Espaço | Cápsula chinesa regressa à Terra com detritos e rochas lunares

Mais de 40 anos após as últimas amostras trazidas da Lua por uma nave da antiga União Soviética, a sonda chinesa regressou ontem a casa com rochas que se estima serem milhares de milhões de anos mais recentes do que as anteriores e que poderão permitir dar importantes passos em frente no conhecimento da Lua e de outros corpos celestes

Uma cápsula lunar enviada pela China regressou ontem à Terra com a primeira recolha de amostras de rocha e detritos da Lua em mais de 40 anos, noticiou a imprensa estatal.
A cápsula da sonda Chang’e-5 pousou cerca das 02:00 no distrito de Siziwang, na região da Mongólia Interior.
A cápsula separou-se do módulo orbital e projectou-se para embater contra a atmosfera da Terra, visando perder velocidade, antes de entrar e flutuar com um paraquedas rumo ao solo.
Dois dos quatro módulos da Chang’e-5 pousaram na Lua, no início de Dezembro, e recolheram cerca de dois quilogramas de amostras, incluindo recolhas à superfície e a dois metros de profundidade na crosta lunar.
As amostras foram depositadas num recipiente lacrado que foi levado por um veículo de volta ao módulo de regresso.
A missão constituiu o mais recente avanço para o programa espacial da China, que prevê uma missão a Marte e planos para construir uma estação espacial.
Em comunicado, lido a partir do Centro de Controlo Aeroespacial de Pequim, o Presidente chinês, Xi Jinping, considerou a missão uma grande conquista e um passo em frente para a indústria espacial da China, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.
Xi disse esperar que os participantes na missão continuem a contribuir para transformar a China numa grande potência espacial, como parte da visão de rejuvenescimento da nação chinesa, acrescentou a agência.
A equipa preparou helicópteros e veículos para identificar os sinais emitidos pela nave lunar e conseguir localizar a cápsula na escuridão que envolve a vasta região coberta de neve no extremo norte da China.

Novas descobertas

Esta foi a primeira vez que cientistas obtiveram amostras de rochas lunares desde uma missão enviada pela antiga União Soviética (URSS), em 1976.
As rochas agora recolhidas deverão ser milhares de milhões de anos mais recentes do que as obtidas anteriormente pelos Estados Unidos e pela ex-URSS, proporcionando novas descobertas sobre a história da Lua e de outros corpos celestes.
As rochas vêm de uma parte da Lua conhecida como Oceanus Procellarum, perto de um local chamado Mons Rumker, que se acredita ter sido vulcânico outrora.
Tal como aconteceu com os 382 quilogramas de amostras lunares trazidas pelos astronautas dos Estados Unidos, entre 1969 e 1972, as rochas serão estudadas e deverão ser partilhadas com outros países.
A idade das amostras vai ajudar a preencher uma lacuna no conhecimento sobre a história da Lua, de entre cerca de mil milhões e três mil milhões de anos, indicou o director do Centro McDonnell para Ciências Espaciais, na Universidade de Washington, Brad Jolliff, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.
As amostras também poderão fornecer pistas sobre a disponibilidade de recursos economicamente úteis na Lua, como hidrogénio concentrado e oxigénio, disse Jolliff.
“Tiro o chapéu aos nossos colegas chineses por realizarem uma missão muito difícil. Os avanços científicos que resultarão da análise das amostras devolvidas vão ser um legado que durará por muitos e muitos anos e, espero, envolverá a comunidade internacional de cientistas”, acrescentou.

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