Salário mínimo | Lei Chan U quer melhorar sistema de revisão

O deputado Lei Chan U defende que deve ser alterado o sistema de revisão dos valores do salário mínimo, à semelhança do que ocorreu em Hong Kong. Num comunicado divulgado pelo gabinete do deputado, é explicado que as autoridades da região vizinha sugeriram aumentar o salário mínimo de 40 dólares de Hong Kong por hora para cerca de 42 dólares.

O deputado, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, disse que ambas as regiões têm mecanismos de revisão salarial que devem actuar de dois em dois anos, mas apenas Hong Kong cumpre, aumentando o valor. No caso de Macau, o deputado lembrou que o Governo opta sempre por recolher dados e elaborar um relatório sobre o valor a adoptar, que é discutido na Assembleia Legislativa.

Os vários passos acrescentam incerteza à calendarização dos novos valores do salário mínimo. Assim, Lei Chan U sugere que o Executivo acelere o processo de actualização do salário mínimo.

Ultramarinos pedem criação de Academia sobre “Uma Faixa, Uma Rota”

A Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau defende a criação no território de uma “Academia Uma Faixa, Uma Rota”, durante uma reunião de recolha de opiniões para a elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) do Executivo liderado por Sam Hou Fai. O pedido foi deixado pelo presidente da assembleia-geral da associação, Lao Nga Wong, que indicou a necessidade de atrair mais quadros qualificados para Macau.

De acordo com o comunicado oficial do encontro, Lao Nga Wong “a criação de uma academia de ciências ‘Uma Faixa, Uma Rota’ em Macau para atrair quadros qualificados de todo o mundo e construir uma equipa internacional de investigação científica”.

O empresário defendeu ainda a necessidade de explorar “os recursos turísticos da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, para criar aquilo que considerou ser uma grande atracção tanto para os turistas como para os residentes.

Lao Nga Wong defendeu ainda a necessidade de o Governo apoiar a entrada em bolsas de valores de empresas de Macau que têm actividade no âmbito do desenvolvimento tecnológico.

Por sua vez, o presidente da direcção da associação, Bi Chi Kin, apelou ao Governo para “promover a inteligência artificial” de forma a criar mais ferramentas de auxílio da tomada de decisões.

Bi vincou também que Macau tem de assumir a “responsabilidade de difusão bidireccional das culturas chinesa e ocidental” e que devem organizar as “festividades tradicionais” do território no exterior, para “difundir o poder brando cultural”.

Mais grupos de trabalho

No âmbito da preparação das Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai também recebeu a União Geral das Associações dos Moradores de Macau. Os dirigentes associativos pediram ao Executivo para criar um novo grupo de trabalho, para coordenar a realização de obras viárias nas estradas do território.

Chan Ka Leong, presidente da associação, solicitou ainda ao Governo que adopte orientações públicas para “tornar mais claros e aperfeiçoados” os planos de desenvolvimento das áreas da saúde e da investigação científica, tidas actualmente como chave para a diversificação da economia.

De acordo com um comunicado do Governo, a reunião com os Moradores, grupo que tem três deputados na Assembleia Legislativa, ficou igualmente marcada pelos agradecimentos e elogios da presidente da associação, Ng Siu Lai, à actuação do Governo e à distribuição de apoios sociais.

Diplomacia | RAEM classificada como adversária externa pelos EUA

O documento assinado por Donald Trump faz várias acusações à China, justificadas com a segurança nacional norte-americana. Entre as consequências do memorando, destaque para a proibição de empresas de Macau investirem em certas indústrias americanas

 

A Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) foi classificada como “adversária externa” dos Estados Unidos da América (EUA), no memorando “América Primeiro: Política de Investimento”, assinado na sexta-feira por Donald Trump. A nova política tem como consequência a restrição a nível dos investimentos realizados nos EUA por companhias de Macau em áreas como desenvolvimento tecnológico, energia e agricultura.

A integração de Macau, assim como de Hong Kong, deve-se ao facto de fazerem parte da República Popular da China (RPC). Além das três jurisdições chinesas, Trump definiu igualmente como adversários externos Cuba, Irão, Coreia do Norte, Rússia e Venezuela.

O documento revelado na sexta-feira justifica as restrições ao investimento com a necessidade de assegurar o “interesse nacional” do país norte-americano: “O investimento a todo o custo nem sempre é do interesse nacional. Certos adversários estrangeiros, incluindo a República Popular da China, dirigem e facilitam sistematicamente o investimento em empresas e activos dos Estados Unidos para obter tecnologias de ponta, propriedade intelectual e influência em indústrias estratégicas”, acuso o documento. “A República Popular da China prossegue estas estratégias de diversas formas, tanto visíveis como ocultas, e muitas vezes através de empresas parceiras ou fundos de investimento em países terceiros”, é acrescentado. Em nenhum momento do memorando surgem especificados quaisquer investimentos acusados de roubo de propriedade intelectual ou obtenção da tecnologia de ponta.

No documento consta ainda que a “segurança económica é segurança nacional” e que como a “RPC não permite que as empresas dos Estados Unidos se apoderem das suas infra-estruturas críticas, os Estados Unidos não devem permitir que a RPC se apodere das infra-estruturas críticas dos Estados Unidos”.

Obstáculos à economia

Até ontem, o documento e a classificação da RAEM como adversária externa dos EUA não tinha resultado em nenhum tipo de reacção por parte do Executivo local. No entanto, o Ministério do Comércio alertou que a nova situação vai criar vários obstáculos à cooperação internacional. “A decisão dos EUA de publicar o memorando ‘América Primeiro: Política de Investimento’ afecta seriamente a cooperação económica e comercial normal entre empresas chinesas e norte-americanas”, afirmou um porta-voz não identificado do Ministério do Comércio chinês, numa mensagem publicada através da Agência Estatal chinesa Xinhua e do Diário do Povo.

A mesma fonte referiu que as novas políticas afectam seriamente o ambiente de negócios para as empesas chinesas investirem nos Estados Unidos e que são “discriminatórias”.

De acordo com a Lei Básica, as relações externas da RAEM são um assunto da responsabilidade do Governo Central. Todavia, a RAEM pode “manter e desenvolver, por si própria, relações, celebrar e executar acordos com os países e regiões ou organizações internacionais” em áreas como a economia, comércio, finanças, transportes marítimos, comunicações, turismo, cultura, ciência, tecnologia e desporto”.

Estudo | Tratamento digital de insónia pode combater depressão

Um estudo inédito desenvolvido por diversas universidades, incluindo a Universidade Chinesa de Hong Kong e Universidade de Pequim, concluiu que a terapia cognitivo-comportamental através de aplicações de telemóvel pode ajudar a combater depressão em jovens através da monitorização de insónias. A taxa de redução da doença é de cerca de 40 por cento

 

O estudo “Eficácia da terapia cognitivo-comportamental baseada em aplicações para a insónia na prevenção da perturbação depressiva major em jovens com insónia e depressão subclínica: Um ensaio clínico aleatório” [Effectiveness of app-based cognitive behavioral therapy for insomnia on preventing major depressive disorder in youth with insomnia and subclinical depression: A randomized clinical trial] promete respostas para o tratamento de casos de depressão nos mais jovens.

O trabalho, publicado pela revista “PLOS Medicine” e desenvolvido por académicos de diversas universidades de Hong Kong e da China, onde se incluem a Universidade de Hong Kong, Universidade Chinesa de Hong Kong ou a Universidade de Pequim, conclui que é possível reduzir, em cerca de 40 por cento, casos de depressão em jovens com a utilização de uma aplicação de telemóvel que monitoriza as insónias, um habitual sintoma em quem sofre da doença. Os dados foram apresentados no final da última semana em Hong Kong.

Para chegar aos resultados, foi escolhida uma amostra aleatória de mais de 700 jovens chineses do Interior da China e Hong Kong com perturbação de insónia e sintomas depressivos, com idades compreendidas entre 15 e 25 anos, que se submeteram ao teste com a aplicação durante seis semanas.

Assim, “este estudo controlado e aleatório avaliou a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para a insónia baseada em aplicações (TCC-I) na prevenção do aparecimento futuro de perturbação depressiva major (MDD) em jovens”, pode ler-se. Isto numa altura em que “cada vez mais provas sugerem que a insónia desempenha um papel importante no desenvolvimento da depressão”, ocorrendo nesta investigação “a intervenção na insónia como uma abordagem promissora para prevenir a depressão nos jovens”.

Assim, a “TCC-I baseada em aplicações é eficaz na prevenção do aparecimento futuro de depressão major e na melhoria dos resultados da insónia entre jovens com insónia e depressão subclínica”. O estudo conclui também que “estes resultados sublinham a importância de se visar a insónia para prevenir o aparecimento de DMG [um tipo de depressão] e realçam a necessidade de uma maior divulgação da TCC-I digital para promover o sono e a saúde mental na população jovem”.

Conclui-se ainda que a TCC-I baseada em aplicações “não só melhorou os sintomas nocturnos de insónia, como também reduziu a fadiga diurna e conduziu a uma maior mudança para a maturidade”.

Mais de 700 jovens analisados

Depois de se testar a aplicação da TCC-I, foram realizadas entrevistas clínicas de base durante um período de seis a 12 meses para se compreenderem os resultados nos participantes e monitorizar os sintomas. Falamos, no período compreendido entre 9 de Setembro de 2019 e 25 de Novembro de 2022, de 708 participantes, sendo que destes 407 era mulheres (57 por cento), com uma média de idades de 22 anos. O estudo aponta ainda que “37 participantes, 10 por cento, no grupo de intervenção e 62 participantes, 18 por cento, no grupo de controlo desenvolveram novas perturbações do humor ao longo dos 12 meses de seguimento”.

Por sua vez, o grupo que foi sujeito à CBT-I baseada na aplicação de telemóvel, ou seja, a terapia cognitivo-comportamental para a insónia, apresentou “taxas de remissão da perturbação da insónia mais elevadas do que os grupos de controlo pós-intervenção” no espaço de um ano. Além disso, o mesmo grupo “relatou uma maior diminuição nos sintomas depressivos do que os controlos na pós-intervenção e ao longo dos seis meses de seguimento”. Os autores do estudo entendem que “a insónia foi um mediador dos efeitos da intervenção na depressão”, não tendo sido “relatados eventos adversos relacionados com as intervenções”.

Os autores partiram para este estudo com algumas ideias comprovadas de que a insónia constitui uma das causas principais para a depressão. “Os dados emergentes sobre a intervenção na insónia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental para a insónia (TCC-I), têm mostrado resultados promissores no alívio da insónia e dos sintomas depressivos em doentes com insónia”, lê-se.

As investigações já existentes centram-se em adultos e idosos, pelo que era importante analisar esta matéria entre os mais jovens.

“Além disso, existem poucos estudos com poder estatístico adequado para demonstrar o efeito preventivo da TCC-I na depressão, tanto ao nível dos sintomas como das perturbações”, explicam os autores do estudo, frisando que “pouco se sabe sobre se a intervenção digital da insónia pode potencialmente prevenir a depressão juvenil”.

Significados importantes

O estudo aponta ainda que a terapia cognitivo-comportamental para a insónia baseada em aplicações “é uma intervenção viável e eficaz para prevenir a depressão futura, tanto ao nível dos sintomas como das perturbações, nos jovens”. Porém, é recomendada a realização de mais estudos que possam explorar “a integração do TCC-I baseado em aplicativos na prática clínica para melhorar a acessibilidade e prevenir a depressão entre a população jovem”.

É também referida a necessidade da realização de mais ensaios clínicos “para explorar os potenciais benefícios da adaptação de intervenções digitais sobre o sono no alívio e prevenção da depressão”, a fim de se “avançar em direcção a abordagens de cuidados personalizados e escalonados junto da comunidade”.

São referidas limitações neste estudo publicado na “PLOS Medicine”, nomeadamente “a inclusão de uma mistura de indivíduos com e sem depressão prévia, e uma amostra limitada de adolescentes, embora tenha havido uma amostra global adequada”.

À imprensa de Hong Kong, os autores do estudo falaram da importância destes resultados e como podem constituir novas ferramentas em futuros tratamentos da doença. Citado pelo The Standard HK, Chen Si-jing, primeiro autor da investigação e bolseiro de pós-doutoramento do Departamento de Psiquiatria da Universidade Chinesa de Hong Kong, disse que o estudo “demonstra que a TCC-I digital é eficaz na prevenção do aparecimento futuro de depressão grave, com uma eficácia satisfatória”. Já Wing Yun-kwok, director da Unidade de Avaliação do Sono da Família Li Chiu Kong, indicou que os estudos futuros irão centrar-se na intervenção digital sobre a insónia na prática clínica.

O carácter inédito deste estudo na Ásia confere-lhe ainda uma maior importância. Segundo afirmou Lu Lin, académico da Academia Chinesa de Ciências e presidente do PKU Sixth Hospital, até à data “não tinha sido realizada qualquer investigação na Ásia sobre a eficácia desta terapia”.

Tráfico Humano | Pequim defende colaboração com Tailândia e Myanmar na luta contra o crime

A China reafirmou ontem a intenção de colaborar com a Tailândia e o Myanmar na luta contra redes de tráfico humano, após as autoridades tailandesas terem começado a repatriar cidadãos chineses mantidos em cativeiro por grupos criminosos.

“A China segue a sua filosofia centrada nas pessoas. É uma escolha necessária para salvaguardar os interesses comuns dos países da região e responder às aspirações partilhadas pelos seus povos”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

Guo sublinhou que a China mantém uma estreita cooperação bilateral e multilateral com a Tailândia, o Myanmar e outros países afectados.

“Tomámos várias medidas para resolver tanto os sintomas como as causas profundas destes crimes e trabalhamos em conjunto para impedir que os criminosos atravessem as fronteiras, com o objectivo de erradicar o problema das fraudes e dos jogos de azar ‘online’ ilegais”, afirmou.

O porta-voz acrescentou que a China continuará a tomar medidas para “proteger a vida e os bens das pessoas” e preservar o intercâmbio e a cooperação com os países da região.

No entanto, evitou dar pormenores sobre a identidade dos cidadãos repatriados, o seu estado de saúde ou as circunstâncias do seu resgate. “Para informações específicas, remeto para as autoridades competentes na China”, disse.

A Tailândia iniciou ontem o repatriamento de milhares de pessoas, na sua maioria cidadãos chineses, que tinham sido levados por grupos criminosos e explorados em centros dedicados a fraudes ‘online’ no Myanmar.

O primeiro dos aviões descolou ontem com 50 passageiros a bordo, embora se espere que um total de 1.041 chineses sejam enviados para o seu país entre os 7.000 estrangeiros a repatriar nos próximos dias, de acordo com a estimativa feita esta semana pelo primeiro-ministro tailandês, Paetongtarn Shinawatra.

Sam Hou Fai e Wu Sui

Todos sabem quem é Sam Hou Fai, mas Wu Sui, alguém sabe quem é? Acredito que não só a maioria dos portugueses, mas também muitos chineses nunca tenham ouvido este nome. No entanto, na sociedade chinesa, especialmente em Macau onde as crenças populares são preservadas, Wu Sui é uma figura importante porque é uma “divindade tutelar” do Ano da Serpente, responsável por supervisionar a felicidade e o infortúnio do mundo dos humanos.

Wu Sui nasceu na China há 800 anos durante a Dinastia Song e serviu como magistrado no condado de Xiuning. Durante o seu mandato, Wu Sui expôs muitos crimes escondidos e os condados vizinhos procuraram frequentemente a sua ajuda e conselho para resolverem casos difíceis. Certo ano, houve uma grande seca e Wu Sui orou no templo durante três dias e três noites e acabou por chover. Para aliviar o impacto que a seca teve no povo, Wu decretou a redução de impostos e do aluguer das terras, prestando socorro a 48.000 vítimas deste desastre. Nessa altura, mais de 400.000 refugiados vindos de outras zonas afectadas atravessaram o rio para Xiuning e Wu Sui fez todos os possíveis para os ajudar. Enquanto outras cidades estavam mergulhadas no caos, devido a incidentes de agitação, fogo posto e saques motivados pela seca, as áreas governadas por Wu Sui permaneciam pacíficas e ordeiras, sem que alguém criasse qualquer problema. Por isso, não é sem razão que a tradição popular elegeu Wu como a divindade tutelar no Ano da Serpente.

Devido aos actuais desenvolvimentos internacionais complexos e constantemente em mudança, acredita-se que 2025 será um ano que acontece uma vez em cada século e que terão de se enfrentar grandes desafios. Embora as crises e as oportunidades andem de mãos dadas, nem todos os líderes sabem “reconhecer a mudança”, “responder à mudança” e “procurar a mudança”. Recentemente, Xia Baolong, o director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau e do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, visitou a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, A Zona de Cooperação e Inovação Tecnológica e Científica de Hetao Shenzhen-Hong Kong (Zona de Cooperação de Hetao), a Zona de Cooperação da Indústria de Serviços Modernos entre Distrito Qianhai em Shenzhen e Hong Kong e o Porto de Yantian, onde esteve profundamente envolvido em conversações com os funcionários responsáveis para fortalecer a cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau e para promover a melhor integração destas cidades na Área da Grande Baía de Guangdong-Macau.

Hong Kong e Macau, em conjunto com Guangzhou e Shenzhen, eram outrora vistos como os quatro motores do desenvolvimento da Área da Grande Baía de Guangdong-Macau. No entanto, devido a vários factores, Hong Kong ainda está na fase de “transição da estabilidade para a prosperidade” enquanto a “diversificação das indústrias 1+4” em Macau está, por enquanto, numa fase embrionária. Se o Governo da RAEM não conseguir lidar com a diversificação com cautela, não vai conseguir produzir sinergias na Área da Grande Baía de Guangdong-Macau, mas, pelo contrário, porá em risco o estatuto de Macau como um potencial centro financeiro internacional e como Centro Mundial de Turismo e Lazer. Por conseguinte, o Director Xia está muito preocupado com o desenvolvimento futuro de Hong Kong e de Macau.

Desde que Sam Hou Fai tomou posse como Chefe do Executivo, acredita-se que o seu hábito de “passear nas ruas” foi alterado, tornando-se mais complicado para ele tomar conhecimento das dificuldades que a população local enfrenta todos os dias, relacionadas com a falta de emprego e com o encerramento de lojas devido à quebra do consumo. Além da queda dos preços dos imóveis, o custo de vida está constantemente a aumentar e nos programas de rádio ouve-se frequentemente a pessoas a pedirem que o valor de risco social e a pensão de velhice sejam aumentados. A bela ideia da “integração de Macau e Hengqin” não consegue melhorar o actual nível de vida dos residentes de Macau a curto prazo. Nas próximas Linhas de Acção Governativa da RAEM para o Ano Financeiro de 2025, espero sinceramente que o Governo se ocupe efectivamente das questões com que os cidadãos têm de lidar diariamente.

Sam Hou Fai passou de juiz do Tribunal de Última Instância a Chefe do Executivo, ao passo que Wu Sui passou de magistrado para ser uma divindade tutelar da tradição popular. No entanto, ambos foram confrontados com o desafio de encontrar soluções para aliviar as dificuldades que as pessoas têm de enfrentar.

Galaxy | Concerto do tenor Andrea Bocelli no fim de Março

A Galaxy Arena recebe, a 29 de Março, Andrea Bocelli para um concerto que marca a estreia do cantor em Macau. O espectáculo faz parte da digressão que o tenor tem levado a cabo por vários países e regiões, como Taiwan

 

Andrea Bocelli, um dos grandes tenores italianos da actualidade, actua em Macau pela primeira vez na Galaxy Arena, a 29 de Março, sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Segundo um comunicado da Galaxy, promete-se “um concerto que apresenta uma lista única de músicas, oferecendo aos fãs de Macau, Hong Kong e de toda a Ásia-Pacífico a rara oportunidade de ver este artista excepcional ao vivo”.

Apesar de ser invisual, Andrea Bocelli conseguiu, com a sua voz, encantar fãs de todo o mundo, sendo “celebrado pela sua capacidade de misturar música italiana, ópera e música pop” e “aclamado pelo seu estilo distinto e cruzado”.

Sobre ele, a cantora Celine Dion disse ser a “Voz de Deus”, e o sucesso está à vista: ao longo da sua carreira, Andrea Bocelli vendeu mais de 90 milhões de álbuns e teve mais de 16 milhões de ouvintes online, sendo “o artista que mais vendeu dentro do género clássico”.

O concerto de Andrea Bocelli em Macau é uma oportunidade única para ver e ouvir um artista notável que anda em digressão pelo mundo, dando também um saltinho a Taiwan. De resto, Andrea Bocelli passa também pela Austrália, Portugal, França, Holanda, EUA, Chéquia e África do Sul, sem esquecer alguns países da América Latina.

Homem de duetos

Na sua enorme capacidade de se fundir com a música pop, Andrea Bocelli tem na sua carreira enormes êxitos que, decerto, se farão ouvir na Galaxy Arena. É o caso do dueto com Sarah Brightman, “Time to Say Goodbye”, que esteve no topo da tabela de singles alemã durante 14 semanas. Celine Dion, a cantora canadiana que o elogiou, gravou com ele “The Prayer”, e “Vivo per Lei”, em que a conjugação de duas belas vozes resultou em dois grandes êxitos e “demonstrou ainda mais o talento” de Bocelli.

Considerado um embaixador de longa data da cultura italiana, Andrea Bocelli atraiu novamente os olhares dos fãs em 2020, em plena pandemia, com o evento “Music for Hope”, que se tornou num dos maiores espectáculos de música transmitido em directo de todos os tempos. Foi a forma do músico responder aos difíceis tempos da pandemia, numa adaptação da sua arte ao formato online.

No rol de parcerias de Andrea Bocelli, inclui-se a participação com a cantora pop Lady Gaga, dona de uma grande voz, mas num registo bastante diferente do tenor. A parceria aconteceu no concerto promovido por ela, intitulado “Lady Gaga, One World: Together at Home de Lady Gaga”, que juntou estrelas como Celine Dion, Lang Lang e John Legend. O objectivo desta iniciativa foi “espalhar mensagens de amor e esperança em tempos difíceis”.

O sucesso de Andrea Bocelli em todo o mundo revela-se também pelo facto de ter actuado para quatro presidentes dos EUA, três papas, a família real britânica e vários primeiros-ministros. Além disso, Bocelli subiu aos palcos de marcos icónicos como as Pirâmides do Egipto, a Torre Eiffel em Paris, a Estátua da Liberdade em Nova Iorque e a Catedral de Milão. Actuou também em numerosos eventos de grande dimensão, como a cerimónia de abertura do Euro 2020 e os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022. Na China, Bocelli foi também convidado em 2021 para a Gala de Ano Novo do canal CCTV.

O tenor colaborou ainda com outras estrelas de géneros musicais distintos do seu, mostrando a sua versatilidade como cantor, nomeadamente Ed Sheeran, Jennifer Lopez e Christina Aguilera.

Novos álbuns

A digressão de Bocelli far-se-á de êxitos antigos e novos. Relativamente ao trabalho de estúdio, o tenor italiano gravou, em 2022, “A Family Christmas”, um trabalho dedicado à família e ao Natal, destacando-se o single “The Greatest Gift”. “Si Forever” foi lançado em 2019 e é também um disco de duetos, com nomes como Ellie Goulding e Jennifer Garner, destacando-se “cinco novas canções que se juntam às favoritas, incluindo ‘Fall On Me'”, lê-se no website do tenor. Não faltam faixas como “Un rêve de liberté”, com o cantor pop MIKA, ou “If Only”, com a artista de R&B e pop Dua Lipa.

Andrea Bocelli nasceu em 1958 na região de Lajatico, e já ganhou cinco BRIT Awards e três Grammys. Começou a tocar piano, flauta ou saxofone, entre vários instrumentos, aos seis anos, mas um acidente aos 12 anos, em que fez um golpe na cabeça durante um jogo de futebol, mudaria a sua vida para sempre, deixando-o totalmente cego. Ainda estudou Direito, exercendo advocacia em Itália, mas a música acabou por conquistá-lo.

China | Sintetizado um diamante hexagonal mais duro que o natural

Uma equipa de investigadores chineses conseguiu sintetizar a lonsdaleíta, uma forma rara de diamante hexagonal com uma dureza 40 por cento superior à do diamante natural.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Jilin e da Universidade Sun Yat-sen, adiantou o jornal oficial China Daily, na quarta-feira. O grupo de desenvolvimento destacou recentemente que a lonsdaleíta foi obtida a partir de grafite submetida a condições extremas de pressão e temperatura.

“A síntese de lonsdaleíta tem sido um ponto focal de investigação para cientistas de todo o mundo nos últimos 50 anos”, frisou Yao Mingguang, professor do Laboratório Estadual de Materiais Superduros da Universidade de Jilin. A lonsdaleíta, descoberta em 1967, forma-se naturalmente em locais de impacto de meteoritos, embora a sua síntese artificial tenha sido um desafio para a comunidade científica.

Para o conseguir, os investigadores chineses aplicaram uma pressão de 300 mil atmosferas, seis vezes superior à necessária para fazer diamantes convencionais. Como resultado, obtiveram cristais com até 1,2 milímetros de diâmetro, um tamanho consideravelmente maior do que os obtidos em tentativas anteriores.

Para além da sua dureza excepcional, a lonsdaleíta sintetizada exibe uma notável estabilidade térmica, mantendo-se estável até aos 1.100°C. “Os diamantes recém-sintetizados apresentam estabilidade térmica e mantêm-se estáveis a temperaturas extremas”, explicou Yao.

Esta característica pode permitir a sua aplicação em materiais ultra-resistentes e semicondutores. Apesar dos progressos, a produção industrial ainda não é viável: “Encontrar catalisadores adequados pode abrir caminho para isso”, frisou o investigador. A equipa procura agora optimizar o processo para passar da síntese laboratorial para o fabrico em grande volume.

DeepSeek | Descartada abertura a mais investidores

A empresa chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek negou ontem que esteja a considerar a possibilidade de aceitar financiamento externo para fazer face à crescente procura por recursos computacionais, após o seu rápido crescimento.

A empresa tecnológica reagiu assim à informação vinculada por órgãos especializados, como a publicação norte-americana The Information, que indicaram que a plataforma estava a considerar dar esse passo. Os órgãos mencionaram fundos de investimento chineses e o Fundo Nacional de Segurança Social como possíveis investidores. São “apenas rumores”, afirmou ontem a empresa, em comunicado.

O jornal estatal The Paper também noticiou ontem que a empresa está a enfrentar dificuldades para sustentar a expansão do serviço, o que levou os seus directores e a sua empresa-mãe, a QuantCube, a avaliarem uma mudança de estratégia que orientaria o seu foco da investigação tecnológica para um modelo comercialmente viável.

Nos últimos dias, especulou-se sobre um possível investimento de 10 mil milhões de dólares por parte do grupo Alibaba, o que lhe daria uma participação de 10 por cento na empresa e avaliaria a DeepSeek em 100 mil milhões de dólares. O vice-presidente da Alibaba, Yan Qiao, negou oficialmente a informação, sobre a qual a DeepSeek não comentou.

A DeepSeek causou grande agitação no sector global de IA após o seu lançamento, há algumas semanas, do modelo V3, que terá levado apenas dois meses para ser desenvolvido, com uma fracção do orçamento das rivais norte-americanas. Lançado em 2023 pelo fundo de cobertura chinês High-Flyer Quant, a DeepSeek está comprometida com o código aberto e oferece serviços mais baratos do que o modelo o1 da OpenAI.

O rápido crescimento atraiu parcerias com gigantes tecnológicos chineses, como Alibaba, Tencent, Huawei e Baidu.

China | Mantida taxa de juro de referência em 3,1% pelo quinto mês consecutivo

O Banco Popular da China anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,1 por cento, pelo quinto mês consecutivo, indo assim ao encontro das expectativas dos analistas. Na sua actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de juro de referência a um ano (LPR) se manterá a esse nível pelo menos até daqui a um mês.

Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos – geralmente destinados às empresas – e dos empréstimos a taxa variável que estão a ser reembolsados.

É calculado com base nas contribuições de preços de um conjunto de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a crédito malparado – e tem como objectivo baixar os custos dos empréstimos e apoiar a “economia real”.

A última redução foi em Outubro do ano passado, quando o banco central a reduziu em 25 pontos de base, a partir de 3,35 por cento.

A instituição também indicou ontem que a taxa de juro a mais de cinco anos – a referência para os empréstimos hipotecários – se manterá em 3,6 por cento, também em conformidade com as previsões dos analistas. A última descida ocorreu em Outubro, também em 25 pontos de base, a partir de 3,85 por cento.

Hong Kong | Inflação sobe para 2% em Janeiro devido ao Ano Novo Lunar

Alimentação e transportes parecem ter sido os principais factores de aceleração da inflação no mês passado quando se celebrou a chegada do Novo Ano Lunar

 

A inflação na região semiautónoma chinesa de Hong Kong acelerou em Janeiro, pela primeira vez desde Agosto, devido aos preços dos transportes e da alimentação durante os feriados do Ano Novo Lunar, foi ontem anunciado.

O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 2 por cento em Janeiro, em relação ao período homólogo, informou o Departamento de Censos e Estatística (CSD) de Hong Kong. Em Dezembro, a inflação fixou-se em 1,4 por cento.

Num comunicado, o CSD justificou a aceleração, a primeira em cinco meses, com “os aumentos dos preços nos transportes de ida e volta [de Hong Kong] e dos preços dos alimentos básicos devido ao efeito do Ano Novo Chinês”.

O período do Ano Novo Lunar, o maior movimento de massas do mundo, é a principal festa tradicional das famílias chinesas e acontece em Janeiro ou Fevereiro, consoante o calendário lunar. Este ano, celebrou-se entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro.

O CSD sublinhou ainda que entrou em vigor em Janeiro um aumento de 10 por cento na renda da maioria dos residentes em habitações públicas em Hong Kong, cidade vizinha de Macau.

Um porta-voz do Governo do território defendeu que a inflação subjacente dos preços no consumidor foi modesta em Janeiro e acrescentou que, no geral, os preços dos alimentos “continuaram a registar aumentos anuais ligeiros”.

Num comunicado, o porta-voz previu que a inflação “deverá manter-se moderada a curto prazo”, mas admitiu que “as incertezas decorrentes das tensões geopolíticas e dos conflitos comerciais merecem atenção”.

Futuro inflacionado

No início de Fevereiro, o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 10 por cento sobre as importações de Hong Kong e da China continental.

A inflação na China também acelerou em Janeiro, pela primeira vez desde Agosto, devido ao forte aumento dos gastos das famílias, por altura dos feriados do Ano Novo Lunar, contrariando persistentes pressões deflacionistas.

O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 0,5 por cento, em Janeiro, em relação ao período homólogo, informou a 9 de Fevereiro o Gabinete Nacional de Estatística (NBS) do país asiático. Em Dezembro, a inflação fixou-se em 0,1 por cento.

O aumento temporário do consumo mascarou brevemente a dimensão do desafio deflacionista que a segunda maior economia do mundo enfrenta. O preço dos serviços aumentou 0,9 por cento, representando mais de metade do aumento total do IPC, de acordo com o NBS.

A deflação nas fábricas da China prolongou-se pelo 28.º mês consecutivo, com um declínio de 2,3 por cento, mantendo-se estável, face à contracção do índice em Dezembro. O consumo doméstico é cada vez mais crucial e por isso o Governo chinês avançou já com planos para aumentar a despesa pública e reduzir as taxas de juro.

O receio de Pequim é que um ciclo enraizado de descida dos preços possa refrear as despesas das famílias e empurrar as empresas para cortes salariais e despedimentos.

JLL estima que habitações vão continuar a perder valor ao longo do ano

A agência imobiliária JLL estima que ao longo este ano o valor da habitação vai cair até 5 por cento, de acordo com o relatório mais recente sobre o mercado de Macau.

As quebras, que podem chegar a 5 por cento, foram estimadas tanto para a habitação de luxo, que em 2024 desvalorizou 11,4 por cento, como para as casas de médio e pequeno valor, que em 2024 perderam 9,7 do seu valor. “Os preços das casas em Macau caíram a pique desde a pandemia, com os preços globais a descerem mais de 20 por cento em relação ao pico do mercado. Algumas unidades registaram mesmo descidas no valor de 30 por cento”, afirmou Mark Wong, director de Consultoria de Valor e Risco da JLL em Macau.

A agência imobiliária admite que os compradores da habitação para revenda ficaram a perder dinheiro: “A correcção de preços no mercado da habitação levou a perdas substanciais para os proprietários de apartamentos que compraram apartamentos residenciais nos últimos anos, o que também afectou os seus interesses em investir ou só comprar habitação. Além disso, apesar de uma oferta adequada de habitação, a procura continua a ser limitada”, foi apontado.

Outras desvalorizações

Também os escritórios deverão perder valor ao longo deste ano, com a JLL a prever reduções que podem, tal como na habitação, chegar a 5 por cento, em termos do mercado como um todo, que desvalorizou 10,9 por cento em 2024, e dos escritórios de luxo, que desvalorizaram 8 por cento.

A JLL perspectivou ainda reduções que podem chegar a 5 por cento em termos dos espaços comerciais, depois de ter indicado que os valores das lojas foi encurtado em 9,4 por cento no último ano.

Apesar de prever desvalorizações generalizadas, a JLL acredita que em termos do mercado do arrendamento, deverá haver uma ligeira subida nas rendas de habitação, que podem aumentar até 13,7 por cento no segmento de luxo e 2,5 por cento nos restantes segmentos.

Nos escritórios, espera-se que as rendas desçam entre 4,5 e 6,0 por cento, enquanto nas lojas espera-se a manutenção do valor.

Lai Chi Vun | Urbanista discorda de construção de diques

Lam Iek Chit não vê razões para construir diques contra inundações nos estaleiros de Lai Chi Vun. Além de cortar a ligação com o mar, e violar o regulamento de classificação da zona, o terreno apresenta uma inclinação para a água, funcionando como barreira natural. A obra foi adjudicada à Nam Kwong por 565 milhões de patacas

 

Vão começar em breve as obras de construção de “equipamentos de prevenção contra inundações e reordenado o sistema de drenagem de água nos diques e no canal de Shizimen” para prevenir inundações nas imediações da Avenida de Cinco de Outubro de Coloane, do Cais de Coloane e de Lai Chi Vun.

A obra motivou algumas críticas, incluindo do urbanista e membro do Conselho do Património Cultural Lam Iek Chit, que diz ter-se queixado em diferentes ocasiões para o conflito entre e as obras projectadas e o regulamento administrativo sobre a classificação dos estaleiros navais de Lai Chi Vun. No entanto, nunca obteve resposta das autoridades.

Em declarações ao jornal Cheng Pou, o urbanista recorda que o regulamento administrativo prevê o estabelecimento de uma zona de protecção em Lai Chi Vun, que obriga à manutenção das características do estuário do rio e da paisagem natural. Segundo Lam Iek Chit, estas características serão postas em causa com a construção que irá implicar o corte da ligação entre os estaleiros navais e o mar.

O Governo refere que a obra é essencial para atenuar os problemas de inundações situados no lado oeste de Coloane provocados por marés de tempestade e chuvas intensas.

A lei da gravidade

O urbanista considera que o Governo tem soluções mais fáceis, eficazes e muito mais baratas para proteger as habitações de Lai Chi Vun contra marés de tempestade e chuvas intensas. A simples instalação de barreiras ou protecções nas casas é uma solução apresentada por Lam, sem grandes despesas para o erário público e sem violar o regulamento administrativo e a lei de salvaguarda do património cultural. Além disso, as próprias características do local, com um declive para o mar, formam uma protecção para as casas nas imediações, ao contrário do que acontece na vila de Coloane. Ainda assim, o urbanista entende que na vila de Coloane a instalação de barreiras nas casas seria também suficiente para impedir inundações, ou numa perspectiva mais cautelosa a construção de um dique.

Além destas questões, Lam Iek Chit afirma que o Governo não publicou dados científicos sobre os planos de protecção contra inundações com diferentes níveis. Segundo os dados da obra, a companhia Nam Kwong União Comercial e Industrial ganhou a adjudicação do projecto, com um preço de 565 milhões de patacas e um prazo de conclusão de 710 dias de trabalho.

Hospital das Ilhas | Criação de pacotes turísticos em estudo

O Hospital das Ilhas está a “realizar estudos preliminares de mercado sobre o conteúdo de pacotes de turismo médico, os seus critérios para cobrança de taxas”, indicou o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, numa resposta a uma interpelação de Ho Ion Sang. A análise está a ser feita em contacto com “o sector turístico e as empresas integradas de turismo e lazer”.

Além disso, a Direcção dos Serviços de Turismo irá acompanhar o lançamento destes serviços de turismo médico disponíveis no Hospital das Ilhas, também em conjunto com o sector e as concessionárias, para desenvolver “produtos turísticos com foco em cuidados médicos, bem-estar e alimentação terapêutica”, revelou Alvis Lo. A aposta irá passar também por promoções de alojamento e campanhas de publicidade nos mercados-alvo.

Uma das áreas a explorar no novo centro hospitalar é a medicina estética, no Centro Médico Internacional. De momento, a instituição tem consultas externas de especialidade, que incluem serviços de medicina estética como microagulhas de radiofrequência, injecções de toxina botulínica (botox) e vacinação contra o vírus de herpes zoster (zona).

Além disso, Alvis Lo declarou que os Serviços de Saúde querem elevar o nível técnico e dos serviços médicos de Macau, “em articulação com a actual política de emissão de vistos para tratamento médico em Macau”, para incentivar instituições médicas privadas a criarem produtos turísticos de saúde.

DSEC | Restauração e retalho registam novas quebras nas vendas

As vendas dos restaurantes apresentaram uma redução de 5,6 por cento em Dezembro de 2024 face ao período homólogo. Os números constam do inquérito de conjuntura à restauração e ao comércio a retalho realizado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Os restaurantes de comida chinesa foram os mais afectados pela redução do volume das vendas com quebras que atingiram 10,3 por cento. Os restaurantes com comida ocidental também registaram menos vendas, com uma diminuição de 4,4 por cento, em comparação com Dezembro de 2023. No pólo oposto, no espaço de um ano, os restaurantes com comida japonesa e coreana apresentaram aumento das vendas de 10,9 por cento.

As quebras nas vendas entre Dezembro do ano passado e Dezembro de 2023 não se limitaram à restauração. No comércio a retalho a situação não foi melhor.

De acordo com os entrevistados pela DSEC, as quebras nas vendas atingiram 21,1 por cento em termos anuais. Os negócios de relógios e joalharia foram os mais afectados com uma redução nas vendas de 31,5 por cento, enquanto as vendas dos artigos de couro tiveram uma redução de 25,9 por cento. A venda de mercadorias em armazéns e de quinquilharias caíram 20,8 por cento. Por outro lado, a venda de automóveis cresceu 36 por cento face ao período homólogo.

Idosos | IAS pondera ajustar valor de subsídio

Sem se comprometer, e lembrando que o subsídio para idosos subiu 7,5 vezes desde 2005, o Governo afirma que irá ponderar ajustar o valor do apoio de acordo com a situação económica da sociedade, as disposições orçamentais e a atribuição de outros apoios sociais. No ano passado, cerca de 130 mil idosos receberam o subsídio de 9.000 patacas

 

O Governo de Sam Hou Fai vai estudar a possibilidade de ajustar os montantes dos apoios sociais destinados a idosos, como o subsídio e a pensão para idosos. A garantia foi dada pelo presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, em resposta a uma interpelação escrita de Nick Lei.

Em relação à pensão para idosos, que se mantém em 3.740 patacas mensais desde o início de 2020, e às prestações do regime de segurança social, o Fundo de Segurança Social (FSS) irá estudar a sua adaptação “ao desenvolvimento social”, para “dar resposta às necessidades reais dos residentes”. Para optimizar o mecanismo de ajuste regular das prestações e a indexação da base da pensão para idosos ao valor do risco social, Hon Wai indicou que será tomada em conta “a situação financeira do próprio FSS, o desenvolvimento socioeconómico” e os resultados da avaliação do ‘Índice de Preços do Consumidor Idoso’”.

Em relação ao subsídio para idosos, cujo valor de 9.000 patacas não é revisto desde 2018, o Governo indica que, “no futuro”, “irá ponderar a possibilidade de ajustar o montante de acordo com a situação económica da sociedade, as disposições orçamentais e as diversas medidas de apoio social”.

Ho Wai salienta também que, desde a sua implementação, o subsídio para idosos subiu 7,5 vezes “de 1.200 patacas em 2005 para 9.000 patacas em 2024”, valor que se mantém inalterado nos últimos seis anos. No ano passado, o subsídio foi distribuído no dia 17 de Outubro a 130.641 beneficiários, e teve um valor global aproximado superior a 1,175 mil milhões de patacas.

Por outras vias

O presidente do IAS salientou ainda outros benefícios para idosos contemplados na rede de apoios sociais da RAEM, como a comparticipação pecuniária, vales de saúde, repartição extraordinária de saldos orçamentais, assistência médica e transportes públicos gratuitos, que garantem “uma protecção básica a vários níveis da vida quotidiana”.

Em relação à população mais velha em dificuldades financeiras, Hon Wai indicou que o Governo “estabeleceu um mecanismo regular para prestar apoio às famílias que não tenham recursos económicos suficientes para satisfazer as necessidades básicas”. Assim sendo, famílias monoparentais, com doentes crónicos ou membros deficientes que sejam beneficiárias do subsídio regular podem também receber o subsídio especial para famílias em situação vulnerável.

Bairros comunitários | Governo quer instalar desenhos animados

O Governo está a negociar com diferentes empresas a autorização para instalar diferentes figuras com desenhos animados nos bairros comunitários, para atrair para estes locais mais turistas.

A revelação foi feita ontem pelo secretário pelos Transportes e Obras Públicas, depois de ter sido questionado sobre as medidas para embelezar os bairros e os tornar mais atractivos para os turistas.

Na resposta ao deputado Wang Sai Man, Raymond Tam explicou também que o Governo tem como objectivo, no âmbito do embelezamento da cidade, remover os cabos aéreos da cidade. No entanto, a lentidão do processo valeu algumas críticas ao Executivo, como fez a deputada Lo Choi In, que até deu como exemplo o caso do Japão, onde os cabos eléctricos aéreos foram todos removidos.

Trânsito | Deputado defende uso de carros eléctricos

O deputado Zheng Anting defendeu que a substituição de veículos a combustão por eléctricos vai levar a uma redução das temperaturas nas ruas de Macau, o que considerou positivo para o turismo.

As declarações foram prestadas ontem na Assembleia Legislativa, no âmbito de uma pergunta ao Executivo que pedia os planos para apostar numa maior adopção de veículos eléctricos no território.

Por sua vez, Raymond Tam, secretário para os Transportes e Obras Públicas, defendeu o trabalho do Governo no incentivo aos veículos eléctricos e explicou que 90 por cento dos autocarros dos complexos de entretenimento e hotéis utilizam veículos híbridos, que utilizam em parte energias alternativas e que houve vários incentivos para que os cidadãos optassem por comprar veículos eléctricos.

Habitação | Raymond Tam garante construção de T2 e T3

O secretário admite que o objectivo do governo passa por criar um mecanismo de candidatura permanente para a compra de habitação económica e permitir que as famílias com casas pequenas possam mudar-se para outras maiores

 

O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, garantiu ontem que a política de habitação pública vai ter como prioridade a construção de apartamentos T2 e T3. A promessa foi deixada, ontem, na Assembleia Legislativa, onde esteve a responder às questões dos deputados.

“Na futura política de habitação pública vamos considerar a construção de mais habitações T2 e T3”, afirmou Raymond Tam, depois de ter sido confrontado com o facto de estes serem o tipo de habitação mais procurado pela população.

O secretário reconheceu que actualmente parte da população a viver em habitações económicas tem de lidar com o facto de os apartamentos vendidos se terem tornado demasiado pequenos com o crescimento das famílias. A habitação económica é um tipo de habitação vendida às pessoas a preços mais acessíveis face aos praticados no mercado.

Todavia, antes de se poder avançar com a construção de mais casas, Raymond Tam reconheceu que a solução de curto prazo vai ter de passar por criar um mecanismo em que as famílias a viverem num T1 ou T2 vão poder trocar para apartamentos com mais quartos. “No curto prazo, para resolver o problema, o podemos permitir a troca das fracções por outras maiores. É uma medida que pode ser tomada no curto prazo e que esperamos possa melhorar as condições habitacionais tanto nas habitações sociais como nas económicas”, indicou Tam.

As habitações sociais são um outro tipo de habitação pública para as famílias desfavorecidas, que são arrendadas pela Administração Pública com preços mais acessíveis do que os praticados no mercado privado.

Mudanças no preço

Ao longo da sessão, e com as mudanças no mercado privado, onde os preços são cada vez mais baratos, deputados como Leong Sun Iok, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sugeriu uma redução dos preços da habitação económica.

“Actualmente, o preço da habitação privada e pública é praticamente igual, e isso influencia a vontade de comprar”, afirmou Leong. “A habitação económica só pode ser vendida no mercado ao fim de 16 anos, e com preços limitados, por isso deve ter preços acessíveis. Peço ao Governo para fazer uma avaliação sobre os preços actualmente praticados”, solicitou.

Um pedido semelhante foi apresentado pelo deputado Ron Lam: “temos de ter em conta a situação do mercado imobiliário que também está a sofrer mudanças”, vincou.

Por sua vez, Raymond Tam respondeu que a oferta de habitação na Zona A dos Novos Aterros vai ter em conta as mudanças no mercado, e garantiu que eventuais alterações estão “a ser analisadas”.

Sobre a possibilidade de haver um mecanismo permanente de compra de habitação económica, em vez dos residentes estarem limitados à abertura de concursos pelo Governo, Tam prometeu que essa vai ser a situação no futuro. No entanto, os planos devem demorar a ser implementados, devido à falta de casas disponíveis.

APN | Sam Hou Fai reuniu com representantes de Macau

O Chefe do Executivo organizou um jantar para pedir aos representantes de Macau nos órgãos nacionais que sejam a “boa voz” do território. Em termos de política interna, solicitou a participação dos representantes na elaboração das Linhas de Acção Governativa

 

 

Sam Hou Fai pediu aos deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) e aos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) que sejam a “boa voz” do território nas Duas Sessões, que deverão ocorrer próximas semanas. As Duas Sessões são as reuniões anuais da APN e do CCPPC e servem para apresentar as políticas para o corrente ano, em áreas como economia, defesa, comércio ou diplomacia.

O pedido do Chefe do Executivo foi feito durante um jantar com os representantes de Macau nos órgãos nacionais, que decorreu na noite de quarta-feira. No discurso Sam Hou Fai apelou aos representantes que apresentem as vantagens e necessidades de Macau “no novo desenvolvimento” para darem um “maior contributo para a construção de um país forte”, “revitalização da nação” e “progresso de Macau”.

O líder do Governo local insistiu igualmente na necessidade de promover o “desenvolvimento de Hengqin” bem como garantir “uma vida melhor dos residentes de Macau”.

Sam Hou Fai assegurou ainda que o Governo da RAEM presta “elevada homenagem a todos os deputados de Macau à APN e membros de Macau no Comité Nacional da CCPPC pela participação na governação do país, pela promoção do desenvolvimento de Macau, pela reflexão sobre os sentimentos e opiniões do povo e pela congregação do amor patriótico”.

Candidato com memória

De acordo com o comunicado oficial do Governo, Sam Hou Fai agradeceu a “atenção e apoio” dos representantes locais durante a “candidatura ao cargo do Chefe do Executivo” e “na organização do novo Governo”.

A nível interno, o governante apelou aos representantes que contribuam com “sugestões valiosas e apoio forte” para a elaboração das “linhas de acção governativa para o corrente ano”, as primeiras deste Executivo, que deverão ser apresentadas nas próximas semanas.

Em relação às LAG, Sam afirmou que o Governo “está a concentrar esforços para a elaboração” e que tem como objectivo “assegurar um bom começo [de governação] em todos os aspectos”.

O Chefe do Executivo revelou igualmente que “ao longo dos últimos tempos” tanto ele como a sua equipa “têm vindo a ouvir, de forma contínua e extensa, as opiniões e sugestões de todos os sectores da sociedade de Macau”. Sam Hou Fai considerou ainda que o processo dos encontros com as “associações e organizações” para elaboração das LAG tem sido “muito frutuoso e profundamente inspirador”. No entanto, deixou claro que só vai ouvir “associações patrióticas que amam Macau”.

Burla | PJ alerta para falsos anúncios com deputados

A Polícia Judiciária (PJ) informou ontem o público sobre a existência de falsos anúncios de investimento nas redes sociais envolvendo figuras públicas, nomeadamente do meio empresarial e político, como Kevin Ho, membro de Macau à Assembleia Popular Nacional e sobrinho de Edmund Ho; Angela Leong, deputada e empresária ligada à Sociedade de Jogos de Macau, e ainda o deputado Chui Sai Peng.

Segundo uma nota da PJ divulgada ontem, esses falsos anúncios recorrem a estas personalidades para publicitar a obtenção de lucros fáceis “através de certas plataformas de investimento, induzindo os cidadãos a clicar em links que os levam a plataformas de investimento falsas para registar contas”. Desta forma, os burlões acabam por roubar os dados pessoais e retirar dinheiro das contas das vítimas.

A PJ alerta ainda para o “aumento de casos de fraude em investimentos nos últimos anos, em que os burlões recorrem a plataformas de redes sociais para atrair as vítimas”. Assim, com “diversas estratégias, promovem planos de investimento publicitando retornos elevados”.

No início, “algumas vítimas conseguem obter pequenos lucros e fazer levantamentos desses ganhos com sucesso, mas ao aumentarem o valor do investimento, descobrem que deixam de conseguir levantar o dinheiro, percebendo que foram enganadas”, descreve a PJ.

António Queirós, filósofo e académico: “A Ocidente há uma grande ignorância” sobre a China

Doutorado em Filosofia da Ciências, Ambiental e Éticas Ambientais, António Queirós, ligado à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, lamenta que o Ocidente continue a encarar a China de forma errada, sobretudo em questões ambientais. O HM conversou com António Queirós antes da palestra sobre o assunto que deu ontem no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa

 

Irá falar do tema “A Crise ambiental e o projecto de Eco-civilização da China”. Que projecto é este?

Este é o grande projecto da China para a Nova Era. Trata-se de um conceito que começou a ser elaborado a partir de 2013. Essa ideia começou a ser concretizada com distintos projectos. Desde o regime da “nova democracia”, que resultou da resistência chinesa à ocupação do Japão e o confronto geopolítico dos países do Eixo das diferentes democracias. Isto dá-se quando é proclamada a República Popular da China, como a proclamação da “nova democracia” e surge a tomada de consciência da crise ambiental à escala mundial por parte da China, com o regime a evoluir para o chamado “socialismo ecológico” a partir de 2003. Foi preciso o país experimentar um modelo de industrialização comum às primeiras experiências de socialismo, e sobretudo os países capitalistas. A tese fundamental da China é que todos os regimes podem colaborar na construção de uma nova civilização, mas isso implica profundas reformas democráticas que estão consignadas nas propostas de civilização global, da garantia de paz segundo o princípio da indivisibilidade da segurança. Mas gostaria de apontar o momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU), representando todo o mundo, tomou consciência da existência de uma crise ambiental, a partir da Conferência de Estocolmo, que se realizou em 1972. Na China esse processo de consciencialização da parte dos órgãos do Estado socialista, dos cidadãos e partidos, começou em 2003. É estranho que questões como esta nunca sejam debatidas a Ocidente. O confronto ideológico que vem da Guerra Fria não cessou com os Acordos de Helsínquia, e, portanto, há temas que são desconhecidos a Ocidente por causa dessa tradição nefasta da Guerra Fria, que se prolongou, e porque os órgãos de comunicação social não têm abertura para discutir e apresentar as propostas que a China faz.

A China marca presença e é um actor importante em reuniões mundiais sobre ambiente e clima. Porque entende que não há discussão a Ocidente sobre o conceito de Eco-civilização?

Não se discute porque a Ocidente há uma grande ignorância sobre a China e a realidade do país. A única vantagem que tenho sobre a maior parte das pessoas que escrevem e falam sobre a China é que a minha relação com o país tem mais de 50 anos. Sei como a China era apresentada ao Ocidente há 50 anos. Vivíamos [em Portugal], um regime fascista onde a informação chegava às pessoas com muita dificuldade. Assisti ao longo destes anos a todo o tipo de visões sobre a China que careciam de informação concreta, até porque o país, até à Reforma e Abertura, era uma sociedade também fechada. Mas essa falta de informação era geral no Ocidente. Também tive visões que não eram a realidade e comecei a questionar-me se a experiência histórica da China é única, sem paralelo na história da sociedade, de democracia e socialismo, pelas suas características históricas, a hermenêutica, no sentido de método, a análise de conceitos e pontos de partida, que predomina a Ocidente, não serve. Mas vamos então à questão concreta, que é as responsabilidades que a China tem em matéria ambiental.

Que, concretamente, são…

Uma coisa é a contribuição que dão a China, Índia e outros países para o aquecimento global, porque são populações que representam a maior parte da humanidade. Existem tecnologias que são, elas próprias, poluidoras. Mas se olharmos para este ângulo acabamos por falsificar a realidade, porque os gases com efeitos de estufa que existem na atmosfera existem há 150 anos, pelo menos, devido à industrialização europeia e americana. Em termos de responsabilidade histórica, os EUA são os grandes responsáveis [pelo aquecimento global], e cito dados oficiais da União Europeia, por exemplo. Falo de toneladas de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa emitidos para a atmosfera em todos esses anos.

Porque se industrializaram muito mais cedo do que a China.

Sim, e apresentaram uma indústria sem esse tipo de preocupações ambientais. Portanto, esconde-se essa realidade, que os gases com efeito de estufa começaram a poluir desde há 150 anos e que não é apenas os contributos de hoje [que são os grandes causadores do aquecimento global].

Acha, portanto, errada a ideia de que a China é o principal país poluidor.

Em termos actuais a China e Índia podem ser os mais poluidores. Mas não o são em termos “per capita” nem historicamente. O que tem de verdade [no discurso a Ocidente], é que eles contribuem actualmente [para o aquecimento global]. Mas depois temos de ver as tendências para onde vamos caminhar. Mas se aprofundarmos este tema chegamos a conclusões ainda menos favoráveis às políticas ocidentais. A história ambiental da China pode resumir-se a quatro períodos. O primeiro período é nos anos da Reforma e Abertura, a partir de 1978, e o quarto período é quando a China lança os projectos piloto de civilização ecológica. O processo é global. Ainda em relação às responsabilidades da China, na primeira fase o Ocidente e o Oriente industrializados transportaram para a China as indústrias mais poluentes, porque o apelo da China era industrializar-se e criar mais emprego. A resolução da ONU que acrescenta um artigo além dos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, reconhece finalmente como direito inalienável do ser humano a um ambiente saudável. Essa declaração que está, a Ocidente, completamente truncada, reduzida a coisa nenhuma, tem um preâmbulo com 30 artigos em que a questão ambiental não é colocada. Como essa declaração já não se coaduna com a realidade política e social actual, tem vindo a ser escamoteada, mutilada e reduzida às liberdades formais. Ignorada também pelo conjunto de cidadãos que também não conhecem bem a sua origem. A China é co-fundadora da Declaração Universal dos Direitos do Homem, facto que também é escamoteado. Mas queria falar também da maior falácia da política ambiental do Ocidente.

Que é?

A ideia de que, a partir de agora, se vai proteger a natureza. Então o que se faz àquilo que foi destruído? Sobretudo nos países em desenvolvimento, porque foi para lá que enviámos esses resíduos das indústrias poluidoras e explorámos todos os recursos. Ninguém queria saber disso, e o que fez a China? Assumiu a liderança do processo e através da sua diplomacia de “agir sem agir”, o caminho de Tao, sem violentar a natureza, respeitando as leis e a dignidade das coisas, fazendo aprovar o Acordo de Kunming-Montreal [sobre biodiversidade]. Temos então um compromisso que, provavelmente, os EUA vão deitar para o caixote do lixo, para recuperar os biótipos que estão destruídos, porque grande parte do mundo está em crise ambiental e até aqui assobiava-se para o lado. A China tem uma visão gradualista, no sentido de que os factores de risco na crise ambiental tendem a diminuir com o esforço da China, tanto a nível nacional como internacional. Mas a questão mais notável na ideia da construção de um Estado com consciência ecológica no país foi o facto de, por iniciativa do Presidente Xi Jinping, tenham sido incluídos princípios da filosofia ambiental nos estatutos do Partido Comunista Chinês, facto inédito em outro partido comunista e até alguns ecologistas.

Reformulação global

Segundo o estudo “Ecological Civilization in the People’s Republic of China: Values, Action, and Future Needs”, de Arthur Hanson, publicado em 2019 pelo Asian Developmento Bank, o conceito de Civilização Ecológica “está a ser utilizado pela República Popular da China (RPC) para fornecer um quadro conceptual coerente para os ajustamentos ao desenvolvimento que responde aos desafios do século XXI.

Difere do desenvolvimento sustentável na ênfase colocada nos factores políticos e culturais, bem como na definição de novas relações entre as pessoas e a natureza que permitam viver bem e dentro dos limites eco-ambientais do planeta Terra”.

Além de reduzir a poluição e promover a economia circular, por exemplo, consideram-se ainda “domínios das finanças, do Direito, do reforço institucional e da inovação tecnológica”, tendo já sido definidas algumas ideias em Planos Quinquenais aprovados por Pequim, destacando-se ” necessidades a médio prazo, especialmente até 2035, quando se espera que a Civilização Ecológica, na sua forma básica, esteja totalmente implementada para a modernização da RPC”.

Robert De Niro estreia-se em televisão no ‘thriller’ conspiracionista “Dia Zero”

A nova minissérie “Dia Zero”, na Netflix, marca a estreia do ator oscarizado Robert De Niro em televisão, num ‘thriller’ em que interpreta um ex-presidente norte-americano chamado a descobrir os autores de um ciberataque devastador.

“O argumento era tão bom, nem sequer foi precisa preparação prévia”, disse o ator, numa conferência de imprensa de lançamento da série em que a Lusa participou. “O diálogo era excelente. Podia ter sido piroso, pretensioso ou tendencioso, mas nesse caso eu não estaria aqui”.

“Dia Zero” foi filmada ao longo de sete meses em Nova Iorque, com Robert De Niro a ser fundamental para essa localização. “Já há algum tempo que tinha falado com o meu agente sobre fazer qualquer coisa em Nova Iorque”, revelou o ator, que também é produtor executivo da minissérie de seis episódios.

O elenco inclui Angela Bassett, Matthew Modine, Jesse Plemons, Lizzy Caplan, Connie Britton e Joan Allen.
Criada por Eric Newman (“Griselda”, “Narcos: México”), Noah Oppenheim (ex-presidente da NBC News) e Michael Schmidt (jornalista), a minissérie parte de um ciberataque maciço que desliga tudo nos Estados Unidos durante um minuto e provoca o caos e milhares de mortos.

Robert De Niro interpreta o ex-presidente George Mullen, chamado pela atual presidente Evelyn Mitchell (Angela Bassett) a presidir a uma comissão à qual são dados poderes inéditos de investigação. A realizadora Lesli Linka Glatter (“West Wing”, “Homeland”) descreveu a série como “um ‘thriller’ de conspiração paranóica”.

“A ideia partiu de conversas sobre a nossa relação com a verdade”, revelou Eric Newman, na conferência. “É algo global: entrámos numa era de pós-verdade em que as verdades podem ser mutualmente exclusivas”. Um dos antagonistas de Mullen é o autor de um ‘podcast’, Evan Green (Dan Stevens) que joga com suspeitas e atira acusações sem prova de forma a rentabilizar o ultraje da audiência.

“Green representa a franja que opera em torno de uma história como esta”, disse o ator. “Ele é irritante, uma figura divisiva, que prospera com a divisão e a torna a sua moeda”. Mas o argumento não toma posição e nenhum dos intervenientes sai particularmente bem, com um leque variado de decisões duvidosas, salvo a mulher do ex-presidente Sheila Mullen, que mantém a integridade.

“O que esperamos que as pessoas levem disto é que, embora os mecanismos pelos quais determinamos a verdade possam estar quebrados, talvez de forma irreparável, ainda é possível fazer a coisa certa”, frisou Newman. “Ainda que seja uma visão desconcertante da humanidade, no final há um certo otimismo e esperança”.

O cocriador Noah Oppenheim disse que a equipa começou a trabalhar nesta história há vários anos e que é incrível ver como aquilo que tem acontecido no mundo real espelha o caos que a série retrata. “Se pensarmos nas ameaças que enfrentamos, seja ciberataques, alterações climáticas ou guerra nuclear, a maior de todas é a incapacidade de concordarmos com um conjunto partilhado de factos”, considerou.

Angela Bassett, que interpreta a presidente Mitchell, salientou a importância de “ver esta representação de uma mulher” como a atriz “num lugar de poder na Sala Oval”, algo que a entusiasmou a fazer a série, além de ser a segunda vez a trabalhar com De Niro.

Também Connie Britton, que dá corpo a Valerie Whitesell, achou interessante a humanização de situações altamente políticas, que muitas vezes fazem esquecer que, por trás de posições de poder estão seres humanos com relações e personalidades complexas. “Isto mostra-nos como as nossas escolhas podem ter um impacto em toda a gente”, indicou, ao mesmo tempo que os personagens tentam manter o decoro e respeitar os altos cargos.

“Esses atos de equilíbrio são o que fazemos na vida real, mesmo que não estejamos metidos em espionagem de alto risco ou ciberataques”, continuou. “Estamos todos a tentar encontrar um equilíbrio entre as nossas responsabilidades e as relações íntimas”.

Museu M+ de Hong Kong e MoMA assinam primeira colaboração

O museu M+ de Hong Kong assinou um acordo de colaboração com o Museu de Arte Moderna (MoMA, na sigla em inglês) de Nova Iorque, o primeiro do género entre a instituição norte-americana e uma congénere asiática. A aliança, anunciada ontem pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, surge no meio de crescentes tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China.

O M+ garantiu ao jornal que assinou na terça-feira um memorando de entendimento com o MoMa, para promover a cooperação em áreas como a investigação, o intercâmbio de curadores, a conservação, a partilha de programas e o desenvolvimento de talentos.

A parceria acontece no meio da deterioração das relações entre Pequim e Washington, exacerbada pelo regresso à presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro, de Donald Trump, que impôs uma tarifa adicional de 10% sobre as importações de Hong Kong e da China continental.

Fundado em 1929, o MoMA alberga uma coleção de quase 200 mil peças, que inclui pinturas marcantes na história da arte como ‘A Noite Estrelada’, de Vincent van Gogh (1853-1890), e ‘Les Demoiselles d’Avignon’, de Pablo Picasso (1881-1973).

Picasso na RAEHK

De 15 de Março a 13 de Julho, o M+ vai albergar a exposição ‘Picasso for Asia: A Conversation’, que reune mais de 60 obras do artista espanhol, considerado um dos mais prolíficos e influentes criadores do século XX. Com curadoria conjunta do M+, localizado no distrito cultural de West Kowloon, e do Musée national Picasso-Paris, em França, esta exposição será a primeira a exibir obras-primas do museu parisiense ao lado de peças de uma coleção de museu na Ásia.

Entre as obras de destaque que vão ser transportadas para a antiga colónia britânica contam-se ‘O Acrobata’ (1930), ‘Figuras à Beira-Mar’ (1931), ‘Grande Natureza Morta com Mesa de Pedestal’ (1931), ‘Retrato de Dora Maar’ (1937) ou ‘Massacre na Coreia’ (1951).

O Governo de Hong Kong apontou a recuperação do turismo como essencial para a economia da região semiautónoma chinesa. As autoridades disseram que a organização desta exposição representa um passo importante para restaurar o panorama cultural da cidade e atrair visitantes de todo o mundo. O executivo de Hong Kong revelou um plano de desenvolvimento turístico a cinco anos, com o objetivo de quase duplicar a contribuição do setor para o produto interno bruto (PIB), de 2,6% em 2024 para cerca de 5% até 2029.

O plano, apresentado no final de dezembro pela secretária para a Cultura, Desporto e Turismo, Rosanna Law Shuk-pui, inclui a implementação de 133 medidas focadas na criação de projetos que destaquem as características locais e internacionais da cidade.

Rosanna Law foi nomeada no início de Dezembro, pelo chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, na primeira remodelação do Governo de Hong Kong, cidade vizinha de Macau, desde que o antigo comissário adjunto da polícia tomou posse, em Julho de 2022, em plena pandemia.