USJ Criado novo mestrado com foco na saúde mental Hoje Macau - 1 Jul 2025 A Universidade de São José (USJ) acaba de criar um novo mestrado de Serviço Social em que os alunos se podem especializar em saúde mental. Segundo uma nota de imprensa ontem divulgada, a aposta nesta vertente de ensino pretende “responder à crescente procura de profissionais nesta área crítica”, tendo este programa sido concebido “com o objectivo de formar profissionais com as capacidades práticas e de investigação necessárias para contribuir para o desenvolvimento dos serviços de saúde mental na área da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau”. As candidaturas já estão abertas para o próximo ano lectivo 2025-2026, sendo que o conteúdo programático se baseia “nos fundamentos do primeiro programa de bacharelato em Serviço Social da USJ, criado em 2006, evoluindo para responder às necessidades da comunidade à medida que estas mudam”. Pretende-se que os alunos “obtenham conhecimentos e formação essenciais que lhes vão permitir prestar serviços de saúde mental eficazes, contribuindo para a melhoria global dos cuidados de saúde mental em Macau”. O período de candidaturas para o programa de mestrado está aberto até 29 de Agosto de 2025.
Resíduos | Ambientalista pede suspensão de “Ilha Ecológica” João Luz e Nunu Wu - 1 Jul 2025 Como Macau acordou exportar para o Interior resíduos de obras de construção, uma ambientalista defende que o Executivo deveria desistir do projecto do aterro de resíduos ao largo das praias de Coloane. A vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong realça a importância da zona para o habitat dos golfinhos brancos chineses O Governo de Macau e Ministério da Ecologia e Meio Ambiente chinês assinaram um acordo para a RAEM enviar para o outro lado da fronteira os materiais inertes que resultam das obras de construção, revelou na semana passada o Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas. A solução encontrada para larga produção de materiais inertes resultantes de demolições e construções faz com que não seja necessário o aterro de lixos de construção projectado para a costa marítima ao largo das praias de Coloane, de acordo com a vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, Viena Mak Hei Man. Em declarações ao jornal Cheng Pou, a ambientalista voltou a reiterar que a opinião de que a chamada “Ilha Ecológica” representa uma ameaça à estabilidade do habitat natural dos golfinhos brancos chineses, preocupação partilhada por outros activistas de protecção do ambiente, como Joe Chan. Os receios dos ambientalistas são suportados por estudos feitos por duas universidades chinesas, que além do impacto do aterro de grande dimensão indicam também o tráfego marítimo para transportar resíduos, e a poluição resultante, como um factor de risco para a espécie de cetáceos. Além disso, o processo de construção do aterro, que tem uma área projectada de quase um terço da Taipa, pode colocar em perigo a vida desta espécie local de golfinhos, que está em vias de extinção. Nova vida Um dos estudos encomendados pelo Governo da RAEM sobre o impacto ambiental da chamada “Ilha Ecológica”, elaborado por académicos da Universidade Sun Yat-Sen, revelou que, pelo menos, 144 golfinhos brancos chineses fazem da costa sul de Coloane o seu habitat. Os resultados do estudo realizado foram categorizados como confidenciais, mas foram tornados públicos pelo Canal Macau da TDM em Março do ano passado. Os académicos salientaram a preservação dos golfinhos já seria complicada, mesmo sem o aterro de resíduos de construção e cinzas volantes, devido ao nível de poluição do estuário do Rio das Pérolas, que o estudo indica como um dos mais poluídos do país. Como tal, Viena Mak defende que a suspensão do projecto da “Ilha Ecológica” é urgente. Porém, a ambientalista aplaude o acordo de transferência de resíduos, acrescentando que a RAEM deve ponderar alternativas de tratamento de resíduos, além de aterros e incineração, uma vez que mais de 80 por cento dos resíduos de materiais de construção de Macau são recicláveis e podem ser transformados em materiais agregados para cimento, asfalto e tijolos. Como tal, Viena Mak sugere que o Executivo da RAEM reforce a cooperação com o Interior da China para assegurar que os materiais enviados são reutilizados.
Saúde | Preocupação com redução do número de médicos João Santos Filipe - 1 Jul 2025 A redução do número de médicos no Centro Hospitalar Conde de São Januário não tem impedido o aumento do número de consultas e atendimentos. Contudo, o deputado da FAOM, Lei Chan U, alerta para a necessidade de garantir o direito ao descanso dos médicos e enfermeiros O deputado Lei Chan U pretende que o Governo apresente planos para inverter a tendência de redução do número de médicos no Centro Hospitalar Conde de São Januário. O assunto é abordado numa interpelação oral que vai ser apresentada nas próximas semanas na Assembleia Legislativa. De acordo com o deputado, os dados mais recentes mostram que entre os anos de 2022 e 2023 houve uma redução do número de médicos e enfermeiros no principal hospital público. Esta tendência verificou-se apesar de o número de consultas externas ter crescido 1,7 por cento nesse período e dos atendimentos nas urgências terem apresentado um aumento de 24,7 por cento, com o deputado a elogiar o trabalho das equipas médicas, por fazerem mais com menos. No entanto, Lei Chan U pretende que o Governo explique como vai aumentar o número de profissionais de saúde, para garantir o direito ao descanso: “Nos últimos anos, o número de médicos no CHCSJ tem vindo a diminuir, mas o número de doentes não. A curto prazo, vão as autoridades aumentar, razoavelmente, a mão-de-obra para garantir o tempo de descanso razoável dos profissionais de saúde e para encurtar ainda mais o tempo de espera de doentes?”, é perguntado. Clínicas e novo hospital O legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pretende também que se explique o futuro da rede de cuidados de saúde comunitários, que tem por base as clínicas locais. “Nos últimos anos, o número de médicos na rede de cuidados de saúde comunitários tem vindo a diminuir de ano para ano. Em 2023, existiam 163 médicos nessa rede, ou seja, menos 21 do que os 184 médicos em 2019, mas não se registou uma redução significativa do número de serviços prestados”, aponta o deputado. “No âmbito dos cuidados de saúde comunitários, vão as autoridades aumentar o número dos profissionais de saúde na rede cuidados de saúde comunitários em prol do aumento da capacidade de serviço das consultas externas comunitárias?”, questiona. Além de alertar para as maiores exigências para o menor número de médicos, Lei Chan U pede ao Governo que explique que papel vai ser assumido pelo Hospital das Ilhas, no sentido de aliviar a carga do hospital na Colina da Guia. “Como será gradualmente concretizado o mecanismo de triagem do Peking Union Medical College Hospital para reduzir a pressão sobre o Centro Hospitalar Conde de S. Januário (CHCSJ)?”, questionou. “Quando é que se prevê que o Peking Union Medical College Hospital vá efectivar, eficazmente, o seu efeito de triagem?”, pergunta. Por último, Lei Chan U pede ao Governo que faça uma actualização sobre o desenvolvimento do estudo que está a ser realizado sobre um plano de complementaridade entre os cuidados médicos privados e públicos no território.
FM | Candidaturas a subsídios abrem a 7 e 14 de Julho Hoje Macau - 1 Jul 2025 A Fundação Macau (FM) vai disponibilizar, para o próximo ano, quatro planos de financiamento e subsídios, nomeadamente para despesas e funcionamento de associações, projectos académicos, realização de actividades comunitárias e ainda intercâmbios no Interior da China, Hong Kong e Taiwan e viagens internacionais. Segundo uma nota da FM divulgada ontem, as candidaturas começam a 7 de Julho para o plano relativo às despesas de funcionamento de associações, sendo que para os restantes planos as candidaturas arrancam no dia 14 deste mês. O objectivo da FM é uma “utilização racional dos fundos públicos”, seguindo-se o princípio de “concessão por mérito”, existindo “um mecanismo de atribuição competitivo que enfatiza o benefício social, o planeamento e a capacidade de execução dos projectos”. É ainda destacado que “o cumprimento dos requisitos de elegibilidade ou a obtenção de subsídio dos anos anteriores não garantem necessariamente a aprovação do subsídio”.
Eleições | CAEAL impede fotografias de informação que a lei obriga a divulgar João Santos Filipe - 1 Jul 2025 Seng Ioi Man estimou que as listas finais dos candidatos às eleições de 14 de Setembro possam ser reveladas entre 18 de Julho e 31 de Julho. Actualmente, os candidatos estão a ser avaliados pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que tem poderes de exclusão Apesar de a lei eleitoral obrigar à afixação em lugar público dos dados dos candidatos às eleições de 14 de Setembro, para serem consultados pela população, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) proibiu que se tirem fotografias da informação. A decisão foi justificada pelo presidente da comissão, o juiz Seng Ioi Man, com a vontade de impedir que os dados pessoais acabam na internet. De acordo com o definido na lei eleitoral, após serem apresentadas as candidaturas, a CAEAL tem de afixar a informação na sua sede. Parte desta informação inclui a “identificação completa dos candidatos e dos mandatários”, composta pelo nome, data de nascimento, profissão, naturalidade, residência habitual, endereço postal e número do Bilhete de Identidade de Residente. No entanto, e apesar de a informação ser pública, os residentes não podem tirar fotografias das folhas afixadas. Em declarações aos jornalistas, Seng Ioi Man explicou a opção com o facto de a CAEAL pretender proteger os dados pessoais dos candidatos. “De acordo com a lei eleitoral, é necessário apresentar a identidade dos mandatários e dos candidatos. É preciso afixar todas as informações. Mas a CAEAL verificou que estas informações contêm muitos dados pessoais, e tendo em conta a protecção dos dados pessoais destes indivíduos a CAEAL decidiu não permitir tirar fotos”, justificou ontem Seng Ioi Man. Avisos sem penalizações Quando a CAEAL foi questionada sobre o artigo da lei que permite impedir fotografias de documentos públicos, evitou especificar um artigo e pediu aos jornalistas que consultem a lei. “O senhor jornalista, se precisar, pode ler a lei, pode consultar a lei, porque há disposições muito pormenorizadas”, respondeu o presidente da CAEAL. Com a afixação das listas surgem avisos a alertar que as pessoas que divulgarem os dados publicados arriscam assumir as responsabilidades legais e que não podem tirar fotografias. Em nenhum lado dos avisos é indicado a penalização correspondente à divulgação da informação nem de tirar fotografias. “A lei exige uma informação muito completa, muito pormenorizada, até o número do BIR da pessoa é divulgado, assim como a data de nascimento, […] Depois de uma ponderação prudente, foi necessário publicar tudo […] mas não achámos prudente permitir tirar fotografias para salvaguardar os dados das pessoas constantes nas listas. Se for permitido tirar fotografias ou filmar, depois os dados vão parar à internet e essas informações vão ser divulgadas. A CAEAL não considerou isso prudente”, adicionou. Listas em avaliação Actualmente as listas apresentadas são provisórias e dado que não houve reclamações face à informação publicada pela CAEAL sobre os membros das listas, as candidaturas seguiram para Comissão de Defesa da Segurança do Estado. A comissão faz a avaliação política sobre a lealdade dos candidatos à RAEM. O parecer emitido é vinculativo para a CAEAL, e não admite recurso das decisões da Comissão de Defesa da Segurança do Estado. Tendo em conta os trâmites processuais das eleições, Seng Ioi Man explicou que a decisão da comissão deverá ser conhecida o mais tardar até 15 de Julho. Como consequência, na melhor das hipóteses as listas definitivas serão confirmadas a 18 de Julho. Todavia, se houver recurso das decisões da CAEAL, por motivos que não os relacionados com as decisões da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, a divulgação da lista final pode acontecer apenas a 31 de Julho.
OMS | Estudo revela que uma em cada seis pessoas no mundo sente-se só Andreia Sofia Silva - 1 Jul 2025 Um relatório da Organização Mundial de Saúde refere que a solidão é um problema crescente. Baseado num estudo realizado entre 2014 e 2023, o documento concluiu que uma em cada seis pessoas no mundo se sente só, com destaque para jovens dos 13 aos 29 anos. A região do Sudeste Asiático apresenta, contudo, valores menos problemáticos Cada vez se fala mais do impacto devastador da solidão como causa potencializadora de doenças. Desta vez, um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado na segunda-feira e realizado pela Comissão para a Conexão Social, traz dados sobre o problema, concluindo que uma em cada seis pessoas diz sentir-se só, um estado que não sinónimo de estar sozinho. Além disso, o problema é maior nos mais jovens, pois um em cada cinco diz sentir-se só, o que mostra que um quinto da população mundial entre os 13 e 29 anos diz sentir solidão. O estudo, intitulado “Da solidão à conexão social – traçando um caminho para sociedades mais saudáveis: relatório da Comissão da OMS sobre Conexão Social”, incide sobre os anos de 2013 e 2024, abrangendo, portanto, a pandemia, um período em que grande parte das populações mundiais enfrentaram períodos de confinamento, algumas delas sozinhas nas suas habitações. O estudo foi enviado a jornalistas de 194 países membros da OMS, e os dados foram tratados em consonância com outros trabalhos já realizados sobre o tema e com apoio de especialistas de todo o mundo, incluindo da China. Bin Yu, do Medical College Tianjin University, foi um dos participantes do projecto. O relatório aponta que entre 2014 e 2023 “estima-se que 16 por cento das pessoas em todo o mundo – uma em cada seis – sentiram a solidão”, algo que “afecta todas as idades e regiões”. Porém, é um sentimento “mais comum entre adolescentes e adultos jovens”, com uma taxa de 20,9 por cento de jovens entre os 13 e 17 anos, enquanto que a taxa reduz um pouco, para os 17,4 por cento, no caso dos jovens adultos dos 18 aos 29 anos. O sentimento de solidão “diminui com a idade”, sendo também “mais comum em países de baixos rendimentos, onde quase uma em cada quatro pessoas (24 por cento) afirmou sentir-se solitária”. O estudo da OMS destaca ainda que “as taxas mais elevadas se encontram na região africana da OMS”, com 24 por cento; seguindo-se as regiões do Mediterrâneo Oriental (21 por cento), sendo que no Sudeste Asiático esse sentimento é menos sentido pelos inquiridos, registando-se apenas 18 por cento. “A região europeia tem a taxa mais baixa, com cerca de dez por cento”, diz a OMS, que distingue solidão de isolamento social. Neste campo, “os dados são mais limitados”, mas destaca-se o isolamento dos idosos. “As estimativas sugerem que 25-34 por cento dos idosos estão socialmente isolados”, tratando-se de dados relativos aos anos entre 1990 e 2022. Quando se chega à idade adulta, dos 30 aos 59 anos, a percentagem de pessoas que se sente só baixa para 15,1 por cento, sendo que nas pessoas com 60 anos ou mais é ainda menor, com 11,8 por cento. Relativamente ao género, “as taxas estimadas de solidão em mulheres e homens são semelhantes (16,1 e 15,4 por cento, respectivamente), com as maiores diferenças estimadas entre adolescentes (24,3 por cento entre mulheres e 17,2 por cento entre homens) e idosos (13 por cento entre mulheres e 9,9 por cento entre homens)”. Quem mais sente O relatório refere que hoje em dia “a desconexão social é generalizada em todas as regiões e em todas as faixas etárias”, com consequências que são “graves e subestimadas, afectando a mortalidade, a saúde física e mental, o bem-estar, a educação, a economia e a sociedade em geral”. “A sua ocorrência generalizada e as suas graves consequências tornam-na uma questão séria de saúde pública global “, é referido. E quem se sente mais sozinho? A OMS dá destaque a “grupos marginalizados”, nomeadamente “pessoas com deficiência, lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, intersexuais, queer (ou, por vezes, em questionamento) e outros indivíduos (LGBTIQ+) e migrantes”. Estas pessoas “são mais propensas a sentir solidão e isolamento do que outros grupos”, deixando-se a ressalva que “os dados anteriores são demasiado limitados para determinar se as taxas de isolamento social e solidão aumentaram ou diminuíram”. No caso dos portadores de deficiência, persistem cenários como não conseguir “aceder a instalações sociais e aproveitar oportunidades devido a barreiras físicas nos edifícios, acesso limitado a transportes e falta de informação e comunicação acessíveis, enquanto outras enfrentam estigma estrutural que limita as suas oportunidades de emprego ou outras barreiras socioculturais que levam a um nível de educação mais baixo, relações menos estáveis e condições de habitação mais precárias”. São identificados “muitos factores” que levam as pessoas a sentir-se sozinhas, nomeadamente a “modernização, industrialização e as mudanças tecnológicas”, podendo ser “responsabilizados pelo que, muitas vezes, se presume ser um aumento do isolamento social e da solidão, mas a maioria permanece sem comprovação”. “Sabemos que certos fatores aumentam o risco de os indivíduos sofrerem de desconexão social. Estes incluem má saúde física ou mental (especialmente depressão), traços de personalidade como neuroticismo, não ter um parceiro ou ser solteiro, viver sozinho e características do ambiente construído, como mau acesso a transportes públicos. O impacto da tecnologia digital ainda não é claro, mas os especialistas recomendam cautela, especialmente para proteger a saúde mental e o bem-estar dos jovens”, é ainda referido no estudo. A OMS destaca, ao longo de todo o texto, como é difícil quantificar sentimentos de solidão, sendo relativamente recentes este tipo de definições e, sobretudo, diferenciação entre o sentimento de sentir-se só e o estar efectivamente só. O relatório inclui testemunhos de pessoas de vários países e culturas que descrevem que, mesmo estando com um companheiro ou amigos, sentem-se sós, num cenário causado por muitos factores. No caso dos jovens, “a constatação de elevadas taxas de solidão entre adolescentes é consistente com os resultados de pesquisas anteriores, embora o resultado possa estar sujeito a considerações tanto de desenvolvimento como metodológicas”. “Como a solidão resulta de uma discrepância percebida entre as conexões sociais reais e as desejadas ou esperadas, a taxa mais elevada na adolescência pode ser devida a expectativas mais elevadas de conexões sociais durante a fase de desenvolvimento, que é marcada por mudanças emocionais e psicológicas significativas. Os idosos relatam uma satisfação comparativamente maior com as suas relações sociais. De acordo com estas estimativas, os idosos apresentam as taxas mais baixas de solidão, o que contradiz estudos anteriores que realçavam os idosos como a faixa etário com algumas das mais elevadas taxas. Isto pode ser devido à disponibilidade e qualidade limitadas dos dados anteriores sobre idosos”, é explicado. O estudo destaca, porém, ser “possível que a prevalência da solidão seja maior entre os adultos com 80 anos ou mais”, tratando-se de uma “conclusão consistente com estudos anteriores, nos quais se verificou uma distribuição em forma de ‘U’ de solidão entre os adultos mais velhos”. Mais de 800 mil mortes Estamos numa era em que a chamada saúde social está em risco, sendo considerada pela OMS como “um pilar vital, mas muitas vezes negligenciado, de saúde, tão essencial quanto a saúde física e mental”. “As relações sociais podem reduzir o risco de doenças, aumentar a esperança de vida e fortalecer o tecido das comunidades e da sociedade. As relações sociais melhoram a vida, dando-nos significado e um sentimento de pertença”, lê-se ainda, sendo referido que hoje a solidão afecta uma em cada seis pessoas em todo o mundo e causa “cerca de 871.000 mortes anualmente (2014-2019)”. “Novas estimativas sugerem que a solidão, por si só, pode ser responsável por cerca de 871.000 mortes por ano. O custo económico destes impactos abrangentes na sociedade está apenas a começar a ser compreendido. As estimativas sugerem custos substanciais para os empregadores, os sistemas de saúde e cuidados e os indivíduos. Ligações sociais mais fortes proporcionam uma protecção importante nos domínios da saúde, social e económico”, lê-se. O relatório destaca que muitas destas questões só agora começam a ser percepcionadas e analisadas. “Provavelmente isso já acontece há anos, mas a pandemia da doença coronavírus 2019 (covid-19) e a crescente preocupação com a tecnologia digital trouxeram mais atenção para a questão, inclusive por parte dos governos”, é explicado. A OMS aponta ainda uma correlação entre a pobreza ou baixos rendimentos e o sentimento de solidão. “Em geral, quanto mais baixo é o grupo de rendimento de um país, maior é a taxa de solidão. Estima-se que os países de baixo rendimento tenham a prevalência mais elevada (24,3 por cento), seguidos pelos países de rendimento médio-baixo (19,3 por cento), países de rendimento médio-alto (12,1 por cento) e países de alto rendimento (10,6 por cento)”, pode ler-se. Apesar de alguns cenários preocupantes, a OMS deixa algumas sugestões e diz mesmo que “há esperança” para contornar o problema. “Existem estratégias eficazes para promover a conexão social e estas devem ser ampliadas”, passando, por exemplo, pelo “monitoramento regular da prevalência da conexão social, do isolamento social e da solidão em nível global, regional e nacional”. Esse monitoramento deve ser encarado como “uma alta prioridade”, permitindo “acompanhar o progresso e medir o impacto das estratégias para lidar com a questão”. Sugere-se ainda o “desenvolvimento e a adopção, a nível internacional, de instrumentos de medição fiáveis, válidos interculturalmente para a conexão social, o isolamento social e a solidão”, devendo ser encarada “como prioridade” a criação “de um instrumento para medir a conexão social, tal como concebida neste relatório: nas três dimensões de estrutura, função e qualidade”. O estudo teve como base documentos de referência sobre estimativas globais e regionais da prevalência da solidão e da mortalidade devido à solidão, “as primeiras desse tipo”; uma revisão global de documentos políticos; mapeamento e análise de redes, a inclusão de 64 experiências vividas por pessoas em relação à conexão social, isolamento social e solidão, bem como “evidências de alta qualidade, priorizando revisões sistemáticas, meta-análises e estudos multinacionais em grande escala”, sem esquecer a experiência do próprio Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Conexão Social, “composto por 20 especialistas globais de renome”.
Índia | Dalai-lama reafirma continuidade Hoje Macau - 1 Jul 20251 Jul 2025 O líder espiritual tibetano dalai-lama reafirmou ontem a continuidade da sua instituição, numa das declarações mais claras até à data sobre a intenção de garantir um sucessor, a seis dias do seu 90.º aniversário. Perante centenas de fiéis e monges reunidos no templo principal de McLeod Ganj, no norte da Índia, o líder espiritual tibetano e Prémio Nobel da Paz comprometeu-se a “servir a humanidade” não apenas pessoalmente, mas através da entidade que representa, numa referência velada à continuidade da linhagem espiritual. A declaração do líder tibetano ocorreu durante um Tenshug, uma elaborada cerimónia de oferenda de longa vida organizada este ano pela comunidade da província de Dhomey. Usando o tradicional chapéu amarelo cerimonial de Pandita, o Dalai Lama recebeu, durante cerca de duas horas, oferendas de uma longa procissão de devotos que rezavam pela sua longevidade. Com 89 anos, o Dalai Lama vive exilado na Índia desde 1959, ano em que fugiu do Tibete após uma revolta falhada contra a ocupação chinesa. Desde então, lidera a administração tibetana no exílio, a partir da cidade indiana de Dharamshala, defendendo a autonomia do Tibete e a preservação da sua cultura.
Fórum de Macau | António Lei substitui Casimiro Pinto Hoje Macau - 1 Jul 2025 Entra hoje em funções o novo secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum de Macau por indicação da RAEM. Trata-se de António Lei Chi Wai e vai substituir o macaense Casimiro de Jesus Pinto. Segundo uma nota de imprensa oficial, António Lei “assumiu vários cargos em diversos serviços governamentais e instituições públicas, tendo exercido funções de chefia e liderança em várias áreas, designadamente no Departamento Jurídico e de Fixação de Residência, no Centro de Apoio Empresarial de Macau e no Departamento de Promoção Económica e Comercial com os Mercados Lusófonos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. Além disso, António Lei foi director da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Actualmente, acumula as funções de administrador-delegado do Conselho de Administração e presidente da Comissão Executiva do Centro de Comércio Mundial Macau, S.A., bem como de presidente do Conselho Fiscal do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada. “Possui profundo conhecimento dos mercados dos Países de Língua Portuguesa, do Interior da China e de Macau, dominando fluentemente as línguas chinesa e portuguesa”, descreve a mesma nota.
Hong Kong promove em Portugal tecnologia na construção de habitação pública Hoje Macau - 1 Jul 2025 O Governo de Hong Kong anunciou ontem que vai promover em Portugal o uso de tecnologia na construção de habitação pública. De acordo com um comunicado, as autoridades de Hong Kong vão organizar em Portugal, na quinta-feira, um almoço de negócios intitulado “Desvendando Novos Horizontes: Habitação Acessível e Oportunidades em Hong Kong e na Grande Baía”. A Comissária para o Desenvolvimento da Grande Baía, Maisie Chan Kit Ling, vai fazer um discurso sobre “as enormes oportunidades de negócio” que o projecto regional oferece aos empresários portugueses. No evento vai-se “partilhar as experiências de Hong Kong no aumento da quantidade, rapidez, eficiência e qualidade da construção de habitações públicas, através da adopção de diversas tecnologias inovadoras de construção rápida e robótica”. A secretária para a Habitação de Hong Kong, Winnie Ho Wing Yin, convidou mais de 20 representantes do sector da construção da região e da China continental para participarem no evento. Estas empresas vão falar sobre tecnologias como os módulos pré-fabricados, a integração das instalações mecânicas, eléctricas e de canalização, e a utilização de robôs na construção civil. O evento poderá servir “para fortalecer as ligações entre os sectores de Hong Kong e Portugal e explorar oportunidades” de negócios, sublinha-se no comunicado. Em curso Tanto Maisie Chan como Winnie Ho irão ainda participar no 17.º International Forum on Urbanism, que irá decorrer entre 01 e 04 de Julho, no renovado Pavilhão de Portugal, que, depois das obras levadas a cabo pelo arquiteto Siza Vieira, foi transferido para a Universidade de Lisboa. O programa político do novo Governo português, liderado por Luís Montenegro, prevê a construção de 59 mil casas públicas até 2030 e financiamento para mais habitação, incluindo parcerias público-privadas em imóveis do Estado devolutos. Em 17 de Junho, o primeiro-ministro admitiu no parlamento que a anterior meta, construir 26 mil casas públicas até 2026, teve “uma execução difícil”, mas recusou ser “derrotista e pessimista”. “Eu acho que nós temos ainda capacidade para estimular a construção no sector público”, disse Montenegro, assinalando que “a taxa de execução está agora a aumentar”. “Nós estamos com uma taxa de execução no universo destas 26 mil casas de 27 por cento e, segundo a informação que os municípios nos transmitiram até o final do mês de Junho, 13.429 habitações estarão prontas nesse programa”, indicou. O primeiro-ministro considerou também que foi preciso ultrapassar “bloqueios administrativos e burocráticos” que atrasaram a construção de novas casas.
O concerto de Jacky Cheung David Chan - 1 Jul 2025 Jacky Cheung (張學友), o famoso cantor de Hong Kong apresentou um concerto em Macau que recebeu óptimas críticas das quais se destacam em particular dois comentários. Primeiro, o concerto fez aumentar as receitas do casino. Em média, a receita diária do jogo em Maio foi de 684 milhões de patacas, mas nos primeiros 22 dias de Junho, atingiu os 14,8 mil milhões, com uma média diária de jogo de 670 milhões. Junho é infelizmente um período de época baixa para o turismo, mas as receitas diárias do jogo foram comparáveis às de Maio, o que prova que o concerto atraiu muitos fãs de Jacky Cheung para Macau e ajudou a economia da cidade. Jacky Cheung fará seis concertos em Macau entre Junho e Julho. O Citibank emitiu um relatório onde se afirma que os concertos de Jacky Cheung impulsionaram o desenvolvimento económico de Macau, tendo as receitas do jogo em Junho subido dos esperados 19 mil milhões para os 19,75 mil milhões. O HSBC também emitiu um relatório onde é dito que as receitas do jogo em Junho podem atingir valores entre os 19,7 e os 20,4 mil milhões. Um cantor internacional tem capacidade de trazer um lucro adicional de 700 milhões a Macau. Isto mostra como Jacky Cheung é querido dos seus fãs e a dimensão do seu carisma. Jacky Cheung estreou-se nos anos 80 e está no activo há quase 40 anos. Os seus fãs cresceram com ele e são representantes de todas as faixas etárias, jovens, gente de meia-idade e também pessoas da idade de Cheung. Com uma base de fãs muito alargada, não surpreende que os seus concertos estejam sempre esgotados. Se Macau pretender desenvolver a economia atraindo para os seus palcos cantores internacionais, deve tomar em linha de conta as suas bases de fãs. Quanto maior ela for, maior será o número de pessoas que se desloca a Macau para ver o concerto e maiores serão os benefícios económicos para a cidade. Para atingir este objectivo, Macau pode considerar a possibilidade de oferecer descontos a estes artistas no aluguer das salas e fornecer aos fãs facilidades de transporte para facilitar as viagens de e para os seus locais de origem; também pode organizar transportes para que os fãs visitem as áreas mais frequentadas pelos habitantes locais e os sectores não turísticos possam beneficiar do afluxo de consumidores. Macau também pode aproveitar esta oportunidade para desenvolver sectores de actividade para lá da indústria do jogo, o que trará centenas de benefícios e nenhum prejuízo. O segundo foco do concerto é a utilização do cantonês e do mandarim. Durante o concerto, os fãs oriundos da China continental pediram a Jacky Cheung que falasse mandarim, ao que ele respondeu: “Peço desculpa, mas não falo mandarim.” Perguntaram então a Jacky Cheung: “Quantas pessoas falam cantonês?” Os fãs que falavam cantonês gritaram imediatamente “uau”. Depois, Jacky Cheung disse em mandarim: “Desculpem, mas não dá. Vá lá, aprendam cantonês.” Os gritos de “uau” dos fãs mostraram que a maior parte falava cantonês. Mesmo assim, Jacky Cheung cantou algumas canções em mandarim e os fãs da China continental ficaram muito felizes. Além disso, a frase de Jacky Cheung, “Não falo mandarim, vá lá, aprendam cantonês”, foi aclamada pelos cibernautas, que lhe chamaram “Embaixador da Promoção do Cantonês” e que o elogiaram pela sua grande inteligência emocional. Os concertos são parte da indústria do entretenimento. Desde que os fãs fiquem felizes, que diferença faz se se usa o mandarim ou o cantonês? As pessoas que vão assistir a um concerto deveriam esquecer a barreira da língua, mergulharem no espectáculo, desfrutarem de cada momento, integrarem-se na atmosfera festiva e fazerem tudo para proporcionar a si próprios a maior felicidade possível. É para isto que serve assistir a um concerto. A música é a linguagem comum da humanidade e pode eliminar barreiras entre as pessoas. Pensem nisto, sempre que ouvem música, só podemos apreciar canções cantadas na vossa própria língua? Para além de canções em cantonês, também ouvimos canções em mandarim, em inglês, em coreano, em japonês, etc. Ao compreender isto, podemos quebrar a barreira e língua e divertirmo-nos todos. Nos últimos anos, o poder da China aumentou muito, a economia desenvolveu-se rapidamente e o investimento estrangeiro também aumentou. Baseados no princípio que orienta as transações comerciais “os interesses económicos em primeiro lugar”, começa a ser comum os homens de negócio estrangeiros usarem o mandarim para comunicar com os seus parceiros chineses. Em 1972, as Nações Unidas classificaram os “caracteres chineses simplificados” como uma das seis “línguas comerciais” a par do inglês, do francês, do russo, do árabe e do espanhol. Todos os documentos oficiais das Nações Unidas são escritos nestas seis línguas, e o dia 20 de Abril foi escolhido como o “Dia da Língua Chinesa das Nações Unidas”. Actualmente, cerca de 1,5 mil milhões de pessoas falam chinês em todo o mundo e a importância desta língua é evidente. “Comunicação negocial” e “necessário para os assuntos de estado” demonstram que a partir de uma perspectiva política e económica, a procura global pela aprendizagem do mandarim cresce de dia para dia. De futuro, as pessoas que falam mandarim terão vantagem quando negoceiam com chineses. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Cinemateca | Festival de Cinema Infantil até Agosto Andreia Sofia Silva - 1 Jul 2025 Julho e Agosto são meses do calendário guardados para a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, com exibições na Cinemateca Paixão. A iniciativa, do Instituto Cultural, integra-se na programação do Festival de Artes de Macau e traz os grandes clássicos para a infância, como “Aladino” ou “Rei Leão” O Verão está aí e com ele também os grandes clássicos do cinema infantil que marcaram gerações, primeiro os pais, e agora os filhos. São estes clássicos que integram a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, integrado no Festival de Artes de Macau, e que decorre ao longo deste mês de Julho e de Agosto na Cinemateca Paixão. Esta iniciativa do Instituto Cultural (IC) pretende levar às salas de cinema os mais pequenos e revelar-lhes histórias repletas de emoção e fantasia, muitas delas feitas numa época em que os telemóveis não eram ainda uma realidade. Nesta que é a segunda edição do festival, dedicada também aos “graúdos com um espírito jovem”, apresentam-se filmes integrados em várias secções, sendo possível ver ou rever “Aladino”, “O Rei Leão”, “Cinderela” ou ainda títulos mais recentes “George, o Curioso”, “Happy Feet” ou “Paddington no Perú”, entre tantos outros. Numa das secções do festival, intitulada “Transformações Cinematográficas”, inclui-se uma selecção de filmes adaptados de livros infantis e ilustrados; ou ainda a secção “Clássicos para Todas As Crianças” que apresenta “animações originais, como a Branca de Neve e os Sete Anões, permitindo aos mais novos reviver o encanto das histórias clássicas”, descreve o IC. Dentro dos clássicos, “O Rei Leão” exibe-se no dia 27 de Julho a partir das 15h e traz uma conversa pós-exibição. Apesar de este filme ter uma edição mais recente, é a versão de 1994 que será exibida na Cinemateca, repleta das emoções do jovem leão Simba em luta contra o seu tio Scar, ambicioso e mau que o leva a acreditar ter sido responsável pela morte do seu pai. Porém, Scar apenas quer liderar o reino. Nesta luta, Simba cresce, apaixona-se e ganha dois amigos, Timon e Pumba. Estes personagens acabaram, eles próprios, por ser integrados noutros projectos de animação. No mesmo dia, mas às 11h, é a vez de ver “Aladino”, o homem do tapete voador, sendo exibida a história feita nos anos 90 que será depois analisada numa conversa pós-exibição. Dentro dos clássicos, no dia 20 de Julho apresenta-se uma versão antiga da “Branca de Neve e dos Sete Anões”, neste caso de 1937, quando a Cinderela tenta escapar à madrasta e às meias-irmãs más e feias, indo em busca do seu príncipe encantado. Os mais recentes Numa onda mais contemporânea, a Cinemateca Paixão exibe “Paddington na Amazónia”, filme do ano passado, numa versão que tem dobragem em cantonês. A exibição acontece sábado, 26 de Julho, e revela a história do urso que adora marmelada e fica perdido na selva, “numa aventura emocionante e cheia de perigos”. Já este sábado, serão exibidas algumas curtas de animação, a partir das 15h. É o caso de “George, O Curioso”, em que “o explorador Ted, o homem do chapéu amarelo, viaja até África na esperança de recuperar um artefacto importante para o seu amigo Bloomsberry, director de um museu”. Porém, acaba por encontrar-se com George, um “macaco inquieto”, que se esconde no navio que traz Ted de volta a Nova Iorque. É então que se iniciam uma série de aventuras de um macaco metido no meio da cidade. Nessa mesma tarde exibe-se “Toc, Toc! Os Pequenos Animais Estão a Chamar”. No domingo, dia 6, exibe-se novamente esta última curta, ao lado de “Onde Vivem os Monstros”. A partir das 11h é possível conhecer a história de “Max”, um “rapaz traquina e sensível que se sente incompreendido em casa e foge para onde vivem os monstros”. É então que ele chega a uma “ilha onde conhece criaturas misteriosas e estranhas, com emoções tão selvagens e imprevisíveis como os seus comportamentos”, sendo que os “monstros anseiam por um líder que os guie, tal como Max deseja ter um reino para comandar”. “No entanto, ele rapidamente percebe que governar não é assim tão simples, e que as relações nesse novo mundo são mais complicadas do que imaginava”, acrescenta a sinopse desta produção.
TCR China | André Couto participou na prova de Zhejiang Hoje Macau - 1 Jul 2025 No fim de semana transacto, André Couto teve um regresso inesperado ao campeonato TCR China, naquela que foi a sua primeira prova desta temporada. O piloto da RAEM mostrou que “quem sabe, nunca esquece”, apesar de ter tido uma passagem atribulada pelo Circuito Internacional de Zhejiang O piloto português residente em Macau, que não competia desde Novembro do ano passado – altura em que disputou as finais mundiais do Lamborghini Super Trofeo, tendo conquistado o título na categoria PRO-AM do Lamborghini Super Trofeo Asia – recebeu um convite de última hora por parte da MacPro Racing Team para conduzir um dos Honda Civic FL5 TCR da equipa do território na terceira prova da época do campeonato chinês de TCR. Sem qualquer treino prévio, André Couto voltou a sentar-se num carro que já conhecia, contando também com uma estrutura técnica que lhe era familiar. Em 2023, o piloto do território já tinha disputado algumas provas do TCR China com este conjunto, então ao serviço da equipa oficial Dongfeng Honda Racing Team, tendo mostrado andamento logo de início. “Os treinos livres não correram mal, mas na qualificação um piloto menos atento bateu-me logo na minha primeira volta de saída para a pista. Acertou-me por trás e nem percebi porquê. Danificou-me a traseira, desalinhou a convergência e o carro ficou torto. Entretanto, não havia nada a fazer — tinha que fazer a qualificação na mesma. A barra estabilizadora da frente também cedeu. Só descobriram depois que estava partida”, explicou o experiente piloto ao HM. “Ainda assim, qualifiquei-me em quarto no Q1, a cinco décimos do primeiro, o que, com o carro nas condições em que estava, não foi nada mau. O carro tinha potencial.” Na Q2, devido aos estragos, o carro japonês “ficou muito mais difícil de guiar” e Couto terminou em décimo. No entanto, isso acabou por ter um efeito positivo: “Com a inversão da grelha de partida, o décimo lugar da Q2 permitia-me arrancar em primeiro para a segunda corrida.” A primeira corrida, disputada no sábado na pista localizada em Shaoxing, não correu tão bem quanto o piloto desejava, não conseguindo acompanhar os Link & Co oficiais, nem os melhores Honda e Hyundai. “Acabei em oitavo. O carro não estava tão bom como esperava e acabámos por descobrir que tinha um amortecedor danificado, ainda do acidente na qualificação, que foi trocado para a corrida de domingo.” Domingo inglório Na corrida de 20 voltas de domingo, André Couto tinha tudo para brilhar, já que partia da pole-position e o Honda parecia finalmente em condições de lutar pelos primeiros lugares. “Na volta de formação, o carro estava bom. Já não sentia nada estranho e eu estava optimista.” A ideia era arrancar bem para se distanciar dos concorrentes mais rápidos nas primeiras voltas e, depois, gerir a corrida com pneus novos. No entanto, tudo se desfez rapidamente quando foi abalroado por Wu Yi Fan logo na travagem para a primeira curva. “Era essa a minha missão, mas não consegui”, reconheceu o vencedor do Grande Prémio de Macau de 2000. “Ele bateu-me logo na primeira curva e o carro ficou logo danificado. Aliás, bateu-me duas vezes. Primeiro deu-me um toque por trás, ainda tentei controlar, mas depois falhou a travagem e não virou e bateu-me na frente. Ele podia ainda ter galgado o corrector, mas não o fez. Já depois da corrida, foi penalizado pelo colégio de comissários desportivos, mas isso não altera o facto de eu ter desistido”. Com a direcção danificada do Honda, André Couto não teve outra opção senão abandonar. “Fiquei um bocado desiludido porque tinha esperanças de conseguir um bom resultado para a MacPro Racing Team que me tinha dado um bom carro. Íamos arrancar em primeiro… mas as corridas são assim.”
Indústria | Actividade recua pelo terceiro mês consecutivo Hoje Macau - 1 Jul 20251 Jul 2025 A actividade no sector transformador da China recuou em Junho pelo terceiro mês consecutivo, embora a um ritmo menos acentuado, segundo dados ontem divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país asiático. O índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês), principal indicador do sector, fixou-se nos 49,7 pontos, acima dos 49,5 registados em Maio, em linha com as previsões da maioria dos analistas. Um valor abaixo dos 50 pontos representa uma contração da atividade face ao mês anterior, enquanto valores acima assinalam crescimento. Dos cinco subíndices que compõem o PMI da indústria transformadora, os relativos à produção, novas encomendas – indicador-chave da procura – e prazos de entrega mantiveram-se acima da linha de crescimento, ao contrário dos de inventários de matérias-primas e emprego, que continuaram em zona de contração. O estatístico do GNE Zhao Qinghe destacou precisamente a recuperação “quer da produção, quer da procura”, com referência a sectores como o alimentar e de maquinaria especial, embora tenha sublinhado uma “atcividade de mercado insuficiente” noutras áreas, como minerais não metálicos ou fundição e laminação de metais ferrosos. Num relatório, a consultora britânica Capital Economics observou que os dados de junho sugerem que a economia chinesa “voltou a ganhar algum ímpeto”. O subíndice das novas encomendas para exportação subiu de 47,5 para 47,7 pontos, o terceiro aumento mensal consecutivo, embora ainda em território negativo. Este desempenho “reflecte provavelmente um aumento da procura dos Estados Unidos após a trégua comercial de 90 dias” iniciada entre os dois países em meados de Maio, apontou a analista Zichun Huang. Huang alertou, no entanto, para as “pressões deflacionistas persistentes” na economia chinesa, com os preços de produção a acelerarem em junho, mas a manterem-se “em níveis baixos”. O GNE divulgou ainda o PMI dos sectores não manufactureiros – serviços e construção – que subiu de 50,3 em Maio para 50,5 pontos em Junho, superando as expectativas dos analistas.
Partido Comunista Chinês ultrapassa os 100 milhões de membros Hoje Macau - 1 Jul 2025 O Partido Comunista Chinês (PCC) ultrapassou no final de 2024 os 100 milhões de membros, segundo um relatório ontem divulgado, num contexto marcado por mais de uma década de campanha contra a corrupção entre os seus quadros. O número de filiados ascende a 100,27 milhões – num país com cerca de 1.400 milhões de habitantes -, um aumento de 2,13 milhões face ao final de 2023, indicou o Departamento de Organização do Comité Central do PCC, por ocasião do 104.º aniversário da fundação do partido, que se assinala na terça-feira. “A afiliação ao PCC tem aumentado de forma contínua, ao mesmo tempo que a sua estrutura continua a melhorar e as organizações de base – atualmente em 5,2 milhões – se reforçam”, refere o relatório, citado pela imprensa estatal. O perfil educacional dos membros também tem evoluído: quase 57 por cento possuem formação universitária ou superior, revelou o documento. O número de mulheres continua a crescer, totalizando 31 milhões de filiadas (30,9 por cento), e a idade média dos novos membros tem diminuído, com 83,7 por cento das adesões em 2024 a corresponderem a pessoas com 35 anos ou menos. O relatório indica ainda que a proporção de membros oriundos de minorias étnicas se manteve nos 7,7 por cento registados no ano anterior. O partido sublinhou que mantém o foco na supervisão interna e na autogovernação, aplicando “o espírito de reforma e padrões rigorosos”, e registou um aumento de 16,5 por cento no número de quadros que receberam formação específica em 2024. Maior do mundo Fundado na clandestinidade, o PCC é hoje considerado o maior partido do mundo e exerce uma influência transversal sobre a vida política, económica e social da China, com conteúdos patrióticos ligados à sua história a surgirem inclusivamente nos exames nacionais de acesso à universidade. O secretário-geral do partido e Presidente da China, Xi Jinping, presidiu ontem a uma reunião do Politburo do Comité Central, na qual foram debatidas novas normas para “melhorar” o funcionamento dos organismos de deliberação, coordenação e tomada de decisão. “Na reunião, foi sublinhada a importância de evitar o formalismo e a burocratização, com vista a alcançar resultados concretos”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Estes princípios juntam-se aos reiterados apelos à austeridade por parte da liderança do partido, no âmbito da campanha anticorrupção lançada por Xi Jinping em 2012, que já resultou na condenação de dezenas de responsáveis por corrupção, incluindo antigos ministros e dirigentes de empresas e organismos estatais. Em Janeiro, Xi voltou a pedir uma “vitória resoluta na dura e prolongada batalha contra a corrupção”, que classificou como “a maior ameaça” ao partido.
Viagem | MNE chinês inicia périplo pela Europa para estreitar laços Hoje Macau - 1 Jul 2025 Na sequência da guerra comercial lançada pela administração norte-americana, Wang Yi desloca-se a Bruxelas, Paris e Berlim, com o intuito de reforçar a cooperação entre a China e o velho continente O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, iniciou ontem uma digressão pela Europa, com o objectivo de transformar a relação entre a China e a União Europeia (UE) num pilar de “estabilidade”, face à pressão dos Estados Unidos. Figura proeminente da diplomacia chinesa, Wang Yi, de 71 anos, tem prevista uma deslocação a Bruxelas, sede da UE, bem como a França e à Alemanha. A visita decorre numa altura em que a China procura estreitar laços com o continente europeu, perante a crescente tensão com os Estados Unidos, liderados por Donald Trump, que reiteradamente classifica Pequim como rival estratégico. Apesar da aproximação, persistem divergências entre Bruxelas e Pequim, nomeadamente no domínio económico: o défice comercial massivo da UE face à China (304 mil milhões de euros), a parceria entre Pequim e Moscovo apesar da guerra na Ucrânia, as tarifas adicionais europeias sobre veículos eléctricos chineses e as retaliações chinesas dirigidas ao conhaque francês. “As relações sino-europeias enfrentam importantes oportunidades, num momento em que o mundo atravessa rápidas transformações históricas, com o crescimento inquietante do unilateralismo, protecionismo e comportamentos hegemónicos”, afirmou na sexta-feira o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, numa crítica implícita aos EUA e à guerra comercial. Neste contexto, a China e a UE devem “preservar conjuntamente a paz e estabilidade globais, defender o multilateralismo e o livre comércio, salvaguardar as regras internacionais, a equidade e a justiça, e afirmar-se como forças estabilizadoras e construtivas num mundo turbulento”, acrescentou. Encontros de alto nível Em Bruxelas, Wang Yi deverá reunir-se com a nova chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, para um “diálogo estratégico de alto nível”, segundo as autoridades chinesas. Na Alemanha, o ministro irá encontrar-se com o homólogo, Johann Wadephul, para abordar temas de diplomacia e segurança. Esta será a primeira visita de Wang Yi desde a formação de um novo governo conservador em Berlim, no passado mês de Maio. Em França, Wang reunirá com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, que visitou a China em Março. A guerra na Ucrânia deverá dominar parte das conversações. A China tem apelado a negociações de paz e ao respeito pela integridade territorial dos Estados – numa alusão à Ucrânia – mas evita condenar a Rússia e aprofundou os laços com Moscovo desde a invasão, em Fevereiro de 2022, nas áreas comercial, diplomática e militar. Tal posição tem valido a Pequim críticas por parte dos europeus, que acusam a China de oferecer apoio económico essencial ao esforço de guerra russo. As relações comerciais entre a China e a UE têm-se deteriorado nos últimos anos, com Bruxelas a denunciar práticas económicas desleais por parte de Pequim. A tensão intensificou-se no ano passado com a imposição pela UE de tarifas adicionais sobre carros eléctricos chineses. Em retaliação, a China visou o conhaque francês. A Comissão Europeia decidiu, há duas semanas, excluir empresas chinesas de concursos públicos na área dos equipamentos médicos com valor superior a cinco milhões de euros, invocando restrições similares enfrentadas pelas firmas europeias na China. Pequim reagiu, acusando Bruxelas de aplicar um sistema de “dois pesos, duas medidas”. Outro ponto de fricção, são as chamadas “terras raras”. Desde Abril, as autoridades chinesas exigem licenças para exportação destes metais estratégicos, usados em produtos como telemóveis ou baterias de carros eléctricos. A emissão destas autorizações tem sido, segundo a indústria automóvel europeia, limitada e lenta. Em resposta, Pequim propôs em Junho à UE a criação de um “canal verde” que permita acesso prioritário às exportações de terras raras para o mercado europeu.
O pensamento durandiano e o imaginário chinês Hoje Macau - 1 Jul 2025 Chaoying Durand-Sun Na preparação do colóquio do cinquentenário do CRI, reli mais demoradamente e com maior profundidade a obra seminal do fundador do CRI, Les Structures anthropologiques de l’Imaginaire_(SAI), e tive o prazer de encontrar, ou redescobrir, uma série de referências fascinantes e muito pertinentes, que confirmarão, reforçarão e completarão as ideias de correspondência recíproca, ou de conivência, entre o trabalho do antropólogo francês e a cultura e o imaginário chineses, que eu tinha identificado e desenvolvido nos meus dois artigos acima referidos. Eis alguns exemplos, fruto da minha feliz releitura: No “Livro Segundo: O Regime Noturno da Imagem”, o que se lê num dos exercícios da “Parte Primeira: A Descida e a Taça”: “O espírito das profundezas é imperecível; chama-se a Fêmea Misteriosa…” (p. 225_) , um verso retirado do Dao de jing (Tao-Te-King), O Livro do Caminho e da Virtude de Lao-zi, um dos pais do taoísmo chinês! Um adágio tão judiciosamente escolhido e emparelhado com a profunda e misteriosa passagem do poeta romântico alemão Novalis, para apresentar, explicar e ilustrar toda a quintessência e mistério do Regime Noturno da Imagem. Na mesma parte do livro acima referida, ao estudar os símbolos de inversão, em particular o esquema de duplicação por encravamento e o processo de “gulliverização” caro a Bachelard, depois de declarar que “na iconografia, esta duplicação gulliverizante parece-nos ser um dos traços caraterísticos das artes gráficas e plásticas da Ásia e da América”, G. Durand retoma os comentários de Claude L’Aquila sobre a “gulliverização” da imagem. Durand retoma as observações de Claude Lévi-Strauss sobre os motivos chineses do laço Tao (T’ao t’ieh), que se caracterizam não só pela duplicação simétrica, mas também pela transformação “ilógica” e pela duplicação do todo, ao mesmo tempo que o gulliveriza, e observa que o laço Tao “fornece um exemplo muito claro de gulliverização e de aninhamento através da duplicação de um tema” (p. 239). Trata-se, de facto, de um motivo tradicional chinês que representa a cabeça de um animal lendário, feroz e devorador (dragão, tigre, etc.), que adorna os sinos Zhong ou os vasos de bronze com tripé Ding, tesouros da antiguidade chinesa. Além disso, a forma dos caracteres chineses Tao tie 饕餮 dão a imagem de monstros devoradores, glutões ou gulosos, e especialmente na parte superior, a chave hu 虎 : o tigre; na parte inferior, a chave shi 食 : alimento, comida, ou comer, ingerir, beber… evidenciam a ideia concreta de comer, engolir, devorar… e a mais abstrata de avareza, gula, cupidez insaciável… A este propósito, notamos que uma máscara estilizada de motivos da gravata Tao aparece na contracapa do livro de A. Ghiglione sobre a visão no imaginário chinês e o pensamento da China antiga, e não creio que tenha sido escolhida por acaso. 9 Noutra passagem, um pouco mais adiante, ao estudar as cores no Regime Noturno da Imagem, o autor do SAI menciona numa nota: “Soustelle nota a importância das cores entre todos os povos que têm uma representação sintética do mundo, isto é, organizada como pontos cardeais em torno de um centro (chineses, pueblos, astecas, maias, etc.).” (p. 250) É verdade que no imaginário chinês dos Cinco Pontos Cardeais (Wu-fang 五方) – ao contrário do Ocidente, que tem quatro – o Centro está associado à Terra e à cor amarela, aspeto chave do simbolismo direcional chinês, que tive oportunidade de desenvolver na minha comunicação “A Peregrinação ao Ocidente (Xi you-ji) e os Cinco Pontos Cardeais Chineses”, no colóquio de Grenoble, em 2004, sobre o imaginário dos pontos cardeais, porque toda a cosmologia chinesa herdada do Yi-jing assenta numa base quinquenal constituída por Cinco Agentes ou Elementos (Wu-xing 五行): Metal, Madeira, Água, Fogo e Terra (金木水火土), que também deram origem a toda uma série de correspondências simbólicas essenciais à cultura chinesa: as Cinco Virtudes Fundamentais, as Cinco Relações Imutáveis, as Cinco Estações, os Cinco Órgãos dos Sentidos, as Cinco Vísceras, os Cinco Sabores, etc. 10 Algumas páginas mais à frente (p. 255), ao desenvolver o simbolismo da melodia nocturna, G. Durand comenta com M. Granet: “Estes devaneios sobre a ‘fusão’ melódica que se encontram em Jean Paul como em Brentano não são alheios à conceção tradicional chinesa da música; pode dizer-se que nos antigos chineses como nos poetas românticos, o som musical é vivido como fusão, comunhão do macrocosmo e do microcosmo […]”. Uma tal comparação de ideias ou reflexões de culturas muito distantes teria agradado a Qian Zhong-shu, que foi o próprio exemplo de abertura à universalidade das culturas (Hommes, bêtes et démons, Introduction, p. 11-12), e cujo estilo e verve são tão próximos dos de G. Durand… Algumas páginas mais à frente (p. 260), na sua análise do arquétipo da feminilidade em todas as culturas humanas, da “Mãe-Mar” da tradição chilena e peruana à “Mãe-Terra” dos antigos Incas, da Grande Deusa Aquática dos Índios à mestra aquática melusina e morganiana da tradição ocidental moderna…Para completar o quadro universal, evoca também a Stella maris chinesa Shing-Moo (Xing-mu) e o espanto dos jesuítas que evangelizavam a China quando se aperceberam que estes termos eram exatamente os mesmos que os utilizados na liturgia cristã: “lua espiritual”, “estrela do mar”, “rainha do oceano”… Exemplos como estes, reveladores do profundo interesse do autor pelas referências chinesas, abundam no SAI, para não falar de outras obras do autor, pois só na “Primeira Parte: A Descida e a Taça” do “Livro Segundo: O Regime Noturno da Imagem”, podemos ainda citar a alusão à prática de dar à luz no chão muito difundida na China (p. 262), ao ritual sepulcral dos antigos chineses de tapar os sete orifícios do cadáver, ritual esse que supostamente proporcionaria paz e imortalidade ao defunto (p. 270), à procura da intimidade do microcosmos para praticar a involução, entre os seguidores do Caminho ou do Buda (p. 278), e ao simbolismo do barco e da navegação marítima, tema recorrente na pintura tradicional chinesa (p. 286)… Todas estas descobertas e redescobertas conduzem a uma reflexão ou a uma evidência desta cumplicidade intelectual ou espiritual entre culturas diferentes, tão cara ao antropólogo francês e a um estudioso comparativo chinês chamado Qian Zhong-shu, pois é o tema preferido do eminente académico chinês do século XXI, cuja obra não é senão uma ilustração deslumbrante da fraternidade universal das culturas. “Os homens sempre pensaram igualmente bem”, disse Cl. Este acordo, um acordo tácito, entre o pensamento durandiano e o imaginário chinês é para mim um verdadeiro estímulo para enriquecer as minhas reflexões sobre estes dois temas que me são caros. Ao mesmo tempo, esta busca ou investigação confirma o aspecto, ou o acento, nocturno, místico e sintético do pensamento chinês e do imaginário chinês, que tenho tentado evidenciar nas minhas investigações sobre o imaginário chinês e comparado, ao longo dos últimos vinte e cinco anos… De facto, ao reler G. Durand, não posso deixar de pensar em Qian Zhong-shu, tão semelhantes são o seu espírito e o seu estilo, e as suas infinitas ressonâncias espirituais (Shen-yun神韵)! Qian é uma das maiores figuras literárias chinesas do século XXe tive a honra de traduzir para francês, para a coleção “Connaissance de l’Orient” da Gallimard, uma das suas colectâneas, Ren shou gui (Homens, feras e demónios), composta por quatro contos simultaneamente divertidos e mordazes, repletos de reflexões filosóficas e de referências religiosas e literárias. Nascido em 1910, filho de um professor de literatura clássica chinesa, Qian estudou em Oxford e na Sorbonne nos anos 30. De regresso à China, tornou-se curador-chefe da Secção de Livros Estrangeiros da Biblioteca Nacional da China, depois professor de inglês na prestigiada Universidade Qing-hua de Pequim, diretor de investigação da Secção de Literatura Clássica Chinesa do Instituto de Investigação da Literatura Chinesa e, de 1982 até à sua morte em 1998, vice-presidente da Academia de Ciências Sociais da República Popular da China. Estudioso da literatura, filósofo, sociólogo e antropólogo, e conhecedor da cultura chinesa e ocidental, Qian Zhong-shu, cujo nome próprio Zhong-shu significa Amante de Livros, destacou-se em quase todos os géneros: poesia, caligrafia, romances, crítica literária… e, sobretudo, o sumário de comentários Guan-zhui-bian, O Bambu e o Ponche, verdadeiro monumento da crítica literária chinesa e o auge da literatura comparada na China e no estrangeiro, caracterizado por uma gigantesca erudição no domínio da referência. Nos cinco volumes de ensaios – mais de 1800 páginas, escritas em chinês clássico -, Qian procedeu a um estudo meticuloso e aprofundado de todos os grandes temas (o homem, a natureza, a alma, a religião, o poder, o belo, o bom, o verdadeiro, a mudança, a imaginação, a tradução…) de dezenas de grandes obras canónicas chinesas: o Zhou yi, O Livro das Mutações, o Zuo Zhuan, Comentários do Mestre Zuo, o Shi ji – As Memórias Históricas de Si-ma Qian, os Discursos de Confúcio, as “prosas” de Lao-zi, Zhuang-zi, Lie-zi, Mo-zi, o Shi jing, O Clássico das Odes, o Chu ci, Elegias de Chu, o Huai nan zi… que abrange literatura, história, filosofia, psicologia, estética, linguística e filologia, citando mais de dez mil obras e milhares de escritores, poetas, filósofos e historiadores – cada estudioso é um Littré! – tanto chineses como estrangeiros (Platão, Aristóteles, Shakespeare, Hume, Gombrich, Pascal, Descartes, Boileau, La Fontaine, Rousseau, Hugo, Musset, Baudelaire, Bergson, Valéry…), Proust, Bachelard, Hegel, Kant, Leibniz, Goethe, Novalis, Cícero, Dante, Cervantes, ou Spinoza, Marx, Cassirer, Weber, Freud, Foucault, Strauss, Barthes, Jung, Lacan…). Se encontramos tanto em Qian como em Durand esta abertura à universalidade das culturas e este génio de assimilação, que é uma caraterística essencial da mentalidade chinesa – e também da japonesa – e que o Ocidente talvez tenha experimentado no auge do Renascimento no século XVII, com Erasmo, Guillaume Postel, Rabelais, Montaigne…, encontramos também em Qian como em Durand o mesmo espírito de síntese, a mesma erudição, a mesma acuidade intelectual. Os dois pensadores, que se conheciam e se admiravam mutuamente, destacaram brilhantemente, como que de comum acordo, a “fraternidade das culturas”. O pensamento durandiano ilumina o imaginário chinês Na preparação desta comemoração, tive também o prazer de reler a obra da minha amiga Anna Ghiglione, filósofa e professora de filosofia chinesa e de chinês clássico na Universidade de Montreal. A investigação de A. Ghiglione e a minha são totalmente convergentes e complementares. Para ela, como mostram as suas duas obras principais, o objetivo é estudar de perto, com precisão e raciocínio sequencial, a abstração no pensamento chinês antigo ou a visão no imaginário e na filosofia da China antiga. No primeiro livro dedicado à abstração no pensamento chinês antigo, os seus estudos afastam-se do orientalismo gregário e tradicional, destacando outros aspectos (esquecidos, negligenciados ou desprezados…) da cultura chinesa: a busca do conhecimento (correto), a lógica e a racionalidade, com base na tradição escriturística do período clássico (antes da fundação do Império em 221 a.C.), as reflexões de Dignes (o grande filósofo chinês) e as reflexões do filósofo chinês.C.), e mostra com clareza, rigor e humor os caminhos percorridos pelo pensamento abstrato na China. Na segunda monografia, a autora debruça-se ainda mais especificamente sobre a visão, examinando questões como: A civilização chinesa era “visual”? Qual o papel que os pensadores chineses da época clássica (durante o período conhecido como primavera e outono e os Reinos Combatentes) atribuíam à visão na sua compreensão da realidade? A autora analisa a visão e o olho (literalmente, como órgão do corpo, e figurativamente, como metáfora da mente e da sua atividade pensante) nos clássicos chineses de tradições tão diversas como o confucionismo, o taoísmo, o maoísmo (Mo-zi) e o legismo, bem como nas artes divinatórias e na mitologia. Analisa também a constelação de imagens linguísticas – cara a G. Durand – que giram em torno da visão, nomeadamente da luz e da escuridão, do espelho, do reflexo, da sombra e da claridade, com base numa riqueza de provas textuais – um método caro a Qian Zhong-shu. Esta abordagem original e audaciosa, inteiramente durandiana, permite-lhe concluir que, contrariamente a certas ideias preconcebidas, a China não era “cega” no sentido em que os seus mestres intelectuais atribuíam um papel significativo à visão na procura da sabedoria e no desenvolvimento da sensibilidade humana. 15 A este respeito, estamos totalmente de acordo com a análise de A. Ghiglione das atitudes “positivistas” de certos académicos chineses, de Confúcio a Lu Xun, passando pelos legalistas do período dos Reinos Combatentes e do período da Revolução Chinesa. A análise de Ghiglione das atitudes “positivistas” de certos académicos chineses, de Confúcio a Lu Xun, incluindo os legalistas dos Reinos Combatentes e o primeiro imperador da China, Qin Shi huang, os neo-confucionistas dos Song, Ming e Qing, e os “neo-confucionistas” modernos como Liang Shu-min, Feng You-lan, Qian Mu e Mu Zong-san: Liang Shu-min, Feng You-lan, Qian Mu, Mu Zong-san… Por outro lado, é de notar que, apesar das suspeitas e hostilidades dos confucionistas e dos legalistas, a corrente mágico-religiosa de inspiração taoísta nunca deixou de existir; apenas se disfarça, multiplicando as suas metamorfoses para melhor existir e se fazer ouvir, e continua a ser uma das fontes essenciais do imaginário e do pensamento chineses. O próprio Mao Ze-dong (Mao Tse-Toung), na sua célebre carta a Chen Yi sobre a poesia, declara que, para escrever poesia, é absolutamente necessário recorrer ao pensamento figurativo (Xingxiang siwei 形象思维) e, portanto, ao imaginário, à imaginação. E sabemos que Mao foi alimentado pelos clássicos confucionistas e taoístas, bem como pelos marxistas e leninistas, e que era um grande amante da poesia, da literatura e da filosofia. Ghiglione conhece-os bem e cita-os na sua obra. 16Também sensível às artes chinesas do pincel – a caligrafia e a pintura a tinta, que datam de há mais de 3000 anos e resistem ao desafio da modernidade – A. Ghiglione tentou reavivar o pensamento tradicional chinês através das artes visuais. Segundo a sua descrição, a sua iniciativa consiste em “adotar uma abordagem visual e prática do pensamento chinês” e visa tornar acessível o pensamento dos mestres do pensamento tradicional chinês através de modos de transmissão complementares à filologia (especialmente a análise de textos) e à apresentação de dados históricos – os dois pilares da sinologia tradicional – em particular através da exploração e produção de imagens materiais (pinturas de paisagens, figuras, etc.). Segundo ela, “o suporte não verbal das imagens permite-nos, para além da caligrafia, abordar os conteúdos textuais, nomeadamente para ultrapassar as dificuldades linguísticas”. Pondo em prática a famosa distinção feita pelo linguista Roman Jakobson entre três tipos de tradução: interlinguística, intralinguística e intersemiótica, e tendo em conta o aspeto pictórico da expressão escrita nos clássicos chineses e a dimensão incontornável da escrita chinesa, uma vez que os mestres do pensamento da antiguidade chinesa e os seus compiladores tecem o discurso filosófico através de imagens linguísticas, figuras de sentido e de estilo (metáforas, alegorias, analogias, mitos, parábolas, etc.)), e recorrendo à teoria do semitismo das imagens desenvolvida por G. Durand. Durand nos anos 60, no SAI, organizou duas exposições, uma, “Regards contemporains autour de la pensée chinoise ancienne”, no bairro dos artistas de Pequim, o Feng-tai, no Centre d’Échanges Culturels du Pont Marco-Polo, no verão de 2013, na qual tive a honra e o prazer de participar, e a outra, “La Chine des Sages en images”, na Universidade de Montreal, no Carrefour des Arts et des Sciences, na primavera de 2014. Como ela sabiamente salienta, “convém sublinhar que as pinturas, gravuras e fotografias dos pergaminhos que produzimos não são simples ilustrações de fragmentos de pensamento: a sua polissemia poética multiplica os caminhos da reflexão abstrata, soldando um elo dinâmico de troca entre figuração e concetualização. De facto, é impossível pensar sem imagens. Os antigos mestres chineses compreenderam claramente esta tendência geral da natureza humana para combinar o registo verbal (a língua, a fala e a escrita) com o imaginário (a produção de imagens linguísticas ou materiais)”. 17 Tendo como objeto comum a cultura e o imaginário chineses e na mesma linha do pensamento durandiano, a minha investigação é mais vasta, mais geral e mais sintética do que a do sinólogo da Universidade de Montréal. 18 Embora não tenha tido a sorte de viver os primeiros anos ardentes e apaixonantes do CRI, tive o grande privilégio de poder beneficiar, uns vinte anos mais tarde, de numerosos encontros importantes organizados pelo CRI de Grenoble e de realizar os meus “doze trabalhos” no seio dos CRI de França e de outros países. De facto, no final dos anos 80 e início dos anos 90, fui introduzido no estudo do imaginário pelo meu orientador de tese, o Professor Claude-Gilbert Dubois, e pelo LAPRIL de que era diretor, durante a preparação da minha tese na Universidade de Bordéus III. Intitulada Esquisse d’une mythologie rabelaisienne: essai de classification (Esboço de uma mitologia rabelaisiana: tentativa de classificação), esta tese tem por objetivo classificar as imagens rabelaisianas em torno de mitos (pacotes, enxames, constelações, etc.) simultaneamente fundamentais e universais: gigantes, peregrinações, batalhas, etc, Inspira-se já nas teorias da Nova Crítica, nomeadamente as do estruturalismo de Cl. Lévi-Strauss e as do “estruturalismo figurativo” de G. Bachelard, M. Eliade e G. Durand, com tímidas mas tenazes tentativas de abordagem comparativa com o imaginário chinês. Este estudo taxonómico do imaginário rabelaisiano à luz do pensamento durandiano permitiu-me, em primeiro lugar, formar uma ideia mais precisa e aprofundada do ambivalente e complexo Renascimento europeu, uma época simultaneamente “diurna” e “nocturna”, com as suas primaveras e os seus outonos, a sua grandeza e a sua decadência, e, em segundo lugar, para me colocar mais firmemente no caminho do conhecimento das minhas “duas culturas-mãe”, apoiando-me na mitocrítica e na mitanálise, esses novos humanismos que já não se contentam em fechar-se nas estruturas e constelações do Ocidente (grego, latim, hebraico…), mas querem estar “abertos” a outras culturas.), mas estão abertos a um comparatismo “aberto”. Após a defesa da minha tese (1991), prossegui a minha investigação de pós-doutoramento na Universidade de Genebra para preparar um diploma de especialização sobre o Renascimento, sob a direção de um professor do século XVI, M. Jeanneret, e de um professor de história da arte, J. Wirth. As duas dissertações que escrevi para o diploma foram sobre “Le problème de la langue unique et les rhétoriques de Rabelais” (“O problema da língua única e a retórica de Rabelais”) e “Le thème de la Fuite en Égypte dans la peinture flamande du xviesiècle” (“O tema da Fuga para o Egito na pintura flamenga do século XVII”). No primeiro ensaio sobre a língua rabelaisiana, procurei mostrar, com base na grande obra de Cl.G. Dubois, a mitocrítica durandiana e os estudos poéticos e retóricos de M. Jeanneret, a procura rabelaisiana da veracidade do discurso e da eficácia “bernardina” da palavra, que constitui, de facto, uma das caraterísticas da reflexão linguística e retórica ao longo do século XVII, a que chamei a “Redimensão de Babel”. Este artigo será publicado em parte com modificações e ampliações sob o título “Rédimer Babel, une Pentecôte rabelaisienne?” em Études sur l’Imaginaire. Mélanges offerts à Claude-Gilbert Dubois, editado por G. Peylet e publicado por L’Harmattan em 2001. O segundo ensaio, sobre o tema da Fuga para o Egito, é uma espécie de “variação” da minha investigação, que pretende ser ao mesmo tempo seiziémiste e comparatiste, ligando diferentes artes, literárias e visuais. Inspirado nas grandes reflexões de Jakob Boehme sobre o Egito e na mito-análise durandiana, procurei identificar e estudar três “mitos” da Fuga do Egito e do Repouso no Egito na pintura flamenga dos séculos xv a XVII: privilégio da paisagem, integração de toda a cena da Fuga e do Repouso numa vasta paisagem em contraste com o encolhimento italiano; ênfase no tema da alimentação: as tâmaras e o milagre da palmeira, o milagre da primavera, o milagre dos campos de trigo; a “emoção” da queda dos Ídolos, especialmente em Broederlam, Jean Colombe, Gérard David e Patinir. Este estudo mostra que a pintura flamenga na Flandres borgonhesa, nos séculos XIX e XIX, e depois na herança imperial dos Negritos, no século XVII, viu surgir uma infinidade de obras que se tornarão os alicerces da pintura ocidental, e que o “motivo” da “Fuga” e do “Repouso no Egito” fornecem as orientações pictóricas e simbólicas essenciais: a submersão dos temas religiosos na opulência das paisagens, a ênfase muito católica colocada no simbolismo “alimentar” da terra de refúgio egípcia e, finalmente, a oposição polémica (e quanto mais polémica se tornaria com a vaga de iconoclastia calvinista de meadosdo século XVII) entre o “verdadeiro” sacrifício de Cristo Alimento Divino, Panis angelorum, e os falsos sacrifícios aos ídolos “pagãos”… Este artigo será publicado no nosso livro em coautoria com G. Durand, Mythe, thèmes et variations, sob o título “Héliopolis-sur-Meuse, le thème de la Fuite en Égypte dans la peinture flamande du xviesiècle”. (continua)
DST | Macau não discrimina turistas “pobres” João Luz e Nunu Wu - 1 Jul 20255 Jul 2025 Helena de Senna Fernandes garante que todos os tipos de turistas são bem-vindos a Macau, incluindo os que não gastam uma pataca no território. A directora dos Serviços de Turismo defende que os desafios de redução dos gastos dos turistas devem ser combatidos com novos produtos turísticos e experiências culturais Depois do fim das restrições fronteiriças devido ao combate à pandemia, nasceu na China um fenómeno intitulado “turista de forças especiais”, que designa os visitantes que “picam o ponto” no maior número de pontos turísticos no mais curto espaço de tempo possível. O principal objectivo das “operações” é alimentar as redes sociais, gastando o mínimo possível de dinheiro. A directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, endereçou o tema, numa série de entrevistas de representantes do Governo a uma comitiva de jornalistas da Grande Baía. Em declarações citadas pelo portal HK01, a responsável admitiu que face à retração económica, as estimativas de consumo dos turistas foram revistas em baixa, mas garantiu que Macau recebe todos os visitantes de igual forma, independentemente da capacidade de compra. Porém, para contornar os desafios actuais, Senna Fernandes sublinha que são necessárias novas ideias, que incentivem os turistas, mesmo que os visitam Macau só por algumas horas, a levar uma lembrança do território. “Temos de proporcionar opções a todos os tipos de turistas, desde produtos das pequenas lojas de bairro, até às experiências de luxo, e oferecer vários cenários de consumo para todas as bolsas”, defendeu a responsável. A líder da DST aponta à área cultural como via para impulsionar o consumo dos turistas, com a organização de concertos e promoção de produtos de indústrias criativas para turistas, como lembranças. Dormir aqui e ali O turismo de “forças especiais” originou polémica em Hong Kong, com a divulgação de fotografias de turistas a pernoitar nos Macdonald’s da região vizinha, assim como no aeroporto. O mesmo aconteceu em Macau, com a partilha nas redes sociais de turistas a dormir nos relvados adjacentes ao Wynn Palace. Apesar da tendência, Helena de Senna Fernandes salientou que o sector do turismo mostra uma boa evolução. No ano passado, mais de 34,9 milhões de pessoas visitaram Macau, cerca de 90 por cento do nível antes da pandemia. Nos primeiros cinco meses deste ano, mais de 16 milhões de turistas visitaram o território, com a ocupação hoteleira a rondar 90 por cento. Em termos anuais, a directora da DST espera que o número de visitantes deste ano chegue aos 39 milhões. No primeiro trimestre deste ano, os gastos médios dos turistas que visitaram Macau voltaram a cair, com uma redução de 13,2 por cento em termos anuais, parte devido ao aumento dos excursionistas, que representaram quase 60 por cento das entradas no território nos primeiros três meses do ano.
Desemprego | Mais residentes com trabalho em três meses Andreia Sofia Silva - 1 Jul 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que há mais residentes empregados no espaço de três meses, além de que a percentagem de residentes desempregados à procura do primeiro emprego baixou. Estes números, ontem divulgados, dizem respeito aos meses de Março a Maio, em comparação com o trimestre correspondente a Fevereiro a Abril deste ano. Assim, de Março a Maio, havia em Macau 282.200 residentes empregados, mais 300 pessoas, tendo-se verificado que “o número de residentes empregados do ramo da construção cresceu”. Porém, “o número de residentes empregados do ramo das actividades financeiras decresceu”. Além disso, o número de residentes desempregados à procura do primeiro emprego representou 8,4 por cento de todos os residentes desempregados, menos 1,8 pontos percentuais, face ao período precedente. Já o número de residentes desempregados, foi de 7.200, sendo que “a maioria dos que estavam à procura de um novo emprego trabalhou antes nos ramos do comércio a retalho, construção e lotarias ou outros jogos de aposta”. Em termos gerais, a taxa de desemprego nos meses de Março a Maio foi de 1,9 por cento, enquanto a taxa de desemprego dos residentes foi de 2,5 por cento, “ambas idênticas às do período passado (Fevereiro a Abril)”. A população activa, incluindo residentes e trabalhadores não residentes, era de 380.200 pessoas, menos 400; além de que a população empregada, 373.000, baixou em 200 pessoas, ambos os casos em comparação com os meses de Fevereiro a Abril.
MICE | Governo e CPSP organizam palestra Hoje Macau - 1 Jul 2025 Na passada quinta-feira, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) realizaram uma palestra sobre a contratação e gestão de pessoal para o sector de convenções e exposições (MICE) de Macau. A palestra, que reuniu mais de 120 representados do sector, serviu para esclarecer “dúvidas e aprofundar conhecimentos sobre as normas legais aplicáveis à contratação de pessoal e os aspectos a observar durante os eventos de convenções e exposições”. Um dos pontos fulcrais prendeu-se com as exigências legais da contratação de trabalhadores não-residentes (TNR), assim como a proibição de trabalho ilegal. A palestra foi organizada cerca de duas semanas depois da polémica sobre a situação legal de dezenas de trabalhadores na zona de merchandising de um concerto de G-Dragon, que originou uma operação conjunta da DSAL e CPSP. Estiveram presentes na palestra representantes do IPIM, da DSAL e do CPSP, operadores do sector de convenções e exposições de Macau, assim como participantes de resorts integrados, entidades organizadoras e montadoras de convenções e exposições, agências de viagens e empresas de serviços de relações públicas.
Emprego | Macau com mais 3.000 TNR em 12 meses Hoje Macau - 1 Jul 2025 Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores não-residentes registou um aumento de 3 mil, segundo os dados revelados ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) As empresas e famílias de Macau contrataram mais de três mil trabalhadores não residentes nos últimos 12 meses, foi ontem divulgado. De acordo com dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), no final de Maio, Macau tinha 183.783 trabalhadores sem estatuto de residente, mais 3.006 do que no mesmo mês de 2024. A mão-de-obra vinda do exterior, incluindo da China continental, atingiu em Maio o valor mais elevado desde Junho de 2020, no início da pandemia de covid-19. Desde o pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, antes da pandemia, e até Janeiro de 2023, a cidade perdeu quase 45 mil não-residentes, que correspondiam a 11,3 por cento da população activa. Em Janeiro de 2023, quando foi decretado o fim da política ‘zero covid’, que esteve em vigor em Macau e na China continental durante quase mais de três anos, Macau tinha menos de 152 mil migrantes, o número mais baixo desde Abril de 2014. As estatísticas, divulgadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, revelam que, desde o fim da política ‘zero covid’, o número de trabalhadores não-residentes aumentou em 31.905. O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou nos últimos 12 meses, ganhando 3.379 trabalhadores não-residentes, seguido do dos empregados domésticos (mais 1.553). A área da hotelaria e a restauração tinha sido precisamente a mais atingida pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, tendo despedido mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019. Visitantes em alta A cidade recebeu, em 2024, 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas ainda longe do recorde, 39,4 milhões, fixado em 2019, antes da pandemia. Já os estabelecimentos hoteleiros, acolheram mais de 14,4 milhões de hóspedes, um novo recorde histórico. A crise económica criada pela pandemia levou a taxa de desemprego a atingir 4 por cento no terceiro trimestre de 2022, o valor mais alto desde 2006. Apesar da subida do número de trabalhadores não-residentes, a taxa de desemprego manteve-se em 1,9 por cento no período entre Fevereiro e Abril. Ainda assim, vários deputados pediram ao Governo que obrigue as seis concessionárias de jogo a despedir parte da mão-de-obra vinda do exterior, para garantir o emprego dos 5.600 trabalhadores locais que trabalham nos 11 casinos-satélite que irão encerrar até ao final de 2025. Três das seis concessionárias – SJM, Galaxy e Melco – comunicaram às autoridades em 9 de Junho, que vão terminar até 31 de Dezembro a exploração dos 11 ‘casinos-satélite’ existentes no território. Os ‘casinos-satélite’ são geridos por outras empresas, sendo uma herança da administração portuguesa, que já existia antes da liberalização do jogo, em 2002.
Ambiente | DSAMA limpa lixo trazido pelas marés e chuvadas Hoje Macau - 30 Jun 2025 A Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) indicou ontem que devido às chuvas intensas e à época das cheias nas zonas a montante, uma grande quantidade de lixo foi arrastada para as zonas costeiras de Macau. As autoridades estimam que a situação se mantenha por mais algum tempo e apelou à população para ter cuidado em visitas às praias. A DSAMA salientou que o lixo que tem flutuado nas águas de Macau nos últimos dias é principalmente constituído por ramos de plantas e lixo doméstico, e que decorrem trabalhos de limpeza, tanto nas praias como no mar. Para o efeito, a DSAMA contratou uma empresa de limpeza para reforçar os recursos humanos na operação. Porém, adverte que devido às condições meteorológicas, à direcção do vento, às correntes oceânicas e a factores geográficos, prevê-se que o lixo continue a flutuar nas águas de Macau e a dar à costa ao longo da semana. Também os trabalhos de limpeza vão continuar. Resíduos | Ambientalista defende tratamento e reciclagem O Governo da RAEM deveria seguir o exemplo de Hong Kong no tratamento de materiais inertes e resíduos de construção, para fazer aterros, ou reciclar e reutilizar estes materiais como agregados de construção civil para fazer cimento ou tijolos. A sugestão foi apresentada ontem pelo o vice-presidente da Associação de Indústria da Construção de Protecção Ambiental de Macau, Chan Kuai Son, em declarações ao programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. A conversa, em que também participou o presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, Leong Chong In, teve como mote o acordo de cooperação para a gestão e disposição de resíduos de demolições e construção, que irá permitir à RAEM enviar resíduos para tratamento na China. Leong Chong In mostrou-se satisfeito com o acordo e defendeu a criação de um aterro para resíduos de construção nas áreas marítimas de Macau, uma vez que os aterros disponíveis estão na lotação máxima.
Áreas marítimas | Pedido alargamento de zona protegida João Luz - 30 Jun 2025 O deputado dos Operários, Lam Lon Wai, considera que “os objectivos do planeamento marítimo de Macau” estão “bem definidos”, mas pergunta ao Governo se a zona de protecção pode ser alargada para preservar a biodiversidade e o ambiente. Recorde-se que o Zoneamento Marítimo prevê a construção de dois aterros de lixo ao largo de Coloane, em plena zona protegida Lam Lon Wai quer ver alargada as áreas marítimas protegidas, que representam uma proporção “relativamente baixa”, para salvaguardar com maior eficácia “a biodiversidade e os ecossistemas marítimos. Recorde-se o Zoneamento Marítimo Funcional da RAEM, que entrou em vigor há exactamente um ano (1 de Julho de 2024), estabeleceu apenas uma “zona especial protegida de Coloane”, que inclui as proximidades da Ponte Flor de Lótus, e praias de Cheoc Van e Hac Sá, a sul de Coloane. Além de perguntar ao Executivo se está a ser estudado o alargamento da zona especial protegida, o deputado dos Operários questiona se as autoridades têm outras formas de proteger os recursos naturais e o meio ambiente marinho. Numa interpelação oral divulgada ontem, o legislador demonstra preocupações sobre a qualidade das águas e o ambiente, sem mencionar “duas zonas funcionais, que são a zona para deposição de resíduos do Porto de Ká-Hó e a zona para deposição de resíduos a sul de Coloane”, conforme é indicado no zoneamento marítimo. Aliás, o aterro a sul das praias, intitulado como Ilha Ecológica pela Governo, foi alvo de críticas de ambientalistas devido ao impacto no habitat dos golfinhos brancos chineses. Marés estranguladas Apesar de não referir os depósitos de lixo ao largo das praias, o deputado afirma que “o planeamento das áreas marítimas de Macau continua a enfrentar diversos desafios”. “A nível ecológico, os aterros realizados nas zonas entre Macau e Zhuhai resultaram no estreitamento das águas dos canais do Porto Interior e de Shizimen, com consequente redução da amplitude das marés, da força das correntes marítimas e da capacidade de auto-purificação das águas marinhas”. As alterações provocadas pelos aterros “têm potenciado a degradação da qualidade da água, o surgimento de marés vermelhas, a diminuição dos mangais e a redução dos recursos ecológicos”, indica Lam Lon Wai. O deputado cita o director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Xia Baolong, que apresentou expectativas em relação ao uso e planeamento das áreas marítimas de Macau. Como tal, Lam Lon Wai questionou o Governo sobre planos de promoção do turismo relacionados com a ecologia marítima e preservação de ecossistemas, enquanto forma de diversificar a economia de Macau e reforçar a ligação entre os residentes e o mar.
Assembleia Legislativa | Listas do sufrágio directo com 84 candidatos João Santos Filipe - 30 Jun 2025 A maior parte dos candidatos provisórios às eleições de 14 de Setembro, pelo sufrágio directo, são homens, com uma proporção de 53 por cento. A média de idades dos candidatos é de 43 anos, variando entre os 20 anos e os 78 anos As listas provisórias de participantes no sufrágio directo das eleições legislativas de 14 de Setembro têm um total de 84 candidatos, 48 do sexo masculino e 36 do sexo feminino. As listas provisórias foram apresentadas na sexta-feira, numa altura em que ainda podem ser vetadas pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado. A proporção de homens nas oito listas é de 53 por cento, enquanto a proporção de mulheres é de 47 por cento. A lista em que a representatividade masculina está mais presente é na União Promotora para o Progresso, ligada aos Moradores de Macau, com nove homens (90 por cento) e de 1 mulher (10 por cento) numa lista formada por 10 candidatos. No pólo oposto, a lista com uma maior representatividade feminina é a Aliança de Bom Lar, ligada à Associação das Mulheres, com 10 mulheres (71 por cento) e 4 homens (29 por cento), num total de 14 candidatos. Há duas listas em que a proporção entre homens e mulheres é igual, como acontece com a lista Poder de Sinergia, que apoia o deputado Ron Lam, e que apresenta três homens e três mulheres. A esta junta-se a lista dos Operários, a União para o Desenvolvimento, com seis homens e seis mulheres, em total de 12 candidatos. Entre as restantes quatro listas, há três em que os homens estão em maioria, como acontece com a lista Força da Livelihood Popular em Macau (quatro homens e três mulheres), Associação dos Cidadãos Unidos de Macau (seis homens e quatro mulheres), e União de Macau-Guangdong (11 homens e três mulheres). Além disso, há uma outra lista em que as mulheres estão em superioridade, a lista Nova Esperança (seis mulheres e cinco homens), ligada à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. Média de 43 anos As listas apresentadas têm uma média de idades de 43 anos, de acordo com os cálculos elaborados pelo HM e tendo como referência o dia de ontem. A lista com os membros mais novos é a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, com uma média de 33 anos de idade. Entre esta lista destaca-se a candidata mais nova de todas, Ng Wan Hei, com 20 anos, que indica ser estudante. A jovem aparece no 10.º lugar, o último desta lista. No pólo oposto, a Nova Esperança é a mais envelhecida, com uma média de 59 anos. A lista liderada por José Pereira Coutinho tem o candidato mais velho do sufrágio directo, Melina Tam leng I, aposentada, com 78 anos, que surge no 5.º lugar da lista com 14 membros. Em termos da naturalidade dos candidatos, a maioria nasceu em Macau, 60 entre o total de 84, o que representa 71 por cento. Em relação aos restantes 24 candidatos, nascidos fora do território, a maioria nasceu no Interior, principalmente das províncias de Cantão ou de Fujian. No entanto, um dos candidatos é natural da Venezuela. Entre os 84 candidatos não há um único nascido em Portugal ou em qualquer outro país de língua portuguesa.
IAM | Mantida proibição de produtos importados de Fukushima Hoje Macau - 30 Jun 2025 O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) irá manter a proibição de importação de produtos oriundos da região de Fukushima, no Japão, no contexto da descarga de águas residuais, a fim de “garantir a segurança alimentar e a saúde dos cidadãos”. Desta forma, continua a ser proibido importar produtos alimentares frescos e vivos, produtos alimentares de origem animal, sal marinho e algas marinhas, incluindo vegetais, frutas, leite e lacticínios, produtos aquáticos e derivados, carnes e derivados ou ovos de aves provenientes de 10 prefeituras do Japão, nomeadamente Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Metrópole de Tóquio. O anúncio surge depois da Administração Geral da Alfândega da China ter publicado no domingo uma nota sobre a “retoma condicional da importação de produtos aquáticos de algumas regiões do Japão”, restabelecendo, “sob certas condições, a importação de alguns produtos aquáticos de origem japonesa, com excepção de produtos aquáticos de 10 prefeituras, incluindo Fukushima”. O IAM diz que até ao dia 22 deste mês foram analisadas cerca de 193 mil amostras de alimentos japoneses importados, tendo sido recolhidas cerca de 3700 amostras para testes de radionuclídeos, sem que fosse detectada qualquer anomalia.