Fecho dos casinos causa corrida ao supermercados João Santos Filipe e Pedro Arede - 4 Fev 202016 Fev 2020 O Chefe do Executivo sublinhou várias vezes que o abastecimento de comida chega para todos e pediu à população para não se preocupar. Mas ainda não tinha acabado de falar e as prateleiras dos supermercados já tinham começado a ser limpas [dropcap]A[/dropcap]pesar do Chefe do Executivo ter garantido que existem alimentos em reserva suficiente para garantir o abastecimento da RAEM durante os próximos dias, a mensagem não evitou uma corrida aos supermercados. Ainda a conferência de imprensa de Ho Iat Seng, que começou às 13h00, não tinha terminado e já várias pessoas corriam para os estabelecimentos comerciais da zona de Nam Van, com malas e carrinhos, onde colocar as compras para os próximos dias. No entanto, o cenário foi comum a várias zonas da cidade e em todos os supermercados verificaram-se longas filas para pagar as compras. Ainda antes das 16h00 já vários produtos em diferentes supermercados estavam completamente esgotados. Entre as principais escolhas dos residentes mais apressados destacaram-se as massas, fitas, arroz, enlatados e os vegetais. Também a água engarrafada esteve entre as escolhas dos comerciantes. Em declarações ao jornal Exmoo, houve cidadãos que explicaram ter corrido aos supermercados por estarem a planear não sair de casa nos próximos dias, pelo que precisam de encher-se com reservas. Mas também houve quem admitisse que a sua “corrida” se ficou a dever ao medo face “ao pânico” geral de não se poder comprar alimentos nos próximos dias. Stock suficiente Apesar da agitação nas ruas, Ho Iat Seng garante que o abastecimento vai chegar a todos. “Temos um stock suficiente para garantir o abastecimento da população. Os cidadãos não se devem preocupar com o stock de alimentos. Nós garantimos o abastecimento”, afirmou durante a conferência de imprensa. O Chefe do Executivo reconheceu ainda que houve ruptura dos produtos na semana passada, mas defendeu que por motivos que agora não estão a afectar o território: “Posso garantir que o abastecimento de comida é suficiente. Antes houve falta de comida, porque muita gente ainda estava de férias devido às festividades do Ano Novo Chinês”, explicou. Mais à tarde, já na conferência de imprensa diária, os números do abastecimento a Macau foram anunciadores pelo presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares. De acordo com o responsável, Macau vai receber 180 toneladas de vegetais, 240 porcos e 340 toneladas de carne congelada, 60 toneladas de fruta, 43 toneladas de peixe e 400 mil ovos. “Além destes descarregamentos previstos, temos ainda nos armazéns 1600 toneladas de carne congelada, que são suficientes para um período entre 10 a 20 dias”, sublinhou José Tavares. “Não precisamos de entrar em pânico”, indicou. Apelos à calma Também o secretário para a Economia e Finanças apontou a necessidade de se evitar os supermercados. “O corte das linhas marítimas entre Macau e Hong Kong não afecta o abastecimento de alimentos. As pessoas também não precisam de correr atrás dos produtos porque isso só vai fazer com que o stock dure menos tempo e gere confusão”, sustentou Lei Wai Nong. O governante indicou ainda que as grandes corridas aos estabelecimentos são contraproducentes, porque aumentam os riscos de infecção. “Se houver grandes concentrações nos supermercados, as pessoas estão ainda expostas a riscos maiores de contágios”, declarou.
Epidemia | Registados mais dois casos e número de infectados sobe para dez João Santos Filipe - 4 Fev 20205 Fev 2020 Uma trabalhadora da Galaxy e um condutor de shuttle bus da SJM foram confirmados como os novos casos de infectados com o coronavírus em Macau. A mulher de 29 anos é sobrinha de uma outra residente, que tinha sido confirmada como o oitavo caso [dropcap]O[/dropcap] número de pessoas infectadas com a Pneumonia de Wuhan em Macau subiu para 10, com o anúncio de mais dois casos que envolvem locais. Tratam-se de duas pessoas que trabalharam para os casinos, nomeadamente Galaxy e SJM. O nono caso confirmado envolve uma residente de 29 anos que vive no edifício Kong Fok On e trabalha como jardineira no Galaxy. É sobrinha de uma outra mulher infectada que foi considerada como o oitavo caso. Devido ao contacto entre as duas mulheres, este poderia ser o primeiro caso de contaminação local, mas os Serviços de Saúde ainda não confirmam o cenário: “Como a mulher esteve no Interior mais do que uma vez ainda não podemos dizer que é um caso local, pode ter sido importado”, afirmou Leong Iek Hou, coordenador do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. O contacto entre a mulher de 29 anos e a tia, que é a oitava infectada em Macau, terá acontecido em duas ocasiões, a 23 e 24 de Janeiro. No primeiro dia a sobrinha esteve em casa da tia a fazer reparações e utilizou sempre máscara, ao contrário da familiar. A segunda ocasião tratou-se de um jantar de família, mas as duas não terão comido na mesma mesa nem estado à conversa mais do que cinco minutos Antes dos encontros, a mulher de 29 anos esteve em Zhuhai, a 19 de Janeiro, onde assistiu a um concerto. Esta é uma das ocasiões em que o vírus também poderá ter sido contraído. Apenas no dia 25, após mais um encontro familiar com 12 membros, é que a mulher começou a apresentar sintomas como febre, dores de costas e tosse. Porém, após dois dias em casa, foi trabalhar entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Finalmente, no domingo, como a tia tinha sido confirmada com o oitavo caso, a mulher foi ao hospital e fez o teste, que acabou por dar positivo. O caso levou ainda ao isolamento de três colegas de trabalho, e 14 familiares. Além disso, 34 colegas de trabalhão estão a ser observados, caso apresentem sintomas. Jantar em Zhuhai O 10.º caso é um homem, de 59 anos, que conduz shutles bus para a SJM, nos percursos entre as Portas do Cerco e o casino Grande Lisboa, e entre o terminal Marítimo do Pac On e o Grande Lisboa. Vive no edifício Pat tat Sun Chuen, na Avenida Venceslau Morais, e esteve no Interior no dia 25 de Janeiro, onde pagou um jantar de família à mãe. No entanto, quando regressou já apresentava sintomas como febre e tosse. Entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro o homem foi por duas vezes a clínicas privadas, mas como não se curava decidiu ir ao Hospital Kiang Wu. Também a esta instituição fez duas visitas, anteontem e ontem, até que foi confirmado como o 10.º caso, já depois de ser transferido para o Centro Hospitalar Conde São Januário. O facto de ter estado em Zhuhai a jantar faz com que o caso seja considerado importado. O homem esteve em contacto próximo com a mulher e os dois filhos e ainda com nove pessoas com quem terá tido uma refeição mais longa. Além disso, 57 pessoas, que estavam na altura no hospital Kiang Wu vão ficar em observação e ser testadas.
Epidemia | Registados mais dois casos e número de infectados sobe para dez João Santos Filipe - 4 Fev 2020 Uma trabalhadora da Galaxy e um condutor de shuttle bus da SJM foram confirmados como os novos casos de infectados com o coronavírus em Macau. A mulher de 29 anos é sobrinha de uma outra residente, que tinha sido confirmada como o oitavo caso [dropcap]O[/dropcap] número de pessoas infectadas com a Pneumonia de Wuhan em Macau subiu para 10, com o anúncio de mais dois casos que envolvem locais. Tratam-se de duas pessoas que trabalharam para os casinos, nomeadamente Galaxy e SJM. O nono caso confirmado envolve uma residente de 29 anos que vive no edifício Kong Fok On e trabalha como jardineira no Galaxy. É sobrinha de uma outra mulher infectada que foi considerada como o oitavo caso. Devido ao contacto entre as duas mulheres, este poderia ser o primeiro caso de contaminação local, mas os Serviços de Saúde ainda não confirmam o cenário: “Como a mulher esteve no Interior mais do que uma vez ainda não podemos dizer que é um caso local, pode ter sido importado”, afirmou Leong Iek Hou, coordenador do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. O contacto entre a mulher de 29 anos e a tia, que é a oitava infectada em Macau, terá acontecido em duas ocasiões, a 23 e 24 de Janeiro. No primeiro dia a sobrinha esteve em casa da tia a fazer reparações e utilizou sempre máscara, ao contrário da familiar. A segunda ocasião tratou-se de um jantar de família, mas as duas não terão comido na mesma mesa nem estado à conversa mais do que cinco minutos Antes dos encontros, a mulher de 29 anos esteve em Zhuhai, a 19 de Janeiro, onde assistiu a um concerto. Esta é uma das ocasiões em que o vírus também poderá ter sido contraído. Apenas no dia 25, após mais um encontro familiar com 12 membros, é que a mulher começou a apresentar sintomas como febre, dores de costas e tosse. Porém, após dois dias em casa, foi trabalhar entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Finalmente, no domingo, como a tia tinha sido confirmada com o oitavo caso, a mulher foi ao hospital e fez o teste, que acabou por dar positivo. O caso levou ainda ao isolamento de três colegas de trabalho, e 14 familiares. Além disso, 34 colegas de trabalhão estão a ser observados, caso apresentem sintomas. Jantar em Zhuhai O 10.º caso é um homem, de 59 anos, que conduz shutles bus para a SJM, nos percursos entre as Portas do Cerco e o casino Grande Lisboa, e entre o terminal Marítimo do Pac On e o Grande Lisboa. Vive no edifício Pat tat Sun Chuen, na Avenida Venceslau Morais, e esteve no Interior no dia 25 de Janeiro, onde pagou um jantar de família à mãe. No entanto, quando regressou já apresentava sintomas como febre e tosse. Entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro o homem foi por duas vezes a clínicas privadas, mas como não se curava decidiu ir ao Hospital Kiang Wu. Também a esta instituição fez duas visitas, anteontem e ontem, até que foi confirmado como o 10.º caso, já depois de ser transferido para o Centro Hospitalar Conde São Januário. O facto de ter estado em Zhuhai a jantar faz com que o caso seja considerado importado. O homem esteve em contacto próximo com a mulher e os dois filhos e ainda com nove pessoas com quem terá tido uma refeição mais longa. Além disso, 57 pessoas, que estavam na altura no hospital Kiang Wu vão ficar em observação e ser testadas.
Ataque a Macau João Santos Filipe - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] decisão unilateral de Carrie Lam de fechar as ligações marítimas para o centro de Hong Kong é um ataque totalmente injustificado à RAEM e é uma vergonha, que merecia um protesto por parte dos dirigentes de Macau. Hong Kong está a dar um mau exemplo ao mundo, ao mostrar que a RAEM pode ser isolada. A partir de agora é mais fácil para outros países e jurisdições seguirem o mesmo caminho e fecharem ligações aéreas. Se até a uma região da China o faz… Carrie Lam sempre disse que não podia tratar de forma discriminatória o Interior, mas não teve problema nenhum em tratar dessa forma a população de Macau. Macau não faz parte da China para Carrie Lam? Alguém pensou no impacto desta medida que apanhou até o Governo de Macau de surpresa? Desde que a epidemia rebentou, Macau agiu sempre muito mais depressa que Hong Kong, distribuiu máscaras e soube responder às ansiedades da população. Aliás, muitas dessas medidas foram elogiadas em Hong Kong pela população e acabaram por ser copiadas pelo conjunto de pessoas que toma decisões na RAEHK. Enquanto em Macau se andou a trabalhar, a comunicar com a população e a responder aos anseios, em Hong Kong, a secretária Sophia Chan imitou o exemplo da sua grande líder, quando dinamitou a RAEHK, e em vez de pedir desculpas e reconhecer os erros foi para a televisão chorar. As governantes daquele outro lado choram muito, mas são incapazes de arranjar soluções para os problemas que criam. Portanto, foram pela opção mais fácil: fecharam o terminal para Macau. A população de Macau e o Governo não mereciam esta humilhação, que é muito maior porque vem de “dentro”.
Baptismo de fogo Paul Chan Wai Chi - 4 Fev 2020 [dropcap]Q[/dropcap]uando Ho Iat Seng se candidatou ao cargo de Chefe do Executivo de Macau, perguntaram-lhe por que motivo queria trocar a presidência da Assembleia Legislativa pela liderança do Governo da RAEM, optando pelo sistema executivo. Ele respondeu que não fugia de uma “casa em chamas”. De facto, a “casa em chamas” com que o Chefe do Executivo tem de lidar não está só a arder (tem de enfrentar muitos problemas sociais), como também está muito desarrumada, na medida em que o fogo não foi combatido durante os últimos 20 anos (existem muitas práticas malsãs de longa data nos departamentos administrativos) e a casa em si tem falta de espaço (com estruturas que se sobrepõem umas às outras e um número de funcionários que excede em muito o necessário). Com uma experiência de uma década na Assembleia Legislativa e como ex-membro do Conselho Executivo, Ho Iat Seng deve ter plena consciência do estado da “casa em chamas”. Está também ciente de que a liberalização da indústria do jogo promovida por Edmund Ho transformou a cidade num dos centros de lazer mais famosos do mundo, após Macau ter falhado na renovação das suas infra-estruturas económicas. Mas a corrupção brotou deste súbito crescimento económico, como se pode verificar no caso da prisão de Ao Man Long, o primeiro secretário para os Transportes e Obras Públicas da RAEM, considerado culpado das acusações de suborno e de lavagem de dinheiro. Durante os dez anos da administração de Chui Sai On, Macau registou um salto económico brutal que também derivou do enorme desenvolvimento da China. Na Era Chui, desde que os processos administrativos fossem decorrendo suavemente e sem sobressaltos, e com a total cooperação das maiores organizações e associações, o Governo tinha reservas financeiras suficientes para distribuir todos os anos dinheiro pelos residentes e para pagar as custas crescentes do recrutamento exponencial de funcionários públicos, apesar das boas intenções para alcançar “uma boa governação à base da racionalização de quadros e simplificação administrativa”. Contudo, ao longo desses dez anos, o procurador do Ministério Público, à altura, Ho Chio Meng, foi preso por crimes que incluiam fraude agravada e lavagem de dinheiro. Ho Iat Seng é o actual Chefe do Executivo de Macau e os próximos cinco ou dez anos em que exercerá a governação serão cruciais e decisivos para definir o caminho que a cidade irá trilhar de futuro. Sendo há 20 anos membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Ho Iat Seng sabe que Macau possui importantes mais valias e que tem um papel específico a desempenhar na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. E, na medida em que o Governo Central atribuiu a Macau três grandes funções no quadro da Zona, não há tempo a perder. Por isso, desde que tomou posse, vemos Ho Iat Seng a fazer visitas surpresa a vários departamentos governamentais para inspeccionar o seu funcionamento. Esta actuação foi alvo de críticas por parte de alguns altos funcionários, que afirmam que pode provocar distúrbios no modus operandis da função pública, que até aqui tem proporcionado um ambiente de trabalho de paz e harmonia. Mas então, se tudo corre bem, porque é que os responsáveis têm medo das visitas surpresa do Chefe do Executivo? Por este tipo de actuação, fica claro que Ho Iat Seng é uma pessoa que procura a verdade a partir dos factos. E, graças à sua forma de lidar com os acontecimentos, a resposta do Governo de Macau e as medidas que foram tomadas em relação à prevenção e controlo da propagação do novo coronavírus na cidade foram rápidas e positivas. Sob a sua liderança pragmática, todos os corpos governamentais, do topo até à base, deram provas de saber gerir a crise. Foi criado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, foi assegurado o fornecimento de máscaras a todos os residentes, implementado o controlo das entradas e saídas de Macau, as escolas foram encerradas, os feriados prolongados e foram tomadas as medidas necessárias para evitar a propagação do vírus. Todos os procedimentos foram mais rápidos e eficazes do que em Hong Kong. Ho Iat Seng parece estar a aproveitar da melhor maneira os seus muitos anos de experiência e os contactos que estabeleceu como membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China. Conseguiu convidar o chefe do grupo de especialistas da Comissão Nacional de Higiene e Saúde, e membro da Academia Chinesa de Engenharia, Zhong Nanshan, para vir a Macau como conselheiro, e tem mantido uma comunicação próxima, garantindo a coordenação com o Governo Central e com o Governo do Povo da Província de Guangdong. Até agora, não existe pânico em Macau e as pessoas em geral estão satisfeitas com a forma como o Governo está a responder a esta crise. Não há dúvidas que Ho Iat Seng passou neste primeiro teste de fogo. Passar o primeiro teste é um bom princípio. A próxima prova para Ho Iat Seng virá quando tiver que lidar com as consequências desta epidemia, como o declínio das receitas do jogo, os impactos negativos no turismo e no comércio, devido à drástica redução do número dos turistas provenientes da China que visitam Macau em regime de “Visto Individual”. Como revigorar a economia de Macau e a sua dependência de um sector único (o jogo) vai ser a próxima difícil prova que Ho Iat Seng terá de enfrentar.
Carrilhões de Mafra voltam a tocar Michel Reis - 4 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap]s carrilhões do Palácio Nacional de Mafra voltaram a tocar no passado sábado, 1 de Fevereiro, quase 20 anos depois de se terem sido remetidos ao silêncio. O concerto inaugural, ao qual assistiram milhares de pessoas, teve lugar no domingo, dia 2, com a bênção dos sinos e os carrilhonistas Abel Chaves e Liesbeth Janssens a interpretarem As Quatro Estações de Vivaldi e uma obra original da autoria de Abel Chaves. No dia 1, o programa relativo à inauguração do restauro dos sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra incluiu recitais sobre a herança da família Gato, os compositores ao serviço da Coroa nos séculos XVIII e XIX, obras originais compostas para carrilhão, e arranjos para carrilhão de música barroca. Os recitais — pelos carrilhonistas Francisco Gato, Abel Chaves, Luc Rombousts, Ana Elias, Frank Deleu, Koen Van Assche, Marie-Madeleine Crickboom — iniciaram-se às 10h e prolongaram-se até às 16h30. Ainda no primeiro dia realizaram-se duas palestras, uma das quais sobre a herança de Willem Witlockx (que, com Nicolas Levache, foi fundidor dos dois carrilhões) por Luc Rombouts, musicólogo e carrilhonista belga. No segundo dia decorreram também palestras: a encomenda dos dois carrilhões para o Real Paço de Mafra teve a intervenção de Isabel Iglésias; o técnico da Direcção-Geral do Património Cultural Luís Marreiros apresentou a empreitada de reabilitação dos carrilhões e torres sineiras; João Soeiro de Carvalho, professor do Departamento de Ciências Musicais da Universidade Novade Lisboa, fez a sua intervenção sobre o complexo sineiro de Mafra; e o estudo acústico dos carrilhões esteve com Vincent Debut, investigador do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. O concerto inaugural realizou-se às 16h. O Palácio Nacional de Mafra vai manter um programa de concertos de carrilhões ao longo do ano, com a participação de carrilhonistas de todo o mundo, que está a ser ultimado, para ser anunciado. Apesar de as obras de restauro englobarem os dois carrilhões, só o da torre sul vai ficar a funcionar.Depois do restauro dos seis órgãos históricos, inaugurado em 2010, a reabilitação dos carrilhões — que já não tocavam desde 2001 — e dos sinos “vem reforçar uma das singularidades do palácio” e a sua monumentalidade, ao ter o maior conjunto sineiro, a nível mundial, e seis órgãos históricos a tocarem em conjunto, únicos no mundo, afirmou o director do palácio, Mário Pereira. A inauguração do restauro antecede a instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra, que foi apresentado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, como um dos “investimentos prioritários” do Governo de Portugal para 2020, no âmbito da reabilitação do património cultural. A intervenção de restauro do maior conjunto sineiro do mundo, orçada em 1,7 milhões de euros, começou no Verão de 2018, depois de ter sido dado o visto do Tribunal de Contas para a assinatura do contrato de consignação com o empreiteiro, a empresa Augusto de Oliveira Ferreira Lda., de Braga, e de, nesse Inverno, terem sido adoptadas interdições de circulação no local, por sinos e carrilhões ameaçarem cair com o mau tempo. O concurso público tinha sido lançado em Novembro de 2015. O Governo reconheceu na altura a “urgente necessidade de proceder à reabilitação” dos sinos e carrilhões, “face ao avançado estado de degradação” e aos “riscos de segurança, não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via pública”. O financiamento suplementar oriundo do Turismo de Portugal permitiu ainda pôr em funcionamento os sinos das horas. Os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, estavam presos por andaimes desde 2004, para garantir a sua segurança: as estruturas de suporte, em madeira, encontravam-se apodrecidas. Na altura, os carrilhões de Mafra foram classificados como um dos “Sete sítios mais ameaçados na Europa”, pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra. Os dois carrilhões e os 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, constituindo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do Palácio Nacional de Mafra, classificado como Património Cultural Mundial da UNESCO em Julho de 2019.
O flautista de Hamelin Amélia Vieira - 4 Fev 2020 [dropcap]E[/dropcap] começa então o Ano Do Rato! Estamos em Hamelin, cidade alemã no lendário século treze onde antes como agora o excesso de intimidade levantava pragas, pragas essas associadas aos ratos esses inimigos da espécie humana com sistema de eliminação eficaz, mas estes lindos e inquietantes roedores tão sensíveis como fios de cabelo são passíveis de enfeitiçamentos, o que os predispõe para uma improvável dimensão estética que não sabemos contemplar dado que somos elementos desmesurados de ruído mórbido trajando repelências várias. Ele não só define a sua sensibilidade neste aspecto, bem como é encadeado de fulminante esplendor perante a soberba serpente, e assim, este ser que tanto nos assusta e nos fustiga nos convida também a interpretar qualidades surpreendentes: seria injusto afirmar que não são belos e que não encontramos ali uma extrema plasticidade no vivo olhar que tantas vezes se deixa enganar pela avidez que as coisas lhe produzem, não sendo por isso, apenas e só, o varredor de canos, ruas e esgotos, com sua barriga rente ao solo varrendo qualquer probabilidade de êxito junto a nós – não – ele encerra duas dimensões tão distintas que não podemos de facto ignorá-las. Quase todos trazemos da infância estes animais, calhou-me assim encontrar aquela que viria a ser uma experiência comovedora; aquando a plantação de flores o jardineiro encontra um ninho e rápido se ausenta para buscar armas assassinas, mas a velocidade das crianças é maior que esse ímpeto incontido, e, com mão pequena arranco um bebé sem pêlo coberto ainda com os cinzentos de sua mãe, numa briga tento proteger a ninhada, sem sucesso, mas esse, que um coração pequenino batia na palma da mão, foi um êxito e um encontro maravilhoso. Logo lhe arranjei alojamento debaixo da cama – olhos fechados, frágil como uma pluma, mas resistente – pelas noites altas levava-o a beber leite numa pedra de mármore, e como bebia! Remoçou e fez-se grande em poucas semanas, o que provocou o conhecimento da sua existência e a automática remoção seguida de análises e outros cuidados, mas, a dor de perder este insólito amigo viajou no tempo e dele não mais me esqueceria. Eles falam! Emitem sons agudos e conhecem as nossas vozes, são atentos e divertidos e conseguimos passar horas em deslumbrante maravilha perante um focinho que se move como um pequeno radar. Mas aqui, eis-nos então na presença de um Flautista, «A Flauta Mágica», o caçador de ratos, que é também uma espécie de andarilho, de mágico, que negociou a extinção e não foi pago, e sabemos como os sedutores são vingativos! Ele volta à cidade e desta vez exerce o mesmo poder com crianças, levando-as, dizem, para grutas, que naquelas florestas da Baixa Saxónia não devem ser fáceis de encontrar, e assim, ratos e as crianças nunca mais foram vistos na cidade. Ainda estávamos longe da Peste Negra mas o arauto das vestes coloridas já actuava preventivamente. Um Papagino? Ou como insinuam as vozes, um predador sexual, um pedófilo, um canibal? Nem sempre nos encantam pelas melhores das razões, e esta associação entre ratos e crianças é indisfarçavelmente dirigida aos perigos bravios da sedução perante os mais frágeis. Já os nazis depreciativamente chamavam ratos aos judeus que depois se vingaram fazendo um Estado no Ano do Rato. E que dizer dos nossos “ratinhos” que sazonalmente andavam para cima e para baixo? E nunca esquecer que a grande imagem do século vinte é a de um rato: «Mickey», tão imortal como Jesus Cristo. Lembrarmo-nos então do penúltimo Ano do Rato que foi exactamente, 2008, tentando recordar o que nos destabilizou, ter presente as mentiras dos cofres repletos de dinheiro bem como de outros armazenamentos mitigados de “fortunas” e não despejar a mercadoria com a água do banho, apertar os cordões à bolsa, e ao invés de escutar flautas, fazer desde logo neste Ano a nascer uma orquestra de ribombar de tambores: é que não esqueçamos, os ratos não serão tão mais perigosos do que inoportunos, e caso ele esteja sempre em movimento numa chamada «roda viva» ainda, e mesmo assim, todos ao redor podem ser vítimas de umas vibrantes dentadas o que não fará mal, servindo, quem sabe, até de antídoto a toda esta pouca inteligência mundial. Não sejamos, contudo, pessimistas, mas averiguemos a apetência para a avidez que pode muito bem ficar embruxada quando encontrar o delírio para fins matrimoniais. A união deste assombramento seria vista como uma tentativa de manipulação de dados fazendo recrudescer imagens de Flautistas — Hamelin seria agora o mundo. Quem negoceia com pragas que lhes pague atempadamente. Que o Ano traga a graça, a fortuna e a sorte. Que o Rato, esse, é também um Flautista! Mas não leva ninguém para a borda do rio e muito menos para cavernas na Saxónia. Tresvaria-se em presidente luso e exerce a sua conduta com desbragado e altaneiro encanto. Assim são eles no seu melhor. Quanto aos cofres, atirem-nos borda fora! (Mozart, era de lá perto, tão Rato como os que são, e não morreu afogado). Bom Ano, então.
A arte ou a cidade Paulo José Miranda - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] escritora eslovena Masha Pregarç escreveu um livro em finais dos anos 90 acerca das relações entre arte e cidade ou, mais concretamente, na tentativa de apurar acerca dos benefícios ou malefícios da arte na cidade. No primeiro capítulo faz a pergunta pela arte: “O que é a arte? Qual o seu efeito num coração humano em crescimento, que efeito tem na esperança, que faz ela com o nosso futuro?” Mas não é aqui neste capítulo que encontramos o melhor e mais pertinente do pensamento de Pregarç. É nos capítulos subsequentes, quando coloca a questão da arte em relação com a política. Que deve a política fazer em relação à arte, isto é, que deve a cidade, a Europa, fazer em relação à arte, em relação àqueles que aqui e agora crescem e que, no futuro, hão-de crescer? Porque tomamos por certo que a arte é uma coisa boa? Porque põem os artistas quase tudo em questão menos a própria arte? Porque não pergunta o artista se a arte prejudica a cidade? Porque toma ele por certo que é um bem? É necessário expor aqui uma longa passagem do livro: “A arte no seu sentido ocidental é a expressão das linguagens musicais, plásticas e literárias, isto é, a expressão do ser humano isento das necessidades de sobrevivência, de protecção e de expansão das suas materialidades. A arte é a expressão da possibilidade de o humano não ser humano; a expressão do desejo do humano de superação ou esquecimento da sua condição. No fundo, a arte é querer não precisar de alimentos, de água, de protecção; a arte é não querer ser mortal. Por isso, o Ocidente viu, e muito bem, que todas as outras artes que não tenham isto como fundamento não são verdadeiras artes, mas falsas artes, artes de imitação da arte ou, como Hermann Broch descreveu, são o kitsch, isto é, imitações da morte, de variações da morte, que é a arte no seu confronto com a condição humana. Obviamente, fica claro que a arte está em oposição à moda, a qualquer tipo de moda. A arte não serve para nada, senão para despertar o desejo de o humano não ser humano. A arte serve para acreditarmos que podemos ultrapassar as coisas, que podemos ultrapassar a nossa condição de precisar de coisas.” A partir daqui, Pregarç irá mostrar-nos que educar o ser humano com o pressuposto de que a arte é um bem, é educá-lo não para a vida mas para um além da vida; educá-lo para um além das necessidades que a vida comporta. Conscientemente, qual o pai que será capaz de educar um filho para isso? De educar um filho para ultrapassar ou esquecer a vida? A resposta é fácil: nenhum, obviamente. Um pai, um educador pode não saber exactamente o que é a arte, por estas palavras, mas sabe que a arte não é para todos, isto é, ele sabe que são poucos os que podem fazer arte. “É esta estatística que afasta os humanos de empurrar os filhos para a arte. Pois um filho educado para fazer arte não vai conseguir fazer mais nada. Um filho educado para a arte traz um coração faminto, faminto de ser melhor do que os outros ou tão bom quanto os melhores dos melhores.” Porque, está bem de ver, para Pregarç, aquele que faz arte, ou ambiciona fazê-la, quer ser único, quer ser diferente do artista do lado e do artista da frente. Pois só sendo diferente ele pode sobreviver na arte, no para além da vida. O problema que se coloca à cidade não é o de saber se ela suporta a unicidade destes fazedores de arte, mas se ela consegue suportar o excesso de frustração que nasce naqueles “únicos” que nunca vão ser senão aquilo que são: desgraçadamente humanos. Desgraçadamente, porque foram educados para não ficar confinados à vida e acabam por se ver apenas com a vida, de um lado para o outro. Escreve Pregarç: “Alguma vez se fez a estatística destes desgraçadamente humanos? Importa fazê-la ou não? Julgo que se, numa cidade, a alegria for mais importante do que a tristeza, importa fazer este levantamento, importa pensar acerca deste assunto com seriedade. Não será preferível, a uma cidade, educar os seus jovens na aprendizagem do amor, da tolerância, da capacidade de se emocionar com o seu vizinho do lado ou com o seu vizinho da frente, ao invés da educação na arte? Não é preferível educar os jovens na aprendizagem de criar riqueza e de saber distribuí-la, ao invés da educação da arte?” Este discurso algo alarmante visa a defesa de uma educação em modos específicos de entender a ética e a política. A defesa de uma educação na consciência da cidade, na consciência do outro, e não na alienação, mudará inevitavelmente a política, mudará radicalmente a consciência que temos de cidadania. Porque para a autora, a arte não é educadora, não traz em si nenhum bem para a cidade porque, escreve, “Não pensem que se pode educar os jovens apenas para aprender a apreciar, a admirar a arte. Pode-se educar alguém a aprender a admirar, a apreciar a arte e aqueles que a fazem, sem inculcar em seus corações um desejo de querer ser como eles? Pode-se educar um jovem a admirar o futebol e os futebolistas, sem inculcar nos seus corações o desejo de querer ser um deles?” Termina o livro por dizer que o nosso futuro pode depender do modo como vamos responder a estas perguntas, mas sem as colocarmos seriamente ou tentarmos responder-lhes, estamos seguramente a não querer importar-nos com o futuro das nossas cidades. Precisamos de respostas políticas à arte, para o futuro, e precisamos delas hoje. À parte algum tom reacionário que o texto parece apresentar, não deixa de ser interessante seguir o percurso das reflexões de Pregarç e tentar nós mesmos contrariá-las, visto serem tão contrárias ao que usualmente pensamos. É, acima de tudo, um livro provocador.
Paolo Longo, jornalista e fotógrafo: “Chineses adoram Xi Jinping” Andreia Sofia Silva - 4 Fev 2020 Com a exposição de fotografia “O Caminho Chinês”, patente no Museu do Oriente, em Lisboa, Paolo Longo revela a percepção da população chinesa face às enormes mudanças do país. O HM conversou com o fotógrafo e ex-correspondente do canal italiano RAI na China sobre a aprendizagem que os chineses tiveram de fazer de si mesmo como indivíduos e as diferenças entre os dois líderes que conheceu, Hu Jintao e Xi Jinping [dropcap]C[/dropcap]omecemos pela exposição. Que histórias sobre a China contam estas fotografias? Vivi na China entre 2004 e 2015, um momento muito importante e especial, porque quando cheguei a China era uma região de poder, mas quando saí já era uma região de super poder. Tudo aconteceu neste período, como os Jogos Olímpicos (JO) e a Expo de Xangai. Cheguei com uma ideia geral do que estava a acontecer e estive antes três meses em Nova Iorque a estudar um pouco a China e os chineses. Foi muito interessante tentar compreender como é que a população estava a reagir a tudo o que estava a acontecer à sua volta. A China estava a mudar tão depressa que as pessoas pareciam, muitas das vezes, confusas com o que estava a acontecer. Eu próprio também estava bastante confuso. Como estava a trabalhar para televisão viajava bastante pelo país e fiquei com uma boa impressão das coisas. A exposição conta a história de como vi as pessoas a cooperar com essa revolução que estava a acontecer nas suas vidas. Entre 1949 e a morte de Mao Zedong os chineses não eram indivíduos, mas sim massas. Não estavam autorizados a pensar nas suas vidas pessoais, tinham de pensar no colectivo. De repente estavam autorizados a ser pessoas e eu comecei a tirar fotografias disso, a olhar para elas. A exposição é o resultado de muitas reportagens diferentes por todo o país, milhares de fotografias. O nome da exposição, “O Caminho Chinês”, é uma frase do poeta Lu Xun. Porque escolheu esse título? Lu Xun disse que a esperança é como um caminho no campo, e no início o caminho não está sequer traçado, até que alguém começou a andar. Uma pessoa, duas pessoas, três e o caminho está feito. A ideia da exposição é que na China surgiram vários novos caminhos porque todos estavam a criar os seus. Acredita que hoje as pessoas estão mais capacitadas a pensar por si próprias? Claro que sim. Há um retrato que não usei na exposição, que nunca usei. Chama-se “O Grande Eu” e é numa avenida em Pequim, o epicentro do consumo chinês. Eles descobriram a ideia do “eu” e agora sabem ser eles próprios. Para todas as pessoas é difícil porque têm de voltar atrás muitas vezes, mas para os jovens é diferente, é essa a realidade. Notou muitas diferenças de percepção entre as pessoas do campo e da cidade, por exemplo, face a todos os acontecimentos do país? As fotografias revelam isso? Sim. Na China há as cidades de primeiro nível, como Pequim, Xangai, Shenzhen, e cidades de segundo nível. Vemos as diferenças, até na maneira de vestir das pessoas. Havia ainda muitas bicicletas e pequenas motorizadas que não vemos em Pequim. Depois há as cidades de terceiro nível, mas que têm dois milhões de habitantes. No campo vivem anos e anos atrás em termos de desenvolvimento. Li algo num livro onde o autor chamava a estes lugares “aldeias do cancro”, pois em todas as famílias havia alguém com cancro. Fui ver de perto porque é que isso acontecia. No início, como jornalista, tinha de pedir autorização para viajar e trabalhar em todo o lado, tinha sete documentos diferentes. Mas quando cheguei a uma aldeia encontrei o líder da comunidade sentado no seu carro a bloquear a entrada, e a dizer-me que eu não podia entrar. Entrei e comecei a falar com toda a gente, e as pessoas queriam era falar do facto de o chefe da aldeia ter vendido uns terrenos a pequenas fábricas que trabalhavam com poluentes fortes, químicos, que poluíram a água. Disseram-me que sempre que alguém vinha fazer uma investigação o chefe da aldeia colocava água limpa para diluir os efeitos da poluição tornando os resultados normais. Estes locais são muito maus, vi pessoas a viver em caves com péssimas condições. Agora o Governo está a tentar resolver estes casos, mas mesmo no meio das cidades há áreas onde as pessoas ainda vivem em condições terríveis. Na exposição há uma secção de fotografias sobre os hutongs, que não têm casas de banho, nem privacidade, água canalizada, nada. Estão a destruí-los. Na maioria das fotografias que vemos aqui as casas já não existem, não as querem ver e não se preocupam se as pessoas se queixam. Na verdade, as pessoas não se queixam, só o fazem se não têm dinheiro suficiente. No fundo, sentem-se felizes por sair destes sítios. Nós, estrangeiros, preocupamo-nos com a destruição das cidades velhas, mas as pessoas estão felizes por sair. Porque foi para Nova Iorque para aprender sobre a China? Por um motivo muito estúpido. Trabalhei lá durante 12 anos e ainda tenho uma casa e há um lugar lá chamado “The Asian Society”, que tem livros e livrarias sobre a Ásia. Estavam a ter cursos de chinês e fui para lá aprender e também porque havia bons livros sobre a China em inglês. As diferenças foram grandes entre aquilo que leu e o que vivenciou. Sem dúvida, são sempre. Os livros tinham provavelmente sido escritos dez anos antes e num país como a China as coisas mudam todos os dias. Os americanos, durante muito tempo, não compreendiam o que estava a acontecer na China. Quando cheguei todos me diziam que estava acabado, que o boom económico do país não ia durar muito, que era impossível uma economia capitalista durar tanto tempo com um Estado centralizado. O New York Times, há um ano atrás, escreveu um título que me deixou com inveja, pois gostaria de ter pensado nisso, que dizia “The land that failed to fail”, que significa a terra que todos achavam que ia falhar e não falhou. Nos últimos 40 anos o país não tem parado de crescer. E o crescimento nos primeiros seis anos depois de eu chegar foi na ordem dos 9 a 12 por cento, algo inimaginável em outros países. Esta é a força e a fraqueza do que está a acontecer na China. A força, porque querem tanto crescer e tornar-se num país diferente que tudo foi possível. A fraqueza, porque há problemas estruturais e profundos na economia chinesa. Eles estão a trabalhar nisso, mas muito lentamente. Refere-se ao enorme fosso entre ricos e pobres, por exemplo? Há mais do que isso. Com a política do filho único não há pessoas suficientes para trabalhar e esse problema será mais visível daqui a dez anos. Há uma dívida gigante, mesmo a nível local, nas províncias, nas aldeias, porque até há seis ou sete anos as administrações eram validadas de acordo com a riqueza que produziam. Então tinham incentivos para gastar mais, mas como? Com empréstimos, por exemplo, e isso aumentou imenso a dívida, o que se traduz num problema estrutural. Por outro lado, durante muitos anos de boom económico, a China foi a fábrica do mundo, a economia exportadora. Agora 40 por cento do PIB vem do consumo, e eles estão a tentar convencer as pessoas a gastar, porque até então poupavam para casos de doença, porque os hospitais, a educação, as casas custam uma fortuna. Os Jogos Olímpicos, em 2008, foi o evento que mudou definitivamente o país? Foi, de certa forma, mas com um efeito muito limitado. Os JO constituíam um imenso estádio para o país. Sabiam que todos iriam lá para ver os estádios e os jogos. Mas imediatamente a seguir surgiram muitos problemas, portanto o efeito foi muito limitado. Teve mais efeito na forma como o mundo passou a olhar para a China? Sim, porque o espectáculo foi perfeito. A organização, a criatividade, a construção estrutural, tudo estava perfeito e foi uma boa exibição de poder. Mas havia outros problemas. Houve grandes protestos no Tibete, em Março, e depois houve o terramoto de Sichuan. E isto internamente foi um grande momento, por uma razão…os chineses começaram a pensar sobre os outros chineses e o nível de ajuda foi incrível. E foi também um grande momento para a Internet, porque no início as pessoas estavam tão alarmadas que não houve controlo e durante quatro ou cinco dias todos escreviam o que queriam. Depois as autoridades começaram a controlar, mas de uma forma diferente, não como antes, negando as notícias. Aprenderam a controlar a forma como as notícias eram difundidas, e essa foi uma grande lição que eles aprenderam com o terramoto. Chegou à China quando Hu Jintao era Presidente, e deixou o país quando Xi Jinping já era o chefe da nação. Quais são as grandes diferenças que aponta entre estes dois líderes? Grandes diferenças. No início, quando Xi Jinping se tornou secretário-geral do Partido Comunista Chinês, em 2012, não sabíamos o que esperar dele. Tínhamos um grande Presidente. Hu Jintao estava muito dentro da tradição dos líderes chineses, esteve no poder numa altura importante para o país, mas era um líder cinzento. Até que apareceu Xi Jinping, vindo de uma nova geração, e recordo-me do discurso que ele deu depois de ser eleito como secretário-geral, perante três mil jornalistas, onde falou do sonho chinês. O que era? Não sabíamos, e se calhar nem ele sabia, nem as pessoas que estavam à volta dele. Quando trabalhas na China tens de criar sempre um contexto com as pessoas que estão o mais próximo possível de alguém que tem um cargo de chefia perto do líder. Nunca chegamos aos líderes, nunca nos encontramos com estas pessoas. Tinha um bom contacto na altura, e a senhora chinesa disse-me que Xi Jinping seria um líder muito diferente, muito moderno e muito aberto. Então a questão era: vai ser aberto, porque percebe melhor do que Hu Jintao como usar os novos media. Mas será capaz de continuar com as reformas, sobretudo num partido que começava a pensar que se tinha ido longe de mais nas reformas? Havia esta grande luta. Começou por lutar contra a corrupção, que foi uma forma de afastar os inimigos, mas depois descobrimos que Xi Jinping tinha uma série de novos conceitos e que não tinha a capacidade de lutar contra os mais conservadores do partido, tudo porque desde o início a modernidade era uma fachada. Tudo ficou mais controlado, com mais repressão. O nacionalismo é importante para manter o controlo das pessoas. Os chineses adoram o Presidente Xi. O problema é que muitas coisas pioraram.
Instituto Cultural cancela todas as actividades previstas para Fevereiro Hoje Macau - 4 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) vai cancelar todas as actividades previstas para Fevereiro. A informação foi divulgada através de um comunicado, onde o organismo reitera também, que todos os espaços culturais sob a sua administração como bibliotecas e museus permanecerão fechados até ser divulgada informação em contrário. Acerca de pedidos de reembolso para quem já adquiriu bilhetes para espectáculos agendados para Fevereiro, o IC garante que “providenciará os reembolsos (…) a partir de hoje [ontem] até 31 de Maio do corrente ano, podendo os espectadores que compraram os bilhetes entrar em contacto com a Bilheteira Online de Macau para procedimentos de reembolso quando a epidemia for aliviada”. Os espectáculos passíveis de reembolso incluem o Concerto de S. Valentim “Sentimentos” (8 de Fevereiro), o Concerto do Dia dos Namorados: Paixão Latina, pela Orquestra de Macau (14 de Fevereiro), o espectáculo de dança, “Nijinsky” (28 de Fevereiro a 1 de Março) e o Concerto “Momentos Encantadores de Divertimento”, pela Orquestra de Macau (29 de Fevereiro). No comunicado enviado às redacções, o IC confirmou também que “todas as bibliotecas públicas, museus e os demais recintos culturais” vão continuar fechados, sendo que todas as actividades programadas naqueles espaços também serão canceladas. No entanto, IC anunciou que continua a estar disponível para receber a pedidos de licença para filmagens, sendo que, para tal, os residentes podem apresentar uma notificação prévia, devidamente preenchida e os documentos necessários. Relativamente ao Subsídio para Acção Cultural Pontual no âmbito do “Programa de Apoio Financeiro para Actividades/ Projectos Culturais das Associações Locais”, as entidades candidatas podem ainda apresentar os seus pedidos através do “sistema de candidatura online” do IC, sem necessidade de deslocar-se pessoalmente.
DSEC | Mais de 14 milhões ficaram nos hotéis de Macau Hoje Macau - 4 Fev 2020 [dropcap]M[/dropcap]ais de 14 milhões de pessoas alojaram-se nos hotéis e pensões de Macau no ano passado, um aumento de 1,1 por cento em relação ao ano anterior, indicaram ontem os dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), do total de 14.104.000 hóspedes, a esmagadora maioria é proveniente do Interior da China (9.825.000) e representa um aumento de 1,9 por cento. O número de hóspedes provenientes da Coreia do Sul (553.000) e de Hong Kong (1,6 milhões) aumentou 14,9 por cento e 7,4 por cento, respectivamente. Já os hospedes de Taiwan (455.000) diminuíram 3,8 por cento, em relação a 2018. O período médio de permanência em Macau situou-se em 1,5 noites, sendo idêntico ao de 2018. No mesmo comunicado, a DSEC indicou que a taxa de ocupação média dos hotéis e pensões atingiu 90,8 por cento no ano passado, menos 0,3 pontos percentuais. A taxa de ocupação média dos hotéis de cinco estrelas foi de 92,2 por cento, tendo também diminuído 0,2 pontos percentuais. No final de Dezembro existiam em Macau 123 hotéis e pensões, mais sete que em 2018, num total de 38 mil quartos (menos 1,4 por cento). Ainda de acordo com os dados da DSEC, em 2019 visitaram Macau em excursões 8,3 milhões de pessoas, o que representa uma diminuição de 8,7 por cento em relação ao ano anterior. Em 2019, Macau recebeu 39.406.181 milhões de visitantes, um aumento de 10,1 por cento em relação ao ano anterior, num novo recorde para a RAEM, de acordo com dados oficiais.
DSEC | Mais de 14 milhões ficaram nos hotéis de Macau Hoje Macau - 4 Fev 2020 [dropcap]M[/dropcap]ais de 14 milhões de pessoas alojaram-se nos hotéis e pensões de Macau no ano passado, um aumento de 1,1 por cento em relação ao ano anterior, indicaram ontem os dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), do total de 14.104.000 hóspedes, a esmagadora maioria é proveniente do Interior da China (9.825.000) e representa um aumento de 1,9 por cento. O número de hóspedes provenientes da Coreia do Sul (553.000) e de Hong Kong (1,6 milhões) aumentou 14,9 por cento e 7,4 por cento, respectivamente. Já os hospedes de Taiwan (455.000) diminuíram 3,8 por cento, em relação a 2018. O período médio de permanência em Macau situou-se em 1,5 noites, sendo idêntico ao de 2018. No mesmo comunicado, a DSEC indicou que a taxa de ocupação média dos hotéis e pensões atingiu 90,8 por cento no ano passado, menos 0,3 pontos percentuais. A taxa de ocupação média dos hotéis de cinco estrelas foi de 92,2 por cento, tendo também diminuído 0,2 pontos percentuais. No final de Dezembro existiam em Macau 123 hotéis e pensões, mais sete que em 2018, num total de 38 mil quartos (menos 1,4 por cento). Ainda de acordo com os dados da DSEC, em 2019 visitaram Macau em excursões 8,3 milhões de pessoas, o que representa uma diminuição de 8,7 por cento em relação ao ano anterior. Em 2019, Macau recebeu 39.406.181 milhões de visitantes, um aumento de 10,1 por cento em relação ao ano anterior, num novo recorde para a RAEM, de acordo com dados oficiais.
Jogo | Sands China fecha 2019 com mais 7% de lucros Hoje Macau - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo Sands China, com casinos em Macau, anunciou lucros líquidos de 2,04 mil milhões de dólares em 2019, um aumento de 7 por cento em relação a 2018. Em comunicado, o grupo apontou que em 2019 registou uma receita líquida de 8,81 mil milhões de dólares em 2019, comparando com 8,67 mil milhões de dólares no ano anterior. Na mesma nota, o Sands China anunciou ainda que no último trimestre de 2019 obteve uma diminuição na receita líquida em 100 milhões de dólares, que se cifrou nos 2,25 mil milhões de dólares. Ainda assim, o lucro líquido do grupo no 4.º trimestre do ano passado foi de 513 milhões de dólares, em comparação com 465 milhões de dólares no mesmo período em análise de 2018. Os casinos de Macau fecharam 2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas, menos 3,4 por cento do que no ano anterior. Em 2018, as receitas dos casinos tinham atingido um total de 302,85 milhões de patacas.
Jogo | Sands China fecha 2019 com mais 7% de lucros Hoje Macau - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo Sands China, com casinos em Macau, anunciou lucros líquidos de 2,04 mil milhões de dólares em 2019, um aumento de 7 por cento em relação a 2018. Em comunicado, o grupo apontou que em 2019 registou uma receita líquida de 8,81 mil milhões de dólares em 2019, comparando com 8,67 mil milhões de dólares no ano anterior. Na mesma nota, o Sands China anunciou ainda que no último trimestre de 2019 obteve uma diminuição na receita líquida em 100 milhões de dólares, que se cifrou nos 2,25 mil milhões de dólares. Ainda assim, o lucro líquido do grupo no 4.º trimestre do ano passado foi de 513 milhões de dólares, em comparação com 465 milhões de dólares no mesmo período em análise de 2018. Os casinos de Macau fecharam 2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas, menos 3,4 por cento do que no ano anterior. Em 2018, as receitas dos casinos tinham atingido um total de 302,85 milhões de patacas.
Telecomunicações | Browser da Xiaomi bloqueia sites em Macau João Santos Filipe - 4 Fev 2020 O programa do fabricante impede o acesso a portais informativos, apesar da ligação ser feita em Macau. Um artigo do jornal Strait Times é completamente boqueado. A empresa reconhece que o problema está relacionado com o facto de existirem em Macau telemóveis que foram feitos para o mercado do Interior da China [dropcap]A[/dropcap] empresa fabricante de telemóveis Xiaomi está a bloquear o acesso dos internautas de Macau a determinados portais noticiosos. O bloqueio é feito através do programa browser da empresa, denominado Mi Browser, que tem como logótipo um globo branco num fundo azul. O programa vem incorporado nos telemóveis disponibilizados e faz parte da escolha pré-definida, para navegar nos diferentes websites. No domingo, o HM tentou aceder ao portal online do jornal Strait Times, em particular a uma notícia sobre o alegado surto de gripe das aves na província de Hunan, e deparou-se com a seguinte mensagem: “De acordo com as leis deste país, o acesso a este portal está banido”. O texto surge escrito em chinês simplificado. Além deste texto, com letras pretas em fundo branco, não há mais nenhuma indicação sobre se o bloqueio é feito a pedido do Governo Central ou do Executivo da RAEM. A mensagem também não explica a lei que está em vigor que permite bloquear o acesso em Macau. Quando contactada pelo HM, um fonte da empresa explicou que tal prende-se com o facto de haver em Macau dispositivos desenvolvidos a pensar no mercado do Interior, nomeadamente no que diz respeito ao sistema operativo. “A Xiaomi cumpre sempre as leis e os regulamentos dos mercados em que opera. Para os equipamentos destinados ao mercado do Interior são-nos exigidas definições que aplicamos para cumprir com os regulamentos”, foi explicado. “Por isso, sugerimos aos nossos utilizadores fora do Interior que escolham equipamentos com a versão global do MIUI [sistema operativo], para garantir uma melhor experiência com os aparelhos”, foi acrescentado. O facto do Mi Browser bloquear o acesso a determinados portais não impede que um utilizador instale um outro browser e consiga navegar nesses portais. No mesmo dispositivo, com recurso, por exemplo aos browsers Firefox ou Google Chrome, o acesso ao site em causa foi concretizado sem qualquer restrição. Também o Governo reconhece que esta situação se verifica e aconselha as pessoas a utilizarem outro programa em vez do browser Xiaomi. “Depois de se ter testado, verificou-se que o website não é mostrado apropriadamente devido a um problema de funcionamento do browser do Xiaomi. É recomendado que instale outro browser da rede (tal como o Chrome) para aceder ao website”, respondeu a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT). Queixas lá fora Esta não será uma situação exclusiva de Macau e em vários fóruns online há utilizadores que afirmam estar em países da União Europeia, e se deparam com a mesma situação. Além de haver portais bloqueados, o Browser Xiao apresenta ainda mensagem a desaconselhar a visita a determinados portais de informação. É o que acontece quando o utilizador tenta aceder aos portais do Hoje Macau ou do South China Morning Post. A entrada é garantida, mas só depois de o utilizador assumir a responsabilidade do acesso. Em comum os portais mencionados têm o facto de serem bloqueados pela “Grande Muralha” do Interior da China, ou seja o sistema de censura e controlo da Internet que vigora ao abrigo do Primeiro Sistema.
Telecomunicações | Browser da Xiaomi bloqueia sites em Macau João Santos Filipe - 4 Fev 2020 O programa do fabricante impede o acesso a portais informativos, apesar da ligação ser feita em Macau. Um artigo do jornal Strait Times é completamente boqueado. A empresa reconhece que o problema está relacionado com o facto de existirem em Macau telemóveis que foram feitos para o mercado do Interior da China [dropcap]A[/dropcap] empresa fabricante de telemóveis Xiaomi está a bloquear o acesso dos internautas de Macau a determinados portais noticiosos. O bloqueio é feito através do programa browser da empresa, denominado Mi Browser, que tem como logótipo um globo branco num fundo azul. O programa vem incorporado nos telemóveis disponibilizados e faz parte da escolha pré-definida, para navegar nos diferentes websites. No domingo, o HM tentou aceder ao portal online do jornal Strait Times, em particular a uma notícia sobre o alegado surto de gripe das aves na província de Hunan, e deparou-se com a seguinte mensagem: “De acordo com as leis deste país, o acesso a este portal está banido”. O texto surge escrito em chinês simplificado. Além deste texto, com letras pretas em fundo branco, não há mais nenhuma indicação sobre se o bloqueio é feito a pedido do Governo Central ou do Executivo da RAEM. A mensagem também não explica a lei que está em vigor que permite bloquear o acesso em Macau. Quando contactada pelo HM, um fonte da empresa explicou que tal prende-se com o facto de haver em Macau dispositivos desenvolvidos a pensar no mercado do Interior, nomeadamente no que diz respeito ao sistema operativo. “A Xiaomi cumpre sempre as leis e os regulamentos dos mercados em que opera. Para os equipamentos destinados ao mercado do Interior são-nos exigidas definições que aplicamos para cumprir com os regulamentos”, foi explicado. “Por isso, sugerimos aos nossos utilizadores fora do Interior que escolham equipamentos com a versão global do MIUI [sistema operativo], para garantir uma melhor experiência com os aparelhos”, foi acrescentado. O facto do Mi Browser bloquear o acesso a determinados portais não impede que um utilizador instale um outro browser e consiga navegar nesses portais. No mesmo dispositivo, com recurso, por exemplo aos browsers Firefox ou Google Chrome, o acesso ao site em causa foi concretizado sem qualquer restrição. Também o Governo reconhece que esta situação se verifica e aconselha as pessoas a utilizarem outro programa em vez do browser Xiaomi. “Depois de se ter testado, verificou-se que o website não é mostrado apropriadamente devido a um problema de funcionamento do browser do Xiaomi. É recomendado que instale outro browser da rede (tal como o Chrome) para aceder ao website”, respondeu a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT). Queixas lá fora Esta não será uma situação exclusiva de Macau e em vários fóruns online há utilizadores que afirmam estar em países da União Europeia, e se deparam com a mesma situação. Além de haver portais bloqueados, o Browser Xiao apresenta ainda mensagem a desaconselhar a visita a determinados portais de informação. É o que acontece quando o utilizador tenta aceder aos portais do Hoje Macau ou do South China Morning Post. A entrada é garantida, mas só depois de o utilizador assumir a responsabilidade do acesso. Em comum os portais mencionados têm o facto de serem bloqueados pela “Grande Muralha” do Interior da China, ou seja o sistema de censura e controlo da Internet que vigora ao abrigo do Primeiro Sistema.
Casinos | Angela Leong elogia obrigatoriedade do uso de máscara João Santos Filipe - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] deputada Angela Leong, que é igualmente membro da direcção da concessionária Sociedade de Jogos de Macau, elogiou a decisão do Executivo de obrigar os jogadores e trabalhadores dos casinos a usarem máscara. “É uma medida que não só permite proteger melhor os trabalhadores do jogo da linha da frente que estão a contribuir para o desenvolvimento da economia de Macau neste momento, como também permite garantir a segurança da saúde dos jogadores”, afirmou, em comunicado, a legisladora. A quarta mulher de Stanley Ho disse ainda acreditar que todas as seis concessionárias vão implementar de forma exemplar as recomendações do Governo para prevenir e controlar a epidemia da Pneumonia de Wuhan. “Vamos todos ganhar esta guerra de prevenção da epidemia”, diz a deputada, de acordo com o comunicado. Outro dos assuntos abordados pela deputada foi a suspensão das aulas que diz estar a criar “grande apreensão” junto de alunos e encarregados de educação. Porém, Angela Leong desdramatiza a situação, e sublinha que o mais importante é prevenir e controlar a epidemia. Como solução à suspensão das aulas, a membro da Assembleia Legislativa diz apoiar a corrente de opinião que considera que as escolas podem prolongar as aulas no Verão, de forma a recuperar o tempo perdido até que a Pneumonia de Wuhan esteja controlada. “Esta abordagem permite reduzir a pressão de contágio [entre os alunos e professores] numa altura crucial”, aponta.
Casinos | Angela Leong elogia obrigatoriedade do uso de máscara João Santos Filipe - 4 Fev 2020 [dropcap]A[/dropcap] deputada Angela Leong, que é igualmente membro da direcção da concessionária Sociedade de Jogos de Macau, elogiou a decisão do Executivo de obrigar os jogadores e trabalhadores dos casinos a usarem máscara. “É uma medida que não só permite proteger melhor os trabalhadores do jogo da linha da frente que estão a contribuir para o desenvolvimento da economia de Macau neste momento, como também permite garantir a segurança da saúde dos jogadores”, afirmou, em comunicado, a legisladora. A quarta mulher de Stanley Ho disse ainda acreditar que todas as seis concessionárias vão implementar de forma exemplar as recomendações do Governo para prevenir e controlar a epidemia da Pneumonia de Wuhan. “Vamos todos ganhar esta guerra de prevenção da epidemia”, diz a deputada, de acordo com o comunicado. Outro dos assuntos abordados pela deputada foi a suspensão das aulas que diz estar a criar “grande apreensão” junto de alunos e encarregados de educação. Porém, Angela Leong desdramatiza a situação, e sublinha que o mais importante é prevenir e controlar a epidemia. Como solução à suspensão das aulas, a membro da Assembleia Legislativa diz apoiar a corrente de opinião que considera que as escolas podem prolongar as aulas no Verão, de forma a recuperar o tempo perdido até que a Pneumonia de Wuhan esteja controlada. “Esta abordagem permite reduzir a pressão de contágio [entre os alunos e professores] numa altura crucial”, aponta.
Comércio | Ho Ion Sang apela a combate mais eficaz a negócios paralelos João Santos Filipe - 4 Fev 2020 O deputado dos Moradores está preocupado com as travessias da fronteira entre Macau e Zhuhai dos comerciantes ilegais que podem resultar num aumento do número de pessoas infectadas com a doença [dropcap]O[/dropcap] deputado da União Geral das Associação dos Moradores de Macau, Ho Ion Sang, apelou às pessoas que se dedicam a transaccionar bens de forma ilegal entre Macau e o Interior da China para que fiquem em casa. O problema das pessoas que fazem vida de compra de produtos em Macau para venda no Interior da China, e vice-versa, tem sido alvo de contestação de vários deputados, devido ao incómodo que geram para os moradores da zona. No entanto, ontem, em declarações ao jornal Ou Mun, Ho Ion Sang defendeu que estas pessoas têm de se abster de atravessar a fronteira porque se vive um período de excepção, em que a situação não é estável. O legislador pediu para que as pessoas respeitem as instruções do Executivo. O objectivo, diz Ho, passa por evitar a propagação de um contágio cruzado entre Zhuhai e Macau. “Estamos numa altura excepcional de instabilidade e estas pessoas têm de cooperar com as políticas de prevenção da epidemia definidas pelo Governo. Têm de ter em conta a saúde pública e evitar atravessar a fronteira”, sublinhou. O deputado abordou igualmente a situação dos residentes que se deslocam a Zhuhai para comprar vegetais e outros produtos de alimentação, uma vez que os preços praticados no outro lado da fronteira são mais baratos. De acordo com Ho Ion Sang, os residentes têm seguido as instruções do Executivo e nota-se uma redução muito significante nas deslocações entre as regiões, o que merece ser elogiado. Pressão financeira Em declarações ao Ou Mun, Ho Ion Sang reconheceu que há pessoas que devido à “pressão financeira” precisam de comprar comida no Interior, devido aos preços mais baixos, assim como receber dinheiro pelas travessias entre Macau e o Interior da China, transaccionando bens como chocolates, detergentes e artigos de marcas estrangeiras. Neste sentido, deputado recordou ainda aos cidadãos que o Instituto para a Acção Social disponibiliza apoios para as famílias e pessoas mais carenciadas. O membro da União Geral das Associação dos Moradores de Macau indicou igualmente que existem associações locais que podem apoiar quem precisa. Finalmente, Ho não deixou de atacar o comércio paralelo, uma vez que implica a fuga aos impostos nas duas regiões, assim como a entrada de produtos que deveriam ser proibidos. Por este motivo, Ho apelou aos Serviços de Alfândega para que apertem a fiscalização e intensifiquem a caça a este fenómeno. “Os Serviços de Alfândega deviam inspeccionar as pessoas que praticam este comércio paralelo e os chamados centros de distribuição”, frisou.
Comércio | Ho Ion Sang apela a combate mais eficaz a negócios paralelos João Santos Filipe - 4 Fev 2020 O deputado dos Moradores está preocupado com as travessias da fronteira entre Macau e Zhuhai dos comerciantes ilegais que podem resultar num aumento do número de pessoas infectadas com a doença [dropcap]O[/dropcap] deputado da União Geral das Associação dos Moradores de Macau, Ho Ion Sang, apelou às pessoas que se dedicam a transaccionar bens de forma ilegal entre Macau e o Interior da China para que fiquem em casa. O problema das pessoas que fazem vida de compra de produtos em Macau para venda no Interior da China, e vice-versa, tem sido alvo de contestação de vários deputados, devido ao incómodo que geram para os moradores da zona. No entanto, ontem, em declarações ao jornal Ou Mun, Ho Ion Sang defendeu que estas pessoas têm de se abster de atravessar a fronteira porque se vive um período de excepção, em que a situação não é estável. O legislador pediu para que as pessoas respeitem as instruções do Executivo. O objectivo, diz Ho, passa por evitar a propagação de um contágio cruzado entre Zhuhai e Macau. “Estamos numa altura excepcional de instabilidade e estas pessoas têm de cooperar com as políticas de prevenção da epidemia definidas pelo Governo. Têm de ter em conta a saúde pública e evitar atravessar a fronteira”, sublinhou. O deputado abordou igualmente a situação dos residentes que se deslocam a Zhuhai para comprar vegetais e outros produtos de alimentação, uma vez que os preços praticados no outro lado da fronteira são mais baratos. De acordo com Ho Ion Sang, os residentes têm seguido as instruções do Executivo e nota-se uma redução muito significante nas deslocações entre as regiões, o que merece ser elogiado. Pressão financeira Em declarações ao Ou Mun, Ho Ion Sang reconheceu que há pessoas que devido à “pressão financeira” precisam de comprar comida no Interior, devido aos preços mais baixos, assim como receber dinheiro pelas travessias entre Macau e o Interior da China, transaccionando bens como chocolates, detergentes e artigos de marcas estrangeiras. Neste sentido, deputado recordou ainda aos cidadãos que o Instituto para a Acção Social disponibiliza apoios para as famílias e pessoas mais carenciadas. O membro da União Geral das Associação dos Moradores de Macau indicou igualmente que existem associações locais que podem apoiar quem precisa. Finalmente, Ho não deixou de atacar o comércio paralelo, uma vez que implica a fuga aos impostos nas duas regiões, assim como a entrada de produtos que deveriam ser proibidos. Por este motivo, Ho apelou aos Serviços de Alfândega para que apertem a fiscalização e intensifiquem a caça a este fenómeno. “Os Serviços de Alfândega deviam inspeccionar as pessoas que praticam este comércio paralelo e os chamados centros de distribuição”, frisou.
Concessionárias de jogo e Governo garantem alojamento a TNR “indispensáveis” Pedro Arede - 4 Fev 2020 Com Lusa [dropcap]P[/dropcap]ara reduzir o fluxo de pessoas entre Macau e Zhuhai, as seis concessionárias do jogo em Macau garantiram ontem que vão providenciar alojamento aos trabalhadores não residentes (TNR) que vivem no Interior da China. A medida foi confirmada pelo Governo após uma reunião levada a cabo entre a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e os representantes das seis concessionárias de jogo em Macau. O objectivo é reduzir o fluxo de cidadãos entre Macau e Zhuhai, como forma de minimizar o risco de transmissão do novo coronavírus. “As seis Concessionárias / subconcessionárias manifestaram o seu apoio e responderam ao apelo do Governo da RAEM, disponibilizando-se para providenciar boas condições de alojamento para os seus trabalhadores não residentes que vivem fora do Território”, pode ler-se num comunicado conjunto emitido ontem pela DICJ e a DSAL. Em conferência de imprensa, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, assegurou que esta medida de alojamento está a ser acompanhada pelas autoridades. “Os TNR que sejam indispensáveis ficar em Macau, e os restantes devem permanecer em Zhuhai. O Instituto de Acção Social já está a trabalhar para arranjar um local apropriado para o alojamento desses TNR. Estamos a acompanhar a situação para ver o resultado, mas ainda temos de esperar mais uns dias.” Após oitavo caso O apelo foi feito pelo Governo, no passado domingo, dia em que Macau registou o primeiro caso de infecção (oitavo da contabilização geral) de um habitante de Macau e um dia depois do anúncio de que dois trabalhadores de casinos locais e que vivem em Zhuhai estavam infectados com o novo coronavírus. “Aos trabalhadores essenciais deverá ser providenciado alojamento temporário para que permaneçam em Macau”, já os não essenciais devem ficar em Zhuhai até que a “epidemia esteja sob controlo”, disseram as autoridades, reforçando assim o apelo feito neste domingo. Na mesma ocasião, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, retirou que “a população deve manter-se em casa e evitar saídas desnecessárias”. Cerca de 35 mil trabalhadores não residentes cruzam diariamente a fronteira entre Macau e Zhuhai, de acordo com dados oficiais.
Epidemia | Creches sem propinas em Fevereiro Pedro Arede - 4 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Departamento e Solidariedade Social do Instituto de Acção Social de Macau, Choi Sio Un, anunciou ontem que as propinas das creches subsidiadas pelo Governo vão ser suspensas no mês de Fevereiro. Por ocasião da conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Sam Hio Tong, Chefe da Divisão de Recursos e Acção Social Escolar da Direcção dos Serviços do Ensino Superior, anunciou também que a prova de acesso ao ensino superior, o chamado Exame Unificado, vai ser adiado apesar de faltar ainda um mês e meio até à sua realização. Segundo o responsável, a medida vai ser agora negociada com as quatro instituições de ensino de Macau: Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau, Instituto de Formação Turística e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.
Epidemia | Creches sem propinas em Fevereiro Pedro Arede - 4 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Departamento e Solidariedade Social do Instituto de Acção Social de Macau, Choi Sio Un, anunciou ontem que as propinas das creches subsidiadas pelo Governo vão ser suspensas no mês de Fevereiro. Por ocasião da conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Sam Hio Tong, Chefe da Divisão de Recursos e Acção Social Escolar da Direcção dos Serviços do Ensino Superior, anunciou também que a prova de acesso ao ensino superior, o chamado Exame Unificado, vai ser adiado apesar de faltar ainda um mês e meio até à sua realização. Segundo o responsável, a medida vai ser agora negociada com as quatro instituições de ensino de Macau: Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau, Instituto de Formação Turística e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.
Epidemia | Governo decreta obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes públicos Pedro Arede - 4 Fev 2020 [dropcap]O[/dropcap]s passageiros que não usarem máscaras podem ver a sua entrada recusada nos transportes públicos e casinos. São mais medidas de prevenção que entraram ontem em vigor, com o objectivo de minimizar os riscos de transmissão em Macau do novo coronavírus. Os passageiros dos autocarros e dos táxis estão assim desde a tarde de ontem obrigados ao uso de máscaras no interior das viaturas, caso contrário, o motorista poderá recusar a sua entrada. “Os condutores podem impedir a entrada de pessoas” que estejam sem máscara, afirmou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U. A medida tinha já sido divulgada de manhã pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que apelou também aos passageiros para utilizarem máscaras e prestarem atenção à sua higiene pessoal, partindo da sua própria iniciativa. A DSAT fez ainda um apelo às empresas de transportes públicos e respectivas entidades de gestão, no sentido de continuar a reforçar a limpeza e desinfecção das composições como forma de prevenção. Também o metro ligeiro seguiu a mesma directiva e desde as 13 horas de ontem que todos os passageiros são obrigados a usar máscara, sob pena de não seguirem viagem nas carruagens do Metro Ligeiro de Macau (MLM). “Devido à evolução contínua do Novo Tipo de Coronavírus, a MLM anuncia que, a partir das 13:00 de hoje (dia 3 de Fevereiro), todos os passageiros são obrigados a usar máscara para viajarem de Metro Ligeiro, no sentido de garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores e dos passageiros, sob pena de que sejam recusados a utilizar o respectivo serviço”, pode ler-se na nota emitida pela Sociedade do MLM. Também desde ontem, os clientes dos casinos estão impedidos de entrar caso não estejam a utilizar máscara, anunciou a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). “Caso for detectada a não utilização de máscara de protecção respiratória dentro dos casinos, as concessionárias/ subconcessionárias têm o direito de solicitar a pessoa em causa para sair do recinto”, pode ler-se no comunicado divulgado ontem pela DICJ.