House of Dancing Water | Ex-funcionário apresenta queixa à DSAL

Um antigo trabalhador do espectáculo The House of Dancing Water apresentou queixa na DSAL contra a TDAB Sociedade Unipessoal Limitada. Os Recursos Humanos informaram Alastair Pullan de que lhe tinham marcado um voo de regresso a casa, depois de este já ter avisado que pretendia marcar o seu próprio voo e informado que já tinha feito uma reserva

 

[dropcap]A[/dropcap]lastair Pullan trabalhou seis anos no espectáculo The House of Dancing Water. Saiu em Junho, quando teve lugar um despedimento colectivo, e apresentou queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) contra a TDAB Sociedade Unipessoal Limitada, empresa controlada pela Melco que assegura a estrutura operacional do espectáculo. Em causa está o pagamento da viagem para o local da sua residência habitual.

Recorde-se que em Junho, a Melco Resorts & Entertainment anunciou suspensão do espectáculo The House of Dancing Water até Janeiro de 2021. Ao mesmo tempo, foram despedidas dezenas de pessoas. A Melco confirmou a eliminação de vários postos de trabalho de trabalhadores não-residentes, mas não divulgou o número total.

Quando a sua relação laboral terminou, Alastair Pullan informou que pretendia marcar o seu próprio voo, ficando o pagamento sob responsabilidade da empresa. A lei da contratação dos trabalhadores não residentes (TNR) prevê direitos especiais do trabalhador, um dos quais o repatriamento. É especificado que: “o direito ao repatriamento consiste no direito ao pagamento pelo empregador, no termo da relação laboral, do custo do transporte do trabalhador para o local da sua residência habitual”.

No entanto, trocas de e-mails entre as duas partes mostram que a empresa insistiu em marcar o bilhete do voo em vez de reembolsar o ex-funcionário, indicando ser responsabilidade da empresa providenciar a viagem.

Na semana passada, Alastair Pullan informou a empresa de que tinha reservado um voo e frisou as regras impostas pelo Reino Unido para viagens, tendo em conta o novo tipo de coronavírus. Descreve também que iria enviar o recibo do voo para ser reembolsado. No dia seguinte, a resposta cingiu-se aos detalhes de um voo distinto que a empresa alegadamente marcou sem o consultar. “Estou a pedir à empresa para me dar dinheiro de forma a poder pagar o meu próprio voo. O voo que pagaram custou 13.000 patacas, e o meu era de 11.200 patacas”, disse Alastair Pullan ao HM.

Falta de flexibilidade

Na queixa apresentada ontem – uma declaração suplementar a outra que já tinha efectuado há cerca de um mês – explica que a parte patronal lhe deu um bilhete de voo para dia 9 de Setembro, mas que por ter animais domésticos não era uma opção viável. O roteiro mais apropriado era um outro voo que marcou por si próprio. Motivo pelo qual requer à parte patronal que lhe dê antes o dinheiro do custo do regresso.

O ex-funcionário do espectáculo acredita que a falta de flexibilidade da empresa se deve a “rancor” contra si, uma vez que sabe de colegas a quem a empresa está a prestar apoio, nomeadamente para assegurar a saída de Macau com animais. “Não fizeram isto comigo, não houve discussão, mesmo depois de lhes ter dito que ia fazer os meus próprios preparativos de viagem, continuaram a dizer que iam marcar um voo. Nem sequer verificaram comigo, simplesmente fizeram-no”, descreveu.

Pullan acrescentou ainda que quando confrontou o chefe adjunto dos Recursos Humanos do espectáculo sobre o seu voo ser mais barato, este lhe disse não ser o dinheiro a estar em causa. “Parece estranho dizerem que não é sobre o dinheiro quando acabaram de despedir 100 pessoas e puseram a maioria das pessoas que teve a sorte de ficar a receber a 50 por cento do salário”, disse.

Se o caminho agora é tentar chegar a uma solução através da DSAL, não estão excluídas outras opções. “Se não for resolvido através da DSAL estou preparado para agir judicialmente contra a empresa. Tenho um conselheiro jurídico preparado com toda a informação”, disse Alastair Pullan.

O HM tentou contactar a Melco, que acusou a recepção das perguntas, mas até ao fecho desta edição não obtivemos comentários.

Ensino superior | Oito cabo-verdianos finalistas deixam Macau a 4 de Setembro

Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde junto do secretariado permanente do Fórum Macau, adiantou ao HM que oito estudantes finalistas do ensino superior deixam o território na próxima sexta-feira, dia 4 de Setembro, regressando a Cabo Verde. Quanto aos novos alunos, abrangidos por programas de intercâmbio, terão aulas online até poderem viajar para Macau e para a China

 

[dropcap]U[/dropcap]m total de oito alunos cabo-verdianos finalistas de ensino superior em Macau deixam o território na próxima sexta-feira, dia 4, apoiados pelo Governo do seu país. A informação foi adiantada ao HM por Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde junto do secretariado permanente do Fórum Macau, e que tem coordenado o processo de saída destes estudantes.

A maior parte dos alunos frequentaram cursos no Instituto Politécnico de Macau (IPM), embora a Universidade de Macau (UM) também tenha acolhido alguns estudantes. No total, 27 alunos terminam as suas licenciaturas, mas muitos deles tiveram aulas online já em Cabo Verde.

“Apesar de os estudantes terem concluído o curso em finais de Junho, conseguimos, através dos contactos que fizemos junto do IPM, a autorização para a sua permanência na residência de estudantes até termos uma oportunidade de regresso a Cabo Verde”, adiantou Nuno Furtado.

Os voos de regresso serão feitos por Seul, na Coreia do Sul, seguindo-se um segundo voo entre Lisboa e Cabo Verde. “Há muitas limitações para sair de Macau e através de Taipé também não é fácil. O Governo de Cabo Verde financiou a compra dos bilhetes e deu um subsídio para a subsistência destes alunos”, frisou o delegado do Fórum Macau.

Quanto aos restantes alunos, que frequentam os segundo e terceiro ano dos cursos, vão continuar em Macau, adiantou o responsável.

Intercâmbio no limbo

Com um novo ano lectivo prestes a arrancar, os novos alunos abrangidos pelos programas de intercâmbio não poderão voar para Macau nos próximos tempos. “Temos alunos inscritos no curso de tradução e de Administração Pública, mas as orientações que temos da direcção do IPM é para que a sua entrada fique suspensa por um determinado período. Não é aconselhada a sua vinda para Macau”, disse Nuno Furtado.

Ainda assim, a frequência dos cursos não fica afectada, uma vez que o IPM irá disponibilizar aulas online. Nuno Furtado encara este processo como “sendo complexo”.

“Há muita pressão psicológica, há estudantes que já não contam com a atribuição de uma bolsa, e por isso é que foi necessário conseguirmos junto do Governo de Cabo Verde algum apoio. Até os estudantes macaenses na Europa também enfrentam algumas dificuldades para sair de Macau. Temos de trabalhar num quadro muito bem organizado”, concluiu.

Ao HM, o IPM confirmou que os alunos finalistas concluíram os cursos de Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira e de Gestão de Jogo e Diversões. Quanto ao intercâmbio, “não ficará suspenso devido à pandemia”, estando previsto o acolhimento de novos estudantes no novo ano lectivo. A UM não respondeu, até ao fecho desta edição, às questões colocadas.

A embaixada de Cabo Verde em Pequim está a acompanhar o regresso de 22 estudantes que se encontram na China, também marcado para o início de Setembro. Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, adiantou que há também alunos retidos no Brasil que aguardam o regresso do período lectivo nas universidades, mas estão a ser acompanhados pela rede consular. “Vamos continuar a acompanhar a situação epidemiológica no Brasil, onde em termos da pandemia de covid-19 é muito grave”, admitiu o ministro. O Governo de Cabo Verde garantiu na segunda-feira o repatriamento de um grupo de 140 estudantes cabo-verdianos retidos no Brasil devido à pandemia.

Governo recua nos locais da Biblioteca Central e Campus de Justiça

O Governo recuou na construção da nova Biblioteca Central no edifício do Antigo Tribunal. O arquitecto Carlos Marreiros, autor do projecto, espera continuar à frente do trabalho, assim que for revelado o novo local. Entretanto, também o plano de construção do Campus de Justiça na Zona B dos novos aterros caiu por terra

 

[dropcap]A[/dropcap] nova Biblioteca Central afinal não vai ser construída no edifício do Antigo Tribunal, na Praia Grande, avançou ontem a TDM Rádio Macau. O arquitecto Carlos Marreiros – líder do atelier que ganhou o concurso público para a nova biblioteca – disse ao HM que oficialmente não soube desta decisão.

Apesar disso, frisou a importância de se fazer a Biblioteca Central, descrevendo-a como “um equipamento fundamental na chamada sociedade líquida da pós-modernidade”.

“Há um novo Chefe do Executivo, um novo elenco governamental, novas estratégias (…). A Biblioteca Central não sendo aí, será noutro local, porquanto é uma ideia fundamental que Macau necessita de uma Biblioteca Central”, sublinhou o arquitecto.

Se o projecto que tinha em mãos, enquanto coordenador-chefe de uma equipa de projectistas, mudar de local, Carlos Marreiros julga que continuará a ter as mesmas responsabilidades que lhe foram atribuídas depois de ter vencido o concurso público para o Antigo Tribunal “a grande custo”.

Quanto à suspensão dos trabalhos, o arquitecto, à altura do contacto do HM, ainda desconhecia a novidade. “Formalmente, nem por palavras nem por escrito, não recebi ainda qualquer informação”.

De acordo com a TDM Rádio Macau, o Governo decidiu dar outra utilização às instalações do Antigo Tribunal. O HM tentou apurar junto do Instituto Cultural (IC) qual será o fim do edifício, assim como a nova localização prevista para a nova Biblioteca Central, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.

Foi em Novembro de 2018 que o IC anunciou que a proposta do ateliê do arquitecto Carlos Marreiros, com um valor de 18,68 milhões de patacas, era a vencedora do concurso público em que tinham sido admitidas nove propostas. Chegaram a surgir alegações de plágio, mas Carlos Marreiros negou ter copiado o Auditório da Cidade de León na elaboração do projecto, e as suas explicações foram acolhidas pelo IC. A adjudicação do projecto em 2018 teve lugar uma década depois da anulação do primeiro concurso público, em 2008. Na altura, o Comissariado contra a Corrupção sugeriu o fim do concurso.

No ano passado, a presidente do IC dizia que o projecto estava a seguir os trâmites normais, apesar de não se comprometer com datas para o arranque das obras. No entanto, em Junho deste ano, o Governo disse que a localização e o plano de construção da nova Biblioteca Central iam voltar a ser estudadas depois de ser feito o Plano Director.

Justiça móvel

Noutra frente, o Governo confirmou que o Campus de Justiça já não vai ser construído na Zona B dos novos aterros, avançou ontem a TDM Rádio Macau.

Segundo a mesma fonte, o plano, que previa a construção de sete edifícios, foi abandonado pelo Governo, depois de ter ficado decidido que as obras vão ser transferidas para a zona dos Lagos Nam Van (zonas C e D) perto da Assembleia Legislativa.

Para além dos novos edifícios dos tribunais Judicial de Base, Segunda Instância e Última Instância, a planta de condições urbanísticas, entretanto concluída, inclui ainda um novo edifício do Ministério Público e as sedes dos Comissariado contra a Corrupção e de Auditoria e dos Serviços de Polícia Unitários.

Sulu Sou, que no dia anterior recebeu uma resposta da directora da DSSOPT, Chan Pou Ha, a uma interpelação onde questionou o desenvolvimento futuro das zonas B, C e D dos novos aterros, sublinhou a importância de o Governo ter o mais rapidamente possível, na sua posse, o Plano Director e de preservar a paisagem da península.

“Insistimos no nosso princípio de querermos que o Governo tenha o Plano Director para todas as zonas, porque é uma localização importante da península de Macau, onde não devem existir edifícios altos”, disse ontem deputado durante uma conferência de imprensa na sede da Associação Novo Macau.

Sulu Sou sugeriu ainda esperar que a integridade da zona da Colina e da Igreja da Penha seja protegida, sobretudo quando a consulta pública sobre o Plano Director está prevista para Setembro.

“Podem sugerir a construção do Campus de Justiça nas zonas C e D, mas vamos insistir em defender a zona sul da península e da Penha. Além disso, devem restringir a construção de edifícios altos nestas zonas. Será essa a nossa maior luta para a consulta pública do próximo mês”.

AL | Sulu Sou submeteu projecto para garantir participação sindical

O vice-presidente da Novo Macau apresentou um projecto de lei para proteger a participação dos trabalhadores em associações laborais e regular a responsabilidade criminal dos empregadores. Temas polémicos como a negociação colectiva ou o direito à greve foram excluídos, para garantir que o Governo e a Sociedade “aceitam melhor a lei”

 

[dropcap]S[/dropcap]ulu Sou submeteu no passado dia 14 de Agosto um projecto de lei à Assembleia Legislativa (AL) com o objectivo de proteger a participação dos trabalhadores em associações laborais e regular a responsabilidade criminal dos empregadores. O anúncio foi feito ontem na sede da Associação Novo Macau.

Começando por enfatizar que “esta lei não é a lei sindical”, o também deputado referiu que o projecto visa “preencher a lacuna legal existente quanto a permitir que os trabalhadores participem na vida sindical, garantindo a sua protecção”. Isto, considerando que a actual legislação não contempla punições específicas sobre estes comportamentos, nomeadamente, que os trabalhadores não são prejudicados ao associar-se a organizações laborais.

“Sabemos que (…) temos várias leis para proteger estes direitos, mas não há nada que garanta especificamente que os trabalhadores não são prejudicados por exercer o seu direito de associação a sindicatos. Particularmente as leis falham em regular a responsabilidade criminal dos empregadores, como por exemplo, a obstrução à participação sindical”, começou por dizer Sulu Sou.

O deputado frisou ainda que o projecto de lei submetido à AL não aborda temas controversos, como a negociação colectiva ou o direito à greve. Sulu Sou argumentou que a decisão é estratégica e que os conteúdos polémicos devem ser debatidos aquando da realização da consulta pública sobre a Lei sindical, prevista para o terceiro trimestre deste ano.

“É uma estratégia. Sabemos que a negociação colectiva e o direito à greve são temas polémicos, sobre os quais não tem havido nenhuma discussão pública nos últimos anos, mas espero que a consulta pública sirva para fazer esses debates. Neste momento acho que devemos chamar a atenção para conteúdos que reúnam consenso social, de forma a que tanto o Governo, como a sociedade, aceitem melhor a lei”, explicou.

Questionado sobre o timing para a apresentação do projecto, Sulu Sou argumenta que se deve ao facto de não se saber quando é que o Executivo vai avançar com a lei sindical.

“Apesar de lançarem a consulta pública sobre a lei sindical (…), não há qualquer tipo de calendarização para completar a legislação. Não sabemos quantos mais anos vamos ter de esperar”.

Além disso, aponta Sulu Sou, devido à crise económica provocada pela pandemia, “não há dúvidas que a voz e o interesse dos trabalhadores estão a ser postos de lado e sacrificados”, levando mais pessoas a tirar licenças sem vencimento, verem o seu salário reduzido, congelado ou pago fora de horas ou, no limite, a serem despedidas.

Olhos no caminho

Sobre as expectativas de ver o projecto de lei admitido pela AL, Sulu Sou referiu que não só o resultado é importante, mas também o processo e os efeitos colaterais do acto, sobretudo porque permite “manter a atenção social sobre este assunto”.

“Quando submeto um novo projecto de lei perguntam-me sempre o mesmo e eu respondo sempre da mesma maneira: o resultado é muito importante, mas o processo é igualmente importante”, afirmou o deputado.

Como exemplo, Sulu Sou relembrou o projecto de lei que submeteu sobre o salário mínimo em 2018. Apesar de ter sido rejeitado, o Governo acabaria por avançar com uma proposta de lei sobre o tema.

Mar do Sul da China | Exercícios militares chineses reacendem polémicas antigas

Um exercício de larga escala ao longo da costa do Pacífico, em quatro regiões diferentes, relançou receios da tomada de territórios disputados pela força. Além disso, revelou o músculo militar chinês e a capacidade para actuar em múltiplos teatros de operações. Pequim queixa-se de que o exercício foi “espiado” por um avião norte-americano

 

[dropcap]O[/dropcap] Golfo de Bohai, uma parte do Mar Amarelo e os mares sul e este da China têm sido palco de um exercício militar de larga escala das Forças Armadas Chinesas.

Entre os muitos “brinquedos”, a China estreou o navio anfíbio de assalto Type 075, que saiu de Xangai no dia 5 de Agosto e terminou no passado fim-de-semana a sua primeira viagem. Vídeos e fotografias partilhados em portais de internet dedicados a questões militares mostram o gigantesco navio a aportar na tarde de domingo na doca naval de Hudong-Zhonghua, a “casa” da maior construtora naval de defesa do estado chinês, a China State Shipbuilding Corp.

De regresso à base, depois do primeiro teste de mar, o Type 075 trazia a chaminé chamuscada por fumo, um detalhe na boa nova para o Exército de Libertação Popular que terá assim um novo trunfo pronto para ser usado.

Citado pelo China Daily, o analista militar Wu Peixin referiu que o facto de o baptismo do navio de guerra ter demorado 18 dias, antes de regressar ao porto de partida, deve significar que teve um bom desempenho nos muitos testes que terá realizado ao longo da jornada inaugural. Caso contrário, o exercício teria acabado muito mais cedo.

O Type 075 foi apenas uma das estrelas do exercício que continua, por exemplo, ao largo de Hainan até sábado. Importa referir que a ilha de Hainan, que fica cerca de 400 quilómetros de Macau, é local de “estacionamento” de um dos porta-aviões chineses.

Ao mesmo tempo que se desenrolavam os treinos militares ao largo da ilha, as autoridades da província de Guangdong montavam um cordão de segurança para controlar o tráfico marítimo.

Também no Mar Amarelo, ao largo de Lianyungang, uma área de mar ficou com acesso restrito durante os exercícios navais com fogo real. De acordo com o South China Morning Post, até 30 de Setembro estão previstos exercícios militares com fogo real no Golfo de Bohai.

Sinais de alerta

O conjunto de exercícios militares têm sido vistos por analistas internacionais e governos como um sinal forte de prontidão operacional para um confronto de larga escala com o Estados Unidos e Taiwan. Mesmo sem intenção de iniciar uma guerra, a altura escolhida, durante as convenções partidárias na corrida presidencial norte-americana, pode ser encarada como uma forma de demonstrar capacidade de mobilização de vários tipos de forças para múltiplos locais em simultâneo.

Importa referir também que estes exercícios acontecem apenas um mês depois de uma outra demonstração bélica de larga escala, incluindo manobras perto de Taiwan, na altura em que a região foi visitada pelo representante da saúde da Administração Trump, Alex Azar.

Além disso, em Julho, as forças armadas chinesas já haviam realizado exercícios, em particular de defesa aérea, nas mesmas regiões, mas separadamente, depois de manobras de dois porta-aviões norte-americanos no Mar do Sul da China.

Outra leitura, que vai para lá da reacção política com demonstrações de força, é a localização dos exercícios. Se a proximidade do Golfo de Bohai a Pequim indica uma postura militar meramente defensiva, os restantes teatros de operações podem ter diferentes leituras.

Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Delfin Lorenzana, declarou no domingo que os direitos históricos que a China alega na disputa do Recife de Scarborough não existem e que a China ocupa ilegalmente o disputado território, ao largo da maior ilha filipina Luzon. Lorenzana condenou particularmente a actuação da guarda costeira chinesa e de frotas piscatórias como actos de “confiscação ilegal”.

Resposta de Hanói

Também o Governo do Vietname condenou a presença de forças militares, em particular de bombardeiros, a sobrevoar as ilhas Paracel, um arquipélago praticamente equidistante entre os territórios chinês e vietnamita, com cerca de 130 pequenas ilhas de coral.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname comentou os exercícios chineses como actos que “comprometem a paz”. “O facto de terem sido enviados bombardeiros não só viola a soberania do Vietname como coloca em perigo a situação na região”, referiu o porta-voz do ministério, citado pela agência Reuters.

Espião espia espião

Ontem, de acordo com a agência Xinhua, Pequim acusou os Estados Unidos de enviarem um avião espião U-2 que terá “trespassado” uma zona proibida, para observar os exercícios conduzidos pelo Exército de Libertação Popular. O aparelho de reconhecimento a elevada altitude terá entrado no espaço aéreo chinês no teatro de operações do norte, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian. “A violação do espaço aéreo não só afectou severamente os normais exercícios e as actividades de treino, como também violou as regras de comportamento para a segurança aérea e marítima entre a China e os Estados Unidos e as práticas internacionais”, declarou Wu.

O porta-voz prossegui referindo que “a actuação norte-americana poderia facilmente ter resultado em maus julgamentos e mesmo acidentes”. Em comunicado enviado à CNN, a Força Aérea norte-americana do Pacífico confirmou o voo do U-2, mas negou ter violado qualquer regra.

“Um aparelho U-2 conduziu operações na área do Indo-Pacífico dentro leis internacionais aceites e de acordo com os regulamentos de voo. O pessoal das Forças Aéreas de Pacífico vai continuar a voar e a operar onde as leis internacionais permitirem, quando melhor achar”, lê-se no comunicado.

O U-2 é dos aviões mais antigos do inventário das Forças Armadas norte-americanas. O primeiro modelo foi desenvolvido nos anos 1950, durante a Guerra Fria, para espiar a expansão militar soviética, algo que os críticos da política internacional de Washington, inclusive Pequim, acusam estar de volta. Os modelos antigos conseguiam voar a altitudes fora do alcance das baterias antiaéreas.

Corrida às armas

Para gáudio das multinacionais de defesa, também do outro lado do espectro geopolítico se investem biliões em armamento.

Além da injecção financeira, categorizada na campanha eleitoral de Donald Trump como a reconstrução do exército, esta semana o Wall Street Journal publicou um editorial escrito por Mark Esper, secretário da Defesa. O governante referiu que em resposta à aposta militar de Pequim, os Estados Unidos estão a acelerar a Estratégia de Defesa Nacional.

Com o objectivo de modernizar e adaptar as forças armadas norte-americanas, a competição bélica da China é o pano de fundo para o vigoroso investimento militar.

“Para a liderança política chinesa, o poder militar é central para atingir os objectivos que pretendem. Entre estes objectivos mais proeminentes, destaca-se a remodelação da ordem internacional de formas que colocam em perigo regras globalmente aceites e que normalizam o autoritarismo. Este reordenamento oferece condições ao Partido Comunista Chinês para poder exercer coerção sobre outros países e infringir as suas soberanias”, escreveu o secretário da Defesa.

Na sequência deste jogo de pingue-pongue diplomático, o governante revelou que se prepara para visitar o Pacífico com reuniões marcadas com os líderes da região, parando no Havai, Palau e Guam.

A visita deverá ter na agenda a preparação da RIMPAC, o mega exercício militar naval, que acontece de dois em dois anos sob a batuta do Pentágono. O exercício deveria estar a realizar-se neste momento, mas foi sofrendo sucessivos atrasos devido à pandemia da covid-19.

Os dias não podem continuar

[dropcap]N[/dropcap]athalie Delacroix já sabia muito bem que a tristeza é o céu que se avista da terra quando escreveu o seu romance «Estes Dias Não Podem Continuar». Com apenas vinte e sete anos viu os nazis invadirem a França, a sua mãe morrer de apoplexia e nunca tivera pai. Para piorar as coisas, desde a adolescência que sempre gostara de mulheres que nunca gostaram dela. No seu livro, escreve de modo mais universal: «Não é novidade nenhuma gostarmos de quem não gosta de nós. Foi assim que viemos ao mundo.

A história do mundo é a história de alguém que não de outro. Foi assim com Eva e Adão, embora poeticamente tenham falado de uma cobra, e foi assim com deus e os homens, embora estupidamente tenham falado de livre arbítrio.» Embora se trate de um livro político, no sentido em que fala da ocupação alemã em França, de uma mudança impensável no mundo – «Só faltava agora começarmos a não podermos sorrir uns para os outros, a não nos podermos abraçar. O medo não pode ser a coleira com que alguém nos leva à rua […]» –, é acima de tudo um livro que fala da impossibilidade do humano ser feliz. Escreve à página 56: «Há apenas três modos de se ser escritor e o resto são subdivisões: aqueles que escrevem porque gostam muito de si mesmos; aqueles que escrevem porque se detestam; e aqueles que escrevem em busca de uma redenção de não gostarem de si. Os primeiros são alucinados, os segundos realistas e os terceiros ingénuos. Infelizmente suspeito fazer parte deste último grupo.» Nathalie, como é sabido, morreria numa rua de Par Há uma passagem muito conhecida deste livro de Nathalie – como ela é nomeada em França –, que Beauvoir costumava citar: «Será que de olhos fechados e coração aberto seríamos capazes de identificar o sexo de um beijo bom que nos fosse dado? Será que de olhos fechados e coração aberto seríamos capazes de identificar a cor da pele cujo toque nos extasiasse? Será que de olhos fechados e coração aberto seríamos capazes de identificar a religião de alguém que dissesse “amo-te”? Será que de olhos fechados e coração aberto seríamos realmente capazes de viver?»

Não se entende bem porque um autor passa a não ser lido, esquecido. E menos ainda quando ele tem tudo o que precisamos, não apenas o nosso tempo, isso é evidente, mas também os nossos corações. Nathalie Delacroix tem tudo o que precisamos de ouvir, mas também tem muito do que não gostamos e esse é o problema, principalmente nos dias de hoje onde tudo precisa «ser sexy» para ser escutado ou visto. Nathalie não fala apenas dos escritores de modo rude e desencantado, fala também de nós, ao falar dela. No seu livro acerca de Nathalie, Beauvoir escreve uma passagem das Investigações Filosóficas, de Wittgenstein, «A filosofia é uma luta contra o enfeitiçamento da linguagem.», à qual Beauvoir acrescenta: «e assim também a vida de Nathalie.»

«Os Dias Não Podem Continuar» é uma espécie de auto-ficção em que a autora proclama não apenas o fim do mundo – evidente ao tempo da escrita com o nazismo e o comunismo –, mas a completa ilusão que temos acerca do humano. Escreve: «Como não quer saber quem é, por medo, por suspeitar que há um mal terrível que o habita, inventa tudo o que pode para esquecer não apenas a sua vida, mas o próprio mundo. Os humanos os futuros dinossauros.»

Há páginas do livro em que vemos a rapariga que Nathalie amava: «Jacqueline trazia sempre os seus olhos azuis a combinar com os cabelos loiros caídos sobres os ombros e sobre a testa. Abria um sorriso quando me via e dizia com aquela sua voz doce, que não existe: “Olá, bela!” E por momentos o mundo deixava de ser o que era. Eu mesma deixava de ser o que era para ser o que via nos seus olhos, no seu rosto, no seu corpo. O mundo transformava-se através da beleza diante de mim. Só se vê o mundo se o transformarmos. E, nesse tempo já o sabia, o amor é o grande transformador.» Mas não nos enganemos. O amor, embora transformador, é raro e não dura. Escreve: «Jacqueline durou o tempo de um fósforo.»

Nathalie esforçava-se por não se enganar a si mesma, isso perpassa por todo o livro e é difícil para nós leitores estarmos constantemente a lembrarmo-nos de quem tentamos não tentamos procurar, isto é, de nós. Leia-se esta passagem à página 134: «E seria possível que tentássemos de verdade ver quem somos, se não investigamos com seriedade as palavras que usamos, se não sabemos o que elas querem ou podem querer dizer? Que queremos dizer quando dizermos “amor”? Que queremos dizer quando dizemos “detesto”? Que queremos dizer quando dizemos “conheço bem”? E não me refiro a falar com os outros, que outro dê uma conotação diferente da minha, refiro-me a mim mesma, a quando penso para comigo acerca do que penso.» Como também outro filósofo escreveu acerca dela, E. M. Cioran: «Nathalie aproximava-se de Kierkegaard, mas sem Deus. Aproximava-se de si mesma sem Deus e consciente de não saber quem era.

Não procurava sequer, como Kierkegaard, ser honesto, procurava a solidão perfeita. Que conseguiu nas páginas do seu livro.»

«Estes Dias Não Podem Continuar» não é apenas um livro sobre a ocupação nazi, é fundamentalmente um livro sobre a ocupação do humano, pela indiferença, pela incultura, pelo desconhecimento e, desconfia-se, pelo contínuo crescimento desta ocupação que, contrariamente à nazi, parece não ter fim.

Macau com menos 89,4% de convenções e exposições no segundo trimestre

[dropcap]O[/dropcap] número de exposições e convenções realizadas em Macau no segundo trimestre caiu 89,4% em relação ao período homólogo do ano passado, devido à pandemia, anunciou hoje a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Em comunicado, a DSEC informou que se realizaram apenas “38 reuniões, conferências e exposições” no segundo trimestre do ano, “devido ao contínuo impacto gerado pela pandemia”, com o número de participantes e visitantes a cair para 22.000, menos 93,9% em termos anuais.

Contas feitas ao primeiro semestre de 2020, “efectuaram-se 152 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo”, menos 582 eventos que no semestre homólogo de 2019, com o número de visitantes a ficar pelos 102.000, uma queda de 85,2%, segundo a nota.

Os resultados estão em linha com a redução do número de visitantes em Macau, que no ano passado registou cerca de 40 milhões de entradas. Segundo os dados mais recentes do Governo, o número de visitantes diminuiu mais de 90% em junho e 83,9% no primeiro semestre, devido à pandemia de covid-19, que levou igualmente à anulação de conferências e exposições.

As restrições às viagens levaram mesmo ao cancelamento do maior evento da indústria do jogo em Macau, o Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), anunciou a organização em 13 de agosto, após sucessivos adiamentos, primeiro para julho e depois para dezembro.

Nos primeiros sete meses do ano, as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8%, com o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 58,2% no primeiro semestre.

O território registou 46 casos da doença desde final de janeiro, não tendo registado transmissão comunitária, nem contando atualmente com nenhum caso activo.

Apesar disso, as entradas no território continuam a ser limitadas, com mais um passo para a abertura progressiva da fronteiras dado hoje, data a partir da qual a província chinesa de Guangdong retoma a emissão de vistos turísticos para Macau, suspensos desde o início da pandemia.

A medida é considerada fulcral para a economia do território, já que Guangdong representa 80% das receitas do jogo provenientes de visitantes da China, responsáveis por cerca de 90% do total das receitas, como explicou à Lusa Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, em meados de julho.

Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de setembro.

Trabalhos de resgate terminam em prédio desabado na Índia com 16 mortos

[dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate concluíram hoje os trabalhos de procura de sobreviventes entre os escombros do edifício que desabou na segunda-feira no oeste da Índia, causando 16 mortes e nove feridos.

“A operação de busca e resgate, que começou imediatamente depois do acidente” na tarde de segunda-feira na localidade de Mahad, no Estado de Maharashtra, foi hoje concluída, segundo o porta-voz da administração do distrito de Raigad, Manoj Shivaji Sanap, em declarações à agência espanhola Efe.

Esta manhã foi recuperado o último corpo dos escombros, de uma mulher de 63 anos, elevando o total de vítimas para 16 mortos e nove feridos, dos quais cinco já tiveram alta hospitalar, explicou o porta-voz.

Para trás ficaram os momentos de euforia como o que aconteceu na terça-feira, quando as equipas de resgate encontraram um menino de quatro anos vivo depois de passar 19 horas sob os escombros.

As causas do incidente estão ainda por apurar, embora o desmoronamento de edifícios seja comum na Índia durante a época das monções (de junho a setembro). As chuvas torrenciais afetam as fundações dos edifícios, deixando-os fragilizados.

O imóvel demorou dez anos a ser construído em fundações “instáveis”, declarou à cadeia de televisão TV9 Marathi, um antigo deputado de Mahad, Manik Motiram Jagtap. “[O edifício] desmoronou-se como um baralho de cartas. Foi assustador”, sublinhou.

As monções desempenham um papel central no sul da Ásia, nomeadamente na agricultura, mas provocam também numerosas mortes e semeiam a destruição em grande escala, entre inundações e desmoronamentos de edifícios. Desde o início do ano, as monções provocaram a morte a cerca de 1.200 pessoas, mais de 800 delas só na Índia.

Filme “El Crimen del Padre Amaro” exibido na próxima terça-feira na FRC

[dropcap]É[/dropcap] já na próxima terça-feira, 1 de Setembro, que a Fundação Rui Cunha (FRC) exibe, no espaço da galeria, o filme “El Crimen Del Padre Amaro”, do realizador Carlos Carrera, baseado na obra com o mesmo nome do escritor português Eça de Queiróz. A iniciativa acontece com o apoio da Associação dos Amigos do Livro em Macau e do IPOR – Instituto Português do Oriente.

Antes da exibição do filme, a professora Alexandra Domingues fará uma apresentação sobre o romance. O evento integra o Programa Comemorativo dos 120 anos da morte de Eça de Queiroz, repartido em três sessões, que trouxe ao público de Macau a oportunidade de reviver o expoente da literatura do realismo português, sob diferentes prismas: Eça o Diplomata, Eça na Ópera e Eça no Cinema.

O filme El Crimen del Padre Amaro conta com interpretações Gael García Bernal (no papel de padre Amaro), Ana Claudia Talacón e Sancho Garcia, que veio a ser nomeado como Melhor Filme Estrangeiro para as cerimónias dos Óscares e dos Golden Globes norte-americanos de 2003.

Trilogia encerrada

Este evento encerra a trilogia dedicada a Eça de Queiroz. A sessão inicial aconteceu no dia 13 de Agosto, no Auditório do Consulado Geral de Portugal, com o convidado Carlos Frota, primeiro Cônsul-Geral de Portugal na RAEM, que procurou dar a conhecer a faceta de diplomata do escritor. O tema focou a carreira diplomática de José Maria Eça de Queiroz e a discussão sobre as influências do jornalista e do romancista cáustico na defesa dos interesses de Portugal.

Na sessão do dia 20 de Agosto, a professora Ana Paula Dias apresentou “Eça na Ópera”, trazendo alguns trechos musicais reveladores da intenção do autor, na intersecção entre a música e as palavras, e excertos literários declamados por Liliana Miguel Pires.

A ópera e as árias líricas, referenciadas nos romances do escritor, foram também analisadas pelo médico e musicólogo Shee Va, no contexto das «Conversas Ilustradas com Música: A Ópera na Literatura», cujo ciclo realiza mensalmente na Fundação Rui Cunha.

Hong Kong | Dois deputados pró-democracia detidos por participarem nos protestos de 2019

[dropcap]D[/dropcap]ois deputados pró-democracia de Hong Kong foram hoje detidos, acusados de participarem em protestos anti-governamentais no verão passado, numa operação em que foram detidas mais 14 pessoas, segundo a imprensa local.

Fonte policial ouvida pela agência de notícias France-Presse (AFP) confirmou a detenção dos deputados Lam Cheuk-ting e Ted Hui, bem como a de mais 14 pessoas, numa operação relacionada com as manifestações pró-democracia de julho de 2019.

Os dois deputados da oposição no Conselho Legislativo (LegCo) são conhecidos pelas críticas às autoridades chinesas e de Hong Kong, tendo Hui sido expulso do parlamento durante a discussão da polémica lei que criminalizou insultos ao hino chinês, no final de maio.

Numa publicação na página de Lam na rede social Facebook indica-se que foi detido por suspeitas de “ter participado num motim em 21 de julho” de 2019, sendo ainda acusado de obstrução à Justiça, de “causar distúrbios” e de participar na “destruição de propriedade pública”.

Nesse dia, o representante eleito e dezenas de manifestantes foram brutalmente atacados na cidade de Yuen Long por apoiantes do Governo, alguns dos quais suspeitos de pertencerem às tríades.

A polícia demorou a chegar e alguns agentes foram filmados a deixar partir os atacantes armados, um incidente que contribuiu para a desconfiança da população em relação às forças da ordem, durante os maiores protestos desde a transferência do território para a China, em 1997.

Para além dos dois deputados, pelo menos mais 14 pessoas foram igualmente detidas hoje, associadas aos protestos de 2019, segundo a estação de televisão local TVB e o jornal em língua inglesa South China Morning Post.

As detenções ocorrem duas semanas após o magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai e a activista Agnes Chow terem sido detidos, ao abrigo da polémica nova lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim. Os detidos nessa altura, nove pessoas no total, foram mais tarde libertados sob caução.

A lei de segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

Fórmula 1 confirma quatro últimas corridas da temporada. China ausente

[dropcap]A[/dropcap] Fórmula 1 confirmou esta terça-feira as últimas quatro corridas da temporada, que terá um total de 17 provas, incluindo o regresso do Grande Prémio da Turquia, ausente desde 2011.

“Podemos confirmar que Turquia, Bahrain (que recebe duas corridas) e Abu Dhabi integram o calendário revisto para esta temporada”, lê-se no comunicado da Fórmula 1, no qual fica, também, confirmada a ausência da China do calendário deste ano, prova que tinha sido inicialmente adiada.

Desta forma, o GP da Turquia realiza-se a seguir ao de Portugal, de 13 a 15 de novembro. Seguem-se as duas corridas no Bahrain, nos dias 29 de novembro e 06 de dezembro, com o campeonato a terminar no dia 13 de dezembro, em Abu Dhabi.

“Lamentamos não podermos cumprir algumas das corridas planeadas para este ano, mas estamos confiantes de que a nossa temporada começou de forma positiva e continuará a mostrar muita animação”, disse o norte-americano Chase Carey, responsável máximo da Fórmula 1.

Xi Jinping aposta no consumo interno face a “mudanças turbulentas” no ambiente externo

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, alertou que a China vai enfrentar um período de “mudanças turbulentas”, marcado por “maiores riscos externos”, pelo que vai apostar no fomento do consumo interno para sustentar o seu crescimento económico.

Xi, que participou na segunda-feira à noite num simpósio sobre o plano económico quinquenal a ser lançado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no próximo ano, disse que “a China deve estar preparada para o desafio”, face aos “ventos cada vez mais contrários no ambiente externo”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

O Presidente chinês frisou que “é preciso estabelecer um novo padrão de desenvolvimento”, que tenha o mercado interno “como base” e que permita que os mercados interno e externo se “reforcem”. “O mercado interno vai dominar o ciclo económico nacional no futuro”, disse, citado pela Xinhua.

Xi Jinping afirmou crer que a pandemia da covid-19 está a acelerar as mudanças “inéditas num século” e que a China deve “aproveitar as oportunidades” que surgirem.

A China vai assim tentar crescer através da inovação científica e tecnológica “independente” e investir no “desenvolvimento de tecnologias essenciais o mais rápido possível”.

Sobre a diplomacia, o chefe de Estado chinês indicou que a China “fará com que o seu estatuto continue a elevar-se na economia mundial”.

O país asiático enfrenta uma prolongada guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, à medida que a administração de Donald Trump procura reduzir a interdependência entre as duas maiores economias do mundo e conter a ascensão do país asiático.

A União Europeia afirmou também recentemente que a China não fez os avanços esperados desde a última cimeira, em 2019, para reduzir as barreiras no acesso ao seu mercado, o que afecta a Europa, o maior investidor estrangeiro e parceiro comercial do país asiático.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Equipas de resgate encontram criança com vida nos escombros de edifício que ruiu na Índia

[dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate retiraram esta terça-feira uma criança de 4 anos viva dos escombros do edifício que desabou na segunda-feira em Mahad, oeste da Índia, incidente que provocou a morte a pelo menos 13 pessoas.

De acordo com um vídeo consultado pela agência France-Presse (AFP), a multidão presente no local aplaudiu quando o menino foi retirado dos escombros e transportado para uma maca.

O edifício com 47 apartamentos que desabou na segunda-feira, provocou a morte a pelo menos 13 pessoas, explicitou o porta-voz da Força Nacional de Resposta e Desastres, Sachidanand Gawde. Pelo menos 60 pessoas poderão estar soterradas nos escombros deste prédio.

“Ninguém sabe exactamente quantas [pessoas] estão presas dentro” do prédio, disse à AFP um funcionário da polícia de Mahad, sob a condição de anonimato.

As autoridades temiam inicialmente que houvesse cerca de 200 pessoas soterradas, mas um balanço posterior reviu os números para cerca de 60. Vários residentes encontravam-se longe das habitações no momento do colapso do edifício.

Operadora de restaurantes Burger King na China multada devido a ingredientes fora do prazo

[dropcap]A[/dropcap] operadora de seis restaurantes da cadeia Burger King no sul da China, que usou ingredientes fora de prazo, foi multada em mais de 400.000 dólares americanos, anunciou ontem um regulador chinês.

Um dos restaurantes na cidade de Nanchang, a capital da província de Jiangxi, foi criticado, em 16 de julho passado, num programa difundido pela televisão estatal chinesa e dedicado à proteção do consumidor. O Burger King pediu desculpa na altura e prometeu cooperar com a investigação.

Os restaurantes são operados por uma empresa local, que foi multada em 916.504 yuans, anunciou o Gabinete de Supervisão do Mercado de Nanchang. A agência também confiscou “receitas ilegais”, elevando o total para 2,8 milhões de yuan.

A segurança alimentar é um tema sensível na China, que nos últimos anos foi abalada por escândalos envolvendo leite contaminado, medicamentos e outros produtos falsos ou de má qualidade que resultaram na morte ou intoxicaram consumidores.

Estudantes cabo-verdianos em Macau repatriados em setembro

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 30 estudantes cabo-verdianos retidos na China e em Macau devido à pandemia de covid-19 começam a ser repatriados para Cabo Verde no início de setembro, anunciou o Governo esta terça-feira.

Em conferência de imprensa realizada na Praia, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares, explicou que em Macau estão neste momento retidos oito estudantes universitários, finalistas, com dificuldades no regresso a Cabo Verde. Somam-se mais 22 estudantes na China, que também terminaram os respetivos cursos e vivem com dificuldades, aguardando o repatriamento.

Segundo o esclarecimento feito pelo governante, as representações diplomáticas cabo-verdianas estão a apoiar estes estudantes na aquisição de viagens de regresso, que devem iniciar-se a partir de 04 de setembro.

Luís Filipe Tavares acrescentou que alguns estudantes cabo-verdianos ainda permanecem também no Brasil, aguardando a retoma do período lectivo nas universidades, mas que estão a ser acompanhados pela rede consular. “Vamos continuar a acompanhar a situação epidemiológica no Brasil, onde em termos da pandemia de covid-19 é muito grave”, admitiu o ministro.

O Governo de Cabo Verde garantiu na segunda-feira o repatriamento de um grupo de 140 estudantes cabo-verdianos que estavam retidos no Brasil devido à pandemia de covid-19. O voo chegou ao aeroporto internacional da Praia ao final do dia de segunda-feira, tendo sido organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde.

Cabo Verde está fechado a voos comerciais internacionais desde 19 de março, para conter a pandemia de covid-19, não tendo sido ainda avançada qualquer data para a retoma dessas ligações, que já esteve prevista para julho e depois para a segunda quinzena de agosto. Até ao início deste mês tinham sido realizados 15 voos de repatriamento do arquipélago.

Entretanto, desde 01 de agosto que Portugal e Cabo Verde estabeleceram um corredor aéreo para voos essenciais, por motivos de doença, negócios, estudos, profissionais, oficiais e familiares, com a condição de realização de testes de virologia à covid-19 nos dois sentidos.

“Estamos a trabalhar para reabrirmos as nossas fronteiras o mais rápido possível. A promessa é abrirmos em agosto, vamos continuar a trabalhar para que assim seja nos próximos dias, de acordo com a programação que nós tínhamos feito”, afirmou anteriormente o ministro Luís Filipe Tavares.

Cabo Verde registava na segunda-feira um acumulado de 3.522 casos de covid-19, com 37 mortes.

Brevíssimo ensaio sobre o ciúme

Este fogo
Que só com fogo
Se pode apagar
Jorge Sousa Braga, O Poeta Nu

 

[dropcap]H[/dropcap]á pouco tempo aconteceu isto: um jantar de amigos a decorrer segundo todas as normas de segurança, pelo menos aparentemente. No essencial, que é a amizade e a alegria, as normas foram mandadas às urtigas que não há máscara que sustenha este contágio benigno. Mas divago. Um jantar, dizia. A dada altura aproxima-se da nossa mesa um cavalheiro que saúda todos mas em particular a mulher de um dos amigos que jantava à minha frente. Trocaram meia dúzia de palavras, um sorriso e o homem despediu-se e foi à sua vida. Mas eu, que estava à frente do casal vi: a face em chamas do meu amigo, o olhar rútilo em direcção ao estranho, dardejante, violento. Espantei-me, nunca o tinha visto assim. Perguntei a quem estava a meu lado se tinha reparado naquela extraordinária reacção de um indivíduo que eu tinha como pacato e fleumático. «O tipo que veio aqui dizer olá foi namorado da mulher dele. Aquilo que viste são ciúmes».

Ciúme! Que emoção injustamente esquecida, filtrada como podemos pelas nossas convenções e educação. Algo que parece anacrónico e remoto. Mas existe, oh se existe. E toca a todos, direi. A minha amaldiçoada memória musical atacou de imediato, lembrando uns versos de Cruel dos Prefab Sprout, talvez uma das melhores canções sobre essa inquietação em labareda e a forma como lhe tentamos fugir sem êxito. Diz o narrador: “I’m a liberal guy, too cool for the macho ache” e daí segue para a afirmação de que apesar disso não suporta a visão da mulher que ama a dar atenção a outros.

Há uma longa herança de anatomias do ciúme. O que não existe é muitas formas magnificas de o confessar. Othello de Shakespeare leva a coisa ao limite e pelo caminho é um aviso ao que somos como humanos – mas esta conclusão é a que podeis esperar deste nem por isso solar cronista.

Vou talvez dizer algo que não vos importa mas que cabe aqui: o amor não é livre, caramba. Implica desejo, amizade, toque, proximidade e sim – posse. Posse recíproca, acordada, enfim não sei. Tudo menos livre no sentido de “vai e faz o que te apetecer”. Quando esta formulação aparece quem já viveu um bocadinho sabe que não é um convite mas sim um desafio.

Querer que alguém que amamos nos dedique toda a atenção é parvo e pode ser perigoso. Se realmente amarmos esse alguém o que nos pode confortar e envaidecer é justamente o contrário: que os outros se encantem com o nosso ser amado, que o deixemos ser o que sempre foi e – eis o milagre! – que depois dos olhares regresse para o pouco e tudo que somos. Se é fácil? Não. O ciúme é um exercício de insegurança e de vaidade que afecta todos os que amam com variados graus de intensidade. Mas é um instinto primevo e o desgraçado do bardo inglês percebeu-o: o monstro de olhos verdes. Não faz distinções nem poupa ninguém, mesmo o que lhes querem fugir, por mais eruditos e ponderados que sejam. Vede como a história do grupo literário de Bloomsbury correu. Ou a patetice do “amor livre” da contracultura beat e hippie. Ou todas as tentativas civilizadas e cultas que o mesmo tentaram professar. Nem Byron, nem Casanova nem os libertinos nem mesmo os Cínicos de Diógenes conseguiram escapar a esta jaula gentil que o amor traz. Só que não é a jaula que importa mas sim lidar com as chaves.

A ilusão da fronteira do amor é desenhada pela forma que se ama. Não há melhor nem pior e nem sequer aquela que parece mais descontraída é a menos possessiva. Por mais vividos, urbanos e mais coisas que sejamos o que tememos sempre é a perda, neste caso de alguém que amamos muito. Ou seja: muito parecido com o provável sentido da vida.

Indie Lisboa 2020 / 17ª Edição

[dropcap]E[/dropcap]ntre o dia 25 de Agosto e 5 de Setembro esta edição do Indie Lisboa leva às salas dos cinemas S. Jorge, cinema Ideal e Culturgest, 240 filmes seleccionados de cinematografias “periféricas” à grande indústria americana.

Se é demonstrável que o cinema contemporâneo não vive a dicotomia indústria versus arte, é igualmente demonstrável que fora da majores da grande indústria dificilmente os orçamentos permitem que se ultrapasse o regime da contenção, o que nem sempre é necessariamente mau, diga-se.

O cinema Indie, é esse vastíssimo universo de filmes produzidos fora dos grandes orçamentos e também, da pressão de sucesso de bilheteira da grande indústria.

Neste dia de abertura destacamos os filmes da secção Silvestre, assim apresentada pela organização: “… obras de jovens cineastas e autores consagrados, esta secção competitiva encontra na singularidade a sua norma. Mostramos sobre a asa do Silvestre, obras que rejeitem fórmulas consagradas, que despertem novas linguagens e cuja rebeldia espelhe o espírito do festival” e um documentário na secção IndieMusic.

À sala Manuel de Oliveira no cinema S. Jorge, chega à tela, a longa metragem documentário State Funeral de Sergei Loznitsa, realizador Ucraniano. O filme teve a sua estreia mundial a 6 de Setembro de 2019, no Festival de Veneza .

A morte de Josef Stalin em Março de 1953 foi um acontecimento de dimensão planetária, o líder da “revolução proletária internacional” tombava na efemeridade da universal condição humana. Como se sabe, as narrativas dos homens precisam dessa força icónica que ata o humano, mesmo quando com fios que se corroem com as sucessivas abordagens dos tempos que vão chegando, a dimensões próximas do mito. É essa não só a razão das histórias da história, como um dos motivos do fascínio perante a tela cinematográfica. O poder e os homens de Estado precisam e são investidos colectivamente nessa narrativa, a dos homens condutores de homens, gigantes na banalidade quotidiana. Todo o funeral de um homem de estado é investido formalmente nessa carga simbólica. Quando se trata de alguém que liderou uma visão e organização do mundo com a dimensão de uma União da Repúblicas Socialistas Soviéticas, essa morte é a ascensão ao território do mito, um híper acontecimento político.

Sobre o filme, quando da estreia em Veneza, Anton Dolin escreveu na revista Meduza: “Este funeral é uma produção notável, uma performance grandiosa. Como se costuma dizer hoje, envolvente. Os espectadores são seus participantes de pleno direito, sem os quais a acção não teria ocorrido. O público na sala onde o filme de Loznitsa é exibido também. Stalin transformou-se num artefacto, ele está prestes a se tornar uma múmia, para sempre encarnado de um objeto físico em um símbolo. Mas as pessoas vivas estão olhando para ele, de quem nada sabemos, mas cuja realidade está além de qualquer dúvida. Embora os motivos permaneçam incrivelmente vagos: e se eles não sofrerem realmente, e se estiverem interiormente regozijando-se? Se disserem adeus não ao seu amado tirano, mas à era da tirania que vai embora sem deixar vestígios? No final, nós também ficamos hipnotizados por essa ação sem pressa, esse ritual sagrado.”

Trabalho ficcional construído com recurso ao arquivo onde os procedimentos desde o anúncio da morte às cerimónias do mega funeral de estado são tema e matéria fílmica.

Antes, às 19 horas, também na mesma secção e na mesma sala, é exibido o filme “ La femme de mon frére”, ficção, 107 minutos, uma produção canadiana realizado por Monia Chokri que, conjuntamente com Justine Gauthier, também assina a montagem. O filme tem nova sessão no dia 3 às 21h30m no Grande Auditório da Culturgest.

Foi o filme de abertura no Festival de Cannes 2019 da secção “ Un Certain Regard”, onde foi vencedor no júri “coup de coeur”. Já exibido no Festival de Hamburg, Motovun Film Festival, é a primeira longa metragem da realizadora. A crítica em Cannes não efusivamente favorável, construído numa sucessão de skectchs é um filme que chega a Lisboa e que desperta curiosidade. Se o jornal “Le Figaro” lhe atribui uma estrela, e o L´Humanité duas, os Cahiers du Cinema , Paris Match, Liberacion, Elle, ou Les Inrockuptibles atribuíram 4 . O filme é apresentado como: “… inscrito na tradição do filme familiar quebequense, mas também na subtileza e cosmopolitismo de autores como Noah Baumbach ou Greta Gerwig, esta é a comédia dramática acerca de uma jovem já não tão jovem, recém doutorada, que, sem planos de futuro, procura compensação emocional na relação com o seu irmão. A ironia constante é a grande arma de boa disposição maciça, mas, através da alternância entre o cómico e a dor verdadeira – algo que a adtriz Anne-Élisabeth Bossé domina na perfeição – as personagens geanham outra vida e profundidade.” (Carlos Natálio – catálogo do festival) . Um filme e uma actriz a ver nesta ou noutras oportunidades.

Ainda nesta noite, na sessão IndieMusic, secção com filmes que trabalham temas de músicos e bandas, e os contextos políticos e sociais em que existem, sempre muito do agrado do público, chega ao ecrã do grande auditório da Culturgest às 21h30m, o documentário Billie de James Erskine. É uma produção do Reino Unido de 2019, 96 minutos.

Billie Holiday é uma lenda do jazz norte-americana.

No final dos anos 60, enquanto preparava uma biografia, o jornalista Lipnack Kuehl gravou mais de 200 horas de entrevistas com outros músicos, familiares, amigos e amantes da cantora. James Erskine com este material, registos de performances, e outras imagens de arquivo, constrói um filme sobre a vida de Billie Holiday . A cantora é uma das mega vozes do século XX. Nasceu em 1915, viveu em excesso e euforia, em 1959 era admirada por Duke Ellington, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald.

Vamos acompanhar com atenção a edição do Festival que se apresenta como uma “ aposta na exibição de obras que preencham o vazio da circulação cinematográfica moldado pela produção mainstream que domina o mercado.” Assunto nada displicente e que nos merecerá a devida atenção.

Tudo é montanha para o homem se

Palhavã, Lisboa, segunda, 10 Agosto

 

[dropcap]S[/dropcap]ujeito que sofre a acção do verbo, assim apresenta a senhora gramática o paciente. Segundo a raiz latina é aquele padece, que sabe esperar e sem pressa, por exemplo agudo, os efeitos da passagem do tempo. Conformado e submisso, isso se espera final e oficialmente daquele que está sob tratamento médico, dentro ou fora do hospital. Ser paciente implica serenidade, a aceitação não apenas do que acontece, mas daquilo a que o sujeitam. A gente sujeita-se. O doente perde, além de saúde e bem estar, direitos. Perde, além de massa muscular por estar quieto, parte da matéria que o faz sujeito. Com simpatia, logo o infantilizam: muda o tom de voz com que se lhe dirigem, os gestos de afecto ou pena com que é dirigido, a que se deve somar os exames e testes intrusivos, a entrega a conta-gotas da informação, os longuíssimos silêncios. Talvez não possa ser de outro modo, para que o tratamento seja exacto há que esculpir em cada o objecto. O ser demasiado humano torna-se intratável, só lhe acedemos pelo amor. O amor cura, mas a medicina não é amante. A actualidade, tão rica e com protocolos de resposta tão pouco subtil, faz-nos sujeitos passivos, tombados na declinação desafinada do verbo obedecer. Obediência é maca de urgências, cama de hospital, leito de cuidados continuados. Pacientar, a isso estamos condenados. Não somos todos e por completo doentes, ainda assim. Já pacientes será inevitável: o tempo não castiga, mas mastiga.

Santa Bárbara, Lisboa, segunda, 12 Agosto

Creio que nunca como hoje se produziram profissionais da indignação, mestres da amargura, agentes do contra. Mas contra quê? Tudo o que mexe. E a gente gosta. Habituados que fomos à sujeição durante décadas a fio, a gente bem pensante passou a gostar de valorizar quem se diz do contra. Só porque sim.

Contudo, os tempos mudaram, desde logo nas consequências para quem resolve desafinar. Hoje não há coro nem harmonia, e ninguém sofre por desatinar sem razão nem objectivo. Punk’s not dead, mas envelheceu muito e tristemente. Seria longa a lista de exemplos, mas peguemos-lhe pelo humor, aliás território seríssimo e habitual. A propósito do centenário do jornal anarquista A Batalha, no ano anterior ao da desgraça, a Biblioteca Nacional organizou exposição e nesse âmbito foi editado este «Renda Barata e outros cartoons de Stuart Carvalhais n’A Batalha» (ed. Chili Com Carne/A Batalha), onde se reúne em pequeno formato uma quase centena de trabalhos daquele grande do desenho de humor. Para se erguer uma bandeira, por estes dias, há logo que afiar o mastro e assim o tornar lança. António Baião, organizador e prefaciador, trata de disparar pontos para os is: «as várias monografias acerca da vida e obra de Stuart, citadas neste intróito, pecam todas pela quase total omissão da sua passagem pelos periódicos libertários.» Gosto logo da «quase total», no fundo a gente gostaria que fosse toda, mas em não sendo é quase. Faltam parcelas na totalidade. E uma delas, um dos alvos da diatribe, foi organizada pelo autor destes linhas e não ignora a passagem do desenhador pelas páginas daquele jornal («Stuart – A Rua e o Riso», ed. Assírio & Alvim). Só não afirma o indefensável: que foram fulcrais na obra do autor ou na identidade do famoso periódico. Stuart assinou milhares de desenhos e por todo o lado, desenhou uma cidade e as suas personagens, obedecendo muito libertariamente apenas a apetites e outras necessidades, sem que se detecte programa. Mas nada disso interessa, a este amargo radicalismo. Começa sempre pela vitimização. O anarquismo é tão maldito que ninguém lhe liga nenhuma, ainda que aconteça quando uma instituição formal da memória do Estado celebra o jornal, mas não basta a força de uma ideia. Respira-se mal na trincheira. O livro vale pela recolha «quase total» dos desenhos, sem grande investimento na qualidade das reproduções. Mas pouco acrescenta. Nada nos diz sobre a autoria das legendas, se pertencem a Stuart ou à redacção, como era prática comum. Não aborda as diferenças de estilo, quando ali se encontram alguns dos mais negros desenhos de Stuart, de par com outros que se limitam ao espelhar de um quotidiano citadino e burguês. Stuart, muito dado ao gozo, havia de se rir disto, de o fazerem bandeira quando era do vento (algures aqui na página vai um dos seus cartoons, datado de 1925 e tendo por título «Radicalismo», onde alguém oferece uma coroa em funeral de republicano: «É por essa falta de convicções que isto está como se vê!»).Triste me parece este modo de operar, vendo inimigos em tudo o que mexe, em nome de ideias que até podem ser generosas. Para os profissionais da indignação, tudo se resume ao gesto desembestado. Que jeito dá ser sempiterna vítima, para estes arremedo de pensamento!

Apesar disto e do mundo, apesar dos pesares, perante este modo pesado e mastodôntico de ver, rio-me (que belo verbo que implica o sujeito na reflexão!), na boa companhia de Stuart e Ramón [Gómez de la Serna], no seu gozoso «Humorismo».

«Lo que de mastodónico y aplastado tiene el mundo, sólo lo compensa la mirada humorística. Todo es montaña para el hombre si el hombre no es humorista. Frente al humoristo, que debe ser una maravilla de dosificación — y en eso entra el estro poético del humorista y sy verdadera vocación –, está el amarguismo.

«El humorista debe cuidar, por eso, de que ni el cómico ni lo amargo domine su creación, y una bondad ingénita debe presidir la mezcla. Al humorista ha debido comverle lo que ha escrito, aunque a los otros les haga reír o les anonade con su burla.

«El amarguismo hace doloroso el humorismo y antipático, e es obra del mal genio, en vez de ser obra del mejor genio».

Horta Seca, Lisboa, quinta, 20 Agosto

Amarga justaposição: o dia em que nos chega finalmente a esmola a que o Estado chamou apoio, em processo desajeitado e amorfo, corresponde ao pagamento de famigerado imposto e acerta em cheio no valor. De um bolso para outro, portanto, mas do mesmo casaco. A intempérie vai continuar a marcar-nos a carne. Obrigadinho é o que eu lhe desejo!

Facebook contesta encerramento de grupo pró-democracia na Tailândia

[dropcap]O[/dropcap] Facebook vai contestar uma ordem do governo tailandês que o obrigou a encerrar um grupo muito popular dedicado ao movimento pró-democracia em curso no reino, declarou ontem a empresa norte-americana.

Uma crescente onda de manifestações alastrou-se no país do sudeste asiático desde Julho, contra o governo considerado ilegítimo, mas também contra a monarquia, assunto que até então era tabu.

O grupo “Royalist Marketplace”, criado em Abril, tinha mais de um milhão de membros quando o acesso foi bloqueado pelo Facebook na segunda-feira.

A rede social foi “forçada” a tomar essa decisão por ordem do governo tailandês, afirmou um porta-voz do Facebook à agência francesa France-Presse.

“[Pedidos como este] violam o direito internacional. Estamos a trabalhar para proteger e defender os direitos de todos os utilizadores da Internet e estamos a preparar-nos para contestar legalmente esse pedido”, acrescentou.

Pavin Chachavalpongpun, um activista tailandês exilado no Japão e moderador nesse grupo, disse à AFP que o mesmo permitiu “discussões reais” sobre a monarquia, o seu papel e caminhos para a reforma.

De acordo com Pavin, o encerramento do grupo mostra que o Facebook está a trabalhar para “promover o autoritarismo” na Tailândia e “aprovar as tácticas do Governo sobre censura de informações”.

É “um obstáculo ao processo de democratização na Tailândia, bem como à liberdade de expressão”, acrescentou.

Sem precedentes

Ontem de manhã, o advogado Anon Numpa, uma das principais figuras do movimento, foi preso pela terceira vez em poucas semanas.

Desde o início dos protestos, 11 activistas foram detidos por uma dúzia de motivos, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária.

A monarquia é um assunto extremamente delicado na Tailândia, onde o rei e a sua família são protegidos por uma lei de difamação muito severa que pune com até 15 anos de prisão qualquer crítica.

Com uma fortuna estimada em 60 mil milhões de dólares, o monarca Maha Vajiralongkorn, conhecido como Rama X, trouxe mudanças sem precedentes na governação do país desde a sua ascensão ao trono, assumindo o controlo directo dos bens reais e colocando unidades do exército directamente sob o seu comando.

Manifestantes tailandeses, inspirados nos jovens de Hong Kong, atacam também o primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, um antigo chefe do exército que liderou um golpe de Estado em 2014 e permanece no poder após as eleições contestadas de 2019.

Os manifestantes exigem a sua renúncia, a dissolução do Parlamento e a reescrita da Constituição de 2017, que dá poderes muito amplos aos 250 senadores, todos eleitos pelo exército.

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso por parte do governo tailandês de “leis que violam os direitos” e a liberdade de expressão.

“O Facebook deve lutar contra as exigências do governo em todas as instâncias possíveis para proteger os direitos humanos do povo tailandês”, afirmou John Sifton, director da HRW para a Ásia.

Um pequeno protesto pró-monarquia ocorreu ontem em frente à embaixada japonesa em Banguecoque, para pedir a Tóquio que reenviasse Pavin para a Tailândia para ser julgado sob a lei de difamação real.

LMA acolhe este sábado o evento “Red or Blue: Redemption”

[dropcap]O[/dropcap] espaço Live Music Association recebe este sábado um novo evento a partir das 23h, intitulado “Red or Blue Redemption”. Trata-se de um DJ Set em parceria com o colectivo Red or Blue, que disponibiliza os djs Zarah Fong e Circle. No caso de Circle, um dos fundadores da Red and Blue, a música electrónica sempre fez parte da sua vida, segundo uma nota divulgada na página oficial no Facebook pelo colectivo de músicos. Circle estudou música electrónica e sempre se sentiu fascinado pela atmosfera da música House e com a possibilidade de misturar esse estilo com outros mais alternativos, criando, desta forma, um “estilo único” enquanto dj.

Depois de ter actuado em vários espaços em Macau, em 2018 fundou a Red and Blue com alguns amigos, sempre com o objectivo de “partilhar música com o público sem reservas”, apostando em estilos tão diversos como o House, Techno ou Drum and Bass, entre outros.

No caso de Zarah Fong aka Django, tudo começou quando este esteve numa festa de música alternativa em Tóquio. Começava aí a sua carreira como dj de música electrónica.

Segundo a mesma nota da Red and Blue, “a sua personalidade sem restrições permitiu-lhe aderir a diferentes géneros musicais”, onde se incluem o Techno ou o Drum and Bass. Zarah Fong já actuou em eventos musicais como Beijing Dada, Shenzhen Oil e também em Hong Kong, ao lado de djs reconhecidos internacionalmente.

Com imagem

O evento conta também com a presença do dj D-HOO, nome artístico de Derek Ho, fundador da Associação de Música de Dança de Macau (MDMA, na sigla inglesa). Além de actuar como dj em várias festas, Derek Ho tem também promovido diversos eventos de House music em Macau em vários clubes nocturnos, sempre numa tentativa de trazer diversidade ao panorama musical do território. Além da música de dança, a noite no LMA fica completa com a performance visual do VJ OS. Os bilhetes custam 150 patacas e dão direito a uma bebida.

Orquestra de Macau junta-se ao MGM para concerto comemorativo 

“Comemorando o 50º Aniversário do Dia da Terra: Um Tributo à Natureza” é o nome do espectáculo que junta a Orquestra de Macau e o MGM e que visa celebrar não apenas os 50 anos do Dia da Terra, mas também os 250 anos do nascimento de Beethoven. O concerto decorre este sábado e domingo no The Spectacle, no MGM Cotai

 

[dropcap]D[/dropcap]uas celebrações num só palco. É esta a proposta da Orquestra de Macau (OM) que, com o apoio da operadora de jogo MGM e do Instituto Cultural (IC), dá este sábado e domingo um duplo concerto de comemoração dos 50 anos do Dia da Terra e dos 250 anos do nascimento do compositor alemão Beethoven.

O espectáculo intitula-se “Comemorando o 50.º Aniversário do Dia da Terra: Um Tributo à Natureza” e decorre às 14h30 na sala The Spectacle, no MGM Cotai. Segundo um comunicado do IC, o programa do concerto será focado na Sinfonia N.º 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral” de Beethoven.

O IC considera que este espectáculo “proporcionará ao público uma experiência sinfónica especial, com música clássica, tecnologia inovadora e arquitectura moderna”. “Ao som de uma melodia clássica que ilustra na perfeição a unidade do homem com a natureza, o público será levado a apreciar a beleza natural da cidade e a reflectir sobre a importância da protecção do ambiente”, acrescenta a mesma entidade.

No mesmo fim-de-semana decorrem ainda outras actividades que visam celebrar os 50 anos da implementação do Dia da Terra, como visitas guiadas ao “Dia da Terra X Arte da Natureza”, um “Workshop de Criação de Bolas de Musgo” e um “Lanche Sinfónico”.

Mais em Setembro

Depois do espectáculo no MGM, a OM prepara-se para apresentar, já em Setembro, a nova temporada 2020/2021 com a série de concertos “Encontros com a OM em Setembro”, todos com entrada gratuita. O primeiro espectáculo acontece já a 5 de setembro, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) pelas 20h, e intitula-se “Um Encontro de Sinfonias”.

Nos dias 11 e 12 de Setembro acontece “Um Encontro de Violoncelos” às 20h no teatro D. Pedro V, enquanto que também no dia 12 tem lugar a iniciativa “Música na Biblioteca”, na Biblioteca da Taipa, por volta das 17h15.

A 19 de Setembro, no Museu de Arte de Macau (MAM) ocorre a iniciativa “Música no MAM”, às 14h30. No mesmo dia, às 17h, a Casa Garden acolhe “Música em Património Mundial”.

Este Verão, nos meses de Julho e Agosto, a OM não esteve parada e apresentou o ciclo de concertos “Episódios de Verão”. Cerca de três mil pessoas reservaram bilhetes para os seis espectáculos incluídos neste programa, com mil inscrições efectivas.

Em parceria com o Centro de Ciência de Macau, a OM apresentou ainda os concertos “Festival de Ciência e Música – Desfile Nocturno dos Animais”, vistos por 280 pessoas e com cerca de 800 inscrições.

Emprego | Julho com menos 3200 TNR em relação ao mês anterior

[dropcap]O[/dropcap] mês passado terminou com menos 3.208 trabalhadores não residentes (TNR) no mercado de trabalho de Macau, para um total de 183.219 pessoas, de acordo com números divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública. Deste universo, a nacionalidade mais representativa, como é habitual, é a chinesa, que perdeu 1014 funcionários num mês, a larga maioria no sector da construção. Ainda assim, o número de TNR oriundos do Interior da China chegou quase aos 114 mil, representando 62,16 por cento do universo de TNR em Macau.

Os trabalhadores não residentes oriundos das Filipinas continuam como a segunda maior comunidade laboral em Macau, apesar de terem perdido até ao final de Julho 666 TNR, em comparação com o fim de Junho.

No que diz respeito aos vários ramos laborais, hotelaria e restauração empregavam no final de Junho 48.900 pessoas, o que representa uma quebra de 1751 trabalhadores. O ramo da construção foi dos que mais contribuiu para a diminuição de TNR no território, com uma quebra de 760 operários, totalizando 26.062, quase todos eles de nacionalidade chinesa.

A profissão de empregada doméstica foi dos ramos laborais onde, proporcionalmente, se perderam menos TNR, com uma diminuição de 303 pessoas, para um total de mais de 30 mil profissionais.

DSAL | Feira de emprego para jovens realiza-se no fim-de-semana

Realiza-se este fim-de-semana a Feira de Emprego para Jovens 2020. O evento oferece mais de 3 mil vagas, com especial predominância para os sectores das vendas a retalho. A DSAL espera que o evento seja um momento determinante para os cerca de 7 mil jovens que terminaram cursos superiores este ano

 

[dropcap]E[/dropcap]stá à porta mais uma edição da Feira de Emprego para Jovens, marcada para o próximo sábado e domingo no Complexo Académico da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês).

Ontem à tarde, responsáveis da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau e da Associação Geral dos Estudantes de Chong Wa de Macau anunciaram que vão estar disponíveis mais de 3 mil vagas de trabalho em empresas sediadas na RAEM. Entre este universo, não foi especificado quantos lugares se destinam a trabalhos a tempo inteiro, part-time ou estágios, mas foi referido que as ofertas são para o sector financeiro, tecnologia de informação, lazer e entretenimento, obras, vendas, hotelaria e restauração.

Foi ainda anunciada a participação de companhias de renome e dimensão nacional como a Alibaba Cloud, Taobao, ByteDance e Tencent, que contribuem com mais de um milhar de vagas adicionais.

A DSAL espera que o próximo fim-de-semana seja um momento de ouro para os jovens que procuram o primeiro emprego, depois de completos os estudos superiores. Segundo dados avançados, este universo de jovens que procuram aceder ao mercado de trabalho é constituído por sete mil recém-graduados, desde bacharéis, a licenciados ou mestrados.

A presença dos gigantes tecnológicos chineses estará igualmente numa zona dedicada à formação. “Será instalada uma zona de exposição de técnicas profissionais e experimentação”, além de estarem previstos seminários sobre “actividade financeira na internet, computação em nuvem e novas médias da rede”.

Baía ao largo

Quanto aos salários, a chefe de departamento de emprego da DSAL, Wong Sio Kuan, revelou que devem rondar uma média de 14 mil patacas, com os postos mais elevados a poder chegar às 35 mil patacas. Os jovens que se candidatem a estágios ou vagas de part-time, podem esperar auferir cerca de 4 mil patacas. Mas, como referiu a responsável, tudo depende do posto e da experiência do candidato.

A feira de emprego pretende igualmente abrir a porta para empregos na Grande Baía, à semelhança do que foi apresentado noutros anos e no âmbito de outros programas. A ideia é “ajudar os jovens a compreender a política de emprego e a situação actual da Grande Baía e dar a conhecer as informações mais recentes do mercado de trabalho, permitindo-lhes planear a carreira profissional”.

Contudo, a responsável da DSAL referiu que este ano não vai estar disponível nenhuma vaga de emprego para a Grande Baía. “Devido a problemas fronteiriços, não conseguiram chegar a Macau. Por isso, não estará representada na feira qualquer empresa da Grande Baía”, acrescentou o representante da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. Os interessados vão poder recolher informações em três postos espalhados na feira.

Face às circunstâncias de saúde pública que vivemos, e tendo como lema “avançar durante a epidemia, empregar para o futuro”, a organização do evento pede aos jovens que façam marcação prévia para programar a entrada na feira. Além disso, como é habitual, os interessados devem usar máscara, exibir código de saúde e medir a temperatura corporal antes de entrar no recinto.

Seguranças da Galaxy exigem pagamento retroactivo de horas extra

A presidente da Direcção da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo argumenta que a exigência de chegar 15 minutos mais cedo ao trabalho para o briefing matinal fez com que muitos seguranças da Galaxy excedessem as 48 horas semanais previstas na lei. A DSAL diz que faltam provas da obrigatoriedade da reunião

 

[dropcap]C[/dropcap]loee Chao, presidente da Direcção da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, acompanhou ontem dezenas de seguranças da Galaxy a fazer chegar um pedido de ajuda ao Gabinete do Procurador Ministério Público (MP). O objectivo é exigir a compensação retroactiva pelas horas extraordinárias que os funcionários fizeram, por terem sido obrigados a chegar ao local de trabalho 15 minutos mais cedo para participar em briefings diários.

Recorde-se que a exigência não é nova e que, a partir de Outubro de 2019, a prática de pedir aos seguranças para chegar 15 minutos mais cedo foi progressivamente cancelada e, depois de protestarem junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos laborais (DSAL), alguns funcionários, já reformados, acabaram mesmo por ser remunerados por essas horas extraordinárias. Segundo Cloee Chao, a associação que preside recolheu já mais de 400 queixas no ano passado, considerando que os actuais funcionários devem também receber compensações retroactivas.

Através de uma resposta escrita enviada a 10 de Agosto deste ano, a DSAL arquivou o processo, afirmando que as queixas não vinham acompanhadas de provas e que o alegado trabalho não é obrigatório.

Comentando a posição da DSAL, Cloee Chao argumentou ontem junto dos jornalistas que, segundo a lei das relações de trabalho, a carga laboral por semana não pode exceder as 48 horas e que as normativas internas da Galaxy prevêem punições “para quem não reportar às chefias a ausência de funcionários 15 minutos antes do início oficial do horário de trabalho”. “Quem não reportar as faltas pode ser alvo de advertências orais, escritas ou, até mesmo, despedido, acrescentou a responsável.

Ao serviço da galáxia

Um segurança da Galaxy de apelido Cheang contou ao HM que depois de fazer queixa nos recursos humanos da empresa, a resposta que recebeu foi que a chegada antecipada ao local de trabalho para participar nas reuniões era uma tarefa não obrigatória. “Como é que é possível sermos voluntários nesta situação?”, atirou.

Outro segurança que trabalha na mesma concessionária desde que a empresa abriu portas em 2011, revelou que, cerca de uma dúzia de funcionários já reformados que receberam a compensação pelas horas extra, foram abordados no sentido de não divulgar que tinham recebido o respectivo pagamento rectroactivo. “No meu caso, trabalhava entre 6 e 7 dias por semana, todos eles com 15 minutos de trabalho extraordinário”, sublinhou o funcionário de apelido Long.