É a cultura, génios da lâmpada!

A vista de Macron teve também uma forte componente cultural. Em Cantão, o presidente francês provou chá de Lingnan e assistiu a um espectáculo musical, no qual foi utilizado um guqin com 1267 anos. As trocas culturais foram um dos aspectos mais importantes da visita, já a pensar no ano seguinte que marca o 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França.

“Qual era o nome da música?”, perguntou o presidente francês perguntou depois de ouvir uma peça musical guqin chamada “Gao Shan Liu Shui” (High Mountains and Flowing Water) durante uma reunião com Xi Jinping, na sexta-feira.

Feito da madeira de uma árvore guarda-sol chinesa (firminiana simplex), o guqin utilizado na actuação é um tesouro nacional da China. O instrumento chama-se Jiuxiao Huanpei (Pendente de Jade do Supremo Céu), e foi feito durante a dinastia Tang (618-907), com um valor estimado de 400 milhões de yuan (58,22 milhões de dólares).  Na parte de trás do guqin está gravada uma caligrafia de Su Shi, um dos maiores literatos chineses da dinastia Song (960-1279).

Xue Liyang, uma perita em instrumentos musicais, disse que o guqin é a “encarnação da antiga filosofia chinesa”, que está entrelaçada com os “valores chineses de elegância, verdade, benevolência e beleza”. “A actuação deu a pessoas de diferentes origens culturais um sabor da estética ideológica da China antiga”, observou Xue.

“Altas Montanhas e Águas Correntes” tem um forte significado simbólico na cultura chinesa, uma vez que a melodia está intimamente ligada à história do guqinista Bo Ya e do lenhador Zhong Ziqi. Representa a “compreensão tácita e apreciação mútua entre duas pessoas na arte”, disse Xiao Shuming, um investigador cultural, ao Global Times.

De acordo com a história, Bo Ya estava a tocar música quando foi ouvido por um lenhador que passava. Enquanto Bo Ya tocava uma peça para capturar a grandiosidade das altas montanhas, o lenhador comentou “Tão alto como o Monte Tai!” Bo Ya tocou então uma música no espírito da água corrente e Zhong exclamou: “Quão vastos são os rios e oceanos!” Bo Ya percebeu então que tinha conhecido alguém que o compreendia verdadeiramente. Diz-se que quando Zhong faleceu, Bo Ya partiu o seu instrumento, uma vez que sabia que nunca ninguém iria compreender a sua música como o seu amigo tinha entendido.

A própria melodia foi dividida em duas partes, “High Mountains” e “Flowing Water”, após a dinastia Tang. Embora o presidente francês só tenha conseguido ouvir “Flowing Water” durante a actuação, isto mostra que “a China vê a França como um amigo com objectivos mútuos”, observou Xiao.

A Macron foram também oferecidos dois tipos de chá Oolong e chá preto chinês durante a sua visita a Guangzhou. O sociólogo Chu Xin disse que os produtos culturais locais têm sido vistos há muito tempo como um meio “suave mas eficaz” de “estratégia diplomática” utilizada para aproximar os países.

“As emoções e memórias dos seres humanos estão intimamente relacionadas com os seus gostos. Tais gostos locais mostram a imagem cultural autêntica e especial de um país”, observou Chu.

Em 2019, Macron ofereceu à China uma garrafa de vinho Romanee Conti 1978 como presente para assinalar o aniversário do início da reforma da China e da sua abertura em 1978. “A China e a França são dois países que respeitam o desenvolvimento das humanidades e ambos somos bons a usar ‘empréstimos líricos’ para transmitir as esperanças nos nossos corações”, observou Xiao.

O presidente francês também visitou a Universidade Sun Yat-sen em Cantão. Utilizando o cantonês local para cumprimentar estudantes, Macron acolheu uma sessão universitária para revelar as suas esperanças no intercâmbio China-França em campos como as humanidades, ciência e tecnologia.

A ligação entre a Universidade chinesa de Yat-sen e a França foi estabelecida na década de 1920. Apoiado por pioneiros como Sun Yat-sen, o Institut Franco-Chinois de Lyon foi a única instituição de ensino superior da China estabelecida no estrangeiro. Funcionou de 1921 a 1950. Devido a esta ligação histórica, a universidade chinesa tornou-se a mais antiga no Sul da China a estabelecer a língua francesa como licenciatura. Realizou também programas de investigação em colaboração com mais de 30 universidades francesas. Macron disse esperar que mais jovens estudantes chineses aprendam francês e que os jovens franceses partilhem a mesma paixão pela civilização, cultura e língua chinesas.

Acompanhado por figuras francesas como o director Jean-Jacques Annaud e Catherine Pégard, a presidente do Palácio de Versalhes, Macron encorajou um “diálogo intercultural de artes” mais forte entre a China e a França na cerimónia, afirmando que os dois países caminharão “de mãos dadas” para continuar diversas colaborações culturais em vários campos, tais como museus, arte e cinema para assinalar a “ocasião significativa” do 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França em 2024.

Para agradecer à China o seu caloroso acolhimento, o presidente francês apresentou como presentes duas fotografias de Marc Riboud, o pioneiro das artes francesas, que foi o primeiro fotógrafo ocidental a documentar a República Popular da China durante a década de 1950.

“Historicamente, a civilização chinesa forneceu sabedoria asiática à Europa, especialmente durante o Iluminismo francês no século XVIII. A Revolução Francesa e a cultura francesa também tiveram um profundo impacto no processo de modernização da China”, disse Wang Xuebin, professor na Escola do Partido do Comité Central do CPC.

11 Abr 2023

Associações e escolas viram abertura do Congresso Nacional

Várias associações e escolas locais organizaram sessões para assistir à transmissão da cerimónia abertura do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China e ao discurso de Xi Jinping.

Uma das entidades ouvidas pelo canal chinês da Rádio Macau foi a Associação de Amizade de Membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) na Instância de Província de Macau, pela voz do seu presidente Frederico Ma Chi Ngai. A cerimónia foi vista por cerca de 50 associados, com o dirigente a defender que, como membro da CCPPC, é importante conhecer as realizações e planos para o futuro do país, sobretudo das áreas de economia, para que Macau aproveite as oportunidades originadas pelo desenvolvimento nacional.

Na Escola Secundário Hou Kong cerca de 100 alunos e professores assistiram ao discurso do Presidente chinês. No final, o director da escola, Iao Tun Ieong, mostrou-se esperançado de que estudantes e docentes tenham reforçado os sentimentos de orgulho e reconhecimento pela China. Em termos substantivos, o director destacou os feitos conseguidos nas áreas da defesa nacional e militar.

Por seu turno, o vice-presidente da Federação de Juventude de Macau, Wong Ka Lon, recordou que nos últimos dois anos, Macau esteve paralisado devido à pandemia e que aguarda novidades positivas na sequência do congresso nacional, nomeadamente no que diz respeito ao intercâmbio de jovens de Macau com cidades do Interior da China.

A presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ho Sut Heng garante que vai apreender e divulgar o espírito do 20º Congresso Nacional, como uma força revigoradora para continuar os trabalhos comunitários. Além disso, destacou o papel de liderança e união da FAOM na popularização do Partido Comunista da China entre os residentes de Macau e do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

17 Out 2022

Análise | Académico estuda percurso histórico do Partido Comunista da China

Luís Cunha analisou o percurso do partido centenário com “uma notável capacidade adaptativa” aos novos tempos, no artigo intitulado “A Resiliência do Partido Comunista da China”. O académico encara o slogan “socialismo com características chinesas” como uma via para o fortalecimento do partido, cuja legitimidade para governar continua inquestionável

 

Com cem anos de existência, o Partido Comunista da China (PCC) parece ter resistido a todos os contratempos da diplomacia mundial, nomeadamente à queda da União Soviética, mas não só. A “resiliência” do PCC é tema do último artigo do académico Luís Cunha, publicado na revista Janus Observare, da Universidade Autónoma de Lisboa. O autor é investigador integrado no Instituto do Oriente e do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.

Luís Cunha traça uma análise do percurso histórico de um partido que soube manter o poder ao longo da história e que readapta com novas fórmulas políticas e ideologias. “Ao longo de um século, o PCC foi capaz de superar, com maior ou menor grau de sucesso, todas as suas crises e contradições internas, transformando-se no maior e mais poderoso Partido Comunista do mundo”, começa por afirmar Luís Cunha.

Graças ao PCC, houve uma “inigualável projecção de poder na história da China, graças a uma gestão competente da agenda geoestratégica e geoeconómica”. O país é hoje “um laboratório político sem paralelo”, governado por um “omnipresente Partido-Estado”.

Luís Cunha cita Richard MacGregor, que no livro “The Party” [O Partido], considera a sobrevivência do PCC “um milagre político”. “Se tivermos em conta que a sua inspiração fundacional, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS), foi extinto há três décadas, a asserção mostra-se válida. Há, no entanto, outras importantes variáveis em jogo. No monolítico sistema político chinês nada se perde e tudo se transforma, por obra e engenho de um Partido capaz de notável capacidade adaptativa”, escreve Luís Cunha.

Cem anos depois da fundação, o PCC revela “um modelo singular de desenvolvimento político e social”, sendo que o “excepcionalismo chinês” se baseia numa “forte visão nacionalista” e é veiculado através de uma “nova era transformacional”.

Em termos gerais, o PCC “soube superar as inúmeras adversidades ao longo da sua história e surge agora, no primeiro quartel do século XXI, aparentemente fortalecido no domínio do seu desígnio ideológico de desenvolvimento para a China”.

Para Luís Cunha, o partido assume hoje “abertamente, um projecto autónomo”, diferente “dos modelos enraizados nas propostas das democracias liberais do Ocidente”.

Luís Cunha traça também um olhar sobre os Livros Brancos publicados ao longo dos anos sobre as mais diversas áreas de actuação política, económica, social e diplomática. Todos fazem referência “à originalidade do caminho escolhido pelo PCC para o desenvolvimento da China”, além de darem ênfase “ao acervo civilizacional do país e à recusa em alinhar [o país] no modelo da democracia liberal do Ocidente”.

Uma forma de revisionismo?

Quanto ao secretário-geral do PCC, é visto como o “núcleo central” do comité central do partido, que tem como ideologia de base “o pensamento de Xi Jinping”, nomeadamente no que diz respeito ao conceito de “socialismo com características chinesas na nova era”.

Luís Cunha denota que este conceito, introduzido por Xi Jinping, aponta a uma via de fortalecimento partidário. “É de notar que o PCC colocou especial ênfase no delicado processo de selecção e recrutamento para os seus quadros, transformando-se desse modo numa organização política elitista”, acrescentou o autor do artigo.
O conceito é também “um tipo de revisionismo com características chinesas”.

“Assumindo-se como um partido genuíno e pragmático, intimamente ligado às aspirações populares, o PCC repudia reiteradamente aquilo que considera ser o ‘caos da democracia ao estilo ocidental’, oferecendo em contrapartida uma ‘democracia que funciona’ baseada em inovações teóricas.” São elas “a adaptação do marxismo à realidade chinesa” além das teorias desenvolvidas por Deng Xiaoping, a ideia da “tripla representatividade” de Jiang Zemin ou ainda a “teoria científica do desenvolvimento”, de Hu Jintao.

Desta forma, a ideia do “sonho chinês”, também preconizada por Xi Jinping, propõe, segundo Luís Cunha, “um processo inclusivo e harmonioso para o desenvolvimento e afirmação da China, mas também uma ordem multipolar”.

Está, portanto, em causa “um processo de renovação ideológica e política, com recurso ao reabilitado confucionismo e ao tradicionalismo cultural, mesclado com o incontornável marxismo em versão sínica”. Persiste “uma lógica leninista”, em que o PCC assume para si a autoridade em consonância com o Estado e o Exército Popular de Libertação.

Uma “certa democratização”

No ano passado, o Conselho de Estado lançou o Livro Branco “A Democracia que Funciona”, e que recorda que existem na China oito partidos políticos que obedecem ao PCC. Esta democratização apontada pelos líderes chineses não representa uma mudança de mentalidades, denota Luís Cunha.

“Na realidade, a abertura parcial do PCC a processos de cariz democrático não deve ser lida como uma liberalização ideológica, mas antes como uma tentativa de refinar e melhorar os seus métodos funcionais e orgânicos.”

Actualmente, o PCC defende “um modelo alternativo de globalização”, tendo em conta a necessidade de ultrapassar “o esgotamento do modelo económico adoptado desde a abertura da China ao mundo em 1978”.

Segundo o autor, persiste a ideia de “destino partilhado para a humanidade” e a aposta num modelo multilateral pacífico com todos os povos. “Embora o PCC não admita abertamente que o ‘modelo chinês’ é exportável, considera que ‘a experiência e prática do PCC podem oferecer boas referências a outros’”, lembrou Luís Cunha.

O académico destaca ainda declarações de Xi Jinping, que no 95º aniversário do partido disse que “o que está em causa não é tanto o ‘modelo chinês’, mas antes a ‘solução chinesa’”. Já no discurso do 19º Congresso do PCC, o Presidente chinês “ficou muito perto de promover um modelo chinês de relações internacionais, ao referir que o caminho trilhado pela China ‘oferece uma nova opção para os outros países e nações que querem acelerar o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que preservam a sua independência’”.

Uma contradição

Como partido que ao longo da sua história foi ultrapassando problemas e contradições, Luís Cunha aponta aquela que será “a principal”: o facto de a China ainda não ter atingido o comunismo quando o PCC chegou aos cem anos de existência.

“Esta aparente contradição é abertamente admitida na Constituição do Partido, quando refere que ‘o objectivo máximo do PCC é a realização do comunismo’ e que ‘o ideal mais importante do comunismo perseguido pelos comunistas chineses só poderá ser realizado quando a sociedade socialista estiver totalmente desenvolvida e altamente avançada’”.

Desta forma, Luís Cunha destaca que este é “um objectivo que poderá ser parcialmente alcançado em 2049, aquando da celebração dos 100 anos da implantação da República Popular da China” e quando termina o estatuto especial da RAEM.

“No léxico do PCC, esse marco do duplo centenário, assinalará o ‘rejuvenescimento da nação chinesa’” mas, na verdade, denota o autor, “a quimera comunista não será facilmente alcançável”. E aqui a história da segunda metade do século XX pode explicar a questão, dada a queda da URSS e do próprio PCUS. “Alguns académicos sustentam mesmo que os soviéticos nunca chegaram a implantar o comunismo, uma vez que os dirigentes partidários da URSS teriam optado pelo capitalismo de Estado”, frisou Luís Cunha.

Sobre a figura de Xi Jinping, o autor entende ser um “líder transformacional, só comparável a Mao e Deng, líderes carismáticos”, estando “imbuído de uma infabilidade histórica quanto à missão de transformar a China na mais poderosa das nações”. Características de “um líder forte, com um projecto político bem definido”, tendo traçado as “linhas vermelhas” em 2013 com um memorando interno do PCC que “elencou as principais ameaças existenciais do Partido, incluindo a democracia constitucional de matriz ocidental e o neoliberalismo”.

O poder com Xi

Para Luís Cunha, desde 2014, com Xi Jinping no poder, que o país passou a mostrar “todo o seu poder e assertividade”, uma vez que a narrativa oficial veiculada pelo actual Presidente “eliminou definitivamente a estratégia discreta para a afirmação externa da China recomendada por Deng Xiaoping”.

Desta forma, a “China poderá ascender à condição de maior potência económica mundial num futuro não muito distante”, com foco no reforço do poder militar. “O PCC não venceu a utopia, mas ultrapassou-a”, descreve Luís Cunha, que acredita que, nos últimos cem anos, o partido “aprendeu a (sobre) viver com inúmeros paradoxos e contradições”, tendo-se transformado “numa máquina centrifugadora híbrida, capaz de absorver, regenerar e devolver à sociedade as diferentes abordagens políticas e económicas”.

O PCC mantém a sua legitimidade com a aposta no nacionalismo e numa “comunidade política imaginada”, sendo que a legitimidade é transposta para o plano internacional com os projectos de “uma faixa, uma rota”. É, portanto, a proposta chinesa “para uma nova ordem centrada no desenvolvimento, com claras implicações geopolíticas e geoeconómicas”.

Em jeito de conclusão, Luís Cunha considera que a legitimidade do PCC não estará ameaçada nos próximos tempos, “tendo em conta os indicadores disponíveis que indicam que o PCC desfruta de um elevado grau de popularidade, ao mesmo tempo que a elite partidária mantém a necessária coesão”.

Estes são “factores cruciais para a perpetuação da necessária legitimidade”, pelo que “a sede do poder estratégico no sistema político chinês – o PCC – não estará ameaçada num futuro próximo”.

“É inegável que o PCC conseguiu alcançar um dos principais objectivos que presidiu à sua fundação: a transformação da China num país forte e independente. O PCC conduziu a China a um patamar nunca alcançado na sua longa história”, remata o autor do artigo.

24 Mai 2022

Dois quadros do PCC demitidos em Xian após surto de covid-19

Dois funcionários chineses foram demitidos devido à situação da pandemia, no domingo, pelas autoridades da cidade de Xian, no norte da China, que está há 12 dias confinada, após o diagnóstico de centenas de casos de covid-19.

Na noite de domingo, as autoridades locais anunciaram que dois quadros do Partido Comunista da China no distrito de Yanta foram destituídos dos seus cargos, de forma a “reforçar o trabalho de prevenção e controlo da epidemia” na cidade.

No mês passado, várias dezenas de funcionários do Partido foram punidos por “falta de rigor na prevenção e controlo da epidemia”.

Xian detetou 90 novos casos de covid-19, face a 122 no dia anterior, elevando o número de contaminações na cidade para mais de 1.600, desde 9 de dezembro.

“Lançamos um ataque geral”, disse o funcionário da província Liu Guozhong, segundo um comunicado oficial, acrescentando que é necessário livrar a sociedade do novo coronavírus o mais rápido possível.

A cidade de Xian, famosa pelo seu exército subterrâneo de terracota, é o novo epicentro da pandemia no país. As autoridades colocaram sob confinamento os seus 13 milhões de habitantes e testaram toda a população.

Xian é o destino da única ligação aérea direta entre a China e Portugal. O voo, com uma frequência por semana e operado pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, foi suspenso nos dias 25 de dezembro, 1 e 8 de janeiro.

A China segue uma estratégia de “zero casos” com restrições de fronteira muito severas e bloqueios direcionados assim que surgem os casos, mas esta abordagem não evitou surtos locais.

Moradores de Xian disseram, nos últimos dias, que estão a lutar para encontrar comida suficiente, embora as autoridades chinesas tenham insistido que estão a trabalhar para garantir o abastecimento.

Um mês antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, a China registou, nos últimos dias, números de infeção nunca vistos, desde março de 2020, mesmo que o número de casos permaneça baixo, em comparação com outros países do mundo.

3 Jan 2022

Jornal New York Times escreve que EUA vão restringir vistos para membros do Partido Comunista Chinês

[dropcap]O[/dropcap] Governo dos Estados Unidos aprovou regras novas e mais rígidas visando restringir a entrada de membros do Partido Comunista Chinês (PCC) no seu território, informou hoje o jornal norte-americano The New York Times.

As novas restrições, que entraram em vigor na quarta-feira, encurtam a duração dos vistos para membros do PCC e familiares diretos de dez anos para um mês, e só permitem uma entrada no país, segundo o jornal, que cita um porta-voz do departamento de Estado norte-americano.

“Durante décadas, permitimos ao PCC ter acesso livre e desimpedido às instituições e negócios norte-americanos, enquanto esses mesmos privilégios nunca foram dados aos cidadãos norte-americanos na China”, disse o porta-voz.

Os restantes cidadãos chineses podem continuar a requerer vistos de visita válidos por dez anos e com múltiplas entradas. Segundo o jornal, as novas restrições podem teoricamente abranger cerca de 270 milhões de pessoas, entre membros do PCC e os seus familiares próximos. O PCC tem 92 milhões de membros.

A medida insere-se numa tendência mais ampla nos EUA para adotar uma postura mais assertiva em relação a Pequim, e que beneficia de consenso bipartidário.

Os dois países travam já uma prolongada guerra comercial e tecnológica e disputas diplomáticas em tornos do estatuto de Hong Kong ou a soberania do mar do Sul da China.

As autoridades chinesas expulsaram este ano cerca de quinze jornalistas norte-americanos de vários jornais importantes.

Washington, por sua vez, reduziu o número de credenciais atribuídas a jornalistas chineses a trabalhar em órgãos estatais por se tratar de órgãos de “propaganda”.

O governo de Donald Trump também revogou os vistos de mais de mil estudantes e pesquisadores chineses suspeitos de espionagem nos Estados Unidos.

Milhões de membros do PCC juntam-se ao partido por motivos de carreira, não ocupando qualquer cargo dentro do aparelho partidário.

3 Dez 2020

PCC | Filho do ex-Presidente vai chefiar Partido Comunista em Xian

[dropcap]H[/dropcap]u Haifeng, filho do ex-Presidente chinês Hu Jintao, vai ser o novo secretário do Partido Comunista (PCC) na cidade de Xian, capital da província de Shaanxi, centro da China, informou ontem um jornal de Hong Kong.

Hu, de 47 anos, vai ocupar uma posição com estatuto vice-ministerial, depois de trabalhar como chefe do PCC na cidade de Lishui, província de Zhejiang, no leste da China, segundo o South China Morning Post (SCMP).

O filho do ex-Presidente chinês assume o cargo mais importante em Xian depois de as autoridades locais terem desrespeitado “ordens directas” do Presidente chinês, Xi Jinping, para demolirem casas ilegais numa reserva natural na montanha de Qinling.

Tratou-se de um “escândalo político” simbólico, já que Xi é visto como o mais forte líder chinês desde Mao Zedong, o fundador da República Popular.

A nomeação de Hu visa “estabilizar” a governação do PCC na cidade e servir como “primeiro grande teste” na sua carreira política, segundo o jornal.

O analista político Zhang Lifan, citado pelo SCMP, considera ainda que a promoção de Hu é “um gesto de Xi para apaziguar partidários” do ex-Presidente, numa altura em que “enfrenta grandes desafios, dentro e fora da China”, face ao abrandamento económico e crescente hostilidade dos Estados Unidos.

Obrigações maiores

Desde que ascendeu ao poder, em 2013, Xi Jinping tornou-se o núcleo da política chinesa, desmantelando o sistema de “liderança colectiva” cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970.

Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Jiaotong, em Pequim, Hu Haifeng iniciou-se na política em 2013, depois de deixar a presidência da empresa estatal Nuctech, em 2008.

“Inicialmente, (Hu) Haifeng não estava muito feliz com a ideia de entrar para a política. Mas o partido chamou-o porque o Governo central precisava de recrutar jovens nascidos nos anos 70”, explicou uma fonte anónima, citada pelo SCMP.

Descrito como uma “pessoa fechada” e de “baixo perfil” – características também associadas ao seu pai -, Hu Haifeng passou a ser conhecido no estrangeiro em 2009, quando a Nuctech foi acusada de pagar o equivalente a mais de 11 milhões de euros em subornos para obter um contrato na Namíbia.

O caso foi censurado na China, evitando assim manchar a imagem do filho do então Presidente.

Com cerca de 12 milhões de habitantes, Xian é o centro económico do noroeste da China.

12 Mar 2019

“Doença da altitude” justifica proibição de visitas ao Tibete

Num mês em que se assinalam aniversários de rebeliões contra o domínio chinês, Pequim restringiu ainda mais as visitas de estrangeiros à região

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês no Tibete justificou a interdição do acesso de estrangeiros àquela região dos Himalaias, durante o mês de Março, com a possibilidade de os “visitantes sofrerem de doença da altitude”.

Citado pela imprensa local, o líder comunista no Tibete, Wu Yingjie, disse que as restrições são necessárias para “garantir a segurança” dos turistas.

Segundo confirmou a agência Lusa, as agências de viagens estão a recusar turistas estrangeiros em visitas ao Tibete, durante este mês, quando se celebra um par de aniversários sensíveis que questionam a legitimidade da soberania chinesa na região.

“Após considerarmos as condições geográficas e climáticas específicas [do Tibete], adoptámos uma série de regulamentações para as visitas de estrangeiros, de acordo com a lei”, disse.

No dia 10 de Março celebra-se o 60.º aniversário desde uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, que terminou com o exílio na vizinha Índia do líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”.

E no dia 14 de Março de 2008, a capital da região autónoma do Tibete, Lhasa, foi palco de violentos ataques contra a presença chinesa, que resultaram em 18 mortos, segundo dados do Governo chinês. Um número desconhecido de tibetanos foi morto pelas tropas chinesas na sequência daquele incidente.

Além do visto chinês, os estrangeiros precisam de uma autorização especial para visitar o Tibete, uma exigência que as autoridades normalmente justificam com as “tradições únicas da etnia tibetana, o património cultural, a capacidade de receber turistas e as necessidades de proteção ambiental”.

Os turistas estrangeiros que querem visitar o Tibete, incluindo a capital Lhasa, têm de fazê-lo em grupo e acompanhados de um guia, e Pequim proíbe diplomatas e jornalistas estrangeiros de entrarem na região, excepto em visitas organizadas pelas autoridades ou pelo departamento de propaganda do Partido Comunista.

 

Diferendo secular

A China considera que a região é desde há séculos parte do território chinês.

Mas seguidores do Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.

O secretário do PCC negou ainda que a população de cerca 3,3 milhões tibetanos apoie o Dalai Lama.

“O Dalai Lama não trouxe nada de bom para o povo tibetano. Embora no estrangeiro ele tenha algum apoio, os tibetanos estão muito gratos pela prosperidade que o Partido Comunista trouxe”, disse.

Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo, desde Fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês.

8 Mar 2019

Grande Baía | Chui Sai On reuniu com secretário do PCC de Guangdong

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo reuniu-se ontem, em Pequim, com o secretário do Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês (PCC), com quem trocou ideias sobre a execução dos trabalhos de construção da Grande Baía. Segundo um comunicado oficial, Chui Sai On transmitiu a Li Xi que acredita que a cooperação entre Macau e Guangdong vai subir para um novo patamar de desenvolvimento, através dos esforços dos governos e população de ambos os territórios, com o objectivo sempre presente de tornar a Grande Baía numa baía de renome internacional e numa região metropolitana a nível mundial. Por sua vez, o secretário do Comité Provincial de Guangdong do PCC, Li Xi, destacou a grande oportunidade histórica que a estratégia nacional representa para os três territórios. De acordo com a mesma nota, afirmou esperar que Guangdong e Macau possam discutir a programação dos trabalhos relativos à próxima etapa, aproveitando para promover o desenvolvimento dos três territórios em prol do bem-estar das suas populações.

Leis | Táxis em vigor em Junho, Organização Judiciária em Abril

O Regime jurídico do transporte de passageiros em automóveis ligeiros de aluguer, aprovado recentemente pela Assembleia Legislativa, vai entrar em vigor a 2 de Junho. Isto porque a nova lei entra em vigor 90 dias após a data de publicação em Boletim Oficial, o que sucedeu ontem. Já a Alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, igualmente publicada em Boletim Oficial, entra em vigor dentro de 30 dias, ou seja, a 3 de Abril.

5 Mar 2019

Dois académicos de um ‘think tank’ liberal proibidos de sair da China

[dropcap]U[/dropcap]m pesquisador numa conhecida unidade de investigação com sede em Pequim revelou hoje que ele e o director da organização foram proibidos de sair do país, quando planeavam participar num simpósio na universidade norte-americana de Harvard.

Citado pela agência The Associated Press, Jiang Hao revelou que ele e o director Sheng Hong foram parados no aeroporto, na quinta-feira, quando se preparavam para partir para os Estados Unidos, visando participar no simpósio dedicado ao 40.º aniversário desde que a China adoptou as políticas de Reforma e Abertura, abrindo o país à iniciativa privada.

Jiang diz que as autoridades não explicaram porque motivo foi proibido de embarcar, enquanto Sheng revela que lhe foi dito tratar-se de uma questão de segurança nacional. Os dois trabalham para a unidade de investigação Unirule Institute of Economics, que defende o mercado livre e reformas democráticas, e tem sido alvo de assédio pelo regime.

Nos últimos meses foram despejados das suas instalações, a licença cancelada e o portal electrónico e contas nas redes sociais bloqueadas. O portal do simpósio, que decorre hoje no Fairbank Center for Chinese Studies, de Harvard, anuncia a participação de quatro académicos chineses.

O cartaz é composto por uma fotografia de Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que converteram a China na segunda maior economia mundial, mas cujo legado tem sido minimizado, à medida que o actual Presidente, Xi Jinping, se impõe como o líder mais forte desde Mao Zedong, o fundador da República Popular.

Jiang afirmou que quase 20 académicos chineses foram convidados para participar no evento, alguns dos quais já chegaram aos EUA.

“Mas alguns mudaram de ideias e escolheram não ir, por razões que são óbvias”, afirmou Jiang, apontando a desaprovação das autoridades de Pequim. A Unirule foi fundada em 1993, e tem publicado análises críticas do Governo, apontando inclusive que as empresas estatais chinesas não são rentáveis e gozam de grandes subsídios públicos.

Desde a ascensão ao poder de Xi Jinping, em 2013, o Partido Comunista da China (PCC) reforçou o seu controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião, silenciando muito do discurso independente que ganhou espaço durante os mandatos dos seus antecessores.

5 Nov 2018

PCC acusa ocidente de “dor de cotovelo” face ao papel da China

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial chinês afirmou ontem que o ocidente sente “dor de cotovelo” face ao papel cada vez mais proeminente da China em África, ilustrando a insistência de Pequim de refutar acusações de neocolonialismo no continente.

O editorial do Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista da Chinês, surge numa altura em que o Fórum de Cooperação China/África junta, em Pequim, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano.

O jornal denuncia a “retórica” na imprensa e por parte de políticos ocidentais, de que a China está a pilhar os recursos naturais do continente e a conduzir estes países para a armadilha do endividamento.

“Preferem revelar dor de cotovelo, ao invés de reflectirem por que é que a colaboração de África com os Estados Unidos e a Europa ficou para trás”, acusa o jornal. O “problema fundamental” é que o ocidente menospreza África e “trata o continente como se fosse o seu quintal”, acrescenta.

Num discurso proferido ontem perante líderes e empresários chineses e africanos, também o Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu que o investimento de Pequim não acarreta “condições políticas”, apoiando a inclusão de África no projecto de infra-estruturas internacional lançado pela China, a Nova Rota da Seda.

Mundos e fundos

“A China não interfere nos assuntos internos de África e não impõe a sua vontade sobre África”, afirmou Xi, notando que “os projectos desenvolvidos no continente visam resolver obstáculos ao desenvolvimento”. “Os recursos para a nossa cooperação não são para ser gastos em projectos fúteis, mas nos sítios em que mais são necessários”, disse.

Segundo a unidade de investigação China AidData, desde 2000, Pequim concedeu mais de 110.000 milhões de dólares em financiamento aos países africanos. O país asiático é, desde 2009, o maior parceiro comercial de África. Pelas estatísticas chinesas, nos primeiros seis meses deste ano, o comércio bilateral aumentou 16 por cento, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares.

4 Set 2018

PCC | Pequim anuncia medidas para castigar quem propaga “rumores políticos”

O Partido Comunista da China vai castigar a propagação de “rumores políticos” e punir de forma “mais dura” os funcionários negligentes nas suas funções, segundo um conjunto novo de normas

 

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo a agência, que cita um comunicado do comité central do PCC, o partido está determinado a autogovernar-se com “disciplina de ferro”, pelo que as novas regulações são necessárias para contrariar “novas formas de violar a disciplina”. O comunicado assinala que continuará a perseguir quem propague “rumores políticos” que ponham em perigo a “unidade e solidariedade do partido”, e também castigará funcionários que não consigam implementar um “desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e inclusivo, causando perdas significativas, devido à sua negligência”.

Outra das cláusulas dirige-se aos membros do partido que sejam religiosos, e que passam a estar proibidos de participar em actividades que utilizam a religião como “provocação”. Quem “distorcer” a história do país também está sujeito a castigo.

Nos casos mais graves, os membros do partido podem ser processados judicialmente, mas na maior parte dos casos de infração da disciplina interna o castigo maior é a expulsão do partido.

Moscas e tigres

Após ascender ao poder, Xi Jinping lançou uma campanha anticorrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que resultou já na punição de um milhão de membros do partido. Os alvos incluíram oficiais menores, a que Xi se refere como “moscas”, mas também mais de uma centena de “tigres” – altos quadros do partido, com a categoria de vice-ministro ou superior. Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao, Ling Jihua.
As regulações foram objecto de revisão, nos últimos três anos, “o que manifesta a determinação do PCC em impor uma forte disciplina”, assinala o comunicado, citado pela Xinhua.

A edição anterior, publicada em 2015, estabeleceu um guia de conduta para membros do Partido, com uma lista de acções disciplinares em caso de infração.

29 Ago 2018

PCC | Nomeado novo responsável pela propaganda internacional

Pequim nomeou ontem um membro de confiança do Partido Comunista Chinês para dirigir as operações de propaganda internacional, numa altura em que a China se tenta promover como uma grande potência responsável

 

[dropcap style=’circle’]X[/dropcap]u Lin, antigo responsável pelo regulador chinês para a Internet, estará encarregue de promover a imagem da China no exterior, numa altura em que o país é alvo de críticas por práticas comerciais injustas, violações dos direitos humanos e militarização do Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade.
A escolha de Xu para director do Gabinete de Informação do Conselho de Estado surge numa altura em que o país reclama a posição de grande potência, capaz de preencher o vazio na governação das questões globais, alegadamente deixado pelos Estados Unidos com a ascensão ao poder de Donald Trump. Desde que Trump foi eleito, em 2017, Washington rasgou compromissos internacionais sobre o clima, comércio livre, migração ou nuclear, permitindo a Pequim reclamar a liderança nestas áreas.
A “solução chinesa” materializa-se na “Nova Rota da Seda”, um gigantesco plano de infra-estruturas lançado pelo Presidente do país, Xi Jinping, e avaliado em 778 mil milhões de euros, visando reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Outro lado da medalha

Críticos lembram, no entanto, que a China continua a ser a mais proteccionista entre as principais economias e o maior emissor de gases com efeito de estufa. Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra o país, investiu nos últimos anos milhares de milhões de euros para convencer o mundo de que a China é um sucesso político e cultural.
Xu, de 55 anos, estava encarregue pela Administração do Ciberespaço da China, organismo que controla o conteúdo disponível para os mais de 700 milhões de internautas chineses e exerce vigilância sobre as empresas do sector da Internet.

23 Ago 2018

Guerra Comercial | PCC alerta para fuga de cérebros no Ministério do Comércio

 

O Partido Comunista Chinês (PCC) pediu ao Ministério do Comércio que trave o “êxodo” de quadros, face à guerra comercial desencadeada entre Pequim e Washington

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]órgão de inspecção e disciplina do Partido Comunista emitiu aquela ordem no mês passado, numa altura em que se agravavam as fricções comerciais com os Estados Unidos, de acordo com o South China Morning Post (SCMP).
Citado pelo SCMP, um funcionário aposentado do ministério afirma que a falta de profissionais experientes, sobretudo em negociações em matéria de comércio e gestão macroeconómica, poderiam afectar a qualidade do aconselhamento aos responsáveis por tomar decisões na guerra comercial.
“O Ministério do Comércio oferece aconselhamento político e recomendações. Esse aconselhamento deve ser preciso e valioso. Mas faltam agora pessoas com conhecimento”, afirmou.
Os dois governos estão a preparar uma nova ronda de taxas alfandegárias sobre 13,7 mil milhões de euros das exportações de cada lado, a partir de 23 de Agosto, numa disputa motivada pela política de Pequim para a tecnologia.
Washington acusa a China de “tácticas predatórias”, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico, nomeadamente forçar a transferência de tecnologia em troca de acesso ao mercado. No mês passado, Washington impôs taxas alfandegárias de 25 por cento sobre mais de 29 mil milhões de euros de importações oriundas da China. Pequim retaliou com penalizações no mesmo valor sobre bens dos EUA.
Num comunicado publicado em Julho passado, inspectores da Comissão de Inspecção e Disciplina do PCC consideram que a fuga de cérebros no ministério é “elevada”. O órgão aconselha o ministério a “estabelecer equipas com profissionais de elevada qualidade, reforçar a gestão de quadros enviados além-fronteiras, e analisar seriamente e responder ao problema da fuga de cérebros”.
Dados citados pela imprensa estatal chinesa revelam que 152 funcionários se demitiram do ministério, entre 2008 e 2017, a maioria entre 2014 e 2016, período de maior intensidade na campanha anticorrupção lançada pelo PCC.
Alguns dos funcionários que se demitiram assumiram posições superiores em empresas do ramo tecnológico ou da Internet, como o Jingdong ou o Alibaba, escreve o SCMP.

Negociações continuam

Pequim anunciou ontem que vai enviar uma delegação a Washington, numa altura de crescentes fricções comerciais, com a China e os Estados Unidos a prepararem mais uma ronda de taxas alfandegárias sobre as exportações de cada um dos países. O ministério chinês do comércio anunciou que a visita, liderada pelo vice-ministro Wang Shouwen, visa abordar “assuntos de interesse comum”, sem avançar mais detalhes sobre a agenda.
Trata-se do primeiro encontro entre funcionários chineses e norte-americanos, desde as últimas conversações, em início de Junho, entre o secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, e o vice primeiro-ministro chinês, Liu He, que terminaram sem acordo.

17 Ago 2018

Direitos humanos | PCC defende repressão sobre minoria étnica muçulmana

 

Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu ontem medidas repressivas contra a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, afirmando que impediu a região do Xinjiang de se converter na “Síria da China”

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]editorial do Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, surge após um comité antidiscriminação da ONU ter condenado o tratamento dado por Pequim aos uigures, num relatório que cita detenções em campos de reeducação “envoltos num manto de secretismo”.
Após ataques cometidos por separatistas muçulmanos no Xinjiang, centenas de milhares de uigures foram arbitrariamente detidos em campos de doutrinação política, onde são forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao PCC. O Global Times cita aquele processo como “uma fase a que Xinjiang tem que ser submetido, visando a reconstrução da paz e prosperidade”, mas não refere directamente a existência dos campos de internamento.
O jornal insiste que a “paz e estabilidade estão acima de tudo”, denunciando o que classifica de “opiniões públicas destrutivas do ocidente”.
“Graças à liderança forte do Partido Comunista na China, a solidez do país e a contribuição dos funcionários locais, Xinjiang foi salvo quando se encontrava à beira de uma turbulência imensa”, afirma o jornal. “Foi evitado que se tornasse na Síria da China ou na Líbia da China”, acrescenta.
Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

Campos secretos

Nos últimos meses, grupos de defesa dos direitos humanos e testemunhas denunciaram a criação dos campos de doutrinação. A população uigur na China é de cerca de 10 milhões de habitantes – o país tem, no conjunto, quase 1.400 milhões de habitantes – e nunca houve um protesto em larga escala, capaz de ameaçar a autoridade do PCC.
Contudo, Pequim diz que a repressão é necessária para combater o separatismo e extremismo islâmico, enquanto activistas uigures afirmam que serve apenas para alimentar as tensões.
Quando o Comité da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial começou a rever o relatório, na sexta-feira, em Genebra, a delegação chinesa sublinhou o progresso económico e melhoria do nível de vida na região.
A vice-presidente do Comité, Gay McDougall, afirmou que os membros estão “profundamente preocupados”, face a “numerosos e credíveis relatórios que dão conta de que em nome do combate ao extremismo religioso e manutenção da estabilidade social, [a China] converteu a região autónoma uigur em algo que se assemelha a um campo de internamento massivo e envolto em secretismo”.
McDougall afirmou que se estima que mais de um milhão de pessoas “estão a ser mantidas em centros designados de anti extremismo e que outros dois milhões foram detidos nos chamados campos de reeducação para doutrinação política e cultural”.

14 Ago 2018

Reforma institucional do Estado é “revolucionária”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] decisão e o plano do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) sobre o aprofundamento da reforma das instituições do Partido e do Estado são revolucionários, escreveu um funcionário económico e financeiro de alto escalão da China num artigo publicado nesta terça-feira no Diário do Povo.

“A reforma é revolucionária ao integrar os existentes interesses constituídos e remodelar novos padrões de interesse”, disse Liu He, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista da China e director do Gabinete Geral do Grupo Dirigente Central para Assuntos Financeiros e Económicos. A decisão e o plano foram revistos e adoptados na 3ª sessão plenária do 19º Comité Central do PCC, segundo um comunicado emitido após a conclusão da sessão no fim do mês passado.

Face aos novos requisitos para diversas tarefas na nova era, a estrutura e funções actuais das instituições do Partido e do Estado não são completamente apropriada, no sentido da implementação coordenada do plano integrado das cinco esferas e a estratégia abrangente de quatro pontos, nem para a modernização do sistema e da capacidade de governanção da China, diz o documento.

Assim, a China divulgou nesta terça-feira um plano de reestruturação institucional para que o governo esteja mais bem estruturado, mais eficiente e orientado ao serviço. O plano de reforma institucional do Conselho de Estado foi submetido à actual primeira sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional para deliberações.

Liu escreveu no artigo que fortalecer a liderança geral do Partido é um assunto chave para aprofundar a reforma das instituições do Partido e do Estado. “O Partido exerce a liderança geral em todo o Partido, governo, exército militar, organizações do povo e órgãos académicos em todas as partes do país”, escreveu.

A tarefa primária de aprofundar a reforma das instituições do Partido e do Estado é fortalecer a liderança do PCC em todos os sectores, disse Liu, citando o comunicado. Devem ser feitos esforços para estabelecer e melhorar as instituições e os mecanismos pelos quais o Partido exerce a liderança sobre as principais tarefas, segundo a decisão do Comité Central do PCC.

Liu também pediu que os comités do Partido e os governos em todo o país assumam as principais responsabilidades para implementar as tarefas de aprofundar a reforma das instituições do Partido e do Estado, e trabalhem para obter progressos de forma estável, ordenada e efectiva.

APN escuta lei de reorganização governamental

Os legisladores chineses ouviram na terça-feira o projecto de lei de supervisão e um plano de reorganização do Conselho de Estado, o gabinete chinês, na sessão em curso do órgão legislativo nacional. Os líderes do país Xi Jinping, Li Keqiang, Li Zhanshu, Wang Yang, Wang Huning, Zhao Leji e Han Zheng participaram da quarta reunião plenária da primeira sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional (APN). Os representantes da APN adoptaram uma decisão sobre os comités especiais da 13ª APN e um método de votação dos presidentes, vice-presidentes e membros dos comités especiais. De acordo com a decisão, a 13ª APN terá dez comités especiais, cobrindo áreas como assuntos étnicos, Constituição e lei, assuntos estrangeiros, protecção ambiental, agricultura e assuntos rurais. Na reunião de terça-feira, os representantes da APN adoptaram uma lista de presidentes, vice-presidentes e membros do Comité de Constituição e Lei da APN e Comité dos Assuntos Financeiros e Económicos da APN. Em 19 de Março, decidirão a constituição dos outros oito comités.

15 Mar 2018

Sublinhada a necessidade de estudar pensamento de Xi Jinping

[dropcap style≠‘circle’]W[/dropcap]ang Huning, membro do Comité Permanente do Bureau Político do Comité Central do PCC e do Secretariado do Comité Central do PCC, pediu na quarta-feira que os funcionários de comunicação do país desenvolvam uma ideologia socialista que tenha a capacidade de unir e o poder de inspirar.

Wang sublinhou a importância de fortalecer a liderança geral do PCC em comunicação, teoria e cultura, e disse que qualquer desenvolvimento ideológico deve seguir as regras do PCC sobre a construção do Partido. O burocrata também indicou que a formação de equipas mais fortes de oficiais com mais talento é importante para o trabalho de comunicação do Partido.

Além disso Wang quer uma melhor divulgação do pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.

“Tomem o pensamento de Xi Jinping como orientação de seu trabalho e concentrem-se no estudo, promoção e implementação do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC”, disse aos funcionários que o escutavam na quarta-feira. Wang atribuiu as “realizações históricas” feitas no sector de comunicação do Partido desde o 18º Congresso Nacional do PCC à “forte liderança” do Comité Central do PCC com Xi como o núcleo e o seu pensamento como guia. Assim, “o trabalho de comunicação deve orientar as pessoas para proteger o estatuto central de Xi e defender a autoridade e a liderança centralizada e unificada do Comité Central do PCC de forma mais comprometida”, acrescentou.

A conferência foi presidida por Huang Kunming, chefe do Departamento de Comunicação do Comité Central do PCC. Huang pediu que os funcionários intensifiquem sua confiança e consciência em seu trabalho na nova era e usem o pensamento de Xi Jinping para armar o Partido, educar o povo e aumentar a coesão na sociedade. “O trabalho de comunicação e publicidade deve promover a cultura socialista, impulsionar as conquistas das pessoas e criar uma sociedade civilizada”, concluiu.

5 Jan 2018

Xi enfatiza esforços para combater estilos de trabalho indesejáveis

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]i Jinping, secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), enfatizou que a luta contra os estilos de trabalho indesejáveis não deve ser parada. Xi, também presidente chinês e presidente da Comissão Militar Central, fez as observações numa instrução em resposta a um artigo da Agência de Notícias Xinhua sobre novas formas de conduta imprópria.

As novas formas de conduta imprópria são, em sua natureza, problemas antigos, disse Xi na instrução, divulgada segunda-feira, advertindo contra a intratabilidade e a repetição dos estilos de trabalho indesejáveis – formalidades por causa de formalidades, burocracismo, hedonismo e extravagância.

“Os esforços para lidar com essa conduta imprópria não devem parar e o trabalho para melhorar a conduta e os estilos de trabalho do Partido não deve ter fim”, sublinhou Xi.

Na instrução, Xi disse aos departamentos do Partido e governamentais de todas as regiões e todos os sectores que examinem seu próprio desempenho a este respeito e tomem medidas concretas para rectificar problemas, especialmente os mais proeminentes como busca de publicidade excessiva mas falta de prática sólida e implementação. Xi também pediu aos funcionários dirigentes de todos os níveis que tomem a liderança da campanha. A prática de formalidades por causa de formalidades também deve ser evitada rigorosamente na próxima campanha do PCC – “ficar leal à nossa missão de fundação”, disse Xi.

O artigo da Xinhua assinalou que embora a luta contra os estilos de trabalho indesejáveis tenha tido importantes avanços, problemas relevantes ainda permanecem, pois alguns funcionários conduzem o trabalho de forma superficial nas suas pesquisas e inspecções. Os trabalhadores de algumas agências do Partido e do governo mostram um falso cuidado falso ao público sem executar um trabalho prático de modo a servir o povo.

Existem também outros problemas como, por exemplo, governos locais que só se empenham para atrair a atenção dos funcionários mais altos, em vez de trabalharem para a satisfação da população, observou o artigo que também cita casos de funcionários que evitam as responsabilidades, bem como casos de inacção, indolência, falsidade e hipocrisia.

O gabinete geral do Comité Central do PCC emitiu uma circular pedindo a todas as agências do Partido e governo que estudem e implementem a instrução de Xi com acções imediatas. Devem verificar cuidadosamente novas formas de estilos de trabalho indesejáveis, corrigi-las resolutamente e fazer melhor a este respeito.

Ao enfatizar que a próxima temporada do Ano Novo e Festa da Primavera será um importante ponto na luta, a circular disse às autoridades que “previnam resolutamente o retorno da conduta imprópria e consolidem os avanços obtidos em implementar a decisão de oito pontos da liderança central do Partido para melhorar a conduta do Partido e governo”.

 

12 Dez 2017

Xi Jinping elogiado por “travar golpe” de facção do PCC

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da Comissão Reguladora de Valores da China, Liu Shiyu, afirmou sexta-feira que uma facção do Partido Comunista (PCC) conspirava para tomar o poder e enalteceu o Presidente chinês, Xi Jinping, por travar “o golpe”.

Liu, que falava durante um painel de discussão no XIX Congresso do PCC, afirmou que Xi salvou o partido, informou o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP).

Entre os líderes da suposta facção, Liu Shiyu destacou Sun Zhengcai, antigo chefe do PCC no município de Chongqing, que era visto como candidato a ser um dos líderes máximos da China ao longo da próxima década.

Sun foi expulso do Partido e está a ser investigado por corrupção.

O director do órgão regulador citou ainda o antigo ministro do Comércio Bo Xilai e o antigo chefe da Segurança Pública Zhou Yongkang, ambos condenados à prisão perpétua.

“Eram altamente corruptos e planeavam usurpar a liderança do Partido e o poder do Estado”, afirmou.

Liu referiu ainda, na intervenção, Ling Jihua, ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao.

“A liderança central, com o secretário-geral Xi como núcleo, salvou o Partido, o exército e o país durante os últimos anos. [Xi] salvou o socialismo”, afirmou Liu.

No final do ano passado, o responsável pelo órgão máximo de disciplina do partido, Wang Qishan, visto como o segundo líder mais poderoso da China, disse que alguns altos quadros do PCC tentaram apoderar-se da organização.

A campanha anticorrupção lançada por Xi, após ascender ao poder, em 2013, castigou mais de um milhão e meio de funcionários públicos e investigou 440 altos quadros do regime.

Observadores consideraram que as afirmações de Liu sugerem que a expulsão da organização e condenação à prisão perpétua dos nomes mencionados tiveram também motivos políticos, e expõem a existência de lutas internas no PCC.

23 Out 2017

Quadros do PCC gerem centro de estudos de budismo tibetano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China nomeou quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) para gerir um dos maiores centros de estudo de budismo tibetano do mundo, suscitando preocupações sobre um aumento do controlo ideológico da religião no país.

Os nomes escolhidos para dirigir Larung Gar, no sudoeste da China, são o sinal mais recente da desconfiança de Pequim para com os membros do clero do budismo tibetano, que incorporam as crenças e culturas tradicionais locais.

Os nomes apontados pelo PCC para cargos de administração no centro incluem o antigo vice-chefe da polícia da Prefeitura Autónoma Tibetana de Garze.

“Estas escolhas vão ajudar a escola a operar de acordo com as leis e não vão interferir no ensino, vistos que os funcionários farão parte da administração”, disse o vice-director do instituto de estudos contemporâneos da Academia Tibetana de Ciências Sociais, citado pelo jornal oficial Global Times.

Mas a presença de funcionários do partido em templos, mosteiros e conventos acarreta novas exigências, sobretudo com os monges e freiras a serem sujeitos a aulas de “educação patriota”.

Fundado em 1980 pelo proeminente monge Jigme Puntsok, Larung Gar atraiu a atenção do governo nos últimos anos, com as autoridades a tentarem reduzir o número de residentes para cinco mil – metade dos actuais, sobretudo através de demolições e despejos.

As autoridades dizem estar apenas a abrir vias para veículos de combate a incêndios.

Grupos de tibetanos exilados no estrangeiro dizem que as autoridades querem travar a difusão do budismo tibetano, que se tem tornado popular entre os chineses para além do Tibete.

Pequim adverte Tóquio por sanções a empresas chinesas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China criticou sexta-feira o Japão por impor sanções económicas a empresas chinesas que mantêm vínculos com a Coreia do Norte e ameaçou com consequências, caso Tóquio não reverta aquela decisão. O Governo japonês anunciou a congelação de activos de quatro empresas chinesas e duas da Namíbia, e um cidadão chinês e outro norte-coreano. “Apelamos ao Japão para que reverta a decisão”, afirmou em conferência de imprensa Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, advertindo que Tóquio vai sofrer consequências, caso persista com as sanções. Hua disse que Pequim mostrou ao Governo japonês o seu “descontentamento e firme oposição a estas medidas”, já que a China “sempre cumpriu na totalidade com as sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte”.

28 Ago 2017

China e ASEAN concordam em aumentar parcerias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e as nações integrantes da ASEAN demonstraram no domingo a sua satisfação com os objetivos alcançados na sua parceria estratégica ao longo dos últimos 15 anos, tendo concordado em dar seguimento à expansão da cooperação multilateral.

O chanceler chinês, Wang Yi, juntamente com os seus homólogos da ASEAN firmaram o compromisso durante um encontro em Manila.

Wang congratulou a ASEAN pelo seu 50º aniversário, dizendo que a China está satisfeita com os desenvolvimentos e feitos alcançados pela instituição, tendo expressado o seu desejo para que estes ocorram de forma melhor e mais rápida nos próximos 50 anos.

Enquanto importante organização regional, a ASEAN tornou-se um catalisador incontornável na promoção da integração e manutenção da paz e estabilidade regionais, frisou Wang.

A China sempre elegeu a ASEAN como uma prioridade na sua diplomacia externa, tendo, desde o ponto de partida, apoiado o grupo para que este adopte um papel central na cooperação regional, assim como detenha uma maior autoridade em questões internacionais e regionais, sublinhou o chanceler chinês.

Olhar em frente

No advento do 15º aniversário da parceria estratégica China-ASEAN, celebrado no próximo ano, ambas as partes enfrentam um ponto crítico de aproximação mútua, destacou Wang, deixando o apelo a que acções futuras possam construir uma parceria estratégica bilateral mais profunda, bem como uma comunidade de destino comum para a China e para a ASEAN.

Wang Yi anunciou uma proposta chinesa de sete alíneas para delinear o futuro da cooperação China-ASEAN.

No que diz respeito às disputas no Mar do Sul da China, os ministros dos Negócios Estrangeiros destacaram os avanços positivos obtidos no ano passado. Foi aprovado o enquadramento do Código de Conduta, e expressada a vontade de incrementar as consultas, através da completa implementação da Declaração de Conduta das Partes no Mar do Sul da China.

Antes do encontro, os ministros assinaram a versão revista do Memorando de Entendimento para o Estabelecimento do Centro China-ASEAN.

Corrupção | Funcionário afastado por não combater terrorismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) numa cidade de Xinjiang, região habitada pela minoria muçulmana chinesa uigure, foi afastado por acusações que incluem ter falhado em fazer o suficiente para combater o extremismo.

Zhang Jinbiao, chefe do PCC na cidade de Hotan, é acusado de “infrações graves”, que incluem falhar no combate ao terrorismo e aceitar prendas, afirmou o órgão máximo anticorrupção do partido, em comunicado.

Sem avançar detalhes, a mesma nota apontou que as falhas de Zhang em combater o extremismo tiveram “consequências graves”.

Milhares de funcionários chineses acusados de crimes económicos foram afastados pela campanha anticorrupção do Presidente chinês, Xi Jinping. Acusações de falhar deveres políticos, como o combate ao terrorismo, são raras.

As autoridades chinesas têm aumentado a vigilância em Xinjiang, onde afirmam que o pensamento extremista se tem infiltrado, oriundo da Ásia Central.

Líderes comunistas, incluindo Xi, têm apelado aos funcionários locais para que trabalhem no sentido de integrar os uigures na cultura da maioria chinesa han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, a região de Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão e Índia.

8 Ago 2017

Partido Comunista Chinês com mais de 87 milhões de filiados

Apesar do crescimento registar algum abrandamento, segundo o PCC, a estrutura interna apresenta francas melhorias denotando o “reforço da sua vitalidade”

[dropcap style=‘circle’]O[/dropcap]Partido Comunista Chinês (PCC) recrutou 2,057 milhões de novos militantes em 2014, elevando para 87,793 milhões o número de membros da organização, mas como a economia da China, o seu ritmo de crescimento está a abrandar.
De acordo com os dados divulgados na imprensa oficial ontem – véspera do 94.º aniversário do PCC – em 2014, o partido recrutou menos 351.000 pessoas do que em 2013, o que acontece pelo segundo ano consecutivo.
Mais de três quartos dos novos filiados (82%) têm menos de 35 anos de idade e 38,8% deles têm educação superior, indicou a mesma fonte.
No conjunto, as mulheres constituem cerca de um quarto dos militantes do PCC (24,6%).
Cerca de 2,25 milhões dos filiados são estudantes e 16,216 milhões são identificados como reformados.
Quanto ao estatuto profissional, “camponeses, pastores e pescadores” ocupam o primeiro lugar da lista, com 29,5% do total, seguidos dos “empregados administrativos” e “funcionários do Partido e dos órgãos do Estado” (18,6%).
“Operários” e “outros profissionais” representam 8,3% e 14,2%, respectivamente.

[quote_box_left]Mais de três quartos dos novos filiados (82%) têm menos de 35 anos de idade e 38,8% deles têm educação superior[/quote_box_left]

Desde o XVI Congresso do PCC, em 2002, os empresários privados, mesmo os mais ricos, já podem filiar-se no partido.
Fundado no dia 01 de Julho de 1921 por 13 delegados representativos dos 53 militantes organizados em todo o país, o PCC é hoje a maior organização política do mundo e uma das que se mantém há mais tempo no poder.
O ritmo de crescimento do PCC está a abrandar, mas segundo o departamento de organização do partido, a estrutura interna “melhorou”, evidenciado o “reforço da sua vitalidade”.
Se fosse um país, o PCC seria um dos mais populosos do mundo.
Além da própria China, que ocupa o primeiro lugar, com cerca de 1.350 milhões de habitantes, apenas treze países têm mais de 87 milhões.
No poder desde 1949, o PCC é dirigido no dia-a-dia pelo Comité Permanente do Politburo, órgão composto por sete elementos – todos homens – e encabeçado pelo secretário-geral do partido, Xi Jinping, o cargo mais importante do país.
Xi Jinping, 62 anos, assumiu a chefia do PCC em Novembro de 2012.
Em 2014, a economia chinesa cresceu 7,4%, menos 0,3 pontos percentuais do que em 2013 e o valor mais baixo dos últimos 24 anos.

1 Jul 2015