Saúde | Governo mede o pulso à receptividade a seguro universal Diana do Mar - 19 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo defendeu na sexta-feira ser a “altura oportuna” para estudar a viabilidade de um seguro de saúde universal. Chui Sai On apontou a necessidade de incumbir uma “instituição especializada” para “fazer um levantamento no sentido de saber se os residentes de Macau estão dispostos a aderir”, em resposta a Song Pek Kei que abordou o tema no contexto da integração regional. A criação de um seguro universal de saúde tem sido recorrentemente levantada pelos deputados e, ainda no ano passado, o próprio Chefe do Executivo reconheceu ser matéria merecedora de ponderação. Com efeito, em Fevereiro, na Assembleia Legislativa, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, afirmou ter incumbido uma instituição de Hong Kong de estudar a viabilidade da implementação de um sistema de seguro de saúde universal, prometendo então resultados para “breve”. O acesso a cuidados de saúde por parte de residentes de Macau no contexto da Grande Baía também foi o tema escolhido por Mak Soi Kun, com o Chefe do Executivo a sustentar que a assistência médica de que usufruem “é muito diferente” de Hong Kong e das restantes nove cidades da província de Guangdong, pelo que “vai levar tempo para que o tratamento seja estendido além-fronteiras”. “É um assunto complicado, porque há assimetrias. Isto implica também considerações sobre o financiamento através de recursos públicos”, afirmou Chui Sai On, apontando a necessidade de esperar pelas linhas gerais do planeamento para o desenvolvimento da Grande Baía que ainda não foram lançadas.
LAG 2019 | Chui Sai On diz que garantias da lei laboral não vão ser beliscadas Diana do Mar - 19 Nov 2018 Não vai haver retrocesso nos direitos adquiridos dos trabalhadores. A garantia foi dada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, a propósito da proposta de alteração à Lei das Relações de Trabalho. A “actualização” legislativa tem sido fortemente contestada pelos deputados da ala laboral devido à transferência de gozo de feriados obrigatórios [dropcap]“P[/dropcap]osso prometer que, na revisão da lei laboral, de certeza que não vão haver alterações que possam afectar as garantias previstas na lei”. A afirmação foi proferida na sexta-feira pelo Chefe do Executivo na sessão de perguntas e respostas sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, em réplica aos deputados Ella Lei e a Lei Chan U, ambos da Federação das Associações dos Operários de Macau. Apesar de assegurar que não vão haver retrocessos nos direitos adquiridos dos trabalhadores, Chui Sai On remeteu a controvérsia em torno da transferência de feriados para o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), a seu ver, “a plataforma por excelência” para a conquista de um consenso entre trabalhadores e patronato. “Temos como objectivo equilibrar os interesses entre as partes”, afirmou, após vincar que o Governo ainda está a ouvir opiniões relativamente à proposta, que ainda não foi entregue à Assembleia Legislativa (AL). “Espero que esse assunto seja dialogado em sede do CPCS”, insistiu o governante. De recordar que, na terça-feira, em intervenções antes da ordem do dia na AL, a bancada da FAOM lançou um ataque concertado ao Executivo, acusando-o de ignorar feriados e a herança cultural em prol dos interesses do patronato devido à chamada proposta “três em quatro”. Como o nome indica, com esta medida três de quatro feriados obrigatórios podem ser gozados em dias de feriados não obrigatórios, sem direito à devida compensação extra por parte das empresas. A saber: Fraternidade Universal (1 de Janeiro), Cheng Ming (Dia dos Finados), dia seguinte ao Chong Chao (Bolo Lunar) e Chong Yeong (Culto dos Antepassados). Caso patrões e trabalhadores cheguem a um acordo, três dos quatro dias podem ser gozados durante outros feriados não obrigatórios. Um dia depois da forte oposição manifestada pelos quatro deputados da FAOM (Ella Lei, Leong Sun Iok, Lei Chan U e Lam Lon Wai) na AL, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, manteve um encontro com representantes dos operários e da Associação Comercial de Macau, durante o qual garantiu que os direitos dos trabalhadores não vão ser reduzidos. “Depois de ambas as partes combinarem, após negociações, em trocar os feriados obrigatórios, o trabalhador poderá ainda receber as devidas compensações de base de três dias”, assegurou Lionel Leong. O presidente da FAOM, Chan Kam Meng, insistiu por seu turno que o mecanismo de selecção é inaceitável, dado que abala o princípio básico de trabalho. Como tal, o dirigente associativo defende que se avance com as restantes seis alterações prioritárias à Lei das Relações de Trabalho, apresentadas na reunião do CPCS em Outubro. Saldos financeiros em estudo O Chefe do Executivo afirmou que, no próximo ano, vai divulgar as conclusões de estudos actualmente em curso sobre a criação de um mecanismo permanente para a distribuição de saldos financeiros, uma promessa que assumiu no início do seu segundo mandato, e que foi relembrada por Wong Kit Cheng. “No próximo ano, vou então divulgar os estudos e os respectivos resultados”, adiantou Chui Sai On, em resposta à deputada que pediu garantias relativamente à actualização sistemática no futuro de apoios, como os cheques, que foram lançados como medidas provisórias. “Vamos avançar com mais pormenores [sobre a matéria] no próximo ano”, afirmou o Chefe do Executivo, apontando que, por enquanto, o orçamento da RAEM tem capacidade para suportar este tipo de medida, uma vez que a partilha dos frutos económicos tem como pressuposto a existência de saldos financeiros. A ‘almofada’ financeira de Macau correspondia nos primeiros nove meses a 45.772 milhões de patacas, excedendo largamente o orçamentado para todo o ano de 2018.
Benny Tai, fundador do movimento Occupy Central: “Votar agora é uma forma de protesto” Andreia Sofia Silva - 19 Nov 201819 Nov 2018 Faz parte de um grupo de nove pessoas ligadas à fundação do Occupy Central e que estão acusadas de crimes puníveis até sete anos de prisão. Benny Tai não receia uma eventual pena e deseja clarificar a origem do movimento após a polarização de ideias e conceitos [dropcap]Q[/dropcap]uais as suas expectativas em relação ao julgamento de hoje? A parte mais importante é que teremos a oportunidade de contar toda a história e motivações que nos levaram a organizar o movimento Occupy Central, as intenções que tínhamos e o que pretendíamos alcançar. Quatro anos depois, muitas pessoas podem ter esquecido o que de facto aconteceu. Na fase do movimento havia muita circulação de informação e as pessoas podem não ter compreendido as coisas mais importantes. Sobretudo as razões pelas quais começamos este movimento. Então teremos oportunidade para clarificar muitas coisas publicamente. O que nos vai acontecer em tribunal não é o mais importante. Acredita que, quatro anos depois, as pessoas têm uma percepção diferente do que é o movimento Occupy Central? Certamente. Depois do movimento, as coisas tornaram-se polarizadas, com diferentes interpretações do que é Occupy Central. Talvez algumas pessoas não tenham tido a percepção certa do que aconteceu na altura, então é por isso que temos de fazer uma clarificação, contar a história. O facto das pessoas poderem não nos compreender ou aceitar não é a parte mais importante, porque no final a história irá encarregar-se disso. Mas é importante deixarmos um registo. Continuou a dar aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Hong Kong. Sentiu algum tipo de pressão para deixar o emprego, ou tem sido alvo de ataques ao nível da liberdade académica? A universidade tem um conjunto de regras para o despedimento de funcionários. O facto da universidade ter um docente com registo criminal não é o suficiente para o despedir. Não é claro que, mesmo que venha a ser acusado de algo, possa a vir ser despedido. DR Quatro anos depois do Occupy Central, como descreve o ambiente político de Hong Kong? Depois disso, e especialmente depois da tomada de posse de Carrie Lam como Chefe do Executivo, a situação tem vindo a piorar, e Hong Kong está a tornar-se cada vez mais num território autoritário. Temos visto casos de desqualificação [referência ao caso que envolveu os deputados do Conselho Legislativo], e a suspensão de um partido político [Partido Nacional de Hong Kong, de Andy Chan]. Não é que sejamos já um território autoritário, mas estamos a caminhar nessa direcção. Quais foram os principais erros do movimento Occupy Central? Não sei como dizer, porque algumas pessoas poderão ter a impressão de que usámos o movimento Occupy para mudar o sistema democrático de Hong Kong. Se foi esse o caso, falhámos o nosso objectivo. Nessa altura, sabíamos que as possibilidades eram muito baixas, mas queríamos tentar. Então se afirmarmos que a falha na mudança do sistema constitui um erro, posso dizer que esse erro já estava incluído no plano. Sabíamos que ao organizar este movimento as possibilidades de alterar o espaço de actuação de Pequim seriam muito baixas, mas ainda assim quisemos tentar. Mas houve outro objectivo que quisemos atingir, que era fazer com que mais pessoas tivessem a percepção da importância da democracia. E penso que atingimos essa meta mais do que podíamos imaginar. Um dos erros que podemos ter cometido foi subestimar o impacto do movimento. De acordo com o nosso plano original, teríamos apenas algumas milhares de pessoas, mas tivemos muito mais. Aí subestimamos o nosso trabalho. O que custou os 79 dias de ocupação não foi tanto o nosso trabalho, mas as acções da polícia com gás pimenta. Não é fácil apontar erros. Arrepende-se de alguma coisa? Há uma coisa de que me arrependo. Um mês após o Occupy Central, e depois dos estudantes terem oficializado as suas acções, ninguém sabia como proceder. As pessoas estavam estagnadas, e eu propus organizar grupos de eleitores para que todos os apoiantes do movimento se pudessem organizar em torno de alguns pontos em comum. Como tive objecções de vários lados, acabei por desistir do plano. Poderíamos não mudar nada, mas com esses grupos de votação haveria um verdadeiro desenvolvimento para as acções de rua a adoptar no futuro. O facto de não termos um mecanismo decisório foi o maior problema que encontrámos. Como podíamos preparar uma estrutura com pessoas diferentes? Este mecanismo decisório era importante, e se pudesse insistir e operar os grupos de votantes poderia, pelo menos, ter construído um modelo para a sociedade civil de Hong Kong usar no futuro. Arrependo-me de não ter insistido. É possível a ocorrência de um segundo Occupy Central em Hong Kong, ou um outro movimento semelhante? Não num futuro próximo, mas não nego que essa possibilidade venha a acontecer. Nos próximos anos queremos continuar com a nossa resistência não violenta, mas de uma outra forma. As acções de rua, com as acusações de desobediência qualificada, podem ter um custo muito elevado, mas ainda temos outros métodos não violentos. A votação é outro meio que podemos utilizar. Com o aproximar das eleições distritais [em Novembro do próximo ano] podemos usar o nosso voto para promover um avanço ou trazer algo de novo. Mas precisamos de melhor coordenação junto de todas as frentes do movimento pró-democracia. Os eleitores têm de compreender que não estamos numa verdadeira sociedade democrática. Há alguma incompreensão face à ideia de vivermos numa sociedade democrática. Votar agora é uma forma de protesto, porque ainda estamos a trilhar caminho até uma sociedade verdadeira democrática. Temos de usar o nosso voto de forma inteligente. Acredita que o movimento pró-independência tem espaço para crescer nos próximos anos? Não me parece. Acho que as pessoas de Hong Kong são muito práticas e não vêem a independência do território acontecer, pelo menos nesta fase. Não acho que nenhum destes movimentos, seja pró-independência ou pró-democracia, tenha a hipótese de ser bem sucedido nesta altura, a não ser que haja grandes mudanças na China. Aí todas as possibilidades estarão em aberto, inclusivamente a independência. Então, a questão principal não é se o movimento pró-independência terá mais apoiantes, mas se estamos prontos para uma eventual mudança na China. Ninguém sabe quando e se isso vai acontecer, mas se queremos ter uma sociedade mais democrática em Hong Kong, com o direito de decidir o nosso futuro, teremos de preparar os cidadãos de Hong Kong para quando esse momento acontecer, para que possamos tirar partido das oportunidades. Tudo o que fizermos agora deve ter como objectivo a preparação para a chegada desse momento. Muitos analistas políticos acreditam que Macau tem vindo a sofrer os efeitos do movimento Occupy Central. Concorda? Não sei como Macau pode estar a ser influenciado pelas acções do Occupy Central. Pelo que observo, Macau tem vindo a seguir a linha de Pequim e o entendimento que o Partido Comunista Chinês tem em relação ao conceito de “Um País, Dois Sistemas”. Tem-lo feito muito melhor do que Hong Kong, isto do ponto de vista do partido. Não vemos uma oposição forte em Macau e também as pessoas, os eleitores, tendem a apoiar o campo político mais tradicional. Não sei como comentar essa influência. Recentemente, na ONU, a delegação chinesa recebeu centenas de perguntas de países estrangeiros sobre a questão dos direitos humanos em Hong Kong. Acredita que isso pode levar a alguma mudança de paradigma, ou a uma maior pressão junto do Governo de Carrie Lam? Tudo depende do que irá acontecer na China. Se a situação económica piorar e o sistema na China se tornar mais instável, pode levar a algumas mudanças, mas não há muito que possamos fazer do nosso lado. Como disse, temos de nos preparar para essa mudança. As políticas deveriam ser mais dirigidas. As pessoas que actualmente são responsáveis pela implementação das políticas autoritárias da China, quer seja no Governo ou noutros sectores, como o empresarial, se essas medidas forem contra as leis de Hong Kong ou o direito à autonomia, deveriam ser responsabilizados por isso. Os Estados Unidos, ou outros países ocidentais, podem simplesmente recusar a entrada no país a essas pessoas. Penso que isso seria mais efectivo para a protecção dos interesses de Hong Kong. O grupo dos nove Os arguidos que hoje vão a tribunal são cofundadores do movimento “guarda-chuvas amarelos”, que surgiu no âmbito do Occupy Central. Além de Benny Tai, respondem hoje ao juiz Chan Kin-man e Rev Chu Yiu-ming, os deputados Tanya Chan e Shiu Ka-chun, o activista político Raphael Wong, os ex-líderes estudantis Tommy Cheung e Eason Chung e o ex-deputado Lee Wing-tat. Os nove activistas enfrentam várias acusações criminais, incluindo “incitação para cometer distúrbios públicos”. Já os três cofundadores do movimento enfrentam uma acusação adicional de “conspiração para cometer distúrbios públicos”, punida com pena até sete anos de prisão.
Governo português promete reforço dos serviços consulares em 2019 Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, garantiu hoje de manhã em Paris que o novo Orçamento do Estado para 2019 vai servir para “consolidar conquistas”, mas também “dar o salto em frente” no apoio aos emigrantes portugueses. “Admitimos um reforço de meios humanos, requalificação das estruturas formais, continuidade na qualidade e capacitação dos consulados honorários, quanto à sua formação e atribuição de poderes alargados”, anunciou José Luís Carneiro. Haverá ainda, segundo o governante, um maior apoio ao movimento associativo e os portugueses que queiram regressar ao país. “Temos de consolidar muitas das conquistas que foram feitas nestes três anos, mas há lugar para dar um salto em frente nomeadamente nas medidas relativas à modernização dos serviços consulares, ao reforço dos apoios ao movimento associativo dos emigrantes, ao reforço de apoio aos emigrantes e também medidas para apoiar os que estão a regressar ao nosso país”, afirmou o secretário de Estado em declarações aos jornalistas. Na passada quinta-feira, José Luís Carneiro já tinha anunciado a apresentação de medidas “de carácter multidimensional” para apoiar o regresso de portugueses que emigraram e queiram regressar ao país. Estas medidas vão juntar-se o alívio da carga fiscal para emigrantes que regressem ao país, decisão já incluída no Orçamento do Estado para 2019, pagando apenas metade do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) nos primeiros tempos após o retorno a Portugal.
Fórmula 3 | Dan Ticktum foi o rei do 65.º Grande Prémio de Macau João Santos Filipe - 18 Nov 201819 Nov 2018 Vitória do inglês marcada por acidente, que causou cinco feridos: dois pilotos, entre eles a única concorrente feminina, Sophia Florsch, dois fotógrafos e um comissário de pista. O carro da alemã voou contra a barreira de protecção na curva do Lisboa [dropcap]D[/dropcap]an Ticktum venceu ontem o Grande Prémio de Macau em Fórmula 3, feito que alcançou pela segunda vez consecutiva, após o triunfo do ano passado, diante 31 mil espectadores. O britânico levou 2:46:22.108 para cumprir as 15 voltas ao circuito da Guia e tornou-se no terceiro piloto a vencer de forma consecutiva a prova, após Edoardo Mortara (2009 e 2010) e Felix Rosenqvist (2014 e 2015) o terem conseguido. Ao contrário do ano passado, em que Ticktum tinha vencido devido a um despiste na última curva entre os dois primeiros classificados, este ano o piloto deu uma prova de força e dominou a corrida de qualificação e a principal. Ontem o jovem piloto arrancou da primeira posição, que nunca mais largou, mesmo quando houve três recomeços com Safety Car. “Vencer este ano foi menos surpreendente do que no ano passado, mas também gostei mais de ganhar assim, porque é a segunda vez consecutiva”, disse Dan Ticktum, no final da corrida. “Quando se domina um fim-de-semana desta maneira, e não quero parecer ser arrogante, mas foi muito perfeito. Estou deliciado”, acrescentou. Durante as 15 voltas, o Safety Car entrou três vezes em pista. Em todas as ocasiões a vantagem do piloto foi reduzida. Contudo, nos recomeços lançados, Ticktum conseguiu sempre manter-se em primeiro, apesar de ter sido ameaçado na segunda vez por Joel Eriksson, à entrada da Curva do Hotel Lisboa. “Estive muito bem na altura dos recomeços, o que nunca é fácil. É um factor muito importante, principalmente quando há rectas longas como as de Macau, e consegui fazê-lo bem. Sabia que se não arrancasse bem que poderia ser ultrapassado e depois no ar sujo de outro piloto a recuperação seria muito difícil”, frisou. Por sua vez, o segundo classificado, Joel Eriksson, também reconheceu a superioridade de Ticktum e admitiu ter distraído-se no último arranque. “Foi uma corrida muito difícil, porque houve muitas paragens e entradas de safety car. Tentei lutar e fazer tudo o que podia, ainda o coloquei sob pressão, mas infelizmente não consegui ultrapassá-lo”, explicou. “No último recomeço distraí-me durante dois metros e já não o consegui ir buscar. Mas ele fez um trabalho fantástico”, acrescentou. Cinco feridos em acidente A prova causou momentos de grande apreensão e chegou a estar suspensa durante quase uma hora, após um acidente que envolveu a alemã Sophia Florsch e o japonês Sho Tsuboi, na Curva do Hotel Lisboa. O carro da piloto levantou voo, após a subida pela traseira do monolugar japonês, depois de um toque entre os dois, e saiu disparado contra as redes de protecção, atingido uma das zonas para os fotógrafos e um comissário de pista. Segundo as informações reveladas pela organização, Florsch, de 17 anos, encontra-se consciente, sofreu uma fractura na coluna e mantém os sinais vitais estáveis. Já Sho Tsuboi encontra-se em observação, com queixas na região lombar. Quanto ao comissário de pista, que foi atingido pelo carro, partiu o maxilar direito, e apresenta feridas na cara e na região lombar superior. Finalmente os repórteres fotográficos envolvidos, um do Interior da China e outro do Japão, sofreram um corte no fígado, devido aos detritos que voaram com o acidente e um traumatismo craniano, respectivamente. Charles Leong envolvido A região de Macau esteve representada na corrida da Fórmula 3 por Charles Leong (Dallara-Mercedes), estreante no Circuito da Guia. No entanto, o piloto de 17 anos teve de desistir quando ficou envolvido num acidente, na curva do Hotel Lisboa, embatendo num carro que tinha atingido a barreira, mesmo à sua frente. “Foi um bocado frustrante porque logo no início ultrapassei dois carros. Só que o carro que estava à minha frente perdeu o controlo, embateu no Lisboa e já não me consegui desviar”, relatou. “Gostei muito de conduzir em Macau, é mesmo um percurso muito exigente em que não podemos errar. Preciso de mais experiência no carro, porque não o conduzi mais de 10 vezes, mas quero regressar para o ano. É uma prova muito especial”, acrescentou.
História | Jorge Rangel vai falar da Macau nos anos 50 esta terça-feira Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]J[/dropcap]orge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), protagoniza esta terça-feira uma palestra na Fundação Rui Cunha (FRC) sobre a situação do território na década de 50. A conferência tem como nome “Macau na Década de 1950. Memórias de um Tempo de Paz (Instável) após a Guerra do Pacífico” e acontece graças a uma parceria com a Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial “Pedro Nolasco” (AAAEC). A comunicação de Jorge Rangel foi feita pela primeira vez em Portugal pela mão da Comissão Asiática da Sociedade de Geografia de Lisboa. “Com as necessárias adaptações, a sua comunicação é agora integrada nos ‘Serões com História’, sendo feito um enquadramento político de um tempo novo de Macau, após as incertezas e as agruras sofridas durante a Guerra do Pacífico”, aponta um comunicado da FRC. Nesta altura Macau atravessava uma “década de mudança e de renovadas esperanças”, bem como “um período de paz numa conjuntura ainda bastante instável, mas que permitiu a Macau ganhar condições para um desenvolvimento sustentável”. Nesses anos, Macau teve cinco governadores (Gabriel Maurício Teixeira, Albano Rodrigues Oliveira, Joaquim Marques Esparteiro, Pedro Correia de Barros e Jaime Silvério Marques), cujos mandatos serão caracterizados na apresentação. Será feita uma referência “aos projectos então lançados, à vida do dia-a-dia, aos usos e costumes, às manifestações culturais e sociais, à educação e às actividades da juventude e de lazer da população”. A sessão será moderada por José Basto da Silva, actual presidente da (AAAEC).
Fórmula 3 | Sophia Floersch escreveu no Twitter que “está bem” Andreia Sofia Silva - 18 Nov 201819 Nov 2018 [dropcap]A[/dropcap] piloto de fórmula 3 Sophia Floersch, que esta tarde teve um acidente na corrida de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau, escreveu no Twitter que “está bem”. “Queria que todos soubessem que estou bem e que vou ser operada amanhã de manhã [segunda-feira]”, escreveu, tendo agradecido o apoio da sua equipa e da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). O acidente desta tarde levou cinco pessoas ao hospital, sendo que o embate na curva junto ao Hotel Lisboa causou a Sophia Floersch uma fractura na coluna. O segundo piloto envolvido, de nome Sho Tsuboi, tem apenas dores na zona lombar. O despiste aconteceu esta tarde por volta das 16h30, tendo levado a uma suspensão temporária da corrida. Em declarações ao HM na sexta-feira, a jovem de 17 mostrou-se optimista quanto à questão da segurança. “É uma pista muito perigosa mas enquanto piloto de corridas estamos habituados a puxar por nós. Quando estou no carro tenho os meus limites e a conduzir estamos normalmente no limite. Isto é correr”, apontou.
Hong Kong | Jennifer Jett substitui Victor Mallet no Clube de Correspondentes Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]J[/dropcap]ennifer Jett, correspondente em Hong Kong do jornal New York Times, foi escolhida para substituir o repórter Victor Mallet como vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, informou o clube em comunicado. As autoridades de Hong Kong recusaram renovar o visto de trabalho a Victor Mallet, que era correspondente do jornal Financial Times, depois do clube ter organizado uma palestra com Andy Chan, fundador do Partido Nacional de Hong Kong, ligado ao movimento pró-independência do território. Semanas mais tarde, Victor Mallet tentou entrar em Hong Kong como turista, mas a sua entrada também foi recusada. O clube assume que “vai continuar a exigir ao Governo de Hong Kong uma explicação razoável pela recusa da entrada de Victor Mallet em Hong Kong e a recusa pela renovação do seu visto de trabalho”. No mesmo documento lê-se os agradecimentos dos dirigentes do clube de correspondentes pelo trabalho que Victor Mallet realizou nos últimos anos.
Grande Prémio de Macau | Piloto Sophia Florsch sofreu fractura da coluna Andreia Sofia Silva e João Santos Filipe - 18 Nov 201819 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] acidente ocorrido esta tarde na curva do Hotel Lisboa não causou vítimas mortais. A piloto Sophia Florsch, que participava na corrida de Fórmula 3, respondeu à equipa médica e fez o percurso até ao hospital consciente, aponta um comunicado oficial da FIA. Um segundo condutor, dois fotógrafos e um comissário de pista também estão a receber tratamento médico. De acordo com o mais recente relatório clínico, a piloto sofreu uma fractura na coluna, apresentado sinais vitais estáveis. O segundo piloto envolvido, de nome Sho Tsuboi, tem apenas dores na zona lombar. O despiste aconteceu esta tarde por volta das 16h30, tendo levado a uma suspensão temporária da corrida. Em declarações ao HM na sexta-feira, a jovem de 17 mostrou-se optimista quanto à questão da segurança. “É uma pista muito perigosa mas enquanto piloto de corridas estamos habituados a puxar por nós. Quando estou no carro tenho os meus limites e a conduzir estamos normalmente no limite. Isto é correr”, apontou. O deputado José Pereira Coutinho, que assistiu das bancadas ao acidente, disse ao HM que deveriam ser revistas todas as normas de segurança do circuito da guia, bem como o seguro dos trabalhadores envolvidos no Grande Prémio de Macau.
Presidente chinês e ‘vice’ dos EUA confrontam argumentos sobre guerra comercial Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês e o vice-presidente norte-americano trocaram ontem argumentos sobre a guerra comercial protagonizada pelos dois países nos discursos que proferiram numa reunião que junta 21 líderes de países e territórios na Papua-Nova Guiné. O norte-americano Mike Pence disse que não haverá um recuo na política do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de combater a política comercial mercantilista da China e o roubo de propriedade intelectual que desencadeou este ano uma guerra tarifária entre as duas maiores potências económicas mundiais. “Os Estados Unidos não mudarão de curso até que a China mude de rumo”, afirmou, acusando Pequim de roubo de propriedade intelectual, subsídios sem precedentes para empresas estatais e “tremendas” barreiras para travarem a entrada de empresas estrangeiras no seu gigantesco mercado. Pence anunciou que os EUA vão envolver-se no plano da Austrália para desenvolver uma base naval na Papua Nova Guiné, onde está a ter lugar o encontro de líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que representam 60% da economia mundial. A China tem-se mostrado disponível para financiar empréstimos e construir infra-estruturas na Papua Nova Guiné e em outras nações insulares do Pacífico. Críticas a “Uma Faixa, Uma Rota” O vice-presidente norte-americano aproveitou para criticar a iniciativa global ao nível das infra-estruturas promovida pela China, conhecida como “Uma Faixa, Uma Rota”, classificando muitos dos projectos de baixa qualidade que também sobrecarregam os países em desenvolvimento com empréstimos que depois não podem pagar. Os EUA, uma democracia, é um parceiro melhor do que a China autoritária, argumentou. “Saibam que os Estados Unidos oferecem uma opção melhor. Não afundamos os nossos parceiros num mar de dívidas, não coagimos, não comprometemos a sua independência”, disse Pence. Xi Jinping, que discursou antes de Pence, antecipou muitas das críticas dos EUA. O líder chinês declarou que os países estão a enfrentar uma opção de cooperação ou de confronto. Xi expressou apoio ao sistema global de comércio livre que sustentou a ascensão de seu país nos últimos 25 anos, transformando-a na segunda maior economia do mundo depois dos EUA. “As regras feitas não devem ser seguidas ou distorcidas como se julgar conveniente e não devem ser aplicadas com padrões duplos para agendas egoístas”, disse Xi. “A humanidade chegou novamente a uma encruzilhada”, sublinhou. “Que direcção devemos escolher? Cooperação ou confronto? Abertura ou fechamento de portas? Progresso vantajoso para as duas partes ou um jogo de soma zero?”, questionou. Em resposta às críticas à iniciativa internacional da China, “Uma Faixa, Uma Rota”, Xi assegurou que esta não representa uma armadilha. “Não é projectada para servir qualquer agenda geopolítica oculta, não é dirigida contra ninguém e não exclui ninguém. Não é um clube exclusivo que é fechado para não-membros nem é uma armadilha como algumas pessoas a rotularam”, defendeu. Os líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que compõem 60% da economia mundial estão reunidos em Port Moresby, capital da Papua Nova Guiné, para uma reunião anual de Cooperação Económica Ásia-Pacífico. Em cima da mesa está a obtenção de um acordo sobre uma declaração conjunta, nomeadamente sobre a possibilidade de exercerem pressões para mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece as regras e que pode penalizar as nações que as violam. Debate sobre o Mar do Sul da China As reivindicações territoriais da China para a maior parte do Mar do Sul da China também foram alvo do discurso de Pence. A China exigiu que os EUA parem de enviar navios e aviões militares perto de suas ilhas artificiais naquelas águas disputadas por várias nações, depois de navios americanos e chineses quase terem colidido perto de um recife em setembro. Mas Pence ressaltou no sábado que os EUA não recuarão. “Continuaremos a voar e a velejar sempre que a lei internacional o permitir e as exigências de interesse nacional o justifiquem. O assédio só fortalecerá a nossa determinação. Não vamos mudar de rumo”, garantiu. Washington continuará a apoiar os esforços dos países e territórios do Sudeste Asiático para negociarem um “código de conduta” que vincule juridicamente a China e “que respeite os direitos de todas as nações, incluindo a liberdade de navegação no Mar do Sul da China”, concluiu o vice-presidente norte-americano.
CIA concluiu que príncipe saudita ordenou morte de Khashogg, escreve Washington Post Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] jornal Washington Post noticiou na sexta-feira que a Agência Central de Informações (CIA, na sigla em inglês) concluiu que o príncipe herdeiro saudita ordenou o homicídio do jornalista Jamal Khashoggi em Istambul, citando fontes anónimas. A informação veiculada pelo Washington Post, jornal com o qual Khashoggi colaborou, contradiz as recentes posições do reino saudita, que negou qualquer responsabilidade de Mohammed bin Salman na morte do jornalista em Outubro. Contactada pela agência de notícias France Press, a CIA recusou-se a comentar. Para chegar a esta conclusão, lê-se no jornal norte-americano, a CIA cruzou várias fontes, incluindo um contacto entre o irmão do príncipe herdeiro, também embaixador da Arábia Saudita nos Estados Unidos, e Jamal Khashoggi. De acordo com o jornal de Washington, Khalid bin Salmane aconselhou Khashoggi a visitar o consulado saudita em Istambul, assegurando-lhe que nada lhe aconteceria. O jornal acrescenta que fez o telefonema a pedido de seu irmão, mas não ficou claro que Khalid bin Salman soubesse que Khashoggi seria então assassinado. Khalid ben Salman reagiu de imediato na sua conta pessoal na rede social Twitter a estas acusações, negando veementemente o teor da notícia do Washington Post. “Esta é uma acusação séria que não deve ser suportada por fontes anónimas”, defendeu numa publicação na qual consta também uma declaração que disse ter enviado ao jornal. “Em nenhum momento o príncipe Khalid discutiu algo com Jamal sobre uma viagem à Turquia”, escreveu. O jornal New York Times, por seu lado, noticiou também na sexta-feira que as autoridades dos EUA advertiram que os serviços de informação norte-americanos e turcos não possuem provas claras que liguem o príncipe herdeiro ao assassínio de Khashoggi. Contudo, avança aquele jornal, a CIA acredita que a influência do príncipe é tal que o homicídio não poderia ter ocorrido sem a sua aprovação. Khashoggi entrou a 2 de Outubro no consulado saudita de Istambul e acabou por ser assassinado. A Arábia Saudita, em várias ocasiões, mudou sua versão oficial do que aconteceu com Jamal Khashoggi, mas na quinta-feira o promotor saudita admitiu que o jornalista foi drogado e desmembrado no local. De um total de 21 suspeitos, a Justiça saudita indiciou 11 pessoas pelo crime, cinco das quais enfrentam agora a pena de morte. Numa conferência de imprensa, o porta-voz do procurador-geral, Shaalan al-Shaalan afirmou que o príncipe Mohammed bin Salmane não tinha conhecimento do caso. Aliado histórico de Riade, Washington anunciou no mesmo dia sanções contra 17 autoridades sauditas pela sua “responsabilidade ou cumplicidade” na morte de Khashoggi.
A paz chegou, mas faltam os clientes em hotéis de Manica, Moçambique Hoje Macau - 18 Nov 2018 Por André Catueira, da agência Lusa [dropcap]A[/dropcap]o fim de dois anos de tréguas e com a paz a consolidar-se, o movimento nos hotéis de Manica, centro de Moçambique, continua abaixo das expectativas dos empresários ouvidos pela Lusa. Quartos vazios, ausência de reuniões empresariais, de investidores e fraca presença de turistas nacionais e estrangeiros em vários hotéis da capital provincial, Chimoio, são o cenário comum. “Esta semana temos apenas três clientes”, disse à Lusa um funcionário do Inter Chimoio, um dos maiores hotéis da cidade, descrevendo uma diminuição da ocupação naquele estabelecimento nos últimos anos. “Está tudo silencioso”, precisou à Lusa uma funcionária do Pink Papaya, uma casa de hóspedes numa zona de elite, sustentando que o movimento de clientes nos últimos tempos é o mais baixo de que têm registo. “Até perguntámos aos [hotéis] de Vilankulos”, junto às praias da província de Inhambane, “se há movimento, mas é a mesma coisa”, disse. Neste período do ano, referiu, geralmente cresce o número de reservas, algo “que não se nota. Há uma variação difícil de descrever”. Ana Meireles, operadora de hotelaria em Chimoio, disse que o sector tem atravessado momentos difíceis pela queda nos números de ocupação, vaticinando que a situação pode estar relacionada com a crise financeira ou a falta de consolidação da paz. A circulação até Chimoio foi largamente limitada entre 2014 e 2016, devido a confrontos militares entre o Governo moçambicano e o braço armado do principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). Circular na Estrada Nacional 6 (EN6), principal via de ligação de Chimoio ao resto do país, significa ser um potencial alvo de ataques, ou implicava conduzir integrado numa coluna militar – e até os comboios foram alvo. A situação mudou desde final de 2016: a Renamo anunciou tréguas sem prazo, as negociações de paz ganharam novo fôlego e não tornou a haver registo de confrontos – aliás, a EN6 voltou a ser um movimentado corredor entre a cidade da Beira, no litoral, e o Zimbabué. “A circulação de pessoas tem sido boa nestes dois anos da paz”, afirmou à Lusa Ana Meireles, salientando, no entanto, que “isso não mudou o ambiente de negócios”, havendo várias iniciativas de investimento paralisadas. “A hotelaria cresceu muito em infra-estruturas e qualidade nos últimos cinco a sete anos, em Chimoio, com novos investimentos e muito boa oferta”, frisou, adiantando que, ao contrário do que se esperava, “há um recuo indisfarçável nas taxas de ocupação”. Um outro responsável hoteleiro, Ricardino Baptista, nota que há sempre oscilações ao longo do ano. “Há sempre oscilações na taxa de ocupação dos hotéis e residenciais, é um ritmo ao qual estamos habituados”, disse Baptista, reconhecendo, contudo, que a variação dos últimos anos “é desconfortável para o sector”. Em declarações à Lusa, Samuel Guizado, presidente do Conselho Provincial empresarial de Manica, disse que o ambiente de negócio e as perspectivas de investimento na província são encorajadoras. Vários programas “estão em curso” para incentivar novos investimentos, sublinhou. “Pensamos que estamos num ritmo aceitável”, no que respeita à melhoria do ambiente de negócios, disse aquele responsável, insistindo em que há várias intenções de investimento, mas reconhecendo que estão por se concretizar em vários sectores empresariais na província de Manica.
Coreia do Norte agenda visitas oficiais ao México, Cuba e Venezuela Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]U[/dropcap]ma delegação da Coreia do Norte encabeçada pelo presidente da Assembleia Popular Suprema, Kim Yong-nam, vai deslocar-se numa visita oficial ao México, Cuba e Venezuela, segundo a agência de notícias oficial norte-coreana KNCA. Kim representará Pyongyang no México durante a tomada de posse do Presidente Andrés Manuel López Obrador, agendada para 1 de Dezembro. A agência oficial não forneceu detalhes sobre as deslocações e as datas em que a delegação norte-coreana chegará aos três países. Kim Yong-nam, para além de presidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, é também o presidente honorário do regime de Pyongyang, representando o país em viagens institucionais. O anúncio destas deslocações surge depois de Kim ter visitado o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Xi Jinping anuncia 2º Fórum da Rota da Seda em Pequim em Abril de 2019 Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] presidente de China, Xi Jinping, confirmou que o segundo Fórum da Nova Rota da Seda para a Cooperação Internacional se vai realizar em Pequim em Abril de 2019, informou a agência estatal Xinhua. Durante uma intervenção por ocasião do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (APEC), que se realiza na Papua Nova Guiné, Xi indicou que esta convocatória é uma “resposta à comunidade internacional”. O presidente chinês não deu mais pormenores sobre o assunto, apesar de imediatamente depois se ter defendido das críticas do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, que acusou Pequim de ter uma “diplomacia opaca de livro de cheques”. Segundo Pence, os projectos que a China promove nos países em desenvolvimento são de “baixa qualidade” e “geralmente mantêm fortes laços e conduzem a uma dívida avassaladora”. “Não aceitem dívida externa que comprometa a vossa soberania. Protejam os vossos interesses e preservem a vossa independência. Como os Estados Unidos, ponham o vosso país em primeiro lugar”, instou Pence. Sobre estas acusações, Xi defendeu que a iniciativa Nova Rota da Seda – lançada em 2013 e também conhecida como “Uma Faixa, uma Rota” – “não oculta uma agenda geopolítica” nem é uma “armadilha” para dominar nações mais desfavorecidas. Perante a agenda chinesa de expansão da cooperação com países como os do Pacífico através de investimento em infra-estruturas e créditos suaves, os Estados Unidos, o Japão e a Austrália anunciaram o lançamento de uma iniciativa similar. Os três países emitiram um comunicado no qual apontam que este novo plano de investimentos em infra-estruturas no Pacífico cumprirá com os padrões internacionais de “transparência e sustentabilidade orçamental”. O primeiro Fórum da Nova Rota da Seda realizou-se em maio do ano passado, também em Pequim, com a participação de representantes de cerca de uma centena de países.
Britânico Daniel Ticktum parte em primeiro para a corrida da F3 em Macau Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] piloto britânico Daniel Ticktum confirmou o favoritismo e vai largar da primeira posição para a corrida do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, prova que vai tentar voltar a vencer hoje. O inesperado vencedor em 2017, na sequência de uma reviravolta espectacular no final da prova, fez ontem a sua melhor volta com 2.10,620 minutos. Nas qualificações, em segundo lugar, a 1,563 segundos de Daniel Ticktum, ficou o sueco Joel Eriksson, enquanto Callum ILott foi o terceiro mais rápido, a 3,165 segundos. O alemão Mick Schumacher, uma das figuras em destaque na prova e actual campeão europeu de Fórmula 3, vai largar da sexta posição na final de hoje. O filho de Michael Schumacher, de 19 anos, vai tentar repetir o sucesso alcançado pelo pai em Macau, onde o heptacampeão mundial de Fórmula 1 – que está em estado vegetativo desde dezembro de 2013 devido a um grave acidente de esqui nos Alpes franceses – venceu em 1990. O GP de Macau inclui três corridas de carros – as taças do mundo de Fórmula 3, GT e de carros de turismo (WTCR) -, bem como a 52.ª edição do Grande Prémio de motos, além da taça de carros de turismo de Macau e a taça da Grande Baía. No ano passado, a competição ficou marcada pela morte do piloto britânico Daniel Hegarty (Honda), de 31 anos, na sequência de um acidente, ocorrido a meio da prova de motos, que não registava fatalidades desde 2012.
Piloto Tiago Monteiro “a recuperar bem” e confiante no regresso à competição em Macau Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] piloto Tiago Monteiro afirmou ontem em Macau estar “a recuperar bem” e mostrou-se confiante em regressar para o ano à “pista especial” onde foi o primeiro português a vencer a Corrida da Guia, em 2016. “Tivemos momentos complicados nestes catorze meses, mas felizmente as coisas estão a correr bem”, disse o piloto da Honda Civic, que esteve 14 meses parado na sequência de um acidente em Barcelona. À conversa com os jornalistas, desta vez do lado de fora da competição do Grande Prémio de Macau, Tiago Monteiro lamentou não estar a competir, mas admitiu que tem aprendido muito na condição de espectador. “É um bocado frustrante estar em Macau e não correr”, no entanto, estar a acompanhar a equipa também é “interessante” porque se “aprende muito de fora”. Quanto à pista onde já perdeu a conta às vezes em que competiu e na qual já se sagrou campeão, o piloto de 42 anos lembrou as adversidades da pista citadina, considerada uma das mais perigosas do mundo. “É uma pista citadina muito diferente das outras e muito específica, um alcatrão bastante escorregadio (…) muito irregular, curvas muito cegas”, sublinhou. Ao volante de um Honda Civic, o português regressou à competição na penúltima ronda em Suzuka, no Japão, 415 dias depois do acidente em Barcelona. No entanto, Macau já estava fora da equação há muito tempo por indicação médica, de forma a evitar um embate que pudesse colocar em causa a recuperação. “Correr riscos era desnecessário”, sublinhou. Questionado sobre as hipóteses de um piloto português regressar à Fórmula 1, o piloto, que em 2005 obteve a melhor classificação de um português na Fórmula 1 com um terceiro lugar nos Estados Unidos, mostrou-se pouco confiante. Apesar de haver “bons pilotos portugueses”, é muito difícil entrar na modalidade mais importante do automobilismo porque é “cada vez mais caro chegar lá”.
André Couto em 21.º lugar na Taça do Mundo de Carros de Turismo do GP Macau Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] piloto André Couto ficou ontem em 21.º lugar na Taça do Mundo de Carros de Turismo do Grande Prémio de Macau, um resultado aquém das expectativas após uma “corrida de sobrevivência”, disse à Lusa. O português que veste as cores de Macau deparou-se “com problemas técnicos” na prova ganha pelo francês Jean-KalVemay, com 2.1,325 minutos como melhor registo. “Para mim foi mau, não estou habituado a estes lugares”, lamentou, explicando que não estava na sua zona de conforto. O piloto, que já venceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, o mais importante, em 2000, actualmente corre em competições de Grande Turismo. Questionado sobre o regresso a Macau no próximo ano, o piloto admitiu estar mais focado nas próximas provas, tanto na China, já na próxima semana, como no Japão. Em segundo, a 0,516 segundos da primeira posição, ficou o francês Yvan Muller, seguido do britânico Rob Huff com a 0,881 do vencedor.
André Pires em 19.º lugar na prova de motos do GP de Macau Hoje Macau - 18 Nov 2018 [dropcap]A[/dropcap]ndré Pires ficou ontem em 19.º lugar na prova motos do Grande Prémio de Macau, numa corrida em que, para si, o mais importante foi “chegar ao fim”, um ano depois de ter abandonado. “Acho que a posição não interessa aqui, é chegar ao fim. Foi muito bom porque a mota é nova”, disse o piloto à agência Lusa. A corrida foi ganha pelo britânico Peter Hickman, que tinha ficado em segundo lugar na mesma prova em 2017, marcada pelo acidente mortal de Daniel Hegarty. Disputado no icónico traçado citadino de 6,12 quilómetros, o Grande Prémio é o maior evento desportivo de Macau e a prova é considerada uma das mais perigosas do mundo. “É uma pista muito diferente, aqui o risco é maior, temos de andar com o dobro do cuidado, mas a adrenalina compensa. Não há pista tão rápida como esta em Portugal”, disse. As expectativas do jovem de Vila Pouca de Aguiar são “as de sempre”: arranjar uma equipa e patrocínios, algo “difícil” em Portugal. “Se for um ano bom em Portugal, com bons treinos, conseguimos chegar cá com bons resultados. Agora assim tem sido difícil, devido aos patrocínios, que é sempre os problemas dos portugueses. Não é só a minha guerra, é a de todos os pilotos”, lamentou. A satisfação de Hickman Três vezes campeão em Macau, Peter Hickman mostrou-se muito satisfeito por ter conseguido subir um lugar no pódio. “Vencer aqui é absolutamente brilhante”, rejubilou o piloto que terminou com a melhor volta (2.25,005 minutos). O pódio foi todo ocupado por britânicos: em segundo lugar, a 795 milésimos do vencedor, ficou o veterano Michael Rutter, oito vezes campeão do circuito, enquanto Martin Jessopp foi terceiro, a 7,434 segundos. O GP de Macau inclui três corridas de carros – as taças do mundo de Fórmula 3, GT e de carros de turismo (WTCR) -, bem como a 52.ª edição do Grande Prémio de motos, além da taça de carros de turismo de Macau e a taça da Grande Baía.
Exposição põe obras de artistas portugueses e chineses a dialogar Hoje Macau - 16 Nov 2018 [dropcap]U[/dropcap]ma exposição de arte contemporânea, que põe em diálogo 16 artistas portugueses e chineses, em torno do sentimento saudade e explorando materiais diversos, como tela, tintas, tapeçaria, madeira ou vídeo, é inaugurada esta sexta-feira, no Museu Berardo, em Lisboa. Com curadoria de Yuko Hasegawa, directora artística do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio, a exposição “Saudade, China & Portugal – Arte Contemporânea” gira em torno daquela palavra portuguesa “intraduzível”, que “transmite o desejo de um momento passado que pode ser permanentemente inatingível”, explicou. “Em vários sentidos, esta palavra fala da nossa situação actual — na qual, devido ao desespero esmagador causado pela incerteza do presente e do futuro, o doce passado parece tão acolhedor”, afirmou a curadora. Centrando-se nesta ideia, Yuko Hasegawa quis “criar um diálogo entre portugueses e chineses, entre dois povos completamente diferentes” e, para tal, pegou “na questão da globalização”, e de toda a instabilidade daí decorrente, para apresentar a saudade como “um calmante eficaz”, acrescenta a curadora. Neste sentido, Yuko Hasegawa seleccionou 16 artistas de Portugal e da China, em cujas expressões se destacam “três conceitos: diversidade, festividade e ambiguidade, todos eles trabalhados em torno do sentimento saudade”. Tintas e carvão A visita à exposição inicia-se com três grandes quadros, de guache e caneta gel sobre papel, em vários tons de azul, da autoria do artista plástico Rui Moreira, que, para este trabalho, partiu da questão “de onde vem o sonho”. Segundo a curadora, as pinturas de Rui Moreira levam o observador a um “estado de sonambulismo permanente”, que faz lembrar a vida vivida com saudade. Um incêndio em Trás-os-Montes e a imagem de girassóis a arder, uma frase de um livro de Roberto Bolaño, o filme “Fitzcarraldo”, de Werner Herzog, e as paisagens desérticas foram alguns dos elementos inspiradores desta obra, contou o artista aos jornalistas. Rui Moreira segue depois para um outro conjunto de três quadros – em guache, caneta de gel, tinta da china e lápis sobre papel – o primeiro dos quais, inspirado na sua paternidade, simboliza o nascimento, o segundo simboliza “a morte de um pai espiritual” e tem a ver com a morte de Herberto Helder, e o terceiro representa a fase de “matar o dragão”, ou seja, matar os sentimentos que atrasam a entrada na maturidade, tais como medo, raiva ou inveja. Tecidos e xilogravuras Outras peças em destaque são as grandes xilogravuras do artista plástico chinês Sun Xun, que pretendem mostrar que há mais do que arte contemporânea numa exposição de arte contemporânea – também há história. A primeira peça é um tríptico intitulado “Flor”, composto de xilogravuras – representando um grande vaso de flores – cravejadas com fósseis, pedras e âmbar. Inspirado na pintura holandesa do século XVIII, este trabalho de Sun Xun faz lembrar a parede de um museu de História, coberta de “objectos históricos”, genuínos e falsos, e de pinturas, explica Yuko Hasegawa. André Sousa é outro dos artistas portugueses incluídos nesta mostra, com uma composição de cortinas – cada uma com a sua própria narrativa, inspirada por um acontecimento em determinado momento – dispostas em suspensão, para “criar espaços de tensão”, e formando uma semicircunferência, o que explica o título da obra: “1/2 Roulette”. Estas cortinas são símbolos, ou um álbum, da jornada pessoal do artista na percepção que tem do mundo e na sua experiência. André Sousa especificou que são várias as situações e imagens que as suas pinturas nos tecidos – uma de cada lado de cada pano – aludem: livros do século XX, viagens à China e ao Japão, a roleta russa e a cultura do jogo na China, os quadros pretos de ardósia da infância, ou o livro do escritor Venceslau de Morais, “Paisagens da China e do Japão”. Esculturas, óleos e multimédia A artista Luísa Jacinto apresenta quadros de acrílico e óleo sobre tela, bem como um vídeo, que se situam entre a figuração e a abstração, nos quais está “muito presente a ideia de vertigem”, explicou a própria. Joana Vasconcelos está presente com quatro obras, uma das quais – “Valkyrie Marina Rinaldi” – ocupa o centro de uma sala, e consiste numa peça de grandes proporções, feita com croché em lã, tecidos, adereços, insuflável, e cabos em aço, numa espécie de grande dragão de “ricos ornatos, decorações preciosas, tecidos opulentos e uma multitude de técnicas manuais como o croché”, como descreveu a curadora. As outras três peças, são esculturas cobertas de azulejos Viúva Lamego, mosaicos em pastilha, croché em lã, adereços, polyester, LED, sistema eclétrico, contraplacado e ferro. A abrir a exposição há uma escultura monumental tridimensional, da autoria de José Pedro Croft, que convida o observador a ver-se no vidro espelhado e a tornar-se parte da obra. A exposição, que vai estar patente no Museu Colecção Berardo, de 17 de Novembro até 6 de Janeiro de 2019, é uma co-produção com a Fundação Fosun e conta com trabalhos de Vasco Araújo, Pedro Valdez Cardoso, José Pedro Croft, Leng Guangmin, Tao Hui, Luísa Jacinto, Liu Jianhua, Rui Moreira, Cheng Ran, André Sousa, Joana Vasconcelos, Guan Xiao, Sun Xun, Shi Yong, Xia Yu e Liang Yuanwei.
Tarefas urgentes Paul Chan Wai Chi - 16 Nov 2018 [dropcap]T[/dropcap]aiwan vai realizar este mês eleições locais (popularmente designadas por “eleições nove-em-um”). Ko Wen-je, que concorre de novo à presidência da Câmara de Taipei, tem sido criticado pelo seu adversário por ter suspendido no termo do anterior mandato os “Subsídios aos cidadãos séniores durante o Festival Duplo Nove”. Em resposta, Ko declarou, “se não for necessário pagar dividas, eu empresto já o dinheiro”. No entanto, Ko salientou que a sustentabilidade dos subsídios é importante, mas que é preciso suspendê-los porque a cidade está endividada. Sublinhou ainda que é importante não sacrificar os interesses da maioria em prol dos da minoria, nem sacrificar o interesse nacional em favor dos interesses partidários. As declarações de Ko foram largamente apoiadas pelas redes sociais, que consideram que ele não se deveria candidatar a Presidente da Câmara de Taipei, mas sim a Presidente da República. Este homem não representa nenhum partido político, foi sempre um não alinhado. Tem sido o seu estilo contrário a populismos e o seu discurso independente que lhe franquearam o apoio de muitos eleitores. Nas eleições para a Assembleia Legislativa de Macau em 2017, muitos colégios eleitorais fizeram campanha com várias promessas aos cidadãos. Mas quantas delas foram cumpridas? Para falar francamente, o Governo da RAEM está “a colher o que semeou”. A apresentação do Relatório das Linhas de Acção Governativa para o ano financeiro de 2019 está agendada para esta semana. Este será o último relatório que Chui Sai On apresentará até ao final do seu mandato como Chefe do Executivo. Já não se encontra sob a pressão da reeleição, nem precisa de lutar para ganhar votos. Estas Linhas de Acção Governativa para 2019 não vão certamente conter quaisquer surpresas. Mas, mesmo antes da apresentação do Relatório das Linhas de Acção Governativa, Chui Sai On já deu a entender que não vai haver más notícias ao nível da Segurança Social. A continuidade do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico e o aumento dos salários da Função Pública são dados adquiridos numa cidade que desfruta das avultadas somas provenientes dos impostos sobre a indústria do jogo. Para Chui Sai On, a prioridade é completar com sucesso o último ano deste derradeiro mandato e realizar a transferência de poder pacificamente. E para os cidadãos, qual será a prioridade? Segundo os números da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, o valor da importação de mercadorias situou-se em 20,97 mil milhões de patacas no segundo trimestre de 2018, representando um aumento de 23.2 por cento; o valor da exportação de mercadorias situou-se em 3,22 mil milhões de patacas, correspondente a um aumento de 20.5 por cento, no qual o valor da exportação doméstica baixou 8.4 por cento e o valor da reexportação aumentou em 26.3 por cento. O défice da balança comercial aumentou de 14,35 mil milhões de patacas no segundo trimestre de 2017, para 17,75 mil milhões de patacas. A avaliar por estes números, a economia de Macau é actualmente sustentada pela indústria do jogo. A chamada diversificação moderada da economia não passa de um slogan. Esta situação de dependência do consumo de jogadores e de turistas, deixará o Governo de Macau numa posição frágil, se vier a haver problemas ao nível da economia externa. Nessa altura, a enorme despesa com os salários da Função Pública e os custos altíssimos decorrentes das políticas de segurança social vão tornar-se num pesadelo para o Chefe do Executivo. Desde que o Comissariado da Auditoria publicou um relatório sobre o desempenho e a eficácia do Instituto Cultural, muitos departamentos governamentais aprenderam a seguir os procedimentos à risca. Preferem contratar serviços externos a pagar salários baixos a trabalhadores temporários. Dê lá para onde der, o trabalho tem de aparecer feito e, já que é pago pelo Governo, é preferível não correr o risco de infringir alguma lei ou regulamento. A gestão rígida da administração do Governo da RAEM e a prática da irresponsabilização colectiva são as principais causas do aumento exponencial do número de funcionários públicos e da ineficácia do desempenho do Governo. Toda a gente está habituada a viver em paz e abundância, e há muito que está esquecida a importância da preparação para a adversidade futura. Face a isto, quais vão ser as nossas tarefas prioritárias? Será possível que, dentro de um ano, o Regime de Previdência Central Obrigatório, co-financiado pelo Governo, venha a substituir o Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico? Poderão os membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, que vai ser criado em 2019, representar plenamente toda a sociedade? Poderá o Governo recuperar os terrenos não aproveitados no prazo estipulado, de acordo com a Lei de Terras? Virão a ser extintos os cargos oficiais excedentários no termo do mandato deste Governo? Irá o Governo local solicitar ao Governo Central o poder para autorizar o salvo-conduto singular? Há tantos assuntos para resolver, mas com quantos iremos conseguir lidar?
Viagem e deslocação 2 António de Castro Caeiro - 16 Nov 2018 [dropcap]U[/dropcap]ma aula é um acontecimento musical. Deleuze dizia-o. Não é óbvio, mas uma aula não é uma sala de aula. Não são as peças de mobiliário que lá se encontram: várias filas de cadeiras e secretárias paralelas umas às outras, dispostas de tal maneira que o quadro ou o ecrã de projecção possam ser vistos- as cadeiras estão dispostas para quem lá se senta não dar as costas ao docente. Mas o que importa mesmo são as pessoas que lá se encontram: professor e alunos. É de um encontro que se trata, marcado a uma determinada hora, num dia da semana, numa dada sala. Todas estas determinações estão fixas para poderem repetir-se no tempo. Podemos assim perceber que não é o local onde uma aula tem lugar que é verdadeiramente importante. É, antes, o encontro. Ainda assim, o encontro não é compreensível como a presença simultânea de pessoas num mesmo local. Os estudantes podem estar sentados no mesmo sítio e ao mesmo tempo em que o professor simultaneamente aí está presente, e, ainda assim, não haver nenhum encontro: não estarem uns com outros de modo a poderem encontrar-se. Dar uma aula e ter uma aula depende do ser a encontrar-se. Quem dá a aula deve ir ao encontro de quem tem uma aula e quem está a ter uma aula deve também ir ao encontro de quem está a dar uma aula, ao encontro do que está a ser explicado, explanado, desenvolvido. A possibilidade da aula não está no sítio nem no tempo, na sala, enquanto tal, mas no “evento”, no “processo”, no “acontecimento” dela. Uma aula não pode pois ser descrita senão verbalmente: ter/dar ou estar a ter/dar, ter tido/ter dado ou vir a ter/vir a dar uma aula. O ser da aula é verbal. Embora digamos “aula”, não nos referimos ao sítio, nem à matéria dada na disciplina em particular ou ao nível do ensino, mas ao ser da própria aula, à sua duração qualitativa, ao que lá se passa, à interacção, simétrica ou não, entre pessoas. A aula é um acontecimento musical, então. Há ritmos diferentes, para públicos diferentes. Há micro-associações de alunos que se perfilam. Não apenas por haver ritmos diferentes de aprendizagem, estados diferentes, etapas diferenciadas, em que os alunos encontram. Mas porque há interesses completamente diferentes e cada pessoa tem o seu interesse. O mais estranho é que nem sempre as pessoas sabem quais são os seus interesses. É a sessão particular ou os momentos particulares de uma sessão que despertam interesses nas pessoas, que poderão nem saber que podiam ser susceptíveis desses interesses. O professor não deve apenas travar um solilóquio consigo, deve auscultar ao mesmo tempo que fala os ritmos de captação do que diz, os interesses que são despertos ou não. O que diz pode ser dito de muitas maneiras e pode não ter interesse nenhum, mas também esta falta de interesse tem de ser perseguida até à sua genealogia. A aula dura no tempo. Começa já com o fim marcado. Começa depois de uma aula anterior, se não for a primeira do dia e antecede outra que se lhe seguirá, se não for a última do dia. Mas é sempre com os olhos postos no fim da aula como no fim de um concerto sem encore, que a aula decorre. Começa a partir do fim em contagem de crescente. É como se formalmente a aula estivesse sempre projectada do seu fim para o princípio, retrospectivamente do futuro para o presente, sempre a queimar etapas. Uma aula tem um alinhamento, como se fosse um alinhamento de músicas. Tem partes, pode ser esboçada ao princípio no sumário em poucas linhas e em breves instantes. Pode ter assim um tema ou algumas frases que correspondem a refrões que têm de ser repetidos para reforçar a sua presença. A aula admite, talvez mesmo até, força a variações. A aula tem um elemento de improvisação própria do jazz. As formulações vêm não se sabe de onde nem como, mas fica-se suspenso do que o professor diz, como o professor está em suspenso, na expectativa, do que vai dizer, sem pensar bem nisso. Mas acontece: o sentido abre o horizonte já com as palavras implícitas do que vai ser dito. É onde se chega e como se procura lá chegar o que importa. Não pode ser uma repetição da lição decorada. Mesmo confusa, a aula é o resultado pro-activo do que se quer dizer e explicar, mas sem bem se saber como se abre do futuro imediato ou mais ou menos mediato a dimensão do sentido que é perseguida e não repetida. Tal como na música é a expectativa que domina a aula, o por onde ir, onde quer chegar, o ritmo, a melodia.
Contém cenas eventualmente chocantes José Navarro de Andrade - 16 Nov 2018 [dropcap]E[/dropcap]ste filme deve ser bom, alvitrou com notória expectativa o cavalheiro ao meu lado. Aprontávamo-nos para ver “Irei como um cavalo louco” de Arrabal. Como percebeu que os meus 16 anos partilhavam igual antecipação, o velho – assim viria depois a depreciá-lo – desbobinou glosas e avaliações sobre as fitas que desfrutara recentemente e pelas quais cotejava a crença que tinha neste. Já vi o “Emmanuelle”, muito bom, belos cenários, mulheres de gabarito. E o ”Último tango em Paris” assim pró esquisito, mas tem lá aquela cena da manteiga que é de estalo e a miúda deixa-se levar… Há-de ter evocado mais um ou outro com maior percentagem de humidade relativa, cujos suores frios não ficaram para a história. Terei corado de horror – desencavara um pequeno-burguês reaccionário, alienado e pervertido, que consumia cinema sem temática e linha cultural, muito menos revolvente ou revolucionário, só para cevar os seus baixos instintos. Arrabal iria vingar-me. Ao intervalo o gaiteiro levantou-se de pulo, muito arremelgado. “Mas que grande porcaria. Você está a perceber isto? Já não há quem nos proteja de barretes destes, é o que é.” E saiu. E com ele boa parte da sala, resmungando igual vexame. Mencionar que “Irei como um cavalo louco” era uma crítica à sociedade de consumo, à perfídia do capitalismo, aos costumes burgueses, não o distinguirá em nada dos demais desse tempo. Revelar que as personagens deambulavam à reata da psicanálise tal como o enredo desatinava à vara larga do improviso também nada esclarece. Se na década anterior os filmes ainda presumiam ter princípio, meio e fim, mesmo que não por essa ordem segundo a chalaça de Jean-Luc Godard, nos anos 70 jogava-se às malvas enquanto retrógrada a narrativa linear. À época a transgressão era norma canónica e dela terá persistido, ainda hoje, um certo preconceito que subentende na manifesta inépcia subtis sintomas de génio. Eu viera ali ter encomendado a uma rigorosa dieta de filmes estrambólicos – isso das artes cinematográficas e suas metafísicas, era doutrina que ainda não se havia popularizado. Baldava-me com justa causa às aulas para ir ver mirabolâncias na linhagem de “Week end” de Godard, “Teorema” de Pasolini, “O Silêncio” de Bergman, ou outra qualquer complicação deliciosamente inalcançável à minha verdura intelectual. Fernando Arrabal tinha créditos firmados nas formas do happening, do tardo-surrealismo, na sátira e no absurdo como denúncia. Ou seja, dava-me garantias de que não iria entender nada do filme, o que era grande virtude. Da sessão terei saído satisfeito, mas hoje confio tratar-se de obra fruste e desengonçada. Se tão poucos recordam “Irei como um cavalo Louco” e quase nenhuns o marcam como influente, alguma insignificância lhe pode ser assacada. A bem da honestidade convém referir que fundadas razões de queixa assistiam ao homenzinho. Ele fora ludibriado pelos cartazes que nas vitrinas do Satélite (incrustado no cinema Monumental – coisas já completamente demolidas e obliteradas…) faziam reclame ao filme, todos alardeando cenas de nudez e fluidos orgânicos. Numa feliz coincidência astral os naturais distúrbios da minha adolescência foram contemporâneos do incandescente ano de 1975, muito mal fornecido de sensatez. Ora isto provocou uma reacção em cadeia. Numa idade propícia a esticar a corda para além das regiões limítrofes do senso-comum, a explorar e experimentar coisas invulgares, esgrouviadas, chocantes, eis que também a sociedade portuguesa se precipitou num delírio colectivo, ávida de absorver num trago tudo de que fora privada durante décadas. Por conseguinte, gozei de um insólito e singular privilégio que foi o de ser impelido, pela força das circunstâncias, a desdenhar o equador da conformação, a extrapolar os meridianos do gosto, a bolinar de viés aos ventos dominantes. Festa e desacato formam casal e só idealistas e dogmáticos (também estas parentes próximos) exigem que se divorciem. Porque foi sôfrega, esta liberdade irrompeu na forma da radicalidade. E como arrefeceu com demasiada rapidez ficou uma substância amorfa no espírito dos saudosos desses tempos bíblicos. Mas muito haverá a ganhar se forem feitas orelhas moucas aos suspiros de quem se arraigou a nostalgias anacrónicas. Pois de tão exuberante período redime-se bastante proveito: uma vontade de transcender o pensar e o “viver habitualmente”; uma predisposição para superar os lugares-comuns que nos são dados como evidentes; e, o que costuma ser deveras incómodo para quem estiver por perto, um irreprimível desejo de contrariar. Hoje deploro a petulância do rapazola que sentiu asco e sobranceria intelectual em face do pobre sujeito que ao cinema só pedira algum refrigério para a sua virilidade. Na verdade não estava ele mais baralhado do que eu.