da autoria de Carlos Barreto e Pedro Dá Mesquita que conta a história do karting no território. A obra intitula-se “História do Karting em Macau” e o seu lançamento inclui ainda um encontro com alguns pilotos. Eis a possibilidade de descobrir mais sobre uma modalidade do desporto automóvel que remonta aos anos 60

 

A história do karting em Macau já está contada em livro pelas mãos de Carlos Barreto e Pedro Dá Mesquita. A obra, que tem edição da Praia Grande Edições, será lançada na próxima segunda-feira no Museu do Grande Prémio, numa sessão que promete ser especial, pois contará com a presença de alguns pilotos que se aventuraram nas pistas locais de karting.

“História do Karting em Macau” conta a história de um desporto automóvel que tem marcado as pistas locais desde os anos 60, “passando das vias públicas para pistas temporárias, sem as melhores condições para a prática da modalidade”. Mais tarde, as corridas passaram a fazer-se numa “pista permanente considerada uma estrutura de desporto automóvel de classe mundial”, disponível em Coloane.

Segundo a nota de apresentação do livro, este desenvolvimento em termos de infra-estruturas “permitiu que jovens pilotos iniciassem as suas carreiras de piloto desde o início dos anos 90, competindo nos campeonatos ao mais alto nível da FIA (Federação Internacional do Automóvel”, sendo dois deles vencedores no Grande Prémio de Macau, FIA Fórmula 3 (2000) e Fórmula 4 (2020 e 2021).

Este livro explica, assim, a “evolução da modalidade ao longo de décadas e destaca alguns dos pilotos locais que honraram o nome de Macau no mundo do desporto automóvel”. A cerimónia de lançamento começa às 18h na sala multifunções do Museu do Grande Prémio.

Quem é quem

Os autores da história do karting em Macau são figuras com bastante ligação ao mundo do desporto automóvel. No caso de Pedro Dá Mesquita, licenciado em comunicação social, teve o primeiro contacto com Macau ainda nos anos 80, tendo trabalhado no Gabinete de Comunicação Social (GCS). Foi depois colaborador das revistas “Sábado”, “Nam Van” e ainda do semanário “Oriente”.

Pedro Dá Mesquita prosseguiu a sua carreira como jornalista em Macau a partir de 1987, tendo sido repórter, chefe de redacção e director do extinto jornal “Comércio de Macau”. Enveredou depois pelo mundo da televisão já nos anos 90 na Teledifusão de Macau (TDM), mais concretamente do Canal 1 (Português) onde foi jornalista e editor do Telejornal e Últimas Notícias.

Em 1993, faz parte dos corpos gerentes do Clube de Jornalistas de Macau. A partir de 1999, Pedro Dá Mesquita passou a colaborar com diversos títulos de imprensa, nomeadamente O Clarim, Ponto Final, de que foi um dos fundadores; e ainda os diários Jornal Tribuna de Macau, Hoje Macau e revista Macau.

O autor colaborou na edição do “Dicionário da História de Macau”, da responsabilidade do Instituto de Estudos Portugueses da Universidade de Macau. Já depois da transição, em 2000, Pedro Dá Mesquita entrou para o Instituto para os Assuntos Municipais, tendo escrito, em Dezembro de 2008, o livro “Memórias de Um Campo Santo”, editado para comemorar os 150 anos do Cemitério de S. Miguel Arcanjo.

Carlos Barreto, o outro autor do livro lançado na segunda-feira, é natural de Moçambique, mas está em Macau desde 1985. Segundo a mesma nota, o desporto motorizado é uma das suas grandes paixões, tendo Carlos Barreto feito parte, a partir de 1991, da direcção do Automóvel Clube de Macau.

Com uma forte ligação ao Grande Prémio, Carlos Barreto foi director de provas nos Campeonatos de Karting e Motociclos de Macau entre 1991 e 1996, e depois entre 2004 e 2008. Foi ainda presidente do colégio de comissários desportivos desses campeonatos entre 2009 e 2010.

Carlos Barreto foi também director de prova do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau, de 2004 a 2016, incluindo o 46.º Campeonato do Mundo de SKF da CIK-FIA (2009), o 49.º Campeonato Mundial de KF1 da CIK-FIA (2012) e os campeonatos da Ásia-Pacífico em KF3 da CIK-FIA, além de ter sido adjunto do director da corrida do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau de 2017.

8 Nov 2024

“28 Notas em Quarentena” | O “livro-catálogo” com imagens e textos sobre o Eu

“28 Notas em Quarentena”, um “livro-catálogo” que acompanha uma exposição de fotografia e objectos de arte plástica, é um exercício sobre o Eu em quarentena, mas também um desfilar de memórias e de pensamentos em circuito fechado. Os textos são de Ana Saldanha, a fotografia de Yun Qiming e ilustração de Raquel Pedro

 

Apresentado na última quinta-feira na Livraria Portuguesa, “28 Notas em Quarentena” é um “livro-catálogo” que acompanha o projecto tripartido entre a académica Ana Saldanha, o fotógrafo Yun Qiming e ilustrações de Raquel Pedro. Os três encontrando pontos de convergência entre o texto, imagem e criatividade artística, criando um projecto apresentado em Macau pela mão da Associação Cultural 10 Marias e que poderá, um dia, ver a luz do dia no formato de livro.

Ao HM, Ana Saldanha, ex-docente universitária em Macau e actual docente na Universidade Normal de Hunan, China, é autora dos textos escritos no contexto particular de uma quarentena de 28 dias feita no final do ano de 2020.

“Escrevia um texto todos os dias e ia partilhando com as pessoas que me eram mais próximas. Havia sempre uma comunicação, pois familiares e amigos iam-me respondendo. Alguns amigos também estavam em quarentena e íamos partilhando as experiências de estarmos encerrados e a forma como íamos partilhando as memórias”, contou Ana Saldanha.

“28 Notas em Quarentena” é, acima de tudo, um exercício sobre o Eu, em que a pessoa, fechada no contexto de uma pandemia, se vê como que obrigada a olhar para dentro. Há ainda três textos escritos pela autora já fora da quarentena sobre o seu pai, falecido nesse período.

“Penso que existe uma questão que atravessa todos os textos e também as obras de Yun Qiming e Raquel Pedro, algo transversal, que é o facto de estarmos encerrados e virarmo-nos para nós próprios. As consequências da quarentena em termos de produção escrita foram uma espécie de auto-reflexão do meu percurso de vida, um processo em que trabalhei muito a memória, tal como o Yun e a Raquel”, descreveu ainda Ana Saldanha.

Diálogo permanente

As imagens de Yun Qiming, que Ana Saldanha conheceu na Mongólia Interior, de onde este é natural, são todas de espaços exteriores. Porém, são fotografias “que nos enviam para algo muito interior”. Convidámos a autora a pensar sobre este exercício de escrita já vários meses depois. Para ela, “os textos são ficcionados a partir de vivências reais, mas outros não”.

“Há sempre algo presente que caracterizou o meu passado. Estava fechada e esse estado levou a essa reflexão. Sem querer, estive muito centrada em mim e naquilo que ia acontecendo e que me ia lembrando. O que a quarentena me fez foi pensar que temos muitas vidas numa vida, e estar encerrada permitiu encerrar várias vidas numa só através da escrita.”

Depois do contacto com Yun Qiming, surgiu a ideia de trabalhar com Raquel Pedro, com quem Ana Saldanha já tinha colaborado num livro em torno da América Latina. “Acabámos por nos juntar os três e criar este projecto em que a escrita comunica com a fotografia e com as artes plásticas, num triângulo em que há uma comunicação interartística.”

O que se verifica neste projecto é um permanente “diálogo, tal como aconteceu na pandemia, mas com diferentes perspectivas da quarentena”. Podem ser vistos 28 imagens, 28 textos e 28 obras de artes plásticas em consonância na exposição patente na Livraria Portuguesa.

Do lado do leitor não se espera um pensamento sobre aquilo que foi a quarentena durante a covid, pois trata-se de palavras que poderiam ter sido escritas em qualquer altura.

“Há poucos textos que falem mesmo da quarentena. Estes são textos que poderiam ter sido escritos noutro contexto, e as pessoas podem ter uma visão um pouco distinta. Há histórias ficcionadas, textos que são memórias que se mesclam ao longo do tempo, um pouco confusas no espaço, porque vivi em diferentes países.”

Ana Saldanha diz não querer deixar “nenhuma mensagem em particular sobre a quarentena”, pois, quando escreve, espera “que quem leia os textos retire prazer da leitura, e que a partir dela, construa imagens, percepções e entendimento do que esteve a ler”.

Relativamente aos textos de homenagem ao pai, já falecido, Ana Saldanha recorda a “violência desse processo” numa altura em que teve de lidar com a questão de saúde dele e viver, à distância, devido à quarentena, os seus últimos momentos de vida. É aí que também está presente “a questão da memória”.

Cada texto de “28 Notas em Quarentena” está numerado e, para a autora, os preferidos são o 15.º e o 16.º. São memórias de noites embaladas pelo tempo.

7 Nov 2024

Instituto Camões com quase 40 milhões de euros para promoção

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português afirmou esta segunda-feira que em 2025 o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua vai ter 50,4 milhões de euros destinados à cooperação internacional e 39,3 milhões para a promoção da língua portuguesa.

“Tendo em conta a importância da cooperação internacional e a promoção da língua e cultura portuguesa, este orçamento [Orçamento de Estado para 2025] conta com a inscrição no Instituto Camões de 50,4 milhões de euros e 39,3 milhões de euros, respectivamente”, anunciou Paulo Rangel, no início do debate na especialidade do OE no parlamento.

No domínio da cooperação, “o valor mantém-se face a 2024”, admitiu o chefe da diplomacia portuguesa. “Continuaremos a concretizar parcerias com todos os actores relevantes, no plano nacional [ONGD, autarquias, sector privado, fundações e mundo académico], mas também na União Europeia [via cooperação delegada] e multilateral [via cooperação triangular]”, acrescentou.

Aposta concreta

Paulo Rangel reafirmou que “a aposta na cultura e língua portuguesa é uma prioridade inequívoca” do Executivo e do OE2025. Assim, “no domínio da língua e cultura, o valor aumenta cerca de 2 por cento”, afirmou, destacando o “Programa Português no Mundo, a acção cultural externa, o Programa ‘Português Língua Herança’, programas transversais do Departamento de Língua e Cultura e o Centro Virtual Camões”, realçou.

Ainda sobre a cultura e língua portuguesa, o ministro referiu que “é possível” que sejam “mais procurados e mais conhecidos, mais preponderantes no cenário internacional”.

Para o Governo, o português deve estar “nas escolas, sim, nos centros culturais, sim, mas também no mundo empresarial, no movimento associativo nas universidades”. Razão pela qual, explicou, o seu Ministério e os da Educação e da Cultura têm vindo a defender a adopção pelo Governo de “uma verdadeira política da língua” e darão passos “muito em breve” para criar as condições da sua “formulação e da sua desenvolução”.

A proposta de lei de Orçamento do Estado para 2025 foi aprovada na generalidade na quinta-feira, com os votos a favor dos dois partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, e a abstenção do PS.

6 Nov 2024

MGM | Novo Museu inaugurado com exposição sobre Rota da Seda

Macau tem, desde sábado, um novo museu. Trata-se do Poly MGM Museum, no MGM Macau, que, como exposição inaugural, traz uma mostra sobre a Rota Marítima da Seda e os antigos segredos deste percurso comercial feito entre a China e diversos países. O novo museu nasce de uma parceria com o grupo Poly Culture

 

Os amantes da arte e cultura dispõem, desde sábado, de um novo museu em Macau, no casino MGM Macau. Chama-se Poly MGM Museum e nasce de uma colaboração com o grupo Poly Culture – Poly Culture Group Corporation Limited. Segundo um comunicado, este novo espaço representa “uma encruzilhada de cultura e de tempo”, apresentando-se “narrativas culturais e do património”, bem como “arte interactiva com recurso a tecnologia avançada, materiais que transmitem significados culturais e estéticos e as mais avançadas técnicas de preservação e exposição de artefactos”.

Sugere-se ainda que o Poly MGM Museum “enriquece o património cultural imaterial tradicional [ao apresentar] um design contemporâneo, transformando cada exposição numa nova narrativa que entrelaça a história com a arte contemporânea”.

É ainda referido que o museu “transcende as fronteiras nacionais através da sua arte, construindo uma ponte global para o diálogo e o intercâmbio cultural”.

Para a exposição inaugural foi escolhida “A Rota Marítima da Seda – Descubra os Mares Místicos e Encontre os Tesouros da Antiga Rota Comercial”, que se centra nos antigos percursos comerciais realizados entre a China e restantes países por via marítima.

Desta forma, “esta exposição promete transportar os visitantes de todo o mundo através da história, dos desenvolvimentos actuais e das perspectivas futuras da rota comercial marítima”. A mostra é organizada com a Art Exhibitions China, revelando uma colecção de 228 artefactos e obras de arte em 184 conjuntos.

Peças antigas

Do conjunto de peças apresentadas nesta exposição inaugural incluem-se “descobertas subaquáticas, tecidos de seda, especiarias e vários tesouros raros”, bem como “importantes documentos históricos, especiarias e outros tesouros”. Assim, a mostra “integra de forma harmoniosa artefactos e arte contemporânea”, proporcionando “uma mistura de conhecimento académico, excelência artística e experiências interactivas”.

A mostra organiza-se em quatro zonas temáticas, com os nomes “Monção”, “Origem Cultural”, “Integração” e “Ligações”, sendo que cada uma delas está ligada a uma cronologia histórica que se estende desde a antiga até à moderna Rota Marítima da Seda.

Segundo a mesma nota, a primeira zona, “Monção”, oferece “uma perspectiva global da evolução da humanidade, que inclui um profundo respeito pelo mar, bem como uma compreensão e utilização prática do mesmo para fins de navegação e exploração”.

Em “Monção” encontram-se interligados “diversos períodos históricos com uma cronologia da civilização marítima, ilustrando-se as transformações na vida quotidiana provocadas pelas influências marítimas e criando imagens vívidas da Rota Marítima da Seda”.

Por sua vez, “Origem Cultural”, é uma zona que recorre à “arqueologia subaquática como narrativa orientadora, dando ênfase às relíquias culturais para delinear as caraterísticas da Rota”. Em “Integração”, a terceira zona da exposição, destacam-se “os resultados das interações económicas e culturais entre o Oriente e o Ocidente”, nomeadamente através da “troca de bens comerciais, das viagens de emissários, da partilha do património cultural e das vagas de imigração, que sublinham a influência significativa da Rota Marítima da Seda”.

A quarta e última zona, “Ligações”, apresenta uma maior visão de futuro, “explorando o envolvimento humano na protecção e exploração do mar nesta nova era através de fotografia, obras artísticas e instalações artísticas”.

6 Nov 2024