Macau Investimento e Desenvolvimento | Wu Jianfeng sai do Conselho de Administração

Wu Jianfeng foi exonerado do cargo de presidente do Conselho de Administração da Macau Investimento e Desenvolvimento, de acordo com a informação publicada ontem no Boletim Oficial.

O despacho do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, começou a produzir efeitos a 20 de Janeiro, mas, de acordo com o portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), ainda não foi nomeado qualquer substituto. Estava previsto que o mandato de Wu se prolongasse até Janeiro do próximo ano.

A Macau Investimento e Desenvolvimento tem como objecto principal a concepção, gestão e exploração de espaços para empresas e entidades não empresariais, como acontece com o Parque de Medicina Tradicional Chinesa na Ilha da Montanha ou a Incubadora de Indústrias de Macau em Zhongshan.

Apesar de ter sido exonerado da Macau Investimento e Desenvolvimento, onde tinha uma remuneração anual de 138 mil patacas, o mesmo despacho indica que Wu Jianfeng foi nomeado como administrador do Conselho de Administração da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau, até 2 de Maio deste ano. Neste Conselho de Administração, Wu vai substituir Vong Sin Man, que foi exonerado a seu pedido, de acordo com o mesmo despacho do Chefe do Executivo.

DICJ | Lei Seak Chio nomeado subdirector

Lei Seak Chio foi nomeado como subdirector da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), uma decisão que entra em vigor na próxima segunda-feira e vai vigorar pelo período de um ano. De acordo com o despacho publicado no Boletim Oficial, o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip justificou a escolha por considerar que Lei tem “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo de subdirector”.

Lei Seak Chio é uma escolha exterior à DICJ, dado que desde 2005 desempenhava funções na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde assumiu cargos como de adjunto-técnico, técnico superior, chefe funcional Grupo de Inspecção de Segurança e Saúde Ocupacional e de Investigação de Acidentes de Trabalho Graves da Divisão de Fiscalização de Riscos, chefe da Divisão de Fiscalização de Riscos e chefe do Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional, que actualmente mantém.

A nível do currículo académico, Lei é licenciado em Gestão de Engenharia pela Universidade de Huaqiao e tem um mestrado em Administração Pública pelo Instituto Nacional de Administração da China. A DICJ tem actualmente como director Lio Chi Chong e como subdirector Chui Hou Ian.

Trabalho | Desemprego jovem e TNR preocupam Nick Lei

O desemprego jovem, a falta de segurança laboral e o aumento de trabalhadores não-residentes nos últimos anos são tarefas a resolver pelo novo Governo, de acordo com Nick Lei. O deputado pede mais oportunidades de emprego para jovens residentes nas indústrias-chave

 

Apesar de o ano passado ter fechado com uma taxa de desemprego de 1,8 por cento, confortavelmente dentro das margens da definição de “Pleno Emprego”, Nick Lei encontra sinais de alerta nos dados oficiais, em especial no que diz respeito aos residentes mais novos.

Numa interpelação escrita, o deputado da bancada parlamentar ligada à comunidade de Fujian começa por elogiar os esforços das autoridades, nomeadamente da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), com a implementação de feiras de emprego, programas de formação e estágios. Porém, Nick Lei recorda que no final do terceiro trimestre de 2024, apesar do Pleno Emprego, dois terços dos desempregados tinham idades compreendidas entre 16 e 44 anos. O conceito de Pleno Emprego designa situações quando todos os que estão legalmente autorizados a trabalhar conseguem encontrar emprego em pouco tempo e sem grande esforço.

O deputado sublinha que os planos de vida e de carreira profissional dos jovens não são apenas importantes na esfera pessoal, mas também têm um impacto profundo no desenvolvimento sustentável da sociedade. Como tal, este é um tema que deve constar entre as prioridades do novo Governo. Nick Lei começa por sugerir o aumento de formações e estágios e mais oportunidades nas indústrias apontadas como prioritárias para a diversificação económica.

A vida dos outros

Outro dado estatístico onde Nick Lei gostaria de ver menos jovens é o subemprego. No terceiro trimestre de 2024, apesar de o número de pessoas subempregadas em Macau ter diminuído face ao trimestre anterior, ainda existiam 4.200 pessoas subempregadas, especialmente jovens com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos, que representavam 32,3 por cento do total.

O deputado cita ainda queixas de jovens que indicam que, apesar de estarem abertos a experimentar diferentes cargos e a ganhar experiência, não encontram estabilidade no mercado de trabalho, acabando por ficarem “agarrados” a trabalhos ocasionais ou em substituição. Nick Lei refere que esta situação despe os trabalhadores de direitos, pagos à hora, sem horários de trabalho, folgas semanais ou férias, e que estes casos acontecem inclusive em empresas que fornecem serviços à administração pública.

Face a esta realidade, o deputado pede ao Governo para estabelecer padrões e condições em concursos de concessões ou em contratos com empresas privadas que defendam a estabilidade de emprego dos residentes.

Nick Lei pergunta também ao Governo que planos tem para corrigir assimetrias no mercado de trabalho e se irá encorajar as grandes operadoras de jogo e lançar mais programas e estágios com oportunidades de emprego para jovens.

Como não poderia deixar de ser, o deputado apontou baterias aos trabalhadores não-residentes (TNR), particularmente ao aumento desde 2022, numa altura em que a economia do território estava paralisada devido pandemia, levando à saída de Macau de muitos não-residentes, que inclusive não podiam entrar na RAEM depois de saírem do território.

Após repetir que os TNR só devem ser contratados de forma complementar, quando não houver empregados locais para as vagas, Nick Lei pediu ao Governo para renovar a atenção para as práticas de contratação de TNR nas grandes empresas, em especial nos resorts integrados.

Estudo | Maior satisfação de vida associada a relações e dinheiro

Um estudo que avalia a satisfação de vida em 65 países e regiões, incluindo China, Taiwan e Hong Kong, conclui que em todos os países a segurança financeira e ter uma relação amorosa são factores chave para a felicidade. Porém, durante a pandemia houve uma “grande variabilidade na satisfação global”

 

O que é necessário para ter uma vida plena e com felicidade? A questão, que pode ter várias conotações e tendências espiritais, procurou ser respondida e quantificada pelos autores do estudo “Life satisfaction around the world: Measurement invariance of the Satisfaction With Life Scale (SWLS) across 65 nations, 40 languages, gender identities, and age groups” [Satisfação com a vida em todo o mundo: Invariância de medição da Escala de Satisfação com a Vida (SWLS) em 65 países, 40 línguas, identidades de género e grupos etários].

O estudo, editado recentemente pela revista académica “PLOS One”, partiu de análises feitas por dezenas de académicos e contribuidores em 65 países e regiões, incluindo a China, Taiwan e Hong Kong, o que perfaz 57 mil pessoas analisadas.

Em termos gerais, os autores concluem que “em todos os países uma maior satisfação com a vida foi significativamente associada à segurança financeira e à existência de uma relação de compromisso ou casamento”. Desta forma, os resultados apontam que “uma maior satisfação com a vida está significativamente associada a uma maior segurança financeira e a qualificações educacionais mais elevadas (o que pode ser um indicador do estatuto socioeconómico, embora a dimensão do efeito desta relação específica fosse insignificante)”.

Em termos gerais, “estes resultados são consistentes com as provas que indicam que a satisfação das necessidades humanas básicas e o bem-estar material é um forte – possivelmente o mais forte – preditor do bem-estar psicológico em geral e da satisfação com a vida especificamente”.

É certo que os autores chamam a atenção para o facto de a ideia de bem-estar poder variar de país para país consoante a cultura das populações, mas os resultados “sugerem que, quando considerada ao nível do indivíduo, a associação entre a satisfação com a vida e os indicadores de bem-estar material parece ser relativamente robusta entre nações”.

No tocante aos relacionamentos, as respostas penderam mais para a importância de não se estar só. “Verificámos que o estado civil estava significativamente associado à satisfação com a vida. Mais especificamente, verificámos que os inquiridos em relações de compromisso tinham maior probabilidade de relatar mais satisfação com a vida do que os não casados. Este resultado é consistente com a literatura mais alargada que mostra que o estado civil é um correlato robusto do bem-estar psicológico.”

Porém, uma vida satisfatória não está directamente ligada exclusivamente a relações amorosas, podendo também ocorrer quando a pessoa tem uma vida social activa. “Tem sido sugerido que a formação e manutenção de relações sociais é fundamental para a promoção da satisfação com a vida, particularmente em culturas ou comunidades que enfatizam os valores familiares, porque satisfazem uma necessidade humana básica de pertença e são uma fonte de afirmação positiva”. Além disso, “reforçam comportamentos saudáveis e protegem contra o impacto de acontecimentos negativos”.

Assim, o estudo considera ser “provável que as pessoas que vivem em relações de compromisso possam reportar um maior apoio emocional e integração social, o que, por sua vez, contribui de forma independente para a satisfação com a vida”.

Os tempos covid-19

Se a socialização é tida como muito importante para uma vida satisfatória, como terá sido em tempos de covid-19, que obrigou a longos períodos de confinamento e isolamento? O estudo recorreu a critérios específicos e estatísticas para avaliar a questão, concluindo que houve “uma grande variabilidade na satisfação global com a vida no contexto da pandemia de covid-19. Os inquiridos no Canadá (francófono) e de Israel apresentaram as médias SWLS mais elevadas e os inquiridos no Japão e na Ucrânia a apresentarem as médias mais baixas”.

Tendo em conta a grande dimensão da amostra, os resultados permitem concluir “que a satisfação com a vida variou substancialmente entre os grupos nacionais na altura da pandemia da covid-19″, embora, destacam os autores, “seja necessário ter cuidado ao interpretar as médias latentes” referidas no trabalho para não se avançarem com conclusões definitivas. Ainda assim, os académicos entendem que estes dados podem ser importantes para quando “profissionais e os decisores políticos tentarem compreender as diferenças na satisfação com a vida entre as nações”, além de ser uma “forma de apoiar melhor o bem-estar subjectivo na era pós-pandémica”.

Destaque ainda para a menor satisfação de vida por parte dos grupos populacionais minoritários. “Verificámos que a identificação como parte de uma minoria racializada estava associada à menor satisfação com a vida. Embora este facto seja consistente com alguns trabalhos anteriores e reflicta provavelmente o efeito deletério das experiências de racismo na satisfação com a vida, é de notar que a dimensão do efeito desta relação foi insignificante.”

Além disso, os autores destacam que “a urbanidade estava associada à satisfação com a vida de forma pouco significativa”, tendo sido avaliada se viver numa cidade ou outro contexto urbano mudava o nível de satisfação com a vida.

Meios e fins

Para se atingirem os dados da escala SWLS acima descritos, foi feito o “Inquérito sobre a Imagem Corporal na Natureza” (BINS, na sigla inglesa) por parte de 253 cientistas ou académicos dos 65 países envolvidos, que recolheram dados entre Novembro de 2020 e Fevereiro de 2022.

No total, foram entrevistadas 56.968 pessoas, 58,9 por cento eram mulheres, 40,5 por cento homens e 0,6 por cento eram de outra identidade de género. Em termos de raça e etnia, a maioria, 74,2 por cento, “identificou-se como fazendo parte de uma maioria racializada”, enquanto 11,3 por cento “se identificou como fazendo parte de um grupo racializado ou étnico minoritário”.

Em relação ao sítio onde vivem os participantes, 27 por cento disse viver numa capital, 13,7 por cento no subúrbio de uma capital, 25,1 por cento numa cidade de província, ou seja, com mais de 100 mil habitantes; enquanto 18,7 por cento disse residir numa cidade de província com mais de 10 mil habitantes. Apenas 15,5 por cento dos inquiridos vivia numa zona rural.

Quanto às habilitações literárias, 33,5 por cento terminou o ensino superior, sendo que 42 por cento estavam solteiros e 19,5 por cento estavam numa “relação de compromisso, mas não eram casados”. Por sua vez, 33,5 por cento eram casados.

Relativamente à segurança financeira, 24,9 por cento dos participantes referiram sentir-se menos seguros do que outros da sua idade no seu país de residência, enquanto 49,6 por cento disseram sentir-se “igualmente seguros” e 25,5 por cento consideraram estar “mais seguros”.

Os dados do inquérito permitiram aos autores do estudo “examinar as associações entre a satisfação com a vida e as principais variáveis sociodemográficas ao nível do indivíduo”. Foram avaliados factores como “satisfação com a vida”, “segurança financeira” e “urbanidade”, em que os participantes preencheram a SWLS utilizando uma escala de resposta de 7 pontos, em que 1 ponto representava a opinião “discordo totalmente” e 7 pontos “concordo totalmente”. Foram também avaliados dados demográficos como a idade, educação, estado civil ou a raça.

No que respeita à China, o país é dividido entre “China – Cantonês”, “China – Inglês” e “China – Mandarim”. No caso da “China – Cantonês”, respeitante a Hong Kong, responderam 409 pessoas, com 58 por cento de mulheres e apenas dois por cento dos inquiridos pertencentes a uma minoria racial. A totalidade dos participantes vive em contexto urbano, enquanto 96 por cento terminou o ensino secundário ou superior. Dos inquiridos, apenas dois por cento diz estar num relacionamento, seja ou não casamento.

No caso da “China – Mandarim” participaram 1,231 pessoas, 69 por cento das quais mulheres, em que 95 por cento reside em zonas urbanas. 86 por cento dos inquiridos tem um compromisso ou relacionamento.

EUA | Canadá impõe taxa de 25% aos produtos norte-americanos

O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou que o Canadá vai retaliar às taxas aduaneiras de 25 por cento impostas pelos Estados Unidos e aplicar a mesma tarifa aos produtos norte-americanos. Trudeau disse no sábado que taxas sobre 30 mil milhões de dólares de frutas e bebidas alcoólicas norte-americanas entrarão em vigor amanhã, no mesmo dia em que as tarifas dos EUA entram em vigor.

O Canadá irá gradualmente “impor taxas alfandegárias de 25 por cento sobre os produtos americanos, totalizando 155 mil milhões de dólares canadianos” [102 mil milhões de euros], anunciou.

Num discurso aos canadianos, o chefe do Governo do Canadá dirigiu-se também à população dos Estados Unidos. “Isto terá consequências reais para vocês, o povo norte-americano”, disse Trudeau, acrescentando que isso resultaria em preços mais elevados, nomeadamente no caso de bens essenciais.

O primeiro-ministro disse que muitos canadianos se estavam a sentir traídos pelo país vizinho e aliado de longa data, lembrando aos norte-americanos que as tropas canadianas lutaram ao seu lado no Afeganistão.

“As acções tomadas hoje [sábado] pela Casa Branca separaram-nos em vez de nos unirem”, disse Trudeau, alertando em francês que isso poderia trazer “tempos sombrios” para muitas pessoas.

A mensagem surgiu pouco depois do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, a partir de 4 de Fevereiro. A decisão foi vista pelo Canadá como uma declaração de guerra comercial. Os analistas salientaram que, se as tarifas se mantiverem em vigor, o Canadá poderá entrar em recessão dentro de seis meses.

Plano em acção

O decreto presidencial de Trump determina a imposição de tarifas de 10 por cento à China, de 25 por cento ao México e de 25 por cento ao Canadá, excepto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10 por cento.

De acordo com a Casa Branca, a ordem também inclui um mecanismo para aumentar as taxas aduaneiras em caso de retaliação destes países – os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que no total representam mais de 40 por cento das importações do país.

Trudeau disse também que já falou com a Presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e que o Canadá e o México estão a trabalhar em conjunto para responder à decisão de Trump. O chefe do Governo do Canadá tinha anteriormente prometido uma resposta determinada e enérgica, mas razoável à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos.

Foi só o primeiro

Quem decide ser político tem de se compenetrar que tem de ser sério, competente, incorruptível e servir o povo com honestidade. Não cumprindo este desiderato passa a ser apenas mais uma pessoa que não cumpre o que jurou em cerimónia de posse. Passa a ser um cidadão desconsiderado e fragilizado perante os portugueses para continuar a exercer a sua função de ministro, secretário de Estado, deputado ou autarca.

Na semana passada, depois de vários “casos e casinhos”, idênticos ao que o PSD acusava o Governo de António Costa, tais como o que aconteceu no INEM e em certos casos de autarcas da AD que pediram a demissão, agora, este Governo de Luís Montenegro foi confrontado com a primeira demissão de um dos seus membros em apenas um ano em funções.

O secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, apresentou o pedido de demissão. Por alegadamente ser suspeito de fraudes antigas e recentes. Aconteceu que este senhor já há muito estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia por alegadas irregularidades cometidas durante o seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Bragança, incluindo suspeitas de recebimento de contrapartidas indevidas. Não atendendo à gravidade da situação aceitou ser governante com o pelouro que recentemente definiu a nova Lei dos Solos.

Hernâni Dias, chico-esperto, apressou-se a criar duas empresas de imobiliário e de construção de imóveis. Então, o governante passando a ter conhecimento de quais os terrenos rústicos pelo interior do país foi fundar duas empresas que poderiam concorrer à obtenção de terrenos que viessem a ser transformados em construção de imóveis? Grande visão de “estadista”… Hernâni Dias pediu a demissão e o primeiro-ministro aceitou de imediato. Diz o povo que não há fumo sem fogo e na verdade a polémica instalada tem razão de ser porque a incompatibilidade em causa é descarada.

Hernâni Dias tem negado qualquer ilegalidade, garantindo que sempre actuou “com total transparência” e que está disposto a colaborar com as investigações em curso. “Na vida política há que ter a hombridade de assumir decisões”, declarou, sublinhando que a sua continuidade no cargo poderia prejudicar o trabalho do Governo. Estas declarações só nos dão vontade de rir. Transparência? Muitíssima, se atendermos à investigação da Procuradoria Europeia e à criação de duas empresas enquanto governante relacionadas com imóveis possíveis de virem a ser construídos em locais que o próprio Hernâni Dias passou a ter conhecimento no âmbito da nova Lei dos Solos.

A ironia ainda é maior quando afirma que é preciso ter “hombridade de assumir decisões”. Decisões? Que saibamos as suas decisões foram ter recebido contrapartidas como autarca e criar empresas de imobiliário depois de saber o conteúdo da nova Lei de Solos. A sua decisão de se demitir apenas surge na sequência de notícias que indicam para um possível conflito de interesses devido à alegada criação de empresas que poderiam beneficiar das alterações legislativas promovidas pelo seu Ministério. Clarinho, como água. O secretário de Estado demitiu-se porque sabe que está sob suspeita e a ser investigado. O resto são tretas.

O país não pode ser governado por gananciosos. Por indivíduos que colocam os seus interesses acima dos interesses do povo e que apenas se servem dos cargos estatais para cambalachos que os enriquecem ilegalmente. Há décadas que assistimos a casos destes e nem assim terminam as opções pela irregular função de servidor do Estado.

A triste risota torna-se mais substancial quando Hernâni Dias justificou à agência Lusa que a sua saída foi um “acto de responsabilidade” para garantir a estabilidade do Governo e preservar a imagem do primeiro-ministro… Acto de responsabilidade? Nós chamaremos ao acto, uma obrigatoriedade de sair pela porta dos fundos cheio de vergonha. Como agravante, o ex-secretário de Estado ainda teve o desplante de se atirar contra os órgãos de comunicação social alegando que tem estado em curso uma campanha de “desinformação”… Desinformação? Então, o que se passa na Procuradoria Europeia é desinformação? As empresas de imobiliário criadas por si, na qualidade de governante, são desinformação? Realmente, os jornalistas são uns malandros que divulgam cada verdade…

E estamos certos que esta demissão foi apenas a primeira num Governo onde as ministras da Saúde e da Administração Interna há muito já deviam ter pedido a demissão dos cargos, por indecente e má figura. Num Governo onde um advogado ligado ao negócio imobiliário é que foi contratado como consultor jurídico na elaboração da nova Lei dos Solos…

Acrescente-se, que fontes credíveis adiantaram-nos que por ter sido a RTP a divulgar o caso das empresas criadas pelo governante, que a RTP será alvo de privatização mais depressa do que estava planeado. Se assim acontecer, estamos perante mais um caso de vingança servida friamente, porque com uma RTP privatizada não podemos pensar que a liberdade de informação irá continuar…

A mesma RTP também avançou que uma das sociedades de imobiliário foi constituída em conjunto com a mulher e filhos do governante em causa, enquanto a segunda empresa tem como sócio uma menor de idade… Tudo “transparente”, como referiu o ex-governante. E é assim, que este nosso Portugal continua a ser governado, sempre com a capa de possíveis suspeitas, acusações, julgamentos e recursos atrás de recursos judiciais. Ai, Portugal, Portugal…

Cinema | “Hanami” de Denise Fernandes vence prémio em festival de Gotemburgo

O filme “Hanami”, da realizadora portuguesa Denise Fernandes, foi distinguido sábado com o prémio Ingmar Bergman no Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia. De acordo com a organização, “Hanami” venceu aquele prémio internacional, destinado a primeiras obras, integrando uma selecção de oito candidatos da qual fazia ainda parte “On Falling”, de Laura Carreira.

“Hanami” é uma primeira longa-metragem de Denise Fernandes, foi rodada na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e o elenco integra maioritariamente não-actores, na sua primeira experiência em cinema, explica a produtora portuguesa O Som e a Fúria.

Denise Fernandes, que nasceu em Lisboa, filha de pais cabo-verdianos, e cresceu na Suíça, aborda em “Hunami” as etapas e dores do crescimento de uma menina, desde que está na barriga da mãe até à adolescência.

“Quando eu era criança, reparei que Cabo Verde, por ser muito pequeno, era muitas vezes omitido dos mapas e dos globos. Crescendo na Europa, tinha a sensação de vir de um país que não existia fora das paredes da minha casa. Para o tornar visível, fiz de Cabo Verde e dos seus habitantes o tema central da minha primeira longa-metragem”, explicou Denise Fernandes em nota de intenções.

O elenco integra Sanaya Andrade, Daílma Mendes, Alice da Luz, Nha Nha Rodrigues, João Mendes e Yuta Nakano.

“Hanami” conquistou em 2024 o prémio revelação no festival de cinema de Locarno (Suíça). Desde então, o filme já foi seleccionado para vários festivais e tem conquistado outros prémios, nomeadamente em Chicago (Estados Unidos) e São Paulo (Brasil).

Anteriormente, Denise Fernandes fez as curtas-metragens “Nha Mila” (2020), “Idyllium” (2013), “Pan sin mermelada” (2012) e “Una notte” (2011). De acordo com a produtora O Som e a Fúria, “Hanami” vai estrear-se nas salas de cinema da Suíça – país coprodutor – a 19 de Março e chega aos cinemas portugueses a 15 de Maio. A 48ª. edição do Festival de Cinema de Gotemburgo terminou ontem.

“Glow Shenzhen”| Projecto “Icy Fire” distinguido em festival

Chama-se “Icy Fire” e é uma instalação de videoarte generativa da autoria de Lampo Leong, académico da Universidade de Macau, e de Yanxiu Zhao, que acaba de ganhar a medalha de ouro no Festival “Glow Shenzhen”. Dedicado à arte feita de luzes, este festival da vizinha cidade chinesa contou com 209 projectos

 

 

Lampo Leong, docente da Universidade de Macau (UM), e há muito dedicado ao campo das artes, acaba de ganhar o “Prémio Medalha de Ouro” com o projecto “Icy Fire” feito em parceria com o aluno de doutoramento Yanxiu Zhao. “Icy Fire”, uma instalação de videoarte generativa, com recurso a tinta digital, fez parte do Festival de Arte Luminosa “Glow Shenzhen”, que contou com um total de 209 projectos de arte pública espalhados por toda a cidade, criados por artistas e diversos estúdios de arte a nível internacional.

Desta forma, o projecto de Lampo Leong e Yanxiu Zhao destacou-se, a começar pelo seu tamanho: “Icy Fire” trata-se de uma instalação de videoarte geradora de tinta digital com 7,5 metros por 4 metros por 4,8 metros. Trata-se ainda de uma obra constituída por um grande painel LED de alta definição e várias paredes, tecto e chão espelhados.

Segundo um comunicado da UM, esta obra revela-se “única na sua criatividade e conceito”, tendo sido “realizada com tinta contemporânea sobre papel, software gerador de tinta digital e tecnologia de IA [inteligência artificial]”. Essencialmente, é um projecto que retrata “o processo de derretimento dos glaciares através de salpicos de tinta”, com uma “linguagem artística da abstração geométrica e um gradiente de cores que muda do frio para o quente”.

A instalação combina ainda elementos como som, vídeo digital e “ambientes de exposição imersivos”, a fim de permitir ao público “experimentar e apreciar a inovação e o desenvolvimento da arte clássica da tinta chinesa na era digital e da IA”, com ligação também ao tempo da “urgência da protecção ambiental”.

Reconhecimento global

Lampo Leong, o principal criativo por detrás deste projecto vencedor, está ligado ao Centro de Artes e Design da UM, tendo sido professor visitante da Academia de Belas Artes de Guangzhou. O docente já conta com diversas obras seleccionadas para mais de 450 exposições de arte nacionais ou internacionais com curadoria ou júri e mais de 115 prémios, incluindo o “Red Dot Award: Best of the Best”, “Prémio de Ouro” no American Good Design, “Prémio de Ouro” no Concurso Internacional de Arte “Creative Quarterly” em Nova Iorque e o Fundo Nacional de Artes da China.

As suas obras estão alojadas em mais de dez colecções de museus, incluindo o Cantor Arts Center da Universidade de Stanford, o Minneapolis Institute of Arts e o Museu de Arte de Macau, e foram apresentadas nas capas de publicações como “New Art International” em Nova Iorque, “Creative Genius: 100 Contemporary Artists” em Londres e “Art Frontier” nos Estados Unidos.

Relativamente à edição deste ano do “Glow Shenzhen”, o tema foi “Iluminação Infinita”, tendo decorrido numa localização principal e em mais 29 espaços escolhidos para a apresentação das obras. O projecto de Macau ficou instalado na zona principal da exposição, bem perto do hotel Mandarin Oriental de Shenzhen. O público pode ver esta obra até ao dia 16 de Fevereiro deste ano, sendo que, até à data, esta instalação imersiva “atraiu muitos visitantes e foi elogiada pelo seu impressionante efeito artístico”, revela-se no mesmo comunicado.

Washington | Pequim apresenta condolências após acidente aéreo que matou 67 pessoas

A China apresentou sexta-feira condolências aos Estados Unidos pelo desastre aéreo que matou 67 pessoas, incluindo dois cidadãos chineses, em Washington, quando um avião civil colidiu com um helicóptero militar norte-americano.

De acordo com as “verificações iniciais”, dois cidadãos chineses ” infelizmente morreram no acidente”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“A China solicitou às autoridades norte-americanas que informem atempadamente o progresso das operações de busca e salvamento e determinem prontamente as causas do acidente”, acrescentou o porta-voz, citado pela televisão estatal CCTV.

O acidente ocorreu quando um helicóptero militar, com três pessoas a bordo, e um avião comercial Bombardier CRJ700 da American Eagle (subsidiária regional da American Airlines), com 60 passageiros e quatro tripulantes, colidiram na quarta-feira por volta das 20:48 de quarta-feira, quando este último se aproximava do Aeroporto Ronald Reagan, em Washington.

As autoridades afastaram a possibilidade de haver sobreviventes do acidente aéreo, o mais mortífero nos Estados Unidos desde 2001.

Entre os passageiros estavam vários patinadores artísticos e treinadores americanos, bem como os russos Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, campeões mundiais de patinagem em dupla de 1994. As duas caixas negras do avião, o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo, foram recuperadas pelos investigadores, revelaram na quinta-feira fontes anónimas à CBS News e à ABC News.

Os investigadores do acidente aéreo referiram na quinta-feira que esperam ter conclusões preliminares dentro de 30 dias sobre as causas do acidente. A directora do NTSB, Jennifer Homendy, sublinhou a necessidade de não especular sobre as causas do acidente.

Esta posição contrasta com a postura do Presidente norte-americano Donald Trump, que numa conferência de imprensa na Casa Branca disse não saber os motivos, mas deu a entender que o piloto do helicóptero era o culpado.

Pequim constrói centro de comando militar 10 vezes maior que o Pentágono

O jornal britânico Financial Times (FT) avançou na passada sexta-feira que a China está a construir, a oeste da capital, um complexo militar 10 vezes maior do que o Pentágono, o Departamento da Defesa dos Estados Unidos.

De acordo com imagens de satélite e análises de inteligência divulgadas pelo jornal, as obras começaram em 2024, a cerca de 30 quilómetros a sudoeste de Pequim e estendem-se por uma área de mais de seis quilómetros quadrados, o que o tornaria o maior centro de comando militar do mundo.

As fotos apontam ainda para a existência de fossos profundos na zona, que, de acordo com especialistas, demonstram a construção de grandes bunkers reforçados que poderão albergar os líderes chineses em caso de conflito, incluindo uma hipotética guerra nuclear.

“A análise das imagens sugere a construção de várias possíveis instalações subterrâneas ligadas por passagens, embora sejam necessários mais dados e informações para avaliar completamente esta construção”, explicou o analista Renny Babiarz, da empresa AllSource Analysis.

O FT referiu que junto ao local há placas a proibir tirar fotografias ou a operação de drones, embora não haja uma presença militar visível nem qualquer menção ao projecto na Internet.

Um antigo oficial dos serviços de informação dos EUA, não identificado, disse ao FT que a actual sede do exército chinês, situada no centro de Pequim, é relativamente moderna, mas não foi concebida para actuar como centro de comando seguro.

“O principal centro de comando seguro (…) foi construído há décadas, no auge da Guerra Fria. A dimensão, a escala e as características parcialmente subterrâneas da nova instalação sugerem que irá substituir a [actual sede] como principal centro de comando em tempo de guerra”, disse a mesma fonte.

Preparados para tudo

Dennis Wilder, antigo analista da principal agência de inteligência norte-americana, a CIA, para a China, disse que “a confirmar-se, este novo bunker de comando subterrâneo avançado para líderes militares (…) sinaliza a intenção de Pequim de construir não só forças [armadas] convencionais de classe mundial, mas também a capacidade avançada de travar uma guerra nuclear”.

O FT recordou que, de acordo com os serviços de informação dos EUA, o exército chinês está a desenvolver novas armas e projectos tendo como meta o seu centenário, em 2027.

Fundador da DeepSeek recebido como herói na sua cidade natal

O fundador da DeepSeek foi recebido como um herói na sua cidade natal, na província de Guangzhou, no sul da China, durante as férias do Ano Novo Lunar, revelaram no sábado a imprensa e as redes sociais do gigante asiático.

Liang Wenfeng, um empresário com 40 anos, descrito como a “nova cara” da Inteligência Artificial (IA) na China, regressou nos últimos dias a Mililing, na cidade portuária de Zhanjiang, onde foi erguida uma faixa vermelha na qual se afirma que o empresário é um “orgulho” para a região.

A cidade natal de Liang tornou-se também uma atracção turística durante as férias do Ano Novo Lunar, em que os chineses aproveitam a principal época festiva para visitar as suas cidades natais ou fazer turismo, segundo a rede social chinesa Weibo.

Outros meios de comunicação social, como o Yangcheng Evening News, de Cantão, referem que Liang era “um homem talentoso” e que “aprendeu matemática no liceu quando ainda estava no terceiro ano”. Dizem também que a cidade está “honrada” com o sucesso da Deepseek, que nos últimos dias causou um terramoto no sector tecnológico com o sucesso do seu último modelo de IA.

Ascenção súbita

Liang, nascido em 1985, deixou Cantão para estudar na província oriental de Zhejiang, onde se dedicou ao campo da visão por computador, um segmento da IA.

Em 2015, cofundou a High-Flyer Quant e, em 2023, a DeepSeek, que nas últimas semanas causou uma grande agitação após o lançamento do seu modelo V3, que terá levado apenas dois meses a desenvolver e custou menos de seis milhões de dólares. A 20 de Janeiro lançou o R1, que nos últimos dias teve um elevado número de descargas em todo o mundo.

Na semana passada, um grupo de especialistas de vários sectores, como a tecnologia, a educação, a ciência, a cultura, a saúde e o desporto, reuniu-se em Pequim com o primeiro-ministro, Li Qiang, para dar opiniões e sugestões, sendo que Liang foi o único emissário dedicado à IA, demonstrando que as autoridades chinesas estão atentas ao fenómeno.

Perante a rivalidade tecnológica com os EUA, Pequim identificou a IA como uma prioridade, um mercado que poderá atingir uma avaliação de cerca de 5,6 mil milhões de yuans no gigante asiático até 2030.

Comércio | Pequim promete responder a novas tarifas dos EUA

Trump cumpre promessas eleitorais e dispara em várias direcções. Peqim promete resposta pronta à imposição de tarifas de 10 por cento e, além de apresentar queixa na OMC, alerta que as guerras comerciais não beneficiam ninguém

 

A China prometeu ontem retaliar contra as novas tarifas dos Estados Unidos sobre os produtos chineses, impostas pelo novo Presidente norte-americano Donald Trump, e reafirmou que as guerras comerciais “não têm vencedores”. Horas antes, Trump assinou uma ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, a partir de 4 de Fevereiro.

O comércio entre os Estados Unidos e a China representou cerca de 500 mil milhões de euros nos primeiros 11 meses de 2024, mas o balanço é amplamente desfavorável aos Estados Unidos, com um défice de cerca de 260 mil milhões de euros, segundo dados de Washington.

“A China está fortemente insatisfeita e firmemente contra” as tarifas, disse o Ministério do Comércio chinês, em comunicado, anunciando “medidas correspondentes para proteger resolutamente os direitos e interesses” chineses.

“Não há vencedores numa guerra comercial ou tarifária”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, noutro comunicado. Pequim anunciou que vai apresentar uma queixa contra Washington junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelo que chamou de “imposição unilateral de taxas alfandegárias em grave violação das regras da OMC”.

Estes impostos “não só são inúteis para resolver os problemas dos Estados Unidos, como também prejudicam a cooperação económica e comercial normal”, denunciou o Ministério do Comércio. O decreto presidencial de Trump determina a imposição de tarifas de 10 por cento à China, de 25 por cento ao México e de 25 por cento ao Canadá, excepto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10 por cento.

Realidade distorcida

Trump tinha vindo a ameaçar a imposição de tarifas para garantir uma maior cooperação dos países para impedir a imigração ilegal e o contrabando de produtos químicos usados para fazer fentanil, um poderoso opiáceo que está a causar estragos nos Estados Unidos.

O documento não só acusa a China de passividade no tráfico de droga para os Estados Unidos, mas vai mais longe e disse que o país asiático “apoia e expande activamente o negócio da droga “para envenenar” os norte-americanos.

“A China espera que os Estados Unidos analisem e lidem com problemas como o fentanil de forma objectiva e racional, em vez de ameaçar constantemente outros países com tarifas”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Pouco antes, também a Presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciaram, em retaliação, a imposição de taxas aduaneiras aos produtos vindos dos Estados Unidos.

De acordo com a Casa Branca, a ordem também inclui um mecanismo para aumentar as taxas aduaneiras em caso de retaliação do México, Canadá ou China – os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que no total representam mais de 40 por cento das importações do país.

2025 YiSi (乙巳) Ano da Serpente Verde

A China, com existência há setenta e oito ciclos, cada um de 60 anos, em 2025 apresenta o número 42 a corresponder a Yisi (乙巳), Serpente Verde. O ano lunar começa a 29 de Janeiro e terminará a 16 de Fevereiro de 2026 e para o Feng Shui inicia-se às 22h10m13s do dia 3 de Fevereiro, quando se celebra o Princípio da Primavera (Lichun). Ao contrário do ano anterior, sem nenhum Lichun, neste comemoram-se dois, sendo o segundo devido ao duplo sexto mês lunar, contando o ano com 384 dias.

No Caule Celeste (Tian Gan, 天干) o Elemento Yi (乙), Madeira yin, e no Ramo Terrestre (Di Zhi, 地支) Si (巳, serpente) Elemento Fogo yin, direcção Sul. Encontrando-se em cima Yi (乙) Madeira yin tem o Elemento Fogo (Si, 巳) por baixo e como Madeira faz crescer o Fogo, o Fogo vai ser alimentado e ficar muito forte, e ainda mais nutrido ao juntar-se o gua Li (离, Fogo) do período 9 [de vinte anos iniciado em 2024 e a terminar em 2043].

Com início no Lichun de 2025 entra-se num período de três anos cujo Elemento dominante é o Fogo. Em 2026, ano Bingwu (丙午), tanto no Caule Celeste como no Ramo Terrestre tem o Elemento Fogo yang e por isso chamado Ano do Cavalo Vermelho. Já em 2027, Dingwei (丁未) é Fogo yin e daí denominado por Carneiro Vermelho.

Fogo representa guerra, vulcões, terramotos, tempestades e ligações ao Elemento Metal, [derretido pelo Fogo], acidentes de aviação e de viação. Para a saúde, o Fogo provoca ataques de coração (pois este é Elemento Fogo) e problemas de pulmões (Elemento Metal), sendo estes os principais órgãos afectados este ano.

Como Fogo derrete o Metal, a Europa (situada na direcção Oeste, Elemento Metal) irá sofrer mais, mas Portugal envolto por Água consegue equilibrar e controlar a intensidade do Fogo.

Já quanto ao Ramo Terrestre (Di Zhi, 地支) Si (巳), Elemento Fogo yin e direcção Sul, reconhecido pelo ano da Serpente, simbólico animal cujo nome comum é shé (tsz, 蛇), representa para este ano, o desviar-se do caminho normal. Não segue as regras. É também muito flexível e tem a sensibilidade para esperar para agir no momento correcto.

O ano Yisi (乙巳), Madeira yin, Fogo yin, será financeiramente bom pois as ondas provocadas levam a grandes negócios, sobretudo os relacionados com produtos de madeira, farmacêuticos, culturais e de agricultura. As pessoas gostam de fazer investimentos como num jogo e rapidamente ganham ou perdem tudo.

ROTAÇÃO DOS CINCO PLANETAS

Para 2025, o gua Fogo Li (离) do período 9, iniciado no ano passado por vinte anos, significa separação e com uma forte ligação ao planeta Mu Xing (木星, Júpiter) vai continuar a actuar na Terra, activando sismos, erupções vulcânicas e tempestades.

Será um ano anormal devido à mudança de sentido na rotação de sete planetas, que num certo período giram em sentido oposto ao normal, num movimento retrógrado aparente, pois do “ponto de vista da Terra parecem parar brevemente e reverter o sentido do movimento em determinados momentos, embora na realidade eles orbitem no mesmo sentido em torno do Sol”, segundo informação na Wikipédia explicado no artigo .

Assim Huo Xing (火星, Marte, a estrela do Fogo, direcção Sul) já começou a rodar no sentido oposto (num movimento retrógrado aparente) no dia 7 de Janeiro de 2025 e assim continuará até 18 de Abril. Será um período de enormes problemas com incêndios e outras calamidades naturais, ligadas ao Elemento Fogo. Essa rotação invertida ocorre também a Jin Xing (金星, Vénus, a estrela do Metal, direcção Oeste) entre 28 de Março a 30 de Abril.

O planeta Vénus está ligado às Finanças e quando no período entre 28 de Março a 18 de Abril, Huo Xing e Jin Xing, se sobrepõe ambos com a rotação invertida, ocorrerão grandes ondas na Economia mundial e os mercados financeiros [Bolsa de Valores e o câmbio de moedas] sofrerão com grande turbulência, num prenúncio de Crise Financeira.

Todos os restantes cinco planetas que se seguem mudam o sentido do rodar no segundo semestre do ano: Tu Xing (土星, Saturno a estrela da Terra, direcção Centro), ligado com a geologia e agricultura, no período de 1 de Setembro de 2025 até meados de Fevereiro de 2026 irá afectar os terrenos e criar novas morfologias, provocadas por tsunamis. Muita terra ficará inundada e em outras partes sofrerá severas secas.

Na meteorologia, quando é necessário frio, está calor, quando é preciso chuva, o Sol intenso brilha, a afectar a agricultura, a levar à falta de comida. Já os restantes planetas que de um movimento progressivo passam a circular no outro sentido, num movimento retrógrado aparente, oposto ao até então, são Shui Xing (水星, Mercúrio, estrela da Água, direcção Norte); Tian Wang Xing (天王星 Urano); Hai Wang Xing (海王星, Nepturno); Ming Wang Xing (冥王, Plutão). Estas mudanças colocam as pessoas a tomar decisões com a cabeça quente, sem pensarem nos problemas que podem criar. Outubro será um mês negro devido ao que poderá ocorrer, esperemos não ser o início de uma nova guerra.

ALERTA PARA O DEVIR

Para este ano se pode ser espectador, não seja actor. O Elemento Madeira representa cultura, sendo o único tema para relaxar o coração.

Com as mudanças climáticas a elevarem os poderes dos Elementos, tudo chega com grande intensidade levando a grandes desastres. Após o clima, a guerra mundial espera apenas um estalar de dedos para aparecer, tornar-se realidade e explodir. As pandemias espreitam e estão prontas a atacar. Tudo está sobre grande pressão e em extremos, a economia ajudará alguns e muitos ficarão de fora, devido ao preço inflacionado ou desvalorizado do trabalho.

Só agora se chega à consciência de já estarmos no terceiro milénio. O ano de 2025 colocará medo nas pessoas e com essa tensão as loucuras da alma do Fogo surgirão, elemento que será perpetuado nos dois anos seguintes. Na visão geral para 2025 este será um ano difícil, mas é apenas um aviso do que virá em 2026.

No Yi Jing corresponde ao hexagrama 49, Ge (hua) antigamente a pele dos animais já sem pêlos e o actual significa e aparece a edificar um novo sistema possivelmente através de uma Revolução (a significar remoção daquilo que se tornou antiquado). Água e Fogo extinguem-se mutuamente.

Tai Sui

O Deus do Ano (Tai Sui) de 2025 é o General Wu Sui. Nascido na província de Anhui foi magistrado da dinastia Song e ficou conhecido pela sua inteligência, compaixão e capacidade de resolver com a agudeza das suas análises casos muito complexos. Tal levou a ser promovido em 1240 a Governador do concelho de Xiuning em Anhui. Devido a uma seca extrema na região, passou três dias e noites no templo Seng Vong (Cheng Huang) a orar por chuva, sendo os seus pedidos atendidos.

A chuva apareceu, mas apenas na sua região pois à volta a seca era devastadora havendo muita fome e enormes incêndios, levando o caos a essas zonas e apenas o território onde governava tinha paz e estabilidade. Era uma ilha e tendo o general organizado tudo, a região não caiu no caos havendo harmonia na população ao contrário dos outros lugares onde dominavam as pilhagens e só da área do Huaihe para ali fugiram 400 mil pessoas.

Com o General Wu Sui como Tai Sui de 2025, este ano traz mudanças relacionadas com as fontes de conflito potencializados por desastres naturais e por violentas discussões, hostilidades e tensões intensificadas pela estrela voadora 3 Jade (San Bi) a poderem terminar em tribunal.

Aeroporto | Zona de controlo de segurança será alargada

A área de controlo de segurança do Aeroporto Internacional de Macau será expandida e as obras devem estar concluídas no terceiro trimestre deste ano, segundo informações reveladas pelo representante do departamento de operações do aeroporto, Chan Chan Keong.

Em declarações prestadas ao canal chinês da Rádio Macau, o responsável indicou que, hoje em dia, o controlo de segurança no aeroporto tem capacidade para tratar por hora cerca de 1.400 passageiros que saem de Macau, durante o período de maior movimento.

Após a conclusão das obras de alargamento, Chan Chan Keong estima que possam ser processados mais 200 passageiros por hora. A expansão irá arrancar após os feriados no Ano Novo Lunar, que terminam amanhã, e irá acrescentar um novo posto de controlo de segurança, equipamentos de rastreio de segurança inteligente e dois canais de controlo de segurança (aos actuais seis). Durante os feriados do Ano Novo Lunar, a aeroporto de Macau tem tratado entre 1.200 e 1.400 passageiros por hora.

Metro Ligeiro | Janeiro bate recorde de passageiros

O Metro Ligeiro de Macau registou, em média, cerca de 25.300 passageiros por dia em Janeiro, o número mais elevado desde que o meio de transporte começou a cobrar tarifas, disse ontem a operadora.

De acordo com dados da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, a média de passageiros aumentou 9,5 por cento, em comparação com Dezembro, e subiu 80,7 por cento em relação ao registo de Janeiro de 2024. O Metro Ligeiro foi inaugurado a 10 de Dezembro de 2019 e esse mês continua a deter o recorde, com uma média diária de 33 mil passageiros, sendo que nessa altura as viagens eram gratuitas.

Em Fevereiro de 2020, com o início da cobrança de tarifas e a detecção dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Macau, a média diária de passageiros caiu para 1.100. O Metro Ligeiro voltaria a registar este valor mínimo em Julho de 2022, mês em que a cidade esteve em confinamento durante duas semanas devido a um surto de covid-19.

O novo recorde foi atingido num mês que coincidiu com parte da chamada ‘semana dourada’, um período de dez dias de feriados no Interior da China a propósito do Ano Novo Lunar, que este ano calhou a 29 de Janeiro.

Demografia | Governo prevê menor número de nascimentos em duas décadas

O subdirector dos Serviços de Saúde previu que este ano nasçam em Macau menos de 3.500 bebés, o mais baixo registo desde 2004. Kuok Cheong U afirmou ainda esperar que a taxa de natalidade “continue a cair”

 

De acordo com o canal em chinês da Rádio Macau, o subdiretor dos Serviços de Saúde Kuok Cheong U deu conta do registo de 284 recém-nascidos nos dois hospitais do território até segunda-feira, menos 17 do que no mesmo período de 2024.

Após visitar os primeiros bebés nascidos no Ano Lunar da Serpente, que começou na quarta-feira, o dirigente disse esperar que a taxa de natalidade “continue a cair” e acrescentou que “já será bom” se o número de nascimentos atingir 3.500. Caso a previsão de Kuok seja certeira, este será o ano menos fértil desde 2004, quando a cidade registou 3.308 nascimentos.

De acordo com dados oficiais, em 2023 registaram-se 3.712 nascimentos em Macau, menos 43,5 por cento do que há 10 anos (6.571) e longe do máximo de 7.913 fixado em 1988, que foi um Ano Lunar do Dragão.

Considerado um símbolo da realeza, fortuna e poder e única figura mítica entre os 12 signos do milenar zodíaco chinês, o signo do Dragão reúne um conjunto de características que tradicionalmente leva os casais a planear ter filhos durante esse período.

Aliás, o pai do primeiro recém-nascido no Hospital Kiang Wu, de apelido Yip, disse à imprensa local que o filho nasceu mais tarde do que o previsto e que o casal estava a contar que ainda fosse “um bebé dragão”.

Preocupações económicas

Apesar de 2024 ter sido considerado um ano auspicioso, Tao Xuemei e Wong Chio Fan, um jovem casal, disseram à Lusa que as finanças pessoais e a dos cofres chineses não permitem dar esse passo.

“Preocupa-nos ter filhos por causa da dívida nacional, devido à recessão económica. A opção pela maternidade depende realmente da capacidade económica do país e da capacidade de pagamento da dívida”, resume Tao, de 28 anos, a trabalhar como orientadora escolar. “Não queremos ter filhos só para lhes passar as [nossas] dívidas”, completa Wong, empreiteiro de 35 anos.

O crescimento económico da China atingiu em 2024 a meta de 5 por cento fixada por Pequim, mas alguns economistas afirmam que a economia está a expandir-se a um ritmo mais lento do que o indicado nas estimativas oficiais.

Nicholas Chen, analista da CreditSights, disse à Lusa que a empresa do grupo da agência de notação financeira Fitch espera uma desaceleração para 4,7 por cento este ano, em parte devido ao fraco consumo privado.

Durante a campanha eleitoral, o novo Chefe do Executivo da RAEM admitiu que um dos maiores desafios a longo prazo é a baixa natalidade, que em 2023 atingiu um mínimo histórico de 0,59 nascimentos por mulher. Sam Hou Fai apontou a necessidade de “criar condições em termos de educação e emprego” para subir a natalidade e prometeu estudar a extensão da licença de maternidade, actualmente fixada em 70 dias, e a criação de um fundo de providência central obrigatório.

Lucro da operadora de jogo Sands sobe 50,9 por cento em 2024

A operadora de casinos em Macau Sands China registou lucros de 1,05 mil milhões de dólares em 2024, um aumento de 50,9 por cento, anunciou a companhia–mãe.

A Sands China tinha terminado 2023 com lucros de 696 milhões de dólares, pondo fim a três anos de prejuízos sem precedentes. Ainda assim, o resultado líquido no quarto e último trimestre do ano passado – 237 milhões de dólares– representa uma queda de 17,7 por cento em comparação com o mesmo período de 2023, indicou a norte-americana Las Vegas Sands (LVS), em comunicado.

As receitas dos cinco casinos da operadora em Macau aumentaram 8,4 por cento em 2024, para 7,08 mil milhões de dólares.

A indústria do jogo em Macau registou receitas de 226,8 mil milhões de patacas no ano passado, uma subida de 4,6 por cento. Com as receitas a aumentar, a Sands China registou lucros operacionais de 2,33 mil milhões de dólares em 2024, uma descida de 7,3 por cento em termos anuais.

Recuperação em curso

O presidente da empresa-mãe, Robert Goldstein, sublinhou num comunicado emitido pela Sands que em Macau “a recuperação em curso continuou durante o trimestre, embora a despesa por visitante no mercado se mantenha abaixo dos níveis atingidos antes da pandemia”. No entanto, de acordo com dados oficiais, a despesa per capita dos turistas que visitaram o território entre Janeiro e Setembro foi de 2.168 patacas, mais 36,9 por cento do que o mesmo período de 2019.

Goldstein recordou que a Sands China assumiu um “compromisso de uma década de fazer investimentos que aumentem o apelo do turismo de negócios e lazer de Macau e apoiar o seu desenvolvimento como centro mundial de turismo de negócios e lazer”.

A empresa é uma das seis concessionárias de casinos que operam no território e cujo contrato de concessão para os próximos 10 anos entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2023. Na altura, as seis operadoras comprometeram-se a investir “mais de 100 mil milhões de patacas” em elementos não ligados ao jogo. A Sands anunciou “um jardim de Inverno icónico” com 50 mil metros quadrados.

Jogo | Receitas de Janeiro apresentam queda de 5,6 por cento

Apesar das celebrações do Ano Novo Lunar, durante o passado mês de Janeiro as receitas brutas dos casinos caíram em termos anuais. Este foi o segundo mês consecutivo com variações negativas de receitas da principal indústria do território

 

Em Janeiro os casinos registaram 18,25 mil milhões de patacas em receitas brutas do jogo, o que representou uma quebra de 5,6 por cento face ao início de 2024, quando as receitas tinham atingido os 19,34 mil milhões de patacas. Este é o segundo mês consecutivo em que as receitas do jogo apresentam uma variação anual negativa, depois da queda de 2 por cento em Dezembro, mês marcado pela visita de Xi Jinping ao território.

Os números oficiais foram divulgados no sábado, pela Direcção e Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), e incluem os primeiros dias do Ano Novo Lunar, que tradicionalmente é uma das épocas mais altas para o turismo local. As celebrações do Ano Novo Chinês começaram a 28 de Janeiro e vão prolongar-se até amanhã.

Em comparação com Janeiro de 2019, o último antes da pandemia, existe uma diferença nas receitas de cerca de 6,69 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra de cerca de 22,5 por cento, de acordo com os cálculos do analista Carlo Santarelli, do Deutsche Bank, que utilizam o valor diário das receitas para efeitos de comparação. “As receitas brutas do jogo em Janeiro caíram 22,5 por cento em relação às receitas brutas registadas em Janeiro e 2019”, destacou. O analista sublinhou ainda que a queda em Janeiro foi inferior à que tinha sido inicialmente prevista: “A nossa comparação antes da apresentação dos resultados mensais era de uma redução de 29,2 por cento, e as nossas verificações no terreno mais recentes apontavam para uma redução entre 23 por cento e 26 por cento, face a Janeiro de 2019”, foi vincado.

Visões diferentes

No entanto, os analistas da Morgan Stanley disseram que esperavam um aumento homólogo de 1 por cento nas receitas dos casinos do território em Janeiro, de acordo com uma nota divulgada a 21 de Janeiro.

No dia anterior, também os analistas da empresa JP Morgan Securities previram que as receitas do jogo em Macau subam até 2 por cento em termos anuais nos dois primeiros meses de 2025.

Em relação às previsões para este mês, os analistas do Deutsche Bank esperam que as receitas brutas atinjam os 19,86 mil milhões de patacas, uma redução de 22,1 por cento em comparação com Fevereiro de 2019. No entanto, é indicado que o valor previsto para Fevereiro significaria que as receitas diárias cresceriam cerca de 9,2 por cento face ao que aconteceu no mês passado.

Em relação às receitas para este ano, o banco de investimento estima que atinjam 234,5 mil milhões de patacas, o que representaria um aumento de 4,2 por cento, em comparação com o ano passado. Quando a comparação é feita com 2019, o último ano antes da pandemia, as receitas estimadas representam uma redução de 20,2 por cento. Com Lusa

Primeiro fundo público em patacas para investidores da Grande Baía

O primeiro fundo do mundo denominado somente em patacas, lançado há seis meses em Macau, passou este mês a estar disponível aos investidores de toda a região da Grande Baía, indicou à Lusa o presidente da empresa gestora.

Num balanço ao primeiro semestre de operações na RAEM, o responsável da empresa gestora do A&P Macau Patacas Fundo de Tesouraria, Bernardo Tavares Alves, notou que o fundo atingiu 200 milhões de patacas, cerca de 1.500 investidores e uma taxa de retorno bruta de 3,86 por cento.

“Foi um sucesso conseguirmos demonstrar não só aos investidores que era possível a pataca ter um retorno bastante superior àquilo que existe nos depósitos bancários, e, nesse sentido, foi uma prova de que tínhamos razão, [que] a pataca pode ser uma moeda de investimento e não só apenas uma moeda transaccional”, disse o fundador e presidente da A&P Sociedade Gestora de Fundos de Investimento.

O fundo público aberto tem como objectivo de investimento a aplicação em instrumentos do mercado monetário de elevada qualidade e em depósitos bancários de curto prazo. Inicialmente dirigido à população local, tornou-se também este mês o “primeiro fundo público de Macau a ser estabelecido e vendido” na área da Grande Baía, no que Bernardo Tavares Alves considera ser um “marco importante” para o desenvolvimento do mercado financeiro da RAEM.

A entrada neste mercado gigante acontece através do programa Southbond Wealth Management Connect, que permite aos investidores daquela área do Interior da China terem acesso a produtos financeiros de Macau e Hong Kong.

Questões de segurança

O fundo integra um pacote de produtos oferecidos pelo Banco da China, instituição depositária do A&P Macau Patacas Fundo de Tesouraria.

A quota total é de 150 mil milhões de yuan, partilhada entre Hong Kong e Macau, sendo que um investidor individual pode usar uma quota de três milhões, explicou Tavares Alves.

O responsável considera também que a iniciativa passa também por “tentar perceber qual é a receptividade dos residentes da Grande Baía para com a pataca e para investir num mercado” como Macau. “É um mercado interbancário, portanto algo bastante seguro. Parece-me um passo certo para tentar explorar esse novo mercado [da Grande Baía]”, assumiu.

Quando o fundo foi lançado, em 2 de Julho, Bernardo Tavares Alves disse à Lusa que um dos objectivos passava por “tentar redefinir a relação do capital” em Macau. “Temos de desenvolver este mercado, já que o Governo diz que nós temos que diversificar a economia e, no sistema financeiro, esta parte de fundos realmente não foi tocada”, acrescentou na altura.

Economia | Plano de apoio a empresas centenárias em estudo

O Governo está a preparar um plano para promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. A prioridade recai sobre os bairros comunitários e lojas centenárias. Sem detalhar, o secretário para a Economia e Finanças adiantou que está a ser elaborado um plano de apoio de três níveis

 

Durante a visita de Sam Hou Fai e membros do Executivo a bairros residenciais no sábado, o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, deu algumas pistas em relação a um dos assuntos que levanta maiores preocupações: a vitalidade das pequenas e médias empresas e a recuperação económica dos bairros comunitários fora das mais frequentadas zonas turísticas.

Tai Kin Ip revelou que “o Governo está empenhado em preparar um plano de três níveis que impulsione o desenvolvimento das pequenas e médias empresas”, abrangendo “elementos que preservam os estabelecimentos de comércio com existência centenária”.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, o secretário garantiu que o Governo “não irá poupar esforços para apoiar o desenvolvimento dessas marcas, por forma a concretizar e aperfeiçoar o “cartão de visita dourado” de Macau como metrópole internacional”.

O governante destacou as “boas técnicas” operacionais das lojas centenárias nos bairros comunitários enquanto elementos que devem ser preservados e mantidos por Macau. O périplo pelos bairros residenciais teve como objectivo possibilitar aos governantes inteirarem-se da “situação da cidade durante as festividades da Primavera”.

O que aí vem

Ainda sem um plano detalhado de governação, em especial em termos económicos, Tai Kin Ip fez uma radiografia do actual estado da economia local. “Actualmente, a situação de emprego, número de visitantes e o ambiente económico das zonas comunitárias mantêm-se, basicamente, estáveis”, afirmou o secretário, sublinhando “o seu optimismo quanto ao desenvolvimento económico do território”.

Porém, apesar do optimismo, vários sectores sociais, incluindo as associações tradicionais, esperam que o novo Governo implemente mais medidas de apoio à economia local. Sem adiantar os moldes em que podem ser aprovados os planos, Tai Kin Ip explicou que, como Macau tem uma economia pequena, esta pode facilmente ser afectada por factores flutuantes da economia externa. Assim sendo, “o Governo tem de observar com cautela, bem como estudar e avaliar as tendências de evolução macro-económica do exterior” para lançar medidas de apoio. Para já, o secretário indicou que estas medidas “estão ainda a ser estudadas de forma proactiva”.

O secretário acrescentou que o Executivo está atento “ao desenvolvimento das actividades dos estabelecimentos de comércio das zonas comunitárias”, e à “salvaguarda do bem-estar da população e das suas necessidades de circulação nas áreas residenciais”.

As medidas de apoio à economia são um dos destaques mais aguardados das linhas de acção governativa, que deverão ser conhecidas entre meados de Março e Abril.

Hengqin | Sam Hou Fai lidera Zona de Cooperação Aprofundada

Sam Hou Fai passou a ser o Chefe da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, de acordo com um comunicado do Governo. O Chefe do Executivo de Macau vai assumir o cargo com o Governador da Província de Guangdong, Wang Weizhong, completando o “ajustamento” da constituição da comissão, esperado com a mudança do Governo da RAEM.

Por sua vez, André Cheong Weng Chon, secretário para a Administração e Justiça, torna-se o subchefe Permanente da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada, o segundo chefe da hierarquia da comissão.

Além dos cargos mencionados a comissão é ainda constituída por subchefes não permanentes, cargos que vão ser ocupados pelo vice-Governador Permanente da Província de Guangdong, Zhang Hu, o secretário do Comité Municipal de Zhuhai do Partido Comunista Chinês, Chen Yong, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, e a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam.

Em termos da Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin também houve alterações, com André Cheong a passar a chefe, cargo que acumula com o de subchefe permanente da Comissão de Gestão. Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças do Governo da RAEM foi o escolhido como subchefe da Comissão Executiva, juntando-se nesta posição a Nie Xinping, Fu Yongge, Li Chong, Su Kun e Ng Chi Kin, membros anteriormente escolhidos por Cantão e Macau, que vão continuar como subchefes.

Macaenses | Sam Hou Fai destaca “contributos importantes”

O Chefe do Executivo destacou os “contributos importantes” dados pela comunidade macaense desde a fundação da RAEM, nomeadamente no papel de ponte entre a China e os países de língua portuguesa.

“O apoio e a participação da comunidade macaense são indispensáveis para o bom desempenho do papel de Macau como plataforma de serviços de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, disse Sam Hou Fai na semana passada, durante um encontro com representantes da comunidade macaense, de acordo com um comunicado do Governo.

Sam afirmou que “a sociedade de Macau vive uma conjuntura estável e harmoniosa, apresentando uma tendência positiva de desenvolvimento económico, um cenário de bem-estar da população e o esplendor da riqueza multicultural, tudo isto demonstrando a grande superioridade e forte vitalidade do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”.

O governante indicou também que “no processo da diversificação socioeconómica, como na aplicação bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, que considerou ter decorrido nos últimos 25 anos, a comunidade macaense, “como membro da grande família de Macau” tem desempenhado “um papel indispensável” e dado “contributos importantes”.

O Chefe do Executivo destacou também que a importância da comunidade macaense é reconhecida por Xi Jinping, que na visita a Macau “reuniu-se com os representantes dos diversos sectores sociais, incluindo os da comunidade macaense de Macau, agradecendo-lhes os contributos para a manutenção da prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”.

Ano Novo | Sam Hou Fai define segurança do Estado como prioridade

No balanço do Ano do Dragão, o Chefe do Executivo apontou como ponto alto a visita de Xi Jinping a Macau e os discursos proferidos durante as cerimónias de celebração do 25.º aniversário da RAEM

 

O aprofundamento do princípio “Um País, Dois Sistemas” e a defesa da segurança do Estado, num ambiente com vários desafios internacionais. São estas as prioridades identificadas pelo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, preferidas num discurso de celebração do início do Ano da Serpente.

Na mensagem divulgada na semana passada, Sam Hou Fai considerou que a RAEM está num “novo ponto de partida histórico” e que tem “sobre os ombros a nova missão” que irá implicar a continuação das políticas dos anos mais recentes. “O novo ano é o início do sexto Governo da RAEM. Temos de continuar a aprofundar a aplicação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e cumprir, com maior noção da responsabilidade, a tarefa importante da defesa de segurança do Estado”, afirmou. “Temos de concentrar esforços na elevação da capacidade de gestão pública e do nível de governação, e construir, com maior empenho, um governo responsável, íntegro, eficiente e efectivo orientado para servir a população”, acrescentou.

Em termos económicos, Sam Hou Fai destacou a missão da diversificação adequada da economia e a melhoria das condições de emprego. “Iremos impulsionar activamente o desenvolvimento da diversificação adequada da economia, aprofundar a construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer, e criar melhores condições para desenvolvimento e emprego da população”, vincou.

No que diz respeito, ao “bem-estar da população”, Sam deixou a promessa de “resolver efectivamente as questões enfrentadas pelos residentes na vida quotidiana” e “construir uma sociedade de harmonia entre comunidades, diversificada e inclusiva”.

Fontes de incerteza

Apesar das metas, o dirigente da RAEM reconhece que existem “diversos factores de incerteza no caminho de avanço, associados a uma conjuntura internacional em constante mutação”. No entanto, destacou que “o firme respaldo da grande pátria, as vantagens institucionais do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, a solidariedade e a colaboração entre os diversos sectores sociais” são “a maior fonte” da “confiança” para alcançar as metas traçadas. “Temos que enfrentar desafios, aproveitar oportunidades e criar o futuro com mentalidade flexível e inovadora, com espírito corajoso de inovar”, vincou.

Sobre o ano que terminou, Sam considerou que teve “imensas histórias esplêndidas e invulgares”, com “momentos inesquecíveis”, indicando como principal ponto a visita de Xi Jinping, por ocasião das celebrações do 25.º aniversário da transferência de Macau e a “série de discursos importantes”.

Estudo | Académicos destacam lado “egocêntrico” do Natal em oposição ao Ano Lunar

Um estudo de três académicos chineses afirma que enquanto o Ano Novo Chinês tem um menor cariz menor e “é claramente representativo da sociedade chinesa contemporânea”, o “Natal no Ocidente é egocêntrico, exalta a individualidade e mostra mais interactividade”. Porém, o trabalho, publicado numa revista da Universidade do Estado da Bahia, aponta para a maior convergência de características culturais

 

Natal e Ano Novo Chinês: como são, o que representam para o Ocidente e Oriente, e quais os pontos de convergência? É a estas perguntas que o estudo “Comparações das culturas entre o Ano Novo Chinês e o Natal Ocidental”, da autoria de Zhen Zhao, Yin Xuelu e Qiao Jianzhen pretende responder. O trabalho académico foi publicado recentemente na revista “Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural”, da Universidade do Estado da Bahia, no Brasil.

Os autores destacam, em termos gerais, que “o Natal no Ocidente é egocêntrico, exalta a individualidade e mostra maior interactividade”, nomeadamente com a “participação da multidão” e demonstração de “emoções carnavalescas apaixonadas das pessoas”.

Por outro lado, o Ano Novo Chinês “é um festival nacional, claramente representativo da sociedade chinesa contemporânea”. Em termos gerais, este tipo de celebrações surge descrito como tendo “um significado sociocultural especial que se intercala com as rotinas diárias”, sendo “uma exibição concentrada da vida colorida das pessoas” bem como “um resumo e extensão da política, economia, cultura e religião de várias regiões, grupos étnicos e países”.

Descrevem ainda os autores que o Ano Novo Chinês, que também pode ser denominado de Ano Novo Lunar ou Festival da Primavera, tem raízes “numa pequena economia camponesa e baseia-se frequentemente no confucionismo, com uma mistura de cultura budista e taoista”, estando ligado a “rituais religiosos feudais”.

Por sua vez, o Natal é apresentado como tendo uma maior componente religiosa, estando “enraizado na cultura cristã ocidental e encarna os valores da liberdade e igualdade, do pecado original e do individualismo em toda a parte”.

Interligações inevitáveis

Porém, o estudo descreve como inevitável o futuro intercâmbio de demonstrações culturais nestas épocas do ano: no caso do Natal, no mês de Dezembro; no caso do Ano Novo Chinês, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de cada ano, consoante o calendário.

“O futuro intercâmbio das culturas chinesa e ocidental, incluindo a cultura do festival, é uma parte inevitável do desenvolvimento social e histórico”, é descrito, bem como “um processo evolutivo de complementaridade entre as culturas chinesa e ocidental”.

Desta forma, afirmam os autores, deve descobrir-se pontos de contacto de ambas as culturas “a partir das diferenças entre o Ano Novo Chinês e o Natal, para que possam ser promovidos” e para que haja uma maior preservação “das respectivas culturas nacionais”.

Os autores dizem notar “a aceleração do intercâmbio cultural entre o Oriente e Ocidente” neste campo, uma vez que os “chineses celebram os festivais ocidentais e os estrangeiros celebram os festivais chineses”.

“Na era da globalização, e devido ao desenvolvimento e aprofundamento da economia e da cultura, as festas tradicionais chinesas e ocidentais têm sido gradualmente aceites por ambos os povos numa tolerância mútua”, pode ler-se.

Pontos diferenciadores

Os três autores do estudo recordam que, na China, os festivais mais tradicionais têm uma ligação à agricultura, com costumes tradicionais baseados na comida e na bebida. “A principal razão disso é a busca do povo chinês na ida ser orientada para uma vida longa e saudável”. Enquanto isso, “as festas tradicionais ocidentais têm principalmente origem na religião e eventos relacionados”, tendo, por isso, “fortes conotações religiosas”.

Acrescenta-se que, no Ocidente, “os costumes tradicionais no período de férias baseiam-se principalmente no tema da diversão”, sendo a principal razão o facto de “a busca dos ocidentais na vida ter como objectivo a saúde e felicidade”.

Em termos comparativos, “tanto o Ano Novo Chinês como o Natal são uma época de reunião familiar e uma época maravilhosa para as pessoas olharem para trás e também para o futuro”, embora “com conotações diferentes nas culturas chinesa e ocidental”.

Uma das diferenças apontadas no estudo é a forma como se celebram os dias anteriores a estas datas. “A passagem do ano [no Ano Novo Chinês] é o momento em que as pessoas tentam ir para casa dos seus entes queridos, não importa onde estejam. O jantar de Ano Novo é o ponto alto, também conhecido como o jantar de reencontro, sendo a refeição mais importante do ano.”

Um dos rituais passa por, a partir do pôr-do-sol, “as famílias começarem a acender os foguetes”, começando-se a preparar as refeições com esse ambiente. “Embora os pratos de jantar do Ano Novo variem de lugar para lugar, cada prato tem um certo significado simbólico. Os chineses gostam de usar os harmónicos para atrair boa sorte, e, por exemplo, os harmónicos de frango ‘Ji’ significam ‘auspicioso'”, enquanto “os harmónicos de peixe ‘Yu’ significam ‘ano após ano'”.

“A véspera do Ano Novo é um costume do povo chinês Han. Depois de comer a refeição do Ano Novo, as pessoas reúnem-se em família a fim de esperar pela chegada do Ano Novo à meia noite”, apontam os autores, descrevendo também que “em muitas partes da China, na noite de Ano Novo, as pessoas preparam sumptuosas oferendas, acendem incenso e velas, despejam vinho e queimam dinheiro de papel, prestando homenagem aos antepassados em família para expressar a nostalgia por eles”, além de esperarem bençãos “para os filhos e netos do céu, inspirando os descendentes a trabalharem mais e a viverem à altura dos desejos dos seus antepassados”.

No caso do Natal, celebrado a 25 de Dezembro, a véspera é marcada por um jantar em família que também conta com pratos e doces tradicionais, como o bolo-rei, o bacalhau ou o peru assado. “Ao contrário da vigília chinesa de Ano Novo, os ocidentais celebram o Natal como uma festa única de fantasia na véspera de Natal que se prolonga ao longo da noite. Na festa não há um código de vestuário rigoroso, bastando ser natural e informal, subir para dizer ‘olá’ e enviar desejos sinceros [de boas festas]”, é referido.

Outro ponto diferenciador apontado é as ofertas. Se no Ano Novo Chinês é habitual a oferta de dinheiro nos envelopes “lai si”, no Natal Ocidental distribuem-se presentes entre família e amigos.

A distribuição de dinheiro no Ano Novo Chinês tem diversas conotações, existindo um tipo de dinheiro para os mais velhos, servindo “para lhes desejar uma longa vida”; enquanto que há depois o dinheiro dado dos mais velhos aos mais novos, representando uma transmissão de cuidado da parte dos mais séniores.

Por sua vez, “as primeiras lendas sobre presentes de Natal referem-se ao nascimento de Jesus”, com as oferendas dos reis magos. “Actualmente tornou-se costume dar presentes entre familiares e amigos no Natal”, é referido, existindo também a ideia de que é o Pai Natal a distribuir os presentes. “Por vezes as pessoas fingem ser o Pai Natal para dar presentes às crianças, a fim de acrescentar o espírito festivo”, refere-se.

Outra grande diferença apontada pelo estudo é o facto de, no Ocidente, o Natal não ter a mesma conotação dos antepassados. “No Ocidente as pessoas não adoram os seus antepassados, sendo que as pessoas vão à igreja para celebrar o nascimento de Jesus. As pessoas não se limitam a estar nas reuniões familiares, mas convidam [outros] de forma calorosa para as suas casas, e não é considerado rude festejar juntos. Durante as férias muitas pessoas participam em actividades comunitárias para ajudar os pobres e dar presentes, reflectindo a ideia de busca de igualdade.”

Pontos de semelhança

Segundo o estudo, as duas celebrações têm como ponto em comum servir para “manter a estabilidade social”. “Na China antiga a produção agrícola era fortemente influenciada pelo clima. Os trabalhadores pobres que pertenciam às classes mais baixas tinham muitas vezes de trabalhar todo o ano, o que inevitavelmente levava à insatisfação com a realidade da situação”. Neste sentido, a chegada do Ano Novo Chinês é “um bom momento para libertar emoções”, decorando-se a casa e acendendo-se foguetes na criação “da esperança de que o próximo ano seja bom, com boas colheitas e melhores dias”.

No tocante ao Natal, é descrito que as pessoas “vão à igreja adorar [os santos], cantar canções de Natal e rezar a Deus, esperando que este as ajude a sair das dificuldades quando estão em apuros ou quando estão doentes e enfrentam a morte. Esperam que Deus as perdoe pelos pecados para que possam ascender ao céu depois da morte”, existindo aqui um paralelismo com a “libertação de emoções” acima descrita.

Além disso, ambas as celebrações constituem formas de transmissão de cultura, segundo os autores do estudo. “A cultura do Ano Novo é uma acumulação da cultura tradicional chinesa, sendo a cristalização do trabalho e da sabedoria do povo chinês, expressando as aspirações do povo trabalhador que anseia por coisas boas.” Além disso, estas celebrações “transportam e transmitem a cultura tradicional de forma subtil”, nomeadamente com pinturas e demais decorações das casas, ou ainda eventos como as danças do dragão e do leão ou ainda sessões de caligrafia.

“Através destas actividades transmite-se o património cultural extremamente valioso às gerações mais jovens”, é referido. Por sua vez, no Natal existem as decorações próprias da época, com a árvore, as luzes ou o presépio, em cores verde, vermelho e demais tons brilhantes.

“As pessoas que estiveram ocupadas todo o ano a trabalhar regressam para reviver o calor da família. As pessoas vão à igreja celebrar o nascimento de Jesus, sendo este um acontecimento regular e uma herança da cultura religiosa. Tornou-se costume enviar um cartão de Natal a amigos e familiares, e todos estes costumes carregam profundas conotações culturais que são transmitidas.”