Museu Rijksmuseum identifica quem é quem nos retratos de Frans Hals

O museu Rijksmuseum de Amesterdão descobriu a verdadeira identidade de um casal retratado pelo pintor neerlandês Frans Hals, em 1637, como o autarca da capital dos Países Baixos Jan van de Poll, e a sua mulher, Duifje van Gerwen.

Anteriormente acreditava-se que o retrato era de um cervejeiro neerlandês e a sua mulher, mas os investigadores da galeria de arte descobriram a verdadeira identidade dos protagonistas das duas pinturas, que são propriedade do Rijksmuseum, noticiou na segunda-feira a agência Efe.

“Este é o único par de retratos de casamento de um casal de Amesterdão pintado por Frans Hals. “Jan e Duifje viajaram para Haarlem por volta de 1637 para posar para a pintura”, explicou o museu.

Jan van de Poll (1597-1678) foi presidente da Câmara de Amesterdão sete vezes. Em 1650 alcançou o posto mais alto – coronel – na milícia de cidadãos e aparece nesta função em dois retratos, um pintado pelo artista alemão Johann Spilberg, em 1650, e outro pelo neerlandês Bartholomeus van der Helst, em 1653, ambas pinturas propriedade da coleção do Museu de Amesterdão.

Por sua vez, Duifje van Gerwen (1618-1658) era a filha mais nova de um rico comerciante de vinhos em Warmoesstraat, uma das ruas mais antigas de Amesterdão, e casou-se com o autarca em 1637. O retrato duplo em questão foi criado por Hals pouco depois do casamento.

Uma recomendação

O Rijksmuseum acredita que Hals foi recomendado para estes dois retratos pelo tio de Duifje, Willem Warmond, que aparece como capitão num retrato de grupo da milícia de Haarlem que o artista neerlandês pintou dez anos antes. “Hals começou ‘The Meager Company’, o seu único retrato de grupo de uma milícia de Amesterdão, em 1633. Vários membros da milícia não queriam viajar para
Haarlem para serem retratados por Hals, e foi o pintor de ‘Amesterdão Pieter Codde’ quem terminou o trabalho em 1637.

Mas Jan e Duifje estavam dispostos a ir para Haarlem e aparentemente aproveitaram esta vaga na agenda de Hals”, explicou o Rijksmuseum, com base na sua investigação.

Estes dois retratos entraram na colecção do museu neerlandês em 1885 e o então director, Frederik Obreen, identificou os temas da pintura como Nicolaes Hasselaer (1593-1635), um cervejeiro neerlandês da Idade de Ouro, e sua mulher, Sara Wolfphaerts van Diemen (1594-1667). Porém, desde 2007, a identidade dos retratados foi questionada.
Um curador do Rijksmuseum, Jonathan Bikker, conseguiu agora estabelecer que esta identificação é incorrecta, com base nos testamentos dos netos e bisnetos de Van Diemen, que revelaram ser impossível que os retratos tenham feito parte da herança da família.

O curador também comparou o retrato do autarca feito por Hals com aqueles feitos por outros artistas, embora não existam outras pinturas conhecidas da sua mulher Duifje. O Rijksmuseum lembrou que Jan e Duifje são ascendentes directos de Jonkheer Jan Stanislaus Robert van de Poll, que doou as pinturas à galeria em 1885.

4 Jun 2024

Abertas inscrições para apoios financeiros nas áreas de moda e cultura

O Instituto Cultural (IC) aceita candidaturas para dois planos financeiros na área da moda e cultura, nomeadamente o “Plano de Apoio Financeiro para a Promoção de Marcas – Exposições e Espectáculos Culturais 2024” e ainda o “12º Plano de subsídio à criação de amostras de design de moda”. O objectivo, segundo um comunicado, é “promover o desenvolvimento das indústrias de Macau, nomeadamente, as artes do espectáculo e área do design de moda”.

Relativamente ao “Plano de Apoio Financeiro para a Promoção de Marcas – Exposições e Espectáculos Culturais 2024”, a finalidade é fazer com que as entidades da área de exposições e espectáculos culturais de Macau se possam expandir para fora do território, tendo em conta o contexto de integração regional e o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a iniciativa “uma faixa, uma rota”.

Pretende-se “aumentar a visibilidade e popularidade das marcas locais nos mercados fora de Macau”, dando-se apoio à realização de espectáculos de Macau nas áreas da ópera chinesa, teatro, dança, música e magia.

O projecto candidato deve ser um espectáculo comercial e realizar-se em cidades fora de Macau “pelo menos três vezes”, sendo que o candidato “pode obter uma parte proporcional das receitas de bilhetes vendidas”. O espectáculo não pode ter uma duração inferior a 60 minutos, devendo decorrer num local público com 100 ou mais lugares.

O IC irá conceder um subsídio que cobre 50 por cento das despesas previstas para o projecto, até um máximo de 800 mil patacas, para um grupo máximo de 10 beneficiários. Para este apoio em concreto, as candidaturas devem ser feitas entre hoje e 31 de Julho. Segundo o mesmo comunicado, o candidato “deve ser empresário comercial, pessoa singular, empresário comercial ou pessoa colectiva”, devendo ainda “ser o titular dos direitos de autor ou titular dos direitos de uso em relação ao conteúdo do espectáculo e dos eventuais produtos derivados”.

Moda comercial

Quando ao “12.º Plano de subsídio à criação de amostras de design de moda”, as candidaturas decorrem até ao dia 12 de Julho, pretendendo-se “incentivar a investigação e desenvolvimento do design de moda local”, bem como “impulsionar os designers a definir planos de marketing viáveis” para as criações de moda.

Os candidatos podem participar de forma individual ou em grupo, devendo ser apresentadas o mínimo de oito amostras de criações de moda. Os projectos financiados devem participar, pelo menos, numa actividade de moda durante o prazo de apoio financeiro.

4 Jun 2024

FRC | Livro e exposição sobre os “padrões” do património

Eva Bucho, designer, apresenta hoje na Fundação Rui Cunha um livro intitulado “Macau Patterns”, que revela alguns dos padrões mais bonitos e icónicos dos edifícios e demais património do território. O público poderá também visitar, até ao dia 15, a exposição com o mesmo tema

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura hoje, a partir das 18h30, a exposição de fotografia “Macau Patterns” [Padrões de Macau], dedicada a mostrar o olhar da designer Eva Bucho sobre as cores e os formatos de azulejos, paredes ou demais elementos arquitectónicos e decorativos de edifícios e monumentos do território.

O projecto, que conta com o apoio do Instituto Internacional de Macau (IIM), Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a cafetaria Cuppa Coffee, integra-se no cartaz das comemorações oficiais do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, e traz ainda ao público uma exposição com o mesmo nome e com algumas das imagens que estão no livro. A mostra ficará patente na galeria da FRC até ao dia 15 de Junho.

Segundo um comunicado da organização, Eva Bucho recolheu para este projecto fotográfico uma diversidade de imagens que retratam o seu interesse especial em “padrões” encontrados no património local, nomeadamente em edifícios, na arquitectura, nos azulejos, nos ornamentos, e nos pavimentos distribuídos pelas freguesias de Macau, nomeadamente a Sé, São Lourenço, São Lázaro, Santo António e Nossa Senhora de Fátima.

Relativamente ao livro, este será editado em três línguas (português, inglês e chinês), pelo IIM e apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) e pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Trata-se de uma edição que “incorpora os trabalhos registados ao longo de dois anos”, sendo “uma compilação de módulos e padrões recolhidos não só em fotografias, mas também em desenhos vectoriais”.

Um olhar de memórias

Citada pelo mesmo comunicado, Eva Bucho realça que este livro “é uma memória fotográfica através do meu olhar”. “Embora tenha chegado a Macau apenas em 2016, ao longo dos anos tenho-me encantado com o padrão cultural de Macau, nomeadamente com os seus pequenos padrões, na medida em que conservam uma presença permanente em Macau”, destacou.

O programa das celebrações do 10 de Junho inclui diversas iniciativas culturais. Esta semana, quinta-feira, será inaugurada a exposição do pintor Diogo Muñoz no Albergue SCM, enquanto na sexta-feira é dia do lançamento, a título póstumo, da obra “Vulgaridades Chinesas”, de J.J. Monteiro, uma edição do IIM. Nesse mesmo dia decorre o concerto dos portugueses Capitão Fausto, que se juntam no palco do MGM Cotai a David Huang.

4 Jun 2024

“Hold On To Hope” acolhe “Traçando Raízes Portuguesas”

Foi ontem inaugurada na galeria “Hold On To Hope”, na vila de Ka-Hó, em Coloane, a exposição “Traçando Raízes Portuguesas”, mostra integrada no cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. A galeria, que é um projecto da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), conta com a apresentação de trabalhos artísticos variados, da autoria de António Monteiro, Catarina Cottinelli da Costa, Cristina Vinhas, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, Isabela Loba, Lúcia Lemos, Luísa Petiz, Raul Martins, Ricardo Meireles e Tchusca Songo.

“Traçando Raízes Portuguesas” é “uma exposição extraordinária que apresenta artistas de ascendência portuguesa ou indivíduos que residem na vibrante cidade de Macau”, descreve uma nota sobre a exposição.

Assim, quem visita a exposição é convidado a “embarcar numa jornada de exploração cultural, onde cada artista revelará a sua própria e única obra de arte que reflecte intimamente a sua identidade”. Trata-se ainda de um incentivo a “mergulhar na tapeçaria cultural que entrelaça a ascendência portuguesa e o espírito vibrante desse canto único do mundo”, nomeadamente Macau.

Variedade artística

O território é descrito como “uma mescla cativante de influências chinesas e portuguesas, serve como cenário perfeito para esta colecção diversificada”.

Os artistas convidados a participar, arquitectos, fotógrafos ou artistas plásticos, “abraçaram a sua herança portuguesa partilhada e criaram obras de arte requintadas que falam das suas experiências pessoais, tradições e da fusão dinâmica de culturas que se encontraram”.

A mostra está patente até ao dia 30 deste mês. Revela-se nela “uma variedade de expressões artísticas, cada uma infundida com a voz e o estilo criativo distintos dos artistas”. Em “Traçando Raízes Portuguesas”, “cada obra de arte ressoa com um profundo sentido de pertença e celebra a herança partilhada”.

“Esta não é apenas uma exposição, mas sim um testemunho da conexão duradoura entre o povo português e a encantadora cidade de Macau”, destaca a mesma nota.

3 Jun 2024

Cinema | “The Ballad of a Small Player”, de Edward Berger, será rodado em Macau

É uma das grandes notícias para o cinema local: o realizador Edward Berger resolveu pegar no romance do britânico Lawrence Osborne, “The Ballad of a Small Player”, e fazer um filme em Macau, onde os casinos são peça principal da trama. As rodagens começam este Verão e contam com estrelas maiores da sétima arte como Colin Farrell e Tilda Swinton

 

Macau vai receber, a partir deste Verão, as rodagens do filme que será uma das estreias da plataforma de streaming “Netflix”. Nada mais nada menos do que “The Ballad of a Small Player”, algo como “A Balada do Pequeno Jogador”, projecto do realizador Edward Berger que resolveu pegar no romance, com o mesmo nome, do romancista britânico Lawrence Osborne, e lançado em 2014. A escrita do argumento do filme está a cargo de Rowan Joffé.

A produção, que arranca ainda este mês e que se deverá prolongar até Agosto, conta com estrelas maiores de Hollywood como Tilda Swinton, que ganhou o Óscar para Melhor Actriz Secundária pelo filme “Michael Clayton”, ou Colin Farrell, actor irlandês detentor de um Globo de Ouro e protagonista do filme “Minority Report”, de Steven Spielberg.

A notícia é avançada pelo portal “Tudum”, ligada à “Netflix”, e já foi avançada pelos media locais. Além das estrelas internacionais bem conhecidas dos amantes do cinema, “The Ballad of a Small Player” contará ainda com a actriz Fala Chen, actriz sino-americana nascida em Chengdu.

A produção do filme, a cargo da “Lumiere Film Production”, lançou ainda uma campanha para a escolha de figurantes para papéis tão variados como dealers, croupiers, hóspedes de hotel, jogadores em casinos e paquetes. Dá-se preferência a quem tenha experiência no sector hoteleiro e de jogo.

Apostas e fuga

“The Ballad of a Small Player” conta a saga de um advogado inglês que foge para Macau depois de ser acusado por corrupção. Este advogado chama-se “Lord Doyle” e, em Macau, dedica-se a jogar no seu casino favorito, passando as noites como fugitivo, a beber e a apostar tudo o que tem, assombrado pelo passado.

O destino deste advogado é decidido conforme ganha ou perde dinheiro, até que tudo muda quando conhece a chinesa Dao-Ming, que parece rondar as mesas de jogo tal como ele o faz. O que, à partida, parecia o nascer de uma relação verdadeira, depressa se transforma em algo complexo.

Sobre o livro, Neel Mukherjee, da New Statesman, disse ser um “thriller existencial escrito na perfeição”, com “uma leitura assustadora, arrebatadora, que nos deixa com o coração na boca e que tem coisas profundas a dizer sobre o único deus que governa os assuntos humanos – o acaso”. Já o jornalista Paul French, também autor de muitos livros sobre a história da China, defendeu, no Los Angeles Times Book Review, que o livro de Osborne “é o melhor romance contemporâneo sobre a China desde o tempo de Malraux”.

A história de Lawrence Osborne está, assim, repleta de ingredientes de suspense e com uma atmosfera bastante rica com o exotismo próprio de Macau e do Oriente.

Um dos trabalhos mais conhecidos de Edward Berger é o filme “All Quiet on the Western Front”, filme também realizado para a “Netflix” que recebeu vários prémios, incluindo quatro Óscares.

3 Jun 2024

Livros | Martin Zeller e Debby Sou Vai Keng lançam “The Passenger” em Lisboa

“The Passenger” é um livro desdobrável de fotografias sobre a passagem do tufão Mangkhut sobre uma pequena ilha de Hong Kong. Ao lado dos cenários de destruição, capturados pelo fotógrafo Martin Zeller, revelam-se histórias ficcionadas e poemas de Debby Sou Vai Keng, artista e autora de Macau. A obra será lançada amanhã em Lisboa

 

No início nem era para ser um livro. Martin Zeller, fotógrafo alemão que durante muitos anos esteve radicado em Hong Kong, estava de visita à ilha de Peng Chau, na região vizinha, na companhia de Debby Sou Vai Keng, pintora e escritora natural de Macau. A trabalharem juntos na área das artes plásticas e fotografia há vários anos, enfrentaram, em 2018, a passagem do tufão Mangkhut por Hong Kong. Martin Zeller começou a fotografar a tempestade e o que dela restou. Depois, Debby Sou Vai Keng resolveu escrever histórias ficcionadas e poemas que remetem para a ideia de alguém de fora que observa a ilha com a natural curiosidade de um desconhecido.

Assim nasceu “The Passenger”, um pequeno livro de fotografias, textos e poemas, desdobrável, em inglês e chinês, que será lançado amanhã em Lisboa na galeria Imago.

Ao HM, Debby Sou explicou que esta obra é produto do acaso, porque quando foram para Peng Chau tinham um projecto diferente. “Pretendíamos desenvolver um projecto sobre montanhas e mares. Mas não tínhamos nenhuma ideia sobre o que queríamos fazer exactamente. Queríamos trabalhar juntos recorrendo à fotografia e, talvez, à pintura, com pequenos contos e poemas. Então, quando chegámos, enfrentámos o tufão.”

Na preparação da casa para enfrentarem juntos a tempestade em segurança, Martin Zeller começou, subitamente, a fotografar. “Estando em casa podíamos ver a tempestade, o que se tornou interessante, víamos o mar agitado, o vento. Fiquei muito entusiasmado e comecei a fotografar.”

Foi aí que os dois artistas decidiram avançar para a edição do livro, que não pretende ser um retrato documental de mais um tufão, de entre muitos que passam por esta zona do globo. Trata-se também de um retrato “da comunidade que vive na ilha, do que aconteceu”. “Não estávamos interessados em fazer algo documental”, recorda Martin Zeller.

Escrita da observação

Debby Sou descreve que, à medida que iam passeando pela ilha depois da passagem do Mangkhut, ajudando os moradores a recompor o que restou da destruição, lhe surgiram ideias para escrever. “Quando escrevo, escrevo ficção, não faço escrita documental. Misturo coisas e imagino-as. [O livro] tem uma espécie de passageiro e as histórias são totalmente ficcionais, com personagens criadas. Mas claro que baseio muitas das minhas histórias em experiências pessoais.”

A autora confessa que não escreve histórias como uma residente, mas sim revelando impressões como se fosse turista. Debby Sou referiu ainda que o facto de ser de Macau não lhe dá uma perspectiva de proximidade à realidade de Hong Kong. Ou seja, quando escreve, e quando escreveu para o “The Passenger”, conseguiu ter o distanciamento necessário.

“Tenho de dizer que, como alguém que é de Macau, sempre olhei para Hong Kong como se me fosse estranha. São vivências completamente diferentes. No caso desta ilha, as pessoas têm formas de comunicar completamente diferentes, e há até diferenças em termos de mentalidade. Em cada ilha de Hong Kong há uma vivência diferente. Por isso, para mim, foi fácil ver as coisas como se fosse mesmo uma passageira, uma verdade estranha”, disse.

Convidada a falar mais da sua escrita, a autora mostra-se retraída. “Não sou muito boa a descrever as minhas histórias. É algo difícil de expressar. Quando escrevo, o processo é semelhante do que quando pinto. Simplesmente pego num pedaço de papel e começo. Às vezes o papel e as cores dizem-me como continuar, e eu simplesmente prossigo. Quando decido, páro, e às vezes tenho de trabalhar no quadro. Com as histórias é um processo muito semelhante, simplesmente começo [a escrever].”

As inspirações para os textos de Debby Sou surgem-lhe das caminhadas que tanto gosta de fazer, e das observações que daí surgem. “Muitas vezes falo com pessoas, mas não sou muito boa nisso. Prefiro observar, simplesmente, e imaginar coisas.”

Um projecto diferente

“The Passenger” não tem rostos de pessoas. Não tem os moradores da ilha a braços com a destruição. Só um homem corajoso que decidiu sair de casa e correr bem junto à costa para observar a violência do mar. De resto, persistem imagens dos cacos caídos, das árvores dobradas. Havia uma ou duas fotografias de rostos, que Martin Zeller decidiu retirar por se afastarem do conceito original.

“Estava mais focado em captar o ambiente. Mas tenho a dizer que, hoje em dia, é difícil fotografar pessoas, que muitas vezes ficam ofendidas quando apontamos a câmara. Sobretudo numa situação especial como esta, com a passagem do tufão. Não querem lidar com fotografias e estão preocupadas em limpar as suas casas. Mas, para mim, foi muito interessante fazer este projecto, pois percebemos até que ponto o carácter documental se transforma em arte.”

Martin Zeller e Debby Sou estão habituados a criar juntos. Actualmente vivem em Almada, onde têm o estúdio “StudioZeller”, que recorrentemente desenvolve exercícios de arte multidisciplinar. Ele fotografa, ela escreve e pinta por cima das suas imagens, numa interconexão constante. Inspiram-se mutuamente. “The Passenger” é algo diferente de tudo o que já fizeram.

“O primeiro projecto que fizemos juntos foi em 2013, em que pintei por cima das fotografias dele, tiradas em Berlim, e que foram impressas em papel de arroz. Consegui pintar recorrendo a técnicas da pintura tradicional chinesa. Mas desta vez [com ‘The Passenger’] foi uma decisão bastante espontânea, porque há muito tempo que queríamos fazer algo e não sabíamos mesmo o que fazer com este material. Depois surgiu a covid e não conseguíamos ir a Hong Kong e pensei que seria uma pena deixar as imagens numa gaveta. Discutimos o formato da publicação, chegámos a pensar publicar em forma de mapa desdobrável, mas depois ficava algo complicado. Então ficou assim, como se fosse um acordeão”, explicou Debby Sou.

Lançar “The Passenger” em Lisboa foi fruto do acaso, mas os dois autores garantem que o projecto vai também ser lançado em Macau e Hong Kong, embora ainda não haja datas concretas. Martin Zeller e Debby Sou estão também a planear o regresso, por uma temporada, a Hong Kong, a fim de desenvolverem novos projectos.

31 Mai 2024

10 de Junho | Nova exposição de Francisco Ricarte inaugurada sábado

Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, está envolvido num novo projecto. Trata-se da exposição “Para os olhos dos jovens (de espírito)”, inaugurada este sábado na Casa Garden, a partir das 17h, numa iniciativa organizada pela CPM – Casa de Portugal em Macau e que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas.

Segundo um comunicado da organização, a mostra “é dedicada a um público mais jovem, em termos de idade, mas também ‘jovens de espírito'”, sendo ainda complementada por dois workshops, a decorrer na CPM, onde será explorada “a prática da observação e registo visual” a partir das imagens expostas.

Segundo Ricarte, a fotografia possui “uma imensa abrangência e possibilidades criativas”, sendo “um instrumento fundamental no desenvolvimento das artes visuais”.

“Sob variadas abordagens estéticas e tecnológicas, esta forma de expressão artística tem-nos dado a conhecer facetas tão fascinantes e diversificadas, como o meio natural e construído que nos rodeiam, bem como das nossas aspirações e manifestações culturais, entre muitas outras facetas da condição humana”, refere ainda o mesmo comunicado.

Imagens com humor

A exposição inclui 22 imagens captadas em Macau “em situações inesperadas ou insólitas com uma certa ironia ou humor, e em performances de grande intensidade coreográfica e visual”. Estas imagens pretendem, assim, “cativar diversos níveis de público mais jovem (bem como os ‘jovens de espírito’) para apreciar imagens expressivas de mensagem inesperada e intensidade visual, que possam apelar à ‘frescura no olhar’ e cativar a sua observação e compreensão”.

Procura-se ainda “sensibilizar para a importância e valor da fotografia como meio de expressão e criação visual, procurando-se realçar a sua importância no registo e observação do quotidiano que nos rodeia”. É esse quotidiano que está cheio de “situações inesperadas e acontecimentos singulares” como os registados na exposição, e que “também pode ser visto de uma forma incomum e plena de ironia”.

Os workshops decorrem este domingo, com duas turmas. A primeira turma terá o workshop entre as 10h30 e as 12h30, com jovens dos 8 aos 11 anos, enquanto a segunda turma irá trabalhar das 15h às 17h, destinando-se a jovens com mais de 12 anos. As máquinas fotográficas disponibilizadas pela organização.

A CPM destaca que Francisco Ricarte “é arquitecto e fotógrafo residente em Macau, destacando-se por uma presença muito activa no cenário cultural e artístico do território e participando com regularidade em exposições de fotografia, quer num registo a solo, quer num formato colectivo”.

30 Mai 2024

IPOR | Ciclo de cinema sobre o 25 de Abril até Julho

No ano em que se celebram os 50 anos da chamada “Revolução dos Cravos”, o 25 de Abril de 1974, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe até ao dia 2 de Julho vários filmes sobre o golpe que derrubou a ditadura, os seus protagonistas e resistentes, onde se incluem nomes como Salgueiro Maia ou Álvaro Cunhal

 

Um momento tão marcante para a história de Portugal como o 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo, de Salazar e Marcelo Caetano, já marcou presença em muitas narrativas cinematográficas ao longo dos últimos anos. Tendo em conta que este ano se celebra meio século da revolução, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe, até 2 de Julho, vários filmes, muitos do género documentário, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

O ciclo de cinema “50 anos – 25 de Abril” arrancou no dia 21 com o filme “As Mãos Invisíveis”, de Hugo dos Santos, um documentário sobre as vivências numa casa em Paris que, nos anos 70, acolhia diversos portugueses que fugiram do regime fascista que então se vivia em Portugal. Foi também exibido esta terça-feira o filme “Cartas a uma Ditadura”, de Inês de Medeiros.

Na próxima terça-feira, será exibido o filme “O Jovem Cunhal”, do realizador João Botelho, datado de 2022. Trata-se de um retrato do mais carismático líder do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, e da resistência ao fascismo que marcou toda a sua vida. Cunhal esteve preso várias vezes, estava sempre na mira da PIDE, a polícia política do Estado Novo, e foi central para definir a oposição política ao fascismo na clandestinidade.

Na sinopse da película pode ler-se que João Botelho conseguiu criar “um filme detectivesco, em que se exploram os primeiros anos da vida do histórico dirigente do PCP”, sendo que, pelo meio, são “encenados excertos dos seus próprios livros”.

Imagens e memórias

No dia 11 de Junho, é altura de exibir “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, documentário de 1999 que relata a revolução, no período mais conturbado que se seguiu ao 25 de Abril, nos anos de 1974 e 1975. A sinopse revela que se trata de um filme baseado em muita documentação histórica guardada em arquivos, além de revelar os olhos e sonhos de fotógrafos e cineastas que, na época, testemunharam o evento.

“Salgueiro Maia, O Implicado”, da autoria de Sérgio Graciano, exibe-se no dia 18, mostrando a intervenção de um dos homens que ficou para a história como um dos “Capitães de Abril”, por ter ajudado, com outros militares, a planear e a fazer o golpe nas ruas de Lisboa.

Segundo a síntese do filme, trata-se do “primeiro retrato” do militar feito para cinema. “Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75”.

O realizador fez, assim, “uma abordagem moderna, intimista e emocional” da vida deste militar, já falecido, sendo esta “uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais, revelações íntimas, emoções reais de quem acompanhou o capitão ao longo de toda a vida”.

A 25 de Junho são apresentadas várias curtas-metragens na sessão “50 anos do 25 de Abril”, nomeadamente “Antes de Amanhã”, de Gonçalo Galvão Teles; “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos; “Lugar em Parte Nenhuma”, de Bárbara Oliveira e João Rodrigues; “Estilhaços”, de José Miguel Ribeiro, e ainda “Menina”, de Simão Cayatte”.

O ciclo de cinema encerra-se a 2 de Julho com “48”, documentário de Susana de Sousa Dias. Este filme fala das histórias dos presos políticos do Estado Novo e de como sofreram as torturas às mãos da PIDE.

O filme, de 2010, vai revelando algumas das fotografias que a PIDE tirava a todos os presos, a preto e branco, de perfil ou com o rosto apontado para a câmara. Estão lá as imagens de Conceição Matos, antiga funcionária do PCP presa duas vezes e torturada, e de tantos outros homens e mulheres.

“São 16 imagens para contar 48 anos de fascismo – tudo fala da sociedade, os rostos, as roupas, a forma de estar. Não estão identificados por nomes nem idades porque valem por todos os presos políticos da ditadura”, refere a sinopse. As expressões eram de medo, as vozes que se ouvem em off traçam memórias negras de sofrimento e resistência na dor.

30 Mai 2024

Prémios Sophia premeiam João Canijo e Marco Martins

Os filmes “Mal Viver”, de João Canijo, e “Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, foram os mais premiados na cerimónia dos prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, que decorreu no domingo no Casino Estoril, Cascais.

Na 13.ª edição dos Sophia, João Canijo recebeu o prémio de Melhor Realização e conquistou ainda o de Melhor Filme por “Mal Viver”. Este é um drama de uma família, de várias gerações de mulheres, que gere um hotel; uma obra que se conjuga num díptico com a longa-metragem “Viver Mal”, ambas produzidas por Pedro Borges, da Midas Filmes. Por conta ainda de “Mal Viver”, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda o Sophia de Melhor Actriz Secundária a Madalena Almeida e o de Melhor Montagem a João Braz.

“Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, retrato da emigração portuguesa no Reino Unido, somou também quatro prémios para Beatriz Batarda (Melhor Actriz Principal), Romeu Runa (Melhor Actor Secundário), João Ribeiro (Melhor Direcção de Fotografia) e Miguel Martins e Rafael Cardoso (Melhor Som).

“Viva a liberdade, mas sejamos estoicos e façamos da casa da nossa democracia um exemplo para todas as casas do nosso país. Xenofobia, misoginia, transfobia, discurso do ódio, não, não pode, seu ignorante”, disse o ator Romeu Runa no discurso de agradecimento.

“Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, venceu três Sophia nas categorias de Guarda-Roupa, Direcção de Arte e Maquilhagem e Cabelos. O filme “Não Sou Nada – The Nothingness Club”, de Edgar Pêra, que era o mais nomeado desta edição, recolheu duas estatuetas, de Melhor Caracterização e Efeitos Especiais e para Melhor Actor Principal, para Miguel Borges.

Carlos Conceição conquistou o prémio de Melhor Argumento Original para o filme “Nação Valente”. Destaque ainda para prémios atribuídos no cinema de animação.

A longa-metragem “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, venceu o Sophia de Melhor Argumento Adaptado, para Virgílio Almeida, “Sopa Fria”, de Marta Monteiro, venceu o de Melhor Curta-Metragem de Animação, e a longa-metragem “Os Demónios do Meu Avô”, de Nuno Beato, recebeu dois prémios, nas categorias de Melhor Canção e Melhor Banda Sonora.

“Rabo de Peixe” vencedor

O Sophia de Melhor Série ou Telefilme foi para a “Rabo de Peixe”, realizada por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira, e produzida para a plataforma de ‘streaming’ Netflix. Joana Botelho venceu o Sophia de Melhor Curta-Metragem Documental com “Coney Island – As Primeiras Vezes”, Basil da Cunha venceu na categoria de curta-metragem de ficção, com “2720”, e “Viagem ao Sol”, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, obteve o Sophia de Melhor Documentário.

Durante a cerimónia, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda os Sophia de Carreira ao músico e compositor Luís Cília e ao realizador Rui Simões.

28 Mai 2024

Livro | Filipa Simões lança guia que faz levantamento de arte urbana em Macau

É hoje lançado no CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo o livro “Guide to Street Art in Macau”, da autoria da designer Filipa Simões. A obra faz um mapeamento dos seis pontos do território onde existe arte urbana, como o graffiti, mas não só. A autora fala de um “crescente interesse” do Governo sobre esta área nos últimos anos

 

“Guide to Street Art in Macau” [Guia para a Arte de Rua em Macau] é o nome do livro da autoria de Filipa Simões, designer e docente, lançado hoje, a partir das 18h, no CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, na Ponte 9. Trata-se da primeira obra que apresenta um mapeamento exaustivo, com curadoria, em seis zonas do território onde existe arte de rua, nomeadamente o graffiti. Trata-se de quatro zonas na península, uma na Taipa e outra em Coloane.

A arte de rua não é ainda algo banal em Macau, mas tem vindo a fazer-se notar nos últimos anos. Filipa Simões descreve ao HM que “o cluster mais prolífico e diverso centra-se à volta da Praça de Ponte e Horta, no Porto Interior, onde está sediado o ‘Outloud!’, o festival de graffiti de Macau”, cuja influência “se estende até à zona de A-Ma, que se divide entre becos na zona do Manduco e zona industrial do porto”.

Por sua vez, na zona central da península, “as obras encontram-se dispersas em pequenos grupos, com maior frequência nas zonas históricas”. Já na zona norte, em locais como o Fai Chi Kei ou Iao Hon, “as obras reflectem o carácter mais denso e opressivo da paisagem urbana”, enquanto nas ilhas são “mais bucólicas e pitorescas”.

Filipa Simões frisa que a publicação desta obra “é um convite para descobrir Macau através da ‘street art’, de forma mais atractiva e acessível para uma audiência abrangente”, além de ser “uma celebração do entusiasmo e interesse em Macau da parte dos artistas e promotores que estão por trás destas obras”. O livro não pretende ser “uma obra final, até pelo carácter transitório desta forma de arte, que está sempre em mutação”.

A ajuda do “Outloud!”

A autora dá conta de que este livro não apresenta “um levantamento exaustivo de toda a arte de rua de Macau, mas sim uma selecção curada”. “Começámos por fazer um levantamento abrangente das obras por todo o território. Estivemos também em contacto com artistas locais e organizadores do festival ‘Outloud!’, que nos ajudaram a descodificar o universo da ‘street art’ em Macau. Seguiu-se um trabalho de selecção, onde procurámos criar uma narrativa com as obras escolhidas, agrupando-as depois em percursos que fossem mais interessantes de descobrir”, acrescentou.

Filipa Simões destaca que a intenção foi “evidenciar cada obra, mas também mostrar o diálogo com a vida quotidiana da cidade”. As imagens são da autoria de David Lopo.

Se noutras cidades do mundo a arte de rua assume, muitas vezes, um carácter marginal, por ser realizada em locais proibidos, em Macau o posicionamento da “street art” é bem mais equilibrado, existindo “um diálogo forte com o mundo do graffiti na China Continental, mesmo pelas limitações de espaço no território”.

Assim, destaca Filipa Simões, “o modelo da obra encomendada é visto de uma forma mais positiva do que no panorama de ‘street art’ ocidental. Mesmo que na sua génese seja uma arte ‘marginal’, em Macau este equilíbrio entre a mensagem do artista e o interesse do Governo tem sido profícuo. No entanto, não é algo definidor do panorama de ‘street art’ local.”

A designer refere, neste ponto, o facto de já se encontrarem diversos exemplos de obras encomendadas por privados, além das iniciativas de grupos de artistas locais que têm fomentado esta área, nomeadamente a organização do festival “Outloud!”.

Potencial turístico

Filipa Simões entende que, nos últimos anos, se tem notado “maior abertura e interesse do Governo” em relação à arte de rua, pelo “potencial” que tem “na promoção cultural e do turismo”. “Vários sectores do Governo têm tirado vantagens disso, apropriando-se da narrativa de forma positiva. As iniciativas do Governo na qualidade de promotor ou financiador têm contribuído muito para a expansão da ‘street art’ em Macau”, disse ainda.

A designer não tem dúvidas de que a arte de rua “é uma ferramenta poderosa para promover a identidade cultural das cidades e activar zonas urbanas mais delapidadas e esquecidas”.

Neste sentido, nota-se que já existe “um interesse natural por parte dos turistas em fotografar as obras icónicas de graffiti”, o que demonstra que a arte de rua “adiciona mais uma ‘layer’ [camada] a Macau, que já de si é culturalmente muito densa e fascinante”.

Olhando para a história da arte de rua no território, a autora do livro refere que esta tem vindo a ser feita nos últimos 25 anos, apesar de estar ainda “numa fase inicial quando comparada com outras cidades da região ou mesmo internacionais”.

O facto de, no período da covid-19, Macau ter estado praticamente fechada ao mundo, com poucas saídas e entradas, espoletou a veia artística de muitos.

“A evolução nos últimos anos, mesmo em contexto condicionado pela covid-19, tem dado sinais de uma evolução muito rápida e positiva. O impacto é notório no ‘feedback’ que se obtém nas redes sociais, tanto da população local como de visitantes.”

28 Mai 2024

Dia da Criança | IPOR celebra efeméride com peça de teatro

O Instituto Português do Oriente (IPOR) acolhe, no próximo dia 1 de Junho, a peça de teatro infantil “Era uma vez (outra vez)”, encenada pela companhia de teatro ETCeterera, que virá a Macau de propósito para este espectáculo.

Segundo um comunicado do IPOR, a peça aborda “o imaginário dos irmãos Grimm e na relação entre dois irmãos que estão de férias numa aldeia sem acesso a novas tecnologias e, não sendo propriamente os melhores amigos, terão que conviver um com o outro para passar o tempo”. Desta forma, “os irmãos vão transformar os utensílios do dia-a-dia em marionetas para se divertirem e passar o tempo, acabando por descobrir que a amizade e o convívio são mais importantes do que as diferenças que os separam”.

A ETCetera é uma associação artística, criada e sediada em Vila Nova de Gaia e que tem vindo a trabalhar o teatro com actores profissionais, cujo trabalho assenta sob o lema “Teatro para Todos”. A companhia diz querer “proporcionar diferentes momentos teatrais a todo o tipo de grupo, género e idades”, bem como “experiências artísticas que não só se reflectem no crescimento enquanto alunos, mas também enquanto indivíduos ligados à arte tendo em conta que oferecemos o teatro como veículo de cultura e simultaneamente educação”.

28 Mai 2024

Humarish Club | Primeira exposição de Geng Defa em Macau

A galeria Humarish Club, no Lisboeta Macau, acolhe até 28 de Junho a exposição “All Things Bloom”, de Geng Defa, artista contemporâneo emergente que, pela primeira vez, expõe no território. Segundo um comunicado da organização, a mostra inclui 15 esculturas pintadas à mão e ainda 19 pinturas a óleo. A mostra é apresentada em Macau em colaboração com a galeria de arte chinesa JINSE.

Geng Defa é “um jovem artista imbuído de idealismo poético, cujas obras exalam uma fantasia surrealista romântica que transcende o mundo real”, descreve a organização do evento, que considera que as suas obras de arte “possuem uma qualidade curativa”, oferecendo “uma ‘habitação poética’ que permite ao público experimentar a vastidão do universo e o vazio da vida, captando também a essência do conceito Zen na filosofia chinesa”.

Os trabalhos de Geng Defa expressam ainda “uma energia explosiva e rápida que parece romper barreiras, construindo uma força externa depois de se libertar de constrangimentos”. O artista revela “um profundo respeito pelos atributos espirituais da natureza, da sociedade e da humanidade”.

Nascido em Lanling, província de Shandong, em 1986, Geng Defa é artista e docente. Doutorado, em 2020, pela Academia de Belas Artes de Xangai, ligada à Universidade de Xangai, Geng Defa é ainda membro da Associação de Artistas Chineses, membro da Sociedade Chinesa de Pintura a Óleo e director da Sociedade de Pintura a Óleo de Chongqing. Já realizou dezenas de exposições, sobretudo na China, sendo que as suas obras são também reveladas em diversos museus e galerias.

28 Mai 2024

10 de Junho | Lançado livro de J.J. Monteiro sobre “Vulgaridades Chinesas”

Será lançado no próximo dia 7 um novo livro de José Joaquim Monteiro, também conhecido por J.J. Monteiro. Já falecido, o autor, ou “poeta-soldado”, deixou muitos escritos por publicar, como é o caso de “Vulgaridades Chinesas”, apresentado agora no âmbito do cartaz de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas

 

Será publicado, a título póstumo, mais uma obra de José Joaquim Monteiro, também conhecido pelo nome de J.J. Monteiro ou como “poeta-soldado”. A apresentação de “Vulgaridades Chinesas”, obra nunca antes publicada do autor português que faleceu em Macau em 1988, decorre no próximo dia 7, às 18h30, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

Este lançamento está integrado no cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas e contará com a presença de Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), que apoia a edição, do professor António Aresta e do filho mais novo do autor, José Joaquim Monteiro Júnior.

O livro, editado em português e cuja edição tem também o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC), é, segundo um comunicado, “uma narrativa, em versos populares, sobre a única viagem de J. J. Monteiro ao interior e sul do País do Meio [China], atravessando pela sua primeira vez as Portas do Cerco”.

Na obra, descrevem-se também “a ‘praxis’ em Macau, as máximas confucianas, as adivinhas, provérbios e rifões do Monsenhor André Ngan [sacerdote], dos tropos de Luís Gonzaga Gomes [escritor, sinólogo e tradutor], e as várias gírias e alguns calões no dialecto cantonense”.

J.J. Monteiro faleceu sem ver muitos dos seus escritos editados em livro, iniciativa que tem vindo a ser realizada pelos seus descendentes nos últimos anos. “Vulgaridades Chinesas” é, assim, mais uma obra que entra para o rol das edições póstumas.

No prefácio, assinado por Jorge Rangel, descreve-se que “o IIM deu prioridade à publicação das obras inéditas de J. J. Monteiro, tarefa que contou sempre com a empenhada e qualificada colaboração dos seus filhos e netos”.

Para Rangel, trata-se de um “contributo seguro e decisivo para uma mais ampla difusão da sua invulgar obra”. O presidente do IIM diz ainda no prefácio concordar com as palavras de António Aresta que, no primeiro volume de “Figuras de Jade – Os Portugueses no Extremo Oriente”, apontou que “omitir ou rasurar José Joaquim Monteiro da literatura de Macau seria uma injustiça e um enorme empobrecimento estético”.

Anedotas e afins

J.J. Monteiro nasceu pobre em Tabuaço, Viseu, em 1913, tendo vindo para Macau cumprir o serviço militar, onde casou e formou família e acabou por se dedicar às letras, apesar da pouca instrução escolar que possuía. Nos livros que deixou abordou sobretudo a gastronomia local, o patuá, os modos de vida da comunidade chinesa e tantas outras particularidades de Macau como terra multicultural que sempre acolheu portugueses, chineses e macaenses.

Falecido em 1988, já não assistiu ao lançamento de “Anedotas, Contos e Lendas”, lançado em 1989; os dois volumes de “Meio Século em Macau”, em 2010, e “Memórias do Romanceiro de Macau”, em 2013. Todas estas edições têm sido fomentadas e apoiadas pelos seis filhos.

O padre Benjamin Videira Pires, figura histórica do clero local, ligado à imprensa religiosa, e autor do prefácio da obra “Macau Vista por Dentro”, chegou a desafiar J.J. Monteiro, em 1984, a escrever um livro apenas sobre anedotas, “por saber que possuía uma colecção inédita de anedotas que encheriam um almanaque”.

Assim nasceu a obra editada em 1989, onde o autor, “por desconhecimento da língua chinesa, baseou-se em informações por um dos seus filhos que se dedicou nesta obra, particularmente no que diz respeito aos calões e gírias”.

O comunicado do IIM destaca que “Macau Vista por Dentro” é a “obra magna” de J.J. Monteiro, pois revela “um visível amadurecimento e conhecimento profundo das origens e do percurso dos portugueses no Oriente, assim como aspectos relevantes da cultura da China milenar”.

28 Mai 2024

“Grand Tour” consagra Miguel Gomes em Cannes como melhor realizador

O realizador português Miguel Gomes venceu o prémio de melhor realização do Festival de Cinema de Cannes, em França, pelo filme “Grand Tour”, foi sábado anunciado na cerimónia de encerramento. É a primeira vez que Miguel Gomes é distinguido na competição oficial do festival de Cannes.

Miguel Gomes recebeu o prémio das mãos do cineasta alemão Wim Wenders e num curto discurso agradeceu ao cinema português, sublinhando a raridade que é haver filmes portugueses na competição oficial, e estendeu o agradecimento a “grandes cineastas” como Manoel de Oliveira, que o inspiraram a fazer cinema.

Há 18 anos, em 2006, na competição de longas-metragens esteve “Juventude em Marcha”, de Pedro Costa. A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento.

“Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse.

Durante a semana, em conferência de imprensa em Cannes, Miguel Gomes, 52 anos, explicou que “Grand Tour” é um filme “sobre a determinação das mulheres e a cobardia dos homens” e tem ainda como ponto de referência um livro de viagens, “Um gentleman na Ásia”, de Sommerset Maugham.

Périplo asiático

Na preparação deste filme, ainda antes da pandemia da covid-19, Miguel Gomes fez um arquivo de viagem pela Ásia – por exemplo, Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia, Japão -, para traçar o trajecto das personagens, recolhendo imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época de 1918.

Só depois desse périplo, Miguel Gomes rodou as cenas com os actores em estúdio, em Roma. O argumento é co-assinado pelo cineasta com Mariana Ricardo, Telmo Churro e Maureen Fazendeiro. “O que é interessante no cinema é que se pode viajar para um mundo alternativo, um mundo ficcional que contém todos os tempos; as memórias do tempo passado, o tempo actual em que vivemos, o presente”, disse Miguel Gomes na mesma conferência de imprensa.

“Grand Tour” foi produzido por Uma Pedra no Sapato, de Filipa Reis, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão. Miguel Gomes já tinha estado anteriormente em Cannes, na Quinzena de Cineastas onde apresentou “Aquele querido mês de Agosto” (2008), “As mil e uma noites” (2015) e “Diários de Otsoga” (2021), correalizado com Maureen Fazendeiro.

Miguel Gomes soma vários prémios em festivais internacionais, nomeadamente o prémio da crítica do festival de Berlim com “Tabu” (2012), o prémio de melhor realizador (repartido com Maureen Fazendeiro) no Festival Mar del Plata (Argentina) com “Diários de otsoga” (2021) e o prémio especial do júri em Guadalajara (México) com “Aquele querido mês de Agosto” (2009). A 77.ª edição do Festival de Cinema de Cannes começou no dia 14 e terminou sábado.

26 Mai 2024

Junho celebra “Dia do Património Cultural e Natural da China”

Decorrem, desde o dia 23, as inscrições para as actividades comemorativas do “Dia do Património Cultural e Natural da China”, que acontecem a partir de 8 de Junho, organizadas pelo Instituto Cultural (IC). Irão ter lugar vários workshops sobre a cultura tradicional chinesa em diversos espaços culturais a partir de 1 de Junho, este sábado.

Um deles é o “Workshop de gravação de sinetes”, que acontece no Museu Memorial de Xian Xinghai, ou ainda o “Workshop de Pintura dos 24 Termos Solares”, organizado na Casa da Literatura de Macau. Destaque ainda para os workshops sobre “Criação de Candeeiros de Bambu” na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, “Cianotipia” nas Ruínas do Colégio de S. Paulo, “Arte do Chá” na Casa de Lou Kau, o “Desenho do Património Cultural” no Jardim da Fortaleza do Monte, entre outros.

Entradas livres

Nos dias 8 e 9 de Junho a entrada no Farol da Guia será livre, permitindo ao público conhecer o seu interior, que “raramente está aberto ao público”, descreve o IC.

Além disso, a exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” terá sessões experienciais gratuitas em Junho, com o objectivo de “elevar o conhecimento dos residentes e turistas sobre o património cultural de Macau”.

Este período de entradas gratuitas decorre aos sábados e domingos, entre as 10h e as 10h30, entre os dias 8 e 30 de Junho. Além disso, serão realizados os passeios “Visita Guiada a Pé pela Fortaleza do Monte” e “Visita Guiada a Pé em Família até à Fortaleza do Monte” nos dias 8 e 9 de Junho, respectivamente.

Destaque ainda para a entrada gratuita no Museu de Macau entre os dias 8 e 11 de Junho das 10h às 18h. Serão também disponibilizadas visitas gratuitas na Casa da Literatura de Macau entre as 15h e as 16h nos dias 8 e 9 de Junho.

O “Dia do Património Cultural e Natural” foi anteriormente designado como o “Dia do Património Cultural”, sendo celebrado desde 2006. A partir de 2017, o “Dia do Património Cultural” passou a ser designado “Dia do Património Cultural e Natural”, com o objectivo de reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e da preservação do mesmo, aponta o IC.

26 Mai 2024

Magia | Macau é primeira paragem na digressão de Louis Yan

Louis Yan, natural de Hong Kong e um mágico mundialmente famoso, está na estrada com a digressão “My Faith Magic Tour 2024” e Macau será o primeiro ponto de paragem. Nos dias 7 e 8, e também 14 e 15 de Junho, o público local poderá desfrutar das artes mágicas do homem que detém um recorde do Guiness para a “Maior Lição de Magia”, ultrapassando o recorde de David Copperfield

 

Não canta, não dança, nem sequer representa. As artes de Louis Yan, natural de Hong Kong, são outras: ele faz magia e encanta quem o vê com o mistério associado a este tipo de espectáculo. Mundialmente conhecido e detentor de um recorde do Guiness, Louis Yan escolheu Macau para a primeira paragem da sua digressão, intitulada “My Faith Magic Tour 2024”. Assim, nos dias 7 e 8, bem como 14 e 15 de Junho, o público de Macau poderá ver de perto a “fé” do mágico, que actua no Wynn Palace, no Cotai.

Segundo um comunicado da operadora de jogo, que promove o evento, os dois espectáculos de Louis Yan prometem revelar as suas “extraordinárias habilidades, levando o público a uma viagem cativante cheia de transformações mágicas impressionantes”, numa experiência que promete ser “inesquecível”.

O tema da digressão, “A Minha Fé”, está relacionado com o facto de o mágico ter transformado a sua grande paixão numa “fé de vida”, que o tem guiado “numa viagem em todo o mundo que alcança milagres, um após o outro, e que deslumbra o público com magia e surpresa num piscar de olhos”.

Pelo mundo

Louis Yan obteve a distinção do Guiness com a “Maior Lição de Magia”, ultrapassando assim o recorde já atingido pelo mundialmente famoso David Copperfield. Ganhou ainda o “Merlin Award”, um importante prémio nesta área, que se pode considerar como os “Óscares da Magia”.

O mágico de Hong Kong já actuou ao lado dos actores chineses Leo Wu e Peng Yuchang, nomeadamente na gala do Festival da Primavera do canal de televisão CCTV, em 2020, além de ter realizado espectáculos em cidades como Los Angeles, Toronto e Sidney. Louis Yan foi também o primeiro mágico de Hong Kong a exibir as suas lides a solo em Las Vegas, uma das grandes capitais do jogo, a par de Macau. Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda, sendo que uma mesa para quatro pessoas custa 1.688 patacas.

A viagem de Louis Yan pelo mundo da magia começou a sério em 2010, ano em que começou a conquistar os primeiros prémios da sua carreira. Nesse ano, tornou-se no primeiro profissional de magia de Hong Kong a vencer o concurso Abbott dos EUA, considerada a capital mundial da magia. Além disso, Louis Yan sagrou-se vencedor, também em 2010, do 6.º Concurso Internacional de Magia de Palco Joker Magic da Hungria.

No ano seguinte, Louis Yan actuou no “Magic Castle” em Hollywood, EUA, além de ter representado Hong Kong, a convite do Governo, em quatro cidades europeias, nomeadamente Paris, Bruxelas, Hamburgo e Haia. Em Junho de 2011, Louis Yan ficou ainda mais conhecido do grande público por prever com sucesso o resultado da lotaria do Mark Six.

Na estação televisiva TVB, da região vizinha, Louis Yan é uma presença constante, tendo sido juiz e convidado do programa “Magic Battle”, além de ter sido o mágico convidado do programa “King of Street Magic” entre os anos de 2013 e 2017. Louis Yan é também o primeiro e único mágico de Hong Kong que realizou um espectáculo de magia com venda de bilhetes no KITEC StarHall.

26 Mai 2024

FRC acolhe debates comemorativos dos dez anos do Plataforma

O semanário bilingue Plataforma, por ocasião da celebração do décimo aniversário de existência, promove na próxima semana, entre os dias 27 e 30, quatro debates na Fundação Rui Cunha (FRC), num ciclo especial de conversas intitulado “Plataforma Talks”. Todos os debates começam às 18h30 e contam com diversas personalidades locais, focando-se nas áreas do ensino superior, banca, diplomacia e Direito, sob o mote “Redes para a internacionalização de Macau”.

O primeiro debate, na segunda-feira, conta com os advogados Frederico Rato, sócio fundador da LEKTOU e Oriana Pun, sócia do escritório PCC Lawyers. Por sua vez, na terça-feira, o debate versará sobre “Redes Bancárias”, contando com Carlos Cid Álvares, CEO Banco Nacional Ultramarino e Ip Sio Kai, vice-presidente do BOC Macau e deputado.

Na quarta-feira, dia 29 de Maio, a conversa incidirá sobre “Redes Universitárias”, contando com a presença de Agnes Lam, Directora do Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau e ex-deputada, e ainda Priscilla Roberts, professora de História e Cultura na USJ – Universidade de São José.

Por último, quinta-feira, dia 30 de Maio, o debate será sobre “Redes Diplomáticas”, tendo como convidados o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, e Danilo Henriques, secretário-adjunto do Fórum Macau. Os moderadores dos debates serão os directores do jornal, Paulo Rego e Guilherme Rego.

Diversificar e flexibilizar

Segundo um comunicado da FRC, estes debates pretendem dissecar o tema da diversificação económica que, “por mais sucesso que tenha, não irá alterar de forma dramática o peso do jogo no Produto Interno Bruto de Macau”. Contudo, “pode e deve mudar significativamente o perfil do emprego e a relevância nacional e internacional; além da cultura de exigência digna de uma sociedade de serviços moderna, ágil, competente e global”.

“Este é o ADN do PLATAFORMA, que desde a sua primeira edição defende o bilinguismo, a livre circulação de pessoas, a massa crítica estrangeira, e do continente, a diversificação económica e flexibilidade na atribuição de Bilhetes de Identidade de Residente”, é descrito na mesma nota. Para o semanário, estes factores constituem “pilares do projecto lusófono e da afirmação internacional de Macau”, defendendo que “se deve promover, ao mesmo tempo, uma sociedade de serviços multicultural, multilingue, flexível e competente, capaz de criar redes institucionais e profissionais que liguem China e Lusofonia, Oriente e Ocidente”.

24 Mai 2024

Concertos este sábado na FRC com as bandas “Lazy Jones” e “Weekend Jazz Group”

Os amantes de jazz terão nova oportunidade de assistir a um concerto deste género musical protagonizado por músicos locais. Amanhã, na Fundação Rui Cunha (FRC), tem lugar a partir das 21h, o concerto “Lazy Jones & The Weekend Jazz Group”, dois grupos que se apresentam novamente no palco da Galeria da FRC.

O grupo “Lazy Jones” é composto por cinco raparigas e deriva da Orquestra de Jazz Juvenil de Macau. Trata-se, segundo uma nota da FRC, de “um dos mais importantes projectos pedagógicos com músicos profissionais da Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), muitos deles professores da nova geração”.

As cinco jovens criaram, assim, “um promissor grupo que mostra grande potencial na selecção e interpretação do repertório, enquadrado entre os clássicos da Bossa Nova e o estilo Bebop, e cujo título remete para o famoso clássico de jazz ‘Have You met Miss Jones?'”, composta por Richard Rodgers em 1937 e que, entretanto, teve já diversas interpretações por parte de cantores e músicos, nomeadamente Robbie Williams.

A banda “Lazy Jones” é composta por Diana Piscarreta, na voz, juntando-se as irmãs Nana Chan e Twinkle Chan, na guitarra e no baixo, bem como Fanfan Cheung, na bateria. De frisar que as irmãs Chan já actuaram na Galeria da FRC com a banda da MJPA noutros eventos musicais.

A dobrar

A segunda parte do concerto de amanhã é protagonizada pelo “Weekend Jazz Group”, composto por músicos adultos e mais experientes da MJPA, nomeadamente Tony Lei no saxofone, Jerry Jiang no piano, Cathy Chan no baixo e Roy Tai na bateria. Este quarteto apresentará uma série de standards de jazz, com diferentes humores e vibrações, mostrando que a paixão dos artistas locais pela música continua bem viva, descreve a FRC.

A MJPA, co-organizadora da iniciativa “Saturday Night Jazz” com a FRC desde 2014 é uma associação artística local sem fins lucrativos, criada em 2010. O objectivo da MJPA é promover a música jazz junto do público e proporcionar oportunidades aos músicos locais, contribuindo para múltiplos projectos vocacionados para a juventude e realçando, assim, a característica multicultural do território.

24 Mai 2024

Camões | Nascimento do poeta celebrado com música e literatura

Os 500 anos do nascimento do grande poeta português Luís de Camões, celebrados este ano, vão ser assinalados pelo Instituto Cultural (IC) com diversos eventos, onde se inclui um concerto “dedicado aos livros ilustrados de poesia”, palestras temáticas e visitas guiadas na Casa da Literatura de Macau no próximo mês

 

O Instituto Cultural (IC) promove, no próximo mês, uma série de eventos que visa celebrar a efeméride dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas portugueses de sempre e autor da epopeia “Os Lusíadas”, escrita no século XVI. O nome de Camões está bastante ligado a Macau, existindo mesmo a Gruta de Camões no centro da península, no jardim com o mesmo nome.

O programa de celebrações inclui a realização de um concerto, visitas guiadas à Casa da Literatura de Macau e palestras temáticas. Segundo um comunicado do IC, o objectivo destas iniciativas é “promover o intercâmbio cultural entre a China e Portugal e aprofundar o conhecimento do público em literatura portuguesa”.

No dia 1 de Junho, às 15h, realiza-se o “Concerto de Livros Ilustrados de Poesia ‘Para Camões'”, na Casa da Literatura de Macau, com a participação da escritora local Ma Yingying.

Esta irá interpretar dez obras musicais originais, demonstrando, assim, “como se pode transformar poesia ilustrada numa viagem musical”, ao mesmo tempo que partilhará “com os participantes a comovente história de amor entre Camões e a jovem chinesa Dinamene”.

Por sua vez, no dia 2 de Junho, decorre a palestra “Encontro Romântico de Camões com Macau: O Poeta, a Cidade e os Seus Habitantes”, também na Casa da Literatura de Macau, protagonizada por Catherine S. Chan, professora assistente de investigação do Departamento de História da Universidade de Lingnan, em Hong Kong.

Nesta sessão será abordada, segundo uma perspectiva histórica, “a ligação entre Camões e Macau do século XIX ao XX, analisando-se a forma como Macau criou, reformulou e consolidou uma relação amorosa com Camões e a sua epopeia Os Lusíadas”.

Os detalhes

Também na Casa da Literatura serão organizadas visitas guiadas à iniciativa “Viagem Literária Através do Tempo e do Espaço – Um Encontro com Camões”, dia 8 de Junho, em duas sessões às 10h e 16h. A ideia é “dar a conhecer ao público a vida de Camões em Macau bem como as fontes da sua criatividade”, pretendendo-se levar os participantes a “apreciar a literatura, experimentar a aura literária e artística associada a Camões na cidade e embarcar numa viagem romântica que transcende o tempo e o espaço através da literatura”.

Luís Vaz de Camões (1524-1580), natural de Lisboa, é considerado o maior poeta da literatura em língua portuguesa, tendo “Os Lusíadas” conquistado a fama e ficado para a posteridade. Diz-se que Camões viveu durante algum tempo em Macau e que escreveu alguns capítulos de “Os Lusíadas” no Jardim de Luís de Camões.

Esta não é a primeira vez que o IC recorda o poeta português, tendo publicado diversos livros sobre os escritos de Camões, nomeadamente “100 Sonetos de Camões” e “Os Lusíadas”.

24 Mai 2024

Luís de Camões cimenta no Brasil a ligação dos emigrantes a Portugal

A dirigente associativa Noémia Serra realçou na quarta-feira o papel da figura de Camões na ligação das comunidades portuguesas do Brasil ao país de origem, contando que ela própria recuperou um busto do poeta na cidade de Santos.

Desempenhando há vários anos cargos de direcção no Centro Cultural Português (CCP), a artista, de 78 anos, disse à agência Lusa que a referida escultura do autor de “Os Lusíadas” estava em muito mau estado, na sede da colectividade, que congrega compatriotas há quase 130 anos, muitos deles oriundos de concelhos adstritos à Serra da Lousã.

O CCP é uma associação administrada por portugueses radicados naquela cidade portuária, no estado de São Paulo, que resultou da fusão, em 2010, do Centro Português de Santos, fundado em 1895, com a Sociedade União Portuguesa, criada em 1928.

“O busto de Luís de Camões estava muito degradado. Levei-o para minha casa e com muita paciência, durante meses, procedi ao seu restauro”, disse Noémia Serra, nascida em 1945 numa aldeia serrana da Lousã, distrito de Coimbra.

Concebido em finais do século XIX, de acordo com o estilo neomanuelino, evocando a saga dos Descobrimentos portugueses, o edifício do antigo Real Centro Português foi alvo nos últimos anos de vultuosos investimentos para assegurar boas condições de funcionamento às duas instituições culturais reunidas há 14 anos.

O Salão Camoniano, com pinturas inspiradas em “Os Lusíadas”, produzidas pelo espanhol A. Fernández, “estava muito abandonado e beneficiou também de especializados trabalhos de restauro”, que tiveram apoio do Estado Português, segundo Noémia Serra, radicada no Brasil desde a infância e que está em Portugal com o marido de visita aos familiares do casal.

Dedicação às artes plásticas

A portuguesa, que na actual fase da aposentação tem vindo a dedicar-se às artes plásticas, é vice-presidente do Elos Clube de Santos, que, apoiando as entidades congéneres da Praia Grande e de São Vicente, está envolvido nas comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões.

As cerimónias para toda a Baixada Santista vão decorrer no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, junto ao monumento a Camões, da autoria de Jorge Guerreiro, no município de São Vicente.

Inaugurado em 1980, com apoio da prefeitura, no âmbito do quarto centenário da morte do poeta, o monumento vai reabrir ao público no 10 de Junho, após requalificação promovida pelo Elos Clube vicentino, atualmente liderado por Celestino Domingues.

Desde o século XIX, no Brasil, Camões é igualmente evocado através da arte, por exemplo, no Real Gabinete Português de Leitura, uma biblioteca pública do Rio de Janeiro, também em estilo manuelino, a funcionar desde 1887, e no Clube Português de São Paulo, criado em 1920.

Em cerca de 55 anos de vida, rezam a história e as lendas, o poeta soldado Luís de Camões (1524-1580) andou pelo Norte de África, onde terá perdido um olho em combate, Ilha de Moçambique, Índia e Extremo-Oriente, tendo vivido, designadamente, em Macau.

Não viajou pelo Brasil, onde a armada de Pedro Álvares Cabral aportou em 1500. Ainda assim, meio século após ter nascido, o criador de “Os Lusíadas” povoa o imaginário algo patriótico dos portugueses que, desde o século XIX, buscaram “novos mundos” no maior país lusófono.

23 Mai 2024

Associação Sílaba cria novo projecto literário para promover português

Um novo projecto literário, a ser lançado no Dia da Criança, quer incentivar a leitura em português em Macau e vai chegar ainda este ano aos países lusófonos, disse à Lusa a responsável pela iniciativa. O “Dinis Caixapiz”, o mais recente projecto da Sílaba – Associação Educativa e Literária, contempla a assinatura trimestral de uma caixa com um livro infantil, uma versão do áudio dessa história e uma revista infantojuvenil.

“A melhor maneira de [as crianças] terem acesso a livros é receberem-nos em casa e conseguirem preparar a sua minibiblioteca. Além disso, as crianças nunca recebem correio em nome delas. Achei divertido criar uma caixa que seria entregue em nome do assinante, em vez de em nome dos pais”, explicou à Lusa a presidente da associação, Susana Diniz.

À caixa de correio vai chegar uma embalagem que permite às crianças ir “além da experiência tradicional de leitura”, lê-se ainda num comunicado da associação.

Esta caixa, além de poder ser recortada, é composta por elementos históricos e culturais “distintivos de Macau, referentes à presença portuguesa no território durante os últimos cinco séculos”.

“Permitindo a sua reutilização, alertando para o excesso de lixo produzido nos dias de hoje, estes elementos têm diferentes funções utilitárias para os jovens, estimulando, de igual forma, um momento em família através da exploração de técnicas artísticas no âmbito das manualidades”, afirma-se ainda na nota.

O “Dinis Caixapiz” vai ser lançado a 1 de Junho nas instalações do Instituto Português do Oriente, integrado nas comemorações de Junho – Mês de Portugal em Macau, e dirige-se a crianças falantes de português, com idades entre os 5 e os 12 anos, a escolas bilingues no território e professores de português como língua materna e ou de língua estrangeira.

“Falamos de um território especial, onde a língua portuguesa é cada vez mais promovida e procurada por parte de pais para os seus filhos, mas encontram grandes dificuldades na sua compreensão, interpretação e possível desenvolvimento”, indicou Susana Diniz.

Neste sentido, a responsável acredita que “todos os projectos de promoção da língua portuguesa são importantes para o desenvolvimento da língua e da cultura e para ajudar as crianças, neste caso, a olharem para a língua portuguesa como uma coisa divertida e que lhes permite criar outras coisas”.

Ainda este ano, assegurou a presidente da Sílaba, “haverá uma versão digital para os países de língua portuguesa”. A assinatura anual do “Dinis Caixapiz” compreende quatro volumes e custa 1.752 patacas, sendo que um único exemplar pode ser adquirido por 488 patacas.

23 Mai 2024

Escultura | Ren Zhe apresenta “Lendas da Cavalaria” em Macau

O MGM apresenta durante um ano a exposição do conhecido escultor chinês Ren Zhe inspirada nas personagens dos romances sobre artes marciais de Jin Yong, ou ainda na cultura Jianghu, que remete para os antigos forasteiros que viviam no país. As mostras, apresentadas no MGM Cotai e na Barra, intitulam-se “MGM X Ren Zhen – Exposição de Vendas de ‘Lendas da Cavalaria'” e “Exposição de Trajes e Armas de Jin Yong Wuxia Drama”

 

Já foi inaugurada na Galeria M Art, no MGM Cotai, a exposição do escultor chinês Ren Zhe, intitulada “MGM X Ren Zhe – Exposição de Vendas de Lendas de Cavalaria”, que mostrará ao público, incluindo coleccionadores, ao longo de um ano, 20 esculturas.

Segundo um comunicado do MGM, podem ser vistas e adquiridas “as primeiras esculturas oficialmente autorizadas, em todo o mundo, de personagens clássicas dos romances de artes marciais de Jin Yong”, bem como esculturas da série “Warriors” [Guerreiros], criada pelo próprio artista.

Apresentam-se, assim, as personagens clássicas dos romances de Jin Yong, nomeadamente “Os Heróis da Águia”, “Os Heróis do Condor”, “A Espada do Céu” e o “Sabre do Dragão” ou “A Raposa Voadora da Montanha Nevada”. Incluem-se ainda esculturas como “Qi Gu”, “Jing Ling” e “Shen Se”. “Lendas de Cavalaria apresenta peças distintas e históricas dos vários corpos de trabalho do artista”, retratando a cultura Jianghu (江).

Jianghu é um termo que remete para um período histórico na China em que os forasteiros que viviam no país se uniam numa espécie de irmandade, ganhando a vida através dos trabalhos manuais que executavam. Muitos deles eram, além de artesãos, mendigos, ladrões ou mesmo artistas marciais, pertencendo às camadas mais baixas da sociedade.

A cultura Jianghu inspirou muitos romances e filmes sobre artes marciais, numa influência que se nota até aos dias de hoje nas muitas publicações ao dispor no mercado. Foi este universo que Ren Zhe transportou para as suas peças.

Jin Yong, nascido em Zhejiang em 1924 e falecido em Hong Kong em 2018, foi um conhecido escritor chinês “wuxia”, cujas obras abordaram precisamente o mundo das artes marciais e cavalaria na antiga China, pautado pela cultura “Jianghu”. De frisar que “wuxia” é o nome dado a um género literário chinês muito próprio, onde impera o universo da fantasia, artes marciais e antigos guerreiros.

Vestuário na Barra

Na zona da Barra apresenta-se, em simultâneo, a “Exposição de Trajes e Armas de Jin Yong Wuxia Drama”, com ligação ao universo das obras do escritor chinês. Ambas as exposições são descritas como sendo “vibrantes”, conectando “o espaço de exposições do MGM ao bairro da Barra com o tema unificador dos ‘heróis de Jianghu'”.

As mostras incluem ainda manuscritos e outros artigos de arte desenhados por Ren, incluindo a colecção “ARTI-DIVINE”, uma série de produtos decorativos e “RE-DIVINE”, uma colecção de vestuário neo-chinês.

A MGM diz ser “a primeira empresa que, em todo o mundo, promove a apresentação da decoração e vestuário neo-chinês de Ren Zhe, que reinterpreta os elementos culturais tradicionais chineses através de um artesanato contemporâneo requintado”.

Tratam-se de duas exposições que revelam “o espírito de cavalheirismo e coragem dos heróis clássicos”, em que “todos os coleccionadores e aficcionados de arte mais exigentes podem participar neste encontro [em torno] de ‘Jianghu'”, onde o “heroísmo” é protagonista.

Nascido em 1983, Ren Zhe formou-se na Academia de Artes e Design da Universidade de Tsinghua, uma das mais conceituadas do país, sendo reconhecido pelo trabalho que combina a cultura tradicional chinesa com técnicas contemporâneas ocidentais.

A sua filosofia de trabalho e espírito artístico consistem na canalização “de uma presença externa formidável, desencadeando o ímpeto de uma energia impetuosa”. O artista pretende ainda “gravar imagens exteriores baseadas no carácter intrínseco” ou ainda “encarnar [nas obras que cria] o essencial do espírito”, através de uma criação que vem do interior.

Uma das últimas grandes exposições de Ren Zhe aconteceu em 2019, no Templo Imperial Ancestral de Pequim, junto à Cidade Proibida, intitulada “Qi — Ren Zhe Sculpture Exhibition” [Qi – Exposição de Escultura de Ren Zhen], que “causou sensação no mundo da arte”. Com esta mostra, o artista chinês tornou-se no primeiro artista contemporâneo a expor neste espaço histórico da capital chinesa. O trabalho de Ren Zhe tem também muita procura em leilões por parte de coleccionadores de arte, descreve a MGM.

23 Mai 2024

Mês de Portugal | Exposições, teatro e música animam celebrações. Regressa recepção à comunidade

Ao longo de 30 dias, cerca de 27 actividades vão assinalar o dia e o mês de Portugal na RAEM, que este ano distingue igualmente outras efemérides como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de soberania de Macau

 

O regresso da recepção à comunidade portuguesa na Bela Vista é um dos destaques das celebrações de Junho Mês de Portugal. No ano em que as celebrações vão também assinalar outras efemérides, como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de Macau, a residência consular volta a abrir as portas para a comunidade, o que acontece pela primeira vez desde a pandemia da covid-19.

“A recepção do 10 de Junho volta ao seu lugar natural e, como sempre, independentemente do envio de convites, que já está a ser feito, é também aberta a todos os portugueses, desde que tenham documento de identidade portuguesa”, afirmou o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, durante a conferência de apresentação do mês de Portugal. “Todos são bem-vindos, sem qualquer outra formalidade”, acrescentou.

A recepção incluiu não só os discursos oficiais, tanto dos representantes de Portugal, e também da RAEM, como a oferta de comida e bebida. O programa com as festividades foi apresentado ontem e conta com 27 actividades, entre exposições, lançamento de livros, ‘workshops’, seminários e até um arraial, que envolve 16 associações locais.

O Arraial de Santo António vai ter lugar na Escola Portuguesa de Macau e disponibiliza concertos, comes e bebes, karaoke e jogos. No dia 15 de Junho, há um concerto de música popular portuguesa a cargo de Tomás de Ramos de Deus, Miguel Andrade, Paulo Pereira, Ari Calangi, João Rato e David Rato. No dia seguinte, a animação fica a cargo do coro da Casa de Portugal, há um espectáculo de Robertos de Sérgio Rolo, e os intérpretes do dia anterior voltam a tocar.

Viagem aérea

Outro dos destaques do programa, passa por uma exposição sobre a primeira viagem aérea entre Portugal e Macau, uma vez que também se assinala o centenário desta aventura épica.

A exposição vai ser inaugurada a 20 de Junho e manter-se-á no local até ao dia 30. Com a inauguração é realizada igualmente uma conferência sobre a viagem de Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, que começou em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 7 de Abril de 1924.

O evento vai contar com a presença do director do Museu do Ar da Força Aérea Portuguesa, Carlos Mouta Raposo, e com o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro. No dia seguinte, a 21 de Junho, uma conferência semelhante vai ser realizada no Club Lusitano, em Hong Kong, onde a viagem praticamente terminou, devido a uma aterragem forçada, que aconteceu a 20 de Junho de 1924.

Roteiro da Gastronomia

Para os apreciadores de gastronomia, o mês de Portugal oferece igualmente a possibilidade de experimentar vários restaurantes com comida portuguesa na RAEM a preço de saldos.

A iniciativa Roteiro Gastronómico – Comer e Beber à Portuguesa vai ser realizada pelo segundo ano consecutivo, e os interessados vão poder usufruir de um desconto de 10 por cento nos restaurantes que aderirem à actividade. Ontem, a lista ainda estava a ser ultimada, mas o objectivo da organização passa por conseguir apresentar uma lista com 20 espaços diferentes, o que seria o dobro face ao ano passado.

Além dos descontos imediatos, os participantes do Roteiro da Gastronomia podem ainda habilitar-se a participar num sorteio que vai atribuir vales para refeições grátis para duas pessoas.

Por sua vez, a Casa de Portugal em Macau vai colocar na varanda da sede “um Camões de grande tamanho”, uma instalação da artista portuguesa Elisa Vilaça, de acordo com a presidente da associação, Maria Amélia António. Neste momento, ainda está a ser equacionada a possibilidade de em certos momentos haver música ao vivo com a instalação.

O tempo das crianças

A pensar nos mais novos também estão programadas várias actividades. No dia 1 de Junho, vai ser exibida a peça de teatro “Era Uma Vez (Outra Vez)”, a cargo da companhia ETCetera Teatro. A peça aproveita o imaginário dos irmãos Grimm e explora a relação entre dois irmãos que estão de férias numa aldeia sem acesso às novas tecnologias.

Nos dias 8,9,15 e 16 de Junho vão ser realizados workshops para pais e filhos de construção de brinquedos em madeira, na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal de Macau. As inscrições têm de ser feitas junto da Casa de Portugal, até 6 de Junho, e estão abertas a crianças com idades entre os 5 e 10 anos.

Atrair novos públicos

Sobre a realização do mês de Portugal, Alexandre Leitão destacou a necessidade de ser criado um programa cada vez mais apelativo, que tenha capacidade para mobilizar não só a comunidade, mas todas as comunidades em Macau. O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong indicou também que o futuro passa por disponibilizar diferentes actividades pelas quais as diferentes comunidades considerem que vale a pena pagar.

“Verificamos que muitas vezes os jovens saem da Escola Portuguesa de Macau e de outras instituições onde se ensina a língua portuguesa a falar muito bem português, mas não conhecem a cultura, literatura, música e outros aspectos culturais ligados a Portugal e à lusofonia”, afirmou. “Queremos promover uma literacia cultural, se assim quisermos dizer, que a prazo crie um público que procura, que está disposto a pagar […] É importante [criar o público] porque é muito simpático ter um apoio forte do Governo da RAEM, ter uma boa disponibilidade do Governo de Hong Kong que nos foi sinalizada há pouco tempo, ter um instituto cultural com o qual temos uma boa relação, mas estas coisas um dia podem mudar, por diversíssimas razões. E o que é sustentável é haver um gosto e um público vasto pela música, pelas artes plásticas, pelo teatro e pela dança de expressão portuguesa e com isso vir a vontade de consumir e a disponibilidade para pagar um bilhete”, justificou.

Apesar da apresentação do programa ter acontecido ontem, este não está totalmente finalizado e, nos próximos dias, podem ser apresentadas mais actividades, como uma feira do livro.

Em aberto

Quando questionado ontem com a possibilidade de membros do Governo se deslocarem a Macau para participarem nas celebrações do 10 de Junho, Alexandre Leitão explicou aguarda uma decisão do Conselho de Ministros. De acordo com o cônsul, a representação de Portugal em Macau mostrou interesse em receber a visita de membros do Governo, mas a decisão depende de Lisboa. Também durante o mês de Junho, Macau deve receber a visita do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.

CALENDÁRIO DE EVENTOS

1 de Junho

15h00 Teatro Infantil: Era uma Vez (outra vez) Local: IPOR

16h00 Lançamento de Produto Literário para Crianças: ‘DinisCaixapiz’; Local: IPOR

17h00 Inauguração da Exposição de Fotografia: Para os olhos dos jovens (de espírito) – Francisco Ricarte; Local: Galeria Inferior da Casa Garden, exibição até 30 de Junho

Todo o Dia: Instalação – Luís de Camões 500 anos do Nascimento Local: Varanda da sede da CPM

2 de Junho

10h30 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte

15h00 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte

4 de Junho

18h30 Exposição de Fotografias e Lançamento de Livro “Macau Patterns”; Local Fundação Rui Cunha

6 de Junho

18h30 Exposição Individual de Diogo Muñoz – MACAU FOREVER; Local Albergue SCM Galeria 2

7 de Junho

18h30 Lançamento do livro “Vulgaridades Chinesas” (IIM); Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal

20h00 Concerto Sino- Português Capitão Fausto x David Huang; Local MGM COTAI

8 de Junho

15h00 Seminário Sobre os Projectos de Alta Tecnologia em Portugal e Macau; Local Restaurante Plaza, 1.º Andar, Salão Lótus

15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal

17h00 Exposição de Fotografia A Presença de Matriz Portuguesa em Macau – Halftone; Local Galeria de Exposições do Bela Vista

9 de Junho

10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal

10 de Junho

09h00 Hastear da Bandeira; Local Consulado de Portugal

10h00 Romagem à Gruta e Camões; Local Jardim de Camões

18h00 Recepção à Comunidade; Local Bela Vista

12 de Junho

18h30 Festa Gastronómica Portuguesa; Local Baccara Room, Sofitel

13 de Junho

18h30 Inauguração da Exposição das Sardinhas – Arraial de Santo António; Local Casa de Vidro

14 de Junho

18h30 Exposição Made with love by Vista Alegre BORDALLO PINHEIRO; Local Galeria Amagao Artyzen Grand Lapa Macau

15 de Junho

15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal

18h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau

16 de Junho

10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal

14h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau

17 de Junho

18h30 Apresentação da Edição e Exposição 10.6 Víctor Marreiros; Local Clube Militar

18 de Junho

18h30 Desafios Orientais Exposição de Pintura em Porcelana – Rui Calado; Galeria da Fundação Rui Cunha

20 de Junho

15h00 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal

21 de Junho

18h30 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Club Lusitano Hong Kong

24 de Junho

18h30 Palestra – 500 Anos da Língua de Camões e a Evolução Cultural de Portugal em Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal

25 de Junho

18h30 Palestra – Seminário Oportunidades de Comércio e Negócios em Portugal da Associação Comercial de Macau; Local Associação Comercial de Macau

27 de Junho

18h30 Clube de Leitura; Local IPOR Biblioteca Camilo Pessanha

28 de Junho

Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão

29 de Junho

Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão

30 de Junho

Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão

22 Mai 2024

FAM | Bailado, ópera, música e teatro em destaque no próximo fim-de-semana

O cartaz do Festival de Artes de Macau prossegue no próximo fim-de-semana com espectáculos para todos os gostos, desde o ballet da ópera de Lyon “A Bella Adormecida”, coreografado pelo espanhol Marcos Morau, ao concerto de Frances Yip com a Orquestra Chinesa de Macau

 

A 34.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) continua este fim-de-semana a presentear os espectadores locais com uma mescla de espectáculos de bailado, música, teatro ou ópera. Destaque para o bailado “A Bela Adormecida”, com o grupo de Ballet da Ópera de Lyon, que decorre na sexta-feira e sábado às 20h e domingo às 15h no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Este é, segundo o programa do FAM, um “bailado clássico transformado em conto contemporâneo” graças à coreografia do espanhol Marcos Morau. Trata-se de uma nova abordagem à “icónica partitura de Tchaikovsky transportada para o nosso tempo”, com um “poderoso elenco que irrompe através da aparente simplicidade do cenário”.

“A Bela Adormecida” é descrito como “um incontornável conto de fadas”, sendo que a leitura do grupo de Ballet da Ópera de Lyon recorre a uma “paleta de mecanismos teatrais para criar um universo meticuloso, povoado por figuras misteriosas e imagens etéreas”. Marcos Morau decidiu trazer uma história bem conhecida do público em geral para os tempos actuais, questionando “o que iria a princesa Aurora sentir se acordasse do seu longo sono no mundo actual”.

O Ballet da Ópera de Lyon regressa a Macau 19 anos depois, trazendo a produção de um coreógrafo que se tem distinguido no mundo da coreografia e do espectáculo com vários prémios, o que lhe valeu colaborações com diversas companhias.

Também este fim-de-semana, acontece outra apresentação por uma associação local, desta feita a Associação de Arte Teatral Dirks. Trata-se de “Anamnese n.º: XXXX”, que sobe ao palco do Estúdio II do CCM na sexta-feira, às 19h45, sábado, às 14h45 e 19h45, e domingo às 14h45.

Com encenação, tradução e adaptação de Ip Ka Man, esta peça é uma adaptação de “Equus”, do dramaturgo britânico Peter Shaffer. Segundo a organização do FAM, este espectáculo traz “uma pujante interpretação contemporânea desta história patológica inspirada em acontecimentos reais”.

A história centra-se no dia-a-dia de uma pequena vila onde as pessoas vivem vidas rotineiras. Contudo, uma certa noite, essa rotina aborrecida é alterada graças a um acidente que vitima um rapaz tímido e obediente que ataca seis cavalos, deixando-os cegos. A comunidade não perdoa o acto selvagem do rapaz, encaminhando-o para uma consulta de psiquiatria antes de ser julgado em tribunal. Porém, no decorrer da terapia, o médico percebe que o jovem tem uma fixação por cavalos, levando-o a questionar o que pode ser, de facto, ser considerado normal.

O lugar da música

No sábado, o FAM acontece também na sala de espectáculos do Londoner Theatre com o concerto de Frances Yip com a Orquestra Chinesa de Macau, às 20h.

Conhecida por ser a “Rainha da Canção”, Frances Yip, natural de Hong Kong, é uma conhecida voz da música pop que sobe ao palco neste concerto com uma roupagem musical mais clássica.

Desde os anos 80 que Frances Yip se tornou conhecida no panorama musical graças à interpretação do tema “The Bund”. “Poderosa, mas terna, a sua voz é um deleite para quem a ouve”, descreve a organização do FAM, sendo que ao longo de mais de 50 anos “inúmeras das suas canções em cantonense tornaram-se bastante conhecidas”, ao ponto de fazerem parte das bandas sonoras de muitas das telenovelas produzidas em Hong Kong nos anos 80 e 90.

Neste espectáculo integrado no FAM Frances Yip apresenta “o seu melhor repertório”, tendo como maestro Chew Hee Chiat e Bo Luk como convidado especial.

Outro destaque do FAM para este final de semana, é uma peça de teatro que traz uma nova visão do clássico “Mcbeth”, de William Shakeaspeare. “Macbettu”, da autoria do Teatro Sardenha, apresenta-se este sábado e domingo às 19h45 no pequeno auditório do CCM.

Com encenação e cenografia do italiano Alessandro Serra, “Macbettu” é feito com um elenco completamente masculino, apresentando “uma história de ambição e traição”. O público poderá ver “um espectáculo de imagens, sons e gestos hipnotizantes”, que leva os espectadores ao passado. Com “Macbettu”, revisitam-se “arquétipos clássicos através de rituais ancestrais, um conflito de personagens contra as forças primordiais da natureza”. “Um espaço vazio é esparsamente povoado por rochas, poeira, ferro e sangue, cruzado pela fisicalidade marcial dos actores. O cenário sombrio delineia locais e evoca presenças numa peça que consagrou o trabalho de Serra na cena internacional”, refere ainda a organização.

O FAM sai também das principais salas de espectáculo locais para se apresentar nos bairros comunitários. “Disse Ela”, da companhia Chan Meng, apresenta-se este sábado e domingo, às 20h, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), no bairro de São Lázaro.

Este espectáculo remete para a história do próprio local onde se apresenta, pois o albergue foi, outrora, um abrigo para os pobres, tendo sido conhecido como “Casa dos Avós” após a II Guerra Mundial, tendo acolhido mais de 100 idosas.

No pátio situado no meio dos dois edifícios antigos apresenta-se “Disse Ela”, em que uma senhora “dança graciosamente sob as árvores, como se quisesse contar algo e partilhar o que lhe vai na mente”. Esta é uma produção de dança teatral com ligação ao ambiente que rodeia o próprio espectáculo, e que aborda “o tema da individualidade feminina, funde o movimento com canções de ópera cantonense e integra elementos musicais chineses e ocidentais”.

Na Casa do Mandarim tem lugar o espectáculo de ópera chinesa Kunqu “As Cadeiras”, da Companhia de Ópera Kunqu de Xangai. As apresentações acontecem este sábado e domingo às 17h. A dramaturgia original deste espectáculo é da autoria de Eugène Ionesco, apresentado em 1952, com o texto a ser adaptado por Yu Xiating.

“As Cadeiras” trata-se de um “espectáculo minimalista que nos leva a reflectir sobre o sentido da vida, o amor, solidão e o mundo que nos rodeia”, fazendo uma fusão entre o teatro e uma das mais antigas formas de ópera chinesa, o Kunqu, com origem na dinastia Yuan e que combina gestos, poesia, canto e dança.

A história acontece numa ilha deserta onde se encontra um casal de velhos que coloca cadeiras prontas para acolher uma série de convidados invisíveis. São eles “amigos de longa data e os primeiros amores, as suas crianças e o próprio imperador”. Surge depois um último convidado que revela ao casal que tudo aquilo não passa de uma ilusão, e que “as suas vidas foram apenas um sonho absurdo”.

“As Cadeiras” tem estado em digressão mundial, tendo estreado no Japão e passado por salas de espectáculo na China, Rússia e Albânia.

21 Mai 2024