Missão chinesa leva três cargas de projectos internacionais à Lua

A China anunciou ontem a inclusão de três cargas com componentes científicos com participação internacional na próxima missão lunar Chang’e 6, que será lançada a partir da província insular de Hainão, sul do país, nas próximas semanas.

A missão Chang’e 6, que segue os passos da sua antecessora Chang’e 5, é constituída por quatro componentes: um orbitador, um módulo de aterragem, um módulo de elevação e um módulo de reentrada. O seu objectivo é recolher amostras de poeira e rochas lunares para análise na Terra, algo que até agora só foi conseguido pelos Estados Unidos, pela antiga União Soviética e pela China, mas nunca do lado da Lua não visível a partir da Terra.

Entre as cargas seleccionadas está um instrumento de medição de radão da agência espacial francesa, que estudará o movimento da poeira lunar e certos compostos voláteis, informou a Administração Espacial da China. A segunda é um retro reflector laser passivo do Instituto Nacional de Física Nuclear de Itália, que servirá de telémetro laser para o módulo de aterragem Chang’e 6.

O terceiro instrumento, desenvolvido pelo Instituto Sueco de Física Espacial com o apoio da Agência Espacial Europeia, será o primeiro instrumento dedicado a iões negativos enviado da Terra, procurando detectar iões negativos emitidos da superfície lunar em resultado da interação com o vento solar.

Mais de 20 propostas de agências espaciais e organizações de investigação estrangeiras competiram pela oportunidade de se juntarem à missão Chang’e 6 e aterrarem no lado menos conhecido da Lua, que até agora tem sido objecto de muita especulação por parte dos cientistas.

Fronteira do conhecimento

Citado pelo jornal oficial China Daily Yang Yuguang, vice-presidente do Comité de Transporte Espacial da Federação Astronáutica Internacional, disse ontem que a abertura das naves espaciais de um país a cargas científicas de outras nações se tornou “prática comum” entre as potências espaciais, uma vez que a cooperação internacional pode “maximizar o valor científico” de uma missão.

Está previsto que a Chang’e 6 aterre este ano na Bacia do Polo Sul-Aitken, uma região lunar que há muito intriga os cientistas. Se a missão for bem-sucedida, será a primeira vez que se obtêm amostras da face oculta, o que poderá revelar informações valiosas sobre a história do satélite natural da Terra.

A mais recente sonda lunar chinesa, a Chang’e 5, viajou até à Lua em 2020, de onde recolheu 1731 gramas de amostras de solo.
O programa Chang’e (nome de uma deusa que, segundo a lenda chinesa, vive na Lua) começou com o lançamento da primeira sonda em 2007.

Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente no seu programa espacial e alcançou marcos importantes, como a aterragem bem-sucedida das missões lunares referidas e a construção da sua própria estação espacial.

11 Abr 2024

Espaço | Japão pousa sonda na Lua, mas futuro da nave é incerto

O país do sol nascente é o quinto a conseguir chegar à Lua, mas complicações nos painéis solares da sonda estão a pôr em causa o sucesso total da missão

 

O Japão entrou no passado sábado no pequeno grupo de países que conseguiram pousar as suas naves espaciais na Lua, mas o futuro da sonda SLIM é incerto, devido a problemas identificados nos seus painéis solares. A agência aeroespacial japonesa (Jaxa) confirmou o seu pouso na Lua, mas o aparelho está a apresentar problemas com as suas células solares, que não estão a gerar electricidade.

O CEO da Jaxa, Hitoshi Kuninaka, explicou, em conferência de imprensa, que no estado actual a bateria do aparelho vai durar várias horas. O SLIM (Smart Lander for Investigating Moon) pousou na superfície lunar às 00:20 de sábado no Japão, após uma descida de 20 minutos.

Kuninaka detalhou ainda que os veículos LEV-1 e LEV-2 acoplados ao módulo foram devidamente separados do conjunto durante a descida, e as imagens que capturaram da superfície lunar estavam a ser transmitidas.

O resultado tem um sabor agridoce para o Japão, que já tinha feito diversas tentativas fracassadas de pouso na Lua, e que procura ampliar a sua presença e competitividade no panorama aeroespacial global. Até agora, apenas Estados Unidos, Rússia, China e Índia conseguiram pousar com sucesso no satélite terrestre, embora apenas um país, os Estados Unidos, tenha conseguido levar astronautas à Lua.

Maratona lunática

Durante décadas tornou-se o principal objectivo da corrida espacial entre os Estados Unidos e a então União Soviética. Embora naves de outros países e agências espaciais (Israel, Japão, Emirados Árabes Unidos ou União Europeia) também tenham viajado para lá, estas não pousaram na Lua, quer porque não tinham esse objectivo, ou porque falharam.

Embora a União Soviética tenha sido a primeira a chegar às suas proximidades com uma nave espacial, os primeiros astronautas a pisar na Lua foram os norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Eugene Aldring em 1969, e desde então outros dez, todos da NASA, regressaram ao satélite natural da Terra nas sucessivas missões “Apollo”, que duraram até 1972.

Além disso, os EUA realizaram um total de 17 missões não tripuladas à Lua. Em 16 de Novembro de 2022, regressou com a missão não tripulada Artemis I para testar e medir as capacidades tecnológicas da NASA para retomar a exploração lunar e o posterior envio de astronautas.

Desde que a União Soviética conseguiu orbitar o satélite com a sua sonda Luna-1 em 1959, este país (mais tarde a Rússia) enviou cerca de sessenta missões, algumas destas tripuladas (as do projecto Soyuz) e outras não tripuladas (as dos programas Luna e Zond). As sondas lunares russas chegaram em diversas ocasiões, a última em Janeiro de 1973 com a nave Luna-21, que conseguiu colocar o veículo Lunokhod em solo lunar. Em 1976, a nave Luna-24 encerrou a série de explorações lunares não tripuladas.

Embora no ano passado o Presidente russo Vladimir Putin tenha anunciado a sua intenção de retomar o programa, a sua nave espacial Luna-25 falhou na missão de explorar o Pólo Sul lunar, quando se despenhou na superfície.

A China juntou-se a esta corrida em 2007, quando lançou o “Chang’e I”, em homenagem à deusa chinesa da Lua. A 3 de Março de 2009, e após um ano em órbita lunar, a sua missão terminou ao atingir a superfície lunar. A 14 de Dezembro de 2013, a Chang’e-3 conseguiu um pouso controlado e foi a primeira missão chinesa a chegar à Lua. Em 2019, Chang’e-4 conseguiu pousar no outro lado do satélite.

Essa missão, que foi um marco, também conseguiu fazer brotar pela primeira vez uma semente no satélite terrestre, numa das suas experiências. Em Janeiro de 2020 a China lançou com sucesso o Chang’e-5 com a missão de colectar amostras do lado visível do satélite e regressou à Terra a 17 de Dezembro de 2020 com rocha lunar tornando-se o terceiro país a conseguir isso, depois dos Estados Unidos e Rússia. No ano passado, a Índia foi o quarto país a chegar e o primeiro a fazê-lo ao inexplorado Polo Sul lunar, com o Chandrayaan-3.

22 Jan 2024

Missão chinesa terminará estrutura básica de uma estação lunar em 2028

A missão de exploração lunar da China, Chang’e-8, está planeada para ser lançada por volta de 2028 e juntar-se-á à Chang’e-7 para formar a estrutura básica de uma estação de investigação lunar.

A missão Chang’e-8 tem por objectivo explorar e investigar múltiplos campos físicos lunares, perfis geológicos regionais, observações e investigação da Terra com base na Lua, análise de amostras lunares in situ e utilização de recursos, bem como pequenos ecossistemas terrestres fechados na superfície lunar. A estação de investigação lunar constituirá a estrutura básica de uma estação de investigação lunar, juntamente com a Chang’e-7.

O projecto de exploração lunar da China segue os princípios de “igualdade, benefício mútuo, utilização pacífica e cooperação vantajosa para todos” e está aberto à comunidade internacional. A CNSA dá “as boas-vindas aos países e às organizações internacionais para participarem, envolverem-se na cooperação ao nível da missão, do sistema e da unidade, alcançarem em conjunto novas descobertas científicas significativas e contribuírem para a construção de um futuro partilhado para a humanidade”.

A cooperação internacional para a missão Chang’e-8 dará prioridade a tarefas que envolvam “interacções” entre naves espaciais, exploração conjunta, robôs da superfície lunar com capacidades operacionais básicas, cargas científicas complementares e projectos inovadores de cooperação científica.

O módulo de aterragem da Chang’e-8 oferece 200 quilogramas de recursos de carga útil, com uma massa de módulo independente não superior a 100 quilogramas, que pode ser utilizada para projectos de cooperação a nível de sistema e a nível de unidade. O prazo para a apresentação de cartas de intenção para projectos de cooperação internacional para a missão Chang’e-8 termina a 31 de Dezembro de 2023. A selecção preliminar está programada para ser concluída em Abril de 2024, com a confirmação da selecção final em Setembro do mesmo ano.

Para além da Chang’e-8, o programa de exploração lunar da China inclui a Chang’e-7, cujo lançamento está previsto para 2026, com a missão principal de procurar indícios de água lunar na região do pólo sul lunar, segundo o documento.

A missão lunar Chang’e-6, que tem como objetivo recolher amostras do lado mais afastado da Lua, também está a progredir de acordo com o calendário e o seu lançamento está previsto para 2024.

Esta missão irá explorar o terreno lunar relativamente mais antigo do lado mais afastado da Lua, incluindo a Bacia de Aitken, uma das três maiores bacias da Lua, o que a torna cientificamente valiosa. A área de aterragem preliminar da Chang’e-6 está localizada na região do Pólo Sul lunar – Bacia de Aitken. Para reforçar a cooperação internacional, a Chang’e-6 transportará cargas úteis e projectos de satélites de países e regiões como a França, a Agência Espacial Europeia, a Itália e o Paquistão.

6 Out 2023

Rússia | Sonda Luna-25 despenha-se na Lua

A sonda espacial russa Luna-25 despenhou-se na Lua após a interrupção das comunicações com o engenho no sábado, anunciou ontem a agência espacial russa (Roscosmos).

A sonda, a primeira a ser lançada pela Rússia para a Lua desde 1976, era para alunar na segunda-feira no polo sul, onde haverá grandes quantidades de água gelada, mas não conseguiu entrar na órbita necessária para pousar na zona pretendida.

No sábado, as comunicações foram interrompidas e o aparelho “deixou de existir após uma colisão com a superfície lunar”, indicou ontem a Roscosmos em comunicado, citando dados preliminares de um inquérito ao incidente.

Caso a missão russa tivesse sido bem-sucedida, a sonda Luna-25, lançada a 11 de Agosto, seria o primeiro engenho espacial a alunar no polo sul, região onde os Estados Unidos querem colocar em Dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, ao abrigo do novo programa lunar Artemis.

Apenas os Estados Unidos tiveram astronautas na superfície da Lua, entre 1969 e 1972, todos os homens, no âmbito do programa Apollo.

Para Novembro do próximo ano está previsto o envio para a órbita da Lua de quatro astronautas – três norte-americanos, incluindo uma mulher e um negro, e pela primeira vez um canadiano.

20 Ago 2023

Espaço | Aplicação de 3D em estudo para construir na Lua

A China planeia usar o seu programa de exploração espacial para testar a viabilidade do uso de tecnologia de impressão 3D na construção de edifícios na superfície da Lua, informou ontem a imprensa local.

A sonda Chang’e-8, cuja data de lançamento ainda não foi anunciada, vai ter como missão investigar o ambiente e a composição mineral da Lua, bem como verificar se a impressão 3D pode ser utilizada nestas superfícies, disse o cientista Wu Weiren, da Administração Espacial da China, citado pelo jornal oficial em língua inglesa China Daily.

“Se quisermos estar presentes na Lua a longo prazo, temos que instalar estações com o uso de materiais lunares”, disse o especialista.

Várias universidades chinesas, como a Tongji e a Jiatong, começaram a estudar possíveis aplicações da tecnologia de impressão 3D no satélite natural da Terra. A Chang’e-8 vai ser a terceira sonda a pousar na Luna, na próxima fase do programa de exploração lunar da China. A Chang’e-6 e a Chang’e-7 devem ser lançadas primeiro.

O programa Chang’e (em homenagem a uma deusa que, segundo uma lenda chinesa, vive na Lua) começou com o lançamento de uma primeira sonda em 2007. O país asiático investiu milhares de milhões de dólares no seu programa espacial nas últimas décadas.

A China enviou o seu primeiro astronauta para o espaço em 2003. No início de 2019, aterrou uma nave espacial no outro lado da Lua, uma estreia mundial. Em 2020, trouxe de volta amostras da Lua e finalizou o Beidou, o seu sistema de navegação por satélite, um concorrente do GPS norte-americano. Em 2021, a China aterrou um pequeno robô em Marte e planeia enviar humanos para a Lua até 2030.

24 Abr 2023

Espaço | Cápsula chinesa regressa à Terra com detritos e rochas lunares

Mais de 40 anos após as últimas amostras trazidas da Lua por uma nave da antiga União Soviética, a sonda chinesa regressou ontem a casa com rochas que se estima serem milhares de milhões de anos mais recentes do que as anteriores e que poderão permitir dar importantes passos em frente no conhecimento da Lua e de outros corpos celestes

Uma cápsula lunar enviada pela China regressou ontem à Terra com a primeira recolha de amostras de rocha e detritos da Lua em mais de 40 anos, noticiou a imprensa estatal.
A cápsula da sonda Chang’e-5 pousou cerca das 02:00 no distrito de Siziwang, na região da Mongólia Interior.
A cápsula separou-se do módulo orbital e projectou-se para embater contra a atmosfera da Terra, visando perder velocidade, antes de entrar e flutuar com um paraquedas rumo ao solo.
Dois dos quatro módulos da Chang’e-5 pousaram na Lua, no início de Dezembro, e recolheram cerca de dois quilogramas de amostras, incluindo recolhas à superfície e a dois metros de profundidade na crosta lunar.
As amostras foram depositadas num recipiente lacrado que foi levado por um veículo de volta ao módulo de regresso.
A missão constituiu o mais recente avanço para o programa espacial da China, que prevê uma missão a Marte e planos para construir uma estação espacial.
Em comunicado, lido a partir do Centro de Controlo Aeroespacial de Pequim, o Presidente chinês, Xi Jinping, considerou a missão uma grande conquista e um passo em frente para a indústria espacial da China, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.
Xi disse esperar que os participantes na missão continuem a contribuir para transformar a China numa grande potência espacial, como parte da visão de rejuvenescimento da nação chinesa, acrescentou a agência.
A equipa preparou helicópteros e veículos para identificar os sinais emitidos pela nave lunar e conseguir localizar a cápsula na escuridão que envolve a vasta região coberta de neve no extremo norte da China.

Novas descobertas

Esta foi a primeira vez que cientistas obtiveram amostras de rochas lunares desde uma missão enviada pela antiga União Soviética (URSS), em 1976.
As rochas agora recolhidas deverão ser milhares de milhões de anos mais recentes do que as obtidas anteriormente pelos Estados Unidos e pela ex-URSS, proporcionando novas descobertas sobre a história da Lua e de outros corpos celestes.
As rochas vêm de uma parte da Lua conhecida como Oceanus Procellarum, perto de um local chamado Mons Rumker, que se acredita ter sido vulcânico outrora.
Tal como aconteceu com os 382 quilogramas de amostras lunares trazidas pelos astronautas dos Estados Unidos, entre 1969 e 1972, as rochas serão estudadas e deverão ser partilhadas com outros países.
A idade das amostras vai ajudar a preencher uma lacuna no conhecimento sobre a história da Lua, de entre cerca de mil milhões e três mil milhões de anos, indicou o director do Centro McDonnell para Ciências Espaciais, na Universidade de Washington, Brad Jolliff, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.
As amostras também poderão fornecer pistas sobre a disponibilidade de recursos economicamente úteis na Lua, como hidrogénio concentrado e oxigénio, disse Jolliff.
“Tiro o chapéu aos nossos colegas chineses por realizarem uma missão muito difícil. Os avanços científicos que resultarão da análise das amostras devolvidas vão ser um legado que durará por muitos e muitos anos e, espero, envolverá a comunidade internacional de cientistas”, acrescentou.

19 Dez 2020

Às vezes, a Lua

Horta Seca, Lisboa, 24 Setembro

 

[dropcap]Q[/dropcap]ue raio aconteceu? Uns fiscais da ASAE entraram pela Biblioteca dos Olivais, que ainda abriga os restos mortais da Bedeteca de Lisboa, para confiscar «As Gémeas Marotas», paródia à celebérrima Miffy, de Dick Bruna. A sinistra figura, Gonçalo Portocarrero de Almada, vangloria-se no facebook de ser o denunciante de tão infame crime à editora original, a holandesa Mercis, que reagiu com veemência: «foram ultrapassados os limites aceitáveis para uma paródia e ficaram preocupados com a possibilidade desse livro cair nas mãos de crianças, uma vez que estas o podem considerar um original de Dick Bruna, por não conseguirem discernir entre uma paródia e um original.» Atalhando, conseguiram a colaboração das autoridades portuguesas para começar investigação que teve aqui o seu momento mais visível, com a entrada em espaço público, lugar supostamente protegido de preservação da memória, toda a memória, para retirar o livrinho das mãos das pobres crianças. E com requintes ridículos, pois, ao que parece, os agentes de autoridade foram de luvas e grande aparato de segurança, como se se tratasse de ameaça sanitária ou securitária. Terão expurgado também a Biblioteca Nacional? E a sanha vai continuar pelo país todo? Imaginemos que um qualquer imã se sente ofendido com o «Genesis», de Robert Crumb, e pede às autoridades para tratar de os recolher das bibliotecas. Poderá tal acontecer perante a nossa indiferença? Os argumentos que justificam a censura são os mesmos há séculos e séculos: a protecção dos pobres inocentes contra o vício e a violência. Vale a pena ler alguns dos inúmeros relatórios dos censores que nos querem protegem para perceber por onde anda o vício, a violência e a estupidez. A obra em questão, como tantas vezes acontece, não justifica que se ergam bandeiras ao seu redor, mas se a paródia basta para justificar este acto infame, então há que reagir. E preparamo-nos para o pior. As bibliotecas sempre se ergueram belos castelos contra a insanidade. E sempre contiveram infernos.

Horta Seca, Lisboa, 25 Setembro

Coincidindo com a edição francesa, nas Editions Chandeigne, de «Les Eaux de Joana», com fortuna crítica assinalável, chega-nos a segunda edição de «O da Joana», do Valério [Romão]. Continua, para mim, o mais violento da trilogia, com um extraordinário arranque, o primeiro de muitos fôlegos a serem-nos retirados ao longo da leitura. Acompanhar pela mão um livro faz-se disto, de constatar que a sua vida pode ser mais lenta que a de outros, que não funcionará a contaminação entusiasta, mas um lento semear de leituras que se desmultiplicam, que se partilham, por vezes também de silêncios. Foi sendo testemunha de reacções curiosas, de psiquiatras e analistas, entusiasmados com o retrato de um sem número de actos médicos e da profundidade psicológica das personagens, ou de leitoras pesarosas a oferecerem o pequeno volume por junto com um sem número de avisos à navegação, de cautelas carinhosas. Aliás, também entre nós a crítica foi generosa, ainda que lançando avisos às mulheres, logo eleitas como óbvias destinatárias. Esquecendo quase sempre o mais notável, o tour de force que acaba por ser um homem-escritor meter-se na pele de uma mulher. E de uma mulher a perder-se no labirinto do feminino.

Horta Seca, Lisboa, 26 Setembro

Como interpretar este enorme pedregulho que nos atiraram à vidraça e que só a portada de madeira, embora ferida, evitou que entrasse galeria adentro. O estrondo despertou a vizinhança, mas nada aconteceu, nem identificação do magro meliante, nem travão ao gesto. Não terá, estou certo, significado por aí além. Na rua seca, de tão calma, o velho compincha absurdo passou e abusou.

Horta Seca, Lisboa, 28 Setembro

Em gesto raro por tão madrugador, o Jorge [Silva], companheiro de tantas aventuras, será homenageado este ano, no âmbito da Bienal de Ilustração de Guimarães. Calhou-me em sorte mais um texto sobre o seu trabalho, que me interpela e desafia há muito. Este sabor a avaliação de uma vida, do qual tentei fugir, complicou-me os ritmos e, por pouco, não atrasávamos o catálogo além de todos os limites. Partilhamos uma relação estranha com prazos, afinal. (Algures na página, temos uma velha ilustração sua para artigo no jornal «Combate»). São sete as vidas que em exposição, de colecionador a ilustrador, de designer a director de arte, mas surpreendeu-me o óbvio: pertence-lhe o desenho da minha cidade.

«Para afiançar da sua importância no esculpir do perfil da capital nas décadas que a fizeram, com vantagens e desvantagens, atravessar séculos de modo a regressar à luz e ao lugar no tempo que lhe pertenciam, podia aduzir outros casos de fauna e flora, mas chegam-me estas duas publicações, uma campanha e o supremo símbolo. A Lx Metrópole foi revista de grande formato, suscitada pelo Parque das Nações, e dirigida por José Sarmento Matos, e que revelou a urbe de modo único, desafiador, com ideias a estoirar a cada página, gigantesca atenção ao detalhe, viagens certeiras ao passado. Lisboa nunca se tinha visto assim ao espelho. E o espelho era uma página definida com lâminas. A campanha criada a pretexto dos 100 anos do Museu da Cidade (2010), alguns anos mais tarde, aconteceu com extrema fulgurância, com dezenas de grandes cartazes a assinalar carismáticos lugares da cidade. «Lisboa tem histórias» incluía dinâmico retrato, assinado por João Fazenda, e a apresentação da personagem histórica que, ao longo dos séculos, havia erguido a cidade, por função ou apenas sendo. Um conceito simples fazia da cidade museu vivo. Entretanto, já a Agenda Cultural, com edição mensal, dizia em voz alta que o lugar fervilhava.

A pequena e longeva publicação não se limitava à listagem do sem-número de eventos que tatuavam a pele da cidade. Cada vez mais se fez revista, produzindo matéria, alinhando temas, promovendo olhares, apresentando os agentes da mudança ou da constância. A arrumação pode ser dinâmica e será sempre uma interpretação do mundo. E o ponto final teria de ser a sardinha.

«Bicho mudo e quedo», assim a chamou Silva, empurrou o santo e o menino, destronou a esquecida alface, e tornou-se em meia dúzia de anos o signo universal de Lisboa. A pretexto das Festas da Cidade, começou por deitar-se em scanner na vez de assador, em versão quase abstracta, de cores básicas e berrantes, para depois passar pela mão de ilustradores de renome, sempre obedecendo a uma ideia, até acabar em concurso aberto a quem queira nela inscrever uma marca. O resultado foi de tal ordem que a colecção das sardinhas revela o mais notável vocabulário alguma vez feito sobre uma cidade. A forma, que brilha por si, soube conter milhares de visões e experiências. Formas universais, capazes de transportar conceitos e produzir pela imagem sensações, pensamentos: a que mais deve aspirar um criador que usa as mãos?»

Horta Seca, Lisboa, 2 Outubro

Não páro de folhear, de me envolver, no convite para a festa da maioridade do Lux. O [Pedro] Fradique desafiou o André da Loba a conversar com Bruno Munari e o resultado vibra nesta peça única e delirante, celebração da cor e da dança, do encontro e da festa. Ambos acharam que as palavras acrescentariam e fui atrás. Nada me poderia dar mais gozo, puro gozo. Por milhentas razões. «Cada um desembaraça seus nós, faz do chapéu navio, para o mais longe do possível.

Desfaz-te do cais comigo, troca de corpo e faz de antena, raízes na madrugada abrindo a cada gesto teu, copa depositada pelos olhos no colo do céu. Leva-me a casa. A saída descobre-se pelo sorriso, maneira de tocar o rio. Às vezes, a Lua.”

9 Out 2019

Missão chinesa faz brotar semente de algodão na Lua

[dropcap]A[/dropcap] missão espacial chinesa conseguiu fazer brotar uma semente de algodão na lua, informou ontem a imprensa estatal, num feito inédito, alcançado pelo Chang’e 4, a primeira sonda a aterrar do lado oculto da Lua.

Segundo uma equipa de cientistas da Universidade de Chongqing, sudoeste da China, trata-se da primeira “mini experiência” na biosfera realizada com sucesso por um satélite.

A sonda Chang’e 4, que é o nome da deusa chinesa da Lua, pousou na Lua, em 3 de Janeiro, e levou sementes de algodão, colza, batata, ovos de mosca da fruta e algumas leveduras, visando criar uma “mini biosfera simples”, segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

As imagens enviadas pelo Chang’e 4 mostram uma semente de algodão a brotar. Não é um feito simples: as temperaturas na superfície lunar podem exceder os 100 graus Celsius, durante o dia, e 100 negativos, durante a noite, para além de maior radiação solar e uma gravidade menor do que na terra.

Citado pelo jornal South China Morning Post, o cientista chinês Xie Gengxin, encarregue pela experiência, afirmou que a sua equipa desenhou um recipiente capaz de manter a temperatura entre 1 e 30 graus, permitindo a entrada de luz natural, água e nutrientes.

O fabrico do referido dispositivo, um cilindro de alumínio com 18 cm de altura e 16 de diâmetro, e que pesa 3 quilos, custou mais de 10 milhões de yuan.

As primeiras plantas a germinar no espaço foram flores zínias, na Estação Espacial Internacional, em 2016.
A China anunciou na terça-feira a sua intenção de continuar a expandir o seu programa de exploração do espaço, com o objectivo de colectar amostras na Lua, durante este ano, e em Marte, em 2020.

16 Jan 2019

China torna-se primeiro país a pousar no lado ‘oculto’ da Lua

A China fez ontem história ao transformar-se no primeiro país a fazer aterrar uma sonda no lado oculto da Lua, assim chamado porque não se vê a partir da Terra, devido ao movimento de rotação. Um grande passo para a Humanidade e para as ambições espaciais de Pequim

 

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Chang’e 4” a protagonista do feito histórico que elevou a China a um novo patamar, quando aterrou no lado mais afastado da Lua, dando novo fulgor aos ambiciosos planos espaciais de Pequim. A sonda, baptizada com o nome da deusa da lua na mitologia chinesa, pousou, na manhã de ontem, no satélite natural da Terra.

Lançada a partir do Centro Especial de Xichang, na província de Sichuan, a 8 de Dezembro, a sonda, que entrou na orbita lunar quatro dias depois, alunou, de forma “suave e precisa”, em Von Kármán, uma zona de planície de 177 quilómetros de diâmetro que assenta sobre uma ampla bacia perto do pólo sul da Lua. O engenho transporta um robô, de 136 quilogramas, ao qual caberá a tarefa de percorrer a cratera.

A Administração Nacional Espacial da China (CNSA, na sigla inglês) fez o engenho aterrar na inexplorada bacia de Aitken, a maior, mais antiga e mais profunda cratera da superfície da Lua. O sucesso da missão gerou, no entanto, uma certa confusão inicial, depois de os ‘media’ estatais como o jornal China Daily e a CGTN terem apagado ‘tweets’ a celebrar a missão, de acordo com a imprensa estrangeira.

A confirmação oficial chegara através da CCTV, duas horas depois, que deu conta de que o engenho tinha tocado terra pelas 10h26, bem como pelo Global Times, jornal em língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês, que destacou que a sonda tinha “efectuado, com sucesso, o seu primeiro pouso suave” no lado oculto da Lua, falando num “marco” para a exploração espacial. Uma imagem enviada através do Twitter pela versão em inglês da CCTV exibiu, pouco depois, o primeiro ‘close-up’ da distante superfície lunar.

Objectivo

A sonda deve conduzir uma série de tarefas, incluindo captar sinais rádio de baixa frequência, normalmente bloqueados pela atmosfera terrestre, testar o crescimento de plantas no ambiente de baixa gravidade e explorar a existência de água e de outros recursos nos pólos, bem como tirar medições detalhadas do terreno e da composição mineral da Lua. Acredita-se que a base Aitken terá sido formada durante uma gigantesca colisão no início da história da Lua que muito provavelmente provocou o lançamento de matéria do seu interior, pelo que “Chang’e 4” pode vir a facultar novas pistas sobre como foi formado o satélite natural. A missão “abriu um novo capítulo na exploração da Lua pelo Homem”, escreveu a agência espacial chinesa no seu portal.

As comunicações entre a sonda e a Terra são possíveis graças a um satélite, denominado de “Queqiao”, posto em órbita em Maio e que funciona como um transmissor “espelho” de informações.

Mais do que uma missão científica

A alunagem foi considerada “um grande êxito” da China, por Malcom Davis, analista sénior em defesa do Instituto de Política Estratégica Australiano. “Há muita geopolítica e astropolítica relativamente a isto, não se trata apenas de uma missão científica. Isto tem tudo a ver com a ascensão da China como superpotência”, afirmou, citado pelo Guardian. “Há muito entusiasmo em torno do programa espacial e muito nacionalismo na China, pelo que vêem o papel da China no Espaço como parte fundamental da sua ascensão”, sustentou ao mesmo jornal.

Para Malcom Davis, o feito pode “provocar os americanos”, que podem não ficar agradados com a ideia de que a próxima pessoa a pisar a Lua seja um ‘taikonauta’, como são oficialmente designados os astronautas chineses. “Imagino que venhamos a assistir ao anúncio dos chineses da intenção de enviar ‘taikonautas’ para a Lua em 2030”, complementou o especialista.

Os americanos já saudaram os chineses pela conquista, com o administrador da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), Jim Brindestine, a deixar uma mensagem no Twitter. “Parabéns à equipa da Chang’e-4, da China, pelo que aparenta ser uma aterragem bem-sucedida no lado extremo da Lua. Esta é uma estreia para a humanidade e um feito impressionante!”, escreveu. Já um porta-voz da Agência Espacial Australiana declinou comentar a missão, limitando-se apenas a congratular a China pelo sucesso e a desejar-lhe o melhor.

Apesar de, em 2013, a China ter conseguido o feito de fazer aterrar uma sonda espacial na lua pela primeira vez – numa proeza apenas realizada até então pela antiga União Soviética e pelos Estados Unidos –, a nova missão da agência espacial chinesa foi a primeira a enviar uma sonda e um veículo robotizado para o chamado lado ‘oculto’ da lua, o hemisfério lunar que não pode ser visualizado a partir da Terra.

“Esta missão espacial mostra que a China alcançou o nível avançado de classe mundial na exploração do Espaço profundo”, afirmou Zhu Menghua, professor na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), que tem trabalhado de perto com a agência espacial chinesa. “Nós, chineses, fizemos algo que os americanos não se atreveram a tentar”, enfatizou, citado pelo New York Times.

De facto, naves espaciais recolheram imagens do lado oculto da Lua há décadas, mas nunca nenhum engenho lá havia pousado, apesar de pelo menos uma tentativa falhada, pelo que este avanço marca mais um passo na sua ambição de se transformar numa potência líder na exploração espacial ao lado dos Estados Unidos e da Rússia.

“Trata-se de um grande feito tanto técnico como simbólico”, observou, por seu turno, Namrata Goswami, um analista independente que escreve sobre Espaço para o Departamento de Defesa do Instituto de Investigação Minerva, em declarações reproduzidas pelo NYT. “A China vê a aterragem como apenas um ponto de partida, já que também vê a sua futura missão lunar tripulada, dado que o seu objectivo a longo prazo passa por colonizar a Lua e usar a sua vasta fonte de recursos energéticos”, apontou. Para o especialista, no futuro, o lugar em causa pode tornar-se mesmo uma base para reabastecimento para missões de exploração do Espaço mais profundas.

“A China está ansiosa por entrar nos livros de recordes com as suas conquistas espaciais”, afirmou Joan Johnson-Freese, especialista no programa espacial chinês. “As probabilidades de a próxima voz de uma transmissão da Lua falar em mandarim são elevadas”, sublinhou a professora na US Naval War College, citada pela CNN.

Ambições variadas

As ambições extraterrestres da China são motivadas por múltiplos factores, incluindo o desejo de domínio militar do Espaço, defendeu Malcom Davis. Outras motivações têm que ver com o acesso à vasta riqueza de recursos oferecida pela Lua e pelos asteróides, em particular Helium-3, que se acredita que exista em abundância na Lua, apontou. “A China tem sido muito clara no seu entendimento relativamente a isto. Eles têm comparado a Lua ao Mar do Sul da China e a Taiwan e os asteróides ao Mar da China Oriental. Eles estão a fazer uma comparação geopolítica muito evidente com o que se está a passar no Espaço e precisamos de prestar atenção a isso”, sustentou.

Em 2020, a China planeia enviar a sonda Chang’e 5, com o objectivo final de regressar à Terra com amostras de matéria recolhida na Lua. A verificar-se será a primeira missão deste género desde 1976.
Até agora, o país realizou também cinco missões tripuladas, a primeira em 2003 e a mais recente em 2013, enviando para o espaço dez astronautas (oito homens e duas mulheres).

A primeira tentativa da China de entrar na corrida espacial foi no final dos anos 1950, como resposta ao lançamento do Sputnik 1 – o primeiro satélite em órbita – pela União Soviética.

Mao Zedong ordenou então a construção e envio do primeiro satélite chinês, antes de 1 de Outubro de 1959, por altura do 10.º aniversário da fundação da República Popular. A iniciativa acabou por falhar devido à inexperiência do país em tecnologia aeroespacial. No entanto, em Abril de 1970, em plena Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao, a China concluiu com êxito o lançamento do seu primeiro satélite para o espaço, o “Dong Fang Hong” (“O Leste é Vermelho”).

3 Jan 2019

China lança nave espacial para aterrar no lado oculto da Lua

[dropcap]A[/dropcap]China lançou ontem uma nave espacial para aterrar no lado menos explorado da Lua e leva consigo, entre outras coisas, sementes de batata para plantar.

De acordo com a Administração Espacial Nacional da China, a missão Chang’e 4 realizará observação astronómica de rádio de baixa frequência, análise de relevo, detecção de composição mineral e da estrutura superficial da lua e medição de radiação de neutrões e de átomos neutros.

Com a sua missão Chang’e 4, a China espera ser o primeiro país a realizar uma aterragem com sucesso do lado oculto da Lua.

A bordo da nave espacial estão também ovos de bicho-da-seda com o objectivo de estudar a sua evolução, que será gravada para ser controlada a partir da Terra.

Pequim demonstra, desta forma, a sua crescente ambição espacial, para concorrer com a Rússia, a União Europeia e os Estados Unidos.

Se for bem-sucedida, a missão a bordo de um foguete Longa Marcha 3B impulsionará o programa espacial chinês para uma posição de liderança numa das áreas mais importantes da exploração lunar.

9 Dez 2018

China vai lançar lua artificial para iluminar a Terra

[dropcap]A[/dropcap] China vai lançar no espaço até 2020 uma “lua artificial”, que reflectirá na Terra a luz do sol durante a noite e permitirá economizar iluminação, anunciou sexta-feira um meio de comunicação do Estado.

Este satélite, equipado com uma película reflectora terá como missão iluminar a grande cidade de Chengdu (sudoeste) e deverá ser oito vez mais luminoso do que o astro lunar, noticiou o jornal China Daily.

Um primeiro exemplar deverá ser enviado para o espaço, seguido, em caso de sucesso, de três outros em 2022, explicou ao diário Wu Chunfeng, chefe da Tian Fu New Area Science Society, organismo responsável pelo projecto.

“A primeira lua será sobretudo experimental, mas as três a enviar em 2022 constituirão o produto final. Terão um grande potencial em termos de serviços à população e do ponto de vista comercial”, acrescentou.

Ao reenviar para a Terra a luz do sol, o satélite, que subirá a 500 quilómetros de altitude, deverá substituir parcialmente as lâmpadas. Poderá também fazer poupar cerca de 1,2 mil milhões de yuan em eletricidade na cidade de Chengdu se conseguir iluminar uma superfície de 50 quilómetros quadrados.

A fonte de iluminação artificial poderá igualmente ser usada após catástrofes naturais, enviando os raios solares para as zonas terrestres onde a iluminação eléctrica tenha sido cortada, sublinhou Chunfeng.

22 Out 2018

Espaço | Apresentado veículo que vai explorar o lado oculto da Lua

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]agência espacial chinesa revelou imagens do veículo de exploração com que espera chegar ao lado oculto da Lua, no final deste ano, no que seria um feito inédito, informou ontem a imprensa oficial. O veículo, que ainda não foi baptizado, viajará em Dezembro a bordo da nave não tripulada Chang E 4, e deverá alunar na bacia Aitken, e a partir dali percorrer o lado não visível da Lua. O veículo é semelhante ao Yutu, o primeiro explorador lunar chinês, lançado em 2013, e que continua a percorrer o lado visível da Lua. Em conferência de imprensa, Wu Weiren, chefe do programa chinês de exploração lunar, explicou que o novo veículo se distingue do Yutu pela sua maior adaptabilidade a terrenos difíceis. E destacou que, com 140 quilos, é o “mais leve” de sempre. De forma rectangular, o explorador tem seis rodas, dois painéis solares, um radar e várias câmaras, visando explorar o lado oculto da Lua.

17 Ago 2018