Excursionistas | Número continua a subir

Em Outubro, o número de visitantes que chegaram em excursões a Macau foi de 194 mil, mais 14,2 por cento, face a Outubro de 2023, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Entre os excursionistas, 173 mil eram provenientes do Interior e 19.000 vieram do mercado considerado internacional pela DSEC, o que representa aumentos de 10,5 por cento e 56,5 por cento. O número de entradas de visitantes em excursões da Coreia do Sul (11.000) e da Índia (2.000) subiram 122,5 por cento e 148,9 por cento.

No pólo oposto, em Outubro, o número de pessoas a dormir nos hotéis teve uma redução de 5,8 por cento em comparação com o ano passado, para um total aproximado de 1,18 milhões de pessoas. A taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes fixou-se em 87,3 por cento, sendo a taxa de ocupação dos hotéis de 5 estrelas de 89,7 por cento, a dos hotéis de 4 estrelas de 82,6 por cento e a dos hotéis de 3 estrelas de 85,1 por cento.

Oceanos | Pedida flexibilidade no financiamento

David Gonçalves, director do Instituto para as Ciências e Ambiente da Universidade de São José, defende uma canalização em Macau do investimento para a investigação científica sobre os oceanos e biologia marinha, a fim de flexibilizar projectos entre a China e países de língua portuguesa

 

O director do Instituto para as Ciências e Ambiente da Universidade de São José (USJ), David Gonçalves, considera que o investimento público em investigação académica na área da defesa dos oceanos deve estar centrada em Macau e não apenas em Pequim, a fim de melhor assegurar o funcionamento das equipas de investigação.

A ideia foi deixada ao HM no contexto da realização, na USJ, desde ontem, da quinta edição da SINOPORT Ocean Conference – Simpósio Anual para o Centro de Investigação Conjunta em Biologia Marinha [International Joint Research Center of Marine Biology], um encontro organizado pela Universidade do Algarve e a Shanghai Ocean University. O evento, que reúne académicos de Macau e de outras regiões, termina hoje.

“A questão que se coloca é se o Governo Central e local querem, de facto, atribuir o papel de plataforma na cooperação científica a Macau. Se sim, têm de surgir os mecanismos necessários, de natureza financeira, que neste momento não existem. O Governo de Macau deverá querer chamar a sim o papel de centralização nos mecanismos de financiamento. Penso que deveria haver um entendimento directo entre o Governo Central e Macau sobre o verdadeiro papel de plataforma e que mecanismos devem ser criados”, disse.

A ideia surge porque, neste simpósio, irá ser discutido o trabalho desenvolvido por dois laboratórios de investigação que são financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e que reúnem académicos da China, Europa e Portugal.

“Quando o financiamento é dado por parte da China, torna-se difícil que chegue a todos os parceiros [de um grupo de investigação], o que faz com que a cooperação não seja eficaz. Macau teria mais facilidades nesse campo, de poder canalizar financiamento para outros parceiros, e do ponto de vista prático seria mais fácil progredir se Macau fosse esse motor de arranque”, acrescentou. David Gonçalves espera ainda que esta questão seja discutida no simpósio.

“Actor natural”

O evento culminou, para já, na assinatura de um memorando de entendimento entre a USJ, Universidade do Porto e a Shanghai Ocean University. Hoje é a vez de Gui Menezes, da Okeanos e Universidade dos Açores, falar na sessão “Explorando o desconhecido: A evolução e o futuro da investigação marítima nos Açores”.

Joel Reis, da Universidade de Macau, apresenta o projecto ORVIS, que se trata de um “veículo robótico oceânico para a intervenção em águas pouco profundas”.

David Gonçalves referiu ao HM que a USJ foi convidada para acolher este simpósio, o que faz todo o sentido, pelo facto de Macau “ser um actor natural no entendimento entre a China e os países de língua portuguesa”. “A única coisa que falta é haver luz verde do Governo Central e do Governo local para pôr em prática esses mecanismos de cooperação”, salientou.

O financiamento já atribuído por Pequim levou à formação de dois laboratórios conjuntos virados para a investigação sobre os oceanos e vida marinha, que junta a USJ, a Shanghai Ocean University, a Universidade do Algarve, o Instituto de Oceanografia da China e o Instituto Português do Mar e Atmosfera, entre outras entidades.

No simpósio que hoje termina pretende-se “debater a cooperação que tem vindo a ser feita neste âmbito e perceber se as diferentes iniciativas se podem agregar para juntar esforços e aumentar a cooperação entre a China com os países de língua portuguesa na área dos oceanos, além de se perceber o papel que Macau pode desempenhar no futuro”, rematou David Gonçalves.

Burlas | CPSP lançou vídeo de rap a “desrespeitar” burlões

Em resposta a uma interpelação escrita de Ngan Iek Hang sobre sensibilização da população para burlas, o gabinete do secretário para a Segurança deu conta das campanhas de informação. “No vídeo de sensibilização mais recente do CPSP, ‘DISS aos Burlões’, foi adoptado o estilo rap, preferido pelos jovens, para atrair mais a atenção do público”, indicam as autoridades. Uma música “Diss” é ataque a um rapper “adversário”, muitas vezes associado a um gang rival. A expressão é um diminutivo para a palavra “desrespeito” em inglês.

Numa perpectiva mais global, nos primeiros nove meses deste ano, a Polícia Judiciária (PJ) partilhou nas suas plataformas online um total de 1.190 publicações sobre prevenção de burlas. Durante o mesmo período, a PJ lançou online “24 vídeos sobre as burlas que têm ocorrido com maior frequência nos últimos anos, nomeadamente o falso funcionário de órgãos governamentais, a compra de bilhetes online, o emprego a tempo parcial para aumentar o registo de encomendas e os phishing websites”.

O gabinete de Wong Sio Chak salientou que em 2015 a PJ criou contas oficiais no Wechat e no Youtube e em 2016 lançou a página oficial “Aulas da PJ” no Facebook. Além disso, “foram ainda criadas, sucessivamente, contas oficiais nas plataformas sociais mais usadas, tais como Instagram, Weibo, Douyin, Toutiao e Xiaohongshu”.

Indonésia / Vistos | Residentes barrados após alteração de regras

De acordo com o jornal Cheng Pou, desde 14 de Novembro que o país do sudeste asiático está a recusar emitir vistos à entrada para os titulares do passaporte de Macau. A medida apanhou alguns residentes desprevenidos

 

Alguns residentes de Macau foram impedidos de entrar na Indonésia, depois do país ter deixado de emitir vistos à chegada para os cidadãos da RAEM. Segundo o jornal Cheng Pou, o caso foi denunciado online, com os residentes a queixarem-se de que os portais do Governo da RAEM não actualizaram a informação com as novas exigências.

De acordo com o relato apresentado pela publicação, desde 14 de Novembro que a Indonésia deixou de emitir vistos à chegada para os residentes de Macau que se desloquem ao país do sudeste asiático. Este é um cenário diferente do que acontece para os cidadãos portugueses ou das Filipinas, aos quais ainda é permitido recorrerem a este tipo de visto à chegada.

Contudo, a medida terá apanhado os residentes locais e o Governo desprevenidos, dado que online houve algumas pessoas a queixarem-se de terem sido impedidas de entrar, no domingo, por não terem visto, pelo acabaram por ser forçadas a regressar a Macau.

Além disso, as fotografias captadas por estes residentes do portal da Direcção de Serviços de Identificação (DSI) mostram que a informação do Governo da RAEM não estava actualizada, indicando que era possível fazer o visto à chegada à Indonésia.

O relato partilhado online também indica que depois de estes cidadãos terem pedido auxílio à Direcção de Serviços de Turismo (DST) a informação sobre o cancelamento da política de vistos à entrada foi actualizada no portal da DSI.

Actualização a 25 de Novembro

O Cheng Pou verificou os registos e adianta que a informação sobre as condições de entrada na Indonésia foi actualizada no portal da DSI a 25 de Novembro. Os portais da RAEM deixaram assim de indicar a possibilidade de fazer o visto à chegada na Indonésia, pelo que os residentes têm de tratar dos documentos necessários antes de viajarem.

Apesar disso, há 147 países e territórios que concedem a isenção de visto ou a possibilidade de fazer visto à chegada aos titulares do passaporte da RAEM. No pólo oposto, o portal do Governo da RAEM indicava que os cidadãos da Indonésia podem entrar em Macau, sem necessidade de qualquer visto, podendo permanecer cerca e 90 dias na região.

Actualmente, Macau tem um alerta de nível 1 em vigor para deslocações para a Indonésia, o que significa que existe uma “ameaça à segurança pessoal”. “Os residentes de Macau que planeiem viajar ou que se encontrem no destino, devem estar em alerta quanto à sua segurança pessoal. É sugerido que se mantenham atentos e que acompanhem o desenvolvimento dos acontecimentos”, é acrescentado.

Escarlatina dispara com mais de 50 ocorrências em Outubro

Em Outubro, foram registados 53 novos casos de escarlatina no território, uma das principais causas de mortalidade infantil até ao início do século XX, altura em que foram descobertos os antibióticos. Os dados foram revelados pelos Serviços de Saúde (SS), ontem, através de um comunicado.

No passado mês de Outubro, foram assim registados 53 casos de escarlatina, um aumento de 230 por cento face ao ano passado, quando o número de novas ocorrências não tinha ido além dos 16 casos. Em relação a Setembro, quando foram registados 36 casos, houve um aumento de 47,2 por cento nas ocorrências.

A escarlatina é uma doença causada pela bactéria streptococcus pyogenes (Streptococcus do grupo A), e tem como sintomas mais comuns a dor de garganta, garganta vermelha, febre, dores musculares, náuseas, erupções cutâneas, entre outros. A informação do sistema nacional de saúde de Portugal, considera a escarlatina uma “doença benigna”.

Em matéria de doenças transmissíveis, foi ainda revelado que em Outubro foram registados 39 casos de varicela, um aumento de 100 por cento face aos 16 casos de Outubro do ano passado. Em termos mensais, o aumento foi de 180 por cento, uma vez que em Setembro foram registadas 14 ocorrências da doença.

Mais salmonela

Outra doença infecciosa que registou um aumento de casos face ao ano passado, foram as infecções por Salmonela. Com 33 ocorrências em Outubro, houve um aumento de 50 por cento face a Outubro de 2023, quando se registaram 22 casos. Contudo, em comparação com Setembro deste ano houve uma diminuição de 41,1 por cento.

Os dados dos SS mostraram também que em Outubro houve menos casos de papeira, apenas 3 face aos 4 de Outubro de 2023, de infecções de enterovírus, uma redução de 38,8 por cento de 230 casos para 142, assim como de infecções por norovírus que caíram 77,2 por cento face ao período homólogo de 57 para 13 ocorrências.

Em Outubro deste ano foram ainda registados 32 casos de tuberculose, 18 casos importados de dengue, um caso de dengue local, um caso assintomático de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), um caso de SIDA e um (1) caso de infecção por Legionella.

Procriação assistida | Programa subsidiado arranca segunda-feira

Os casais com problemas de infertilidade podem inscrever-se no programa de comparticipação de tratamentos de procriação assistida a partir de segunda-feira. O Governo espera que a medida ajude a inverter o declínio da taxa de natalidade

 

Hoje em dia, cerca de 200 mulheres com problemas de infertilidade recebem tratamento no Hospital Conde de S. Januário.

A partir de segunda-feira, os casais afectados por problemas de fertilidade podem inscrever-se no novo programa de comparticipação de tratamentos de procriação medicamente assistida. A medida anunciada na terça-feira enquadra-se nos planos de Governo para responder à tendência de baixa fertilidade e envelhecimento populacional.

Os serviços de tratamento serão prestados no novo Hospital das Ilhas, depois da realização de uma avaliação prévia aos candidatos ao programa.

Na apresentação do programa, o subdirector do novo centro hospitalar, Lei Wai Seng, sublinhou a importância de examinar de forma profissional as causas que estão na origem dos problemas. Como tal, os candidatos aceites no programa serão examinados pelo departamento de infertilidade do Hospital da Ilha.

“Após uma consulta na clínica, os pacientes não serão imediatamente submetidos a cirurgia, pois podem ter outras doenças associadas, como diabetes ou outras situações que terão de ser tratadas antes da intervenção”, afirmou Lei Wai Seng, citado pela imprensa local.

O programa permite aos casais elegíveis receberem até dois ciclos de serviços de tratamento de procriação medicamente assistida. Os tratamentos em questão são a fertilização in vitro, para problemas de infertilidade feminina (que afectam dois terços dos casais inférteis) e a injecção intracitoplasmática de espermatozoides para contornar a infertilidade masculina.

A ajuda necessária

O subdirector dos Serviços de Saúde, Kwok Cheong U, prevê que o número de novos pacientes que vão recorrer ao programa não ultrapasse uma centena. Para já, actualmente, cerca de 200 mulheres recebem tratamento na Clínica de Infertilidade do Hospital Conde de S. Januário. O dirigente das autoridades de saúde frisou a importância de proceder a uma avaliação cuidadosa das pacientes antes da transferência para a nova unidade hospitalar no Cotai.

Em relação à duração do programa de tratamentos subsidiados, Kwok Cheong U afirmou que o Governo não está comprometido com uma data fixa. “Esperamos implementar a medida até que o declínio da taxa de natalidade possa ser controlado de forma eficaz”, indicou.

Recorde-se que a lei que regula as técnicas de procriação medicamente assistida entrou em vigor a 11 de Fevereiro deste ano, estabelecendo um enquadramento legal que limita o recurso a estes tratamentos apenas em hospitais públicos ou em unidades autorizadas.

No ano passado, nasceram em Macau 3.726 bebés, total que representou uma quebra de 15 por cento em comparação com 2022, que já vinha registando um declínio na taxa de natalidade.

Revitalização | Ella Lei pede balanço do investimento das concessionárias

A deputada da FAOM pede ao Governo um balanço dos primeiros meses de implementação dos planos de revitalização, a cargo de concessionárias de jogo, em seis zonas históricas da cidade. Ella Lei pergunta também que oportunidades foram criadas para as PME

 

A deputada Ella Lei pretende que o Governo faça um balanço do projectos de investimento nas seis zonas históricas de Macau, de responsabilidade das concessionárias do jogo. O pedido surge no âmbito de uma interpelação oral, que vai ser apresentada no hemiciclo na próxima segunda-feira.

Os planos preveem investimentos de curto, médio e longo prazo em áreas como a Barra (investimento da MGM China), Rua da Felicidade (Wynn Macau), Avenida de Almeida Ribeiro e Ponte-Cais n.º 16 (SJM), Zona das Pontes-cais nº 23 e 25 (Melco), Rua das Estalagens, zona da Fábrica de Panchões Iec Long e Casas da Taipa (Sands China) e Estaleiros Navais de Lai Chi Vun (Galaxy).

Agora, a legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pretende saber quais foram os resultados alcançados nos primeiros meses de desenvolvimento dos planos. “Qual é o ponto de situação do investimento e da execução dos projectos no âmbito do plano de revitalização das seis zonas?”, perguntou. “Quais foram os resultados obtidos na dinamização do desenvolvimento económico dos bairros comunitários e na melhoria do ambiente das respectivas zonas?”, acrescentou.

Ella Lei pretende também que o Governo esclareça os deputados sobre o andamento dos planos de médio e longo prazo, que ainda não são conhecidos. “Recentemente, as autoridades afirmaram que os planos de médio e longo prazo para algumas zonas já estavam definidos. Então, quais são esses planos?”, interrogou.

E as PME?

Na interpelação, a deputada recorda que um dos objectivos dos planos passava pela criação de oportunidades de negócio para pequenas e médias empresas (PME). Segundo Ella Lei, o Governo tinha traçado como objectivo “impulsionar o sector da cultura de Macau e promover o desenvolvimento das PME locais, e através da experiência e da sensibilidade do mercado das empresas de jogo”, de acordo com uma filosofia de negócio em que “as grandes empresas abriam o caminho para as pequenas”.

Como tal, a deputada pretende saber se essas oportunidades foram realmente criadas: “As autoridades disponibilizaram espaço suficiente e flexibilidade para as empresas participantes poderem desenvolver e ajustar os planos de acordo com as necessidades do mercado e a realidade das diversas zonas, para promover, de forma mais eficaz, a participação das PME e dos residentes?”, perguntou. “Que balanço as autoridades fazem quanto aos efeitos do aumento do fluxo de pessoas na promoção do desenvolvimento das PME, na sequência dos planos de revitalização já iniciados?”, interrogou.

Economia | Au Kam San sublinha ambiente de crise

O ex-deputado Au Kam San lamentou o ambiente económico que se vive em Macau e teme que a situação não vá melhorar nos próximos anos. A opinião foi deixada numa publicação nas redes sociais

“Não é alarmismo dizer que Macau está a enfrentar um ambiente económico difícil. O sector empresarial está numa situação muito difícil, com todas as profissões e indústrias a pedir apoios”, afirmou Au. “Muitas pessoas pensam que este é o pior momento dos últimos 25 anos, e o pior é que não conseguem ver uma saída para a crise”, acrescentou.

Au Kam San explicou igualmente que os residentes estão a perder todo o poder de negociação e capacidade para impedir abusos dos patrões, devido à contratação de muitos não-residentes. “Os patrões queixam-se das suas dificuldades e os assalariados estão a passar por momentos ainda mais difíceis. Para estes últimos, as más condições económicas de Macau criaram poucas oportunidades de emprego e a pressão de 180 mil trabalhadores importados fez com que os assalariados locais sejam sobrecarregados”, indicou. “Uma única palavra dos patrões chega para silenciar os trabalhadores, que já estão muitos pressionados pelas finanças pessoais: ‘se não queres, há muitos outros que querem’”, destacou.

Au espera também que a realidade do Interior da China não se estenda a Macau. “No início de 2019, havia um ditado no Interior que dizia: ‘Este ano é o pior ano da década passada, mas é o melhor ano da próxima década’. E tem sido verdade todos os anos desde então”, indicou. “Macau é parte integrante da China, e este ditado tem-se aplicado todos os anos no Interior. Será que também se vai aplicar em Macau? Espero que não!”, concluiu.

AMCM | Reserva financeira ganhou 36,6 mil milhões este ano

A reserva financeira de Macau atingiu em Setembro o valor mais elevado dos últimos dois anos, aumentando 36,6 mil milhões de patacas desde o final de 2023, foi ontem anunciado. A reserva cifrou-se em 616,9 mil milhões de patacas no final de Setembro, o valor mais alto desde Março de 2022, indicam dados publicados no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,7 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia da covid-19.

O valor da reserva extraordinária no final de Setembro era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas.

A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 239,4 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 125,4 mil milhões de patacas e até 250,5 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

A reserva financeira de Macau ganhou 22,2 mil milhões de patacas no ano passado, depois de ter perdido quase quatro vezes mais no ano anterior. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem voltado a transferir quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público.

No final de Janeiro, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento.

Vera Paz e Ricardo Moura, directores “D’As Entranhas”, sobre “Home Sweet Home”: “Mais ácido que doce”

A peça “Home Sweet Home”, uma produção da companhia d’As Entranhas, é apresentada hoje e sábado no Centro Cultural de Macau. Em entrevista ao HM, os directores artísticos Vera Paz e Ricardo Moura falam de um projecto sobre a mulher, a solidão, o espaço interior de cada um e os confrontos emocionais com que nos deparamos

 

Como surge o projecto “Home Sweet Home”, que tem uma grande ligação à literatura portuguesa, com textos de Adília Lopes, Maria do Rosário Pedreira ou Dulce Maria Cardoso?

Vera Paz (VP): Este espectáculo surgiu na pandemia, era para ter sido feito antes, a ideia surgiu quando estávamos todos confinados. Por várias razões o “Home Sweet Home” não foi executado na altura. É sobre uma mulher confinada em casa, que é uma casa prisão, um espaço íntimo e privado. Há uma transmutação desse universo [literário]. A escolha da Adília [Lopes] partiu sempre da obra dela, e depois temos a Dulce Maria Cardoso, que escreve sobre o lugar da mulher, com sentimentos e perdas, que é o que me interessa. [A peça] fecha um de três solos, que começa com o espectáculo “Medeia” [apresentado em 2020], depois “A Boda” [apresentado em 2021] e agora temos, em “Home Sweet Home” a completa solidão. A dramaturgia foi feita cozinhando os textos com estas obras, sendo uma ficção biográfica do meu universo como mulher e uma reconstrução das memórias da mulher na peça.

Ricardo Moura (RM): No meu caso fui confrontado com o texto quase no final. No processo de construção do texto, nas últimas semanas, temos transformado algumas coisas e feito algumas mudanças. Adorei o texto e gosto do universo das mulheres. É sempre um desafio tentar entrar na vossa cabeça e pensar como se podem fazer as coisas. Idealizei logo uma série de imagens que, na minha cabeça, faziam sentido.

VP: A mulher de “Home Sweet Home” é uma construção de várias. Mas mais do que uma peça sobre mulheres e o universo feminino, é uma peça sobre a configuração humana, o tempo, o que fica, o que vai e o que perdemos.

RM: Esta é uma mulher que está fechada numa casa, mas essa casa somos nós. É sobre o processo de mergulharmos em nós e perceber que, muitas vezes, o que acontece é que estamos fechados em nós próprios. Ainda é mais interessante porque desde 2020 temos vivido a solidão das pessoas, que tentam fugir para a frente, com recurso às redes sociais, do “wannabe”. Aqui, nesta peça, é o inverso, o tentar mergulhar na densidade de uma mulher e perceber como está fechada. Não queremos contar nenhuma história nem deixar uma mensagem, mas simplesmente contar um pedaço daquela pessoa. Esta peça é escrita por mulheres e feita por uma mulher, mas eu vejo esta questão de forma transversal, com homens e mulheres, pobres e ricos que passam por estas “prisões”. Às tantas, somos nós a nossa própria prisão.

Home sweet home antonio mil-homens

VP: Nunca sabemos o que se passa no espaço íntimo de uma casa, mas no caso deste espectáculo é um espaço-prisão, do qual ela nunca consegue sair.

RM: Mas o não sair dali não é uma coisa física. Não consegue sair das suas memórias, coisas, daquilo que gostaria de ter sido e feito, mas que não aconteceu.

Tendo em conta o adiamento da apresentação de “Home Sweet Home” ao público, como foi a evolução do projecto?

VP: Na pandemia tínhamos bastantes restrições, não conseguia ter os actores ou os encenadores em Macau. Mas o distanciamento [temporal] foi bom, porque na altura estávamos muito em cima do que estava a acontecer, e assim conseguimos ter uma certa respiração. O texto foi alterado, transmutado e foi sendo acrescentado, porque tinha uma certa dinâmica que agora já não fazia tanto sentido. Às tantas, a voz desta mulher é a mistura das vozes das mulheres [dos textos de Adília Lopes, Dulce Maria Cardoso e Maria do Rosário Pedreira], mas não se trata de um texto clássico com princípio, meio e fim. Não se percebe o que é da Adília Lopes ou da Maria do Rosário Pedreira, por exemplo.

RM: Nos ensaios, no dia-a-dia, vamos alterando coisas. É o nosso processo de construção. Nós, na nossa companhia, temos uma linha de espectáculo que queremos desenvolver, e que se baseia na ideia de que antes de começar já começou, e quando termina é como se continuasse. Poderíamos continuar numa espécie de espiral.

“d’As Entranhas” é a única companhia a fazer teatro de matriz portuguesa em Macau. Quais têm sido os maiores desafios?

VP: É difícil. Somos a única companhia, ou associação, que, em Macau, faz teatro em português. Não traduzimos as peças porque o espectáculo não é só o texto, mas também a música. Há uma parte plástica muito marcada, é uma obra viva que é muito visual. O facto de assumidamente não traduzirmos as peças faz com que às vezes não seja [fácil]. A comunidade portuguesa em Macau é cada vez mais pequena, mas queremos continuar e vou continuar a insistir. Para este espectáculo integrámos dois actores da companhia em Portugal. Não é fácil a distância, e as pessoas têm as suas vidas. O Ricardo desenvolve projectos pontuais em Portugal, e tentamos manter um intercâmbio. Em 2018 fizemos uma parceria, mas com a pandemia ficámos num hiato imenso. Para o ano iremos continuar com dois projectos, com actores de Macau e de Portugal, e queremos manter este fio condutor.

RM: Os nossos espectáculos vivem muito de um lado mais plástico, com imagens e emoções e daquilo que os actores provocam em nós. Se não existisse texto também seria possível fazer o espectáculo. Às vezes, as pessoas têm medo de arriscar e vir ao espectáculo por causa da barreira linguística. Nos anos em que não pude vir a Macau mantivemos a parceria e desenvolvi uma coisa que nos interessa, que é a junção de culturas. Os projectos que a Vera pensa desenvolver no futuro próximo giram muito em torno disso, em juntar actores de cá e lá. Agrada-me perceber como, face a um tema que queremos tratar, as várias culturas se juntam. Gostaria de trabalhar por Macau num futuro próximo. O próximo espectáculo vai ter bastantes pessoas.

Home sweet home

Como vai ser, em termos concretos?

VP: Programei, para o próximo ano, um dueto com dois actores de Portugal e um colectivo, e vai ser uma espécie de baile.

Como tem sido a ligação “d’As Entranhas” com os restantes grupos de teatro em Macau, de matriz chinesa?

VP: Não tenho forma de chegar aos grupos de teatro chineses. É difícil a barreira e estão fechados nas suas próprias coutadas. Não há associações profissionais, é tudo amador, não existe uma continuidade. Há cada vez mais grupos de teatro com experiência, mas não existem companhias profissionais em Macau. Temos a Comuna de Pedra, a única, creio, que se dedica inteiramente a projectos culturais. Depois temos o Conservatório, existem iniciativas, mas não há uma profissionalização do sector.

Este espectáculo terá algumas limitações em termos de idade. Alguma vez sentiram alguma pressão do Governo em relação aos conteúdos das peças que apresentam?

VP: Este ano, pela primeira vez, a Comissão de Classificação de Espectáculos [do Instituto Cultural] pediu-nos o texto e classificou a imagem do espectáculo, que está aconselhado a maiores de 18 anos e interdito a menores de 13. Mas isso tem mais a ver com a linguagem do que com a imagem. Não sinto pressão. O que sinto é que existe um maior cuidado da parte de quem financia para perceber o que de facto vai financiar.

Porquê o nome “Home Sweet Home”?

VP: Não é um lar nada agradável. O nome original do espectáculo era “Estar em Casa”, com referência à obra de Adília Lopes. Depois adaptei, mas na verdade é mais “Home Bitter Home”, mais ácido que doce. É um nome enganador, mas não tem de ser tudo explicativo e taxativo para as pessoas. Pensei na ideia de que, quando estamos sozinhos, só nós é que sabemos, e o nome remete para isso. Tem várias leituras, e nunca gostamos de dar uma só leitura, para permitir que as pessoas criem as suas próprias histórias.

RM: Para mim, o título surge como a ideia de “meu querido espaço”, o meu querido eu. O processo de isolamento das pessoas pode não ser mau e, às vezes, podemos perceber que temos uma fase boa em que somos nós próprios.

Filipinas | Sara Duterte nega querer morte do Presidente

A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, convocada pela justiça filipina após declarações que a levaram a ser acusada de conspiração contra o Presidente Ferdinand Marcos, negou ontem qualquer intenção de assassinar o antigo aliado.

Duterte descreveu as acusações de conspiração como uma farsa e disse num comunicado que os seus comentários reflectiam apenas a consternação pelo “fracasso [do governo de Marcos] em servir os filipinos enquanto persegue magistralmente os inimigos políticos”.

Sara Duterte, 46 anos, filha do ex-presidente Rodrigo Duterte (2016-2022), candidatou-se à vice-presidência ao lado de Marcos nas eleições presidenciais de 2022, e ambos obtiveram vitórias esmagadoras com base numa campanha de unidade nacional.

Devido a divergências, romperam relações este ano e a vice-presidente demitiu-se em Junho do cargo de secretária da Educação, abandonando o Governo.

No entanto, continua a ser vice-presidente porque este cargo é eleito separadamente do chefe de Estado nas Filipinas, pelo que, constitucionalmente, continua a ser a sucessora de Marcos, caso o Presidente não consiga completar o mandato.

A vice-presidente foi acusada de conspiração e convocada pela justiça depois de uma conferência de imprensa no fim de semana, durante a qual insultou Marcos e disse que tinha ordenado a sua morte caso ela própria fosse assassinada.

“O bom senso deve permitir-nos compreender e aceitar que um alegado acto condicional de vingança não constitui uma ameaça activa”, defendeu Duterte, citada pela agência francesa AFP.

Há alguns meses, o pai de Sara Duterte acusou Marcos de ser um toxicodependente. Um dia depois, o Presidente alegou que a saúde de Rodrigo Duterte estava a piorar devido ao uso prolongado de fentanil, um opioide. Os dois não forneceram provas para as alegações.

UBS | Fabricantes de carros estrangeiros podem perder 20.000 ME anualmente na China

Os fabricantes de automóveis estrangeiros correm o risco de perder até 19 mil milhões de anuais em lucros do mercado chinês, face à concorrência cada vez mais intensa das marcas locais e à rápida transição para veículos elcétricos, alertou ontem o banco UBS.

Citado pelo jornal South China Morning Post, o chefe de análise do banco suíço para o sector automóvel do país asiático, Paul Gong, disse num seminário realizado em Hong Kong que a redução da procura por empresas estrangeiras poderá traduzir-se num excesso de capacidade de cerca de 10 milhões de veículos.

“Acreditamos que os fabricantes de automóveis estrangeiros precisam de reavaliar e ajustar as suas estratégias [na China]”, disse o analista, que prevê que as marcas chinesas continuarão a acumular cada vez mais quota de mercado e lucros durante esta fase de consolidação do mercado.

Algumas empresas chinesas poderão mesmo duplicar os seus lucros até 2030, à medida que os seus concorrentes estrangeiros reduzem a produção – marcas como a Honda, a Nissan e a Volkswagen fizeram-no este ano, chegando mesmo a encerrar fábricas – e o Governo chinês corta o financiamento aos fabricantes de automóveis estatais que geram perdas, de acordo com Gong.

Os números do UBS sugerem que as marcas estrangeiras têm vindo a perder quota na China desde 2017, embora o ritmo tenha aumentado este ano. “Todas enfrentam o mesmo contexto: a ascensão das marcas chinesas fez com que os fabricantes de automóveis globais perdessem quota de mercado consistentemente na China”, descreveu o analista.

Segundo a associação patronal China Passenger Car Association (CPCA), foram vendidos 2,73 milhões de veículos em Outubro, a marca mais elevada dos últimos 10 anos e um acréscimo de 12 por cento face ao mesmo período do ano passado.

Mais de metade dos automóveis de passageiros vendidos em outubro na China eram eléctricos, segundo a associação.

Suécia | Pedido retorno de cargueiro chinês suspeito de romper cabos

A Suécia pediu ontem que o cargueiro chinês ancorado ao largo da sua costa regresse às suas águas territoriais, com o objectivo de contribuir para a investigação sobre a ruptura de cabos submarinos na região.

“Temos estado em contacto com o navio e também com a China. Fizemos saber que queremos que o navio se dirija para águas territoriais suecas”, disse o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, em conferência de imprensa, sublinhando que o objectivo não era fazer uma “acusação”.

A empresa finlandesa Cinia Oy, proprietária do cabo submarino C-Lion1, que sofreu uma misteriosa ruptura, indicou que os trabalhos de reparação começaram e que espera terminá-los “antes do final deste mês”. As autoridades finlandesas, suecas e lituanas estão a investigar a causa dos danos quase simultâneos neste e noutro cabo submarino de telecomunicações, no mar Báltico, não tendo excluído a hipótese de sabotagem.

A Finlândia e a Suécia iniciaram uma investigação preliminar conjunta sobre um presumível acto de sabotagem, enquanto a Procuradoria-Geral da Lituânia abriu um processo sobre um possível acto de terrorismo.

De momento, as principais suspeitas recaem sobre o cargueiro chinês Yi Peng 3, cujos dados de tráfego marítimo o colocam na proximidade dos dois cabos no momento em que foram detectadas as ruturas, entre a noite de 17 e a madrugada de 18 de Novembro.

O navio, que tinha deixado o porto russo de Ust-Luga alguns dias antes e se dirigia ao Egipto, está actualmente ancorado no estreito de Kattegat, entre a Dinamarca e a Suécia, escoltado por um navio de patrulha da Marinha dinamarquesa.

Portas fechadas

A hipótese mais provável é que essas rupturas tenham sido provocadas pela âncora do navio mercante chinês Newnew Polar Bear, embora não se saiba se isso aconteceu acidentalmente – como afirma Pequim – ou deliberadamente, até porque o navio continuou a navegar sem que as autoridades finlandesas o mandassem parar para interrogar a tripulação.

O ministro da Defesa finlandês, Antti Häkkänen, apelou às autoridades suecas, responsáveis pela investigação da recente rutura dos dois cabos submarinos, por ter ocorrido nas suas águas, para que não permitam que o Yi Peng 3 deixe o Báltico sem esclarecer o seu possível envolvimento.

“É óbvio que, se as infra-estruturas críticas de alguns países foram destruídas ou gravemente danificadas e é preciso descobrir quem o fez, não se pode permitir que eles abandonem o local agitando a sua bandeira”, disse Häkkänen à imprensa local.

Aguentai-vos!

TODA a gente sabe que, se as taxas alfandegárias de Trump prevalecerem, a economia europeia, já de si estagnada por causa das despesas com a guerra da Crimeia e com a perda do petróleo e do gás russos a baixo preço, vai ser ainda mais duramente atingida.

O risco de uma crise levar ao fracasso e à desagregação do bando dos 27 existe e até o chanceler alemão Scholz já o percebeu.

Assim como o próximo xerife-mor ianque que, para já, escolheu sabiamente para liderar o Departamento da Energia um grande empresário do petróleo, para a Saúde um ativista antivacinas e para a Educação um gorila que, além do mais, é empresário de wrestling, aquela tão norte-americana luta em ringue com cordas e árbitro.

Como escreve o colunista do britânico “The Guardian”, Simon Tisdal, afinal, a União Europeia não passa de um guloso sem escrúpulos “discutindo tostões sobre quem fica com os assentos acolchoados da Comissão, como se isso fosse decisivo num mundo caótico e predador” e até Macron considera que “a Europa é uma frágil ovelha rodeada de lobos”.

É notório que Trump, o “lobo” menos que rasca e mais que apalhaçado da “América Primeiro”, representa uma certa rutura na alcateia da política externa norte-americana desde o pós-guerra, para a qual a Europa não está preparada- As escolhas da sua próxima administração provocam calafrios e são a prova provada da sua intenção de aplicar os planos que anunciou durante a campanha eleitoral, desde aplicar à Ucrânia uma “solução para o fim da guerra” até ao agravamento radical de uma guerra comercial com a Europa. “Os bárbaros estão à porta”, avisa o mesmo Tisdal que escreve com sotaque hebraico.

*

DEPOIS de um périplo quase à sorrelfa, por todas as capitais da União Europeia, durante outubro e novembro, António Costa que acaba de ser rotulado por Ursula von Leyen como indivíduo pertencente a uma minoria étnica, vai assumir formalmente o cargo de presidente do Conselho Europeu, um cargo de penacho que sempre foi entreque a rafeiritos cautelosos sem propensão para fazer ondas. Sai das mãos do belga Charles Michel, um careca muito alto e extrovertido, mas ultra obediente a quem de facto manda na coisa.

Além de provar as ideias que têm condimentado o apresigo da União, Costa tem tido como objetivo imediato escabichar as prioridades de cada chefe de Estado e de Governo, no bando dos 27, e começar a explanar também as prioridades do seu mandato de dois anos e meio.

À cabeça dessa lista está religiosamente a manutenção do apoio incondicional à Ucrânia, nem que tenha de lhe enviar um saco de fisgas e outro de mocas de Rio Maior, assim como o alargamento da EU com foguetório de potência global.

Há duas semanas o Charles belga disse ter a certeza de que o seu sucessor vai ser um indefectível “guardião de unidade” entre os Estados membros, sobretudo quando a EU enfrenta grandes desafios económicos e geopolíticos.

A presidência a dar na sexta-feira ao filho de Maria Antónia Pala, que é meio irmão de Ricardo Costa, coincide, assim, com a presidência da loira e donairosa maltesa Roberta Metsola no Parlamento Europeu e com a liderança de outra loira ainda mais loira, a tal von Leyen na liderança da Comissão Europeia. Mas a última palavra pertencerá sempre a Donald Trump, nem que seja através de um megafone instalado no cadeirão mais apropriado da NATO.

“Quem tem fome não tem escolha. O seu espírito não vem de onde ele gostaria, mas da fome”, assim falava, não Zaratustra, mas o grande escritor suíço que também era arquiteto, Max Frisch, e nos deixou obras primas como “Biedermann e os Incendiários” e “Andorra”.

*

Mariano José Pereira da Fonseca, filósofo, escritor e primeiro Marquês de Maricá, viveu entre 18 de maio de 1848, no Rio de Janeiro, deixando escrito:

“A vitória de uma fação política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.”

Talvez isto baste para que percebamos as razões por que o território mundial em guerra aumentou dois terços nos últimos três anos, ou seja, passou de 2,8% da superfície do planeta em 2021 para os 4,6 em 2024.

Claro que foi em tempos imemoriais, mas, perante isto, Gonçalo M. Tavares apenas conseguiu dizer:

“Catar pulgas seria, então, um ato físico que permitiria que os primatas se aproximassem uns dos outros, em tom amigável, e assim começassem a comunicar.”

Mas não foi o que aconteceu e até a Albânia tem há onze anos um primeiro-ministro de tez acobreada, bigode farto e calvície absoluta que se chama Edi Rama e deixou os EUA transformarem o seu pequeno país balcânico na maior base militar na Europa que agora têm na têm na Europa. Edi é também chefe do PS albanês e quere agora entrar para a NATO e seguidamente para a União Europeia, onde os neofascistas já fazem parte de vários governos, como acontece na vizinha Itália, na Bélgica, Holanda, na Suécia, na Noruega e na Finlândia.

Pensando em tudo isto, dei-me a recordar um Walt Whitman ainda condoído pela morte, assassinado, de Abraham Lincoln, entrando por uma elegia que começa com os versos:

“A última vez que os lilases floriram no jardim junto da porta

E, à noite, o grande astro se inclinou a ocidente no céu,

Lamentei e hei-de lamentar o regresso eterno da primavera.

Regresso eterno da primavera, trazes-me sempre esta mesma trindade,

O perpétuo florescer do lilás, o astro que se inclina a ocidente

E o pensamento daquele que amo.”

Fernando Pessoa, atingido profundamente pelo célebre poema do autor das “Flores de Erva”, gritou para a outra banda do Atlântico:

“De aqui, de Portugal, todas as épocas no meu cérebro,

Saúdo-te, Walt, saúdo-te meu irmão em Universo,

Ó sempre moderno e eterno, cantor dos concretos absolutos,

Concubina fogosa do universo disperso,

Grande pederasta roçando-te contra a diversidade das coisas

Sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões,

Cio das passagens, dos encontros casuais, das meras observações,

Meu entusiasta pelo conteúdo de tudo,

Meu grande herói entrando pela Morte dentro aos pinotes,

E aos urros, e aos guinchos, e aos berros saudando Deus.”

Claro que Pessoa não era uma pessoa qualquer e até conseguia lavrar horóscopos e haver tido um tempo em que também fazia anos, mas eu não ignoro serem muitas as almas aguerridas que apoiam incondicionalmente os norte-americanos, mesmo que tal nos ponha a todos muito perto de uma III Guerra Mundial.

Grande azar, sermos nós a escrever as derradeiras palavras da história dos primatas, ou seja, a catar pulgas a alguém.

Aguentai-vos!

Fado | Fábia Rebordão actua em Dezembro na China e no Brasil

A fadista Fábia Rebordão actua no próximo mês na China, onde vai participar no Festival de Música Tradicional de Pequim, seguindo para o Brasil, para actuar na Casa de Portugal em S. Paulo, foi divulgado esta segunda-feira.

Fábia Rebordão que, recentemente editou o álbum “Pontas Soltas”, actua no próximo 5 de Dezembro no grande auditório do Conservatório Nacional de Música da China, em Pequim, no âmbito das celebrações do 60.º aniversário desta instituição.

As celebrações, que se iniciam no dia 4 de Dezembro, realizam-se sob o mote “Intercâmbio e Apreciação entre Culturas num Mundo Diversificado e Harmonioso”. O Festival de Música Tradicional de Pequim realiza-se desde 2009, e Fábia Rebordão será acompanhada pelos músicos Francisco Pereira, na guitarra portuguesa, e Jorge Fernando, na viola.

Da China, Fábia Rebordão segue para S. Paulo, no Brasil, onde actua no dia 13 de Dezembro, no salão nobre da Casa de Portugal, acompanhada pelo pianista brasileiro João Paulo Martins, que fundou a Bachiana Filarmónica, de S. Paulo.

João Carlos Martins, distinguido com vários prémios, tem uma vasta discografia dedicada a compositores clássicos, destacando-se Bach, do qual é considerado um dos seus “maiores intérpretes”, refere a promotora da artista portuguesa.

O músico, de 84 anos, tem enfrentado “inúmeros desafios físicos e de saúde” que o levaram várias vezes a interromper a carreira, sofrendo de disfonia focal, resultante de uma agressão durante um assalto em 1965. Depois de ter abandonado o piano, estudou direcção de orquestra e passou a reger diferentes orquestras. Em 2019 voltou a tocar piano, graças a um dispositivo biónico desenvolvido por um designer brasileiro.

Disco novo

Em “Pontas Soltas”, saído em finais de Outubro último, Fábia Rebordão regista algumas parcerias brasileira, com Ney Matogrosso, na interpretação de “A nossa guerra” (Jorge Fernando), Renato Teixeira, em “Romaria” (Renato Teixeira), Zeca Baleiro, em “Fado Tropical” (Chico Buarque), e interpreta “Saudades do Brasil em Portugal”, de Vinicius de Moraes.

Em declarações à agência Lusa, em vésperas da saída do álbum, Fábia Rebordão referiu-se às parcerias como “uma partilha de arte e de música”, que surgiram de “uma forma natural”, algumas em rodas de amigos.

“Pontas Soltas” é o quarto álbum de Fábia Rebordão que começou a cantar aos 14 anos, e se estreou discograficamente em 2011, com “Oitava Cor”, a que se seguiu “Eu” (2016) e “Eu Sou” (2021), estabelecendo um percurso ao qual se referiu como “interessante e consistente”, reconhecendo-se como uma intérprete “impulsiva”.

Literatura | Jornadas universitárias abordam clássicos chineses

Decorre esta quinta-feira a 1.ª Jornada de Tradução Chinês-Português que aborda os clássicos chineses e a sua tradução. A mesa redonda “Tradução de Literatura Chinesa”, que decorre na Universidade do Minho (UM), conta com António Graça de Abreu, professor e tradutor de poesia chinesa clássica; Carlos Morais José, jornalista, director do HM e da editora Grão-Falar, um novo projecto editorial que publica clássicos chineses traduzidos em português; e ainda Samuel Pascoal, actor, professor e tradutor de literatura chinesa. Esta sessão é organizada pelo Instituto Confúcio da UM e Departamento de Estudos Asiáticos da UM.

Também na quinta-feira, haverá espaço para a apresentação de obras de poetas clássicos chineses com edição da Grão-Falar, nomeadamente a obra “Li Bai – A Via do Imortal”, com tradução de António Izidro, e que foi já lançado em Macau, e “Han Shan – Poemas”, uma edição bilingue de António Graça de Abreu.

Os grandes poetas

Li Bai, um dos poetas mais conhecidos na China, revela-se, no livro com traduções de Izidro, através dos seus vários poemas. Li Bai foi, segundo a apresentação oficial desta obra, “um nómada, letrado da corte, prisioneiro de guerra, exilado peregrino, eremita jarro de vinho na mão, túnica bruta sobre os ombros”.

Li Bai era também um “ser anómalo, considerado pelos chineses como um dos maiores poetas”.

No caso de Han Shan, também existe o mistério sobre a sua figura. “O homem que um dia se chamou Han Shan, ninguém sabe quem foi. Quando alguém o via, considerava-o um doido, um pobre diabo. Vivia retirado na montanha Tiantai, sete léguas a oeste do distrito de Tangxing, num lugar chamado Han Shan (Montanha Fria), entre rochas e falésias. Daí descia frequentemente para o templo de Quoqing, ao encontro do seu amigo Shi De, encarregado da limpeza da cozinha do mosteiro que lhe guardava restos de comida em malgas feitas com cana de bambu”, escreveu Lu Qiuyin em meados do século IX.

António Graça de Abreu, tradutor da sua poesia para português, descreve que este livro serve para “quem gosta de poesia e deseja abrir a mente para as mil subtilezas do budismo chan, quem procura a simples inteligência do saber encontrará em Han Shan um mestre, um confrade, um amigo”.

Grande Prémio | Costa Antunes recorda episódios da competição

João Manuel Costa Antunes foi director dos Serviços de Turismo durante muitos anos e vai recordar esses tempos esta quinta-feira num evento no Artyzen Grand Lapa. “Grande Prémio de Macau: Para Além das Corridas” é o nome da “Conversa ao Entardecer” promovida pela Associação Internacional de Publicidade de Macau

 

Foi em 2012 que o engenheiro João Manuel Costa Antunes deixou de dirigir os Serviços de Turismo para se tornar no coordenador a tempo inteiro do Grande Prémio de Macau (GPM). Os anos dedicados ao mundo do turismo e do desporto automóvel serão recordados esta quinta-feira no evento “Talk at Sunset” [Conversas ao Entardecer], que decorre a partir das 18h no bar Vasco do Artyzen Grand Lapa. A palestra terá como nome “Grande Prémio de Macau: Para Além das Corridas”.

O evento, promovido pela Associação Internacional de Publicidade de Macau (IAA, na sigla inglesa), conta, assim, com “uma grande figura lendária de Macau, que irá partilhar as histórias e ideias” sobre o seu trabalho na organização do GPM. Segundo um comunicado da IAA, irá destacar-se “como este lendário espectáculo desportivo serve de catalisador para o desenvolvimento global de Macau e o seu impacto no panorama turístico da região”.

Formado em Engenharia Civil, João Manuel Costa Antunes era estudante universitário em 1974, ano em que caiu o Estado Novo em Portugal, tendo feito parte do quadro do Ministério do Planeamento e Administração do Território, participou na criação de Gabinetes Coordenadores de Obras Municipais e Gabinetes de Apoio Técnico aos Municípios. Porém, Macau chamou-o, tendo chegado ao território ainda nos anos 80, onde começou por ser assessor do secretário-adjunto para o Ordenamento, Equipamento Físico e Infra-estruturas do Governo de Macau. Foi depois vice-presidente do Leal Senado e mais tarde assessor técnico dos Serviços de Marinha de Macau.

De tudo um pouco

A entrada no sector do turismo deu-se em 1987, quando fica encarregue de coordenar o projecto do World Trade Center, edifício de escritórios da autoria do arquitecto português Manuel Vicente. Foi subdirector desse empreendimento, mas em 1989 já era director dos Serviços de Turismo.

João Manuel Costa Antunes esteve ainda à frente do Gabinete de Coordenação da Cerimónia de Transferência, tendo continuado a dirigir o Turismo de Macau já depois de 1999, quando Macau já era RAEM e enfrentava novos desafios e mais turistas. Manteve-se no cargo até 2012, acompanhando sempre de perto o GPM.

Lugar de partilha

A IAA pretende promover as “Conversas ao Entardecer” para se interligar com “todos os especialistas e líderes do sector, bem como a servir de plataforma para educar os novos talentos”. Esta iniciativa consiste numa “série de eventos regulares ao final do dia que conectam profissionais da indústria a nível global para partilharem ideias e inspirarem o público com a sua paixão e dedicação”.

Em declarações à Revista Macau, João Manuel Costa Antunes recordou o período da competição do GPM nos anos 80.

“Tive a grande sorte de chegar em 1983 a Macau, ano em que arranca pela primeira vez a Fórmula 3 e o Ayrton Senna ganha. Todo o ambiente me galvanizou e tornei-me espectador assíduo. Quando passei para o Turismo, tive que aprender e ir buscar pessoas que percebessem aquilo que eu desconhecia. Para pôr a estrutura a funcionar. O meu primeiro GP foi em 1988. Correu tudo muito mal. Nunca me vi tão atrapalhado como na quinta-feira antes do GP, que é quando tudo começa”, recordou.

Abastecimento | Li Qiang promete esforços em prol da estabilidade global

O primeiro-ministro chinês garantiu ontem que Pequim vai esforçar-se para garantir a estabilidade e eficiência das cadeias industriais e de abastecimento globais, durante um simpósio que antecedeu a China International Supply Chain Expo (CISCE).

Citado pela agência de notícias oficial Xinhua, Li Qiang referiu que a globalização económica permitiu, nas últimas décadas, a expansão das cadeias de abastecimento, impulsionando o crescimento económico mundial e “beneficiando todas as partes”.

No entanto, advertiu que “o proteccionismo e o uso excessivo do conceito de segurança [nacional]” estão “a aumentar os custos das empresas, a reduzir a eficiência económica e a atrasar o desenvolvimento comum”. “Temos de proteger os interesses comuns de todas as partes e garantir que estas cadeias permanecem estáveis e fluidas”, afirmou.

A CISCE contou com a presença de representantes de empresas como Apple, Rio Tinto e Contemporary Amperex Technology, que expressaram confiança na economia chinesa e sublinharam a vontade de reforçar a cooperação com o país asiático, segundo a Xinhua. Li sublinhou o empenho da China na abertura económica e na modernização industrial.

Pequim planeia acelerar a “construção de um sistema industrial moderno” e “integrar ainda mais a inovação tecnológica com a cooperação internacional”, disse o primeiro-ministro. Li reiterou também o convite às empresas estrangeiras para expandirem os investimentos na China e colaborarem em projectos industriais.

Hong Kong alarga direitos à habitação e herança a cônjuges do mesmo sexo

O Supremo Tribunal de Hong Kong confirmou ontem a extensão dos direitos à habitação e à herança a casais do mesmo sexo, rejeitando um recurso das autoridades da região.

“O tribunal rejeita por unanimidade os recursos do governo de Hong Kong”, escreveu o presidente do Tribunal de Última Instância local, Andrew Cheung, em dois acórdãos. A decisão poderá ter um forte impacto na vida dos casais do mesmo sexo, que tradicionalmente têm menos direitos do que os heterossexuais em Hong Kong.

Hong Kong não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que leva residentes a casarem noutros locais. Actualmente, a cidade só reconhece o matrimónio entre homossexuais para determinados efeitos, como impostos, benefícios da função pública e vistos para dependentes.

Muitas das concessões do governo foram obtidas através de acções judiciais e a cidade tem assistido a uma crescente aceitação social do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em Setembro de 2023, o Supremo Tribunal decidiu que o governo deveria estabelecer um quadro legal para o reconhecimento das uniões de facto entre homossexuais.

Longa batalha

As decisões de ontem do tribunal concluíram um longo percurso jurídico de Henry Li e do companheiro, Edgar Ng. Depois de se casarem na Grã-Bretanha, em 2017, Ng comprou um apartamento subsidiado para servir de domicílio conjugal.

No entanto, a autoridade para a Habitação disse que Li não podia ser adicionado como ocupante autorizado do apartamento na qualidade de membro da família porque os parceiros casados do mesmo sexo não se enquadram na definição de cônjuge.

Ng também estava preocupado que, se morresse sem testamento, as propriedades não seriam passadas para Li, foi referido em tribunal. Ng morreu em 2020.

Em sentenças separadas, proferidas em 2020 e 2021, um tribunal decidiu que as políticas de habitação envolvidas neste caso violavam o direito constitucional à igualdade e que a exclusão dos cônjuges do mesmo sexo dos benefícios da lei das heranças constituía uma discriminação ilegal.

O governo contestou as decisões no tribunal de recurso, mas perdeu em Outubro de 2023. Após a decisão do tribunal de recurso, no ano passado, Li escreveu nas redes sociais que esperava que o governo respeitasse a decisão.

“O facto de o governo ter argumentado repetidamente em tribunal que eu não sou o marido de Edgar e que devia ser tratado como um estranho para ele, enquanto eu ainda estava de luto, acrescentou o insulto à injúria”, declarou. Mas as autoridades decidiram levar os casos ao Supremo Tribunal, que ontem deu razão ao casal.

Huawei | Lançado telemóvel com sistema operativo próprio

A Huawei apresentou ontem o seu primeiro telemóvel equipado com um sistema operativo desenvolvido inteiramente pela empresa tecnológica chinesa, num passo crucial na sua tentativa de contrabalançar o domínio dos líderes estrangeiros.

O iOS da Apple e o Android da Google são actualmente utilizados na maioria dos dispositivos móveis. A Huawei, alvo de sanções dos Estados Unidos, procura inverter a tendência com uma nova série de telemóveis inteligentes equipados com o seu sistema operativo, o HarmonyOS Next.

“Hoje, o muito aguardado Mate 70, o mais potente de sempre, está aqui”, anunciou Richard Yu, presidente da divisão de consumo da empresa, numa conferência do grupo, a partir da sede em Shenzhen, no sul da China.

Este lançamento é um marco importante para a Huawei, que esteve algum tempo ‘paralisada’ pelas sanções norte-americanas, mas cujas vendas recuperaram nos últimos dois anos.

“A procura na China por um sistema operativo móvel que seja viável, escalável e que esteja largamente fora do controlo das empresas ocidentais foi longa”, disse Paul Triolo, responsável pela China na consultora Albright Stonebridge Group, citado pela agência France Presse.

Mais de três milhões de aparelhos já foram pré-encomendados, de acordo com a plataforma de vendas ‘online’ do grupo chinês.

“O HarmonyOS é o primeiro sistema operativo desenvolvido internamente” e representa “um marco histórico nos esforços da China para reduzir a sua dependência do ‘software’ ocidental’, disse Gary Ng, economista da Natixis, citado pela AFP.

Caminho árduo

Ao contrário das versões anteriores, concebidas com suporte Android, o HarmonyOS Next exige a adaptação das aplicações ao novo sistema operativo.

“As empresas chinesas estão prontas a investir para contribuir para este novo ecossistema da Huawei, mas a capacidade do HarmonyOS para fornecer o mesmo número de aplicações e funções aos consumidores de todo o mundo continua a ser um desafio”, defendeu Gary Ng.

A Huawei está no centro da guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos, que afirmam que o equipamento chinês pode ser utilizado para fins de espionagem. Estas acusações são negadas por Pequim.

Desde 2019, as sanções, que proíbem o grupo de utilizar tecnologias e componentes norte-americanos, atingiram fortemente a produção de telemóveis da Huawei.

Este braço de ferro deverá intensificar-se com o regresso de Donald Trump à Casa Branca. O republicano prometeu aumentar drasticamente as taxas alfandegárias sobre produtos oriundos da China, em resposta ao que considera serem práticas comerciais desleais.

“Esta tendência para a autossuficiência no sector tecnológico chinês tornou possível o progresso da Huawei”, disse Toby Zhu, analista da empresa de estudos de mercado Canalys.

Para Zhu, o sucesso deste novo produto será o principal indicador de que os esforços do grupo valeram a pena. “Esta nova geração de produtos não pode falhar o alvo, pois as expectativas são consideráveis”, acrescentou.

A Huawei era o maior fabricante de telemóveis da China até à eclosão do conflito tecnológico entre Pequim e Washington. No terceiro trimestre de 2024, a Huawei representava apenas 16 por cento das vendas no mercado chinês, com menos de 11 milhões de unidades vendidas, de acordo com a Canalys.

Mas não é certo que os criadores de aplicações aceitem investir na criação de novas versões compatíveis com o sistema da Huawei, disse Rich Bishop, diretor da AppInChina, que adapta ‘software’ estrangeiro para o mercado chinês.

Para os convencer, “a Huawei vai ter de melhorar constantemente o seu software, fornecer um apoio de melhor qualidade aos programadores e convencer a comunidade de programadores de que está determinada a assumir um compromisso a longo prazo no desenvolvimento do ecossistema HarmonyOS”, afirmou Paul Triolo.

A Encarnação Feminina de Pu Songling (蒲松龄, 1640-1715): Um registo biográfico contemporâneo

Por Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM

19 de novembro de 2024

Pu Songling (蒲松龄) perguntava-se como era possível ter reencarnado mulher, chamava-se agora Pu Meiling (蒲美玲). Depois de tudo o que experimentara na existência anterior enquanto homem e de ter sofrido tão grande dissabor às mãos de oficiais imperiais corruptos, viera parar ao século XXI e, ainda por cima, na figura de uma mulher como as que descrevera nos seus contos. Facilmente seria confundido com uma raposa encantada. A sua versão feminina parecia fotocópia das donzelas bonitas das suas histórias de outrora. Era inteligente, aberta, muito à frente para o seu tempo, gostando de se vestir e comportar de uma forma elegante. Além disso, amava estudar, fazia-o com tanto gosto, que se esquecia dias, meses e anos a fio de que o mundo exterior existia. Quando entrou na Universidade, deu nas vistas por todas as razões, atraindo a atenção de colegas e professores.

Já perto do final do curso de literatura, porque o essencial da mente de Pu Songling não se perdera na sua metamorfose feminina, chamou a atenção de um dos professores pelos piores motivos, não pela escorreita e imaginativa escrita, mas pelas suas belas formas. Enfim, as aproximações de um dos mentores aborreceram-na tanto que mal terminou os exames, se afastou, rumo ao sul da China. Iria até Macau (澳門Àomén), onde tinha ouvido dizer que as mulheres, devido à influência portuguesa, adquiriram um estatuto privilegiado relativamente às chinesas do continente. Portanto, Pu Meiling acreditava que assim resolvia a questão de avanços indesejados, de uma vez por todas. Os pais concordaram que fosse tirar o curso de mestrado em terra distante, desde que voltasse.

Quando chegou à nova terra, escolheu a Faculdade de Humanidades da Universidade de Macau (澳門大學Àomén dàxué), de modo a prosseguir os seus estudos de literatura. Ora ainda faltava algum tempo para as aulas de mestrado começarem, alugou então uma antiga casa de pescadores na vila de Coloane (路環Lùhuán), apesar de lhe terem dito que esta era assombrada pelo espírito de um pescador falecido ao largo da praia de Hác- Sá (黑沙海灘Hēishā Hǎitān). Não sentia qualquer receio, talvez porque se familiarizara com todo o tipo de existências na vida anterior: cadáveres, mortos-vivos, animais encantados e fantasmas. Escrevera volumes inteiros sobre eles, pelo que se preparou para regressar aos mundos paralelos sem qualquer problema. Seria até muito divertido encontrar fantasmas no século XXI. Teriam mudado com os novos tempos, ganhando por exemplo mais corpo? Estariam mais bondosos? Recordava-se de que em geral as raposas encantadas eram bem melhores do que os fantasmas, mas havia exceções de imensa generosidade e abnegação por entre os seres do limbo.

Alugou a casinha na vila de Coloane, decidida a não pregar olho logo na primeira noite. Mas a viagem tinha sido longa e Pu Meiling estava exausta. Nessa noite dormiu de um sono só e quando acordou na manhã seguinte já o sol ia alto.

Levantou-se e resolveu inspecionar a casa com toda a atenção. Não encontrou mais nada à exceção de uma foto, com uma riquíssima moldura de jade, de um sujeito bem-parecido, que talvez tivesse ficado esquecida em cima daquela mesinha a um canto da sala. Não havia dúvida o homem era muito bonito. Estava encostado a um barco-dragão (龍舟Lóngzhōu) e mais parecia um príncipe, mas devia ser o tal pescador que habitara em tempos no lugar.

Meiling, mal pousou a foto, começou a sentir um estranho apelo do mar. Disse para consigo “Tenho que ir à praia, afinal as aulas ainda não começaram, ora tempo não me falta”. Dirigiu-se ao início da vila onde passava o autocarro nº25, que a levaria até Hác-Sá. Ao longo da viagem, foi contemplando as sinuosas curvas de um caminho muito verde, que mais pareciam o dorso de um dragão (龍 lóng), estendendo-se preguiçosamente da vila até ao areal.

Quando chegou à praia, já era tarde. Em breve havia de escurecer, mas ela não se importou. Petiscou qualquer coisa numas bancadas improvisadas à beira-mar e dirigiu-se para a areia preta, onde se sentou, perdendo a noção do tempo. Já a noite ia alta quando avistou um barco-dragão a flutuar relativamente perto da praia. Num impulso atirou-se à água; umas braçadas depois, alcançava o barqueiro, que lhe pareceu tão leve como uma pena. Perguntou-lhe se podia entrar na embarcação ao que este aquiesceu. Agradecendo subiu, enquanto dizia:

– Já vi este barco, estava numa única fotografia esquecida na minha nova casa.

– Não é de Macau – respondeu o barqueiro – nota-se pela pronúncia do Norte.

– Fugi do Norte, porque não gostei do modo como fui tratada na universidade, tenho esperança que haja mais respeito pelas mulheres estudantes no Sul.

O barqueiro ouvindo estas palavras, retorquiu rindo: – o respeito não tem a ver com o Norte ou com o Sul, as mulheres da terra ainda têm um longo caminho a percorrer, sejam estudantes ou não.

– Mulheres da terra…do mar não? – atirou Meiling na expetativa de começar a desvendar o que lhe cheirava a mistério.

O barqueiro explicou que no mundo donde vinha, as mulheres não tinham qualquer problema, eram bem tratadas e, sobretudo, muito respeitadas. Em seguida, convidou-a a ir visitar o palácio do Rei Dragão (龍王 Lóng Wáng), explicando que tinha ordens para levar alguém diferente a distrair o Príncipe (龍太子Lóng tàizǐ). O Rei Dragão estava muito preocupado com o filho, que caíra numa letargia inexplicável. Tudo o aborrecia. Primeiro, o pai tinha-se zangado muito com ele, atirando-lhe em rosto que o seu comportamento era fruto de excesso de mimos, mas depois, vendo que ele não reagia, nem aos berros do governante das águas, e que era o seu filho primogénito, herdeiro da coroa, pensou em encontrar um motivo de diversão e nada melhor do que um humano com as suas peculiaridades e limitações para o fazer regressar à vida.

Meiling aceitou de imediato o repto, por que não distrair um príncipe antes de começar as aulas? Ela também andava meio chocha, podia ser que se inspirassem mutuamente.

O palácio do Rei Dragão era esplendoroso. Sobressaía o tom de verde-jade, por entre belos corais. Todo o mobiliário era transparente, feito dos mais puros cristais que emitiam sons de uma beleza invulgar. O monarca era educadíssimo, a consorte de uma beleza rara e as feições do príncipe lembravam-lhe o homem da foto. Em breve ela e o filho do Rei Dragão seriam os melhores amigos. Ele voltou a recuperar a alegria de viver e ela a confiança na vida. Passado um tempo, Meiling começou a sentir-se inquieta. Tinha que voltar para terra, a fim de prosseguir os estudos. Também não podia deixar os pais tanto tempo sem novas. Já não eram novos e ela era filha única e nunca tivera um ato impiedoso para com eles. Deixá-los sem notícias era uma maldade imperdoável, além disso, como eram idosos, podiam precisar dela num qualquer imprevisto que surgisse. Ora em Macau, saberia deles, mas no palácio do Rei Dragão seria mais difícil. Pelo que, vendo que o príncipe recuperara das suas maleitas, estando pronto a desempenhar as funções reais, despediu-se, regressando a terra na mesma embarcação que a levara ao fundo do mar. À despedida o Príncipe Dragão disse-lhe:

– Tens uma foto minha em tua casa, que ofereci a um pescador exímio nas regatas dos barcos-dragão (龍舟賽Lóngzhōu sài), se sentires saudades minhas, agarra nela e invoca o meu nome, que logo aparecerei.

Todos tiveram pena de ver partir a Meiling; ela nem se falava, ia com o coração pesado como uma pedra. Já em casa, correu à sala para verificar se a foto ainda estava no mesmo sítio e ficou muito contente por perceber que sim. Entretanto, embora tivessem começado as aulas na faculdade, optou por continuar a viver em Coloane na sua casinha da vila perto do mar. Distinguiu-se mais uma vez nos estudos e quando sentia muitas saudades do príncipe-dragão, pegava na foto e chamava-o. Ele aparecia logo, o que muito a animava. Tinham longas conversas sobre todos os assuntos do mundo humano e aquático. Apesar de gostarem muito um do outro, ele mantinha-se respeitavelmente à distância.

Já estava Meiling a escrever a tese de mestrado, quando o pai adoeceu. A mãe telefonou de Beijing (北京Běijīng) a pedir que o fosse ver antes que ele partisse definitivamente. A filha correu para o Norte, a fim de ver o pai e chegou mesmo a tempo de lhe dizer um último adeus. Entretanto, como pensava estabelecer-se em Macau, porque o clima era muito mais quente e sentia-se mais próxima do mar e do seu amigo secreto, sugeriu à mãe que fosse viver com ela para lá. A senhora concordou de imediato, o que a deixou muito feliz.

Novamente em Coloane, e na boa companhia de sua mãe, verificou que a foto tinha sido roubada. Alguém lhe entrara em casa durante a sua ausência e ao ver uma moldura de jade, pensou que havia de lhe render boa soma, pelo que a levou com a fotografia. Meiling, desesperada, perguntou aos vizinhos se tinham dado por qualquer suspeito a rondar o local, mas nada, ninguém vira movimentações estranhas, nem a foto nem a moldura.

A mãe estranhou por que motivo o desaparecimento do objeto preocupava tanto Meiling, pelo que a filha acabou por lhe contar toda a aventura que vivera no reino do Rei Dragão. Quando acabou o relato, a Senhora Pu (蒲太太), procurando consola-la da perda, apenas repetia:

– Tenho a certeza que vais encontrar a foto.

Certo dia em que a Senhora Pu foi a Macau fazer compras no Mercado de S. Domingos, resolveu passear pelas tendinhas laterais, pois aproximava-se o verão e ela precisava de um vestido fresquinho. Ao passar por uma das tendas, com muita quinquilharia, viu uma foto emoldurada a jade, com um rapaz jeitoso e de porte real encostado a um barco dragão. Ainda que fosse o objeto mais caro da tenda, resolveu adquiri-lo, guiada pela sua intuição maternal. Foi então ao banco, levantar grande parte das suas poupanças, o que não a incomodou, pois só pensava, que se tivesse certa, a sua filha ia sentir uma alegria imensa.

Quando chegou a casa, colocou a foto em cima da cama da Meiling com todo o cuidado, na esperança de não ter gastado uma fortuna em vão. Pouco depois chegava a rapariga, muito satisfeita porque o seu orientador já lhe tinha marcado as provas de mestrado. Quando entrou no quarto, ao olhar para cima de cama, viu a foto que tanto amava e imediatamente agarrou nela, invocando o Príncipe Dragão, esquecendo-se que a mãe estava por perto e podia aparecer a qualquer momento.

O Príncipe surgiu, vinha com um ar cansado, estava mais magro. Aproximou-se de Meiling, dando-lhe um grande abraço. Entretanto, a Senhora Pu entrou no quarto e passados os primeiros cumprimentos, contou que resgatara a foto nas tendas de S. Domingos. O Príncipe não quis perder mais tempo, e logo ali pediu a mão de Meiling à mãe. Esta vendo tão garboso e educado rapaz, aceitou com grande satisfação o pedido. Depois o Príncipe foi solicitar ao Rei Dragão permissão para permanecer em terra enquanto a Senhora Pu fosse viva, já que Meiling era uma boa filha e não podia abandonar a sua progenitora nos últimos anos da vida. O Rei Dragão consentiu na condição de que o filho e a nora fossem viver para o seu reino de mar, assim que a Senhora Pu partisse, o que de facto viria a suceder largos anos volvidos.

Quando a promessa foi cumprida, chegou ao Reino do Dragão em certo dia de verão uma comitiva alargada, composta por o Príncipe, a Meiling e os dois filhos, um casalinho resultante do casamento. Estes fizeram as delícias do avô, pois eram muito vivos e alegres, adoravam água e, sobretudo, nunca paravam quietos à boa maneira dos dragões.

Comentário da autora. A história só teve um final feliz porque Meiling revelou uma virtude essencial para o Rei Dragão, era muito bondosa e amiga da sua mãe, mostrando que a verdadeira piedade filial a todos comove, seja na terra ou no mar.

Bibliografia

Yao Feng (Org. ) 2022. Pu Songling. Contos de Fantasia Chineses. Belo Horizonte: Editora Moinhos.

Vendilhões | Auxílio Mútuo pede mais apoios

O presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau, O Cheng Wong, concorda com o encerramento do Mercado de Coloane, mas defende que o Governo tem de apoiar o sector. A posição foi tomada em declarações aos Jornal Ou Mun.

O Cheng Wong explicou que actualmente existe uma “migração da população” e que os hábitos de consumo “estão a sofrer muitas alterações”, o que criou “desafios sem precedentes para os vendedores”. Por este motivo, o presidente da associação espera que o Governo adopte mais medidas para apoiar os vendilhões.

O Cheng Wong reconheceu que nos anos mais recentes as autoridades têm feito esforços para modernizar os mercados públicos, com obras que melhoraram questões como o espaço disponível ou a higiene.

No entanto, indicou o presidente, as melhorias não levaram a um aumento do número de clientes, pelo contrário há cada vez menos clientes nos mercados. “Embora compreendamos os esforços do Governo no sentido de flexibilizar as restrições impostas aos mercados retalhistas de produtos frescos, devemos ter em conta o funcionamento e a sobrevivência dos vendilhões”, avisou. “Caso contrário, a falta de negócio nas novas instalações, a diminuição do fluxo de visitantes e a falta de novos vendedores apenas vai levar a que alguns deles abandonem as bancas e procurem outras oportunidades para ganhar a vida”, sublinhou.

Mercado de Coloane | Êxodo de portugueses explica encerramento

No ano passado, quatro membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais lamentaram a saída dos portugueses da antiga vila piscatória, o que levou à redução da procura no mercado de Coloane

 

A associação de vendedores de Macau disse à Lusa que o êxodo dos portugueses explica em parte a decisão de encerrar, em 16 de Dezembro, o mercado de Coloane, inaugurado há 130 anos.

O Instituto de Assuntos Municipais (IAM) anunciou na segunda-feira que o Mercado Municipal da aldeia de Coloane, no sul de Macau, estava vazio há cerca de um mês, depois dos dois últimos vendedores terem abdicado das bancas, uma vez que “o fluxo de pessoas (…) continuou a diminuir nos últimos anos”.

Num comunicado, o IAM justificou a falta de clientes com “o desenvolvimento de Coloane, as mudanças na estrutura populacional da antiga zona urbana de Coloane e as mudanças nos hábitos de consumo dos residentes”.

Em Maio de 2023, quatro membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais apontaram a partida dos portugueses de Macau como uma das razões para o declínio do mercado de Coloane.

“A maioria dos residentes portugueses que iam fazer compras no mercado regressaram ao seu local de origem para viver, tendo o número de clientes habituais diminuído significativamente”, disseram os membros.

Um deles, o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau, O Cheng Wong, disse à Lusa que o mercado costumava ser popular entre os portugueses que viviam na aldeia, mas que estes “foram partindo aos poucos”. “Sem portugueses em Coloane, há menos residentes”, lamentou O Cheng Wong.

O dirigente admitiu que os turistas de Hong Kong e do Interior regressaram às ruas da antiga aldeia piscatória depois da pandemia, mas numa altura em que “já não havia nada para comprar” no mercado de Coloane.

Ouvir a comunidade

O IAM garantiu que a decisão de encerrar o mercado foi tomada depois de analisar “a distribuição de pontos de abastecimento de alimentos frescos” na aldeia e de “ouvir as opiniões da comunidade de Coloane”.

“Há muito tempo, o IAM disse que queria renovar o mercado. Esteve em planeamento durante muitos anos, mas nada aconteceu”, lamentou O Cheng Wong. O IAM, liderado por José Tavares, garantiu que está a levar a cabo um estudo para revitalizar o edifício, inaugurado em 1893.

De acordo com a página de internet “Memória de Macau”, o Mercado de Coloane, foi inaugurado a 5 de Março de 1893, com o nome Mercado Municipal Conselheiro Custódio Miguel de Borja, governador que esteve presente na cerimónia de inauguração.

Durante a pandemia, Macau viveu três anos de crise económica, que levaram à subida do desemprego, e a cidade foi ainda afectada pela política ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias. Não há dados oficiais sobre o número de cidadãos portugueses que abandonaram o território durante a pandemia.

A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal em Macau apontava para mais de 100 mil portadores de passaporte português entre os residentes nas duas regiões de Macau e Hong Kong.

Mercadorias | Exportações com quebra anual de 8,1%

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o comércio externo de mercadorias foi de 117,61 mil milhões de patacas entre os meses de Janeiro e Outubro deste ano, o que corresponde a uma quebra, em termos anuais, de 8,1 por cento.

O valor das exportações de mercadorias aumentou 3,8 por cento, comparativamente com o período de Janeiro a Outubro do ano passado. A reexportação, no valor de 10,03 mil milhões de patacas, subiu 4,9 por cento, mas a exportação doméstica, de 1,24 mil milhões de patacas, diminuiu 4,3 por cento. Já o valor importado de mercadorias, caiu 9,2 por cento, em termos anuais.

Destaque para a subida de 37,7 por cento das exportações de Macau para a União Europeia (UE), no valor global de 178 milhões de patacas; e de 17,4 por cento nas exportações para os países que pertencem à iniciativa “Faixa e Rota”, no valor de 607 milhões de patacas. Em terceiro lugar nas contas da DSEC surge Hong Kong, cujas exportações de Macau atingiram o valor de oito mil milhões de patacas, uma subida de apenas 1,2 por cento.

De referir a quebra de 17,5 por cento nas exportações para o interior da China, que entre Janeiro e Outubro registaram o valor de 639 milhões de patacas, e para os EUA, cuja quebra foi maior, de 34,4 por cento, no valor de 253 milhões de patacas.

Relativamente às importações, salienta-se a subida de 5,5 por cento do valor importado de mercadorias produzidas no Japão, com o valor total de 7,53 mil milhões de patacas.