Literatura | UM e UCM recordam escrita de Henrique de Senna Fernandes

“Lembrando Henrique de Senna Fernandes – Jornadas em torno da identidade macaense” é o nome do colóquio que decorre hoje e amanhã na Universidade Cidade de Macau e na Universidade de Macau. A ideia é falar do autor macaense no ano em que se celebra o centenário do seu nascimento, incluindo-se ainda sessões sobre a identidade macaense e a literatura de Macau

 

Arranca hoje na Universidade Cidade de Macau (UCM) um colóquio inteiramente dedicado a Henrique de Senna Fernandes, aquele que é considerado o grande escritor de Macau, que sempre escolheu o português para as suas obras e que nunca deixou de se identificar como macaense. “Lembrando Henrique de Senna Fernandes – Jornadas em torno da identidade macaense” acontece ainda amanhã na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau (UM).

O evento começa hoje às 10h15, na UCM, com a palestra plenária de Mónica Simas, académica brasileira e grande especialista na obra de Henrique de Senna Fernandes, que vai apresentar “O mundo extraordinário de Henrique de Senna Fernandes”, com moderação de Carina Liu, da UCM.

Este colóquio de dois dias inclui ainda painéis sobre a ligação do autor à literatura de Macau, a literatura euroasiática, a identidade linguística e cultural, bem como as áreas da tradução e do ensino do português como língua estrangeira. Decorrerá ainda uma mesa redonda sobre o tema “Ser Macaense – A identidade macaense na primeira pessoa”.

No programa do evento, os organizadores da conferência descrevem Henrique de Senna Fernandes como um “icónico escritor de Macau, que nos apresenta nos seus contos e romances a Macau de meados do século XX”, revelando também “uma história secular de co-habitação de culturas muito distintas, com especial incidência na representação da comunidade macaense”.

Assim, este pretende ser “um fórum de reflexão e discussão da condição macaense e da problemática multicultural a marcar a Cidade do Nome de Deus [Macau] desde a sua fundação”.

Cultura e afectos

Na primeira sessão, a ideia é debater se Macau tem, de facto, uma cultura própria, chamando a atenção para a “importância da preservação da cultura local”. Trata-se de uma sessão que “procura introduzir alguns conceitos teóricos, como a Globalização e a cultura local, para compreender a necessidade de preservar culturas particulares, bem como a luta do escritor Henrique de Senna Fernandes pelo reconhecimento das características de Macau”, apontam os organizadores.

Por sua vez, na segunda sessão, procura-se analisar “as representações das relações afectivas e contextos conjugais” nos textos do autor macaense.

“A identidade macaense surge a partir de processos matrimoniais que envolvem um conhecimento sobre os intensos fluxos migratórios pelos quais a região passou. As relações entre diferentes etnias geraram uma sociedade mestiça que envolve tabus que tiveram de ser superados”, descreve o programa, que vai ainda analisar “as relações amorosas descritas por Henrique de Senna Fernandes, identificando os desafios que enfrentaram”.

Académicos em conjunto

Depois da palestra protagonizada por Mónica Simas, o programa prossegue a partir das 11h com o painel “Henrique de Senna Fernandes e a literatura de Macau”, com a participação de Sara Augusto, académica actualmente em funções no Instituto Português do Oriente, que vai falar de “Senna Fernandes: A herança literária na obra de Miguel de Senna Fernandes”, seu filho e presidente da Associação dos Macaenses.

Por sua vez, Manuela Carvalho, da UM, vai falar da “Adaptação cinematográfica de ‘Amor e Dedinhos de Pé’: (Re) criação e Transgressão”, enquanto hoje, a partir das 15h, Maria José Grosso, docente da UM, vai apresentar “A educação no olhar evocativo de Senna Fernandes”. Maria Antónia Espadinha, antiga docente da UM e da Universidade de São José, falará d’”As mulheres de Henrique de Senna Fernandes”, enquanto Pedro Caeiro, da UCM, aborda “A Cultura Local no ensino PLE [Português como Língua Estrangeira] em Macau – Mong-Há como material didáctico”. Destaque ainda para a sessão das 17h15 até às 18h, protagonizada pelo docente da UM Mário Pinharanda Nunes, que vai falar da “Obra de Henrique de Senna Fernandes enquanto fonte documental da génese e evolução do patuá”.

A mesa redonda sobre a temática “Ser Macaense: A identidade macaense na primeira pessoa”, que começa às 18h15, traz para o debate nomes de personalidades macaenses como Miguel de Senna Fernandes, José Luís Sales Marques, António Monteiro, Sérgio Perez e Elisabela Larrea.

Da identidade

Amanhã o colóquio prossegue na UM, a partir das 10h, com moderação de Mário Pinharanda Nunes, discutindo-se “Henrique de Senna Fernandes: O Homem, a Obra e a Cultura Macaense”. Mónica Simas volta a pisar o palco para questionar se Macau tem uma cultura própria e para falar da “preservação da cultura local”. Marisa Gaspar, antropóloga que está a realizar uma investigação pós-doutoramento no território, aborda o romance de Senna Fernandes adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha, “Amor e Dedinhos de Pé”, apresentando um “olhar antropológico sobre a memória e identidade na comunidade macaense”.

O colóquio encerra amanhã ao final do dia com um sexto painel, intitulado “A obra de Henrique de Senna Fernandes no contexto de outras literaturas euroasiáticas”, com a presença dos académicos Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa, e Melissa de Silva, da Universidade Nacional de Singapura.

24 Out 2023

Prémios do Cinema Asiático | Macau acolhe campo para novos cineastas

A Academia dos Prémios do Cinema Asiático vai organizar em Macau, no próximo mês de Abril, a primeira edição do “International Film Camp” para jovens cineastas de toda a Ásia. O objectivo do evento é fomentar o contacto com profissionais da indústria, apresentar projectos e atribuir prémios

 

Os resorts da operadora Sands China em Macau serão o palco da primeira edição do “International Film Camp” (IFC) [Campo de Cinema Internacional], destinado a cineastas emergentes de Macau e de toda a Ásia. O evento está marcado para o período entre 9 e 13 de Abril de 2024 e é uma iniciativa promovida pela Academia dos Prémios do Cinema Asiático, uma organização sem fins lucrativos criada em 2007.

O estabelecimento deste campo para cineastas trata-se, segundo um comunicado divulgado pela Sands China, de “uma iniciativa inovadora que visa estimular e capacitar a próxima geração de cineastas asiáticos”, contando com o apoio do Instituto Cultural de Macau e da Direcção dos Serviços de Cultura, Desporto e Turismo de Hong Kong, entre outras entidades.

Pretende-se que o IFC seja “uma plataforma única para os cineastas emergentes interagirem com profissionais da indústria, obterem conhecimentos valiosos sobre os aspectos criativos e comerciais do cinema e receberem financiamento de produção e oportunidades de distribuição através da Academia dos Prémios de Cinema Asiático”.

Curtas e longas

O IFC aceita participantes com idades compreendidas entre 21 e 40 anos, naturais de Macau, Hong Kong, China e demais regiões e países asiáticos. Os candidatos terão de apresentar propostas para uma curta-metragem de ficção centrada no tema “A minha terra natal”.

Além disso, os interessados na iniciativa precisam submeter uma declaração do realizador e um plano de produção, juntamente com uma amostra de cinco minutos de um trabalho ou trabalhos que já tenham realizado. Será depois feita uma pré-selecção de 30 candidatos para entrevistas conduzidas “por um painel distinto de peritos da indústria”. No final, apenas 16 cineastas serão convidados para participar no IFC.

Entre os dias 9 e 13 de Abril, os escolhidos poderão beneficiar “da orientação de profissionais de renome do sector, que partilharão os seus conhecimentos e fornecerão informações valiosas sobre a realização de filmes”. Espera-se, assim, que o IFC promova “um ambiente de colaboração e apoio, encorajando a troca de ideias e a exploração de novos horizontes criativos”.

Os 16 cineastas apresentarão no final os projectos de curtas-metragens a um painel de jurados que atribuirá a oito deles uma bolsa de produção de 300 mil dólares de Hong Kong a cada um para que realizem o projecto cinematográfico. Este painel será presidido pelo mentor principal do campo, o veterano produtor de cinema Terence Chang, cuja carreira de sucesso abrangeu as indústrias cinematográficas de Hong Kong, Hollywood e China.

A Academia dos Prémios de Cinema Asiático fará depois a curadoria dos projectos desenvolvidos no âmbito do IFC, apresentando-os no programa anual de digressão “Asian Cinerama”. Espera-se ainda que os cineastas escolhidos possam ter apoio da Academia para colocar os seus filmes em diversos festivais e atrair potenciais patrocinadores, “ampliando o seu alcance e exposição na indústria”.

Convidados de honra

A iniciativa conta ainda com diversos convidados de honra, sendo que, de Macau, se incluem nomes como o de Tracy Choi, Emily Chan e Hong Heng-Fai, todos realizadores com um importante currículo na indústria do cinema local.

Wilfred Wong, presidente e director-executivo da Sands China, igualmente presidente da Academia dos Prémios de Cinema Asiático, disse que “o cultivo de talentos desempenha um papel crucial na transmissão do sucesso do desenvolvimento da indústria cinematográfica na Ásia”.

Desta forma, o IFC promete reunir “jovens e emergentes cineastas da área da Grande Baía e das regiões asiáticas”, para participar em workshops, seminários, apresentação de guiões e orientação prática por parte de profissionais da indústria. “O nosso objectivo é cultivar jovens talentosos e preparar o seu caminho para um maior desenvolvimento”, concluiu.

De frisar que, além de ligado ao sector do jogo, Wilfred Wong tem desenvolvido bastante trabalho na área do cinema de Hong Kong, sendo presidente do Hong Kong Film Development Council e da Hong Kong International Film Festival Society.

24 Out 2023

O Clarim | Exposição dos 75 anos do semanário até Novembro

“Uma Ponte de Diálogo: Exposição do 75º Aniversário d’O Clarim” é a mostra de fotografia que celebra o aniversário do semanário católico de língua portuguesa, inaugurada dia 20 e patente até ao dia 18 de Novembro no salão de exposições do Centro Diocesano, situado na Rua Formosa.

Segundo um comunicado do jornal, esta iniciativa inaugura as celebrações dos 75 anos de vida do jornal, “dando à população a oportunidade única de revisitar uma parte significativa da história da imprensa de Macau, principalmente nas últimas sete décadas”.

Dispõem-se, na exposição, painéis de imagens por ordem cronológica com os principais momentos da publicação, destacando “a missão e o papel da imprensa católica na sociedade de Macau, procurando constituir uma ponte de diálogo entre o passado e o presente”.

São imagens “recuperadas dos arquivos da Diocese de Macau”, sendo que a exposição vai depois cumprir um programa itinerante, com a passagem por várias escolas e entidades de carácter sócio-cultural. Serão ainda organizadas uma série de palestras sobre a imprensa de Macau, sendo convidadas “diversas personalidades [para abordar o assunto], cujo contributo permitirá dar a conhecer à população em geral a história e os processos de produção de um sector desconhecido da maioria do público”.

O mesmo comunicado dá ainda conta que “há 75 anos que O Clarim assume como missão [ser] uma ponte de diálogo entre a Igreja e os fiéis, bem como com a sociedade”.

23 Out 2023

Cineasta lusodescendente John Allen Soares prepara filme para a Warner Bros.

O cineasta lusodescendente John Allen Soares, que trabalha na Warner Bros., em Los Angeles, está a preparar a realização de um novo filme de acção independente, com o título provisório de “Ion Blade”. “Vai ser um filme de acção e aventura que tem lugar na Califórnia, algo como ‘O Tesouro’ [com Nick Cage], mas focado na história na Califórnia e com mais kung-fu”, disse à Lusa o cineasta, com raízes na ilha de São Jorge, nos Açores.

A sua intenção é começar a filmar em 2024, em paralelo ao trabalho que faz na Warner Bros., onde é editor da série de animação “As minhas aventuras com o Super-Homem”, que passa na HBO Max e Cartoon Network. No novo filme, Soares vai pôr em prática o seu treino como coreógrafo de acção e acrobacias, um interesse que surgiu por causa do filme “Matrix”, em 1999.

“Antes do Matrix, muitos filmes de acção nos EUA baseavam-se no espalhafato e custavam muito dinheiro, com efeitos visuais e pós-produção, explosões no estúdio”, afirmou. “Quando vi esse filme, introduziu-me a este mundo do cinema de Hong Kong, em que todo o espectáculo se baseia naquilo que a pessoa consegue fazer”, continuou. “Não precisamos de explosões e efeitos especiais”.

Percurso pouco comum

Aos 41 anos, John Allen Soares teve um percurso profissional pouco ortodoxo e chegou à indústria do entretenimento vindo da quinta de cultivo de amêndoa da família em Hughson, vale central da Califórnia.

“Havia todos estes filmes incríveis e desenhos animados na televisão quando eu cresci”, referiu, “e tornei-me obcecado com isto”. Filmes como “História Interminável”, “Os Goonies”, “Indiana Jones”, “Star Wars” ou “Caça-Fantasmas” fascinavam-no e levaram-no a começar a fazer os seus próprios filmes muito cedo.

“Estava obcecado com isto e o outro lado da moeda era esta vida de trabalho difícil na produção de amêndoa. Estava sempre a fantasiar sobre estas coisas que via no ecrã”, lembrou o cineasta.

A família, que começou por trabalhar na pesca em alto mar, acabou por trocar o barco pelo cultivo de amêndoa no início dos anos oitenta. “O meu pai achou que não podia criar-me num barco”, disse Soares. O seu objectivo era chegar à indústria do entretenimento, o que não foi fácil. Aprendeu a filmar e a editar sozinho, primeiro com VCR (videogravador de cassetes) e depois num computador que um amigo lhe deu.

Ao longo de quase dez anos, o lusodescendente trabalhou no seu próprio filme, “The Danger Element”, enquanto continuava na quinta. Quando estava a terminar, teve a oportunidade que perseguia: precisavam de um editor para desenhos animados feitos para a DreamWorks e ele agarrou esse trabalho, mesmo tendo de se mudar para o Tennessee. “Foi assim que entrei na animação”, contou. Tinha 33 anos.

No final desse projecto, mudou-se para Burbank, Los Angeles, e trabalhou primeiro na Titmouse e depois na Warner Bros., onde está desde 2018. Foi nomeado para um Emmy pelo trabalho de edição nos “Looney Tunes”. “Não esperei trabalhar em animação”, referiu. “Isto acabou por ser um trabalho fantástico”, acrescentou.

Português como identidade

Embora não fale português, John Allen Soares sublinhou que as suas origens sempre foram parte da sua identidade. “Quando o meu bisavô chegou, tinha a ideia de assimilar, agora somos americanos”, contou. “Mas o meu avô ainda falava português. A minha geração, eu e os meus primos, estávamos todos interessados e queríamos que falassem a língua mais frequentemente”, acrescentou.

Cresceu a ir a festas nos salões portugueses e a praticar a religião católica, muito presente na comunidade. “A minha geração não fala a língua, mas ainda temos familiaridade com estas coisas”, frisou. “Muitas das paróquias católicas na área são portuguesas, por isso estamos muito ligados à cultura nesse aspeto”, frisou.

O filme “The Danger Element” está disponível na plataforma de streaming Tubi e os trabalhos de animação de John Allen Soares, “As minhas aventuras com o Super-Homem”, “Looney Tunes”, e “Trick or Treat, Scooby Doo”, estão na HBO Max. Fez ainda “Little Big Awesome” (Amazon) e “Veggietales: In the house” (Netflix), além de séries web e coordenação de acção em filmes independentes.

23 Out 2023

Música | Adiados concertos de Eason Chan

Os concertos de Eason Chan em Macau, que estavam marcados de hoje a domingo, foram adiados para os dias 26 e 27 deste mês e 1 de Novembro devido a uma indisposição do cantor, que diz estar com sintomas de constipação desde esta terça-feira, informou a Best Shine Group, produtora dos espectáculos.

Na mesma nota, a produtora sublinha que o objectivo do adiamento dos concertos é garantir a qualidade dos mesmos com um melhor estado de saúde do cantor. Quem adquiriu bilhetes para os espectáculos deste fim-de-semana pode utilizá-los nas novas datas ou pedir reembolso até segunda-feira.

Recorde-se que a vinda de Eason Chan a Macau gerou alguma polémica pois, como foi documentado em múltiplas publicações nas redes sociais, os fãs pediram-lhe num espectáculo para falar em mandarim ao invés de cantonês, para o entenderem. Contudo, o cantor de cantopop disse “adorar falar da forma e na língua que quiser”, questionando, sem noção, se os fãs pediram a David Bowie para cantar em mandarim ou cantonês, em vez de inglês.

20 Out 2023

“Amor Escarlate” é o primeiro romance de José Basto da Silva

O macaense José Basto da Silva, presidente da Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco, lançou na última semana o seu primeiro romance. Trata-se de “Amor Escarlate – Memórias dos Tempos de Estudante em Macau” e nasce das crónicas que o autor preparou em tempos para o boletim mensal da Associação dos Macaenses, “A Voz”, cuja publicação foi, entretanto, suspensa.

Ao HM, o autor contou que este projecto literário começou há cerca de seis anos, precisamente na altura em que se aventurou como cronista. Quando “A Voz” deixou de se publicar, José Basto da Silva, formado em engenharia informática, pensou transformar as crónicas que não chegaram a ser publicadas num romance. “Acabei por ficar com alguns textos que nunca chegaram a sair, e achei que seria um desperdício deitar tudo fora. Então decidi romancear todos os textos, e até tinha mais histórias para contar. À medida que vamos escrevendo, recordamos sempre mais histórias.”

“Amor Escarlate” conta “histórias da juventude, dos nossos tempos de liceu, que se passaram nos anos 80 entre os alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco e o Liceu de Macau”. Algumas histórias foram vividas na primeira pessoa, outras observadas. “São factos que romanceei para tentar criar uma história que tivesse algum fio condutor e interesse. São coisas que, de facto, aconteceram, paixonetas entre estudantes, pequenas guerras, cenas de pancadaria, rivalidades que existiam entre as escolas, corações partidos. Os problemas da juventude.”

Rivalidades e pequenas guerras

Os tempos da adolescência são, por norma, conturbados, e em Macau não foi excepção nos anos 80, mesmo com a coexistência de três comunidades: a portuguesa, a chinesa e a macaense. “Havia uma certa segregação dos alunos macaenses que iam para a escola comercial e os portugueses que iam para o liceu. Havia uma franja que se misturava, mas no geral, os grupos não se misturavam muito e namorava-se dentro dos grupos. Foi a altura em que surgiram os computadores, a MTV, o BreakDance, o Yo-Yo, e há muitas histórias engraçadas da juventude dos anos 80.”

José Basto da Silva recorda uma espécie de “hierarquia” entre as comunidades. “Havia os alunos macaenses de classe média que iam para a escola comercial, com alguns a ter a aspiração de seguir o ensino superior. Havia os alunos mais mal comportados que iam para o Colégio Dom Bosco, com uma formação mais profissional e que não tinham aspirações [de ir para a universidade], e que com 15 anos começavam a trabalhar. Depois havia a elite, os filhos dos portugueses, dos funcionários públicos, que iam para o liceu, tinham dinheiro, falavam português muito bem e gozavam com os macaenses que falavam português com um sotaque próprio. Havia esta rivalidade.”

“Amor Escarlate” apresenta um certo “twist”, mas o autor não quer revelar algumas das histórias que o livro contém. “Esta incursão pelas letras foi interessante e foi uma aprendizagem. Escrever uma coluna ou artigos científicos são coisas mais objectivas, que não envolvem a imaginação. Escrever um livro obrigou-me a puxar pelas minhas recordações. O processo de escrita tem a sua ciência.”

A obra é editada pela Praia Grande Edições e foi lançada no festival literário Rota das Letras, que terminou na última semana.

20 Out 2023

Macau em destaque em programa de eventos em Almada

O Centro Cultural Fernão Mendes Pinto, em Almada, Portugal, acolhe até Maio de 2024, o programa “Almada na Rota do Oriente”, com uma série de conferências nas áreas da Literatura, História, Sociologia e Etnografia, bem como espectáculos musicais, exibições de filmes e exposições de fotografia, pintura ou instrumentos musicais.

O programa é promovido pela Associação Almada Mundo em parceria com a União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal, Cacilhas e a Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, centrando-se, segundo uma nota de imprensa da organização, no livro “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, publicado no século XVII.

A iniciativa procura, “recuperar esse legado simbólico para homenagear a fórmula da interculturalidade que marcou a odisseia dos Portugueses pelo Oriente”. “Símbolo das relações entre o Ocidente e o Oriente, ou, em rigor, entre Portugal e a China, Macau será, desta vez, o principal ponto desta rota do Oriente”, acrescentam ainda os organizadores.

“Cantar Macau” na estreia

Macau foi protagonista do primeiro evento, decorrido na quarta-feira, que incluiu o espectáculo “Cantar Macau” com o duo “A Outra Banda”, formado pelo antropólogo e macaense Carlos Piteira e Jaime Mota. Foram cantadas músicas de Macau “com sonoridades revivalistas, no sentido de preservar algumas das músicas do passado”. Os músicos exploraram “canções sobre as vivências e memórias de Macau perpetuadas nas palavras de Poetas que aí viveram, incluindo temas em patuá, crioulo da comunidade macaense e uma das suas marcas identitárias”.

Destaque ainda para alguns eventos que vão decorrer nos próximos meses dedicados a Macau, como a exibição a 16 de Novembro de três documentários sobre o território, da autoria de Carlos Fraga. Para o dia 17 de Janeiro está marcada a conferência “A Literatura de Macau”, protagonizada pelo poeta e autor Jorge Arrimar, bem como “Macau na Rota de Fernão Mendes Pinto”, que decorre a 20 de Fevereiro e que conta com Ana Paula Laborinho e Rui Loureiro como oradores.

No dia 23 de Maio, data da última sessão do programa, são apresentados os “Projectos da identidade macaense na diáspora”, nomeadamente a Fundação Casa de Macau em Lisboa. Organiza-se ainda a conferência “Identidade Macaense: Um modelo analítico com final gastronómico”, com Carlos Piteira e Maria João Santos Ferreira.

20 Out 2023

Exposição | “MIxed”, com artistas de Macau, apresentada em Foshan

É inaugurada amanhã em Foshan uma exposição que reúne 10 artistas de Macau, como Alexandre Marreiros, Sara Augusto e Francisco Ricarte, na galeria “ArtOn Space”. A mostra conta com curadoria de João Miguel Barros e iiOn Ho e nasce de uma parceria com a galeria Ochre Space, em Lisboa

 

Alexandre Marreiros, Alan Ieon, Elói Scarva, Francisco Ricarte, Hugo Teixeira, João Palla Martins, Tang Kuok Hou, Rusty Fox, Sara Augusto e Stefan Nunes. São estes os nomes dos fotógrafos e artistas que vão expor, a partir de amanhã, na nova galeria de arte em Foshan virada para a fotografia e artes visuais: a ArtOn Space.

Intitulada “Mixed”, a mostra conta com curadoria de João Miguel Barros, advogado, fotógrafo e fundador da galeria de fotografia Ochre Space, em Lisboa, com a qual a ArtOn Space estabeleceu uma parceria em termos de curadoria de projectos. A curadoria está também a cargo de iiOn Ho, responsável pela galeria na cidade chinesa.

Segundo disse João Miguel Barros ao HM, foi feita uma proposta a iiOn Ho quanto à possibilidade “de seleccionar alguns trabalhos de artistas de Macau, preferencialmente no âmbito [da sua colaboração] com a associação Halftone”, que edita regularmente uma revista de fotografia no território.

Assim, a associação, criada em Macau ganha, com “MIxed”, a sua “primeira internacionalização”, a partir de “um projecto multifacetado e diversificado, com trabalhos autónomos e independentes (daí o nome da exposição), mas que assentam na ideia da construção e da humanidade”, frisou João Miguel Barros.

A mostra estende-se ainda a outros espaços associados à ArtOn Space, nomeadamente a 272 Gallery by Stream, Sensing Bookstore, SOS perfume e The Calling Hill.

Um ponto de partida

João Miguel Barros cita o texto de apresentação da exposição para explicar que “MIxed” não constitui “um ponto de chegada, mas antes um ponto de partida”. O público poderá ver imagens como “Cinderella Going Home” ou “Out, No Photo”, de Alexandre Marreiros, ou “Senhora das Castanhas”, de Stefan Nunes.

Assim, “além de outros projectos que a ArtOn Space tem em carteira, relacionados com a normal actividade da galeria, esta exposição lança as bases para um projecto mais vasto e ambicioso, que é a dinamização de um evento de larga escala relacionado com a fotografia na cidade de Foshan”, adiantou.

Trata-se de um projecto que “está a dar os primeiros passos junto das entidades governamentais”, centrando-se, numa primeira fase, no espaço da galeria, rematou o curador, tendo a Ochre Space como parceiro internacional. De destacar que a ArtOn Space está situada numa das zonas mais tradicionais da cidade de Foshan.

20 Out 2023

António Mil-Homens expõe numa galeria em Lisboa

O fotógrafo António Mil-Homens, que viveu em Macau durante várias décadas, tem uma nova exposição na galeria “Acto Abstracto”, em Lisboa, intitulada “Macau, Agora e Sempre”, patente até ao dia 17 de Novembro. Ao HM, o autor das imagens revelou um pouco sobre o processo de criação do conjunto de 19 fotografias, todas a preto e branco.

“Diria que esta é uma mostra essencialmente diferente. Repesquei um conjunto de cinco trabalhos que expus na Creative Macau, em que, pela primeira vez, em termos de conceito, do ponto de vista técnico e edição de imagens, fiz algo de verdadeiramente diferente. Depois seleccionei mais 12 imagens de arquivos que têm já uma outra abordagem ao nível do formato”, contou.

O público pode, assim, ver um quadríptico e um conjunto de 12 telas, sendo que este projecto partiu do convite de Maria João Ramos, também antiga residente em Macau e proprietária da galeria. “Curiosamente, [a Acto Abstracto] só tinha exposto pintura [até à data], mas desta vez a Maria João queria fotografia, e assim aconteceu”.

Entre tradição e arquitectura

As cinco fotografias expostas no formato quadríptico são mais clássicas e com uma abordagem à estética arquitectónica, onde o edifício do Sofitel, na Ponte 16 (Porto Interior), assume uma posição de destaque. As restantes 12 imagens “têm o lado tradicional de Macau, a Macau pela qual me apaixonei logo em 1996 na primeira estadia”.

Na inauguração da exposição, que decorreu no passado dia 13, “as pessoas sentiram-se identificadas com Macau [ao ver as imagens], mas a minha intenção foi sempre fazer uma abordagem diferente”. “Continuam a imagens documentais, mas tentei dar-lhes um cunho diferente”, assumiu.

Desde que regressou a Portugal que António Mil-Homens tem mostrado algum do trabalho fotográfico que fez em Macau ao nível da fotografia artística e documental. A última mostra decorreu em Castelo Branco e teve como nome “Bicicletas de Macau”, onde o autor procurou mostrar os raros sinais da mobilidade através da bicicleta nas ruas de Macau, tendo em conta as dificuldades de locomoção neste meio de transporte devido à poluição e trânsito excessivo.

19 Out 2023

Pianista e compositora de jazz Carla Bley morreu aos 87 anos

A compositora e pianista de jazz Carla Bley morreu terça-feira, em casa, em Willow, no estado de Nova de Nova Iorque, anunciou o seu companheiro, o baixista Steve Swallow. “Depois de uma carreira de mais de 70 anos e de quase 60 álbuns, a compositora e pianista Carla Bley deixou-nos na manhã desta terça-feira aos 87 anos”, lê-se na mensagem divulgada pelo músico, citada pelo jornal The New York Times.

Carla Bley, criadora “irrepreensivelmente original”, foi “responsável por mais de 60 anos de provocações astutas no jazz e em torno dele”, escreve o jornal norte-americano. De acordo com Steve Swallow, citado pelo The New York Times, Carla Bley morreu na sequência de um tumor cerebral.

Lovella May Borg, de nome de baptismo, nasceu em Oakland, Califórnia, em 11 de Maio de 1936. Estudou música com o pai, o músico Emil Carl Borg, professor de piano e organista de igreja. Bley, porém, fez quase toda a formação por si mesma.

Descobriu o jazz aos 12 anos, através do vibrafonista Lionel Hampton, o que a levaria a Nova Iorque, o centro da cena jazz da época, quando tinha ainda 17 anos. Aí se cruzavam músicos como Miles Davis e John Coltrane, Dizzy Gillespie e Count Basie, o músico residente do clube Birdland, onde Carla Bley começou por vender cigarros, só para poder ouvir os seus heróis.

Não tardou a ser notada. Primeiro, o pianista canadiano Paul Bley, com quem se casou em 1957 e que a encorajou a compor. Depois o também pianista George Russell, que a desafiou a escrever para o seu sexteto, e o saxofonista Jimmy Giuffre, que gravou peças suas como “Ictus” e “Jesus Maria”.

Beat e Grândola

Na década de 1960, fundou a Jazz Composers Guild, que se batia por melhores condições de trabalho para os músicos. A associação acabaria por se transformar na Jazz Composer’s Orchestra, que Carla Bley fundou com o trompetista austríaco Michael Mantler, o seu segundo marido.

Em 1969, começou a compor para a Liberation Music Orchestra, do contrabaixista Charlie Haden, à qual viria a associar-se, e com a qual gravou “Grândola, vila morena”, de José Afonso, no álbum “The Ballad of the Fallen”, de 1983.

O nome de Carla Bley tornou-se conhecido e regular em Portugal, na viragem dos anos de 1980 para os anos de 1990, primeiro com festivais como o Jazz em Agosto, da Fundação Calouste Gulbenkian, depois, um pouco por todo o lado, tendo actuado em Lisboa, no Porto, em Coimbra, em Espinho, nos principais festivais de jazz do país, nas principais salas, da Gulbenkian à Casa da Música, onde actuou com a Orquestra Jazz de Matosinhos.

19 Out 2023

FRC | Música clássica hoje em destaque nas “Soirées Musicales”

A Fundação Rui Cunha apresenta hoje uma sessão de música clássica intitulada “Soirées Musicales”, inserida no ciclo “Os Sons da Praia Grande”. A partir das 18h30, os pianistas Peggy Lau e Chi-Kit Lam, a flautista Kubi Kou e a violetista Kati Ho Weatherly vão interpretar Chopin, Liszt, Dvořák e Rachmaninoff

 

Os amantes de música clássica podem hoje ouvir um painel de músicos na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 18h30, num concerto intitulado “Soirées Musicales”, evento inserido no ciclo “Os Sons da Praia Grande”. Segundo um comunicado da FRC, o evento é gratuito e traz a Macau o reconhecido pianista e professor de Hong Kong, Chi-Kit Lam, que vai tocar com alguns músicos de Macau, nomeadamente a pianista Peggy Lau, a flautista Kubi Kou e a violetista Kati Ho Weatherly.

O concerto do fim de tarde de hoje é “uma oportunidade única de assistir a uma viagem pelo mundo da música clássica” através de uma “tapeçaria sonora” dos mais conhecidos compositores deste género musical a nível mundial, indica a FRC em comunicado.

O programa inclui composições para piano, flauta e viola de arco, de compositores como o polaco Frédéric Chopin, o húngaro Franz Liszt, o checo Antonín Dvořák e o aclamado compositor russo Sergei Rachmaninoff. Vão constar ainda no repertório interpretações composições do dinamarquês Joachim Andersen, o suíço, naturalizado norte-americano, Ernest Bloch, e ainda o argentino Astor Piazzolla.

Virtuosidades musicais

Segundo o mesmo comunicado, Chi-Kit Lam é um “pianista virtuoso, conhecido pelas suas proezas técnicas e profunda expressão musical”, apresentando composições como Scherzo nº 2 de Chopin e os restantes nocturnos bem conhecidos deste compositor.

O público poderá ainda ouvir o conjunto de músicos nos “ritmos vibrantes das ‘Danças Eslavas’ de Dvořák, nas variações fascinantes das ‘Rapsódia sobre um Tema de Paganini’, de Rachmaninoff, ou na ‘Balada e Dança dos Silfos’, de Andersen, com as suas harmonias que enchem o ar e transportam para um mundo de imaginação e maravilha”, descreve a FRC.

As composições evocativas de Piazzolla, incluindo “Oblivion” e “Libertango”, juntamente com o “Concertino para Flauta, Viola e Piano”, de Bloch, revelam uma “rara combinação de instrumentos que marca uma estreia em Macau e realça a interacção harmoniosa entre eles”.

Chi-Kit Lam iniciou a formação musical na Academia de Artes Performativas de Hong Kong e concluiu o doutoramento em Artes Musicais na Universidade de Kansas. Além disso, estudou piano com Jack Winerock e Pedagogia do Piano com o pioneiro Scott McBride Smith. Foi professor na Oklahoma Panhandle State University e na Universidade do Kansas, nos EUA, e mais recentemente na Faculdade de Piano da Universidade de Hainan, na China.

O músico de Hong Kong já se apresentou pelo mundo inteiro como solista, em importantes concertos e festivais de música, e também como orador e professor, em conferências e masterclasses sobre música e pedagogia, indica a FRC.

19 Out 2023

Rede social X vai começar a cobrar taxa de um dólar na Nova Zelândia e Filipinas

A rede social X (ex-Twitter) informou hoje que vai começar a cobrar uma taxa de um dólar por ano aos novos utilizadores na Nova Zelândia e nas Filipinas para realizar qualquer ação básica, exceto ler e seguir outras contas.

Em comunicado, a rede social de Elon Musk informou que a medida, em fase experimental, visa “reduzir as mensagens indesejadas, a manipulação na plataforma e a atividade de ‘bots'”, que se traduz numa aplicação de software concebido para simular ações humanas.

A partir de hoje, os serviços incluídos na taxa incluem publicar, republicar, responder e gostar, enquanto os utilizadores que não pagam só poderão seguir outras contas, ler e ver fotos e vídeos. “Isto permitir-nos-á avaliar uma medida potencialmente poderosa para nos ajudar a combater os ‘bots’ e as contas inúteis na X, mantendo o acesso à plataforma em troca de uma taxa reduzida”, argumentou a rede social.

Os novos utilizadores da Nova Zelândia e das Filipinas terão primeiro de verificar a conta com o número de telefone e pagar o equivalente a um dólar: 1,43 dólares neozelandeses e 42,51 pesos filipinos. A X afirmou que vai partilhar os resultados desta medida experimental logo que possível.

O empresário Elon Musk, que adquiriu o Twitter em 2022 e o rebatizou de X em julho, tem procurado formas de aumentar as receitas da plataforma, incluindo uma taxa para assinantes ‘premium’ em todo o mundo, bem como para combater os ‘bots’.

No entanto, Musk também fez despedimentos em massa e eliminou equipas de monitorização da desinformação, o que levou a um aumento das notícias falsas e das mensagens de ódio na rede e à consequente fuga de muitos dos seus anunciantes.

18 Out 2023

Web Summit | Cosgrave pede desculpas sobre o conflito com Hamas e espera que paz seja alcançada

O cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave pediu hoje desculpas sobre as suas declarações relativas ao conflito entre Israel e o Hamas, lamentando não ter transmitido “compaixão”, e disse esperar que a paz seja alcançada.

A posição do Paddy Cosgrave, que é irlandês, acontece um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do cofundador da Web Summit, que classificou de “ultrajantes”.

“Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 07 de outubro” e “apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras”, começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit.

“Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados”, mas “compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos”, prossegue o cofundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.

“Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz” e, “em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado”, afirma Cosgrave.

Na sua mensagem, recorda que, “tal como tantas figuras a nível mundial”, também acredita “que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às convenções de Genebra – ou seja, não cometer crimes de guerra”.

Ora, esta posição “aplica-se igualmente a qualquer Estado em qualquer guerra, nenhum país deve violar estas leis, mesmo que tenham sido cometidas atrocidades contra ele”, afirma, recordando que “sempre” foi anti-guerra e pró-lei internacional. “É precisamente nos nossos momentos mais sombrios que devemos tentar defender os princípios que nos tornam civilizados”, defende.

Lembra que o secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken disse, na semana passada, juntamente com os parceiros regionais da América no Qatar que “Israel tem o direito e até a obrigação de defender o seu povo e de fazer tudo o que puder para garantir que o que aconteceu no sábado passado nunca mais aconteça”, mas “ao mesmo tempo, a forma como Israel faz isto é importante. A forma como qualquer democracia deve lidar com tal situação é importante”.

Para esse fim, “discutimos com os israelitas – instámos os israelitas – a usarem todas as precauções possíveis para evitar” danos nos civis, disse Blinken, citado por Cosgrave.

“Nos meus comentários, tentei fazer exatamente o mesmo que o secretário Blinken e tantos outros a nível mundial: exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional”, explica.

Destaca ainda, a propósito da Web Summit no Qatar em 2024, “o agradecimento público do secretário Blinken” a Doha “pelo seu apoio nesta crise e em questões mais amplas que afetam a região”, em que referiu que os EUA e o Qatar “partilham o objetivo de impedir que este conflito se espalhe”.

Neste sentido, “tal como o governo dos EUA, a Web Summit acredita no trabalho com parceiros regionais e globais – incluindo o Qatar – para encorajar o diálogo e a comunicação dos quais depende a paz, e para lutar por uma solução justa e duradoura para as questões subjacentes que a região enfrenta. Como disse o secretário Blinken: ‘Uma coisa é certa: não podemos voltar ao status quo que permitiu que isto acontecesse em primeiro lugar'”, adianta.

“A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas e lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que eu disse”, reiterando esperar que a paz seja alcançada.

“Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo”, disse Dor Shapira, na segunda-feira, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), depois de em 13 de outubro Cosgrave ter feito uma publicação, na mesma plataforma, que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de tecnológicas israelitas.

“Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são”, destacou Paddy Cosgrave.

Em reação, o embaixador israelita defendeu que, “mesmo nestes tempos difíceis”, Cosgrave “é incapaz de deixar de lado as suas opiniões políticas extremistas e denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes”.

“Devemos ter tolerância zero em relação aos atos terroristas e de terror”, sublinhou ainda Dor Shapira. Também muitos utilizadores da rede social X reagiram às publicações do cofundador da Web Summit com críticas, partilhado a ‘hashtag’ #cancelwebsummit.

A Web Summit foi fundada em 2009 e decorreu em Dublin até 2016, altura em que se mudou para Lisboa, onde no ano passado acolheu mais de 71 mil pessoas de 160 países. A próxima edição será realizada entre os dias 13 e 16 de novembro. Além disso, a empresa também organiza as conferências Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, além de eventos Web Summit no Rio de Janeiro e Doha.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

18 Out 2023

Guiné Equatorial pela primeira vez em mostra gastronómica lusófona de Macau

A Guiné Equatorial está presente pela primeira vez na Mostra Gastronómica Lusófona da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, apresentada ontem no restaurante Tromba Rija de Macau com a presença de seis chefs.

Marcial Mangue nunca pensou que a Guiné Equatorial se pudesse reconhecer nos sabores de outros territórios da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Até chegar a Macau, onde, em conjunto com chefs de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal, está a participar na mostra gastronómica da 15.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa (PLP), que começa amanhã, e termina a 25 de Outubro, no restaurante Tromba Rija. “Diria que não haveria ingredientes semelhantes, mas partilhámos ingredientes, como a mandioca e o óleo de palma”, disse aos jornalistas, durante uma apresentação culinária.

Especialista em pratos tradicionais da África Central, coube ao jovem chef inaugurar a primeira presença da Guiné Equatorial na mostra gastronómica em Macau – o país aderiu oficialmente em 2014 à CPLP e apenas no ano passado foi aprovado como membro do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP (Fórum Macau), responsável pela organização da Semana Cultural.

Sobre a cozinha equato-guineense, estranha para os pares dos países presentes, Marcial Mangue salientou que “tudo é natural” e que “todos os ingredientes se vão buscar à terra directamente para a panela”. Entre os pratos apresentados ontem, Mangue optou por homenagear “várias culturas”: a pepesup, sopa de peixe picante originária “de uma parte costeira do país”, e o bambucha, guisado do grupo étnico Fang, “que habita a floresta”.

Para a chef Cláudia Neves, de Cabo Verde, o contacto com a Guiné Equatorial é uma “descoberta de novos sabores” e que vai resultar em “mais bagagem”. Há pontos em comum, sublinhou: “Ele utiliza o milho, a nossa gastronomia é à base do milho, utilizou o marisco que é o búzio, nós também temos, a mandioca, a batata doce”, notou, salientando que “talvez o que muda é a forma de confeccionar e os condimentos”.

Afectos no prato

Sobre o evento que reúne culinárias do universo lusófono, a docente da Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde quer trazer para cima da mesa a cultura e as raízes do arquipélago “através da gastronomia, da cachupa, do modje de São Nicolau, da djagacida, um prato típico da Ilha do Fogo”.

Além da língua, acrescentou, os seis países representados nesta mostra ligam-se “pelos temperos, raízes e produtos”. “Depois é uma ligação afectiva e a comida é a melhor forma de afecto”. Afectos confecionados com ingredientes que chegaram, em parte, de avião com esta especialista em pratos crioulos: “A sopa [de peixe e atum], em Cabo Verde, fazemos com cabeça de atum, mas aqui como não havia, trouxe lata de atum, porque tem um tempero diferente, porque o nosso atum é de água salgada, então é diferente, mas na cozinha temos que reinventar, temos de saber reaproveitar e reutilizar”.

Já Caco Marinho, do Brasil, quer servir comida “o mais fresca possível”. Depois de ter encerrado dois restaurantes durante a pandemia da covid-19, o chef e empresário da Baía é hoje presidente do Instituto Ori, que “tem o alimento como transformador sócio ambiental”. “Trabalho directamente com agricultores e agricultoras, pescadores artesanais. Esses são os ingredientes que me interessam, não me interessa super processados, não me interessa comida sem alma”, explicou.

Marinho, que serviu durante a apresentação de ontem, entre outros pratos, moqueca de camarão acompanhada de farofa de dendê e molho lambão, resumiu o encontro em Macau das seis culinárias como uma “cozinha alegre, colorida, de temperos e pimentas”.

“O sentimento, apesar da distância geográfica, é de irmandade, é como se tivéssemos irmãos em outro lugar com ligações de afecto, de memórias, de aromas, que apesar da distância geográfica são parecidos”, disse. Para o curador do evento e actual chef do Tromba Rija de Macau, houve surpresas nestas culinárias com “500 anos de história”. “Não conhecia a malanga”, declarou aos jornalistas Telmo Gongó, referindo-se a uma raiz cultivada sobretudo na América do Sul.

“As pessoas que visitam o restaurante conseguem perceber que a cozinha portuguesa não é só de Portugal e Macau, mas podem perceber que a cozinha portuguesa, dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], a de Macau, veio de fusão por barco. Em Macau, temos especiarias da Índia, de África, e tudo o que está aqui demonstrado são os países por onde o barco passava antes de aqui chegar e que trazia as especiarias para Macau”, concluiu.

18 Out 2023

Arquitectura | Escolhidos vencedores do concurso de fotografia

Chan Weng Kin, Chan U Long e Cheang I Man são os três vencedores da edição deste ano do concurso de fotografia de arquitectura de Macau, promovido pelo CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo.

Segundo um comunicado da entidade, os trabalhos premiados foram escolhidos de um total de 468 fotografias, submetidas por 198 participantes, que foram avaliados por um “painel de juízes experientes que seleccionaram as melhores fotografias para o tema deste ano, considerando a sua qualidade artística e técnica e originalidade de visão”.

A fotografia vencedora na secção “Grupo de Estudantes” é da autoria de Magno Máximo do Rosário, tendo sido considerada pelos jurados como “representativa da paisagem urbana de Macau, destacando o contraste entre os edifícios altos e o complexo tecido da cidade”. Já os segundo e terceiro prémios nesta categoria foram atribuídos a Yu Yunzhong e Song Sok Fong, respectivamente.

O CURB refere ainda que a edição deste ano “desafiou os entusiastas da fotografia a olharem além do óbvio para capturar a arquitectura negligenciada que merece mais atenção e apreciação”. A cerimónia de atribuição dos prémios decorre no sábado às 17h, e que a exposição com os trabalhos premiados abre ao público a 20 de Novembro no edifício Ponte 9 – Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas, zona do Porto Interior, onde está sediado o CURB.

18 Out 2023

Macau recebe primeira edição da “Asia Performance Entertainment Expo”

Macau prepara-se para acolher um novo evento relacionado com o sector das exposições e convenções. Trata-se da “Asia Performance Entertainment Expo” que decorre entre os dias 17 e 19 de Novembro, pretendendo “impulsionar o crescimento da indústria dos espectáculos ao vivo na região da Ásia-Pacífico”.

Outros objectivos do evento prendem-se com a facilitação “do intercâmbio cultural entre os países asiáticos” e unir “os principais intervenientes e profissionais da área”. O evento, que decorre no Venetian, no Cotai, é organizado pela Associação da Indústria de Espectáculos ao Vivo da Ásia-Pacífico (APLPIA).

Segundo um comunicado do evento, a nova Expo terá uma área de exposição de cerca de dez mil metros quadrados, contando com 180 expositores com “uma gama diversificada de participantes do sector, incluindo meios de comunicação social, plataformas de venda de bilhetes ou empresas de entretenimento e de gestão”.

Espera-se a presença de grandes empresas do entretenimento e audiovisual como a Hong Kong Television Broadcasts Limited (TVB), a Maoyan Entertainment, a Damai, a Tencent e a Douyin. Os organizadores esperam poder atrair mais de 500 compradores profissionais e mais de dez mil visitantes, prevendo negócios no valor superior a 100 milhões de dólares.

Concertos e diversão

O evento integra uma série de iniciativas, como o “Fórum da Indústria do Entretenimento” e espectáculos, o “Musical Estrelas do Oceano”, que já estreou na China, e ainda o festival “KoolTai”, que traz a Macau nomes como Suede, Jessie J e Corinne Bailey Rae.

Entre os dias 13 e 16 de Novembro decorrem espectáculos ao ar livre nos principais bairros tradicionais de Macau e Taipa, e nos dias 17 e 18 de Novembro é exibido no Venetian Theatre o filme “The Storm Show”. Também paraa 17 de Novembro está marcado o espectáculo da tour mundial do cantor de Hong Kong Pakho Chau, intitulado “Seize the Moment”, no Cotai Arena no Venetian.
No dia seguinte, o mesmo espaço acolhe o programa “Aproveite o Presente, Crie o Futuro”, com cantores de Hong Kong, Macau e Taiwan.

18 Out 2023

Pintura | “Um Mundo Psicadélico” de Alice Ieong, na FRC

A galeria da Fundação Rui Cunha acolhe até 28 de Outubro a exposição de pintura “Um Mundo Psicadélico”, da autoria de Alice Ieong. As obras patentes na mostra, que foi inaugurada ontem, procuram retratar visões pessoais de um plano diferente de realidade e percepção

 

Foi inaugurada ontem a exposição individual de pintura de Alice Ieong, intitulada “Um Mundo Psicadélico” [A Psychedelic World], e que pode ser vista até ao dia 28 deste mês. De destacar que Alice Ieong é directora geral da Associação Internacional de Arte Contemporânea de Macau e também da Ark – Associação de Arte de Macau.

A mostra conta com curadoria de Bill Wong e reúne 23 obras de pintura contemporânea que reflectem o percurso estético da artista. Segundo o curador, citado por um comunicado da FRC, a artista “cresceu perto do Largo do Senado, em Macau” e acompanhou o desenvolvimento do território nos últimos anos, acabando por transpor essa evolução para a pintura.

“Quando sai da sua casa tem a zona turística e cultural, repleta de calçada portuguesa. Olhando para trás, Macau passou de uma pequena vila de pescadores para o título de Capital Mundial do Jogo, quase do dia para a noite, o que é muito deslumbrante. Ela tenta pintar na tela imagens exteriores, as ruas, os diferentes cenários, a atmosfera cultural e pública que vê diariamente”, descreveu Bill Wong.

Uma forma de exploração

Nas suas próprias palavras, a artista refere que tem “vontade de explorar a vida, as crenças, o ser humano e a sociedade enquanto formas de arte”, embora Alice Ieong transforme ainda “essas cenas familiares em objectos geométricos planos, como paisagens ocultas”.

Comparada com a pintura de paisagem, esta é mais como uma “pintura de imagens surrealistas, usando cores de contos de fadas para criar uma paisagem que parece não ter estações, nem amanhecer e anoitecer, e nenhum fenómeno astronómico”, aponta ainda o curador.

São usados, nas pinturas, “elementos poéticos e símbolos – como riscas caindo, círculos flutuantes, formas geométricas e objectos aparentemente reconhecíveis e irreconhecíveis”. A atmosfera dos quadros “transmite uma sensação fria e elegante”, como um espaço “desligado da realidade, sem elementos mundanos: não há pessoas, o tempo parece estar parado, as coisas estão estáticas, mas em certo sentido, também estão em movimento”.

Alice Ieong vive e trabalha em Macau, e tem um mestrado em Belas Artes na Universidade Chinesa de Hong Kong. Além de dirigir duas associações criativas no território, a artista conta no currículo com obras expostas em Macau, Hong Kong, Xangai, Guangzhou, Taiwan e no Museu Nacional de Arte da China, em Pequim.

18 Out 2023

António Zambujo apresenta novo álbum “Cidade” em Fevereiro nos coliseus

O músico António Zambujo edita em Novembro um novo álbum, “Cidade”, escrito e composto por Miguel Araújo, que aborda um dia-a-dia “meio urbano-depressivo” e vai ser apresentado ao vivo em Fevereiro em Lisboa e no Porto. A escolha do título “Cidade”, um álbum que “não é autobiográfico”, “tem que ver um bocadinho com ser a vida de uma pessoa”, disse António Zambujo à agência Lusa.

“Neste caso, pode ser interpretada como a vida de quem a narra, ou a vida de outra pessoa qualquer, o dia-a-dia — manhã, tarde, noite — em que as músicas transmitem diferentes tipos de emoções e diferentes estados de espírito. A ideia foi um bocadinho isso, a vida numa cidade, um dia-a-dia urbano, meio urbano-depressivo, como quase toda a gente vive. Uma solidão acompanhada, o Miguel falou-me um bocado nisso”, explicou.

O álbum é composto por 12 temas, que, com excepção de “Sagitário”, gravado por Pedro Flores em 2022, foram todos e escritos e compostos por Miguel Araújo para António Zambujo. A escolha dos temas que compõem “Cidade” “foi feita mais ou menos a dois”. O processo criativo de Miguel Araújo e António Zambujo é “mais ou menos permanente”. “Como só faço músicas, ele [Miguel Araújo] está sempre a mandar-me letras ou alguma música inacabada para eu terminar. Essa partilha de temas é uma coisa que acontece com muita frequência”, contou.

O regresso aos palcos

Os dois músicos voltaram a reunir-se em palco este ano para uma série de concertos de voz e guitarra em Lisboa, no Porto e em Ponta Delgada, sete anos depois de terem esgotado 28 espectáculos nos coliseus. De fora de “Cidade” ficou “uma série de outras músicas”.

Embora o álbum tenha produção de Miguel Araújo, todos os trabalhos de António Zambujo “têm que ser todas mais ou menos flexíveis e em conjunto”. “Ou seja, com a intervenção da toda a banda — que foi feita a dois – e a minha também”, disse.
António Zambujo tem apresentado alguns dos temas novos em concertos e a reacção do público “tem sido boa”. “As músicas novas são mais difíceis de assimilar do que as já ouvidas muitas vezes, mas eu gosto desse desafio”, partilhou.

Os concertos de apresentação de “Cidade” – que tal como o álbum mais recente do músico, “Voz e Violão”, de 2021, é uma edição de autor – estão marcados para os coliseus de Lisboa e do Porto, nos dias 3 e 16 de Fevereiro, respectivamente.

17 Out 2023

IIM | Livros “Pequenos Exploradores” apresentados dia 29

Serão apresentados no próximo dia 29 de Outubro os dois primeiros livros da colecção “Pequenos Exploradores”, editada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM). A apresentação das obras bilingues ilustradas integra o 5.º Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Destinadas ao público infantil, as duas edições, intituladas “Um Passeio por Macau” e “É Dia de Festa!” contam com a colaboração da editora Mandarina, da Associação dos Embaixadores do Património de Macau e da Associação dos Jovens Macaenses (AJM) e o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura.

As obras inspiram-se “no património e nas festas e festividades de Macau” e têm o objectivo de “criar nos mais novos o interesse pelo património local de Macau, as suas atracções históricas e turísticas, assim como as festividades chinesas e portuguesas mais conhecidas da cidade”. Destaque ainda para o facto de os livros, além de escritos em português e chinês, incluírem uma secção de aprendizagem do patuá, dialecto tradicional da comunidade macaense em vias de extinção, a fim de darem a conhecer os pequenos leitores algumas palavras.

O IIM pretende fazer chegar a colecção de livros às escolas locais, “fazendo com que as crianças tenham mais contacto com as características únicas de Macau”. Espera-se que até ao final do ano possam ser apresentadas mais duas edições desta colecção que se focam nas temáticas da cultura, identidade e gastronomia.

17 Out 2023

Fotografia | “Seeing the Light” é o novo livro de Francisco Ricarte

“Seeing the Light”, novo livro de fotografia de Francisco Ricarte, foi apresentado no domingo no festival literário Rota das Letras, que já terminou. A obra debruça-se sobre a importância da luz na fotografia. Ao longo de 80 páginas e 60 fotografias o autor materializa “um exercício de complementaridade e confronto”

 

O arquitecto Francisco Ricarte, que passou a fazer da fotografia um novo modo de vida, lançou no domingo, no festival literário Rota das Letras, um novo livro de fotografia, intitulado “Seeing the Light” [Vendo a Luz]. Ao HM, o autor revelou que a obra incide sobre um tema que o tem “fascinado na prática fotográfica e pesquisa estética – a luz”. A luz “pode ser entendida sob uma perspectiva metafórica – ver a luz, no sentido de entender ou compreender algo – ou “real”, designadamente se aplicada à fotografia, por nos permitir visualizar, ou tornar evidente o que nos rodeia”.

Além disso, frisou o autor, a luz pode “no sentido inverso, pela sua ausência, obscurecer ou esconder o que nos envolve”. Nas 80 páginas que contêm 60 imagens, reúne-se “um conjunto de registos elaboradas nos últimos três anos”, que mais do que se focar em “espaços ou objectos visíveis”, mostram o que Francisco Ricarte considera ser “a essência da luz e a sua identidade na fotografia: cromatismo, textura, ambiência, por exemplo, quer esta seja de origem natural, quer artificial, como reflectido no livro”. “A luz prevalece e sobrepõe-se relativamente ao objecto, aparentemente fotografado”, adiantou.

Uma diferença de lugares

O livro “Seeing the Light” lida “com espaços de natureza diferenciada, num possível equilíbrio entre locais naturalizados e estruturas edificadas, entre espaços de sacralidade e outros de mundanidade, ou ainda entre matérias perenes e outras de grande fragilidade”, disse o fotógrafo.

Relativamente à paginação da obra, “assume o negro como matéria essencial da luz”, visando “propor ao leitor diálogos visuais entre claridade e obscuridade, uma visão abrangente e visão sectorial, ou ainda a sua percepção pontual que nos faz adivinhar o que não é óbvio ou, aparentemente, visível”.

O autor entende que o livro de fotografia lançado no domingo funciona como um “exercício de complementaridade e de confronto entre o que nos é dado ver e aquilo que nos é dado intuir na fotografia”.

No lançamento da obra, Francisco Ricarte revelou que “há muito persegue o desafio da percepção da luz e dos seus significados através da fotografia”. O autor tenta entender essa luz através da fotografia também “como um sentido de iluminação e auto-expressão”.

Nascido em 1955, Francisco Ricarte tem exercido arquitectura no território nos últimos anos, depois de se mudar para Macau em 2006. Sempre se mostrou fascinado pela Ásia e tem trabalhado, através da fotografia, temáticas como a identidade, lugar, memória, cultura visual, literatura e poesia. Pertencendo à Associação Fotográfica de Macau, responsável pelo lançamento da revista “Halftone”, Francisco Ricarte participou em diversas exposições colectivas e individuais, nomeadamente “At Home”, apresentada no ano passado na galeria da Residência Consular, ou “ASIA.FAR”, exposta na Casa Garden, da Fundação Oriente. O livro “Seeing the Light” já foi apresentado em Portugal.

17 Out 2023

Lusofonia | Carlão é destaque no regresso de artistas estrangeiros

No cartaz deste ano do Festival da Lusofonia despontam nomes como os portugueses Carlão e Camané, os cabo-verdianos Fogo Fogo e o guineense Sambalá Canuté. A edição do ano passado ficou marcada pelo encerramento forçado devido a um surto de covid-19

 

O Festival da Lusofonia, em Macau, vai voltar a receber artistas estrangeiros, incluindo o português Carlão, vocalista dos Da Weasel, após um interregno de três anos devido à pandemia de covid-19. O anúncio foi feito na sexta-feira.

De acordo com o programa, o 5.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa arranca com o principal evento, o Festival da Lusofonia, entre 27 e 29 de Outubro. Pela primeira vez desde 2019, a zona das Casas da Taipa vai voltar a receber músicos dos países lusófonos, nomeadamente o português Carlão, os cabo-verdianos Fogo Fogo e o guineense Sambalá Canuté.

Algo “de grande importância (…), porque em termos de compreensão e intercâmbio cultural é necessário este contacto frente a frente”, disse Leong Wai Man, a presidente do Instituto Cultural (IC). O outro ponto alto do programa é um concerto do português Camané com a Orquestra Chinesa de Macau, a 18 de Novembro, que vai “misturar fado e música tradicional chinesa”, disse à Lusa Jacky Fong Tin Wan.

O director executivo da Sociedade Orquestra de Macau admitiu que a união das duas músicas “é difícil”, mas sublinhou que Camané mostrou-se “muito interessado” em repetir uma parceria que aconteceu pela primeira vez em 2007.

Visita de activista

Leong Wai Man destacou ainda a presença de Bordalo II, que descreveu como “um escultor muito famoso de Portugal, que usa materiais reciclados”, numa mostra com 21 obras de sete artistas, entre os quais o angolano Lino Damião e o brasileiro Eduardo Fonseca.

Bordalo II ganhou notoriedade em Portugal depois de ter estendido uma passadeira feita com notas falsas de 500 euros no polémico Palco da Jornada Mundial de Juventude, em Lisboa. O palco foi um dos aspectos mais polémico da jornada, devido ao preço da obra, que acabou por ser mais reduzido que o inicialmente previsto.

A exposição, sob o tema “Relações”, vai estar nas Casas da Taipa entre 28 de Outubro e 1 de Janeiro, passando depois, durante seis meses, para a Antiga Fábrica de Panchões Iec Long, também na Taipa, e os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, em Coloane.

A 4 e 5 de Novembro, vários locais de Macau irão receber espectáculos de música e dança lusófona, a cargos dos grupos A Gafieira (Brasil), Escola de Dança de São Tomé e Príncipe, Chalo Correia (Angola), Talik Murak (Timor-Leste), a Associação Cultural de Dança e Canto Londzovota (Moçambique), Nata Nsue (Guiné Equatorial) e o GIPA Dance Group (Goa, Índia).

Uma exposição com mais de 500 livros ilustrados e infantis em chinês ou português estará patente no Auditório do Carmo, na Taipa, entre 27 e Outubro e 5 de Novembro. Macau irá ainda receber, de 10 a 24 de Novembro, um festival de cinema com 20 filmes da China e dos países de língua portuguesa, que encerra com o documentário brasileiro “Miúcha, a Voz da Bossa Nova”. Com o regresso dos artistas estrangeiros, o orçamento do Encontro irá subir de mais de 6 milhões de patacas em 2022 para 9,6 milhões de patacas este ano, revelou Leong Wai Man.

Ocorrência discriminatória

A edição do ano passado causou um grande mal-estar entre a comunidade lusófona, após o Governo ter forçado o cancelamento do evento no último dia. Numa altura em que surgiu um surto de covid-19 com dezenas de casos, o Executivo obrigou a que o festival, que decorria com fortes restrições, como medição da temperatura e utilização de máscaras, fosse mesmo cancelado.

Ao mesmo tempo, em locais como a Praça do Tap Seac e a Rua de Sanches Miranda decorriam enormes concentrações de famílias, que trocavam guloseimas e que celebravam o Dia das Bruxas.

Face à dualidade de critérios Leong Wai Man apontou que o cancelamento aconteceu “com muita pena” do Instituto Cultural.
Na altura, o deputado português José Pereira Coutinho classificou a decisão como um exemplo das “decisões discriminatórias em relação à comunidade lusófona”, lembrando que “não foi aplicado o mesmo critério” a outros eventos, como o Grande Prémio.

“Não foi um caso de discriminação”, limitou-se a insistir na sexta-feira Leong Wai Man, sem fazer mais comentários. Em Dezembro de 2022, Macau, que seguia a política de ‘covid zero’, anunciou o cancelamento gradual, após quase três anos, da maioria das restrições, que incluíam a proibição da entrada de estrangeiros sem estatuto de residente.

16 Out 2023

Morreu a escritora Louise Glück, vencedora do Nobel da Literatura

A escritora norte-americana Louise Glück, vencedora do Nobel da Literatura em 2020, morreu aos 80 anos, anunciou na sexta-feira o seu editor Jonathan Galassi, da casa Farrar, Straus & Giroux. “Poeta da franqueza e da percepção inabaláveis”, como escreve a agência Associated Press (AP), Louise Glück nasceu a 22 de Abril de 1943, em Nova Iorque e somou mais de 60 anos de trabalho publicado, dominado pela poesia, o ensaio e uma breve fábula em prosa, “Marigold e Rose”.

O Prémio Nobel da Literatura foi-lhe atribuído em 2020, “pela inconfundível voz poética que, com austera beleza, torna universal a existência individual”.

Numa lista de contemplados largamente masculina, Gluck foi a sétima mulher a ser distinguida com o Nobel este século e a 16.ª desde o início do prémio. Foi também a primeira obra norte-americana de poesia laureada pela Academia Sueca, depois do anglo-britânico Thomas Stearns Eliot, o autor de “Terra sem Vida”, em 1948.

Ao longo de seis décadas, Glück forjou uma narrativa de trauma, desilusão, estagnação e saudade, soletrada por alguns momentos de êxtase e contentamento, como descreve o perfil divulgado pela AP. Os poemas de Glück são muitas vezes breves, exemplares no seu apego ao “não dito, à sugestão, ao silêncio eloquente e deliberado”. “De certa forma, a vida para Glück era como um romance conturbado – fadado à infelicidade, mas significativo, porque a dor era condição natural e preferível ao que presumia vir depois”, escreve a agência norte-americana. “A vantagem da poesia sobre a vida é que a poesia, se for suficientemente nítida, pode durar”, escreveu a autora de “Vita Nova”.

Estreia em 1968

Louise Glück fez a estreia literária com “Firstborn”, em 1968, com 25 anos, e foi “rapidamente aclamada como um dos mais proeminentes nomes na literatura americana contemporânea”. Quando da atribuição do Nobel, a Academia Sueca reconheceu-a como “uma das mais relevantes poetas” da actualidade, recorrendo a mitos e figuras clássicas para escrever sobre a infância, a família e a morte.

A proximidade literária a Emily Dickinson, pela delicadeza da escrita, e a capacidade de chegar ao individual a partir de temas universais foram igualmente características apontadas.

A sua obra somou vários prémios literários, como o Pulitzer, em 1993, por “Íris Selvagem”, o Bollingen, em 2001, pelo percurso literário, o National Book Critics Circle, o Los Angeles Times Book, o Wallace Stevens da Academia de Poetas Americanos, assim como o National Book Award, em 2014, por “Noite Virtuosa e Fiel”, e a Medalha de Humanidades, em 2015, entre outros galardões.
Louise Glück leccionou Língua Inglesa na Universidade de Stanford e na de Yale, e considerava a experiência do ensino não uma distração da poesia, mas uma “receita para a lassidão”.

Quando da atribuição do Nobel, antigos alunos recordaram-na como exigente e inspiradora, que os soube orientar na procura das suas próprias vozes.

“Não havia hipótese para as subtilezas da mediocridade, nem elogios falsos. Quando Louise fala há que acreditar, porque ela não se esconde nas convenções da civilidade”, disse a escritora Claudia Rankine, antiga aluna de Glück, à AP, em 2020.
A publicação portuguesa de “Marigold e Rose” está anunciada para este último trimestre. Até à atribuição do Nobel, era escassa a edição da obra da escritora em Portugal. Havia “Landscape”, na revista Telhados de Vidro, em 2006, numa tradução de Rui Pires Cabral, e “O Poder de Circe”, incluído na colectânea “Rosa do Mundo”, editado pela Assírio & Alvim (2001).

15 Out 2023

Macau Art Garden | Curtas de Ao Ieong Weng Fong exibidas amanhã

Decorre amanhã mais um festival de cinema no Macau Art Garden, onde serão exibidas três curtas-metragens do realizador Mike Ao Ieong Weng Fong a partir das 21h30. Às 22h30, começa uma sessão de perguntas e respostas com o cineasta amador e artista. Serão exibidos os filmes “The Mutation”, de 2007, com 12 minutos, que venceu o prémio “Louvor do Júri” na categoria “Macau Indies” no Festival Internacional de Cinema e Video de Macau. Segue-se “Sleepwalker”, de 2014, e “Macao Disease Manual”, de 2017.

Destaque ainda para a vertente de fotógrafo de Mike Ao Ieong Weng Fong, que expos a sua primeira mostra individual de fotografia, intitulada “Silly Goods”, no Armazém do Boi em Dezembro de 2012.

Convidado de uma das edições do festival literário Rota das Letras, o realizador licenciou-se na Escola de Comunicação Visual da Universidade de Ciência e Tecnologia de Yunlin, em Taiwan.

Com o filme “Blue Amber”, produzido na China continental, ganhou o prémio de melhor cinematografia para Novos Talentos da Ásia, na edição de 2018 do Festival de Cinema de Xangai. É também um dos realizadores de ‘Estórias de Macau 2 – Amor na Cidade’, que foi a primeira longa-metragem de produção inteiramente local.

13 Out 2023

Álbum reúne imagens de uma colecção privada sobre o GP de Macau

Foi ontem o lançamento do livro “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume I (1954-1966)”, na sede da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC).

O livro foi apresentado por Jorge Fão que, entre outras considerações, propôs que o Museu do Grande Prémio comprasse o espólio de Victor H. Lemos, para o exibir nas suas instalações. Para Fão, presidente da Mesa da Assembleia-Geral da APOMAC, “ o novo museu é muito bonito, muito moderno, mas falta-lhe alguma alma”. Algo que o espólio de Victor Lemos poderia, no seu entender, acrescentar.

O autor do livro, Carlos de Lemos, macaense residente no Canadá, interveio de seguida, para revelar que assim cumpriu “o sonho de lançar um livro sobre os primeiros vinte e cinco anos do Grande Prémio de Macau”. Diferente de todos os outros livros lançados anteriormente, este pretende partilhar o extraordinário arquivo que o seu pai, Victor Hugo de Lemos, construiu com uma enorme paixão e afinco desde o seu início, em 1954, até ao ano de 1978.

Questão de justiça

Devido à dimensão da colecção, que finalmente sairá do domínio privado, o que vai permitir uma melhor compreensão da história do evento, Carlos de Lemos optou por dividir a publicação em dois volumes. Com um total de 256 páginas e mais de 250 fotos, este livro tem especial interesse para todos os entusiastas do Grande Prémio de Macau, dado que contém valiosa e diversa informação, provavelmente nunca antes vista ou publicada.

Para além de fotos únicas de todos os carros que participaram no Grande Prémio de Macau durante a primeira década do evento, o livro também tem um interessante registo fotográfico das entregas dos troféus e outros eventos marcantes da ainda grande manifestação desportiva da RAEM.

O livro apresenta também recortes de jornais, bilhetes, crachás, programas oficias, autógrafos dos concorrentes, regras e regulamentos, formulários de inscrição, etc. Para atrair um número ainda maior de potenciais compradores, as legendas do livro estão escritas em português, chinês e inglês.

O preço de capa é de 280 patacas. O produto líquido proveniente da venda será revertido a favor da instituição Macau IC2 Association (I Can Too) que dá apoio a pessoas com autismo e portadoras de outras deficiências.

13 Out 2023