Hong Kong inaugura centro mundial de mediação “ao nível do Tribunal de Haia”

Hong Kong inaugura sexta-feira a primeira sede não ocidental de um importante organismo jurídico mundial, a Organização Internacional para a Mediação (IOMed), numa altura em que Pequim procura impor-se como centro de resolução de disputas internacionais.

O chefe do Governo de Hong Kong, John Lee, indicou, na terça-feira, que a instituição vai ter um estatuto “equivalente ao do Tribunal Internacional de Justiça” em Haia, o que “vai reforçar a posição internacional da cidade, atrair benefícios económicos e melhorar o Estado de direito”, escreveu ontem a agência de notícias Efe.

O líder da região afirmou que o centro vai facilitar a cooperação comercial e económica de Hong Kong com parceiros internacionais, especialmente os países do projecto chinês de infraestruturas conhecido como Nova Rota da Seda, “criando mais oportunidades de negócios”.

Numa reacção à criação do IOMed, o principal representante diplomático da China na região vizinha de Macau sublinhou ontem que será o primeiro centro “especializado na resolução de disputas internacionais”.

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, que falava na abertura de um fórum sino-lusófono na Universidade de Macau, disse que a inauguração reflecte o desejo de Pequim de ser “uma força positiva para o desenvolvimento pacífico da humanidade”.

A cerimónia de inauguração do IOMed vai contar com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e altos representantes de cerca de 60 países, bem como delegados de cerca de duas dezenas de organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas.

A criação da IOMed foi proposta em 2022 pela China e cerca de 20 nações e, após intensas negociações, foi decidido que a sede estaria localizada em Hong Kong.

O organismo vai ser a primeira entidade internacional intergovernamental dedicada exclusivamente à resolução de disputas internacionais através da mediação, defendendo os princípios da Carta das Nações Unidas num contexto de crescentes tensões globais e desafios aos sistemas tradicionais de resolução de conflitos.

Jogada de mestre

A nova instituição nasce num contexto em que mecanismos como o sistema de resolução de diferendos da Organização Mundial do Comércio e a arbitragem internacional em investimentos enfrentam críticas pelos longos procedimentos, altos custos e resultados inconsistentes.

Sebastián Contin Trillo-Figueroa, analista das relações Ásia-Europa, disse à agência Efe que a criação da IOMed “é uma jogada magistral da China, consolidando a sua estratégia de ‘soft power’ [poder diplomático e cultural] sem gerar resistências abertas”.

O especialista destacou que “este movimento demonstra a capacidade da China de identificar e ocupar nichos no sistema internacional, evidenciando uma construção institucional semelhante ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, que reflete uma abordagem estratégica para expandir a sua influência global”.

“Geopoliticamente, a ausência de rejeição por parte dos países ocidentais reforça a percepção de que a China executou uma operação diplomática eficaz. A aparente passividade dos EUA perante a liderança chinesa nas instituições internacionais sugere uma oportunidade perdida para contrariar o discurso chinês como potência moral e civilizacional”, acrescentou.

Trillo-Figueroa notou que, “num mundo de tensões crescentes”, a mediação “pode ser mais significativa do que várias iniciativas das Nações Unidas, que enfrentam limitações ideológicas e burocráticas, consolidando assim o papel da China como actor central na diplomacia global”.

Atlântida

Debruçados agora na luz de Maio, o Verão parece chegar sempre mais cedo na vertigem aquática, e nessa ânsia de seguirmos a sua bonança não nos damos conta daquilo que o mar nos conta nos confins da sua enigmática natureza. O mar é o movimento líquido que a terra expulsou dos seus domínios, e com ele vamos como que deslumbrados na primeira alvorada dos dias bons.

Milhões de pés se estendem na sua direção como um pêndulo por onde se deve seguir, que efectivamente ninguém lhe vira a cabeça. Poder-se-ia pensar que um banho de sol nos troca-se as voltas e mudássemos de posição, só que seria inconcebível uma imagem assim.

Sabemos hoje que qualquer distopia é de efeito continental, mas a utopia sempre engloba a ilha, no primeiro caso abrasa-se de soberba, no segundo, o mundo tende para uma fraterna igualdade «… aquela terra de suavidade que da orla esquerda do mundo se olvida…é a que ansiamos…» e o que é certo é que esta legenda cabe em nós como um distintivo e comanda de certa forma a orla de alguns em seus estranhos passos. Existem verossimilhanças que nos dão conta da lenda, como o Dilúvio, que Platão identifica mais tarde como sendo o impacto de uma destruição. Talvez se tivesse baseado numa longa tradição oral que partiu do Egipto e fora mais tarde adaptada em forma de poema inacabado, soltando-se uma data que intriga: doze mil anos, que coloca o Dilúvio no tempo onde hipoteticamente a Atlântida se afundou. Seja como for, o senhor do mito da Caverna esteve muito atento aos longínquos movimentos de uma consciência que nunca saiu das nossas quimeras. O facto de ser perdida, preenche o espaço das coisas que poderiam ter sido possíveis e deixámos perder, ou somente foram levadas, e que ao desaparecerem nos coloca num cosmos onde tudo é sonho, desabamento e lembrança.

Há uma estrela chamada Scheat que fica na constelação de Pégaso e que se encontra hoje na finalização de Peixes onde Saturno se lhe juntou, e não raro os mitos ligados aos mares afloram com intensa percepção neste ciclo neptuniano com uma longa memória comum diluviana, em certos momentos a altura das marés está entre as nuvens, e somos um grave efeito de uma lembrança que foge como aqueles vislumbres muito refinados que nem a vista alcança.

Neste plano muito cósmico, civilizador e quase inefável, o indivíduo é um elemento inexistente, não há ninguém que nos fale de um só dos seus habitantes nem das hierarquias, mas fala-se desses atlantes como de uma dimensão quase paralela que habitou a Terra e onde alguns afirmam terem sido salvos do desastre – que todos no mundo procuram as marcas de um quebranto marítimo, e todas as suas descrições são válidas, e toda a busca uma estrada em que andamos de pé sobre as águas. Este filtro onde a ânsia da verdade se esconde é um estímulo que deixámos partir e que chamamos utopia. Ela será um elemento imprescindível para capturar a rede de união ao redor do mundo e enfraquecer os atributos geofísicos dos quintais de alguns que se acham distantes de outros e de cada um.

Desde os Pilares de Hércules a uma imigração para a Gália, para a América, até às ruínas Maias, esta legenda participativa está em todo o terreno onde a humanidade adere a uma estranha raiz comum e dela cria o mito mais longevo. Certifiquemo-nos ainda do impacto literário e vejamos como o domínio criativo foi o que menos se absteve de o lembrar: o Império Russo retoma o tema em dois de seus poetas no fim do século dezanove, Frederick Tennyson, poeta inglês, na música, Manuel de Falla, e a ainda a pintura de Léon Bakst, e seria um trabalho de Posídon enumerar todo o espectro artístico deste legado que muitos creem ser mais hiperbóreo… talvez, afinal são os povos do Norte os que sempre seguram a Atlântida por brumas inimagináveis, mas será sempre Fernando Pessoa que estará nas profecias do mito dando-lhe contornos que ninguém viu. É um poema que começa assim:/ Não sei se é sonho, se realidade, se uma mistura de sonho e vida/ aquela terra de suavidade que da orla esquerda do sul se olvida/ É a que ansiamos/ Ali, ali/ a vida é jovem e o amor sorri. (…) Felizes, nós? Ali, talvez, talvez/ Naquela terra, daquela vez/

A liberdade cria-se e recria-se na grande marcha do tempo, e se a desejarmos como a uma água límpida devemos ir sempre mais longe e mais fundo, que ela é catástrofe redentora. Talvez que esta ânsia de ver o mar e estar com ele não passe de um desejo baptismal para os corpos sadios dos escravizados, e essa Atlântida desconhecida um fragmento perdido que nunca imaginaram.

Doci Papiaçam | Teatro em patuá regressa este fim-de-semana

Decorre hoje e amanhã mais um espectáculo dos Doci Papiaçam di Macau, que tal como é habitual acontece em patuá, dialecto macaense em vias de extinção e cuja peça é já um dos últimos exemplos vivos do uso desta língua. “Cuza Tá Renâ? (Que se Passa?)” é o nome desta peça escrita e encenada por Miguel de Senna Fernandes, e que hoje sobe ao palco a partir das 20h e amanhã às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. O espectáculo integra-se na edição deste ano do Festival de Artes de Macau.

Segundo a sinopse do espectáculo, este será o momento em que a “sátira reencontra o riso no regresso do patuá ao palco”, tratando-se de uma “comédia vibrante que mergulha nas transformações urbanas e nas peculiaridades do quotidiano local, prometendo fazer a plateia rebentar de tanto rir”.

O teatro em patuá, uma arte performativa única apresentada pela comunidade macaense, foi inscrito na Lista do Património Cultural Imaterial da China em 2021.

É um crioulo de Macau com origem na língua portuguesa antiga, combinada com malaio, cantonense, inglês e espanhol, reflectindo “o cosmopolitismo da cidade, onde o Oriente se cruza com o Ocidente numa vivaz coexistência cultural”, explica o IC. A peça dura 2h30 e será inteiramente interpretada em patuá, tendo legendas em chinês, português e inglês.

Wes Anderson explica o seu novo filme, “O Esquema Fenício”

O realizador Wes Anderson inspirou-se no sogro para escrever o protagonista do seu novo filme, “O Esquema Fenício”, que será exibido na Cinemateca Paixão este sábado e depois na próxima terça-feira, sexta e domingo, 8 de Junho. O filme conta com um elenco de estrelas, incluindo Benicio del Toro, Tom Hanks e Scarlett Johansson.

“Tinha a ideia de um magnata europeu, alguém que teria entrado num filme de [Michelangelo] Antonioni”, disse Anderson numa conferência de imprensa ‘online’, em que a Lusa participou. “Com o tempo, comecei a misturá-lo com o meu sogro Fouad, que era um engenheiro e empresário com muitos projectos diferentes”.

Fouad Malouf, explicou o realizador, era um homem com muitos projetos em diversos lugares e uma pessoa afável, mas intimidante. Mantinha os planos dos vários negócios em caixas de sapatos e um dia mostrou-os à filha, para que ela os pudesse prosseguir no caso de lhe acontecer algo. A sua reação foi igual à da filha ficcional no filme, Liesl, interpretada por Mia Threapleton: “Isto é de loucos”.

A transposição deste homem de negócios da vida real para o cinema começou a formar-se na mesma altura em que Wes Anderson mostrou “Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun” em Cannes, em 2021, com Benicio del Toro.

“Falei ao Benicio da ideia de um magnata europeu, alguém que poderia ter entrado num filme do Antonioni”, revelou Wes Anderson. “Tinha a ideia de alguém em aflição física, a imagem de um tipo com um relógio muito caro que não se conseguia matar”.

A história de Zsa Zsa Korda

É esse homem que Benicio del Toro encarna em “O Esquema Fenício” – Zsa-Zsa Korda, um dos homens mais ricos da Europa que, no início do filme, sofre a sua sexta queda de avião e decide escolher a filha mais velha para herdeira da sua fortuna e do seu império. “É escrito em camadas e cheio de contradições, o que se torna muito saboroso para um actor lhe dar vida”, disse del Toro.

Algumas cenas, como a dos créditos de abertura, tiveram de ser filmadas repetidamente — entre 25 e 30 vezes, disse o actor, lembrando que ficou com a pele engelhada por estar dentro de uma banheira.

“Há um elemento do meu personagem que espera uma segunda oportunidade para reparar uma relação quebrada”, detalhou del Toro. “Para isso ele tem de mudar e muda. Gosto de pensar que as pessoas podem mudar”.

Essa relação é com a filha, a quem Zsa-zsa Korda quer deixar as caixas de sapatos com os ambiciosos planos para a perdida civilização Fenícia. Mas Liesl está prestes a tornar-se uma freira católica e ressente-se do pai pela sua ausência de anos.

Para se preparar para o papel, Mia Threapleton estudou a Bíblia, foi até Roma para uma prova de roupa e conversou com um diácono. Estudou a fundo durante três meses e criou pequenos detalhes para a personagem. As filmagens decorreram perto de Berlim, no estúdio Babelsberg e arredores, com um pequeno papel para Scarlett Johansson como Prima Hilda.

CCCM acolhe sexta edição de concurso e exposição “See&Share”

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe, a partir de amanhã, uma exposição de arte infantil com trabalhos de jovens chineses expatriados. Será também realizada a cerimónia de entrega de prémios da iniciativa “Global Youth Art Contest”, que dá origem à mostra.

A exposição, que tem o nome “See&Share 2025”, é promovida por Helena Dong, cidadã chinesa a viver em Lisboa e que, depois de criar a CLAN – Commonweal of Liberal Arts em Nanjing, de onde é oriunda, estabeleceu um projecto semelhante na capital portuguesa, a CLAN para Inovação Cultural e Educacional Juvenil.

“Há seis anos vivíamos na China e já aí pensava na próxima geração, sobretudo nas crianças chinesas. É muito importante que elas saibam o que é a arte real, verdadeira e tradicional. Tenho dois filhos e penso que é importante também que eles saibam isso. Como sempre tive muitos contactos com os profissionais mais tradicionais, comecei a convidá-los para a realização de workshops com crianças, sobretudo as famílias locais. Em 2019 a nossa família veio para Lisboa e queríamos manter isso, estabelecer conexões com os locais e com as crianças locais. Queríamos que a nossa família conhecesse a história e a arte locais”, contou ao HM.

O primeiro ano da exposição “See&Share” decorreu em Lisboa em 2020, ainda nos tempos de pandemia, tendo sido recolhidos “300 trabalhos feitos por crianças de todo o mundo”, ligadas a comunidades chinesas espalhadas em vários países. Foi realizada uma exposição online, mas à medida que o mundo abriu após a pandemia, também esta mostra passou a ser vista directamente pelo público.

“Todos os anos temos temas diferentes. No ano passado o tema principal foi a humanidade e o futuro. Em cada ano tentamo-nos focar na visão das crianças sobre aquilo que pensam em relação ao mundo, à humanidade e natureza. Temos também trabalhos sobre os valores ESG (Environmental, Social, and Governance), a importância da preservação do ambiente a nível mundial”, disse Helena Dong.

Juntar culturas

A sexta edição do concurso é agora apresentada no CCCM e Helena Dong espera ajudar a construir ainda mais “uma ponte entre as crianças portuguesas e chinesas e outras famílias internacionais que vivem em Lisboa”.

Segundo a responsável, “a participação [no concurso e nas actividades da CLAN] é, sobretudo de famílias chinesas a residir no estrangeiro, da Europa, Ásia e América”. “Queremos também criar laços mais profundos com as famílias locais, tentando construir uma ponte entre a comunidade chinesa e a comunidade local [de portugueses]”, disse.

“Podemos juntar-nos e falar uns com os outros, para que nos possamos conhecer melhor. É essa a nossa grande expectativa. Em todos os anos, na cerimónia de abertura, fazemos workshops sobre cultura tradicional chinesa, é uma boa oportunidade para que a comunidade se possa expandir sobre aquilo que nós fazemos e o que gostamos”, acrescentou.

Orquestra de Macau | Mahler em destaque em concerto no CCM

Está marcado para o dia 7 de Junho o espectáculo “Mahler: A Infinidade do Titã”, protagonizado pela Orquestra de Macau no Centro Cultural de Macau. Neste concerto, o maestro da Orquestra, Lio Kuokman, promete “brilhar” também como pianista

 

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a partir das 20h do dia 7 de Junho, mais um espectáculo integrado na temporada 2024-2025 da Orquestra de Macau (OM). Trata-se de “Mahler: A Infinidade do Titã”, dedicado ao compositor e maestro checo Gustav Mahler, em que o próprio director musical e maestro principal da OM, Lio Kuokman, irá também fazer solos de piano neste espectáculo.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), serão interpretadas “obras-primas de Ravel e Mahler”, o que irá conduzir “o público pelo universo musical destes dois gigantes da música”. Natural de Macau, Lio Kuokman é “um dos maestros chineses mais proeminentes no panorama internacional”, refere o IC, tendo este sido aclamado pela publicação “Philadelphia Inquirer” como um “talento de regência surpreendente”.

Em 2014, Lio Kuokman conquistou três prémios no Concurso Internacional de Regência Svetlanov, em Paris, tendo posteriormente sido o primeiro maestro assistente chinês da Orquestra de Filadélfia. Foi também o primeiro maestro chinês a dirigir a Orquestra Sinfónica de Viena num concerto da temporada regular, nos 121 anos de história da orquestra, testemunhando o seu percurso musical de excelência.

Grandes composições

Neste concerto, Lio Kuokman actuará como maestro e solista de piano na interpretação do “Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior” de Maurice Ravel, compositor e pianista francês. Trata-se, segundo a mesma nota do IC, de uma “obra marcada por influências de jazz e blues, cujos ritmos inovadores, técnicas polifónicas elaboradas e orquestração com percussão dinâmica proporcionam uma experiência electrizante — desde o enérgico primeiro andamento até ao deslumbrante ‘finale'”.

Por sua vez, a segunda parte do concerto será pautada pela “Sinfonia nº 1 em Ré Maior”, conhecida pelo nome de “Titã” de Mahler, naquela que foi a sua primeira grande composição, de finais do século XIX. O público poderá assistir a “uma actuação majestosa com cerca de cem músicos no palco, ilustrando um poema sinfónico sobre a fusão da humanidade com a natureza”.

O concerto durará aproximadamente 1 hora e 45 minutos, com um intervalo. Os bilhetes já estão disponíveis a preços que vão das 150 às 300 patacas.

Automobilismo | Surge projecto para nova pista em Zhuhai

Com uma nuvem muito negra a pairar sobre o futuro do Circuito Internacional de Zhuhai, eis que surge uma potencial boa notícia para os adeptos do automobilismo da Grande Baía: um projecto para um novo circuito permanente na cidade chinesa adjacente à RAEM.

Segundo o jornal Ta Kung Pao, de Hong Kong, o Governo Provincial de Guangdong publicou recentemente o documento “Medidas para Promover o Desenvolvimento de Turismo de Alta Qualidade e Acelerar a Construção de uma Província Turística Forte”, que propõe, pela primeira vez, a criação de um “Círculo Industrial de Cultura e Turismo da Grande Baía”, oferecendo apoio político ao desenvolvimento integrado da cultura e do turismo na região. Com isto, poderá vir a surgir o primeiro complexo industrial e turístico temático de desporto motorizado na Grande Baía.

O projecto do Circuito Internacional Zhuhai Chaoyue foi recentemente apresentado no Ocean Spring Resort de Zhuhai, situado em Doumen, não muito longe do aeroporto da cidade, com um investimento inicial de 250 milhões de renminbis.

De acordo com as primeiras informações, o projecto deste circuito prevê acolher provas como a Fórmula 3 e fomentar o desenvolvimento colaborativo entre os sectores do desporto motorizado, eventos culturais e indústria de exposições. O plano inclui a realização de várias provas internacionais por ano e prevê a colaboração com Hong Kong e Macau para ligar cidades como Jiangmen e Zhongshan, promovendo o “turismo de múltiplas paragens” e impulsionando o desenvolvimento inovador da “economia de eventos + turismo cultural”.

Segundo Zhou Jian, Diretor-Geral Executivo da China Travel Service (Zhuhai) Ocean Spring Resort Co., o circuito – com certificação de Grau 3 da FIA – incluirá ainda uma pista de karting, pista de drift e um espaço interior de 2.400 m² para exposições e eventos relacionados com o setor automóvel. Com mais de 50 eventos internacionais projetados anualmente, o objetivo é tornar-se um “super IP” que una corridas, lazer e turismo sob um mesmo conceito.

A primeira fase do projecto do Circuito Internacional Zhuhai Chaoyue incluirá infraestruturas de corrida profissionais com certificação internacional, bem como instalações de apoio. Este projecto ambiciona não só preencher “uma lacuna no sector de desporto motorizado de alta gama em Zhuhai, como também promoverá a modernização das indústrias culturais, desportivas e turísticas da Grande Baía através da realização de corridas internacionais e eventos culturais temáticos ligados ao automobilismo.”

Incertezas no ar

No Verão passado, a empresa malaia LBS Bina Group Bhd anunciou que vendeu a sua participação no Circuito Internacional de Zhuhai (ZIC) – o primeiro circuito permanente construído no Interior da China – por 124,7 milhões de ringgits (cerca de 214,15 milhões de patacas). Numa declaração apresentada à Bursa Malaysia Securities Bhd, o grupo informou que a sua subsidiária, Dragon Hill Corporation Ltd, vendeu a totalidade da sua participação na Lamdeal Investments Ltd (LIL) à Huafa Urban Operation (HK) Ltd, um conhecido operador imobiliário. A LIL detinha 60 por cento da Zhuhai International Circuit Limited (ZICL), operadora do circuito.

Erguido em 1996 com o intuito de receber o primeiro Grande Prémio da China de Fórmula 1 — algo que nunca se concretizou — o ZIC foi, ainda assim, o motor inicial do automobilismo do país e uma referência no automobilismo asiático. Desde a sua abertura, acolheu várias provas internacionais, como o FIA GT, A1 GP ou o Intercontinental Le Mans Series. Nos últimos anos, a administração da pista optou por organizar os seus próprios eventos, abdicando das mais custosas provas internacionais.

Apesar de ter recebido, no passado, competições automobilísticas da RAEM, o ZIC tem vindo a perder protagonismo no desporto motorizado local, devido aos preços elevados, à disponibilidade limitada e à redução da actividade desportiva em prol das mais lucrativas actividades comerciais. O futuro do circuito permanece incerto: sabe-se apenas que os contratos de arrendamento entre as equipas residentes e o circuito foram congelados e não estão a ser renovados. A homologação da pista também estará prestes a expirar, sendo necessária uma nova certificação para que continue a receber competições no futuro.

No entanto, no fim de semana de 14 e 15 de Junho, o ainda único circuito de Zhuhai irá acolher a terceira prova da temporada do Campeonato da China de Fórmula 4.

EUA | China critica “acção discriminatória” contra estudantes chineses

A China acusou ontem os Estados Unidos de adoptarem uma “acção discriminatória e politicamente motivada”, após terem anulado os vistos de estudantes chineses, o que, segundo Pequim, constitui uma violação dos seus direitos e um ataque aos intercâmbios académicos.

“O lado americano, sob o pretexto da ideologia e da segurança nacional, cancelou injustificadamente os vistos dos estudantes chineses”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa.

Pequim apresentou um protesto formal a Washington e expressou a sua “firme oposição” a uma medida que “prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos” dos seus cidadãos e “impede os intercâmbios educativos e culturais normais”, segundo a porta-voz.

“A medida expõe a falsidade da chamada liberdade e abertura que os EUA afirmam defender e só irá prejudicar ainda mais a sua imagem e credibilidade internacional”, disse Mao.

O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou esta semana a revogação de vistos para estudantes chineses, especialmente aqueles com alegadas ligações ao Partido Comunista ou matriculados em “áreas-chave”, sem entrar em pormenores. Na quarta-feira, Trump considerou excessivo que o número de estudantes estrangeiros em Harvard ultrapasse um quarto do total e considerou adequado limitar esta quota a 15 por cento.

Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe actualmente 10.158 estudantes internacionais de 150 países, incluindo 2.126 da China, segundo dados relativos ao ano lectivo 2024/2025 publicados no portal do gabinete internacional da organização.

Restrições à exportação de terras raras podem paralisar fábricas europeias

A Câmara de Comércio da União Europeia na China alertou ontem que as restrições impostas por Pequim às exportações de minerais de terras raras podem levar à paralisação da produção dos fabricantes europeus em poucos dias.

No início de Abril, a China impôs restrições à exportação de sete elementos de terras raras utilizados numa vasta gama de produtos industriais, incluindo veículos eléctricos e armamento, pouco depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado tarifas contra os produtos chineses.

“Temos um problema que está a ocorrer na Europa”, disse Jens Eskelund, presidente da câmara, aos jornalistas, em Pequim, apontando que algumas empresas estão prestes a ficar sem materiais para sustentar a sua produção. “Esta é uma questão que precisa de ser resolvida muito, muito em breve”, acrescentou. O facto de não se encontrar uma solução conduzirá a um “custo muito significativo [para] os fabricantes europeus”, afirmou.

Pequim suspendeu algumas medidas não tarifárias desde que os EUA e a China concordaram, no início deste mês, em suspender a maioria das taxas adicionais impostas sobre os produtos um do outro. No entanto, os requisitos de licenciamento para a exportação de terras raras continuam em vigor. Eskelund afirmou que parece haver um “atraso significativo” no processamento dos pedidos.

Paris na agenda

O alarme surge numa altura em que os principais responsáveis pelo comércio da China e da Europa se preparam para reunir em Paris. Os dirigentes europeus deverão também deslocar-se a Pequim para uma cimeira em Julho.

O secretário-geral da câmara, Adam Dunnett, afirmou que a questão do controlo das exportações foi levantada durante uma mesa redonda, na terça-feira, entre empresas de semicondutores da União Europeia e da China.

Os funcionários do Ministério do Comércio da China que participaram na reunião explicaram que estão a trabalhar arduamente para dar resposta à crescente procura por licenças, segundo Dunnett. A China afirmou que “tem como objectivo proporcionar um ambiente político justo, estável, transparente e previsível para as empresas”, de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio após a reunião de terça-feira.

Turismo | Excursões da Coreia aumentam 24%

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativos ao número de turistas e excursões nos primeiros quatro meses deste ano mostram como Macau recebeu 38 mil excursionistas da Coreia do Sul, um aumento anual de 24,6 por cento face aos primeiros quatro meses de 2024.

Em termos gerais, Macau recebeu 757 mil excursionistas em quatro meses, mais 10,2 por cento em termos anuais, com os turistas do Interior da China a dominar: 662.000 eram de visitantes, um aumento de 8,9 por cento. Por sua vez, 76 mil eram excursionistas internacionais, um aumento de 9,3 por cento.

Nos quatro primeiros meses deste ano, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros foi de 89,6 por cento, mais 5,1 pontos percentuais, em termos anuais. Os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 4.779.000 indivíduos, menos 3,2 por cento, face a idêntico período de 2024 e o período médio de permanência dos hóspedes manteve-se em 1,7 noites.

DSAT | Carreira para Praia de Hac Sá aos fins-de-semana

A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem o ajuste de carreiras de autocarro para disponibilizar mais frequências com destino à Praia de Hac Sá. A partir de domingo, e até 31 de Agosto, a carreira nocturna N3 terá o seu percurso estendido até à Praia de Hac Sá e, entre 14 de Junho e 24 de Agosto, aos sábados e domingos, entrará em funcionamento a carreira sazonal 26AT.

Apesar de a DSAT não ter especificado o trajecto da carreira, em anos anteriores o autocarro 26AT ligava a Bacia Norte do Patane à Praia de Hac Sá. Por outro lado, considerando que a Universidade de Macau (UM) estará em período de férias de Verão desde o início de Junho até ao início de Agosto, prevê-se uma redução no fluxo de passageiros com destino à UM.

Como tal, e tendo em conta o uso racional dos recursos públicos, as carreiras 71 e 72 vão passar a ter intervalos ajustados para 15 a 20 minutos entre 9 de Junho e 3 de Agosto. Durante o mesmo período, a carreira 701XS será temporariamente suspensa.

Nuclear | “Ocorrência” em Taishan sem fugas radioactivas

Os Serviços de Polícia Unitários foram ontem notificados de “uma ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na terça-feira, quatro dias depois de uma comitiva da RAEM, liderada pelo secretário para a Segurança, ter visitado a central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau. O incidente foi classificado de nível 0, numa escala de 1 a 7

 

O Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong notificou ontem os Serviços de Polícia Unitários (SPU) de uma “ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na passada terça-feira. O incidente ocorreu quatro dias depois de o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ter liderado uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan e uma visita às instalações da central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau.

De acordo com a comunicação enviada aos SPU, a “ocorrência foi classificada como incidente operacional de nível 0”, na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) que vai de 1 a 7. As autoridades esclarecem que as ocorrências entre os níveis 1 e 3 são qualificados como incidentes, os entre 4 e 7 são acidentes, enquanto o nível 0 é “considerado como um desvio que não se inclui na INES e serve essencialmente para a correcção de desvios e retorno de experiências”.

Motor de arranque

De acordo com os SPU, na terça feira, quando a unidade 1 da Central Nuclear de Taishan mudou do transformador assistido por painel (transformador secundário) para o transformador de fábrica (transformador fabril), o motor a diesel de emergência foi activado automaticamente devido a uma falha de ligação que atrasou a junção do portão. Após a detecção da falha, foi efectuada uma inspecção ao local, que confirmou “que tudo estava correcto”, o funcionamento do motor a diesel foi suspenso e o fornecimento de energia eléctrica retomado.

As autoridades garantem que “a unidade manteve o funcionamento seguro e estável, com três barreiras de segurança intactas e nenhuma substância radioactiva libertada para o exterior, não tendo afectado a segurança da central, do seu pessoal operacional, da população vizinha e o ambiente adjacente à central”.

A Empresa Conjunta de Energia Nuclear de Taishan comunicou atempadamente o sucedido à entidade nacional de supervisão e controlo e iniciará o feedback das experiências internas.

Num comunicado divulgado na quarta-feira pelos SPU, o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”.

Cooperação | Universidade Amílcar Cabral quer ajuda para formação

O reitor da Universidade Amílcar Cabral (UAC) disse ontem que a instituição da Guiné-Bissau quer a ajuda da Universidade de Macau (UM) para ter mais professores com mestrado ou doutoramento.

A UAC tem a ambição de, até 2030, ter pelo menos 50 por cento dos docentes com mestrado e 30 por cento com doutoramento, disse Herculano Arlindo Mendes. “Como é que vamos fazer isso se, mesmo na Guiné-Bissau, ainda não temos os programas de mestrado nem de doutoramento?” questionou o reitor. “É através da parceria com os nossos parceiros, que podemos realizar essa ambição”, explicou Arlindo Mendes.

O académico falava à margem de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que está a decorrer até amanhã na UM.

“Nós estamos aqui disponíveis para explorar as possibilidades de parcerias que possam surgir”, disse Arlindo Mendes. O reitor da UAC indicou que já havia negociações em curso com a UM e demonstrou esperança em assinar um acordo de parceria com a instituição de Macau durante o fórum.

Além da formação de professores e da realização conjunta de conferências internacionais e projectos de investigação académica e científica, a universidade da Guiné-Bissau pretende também enviar estudantes para a UM.

“Vamos tentar solicitar o apoio da Universidade de Macau, ou seja, através da cooperação entre a China e a Guiné-Bissau, para que possamos ter um número significativo de bolseiros”, referiu Arlindo Mendes. Isto porque, admitiu o reitor, “do ponto de vista financeiro, o país, a Guiné-Bissau, e a universidade em particular tem muita dificuldade nesse sentido”.

Indústria | Moçambique quer aprender com a China

O reitor da Universidade Joaquim Chissano (UJC) disse ontem que a instituição de Moçambique vai assinar uma parceria com a Universidade de Tecnologia do Sul da China para formar professores em políticas industriais. João Gabriel de Barros indicou que o acordo com o Instituto de Políticas Públicas da universidade chinesa resultou de uma visita ao campus em Guangzhou, capital da província de Guangdong.

“É diferente daquilo que nós temos ensinado nos cursos de políticas públicas. São políticas públicas industriais, que visam a industrialização, (…) que visam mesmo o desenvolvimento de uma forma concreta e directa”, explicou o reitor.

Barros lamentou que nos países africanos, incluindo em Moçambique, as universidades ainda “vão muito atrasadas” em áreas com a inteligência artificial e “outras que são formações de futuro”. “Isto tudo cria uma pressão positiva e necessária. Temos que aprender e adaptar tudo isto aos nossos contextos e não irmos sempre a reboque daquilo que a globalização traz”, defendeu o investigador.

Barros explicou que a parceria com o Instituto de Políticas Públicas irá prever o envio de docentes da UJC para receberem formação em políticas industriais. Além disso, a UJC assinou ontem um outro memorando de entendimento com a Universidade de Macau, que alarga a cooperação já existente na formação de professores e no intercâmbio de docentes e estudantes.

IA | Coimbra e Macau lançam laboratório sobre nutrição

Nutrição, saúde e longevidade serão os focos de estudo do laboratório que será criado pela Universidade Politécnica de Macau e a Universidade de Coimbra. Gestão e saúde e prevenção de doenças crónicas serão prioridades para o laboratório que irá recorrer a ferramentas de inteligência artificial

 

A Universidade Politécnica de Macau anunciou a criação de um laboratório conjunto com a Universidade de Coimbra que irá usar inteligência artificial (IA) para estudar a ligação entre a nutrição e a “longevidade saudável”.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, a Universidade Politécnica de Macau disse que o laboratório dedicado à nutracêutica vai concentrar-se em aplicar a IA nos “cuidados de saúde, nutrição de precisão, prevenção de doenças crónicas e gestão da saúde”. A nutracêutica é uma combinação de nutrição e farmacêutica e estuda os potenciais efeitos positivos para a saúde dos componentes presentes em alimentos.

O novo laboratório vai “aproveitar ao máximo as vantagens das duas universidades nas áreas da inteligência artificial, ciências da saúde e tecnologia nutricional”, defendeu a Politécnica.

O acordo prevê a investigação interdisciplinar com especialistas das duas universidades para transformar os resultados em “soluções técnicas de ponta” e “aplicações inovadoras”, sublinha no comunicado. A Politécnica garantiu ainda que o laboratório vai “formar talentos de alto nível para a indústria da saúde de Macau [e] promover o desenvolvimento de tecnologia através da cooperação com a indústria”.

Sementes a germinar

A área da saúde e bem-estar foi apontada como um dos quatro sectores em que o Governo de Macau quer apostar para diversificar a economia, altamente dependente dos casinos e turismo.

Por outro lado, a Politécnica defendeu que a criação do laboratório representa “um novo marco na cooperação educacional entre a China e os países de língua portuguesa”. A nova instituição vai promover “a investigação científica e a inovação na área da saúde inteligente em Macau e em Portugal e apoiar a cooperação científica e tecnológica entre a China e Portugal”, referiu.

O acordo para a criação do laboratório foi assinado, em Macau, pelo reitor da Politécnica, Marcus Im Sio Kei, e pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.

Em Junho de 2024, Falcão disse à Lusa, numa visita a Macau, que a instituição portuguesa e a Politécnica tinham lançado um duplo doutoramento em tecnologias de informação. O doutoramento nasceu no anterior ano lectivo e “está a começar a dar os primeiros resultados”, com 18 estudantes, “divididos entre portugueses e chineses”, disse então o reitor da Universidade de Coimbra.

Comparticipação Pecuniária | Apoio só para quem passa 183 dias em Macau

A decisão anunciada ontem afasta os reformados que vivem em Portugal, e fora do Interior da China, do acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. Os residentes que vivem e trabalham em Hong Kong ficam também excluídos

 

A partir deste ano, os residentes da RAEM só vão ter acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico se passarem, pelo menos, 183 dias por ano em Macau. As alterações ao apoio conhecido como cheque pecuniário, de 10 mil patacas para residentes permanentes e de 6 mil patacas para não-residentes, foram anunciadas ontem pelo Conselho Executivo.

Três grupos vão ficar isentos da obrigação de passar 183 dias em Macau para receber o cheque: os residentes com menos de 22 anos em 2024 e em que um dos pais cumpre os requisitos para receber o cheque; os beneficiários da pensão de invalidez e os beneficiários do subsídio de invalidez.

Além da isenção para estes três grupos, há outras oito situações em que os residentes podem ter acesso ao cheque, mesmo que não passem 183 dias em Macau ao longo do ano. É o que acontece quando os residentes frequentam o ensino superior fora do território; quando estão internados num hospital fora da RAEM, quem têm mais de 65 anos e vive no Interior da China ou, mesmo tendo menos de 65 anos, apresentam razões de saúde que justifiquem a permanência no Interior da China. São abrangidos pelas excepções os residentes que trabalham fora de Macau para um empregador registado no Fundo de Segurança Social e os residentes fora da RAEM que sejam responsáveis pela subsistência do agregado familiar.

A estas juntam-se ainda o exercício de funções oficiais fora de Macau; o registo do domicílio, trabalho ou estudo na Zona de Cooperação Aprofundada; e ainda o trabalho prestado nas cidades de Grande Baía, à excepção de Hong Kong que é deixada de fora.

Sobre a exclusão da RAEHK, André Cheong indicou que o objectivo do Governo é que os jovens vão para o Interior da China desenvolver as carreiras profissionais, para se integrarem no desenvolvimento nacional, e que Hong Kong não é uma prioridade.

No caso das oito excepções, o tempo passado fora de Macau é contabilizado para efeitos dos 183 dias. Por exemplo, se uma pessoa só esteve em Macau 10 dias em 2024, mas passou 180 dias a estudar num curso de ensino superior em Portugal, então conta como se tivesse passado 190 dias em Macau e tem acesso ao cheque. Na mesma lógica, se não tiver passado qualquer dia em Macau, mas tiver justificação para a ausência de 183 dias, também é contabilizado e tem acesso ao cheque.

No entanto, os indivíduos abrangidos pelas excepções têm de apresentar um pedido para que os dias sejam contabilizados, sob pena de ficarem de fora da primeira fase de distribuição do cheque, que começa a 15 de Julho e se prolonga até 13 de Agosto. Os pedidos podem ser apresentados a partir de 18 de Junho até 31 de Dezembro de 2028, um prazo de três anos.

Reformados em Portugal excluídos

Com esta medida, os reformados residentes da RAEM que vivem em Portugal, e outros países, deixam de ter acesso ao cheque. A partir de agora, apenas os reformados que se encontrem no Interior da China vão ter acesso ao apoio. O mesmo acontece com os residentes espalhados pelo mundo, quando a entidade patronal não tem ligações a Macau.

Face a estas alterações, André Cheong indicou que a aposta passa por atribuir o apoio a quem tem uma ligação “mais estreita” com Macau: “Mudámos algumas condições de acesso a esse montante. Queremos distribuir os recursos públicos limitados aos residentes de Macau e às pessoas que têm uma ligação mais estreita, para que possam sentir directamente que as suas dificuldades em Macau são aliviadas com esse plano”, afirmou ontem o secretário. “Quem vive noutros países podem não sentir essas dificuldades, porque as situações dos países podem ser muito diferentes”, acrescentou.

Sobre o facto de o apoio continuar disponível para reformados no Interior da China, André Cheong recusou haver discriminação entre os residentes: “Não é discriminação, é uma decisão política”, atirou.

Além disso, o Governo afirmou ter adoptado no acesso aos cheques os critérios da lei do Regime de Previdência Central Não Obrigatório, uma possibilidade que tinha sido avançada pelo Chefe do Executivo, durante as Linhas de Acção Governativa, quando revelou que ia rever o Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico.

Todos ouvidos

De acordo com as justificações de André Cheong, que além de secretário é porta-voz do Conselho Executivo, limitar a distribuição dos cheques visa “optimizar a utilização dos recursos públicos” e responder “aos diversos sectores da sociedade” que pediram ao Governo para fazer uma revisão do plano.

O Governo justificou as alterações com a falta de recursos e a vontade de canalizar verbas para os apoios sociais como a pensão de invalidez, pensão para idosos, ou os subsídios de nascimento, o que deixa antever a expectativa de que as receitas da RAEM vão entrar em queda, devido ao encolher do sector do jogo em comparação aos anos pré-pandemia.

Sobre as opiniões recolhidas para a tomada desta decisão, o Governo não explicou quem foi ouvido. Todavia, André Cheong defendeu que o Executivo teve em conta todas as opiniões, mesmo sem consulta pública. “A nossa forma de auscultar as opiniões não se restringe a um meio, foi feita por vários canais, como associações, órgãos de comunicação social, meios de comunicação social, em papel e electrónico, bem como opiniões das redes sociais e na internet”, vincou. “Acho que em relação a esta decisão auscultámos plenamente as opiniões, que foram vastas, muitas pessoas de diferentes meios apresentaram opiniões e, tendo em conta as opiniões, apresentámos esta decisão”, acrescentou.

Consulta online

Os residentes que pretendam saber se vão receber o cheque podem consultar a informação no portal www.planocp.gov.mo/pt/. No caso de estarem excluídos do cheque, mas preencherem as condições de uma das oito excepções, este portal pode igualmente ser utilizado para aceder às plataformas que permitem fazer o pedido para receber o cheque e fazer a entrega da documentação necessário. Os pedidos podem ser feitos entere 18 de Junho de 2025 e 31 de Dezembro de 2028.

Direitos laborais | Leong Hong Sai pede melhorias

O deputado Leong Hong Sai defende avanços em matéria de direitos laborais, nomeadamente o aumento do número de dias para a licença de maternidade e empregos a tempo parcial.

No tocante à licença de maternidade, Leong Hong Sai questionou quando é que poderá passar dos 70 para 90 dias, conforme já foi prometido, além de pedir especificamente uma lei destinada ao trabalho laboral.

Segundo uma interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado defende que há espaço de melhoria ao nível da legislação laboral tendo em conta as alterações que estão a ocorrer na estrutura da economia, com novas indústrias a surgir.

Assim, o deputado lembrou que falta regulação específica sobre o tempo de amamentação e preservação da saúde mental no trabalho, directrizes que já existem nas regiões vizinhas. O deputado quer também que seja feito um combate mais rigoroso para punir as empresas infractoras em relação à quota de trabalhadores não residentes (TNR) e que mantém TNR em situação ilegal ou que trabalham numa área sem autorização.

Eleições | Chega vence fora da Europa

A lista do partido Chega foi a mais votada nas Legislativas Portuguesas no círculo fora da Europa e elegeu Manuel Magno Alves como deputado, com um total de 20.202 votos.

Também a Aliança Democrática, constituída pelo Partido Social-Democrata e o Partido Centro Democrático e Social, elegeu um deputado, José Cesário, com um total de 19.054 votos.

O Partido Socialista ficou no terceiro lugar com 13.119 votos. Ao nível da China, a AD ganhou com 1.923 votos, enquanto o PS ficou em segundo, com 1.223 votos. O Chega teve um total de 395 votos.

Táxis | Concursos públicos com alterações

O Governo vai avançar com uma revisão para “simplificar “as exigências nos concursos públicos de atribuição das licenças de táxis. O anúncio foi feito ontem pelo Conselho Executivo, embora o conteúdo das alterações ainda não seja conhecido.

“O regulamento simplificou os procedimentos, reduziu as exigências formais e separou racionalmente a fase de apreciação dos documentos de habilitação do concorrente e a das propostas, para elevar a eficiência das sessões do acto público do concurso e admitir mais propostas, de modo a garantir melhor o interesse público”, foi comunicado por André Cheong, porta-voz do Conselho Executivo.

Com estas alterações, o prazo de validade das propostas vai ser estendido, assim como vai ser pedida uma caução mais elevada à entidade adjudicatária, depois de ser informada da adjudicação. Além disso, nos casos de caducidade da adjudicação, a entidade adjudicante vai poder fazer a adjudicação ao concorrente imediatamente seguinte, segundo a ordem de classificação, desde que a proposta ainda esteja dentro do prazo de validade.

Além disso, o Governo vai apresentar um novo regulamento, para facilitar o tipo de veículos que pode ser utilizado como táxi. Segundo as novas regras, as exigências do tamanho das malas passam a ser menores, e os táxis deixam de ter de estar equipados com motores com uma cilindrada igual ou superior a 1.500 centímetros cúbicos.

Além disso, depois de circularem cinco anos, os táxis deixam de poder ser utilizados como veículos privados, caso sejam substituídos do serviço, tendo de ser abatidos.

MNE | Sistema chinês pode ser referência para lusofonia

O principal representante diplomático da China em Macau, Liu Xianfa, defende que o sistema político chinês pode ser referência para o desenvolvimento dos países de língua portuguesa. O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros considera que a China e os países lusófonos devem “aprender uns com os outros”

 

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, considera que o sistema político chinês pode ser uma referência para os países de língua portuguesa. O representante diplomático da China na RAEM disse que a “modernização com características chinesas” não é apenas “o único caminho correcto” para o país, mas que “também fornece sabedoria para a modernização da humanidade”.

Liu Xianfa sublinhou que “o povo chinês superou inúmeros obstáculos e desafios no caminho da modernização com características chinesas”. O sistema político da China “oferece uma forte garantia institucional para a modernização, porque tem muitas vantagens”, referiu o diplomata. “Somos como um jogo de xadrez, todos com os seus esforços” a contribuir para o desenvolvimento chinês, explicou o comissário.

Liu defendeu que a China e os países lusófonos podem “aprender uns com os outros”, nomeadamente usando Macau como uma plataforma. O comissário defendeu também que, desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, “Macau inaugurou o melhor período de desenvolvimento da sua história”.

Liu falava durante a cerimónia de abertura de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que vai decorrer até amanhã na Universidade de Macau (UM).

O que deus quiser

No mesmo evento, a directora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais admitiu que o sistema político chinês “tem desvantagens ou dificuldades”. “Não nos podemos esquecer dos efeitos nefastos causados à natureza” pelo rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas” lamentou Shi Dan. “Se não conseguirmos resolver os problemas da poluição, nunca seremos um país desenvolvido”, alertou a académica.

Em 2023, a UM e o Supremo Tribunal da China criaram um centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono para promover a ideologia do líder chinês, Xi Jinping. Na altura, o reitor da UM, Song Yonghua, disse que um dos objectivos do Centro de Estudos Judiciários e Jurídicos da China e dos Países de Língua Oficial Portuguesa é “a investigação e promoção do Pensamento de Xi Jinping”.

Em 2022, o congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza a cada cinco anos, aprovou uma série de emendas à carta magna do partido, entre as quais a inclusão da ideologia do actual líder.

O chamado “Pensamento de Xi Jinping” inclui uma ênfase na autossuficiência, controlo político e elevação do estatuto global da China, ao contrário das reformas económicas de Deng Xiaoping que abriram a China ao mundo, nos anos 1980.

Aptidão física | Estudo mostra bons resultados em crianças do pré-escolar

Um estudo analisou a aptidão física de crianças em idade pré-escolar em Macau. Os resultados apontam para “crescimento e desenvolvimento modestos”, “pequenos aumentos na altura e peso” e “melhorias na velocidade, agilidade, força muscular e flexibilidade”, graças à reforma curricular de 2015 que apostou no desporto escolar

 

O Governo está de parabéns no que diz respeito à prática desportiva no ensino pré-escolar, segundo um estudo académico que avaliou crianças de jardins-de-infância e dados estatísticos da sua aptidão física fornecidos pelo Instituto do Desporto (ID).

Em “Tendências temporais da aptidão física em crianças em idade pré-escolar da RAEM entre 2002 e 2020”, publicado na revista científica “Journal of Exercise Science & Fitness”, os académicos apontam um “crescimento e desenvolvimento modestos entre [alunos] pré-escolares”. Os parâmetros avaliados estatisticamente incidem sobre o desempenho em actividades como correr, fazer o salto em comprimento ou fazer a marcha. O trabalho é da autoria de Siu Ming Choi, da Faculdade de Educação da Universidade de Macau, Grant R. Tomkinson, Justin J. Lang, Cristina Cadenas-Sanchez, Haoyu Dong, Si Man Lei, Eric Tsz Chun Poon, este último ligado ao departamento de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Os autores pegaram nos dados anuais do ID para perceber como o corpo das crianças evoluiu nos últimos anos, permitindo perceber dados relacionados com o peso, altura e medidas corporais. Assim, lê-se que houve “pequenos aumentos na altura, no peso e nas circunferências, melhorias na velocidade-agilidade, na força muscular e na flexibilidade da parte inferior do corpo e flexibilidade, e declínios na potência muscular da parte superior do corpo e na capacidade de equilíbrio”.

O estudo revela “aumentos significativos, mas pequenos, na altura, peso e circunferência do tórax”, enquanto que “as tendências de aptidão física foram contraditórias, com declínios que vão de insignificantes a pequenos no arremesso e no desempenho do equilíbrio”. Houve ainda “melhorias insignificantes a pequenas em outras medidas” do corpo, com os autores a destacar que “não foram encontradas diferenças significativas entre géneros, o que indica um desenvolvimento equitativo” entre rapazes e raparigas.

Em termos gerais, foi registado “um aumento do tamanho do corpo e melhorias modestas, mas significativas, em vários componentes da aptidão física, tais como a velocidade-agilidade, a potência muscular da parte inferior do corpo e a flexibilidade, e declínios noutros”.

Os autores consideram que estes resultados “podem ser atribuídos a uma combinação de factores do sistema educativo e do ambiente doméstico”, pois “o sistema educativo de Macau e as directrizes curriculares deram prioridade ao desenvolvimento da educação física e à aquisição de capacidades motoras”.

Destaca-se ainda que Macau foi “a primeira região da China a incorporar o jardim de infância no seu sistema de ensino gratuito desde 2007, fazendo da educação dos seus residentes uma prioridade fundamental”.

O estudo menciona também a reforma curricular de 2015, que “enfatiza explicitamente a aprendizagem de competências fundamentais de movimento, tais como locomotoras (andar, correr, saltar, equilibrar-se, gatinhar) e de controlo de objectos (lançar, apanhar) através de várias actividades físicas e jogos concebidos pelos professores”.

O trabalho realça a importância dos encarregados de educação na ligação das crianças com o desporto, lembrando os anos da pandemia. “A influência positiva dos pais na modelação da actividade física pode também desempenhar um papel nestas melhorias, especialmente durante a pandemia da covid-19, quando as crianças tinham menos oportunidades de actividade física fora de casa.”

Os académicos realçam que é importante, para as autoridades, fazer uma “monitorização contínua” e “apoiar a aptidão física e a saúde geral na primeira infância”, devendo existir “estratégias para melhorar a aptidão física global na primeira infância”.

Saltar e pular

Para este estudo foram analisados dados de crianças entre os três e os cinco anos de idade em regime pré-escolar, nos anos de 2002, 2005, 2010, 2015 e 2020, tal como o tamanho do corpo, no que diz respeito à altura, peso e circunferências do peito, cintura e anca; e aptidão física, como a corrida de vaivém de 2×10 m, salto em comprimento em pé, equilíbrio na marcha, salto contínuo de duas pernas, arremesso de cabeça e sentar e alcançar”.

Além disso, “foram recrutadas crianças em idade pré-escolar de seis jardins-de-infância de Macau através de uma combinação de métodos de amostragem aleatória estratificada e por grupos”. Participaram um total de 4.519 crianças, com 59 por cento de rapazes e 41 por cento de raparigas.

Os resultados revelam “uma melhoria equitativa da aptidão física” e os dados colocam Macau numa melhor posição face a alguns países europeus referidos no estudo. “Em contraste com investigações anteriores sobre as tendências do desenvolvimento físico de crianças e adolescentes na Polónia, que revelaram estabilidade na altura, mas aumentos no peso e índice de massa corporal, os nossos resultados sugerem que as crianças em idade pré-escolar de Macau aumentaram de tamanho, talvez devido às melhores condições de vida e nutricionais.”

Os académicos concluem que os “resultados são particularmente significativos”, e destacam que “a melhoria observada no desempenho do salto em comprimento em pé entre os alunos do pré-escolar de Macau é encorajadora”.

Tal “contrasta com a investigação sobre populações semelhantes na República Checa e Polónia, onde foram relatados declínios no desempenho no salto em comprimento em pé juntamente com aumentos no índice de massa corporal e na prega cutânea”, é indicado.

Outros sinais

O estudo revela também “uma melhoria temporal da flexibilidade nos alunos do pré-escolar de Macau, o que difere das tendências observadas nos alunos pré-escolares polacos”, entendendo-se existirem “factores culturais, ambientais ou outros factores que influenciam o desenvolvimento da flexibilidade em crianças pequenas em diferentes regiões e populações”.

O trabalho destaca ainda que a RAEM “mistura de forma única as culturas oriental e ocidental, o que a transforma num cenário intrigante para examinar as tendências na aptidão física de crianças em idade pré-escolar”. É também referido que “a região tem um forte compromisso com a educação, oferecendo 15 anos de educação pré-escolar gratuita até o ensino médio e ensino secundário, garantindo um amplo acesso a programas de educação e desenvolvimento na primeira infância infantil para todas as crianças”.

Os elogios dos académicos prosseguem, salientando a “notável esperança de vida, que ultrapassa os 84 anos em 2019”, além de que “Macau deu prioridade aos seus sistemas de saúde e social”.

“Reconhecendo a importância da saúde física, foram efectuados testes de aptidão física padronizados e sistemáticos a pessoas de todas as idades desde o início do século, altura em que o Governo implementou um sistema de vigilância da aptidão física alinhado com a monitorização nacional da aptidão física da China”, é ainda explicado.

Balança Comercial | Défice de 9,4 mil milhões em Abril

Em Abril, o défice da balança comercial foi de 9,4 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Para este valor, contribuíram exportações de mercadorias de 1,12 mil milhões de patacas e importações de mercadorias de 10,53 mil milhões de patacas.

Estes números significam que, em comparação com Abril do ano passado, as exportações caíram 7,7 por cento e 4 por cento. Em relação a Abril, o valor da reexportação desceu 7,8 por cento, para 1,01 mil milhões de patacas. O valor da reexportação de joalharia diminuiu 48,9 por cento, embora o valor das reexportações de bebidas alcoólicas e o de produtos de beleza, de maquilhagem e de cuidados da pele tenham crescido 58,8 por cento e 46,6 por cento.

Em relação aos primeiros quatro meses do ano, o défice da balança comercial cifrou-se em 36,16 mil milhões de patacas, menos 2,42 mil milhões de patacas, face ao período homólogo, quando o défice da balança foi de 38,58 mil milhões de patacas.

Hotelaria | Mais trabalhadores, mas salários sem aumentos

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), relativos ao primeiro trimestre deste ano e saídos do Inquérito às Necessidades de Mão-de-obra e às Remunerações apontam para um aumento de 7,2 por cento no número de trabalhadores em hotéis, um total de 60.482 pessoas, face a igual período de 2024.

Porém, em matéria salarial, as remunerações médias dos trabalhadores a tempo completo na hotelaria foram de 20.090 patacas, menos 1,9 por cento, enquanto que no sector da restauração um trabalhador ganhava, em Março, uma média de 10.540 patacas, menos 0,7 por cento face a 2024.

No fim do trimestre em análise, a taxa de vagas em hotelaria baixou apenas 1,1 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado devido ao facto de “as vagas deste ramo terem sido preenchidas e a procura de mão-de-obra ter voltado a estabilizar gradualmente”. Assim, o número de vagas existentes no referido trimestre, nos hotéis, foram 839.

Taishan | Autoridades de Macau elogiam segurança de central nuclear

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, liderou uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan, que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau, na passada sexta-feira. Segundo um comunicado divulgado ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”.

Leong Man Cheong indicou ainda esperar o reforço do intercâmbio com as autoridades de Taishan, nomeadamente com visitas “às centrais nucleares, cursos de formação profissional e palestras temáticas”, para “elevar a consciência de prevenção de riscos nucleares e a capacidade de tratamento de emergência nuclear do pessoal dos serviços competentes de Macau”.

A comitiva da RAEM visitou a Central Nuclear de Taishan para se inteirar do “funcionamento do centro de comando da fonte de arrefecimento, da sala de controlo e do centro de comando de emergência”.

Os SPU acrescentam que Guangdong e Macau vão reforçar o intercâmbio e cooperação “no âmbito da resposta à opinião pública sobre esta matéria”, vão tratar “cautelosamente” a informação e a comunicação com o público, para “criar uma boa atmosfera social e salvaguardar conjuntamente a estabilidade socioeconómica da Grande Baía”.