Fotografia | “Wing Shya +853”, uma mostra para ver na GalaxyArt

Fotografia, arte, cinema e moda conjugam-se no trabalho de Wing Shya, fotógrafo e cineasta de Hong Kong. A exposição “Wung Shya +853”, que pode ser vista até 29 de Dezembro na galeria GalaxyArt, tem Macau como o principal foco da lente do artista

 

A galeria GalaxyArt acolhe, até 29 de Dezembro, a primeira exposição individual do conhecido realizador de cinema e fotógrafo de Hong Kong Wing Shya, intitulada “Wing Shya +853 – Momentos em Macau”. Com curadoria de Sean Kunjambu, colaborador de longa data do fotógrafo, e apoiado pela revista Vogue de Hong Kong, a exposição sugere “uma viagem a Macau através da justaposição de cores vibrantes e intensas de décadas passadas com as paletas tranquilas e serenas das obras actuais de Shya”, refere a Galaxy.

Joanna Lui Hickox, directora executiva da GalaxyArt, considera que esta mostra vai de encontro “às convicções e intenções originais” da operadora de jogo em “organizar várias exposições com o compromisso de apoiar o desenvolvimento diversificado da cultura local, arte, desporto e turismo em Macau”. A responsável espera que quem visite a exposição possa ver “um lado diferente de Macau através da objectiva de Wing Shya”.

“Wing Shya +853 – Momentos em Macau” inclui três zonas diferentes que dispõem de efeitos multimédia e proporcionam “experiências imersivas” aos visitantes. Além de se apresentar uma selecção de fotografias de arquivo de Shya tiradas em Macau, a mostra tem ainda como destaques a criação de Shya e Kunjambu para a Vogue de Hong Kong, protagonizada pelo actor da série sul-coreana “Squid Game”, Lee Jung Jae, fotografado na Casa do Mandarim, um dos monumentos classificados como Património Mundial da UNESCO.

A exposição contém ainda imagens de arquivo tiradas por Shya a figuras icónicas da indústria cinematográfica, incluindo a actriz chinesa Gong Li, Gwei Lun-Mei, Du Juan e Huang Xiaoming.

Os mundos de Shya

Nascido na década de 1960 em Hong Kong, Wing Shya é um artista versátil que transita entre os domínios do cinema, arte, design e moda. Depois de completar os estudos em belas-artes no Canadá, o artista fundou o aclamado estúdio de design “Shya-la-la Workshop”. Em 1997 Shya iniciou a colaboração com o famoso realizador de cinema Wong Kar-Wai no filme “Happy Together”, parceria que estava destinada a continuar nas películas “In the Mood for Love”, “Eros” e “2046”.

Anos mais tarde, Wing Shya decidiu aventurar-se pelo mundo do cinema, tornando-se realizador e trabalhando em diversos videoclipes de músicos como Jacky Cheung e Li Yuchun. Além disso, o seu trabalho incidiu também na produção de vídeos de arte e publicidade em colaboração com diversas marcas do mundo da moda e da alta-costura, nomeadamente a Yves Saint Laurent. Wing Shya conseguiu ainda um grande êxito de bilheteira com a película “Hot Summer Days”.

Nos últimos anos, o artista tem colaborado com instituições e organizações de arte de renome internacional, como o Museu Mori Art em Tóquio, o Museu V&A no Reino Unido, a Galeria Louise Alexander em Itália e a Galeria +81 em Tóquio e Nova Iorque.

10 Out 2023

Camané regressa para actuar com a Orquestra Chinesa de Macau

O fadista português Camané vai regressar a Macau para mais um concerto com a Orquestra Chinesa de Macau. O espectáculo integrará o cartaz do 5º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, anunciado na última sexta-feira. O concerto não tem ainda uma data marcada.

Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), este festival pretende ser “uma plataforma de intercâmbio cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, apresentando 70 actividades divididas em sete séries, realizando-se entre este mês e Dezembro em vários bairros e conhecidos locais históricos do território. As actividades incluem o Festival da Lusofonia, a Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português, a Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa, os espectáculos de Música e Dança Tradicional na Comunidade, o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa e um workshop de prova de vinhos.

Com esta série de eventos, o IC espera “criar uma importante plataforma para o intercâmbio artístico e cultural internacional na cidade, promovendo constantemente o desenvolvimento desta como centro de intercâmbio cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Um regresso

Camané, um dos mais conhecidos fadistas portugueses da nova geração, actuou pela primeira vez em Macau nos anos 90 e depois em 2007, também com a Orquestra Chinesa de Macau, num espectáculo de duas horas no Centro Cultural de Macau sob a batuta do maestro Pang Ka Pang.

O programa do concerto incluiu sonoridades ocidentais e orientais, com nomes como Rão Kyao, Guan Naizhong ou He Xun Tian, entre outros. Cantaram-se ainda alguns dos fados mais conhecidos do artista, nomeadamente “Ela Tinha uma Amiga”, com letra de Maria do Rosário Pedreira, e “A Cantar é que te Deixas Levar” ou “Se ao Menos Houvesse um Dia”.

Sobre esse espectáculo, Camané disse à Lusa, na altura, que havia gostado “imenso do maestro e da ligação que conseguiram criar com os meus músicos”. “Foi um trabalho até de alguma atenção, nas paragens, por exemplo, porque tiveram de aprender algumas palavras em português para perceber o tempo da sílaba”, descreveu, ao recordar a forma “calorosa” com que foi recebido pelo público chinês e pelos muitos portugueses que encheram a sala. Em 2013, Camané actuou no Venetian no âmbito do Festival Literário Rota das Letras, ao lado da banda portuguesa Dead Combo.

9 Out 2023

Henrique de Senna Fernandes | Livro realça lado “polivalente” do autor

Lançado na sexta-feira, pela Praia Grande Edições, “Cem Anos de Henrique de Senna Fernandes”, dirigido por Lola Geraldes Xavier, apresenta um retrato das múltiplas perspectivas da vida e obra do autor macaense. A académica entende que a obra de Henrique de Senna Fernandes continua a despertar interesse

 

Autor de “Amor e Dedinhos de Pé” e “A Trança Feiticeira”, Henrique de Senna Fernandes continua a ser tido por muitos como o maior autor macaense, aquele que sempre se disse português de Macau e teimou em escrever na língua de Camões.

Na última sexta-feira, primeiro dia do festival literário Rota das Letras, foi lançada a obra “Cem Anos de Henrique de Senna Fernandes”, com coordenação de Pedro D’Alte e direcção de Lola Geraldes Xavier, docente da Universidade Politécnica de Macau (UPM). Ambos pertencem a um grupo de investigadores “com interesses pelas literaturas e culturas em português”, intitulado “Ecoador”, que inclui outros académicos, nomeadamente de Macau, como Lu Jing, estudante bolseiro de doutoramento da UPM, e Yang Nan, mestre em Língua e Cultura Portuguesa pela Universidade de Macau.

A obra reúne um conjunto de ensaios sobre Henrique de Senna Fernandes da autoria de académicos deste grupo “informal e sem qualquer financiamento”. “O acolhimento [do projecto] da parte de uma editora com os mesmos interesses [celebrar o centenário do nascimento do romancista] é muito louvável”, disse Lola Geraldes Xavier.

Essencialmente o livro “pretende colocar em diálogo vários modos artísticos” do autor macaense, contando também com ilustrações de Dilar Pereira e um ensaio fotográfico de Sara Augusto. “As contribuições são diversas e multidisciplinares, da parte de investigadores da Literatura, Filosofia, História, Direito, Economia ou Sociologia, entre outros. Os temas são igualmente múltiplos: revisão da literatura sobre o autor, enfoque sobre alguns contos, romances, biografia, gastronomia na obra de Senna Fernandes ou a importância histórico-cultural das suas publicações.”

Em declarações ao HM, Miguel de Senna Fernandes referiu que “é importante o lançamento deste livro”. “Agradeço desde já a todos os que quiseram demonstrar a admiração pelo trabalho de Henrique de Senna Fernandes, [sem esquecer] as várias actividades que decorreram este ano sobre a obra do meu pai. Infelizmente, não tive tempo para participar neste livro”, acrescentou. Além disso, a publicação do livro representa “um marco importante no que diz respeito à figura que foi Henrique de Senna Fernandes, sendo um inestimável tributo a este escritor de Macau”.

Os vários lados de Henrique

Nas primeiras páginas do livro, Pedro D’Alte descreve Henrique de Senna Fernandes como uma figura “versátil, polivalente e conciliadora”. Lola Geraldes Xavier concorda, destacando que a versatilidade do autor se denota mais “ao nível dos géneros literários que tratou e das profissões e cargos que abraçou”. Henrique de Senna Fernandes foi também uma figura “conciliadora” devido às “relações interétnicas que cultivou, quer biográfica quer literariamente”.

“Creio que a marca que deixou na comunidade de Macau e macaense, em particular, pela sua intervenção cívica e cultural, será, porventura, um legado em pé de igualdade com o literário”, acrescentou. Considerando ser essencial traduzir mais Henrique de Senna Fernandes para chinês e inglês, Lola Geraldes Xavier entende que a essência da sua escrita se sente com mais intensidade nos romances, “que têm chamado mais a atenção de estudiosos e cineastas”, ao invés dos contos.

“No entanto, ele começou por ser premiado por um conto, nos jogos florais da Queima das Fitas da Universidade de Coimbra, em 1950, por ‘A-Chan, a tancareira’. Os contos carregam em si o embrião de alguns romances, pelas temáticas, espaços, tempo ou tipos sociais de personagens.”

O seu filho destaca que, em Macau, “ele é conhecido, acima de tudo, como professor, sobretudo pela comunidade macaense, pois foi professor de história de muitas gerações, tanto no liceu como na Escola Comercial Pedro Nolasco”.

“Ele é recordado, carinhosamente, por ‘senhor professor’, mas claro que a escrita lhe deu outra dimensão. Ele marcou uma época e a história de Macau e quem lê Henrique de Senna Fernandes faz uma viagem no tempo”, frisou.

Um autor (ainda) a descobrir
Neste livro de ensaios, Lola Geraldes Xavier fez um estudo sobre o estado da arte em relação ao que já se publicou sobre os escritos de Senna Fernandes, em parceria com Chen Gaozhao, estudante de doutoramento em português na UPM. As conclusões mostram que “na década do século XX o autor continua a despertar interesse, inclusivamente na academia”.
As palavras de Senna Fernandes não se esgotam nos romances mais conhecidos, muitos deles editados pelo Instituto Cultural, havendo ainda escritos por publicar, nomeadamente a obra “O Pai das Orquídeas”, livro no qual Henrique de Senna Fernandes estava a trabalhar antes de morrer, em 2010, sem esquecer os demais contos que ficaram em papel.
“Do que já está publicado, ‘Mong-Há’ é o livro menos estudado, tal como são menos estudados temas relacionados com aspectos sociológicos, como personagens, a tradução, a diáspora e biografia, por exemplo”.
Os cenários que surgem nas obras de Henrique de Senna Fernandes fazem parte de um certo imaginário de uma Macau em constante mudança socioeconómica. Neste sentido, questionámos Lola Geraldes Xavier se os escritos do autor macaense se poderão tornar numa quase de referência histórica ou antropológica.
A docente da UPM recorda que “ainda em vida o autor tinha consciência desse desaparecimento e, talvez por isso, também da importância do seu legado”. Lola Geraldes Xavier destaca os casos dos escritos de outros autores portugueses de Portugal, nomeadamente Almeida Garrett e Eça de Queirós, questionando se se transformaram, de facto, em referências históricas. “A literatura é uma arte social, logo histórica, mas a sua essência ultrapassa essas fronteiras, pelo que todo o grande escritor sobrevive pela inserção da sua obra no cânone literário e não na história”, considerou. Para Miguel de Senna Fernandes, as obras do seu pai constituem “uma memória”, tendo em conta “tudo aquilo que se vai desfazendo em Macau”.

9 Out 2023

Prémio Nobel da Literatura | Jon Fosse diz estar “surpreso, mas não muito”

O escritor norueguês Jon Fosse, galardoado ontem com o Prémio Nobel da Literatura, disse estar “surpreso, mas não muito” com o anúncio da Academia Sueca. “Fiquei surpreso quando eles ligaram, mas ao mesmo tempo não muito”, disse o escritor de 64 anos à emissora pública norueguesa NRK.

Jon Fosse, cujo nome como potencial galardoado com este prémio circulava há décadas, disse que estava “preparado”. “Tenho-me preparado, nos últimos 10 anos, cautelosamente para o facto de que isto poderia acontecer. Mas não esperava receber o prémio hoje, mesmo que houvesse uma hipótese”, disse Jon Fosse.

O escritor e dramaturgo, autor nomeadamente de “Rouge, noir” e “Rêve d’Automne” encenados em França por Patrice Chéreau, recebeu o telefonema da Academia Sueca enquanto conduzia perto de Bergen, na costa oeste da Noruega.

Com o nome regularmente presente nas previsões, a sua editora norueguesa Samlaget preparou um comunicado de imprensa antes do anúncio do Prémio Nobel da Literatura. “Estou emocionado e grato. Considero que este é um prémio para a literatura que pretende acima de tudo ser literatura, sem qualquer outra consideração”, lê-se no comunicado.

Fosse em português

A Academia Sueca reconheceu Jon Fosse “pelas suas peças inovadoras e prosa que deram voz ao indizível”, citando “Septologian”, um romance em sete capítulos e três volumes, ainda não traduzido.

Em Portugal, múltiplas das suas obras estão publicadas, com destaque para o trabalho feito pelos Artistas Unidos, que desde 2000 encenam as suas peças, a começar com “Vai Vir Alguém”, levada ao palco por Solveig Nordlund. Nos Livrinhos de Teatro, dos Artistas Unidos e da editora Cotovia, estão publicadas “A Noite Canta os seus Cantos”, “Inverno”, “Lilás”, “Conferência de Imprensa e Outras Aldrabices”, e “Sou o Vento/Sono/O Homem da Guitarra”.

Entre outras edições, a Cavalo de Ferro tem vindo a publicar a prosa de Fosse, com destaque para “Trilogia” (2022) e “Septologia I-II” (2022). O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.

6 Out 2023

Sara F. Costa, poetisa, tradutora e participante do Rota das Letras: “Macau é um rodopio multicultural”

Sara F. Costa autora e tradutora, protagoniza as primeiras sessões de domingo, do Rota das Letras, onde irá conduzir o workshop “Como Traduzir um Poema Chinês”, apresentando uma hora depois, às 12h, o seu mais recente livro de poesia, “Ser-Rio-Deus-Corpo”. Ao HM, a autora fala do festival que conhece bem e que considera fundamental

 

Que importância atribui ao regresso sem limitações do festival literário Rota das Letras?

A literatura deve apresentar-se sempre a par das alterações de dinâmica nas sociedades. Macau é um lugar de convergências, um rodopio multicultural, transcultural que se desenrola ao longo de tempos não lineares. Preservar e lembrar toda esta energia que Macau possui, representar a sua miscelânea identitária através de poemas ou ficção, isso é prolongar a existência deste território e da sua memória, assim como assegurar que as singularidades que possui estão vivas e se continuam a reproduzir e a desenvolver. A pandemia é mais um acontecimento para o turbilhão de sentidos que é Macau. A sua tradição literária tem de continuar a inspirar autores, assim como o resto da sociedade. A realização do festival literário de Macau é agora mais importante do que nunca. Contra ventos e tempestades, cá estamos.

Quais são as suas expectativas em relação às sessões em que vai participar?

Vou moderar algumas conversas entre autores chineses e portugueses, trago também um workshop de tradução de poesia, e depois sigo com leitura de poemas e apresentação de poetas. Todas estas actividades se relacionam com a língua e com a poesia, assim como com o encontro de línguas chinês-português. O workshop será mais direccionado para portugueses que tenham curiosidade sobre o funcionamento da língua chinesa e sobre a história e características da poesia chinesa. Iremos ter uma parte teórica e uma parte prática em que, perante alguns versos, a sua fonetização e o significado individual de cada caractere, os participantes vão ser desafiados a transpor, nem que seja um verso, do chinês para o português. Outra coisa interessante que trago é a projecção do Fuse.

Em que consiste este projecto?

Inicialmente chamado “Urban fragments”, é uma colectânea áudio visual de poesia que dirigi quando estava a viver em Pequim e a colaborar com a Spittoon Arts Collective. Foi um projecto que teve três fases, primeiro tivemos a escrita de poemas por parte da comunidade internacional de poetas a residir em Pequim, depois tivemos uma composição visual que tentou imiscuir-se com a essência dos poemas e por último, tivemos o artista contemporâneo Julian GX Wang a compor a paisagem sonora das leituras que cada um dos poetas fez dos poemas que escreveu sobre Pequim. É uma experiência visceral deixar-se embrulhar na tapeçaria de sinestesias e de diálogos não só entre artes como entre culturas.

Vai ainda apresentar um seminário na Universidade de Macau, intitulado “Camilo Pessanha: Simbolismo, Orientalismo, tradução poética e diálogos transculturais”. Que contributo leva para mais uma análise da obra do poeta?

Estou concentrada nas traduções que Pessanha fez da compilação de poemas de long-Fong-Kong. Continua a ser fundamental falar de Camilo Pessanha, da mesma forma que continua a ser fundamental realizar o festival Rota das Letras, com mais ou menos fundos. Camilo Pessanha é um representante do legado cultural e intelectual que pertence à intersecção do Oriente e Ocidente que Macau materializa, especificamente no que se refere à relação entre o português e o chinês. É importante lembrar que os estudos chineses existem em Portugal de forma autónoma aos recursos que usamos e que estão geralmente em inglês, francês ou italiano. Falta ainda falar do encontro entre o Oriente e o Simbolismo, por exemplo ou, pelo menos, daquilo que alguém como Pessanha possa ter trazido para uma tradição literária tipicamente europeia. Acho que o diálogo não está esgotado e ainda há muito a decifrar sobre as relações linguísticas presentes em pedaços de história literária tão importantes como as Elegias Chinesas.

6 Out 2023

Henrique de Senna Fernandes recordado hoje no Rota das Letras

O centenário do nascimento do escritor macaense Henrique de Senna Fernandes marca o arranque de mais uma edição do festival literário Rota das Letras. O painel inaugural, que serve de apresentação do livro “Cem anos de Henrique de Senna Fernandes – Uma Nova Colecção de Ensaios”, com coordenação de Lola Geraldes Xavier, decorre hoje na Livraria Portuguesa a partir das 18h15. A Livraria Portuguesa é, aliás, o local de todas as sessões do programa deste fim-de-semana do festival.

A obra conta ainda com as participações do filho do escritor, Miguel de Senna Fernandes, a académica Sara Augusto e Pedro D’Alte, entre outros, fazendo uma leitura transversal do percurso de Senna Fernandes, que foi também advogado e professor.

Às 19h30 será a vez de se discutir a temática “Grande Baía: A Busca por uma Maior Diversidade Literária”, com a participação de Carlos Morais José, director do HM, a académica e ex-deputada Agnes Lam, e os autores Wang Weilian e Zhu Shanbo. Destaque ainda para a inauguração, às 17h30, da exposição de pintura de Benjamin Hodges, intitulada “Vou a Caminho do Meio Dia: A Arte de Benjamin Kidder Hodgess”.

Romances e mistérios

O programa do Rota das Letras de amanhã arranca às 15h com a presença do autor Nick Groom, que irá falar de “Tolkien Hoje: Do Senhor dos Anéis aos Anéis do Poder”. Segue-se o painel dedicado a W. H. Auden, às 16h, intitulado “W.H. Auden: A Demanda por Justiça de um Poeta e as suas Impressões sobre Macau e Hong Kong”, com a presença do académico Glenn Timmermans e o jurista Paulo Cardinal.

Para as 17h está marcada a sessão “A Torre dos Segredos: Os Mundos Paralelos de Camões e Damião de Góis”, com Edward Wilson-Lee. Às 18h30 o escritor e tradutor Valério Romão junta-se a Xiao Hai para falar da “Poesia dos Trabalhadores Migrantes: Um Género Literário em Ressurgimento na China”.

No domingo, além das sessões de Sara F. Costa, decorre ainda a sessão, às 15h, sobre “A Nova Geração de Escritores da Grande Baía I: Os Livros de Wang Weilian e Zhu Shanbo”.

Por sua vez, às 16h, Glenn Timmermans junta-se a Nick Groom para falar de William Shakespeare, com a sessão “Um Homem para Todas as Estações: 400 anos de Shakespeare”. Edward Wilson-Lee volta a falar sobre o poeta às 17h.

No domingo a última sessão, marcada para as 18h, será dedicada a Valério Romão, que abordará o tópico “Família Feliz: Quantos Mal-entendidos cabem num Prato? E num Romance?”.

6 Out 2023

Tradução literária | Pouca atractividade financeira afasta bilingues

Traduzir literatura continua a ser uma profissão pouco atractiva financeiramente para bilingues, confessa à Lusa Lídia Zhou Mengyuan, do Departamento de Tradução da Universidade Chinesa de Hong Kong. No caso de Macau, a maior parte dos bilingues continua a optar pelo trabalho na Função Pública

 

O aumento do número de profissionais bilingues de chinês e português, nos últimos anos, não se reflectiu directamente em mais pessoas a trabalhar na tradução literária, uma profissão “pouco lucrativa”, disse à Lusa uma académica.

Nas últimas duas décadas, a China criou cursos superiores de português em cerca de 40 universidades do país, coincidindo com os primeiros momentos após a transferência da administração de Macau de Portugal para a China, a 20 de Dezembro de 1999, que atribuiu ao território o papel de plataforma comercial e económica com os países de língua portuguesa.

Mas, apesar de a tradução ser um trajecto comum para quem escolheu fazer da língua portuguesa um projecto de vida, são “muito poucos” aqueles com oportunidade de dedicar-se a tempo integral à tradução literária, refere a professora do Departamento de Tradução da Universidade Chinesa de Hong Kong Lidia Zhou Mengyuan.

“O crescimento de talentos bilingues não resultou directamente em mais pessoas a trabalhar na tradução literária entre esses dois idiomas”, constata, analisando que esta “não é uma profissão muito lucrativa”.

Também o professor da Universidade de São José (USJ), Nuno Rocha, com investigação feita no domínio do desenvolvimento e tradução de folhetos médicos, admite que “a recompensa monetária é muito maior ao trabalhar como tradutor ou intérprete noutras áreas”. Em Macau, onde houve uma aposta no ensino do português, que se mantém como língua oficial, “ser tradutor para o Governo local é um emprego que permite ter estabilidade financeira”, diz.

Fora da região administrativa especial, “o trabalho de tradutor ou intérprete para multinacionais chinesas, que têm escritórios em vários países de língua oficial portuguesa, é bastante mais bem pago do que ser tradutor de literatura”.

Mais tradução na China

Mesmo quando tem de coexistir com outra actividade profissional por não ser rentável, a tradução de obras de Portugal é superior na China, quando comparada com Macau, de acordo com um catálogo de livros convertidos para chinês, elaborado pela Embaixada de Portugal em Pequim e referente a 2022.

Desde 1955, ano do lançamento da versão chinesa de “Esteiros”, romance neorrealista de Soeiro Pereira Gomes, traduzido a partir do russo em Xangai, que a China continental lançou 246 obras traduzidas do português.

Macau é responsável por pouco mais de metade, 138, tendo começado anos mais cedo, em 1942, com a versão chinesa da obra de João de Barros “Os Lusíadas Contados às Crianças e Lembrados ao Povo”.

Zhou Mengyuan acredita que a diferença nestes números é uma “questão de mercado”, com um público-alvo “muito maior” na China.
Além de os tradutores de Macau estarem mais ligados ao trabalho na função pública, acrescenta Min Xuefei, a escrita local, em chinês tradicional, também pode ser uma condicionante. No resto do país, escreve-se com caracteres simplificados.

Nuno Rocha resume: “A escrita em caracteres tradicionais e a questão do acordo ortográfico a nível do português levam a que a exportação de muito do material de tradução aqui feito tenha de ser alvo de uma revisão para se adaptar ao contexto do local de chegada”.
Macau não adoptou oficialmente o acordo ortográfico. Também o método de tradução na China e nos próprios países lusófonos tem vindo a alterar-se ao longo dos tempos.

Min Xuefei e Zhou Mengyuan avaliam que na China, onde milhares de estudantes se formam anualmente em português, as traduções das obras lusófonas já são feitas maioritariamente de forma directa, sem intermédio de uma segunda língua.
Já no sentido contrário, “a tradução indirecta continua a ocupar uma posição significativa” no acesso da literatura chinesa nos países de língua portuguesa, lembra Zhou Mengyuan.

“Embora haja mais pessoas que conhecem tanto o português quanto o chinês, a tradução indirecta ainda existe em parte devido à facilidade de encontrar tradutores do inglês para o português ou do francês para o português em comparação com tradutores do português para o chinês”, acrescenta.

A existência de poucos cursos superiores em chinês nos países lusófonos também limita a emergência de um corpo de tradutores apto a converter obras chinesas diretamente para o português, refere Min Xuefei.

4 Out 2023

Conhecidos autores chineses presentes no Rota das Letras

Foram ontem anunciados os nomes dos autores chineses que vão participar na edição deste ano do festival literário Rota das Letras, que decorre entre os dias 6 e 15 de Outubro. Destaque, assim, para a presença de Deng Yiguang, escritor de etnia mongol nascido em Chongqing, mas hoje baseado em Shenzhen. Segundo um comunicado do festival, Deng é um autor já galardoado com o Prémio Literário Lu Xun, um dos mais importantes da China. Os seus romances estão traduzidos em várias línguas estrangeiras e têm sido, frequentemente, adaptados ao cinema.

Destaque também para a presença de Fu Zhen, natural de Nanchang, em Jiangxi, agora radicada em Hong Kong, considerada uma das escritoras mais influentes da nova geração. A autora vem a Macau falar do seu primeiro romance, “Zebra”, e também dos vários livros de viagens que já publicou. Wang Weilian é outro dos jovens autores chineses de maior talento que estará no Rota das Letras. Wang já foi distinguido com o Prémio Literário Mao Dun para Novos Autores e com a medalha de ouro na mais importante competição literária da China para obras de ficção científica. Vem de Cantão, como vem também Zhu Shanbo, autor de vários romances históricos e colecções de contos.

O cartaz inclui ainda Xiao Hai, hoje a viver em Pequim, um representante da chamada poesia operária chinesa, um género literário que está a ressurgir na China. No Festival Rota das Letras, vai partilhar a mesa de uma sessão com Valério Romão, que recentemente tem vindo a trabalhar este tema de forma performativa.

Memórias e evocações

Além dos nomes de autores chineses, o Rota das Letras traz de novo ao território Francisco José Viegas, autor, editor e ex-Secretário de Estado da Cultura em Portugal, bem como o escritor Valério Romão. Destaque também para a presença da poetisa Sara F. Costa, que no primeiro fim-de-semana do festival vai apresentar o seu mais recente livro de poesia, “Ser-Rio, Deus-Corpo”, uma projecção de vídeo-poemas intitulada “Tocar os sons e ouvir as imagens”, produzida por si, e ainda coordenar o workshop intitulado “Vamos traduzir um verso chinês!”.

O horário completo de todas as sessões da 12ª edição do festival deverá ser conhecido hoje. Numa primeira fase os eventos do festival decorrem na Livraria Portuguesa entre os dias 6 e 8 de Outubro, seguindo depois para a Casa Garden de 13 a 15.

A par da literatura contemporânea, prestar-se-á tributo a nomes grandes do passado: Camões, Shakespeare, W.H. Auden, J.R.R. Tolkien. O festival abre com uma sessão evocativa do centenário de Henrique de Senna Fernandes. No que respeita a autores portugueses, destaque para a participação de Patrícia Portela e do jornalista António Caeiro. Por ambos os espaços vão também passar vários autores de Macau ou aqui baseados: Joe Tang, Erica Lei, Yang Sio Mann, Isaac Pereira, Rui Rasquinho, Rui Farinha Simões, Paulo Cardinal, José Basto da Silva, Marisa C. Gaspar, Andrew Pearson, Tim Simpson, Joshua Ehrlich. Além disso, o programa inclui o espectáculo “Samba de Guerrilha”, de Lucas Argel, dedicando espaço à fotografia, com nomes como Rusty Fox, entre outros.

29 Set 2023

Ilustrações de Yang Sio Man patentes na vila da Taipa

“Murmúrios” é o nome da nova exposição promovida pela Associação Cultural da Vila da Taipa e que revela as ilustrações da artista Yang Sio Man feitas a partir de contos seleccionados por si, no formato storytelling. Além da mostra com trabalhos da artista, será também lançado o primeiro livro ilustrado de Yang Sio Man, intitulado “Mr. Matos Went to Buy Tomatoes” [O Sr. Matos foi Comprar Tomates], publicado pela editora Fizzy Ink.

Segundo um comunicado da associação, a artista revela “um estilo ilustrativo muito próprio”, imprimindo nos últimos anos esse estilo a “objectos e instalações artísticas”. A autora acaba por fazer “uma abordagem às representações da vida quotidiana”, criando, com os seus trabalhos, “uma atmosfera calorosa, imaginativa e ricamente poética”, algo que “serve de contraponto ao ritmo agitado e, muitas vezes, agressivo da vida moderna”.

A mostra integra três colecções de ilustrações. Uma primeira colecção, com o nome “O Sr. Matos foi Comprar Tomates”, inclui uma exposição de livros ilustrados, esboços originais e uma instalação artística que representa a própria história que integra o livro.

Segue-se uma segunda colecção com nove impressões com a técnica giclée, criadas recentemente para a revista “Voice & Verse Poetry Magazine”, uma publicação de poesia de Hong Kong. A exposição integra também uma nova interpretação de uma banda desenhada intitulada “Lemon Tea”, que explora “os pequenos e simples prazeres da vida quotidiana”.

Versatilidade e docência

Yang Sio Man dá aulas na Universidade Politécnica de Macau e trabalha também por encomenda com artistas locais e internacionais nas áreas das artes visuais, design de livros e publicações alternativas. Segundo a Associação Cultural da Vila da Taipa, Yang Sio Man é uma artista versátil e com trabalho “reconhecido internacionalmente”, nomeadamente nos “World Illustration Awards” [Prémios Internacionais de Ilustração].

Citado pelo mesmo comunicado, João Ó, arquitecto e presidente do conselho directivo da Associação Cultural da Vila da Taipa, disse que, com esta mostra, a artista convidada vai “inspirar a comunidade com o calor das suas obras”. “As três colecções de ilustrações englobam a essência do seu estilo único de ilustração e transmite um testemunho rico do seu percurso de trabalho criativo”, apontou ainda.

João Ó acredita que com esta iniciativa a vila da Taipa vai ficar ainda mais cimentada enquanto “um dos principais destinos culturais e artísticos em Macau, sublinhando o seu contributo inestimável para a promoção das indústrias cultural e criativa do território”. A exposição tem entrada gratuita e pode ser vista até ao dia 10 de Novembro na Rua dos Clérigos, na vila da Taipa.

29 Set 2023

Semana dourada | Festas e celebrações multiplicam-se em toda a cidade

A chegada do Festival do Bolo Lunar celebra-se a partir de hoje com uma série de eventos espalhados pela cidade. Destaque para a tradicional “Festa da Celebração da Lua” que decorre hoje no Albergue, iluminada pela exposição de 28 lanternas do coelho. As operadoras de jogo prepararam também iniciativas para animar os feriados

 

Arranca este fim-de-semana mais uma celebração tradicionalmente chinesa, o Festival do Meio Outono Chong Chao, também conhecido como o Festival da Lua ou do Bolo Lunar, que se celebra no 15º dia da 8ª Lua, sendo habitual comer os tradicionais bolos lunares, reunir a família e sair à rua com lanternas, observando a lua. Esta é considerada a segunda maior festividade da comunidade chinesa logo a seguir ao Ano Novo Chinês.

Pela cidade decorrem diversos eventos em jeito de celebração, como é o caso do que acontece hoje no Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM), organizado pelo Círculo dos Amigos da Cultura de Macau. Na “Celebração da Lua – Festival do Meio Outono 2023” começa às 18h30 e termina às 21h, os participantes podem desfrutar da oferta de bebidas e petiscos tradicionais, além de poderem realizar diversos jogos pensados para toda a família.

Será também inaugurada hoje, às 18h30, a mostra “Lanternas de Coelhinho – Uma Exposição de Carlos Marreiros e Amigos – Parte 18”, que apresenta 28 lanternas do coelho decoradas de forma criativa por diversos artistas e personalidades de Macau. A mostra serve ainda para celebrar os 74 anos da implantação da República Popular da China, e pode ser visitada até 19 de Outubro.

Os participantes podem também receber uma lanterna tradicional do coelho ou uma peça de caligrafia criada pelo mestre Choi Chun Heng. Será ainda exibida a “Exposição de Caridade de Arte de Caligrafia Chinesa do Mestre Choi Chun Heng”, onde os visitantes podem explorar a cultura tradicional chinesa e experimentar a caligrafia chinesa durante a festa.

Lanternas no One Central

Outro dos eventos que celebra o Festival do Meio Outono é o 6º Festival das Lanternas de Macau, que arrancou dia 22 e que estará patente ao público até 30 de Novembro no jardim Lotus do empreendimento One Central. A exposição reúne oito instalações artísticas do coelho de jade, com alturas entre 3 e 4,7, da autoria de Alan Chan, artista e designer. A área foi decorada com flores de lótus.

Destaque ainda para a iniciativa “Esplendor da Lua – Festival das Lanternas da SJM”, da Sociedade de Jogos de Macau, um evento realizado em parceria com a Sociedade de Artistas de Macau. Serão apresentadas “criações vibrantes de lanternas que destacam as tradições culturais chinesas” do território, com a assinatura “dos artistas mais talentosos da Ásia”.

A exposição, inaugurada no passado dia 21, pode ser vista até ao dia 10 de Novembro no Grand Lisboa Palace, no Cotai, e também no hotel Grand Lisboa. Foram convidados artistas asiáticos de renome como Rukkit, conhecido criador de arte urbana tailandês; ANTZ, também artista de arte urbana oriundo de Singapura, RUOB, vindo da China, e ainda Rainbo Peng, natural de Hong Kong.

A SJM convidou também artistas locais, nomeadamente a ilustradora Yolanda Kog; a artista multimédia Hera Ieong; o escultor Carlo Lio, conhecido pelos seus trabalhos em pedra; o pintor Wing Pun e o escultor Yanlas Sou.

Poderão ser vistas 11 lanternas que expressam o estilo individual de cada artista, além de que a SJM organiza também diversos workshops para pais e filhos com os artistas participantes no evento.

A Galaxy também se junta à festa com a organização do “Festival de Arte de Lanternas da Galaxy”, que integra uma colecção de lanternas digitais da autoria de quatro designers da China, Macau e Singapura.

O quarteto artístico foi convidado a “expressar a sua criatividade através da fusão de desenhos de lanternas tradicionais chinesas com a tecnologia de projecção de luz”, e recorrendo a uma parede com luzes LED que inclui “uma série contínua de obras de arte digitais”.

Desde o dia 24 de Setembro, e até 8 de Outubro, pode ser visitada a instalação de uma “Superlua” gigante, com seis metros de diâmetro, instalada no empreendimento da Galaxy no Cotai, na zona conhecida como “The Lawn”. Destaque ainda para a realização de piqueniques ao ar livre em família, espectáculos e desfiles no mesmo local entre as 18h e as 23h hoje e amanhã.

Celebrações na FRC

O programa das festas inclui ainda uma mostra inaugurada esta quarta-feira na Fundação Rui Cunha (FRC) intitulada “O Brilho da União – Exposição do Festival de Outono e do Dia Nacional da RPC”. Trata-se de uma exposição colectiva de caligrafia, pintura e escultura de selos com trabalhos de artistas da Associação das Mulheres Calígrafas, Pintoras e Escultoras de Selos de Macau. As 43 peças podem ser vistas até ao dia 14 de Outubro.

Na quarta-feira, a FRC foi palco de um actividade que antecipou as festividades que se avizinham, com a “Pintura de Lanternas Chinesas”, que convidou o público a observar a técnica de pintura e a experimentar a pintar lanternas e leques.

28 Set 2023

FRC apresenta palestra sobre conservação e restauro

Decorre hoje a partir das 19h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), a palestra “Diálogos Transdisciplinares e Perspectivas Transformativas no Domínio da Conservação e Restauro”, inserida no Ciclo de Palestras História e Património, em parceria com a Universidade São José (USJ).

A palestra terá como oradores os académicos Célio Marques e Hermínia Sol da Unidade de Investigação TECHN&ART, do Instituto Politécnico de Tomar, em Portugal.

Serão discutidos os novos desafios na área da conservação e restauro, nomeadamente “a necessidade de novas soluções para novas situações”, tendo em conta o progresso científico. “A convergência de novos olhares, posteriormente verbalizados sob a forma de narrativas, é vital para promover a compreensão e a disseminação dos resultados”, denota o comunicado da FRC.

O Centro de Tecnologia, Restauro e Valorização das Artes (TECHN&ART) do Instituto Politécnico de Tomar, tirando partido da sua identidade transdisciplinar, desenvolve actualmente vários projectos de conservação e restauro que beneficiam de uma pluralidade de áreas de especialização. Assim, será feita uma breve apresentação do trabalho de investigação desenvolvido nesta entidade, além de se explorar “novos conceitos”, como é o caso da conservação criativa.

Quem é quem?

Célio Gonçalo Marques é professor no departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) da Universidade Politécnica de Tomar (Portugal). É doutorado em Ciências da Educação com especialização em Tecnologia Educativa, mestre em Comunicação Educativa Multimédia, pós-graduado em Técnicas e Contextos de e-Learning e licenciado em Informática e Gestão.

É ainda director do Laboratório de Inovação Pedagógica e Ensino a Distância e presidente do Conselho Técnico-Científico da Escola Superior de Gestão do IPT. É também investigador integrado e director da Unidade de Investigação TECHN&ART, bem como investigador colaborador do Laboratório de Tecnologia Educativa da Universidade de Coimbra e do Centro de Administração e Políticas Públicas da Universidade de Lisboa.

Os seus interesses de investigação incluem tecnologia educativa, inovação digital, tecnologia aplicada ao património e políticas públicas. Autor de mais de duas centenas de publicações, o académico é membro do conselho editorial de várias revistas, bem como membro de comités organizadores de várias conferências internacionais.

Por sua vez, Hermínia Sol é professora auxiliar no Instituto Politécnico de Tomar (IPT), onde lecciona Inglês e Argumento. É licenciada em Português e Inglês pela Universidade de Coimbra e mestre em Women’s Studies pela Universidade de Limerick, Irlanda, além de doutorada em Literatura Americana pela Universidade de Coimbra. Além disso, é directora-adjunta e investigadora do TECHN&ART do IPT e investigadora do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL). Hermínia Sol tem desenvolvido investigação nos domínios da literatura de viagens, ficção curta, cinema e literatura, estudos femininos e estudos americanos.

27 Set 2023

Portugal-China | Macau em destaque em congresso na Universidade de Aveiro

A terceira edição do Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China” começou ontem e decorre até amanhã na Universidade de Aveiro. Macau estará em destaque com a presença de oradores como Jorge Rangel, Carmen Amado Mendes e académicos da RAEM. O evento inclui a apresentação da revista Via do Meio

 

A China e todas as suas valências, deste a cultura, língua, política e diplomacia, sobretudo no relacionamento com Portugal, é o grande destaque da terceira edição do Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China”, que decorre até amanhã na Universidade de Aveiro (UA).

O programa inclui quatro painéis temáticos relacionados com o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”, “Diálogos entre línguas: Literatura, Tradução e Ensino”, “História, Cultura e Turismo” e ainda “Diálogo entre Artes”.

Macau será tema central de algumas palestras, nomeadamente da autoria de Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), que falou no primeiro dia sobre “Macau, cidade internacional (pós 1949)”, data da implantação da República Popular da China. Baojia Li, da Universidade de Macau (UM), apresentou a palestra “Four shifts of four dimensional narrative turn of Macau music in the perspectiva of voice power” [Quatro turnos de narrativa quadridimensional da música de Macau na perspetiva do poder da voz].

Por sua vez, Huang Ziqi, da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, apresentou a palestra “Confluência e Divergência: Nossa Senhora com o Menino Jesus e as apresentações escultóricas no Museu da Igreja de São Domingos”. Joana Barros Silva, ligada à Fundação Casa de Macau, abordou o “papel de Macau no projecto da Grande Baía”.

Hoje é o dia dedicado ao Confúcio, com António Aresta, do Instituto Internacional de Macau (IIM), a liderar uma conversa intitulada “Matias da Luz Soares e a literatura moral em Macau no século XIX”. Por sua vez, Jorge Rangel, presidente do IIM, leva a Aveiro a apresentação “J.J. Monteiro, notável poeta popular de Macau”. Além disso, Cristina Zhou, do Instituto Confúcio da Universidade de Coimbra, irá abordar o legado do escritor Henrique de Senna Fernandes em “Memórias de Macau – Relembrando Henrique de Senna Fernndes (1923-2010)”.

A arquitecta Maria José de Freitas é outra das oradoras, falando das “Confluências culturais em Macau”. Já Sara Augusto, do Instituto Português do Oriente, vai abordar as “Conversas da trança: as linhas cruzadas da literatura de língua portuguesa em Macau”.

Um olhar para a China

Não faltam, contudo, sessões destinadas à grande China, nomeadamente a de Chen Yudong e Tian’ge Han, da Universidade Xinhua de Cantão, que abordam “A imagem chinesa na tradução do romance ‘Viver’, de Yu Hua: uma abordagem imagológica”. Tian’ge Han junta-se a Qunying Li, da mesma universidade, para falar da “Tradução de chinês para português das frases com sujeito nulo – análise do relatório para o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China”.

Destaque ainda para a apresentação de Álvaro Augusto Rosa, ligado ao ISCTE – Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, que aborda a temática “Compreender a China: uma perspectiva intercultural”, enquanto Cátia Miriam Costa, académica também ligada ao ISCTE, irá conduzir a palestra intitulada “Diálogo entre a China e os Intelectuais Lusófonos (1960-1970).

Amanhã, dia dedicado à Festa da Lua, o historiador Rui Lourido, presidente do Observatório da China, abre as hostes com a palestra “A China numa nova era de modernização e o contributo para o desenvolvimento e a paz mundiais”. Outro exemplo de participação é do académico Paulo Duarte, que vai falar dos desafios geoestratégicos da China e Atlântico Sul.

“Via do Meio” apresentada quinta-feira

Esta quinta-feira, 28, entre as 10h25 e as 11h25, será apresentada na UA a revista “Via do Meio”, publicação dirigida por Carlos Morais José nascida das páginas do HM, que conta com uma panóplia de sinólogos e académicos cujo trabalho se foca na arte, cultura e pensamento chinês.

Na “Via do Meio”, nomes como Paulo Maia e Carmo, Ana Cristina Alves ou Cláudia Ribeiro, entre outros, escrevem sobre estes temas para a publicação que também tem como foco a tradução de textos clássicos de chinês para português. Na mesma sessão será ainda apresentado o livro “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, coordenado por Jorge Tavares da Silva e Xúlio Rios, e ainda “China, Football and Development: Socialism and Soft Power”, da autoria de Emanuel Leite Júnior, entre outras obras.

27 Set 2023

Fundação Jorge Álvares | Lançado novo website

A Fundação Jorge Álvares (FJA) lançou este mês, no dia 14, um novo website, “fortalecendo, assim, a sua presença online e melhorando o acesso à informação sobre a fundação, sua missão e actividades”, além de “divulgar notícias relevantes sobre Macau e a diáspora macaense espalhada pelo mundo”.

Citada por um comunicado da FJA, Maria Celeste Hagatong, presidente da fundação, disse que o projecto resulta “de um forte investimento na política de gestão da comunicação e imagem da Fundação Jorge Alvares”. “Convidamos todos aqueles que se interessam por Macau a explorarem o nosso site e a envolverem-se nas nossas iniciativas”, acrescentou.

O novo portal inclui secções como “Mensagem da Presidente”; “Quem foi Jorge Álvares”, “A Fundação” e a “Biblioteca Digital FJA”. Ao centro, realçam-se conteúdos como “A última Newsletter do mês” e a “Colecção de Arte da FJA no Museu do CCCM”.

A FJA foi criada em 1999 com o objectivo de suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a RAEM, mantendo vivos os laços multisseculares existentes entre Portugal e a República Popular da China, de que Macau foi a manifestação mais significativa, sublinha a direcção da entidade.

27 Set 2023

CCCM | Revista “Via do Meio” apresentada em Lisboa

Nascida das páginas do HM e já lançada em Macau, a revista “Via do Meio” teve na segunda-feira a sua apresentação em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau. Carlos Morais José, director da publicação, falou da importância de traduzir para português os textos clássicos das grandes civilizações, como a chinesa

 

Foi lançado na segunda-feira em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), o primeiro número da revista “Via do Meio”, com textos sobre poesia, arte e pensamento chinês traduzidos por sinólogos e académicos dedicados à cultura chinesa. De frisar que a publicação, dirigida por Carlos Morais José, teve origem nas páginas do HM, que começou por publicar alguns textos de autores como Paulo Maia e Carmo, Ana Cristina Alves, Cláudia Ribeiro ou as traduções de Rui Cascais, entre outros, algo que se mantém nas edições diárias.

Durante a apresentação, Carlos Morais José realçou a importância de divulgar mais “uma cultura que, para nós europeus, apresenta muitas vezes aspectos difíceis de compreender”, falando dos primórdios deste projecto editorial.

“Somos um órgão de comunicação social em língua portuguesa da RAEM, e entendemos que é importante ter esse papel de transmissor da cultura chinesa. Então, desde o princípio, investimos nisso e há algum tempo que propomos a alguns autores que escrevam sobre a China e que traduzam textos clássicos chineses que ainda não estavam disponíveis em português.”

Em Macau, a “Via do Meio” já vai o seu terceiro número. Mas a transposição para o mercado português faz sentido “porque o mercado de Macau em língua portuguesa é muito limitado”, disse. “Faz sentido publicar [em Macau], mas é uma pena gastarmos tantos recursos e ficarmos apenas naquele mercado limitado. Podemos falar da Internet, mas este não é um tipo de leitura para [formato online], esta revista, se quiserem, é para coleccionar, para guardar em casa, para ir lendo.”

Traduzir é preciso

Carlos Morais José deixou ainda o repto para se continuar a traduzir os textos clássicos das grandes civilizações, como é o caso da chinesa, uma civilização milenar. “[Traduzir] é um trabalho de defesa da nossa língua. Nós temos de ter os grandes textos traduzidos em português e esse é um trabalho fundamental, nosso, dos portugueses e de todos os países que falam a língua portuguesa. Não podemos dizer que vamos ler Confúcio e lermo-lo em inglês. É preciso que os grandes textos das grandes civilizações estejam traduzidos para língua portuguesa.”

A apresentação da revista foi acompanhada de uma pequena palestra sobre confucionismo, também protagonizada por Carlos Morais José, que recordou o facto de a “via do meio” ser um caminho que se percorre constantemente, nunca finalizado. “Confúcio diz que é impossível estar constantemente na via do meio, que é difícil criá-la”, disse, referindo-se a esta ideia como uma “utopia confuciana”.

“Não perceber a importância que esta civilização já teve na história, fundamental, [não é correcto] e penso que temos de a estudar. Estamos todos juntos no mesmo planeta e há conceitos chineses interessantes para pensar exactamente o planeta em que vivemos. Por exemplo, o conceito que Xi Jinping criou de uma comunidade global partilhada é algo incontornável. Essa comunidade já existe. Mas há outros conceitos igualmente importantes”, rematou.

Ontem foi ainda apresentado o projecto pioneiro de uma nova editora de Carlos Morais José em Portugal, a “Grão-Falar”, focada na publicação de clássicos chineses em português, e que já tem pensadas edições como “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, com tradução e notas de Rui Cascais, ou “Textos Clássicos sobre Pintura”, de Paulo Maia e Carmo.

Destaque ainda para a apresentação da mesma publicação na passada quinta-feira em Braga, na Universidade do Minho, que tem o curso de Línguas e Culturas Orientais. Nessa sessão, Carlos Morais José fez também uma breve abordagem ao panorama do jornalismo em Macau.

27 Set 2023

Trabalhos de alunos do curso de tradução a partir de hoje na USJ

Chama-se “DIVERSAS – A diversidade na tradução português-chinês” e estreia hoje no campus da Universidade de São José (USJ), sendo a primeira mostra dos trabalhos dos alunos da licenciatura em Estudos de Tradução de Português-Chinês da mesma instituição de ensino. A mostra que pode ser visitada até 20 de Outubro na galeria Kent Wong é organizada pelo departamento de línguas e cultura da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ.

São apresentados 30 projectos desenvolvidos no âmbito das disciplinas da licenciatura, resultando “numa exibição multifacetada” que estabelece um “diálogo intercultural e linguístico entre o português e o chinês”.

Segundo um comunicado da USJ, “esta exposição é o resultado do esforço, dedicação e talento dos alunos, reflectindo a diversidade destas duas línguas tão distintas”, nomeadamente o chinês e o português. Através da arte explora-se “a tradução e interpretação de textos, abrangendo diversos géneros, temas e campos do saber”. “A diversidade dos trabalhos expostos reflecte não apenas a riqueza linguística, mas também as diferenças culturais, sociais e históricas entre os mundos sino-lusófonos”, acrescenta-se.

Significados e perspectivas

A exposição “DIVERSAS” permite aos visitantes “explorar e descobrir a pluralidade de significados e perspectivas que surgem ao longo do processo de ensino e aprendizagem das línguas”, sendo que “cada peça da exposição é o testemunho do desafio que é traduzir não somente palavras, mas também contextos, ideias e sentimentos entre culturas e tradições tão ricas”.

Segundo a USJ, este evento possibilita “não só uma oportunidade para conhecer o trabalho e a criatividade dos nossos estudantes, mas também para reflectir sobre a importância do diálogo intercultural na construção de um mundo mais inclusivo e harmonioso”. A mostra é também “um convite à reflexão sobre o papel da tradução na aproximação de mundos, na compreensão de outras culturas e na construção de pontes entre pessoas e nações”.

27 Set 2023

COD | Exposição de “Mr. Doodle” em exibição até 15 de Outubro

Após a inauguração da exposição de “Mr. Doodle” em Agosto, o City of Dreams volta a mostrar o trabalho do artista britânico, desta vez com a estreia da peça “Mr. Doodle Mickey Mouse” e novas instalações artísticas. A iniciativa integra-se na Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau

 

“Mr. Doodle – First Exhibition in Macao” [Mr. Doodle – Primeira Exposição em Macau]” é o nome da mostra exibida no City of Dreams (COD) até ao dia 15 de Outubro, naquela que será uma oportunidade única para ver de perto o trabalho do artista britânico mundialmente famoso.
Esta mostra, com curadoria do espaço de arte Artelli, no COD, Galerias Pearl Lam e grupo ARTOX, integra a categoria “Exposições Especiais” da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023.

A mostra, patente desde Agosto, inclui agora, em estreia mundial, um exemplar da escultura com o nome “Mr. Doodle – Mickey Mouse”, com 30 centímetros de altura, e que homenageia uma das personagens mais famosas do universo Disney. Segundo um comunicado da COD, “a peça capta a personagem icónica na sua pose mais clássica, com as mãos atrás das costas, os dedos dos pés apontados e [apresentando-se] de pé, com orgulho”. “Existindo apenas 500 peças em todo o mundo, cada uma foi meticulosamente trabalhada em resina de primeira qualidade, enquanto o corpo principal da escultura apresenta um arranjo recorrente de rabiscos criados utilizando a técnica de relevo do Mr. Doodle”, explica o mesmo comunicado.

De frisar que “Mr. Doodle”, cujo nome “civil” é Sam Cox, esteve em Macau no passado dia 12 de Setembro para uma demonstração do seu trabalho ao vivo, tendo feito os seus conhecidos rabiscos numa escultura de 2,5 metros por um metro com o logótipo do COD.

Instalações para todos

O público poderá ver quatro instalações de arte disponíveis em vários recantos do resort, incluindo a peça “Doodle Love Wall”, uma grande parede que pode ser vista no primeiro piso do COD e que está “coberta com os padrões característicos de Mr. Doodle, figuras com contornos arrojados e símbolos e motivos que representam o amor”.

Destaque ainda para o “Doodle Showroom”, uma ampla fachada de 52 por 20 metros no exterior do espaço “The Showroom” ou ainda o “Doodle Hall”, uma “obra de arte imersiva de cortar a respiração”. A mostra inclui ainda o “Doodle Cube”, uma instalação de arte multimédia no átrio do hotel Morpheus, com “estruturas geométricas em forma de diamante ou curvas fluídas”. As 24 obras de arte já expostas desde Agosto no espaço “The Showroom” podem ser apreciadas com visitas guiadas mediante reserva feita online.

Natural de Inglaterra, “Mr. Doodle” é conhecido por criar “obras de arte distintas caracterizadas por linhas e padrões intrincados a preto e branco” que vão relevando objectos do quotidiano, sendo que as suas obras têm sido expostas em todo o mundo.

26 Set 2023

Portugal | Lídia Jorge vence Prémio Eduardo Lourenço 2023

A escritora portuguesa Lídia Jorge é a vencedora da 19.ª edição do Prémio Eduardo Lourenço, anunciou o Centro de Estudos Ibéricos (CEI). “O júri, por unanimidade, decidiu que o Prémio Eduardo Lourenço em 2023 será atribuído à escritora Lídia Jorge”, revelou o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, e elemento da direcção do CEI.

O autarca realçou que se dá assim “uma dimensão maior ao Prémio Eduardo Lourenço, que já não é só da Ibéria, mas também da Ibero-americana, tendo em conta a sua presença naquelas latitudes”.

O vice-reitor da Universidade de Coimbra, Delfim Leão, sublinhou que, tendo em conta que “o Prémio Eduardo Lourenço tem sido maioritariamente até agora masculino, não deixa de ser interessante o galardão atribuído a Lídia Jorge. Vem reforçar a presença feminina no leque de premiados, ela que é precisamente um dos arautos por excelência dessa visibilidade das vozes femininas através da sua obra”.

O vice-reitor da Universidade de Salamanca, José Mateos Roco, destacou que “foi uma decisão muito pensada, muito ponderada, foram valorizados todos os pontos de vista, mas a figura da premiada foi a que mais reunia condições para este ano ser vencedora, sobretudo nessa nova dimensão que se pretende do prémio”.

25 Set 2023

Fotografia | Edgar Martins distinguido nos International Photography Awards

O fotógrafo Edgar Martins, ex-residente em Macau actualmente radicado no Reino Unido, acaba de vencer mais um prémio internacional. Desta vez foi considerado o melhor fotógrafo na categoria de filme nos International Photography Awards nos Estados Unidos, distinção que no mesmo patamar de prestígio e importância que os prémios Sony, que em Abril deste ano distinguiu Edgar Martins como o fotógrafo do ano.

Nesta competição, Edgar Martins venceu na categoria de “Filme / Retrato Analógico” com uma selecção de imagens intitulada “Our War” [A Nossa Guerra], retiradas do novo projecto “Anton’s hand is made of guilt, no muscle or bone. He has two clinically depressed fingers and an angry thumb”.

Zhai Honggang, membro do júri, considerou que, neste trabalho, Edgar Martins “usa imagens ricas para expressar o seu tema”, além de que “cada fotografia é excelente e tem um elevado nível de conclusão”. Já Angelika Hala defende que se trata de uma série de imagens que ligam “lugares e pessoas dos últimos dias de vida de um amigo”, sendo um trabalho “triunfante na sua memória colectiva, memorializando uma existência, criando um monumento”.

Amizade e mistério

“Produzido na Líbia e no Norte de África, o meu trabalho tem como ponto de partida uma investigação especulativa sobre a morte e o desaparecimento do meu amigo próximo, o fotojornalista Anton Hammerl, durante a guerra da Líbia em 2011. Os seus restos mortais estão desaparecidos até aos dias de hoje”, descreve Edgar Martins.

Desta forma, “ao reconstituir os passos de Anton, os locais que visitou e onde encontrou o seu fim, ao interagir com as pessoas que conheceu ou fotografou e com outras pessoas envolvidas ou afectadas pelo conflito (combatentes, civis, dissidentes líbios escondidos), ao procurar intersecções significativas entre as nossas viagens, consegui pôr-me na sua pele, mesmo que momentaneamente”, acrescentou. De frisar que a entrega do prémio dos International Photography Awards decorre dia 30 de Outubro no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Este mesmo projecto sobre o desaparecimento de Anton Hammerl levou Edgar Martins a vencer na categoria “Juror’s Choice”, ou seja, o favorito do júri, nos Hariban Photography Prize, mais especializado e virado para a fotografia artística.

25 Set 2023

Filipinas e Japão actuam amanhã no concurso de fogo de artifício

Decorrem amanhã as actuações das equipas do Japão e das Filipinas na 31ª edição do Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau (CIFAM), organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), sendo estes os quinto e sexto espectáculos da competição.

A empresa LF Fireworks Inc, das Filipinas, actua às 21h com o espectáculo intitulado “Contos de Magia”, composto por quatro capítulos (“Villain’s Magical Spell”, “Magic of a Genie”, “Dreams of Magic” e “You are the Magic”). “Através do fogo de artifício e música, vão mostrar histórias fantásticas escondidas na magia”, aponta um comunicado da DST.

Fundada em 1969, a companhia de índole familiar LF Fireworks Inc dedica-se à produção de espectáculos e produtos pirotécnicos aéreos de alta qualidade, espectaculares e seguros. Recebeu vários prémios, como o Grande Prémio do Público do festival internacional de fogo de artifício do Canadá GlobalFest 2018 e o de Primeiro Classificado do Concurso Piromelódico no Festival de Natal de 2017 em Dakbayan sa General Santos (Filipinas).

As cores nipónicas

Por sua vez, o Japão faz-se representar pela equipa “Marutamaya Ogatsu Fireworks Co, Ltd.”, actuando às 21h40 com o espectáculo intitulado “Japão Colorido”. Segundo a DST, a apresentação da equipa japonesa “contém o espírito e a delicadeza das músicas dos desenhos animados japoneses”, nomeadamente o animé, sendo acompanhados “pelo belo fogo de artifício, mostrando um encontro emotivo entre as duas culturas do fogo de artifício e dos desenhos animados japoneses”.

Fundada em 1864, a companhia pirotécnica Marutamaya Ogatsu Fireworks Co, Ltd desenvolveu-se ao longo de mais de 150 anos, com a sua tecnologia pirotécnica a ser transmitida de geração em geração. A empresa venceu o CIFAM em 1993, 2016 e 2019, sendo que em 2018 ficou em segundo lugar.

A organização do concurso recomenda cinco localizações como sendo as ideais para ver os espectáculos, nomeadamente na Avenida Dr. Sun Yat-Sen do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam, no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, no Anim’Arte Nam Van, na Avenida de Sagres (ao lado do Hotel Mandarin Oriental, Macau) e na Avenida do Oceano, na Taipa.

Os espectáculos serão ainda transmitidos nos canais TDM OU MUN, TDM Entretenimento, Ou Mun – Macau (canal por satélite) e a página electrónica da TDM transmitem em directo o evento. O canal chinês da Rádio Macau (FM100.7) transmite, em tempo real, a música de fundo que acompanha os espectáculos do festival, às 21h e às 21h40 de cada noite.

22 Set 2023

25 de Novembro | Novo livro de Ribeiro Cardoso lançado em Lisboa

“25 de Novembro, o depois”, da autoria do antigo jornalista do Comércio de Macau Ribeiro Cardoso, foi lançado em Lisboa na terça-feira. O autor, falecido em Março, deixou o relato de vários episódios associados a militares envolvidos no movimento de 25 de Novembro de 1975, incluindo Rocha Vieira, último governador de Macau

Foi lançado na terça-feira o novo livro da autoria do jornalista e ex-residente de Macau Ribeiro Cardoso, que foi director-adjunto do semanário extinto “O Comércio de Macau”, entre 1989 e 1992. Falecido em Março deste ano, Ribeiro Cardoso escreveu a sua última obra sobre o movimento militar do 25 de Novembro de 1975, intitulada “25 de Novembro, o depois”, com a chancela da editora Caminho.

O 25 de Novembro, movimento que pôs fim ao período conturbado do Processo Revolucionário em Curso (PREC), que se viveu em Portugal após a revolução do 25 de Abril de 1974, deixou histórias por contar relativas aos tempos que se seguiram, que se prolongaram durante anos.

Lê-se, logo na abertura do livro, que após o 25 de Novembro ocorreram “numerosas prisões arbitrárias e incontáveis perseguições a militares sérios e honrados, que fizeram e estiveram empenhadamente com o 25 de Abril”, a “arbitrariedade sem conta nas promoções” desses profissionais ou ainda “a nomeação para os mais altos cargos das forças armadas de oficiais que não só nunca defenderam Abril como, ainda por cima, conspiraram activamente contra a revolução libertadora dos cravos”.

O caso Rocha Vieira

O livro inclui um capítulo sobre Vasco Rocha Vieira, último governador português de Macau, intitulado “Rocha Vieira esconde processo de Spínola”. O caso foi noticiado em 1995 pelo jornal “Tal & Qual”, onde Ribeiro Cardoso foi redactor, revelando que Rocha Vieira escondeu, em 1978, o processo judicial “já pronto” de António de Spínola, militar e ex-Presidente da República. Esse processo foi mantido “fechado numa gaveta, durante meses”.

O caso foi revelado em Maio de 1978 pelo relatório de Costa Neves, Conselheiro da Revolução, documento noticiado pelo “Tal&Qual”. Nessa altura, já Spínola tinha sido reintegrado no exército português.

Rocha Vieira, que à época era general graduado e Chefe do Estado-Maior do Exército português, actuou “à revelia do Conselho da Revolução e, admite-se, do próprio Presidente da República, Ramalho Eanes”.

“25 de Novembro, o depois” contém também episódios de figuras como Barbosa Pereira e a sua “insana perseguição silenciosa” ou da “perseguição sem quartel” feita ao Comandante Marques Pinto. Descrevem-se ainda os “191 casos de perseguição política na Marinha”, entre outros momentos dos anos que sucederam ao 25 de Novembro.

A vida e os jornais

Ribeiro Cardoso nasceu no Porto em 1945 e licenciou-se em Filologia Germânica. Iniciou a carreira de jornalista em 1971, primeiro em Lisboa, em publicações como o “Diário de Lisboa”, “O Jornal” e ainda “Diário” e o “Europeu”. Em Macau foi ainda correspondente de diversos órgãos de comunicação social portugueses, nomeadamente a RDP – Antena 1 e do “Jornal de Notícias”.

Em 1995 foi co-autor, juntamente com Rogério Beltrão Coelho, jornalista radicado em Macau, do filme “Exílio Dourado em Macau”, com realização de Manuel Tomás. Publicou ainda diversos livros depois de deixar o jornalismo, nomeadamente “Jardim, a Grande Fraude” ou “O 25 de Novembro e os Media estatizados”, entre outros.

22 Set 2023

Clockenflap | Pulp, Idles, Yoasobi e Caroline Polachek em Hong Kong

O Clockenflap 2023 já tem cartaz, com destaque para Pulp, os rockeiros Idles, o duo de j-pop Yoasobi e a cantora norte-americana Caroline Polachek. O festival regressa ao Central Harbourfront, entre 1 e 3 de Dezembro. O preço do passe de três dias aumentou quase um quarto para 1.990 dólares de Hong Kong

 

A organização do Clockenflap anunciou na terça-feira o primeiro lote de bandas e artistas que vão compor o alinhamento do cartaz do festival que se realiza no Central Harbourfront, entre 1 e 3 de Dezembro.

Depois de um hiato de três anos sem música ao vivo, o festival terá em Dezembro a segunda edição deste ano, depois da música ter inundado o coração da ilha de Hong Kong no início de Março.

No cartaz da edição que se avizinha despontam bandas como Pulp, o recente fenómeno de J-Pop Yoasobi, os britânicos Idles e o rapper japonês Joji.

O preço do passe para três dias aumentou 23 por cento para 1.990 dólares de Hong Kong, enquanto o bilhete de um dia custa 1.280 dólares de Hong Kong. A organização do festival alertou ontem para a venda rápida do passe de três dias e dos bilhetes para o primeiro dia, 1 de Dezembro, uma sexta-feira, quando vão actuar bandas como Yoasobi, Idles, o rapper canadiano bbno$ e os chineses Gong Gong Gong e Wang Wen.

Entre uma oferta variada de artistas, seja onde for, o regresso dos Pulp aos palcos é sempre um momento digno de destaque. Depois da passagem a solo pelo mesmo festival em 2018, Jarvis Cocker regressa a Hong Kong com a banda que o apresentou ao mundo.

Apesar de terem começado a carreira no início dos anos 1980, a aclamação da banda de Sheffield só chegaria a meio da década seguinte, com o disco “Different Class”, lançado 1996, de onde saíram “Disco 2000”, “I Spy”, “Underwear” e “Common People”, o single que havia de catapultar os Pulp para o estrelato de um panorama musical dominado pelo brit-pop.

O disco seguinte, “This Is Hardcore”, alargou o espectro sonoro da banda, da vivacidade rock do disco anterior, para uma onda mais decadente a abeirar-se do glamour negro de David Bowie ou Roxy Music. “Party Hard”, “Help the Aged” e “This Is Hardcore” são alguns dos momentos inesquecíveis do disco que culminaria num hiato de composição, um álbum depois, na primeira dissolução da banda.

Os Pulp regressaram ao activo, pela segunda vez este ano com uma tourné que passará pelo Clockenflap no dia 2 de Dezembro.

 

Fenómenos da era

Yoasobi é um dos destaques mais aguardados do festival e um fenómeno de popularidade à escala mundial. Formado em 2019, o duo japonês de música electrónica formado pelo produtor Ayase e a vocalista Ikura.

A ascensão meteórica desde o lançamento do primeiro single “Yoru ni Kakeru”, que chegou ao primeiro lugar do top de vendas japonês foi o mote para mais quatro singles e um álbum, “The Book” publicado em Janeiro de 2021. Os principais trunfos do duo japonês são a pop electrónica veloz e as melodias orelhudas que evocam anime nipónico.

Numa perspectiva muito menos comercial, a banda que deverá tocar antes dos Yoasobi são os britânicos Idles.

A banda de Bristol tem sido um dos fenómenos de uma nova onda de post-punk e do rock alternativo. Formados em 2009, mas com o primeiro disco lançado apenas em 2017, “Brutalism”, a banda de Joe Talbot ganhou a fama de dar tudo em palco, com actuações que perduram na memória dos fãs.

No dia seguinte, 2 de Dezembro, sobem ao palco os também britânicos post-punkers Squid, antes dos conterrâneos PREP apresentaram ao público de Hong Kong o seu indie rock.

Mas há muito por onde escolher no primeiro grande lote de artistas anunciados para o cartaz do Clockenflap, como a jovem cantora e compositora norte-americana Caroline Polachek, que tem formação académica em história chinesa e música clássica.

Num cartaz com várias dezenas de artistas e bandas, surge quase despercebido o lendário DJ e produtor, Darren Emerson, que fez parte dos Underworld, será um dos destaques no electrónica, assim como os australianos Peking Duk que regressam ao festival desde a estreia em 2018.

Entre as bandas e artistas vindos do Interior da China, destaque para os pioneiros Omnipotent Youth Society, os Gong Gong Gong e Wang Wen.

21 Set 2023

Exposição | “Beyond the Golden Times” de Carol Sam no Café Voyage

O Café Voyage, Rua do Padre António Roliz, acolhe até 15 de Outubro a exposição “Beyond the Golden Times” de Carol Sam, encerrando um ciclo de cinco mostras inspiradas na filosofia dos cinco elementos (metal, madeira, água, fogo e terra). O quinteto expositivo é organizado pela Ark-Association of Macau

 

A exposição final do “Quinteto de Arte” está patente no Café Voyage, situado na Rua do Padre António Roliz, até ao dia 15 de Outubro. “Beyond the Golden Times” de Carol Sam termina um ciclo inspirado na filosofia dos cinco elementos (metal, madeira, água, fogo e terra).

A derradeira mostra do ciclo, organizado pela Ark-Association of Macau, explora o conceito do ouro enquanto parte dos cinco elementos da ancestral filosofia chinesa. A organização do evento indica que “os trabalhos, apresentados num estilo surrealista e metafórico, representam vários cenários que materializam a diversidade e simbolismo do ouro”.

Além de mostrar ao público a arte de Carol Sam, a exposição pretende lançar uma discussão sobre o significado do ouro em relação a quatro aspectos fundamentais: o seu valor monetário, o papel no progresso das civilizações, o efeito que teve na humanidade e as dimensões espirituais.

 

A era dourada

Na mitologia chinesa, o ouro é frequentemente representado como um material com profundo significado e simbolismo, que reflecte riqueza, nobreza, poder e relação com o divino.

Além disso, o metal precioso representa força, rigidez a energia transformadora. Encarando o elemento numa perspectiva mais alargada, o ouro pode ser encarado como uma forma Qi (energia) na filosofia chinesa.

“O Qi é substância primordial, intangível e inodora que constitui os elementos fundamentais do universo. Enquanto manifestação de Qi, o ouro transcende as fronteiras do mundo material e é caraterizado por não ter cor, sabor e forma”, indica a organização da mostra.

A Ark-Association of Macau indica que a exposição que encerra o ciclo “Quinteto de Arte” procura “alargar as fronteiras artísticas, permitindo ao público libertar-se de amarras e dar largas à imaginação experimentando as diversas sensações associadas ao ouro”.

Abrindo o escopo para as restantes exposições que a Ark-Association of Macau organizou no Café Voyage entre Maio e Outubro, importa explicar que os cinco elementos que inspiraram as mostras são o núcleo do conceito teórico ancestral da filosófica chinesa que considerava a madeira, fogo, terra, metal e água como os cinco elementos constituintes de tudo o que existia e interagia no universo.

Durante a Dinastia Han, cerca de dois séculos a.c., esta classificação elementar serviu de base aos mais variados ramos do conhecimento, da ciência política, passando pela astrologia, medicina tradicional, feng shui, artes marciais e estratégia militar.

 

Criação curativa

Nascida na década de 1980, Carol Sam tem um mestrado em Serviços Sociais, área em que trabalha, incorporando a criação artística na forma como são encarados os problemas sociais. A residente participou em diferentes cursos de Arte Terapia em Hong Kong, Taiwan e Macau, na esperança de incorporar a fluidez e a natureza curativa da arte com o profissionalismo do trabalho social, ajudando os outros a aliviar a pressão da vida quotidiana e a explorar o seu mundo interior.

Em 2006, a artista apresentou “Green Life- Ecological Art Scheme” inspirando adolescentes a criar obras artísticas usando objectos descartados do quotidiano, sublinhando a necessidade de acção para a protecção ambiental e para a sustentabilidade do futuro de Macau. Dois anos depois, Carol Sam participou na realização e design artístico do filme documentário “HERstory -Jeritan”.

A Ark-Association of Macau indica que a inspiração criativa de Carol Sam surge frequentemente de momentos do dia-a-dia, instantes que geram emoções e sentimentos humanistas.

20 Set 2023

Concerto | Daze in White apresenta “No Thoughts” no Toi San

Um concerto para aprender as partilhar as emoções negativas, aquelas que mais custam. É desta forma que a banda local Daze in White apresenta o espectáculo de 7 de Outubro, no Centro Ngai Chon

 

A banda Daze in White apresenta o álbum “No Thoughts”, o seu trabalho mais recente que vai ser lançado esta semana, com um espectáculo na noite de 7 de Outubro, sábado. No Centro Ngai Chon, no 6.º andar do Edifício do Centro da União Geral das Associações dos Moradores, no Toi San, o grupo promete um concerto para libertar as emoções negativas, mas onde também se esperam risos.

Ao HM, Felix Cheung, vocalista e guitarrista acústico do grupo, revelou que o novo álbum que vai ser apresentado tem por base as experiências negativas quotidianas e a importância de conseguir partilhá-las.

“No dia-a-dia as pessoas experimentam diferentes emoções, algumas são felizes e outras tristes. Mas ao contrário do que acontece com os nossos momentos felizes, que são sempre fáceis de partilhar, tendemos a ter uma hesitação muito maior para falar das coisas que nos fazem infelizes, preferimos guardá-las para nós”, começou por explica Felix. “Quando não partilhamos as nossas emoções, acumulamos energia negativa e muitas vezes as pessoas não sabem como libertar essa energia. As músicas do nosso álbum mais recente abordam as pequenas coisas que nos fazem tristes, como o stress, a solidão, os arrependimentos, a guerra… mas a abordagem é feita numa perspectiva de que as pessoas também se possam libertar”, acrescentou. “Tal como nas nossas performances anteriores, esperamos que através da música e do espectáculo a audiência se possa libertar da energia negativa, vamos poder chorar juntos… mas também vamos rir”, frisou.

 

Novo videoclip

Uma das músicas confirmadas no concerto é All Alone, cujo videoclip foi lançado no sábado, na plataforma Youtube. A faixa foi escrita por Felix, e aborda um dos desafios do dia-a-dia, um acidente de trânsito.

“A história da música assenta numa experiência pessoal, quando há cerca de dois anos estive envolvido num acidente de trânsito e tive de ficar duas semanas internado”, afirmou. “Foi no hospital que conclui a letra desta música, que aborda a solidão sentida naquele período. É um dos temas que vamos levar para o palco no nosso próximo concerto”, antecipou.

No entanto, quando desafiado a escolher o tema preferido dos novos trabalhos do grupo, Felix indica “No Thoughts”, que também foi escolhido para dar o nome ao álbum. “É um tema do qual fui o compositor e o responsável pela letra. É cativante porque utilizámos esta música para fazer um sumário de todos os outros temas do álbum”, justificou.

Os bilhetes para o espectáculo encontram-se à venda, custam entre 220 patacas e 250 patacas e podem ser comprados nas lojas Old Little Things, Guitar River Studio, e nos cafés e bares Cinebrew, Hok Kee Coffee Roastery e Xiangzi Coffee.

 

Estreia com grandes nomes

Juntos desde 2017, os Daze in White têm como membros Felix Cheung, vocalista e guitarrista acústico, Michael Szeto, guitarrista, Dennis Wan, baixista, Dash Lei, baterista, e Eugene Lei, guitarrista e responsável pelas teclas.

Segundo a filosofia da criação do grupo, os temas abordados nas músicas focam principalmente “os muitos desafios da vida quotidiana”, e a exigência de manter “uma mentalidade em que a coragem e a determinação coexistem” para vencer os vários desafios.

Os Daze in White são também um dos nomes confirmados para o Festival de Música KoolTai onde nos dias 11 e 12 de Novembro também vão actuar grandes nomes da música mundial como Jessie J, Suede, ou Corinne Bailey Rae. A actuação está prevista para sábado.

Para a banda, a participação neste festival é muito entusiasmante e uma oportunidade para tocar juntos de uma audiência mais diferenciada. “É um grande prazer para nós ser convidados para um festival tão grande. Acreditamos que vamos ter uma audiência com pessoas vindas de vários países, por isso é uma boa oportunidade para mostrar a música de Macau ao mundo”, disse Felix. “Estamos todos muito entusiasmados com esta oportunidade”, concluiu.

19 Set 2023

Música clássica | Conversa “musicada” sobre Chopin na Fundação Rui Cunha

Amanhã ao final da tarde, Leung Hio Ming irá antecipar o recital de piano “Gradus ad Parnassum: Chopin”, que será apresentado na sexta-feira no Centro Cultural de Macau, com uma conversa ao piano na Fundação Rui Cunha. Durante a masterclass, Leung Hio Ming irá revelar as imagens e atmosferas suscitadas pela obra de Chopin

 

A obra do compositor polaco Frédéric Chopin é um dos destaques da agenda cultural desta semana, com um recital a solo de piano “Gradus ad Parnassum: Chopin” a cargo de Leung Hio Ming, que se realizará na sexta-feira, pelas 19h45, no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau.

Em jeito de antecipação da celebração da obra de um dos compositores fundamentais do romantismo do século XIX, a Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe amanhã, a partir das 18h30, uma sessão especial de “Conversas Ilustradas com Música”, intitulada “As Imagens e Atmosferas nos Études de Chopin – Na perspectiva de um pianista”, conduzida pelo aclamado professor Leung Hio Ming.

“A introdução ao tema dos ‘Estudos de Chopin’, que serão tocados na íntegra no espectáculo do Centro Cultural de Macau, justifica uma conversa prévia sobre a relevância das duas composições para Piano, Op. 10 e Op. 25, de Frédéric Chopin, à semelhança dos eventos anteriormente realizados na FRC, dedicados a ‘Os Pilares da Música Romântica para Pian’, em 2021, e ao ‘Portal para o Romântico: Beethoven, o Gigante’, em 2022”, indica a organização em comunicado.

Um dos tópicos da conversa será a expansão que Chopin acrescentou à composição musical, de acordo com o próprio Leung Hio Ming. “Quando Chopin publicou estes seus dois conjuntos de ‘Estudos para Piano’, a performance de piano entrou numa nova era. Nunca alguém antes imaginara que a técnica de execução pudesse ser tão inovadora. E nunca houve depois um pianista-compositor que pudesse escapar à sua influência. Acima de tudo, Chopin transformou simples exercícios de piano em formas de arte ao mais alto nível. Cada Estudo não apenas apresenta desafios técnicos de concentração, mas é também um poema de cor, atmosfera, emoção, drama, história, êxtase, etc. Ambos os conjuntos são como uma bíblia para todo o pianista. Portanto, raramente os dois são executados no mesmo concerto”, afirma Leung Hio Ming.

 

Aula com mestria

Os Études de Chopin reúnem três conjuntos de composições para piano, publicados entre 1829 e 1833. Ao todo são vinte e sete composições, sendo as duas mais importantes colecções numeradas Op. 10 e Op. 25, cada uma com doze temas separados. Sobram ainda três composições soltas, que nunca receberam título ou número de Opus. Estas criações musicais de Chopin formaram a base do que veio a ser um estilo revolucionário de tocar piano. São algumas das peças mais desafiadoras e evocativas de todas as obras do repertório para concerto de piano.

Na masterclass falada e musicada, Leung Hio Ming irá revelar as imagens e atmosferas que vê nestas obras do pianista e compositor polaco. “Chopin nunca deu nome aos seus Estudos e raramente falou sobre a sua música”. Mas desde que as peças foram criadas, são consideradas verdadeiras obras-primas. “Os Études de Chopin podem ser apreciados de diferentes ângulos e dimensões para formar visões, apreensões e entendimentos completamente diferentes”.

Leung Hio Meng é pianista, com Licenciatura em Música (1987), Mestrados em Performance de Piano (1989) e em Teoria Musical (1993), e Doutoramento em Artes Musicais (2000), graus obtidos pela Universidade de Kansas, nos Estados Unidos da América. Além da extensa lista de prémios e distinções de mérito académico, é hoje Professor Associado da Universidade Politécnica de Macau, onde lecciona Arte Musical desde 2018.

18 Set 2023