Segurança | Chan Pou Sam alerta que excesso de zelo prejudica Macau

O presidente honorário da Associação de Promoção de Vida Social e Bem-Estar da População de Macau, Chan Pou Sam, defende que a sociedade deve evitar o excessos de zelo, para não prejudicar a imagem do território. A opinião foi expressa ao jornal Exmoo, na sequência de um acidente de viação, durante a filmagem de um filme em Macau.

O acidente aconteceu na Rua do Seminário, no mês passado, resultou no atropelamento de 12 pessoas, a maioria ligada à equipa de produção, e as imagens captadas tornaram-se virais. Posteriormente, tanto o Corpo de Polícia de Segurança Pública como o Instituto Cultural vieram revelar que a equipa não tinha seguido as indicações de segurança emitidas, apesar de não haver indícios de ilegalidades.

Face ao incidente, Chan Pou Sam alertou que as leis locais devem ser aplicadas, sem necessidade de excessos de zelo ou de empolamento das situações por parte dos residentes nas redes sociais. Chan avisou ainda que este tipo de situações, com o avolumar das críticas, pode fazer com que no futuro as produções deixem de escolher Macau como destino de filmagem, o que indicou ser contrário ao interesse do território.

Chan Pou Sam recordou que ao longo dos 30 anos, houve cerca de 50 equipas de filmagem em Macau, por isso, indicou que o território tem condições para receber mais projectos de cinema e televisão.

Iao Hon | IAM inspecciona mercado devido a presença de rato

Na passada terça-feira, circulou nas redes sociais um vídeo onde se podia ver um rato a atravessar as tubagens junto ao tecto da zona de restauração do Mercado Municipal do Iao Hon.

Em resposta, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) “procedeu a uma inspecção exaustiva das condições de higiene do local e das bancas onde a comida é confeccionada” no espaço referido, mas também “em todos os mercados e centros de comida cozinhada sob a sua jurisdição”. Num comunicado divulgado ontem, o IAM afirmou que as inspecções têm por fim “reforçar o controlo dos roedores e as medidas sanitárias nos locais em questão”.

O organismo municipal assegurou que “presta grande importância” às condições de higiene dos mercados e das zonas restauração dos mercados, mais uma vez depois de um vídeo partilhado nas redes sociais se ter tornado viral. Recorde-se que o mesmo aconteceu depois de ter sido publicado nas redes sociais um vídeo que mostrava um rato em cima de produtos alimentares num supermercado da cadeia Royal, que levou ao encerramento temporário de três superfícies comerciais e um restaurante no início de Janeiro.

Em relação à zona de restauração do Mercado do Iao Hon, o IAM revelou não terem sido encontrados vestígios de ratos. As tubagens onde foi avistada a ratazana foram limpas com lixívia diluída e foram instaladas ratoeiras nas zonas das bancas de comerciantes.

Segurança | Bombeiros apelam a cautela na utilização de gás

Face a um incêndio que fez cinco feridos e que se suspeita ter sido causado por uma fuga de gás, o Corpo de Bombeiros veio a público através de um comunicado onde indica ter realizado várias inspecções a edifícios e casas nos últimos anos

 

Após uma explosão seguida de incêndio que causou cinco feridos, o Corpo de Bombeiros (CB) apelou à população para prestar “elevada atenção à segurança na utilização de aparelhos de fogão a gás”. O comunicado, em língua portuguesa, foi emitido na manhã de ontem, dado que se suspeita que na origem das chamas tenha estado uma “fuga de gás de petróleo liquefeito”.

“O CB salienta novamente que não se pode negligenciar o risco de segurança do gás, quer seja em casa, restaurantes e outros espaços”, pode ler-se na mensagem. “Espera-se que os cidadãos e os sectores reforcem a vigilância, a prevenção e que tratem bem dos assuntos de segurança relativos à utilização e instalação correctas dos aparelhos de fogão a gás, de modo a garantir em conjunto a segurança da vida e dos bens”, foi acrescentado.

A mensagem serviu igualmente para o CB defender-se de eventuais acusações de falha nas inspecções realizadas. “Desde 2019, o CB começou a deslocar-se às comunidades para realizar continuamente inspecções aos fogões a gás em domicílios, conjuntamente com as associações e organizações de moradores e os chefes comunitários de segurança contra incêndios”, foi indicado. “Até Fevereiro do corrente ano, foram efectuadas 1.742 inspecções em domicílios”, foi complementado.

Segundo o CB, durante as inspecções verificaram-se “as especificações de segurança, o local de instalação [dos aparelhos] e o prazo de validade do tubo de aparelhos de fogão a gás”, e como resultado encontraram-se problemas como tubos de ligação do gás ao fogão fora da validade, ligações defeituosas para a saída dos gases dos esquentadores ou a colocação em lugares de risco das bilhas de gás.

Mais segurança

Nas últimas duas semanas aconteceram dois incêndios em edifícios residenciais, o que tem levado a que a manutenção dos equipamentos de segurança contra incêndio tenha sido questionada.

O primeiro incêndio aconteceu no Edifício do Lago, acredita-se que devido a um curto-circuito com uma televisão, e causou polémica, dado que o alarme para alertar os moradores não disparou. Como consequência, a deputada Lo Choi In fez uma interpelação escrita a pedir melhores inspecções de fiscalização.

No incêndio de segunda-feira, ainda no local, o CB garantiu que os equipamentos de segurança funcionaram como esperado. Contudo, devido à explosão com uma fuga de gás no sistema de abastecimento centralizado, o impacto acabou de atingir maior dimensões, com cinco feridos, entre os quais duas crianças com queimaduras em pelo menos 20 por cento do corpo, além de ter havido a projecção do 19.º andar de vários objectos para a via pública, entre os quais uma máquina de lavar a roupa.

Imprensa | All About Macau impedido de cobrir eleições

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, liderada por Seng Ioi Man, presidente do Tribunal de Segunda Instância, está a bloquear o jornal All About Macau de cobrir as conferências de imprensa da comissão que organiza as eleições legislativas de 14 de Setembro.

Após a eleição de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo, e ainda durante o mandato de Ho Iat Seng, o jornal All About Macau começou a ser excluído de praticamente todas as conferências de imprensa ligadas às autoridades locais, com a justificação de que não existem vagas suficientes para os profissionais da comunicação social. Segundo este critério, que é aplicado de forma discricionária, a prioridade é atribuída às publicações com periodicidade diária ou semanal. No entanto, vários órgãos locais mensais, publicados em outras línguas que não a chinesa, conseguem aceder aos eventos, sem constrangimentos, apesar de teoricamente não preencherem os requisitos exigidos.

Também é frequente o bloqueio do acesso ao jornal All About Macau, com a justificação de falta de espaço, quando as salas onde são realizadas as conferências tem vários lugares disponíveis.

De acordo com o artigo 27.º da Lei Básica, a RAEM protege a liberdade de imprensa no território. De acordo com o artigo 5.º da Lei de Imprensa, esta liberdade implica a garantia do direito de acesso às fontes de informação, o que significa o contacto com governantes e a possibilidade de os questionar.

Consumo | Troca de cartões de idosos disponível

A partir de hoje estão abertos mais de 60 postos para substituir cartões Macau Pass que permitem obter os descontos do Grande Prémio do Consumo. Até 20 de Março, os residentes com mais de 65 anos, ou os seus representantes, podem trocar gratuitamente os cartões em instituições de serviço social e associações cívicas espalhadas pelo território

 

Com a iniciativa de incentivo ao comércio local Grande Prémio do Consumo a arrancar a 24 de Março, o Governo dá hoje o primeiro passo na preparação para a distribuição de descontos. Abrem hoje mais de 60 postos para a substituição do “Cartão da Macau Pass para Idosos”, que permite uma nova modalidade de participação em relação às rondas anteriores do programa de apoios para residentes com mais de 65 anos.

Espalhados um pouco por todo o território, entre instituições de serviços sociais e associações cívicas, os mais de 60 postos vão permitir trocar gratuitamente os cartões até 20 de Março. A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) explica que a troca é necessária “uma vez que o chip utilizado na versão antiga do Macau Pass para idosos não suporta o carregamento do cartão para obter desconto imediato”.

Os residentes com mais de 65 anos de idade vão beneficiar de dois tipos de descontos, através dos cartões Macau Passa para idosos e pelas plataformas de pagamento electrónico. A inclusão de um cartão físico com descontos directos foi uma das novidades da nova ronda de benefícios, depois de críticas feitas aos programas anteriores em relação à exclusão da população mais velha que não sabe usar, ou não tem, plataformas de pagamento online.

Guia prático

Para trocar os cartões, o titular ou um representante tem de dirigir-se a um dos postos de substituição trazendo o cartão antigo, que será recolhido pelos serviços, em troca de um talão de levantamento. Esse talão indica a data para levantar o novo cartão, que o Governo estima demorar entre 6 a 10 dias úteis, com o saldo do cartão antigo a ser transferido automaticamente para o novo. O novo cartão pode ser levantado pelo idoso ou por um representante, mediante a assinatura de uma procuração e apresentação dos BIR de ambos.

O pedido de uma segunda via do Macau Pass para idosos implica os mesmos passos para a troca de cartões, e também prazos semelhantes.

Quem nunca tenha requerido o Macau Pass para idosos pode fazê-lo nas lojas da Macau Pass, no Edifício Jardim Fu Tat na Rua de Paris, e nos centros de atendimentos da Macau Pass na Estrada Marginal da Areia Preta e na Avenida de Kwong Tung na Taipa. Para requerer o cartão é necessário apresentar o BIR e uma fotografia recente tipo passe. Os cartões podem ser levantados num prazo estimado de oito dias úteis.

Os titulares do “Cartão da Macau Pass para Idosos” “vão poder participar no programa, com benefícios a vários níveis, como um desconto imediato para consumo no valor de 300 patacas mediante carregamento do cartão”.

Ciência | Mário Évora nomeado para comissão de ética

O médico Mário Évora foi nomeado como membro da Comissão de Ética para as Ciências da Vida, por Sam Hou Fai, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial.

A comissão vai ser presidida por Kuok Cheong U, também médico, que tem como substituto Pang Fong Kuong. Entre os outros nomeados constam os nomes de Lai Kai Seng, Ren-He Xu, Bernice Lam Nogueira, Wong Io Nam, Yip Tai Ho, Chan Chi Chon e o advogado Vong Hin Fai.

A comissão desempenha as tarefas de órgão consultivo e fórum de discussão sobre as questões suscitadas pelo desenvolvimento recente das ciências da vida. Como parte destas funções emite recomendações sobre questões éticas suscitadas pelo progresso científico nos domínios da biologia, da medicina ou da saúde.

Além disso, a comissão propõe critérios para definir as regras de certificação da morte cerebral e acompanha a execução das medidas promovidas no âmbito da biomedicina e dos acordos internacionais.

DSF | Excedente das contas públicas cai quase um terço em Janeiro

Macau terminou Janeiro com um excedente nas contas públicas 32 por cento menor do que no mesmo mês de 2024, sobretudo devido à desaceleração nas receitas do jogo.

O excedente da RAEM fixou-se em 3,68 mil milhões de patacas, de acordo com os últimos dados publicados pelos Serviços de Finanças (DSF), na terça-feira. Macau fechou o ano passado com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado em 2023.

Em Janeiro, Macau recolheu 7,5 por cento da receita corrente projectada para 2025 no orçamento, que é de 112,6 mil milhões de patacas.

No início de Dezembro, o Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previram que as receitas deveriam ser menores do que o estimado pelo Governo: 111,8 mil milhões de patacas.

O excedente do território encolheu apesar da despesa pública ter descido 7 por cento em Janeiro, para 72 mil milhões de patacas, sobretudo devido ao investimento em infra-estruturas, que caiu para menos de metade. Por outro lado, o Governo gastou 594,6 milhões de patacas no âmbito do Plano de Investimentos e Despesas da Administração, menos 52,9 por cento em comparação com Janeiro de 2024.

Pelo contrário, a despesa corrente aumentou 8,2 por cento para 4,12 mil milhões de patacas, principalmente devido a uma subida de 12,9 por cento nos apoios sociais e subsídios dados à população.

“Duas Sessões” | Li Qiang destaca “Macau governada por patriotas”

O primeiro-ministro chinês repetiu os princípios e as metas traçadas nos últimos anos para Macau e apontou que o Produto Interno Bruto da China vai crescer 5 por cento ao longo deste ano. A intervenção foi elogiada pelos deputados de Macau na Assembleia Popular Nacional

 

Na apresentação do relatório anual de trabalho do Governo Central, o primeiro-ministro Li Qiang defendeu a aplicação de forma “inabalável” dos princípios “Um País, Dois Sistemas”, “Macau governada pelas suas gentes”, e do elevado grau de autonomia e salvaguarda da ordem constitucional. O discurso foi proferido ontem de manhã, no Grande Salão do Povo, em Pequim, durante a cerimónia de abertura da 3.ª Sessão da 14.ª Assembleia Popular Nacional (APN).

Li Qiang indicou também que o Governo Central vai apoiar o território a desenvolver a economia, melhorar a condição de vida da população, aprofundar a cooperação internacional e promover uma “melhor integração no desenvolvimento nacional global e na manutenção da prosperidade e da estabilidade a longo prazo”.

O discurso de Li Qiang não apresentou verdadeiramente inovações em relação a Macau, sendo a repetição das políticas traçadas nos anos mais recentes. Os mesmos objectivos foram definidos para Hong Kong, com a situação das duas regiões administrativas especiais a ser apresentada em conjunto.

O discurso de Li Qiang ficou ainda marcado pela previsão de que o Produto Interno Bruto do Interior da China vai crescer cinco por cento ao longo deste ano, naquele que é sempre um dos aspectos mais aguardados do relatório anual de trabalho do Governo Central.

Aplausos de Macau

O discurso do primeiro-ministro recebeu vários elogios dos deputados de Macau na Assembleia Popular Nacional, que prometeram trabalhar “dedicadamente” para alcançar as metas traçadas.

Chui Sai Peng, citado pelo canal chinês da Rádio Macau, destacou os trabalhos feitos no ano passado pelo Governo Central, indicando que todas as metas definidas foram alcançadas, apesar dos vários desafios criados pelo ambiente económico. Por este motivo, o deputado considerou que as perspectivas para o futuro são encorajadoras e que a população tem motivos para estar mais confiante, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da alta tecnologia.

Kevin Ho, outro dos membros de Macau na APN, preferiu sublinhar os vários trabalhos previstos no discurso de Li Qiang para promover o crescimento económico ao longo deste ano, frisando que vão permitir estabilizar os mercados imobiliário e bolsista. Ho afirmou ainda que este ano vai mostrar a capacidade de resistência da economia do país.

Ng Siu Lai considerou que o relatório do Governo Central foi bastante realista e que vai permitir ao país continuar a progredir, ao mesmo tempo que visa implementar medidas para aumentar as pensões de residentes das zonas urbanas e rurais. Segundo Ng, com a implementação deste relatório, a população chinesa vai ficar mais protegida e melhorar o nível de vida.

Já a ex-deputada da Assembleia Legislativa Chan Hong optou por destacar a atenção prestada às questões da educação, e os planos para implementar progressivamente a gratuitidade na educação pré-escolar.

Bernardo Mendia, Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Hong Kong: “Portugal deve estender a mão”

Chega hoje a Lisboa o secretário para a Inovação, Tecnologia e Indústria de Hong Kong, Sun Dong, acompanhado por empresários das áreas digitais, comércio online e tecnologia. Bernardo Mendia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Hong Kong, destaca a importância da visita para as empresas portuguesas e da RAEHK enquanto complemento de contactos portugueses em Macau

 

 

No ano passado, Portugal recebeu a visita de Christopher Hui Ching-yu, secretário dos Assuntos Financeiros e do Tesouro de Hong Kong, e agora outro governante de Hong Kong passar por Portugal. É uma visita com significado acrescido?

Como Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Hong Kong consideramos de extrema importância esta visita, valorizando muito a atenção que está a ser dada a Portugal. É importante, sobretudo, por se tratar de uma área tão específica como a inovação. Esta é uma área em que Hong Kong aposta muito e que tem sido uma prioridade para as autoridades da região, e isso é algo que existe em comum com Portugal, que também tem apostado na área tecnológica e de desenvolvimento científico. O que Portugal deve fazer é aproveitar esta oportunidade, estender a mão ao secretário e trabalhar em parceria. O desenvolvimento tecnológico e económico só se faz com parcerias internacionais, com a abertura de mercados e com colaborações. É também isso que promovemos como Câmara de Comércio. Temos estado envolvidos na organização desta viagem, algo que começou há meses. Vamos levar empresas portuguesas a identificar potenciais sinergias com as entidades que vêm cá, para que se conheçam e façam, depois, o seu trabalho.

Hong Kong tem estado presente em todas as edições da Websummit em Lisboa. Esta visita dá a ideia de que a região pretende expandir-se e firmar parcerias mais concretas com Portugal?

Sim, sem dúvida. Isso tem-se evidenciado nos discursos oficiais dos mais importantes membros do Governo de Hong Kong, incluindo do próprio Chefe do Executivo. Essa é a estratégia da região neste momento, ser uma ponte para o resto do mundo poder entrar na Ásia. Aí o território compete com outras plataformas, pois Hong Kong, Singapura e Tóquio são, talvez, os três territórios com maior expressão nesta área [tecnológica], na Ásia. Mas Hong Kong apresenta as melhores condições, não apenas pelo apoio que dá [às empresas], mas também por fazer parte da China, apesar de ter um sistema legal diferente e uma moeda diferente. Há um sistema completamente aberto ao nível da circulação de capitais e acesso à Internet. Acho que Hong Kong se posiciona melhor nesse campo, mas essa é uma competição que o território tem de fazer, tal como Portugal quando vai apresentar-se na Ásia, competindo com a Espanha e outros países europeus na atracção de investimento directo estrangeiro.

Macau é, por norma, a principal ligação a Portugal, por questões históricas e da presença da língua portuguesa. Hong Kong pode ser também um território de ligação entre as empresas portuguesas e a Ásia?

Macau e Hong Kong são muito complementares nesse aspecto. Macau tem essa ligação histórica com Portugal e tem empresas muito importantes sediadas no território, algumas delas há mais de 100 anos, nomeadamente o Banco Nacional Ultramarino. Essa experiência, e o facto de a língua portuguesa ainda ser oficial, é, sem dúvida, uma vantagem para as empresas portuguesas. Se for necessário entrar no mercado de capitais, as empresas portuguesas vão optar por uma série de serviços disponibilizados por Hong Kong. Mas Macau tem as suas vantagens próprias e considero que são dois mercados bastante complementares. A proximidade geográfica de Macau e Hong Kong também funciona como um ponto atractivo.

Durante a visita de Christopher Hui Ching-yu, no ano passado, foi abordado o posicionamento de Hong Kong como paraíso fiscal. Como olha para essa questão?

Esta visita é organizada pelo Hong Kong Economic and Trade Office e as questões fiscais ficarão, agora, postas de parte. Mas a nossa posição, como Câmara de Comércio, é que não faz sentido Hong Kong estar na lista de paraísos fiscais, e não faz sentido nem do ponto de vista legal, nem político. Nenhum dos mercados com quem concorremos coloca Hong Kong como um paraíso fiscal, nem a própria União Europeia. Só temos a perder com isso, porque criamos barreiras às trocas comerciais e investimento directo estrangeiro em Portugal, e também ao investimento que é feito pelas empresas portuguesas em Macau, que acabam por ser afectadas por isso. Não faz sentido essa designação do ponto de vista legal, porque Hong Kong não reúne as condições para fazer parte da lista dos paraísos fiscais, e do ponto de vista político porque nenhum outro país europeu coloca o território nessa categoria.

A China está presente no mercado português através de diversos investimentos. Hong Kong está a tentar criar o seu próprio caminho?

Não nesses termos. A esmagadora maioria do investimento chinês que é feito em Portugal é-o através de Hong Kong. Aí, nesse aspecto, Hong Kong e China trabalham de forma bastante complementar. Hong Kong funciona como um “porta-aviões” da China em termos do investimento externo, e não há propriamente uma concorrência entre os dois, trabalhando, sim, em conjunto.

Encontros em Oeiras | Taguspark acolhe hoje sessões de intercâmbio e seminários

Dong Sun faz-se acompanhar a Portugal pelas empresas e entidades mais importantes de Hong Kong nas áreas da inovação, tecnologia e meios digitais, quer a nível governamental, com o “Hong Kong Science and Technology Park” e o “Cyberport”, parque tecnológico com escritórios com projectos orçamentados em dois mil milhões de dólares de Hong Kong; quer a nível académico e de investigação, com a presença na comitiva do “Hong Kong Applied Science and Technology Research Institute” e “Hong Kong Microelectronics Research and Development Institute”.

As sessões de intercâmbio e seminários acontecem hoje a partir das 16h, no Taguspark, em Oeiras, onde está localizada a Oeiras Valley Investment Agency, cujos representantes já estiveram, aliás, presentes em Macau para contactos comerciais.

Na parte da tarde haverá oportunidade de diálogo entre o próprio secretário de Hong Kong, representantes da Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Hong Kong e dirigentes dos parques tecnológicos e institutos da RAEHK, sendo que no total estão representadas 24 empresas.

Na via catalã

Num comunicado divulgado pelo Executivo de Hong Kong, lê-se que o programa inclui “reuniões e intercâmbios com líderes dos sectores político, empresarial e de inovação e tecnologia locais”, bem como visitas a infra-estruturas, parques tecnológicos, institutos de investigação e empresas.

O objectivo é “reforçar os laços e a cooperação” com Portugal neste sector, “promovendo as vantagens da inovação e tecnologia de Hong Kong e explorando oportunidades de negócio no estrangeiro”, segundo o comunicado.

Antes de passar por Lisboa, a delegação esteve em Barcelona, para participar no “Mobile World Congress”, considerado um dos eventos tecnológicos mais influentes a nível mundial.

Esta é a segunda visita a Portugal de um membro do Governo de Hong Kong no espaço de um ano, depois de o secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro ter passado por Lisboa em Junho. Na altura, Christopher Hui Ching-yu pediu a Portugal para retirar Hong Kong da lista de paraísos fiscais e defendeu que já cumpre os padrões da União Europeia para combater a evasão fiscal.

MAM | “Acima de Zobeida: Arte de Macau” inaugurada esta sexta-feira

Será inaugurada esta sexta-feira, no Museu de Arte de Macau (MAM), a mostra “Acima de Zobeida: Arte de Macau na 60.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza”, a partir das 18h30. A exposição foi criada pelo jovem artista de Macau, Wong Weng Cheong, e a curadora Chang Chan, e representou Macau na bienal italiana, uma das mais importantes do panorama das artes a nível mundial.

“Acima de Zobeida” inspira-se no romance “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, focando-se na cidade fictícia de Zobeida. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), “Wong Weng Cheong combina imagens digitais e instalações artísticas imersivas para construir uma heterotopia pós-apocalíptica”, com “criaturas herbívoras mutantes a viver numa cidade deserta, com membros alongados longe da fonte de alimento”. Tal é símbolo “do desequilíbrio entre a civilização humana”.

A exposição conta ainda com “câmaras de vigilância instaladas em todos os lugares da exposição, sendo que os membros do público se tornam parte da obra ao entrar no espaço, esbatendo as linhas que separam realidade e ficção”. O tema central da 60.ª edição da Bienal de Veneza foi “Estrangeiros por Toda a Parte”, sendo que, nas palavras da curadora Chang Chan, “Acima de Zobeida” traz ideias como “o deslocamento da identidade e alienação espacial, explorando o conceito de ‘estrangeiro’ e a ansiedade apocalíptica da sociedade contemporânea”, descreve-se na mesma nota.

Macau participa na Bienal de Veneza desde 2007. “Acima de Zobeida”, recebeu cerca de 77 mil visitas. O IC descreve que “é de grande importância que a exposição regresse a Macau, para que residentes e turistas possam apreciar as criações contemporâneas dos jovens artistas de Macau”.

Rota das Letras | Festival literário traz poesia ao Porto Interior

Lisbon Poetry Orchestra, muitos poetas chineses e ainda fotografias do fotojornalista português Alfredo Cunha. Eis alguns dos destaques da nova edição do festival literário Rota das Letras dedicada à poesia, mas que recorda também o período da descolonização portuguesa. A literatura juvenil também tem lugar no evento que decorre entre os dias 21 e 30 deste mês na zona da Barra, Porto Interior

 

Já são conhecidos os principais destaques do cartaz da 14.ª edição do Festival Literário Rota das Letras, marcado para os dias 21 a 30 de Março e que este ano se muda para o Antigo Matadouro Municipal, na zona da Barra, Porto Interior. Numa zona bem tradicional da Macau antiga espera-se muita poesia, concertos e ainda exposições de fotografia.

Destaque para o concerto da Lisbon Poetry Orchestra, a 29 de Março, que faz a sua estreia em Macau com o espectáculo “Os Surrealistas”, que tem como convidada especial Xana, vocalista dos Rádio Macau. A primeira parte do espectáculo será feita pela banda Poetry & Music, de Anthony Tao, antigo responsável pela organização do Festival Literário de Pequim. O tema da actuação é “O Mito da Escrita”.

De salientar também para a presença de vários poetas chineses no Rota das Letras, nomeadamente a jovem Xu Jinjin, artista interdisciplinar que divide o seu tempo entre Xangai e Nova Iorque, onde tem exposto com regularidade em museus de ambas as cidades. A sua obra poética foi recentemente premiada pela Sociedade Americana de Poesia.

Em nome da poesia juntam-se ainda Valério Romão, autor e tradutor português que, recentemente, lançou o seu primeiro livro de poesia: “Mais uma Desilusão”. Seguem-se nomes como Zang Di e Jia Wei, de Pequim, e ainda autores locais, como Chan Ka Long e Wang Shanshan. Serão, assim, apresentados novos livros, além de que o público poderá também assistir a récitas de poesia, palestras e workshops, sempre com temáticas em torno da literatura.

O festival serve ainda para recordar o centésimo aniversário da publicação “Lin Tchi Fá – Flor de Lótus”, livro de poemas de Maria Anna Acciaioli Tamagnini, com o lançamento inédito de traduções para chinês e inglês.

Lembrar a descolonização

O Rota das Letras deste ano assinala também a passagem do 50.º aniversário da independência dos países africanos de língua portuguesa através de uma exposição do fotojornalista Alfredo Cunha, que fez a cobertura desses acontecimentos históricos. O tema do fim da guerra colonial e do processo de descolonização que se seguiu está também presente no romance de João Ricardo Pedro, “O Teu Rosto Será o Último”, que o realizador Luís Filipe Rocha adaptou ao cinema.

Sendo este um nome ligado ao território, o realizador português regressa a Macau depois de ter filmado “Amor e Dedinhos de Pé” nos anos 80, ou seja, a adaptação para cinema do icónico romance de Henrique de Senna Fernandes.

Outra presença no festival é a de António Costa e Silva, que foi ministro da Economia e do Mar em Portugal entre 2022 e 2024, mas que se dedica também à escrita. Costa e Silva vem a Macau apresentar o seu romance “Desconseguiram Angola”, sobre o período de descolonização e consequente guerra civil que assolou o país durante anos.

Ao nível do romance chinês apresenta-se também a obra de Chen Jining, vice-presidente da Associação de Escritores de Guangdong, e que tem recebido inúmeras distinções literárias, incluindo o Prémio Anual da Literatura Chinesa na categoria de “Melhor Novelista”, o Prémio Literário do Povo e o China Good Book Award, entre outros. Chen Jining conta com dois romances bastante premiados, nomeadamente “Cidade dos Sete Passos” e “Monólogo em Voz Alta”.

A vida de Wallis

Na língua inglesa, dá-se destaque à literatura de não-ficção, nomeadamente com o trabalho do escritor britânico Paul French, que traz ao festival duas obras bem recentes: “Her Lotus Year”, que conta a passagem de Wallis Spencer, Duquesa de Windsor, pela China, nos anos 20 do século XX; e ainda “Destination Macao”, colecção de histórias sobre algumas das mais fascinantes figuras de Macau dos séculos XIX e XX.

Tony Banham, de Hong Kong, apresenta o resultado da sua investigação sobre o afundamento do navio Lisbon Maru, um dos erros mais trágicos cometidos pelas forças aliadas durante a Guerra do Pacífico. Já Thomas Dubois, autor sediado em Pequim, dá a conhecer a China em “Sete Banquetes”, estudo profundo da história da gastronomia chinesa recentemente publicado.

Para mais pequenos

Os livros para os mais novos serão levados às escolas por Chen Shige, o primeiro escritor pós-anos 80 a ganhar a mais alta distinção da literatura infantil na China. Também André Letria, ilustrador e editor português com várias das suas obras publicadas em língua chinesa, e distinguido com vários prémios internacionais, será um dos convidado do festival.

Sophia Hotung, ilustradora de Hong Kong, vem também a Macau partilhar a sua arte com o público. Na véspera da abertura do Festival, Wang Zhengping, um dos grandes mestres da fotografia chinesa, inaugura na Galeria do Tap Seac a exposição “O Vento Sopra na Pradaria”, um olhar poético sobre os campos de pastagens da Mongólia Interior e quem os habita.

Rao Yongxia, discípula de Wang, seguiu-lhe os passos e mostra o seu trabalho dias mais tarde, na Galeria do Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Ao longo de dez dias, o festival propõe uma programação com duas dezenas de palestras, três exposições, um ciclo de cinema e um concerto, visitas a escolas, e oficinas de fotografia e de escrita criativa. Segundo a organização, o programa mais detalhado será publicado nos próximos dias.

O Rota das Letras conta com diversos apoios de empresas locais e do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da RAEM, sendo organizado pela Sociedade de Artes e Letras e a Praia Grande Edições.

PJ | Mulher detida por acusar idoso de violação

Uma mulher está indiciada por ter acusado falsamente um idoso de violação. O caso foi revelado ontem pela Polícia Judiciária (PJ). De acordo com o relato apresentado, a mulher oriunda do Interior da China conheceu o homem numa plataforma online.

Foi dessa forma que os dois combinaram viajar para Macau a 26 de Fevereiro, com a mulher a ficar no hotel reservado pelo idoso. Durante este período, os dois terão mantido relações sexuais consensuais várias vezes, segundo a PJ. Contudo, a 1 de Março a mulher apresentou queixa ao Corpo de Polícia de Segurança Pública devido a uma alegada violação.

As investigações ao caso levaram a PJ a considerar que a violação nunca aconteceu e que a queixa terá tido origem numa disputa financeira entre os dois. Como resultado das investigações, a mulher acabou por ser detida e o caso foi encaminhado para o Ministério Público.

Toi San | Explosão deixa duas crianças com queimaduras de terceiro grau

O acidente teve origem numa fuga de gás do abastecimento central e causou cinco feridos. Mais de 300 pessoas de 100 apartamentos foram retiradas das suas casas, e uma máquina de lavar roupa foi projectada para a rua

 

Duas crianças com queimaduras em mais de 20 por cento do corpo, uma empregada doméstica com queimaduras em 35 por cento do corpo, e outras duas feridas. Foi este o resultado de uma explosão, seguida de incêndio, no 19.º andar do Edifício Jardim Cidade Nova (também denominado San Seng Si Fa Un), na Avenida Tamagnini Barbosa, no bairro do Toi San, na noite de segunda-feira.

O acidente aconteceu por volta das 21h, e terá sido causado por uma fuga de gás no abastecimento centralizado, que resultou numa explosão de grande dimensão, seguida de um incêndio.

Em relação aos ocupantes do apartamento onde aconteceu a explosão, um menino de dois anos teve de ser transportado para o hospital com queimaduras de terceiro grau em 20 por cento do corpo. Outra criança, uma menina de oito anos, sofreu queimaduras de terceiro grau em 25 por cento do corpo. No apartamento onde aconteceu a explosão estava ainda uma empregada doméstica, com 55 anos e nacionalidade vietnamita, que sofreu queimaduras de segundo grau em 35 por cento do corpo. Todos foram levados para o hospital.

As autoridades contabilizam mais duas pessoas feridas na sequência do incidente, uma vizinha que estava no apartamento ao lado e inalou os fumos do incêndio, e uma transeunte que passava na rua e foi atingida por objectos projectados do 19.º andar, embora sem gravidade.

Máquina de lavar voadora

De acordo com a informação do Corpo de Bombeiros, a explosão terá causado vários danos, não só no interior do apartamento afectado, mas também nos elevadores do edifício, que passaram a funcionar de forma deficiente, impossibilitando a utilização.

Depois de extinto o incêndio, Lam Chon Sang, segundo-comandante do Corpo de Bombeiros, explicou que os bombeiros tiveram de subir os andares pelas escadas, o que dificultou o combate às chamas, principalmente a nível do abastecimento de água. No entanto, depois de ser feita a ligação com a fonte de água, os bombeiros terão demorado cerca de dois minutos a extinguir o incêndio.

Aos órgãos de comunicação social, Lam Chon Sang revelou que as chamas afectaram um dos dois quartos da casa, a sala de estar, além da cozinha. Como consequência, o sistema de gás central teve de ser desligado.

O acidente levou a que cerca de 300 moradores de 100 apartamentos fossem retirados do edifício. Ao contrário de outros incêndios mais recentes, Lam destacou que todos os equipamentos de protecção contra incêndio estavam a funcionar e que os moradores ouviram o alarme de emergência.

As chamas foram combatidas por 56 bombeiros, auxiliados por 19 veículos de resposta a emergências. A explosão fez com que vários objectos fossem projectados para a rua do 19.º andar. Além de peças de vestuário, também uma máquina de lavar roupa foi atirada para fora do aparamento, caindo na rua.

Três em duas semanas

Horas após a ocorrência, o Instituto de Acção Social (IAS) emitiu um comunicado a afirmar estar “muito atento ao incêndio” e que foram enviados para o local “assistentes sociais para prestar o apoio necessário às famílias afectadas pelo incêndio”.

Segundo os dados do IAS, cerca de 30 residentes afectados precisaram de pernoitar nos centros de acolhimento disponibilizados.

Com a ocorrência no Edifício Jardim Cidade Nova, Macau soma três incêndios em prédios de habitação no espaço de duas semanas.

O primeiro, registado a 24 de Fevereiro, aconteceu no Edifício do Lago, causou dois feridos, e obrigou a que 18 pessoas fossem retiradas das suas casas. O incêndio assumiu contornos polémicos, uma vez que os moradores se queixaram que os alarmes de incêndio não tocaram.

Posteriormente, em Seac Pai Van, na quinta-feira passada, outro incêndio num apartamento causou uma vítima mortal. Contudo, neste caso, as autoridades responsabilizaram a vítima pelas chamas, devido a um historial de problemas psicológicos.

Associações polémicas

Após a divulgação do incidente, algumas associações tradicionais deslocaram-se ao local e tiraram fotografias alegadamente a ajudar alguns dos residentes afectados.

As fotografias foram partilhadas nas redes sociais pelas associações, como a Associação das Mulheres, mas as imagens causaram polémica, com internautas a acusarem as associações de aproveitamento eleitoral. As eleições para a Assembleia Legislativa foram agendadas para 14 de Setembro, e actualmente a Associação das Mulheres tem dois deputados.

Jogo | Número de trabalhadores cresce 2,3%

No final do quarto trimestre do ano passado, o número de trabalhadores nas lotarias e outros jogos de aposta aumentou 2,3 por cento, face ao período homólogo, de acordo com os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

No final do trimestre, o sector do jogo empregava 52.971 trabalhadores a tempo inteiro, o que representou um aumento de 1.200 trabalhadores face ao quarto trimestre de 2023. Entre os 52.971 empregados, 23.618 desempenhavam as funções de croupiers, um aumento de 259 empregados num espaço do jogo, o que representou um crescimento de 1,2 por cento.

Em termos dos vencimentos, em Dezembro de 2024 a remuneração média dos trabalhadores a tempo inteiro deste sector era de 26.890 patacas, mais 6,3 por cento, em termos anuais. Estes dados excluem as remunerações irregulares. A remuneração média dos croupiers foi de 21.470 patacas, mais 2,9 por cento. Sobre este aspecto, a DSEC indicou que as pessoas ganharam mais, porque trabalharam mais, embora reconheça que tenha havido igualmente um aumento salarial.

No fim do último trimestre, existiam 253 postos vagos no sector das lotarias e outros jogos de aposta, uma redução de 147 vagas em termos anuais. Segundo a DSEC, a maioria das vagas dizia respeito a empregos administrativos (90), seguidos pelos directores e quadros dirigentes de empresas (54).

Em relação aos requisitos de recrutamento, 64,8 por cento das vagas requeriam experiência profissional, 62,5 por cento exigiam apenas habilitações académicas inferiores ou iguais ao ensino secundário complementar. Os dados da DSEC excluem os promotores e colaboradores de jogos.

Imobiliário | Preços voltam a cair, mas houve mais transacções

O mercado continua longe dos valores praticados antes da pandemia, com sinais cada vez mais mistos. Se a comparação dos dados mais recentes for feita com a primeira metade de Janeiro, as casas ficaram mais caras, mas registaram-se menos transacções

 

O preço médio da habitação sofreu uma redução de 11,9 por cento na primeira metade de Fevereiro, face ao período homólogo, de acordo com os números revelados pela Direcção de Serviços de Finanças (DSF).

Segundo os dados mais recentes, o preço médio do metro quadrado na primeira metade de Fevereiro deste ano foi de 75.316 patacas. Fazendo as contas, uma casa com 90 metros quadrados estava avaliada em 6,78 milhões de patacas. Em comparação, na primeira quinzena de Fevereiro de 2024, o preço médio do metro quadrado era de 85.487 patacas, o que significa que o mesmo apartamento estaria avaliado em 7,69 milhões de patacas.

Quando a comparação é feita com os valores praticados na primeira quinzena de Janeiro deste ano, as casas em Macau ficaram mais caras, dado que nesse período o preço médio do metro quadrado era de 69.882 patacas. Em Janeiro, a casa com 90 metros quadrados estava avaliada em 6,30 milhões de patacas.

Em termos anuais, com preços mais baratos registaram-se mais compras e vendas de habitação no território, um crescimento de 16,7 por cento. No início de Fevereiro foram contabilizaram-se 84 transacções, quando no período homólogo o número tinha sido de 72 transacções.

Todavia, se a comparação for feita entre a primeira metade de Fevereiro e a primeira metade de Janeiro, houve uma redução de 32,8 por cento, dado que as 125 transacções de Janeiro foram reduzidas para 84 transacções no mês mais recente.

Mais caro em Coloane

Os dados mais recentes da DSF mostram ainda que o metro quadrado é mais caro em Coloane, onde o preço médio foi de 80.746 patacas, nas nove transacções registadas.

Na primeira metade de Fevereiro de 2024, tiveram lugar quatro transacções a um preço médio de 111.996 patacas por metro quadrado. Na primeira quinzena de Janeiro de 2025, registaram-se nove transacções, a um preço médio de 72.252 patacas por metro quadrado.

A Taipa foi a segunda zona mais cara de Macau, com o metro quadrado a ser comercializado, em média, por 74.367 patacas. Durante a primeira metade de Fevereiro de 2025, foram registadas 21 transacções de habitação. Em comparação, em Fevereiro de 2024, tinham sido declaradas 16 transacções, a uma média de 85.342 patacas por metro quadrado.

Como normalmente acontece, Macau voltou a ser a zona do território onde foram declaradas mais transacções, com 54 negócios, realizados a uma média de 74.359 patacas por metro quadrado. No início de Janeiro, concretizaram-se 96 transacções, a um preço médio de 66.753 patacas por metro quadrado. Na primeira quinzena de Janeiro de 2025, as 96 transacções declaradas aconteceram a uma média de 66.753 patacas por metro quadrado.

Taiwan | Alteração a regras de residência para cidadãos de Macau em estudo

Taiwan está a considerar impor regras mais apertadas para a atribuição de residência e cidadania aos cidadãos provenientes de Hong Kong e Macau, com vista a evitar a influência chinesa através da imigração, avançou a imprensa taiwanesa.

Ao contrário de outros cidadãos estrangeiros, actualmente, os residentes de Hong Kong e Macau podem candidatar-se à residência permanente e obter bilhete de identidade de Taiwan após um ano a residir na ilha.

Taiwan está agora a considerar implementar alterações, que estabelecem que cidadãos provenientes das duas regiões administrativas tenham de residir na ilha quatro anos antes de se tornarem elegíveis para a residência permanente, disse, na segunda-feira, um responsável familiarizado com o assunto, citado pelo jornal Taipei Times.

Pretende-se com as alterações evitar a influência do Partido Comunista Chinês em Taiwan através da imigração de Hong Kong e Macau, declarou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada.

A medida faz parte de uma “reforma legislativa relacionada com a segurança”, acrescentou. Uma outra alteração que está a ser considerada, referiu a mesma fonte, é acabar com atribuição de cidadania a pessoas de Hong Kong e Macau com residência de longa duração.

Ainda de acordo com as alterações propostas, os requerentes de residência de Hong Kong ou Macau que tenham trabalhado para o PCC, para as forças armadas chinesas ou para instituições públicas chinesas vão ser objecto de análise rigorosa e os pedidos podem ser recusados, continuou.

Fitch Ratings | Governo aplaude manutenção de notação

O Governo da RAEM emitiu um comunicado a destacar o facto de a agência de notação financeira ter mantido o grau de notação de crédito de longo prazo no nível AA, com perspectivas estáveis. Este é o terceiro nível mais alto da escala da agência de notação financeira.

Segundo a comunicação do Governo, que cita o relatório, a manutenção desta classificação deveu-se “à situação altamente estável das finanças públicas e da balança de pagamentos da RAEM, bem como ao compromisso do Governo da RAEM em continuar a adoptar uma gestão financeira prudente, mesmo em períodos de ajustamento económico”.

A agência terá ainda previsto que “o crescimento adicional do sector do turismo e dos investimentos não relacionados com o jogo, a que acrescem o alívio nas políticas de turismo para residentes do Interior da China e a optimização contínua das infra-estruturas turísticas” irão melhorar as perspectivas económicas do território.

As notações de crédito são utilizadas como referência pelos mercados quando compram dívida dos Estados ou regiões. Quanto pior a notação, mais altos tendem a ser os juros pagos pelo endividamento. No caso de Macau, como não há emissão de dívida, uma vez que a reserva financeira é superior a 600 mil milhões de patacas, na prática, a notação acaba por ter pouca relevância.

Jogo | Ron Lam denuncia despedimentos sem justa causa

Ron Lam revelou ter recebido queixas de funcionários de cinco das seis concessionárias de jogo por terem sido demitidos sem justa causa ou qualquer explicação. O deputado revela que desde Janeiro circulava no sector um rumor de que o Governo teria dado “luz verde” para os despedimentos

 

Uma vaga de despedimentos afectou um número ainda indeterminado de funcionários de departamentos administrativos de cinco das seis concessionárias de jogo, revelou na segunda-feira Ron Lam numa publicação no Facebook.

O deputado afirma ter recebido queixas de vários trabalhadores que terão sido de notificados na passada sexta-feira do despedimento sem justa causa, sem que lhes tenha sido dada qualquer explicação para as demissões ou alternativas de transferência para outros departamentos. Sem mencionar o número de trabalhadores ou as empresas onde trabalhavam, Ron Lam afirmou que, até agora, apenas uma das seis concessionárias não avançou para demissões.

Além disso, o deputado revela que a situação não foi propriamente uma surpresa para os trabalhadores. “Os funcionários despedidos afirmaram que desde o início do ano corria um ‘rumor’ de que o Governo teria dado ‘luz verde’ às empresas, permitindo que despedissem trabalhadores”, denunciou o deputado.

Ron Lam considera que a vaga de despedimentos pode ter grande impacto económico, criando um precedente que pode prejudicar o desenvolvimento do território e a vida das pessoas. “A economia de Macau ainda não recuperou totalmente, mas as empresas concessionárias de jogo regressaram os lucros e empregavam em Junho de 2024 mais de 27 mil trabalhadores não-residentes. Face a este cenário, se as concessionárias despedirem sem justa causa residentes locais, não só isso será inaceitável para a comunidade, como poderá abrir um precedente perigoso”, apontou o deputado.

Fazer algo

A situação, que segundo Ron Lam denota o agravar do pessimismo no mercado laboral, devia ser revolvida pelo Governo através de “passos pro-activos” e de uma “investigação exaustivo que ponha um fim à prática” que contraria o princípio do acesso prioritário ao emprego dos residentes locais.

O deputado recordou que nos novos contratos de concessão para exploração de jogo, assinados em 2022, foi previsto o reforço da responsabilidade social das concessionárias e que durante a pandemia, apesar de a indústria ter ficado paralisada, as concessionárias não despediram funcionários.

Face a este cenário, Ron Lam defende que o Executivo deve esclarecer porque as concessionárias foram autorizadas a despedir funcionários locais sem oferecer postos alternativos.

No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, uma ouvinte revelou que os casos denunciados por Ron Lam podem ser só a ponta do icebergue. “O que Ron Lam divulgou é real. Não tenho a certeza se o Governo deu ‘luz verde’, mas também espero explicações. Porém, os despedimentos não começaram na semana passada, mas há cerca de dois meses. Um familiar meu foi despedido recentemente, mas em Novembro foram despedidos trabalhadores não-residentes”.

Saúde | Assinado novo “Acordo-Quadro” na área do controlo alfandegário

O Lam, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, assinou, em nome do Governo, o novo “Acordo-Quadro de Monitorização Conjunta de Organismos Vectores entre a Alfândega de Gongbei e os Serviços de Saúde do Governo da RAEM” com as autoridades chinesas.

Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde, este novo acordo visa “promover o intercâmbio técnico e o aumento da capacidade de ambas as partes” na área da saúde pública e controlo de produtos alfandegários, garantindo “a saúde e segurança dos residentes e passageiros dos dois lados”.

Pretende-se, com este acordo, criar um grupo de trabalho para a elaboração de directrizes técnicas, monitorização de dados sobre os produtos comercializados entre os dois lados, além de se promover a investigação científica entre Macau e a província de Guangdong. Pretende-se ainda “construir uma base de dados de organismos e recursos físicos, realizar conjuntamente projectos de ciência e tecnologia em laboratório e investigar temas científicos”.

A ideia é “reforçar a cooperação no controlo sanitário nos postos fronteiriços e elevar a capacidade de contingência na área de saúde pública transfronteiriça”, é ainda referido na mesma nota.

LAG | Antes de ida a Pequim, Sam Hou Fai reuniu com académicos

Antes de partir para Pequim para participar nas “Duas Sessões”, Sam Hou Fai ouviu sugestões de economistas e académicos, numa reunião focada nas PME, integração em Hengqin, atracção de quadros qualificados e desenvolvimento tecnológico

 

O edifício do Fórum Macau foi palco de uma reunião alargada entre o Chefe do Executivo e um grupo alargado de economistas e dirigentes de instituições académicas, no âmbito da elaboração do Relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano financeiro de 2025.

Antes de partir para Pequim para participar nas “Duas Sessões”, Sam Hou Fai ouvir algumas sugestões quanto ao rumo político a tomar este ano. Segundo o Gabinete de Comunicação Social (GCS), o deputado Pang Chuan, que também é vice-reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), lembrou as “quatro esperanças” apresentadas por Xi Jinping aquando da sua visita Macau. O deputado nomeado por Ho Iat Seng destacou a meta apontada pelo Presidente chinês de construir em Macau “um local de concentração de quadros qualificados internacionais de elevada qualidade”. Como tal, aconselhou o Governo a “investir mais no Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, e a criar um mecanismo para captar quadros qualificados internacionais”. O comunicado do Governo sobre a reunião não especifica se Pang Chuan foi concreto em relação ao mecanismo de atracção de profissionais qualificados, mas refere que o deputado considera que estes são caminhos possíveis para atingir a tão almejada “diversificação adequada da economia”.

Já o membro do Conselho Executivo e presidente do Instituto de Gestão de Macau, Samuel Tong Kai Chung, focou a sua intervenção na importância dos recursos humanos e na necessidade de “impulsionar a valorização e reconversão abrangente de indústrias tradicionais”. Samuel Tong realçou a importância de criar um mecanismo que favoreça a acumulação de capital humano, ou seja, quadros de peritos, experientes e com formação académica que acrescentem valor económico à força de trabalho. Além disso, o economista mencionou a integração em Hengqin e na Grande Baía.

Aprofundamento profundo

Aproveitar as vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas” para atrair empresas internacionais para Hengqin foi a solução recomendada pelo director do Centro de Educação Contínua da Universidade de Macau (UM) Liu Ting Chi. O académico, que também é membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, aconselhou o Executivo a “usar de forma eficiente alguns terrenos desaproveitados existentes em Macau e introduzir capital internacional nos concursos”.

O futuro das pequenas e médias empresas (PME), que têm enfrentado um ambiente de adversidade económica, também foi debatido. Siu Chi Sem, académico da Faculdade de Gestão de Empresas da UM, defendeu o apoio à transformação tecnológica das PME, mas também aconselhou o Governo a ser “razoável e prudente” na organização do orçamento para “preparar-se bem para as incertezas do mercado financeiro”.

Por sua vez, o académico e vice-presidente da direcção da Associação Económica de Macau Lei Chun Kwok defendeu que o Governo deve ajudar as PME a aumentar a capacidade de negócios. Também neste capítulo, o GCS não indicou se foram dadas ideias concretas para atingir o objectivo, mas revelou que Lei Chun Kwok terá sugerido que o Executivo preste serviços de diagnóstico empresarial. A criação de mais oportunidades para que empresas de inovação tecnológica se fixem em Macau foi outra das ideias apresentadas pelo académico.

O Chefe do Executivo voltou a mencionar o desenvolvimento desequilibrado da economia, o panorama global de instabilidade e incerteza e as alterações nos modelos de consumo.

Cristina Rocha Leiria, autora do projecto do Centro Ecuménico Kun Iam: “A obra que mais me preencheu”

Até 13 de Março pode ser vista, no Centro Ecuménico Kun Iam, a mostra “Moments of Light with Kun Iam”, uma exposição de Cristina Rocha Leiria, arquitecta, escultora e autora do projecto do centro. Ao HM, Cristina Rocha Leiria fala de um espaço criado para todos, incluindo ateus, e lamenta a falta de divulgação da exposição

Imagem: Fundação Rui Cunha

 

Fale-me de “Moments of Light”, a exposição patente no Centro Ecuménico Kun Iam.

O centro foi criado para o silêncio, porque tudo é feito para as maiorias, mas temos de pensar nas minorias, que têm direito de existir. Pode existir uma minoria que precisa de silêncio. Podem ser vistos cristais levados de Portugal e adquiridos também na China, escolhidos por mim, e pedras energéticas. Incluem-se ainda 25 peças feitas pela Atlantis [empresa portuguesa do grupo Vista Alegre] em cristal, além de um bazar com outros materiais.

O centro ecuménico foi inaugurado em 1999, passaram-se 25 anos. Como olha hoje para o projecto? Sente que está devidamente aproveitado?

É a obra que mais me preencheu. Trabalhei nele ao nível da arquitectura, porque é essa a minha área de formação, e trabalhei também com a escultura porque é o que faço, embora não tenha tirado qualquer curso. Faço escultura como terapia. Trabalhei ao nível da música com Rão Kyao e outro maestro, que perceberam o que eu queria e fizeram uma composição de tal ordem que toca o dia todo [no Centro] e as pessoas nunca se cansam. Tratei, na altura, de tudo o resto, da decoração e do que lá se vendia. As coisas foram-se esgotando e acabou por não haver quase nada para vender, à excepção de uns livros e postais. Criámos muita coisa que se vendia, os turistas iam lá, não faziam barulho porque percebiam que era um sítio de silêncio, compravam e esse espaço tinha um certo rendimento. Deve-se divulgar este centro ecuménico, que se tornou um ex-líbris de Macau, junto dos turistas como algo que Macau tem e que não existe em mais nenhum outro lugar urbano no mundo. Portanto, o centro funciona neste momento com uma exposição minha e um bazar que tem produtos que se vendem noutros locais e que não têm nada a ver com o centro ecuménico, mas que são um chamariz.

Como foi o arranque da construção deste projecto? Já tinha feito alguma coisa com tanta ligação ao mundo espiritual?

Vivi em Moçambique até ir para Lisboa estudar arquitectura. Desde criança que conheço a deusa Kun Iam, porque a minha mãe tinha uma estátua branca de Kun Iam em casa, e era a coisa que eu mais gostava naquela casa. Mal sabia eu que um dia viria a fazer um centro dedicado a esta deusa. Quando vim para Macau trabalhar no Leal Senado, como assessora do presidente, com o primeiro dinheiro que ganhei fui a Hong Kong comprar um abat-jour branco com a figura de Kun Iam, que ainda hoje tenho. Em relação à parte espiritual, esta vem de criança, sempre gostei do silêncio. Quando faço arquitectura ou escultura é sempre em completo silêncio. Estou só eu ligada ao trabalho e a um mundo que, como não é tangível, muitas pessoas nem se apercebem dele, nem acreditam nele. Eu acredito porque sinto que quando trabalho duas noites sem dormir, ou três dias seguidos, em qualquer projecto, em silêncio, acordo de manhã e penso nas ideias que tive, surpreendo-me até com elas. Então a parte espiritual está reflectida na escultura que faço. Especializei-me em habitação e a espiritualidade também se reflecte nos projectos que fiz em Macau na área da habitação social. A espiritualidade é uma parte de mim, e o centro ecuménico é orientado para isso. Nestas visitas guiadas que tenho feito tento puxar pelos mais jovens para que percebam que podemos ser muito ajudados por energias que não vemos. Não dou nomes às coisas e digo para não se importarem com isso, porque o importante é tomar consciência que há mais do que aquilo que vemos. O mundo material não é o único que nos interessa, há mais para tomarmos contacto e agradecermos.

Macau é um território pautado pelo consumo, o jogo, os excessos. Ter um centro desta natureza nesta sociedade tem um maior significado?

Este centro é ecuménico, mas nada tem a ver com a Igreja, remetendo sim para algo abrangente. O centro foi feito para ateus, agnósticos, religiosos e não religiosos, para todos aqueles que precisem de silêncio. E no mundo de Macau, ou em grandes meios urbanos, há sempre poluição auditiva. Esse centro foi feito numa ilha que pedi de propósito ao Governador de então, o general Vasco Rocha Vieira, que foi uma pessoa muito aberta a esta proposta. Essa ilha foi criada porque, na altura, não havia espaço em Macau para colocar um monumento de 20 metros de altura. O centro tornou-se um símbolo, muitos vão lá rezar, mas não foi feito para isso. Devo dizer que acredito que a essência do divino está em cada um de nós, mas nem todos têm consciência disso. Outros estão abertos para essa essência.

Voltando à exposição. O que podem as pessoas aprender com ela?

Estou agora em Macau por um período de seis meses, mas tenho tratado também de vários assuntos relacionados com projectos que fiz em Portugal há muitos anos e que estou a tentar que sejam recuperados. A exposição, por si, está lá e não é um atractivo. É bom saber-se que a reabertura do centro ecuménico não teve a divulgação que deveria ter. Ninguém sabe que o centro ecuménico foi aberto, e quem aparece lá são as pessoas que deixam os filhos nos parques, observam o espaço, e vão lá com as crianças. É interessante porque os mais pequenos dirigem-se, precisamente, para os pontos de energia identificados por mim. Aparecem pessoas que andam a passear, entram, mas não vão de propósito ver a minha exposição. Depois, como vêem a porta de saída que dá para o rio, saem logo e a exposição passa despercebida.

Mas lamenta que não se tenha feito mais divulgação.

Não se fez, não. Agora é que estou a fazer esse trabalho e a divulgar junto de pessoas amigas. Estou a acabar uma exposição sem que, de facto, as pessoas tenham usufruído, quando tenho esculturas com mensagens. Demoro cerca de um mês a fazer uma escultura, e vou escrevendo, pensando, fazendo poesia, então tenho muito a transmitir às pessoas sobre cada escultura. Muitas pessoas dizem que saem de lá mais ricas. Vou pedir que a exposição seja prolongada além do dia 13 de Março e era bom que isso acontecesse, porque têm aparecido grupos de pessoas, inclusivamente algumas que marcam hora comigo e eu vou fazer a visita guiada.

Como surgiu a sua ligação à cultura chinesa?

Essa ligação vem de infância. Depois aprofundei muito essa ligação porque tive de estudar sobre a deusa Kun Iam. Tive de ver muitas figuras de Kun Iam para pensar como iria fazer uma que estivesse ali suspensa, ao ar livre sujeita aos tufões e ventos fortes, bem como altas temperaturas. A parte espiritual foi mais fácil para mim, porque desde criança que me interesso por filosofias orientais. Essa parte da espiritualidade [na construção do centro ecuménico] foi, para mim, mais fácil, embora tenha tido muitas dificuldades. Dei tudo de mim, livros para a biblioteca, e até contribuí a nível financeiro para este centro, para que muitos jovens pudessem usufruir dele.

Disse-me que algumas obras que edificou necessitam de recuperação. É ingrato esse lado do artista, de ver os projectos a destruírem-se com o tempo, sem preservação?

Não lamento nada, tento, sim, entender. Mas também tento defender os propósitos que existiam no arranque de cada projecto. Tento entender a maneira de ser dos chineses que viveram tantos anos limitados e com muitas proibições. Gostaria de entender porque puseram um bazar na exposição a vender tantos produtos. O mesmo acontece em Portugal: tenho a obra “Vela ao Vento”, em Tavira, numa rotunda enorme que tinha um lago, foi algo que tentei fazer de forma poética, mas depois vejo que as pessoas menosprezam. Agora não há água no espaço e crescem ervas. Sinto que há uma falta de respeito pelo artista.

Comércio | Pequim reitera que não cede à pressão dos EUA

A China advertiu ontem que “não cederá a pressões” e acusou os Estados Unidos de utilizarem as taxas alfandegárias como instrumento político, no meio de uma escalada da guerra comercial entre as duas potências.

“A China não tolera a hegemonia nem a intimidação. Se os EUA insistirem em tácticas de pressão máxima contra a China, escolheram o adversário errado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Os Estados Unidos puseram ontem em vigor taxas adicionais de 20 por cento sobre todos os bens oriundos da China. Pequim retaliou com taxas de até 15 por cento sobre produtos agroalimentares norte-americanos, incluindo soja, trigo e carne de vaca (ver texto secundário).

Lin afirmou que “os Estados Unidos impõem taxas para desviar a atenção dos seus próprios problemas internos”.

De acordo com o porta-voz, estas medidas “não resolverão os desafios dos EUA, mas prejudicarão a cooperação bilateral em sectores-chave, como a tecnologia”. Apesar da escalada das tensões, o porta-voz disse que Pequim continua empenhada no diálogo, mas sublinhou que este deve ser feito “com base na igualdade e no respeito e benefício mútuos”.

“Se os EUA querem realmente resolver os seus problemas, devem encetar negociações sérias”, acrescentou.

Pequim mantém objectivo de colocar astronautas na Lua antes do final de 2030

O programa chinês de exploração lunar tripulada está a progredir e mantém o objectivo de colocar astronautas no satélite natural da Terra antes do final de 2030, disse ontem a Agência Espacial de Missões Tripuladas da China.

Em comunicado, a agência afirmou que os principais componentes do projecto estão a progredir de acordo com o calendário previsto. Isto inclui o foguetão de carga pesada “Longa Marcha 10”, a nave espacial tripulada “Mengzhou”, o módulo de aterragem lunar “Lanyue”, o fato lunar “Wangyu” e o veículo espacial “Tansuo”.

Todos se encontram na fase de desenvolvimento de protótipos preliminares, estando os trabalhos de conceção a decorrer de acordo com o calendário previsto, lê-se na mesma nota.

Paralelamente, as autoridades iniciaram a construção de novas infra-estruturas no Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na província insular de Hainan, no sul do país.

As instalações incluem sistemas de teste e de lançamento, bem como equipamento terrestre para o controlo da missão. Os planos de concepção já foram aprovados e os trabalhos estão prestes a começar, segundo o comunicado.

O programa de exploração lunar tripulada da China prevê dois lançamentos do “Longa Marcha 10” a partir de Wenchang para colocar o módulo “Lanyue” e a nave espacial “Mengzhou” na órbita lunar.

Uma vez posicionados, os dois elementos acoplar-se-ão no espaço. Dois astronautas serão então transferidos para o módulo lunar, que descerá à superfície lunar com uma aterragem assistida por motor.

Durante a sua estadia na Lua, a tripulação utilizará a sonda “Tansuo” para realizar actividades científicas e recolher amostras. No final da missão, regressarão ao módulo “Lanyue”, que os levará de volta à nave espacial “Mengzhou” em órbita, após o que farão a viagem de regresso à Terra.

Plano delineado

As autoridades do programa espacial seleccionaram a sua quarta geração de astronautas, que já estão a treinar para as operações de aterragem e exploração lunar, segundo o comunicado.

A missão Chang’e 7 deverá atingir o polo sul lunar em 2026, onde procurará depósitos de gelo de água, enquanto a Chang’e 8, em 2028, explorará possíveis utilizações para os recursos descobertos pela sua antecessora e lançará as bases para a exploração tripulada em 2030.

A China investiu fortemente no seu programa espacial e conseguiu aterrar com sucesso a sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua – a primeira vez que tal foi conseguido – e chegou a Marte pela primeira vez, tornando-se o terceiro país – depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética – a “atracar” um robô no planeta vermelho.

China | Impostas taxas adicionais de até 15% sobre principais produtos agrícolas dos EUA

A China anunciou ontem a imposição de taxas alfandegárias adicionais de até 15 por cento sobre as importações dos principais produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo frango, carne de porco, soja e carne de vaca.

As taxas, que foram anunciadas pelo Ministério do Comércio, deverão entrar em vigor a partir de 10 de Março e seguem-se à ordem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar as taxas sobre as importações de produtos chineses para 20 por cento em todos os sectores, desde ontem.

As importações de frango, trigo, milho e algodão cultivados nos Estados Unidos enfrentarão uma taxa extra de 15 por cento, informou o ministério. As taxas sobre o sorgo, a soja, a carne de porco, a carne de vaca, os produtos do mar, as frutas, os legumes e os produtos lácteos serão aumentados em 10 por cento, acrescentou.

Na passada sexta-feira, o Ministério do Comércio chinês expressou em comunicado a “firme oposição” aos planos dos EUA, acrescentando que a China afirmou “repetidamente” que “as taxas unilaterais violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e “prejudicam o sistema comercial multilateral”.

Troca de argumentos

Trump comprometeu-se a impor uma taxa adicional de 10 por cento à China – já tinha anunciado 10 por cento anteriormente – com o argumento de que o país não fez esforços suficientes para combater a entrada de fentanil nos Estados Unidos.

O ministério chinês do Comércio afirmou que “a China é um dos países com as políticas de controlo de drogas mais rigorosas e abrangentes do mundo” e que tem cooperado activamente nesta questão com todas as nações do mundo, “incluindo os Estados Unidos”.

Trump fez depender as taxas de “progressos” na luta contra o tráfico de fentanil, anunciando também taxas de 25 por cento contra o México e o Canadá. “As drogas estão a vir do México e muitas delas estão a vir da China; não todas, mas muitas delas estão a vir da China”, disse.

Na primeira presidência de Trump, o chefe de Estado norte-americano manteve uma relação tensa com Pequim, impondo várias rondas de taxas sobre bens oriundos da China, às quais o país asiático respondeu com taxas sobre as exportações dos EUA.