Trânsito | Lo Choi In pede obras na Praça Ferreira do Amaral João Santos Filipe - 13 Jun 2025 O número de acidentes naquela que é uma das zonas características de Macau leva a deputada a defender uma intervenção profunda, que pode passar por um melhor aproveitamento do subsolo A deputada Lo Choi In defende a necessidade de se realizarem obras na Praça Ferreira do Amaral para reduzir os riscos de acidentes para os peões, face ao enorme volume de autocarros. A questão consta de uma interpelação escrita da legisladora ligada à comunidade de Jiangmen. O pedido para alterar aquela que é uma das principais praças do território, e um dos pontos com maior circulação de autocarros, surge depois de na última semana de Maio terem sido registados pelo menos três acidentes com autocarros no local. A deputada considera que os acidentes naquela zona são cada vez mais frequentes e que o problema precisa de uma resposta. “Quando introduzimos num motor de busca as palavras Praça Ferreira do Amaral surgem inúmeras notícias sobre acidentes naquele local, desde atropelamentos de peões, colisões entre autocarros ou acidentes entre autocarros e carros particulares, quando os autocarros entram na rotunda”, descreveu Lo. “A população tem a impressão que este local se tornou um dos pontos negros do trânsito”, avisou. No texto, a deputada reconhece que por vezes os acidentes são da responsabilidade de peões ou das pessoas que não adoptam as cautelas devidas de circulação naquela zona. No entanto, Lo Choi In defende que “quando os acidentes se sucedem, isso pode reflectir as falhas na concepção das paragens de autocarros na rotunda”. Desafios reconhecidos De acordo com a deputada, as obras no local devem ser profundas, embora reconheça que a praça resultou de um desenvolvimento histórico que vai sempre limitar as intervenções na zona. No entanto, Lo sugere uma parceria entre o governo e diferentes instituições académicas para se proceder a um novo planeamento, de forma a que os congestionamentos deixem de ser frequentes, ao contrário do que actualmente acontece, em alturas como o Ano Novo Lunar, a Semana Dourada, ou o Feriado Nacional. Segundo a deputada, o governo deve ponderar convidar especialistas nestas questões para resolver o problema não só de Macau, mas também do Interior. Com estas alterações, Lo indica que vai ser possível “optimizar a eficiência da rede viária, aumentar a segurança dos peões e ainda revitalizar e aproveitar o espaço subterrâneo daquela zona. Ao mesmo tempo, a legisladora aproveita a interpelação para defender a necessidade de substituir e organizar várias paragens de autocarros em Macau, principalmente as mais antigas. Sobre este assunto, Lo afirma que são várias as paragens a ser substituídas e que o trabalho vai levar tempo. Contudo, apela ao Executivo para ter como prioridade as paragens que ficam perto das escolas e as mais utilizadas pelos idosos.
Eleições | Soldado de Mao detido por exploração de mah-jong João Santos Filipe e Nunu Wu - 13 Jun 2025 As autoridades recusaram identificar Wong Wai Man como o detido, mas a informação começou a circular na manhã de ontem. O armador tem estado incontactável desde então. A apresentação da lista candidata às legislativas fica assim em causa, dado que Wong tinha até hoje para reunir 77 assinaturas válidas Numa altura em que lutava contra o tempo na tentativa de reunir 77 assinaturas para se candidatar às eleições legislativas, Wong Wai Man, também conhecido como Soldado de Mao, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ). Com este cenário, a participação nas eleições deverá estar praticamente afastada, dado que Wong terá estado detido durante quase dois dias, e o prazo limite para a recolha das assinaturas em falta termina hoje. As indicações sobre o desaparecimento de Wong Wai Man começaram a circular na manhã de ontem, quando um comunicado, em nome de Carl Ching, amigo do Soldado de Mao, começou a circular online. De acordo com este comunicado, Carl tinha entregue duas cartas junto das autoridades a pedir a libertação de Wong. A primeira foi entregue de manhã, por volta das 9h30, no Ministério Público, e tinha como destinatário o Procurador Chan Tsz King. A segunda, foi entregue por volta do meio-dia na sede do Governo e estava endereçada ao Chefe do Executivo. Além de pedir a libertação imediata do potencial candidato às eleições legislativas, a carta ainda pedia que o processo judicial contra o potencial candidato fosse suspenso, até ao final das eleições. O HM contactou Carl Ching para perceber os contornos da detenção, mas sem sucesso. Ao mesmo tempo, o número de telemóvel de Wong Wai Man esteve sempre incontactável. Quando a informação sobre o caso ainda era escassa, o HM contactou o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público (MP) e a Sede do Governo. O objectivo passou por confirmar a detenção, assim como a entrega das cartas mencionadas. Até ao fecho da edição do HM apenas o CPSP respondeu, indicando que não tinha informações sobre o caso. Exploração de Mah-Jong À tarde, durante a habitual conferência de imprensa da PJ, cuja informação foi citada pelo jornal Ou Mun, foi revelado um caso de exploração de mah-jong. Este é um crime que pode ser punido com uma pena de prisão de um ano ou 120 dias de multas. Segundo os contornos apresentados, o caso resultou num detido, que foi apresentado como um residente de apelido Wong, trabalhador da construção civil e com 61 anos. Os dados coincidem com a identidade de Wong Wai Man, que nasceu em Julho de 1963, o que significa que tem precisamente 61 anos, e é trabalhador da construção civil, precisamente armador de ferro. Além do mais, o caso foi detectado na Rua do Canal Novo, onde fica situada a Associação dos Armadores de Ferro e Aço, igualmente ligada a Wong Wai Man. Após a informação ser relevada, o HM ligou à PJ para confirmar os dados, mas uma porta-voz da PJ limitou-se a dizer que não tinha mais informação para divulgar. Também só depois de grande insistência, a PJ confirmou que a informação citada pela publicação em língua chinesa tinha sido divulgada numa conferência de imprensa de rotina. Buscas na quarta Segundo a PJ, citada pelo jornal Ou Mun, no interior da loja alvo das buscas na manhã de quarta-feira terão sido encontradas 11 mesas electrónicas de mah-jong, embora apenas duas estivessem ligadas. As duas mesas estariam a ser utilizadas por oito pessoas. Além disso, enquanto as autoridades permaneceram na loja, identificada como “loja” para jogar mah-jong, apareceram no local quatro pessoas. Das buscas resultou a detenção de Wong e a apreensão de 18 sets de mah-jong, 1.287 fichas de jogo, e 56 baralhos de cartas. Durante a operação, mais nove homens e três mulheres foram “convidados” a irem à esquadra auxiliar a PJ na investigação. Wong terá recusado responder às perguntas da PJ. A PJ acredita que os jogadores tinham de pagar 200 patacas para poderem jogar, e que durante os três meses de operação terá havido pagamentos no total de de 8.800 patacas. O caso foi encaminhado para o MP. Lista em causa A detenção acontece numa fase em que o Soldado de Macau, também conhecido como Capitão Macau, tentava reunir mais 77 assinaturas para participar nas eleições de Setembro para a Assembleia Legislativa. Na sexta-feira, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) considerou que das 395 assinaturas apresentadas por Wong para constituição da comissão de candidatura, 175 não cumpriam os requisitos legais. Como previsto na lei, foi assim concedido um prazo adicional de cinco dias úteis à potencial lista Ajuda Mútua Grassroots para conseguir as assinaturas necessárias. O prazo terminava hoje, mas o candidato passou cerca de dois dias detido, pelo que não é certo que consiga concluir o processo a tempo de participar no acto eleitoral. Caso as assinaturas fiquem por recolher, o acto eleitoral vai contar com apenas oito listas, sendo que apenas uma delas não se encontra actualmente representada no hemiciclo. A Assembleia Legislativa deverá assim sofrer poucas alterações, no campo dos deputados eleitos pela via directa. História que se repete Esta não é a primeira vez que Wong Wai Man enfrenta problemas com a polícia, depois de tentar exercer direitos previstos na Lei Básica. Em Maio de 2023, após entregar um pedido de manifestação no Dia do Trabalhador junto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), Wong acusou a polícia de lhe enviar mensagens a pedir que cancelasse o pedido. Além disso, na sequência do pedido de manifestação, também a sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço recebeu visitas de agentes da polícia. As queixas de Wong Wai Man, publicadas num artigo do jornal All About Macau, foram investigadas horas depois pela PJ, que concluiu não ter havido pressão do CPSP e que apenas teria havido “pressões pessoais”. Na altura, a PJ indicou que Wong não se mostrou disponível para mostrar todas as mensagens que teria recebido. Na conferência de imprensa da PJ a ilibar o CPSP, a polícia definiu ainda Wong Wai Man como um infractor recorrente. Nessa ocasião, a PJ revelou que a associação ligada a Wong Wai Man tinha sido alvo, desde 2018, de pelo menos oito denúncias de jogo ilegal. A PJ tentou ainda descredibilizar o Soldado de Mao ao indicar que este tinha cometido várias infracções de trânsito, sendo multado por isso. Após ser ilibada, na altura, o CPSP garantiu através de um comunicado que respeita sempre todos os direitos previstos na Lei Básica.
China e África pedem aos EUA que resolvam disputas comerciais sem coerção Hoje Macau - 12 Jun 2025 A China, 53 países africanos e a União Africana pediram ontem à comunidade internacional, em particular aos Estados Unidos, para que resolvam disputas comerciais com diálogo baseado no “respeito e reciprocidade”, rejeitando o unilateralismo e medidas económicas coercivas. “Perante as tentativas de certos países de perturbar a ordem económica e comercial internacional existente através de tarifas, prejudicando os interesses comuns da comunidade internacional, pedimos a todos os países – especialmente os Estados Unidos – que regressem ao caminho correcto de resolver disputas comerciais através de consultas baseadas em igualdade, respeito e reciprocidade”, refere-se na declaração emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. O comunicado foi divulgado no final da reunião de acompanhamento do Fórum de Cooperação China África (FOCAC), realizada na cidade central chinesa de Changsha, onde foi discutida a aplicação dos acordos da última reunião de Pequim, em 2024. Os signatários denunciaram que o uso de tarifas e outras barreiras está “a perturbar a ordem económica e comercial internacional existente” e alertaram que “nenhum país deve fazer concessões ou acordos às custas dos interesses de outros”. Mais ajuda Nesse contexto, pediram que a comunidade internacional “aumente substancialmente – e não reduza drasticamente – a ajuda ao desenvolvimento da África”, com o objectivo de melhorar os meios de subsistência, reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento económico e social no continente. Como parte dos seus compromissos, a China anunciou isenções tarifárias totais para produtos tributáveis dos 53 países africanos com os quais mantém relações diplomáticas – excepto Esuatini , bem como novas medidas para facilitar o acesso de produtos africanos ao seu mercado. Na reunião, foi apresentada uma lista detalhada do estado dos acordos de Pequim e foi lançado o programa comercial China-África programado para 2026. Paralelamente, Pequim reafirmou a sua disponibilidade para cooperar com a África em sectores como indústria verde, comércio electrónico, inteligência artificial, segurança e governança, no contexto de uma relação económica que ganhou peso. Segundo dados da Administração Geral de Alfândegas, o comércio bilateral superou os 2,1 triliões de yuans (255,7 biliões de euros) em 2024, enquanto nos primeiros cinco meses de 2025 cresceu 12,4 por cento em relação ao ano anterior, até 963,21 biliões de yuans (117,29 biliões de euros).
A porta das estrelas (I) Jorge Rodrigues Simão - 12 Jun 2025 (Continuação da edição de 5 de Junho) Para entender o projecto de Trump, é essencial assistir ao vídeo de apresentação do Stargate. O magnata começa a falar quase em burocratês, afirmando que o objectivo do projecto é construir «a infra-estrutura física e virtual para fortalecer a próxima geração de inteligências artificiais». Depois, faz uma pausa, respira fundo e prossegue com a afirmação fatal de que «Para isso, construiremos centros de dados colossais». Esta passagem, se o magnata tivesse optado por publicá-la no “Truth Social” em vez de anunciá-la em transmissão mundial, teria certamente sido escrita em letras maiúsculas trumpianas «CONSTRUIREMOS CENTROS DE DADOS COLOSSAIS». A porta das estrelas, em suma, é algo muito terreno. Não se trata de escrever algumas linhas de software, mas de construir enormes galpões industriais onde armazenar uma quantidade gigantesca de dados, necessários para treinar as IAs a igualar e talvez superar a inteligência humana. Trata-se de desviar cursos de água inteiros para arrefecer as máquinas, dado o incrível consumo energético dessas infra-estruturas. A IA consome muita energia e certamente não é «verde». Trump percebeu isso e, portanto, o slogan da campanha Republicana de 2008 «drill, baby, drill!» também se adapta ao desenvolvimento da IA. Não é crueldade ou desinteresse em relação ao destino ecológico do planeta. É puro princípio de realidade. Típico, antes do presidente, do empresário. Porque Altman pode contratar todos os melhores engenheiros informáticos do mundo e recolher todos os dados que quiser, mas sem as GPUs de Jensen e a terra de Donald ChatGpt pode ser, no máximo, uma calculadora brilhante. Numa entrevista recente, Jake Sullivan, ex-Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos explicou que agora o Estado já não consegue exercer um controlo real sobre o desenvolvimento tecnológico, especialmente quando se trata de IA. É assim mesmo. Regular a OpenAi e empresas semelhantes é impossível. A inovação é muito rápida e não pode ser abrandada sem criar ameaças à segurança nacional. No entanto, como a IA não existe na natureza, mas tem de ser produzida, raciocina Trump, se eu quiser exercer poder neste processo, um poder, não uma governação ao estilo europeu que equivale a suicídio industrial, tenho de me inserir nas cadeias de valor. Como fazer isso? Às vezes, as soluções mais banais são também as mais eficazes. Certamente, o Estado não pode competir com Altman em software, com Jensen em hardware ou com Ellison e a Microsoft na nuvem. Mas continua a ser o único sujeito que possui o solo, sobre a qual exerce o monopólio da violência legítima e sobre a qual pode conceder autorização para «CONSTRUIR CENTROS DE DADOS COLOSSAIS». Só o Estado pode decidir desviar cursos de água para direccioná-los para as instalações de refrigeração e fornecer aos centros de dados a energia necessária para alimentar a capacidade de computação. Nem as GPUs de Jensen, nem o software da OpenAI, nem a nuvem da Oracle o podem fazer. Neste mundo, só Donald Trump o pode fazer. Em termos económicos, trata-se de ocupar um ponto de estrangulamento numa cadeia de valor. No momento, o presidente e os três mosqueteiros da Stargate (Ellison, Masa e Altman) estão alinhados. Portanto, o magnata promete uma enxurrada de ordens executivas e declarações de emergência para garantir o abastecimento de água e energia necessários para alimentar os colossais centros de dados que agora fazem parte da paisagem americana. No entanto, ao fazer isso, Trump também pretende sinalizar aos seus companheiros de viagem que a porta das estrelas ainda depende do Estado, pelo menos até que nas palavras de Max Weber «o último quintal de combustível fóssil seja queimado». Perfurem. Assim e resumindo, através do Stargate, Trump pretende consolidar a primazia em IA em relação à China e manter alguma forma de controlo sobre a inovação. A responsabilidade financeira da operação ou seja, a tarefa de encontrar os cem mil milhões de dólares para começar e depois quintuplicá-los cabe ao SoftBank, enquanto a responsabilidade operacional é da OpenAi. A Oracle disponibilizará as nuvens e a Nvidia as GPUs, enquanto ao governo cabe a tarefa de garantir o fornecimento de energia necessário para alimentar todo o processo. Stargate é, antes de mais nada, um projecto de infra-estrutura, que se concretiza na construção de centros de dados colossais e na futura criação de cem mil postos de trabalho. Como disse Trump no fórum de Davos, a porta das estrelas deve, de facto, ser inserida na estratégia industrial mais ampla do país, que consiste em «tornar os Estados Unidos uma superpotência industrial».
Consulado | Sara Augusto apresenta livro e exposição sobre Camões Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 “Vasto Império do Coração” é o título do livro que Sara Augusto apresenta na próxima quarta-feira. A obra, acompanhada por uma exposição focada na presença de Camões em Macau, faz parte do cartaz de celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas Macau continua a celebrar a portugalidade e o poeta maior da língua portuguesa, Luís de Camões, com vários eventos e protagonistas. Desta vez o foco é, novamente o poeta, mas a iniciativa nasce de Sara Augusto, académica, docente de português na Universidade Cidade de Macau e também fotógrafa. “Vasto Império do Coração” é o verso de António Couto de Viana que dá nome ao livro e exposição será apresentada na próxima quarta-feira, 18 no Auditório Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra composta por 12 imagens de Sara Augusto, fica também patente no mesmo local. Ao HM, Sara Augusto explica que a escolha do nome para a obra e exposição “tem a ver com a sonoridade do verso”. “O poema a que pertence é um poema atormentado, que faz contrastar a imensidade da obra de Camões como um país que não corresponde às expectativas do sujeito poético. Mas não foi o sentido do poema que me interessou, foi este verso em particular que me parece relacionar-se com a vocação para as viagens marítimas e sobretudo com a expansão da língua portuguesa. Camões, como um dos poetas mais celebrados na nossa língua, representa esse vasto poder de uma língua, capaz de expressar latitudes e culturas diferentes como mostra a riqueza da literatura lusófona”, explicou. “Vasto Império do Coração” resulta do trabalho desenvolvido por Sara Augusto para um congresso. “Esse trabalho foi depois mais desenvolvido e apresentado num colóquio em Pequim, organizado também pelo Instituto Português do Oriente, no âmbito da celebração dos 500 anos do nascimento do poeta. Desta apresentação veio a ideia de publicar um volume com uma antologia de textos, um estudo e registo fotográfico, ambos da minha autoria.” Testemunhos poéticos A obra em causa é uma antologia que “recolhe registos poéticos de visitantes, de escritores portugueses que residiram em Macau algum tempo e de escritores nascidos em Macau, revelando laços que celebram, se identificam e que inscreveram Camões na memória colectiva”. Sara Augusto adianta que “o conjunto de textos abrange pouco mais de dois séculos” e o ponto de partida é o poema “Camões”, de Almeida Garrett, “que se tornou o modelo da imagem romântica do poeta solitário, escrevendo os seus versos no cenário da gruta”. “Este modelo foi levado à letra no século XIX e em grande parte do século XX. O livro ‘A Gruta de Camões’ de Monsenhor Manuel Teixeira foi uma fonte importante, tal como a consulta dos cinco volumes da antologia ‘De Longe à China’, além de uma pesquisa demorada na Biblioteca Pública de Macau. A antologia contém poemas de Miguel Torga, Sophia, José Augusto Seabra, José Jorge Letria, por exemplo. Outros poetas portugueses visitaram e viveram algum tempo em Macau, como António Manuel Couto Viana, José Valle de Figueiredo, ou ainda Alice Vieira e Eugénio de Andrade”, explicou Sara Augusto. O lugar de Adé A autora destaca que “foi muito importante a poesia de inspiração camoniana de José dos Santos Ferreira, Adé, que chegou a traduzir poemas de Camões para patuá, ou ainda a poesia de José Joaquim Monteiro, Leonel Alves, Maria do Rosário Almeida, António Correia, Fernanda Dias, Josué da Silva, António Bondoso, José Maria Bártolo”. Depois, já no século XXI, “o tema camoniano continuou, tomando formas distintas e mais elaboradas, como acontece com Fernando Sales Lopes, Jorge Arrimar, António Mil-Homens e ainda Carlos Morais José”, este último um nome que Sara Augusto considera “incontornável”, tendo em conta o romance “O Arquivo das Confissões”. As imagens na exposição são a preto e branco e focam-se “no jardim e na gruta de Camões”, pretendendo “acompanhar o registo poético”. Com os dois projectos, a responsável quis “participar da celebração dos 500 anos do nascimento de Camões e apresentar um acervo de forma organizada, acompanhado de um estudo”. Além disso, “pretendeu-se reunir a poesia que fala de Camões, mas também a imagem subjectiva de um registo fotográfico”, disse.
PCC | Ex-líder taiwanês Ma Ying-jeou visita China Hoje Macau - 12 Jun 2025 O ex-líder de Taiwan Ma Ying-jeou visita esta semana Xiamen, sudeste da China, para participar no Fórum do Estreito, evento organizado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), informou ontem a agência de notícias taiwanesa CNA. O director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, explicou que o ex-líder da ilha (2008-2016) acompanha um grupo de estudantes, entre 14 a 27 de Junho, naquela que será a quarta viagem à China desde que deixou o cargo, de acordo com um comunicado divulgado pela CNA. Durante a visita, Ma e o resto da delegação vão participar na 17.ª edição do Fórum do Estreito, além de viajarem ainda até à província noroeste de Gansu, para visitar os vestígios da antiga Rota da Seda, entre outras actividades de caráter cultural. Hsiao, que não antecipou possíveis reuniões entre o ex-líder taiwanês e altos funcionários do PCC, indicou que a situação actual entre os dois lados do Estreito “é mais grave do que nunca” e, por isso, manter o diálogo entre ambas as partes é “ainda mais necessário”. “Ma Ying-jeou está disposto a tomar medidas concretas e a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover o intercâmbio entre ambos os lados, construir pontes de paz e transmitir o desejo de intercâmbio que existe na sociedade civil de ambos os lados”, referiu o director executivo da fundação, ainda segundo a nota. A China e Taiwan passaram por um momento de aproximação durante a liderança de Ma, a ponto de o líder ter mantido um encontro histórico em Singapura com o homólogo chinês, Xi Jinping, no final de 2015, o primeiro entre líderes dos dois lados do estreito em mais de 60 anos. Ma e Xi voltaram a reunir-se em Abril do ano passado em Pequim e, nessa ocasião, o Presidente chinês insistiu que “não há forças que possam separar Taiwan da China”.
Aviação | Anfíbio AG600 com certificação para iniciar produção em série Hoje Macau - 12 Jun 2025 O AG600, considerado o maior avião anfíbio do mundo, recebeu ontem o certificado para a sua produção, anunciou a Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC), em comunicado. O AG600, também o primeiro avião anfíbio de grande porte construído na China, tem 39,6 metros de comprimento e 38,8 metros de envergadura – dimensões semelhantes às de um Boeing 737 –, e um peso máximo de 53,5 toneladas. A AVIC, uma das construtoras estatais de aviões do país, indicou que o certificado marca “o início da fase de produção em massa” do AG600. A aeronave, projectada principalmente para missões de salvamento marítimo e combate a incêndios, completou em Abril passado a certificação de aeronavegabilidade, após acumular mais de 3.500 horas de voo, acrescentou a AVIC. Os testes de voo foram realizados em condições diversas, incluindo ambientes de frio extremo, altas temperaturas e humidade, bem como ventos fortes, para verificar as capacidades operacionais do aparelho. O AG600 é o maior avião anfíbio actualmente em operação, comparável em escala a aeronaves de fuselagem estreita como o Boeing 737 ou o Airbus A320. O primeiro voo do avião ocorreu a 24 de Dezembro de 2017, seguido de outro voo bem-sucedido em 2018. Em Junho de 2024, a China iniciou a produção em pequena escala do aparelho.
Brasil e Moçambique sobem em índice chinês de infraestruturas Hoje Macau - 12 Jun 2025 O Brasil subiu ao quarto lugar num índice chinês para a construção de infraestruturas a nível mundial, enquanto Moçambique ultrapassou Angola, de acordo com um relatório ontem divulgado em Macau. No ‘ranking’ de 2025 do Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, liderado pela Arábia Saudita, Indonésia e Malásia, o Brasil é o país lusófono com melhor pontuação, tendo apanhado o Vietname na quarta posição. Esta iniciativa, anunciada pelo líder chinês, Xi Jinping, em 2013, envolve mais de 80 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos. O Brasil “tem continuado a melhorar as políticas fiscais e tributárias e a avançar nas estratégias industriais, o que leva a melhorias sustentadas no ambiente de negócios e a um aumento constante do dinamismo”, refere o relatório. Moçambique subiu do 38.º para o 34.º lugar do índice, com o país a “demonstrar melhorias notáveis” e a ultrapassar Angola, que caiu da 20.ª para a 35.ª posição, de acordo com o documento. Ajustes na política monetária de Moçambique e revisões na lei de investimento “promoveram um ambiente de negócios mais favorável, permitindo um progresso sem sobressaltos em projetos importantes”, explicou o relatório. Mundo português Segue-se, entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Guiné Equatorial (56.º lugar), Portugal (62.º), Timor-Leste (67.º), Cabo Verde (70.º), São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau (ambos no 73.º). O índice avalia o ambiente, a procura, a receptividade e os custos para o desenvolvimento de infraestruturas em 84 países. Quanto mais alta for a pontuação, melhor será a perspectiva da indústria de infraestruturas de um país e maior será o grau de atractividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios. No caso de Portugal, o relatório destacou as contas públicas positivas e reservas cambiais estáveis, “reforçando a capacidade de pagamento externo do país”, nomeadamente para investir em infraestruturas. Além disso, o relatório sublinhou que Portugal atingiu um recorde na produção de energia renovável, que representou 71 por cento do consumo nacional de electricidade em 2024. O documento foi apresentado no 16.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas, que está a decorrer em Macau até quinta-feira, reunindo representantes de mais de 70 países e regiões.
Visita | Lagarde diz em Pequim que é necessário “agir” para evitar novas tensões comerciais Hoje Macau - 12 Jun 2025 A líder do BCE está em Pequim, onde apelou a uma cooperação activa contra a fragmentação global e as “as políticas comerciais coercivas” A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu ontem em Pequim que “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios” globais e apelou à acção para evitar uma “escalada de tensões mutuamente prejudicial”. Lagarde encontra-se na capital chinesa para reuniões com o Banco Popular da China (banco central), segundo anunciou na terça-feira, através da rede social X. A responsável destacou num discurso as crescentes dificuldades à cooperação internacional num cenário de “tensões comerciais” e “complexidade geopolítica”. “Os ajustamentos unilaterais para resolver fricções globais revelaram-se frequentemente insuficientes ao longo da história”, afirmou Lagarde, sublinhando que estas medidas podem gerar “consequências imprevisíveis ou onerosas”, sobretudo quando substituem políticas estruturais destinadas a lidar com as causas profundas dos desequilíbrios. A presidente do BCE alertou para o aumento das fricções entre regiões com interesses geopolíticos desalinhados, num contexto em que essas mesmas regiões “estão mais integradas economicamente do que nunca”. “O incentivo à cooperação está a enfraquecer, mas os custos da não-cooperação aumentaram”, advertiu. Num mundo em processo de fragmentação, após décadas de globalização que não garantiu a todos os países as mesmas condições, Lagarde defendeu que a cooperação deve ser preservada. “Alguns países de baixo rendimento registaram avanços notáveis – nenhum mais do que a China”, salientou. “As economias avançadas também beneficiaram, ainda que de forma desigual”, notou, recordando que os consumidores obtiveram preços mais baixos e que muitas empresas europeias colheram ganhos substanciais ao subir na cadeia de valor. Proteccionismo destrutivo Contudo, Lagarde sublinhou que o cenário actual é marcado por “níveis tarifários inimagináveis há poucos anos”, impulsionados por um “realinhamento geopolítico” e pela percepção crescente de “injustiças no comércio internacional”. A presidente do BCE considerou que excedentes e défices não são problemáticos por si só, quando reflectem factores como a vantagem comparativa ou a evolução demográfica. “Tornam-se polémicos quando não são corrigidos ao longo do tempo e se atribuem a decisões políticas”, apontou. “Poucos países estão dispostos a manter dependência de outros”, reconheceu, ressalvando que isso “não significa abdicar dos benefícios mais amplos do comércio”. Para Lagarde, o proteccionismo não constitui uma solução sustentável: “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios estruturais, apenas corroem os alicerces da prosperidade global”. A responsável apelou a soluções “cooperativas”, que envolvam ajustamentos das políticas macroeconómicas tanto por parte de países com excedente como dos que registam défices, e defendeu uma transição para uma economia global “mais sustentável e assente em regras comuns – ou melhoradas”. Banca de acordo O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Popular da China (banco central) assinaram ontem um memorando de entendimento para cooperar na área da banca central. O BCE informou que a assinatura do memorando ocorre por ocasião da visita a Pequim da sua presidente, Christine Lagarde, onde se reuniu com o governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng. Este memorando de entendimento, que actualiza o assinado em 2008, inclui a base para o intercâmbio de informações, diálogo e cooperação entre as duas instituições regularmente. “É importante que mantenhamos a cooperação global e estou muito satisfeita por assinar este memorando de entendimento com o governador Pan como sinal do nosso diálogo contínuo com o Banco Popular da China”, disse Lagarde.
Imobiliário | JLL pede planeamento urbano urgente para o ZAPE Hoje Macau - 12 Jun 2025 Com o anunciado encerramento dos casinos-satélite, não só as propriedades onde estão ainda instalados, como as dos restaurantes e lojas nos seus arredores, vão sofrer uma depreciação de valor. Para acautelar o impacto dos fechos, não só no mercado imobiliário, mas também nos negócios do comércio e restaurantes que têm vivido dos jogadores, a imobiliária JLL pede ao Governo que anuncie o mais brevemente possível as ideias que tem para o ZAPE, em especial ao nível do planeamento urbano, para estabilizar a confiança do mercado e o ambiente empresarial. Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, a empresa refere que na avaliação de imóveis com um casino-satélite, a área do casino representa cerca de 50 por cento da avaliação total, que é baseada na renda calculada com base nos rendimentos do casino. Ora, se estes espaços deixarem de ter jogo e ficarem apenas com os negócios de comércio, as rendas cairão drasticamente, assim como o valor da propriedade. A imobiliária alertou ainda para o efeito dominó que poderá ser desencadeado pela desvalorização das propriedades, não só ao nível das receitas apuradas pelos proprietários em rendas, mas também na capacidade para pagar empréstimos contraídos aos bancos.
SMG | Wutip pode levar a sinal 3, esperadas inundações João Luz - 12 Jun 2025 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos consideram a possibilidade de emitir hoje o sinal 3 como moderada. O ciclone tropical, baptizado como Wutip, poderá resultar em inundações ligeiras nas zonas baixas da cidade, especialmente no sul do Porto Interior, devido à conjugação de chuva contínua e maré astronómica A primeira tempestade tropical do ano pode levar os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a içar ao longo do dia de hoje o sinal 3, avançaram ontem as autoridades, depois de terem içado o sinal 1 às 06h de ontem. A depressão tropical localizada na parte central do Mar do Sul da China intensificou-se durante a manhã de ontem para uma tempestade tropical, e foi denominada de “Wutip”. Como a projecção da localização da tempestade foi revista mais para norte do que o inicialmente previsto e, “devido à influência conjunta de uma crista de alta pressão”, ontem o vento em Macau intensificou-se. A previsão dos SMG apontava ontem para a possibilidade de o vento atingir hoje o nível 6 da Escala de Beaufort, especialmente na Ponte de Sai Van. Os fortes ventos podem ser acompanhados por aguaceiros e trovoadas. Devido à hipótese de fortes rajadas de vento, as autoridades recomendaram aos condutores de motociclos o uso do corredor exclusivo na Ponte Sai Van ou Ponte Macau para viajar entre a Taipa e a Península de Macau. Devido à influência de uma corrente de ar sudoeste, entre o final do dia de amanhã e o início da manhã de domingo, “Macau vai sofrer aguaceiros fortes e frequentes, acompanhados de trovoadas”, e “a precipitação acumulada será significativa, podendo haver inundações em zonas baixas devido à chuva contínua”. “Por outro lado, nos próximos dias, devido à maré astronómica associada a vento forte, na quinta-feira (hoje), poderão ocorrer ligeiras inundações na zona sul do Porto Interior”, acrescentaram ontem os SMG. A rota possível Com base nas previsões de ontem dos SMG, a tempestade tropical mover-se-á em direcção à ilha de Hainan e, posteriormente, seguirá para norte-nordeste, em direcção à costa oeste de Guangdong. Uma vez que a trajectória do ciclone tropical ainda é incerta, as autoridades aconselharam ontem à população que preste atenção às últimas informações meteorológicas e tome medidas de precaução contra o vento e as inundações. Além disso, as autoridades sugerem à população que verifique a segurança de objectos que possam ser arrastados ou destruídos pelo vento, como vasos, ou antenas, reparar e reforçar andaimes e tapumes, desobstruir canalização em instalações de obras, considerar a recolha de embarcações para abrigos e portos de segurança.
Levo Chan | Condenação em Macau impede acesso de esposa a dinheiro em Taiwan Hoje Macau - 12 Jun 2025 Ady An, esposa de Levo Chan, foi impedida de movimentar o dinheiro do empresário e promotor do jogo que se encontra guardado num banco em Taiwan. Em causa, está a condenação em Macau de Levo Chan pela prática de 27 crimes e a aplicação de 13 anos de prisão: 24 crimes de exploração ilícita de jogo em local autorizado, 1 crime de associação ou sociedade secreta, 1 crime de exploração ilícita de jogo e 1 crime agravado de branqueamento de capitais. De acordo com dois processos diferentes que correram nos tribunais da Ilha Formosa, face à condenação na RAEM do junket, o banco onde o dinheiro está guardado suspeita que os capitais tenham origem duvidosa. Por esse motivo, quando Ady An tentou fazer um levantamento de 65 mil dólares americanos (525 mil patacas) para pagar o empréstimo da habitação, o banco recusou o levantamento. Segundo a instituição bancária, aquele dinheiro só pode ser acedido pelo próprio Levo Chan, apesar de este se encontrar a cumprir pena de 13 anos de prisão em Coloane. Ady An levou o caso para os tribunais e pretendia obter a confirmação dos seus poderes para movimentar a conta onde estão depositados 50 milhões de dólares de Hong Kong (51,45 milhões de patacas) e 200 mil dólares americanos (1,62 milhões de patacas) de Levo Chan. Numa decisão de Dezembro de 2023, Ady perdeu o caso. Antes desta decisão, a mulher de Levo Chan também perdeu um outro caso, ligado ao mais recente, em que contestava a necessidade de pagar de 1,65 milhões de dólares taiwaneses (446 mil patacas) para que o caso principal fosse julgado. Em ambas as situações, o tribunal decidiu contra a famosa actriz e cantora de Taiwan e mãe de dois filhos de Levo.
MP | Procurador-adjunto condenado formalmente demitido Hoje Macau - 12 Jun 2025 O procurador-adjunto Kong Chi, condenado em Fevereiro a 21 anos de prisão por ajudar pessoas a escapar à Justiça, foi formalmente demitido de funções com a autorização oficial de Sam Hou Fai. O caso resultou também na condenação de dois empresários a 16 e 10 anos de prisão Agora é oficial. Depois de ter sido condenado a 21 anos de prisão, o Conselho dos Magistrados do Ministério Público aplicou “ao arguido Kong Chi, que exercia as funções de procurador-adjunto, a pena de demissão”. A demissão foi autorizada pelo Chefe do Executivo, num aviso publicado ontem no Boletim Oficial (BO). O aviso, assinado pelo presidente do conselho e Procurador do Ministério Público, Chan Tsz King, data de 04 de Junho. Kong Chi foi condenado em 18 de Fevereiro pelo Tribunal de Última Instância (TUI), a 21 anos de prisão, depois de o Ministério Público recorrer da sentença de 17 anos. “Foi proferida a decisão de última instância relativa ao caso de corrupção passiva e prevaricação do magistrado do Ministério Público (ora encontra-se suspenso de funções), que passou a ser condenado em 21 anos de prisão, por o TUI considerá-lo culpado pelo crime de associação ou sociedade secreta”, lê-se num comunicado divulgado então pelo gabinete do presidente do TUI. Em Janeiro do ano passado, o Tribunal de Segunda Instância (TSI) considerou Kong Chi culpado de dezenas de crimes de corrupção passiva para acto ilícito, abuso de poder, prevaricação e violação de segredo de justiça. A sentença decidiu ainda a perda, a favor das autoridades de Macau, de bens detidos pelo procurador-adjunto no valor de 14 milhões de patacas, considerando como sendo “de origem desconhecida”. Os cinco juízes do tribunal colectivo consideraram que este dinheiro terá vindo de subornos, disfarçados como “honorários ou taxas de consultoria”, pagos a um casal de empresários do ramo do câmbio de dinheiro, Choi Sao Ieng e Ng Wai Chu. Dentro e fora De acordo com a sentença do TSI, entre 2008 e 2015, o procurador-adjunto ignorou provas, aconselhou pessoas sob investigação a mudar depoimentos, partilhou informação confidencial ou sob segredo de justiça, mesmo em casos atribuídos a outros procuradores. O procurador-adjunto, que estava desde Fevereiro de 2022 de licença sem vencimento de longa duração e que regressou a Macau em Setembro de 2023, tendo sido de imediato colocado em prisão preventiva, negou todas as acusações. A Justiça de Macau aplicou, na altura, penas de 14 e seis anos de prisão, respectivamente, a Choi Sao Ieng e Ng Wai Chu, que o TUI também reviu após recurso do MP, para 16 e dez anos, respectivamente, de prisão efectiva. Neste caso esteve também envolvida a advogada de nacionalidade portuguesa Kuan Hoi Lon, que o TSI absolveu por considerar que nunca houve qualquer contacto com Kong Chi. Em 2017, o ex-procurador Ho Chio Meng, que liderou o MP de Macau desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, até 2014, foi condenado a 21 anos de prisão por vários crimes, incluindo burla, branqueamento de capitais e associação criminosa.
CCAC | Número de queixas, denúncias e processos cresce em 2024 João Santos Filipe - 12 Jun 2025 O relatório assinado por Ao Ieong Song destaca que o sector privado está cada vez mais aberto a apresentar queixas por corrupção. No sector público, a actividade do CCCA focou as energias nas simulações de comparência no serviço por parte dos trabalhadores públicos Em 2024, o número de queixas, denúncias e processos instruídos por iniciativa do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) registou um aumento de 9,6 por cento, face a 2023, de 701 para 768 ocorrências. Os números foram revelados ontem com o Relatório de Actividades do Comissariado contra a Corrupção de Macau de 2024. Entre as queixas, denúncias e processos instruídos pelo CCAC, 741 foram apresentadas por cidadãos, 17 foram processos encaminhados por serviços públicos, dois foram processos instruídos por iniciativa do CCAC, quatro tiveram como base informações extraídas de processos de órgãos judiciais, e outros quatro foram resultaram das comunicações internas de troca de informações entre a Direcção dos Serviços contra a Corrupção (DSCC) e a Direcção dos Serviços de Provedoria de Justiça (DSPJ). Em comparação com 2023, houve mais 65 queixas e denúncias de cidadãos e mais sete processos encaminhados por outras entidades. No entanto, o CCAC teve menor iniciativa, com uma diferença de dois processos, e também o número de processos instruídos resultantes da troca de informação da DSCC e da DSPJ apresentou uma redução de três processos. O número de processos com base em informações extraídas de processos de órgãos judiciais manteve-se em quatro, sem alterações. Uma das competências do CCAC passa por fornecer diferentes tipos de informações, e no âmbito destas funções o organismo lidou com 1.667 pedidos. Também neste aspecto, em 2024, o CCAC registou maior actividade, ao lidar com mais 50 pedidos de informações do que em 2023. Mais casos no MP A informação compilada pelo organismo liderado por Ao Ieong Song destaca que entre os casos investigados nos últimos três anos “houve um aumento da percentagem dos que foram encaminhados para o Ministério Público”. Este aumento tem tido altos e baixos, dado que em 2022 cerca de 9,7 por cento dos processos foram encaminhados para o MP. No ano seguinte, em 2023, a proporção de casos enviados para o MP baixou para 8,8 por cento, todavia, no ano passado, aumentou para 16,8 por cento. No relatório, é também destacado que “o peso dos processos relacionados com o sector privado tem vindo a aumentar de ano para ano”. O CCAC destaca mesmo que no ano passado encaminhou dois casos de corrupção no sector privado para o MP, o que definiu como “raro”. “Verifica-se que o peso de processos relacionados com o sector privado tem vindo a aumentar de ano para ano enquanto a percentagem de casos relacionados com o sector público tem vindo a diminuir gradualmente”, foi indicado. “Ao mesmo tempo, verificou-se uma grande mudança na atitude da sociedade em relação ao tratamento dos casos de corrupção no sector privado, por exemplo, em 2024, pela primeira vez, algumas empresas integradas de turismo e lazer tomaram a iniciativa de apresentar queixas sobre casos suspeitos de corrupção no sector privado envolvendo trabalhadores de empresas suas subordinadas”, foi notado. “Trata-se, sem dúvida, de um bom começo para o combate à corrupção no sector privado”, foi acrescentado. Wong Sio Chak defende tolerância zero para irregularidades O secretário para a Segurança defendeu tolerância zero para os funcionários dos Serviços de Alfândega (SA) e os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) que estão a ser alvos de investigação pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Os casos surgem no relatório do CCAC divulgado ontem. Numa nota publicada no portal da secretaria da Segurança, Wong apontou que as “autoridades já tomaram medidas rigorosas relativamente ao pessoal envolvido” e que prometeu uma política de tolerância zero para “a prática de quaisquer actos que violem a lei e a disciplina por parte dos funcionários”. Wong também deu instruções às várias equipas e departamentos sob a sua alçada para reforçarem a gestão e supervisão internas, melhorarem várias orientações de trabalho, continuarem a sensibilizar os agentes para conhecerem e cumprirem a lei e encararem com seriedade a disciplina policial. Num dos casos relatados pelo CCAC, verificou-se que um agente do CPSP tinha por hábito sair do trabalho, ou nem sequer comparecer, pedindo aos colegas que lhe picassem o ponto. A situação aconteceu de 2018 a 2024, e em causa está a prática de vários crimes de burla e de falsificação praticada por funcionários. A nível dos SA, foram detectados três casos também de faltas indevidas ou de ausências prolongadas, justificadas com atestados médicos que se suspeita terem sido passados por médicos que sabiam que os agentes não tinham problemas de saúde. Terão recebido entre 600 mil e 1,7 milhões de patacas a título de remunerações indevidas.
Finanças | Despesa pública aumenta 1,2% até ao final de Maio Hoje Macau - 12 Jun 2025 Apesar da despesa pública ter aumentado e as receitas públicas diminuído, Macau terminou Maio com um excedente nas contas públicas de 11,7 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento do que no mesmo período do ano passado A despesa pública subiu 1,2 por cento nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, foi anunciado na terça-feira, ainda antes da revisão do orçamento. De acordo com dados publicados ‘online’ pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), foram gastos até Maio 31,6 mil milhões de patacas. A despesa pública aumentou devido ao acréscimo de 54,6 por cento, para 942,1 milhões de patacas, no valor aplicado em “acções e outras participações”. A Lusa pediu à DSF mais informação sobre esta rubrica, mas não recebeu até ao momento qualquer resposta. Além disso, os gastos em apoios e subsídios sociais aumentaram 1,6 por cento para 15,3 mil milhões de patacas. A Assembleia Legislativa aprovou ontem uma proposta, apresentada pelo Governo para aumentar em 2,86 mil milhões de patacas as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para as crianças até 3 anos, para elevar a mais baixa natalidade do mundo. Em sentido contrário à despesa, a receita corrente de Macau caiu 1,9 por cento nos primeiros cinco meses do ano, para 43 mil milhões de patacas. A principal razão para a diminuição foi uma queda de 70,7 por cento, para 366,1 milhões de patacas, nos “rendimentos da propriedade”, rubrica que inclui a receita das concessões de terrenos. Pelo contrário, as receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86,4 por cento do total – subiram 0,3 por cento, para 37,1 mil milhões de patacas. As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. Impostos do jogo em alta Os impostos provenientes das receitas totais dos casinos de Macau, que atingiram 97,7 mil milhões de patacas nos primeiros cinco meses do ano, cresceram mais 1,7 por cento do que no mesmo período de 2024. Em 15 de Abril, o Sam Hou Fai, admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração nas receitas do jogo. Macau terminou Maio com um excedente nas contas públicas de 11,7 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento do que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, este valor já é maior do que a previsão do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior.
G-Dragon | Deputados exigem maior verificação de ilegais Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 A descoberta de trabalhadores ilegais nos postos de venda do concerto do rapper e compositor G-Dragon, em Macau, levou os deputados a manifestarem-se ontem no hemiciclo, no período de antes da ordem do dia, exigindo maior fiscalização nesta matéria. O deputado Lei Leong Wong diz ter recebido “várias queixas de trabalhadores de diversos sectores que alegam que há muitos trabalhadores ilegais” no território, nomeadamente “‘fotógrafos acompanhantes’ nas redes sociais do Interior da China, que têm ‘licenças especiais de condução’ e aproveitam para o exercício ilegal da actividade de transporte”. Lei Leong Wong lembrou que “registou-se um caso suspeito de trabalho ilegal numa zona de venda de lembranças, durante um concerto realizado em Macau por um cantor muito famoso da Coreia do Sul, o que despertou a atenção de Macau e das regiões vizinhas”. Para o deputado, “todas estas situações, além de prejudicarem gravemente os direitos e interesses dos trabalhadores locais, podem ainda afectar as estratégias e o planeamento do desenvolvimento económico de Macau”. Também Leong Sun Iok recorreu a este tema para intervir, dizendo que “num concerto realizado recentemente, terão sido contratados 68 trabalhadores ilegais para a venda de lembranças”, num caso que envolveu “estudantes universitários a estudar em Macau e trabalhadores a exercer funções não autorizadas”. Segundo o relato do deputado, “houve mesmo quem afirmasse ser voluntário para fugir às responsabilidades, caso que despertou a atenção da sociedade”. Para Leong Sun Iok, “o problema de trabalhadores ilegais tem vindo a reduzir o espaço de sobrevivência das empresas cumpridoras da lei e dos trabalhadores locais”.
Ka-Hó | Wang Sai Man sugere optimização de terminal Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 O deputado Wang Sai Man defendeu ontem, no período de interpelações antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa (AL), que são necessárias reformulações no terminal de Ka-Hó, em Coloane. Na sua visão, é necessária “uma inspecção sanitária regular e abrangente”, sendo que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) “só pode inspeccionar produtos de carne não congelada, como lacticínios e enlatados, em determinados períodos de tempo, e não pode tratar dos produtos de carne congelada que chegam através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”. Trata-se de algo que “afecta a eficiência logística, provocando a perda de clientes”. “Por outro lado”, destaca Wang Sai Man, “sempre que é içado o sinal de tufão, as empresas têm de rebocar as embarcações atracadas em Ká-Hó para se abrigarem no Porto Interior, e as operações só são retomadas quando o sinal de tufão baixa para 1”, pelo que “durante este período há atrasos na entrega de mercadorias, incluindo a aérea, e a mercadoria congelada não é inspeccionada a tempo, o que resulta em perda de tempo e dinheiro”. Além disso, “como a Ponte-Cais de Ká-Hó está longe do centro da cidade, o transporte dos contentores para o armazém é demorado, o que aumenta os custos de combustíveis”. Assim sendo, Wang Sai Man pede ao IAM que “melhore, o mais rápido possível, as instalações do posto de inspecção do Teminal de Ká-Hó, ajuste os recursos humanos para prestar serviços de inspecção que abrangem as mercadorias da cadeia fria por via marítima e importados através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, evitando o impacto das actuais disposições do referido Terminal, a fim de responder às necessidades reais do sector”.
Droga | “Space Oil” passa a estar integrado na lei Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 Os deputados aprovaram ontem na generalidade e na especialidade, com carácter de urgência, a revisão à lei de 2009 sobre a “proibição de produção, tráfico e consumo ilícitos de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas”. O processo incluiu o aditamento de novas substâncias já existentes no mercado, nomeadamente o “space oil”. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, referiu que estes aditamentos à lei se devem às novas classificações feitas pelas Nações Unidas, no ano passado. “Confirmou-se que, de entre as 23 substâncias novas, três já estavam sujeitas a controlo na ‘lei de combate à droga’. Porém, as restantes, que correspondem a duas substâncias e 18 precursores, ainda não foram incluídas nas tabelas” da referida lei. Aditam-se ainda “quatro novos tipos de droga”, nomeadamente o “Etomidate [Space Oil] e suas três substâncias análogas Metomidate, Propoxate e Isopropoxate, as quais, apesar de não estarem sujeitas a controlo internacional, constituem uma ameaça grave à segurança da saúde pública”. Wong Sio Chak referiu que o “space oil” já é regulado no interior da China desde Outubro de 2023, enquanto o Metomidate, o Propoxate e o Isopropoxate o são desde Julho do ano passado. No caso de Hong Kong, esse controlo existe desde Fevereiro. Este foi um dos pontos destacado pelos deputados: a lentidão do processo para aditar estas novas substâncias à legislação em vigor. “Porque somos os últimos a combater as novas drogas? Os nossos trabalhos são lentos em comparação com as outras regiões, como podemos aperfeiçoar isso?”, questionou Ron Lam U Tou. O secretário garantiu que o atraso se deve ao próprio mecanismo de produção de leis. “No Interior da China [o processo faz-se] através de uma ordem do Conselho de Estado, tratando-se de uma medida administrativa para controlo de substâncias, e em Taiwan há uma comissão para assuntos de saúde em que basta emitir uma ordem. Em Hong Kong, também basta emanar um documento, mas no nosso caso tem de haver a aprovação legislativa no hemiciclo”, adiantou.
Deputados continuam a questionar situação dos trabalhadores de casinos-satélite Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 A semana arrancou com novidades em relação ao fecho dos casinos-satélite, tendo sido anunciado pelo Executivo o encerramento dos 11 espaços até 31 de Dezembro deste ano, além de que a Melco e SJM Resorts vão encerrar os casinos-satélite, Mocha Clubs, relocalizar mesas de jogo e trabalhadores, entre outras medidas. A pensar nos trabalhadores e nos possíveis cenários de desemprego, vários deputados recorreram ontem ao período de interpelações antes da ordem do dia para apelar à protecção laboral. Em causa, estão 5600 trabalhadores. “As concessionárias do jogo manifestaram publicamente que os trabalhadores afectados iam continuar a trabalhar noutras empresas por si detidas, e algumas concessionárias afirmaram que iam convidar os trabalhadores locais das empresas [casinos-satélite] para candidatura a lugares adequados. Mas não referiram se serão afectados os trabalhadores dos hotéis que não pertencem aos casinos. Em caso afirmativo, que medidas vão ser tomadas pelo Governo e pelas concessionárias do jogo?”, questionou Ron Lam U Tou. O deputado diz que, “face à actual situação insatisfatória de emprego em Macau, duvida-se muito que as concessionárias do jogo tenham capacidade para absorver mais de 5000 trabalhadores”. Questões e mais questões Também a deputada Ella Lei duvida da relocalização efectiva de todos os trabalhadores, destacando que muitos deles “receiam que as concessionárias do jogo não tenham vagas suficientes”, pelo que “o Governo deve exigir a todas as concessionárias e às empresas com postos de trabalho correspondentes que providenciem postos para a contratação prioritária dos trabalhadores em causa e definam, com antecedência, medidas para lhes assegurar emprego”. Ho Ion Sang, por sua vez, referiu que, no ano passado, a taxa de desemprego foi de 1,8 por cento, sendo que, no caso dos residentes, o desemprego foi de 24 por cento. “Para além do problema do desemprego estrutural dos idosos e das pessoas de meia-idade, com baixas qualificações técnicas ou baixas habilitações académicas, actualmente, a questão da elevada escolaridade e da baixa empregabilidade merece a nossa atenção, porque algumas pessoas têm dificuldade em arranjar um emprego permanente, por isso, só podem trabalhar a tempo parcial. Mais, no final do ano, o encerramento de 11 casinos-satélite vai afectar o emprego de um grande número de trabalhadores locais”, disse. Em declarações ao Jornal do Cidadão, o deputado Nick Lei também exigiu a supervisão a longo prazo da situação laboral dos trabalhadores dos casinos-satélite, lembrando também o impacto nas lojas das zonas adjacentes, 320, que incluem 800 empregados.
Cheques pecuniários | Governo fala de consenso e afasta acusações Andreia Sofia Silva - 12 Jun 2025 Foi ontem votada na generalidade, na Assembleia Legislativa, a proposta de revisão orçamental para este ano, com as mudanças na atribuição dos cheques pecuniários a fazeram parte do debate. Vários deputados acusaram o Governo de não ouvir a população, mas o secretário Tai Kin Ip afirma que houve “consenso da sociedade” “De repente as regras mudam, não sabemos qual o objectivo do plano de comparticipação pecuniária, que pode ser cancelado no próximo ano. Peço ao Governo que apresente uma posição clara, porque agora, de repente, há a obrigatoriedade de estar em Macau durante 183 dias.” A crítica é do deputado Ron Lam U Tou e resume bem o debate de ontem em torno desta matéria, integrado na votação, na generalidade, da proposta de revisão orçamental para este ano. No essencial, o orçamento foi revisto com a estimativa em baixa para as receitas brutas do jogo, com menos 12 mil milhões de patacas face ao estimado no final do ano passado. Todos os deputados votaram a favor da revisão orçamental, à excepção de Ron Lam U Tou, que se absteve. “Não consegui ouvir fundamentos que me convencessem, porque não houve uma consulta pública sobre as regras para o plano de comparticipação pecuniária”, justificou. O coro de vozes dos deputados que acusaram o Governo de não ouvir a população em relação aos cheques fez-se ouvir, mas Tai Kin Ip, secretário para Economia e Finanças, afastou as críticas. “Tal resulta de um consenso obtido junto da sociedade desde o início do ano. Ficaram definidos os montantes [a atribuir], mas quanto à forma de atribuição, auscultámos a sociedade e chegámos a um consenso. Todas as excepções estão no regulamento administrativo, e esta medida é uma forma de utilização mais adequada do nosso erário público.” Os pobres do exterior A deputada Loi Choi In salientou a situação dos residentes com uma posição económica mais vulnerável que vivem fora de Macau por diversos motivos. “Recebemos muitas opiniões da população, questionando se há um calendário para a mudança do plano. Há pessoas que não têm casa em Macau e que, por motivos familiares, têm de viver fora, em Hong Kong por exemplo, ou até porque não encontram trabalho em Macau.” Para a deputada, “as pessoas querem que o Governo dê o alerta com alguma antecedência, e agora nada podem fazer”. “Há pessoas para quem esse montante é muito, e que antes contribuíram muito para a nossa sociedade”, acrescentou.
Docomomo traz a Macau sessão sobre arquitectura do Nepal Hoje Macau - 11 Jun 2025 Decorre na próxima segunda-feira, 16, a conferência “Encontros Modernos na Arquitectura: Desafios de Documentação de Edifícios Modernistas no Nepal”, na Fundação Rui Cunha, a partir das 18h30. O evento é organizado pelo Centro de Investigação DOCOMOMO em Macau e a conversa será protagonizada pela arquitecta e docente Jharna Joshi, sendo moderada pelo arquitecto João Nuno marques. Jharna Joshi é arquitecta, formada na Universidade de Tsinghua, em Pequim, tendo feito especializações em conservação histórica e paisagens culturais. Concluiu recentemente um doutoramento em Gestão (Turismo) na Victoria University of Wellington, Nova Zelândia, com a dissertação “Estética da Paisagem, Turismo e Mudança: Estudos de Caso no Nepal”, onde analisa como residentes e turistas percebem as mudanças estéticas da paisagem em Ghandruk, Bandipur e Sauraha. Uma larga experiência Com mais de vinte anos de experiência em arquitectura, conservação, paisagens culturais, turismo e ensino, Jharna trabalhou no Nepal, China, Hong Kong, EUA, Vietname, Grécia e Nova Zelândia. Liderou projectos de restauro e reutilização adaptativa em todo o Nepal, com ênfase em materiais locais, saberes tradicionais e reutilização criativa. Colabora com profissionais nacionais e internacionais em projetos de arquitetura e conservação do património, e leciona como docente convidada, com foco na conservação urbana, arquitetura vernacular, povoamentos e paisagens culturais. Em relação ao panorama arquitectónico do Nepal, tem havido um foco nos edifícios patrimoniais, que precisam de ter pelo menos 100 anos para obter reconhecimento oficial. Como consequência, a arquitectura moderna inicial — estruturas construídas entre 1945 e 1985 — permanece desvalorizada, não documentada e vulnerável à demolição ou ao abandono. A ausência de uma tradição consolidada de arquivamento de materiais arquitetónicos dificulta ainda mais a compreensão e o ensino deste período, deixando estudantes e docentes com poucos recursos. A recente iniciativa do Instituto de Kathmandu para documentar edifícios modernos iniciais evidenciou esta lacuna. Estas construções simbolizavam o impulso de modernização do Nepal, transformando zonas agrícolas em espaços urbanos. No entanto, o desenvolvimento acelerado e a comercialização colocaram-nas em risco de desaparecer. A recolha de documentação revelou-se difícil, devido à escassez de arquivos e à diversidade de formatos, obtidos de coleções privadas, instituições e arquivos online. Segundo uma nota da DOCOMOMO, esta palestra apresenta as conclusões iniciais do projecto, visando promover o diálogo e a valorização desta era negligenciada da arquitetura nepalesa. Para além da preservação histórica, o projecto tem também uma vertente educativa e de sensibilização pública, lançando as bases para futuras iniciativas de proteção legal e investigação contínua.
Concerto G-Dragon | CPSP confirma trabalhadores ilegais Hoje Macau - 11 Jun 2025 O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) confirmou mesmo que houve trabalhadores ilegais na realização do concerto dos G-Dragon, tendo trabalhado em postos de venda de produtos. Segundo declarações citadas pelo jornal Ou Mun, trata-se de três mulheres naturais do interior da China que são suspeitas de facilitarem o emprego ilegal, enquanto 68 trabalhadores ilegais investigados são estudantes do Interior da China que estudam em Macau. Além disso, apenas um trabalhador não residente (TNR) está envolvido. As autoridades policiais suspeitam de que há duas empresas envolvidas, sendo que os suspeitos recrutaram trabalhadores nas redes sociais na qualidade de voluntários para vender lembranças durante o concerto. Todos os trabalhadores ilegais disseram às autoridades que não foram pagos. Já os TNR, prestaram serviços numa categoria profissional diferente daquela que está associada ao seu blue card. Questionados sobre quantos ilegais receberam dinheiro e quanto tempo prestaram serviço durante o concerto, os agentes do CPSP afirmaram que não possuem ainda informações.
Empresa chinesa constrói acessos a Inhambane e porto da Beira Hoje Macau - 11 Jun 2025 O ministro dos Transportes e Logística moçambicano, João Jorge Matlombe, disse ontem à Lusa que Moçambique irá assinar contratos com uma empresa chinesa para construir estradas de acesso a Inhambá e ao porto da Beira. Matlombe explicou que irá assinar hoje os contratos, um envolvendo “financiamento directo” e outro uma parceria público-privada (PPP), com o grupo estatal China Road and Bridge Corporation (CRBC). A CRBC vai construir uma estrada com quase 78 quilómetros para melhorar o acesso à província de Inhambane, no sul de Moçambique, que o ministro descreveu como “uma zona turística importante”. Matlombe assumiu que o custo do projecto “vai mesmo ser assumido pelo próprio Estado”, uma vez que “não tem demanda que justifique uma PPP ou um investimento directo privado”. Pelo contrário, o dirigente defendeu que, de acordo com um estudo já realizado”, a estrada de ligação ao porto da Beira, “do ponto de vista do modelo de negócios, permite que qualquer investidor recupere o seu investimento”. O ministro sublinhou que o porto da Beira “é um dos maiores da zona sul do país” e que o novo acesso será “um corredor alternativo” que irá facilitar, por exemplo, “a saída dos camiões do porto” para o vizinho Zimbabué. Encontros em Macau O ministro falava à margem de uma sessão do 16.º Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF, na sigla em inglês), que está a decorrer até quinta-feira em Macau. Matlombe revelou que já tem pelo menos cinco encontros marcados em Macau com membros do Governo de Botsuana, Angola, Cabo Verde e República Democrática do Congo (RDCongo). Em cima da mesa vai estar o corredor logístico na zona norte, que liga Maláui, Zâmbia e RDCongo, para “capitalizar a utilização do porto de Nacala”, referiu o dirigente. Matlombe revelou que o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos moçambicano, Fernando Rafael, também viajou para a região. O responsável pela tutela dos Transportes e Logística disse que, durante a estadia em Macau, o colega de Governo “também vai assinar alguns acordos para o programa de massificação da habitação social para os jovens”.
No mês da diversidade sexual, a quem pregamos? Tânia dos Santos - 11 Jun 2025 A minha intuição diz-me que estamos no caminho errado. Estamos a entrar num complexo sistema de túneis tenebrosos, numa montanha labiríntica, com pouca possibilidade de ver pontos de luz. Esses clarões ainda estão longe do nosso alcance — não antes de atravessarmos a escuridão e as curvas sinuosas que a rocha naturalmente forma. No jogo entre a luz e as sombras, perdemo-nos em dicotomias que nos iludiram, julgando-nos no caminho do progresso, da união, da diversidade e do respeito. Face ao que está a acontecer no mundo, social e politicamente, surgem teorias vazias — teorias de quem julga compreender o sistema complexo de desenvolvimento que é o nosso: o humano. Somos peixes no oceano a tentar dar sentido à água, sem nunca termos estado fora dela. Junho é o mês de celebração LGBTQIA+, e a tensão é palpável. O pinkwashing, i.e., o marketing que se aproveita de causas sociais e de movimentos cívicos para fins lucrativos — revela-se frágil. Já não se veem as cores do arco-íris como se viam no ano passado ou há dois anos. Agora, defender a causa LGBTQIA+ pode causar prejuízo. Para além disso, as redes sociais enchem-se de queixumes, como se a celebração do orgulho homossexual exigisse uma celebração oposta do “orgulho heterossexual”. Como se ser heterossexual não fosse já celebrado em cada esquina do mundo, com direitos plenos no amor e na união. O que vemos, ao invés, é uma incompreensão que só alimenta mais ódio, mais preconceito — e, em muitos casos, mais morte. Vivemos num mundo esquizofrénico: de um lado, a ilusão; do outro, a podridão disfarçada. Ambos os lados padecem dos mesmos males. Desenvolver espaços para falar sobre sexualidade — para que as pessoas se compreendam melhor a si próprias e aos outros — pareceu-me um mecanismo natural para a normalização do tema. No entanto, os caminhos de informação confusa e odiosa sobrepuseram-se. Como é que surge a teoria absurda de Elon Musk? De que a empatia destrói civilizações? E o amor — também as destrói? Esse ato tão natural, que leva ao sexo e à procriação, não se baseia nessa relação íntima e simples da empatia? Estamos perdidos. Rastejando nas trincheiras da batalha das ideias, há ainda assim esperança — esperança de que certas ideias não tenham de ser derrotadas por outras. Na Tailândia, em janeiro deste ano, legalizou-se o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em Hong Kong, agências noticiosas celebram uniões homoafetivas — impossíveis na China, em Macau ou em Hong Kong— que encontram noutros países do Sudeste Asiático a possibilidade de aceitação. Tenho refletido muito sobre como alcançar quem mais precisa de se rever numa palavra amiga, e de entender que a liberdade de ser é um direito humano. Há muitas vidas, neste momento, cujo valor é minimizado — como se uma vida valesse menos do que outra. No mês da diversidade sexual e de género, onde reina o sentido do direito à existência, quero honrar as pessoas que se diminuem, que são apagadas, violentadas e mortas pelas piores razões. Da Palestina ao resto do mundo. Não sei se estou a pregar para os peixes, para os convertidos, ou simplesmente para ninguém. Mas, se algum dia estas palavras chegarem aos olhos de quem mais precisar, dou-me por satisfeita. Não há aqui fantasias revolucionárias — apenas a crença de que é preciso estar do lado da compreensão e da empatia. O mecanismo que permitiu o progresso das sociedades até hoje.