FRC | Livro de Dora Nunes Gago apresentado hoje

É hoje apresentado, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC) o livro “Palavras Nómadas”, da autoria de Dora Nunes Gago, ex-directora do departamento de português da Universidade de Macau. Trata-se de um livro lançado em Março do ano passado com a chancela da editora portuguesa Húmus, relatando “em crónicas as muitas viagens solitárias da autora pelo mundo, acompanhada pelas palavras dos seus escritores preferidos”.

O livro foi distinguido em Julho de 2024 com o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, da Associação Portuguesa de Escritores. De acordo com o prefácio de Onésimo Teotónio Almeida, este “é uma viagem silenciosa, porém rica de olhares, finos na sua perspicácia e sensibilidade”, que o mesmo comparou às aventuras de “Fernão Mendes Pinto em versão moderna: uma mulher a viajar sozinha pelo planeta”.

“Não exagero a referência ao autor da Peregrinação. Os revezes e os contratempos não são comparáveis, mas os países sim, sobretudo pela alta percentagem de terras asiáticas na lista das que a narradora palmilhou. Dei-me ao cuidado de registar, sem qualquer pré-concebida ordem, os países tocados por estas crónicas: China, Taiwan, Camboja, Indonésia, Tailândia, Índia, Laos, Malásia, Japão, Filipinas, Singapura, Turquia, Estados Unidos, Países Baixos, Espanha, Brasil, Reino Unido, Uruguai, Guiné-Bissau… Não garanto ter sido exaustivo”, declarou.

A apresentação do livro será feita por Sara Augusto, juntamente com docentes de português, nomeadamente Maria José Grosso, Sara Santos, Chen Gaozhao e João Veloso.

Dora Nunes Gago nasceu em São Brás de Alportel, na região do Algarve, e é doutorada em Literaturas Românicas Comparadas pela Universidade Nova de Lisboa. Durante os últimos dez anos leccionou na Universidade de Macau, primeiro como professora auxiliar, depois como professora associada de Literatura, tendo sido vice-directora e directora do Departamento de Português da UM.

Escritor Andrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis

O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma.

“É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”.

O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respectivos países.

Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou.

Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”.

E as guerrilhas?

Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”.

Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal.

Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”.

Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”.

“Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”.

Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”.

Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”.

O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.

Clockenflap | Jamie XX, Air e Suede em Central no fim de Novembro

Já é conhecido o cartaz completo da edição deste ano do festival Clockenflap, agendado para os dias 29 de Novembro a 1 de Dezembro no Central Harbourfront Event Space, em Hong Kong. O público pode esperar uma mescla de sonoridades, que começa com electrónica representada pelos Air ou por A-Trak, passando a Suede ou Jamie XX como nomes de destaque

 

Está a chegar aquela altura do ano em que os grandes amantes de festivais e música ao ar livre rumam a Hong Kong para três dias de concertos com o melhor da música a nível mundial, com géneros para todos os gostos. E este ano o cartaz do festival Clockenflap promete não desapontar, apresentando, entre os dias 29 de Novembro e 1 de Dezembro, nomes como Central Cee, cabeça de cartaz de sábado, dia 30 de Novembro, ou ainda BANKS, Serrini, The Black Skirts ou Wisp. Mas na sexta-feira, 29, o alinhamento abre com a música electrónica, primeiro com a duplo francesa Air, cujo álbum, “Moon Safari”, acaba de fazer 20 anos. Seguem-se nomes como A-Trak, também outro grande nome da electrónica, Taste of Blue e Biascut, de Hong Kong, ou ainda os Hiperson, da China.

Ainda no sábado, será dia para ouvir os Suede, do Reino Unido, Sakurazaka, do Japão, ou ainda Fat Dog. O Clockenflap encerra no domingo com chave de ouro, apresentando os espectáculos de Jamie XX e Jack White.

Promete-se, segundo a apresentação do programa, “um alinhamento eclético de artistas internacionais, regionais e locais”, sem esquecer o habitual “ambiente espectacular ao ar livre com vários palcos”. Dá-se destaque ao cabeça de cartaz Central Cee, rapper britânico que “tomou de assalto o mundo do hip-hop nos últimos cinco anos com uma série de singles e álbuns no topo das tabelas e mais de 4 mil milhões de streams só no Spotify”, conhecida plataforma de streaming.

Podem, assim, ouvir-se sucessos como “Doja” e “Sprinter”. Destaque também para a estreia em Hong Kong de BANKS, nome artístico da cantora Jilian Rose Banks, que aposta no género Alt-R&B.

Outra estreias

A organização do festival destaca ainda a estreia na região vizinha de Jack White, que deverá levar ao palco as canções do seu mais recente trabalho de originais, “No Name”, que já é o sexto álbum a solo. O antigo vocalista dos White Stripes, Raconteurs e The Dead Weather actua no domingo à noite, estando pronto para “levar o festival a um fecho triunfante”.

É também referida a presença de St.Vicent, tida como “uma das artistas mais intrigantes e consistentemente surpreendentes dos últimos 20 anos”, e que será “a grande atracção de sábado, com um espectáculo que engloba o seu impecável catálogo [de canções]”, incluindo o mais recente álbum, lançado este ano, e intitulado “All Born Screaming”.

No caso dos britânicos Glass Animals, promete-se um grande espectáculo de pop-rock psicadélico. A banda lançou o quarto álbum recentemente, intitulado “I Love You So F***ing Much”. De resto, o Clockenflap deverá também apresentar nomes que representam “a amplitude e profundidade da electrizante cena musical do Japão”, com um “alinhamento que apresenta uma colecção eclética dos artistas mais excitantes do país, incluindo o duo de hip-hop Creepy Nuts, o enigmático vocalista de J-Pop yama, os intrincados mestres do post-rock/math rock toe, o hipnotizante grupo feminino Sakurazaka46 e a banda indie-pop Cody・Lee(李)”.

Os bilhetes para o festival já estão à venda e custam 1,990 dólares de Hong Kong para os três dias, e 1,280 dólares de Hong Kong para uma entrada diária. Há ainda bilhetes mais baratos para espectadores com menos de 18 anos.

Taiwan | Pequim denuncia passagem de navios dos EUA e do Canadá

A China continua em “alerta máximo” após a travessia do Estreito de Taiwan, no domingo, por navios militares dos Estados Unidos e do Canadá, informou ontem o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular.

“O contratorpedeiro norte-americano Higgins e a fragata canadiana Vancouver atravessaram o Estreito de Taiwan no dia 20 de Outubro”, afirmou Li Xi, porta-voz do comando, que disse que as forças navais e aéreas do Exército chinês “acompanharam de perto” a travessia e responderam ao incidente de acordo com as leis existentes.

Li Xi sublinhou que “o Exército de Libertação Popular mantém-se sempre em alerta máximo e salvaguarda firmemente a soberania e a segurança nacionais, bem como a paz e a estabilidade regionais”. Pequim reafirmou na semana passada, após a conclusão de exercícios militares, que “não renunciará ao uso da força” contra Taiwan, condenando as “forças separatistas” da ilha e a ingerência estrangeira, como a dos Estados Unidos.

Lua | Pequim desenvolve “tijolos lunares”

Investigadores chineses desenvolveram “tijolos lunares” utilizando materiais que imitam a composição do solo lunar, uma descoberta que visa facilitar a construção de uma base internacional na superfície do satélite natural da Terra.

O projecto, liderado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong (HUST) na cidade de Wuhan, província de Hubei, no centro da China, sob a direcção de Ding Lieyun, produziu tijolos que são três vezes mais fortes do que o betão normal.

O desenvolvimento baseia-se na tecnologia de fabrico aditivo e em robôs de impressão 3D capazes de utilizar o solo lunar como matéria-prima, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.

Os cientistas testaram várias composições do solo simulado, incluindo basalto do local de aterragem da missão Chang’e 5, bem como processos de sinterização [consolidação a temperaturas elevadas] para optimizar os materiais.

Os tijolos serão inicialmente transportados, em Novembro, para a estação espacial chinesa Tiangong a bordo da nave espacial de carga Tianzhou 8, onde serão submetidos a testes térmicos e mecânicos em condições extremas, avaliando o desempenho sob radiação cósmica, actividade sísmica lunar e mudanças bruscas de temperatura.

O primeiro tijolo vai regressar à Terra no final do próximo ano para mais análises destinadas a validar o comportamento estrutural e determinar a viabilidade para utilização em futuras missões de construção na Lua.

Olhos nos cosmos

A China, no âmbito do programa espacial a longo prazo, planeia iniciar a construção de uma estação internacional de investigação lunar entre 2028 e 2035.

O país asiático avançou com o programa lunar com a missão Chang’e 8, que vai testar técnicas para utilizar recursos directamente da superfície lunar, como parte da estratégia para desenvolver infraestruturas sustentáveis na Lua.

O país apresentou também um fato espacial inovador que combina tradição cultural com funcionalidade avançada, concebido para proteger os astronautas durante futuras actividades na Lua.

Os cientistas chineses desenvolveram ainda um método pioneiro para extrair água do rególito lunar, aquecendo-o a mais de 1.000°C, o que facilitará a construção de estações científicas e a sobrevivência de futuras missões tripuladas. Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente no programa espacial, incluindo em várias missões de exploração ou na criação de uma estação espacial, para funcionar durante os próximos dez anos.

A plataforma chinesa tornar-se-á a única estação espacial do mundo a partir deste ano, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do programa espacial, for retirada este ano, como previsto.

Inundações no Huanghe e Rio Huai

A construção de embarcações na China começou por volta do ano de 9000 a.n.E. a partir de materiais existentes nas zonas de lagos e rios, sendo feitas jangadas de troncos unidos ou de canas de bambu, assim como largos cestos elaborados com caules secos entrelaçados de plantas, ou de bóias usando as peles interiores insufladas de gado ovino.

Já a aproximar-se do estilo da piroga, grossos troncos de árvores escavados como demonstra o enorme barco exposto em Yang Cheng, actual Changzhou. Na altura, as correntes das águas eram aproveitadas na locomoção. Depois começou a utilizar-se canas para, como alavanca e apoiadas no fundo do rio, mover com a força dos braços a embarcação e permitir assim orientá-la. Daí até aos remos serem concebidos foi um pequeno passo. Por volta de 5000 a.n.E. apareceram as velas a permitir aos barcos percorrerem maiores distâncias com a ajuda dos ventos.

Num estudo geográfico e geológico percebem-se as grandes mudanças ocorridas após a última glaciação, entre os vinte e dez mil anos antes da nossa Era, quando a comida oferecida pela Natureza rareava e houve necessidade de a plantar, iniciando-se assim há dez mil anos a Revolução Agrícola.

No período compreendido entre os anos 8000 e 1300 a.n.E., a China registou sete grandes inundações e as alterações climáticas acompanharam as ocorridas na placa continental euro-asiática. Com o degelo, as águas jorraram por todo o lado, tanto a Oriente como a Ocidente da placa euro-asiática e em 7600 a.n.E. formou-se em longitude um grande lago na Ásia. Desse enorme manto de água sobra hoje apenas alguns grandes reservatórios como os mares Negro, Morto, Cáspio e o Aral, assim como os lagos Baikal e Balkhash. As áreas de cultivo avançaram para Norte e famílias com rebanhos partiram para as estepes, a viver nómadas atrás dos pastos.

Na época dos Três Ancestrais Soberanos (San Huangs, 3000-2600 a.n.E.) e dos Cinco lendários Imperadores (Wu Di, 2600-2070 a.n.E.) ocorreram episódios de inundações descritas em anteriores artigos.

Segundo o livro Shui Jing Zhu [escrito por Li Dao Yuan durante a dinastia Norte no período do Reino Wei do Norte (386-534)], o Rei Yu (Da Yu, 2070-2035 a.n.E.) para resolver o problema das cheias do Rio Amarelo (Huanghe) rasgou canais a colocar a água a vazar para Sul e assim a distribuiu pelos nove rios da região afluentes do Huaihe, preparando o que mais tarde seria o Canal Honggou, a ligar esses dois rios.

No Noroeste da China, em Qinghai, na zona da Garganta Jishi ocorreu em 1920 a.n.E. uma grande inundação após um tremor de terra destruir importantes diques, dispersando muitos sedimentos pelo leito do Rio Amarelo na área de Xunhua [100 km a Oeste de Lanzhou], criando obstáculos às águas dificultando o seu percurso para a foz. Estas cheias afectaram dois mil quilómetros do leito do Huanghe, enterrando-o de sete a cinquenta metros abaixo do nível actual do rio. Ao longo dos tempos, o Rio Amarelo mudou de trajectória e provocou graves cheias, a inundar constantemente as povoações das margens. Em 138 a.n.E. registou-se inundação e fome na sua bacia baixa.

Em 1191, o Huanghe sofreu uma nova mudança de curso, dirigindo-se mais para Sul e nos 700 anos seguintes o seu trajecto mudou por diversas vezes. Em 1194, na província de Henan o Rio Amarelo abriu uma brecha no dique junto a Yuanyang, levando muita da sua água a transbordar para o Rio Huai, situado a Sul e daí a desaguar no mar.

A cidade de Kaifeng, capital de muitas dinastias com o apogeu na dinastia Song, situada a alguns quilómetros da margem Sul do Huanghe, durante a sua existência assistiu a uma série de grandes e graves inundações. Tal levou os governantes da dinastia Ming a construírem um sistema de diques para a proteger, com resultados eficazes. Mas não foi somente a vontade da natureza a provocar calamidades. Em 1642, encontrando-se há seis meses a cidade cercada por tropas de camponeses revoltados e liderados por Li Zicheng, na esperança de conseguir afastar os sitiantes o governador Ming de Kaifeng ordenou a destruição das secções dos diques que a resguardavam das cheias. Como resultado, as tumultuosas águas do Rio Amarelo rapidamente avançaram sobre Kaifeng e perto de um quarto dos 380 mil habitantes morreu. Abandonada a destruída cidade, só passados vinte anos foi mandada reconstruir pelo Imperador Kangxi. Mas este rio continuou a ser o grande problema de Kaifeng, pois em 1849 a cidade ficou enterrada aproximadamente a dez metros de profundidade e, por isso, não existem construções altas devido ao medo de destruir os vestígios dessa época e, assim, apenas dois ou três edifícios públicos, como bancos e hospital, hoje sobressaem do casario térreo, segundo informa Deng Shulin.

Entre 1851 e 1855 as inundações do Rio Amarelo de novo alteraram a sua trajectória, desviando-a para Norte e em 1852 assumiu parte do curso do Rio Ji [desaparecido desde então], voltando o Huanghe a passar por Shandong, mas trazendo muitos sedimentos.

“Em 1855, o Huanghe destruiu o dique em Tongwaxiang, na província de Henan, fazendo no distrito de Lankao mudar a trajectória do Rio Amarelo de Sul para Norte e ir desaguar no mar de Bohai, em Shandong. Desde então o Grande Canal deixou de ser navegável para Norte. Os sedimentos levados pelas enchentes assorearam o leito do rio Huai e o impacto dessas variações foi tão forte que em 1897 se produziu a última modificação do Huanghe”, refere Deng Shulin.

No ano de 1931, a maior parte dos rios na China registaram inundações provocando a morte de dois milhões de pessoas e a destruição de casas e das culturas agrícolas, a originar fome. Tal deveu-se a uma longa seca entre 1928 e 1930. O Inverno foi rigoroso nesse ano com muita neve nas montanhas, que acabou por derreter no início de 1931 e a água chegou ao curso médio do Changjiang (Yangzi), quando chuvas torrenciais contínuas na Primavera provocaram inundações nos rios Huai e Yangzi, afectando quase todo o território.

A partir de 1976, os governos das províncias construíram um paredão nas margens ao longo do Rio Amarelo para o guiar até ao mar, estabilizando assim as margens.

RIO HUAI

Localizado entre o Rio Amarelo e o Changjiang, o Huaihe é um dos sete maiores rios da China com 1110 km de comprimento. Nasce na montanha de Tongbai, em Henan, e nessa província corre pela cidade de Xinyang. Após os afluentes Hong [a Sudeste de Henan] e Yinghe [em Anhui] desaguarem no Huaihe, aparece a cidade de Huainan, seguindo o rio a banhar Bengbu [Pengpu, a Norte de Anhui]. Já em Jiangsu, com a ocupação do seu leito pelo Huanghe, o rio Huai foi obrigado a passar pelos lagos Hongze e Gaobao em Huai’an, desaguando depois no Changjiang em Yangzhou. O Huaihe entra no lago Hongze (cujo fundo está cinco a nove metros acima do nível da terra e para onde fluem outros oito rios), seguindo para a cidade de Huai’an, onde o governo da República Popular da China considerou como solução para o Huaihe a abertura de um canal rumo ao mar a fim de eliminar as inundações na zona. Em 1952, completou-se esse canal de irrigação no Norte de Jiangsu, que começa em Gaoliangjian, passando pelo distrito Huai’an e desagua no Mar Amarelo (Huanghai). Este canal de 168 quilómetros de comprimento necessitou apenas de oitenta dias para ser construído por oitocentos mil operários que removeram oitenta milhões de metros cúbicos de terra, segundo informa Deng Shulin.

Huaiyin [actual cidade de Huai’an na província de Jiangsu] está situada na zona onde passam os rios Huaihe [cujo maior afluente é Yinghe, com 557 km de comprimento e origem em Zhoukou, Henan, seguindo por Anhui onde no concelho de Shou, na cidade de Fuyang desagua no rio Huai em Zhengyang guan], o Yihe [com 333 km comprimento nasce na montanha de Lu em Yiyuan, (Zibo, Shandong), segue por Linyi e já em Jiangsu desagua no lago Luoma (a Noroeste de Suqian, lago de água doce com uma área de 375 km² e conectado com o Grande Canal)]. Em Huai’an passa ainda o Rio Shu (Shuhe) e o Sishui [com 159 km, tem origem na montanha Meng em Xintai, província de Shandong e até 1194 corria por Jiangsu, quando o Huanghe abriu uma brecha e as águas do Norte entraram no Huaihe. Essas inundações desviaram o curso do Rio Si, passando este por Qufu e Yanzhou até desaguar no lago Nanyang.

Segundo os registos históricos, de 1400 a 1900, durante quinhentos anos, no Rio Huai registaram-se 350 grandes inundações. A inundação de 1680 submergiu a cidade de Sizhou. No vale dos rios Yihe, Shuhe e Sishui, ocorreram, entre 1368 a 1948, quarenta inundações e 86 secas o que levou, em 1949, o governo a mobilizar 580 mil operários para os regular. Em sucessivas dinastias os governadores não tinham prestado nenhuma atenção à construção de obras hidráulicas e as calamidades naturais repetiam-se, ano após ano.

Para eliminar as causas das inundações em Huaiyin tiveram os rios de ser regulados, tarefa que governo popular tomou a seu cargo. A cheia de 1949 foi a maior e a mais grave, quando 9270 mil mu (15 mu = 1 hectare) entre 12600 mil mu de terras cultivadas foram submergidas pelas águas e 1950 mil habitantes das zonas afectadas tiveram de receber socorros do Governo, segundo Deng Shulin, que refere ser Huaiyin (Huai’an) designada por “Galeria de Inundações” devido a ali se reunirem as águas provenientes das províncias de Henan, Anhui e Shandong.

Taipa | Governo recupera terreno do Hotel Palácio Imperial

A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) vai avançar para a recuperação do terreno onde se situa o Hotel Palácio Imperial de Pequim, já encerrado ao público. A notícia foi divulgada ontem pelo portal Macau News Agency (MNA) que cita documentação oficial sobre o processo, descrevendo-se que a RAEM já rescindiu o contrato de arrendamento do terreno com a Empresa Hoteleira de Macau, Limitada. O terreno em questão fica perto da rotunda dr. Carlos D’Assumpção e tem 15 mil metros quadrados, aproximadamente.

Inicialmente inaugurado em 1992 com o nome de Hotel New Century e com capacidade para 500 quartos, com a categoria cinco estrelas, ganhou depois o nome de Beijing Imperial Palace Hotel em 2013. Anteriormente tinha uma área de jogo, no casino Greek Mythology, encerrado em 2015. No ano seguinte, a Direção dos Serviços de Turismo ordenou o encerramento temporário do empreendimento devido a “graves irregularidades administrativas” e “reconstruções ilegais”. A licença para manter o estabelecimento aberto foi revogada em Janeiro de 2017, não tendo o hotel e casino voltado a abrir portas.

Depois da empresa ter reclamado a continuação da exploração do empreendimento pela via judicial, a DSOP viria a informar que os proprietários do Beijing Imperial Palace Hotel tinham cancelado o seu pedido de renovação da propriedade sem qualquer justificação, escreve o MNA. Foto Aries Un / MNA

Habitação | Apesar de estímulos, vendas mantêm-se fracas até Setembro

Em Setembro, foram vendidas 193 fracções para habitação, uma quebra mensal ligeira, mas um aumento anual de quase um terço. Ainda assim, os primeiros nove meses de 2024 foram piores do que no ano passado, apesar das isenções fiscais lançadas pelo Governo. A confirmar-se a tendência, este ano será um dos anos mais fracos das últimas quatro décadas

 

Apesar das isenções fiscais aprovadas em Abril deste ano, destinadas a revigorar o mercado imobiliário, as vendas de fracções para habitação continuam em níveis quase sem paralelo em Macau. No passado mês de Setembro, foram vendidas 193 casas, pelo preço médio de 80.384 patacas por metro quadrado, de acordo com dados estatísticos publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças. Em termos mensais, o registo do mês passado foi inferior a Agosto, quando foram vendidos 200 apartamentos (- 3 por cento) com um preço médio por metro quadrado de 79.568 patacas (+ 1,02 por cento).

Apesar da pouca flutuação em termos mensais, comparando com Setembro de 2023, no mês passado as vendas de imobiliário para habitação cresceram 32,2 por cento, enquanto o preço do metro quadrado caiu 0,8 por cento. Porém, analisando o volume de vendas nos primeiros nove meses do ano, o registo deste ano é inferior ao do ano passado com menos 68 fracções vendidas. Comparando com 2022, o pior ano desde que há registos estatísticos (1983), nos primeiros nove meses de 2024 foram vendidos mais 150 imóveis, apesar da quebra de mais de 36 por cento no período entre Junho e Setembro. Contudo, as vendas continuam em níveis bastante inferiores aos tempos antes da pandemia. Nos primeiros nove meses de 2019 foram vendidas 6.074 fracções, muito mais do dobro das 2.315 vendas entre Janeiro e Setembro deste ano, registo que representa uma quebra de 61,9 por cento. Importa referir que também o preço dos imóveis registou quebras de 22,28 por cento entre os primeiros nove meses deste ano e de 2019.

O estado das coisas

Numa perspectiva mais alargada, o terceiro trimestre deste ano encerrou com a venda de 749 casas, com um preço médio por metro quadrado de 86,048 patacas, números que se traduzem em quebras a toda a linha face ao trimestre anterior, quando foram vendidas 1.028 casas (- 27,14 por cento), com um preço médio por metro quadrado 93.118 patacas (- 7,59 por cento).

Porém, face ao registo do ano passado, o terceiro trimestre deste ano registou um aumento de vendas perto de 27 por cento, enquanto o preço caiu 7,56 por cento. A comparação torna-se menos optimista face ao terceiro trimestre de 2019, com o mesmo período deste ano a ser sinónimo de quebras de vendas (- 65,2 por cento) e dos preços (- 22,28 por cento).

Visto à lupa

Tendo em conta as diferentes zonas do território, durante o mês de Setembro a península continua a ser a zona onde mais fracções são vendidas, quase 62 por cento das vendas globais da RAEM, enquanto Coloane continua a registar o preço mais elevado com o metro quadrado a atingir 121.190 patacas.

As zonas mais baratas da região no mês em análise foram as zonas Ferreira do Amaral (Guia), onde o metro quadrado valia 42.636 patacas, e a Baixa de Macau onde o metro quadrado custou em média 48.893 patacas.

Como é habitual, as vendas nas ilhas foram bastantes inferiores às da península. No mês em análise, foram vendidas 39 casas na Taipa e 35 em Coloane. Em relação ao volume de vendas, as zonas onde se registaram mais transacções foram a Cidade e Hipódromo da Taipa (39 transacções), seguido de Coloane (35 transacções) e a Baixa da Taipa (25 transacções).

Na península, as zonas com mais vendas de apartamentos foram os Novos Aterros da Areia Preta, onde em Setembro foram comprados 14 apartamentos. O segundo lugar do pódio foi para a área da Tamagnini Barbosa, com 12 vendas. A “medalha de bronze” acabou por ser dividida entre as zonas Barra/Manduco e Areia Preta/Iao Hon, com 11 apartamentos vendidos.

Residente apanhado em mega burla na Tailândia que fez mais de cinco mil vítimas

Um residente com 70 anos queixou-se de ter sido burlado junto das autoridades do país do Sudeste Asiático, depois de ter comprado produtos, para revenda, da empresa The iCon Group. O grupo está a ser investigado por práticas criminosas como fraude e lavagem de dinheiro na Tailândia, onde desenvolveu um esquema em pirâmide, com a venda de produtos e suplementos alimentares para dietas.

O residente de Macau, que não foi identificado pelos órgãos de comunicação social da Tailândia, apresentou queixa no domingo, acompanhado por um advogado.

De acordo com o jornal Bangkok Post, o homem tinha encomendado cerca de 60 mil patacas em produtos da empresa The iCon Group, que pretendia revender, ficando com os lucros, como acontece com os negócios em pirâmide. Contudo, apesar do acordado, os produtos comprados nunca chegaram. Por exemplo, dos 100 chás encomendados, apenas lhe foram entregues 20 unidades. A empresa recusou proceder à devolução do dinheiro.

O residente explicou também que decidiu entrar no negócio da iCon, depois de ter participado, no ano passado, numa sessão de vendas na Tailândia, onde esteve o director da administração do grupo, Warathaphon Waratyaworrakul, também conhecido como Boss Paul, e vários actores que o homem de Macau afirmou conhecer dos programas televisivos.

Perdas de milhões

De acordo com os dados das autoridades da Tailândia, o escândalo The iCon Group motivou a queixa de 5.648 pessoas, que declararam perdas num total de 385,2 milhões de patacas.

O residente de Macau não foi o único estrangeiro envolvido no caso. Segundo a informação do jornal Khaosod, contabilizam-se mais de 40 vítimas estrangeiras, ligadas a países e territórios como o Interior da China, Hong Kong, Itália, Alemanha, Canadá, Estónia ou Luxemburgo. As perdas das vítimas internacionais rondam os 4,8 milhões de patacas.

As autoridades da Tailândia começaram a deter vários responsáveis pela empresa e celebridades utilizadas nas campanhas publicitárias da empresa, como a actriz Min Pechaya ou o apresentador Kan Lantathavorn, num total de 18 detenções.

Casinos | DST investiga cobrança de bilhetes à entrada

Vários comentários online de turistas do Interior denunciaram a existência da cobrança de bilhetes para entrar nos casinos locais. As denúncias estão a ser alvo de investigação, e a DST promete penalizar os infractores

 

A Direcção de Serviços de Turismo (DST) está a investigar os comentários que surgiram online a indicar a existência de cobrança de “bilhetes” aos turistas para entrarem nos casinos. De acordo como Jornal Ou Mun, a investigação foi confirmada por Maria Helena de Senna Fernandes, directora da DST.

As investigações têm por base comentários recentes a circular em portais online do Interior, onde consta que foi cobrada entrada nos casinos a excursionistas. De acordo com as publicações, a cobrança de bilhete seria resultado de uma política do Governo da RAEM. A informação é falsa, dado que a entrada nos casinos é gratuita e permitida desde que as pessoas tenham 21 anos.

Maria Helena de Senna Fernandes afirmou que a DST está a tentar compreender se os turistas que partilharam as informações online participaram em excursões organizadas em Macau ou no Interior.

No caso de as agências de viagens envolvidas serem locais, a responsável da DST previu a possibilidade de serem penalizadas com multas. Contudo, se a prática for entendida como muito grave, Senna Fernandes afirmou que a penalização poderá passar pela não renovação da licença legalmente exigida. Esta seria uma medida mais extrema.

Se as agências tiverem recorrido a guias turísticos do Interior, sem licença para exercerem a profissão em Macau, Senna Fernandes indicou que haverá outras penalizações, relacionadas com trabalho ilegal. Segundo as explicações da directora dos Serviços de Turismo, em causa, está o facto de a profissão de guia turístico não poder ser exercida por pessoas que entram em Macau como turistas.

Dependentes do Interior

Senna Fernandes explicou também que a resolução de alguns destes problemas depende da cooperação com o Ministério da Cultura e Turismo do Interior, onde as excursões se juntam, para depois realizarem as visitas a Macau, Hong Kong e às restantes cidades da Grande Baía.

No entanto, a responsável assegurou que, actualmente, existe um mecanismo para informar o ministério, no caso de haver problemas ou práticas que necessitem de ser corrigidas.

Ao mesmo tempo, a DST comprometeu-se com mais campanhas de informação para assegurar que os turistas percebem os seus direitos em Macau, principalmente quando participam em excursões baratas, que são tidas como uma das principais fontes dos problemas que resultam em queixas. Helena de Senna Fernandes aconselhou os turistas a evitarem este tipo de excursões.

As excursões baratas disponibilizadas no Interior oferecem preços muito competitivos aos participantes, abaixo dos custos de transportes e alojamento, mas, em troca, os agentes, esperam que os participantes façam compras de um certo montante em determinadas lojas.

Ensino | Escola Tong Sin Tong vai mudar-se para a Zona A

O presidente da direcção da Associação de Beneficência Tong Sin Tong, Chui Sai Peng, prevê que a escola da associação se mude para as novas instalações entre 2027 e 2028, de acordo com as declarações citadas pelo jornal Ou Mun. A escola ligada à associação foi uma das oito escolhidas pelo Governo para ocupar o futuro campus criado na Zona A.

Segundo Chui Sai Peng, que é igualmente deputado, a Zona A vai ter cerca de 100 mil habitantes e a esperança é que o estabelecimento de ensino receba alunos dessa zona, mas também de outras áreas do território.

O presidente da direcção da associação reconheceu também que a principal preocupação partilhada com o Governo passa pela necessidade de assegurar que os acessos, principalmente ao nível das estradas, são bem desenhados e que se evitam grandes congestionamentos na circulação. Chui defendeu ainda a necessidade de haver bons passeios e passagens aéreas entre a escolas e os edifícios residenciais daquela zona, além de zonas de paragem para os autocarros.

Chui Sai Peng destacou também que nos últimos anos a Associação de Beneficência Tong Sin Tong reforçou a aposta na Medicina Tradicional Chinesa, seja a partir da disponibilização de consultas nas clínicas que controla, seja com cursos de formação nesta área nas instalações de ensino.

Portugal | Municípios assinam acordos com Zhuhai

As parcerias entre Zhuhai e os municípios de Penafiel, Lousada, Baião, Felgueiras, Cinfães, e Marco de Canaveses abrangem áreas como comércio, tecnologia, educação e economia marinha e foram formalizadas no fim-de-semana

 

Seis municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa assinaram acordos de cooperação com a cidade de Zhuhai, situada no sul da China, junto a Macau.

De acordo com o portal de notícias estatal Guangdong Today (GDToday), cada um destes seis municípios do Tâmega e Sousa (Penafiel, Lousada, Baião, Felgueiras, Cinfães, e Marco de Canaveses) assinou um acordo com uma zona de Zhuhai.

As cartas de intenções, que abrangem áreas como comércio, tecnologia, educação e economia marinha, foram assinados na sexta-feira, durante a visita a Zhuhai de uma delegação da CIM do Tâmega e Sousa.

Esta é a segunda vez que zonas de Zhuhai estabelecem relações com municípios do estrangeiro, indicou o GDToday.

“Esperamos ver Zhuhai e Portugal a expandirem ainda mais intercâmbios de pessoas, aprofundarem a compreensão mútua e continuarem a promover intercâmbios e cooperação”, disse o vice-presidente da autarquia de Zhuhai, Li Chong. A cidade estabeleceu um acordo de geminação com o município de Castelo Branco em 1994.

Mais investimento

Na quinta-feira, em Macau, o primeiro-secretário executivo da CIM do Tâmega e Sousa disse à Lusa que a delegação ia visitar o ‘campus’ do Instituto de Tecnologia de Pequim na vizinha Hengqin e avaliar “a oportunidade de um centro de investigação ligado ao conhecimento, inovação e desenvolvimento de novas tecnologias” naquela zona portuguesa.

“Há uma capacidade técnica instalada, logo há recursos humanos qualificados”, sublinhou o dirigente, lembrando a proximidade das universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes. Também o director executivo da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP) disse que a região do Tâmega e Sousa quer acolher um parque tecnológico para transferência de tecnologia da China.

Paulo Dinis disse à Lusa que “está a ser preparado um acordo geral que permita envolver” os municípios do Tâmega e Sousa no projecto. O primeiro passo, em colaboração com a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas, foi dado através da criação de um centro, cuja sede está para já no Porto, referiu Dinis.

“Estamos a equacionar o lançamento de um parque tecnológico, a ser uma colaboração entre empresas, ‘startups’ acima de tudo, que permita ter uma colaboração partilhada em termos de conhecimento de tecnologia entre Portugal, Macau, e China” continental, indicou.

A delegação da CIM do Tâmega e Sousa esteve no território para participar na 29.ª edição da Feira Internacional de Macau, que terminou no sábado.

Trânsito | Conselheiro quer melhores ligações para a Zona A

Kou Ngon Fong, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, defende que o Governo deve aumentar o mais depressa possível o número de ligações para a Zona A dos Novos Aterros. A ideia foi partilhada em declarações ao Jornal do Cidadão, e o objectivo passa por utilizar melhor a nova Ponte Macau.

O conselheiro considera que com mais e melhores ligações seria possível aumentar o número de veículos desviados da Ponte da Amizade para a Ponte Macau, uma das principais metas do novo projecto.

Para Kou Ngon Fong, um dos projectos que pode fazer a diferença é o viaduto A2 entre a Avenida 1.º de Maio, junto da Estação de Tratamento de Águas Residuais, e o lado oeste da Zona A dos Novos Aterros Urbanos, porque vai desviar muito mais trânsito para a Ponte Macau.

No entanto, enquanto as ligações não estão disponíveis, Kou Ngon Fong pediu ao Governo para promover melhor as novas vias disponíveis na Zona A, para aumentar a confiança e uso pela população. Segundo o conselheiro, actualmente existe a ideia que as estradas da Zona A tendem a estar muito congestionadas, pelo que grande parte dos condutores continua a preferir circular pela Ponte da Amizade, em deslocações da Taipa para a península de Macau.

O conselheiro pediu também que o Executivo divulgue atempadamente o calendário das obras, para que os cidadãos saibam quando novas estradas vão estar abertas ao público.

Chefe do Executivo | Resultados oficiais publicados no Boletim Oficial

Ao longo de quase 25 anos, Sam Hou Fai assinou as proclamações de Edmund Ho, Fernando Chui Sai On e Ho Iat Seng enquanto presidente do Tribunal de Última Instância. Agora chegou a vez de assumir a posição de líder do Governo

 

O Tribunal de Última Instância (TUI) ratificou a eleição de Sam Hou Fai como novo Chefe do Executivo de Macau, de acordo com o despacho publicado ontem no Boletim Oficial. O TUI reconheceu o resultado e proclamou Sam Hou Fai como “candidato eleito”, depois de não ter sido interposto qualquer recurso contencioso, decorrido o prazo legal, de acordo com a proclamação publicada.

Mais tarde, o ex-presidente do TUI será formalmente nomeado pelo Governo Central como o próximo Chefe do Executivo da RAEM, tendo pela frente um mandato de cinco anos.

A proclamação do Chefe do Executivo publicada ontem é também a primeira desde o estabelecimento da RAEM que não surge assinada pelo próprio Sam Hou Fai, na condição de presidente do Tribunal de Última Instância. Ao invés, o nome que consta no boletim oficial, como presidente do TUI, devido a impedimentos relacionados com os outros juízes Song Man Lei e de José Dias Azedo, é o de Choi Mou Pan.

A tomada de posse deverá acontecer a 20 de Dezembro, no âmbito das celebrações do 25º Aniversário da RAEM, sendo esperada a presença de Xi Jinping em Macau, embora ainda não haja confirmação oficial.

Quando Ho Iat Seng, actual Chefe do Executivo, tomou posse, a cerimónia contou com a participação o presidente da República Popular da China, que esteve alguns dias em Macau, no âmbito das celebrações do 20º aniversário da RAEM.

Quase por unanimidade

Sam Hou Fai, o único candidato admitido, foi eleito com 394 votos entre dos 400 membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, o que representou uma proporção de 98,99 por cento entre os votantes.

Além dos votos no candidato eleito, houve quatro membros da CECE a votarem em branco, uma proporção de 1,01 por cento. No âmbito da eleição limitada a 400 eleitores, houve ainda dois não compareceram.

O resultado do ex-presidente do TUI foi o segundo melhor registo em eleições para Chefe do Executivo da RAEM. Até hoje ninguém superou Edmund Ho, que em 2004, quando procurava a reeleição, alcançou uma proporção de 99,00 por cento dos votos. Na altura, a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo era apenas constituída por 300 membros, mas Edmund Ho conseguiu convencer 296 membros da comissão eleitoral. Além desses, registaram-se três votos em branco e um membro da comissão que não participou no acto eleitoral.

No entanto, o registo de Sam Hou Fai foi superior aos de Ho Iat Seng, que teve uma proporção de 98 por cento dos votos, e de Fernando Chui Sai On, que alcançou uma proporção dos votos de 95,27 por cento, na primeira eleição, e de 95,96 por cento, na reeleição.

Comércio | Estudo prevê que plataformas chinesas liderem compras de Natal

Um estudo prevê que uma em cada cinco prendas seja comprada numa plataforma de comércio online chinesa, como a Temu, Shein, AliExpress e TikTok. A investigação da consultora Salesforce realça também a influência global da IA no consumo e do efeito da perda do poder de compra dos consumidores no comércio global

 

Se dúvidas houvesse sobre a presença online cada vez maior das plataformas de comércio chinesas, estas voltam a desvanecer-se com o mais recente estudo da consultora Salesforce, o Salesforce Shopping Index de 2024. As previsões apontam para que uma em cada cinco prendas compradas para o Natal será efectuada em plataformas de comércio online chinesas, como a Temu, Shein, AliExpress e TikTok, que ocupam uma fatia de 21 por cento de vendas, na previsão da Salesforce.

Segundo a consultora, a previsão “reflecte o recente crescimento destas plataformas”, pois “mais de um terço, 35 por cento, dos compradores afirmam que estão a comprar mais nas aplicações nos últimos três meses em comparação com o mesmo período em 2023”.

O estudo dá conta de que “a aplicação a observar mais de perto” nas semanas prévias à época natalícia, quando todos correm a comprar os presentes para os mais próximos, “pode ser o TikTok”, pois “desde a última pesquisa, em Abril de 2024, houve um aumento de 24 por cento no número de consumidores que relatam ter feito uma compra através da aplicação”.

Num mercado que vinha sendo dominado pela Shein, marca de roupa que vende em todo o mundo, ou pela AliExpress, a Temu tem ganho destaque. É difícil pesquisar na Internet sem que nos deparemos com publicidade à plataforma, além de que o seu fundador é o homem mais rico da China, o que demonstra o sucesso do negócio. Colin Huang, com uma fortuna de mais de 50 mil milhões de dólares, conseguiu ultrapassar o anterior homem mais rico do mundo, Zhong Shanshan, dono da Nongfu Spring, empresa de água engarrafada.

Apesar do sucesso, as marcas Temu e Shein têm estado envoltas em algumas polémicas. No caso da Temu, o caso mais recente prende-se com a exigência da Comissão Europeia relativa a informações pormenorizadas sobre a alegada venda de produtos ilegais, as quais tinham de ser enviadas até ontem. Após a análise da informação requerida, a comissão poderá abrir um processo de infracção.

Já a Shein tem sido acusada de copiar o design de roupas, nomeadamente por marcas como a H&M, Ralph Lauren ou Adidas. Mas o mais recente caso, divulgado em Agosto, prende-se com o processo que a própria Shein está a iniciar contra a Temu. A primeira acusa a segunda de roubar designs de roupa e vários segredos industriais, bem como de montar uma “trama” para se infiltrar no mercado dos Estados Unidos da América (EUA), vendendo produtos a preços tão baixos que a própria Temu estaria a perder dinheiro em cada transacção.

Desafios e descontos

Para chegar a estes dados, a Salesforce avaliou os números de mais de 1,5 mil milhões de consumidores em sites de retalho agregados à Salesforce em mais de 64 países. Só nos EUA, a consultora ou os dados de 29 dos principais 30 retalhistas online para estimar aos comportamentos de consumo e as maiores tendências nos mercados.

Para a Salesforce, o período de compras para o Natal deverá arrancar já no dia 1 de Novembro e terminar a 31 de Dezembro. Apesar do crescimento significativo da presença de empresas chinesas no mercado, a verdade é que o índice de compras prevê um “crescimento modesto das vendas”, uma continuação do cenário do ano passado.

“Com 47 por cento dos compradores a dizer que vão comprar a mesma quantidade que no ano passado, e com 40 por cento a comprar menos, o crescimento das vendas nas férias deve ser mais brando do que em 2023, que aumentou três por cento em termos anuais para 1,17 mil milhões de dólares”, pode ler-se.

Para este ano, estima-se que as vendas globais cresçam ligeiramente menos, 2 por cento, nos últimos dois meses do ano, totalizado 1,19 mil milhões de dólares americanos.

Claro que a época de saldos ou descontos especiais poderá ainda potenciar mais as compras. A Salesforce “prevê que as taxas de desconto a nível global aumentem brevemente em Outubro, atingindo um desconto médio de 28 por cento durante a ‘Cyber Week'”, a chamada “segunda-feira cibernética” destinada a compras após o Dia de Acção de Graças, nos EUA, e que decorre a 2 de Dezembro. O índice de compras prevê que só nos EUA a taxa de desconto pode atingir, em média, até 30 por cento.

A consultora destaca a competição como a palavra de ordem para as semanas que antecedem o Natal. “Os retalhistas devem enfrentar uma época de compras mais curta e mais competitiva com descontos”, sendo que os desafios passam pelo facto de “competirem por consumidores com menos poder de compra do que nos anos anteriores”. Neste ponto, a Salesforce salienta para que dois terços dos consumidores de todo o mundo dizem que os preços vão influenciar bastante as decisões na hora de fazer compras este ano. Assim, “à medida que os consumidores procuram as melhores ofertas, os retalhistas podem utilizar descontos fortes e estratégicos para atrair e converter os compradores”, sugere a Salesforce.

O poder da IA

Outro ponto importante deste estudo é o papel que a inteligência artificial (IA) terá no processo de compras, um avanço tecnológico que pode ser aproveitado pelos comerciantes e empresas para terem um melhor posicionamento no mercado.

Segundo a Salesforce, “os retalhistas também podem utilizar a IA para aumentar o número de funcionários, a eficiência operacional, criar relações mais profundas com os clientes e aumentar as margens”, graças à personalização de recomendações de produtos e promoções.

“Esta época será competitiva, intensa e, sem dúvida, centrada nas estratégias de preços e descontos. Nunca foi tão importante aproveitar a tecnologia como a IA e confiar nos dados do cliente para obter orientação e informações internas sobre campanhas de marketing, especialmente o calendário promocional de férias, que mantém clientes fiéis a comprar mais e a comprar desse retalhista”, afirmou Caila Schwartz, directora de Estratégia e Insights do Consumidor da Salesforce.

As previsões mostram que 18 por cento das encomendas globais, durante a época natalícia que se avizinha, sejam influenciadas por uma combinação de IA “predictiva e generativa”, equivalendo a 201 mil milhões de dólares americanos em vendas online.

Além disso, mais de metade dos compradores inquiridos, 53 por cento, afirmam ter interesse em “utilizar a IA generativa como inspiração para comprar o presente perfeito”, enquanto outros preferem comparar preços e definir orçamentos na época de Natal.

Sendo uma empresa virada para o chamado “software on demand”, as informações da Salesforce têm por base sistemas de armazenamento de dados em nuvem como o Commerce Cloud, Marketing Cloud e Service Cloud, resultando em dados agregados de comércio online de 12 mercados principais, onde se inclui a região da Ásia-Pacífico, Japão, países nórdicos, EUA e outros países europeus, nomeadamente Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal ou Países Baixos, bem como a Austrália e Nova Zelândia.

Andrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis

O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma.

“É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”.

O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respetivos países.

Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou.

Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”.

E as guerrilhas?

Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”.

Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal.

Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”.

Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”.

“Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”.

Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”.

Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”.

O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.

Filipinas | HRW pede reforma da polícia após execuções extrajudiciais

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) apelou às autoridades filipinas que promovam uma reforma profunda da polícia após recentes revelações sobre execuções extrajudiciais de milhares de suspeitos, no contexto da guerra às drogas.

“A administração do [Presidente Ferdinand] Marcos [Jr.] deveria lançar rapidamente uma reforma das forças de segurança em resposta às recentes audiências parlamentares sobre a corrupção policial e os abusos da guerra às drogas”, apontou a HRW, em comunicado.

Em causa, estão depoimentos recentes em quatro comissões da Câmara dos Deputados que mencionam execuções extrajudiciais cometidas desde 2016 com altos funcionários directamente ligados ao então Presidente, Rodrigo Duterte.

“O Ministério do Interior deveria investigar estas alegações de má conduta policial e trabalhar com o Ministério da Justiça para apresentar as acusações adequadas contra os agentes envolvidos”, defendeu a HRW.

A organização apela ao novo ministro do Interior, Juanito Victor Remulla, para rescindir as comunicações internas relacionadas com a guerra às drogas e, em particular, aquela conhecida como Double Cannon Oplan, a campanha antidrogas lançada durante o mandato de Duterte.

Pede também ao Ministério da Justiça que “reaja” aos depoimentos perante o Parlamento e abra uma investigação própria.

Entre os testemunhos, destaca-se o da ex-chefe da Polícia da cidade de Cebu, Royina Garma, que indicou no dia 5 de Outubro que foram pagos entre 20.000 e um milhão de pesos (entre 300 e 17.000 euros) aos agentes que mataram um traficante de droga, dependendo da sua posição.

MNE britânico apela a “mais diplomacia” com a China

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lamy, apelou sábado ao relançamento do diálogo entre Londres e Pequim, instando ambos os países a mostrarem “mais diplomacia”.

O chefe da diplomacia britânica assumiu esta posição no final de uma visita de dois dias à China que visou melhorar os laços com Pequim, depois de as relações se terem deteriorado nos últimos anos devido a alegações de espionagem, à aproximação da China à Rússia, à alegada repressão das liberdades civis em Hong Kong e a preocupações com direitos humanos.

O novo governo trabalhista está sob pressão para levantar a questão da violação dos direitos humanos com a China, mas também para manter os laços com um importante parceiro comercial. Na sexta-feira, Lamy encontrou-se com o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang, antes de viajar para Xangai.

“Entendo que precisamos de mais diplomacia, não de menos. É por isso que é tão importante estar aqui na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros britânico e é por isso que temos de continuar a regressar”, afirmou o governante, citado pela AFP.

“No passado, a política do Reino Unido, sob o anterior governo, não foi consistente e o que entendo é que precisamos de uma abordagem que o seja”, disse Lamy em declarações aos jornalistas.

Com valores

O chefe da diplomacia britânica disse ainda ter pressionado os seus anfitriões chineses sobre questões como Hong Kong e Xinjiang, onde vive uma minoria muçulmana que Pequim é acusada de perseguir, e Taiwan. O Reino Unido, disse, “está preocupado” com algumas tensões a que assiste no estreito de Taiwan “porque não são do interesse da comunidade global”.

“Há valores, há áreas em que o governo do Reino Unido e a nossa abordagem cultural será diferente da da China e há áreas relevantes, relacionadas com a segurança nacional em que colocaremos sempre os interesses nacionais do Reino Unido em primeiro lugar”, afirmou Peter Lamy. No entanto, acrescentou que existem também domínios “em que podemos cooperar e colaborar com os chineses”.

140 estivadores despedidos estão na miséria

Antes de mais, permitam que vos transmita uma declaração de interesse: tenho uma enorme consideração por todos os estivadores, porque durante uma fase da minha vida em que fiquei desempregado apenas encontrei trabalho como estivador. Foram dois amos duros e amargos vividos no cais de Alcântara, em Lisboa. Sei bem da dureza e sacrifício da referida profissão.

Posto isto, venho escrever sobre uma situação em Portugal do mais triste e degradante que ninguém imaginaria. Em 2020 foram despedidos 140 estivadores no porto de Lisboa. Passados quatro anos esses estivadores e as suas famílias encontram-se na miséria. Tiveram de vender as suas casas, os seus carros e as poupanças terminaram. Os seus filhos têm passado as maiores dificuldades e os que já tinham ingressado na universidade tiveram de abandonar os estudos por impossibilidade financeira de continuarem os estudos. Conversámos com um dos despedidos.

Os estivadores despedidos e os vossos familiares manifestaram-se em frente à Assembleia da República.

Qual o principal motivo?

Nós encontramo-nos numa situação de miséria a vivermos de um subsídio irrisório da Segurança Social e outros nem isso, depois de terem acabado de receber o subsídio de desemprego. Exigimos que o Governo tome uma posição junto das empresas que operam no porto de Lisboa e que nos despediram no sentido de sermos reintegrados. Essas empresas ganham milhões de euros e nunca compreendemos a razão do nosso despedimento. Numa democracia como a nossa nem queremos acreditar no que nos foi confidenciado no sentido de que fomos despedidos porque éramos comunistas que podíamos promover greves reivindicando melhores salários. Isto, é infame e custa a acreditar.

Mas vocês não tinham equacionado acções em tribunal contra essas empresas?

Sim, os nossos advogados entraram com acções em tribunal, mas a nossa justiça é idêntica a um caracol…

Vocês têm vivido, segundo, diz a imprensa, com as maiores dificuldades.

Exacto. O senhor nem faz ideia como temos vivido. Da esmola de amigos e de alguns familiares, aqueles em que a família os pode ajudar porque há outros que a família não pode. Eu tive de vender a minha casa, o carro e um terreno que tinha perto de São Pedro do Sul. Com o pagamento do aluguer de uma casita e o sustento dos três filhos o dinheiro já se foi quase todo e até já tenho o pagamento de dois meses da renda em atraso. Não sei mesmo, eu e os meus camaradas, como poderemos viver mais nesta situação. Sei de alguns que comem por dia apenas sopa.

E conseguiram alguma resposta do Governo?

A nossa delegação e o nosso advogado já mantiveram reuniões com um membro do Governo e o que lhes foi dito é que o nosso problema vai ser equacionado.

É triste que 140 famílias estejam há quatro anos a serem esquecidas e desprezadas depois de um despedimento injusto e incompreensível. Após o despedimento destes 140 trabalhadores houve empresas portuárias que tiveram a desfaçatez de contratar novos trabalhadores, uma prova de que a razão do despedimento não era falta de dinheiro por parte das empresas. Por exemplo, as empresas PORLIS e ETE Prime contrataram 28 novos trabalhadores que foram reforçar o efectivo do Porto de Lisboa. Segundo Diogo Marecos, administrador da Sotagus, uma das sete empresas de estiva do Porto de Lisboa, duas empresas de cedência de mão-de-obra às empresas de estiva já contrataram cerca de 30 trabalhadores. A ETE Prime já contratou oito trabalhadores e a PORLIS assinou contratos de trabalho com 20 e pretende contratar mais 20. A pergunta que se faz é sobre a razão efectiva dos 140 despedimentos se estão a contratar outros homens para a estiva em substituição dos despedidos. Com uma agravante: os novos contratados não possuem experiência teórica e prática no exercício da estiva e têm de receber formação por uma empresa certificada para o efeito no Terminal de Contentores de Santa Apolónia, em Lisboa.

Por seu lado, o Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL) tem contestado os despedimentos, que considera ilegais e defende que o processo de insolvência da empresa que despediu os trabalhadores nunca esteve concluído, ao contrário do que têm alegado as empresas de estiva do Porto de Lisboa.

Enfim, o que está em causa é a situação degradante de 140 famílias que vivem em condições deploráveis e desumanas sem terem qualquer luz ao fundo do túnel, restando-lhes a esperança que o Governo, caso o Orçamento de Estado seja aprovado e que não haja uma crise política que leve o país para eleições antecipadas, possa fazer alguma coisa em benefícios destas centenas de portugueses que levaram uma vida numa das profissões mais duras e complexas.

P.S. – Tal como escrevemos aqui em crónica anterior em primeira mão, o Partido Socialista decidiu abster-se e viabilizar o Orçamento do Estado.

GP | André Couto confirma ida às Finais Mundiais da Lamborghini

André Couto juntar-se-á ao rol de pilotos locais ausentes da 71.ª edição do Grande Prémio de Macau. Nesse fim de semana do mês de Novembro, o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000 vai estar na Europa, com o intuito de tentar trazer para casa o ceptro da categoria Pro-Am do Lamborghini Super Trofeo Asia

 

 

De 14 a 17 de Novembro, aquando da 71.ª edição do Grande Prémio de Macau, André Couto encontrar-se-á em Jerez de la Frontera, no sul de Espanha, nas Finais Mundiais da Lamborghini. Antes dos concorrentes dos Lamborghini Super Trofeo América, Europa e Ásia competirem entre si, os vinte Huracán Super Trofeo Evo 2 participantes do troféu asiático disputam a sua derradeira jornada dupla da temporada de 2024.

“Claro que gostaria de estar no Grande Prémio de Macau, mas tenho um compromisso com a Madness Racing Team e vamos a Espanha tentar ganhar a nossa categoria no campeonato”, disse André Couto ao HM. “Estamos em igualdade pontual com os nossos adversários e próximos de os conseguir vencer”.

Depois de dez emocionantes corridas em cinco países da Ásia-Pacífico, quando só faltam disputar duas corridas, a dupla luso-chinesa está no comando da classe Pro-Am, com os mesmos pontos da dupla composta por Thomas Yu Lee de Hong Kong e Nikolas Pirttilahti da Finlândia. Contudo, esta classificação é traiçoeira e não demonstra o domínio de André Couto e Jason Chen na categoria. Infelizmente, devido a um compromisso pessoal do piloto chinês, o duo faltou à prova de Fuji, no Japão, não marcando qualquer ponto, e assim diluindo toda a vantagem construída em pista até aquele momento.

Rumo ao desconhecido

Jerez está prestes a tornar-se o segundo circuito a receber as Finais Mundiais da Lamborghini mais do que uma vez, depois de em 2019 ter acolhido este evento anual que se realiza desde 2013. O Autódromo do Dubai Autodrome esteve em consideração, mas Jerez acabou por ser o escolhido. Este será o oitavo ano consecutivo em que um circuito europeu acolhe o evento da prestigiada marca italiana de automóveis de luxo, sendo que Sebring, nos Estados Unidos da América, em 2015, foi o último anfitrião fora da Europa.

Apesar de ter feito uma parte da sua carreira desportiva na Europa, há mais de duas décadas, o piloto português de Macau nunca conduziu no Circuito de Jerez – Ángel Nieto. O traçado que fica apenas a 90 quilómetros de Sevilha, e que chegou a acolher vários Grande Prémios de Fórmula 1, tanto de Espanha como da Europa, sempre esteve mais vocacionado para as provas de motociclismo do que para as de automobilismo.

“Vai ser a primeira vez para mim e vai ser interessante descobrir um novo circuito”, reconhece o experiente piloto do território, que estará em igualdade de circunstâncias com grande parte do pelotão do Lamborghini Super Trofeo Asia que desconhece por completo o traçado bem cuidado da Andaluzia.

Para além de André Couto, na pista espanhola estará também outro piloto da RAEM. Charles Long Hon Chio também se viu forçado a escolher e optou por rumar a Espanha. O vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 de 2020 e 2021 tripulará um Lamborghini Huracán Super Trofeo Evo 2 da equipa SJM Iron Lynx Theodore Racing, partilhando o volante com a sua habitual companheira de equipa, a japonesa Miki Koyama.

Consumo | Fim do ‘Made in China’ teria “altos custos” para Europa

O fim do ‘Made in China’ acarretaria “altos custos” para os consumidores europeus, alertaram à agência Lusa empresários, destacando as vantagens “únicas” do país a nível de infraestruturas, tecnologia e capacidade de produzir em volume.

“Já existe alguma deslocalização da produção, mas é parcial. Se for total, ou em 80 por cento, os consumidores vão sofrer imenso”, admitiu Tiago Mateus, responsável pelas aquisições na China da Joinco, fornecedora do grupo retalhista Jerónimo Martins.

Tiago Mateus é um de dezenas de milhares de importadores estrangeiros que acorreram esta semana à Feira de Cantão, onde duas vezes por ano fabricantes chineses de produtos não-alimentares expõem milhões de produtos, desde bicicletas a utensílios de cozinha, na capital de Guangdong, a próspera província do sul da China, conhecida como “fábrica do mundo”.

A primeira edição remonta a 1957, mas foi só nas últimas décadas que a Feira de Cantão se converteu num dos maiores eventos comerciais do mundo, à medida que a China assumiu um papel central nas cadeias de distribuição globais.

As perturbações causadas pela covid-19 e pela invasão russa da Ucrânia suscitaram, porém, um debate nos Estados Unidos e na Europa sobre a necessidade de diversificar relações comerciais.

“Vários países perceberam que existe uma forte dependência e que, acontecendo alguma coisa na China, todos sofrem”, descreveu Tiago Mateus. “Mas a finalidade de uma empresa privada é o lucro”, ressalvou o português, destacando as vantagens competitivas que colocam o país “a milhas” da concorrência.

Steve Hoffman, presidente executivo da Founders Space, uma das principais incubadoras e aceleradoras de ‘startups’ do mundo, com sede em São Francisco, na Califórnia, concordou: “Em termos económicos uma fragmentação nos laços comerciais com a China não faz sentido nenhum”.

Em entrevista à Lusa, Hoffman admitiu que o executivo norte-americano “está sob pressão das suas empresas – Microsoft, Apple ou Intel -, que não querem reduzir a sua exposição à China”. Em causa, estão condições “muito difíceis de replicar” em outras partes do mundo, apontou.

A China possui a rede ferroviária de alta velocidade mais extensa do mundo, sete dos 10 maiores portos do planeta, abundante mão-de-obra especializada, um controlo vertical sobre as cadeias de fornecimento, desde o acesso facilitado a matérias-primas, ao fabrico de componentes e à montagem final, e capacidade para produzir em grande escala.

Tem também termos de pagamento “muito atraentes” para clientes estrangeiros e centros de arbitragem “eficazes” em caso de disputa são outras das vantagens apontadas. “Seriam precisas várias décadas para replicar este modelo em outro lugar”, admitiu Mateus.

Outra escala

Com cerca de 100 milhões de habitantes e uma localização costeira, o Vietname posicionou-se como favorito para absorver indústria de mão-de-obra intensiva, incluindo vestuário, móveis ou produtos eletrónicos.

Denis Almeida, importador brasileiro de calçado que deixou Cantão em 2019 para se instalar na cidade de Ho Chi Minh, no sul do Vietname, explicou à Lusa, no entanto, que a escala e recursos laborais do país do sudeste asiático ficam “muito aquém” dos da China.

Em causa, estão cadeias de fornecimento menos maduras e o aumento repentino da procura por mão-de-obra, explicou. “A força de trabalho no Vietname é, embora grande, ainda limitada, e uma empresa que possa oferecer um salário mais elevado absorve os trabalhadores”, frisou.

A China detém ainda um mercado consumidor composto por 1,4 mil milhões de pessoas: o país é, assim, em simultâneo, o maior produtor e principal mercado para os iPhones da norte-americana Apple, por exemplo. Várias outras marcas internacionais enfrentam igual dependência.

No átrio do Hilton Beijing Capital Airport, um amplo espaço coberto em mármore, com colunas e painéis de madeira ornamentados em estilo chinês, Steve Hoffman, que começou a visitar a China em 2015, alertou ainda para os riscos políticos de um ‘divórcio’ com a China.

“Quando a interdependência é total, ninguém quer agitar as águas”, descreveu. “As tensões geopolíticas vão sempre existir”, notou. “Mas, se a tua economia depende dos outros, vai existir sempre muita pressão para não exacerbares essas tensões”. João Pimenta / Lusa

A carta da Imperatriz para o Papa no tempo da mudança

Li Zicheng (1606-1645), o rebelde, entrara em Pequim no dia 26 de Abril de 1644, o imperador Chongzhen percebeu que não havia saída, escolheu um árvore numa colina da Cidade proibida e terminou os seus dias e com ele a dinastia Ming (1368-1644). O princípe herdeiro é feito prisioneiro e a 6 de Maio os altos funcionários que fugiram para Nanquim, a capital do Sul, proclamam imperador Zhu Yousong, o Princípe Fu, que entra na cidade a 17 de Maio. Seria o primeiro de três reinos em desespero que, juntos, seriam conhecidos como Nan Ming, os Ming do Sul.

Além de Zhu Yousong, que reinaria durante um ano como Honguang «A grande luz», o Princípe Tang, Zhu Yujian (r.1645-46) e Zhu Youlang, o Princípe Gui (r.1646-62) procuraram recuperar o poder da família reinante durante quase trezentos anos. Desse breve tempo de resistência e inquietação emergiram factos olvidados que fizeram emergir a coragem e a perseverança de indivíduos que caracterizaram a extrema situação de aflição.

Um desses inéditos eventos ocorreu no seio da família de Zhu Youlang (Yongli), quando este estava no seu palácio temporário em Zhaoqing (Guangdong) e, com outros altos funcionários, a sua mãe honorária Wang Huiling (1600-54), a sua mãe, a imperatriz viúva Zhaosheng (1578-1669) e a sua esposa principal Xiaogangkuang (?-1662) se convertem ao Catolicismo, adoptando os nomes respectivos de Helena, Maria e Anna. Também baptizado, o filho do imperador recebeu o auspicioso nome de Constantino, o imperador romano (r.306-37) que triunfou com o símbolo de Cristo.

Em conjunto as senhoras assinaram uma carta dirigida ao papa Inocêncio X pedindo-lhe ajuda no seu combate aos invasores Manchus. A carta, escrita a tinta sobre seda, foi traduzida para latim e levada em mão própria pelo missionário jesuíta polaco Michal Boym (c.1612-1659) que, atravessando incontáveis obstáculos, só graças à pertinácia do portador conseguiu chegar ao destino seis anos depois. Entre os literatos leais aos Ming, face à traumática revolução designada bian, «transformação», a atitude foi firme.

Yang Wencong (1597-1646) de Guiyang (Guizhou) deixou na sua arte marcas dessa firmeza. Pintor e poeta, serviu no reino do Princípe Fu em redor de Nanquim. Num álbum de pinturas de 1644 (tinta sobre papel, 30,2 x 24,8 cm, no Museu de Arte de Indianápolis), notam-se casas vazias no meio da paisagem figurada em pinceladas enérgicas e facundas mostrando a natureza forte e constante como o seu carácter leal.

A mesma lealdade que o jesuíta Boym demonstrou enfrentando proibições e prisões, conseguindo finalmente entregar a carta de Helena Wang ao papa, que entretanto era já Alexandre VII. E embora a resposta fosse pouco mais que a oferta de orações ele trouxe-a e, encontrando tremendas dificuldades, atingiu Guangxi em 1659 mas era demasiado tarde, já tudo mudara.

TSI | Recusada compensação a Asian American

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu que a empresa Asian American não tem direito a ser compensada pela Las Vegas Sands, devido à atribuição de uma licença do jogo em Macau, em 2002.

A decisão foi divulgada na quinta-feira no portal dos tribunais da RAEM, sem que sejam conhecidos os fundamentos.

A empresa detida por Marshall Hao Shi-sheng considera que deve ser compensada em pelo menos 7,5 mil milhões de dólares americanos, por ter contribuído para a entrada da Las Vegas Sands no mercado de Macau, sem que tivesse sido compensada de forma adequada.

A decisão do TSI confirma uma decisão anterior Tribunal Judicial de Base (TJB), tomada em 2022. A Asian American tem agora a opção de recorrer para o Tribunal de Última Instância.

Cartão de crédito | Roubo de dados leva a perda de 2.600 patacas

Uma mulher queixou-se à Polícia Judiciária de ter sido roubada em 2.600 patacas, depois do seu cartão de crédito ter sido utilizado para fazer compras. O caso foi revelado no sábado pela polícia, apesar de ter acontecido na segunda-feira.

De acordo a informação disponibilizada, a mulher estava em casa quando recebeu três mensagens no telemóvel a indicar que o seu cartão tinha sido utilizado para fazer compras no valor de 2.600 patacas.

Assustada com as mensagens, ligou para o banco, que indicou que as transacções tinham sido feitas na moeda japonesa. Dado que a mulher não tinha utilizado o cartão, acabou por apresentar queixa às autoridades. A PJ suspeita que os dados do cartão da mulher foram copiados pelas pessoas que utilizaram este meio de pagamento para realizar as compras.