Óbito | Oliveira Sales, a “figura da diáspora macaense e da comunidade portuguesa”

Arnaldo Oliveira Sales, que morreu na sexta-feira, era um nome máximo da “diáspora macaense” e “uma figura de destaque da comunidade portuguesa de Hong Kong”, apontou Miguel de Senna Fernandes. Marcelo Rebelo de Sousa lamentou morte de uma “das figuras mais relevantes” da região vizinha e Carrie Lam destacou o papel social que desempenhou ao longo da vida

 

[dropcap]“C[/dropcap]resceu em Hong Kong, fez-se homem em Hong Kong” e era “uma figura de destaque da comunidade portuguesa” na antiga colónia britânica, declarou à Lusa Miguel de Senna Fernandes, Associação dos Macaenses (ADM).

“Recordo os primeiros encontros das comunidades macaenses” em que Arnaldo Oliveira Sales era “a figura da diáspora macaense”, sublinhou.

O “descendente de famílias macaenses”, nascido em 1920, na região chinesa de Cantão, foi o primeiro presidente do Conselho Urbano de Hong Kong (um conselho municipal responsável pelos serviços municipais na ilha de Hong Kong e em Kowloon), em 1973, acrescentou o presidente da ADM.

Arnaldo Oliveira Sales foi ainda um dos fundadores da Federação Desportiva e do Comité Olímpico de Hong Kong, tendo sido presidente desta instituição em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique, marcados pelo homicídio de 11 israelitas por parte de um grupo terrorista palestiniano. “A equipa de Hong Kong estava no mesmo edifício que os israelitas”, contou Senna Fernandes. “Ele negociou com os terroristas, explicando que a equipa de Hong Kong nada tinha a ver com o problema e os palestinianos concordaram em soltar a equipa de Hong Kong”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.

Arnaldo Oliveira Sales, que morreu com 100 anos, já se encontrava afastado da vida pública há vários anos. “Há cinco anos que se encontrava muito mal, segundo os seus familiares. Paz à sua alma”, afirmou.

Em comunicado, a Federação Desportiva e Comité Olímpico de Hong Kong recordou que “sob a sua presidência de 1967 a 1998, os atletas de Hong Kong foram ganhando reconhecimento gradualmente em muitas competições multidesportivas internacionais, como os Jogos da Commonwealth, os Jogos Olímpicos e os Jogos Asiáticos”. “Com a sua visão e o máximo esforço, Hong Kong permaneceu como uma entidade desportiva separada após a passagem da soberania”, do território do Reino Unido para a China, enfatizou a organização.

“O seu trabalho como presidente do Conselho Urbano, Membro da Autoridade de Habitação, Comité Consultivo de Direito Básico de Hong Kong e outros serviços públicos foi amplamente reconhecido pelos governos de Hong Kong e por várias organizações. A sua morte é uma grande perda para o desporto e para a comunidade local”, acrescentou aquela organização.

Arnaldo de Oliveira Sales afastou-se da vida pública nos anos 2000 e estava internado há cerca de dez anos no hospital Hong Kong Sanatorium, noticiou o diário South China Morning Post.

Pesar presidencial

Também o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do comendador Arnaldo Oliveira Sales e recordou “uma das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa” em Hong Kong.

De acordo com uma nota publicada na página oficial da Presidência da República na internet, o chefe de Estado apresenta “as mais sentidas condolências à família” de Oliveira Sales, considerando que foi “umas das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa em Hong Kong”.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta que “a sua memória ficará sempre” associada ao “mundo desportivo, nomeadamente ao desporto olímpico”, uma vez que o comendador foi “presidente do Comité Olímpico” daquela antiga colónia britânica e “ficou conhecido como o ‘senhor desporto’”.

O Presidente da República recorda ainda a “lealdade às origens portuguesas e o trabalho que desenvolveu em nome de Portugal”.

A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, também prestou tributo a Oliveira Sales. “O Sr. Sales dedicou a sua vida ao desenvolvimento do desporto em Hong Kong e fez contribuições significativas.

Desempenhou diversos papéis na Federação de Desporto e no Comité Olímpico ao longo dos anos, incluindo enquanto presidente da organização por mais de trinta anos”, referiu a Chefe do Executivo da região vizinha.

Carrie Lam acrescentou ainda que Oliveira Sales “ajudou a promover oportunidades para que os atletas de Hong Kong pudessem participar em competições internacionais sob o emblema de Hong Kong, mesmo depois de 1997”.

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