GP Macau | Vencedor não sabe o que vai fazer a seguir

Andy Chang Wing Chung tornou-se o terceiro piloto de Macau, depois de André Couto e Charles Leong Hon Chio, a vencer a corrida principal do Grande Prémio de Macau. Apesar do êxito na prova que se realizou pelo terceiro ano consecutivo com monolugares de Fórmula 4, o piloto de 26 anos não sabe o que vai fazer a seguir na sua carreira desportiva

 

A vitória na prova rainha do Grande Prémio foi durante décadas um trampolim para uma carreira internacional de sucesso, mas as últimas três edições, realizadas sob as condicionantes da pandemia, não tiveram o mesmo impacto, e dificilmente terão os mesmos reflexos nas carreiras dos intervenientes como as anteriores. Se Charles Leong conseguiu “dar o salto” para as corridas de GT após o seu segundo triunfo no Circuito da Guia, Andy Chang ainda não sabe o que irá fazer a seguir.

“Ainda não tenho qualquer plano”, revelou Andy Chang ao HM, pois neste momento “estou concentrado nas minhas actividades profissionais”, acrescentou o piloto que antes do fim de semana da sua vitória reconhecia que “é bastante difícil entrar na categoria GT porque o orçamento é muito superior ao dos carros F4. Contudo, ainda estou a tentar encontrar uma oportunidade de experimentar um carro de GT”.

O piloto do território que deu os primeiros passos no automobilismo com apenas cinco anos, não esconde que gostaria ficar ligado ao desporto no dia em que poise definitivamente o capacete, e já começou a preparar terreno. “Planeio treinar alguns jovens pilotos no karting”, revelou o ex-piloto da equipa oficial TonyKart, “mas também espero treinar pilotos nos fórmulas”.

Chaves da vitória

Depois de ter conquistado o Campeonato da China de Fórmula 4 em 2021, Andy Chang não teve oportunidade de realizar qualquer corrida em 2022, o que não o impediu de triunfar no Grande Prémio de Macau de Fórmula 4. O piloto do território bateu os compatriotas Charles Leong Hon Chio de Macau e Gerrard Xie de Hong Kong, numa animada corrida que encerrou a 69.ª edição do maior evento desportivo de carácter anual da RAEM

Uma combinação de factores foram a chave do sucesso numa prova que podia ter acabado muito mal, quando na Corrida 1, no sábado, o piloto que fez a “pole-position” nas duas sessões de qualificação teve um mau arranque e saiu em frente na escapatória da travagem para a Curva Lisboa. Felizmente, este episódio não teve consequências de maior e uma recuperação notável levou-o ao terceiro lugar. No domingo, Chang impôs-se aos seus adversários com uma corrida isenta de erros.

“Embora tenha sido a minha primeira corrida do ano, estava familiarizado com o carro e tinha muita quilometragem na pista. Esta era a minha vantagem. Também fiz alguns treinos em Zhuhai. O carro era excelente e competitivo e a equipa trabalhou arduamente nele”, concluiu Andy Chang, que espera que esta não tenha sido a sua última corrida.

4 Jan 2023

GP Macau | Vencedor da Corrida da Guia pensa noutros voos

No ano em que a Corrida da Guia celebrava o seu quinquagésimo aniversário, Filipe Souza soube tirar proveito das circunstâncias e “quebrou um enguiço” dos pilotos de Macau, tornando-se o primeiro piloto do território a vencer a mais tradicional e emblemática corrida de carros de Turismo do sudeste asiático em 2022

 

Para o piloto macaense, que conta com mais de duas dezenas de participações no Grande Prémio de Macau, este era um objectivo há muito ambicionado, mas acabou por ter um sabor especial, até porque foi conquistado num ano particularmente complicado para o estagnado automobilismo da RAEM e ao volante de um carro que mal conhecia.

“A vitória na Corrida da Guia teve um significado muito especial para mim”, recordou Filipe Souza ao HM. “Foi muito importante, pois este é o meu terreno. Também acho que tem um significado muito especial para os pilotos e residentes de Macau, pois pela primeira vez um piloto de Macau conseguiu ganhar esta corrida.”

Depois de ter vencido a corrida de sábado no programa da 69.ª edição do Grande Prémio, para a qual arrancou mal mas soube como tirar partido dos erros dos seus principais adversários, Filipe Souza manteve-se sempre na frente no decisivo embate no domingo, aguentando a pressão dos rápidos pilotos de pelos pilotos de Hong Kong Lo Sze Ho (Hyundai i30 N TCR) e Andy Yan (Honda FK7 TCR). Para além de ter ganho a Corrida da Guia, Filipe Souza conquistou também a primeira edição do TCR Asia Challenge.

Novo carro cumpriu

Para esta corrida, o piloto do território tripulou a mais recente versão do Audi RS 3 LMS TCR, um carro que só foi entregue ao piloto a meio do ano, em pleno pico da pandemia e das restrições em Macau. Antes do Grande Prémio, Filipe Souza teve só um pequeno contacto com a sua nova máquina num evento provido pela associação automóvel local em Zhaoqing. Contudo, o pouco conhecimento do Audi não desmoralizou o piloto lusófono que sabia que era possível vencer.

“Parti para este Grande Prémio com muita confiança em mim próprio e também no meu novo carro. A experiência que ganhei nos dois últimos anos nesta corrida faziam me acreditar que era possível ganhar a Corrida da Guia desta vez”, explica Filipe Souza, que, no entanto, reconheceu que “não foi nada fácil”. Isto, porque “o novo carro é muito mais sensível comparando com o anterior”, no entanto o piloto relembra que “foi possível adaptar-me e encontrar uma boa afinação”, até porque o carro que foi eleito TCR Model of Year 2022 “é muito forte, mas para andar no limite é preciso testar muito mais do que eu testei.”

Outros voos

Depois de ter conquistado o seu grande objectivo nas corridas de Turismo, Filipe Souza está novamente a avaliar a possibilidade de transitar de classe e correr em carros de Grande Turismo (GT). A categoria GT4, que está em pleno crescimento neste ponto do globo, interessa ao piloto.

“Neste momento já estou a planear outras possibilidades para continuar. Estou a pensar na categoria de GT4, mas ainda estou a ver qual a marca é mais conveniente e a avaliar quais são os carros mais fortes ou competitivos”, revela Filipe Souza.

A esperada reabertura das fronteiras de Macau aguça o apetite do piloto de 46 anos para regressar a outros voos. Apesar de ainda ser cedo para definir a temporada de 2023, “estou a considerar fazer algumas provas internacionais, não só na Ásia, também gostaria de fazer algumas corridas na Europa”.

30 Dez 2022

GP Macau | Jovem americano chega à F1 mas quer voltar à Guia

Logan Sargeant é a mais recente esperança dos Estados Unidos da América na Fórmula 1. O piloto de 21 anos, que assinou contrato com a Williams para a próxima temporada, afirma que a sua corrida favorita foi o Grande Prémio de Macau de 2019 e por isso quer cá voltar.

O norte-americano, que fazia parte da academia de jovens pilotos da Williams, foi obrigado a completar a temporada de Fórmula 2 e esperar para ser anunciado oficialmente como piloto de F1 para a próxima temporada. O quarto posto na classificação de pilotos garantiu-lhe a ultrapassagem do último obstáculo – pontos para a superlicença – na sua caminhada para a F1, caminhada essa que ficou marcada pela passagem pelo Circuito da Guia.

“A corrida mais memorável da minha carreira foi em Macau em 2019. Penso que quando vais para lá, como piloto, não sabes muito bem o que te espera. Tinha feito muito trabalho de simulador, mas é muito difícil simular exactamente como quando se vai tão depressa entre aqueles muros”, recordou ao site oficial da Fórmula 2 o jovem Sargeant, o primeiro piloto norte-americano na F1 desde Alexander Rossi, em 2015, ele que vai substituir Nicholas Latifi e correr ao lado do tailandês Alex Albon.

Tal como a grande maioria dos pilotos estrangeiros que passam por Macau, Sargeant não esquece a vibrante atmosfera do evento como também recorda o desafio colocado por este circuito urbano nascido de uma conversa de café de um grupo de amigos portugueses, no Hotel Riviera em 1954.

Resultado inesperado

Sargeant correu em Macau no ano em que os monolugares do Campeonato FIA de Fórmula 3 fizeram até agora a sua única aparição na RAEM. O piloto da Flórida era nesse ano um dos jovens promissores da competição que habitualmente segue a F1 nos fins-de-semana europeus.

“O óptimo daquele fim-de-semana [em Macau] foi que não foi como um típico fim-de-semana de Grande Prémio de Fórmula 1, tivemos um pouco mais de tempo nos treinos para realmente encontrarmos os nossos pés nos chão. Eu só usei a primeira sessão de treinos para compreender a pista e para entrar num bom ritmo e na rotina. A segunda sessão de treinos foi quando comecei realmente a puxar e a encontrar o limite absoluto. Foi um pouco mais fácil do que o esperado no início”, confessou o então piloto da Carlin Buzz Racing.

“Honestamente, é um daqueles fins-de-semana em que nunca se sabe o que vai acontecer. É um circuito citadino e é sempre difícil, um erro e estás na parede. Por isso, tenta-se não colocar demasiadas expectativas”, relembra o piloto que usará o nº2 na sua temporada de estreia na F1. “Penso que, em última análise, durante todo o fim-de-semana, vimos que tínhamos um ritmo muito bom e o objectivo tornou-se entrar nos cinco primeiros, um pódio foi um bónus.”

Vontade de voltar

Nesse ano, quando chegou a Macau, Sargeant já sabia que em 2020 iria envergar as cores da super-competitiva Prema Racing, mas não era sequer um favorito, tendo terminado a sua primeira temporada de F3 num modesto 19.º lugar.

“Lembro-me que a Qualificação não me correu de feição, mas nas corridas tivemos um ritmo muito bom e fomos capazes de continuar a subir lugares. Conseguimos terminar em terceiro lugar na corrida final. Foi um grande fim-de-semana depois do que foi um 2019 difícil. Foi um fim-de-semana fantástico e que sempre quis lá voltar e fazer novamente a corrida. Infelizmente, com a COVID, ainda não o conseguimos”, realçou Sargeant que fez mais duas temporadas na F3 antes de dar o salto para a F2, dois anos em que a disciplina esteve arredada do Grande Prémio de Macau.

“Olhando para trás, se tivéssemos tido uma Qualificação ligeiramente melhor do que a que tivemos, possivelmente poderíamos ter lutado pela vitória. Isso foi uma pena, mas é uma grande parte da razão pela qual quero regressar e terminar o trabalho…”

São raros os casos de pilotos que passaram pela F1 e um dia regressaram ao Circuito da Guia para conduzirem monolugares. Todavia, são vários os casos de pilotos que se estrearam em Macau ao volante de monolugares, progrediram até à F1 e cá regressaram para conduzirem nas corridas de Turismos e GT. O português Tiago Monteiro é um desses exemplos de sucesso.

21 Dez 2022

GT4 | Classe está a ganhar espaço nas corridas locais

Num mundo em transformação, há uma tendência a que se está a assistir no automobilismo local que passa pela aposta na compra e participação nas corridas com carros da categoria GT4, a mais baixa das categorias de Grande Turismo (GT).

Durante décadas, as categorias de carros de Turismo ocuparam todo o espectro das corridas destinadas aos pilotos amadores. Contudo, com o desenvolvimento da tecnologia, e o afastamento gradual entre um carro do dia-a-dia e um carro de corrida, as viaturas das categorias GT, um dia proibitivas em termos de custos e tecnologicamente demasiado complexas, tornaram-se hoje muito mais simples e apelativas no panorama do automobilismo regional. Este fenómeno que se vem espalhando por todo o mundo, incluindo em Portugal, já se pode assistir em Macau.

Só na Taça GT Grande Baía, dos dezoito concorrentes que se inscreveram com carros da classe GT4, quinze tinham licença desportiva da RAEM. Este tipo de viaturas Grande Turismo “low cost” têm um preço que ronda os 2 milhões de patacas, podendo ser encontrados exemplares no mercado em segunda mão por preços muito mais acessíveis.

Com uma exigência técnica idêntica a um carro de Turismo da categoria TCR, estes GT4 são igualmente atractivos pelo facto de serem construídos por célebres marcas de superdesportivos como a Porsche, Mercedes-AMG, Audi, BMW, McLaren ou Aston Martin ou até por construtores mais pequenos como a Ginetta ou KTM.

“A GT4 está definitivamente a crescer na Ásia. Mas, como também foi o caso da Europa e da América, o seu sucesso não foi imediato”, explicou ao HM o francês Benjamin Franassovici, o responsável pela Ásia da SRO Motorsport Group, a empresa europeia que criou e tem os direitos da categoria GT4 para todo o mundo.

A ganhar terreno

Incluídos na Taça da Grande Baía do 69.º Grande Prémio de Macau, os carros da classe GT4, por ainda não serem em número suficiente, tiveram a companhia em pista dos mais rápidos carros de GT oriundos de alguns defuntos troféus monomarca. Este “convívio” entre carros de conceitos diferentes foi tudo menos “pacifico”, mas uma cerimónia de pódio à parte para os concorrentes que participaram com carros da classe GT4 permitiu apaziguar os ânimos.

“Penso que nos estávamos a aproximar de um ponto de viragem mesmo antes da COVID ter despontado”, recorda Benjamin Franassovici e “ainda estamos a sentir os efeitos disso. Mas assim que as coisas voltarem ao normal, penso que há espaço para os GT4 correrem sozinhos”.

O menor custo dos carros GT4, em comparação com a categoria FIA GT3, e a sua relativa fácil manutenção têm ajudado à implementação da categoria nesta parte do globo. “Os pilotos aspirarão sempre a competir na classe superior, mas a GT4 é um importante trampolim para lá chegar. Da mesma forma, e penso que é aqui que estamos a ver mudanças de atitude, também é agora visto como uma classe digna por direito próprio.”

O também responsável pelo campeonato Fanatec GT World Challenge Asia, que tem o seu escritório em Hong Kong, não esconde que “pessoalmente adoro o elemento multiclasse dentro do Fanatec GT World Challenge Asia e do campeonato britânico de GT, mas não há como negar o espectáculo das competições GT4 autónomas existentes na Europa e na América.”

9 Dez 2022

GP | Confirmados 57 pilotos de Macau e 19 de fora

Para além de Edoardo Mortara, anunciado pela Audi Sport Asia na pretérita semana, a Taça GT Macau vai contar com mais dois pilotos europeus de nível mundial, ambos ex-vencedores da Taça do Mundo de GT da FIA nas ruas de Macau – o alemão Maro Engel e o italiano Raffaele Marciello. Com dezasseis carros inscritos, onde também se destacam Darryl O’Young, vencedor da prova no ano passado, e Alexandre Imperatori, o suíço escolhido pela Porsche para defender as suas cores na prova, espera-se que a projecção mediática dos dois pilotos da Mercedes-AMG e do rival italo-suíço da Audi coloque novamente esta corrida na agenda internacional.
Igualmente há a destacar o regresso de Rob Huff, piloto que venceu por nove ocasiões na Corrida da Guia, e que optou por participar no Grande Prémio de Macau com a equipa oficial da MG, onde terá como companheiro de equipa o português Rodolfo Ávila, em vez de completar a temporada da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, na qual ocupava o terceiro lugar na classificação de pilotos. Curiosamente, o inglês não irá lutar pela décima vitória na Corrida da Guia, visto que os concorrentes do campeonato TCR Asia e do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) foram colocados na Taça de Carros de Turismo de Macau. Já os ex-concorrentes da Taça de Carros de Turismo de Macau foram transferidos para a corrida Macau Roadsport Challenge. A Corrida da Guia, que este ano também irá oferecer o título do TCR Asia Challenge, será preenchida por carros da categoria TCR de vários pilotos privados de Macau, Hong Kong e também do Interior da China.
São quinze os concorrentes, todos eles estrangeiros, que vão dar corpo ao 54.º Grande Prémio de Motos de Macau. A lista dos participantes ontem desvendada revela que da dezena e meia de participantes apenas quatro correram anteriormente na prova. Nadieh Schoots, que será a primeira senhora a alinhar na prova, fará certamente as manchetes, está em evidência numa lista de inscritos que também conta com o português André Pires, um dos mais experientes à partida, e de Sheridan Morais, piloto nascido na África de Sul, mas com dupla nacionalidade, e que correrá com a licença portuguesa na prova da RAEM.

Casa com bom número
Apesar dos tempos conturbados por que passa a economia de Macau, serão cinquenta e sete os pilotos do território, dez dos quais de matriz portuguesa, que vão participar no evento que é o maior cartaz desportivo anual de Macau. Das sete corridas do programa, apenas na corrida de motociclismo a RAEM não estará representada. Ao todo estão quatro pilotos locais inscritos na prova de Fórmula 4, um na Taça GT Macau, sete na Corrida da Guia, um na Taça de Carros de Turismo de Macau, catorze na Taça GT Grande Baía e trinta e um na Macau Roadsport Challenge.

13 Nov 2022

“Sr. Macau” está de volta ao Circuito da Guia

Num comunicado enviado às redações na tarde de terça-feira, a Audi Sport customer racing Asia anunciou o regresso de Edoardo Mortara ao Circuito da Guia. O piloto italo-suíço vai tentar vencer pela oitava vez no circuito citadino de Macau e pela quinta vez na Taça GT Macau.

Esta temporada a militar no Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E, o piloto que ficou conhecido por ser o “Sr Macau” vai conduzir um dos Audi R8 LMS GT3 evo II da equipa Audi Sport Asia Team Absolute na 69.ª edição do Grande Prémio de Macau. O regresso de Mortara a um palco que lhe trouxe tantas alegrias irá também projectar na imprensa internacional a corrida que um dia foi Taça do Mundo de GT da FIA. No entanto, Mortara não deverá ser o único piloto estrangeiro numa das corridas mais apetecíveis do programa.

Mortara fez história em Macau em 2010, quando se tornou o primeiro piloto a ganhar por duas vezes o Grande Prémio de Fórmula 3 de Macau. Porém, só em 2013 é que ganhou a alcunha de ‘Sr Macau’, após uma histórica terceira vitória consecutiva na Taça GT Macau, também com a Audi, no mesmo ano em que também ganhou a corrida da Taça Audi Sport R8 LMS, realizada durante as duas celebrações do 60.º Grande Prémio de Macau. Mortara acrescentou uma quarta vitória na Taça GT Macau, em 2017, já ao serviço da Mercedes AMG, para elevar a sete a sua conta de vitórias no Circuito Guia.

 

Combinação de interesses

A Audi Sport tem uma série de pilotos de GT sob contrato, mas para este desafio a marca de Ingolstadt foi buscar um dos seus ex-pilotos. Mortara correu pela Audi de 2011 a 2016, mas em 2017 rumou à rival Mercedes AMG. Apesar de ter conquistado a Taça do Mundo nas ruas de Macau nesse mesmo ano, o construtor de Estugarda viu mais utilidade em Mortara na Fórmula E. Na competição de monolugares eléctricos, em que foi vice-campeão na temporada 2020/2021, rompeu com a Mercedes e iniciou uma ligação com a equipa monegasca Venturi Racing, entretanto adquirida pela Maserati, com quem competirá em 2022/2023.

“O Grande Prémio de Macau é um evento verdadeiramente lendário, por isso é apropriado que levemos a lenda da Audi, o Edo Mortara, às ruas da cidade para competir pelo quinto título da Audi na Taça GT”, explicou Alexander Blackie, o director da Audi Sport customer racing Asia. “Agradecemos à sede da Audi Sport pelo seu forte apoio para levar isto avante”.

A Audi é um dos construtores que mais aposta no mercado chinês, principalmente nas corridas de carros de Grande Turismo (GT), e não vence a Taça GT Macau desde 2016, quando Laurens Vanthoor ganhou a corrida da Taça do Mundo com o seu Audi R8 literalmente virado ao contrário. A rival Mercedes venceu quatro das últimas cinco edições e posicionou-se como o construtor automóvel com mais vitórias na corrida implementada no programa do Grande Prémio em 2008, com seis triunfos. Por outro lado, a marca de Estugarda tem estado a ponderar enviar pilotos europeus para vencer novamente esta corrida.

Numa altura em que a Audi Sport está a reestruturar o seu departamento de competição cliente, muito por culpa da futura entrada da marca na Fórmula 1, os germânicos viram-se perante o dilema de não terem ninguém com a experiência necessária para vencer no Circuito da Guia. Como o piloto de 35 anos estava disponível nesta altura do ano, devido às limitações de testes da Fórmula E, e disposto a aceitar o desafio proposto pela Audi, mesmo tendo que cumprir a muito indesejada quarentena à chegada à RAEM, os interesses de ambas as partes acabaram por se combinar.

3 Nov 2022

Fórmula 4 | Piloto de Macau vai tentar vencer pela terceira vez

Charles Leong Hon Chio vai tentar obter um feito até aqui nunca alcançado em sessenta e oito edições do Grande Prémio de Macau. O jovem piloto do território vai tentar vencer este ano a prova principal do maior evento desportivo da RAEM pelo terceiro ano consecutivo

 

Após ter vencido em 2020 e 2021, duas edições que tal como este ano foram usados monolugares de Fórmula 4 na corrida principal, Charles Leong Hon Chio vai apostar na continuidade e tentar obter a sua terceira vitória consecutiva na prova. Isto, apesar de o piloto de 21 anos não conduzir um monolugar de Fórmula 4 desde do sucesso alcançado no ano passado nas curvas e contra-curvas do Circuito da Guia.

Esta temporada, Charles Leong tem guiado um bem mais potente Ferrari 488 GT3, da equipa chinesa Harmony Racing, no Campeonato de Endurance da China (CEC) e no Campeonato da China de GT, tendo somado vitórias e resultados muito positivos para um jovem estreante nesta categoria. Na teoria, especulava-se que o piloto de Macau fosse competir em frente ao seu público ao volante de um destes espectaculares carros da marca do “Cavallino Rampante”, mesmo tendo em consideração que o orçamento da Taça GT Macau é várias vezes superior àquele necessário para estar à partida com os monolugares de Fórmula 4.

“Foi algo que eu pensei, correr na Fórmula 4 e com o Ferrari, mas o Grande Prémio não o permite”, explicou o piloto ao HM, relembrando que desde 1996 a prova não autoriza que os pilotos participem em mais do que uma corrida durante o fim de semana. “Após ponderar, a prova de Fórmula 4 faz mais sentido, pois é a principal do programa do Grande Prémio e ainda ninguém venceu por três vezes consecutivas a corrida. Por outro lado, também julgo que tenho ainda muito a aprender nas corridas de GT”, reconhece.

A maior novidade da participação de Charles Leong será a troca de equipa. Depois de dois anos em que venceu pela Smart Life Racing, o ex-campeão de Fórmula 4 irá tripular um monolugar da equipa BlackJack Racing Team. A formação de Ningbo terminou em terceiro lugar em 2021, com o piloto Li Si Cheng, e tem o apoio técnico da equipa Asia Racing Team, fundada em Macau e cujo director desportivo é o piloto português Rodolfo Ávila.

Última chance de testar

Foi com surpresa que o Campeonato da China de Fórmula 4 se viu forçado a cancelar a prova que tinha agendado para o próximo fim de semana em Pingtan. Tanto a Fórmula 4 chinesa, como os GT, iam correr este fim de semana no novo circuito citadino na ilha de Fujian, mas na pretérita semana os Serviços de Saúde do Governo da RAEM anunciaram a imposição de quarentena a todos os indivíduos provenientes da Zona Experimental Abrangente de Pingtan, onde se realizaria o evento e onde já estavam algumas equipas e pilotos a testar. Correndo o risco de comprometer o evento ou a perder quórum para o Grande Prémio, ambas as competições concordaram em adiar o evento de Pingtan para Dezembro.

A três semanas do grande evento automobilístico da Grande Baía, esta situação acabou por beneficiar Charles Leong que assim deverá ser capaz de conduzir o Mygale M14 F4-Geely antes do Grande Prémio e ao pé de casa. “A equipa vai enviar o carro para Zhuhai”, revelou o piloto que não esconde que o adiamento do evento de Pingtan“acabou por ser melhor para mim”.

Mesmo que consiga vencer a edição deste ano, Charles Leong não será ainda o piloto com mais vitórias na prova principal do Grande Prémio, pois esse recorde ainda pertence a um ex-membro da Real Polícia de Hong Kong. John MacDonald ganhou no Grande Prémio por quatro ocasiões (1965, 1972, 1973 e 1975), com a particularidade de também ter triunfado no Grande Prémio de Motos de Macau (1969) e na primeira edição da Corrida da Guia (1972).

31 Out 2022

GP Motos de Macau | Pela primeira vez teremos uma senhora à partida

O 54.º Grande Prémio de Motos de Macau, para além de marcar o regresso de pilotos estrangeiros ao Grande Prémio de Macau, terá ainda um outro ponto de interesse, pois será a primeira vez que esta corrida criada em 1967 terá uma participação feminina

 

A holandesa Nadieh Schoots aceitou o convite da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e vai fazer sua estreia numa prova em que esteve muito próxima de participar há quatro anos, quando uma lesão meses antes da prova a obrigou a abdicar da viagem ao continente asiático. Apesar de ainda estar a juntar dinheiro para esta sua participação através de uma campanha de crowdfunding, a piloto de 31 anos está entusiasmada na sua primeira participação na prova.

“Tenho sonhado em correr no Grande Prémio de Macau desde que conheci o piloto holandês Branko Srdanov em 2012, quando ambos competimos na IDM. Na verdade, na altura não acreditava que era algo que pudesse ou fosse um dia fazer, mas pensei que era a prova mais fixe que alguma vez tinha visto. No entanto, uma década e muito sangue, suor e lágrimas mais tarde, aqui estamos nós”, contou Nadieh Schoots

A mulher mais rápida de sempre na North West 200 junta-se ao leque de pilotos confirmados, espera-se que sejam quinze os pilotos à partida, onde também se encontra o português André Pires. Outros nomes já conhecidos, são os de Raul Torres, Erno Kostamo, Julian Trummer, Paul Williams, David Datzer, Rob Hodson, Joey Thompson, Matt Stevenson, Laurent Hoffman, Lucas Maurer e o sul-africano luso-descendente Sheridan Morais.

A edição deste ano do Grande Prémio de Motos de Macau regressará a um formato anteriormente utilizado, pois serão disputadas duas corridas de oito voltas cada no dia de sábado. No global, o tempo de pista da edição deste ano é menor do que em 2019, a última vez que o Grande Prémio de Motos de Macau foi realizado, o que não terá sido muito bem recebido do lado dos pilotos que certamente gostariam de rodar mais antes das duas sessões de qualificação.

Depois da Fernanda

Apesar de ser a primeira senhora a participar no Grande Prémio de Motos de Macau, a verdade é que Nadieh Schoots não é a primeira senhora a participar em corridas de motos no Circuito da Guia. Em 1997, a portuguesa Fernanda Ramos alinhou na Corrida Super Challenge, para Superbikes, com nota muito positiva. A piloto natural de Vila Real esperava, no entanto, fazer melhor na corrida, tendo em conta a evolução que revelou nos treinos.

“Gostei muito do circuito, mas o facto de não estar habituada à moto e de não conhecer a pista nunca me permitiu andar realmente depressa”, disse na altura ao jornal português AutoSport Fernanda Ramos, que terminou num honroso 12.º lugar. A transmontana disputou a prova com uma Ducati 916SP, uma moto que nunca tinha tripulado até aquele fim de semana de Novembro e muito mais potente que as 600cc com que competia em Portugal.

23 Out 2022

GP | Corrida da Guia recebe o primeiro TCR Asia Challenge

Horas depois da conferência de imprensa do 69.º Grande Prémio de Macau, o WSC Group, a entidade que tem os direitos de promoção e regulamentação da categoria TCR, emitiu um comunicado a referir que chegou a acordo com o Instituto do Desporto de Macau para organizar como parte da Corrida da Guia Macau o Challenge TCR Asia

 

A Corrida da Guia deveria, este ano, fazer parte do calendário da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo – WTCR pela primeira vez desde 2019, antes de questões logísticas terem resultado no cancelamento das etapas asiáticas da competição promovida pela Discovery Sports Events. Tendo feito parte dos calendários das TCR Asia Series e do Campeonato TCR China nos últimos dois anos, a Corrida da Guia vai agora pontuar para o TCR Asia Series e por um título recém-lançado que assegura que os carros TCR estarão novamente em acção no famoso circuito de rua.

“Estou muito orgulhoso e entusiasmado por anunciar que este ano se vai realizar o primeiro TCR Asia Challenge no âmbito do Grande Prémio de Macau, mantendo viva a tradição de ver os carros TCR a correr no Grande Prémio de Macau que começou em 2015”, disse o presidente do WSC Group, o italiano Marcello Lotti.

Para além do TCR Asia Challenge, nas curvas e contra-curvas do Circuito da Guia também estarão em jogo pontos a atribuir aos concorrentes do TCR Asia Series. A competição asiática, mas que apenas realiza este ano corridas em solo chinês, disputou apenas um evento esta temporada, no final do mês de Julho em Zhuzhou. Antes da visita à RAEM, o campeonato onde participa o piloto de Macau Rodolfo Ávila tem quatro corridas agendadas para Zheijiang, de 3 a 6 de Novembro, para terminar no primeiro fim de semana de Dezembro em Xangai.

Fim de linha para a WTCR

Na passada sexta-feira, a Discovery Sports Events revelou em comunicado que irá estudar alterações de fundo à Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo – WTCR para o futuro. A temporada de 2022 é a quinta do formato em curso e o seu final representa o fecho de um ciclo. Quer isto dizer que a WTCR, tal como a conhecíamos e vimos competir em Macau em 2018 e 2019, termina no fim de semana de 27 e 28 de Novembro na Arábia Saudita.

A competição de carros de Turismo que nos últimos três anos quis, sem sucesso, realizar a sua prova de final de temporada no Circuito da Guia, está em fase decadente. O desinvestimento dos construtores e das equipas é notório, agravando-se com a saída abrupta do construtor chinês Lynk & Co, insatisfeito pela forma como o equilíbrio de performance estava a ser gerido pelos organizadores, a meio da temporada. Estes foram motivos suficientes para Discovery Sports Events não accionar a opção de renovar o contrato por mais três anos.

19 Out 2022

GP Motos | André Pires confirma presença em Macau

O piloto português André Pires confirmou ao HM que irá participar no 54.º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize no programa do 69.º Grande Prémio de Macau

O motociclista de Vila Pouca de Aguiar, um dos poucos pilotos que nos últimos anos estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória imposta à chegada a Macau para participar no evento desportivo do território, conseguiu reunir as condições para regressar à prova rainha do motociclismo asiático este ano. André Pires reconhece, no entanto, que esta não vai ser uma edição fácil.

Num ano em que a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau se está a empenhar para trazer de volta a popular competição de duas rodas ao programa de provas do evento, o piloto português tentou reunir uma equipa técnica portuguesa para o acompanhar em mais uma visita ao Oriente, algo que não se concretizou, dada a impossibilidade daqueles que habitualmente estão ao seu lado de cumprirem o número de dias que vão ser necessários para completar a edição deste ano da prova (ndr: está previsto que os pilotos partam no dia 3 de Novembro para regressarem aos seus destinos no dia 21).

“Vai ser um Grande Prémio difícil”, reconheceu André Pires ao HM. “Para além da quarentena, para participar consegui encontrar uma equipa francesa que aceitou o desafio. Este ano a organização do evento está a fazer um esforço para que haja Grande Prémio de Motos e, se os outros pilotos também aceitarem, não quero perder mais um Grande Prémio”.

Neste momento, não é ainda público o número de pilotos internacionais que aceitaram o repto lançado pelas autoridades desportivas da RAEM. No regulamento desportivo da última edição do Grande Prémio de Motos de Macau, podia ler-se que um “mínimo de 22 inscrições devem ser recebidas para a corrida se realizar”, porém, acredita-se que esse número será propositadamente reduzido este ano, precisamente para acomodar o expectável número inferior de interessados em participar na prova.

Dificuldades e recorde para bater

Para além de ter que ultrapassar o desconforto da quarentena obrigatória, que tem sido o maior obstáculo que a Comissão Organizadora tem encontrado para atrair nomes sonantes para a prova deste ano, André Pires revelou que vai tripular “uma mota desconhecida”, mas que espera “durante os treinos adaptar-se bem à mota” e deseja “que consigamos fazer um bom trabalho”.

O motociclista português, que vai conduzir uma Honda CBR 1000, não prevê dificuldades de maior por não competir no Circuito da Guia há dois anos, até porque “as coisas também estiveram paradas por cá. Depois tive o projecto do MotoE no MotoGP e andei sempre ocupado com as corridas por aqui”.

André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

13 Out 2022

EUA | Theodore Racing regressa com nomes de Macau

Depois de ter andado praticamente arredada dos grandes palcos internacionais desde 2019, a Theodore Racing regressa este fim de semana a uma casa muito querida pelo seu fundador Teddy Yip Sr, a Indianapolis Motor Speedway

 

Em parceria com a equipa Craft-Bamboo Racing, as cores da Theodore Racing serão vistas no Mercedes AMG GT3 da equipa de Hong Kong nas 8 Horas de Indianapolis, uma prova pontuável para o Intercontinental GT Challenge, a maior competição de resistência para viaturas da categoria FIA GT3.

Esta parceria entre Darryl O’Young, o vencedor da última edição da Taça GT Macau e director da Craft-Bamboo Racing, e Teddy Yip Jr conta com um trio de pilotos muito competente, sendo dois deles “caras conhecidas” do Circuito da Guia: o italiano Raffaele Marciello, vencedor da Taça do Mundo de GT da FIA nas ruas de Macau em 2019, e o espanhol Daniel Juncadella, vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2011. O terceiro piloto da equipa será o canadiano Daniel Morad, um velho conhecido de Yip Jr dos tempos da sua Status Grand Prix.

A Theodore Racing, mais conhecida entre nós pelas múltiplas participações e vitórias no Grande Prémio de Macau, participou pela primeira vez nas 500 milhas de Indianapolis há quarenta e cinco anos. Antes mesmo da sua incursão pela Fórmula 1, Yip Sr tentou a sua sorte nos Estados Unidos da América. Aliás, Yip Jr brinca invariavelmente com a situação de no dia do seu nascimento o seu pai estar nas 500 milhas de Indianapolis.

Para este regresso da Theodore Racing aos “States”, o Mercedes-AMG GT3 irá apresentar o número 77 nas portas, pois o ano de 1977 foi o primeiro dos oito anos consecutivos em que a equipa participou “Indy 500”, tendo obtido dois lugares no pódio em 1979 e 1981. A pintura do carro também foi escolhida com cuidado para incluir o vermelho e branco tradicional da Theodore Racing.

“Estou muito satisfeito pelo regresso da Theodore Racing à Indianapolis Motor Speedway. Sei que o Teddy Sr adorava este lugar, como eu também adoro. Não há outro lugar assim”, disse Teddy Yip Jr que ressuscitou o nome da equipa do pai em 2013. “Realizar esta prova com os meus amigos da Craft-Bamboo Racing, com quem eu trabalhei de perto e com tanto sucesso no passado, dá-nos confiança de uma boa exibição no dia da corrida. Isto, para além da nossa equipa de pilotos contar com veteranos de Macau e ex-Status Grand Prix que fazem este projecto ainda mais especial para mim.”

A pandemia não afastou totalmente a Theodore Racing do Grande Prémio de Macau, pois as cores da equipa de Yip Jr foram vistas nas últimas duas edições da prova. Em 2021, para além de ter apoiado pelo segundo ano consecutivo o Mercedes AMG de Darryl O’Young, o empresário que residiu muitos anos no Canadá também viabilizou a participação do piloto local Charles Leong Hon Chio, que triunfou pela segunda vez consecutiva no Grande Prémio de Macau de Fórmula 4.

7 Out 2022

GP | Piloto irlandês diz que as estrelas internacionais não vão participar

A possibilidade de termos um 54.º Grande Prémio de Motos de Macau com as grandes estrelas do “road racing” internacional em 2022 parece, por agora, uma possibilidade remota, mas não quer isso dizer que a corrida mais ansiada do 69.º Grande Prémio de Macau não se venha a realizar

 

Michael Sweeney, que conta com seis participações na prova, levantou um pouco o véu do que se passa nos bastidores numa entrevista à publicação irlandesa “News Letter” na semana passada. O motociclista de 40 anos referiu que não irá participar na prova, pois considera que a longa quarentena, imposta pelas autoridades de Macau no combate à pandemia, hipoteca à partida uma viagem ao Oriente, e afirmou que os ex-vencedores da corrida, como Michael Rutter ou Peter Hickman, não têm planos para regressar ao Circuito da Guia este ano.

“Eu não vou [participar no Grande Prémio de Macau] porque tens uma quarentena de dez dias”, disse o popular irlandês, que esta temporada já venceu cinco corridas aos comandos da sua BMW S1000RR. “Não podem esperar que o pessoal vá até lá e passe aquele tempo todo em quarentena. Eu não acredito que [o Grande Prémio de Motos de Macau] vá acontecer, porque precisas de tempo para organizar voos, reservas e transporte”.

A prova motociclismo de estrada mais conceituada do continente asiático não se disputa desde 2019, mas este ano a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau parece empenhada em recuperar uma corrida que será sempre afectada pelas medidas restritivas de combate à pandemia. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau na pretérita semana, o presidente do Instituto do Desporto e Coordenador do Grande Prémio de Macau, Pun Weng Kun, reiterou que gostaria de ver em Macau equipas estrangeiras e que a maioria dos pilotos estrangeiros contactados pela organização concordaram em fazer quarentena para poderem participar na competição.

“Não sei qual o requisito mínimo para uma grelha para poderem realizar a corrida, mas todas as pessoas com quem falei – incluindo pessoas como o [John] McGuinness, o ‘Hicky’ [Peter Hickman] e o [Michael] Rutter, nenhum deles vai ficar em quarentena durante dez dias”, acrescentou à publicação de Belfast, sem, no entanto, deixar de mencionar que gostaria de voltar a competir na RAEM “no próximo ano, com certeza, mas quando [o evento] regressar em condições [sem quarentas obrigatórias]”.

No regulamento desportivo da última edição do Grande Prémio de Motos de Macau, podia ler-se que um “mínimo de 22 inscrições devem ser recebidas para a corrida se realizar”, porém, acredita-se que esse número será propositadamente reduzido este ano, precisamente para acomodar o número inferior de interessados em participar na prova.

Preparativos para a festa

Apesar do algum optimismo em redor da organização da prova, não há um único piloto que tenha confirmado publicamente a sua participação a dois meses do evento. Vários pilotos, alguns dos quais já apalavraram a sua presença em Macau, confirmaram ao HM que estão a trabalhar de forma a garantirem todas as condições para estarem à partida.

Um dos grandes problemas encontrados por aqueles que querem vir acelerar novamente ao território reside na dificuldade em arranjar mecânicos qualificados com disponibilidade e interesse para realizar esta longa aventura. Para além do esforço pessoal e financeiro dos intervenientes – convém lembrar que muitos deles não são sequer profissionais do desporto – e numa altura em que existe uma normalização em relação à doença no mundo ocidental, há ainda muitas dúvidas e receios sobre o que irá acontecer a quem acusar positivo à chegada a Macau ou mesmo durante o evento.

Por seu lado, a organização também vai alinhavando os preparativos. As motos e o equipamento das equipas serão transportados de avião para a RAEM através de um dos aeroportos de referência – Lisboa, Luxemburgo ou Londres – o que facilitará a logística, mas depois do evento regressará de barco como acontecia anteriormente.

O 69.º Grande Prémio de Macau irá decorrer de 17 a 20 de Novembro, devendo voltar ao formato anterior de quatro dias, em vez dos três dias dos últimos dois anos, para acomodar as seis ou sete corridas previstas para o programa.

26 Set 2022

GP | Pilotos e equipas com menos oportunidades de preparação

A temporada de 2022 tem sido especialmente difícil para o automobilismo chinês. As restrições nas deslocações e os diversos confinamentos locais têm causado inúmeros cancelamentos e adiamentos em todos os campeonatos nacionais e regionais. Quando o Grande Prémio de Macau se disputar de 17 a 20 de Novembro, a maioria dos participantes chegará ao Circuito da Guia com muito menos quilometragem do que em edições anteriores.

Questionado pelo HM, se estes obstáculos poderão vir a ter um reflexo na performance dos pilotos no Grande Prémio, o veterano piloto português de Macau Rui Valente reconhece que “um pouco”, relembrando que “há pilotos que estão parados desde Novembro”.

Como tem acontecido desde o início da crise pandémica, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) não organizou este ano provas de qualificação para o Grande Prémio destinadas aos pilotos locais. No entanto, a associação, que no passado fim de semana colocou de pé um evento de treino para oficiais de prova no Kartódromo de Coloane, está a tentar organizar uma prova no Circuito Internacional de Guangdong para os pilotos do território ganharem um pouco mais de ritmo competitivo antes do grande evento do final do ano.

Estas limitações não atingem só os pilotos da Grande Baía. O ex-mecânico e chefe de equipa Franky Choi também concorda que a falta de oportunidades para competirem poderá limitar as prestações dos pilotos da Grande Baía, pois “o ideal para qualquer piloto é chegar a esta corrida com uma época preenchida de corridas às costas”, mas aponta para um cenário de equilíbrio entre todos os concorrentes, “visto que no Interior da China estão a ser muitas provas canceladas e não deverão participar muitos estrangeiros. Apesar dos pilotos de Macau terem realizado menos provas, os outros também não fizeram muito mais”.

Para Duarte Alves, engenheiro da Aston Martin Racing Asia, “uma boa parte dos pilotos tem testado muito, mas corrido menos. Sendo o Circuito da Guia um circuito muito difícil de ultrapassar, acho que a falta de tempo em pista em modo de competição não irá afectar a performance no cômputo geral, haverá, no entanto, outras dificuldades associadas”.

Preço a pagar

Depois de duas temporadas em que as competições de automobilismo da China continental conseguiram passar mais ou menos incólumes à pandemia, esta época tem sido a pior de que há memória. Há duas semanas, a Taça Porsche Carrera Ásia viu-se forçada a cancelar a sua prova em Zhuhai dois dias antes do início de actividades em pista, enquanto o circuito citadino de Pingtan, em Fujian, que este próximo fim de semana receberia os campeonatos da China de GT e Fórmula 4, foi chumbado na passada sexta-feira. A cidade de Xangai, aonde a Fórmula 1 espera voltar em 2023, ainda não organizou uma só corrida este ano nos seus dois circuitos permanentes.

Além dos elevados prejuízos que causa, este pára-arranca das competições chinesas também tem impacto negativo no funcionamento das estruturas que preparam os carros. “Os mecânicos e engenheiros perderam um pouco de ritmo, especialmente com a pressão dos timings que se vivem enquanto se compete”, salienta Duarte Alves.

“Portanto, será possível assistir a alguns erros, talvez mais falhas mecânicas ou afinações não tão boas. No ano passado, o Porsche do Alexandre Imperatori até saiu para a pista com a chave de rodas ainda na jante.”

O Campeonato da China de Carros de Turismo/TCR Asia ainda só realizou um evento este ano e não sabe sequer quando poderá organizar o próximo, o mesmo acontecendo com os campeonatos da China de GT, Endurance e Fórmula 4. As possibilidades dos pilotos correrem até ao fim de semana mais importante de Novembro vão ser dramaticamente escassas, portanto qualquer tempo de pista até lá será extremamente valioso.

20 Set 2022

TCR Asia: Rodolfo Ávila acredita nas potencialidades do MG

Na única prova que disputou esta temporada, no mês de Julho, em Zhuzhou, Rodolfo Ávila ofereceu à MG XPOWER Racing a primeira vitória com o novo modelo MG5 XPOWER TCR. O piloto de Macau está consciente que dificilmente conquistará algum título esta temporada, mas está confiante que a sua nova máquina ainda tem muito potencial para explorar.

“A vitória em Zhuzhou mostrou que o novo carro tem potencial. Porém, todos temos a consciência que ainda há muito trabalho a fazer para termos um carro fiável e capaz de ombrear de igual para igual com a concorrência”, disse o piloto da RAEM ao HM. “Os nossos principais adversários têm ao dispor um carro (o Link & Co) que está no seu desenvolvimento máximo, com provas dadas e títulos de pilotos e equipas conquistados na Taça do Mundo da FIA”, relembra Ávila.

O campeão do TCR China soube como tirar partido das circunstâncias nas últimas das quatro corridas, que foram disputadas no primeiro fim de semana de Julho em Zhuzhou, para obter um quinto lugar e uma vitória. O fim de semana só não correu melhor, porque desistiu nas duas corridas de sábado, uma devido a um toque e outra por causa dos estragos no carro dessa mesma colisão.

O novo MG5 XPOWER TCR sucede ao MG6 XPOWER TCR que Ávila conduziu nas duas temporadas passadas e tem a particularidade de usar um motor de dois litros diferente. Ao contrário de todos os outros carros da categoria TCR, este modelo é o único construído e desenvolvido totalmente na China. Como a equipa oficial da MG, gerida pela Shanghai Lisheng Racing, tem base em Xangai, todo o trabalho de pré-temporada ficou comprometido pelo longo confinamento a que esteve sujeita a cidade.

“A equipa enviou um carro para o Circuito Internacional de Guangdong e fiz algumas sessões de testes com ele. Mas não estava nenhum elemento da equipa e os problemas que fomos encontrando no caminho não eram de fácil resolução. Evidentemente, o carro chegou à primeira prova ainda muito longe de ser competitivo e com diversos problemas de fiabilidade”, recorda Ávila, que acrescenta que “para além dos normais problemas de juventude, chegámos à prova de Zhuzhou sem qualquer referência de anos anteriores, pois este é um carro diferente do anterior e também não foi possível testar antes da prova. A primeira prova do ano foi mesmo a primeira vez que toda a equipa e pilotos tiveram a oportunidade de testar sem constrangimentos este carro novo.”

Remar contra a maré

Apesar do clima de incerteza em que está mergulhado o automobilismo chinês, não há tempo a perder e a MG XPOWER Racing quer recuperar o tempo perdido.

“Continuamos a trabalhar para desenvolver o nosso MG5. Depois da corrida de Zhuzhou já realizamos mais dois dias de testes no Circuito International de Shanghai, onde nos focámos em desenvolver o sistema de direcção assistida para tornar o carro mais fiável e mais ágil em curvas de alta velocidade”, explica o único piloto lusófono que até hoje conseguiu conquistar um título de carros de Turismo no continente asiático. “Também estamos a desenvolver o chassis do carro em termos de ajuste de suspensão. Isto, para ser possível uma melhor aderência em aceleração em curvas de baixa velocidade.”

Infelizmente, os novos surtos de covid-19 voltam a limitar as viagens no continente chinês, o que prejudica os trabalhos da equipa do piloto português. “Tem sido uma grande aventura. Claro que é sempre bom ver o progresso que temos feito. Com a situação pandémica o nosso programa de testes e corridas está adiado por agora, mas espero poder voltar ao volante do carro para ver os updates que foram feitos”, salienta o actual quinto classificado no TCR Asia.

Calendário confuso

O calendário do Campeonato da China de Carros de Turismo e o campeonato TCR Ásia continua bastante fluído e Ávila ainda não sabe quando voltará a correr. Depois do arranque em Zhuzhou, com quatro corridas em quatro dias, ambas as competições, que este ano correm em conjunto, preparavam-se para correr no último fim de semana de Julho em Ningbo e no fim de semana de 17 e 18 de Setembro em Xangai.

A prova de Ningbo desapareceu do calendário. Já a corrida de Xangai, foi transferida do Circuito Internacional para o mais pequeno circuito de Tianma, um fim de semana mais tarde. Contudo, devido às medidas de segurança ainda em vigor na cidade e que impedem a organização de eventos desportivos desta envergadura, espera-se mais um adiamento ou cancelamento.

Caso as condições do final do ano permitam, as corridas irão recomeçar em Zhuzhou, no último fim de semana de Outubro, para um regresso ao circuito citadino de Wuhan no primeiro fim de semana de Novembro. Com a ausência das Taças do Mundo da FIA do 69º Grande Prémio de Macau, a principal competição de carros de Turismo da China ocupará mais uma vez o espaço deixado vago na Corrida Guia.

8 Set 2022

Um dos maiores arquivos privados do GP Macau revelado em livro

Carlos de Lemos, macaense residente no Canadá, prepara-se para lançar um livro sobre os primeiros vinte e cinco anos do Grande Prémio de Macau. Diferente de todos os outros livros lançados anteriormente, este pretende partilhar o extraordinário arquivo que o seu pai, Victor Hugo de Lemos, construiu com uma enorme paixão e afinco.

“Este livro revelará o esforço, o tempo e a profunda dedicação com que o meu pai Victor se empenhou no seu trabalho e creio que é uma colecção única, que retrata os primeiros 25 anos da história do Grande Prémio de Macau, desde o seu início até ao ano de 1978”, explicou Carlos de Lemos ao HM. “É, sem dúvida, uma colecção de inestimável valor, visto que documenta um período significativo do Grande Prémio de Macau. Em homenagem ao meu falecido pai, a nossa família achou por bem publicar num livro o trabalho que ele coleccionou, com muito amor e dedicação”.

Com uma informação abrangente e episódios que o tempo apagou, o livro que tem conteúdos trilingue irá permitir a todos os apaixonados pelo desporto, e não só, reviver as corridas que ajudaram a escrever os primeiros anos da história do Grande Prémio através dos recortes dos jornais da altura, do rico acervo fotográfico, e outras recordações de um evento que inicialmente foi planeado para ser uma mera “Caça ao Tesouro”, mas que quase setenta anos depois é um ícone do desporto motorizado mundial.

Finais de 2023

Devido à dimensão da colecção, que finalmente sairá do domínio privado, o que vai permitir a uma compreensão melhor da história de um evento que peca por falta de documentação histórica, Carlos de Lemos optou por dividir a publicação em dois volumes, sendo que o primeiro termina em 1966, curiosamente o ano da primeira participação de um piloto português da metrópole, Filipe Nogueira. Neste momento, o livro está na fase final da sua edição. “Apenas precisa de uma revisão final e depois o próximo passo será a sua publicação”, reconhece o autor.

Infelizmente, os constrangimentos causados pela pandemia vão atrasar ligeiramente o arranque da publicação. O autor acredita que “talvez em meados ou fim do próximo ano, seja possível publicar o primeiro volume, quando puder deslocar-me a Macau e tratar da sua publicação” que será realizada em Macau, pois “os custos de o publicar no Canadá e o envio para qualquer destino na Ásia, iriam torná-lo provavelmente inacessível”.

Este primeiro volume terá mais de 250 páginas e o segundo volume, a lançar mais tarde, terá um volume de igual dimensão. “Neste primeiro volume coloquei tudo, mas no segundo, que tem mais conteúdos de jornais em chinês e inglês, terei que fazer uma selecção, principalmente porque os regulamentos passaram a ter mais de dez páginas cada”. Com o único objectivo de homenagear o seu pai, Carlos de Lemos é humilde no seu desígnio, “só espero que gostem deste primeiro volume, tal como eu gostei enquanto o preparava e relia todo o material para a sua publicação”.

 

Quem foi Victor Hugo de Lemos?

Nascido em 1913, Victor Hugo de A. F. de Lemos, macaense de sexta geração, proveniente de uma família aristocrata, apesar de ter sido um dos primeiros grandes entusiastas do automobilismo em Macau, curiosamente nunca se interessou em tirar a carta de condução. Este filho da terra começou a sua colecção logo em 1954, na primeira edição do evento, continuando a recolher informação até 1978, já depois de emigrar para o Canadá com toda a família.

Como funcionário da então Câmara Municipal de Macau, encarregado do serviço externo de fiscalização, e estando aquela instituição responsável por certas funções durante o fim de semana do Grande Prémio de Macau, era geralmente escalado para prestar serviço na tribuna, nos intervalos aproveitava a oportunidade para ir ter com pilotos e intervenientes, dar duas de conversa e obter um desejado autógrafo.

O seu fascínio pelo evento motivava-o a comprar todos os jornais e revistas que se debruçavam sobre o maior evento desportivo de carácter anual do antigo território ultramarino português, tanto em português como em inglês e chinês. Não se ficava pelas reportagens e assuntos relacionados com as provas, fotografias, programas oficiais, bilhetes, documentos oficiais, emblemas ou crachás, tudo o que era relacionado com a prova serviu para enriquecer a sua colecção.

Victor não havia de imaginar que o seu entusiasmo e dedicação de coleccionar e documentar tudo o que era relacionado ao Grande Prémio de Macau iria um dia dar forma a um dos arquivos mais completos sobre o evento, nem sequer que este iria ser partilhado com a legião de fãs espalhados pelo mundo.

31 Ago 2022

Charles Leong ganha na estreia de Ferrari na China GT

A estreia de Charles Leong Hon Chio nas corridas de GT dificilmente poderia ter corrido melhor. O jovem piloto de Macau venceu uma das corridas do Campeonato da China de GT no circuito internacional de Ningbo, naquela que foi a primeira prova em carros de GT para o duplo vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4.

Após ter falhado a prova de abertura do Campeonato da China de Resistência (CEC na sigla inglesa), o piloto do território foi chamado pela equipa chinesa Harmony Racing para conduzir o Ferrari 488 GT3 do piloto-empresário David Chen Wei’an na primeira prova da temporada do Campeonato da China de GT, competição cujos fins-de-semana são compostos por duas corridas com uma hora de duração.

A dupla Charles Leong/David Chen funcionou bem desde o início do fim de semana, com o piloto de Macau a qualificar-se no 2.º lugar para a primeira corrida, disputada na tarde de sábado, ao passo que o seu companheiro de equipa marcava o melhor tempo na qualificação para a corrida de domingo. A corrida de sábado não teve muita história, com o Ferrari vermelho a arrancar de segundo, com Charles Leong ao volante, e a terminar mesma nessa posição, sendo apenas superado pelo Audi R8 LMS GT3 da dupla Chris Chia/Cheng Congfu.

Na segunda corrida, David Chen, que desta feita fez o arranque, entregou o carro com uma vantagem confortável a Charles Leong, mas este com pneus usados e o seu rival Cheng Congfu calçado com pneus novos, o avanço inicial rapidamente se esfumou e o ex-campeão asiático de Fórmula Renault e ex-campeão chinês de Fórmula 4 teve que transpirar para aguentar o seu adversário atrás de si rumo a um triunfo irrepreensível.

Boas perspectivas

“Aprendi muito esta semana e esperemos venham mais”, escreveu Charles Leong nas redes sociais. Apesar da exibição convincente, o piloto que não competia desde o Grande Prémio de Macau do ano passado confirmou ao HM que não tem qualquer acordo para o resto da temporada do Campeonato da China de GT com a Harmony Racing. Contudo, o piloto de 20 anos acredita que poderá ter uma hipótese nas provas do Campeonato da China de Resistência, onde a equipa que tem dois Ferrari inscreveu apenas um “Cavallino Rampante” na ronda inicial.

Na conferência de imprensa após a corrida de domingo, David Chen disse ter ficado encantado com o sucesso da equipa na execução do plano de pré-evento e com a “vitória desde a pole position” na segunda corrida, elogiando o seu companheiro de equipa pelo excelente desempenho ao longo do fim-de-semana.

Charles Leong também falou sobre a perseguição do seu rival Cheng Congfu, que é sem dúvida o mais experiente piloto de carros de GT da China, tendo competido no DTM e na classe LMP1 do Campeonato do Mundo de Endurance da FIA, e como esta batalha se tornou um “diálogo directo entre a velha e a nova geração de pilotos de GT”.

Sério aviso ao GP Macau

Apesar do programa da 69.ª edição do Grande Prémio de Macau ainda não ter sido desvendado, tanto o Campeonato da China de GT como o Campeonato da China de Fórmula 4, que também teve a sua primeira prova da temporada em Ningbo, anunciaram já os seus finais de temporada no Circuito da Guia.

Se o Campeonato da China de GT teve uma grelha de partida com apenas 10 carros, a verdade é que a única competição nacional de monolugares da China não teve mais. Apenas 10 carros competiram nas quatro corridas de Fórmula 4 no circuito da província de Zhejiang, um número bastante reduzido para uma competição que continua a apostar num conjunto chassis-motor que vai para o seu oitavo ano de serviço.

17 Ago 2022

GP: Campeonato da China GT avança para o lugar da Taça do Mundo

Aproveitando a ausência da Taça do Mundo de GT da FIA pelo terceiro ano consecutivo, o Campeonato da China de GT anunciou na passada quinta-feira que a sua prova de encerramento da temporada será no Circuito da Guia, dentro do programa do 69º Grande Prémio de Macau.

No final de Junho, a Comissão de GT da FIA, após a reunião no Place de la Concorde, em França, deliberou que não faria a sua Taça do Mundo na RAEM, alegando os mesmos motivos da Taça do Mundo de Carros de Turismo e da Taça do Mundo de Fórmula 3. “Devido às actuais restrições de quarentenas Covid-19 e aos desafios logísticos associados na Ásia, a Taça do Mundo de GT da FIA, tradicionalmente realizada no Circuito Guia em Macau, não terá lugar este ano”, podia ler-se no comunicado.

O Campeonato da China de GT visitou o Circuito da Guia em 2020, estando previsto voltar a fazê-lo em 2021, o que não aconteceu, por razões que não foram do domínio público. Contudo, a competição que arranca no próximo fim-de-semana em Ningbo, e é composta por cinco eventos, anunciou que no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro vai estar novamente entre nós.

Numa comunicação, publicada na conta oficial do campeonato na rede social WeChat, a organização da competição para viaturas das categorias FIA GT3 e GT4 explica que “os carros do Campeonato da China de GT visitaram o Circuito Guia na época de 2020. O Grande Prémio de Macau é um evento de renome mundial que começou em 1954, com campeões mundiais como Ayrton Senna, Michael Schumacher e Lewis Hamilton a competirem no evento, e é significativo que o Campeonato da China de GT se esteja a juntar à corrida de Macau pela primeira vez como evento autónomo.”

Com as suas origens anteriores à própria Taça do Mundo da FIA, que foi realizada no Circuito da Guia por cinco ocasiões, a Taça GT Macau tem sido organizada no programa do Grande Prémio de Macau desde 2008. A edição do ano passado ficou marcada pelo triunfo dramático de Darryl O’Young (Mercedes AMG GT3).

De acordo com a mesma publicação, “a prova exige que apenas equipas e pilotos registados para a temporada 2022 (do Campeonato da China de GT) sejam elegíveis para participar na corrida de GT de Macau” e o fabricante de pneus francês Michelin, através da sua filial chinesa, será o fornecedor exclusivo de pneus.

Apeado pelo confinamento

Esperava-se que Charles Leong Hon Chio, o vencedor das duas últimas edições do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4, fizesse a sua estreia nas provas de GT no passado fim-de-semana, algo que não veio a acontecer.

Depois do teste satisfatório que tinha feito com a equipa chinesa Harmony Racing, o jovem piloto de Macau não foi chamado a conduzir o Ferrari 488 GT3 na prova do Campeonato de Endurance da China (CEC) este fim-de-semana no circuito permanente da cidade de Liampó. Segundo o que o HM apurou, devido ao confinamento de Macau, Charles Leong não conseguiu confirmar atempadamente a sua presença na corrida, tendo a Harmony Racing recorrido a outro piloto.

No entanto, Charles Leong esteve presente no Ningbo SpeedPark International, junto da equipa YC Racing, ajudando um dos pilotos amadores da equipa. A formação no norte da China tem vários carros da categoria GT3, das marcas Audi e Porsche. Aproveitando a presença em Ningbo, no dia de ontem, Charles Leong testou novamente um dos Ferrari da Harmony Racing, o que deixa antevê que a equipa do empresário-piloto David Chen ainda é uma possibilidade para o jovem piloto de Macau que procura uma alternativa aos monolugares para prosseguir a sua carreira no automobilismo.

8 Ago 2022

Euroformula Open não quer lugar da F3 no GP Macau

O Conselho Mundial do Automobilismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA), que se reuniu no final de Junho, não só cancelou a ronda asiática da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, como também colocou um ponto final na possibilidade do 69º Grande Prémio de Macau receber qualquer outra Taça do Mundo, seja de GT ou de Fórmula 3. A possibilidade de trazer uma competição internacional substituta à altura da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA em 2022 também está posta de parte.

Numa alínea do extenso comunicado da federação internacional é possível ler que a “Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA em Macau não se realizará em 2022 devido às contínuas restrições relacionadas com a pandemia da COVID-19”. Este será o terceiro ano consecutivo que a Fórmula 3 não irá visitar o território, após ter sido lançada com enorme sucesso em 1982 no seguimento da recusa da FIA em autorizar a proposta do Automóvel Clube de Portugal (ACP) para que o Circuito da Guia fosse palco de corridas de Fórmula 2.

Nos últimos dois anos, como alternativa, o reputado circuito de Macau tem acolhido a corrida de fim de temporada do Campeonato da China de Fórmula 4. Contudo, a competição chinesa não goza do mesmo estatuto internacional da saudosa corrida de Fórmula 3, nem os monolugares Mygale-Geely de Fórmula 4 têm a espectacularidade ou proporcionam as emoções dos carros da disciplina superior.

Mesmo após a recusa da FIA, devido às restrições impostas por Macau, as entidades terão encetado contactos para tentar trazer outra competição internacional de monolugares do mesmo nível. De acordo com a imprensa ocidental especializada, os organizadores do Euroformula Open Championship e da japonesa Super Formula Lights terão sido sondados para ocuparem a vaga da Fórmula 3 no Grande Prémio de Macau.

Ambas as competições, que um dia foram campeonatos de Fórmula 3, mas que presentemente não o são porque a FIA não os permite usar essa denominação, têm em comum utilizarem os chassis Dallara 320 e uma variedade de motores, no melhor espírito do que foi a categoria que se tornou famosa por catapultar vários pilotos para a Fórmula 1.

Situação actual não se compadece

Interrogado pelo portal italiano italiaracing.net sobre uma possível corrida em Macau este ano, Jesus Pareja, o empresário espanhol responsável pela Euroformula Open Championship, declinou a possibilidade. Tal como os concorrentes do Campeonato de Fórmula 3 da FIA, também as equipas da Euroformula Open Championship – algumas delas bem conhecidas do Circuito da Guia como a Carlin, Motopark, Double R ou a Van Amersfoort Racing – não se quiseram sujeitar às regras sanitárias impostas aos visitantes por Macau.

“Fomos convidados pelo organizador nos últimos anos”, reconheceu Jesus Pareja, o homem que levou a Euroformula Open Championship ao Grande Prémio de Pau quando a Fórmula 3 abandonou o evento da pacata cidade francesa. O espanhol reconheceu, no entanto, que “com a Super Formula Lights formaríamos um bom alinhamento, mas com a actual situação sanitária na Ásia tal não é possível.”

A 69ª edição do Grande Prémio de Macau está agendada no calendário internacional de 17 a 20 de Novembro, mas o programa de corridas ainda não foi dado a conhecer.

27 Jul 2022

Filipe Souza preparava-se para correr com um novo Audi no TCR Asia

No final da pretérita edição do Grande Prémio de Macau, Filipe Souza não sabia se iria continuar ou se colocaria um ponto final na sua carreira de duas décadas no automobilismo. Porém, o “bichinho dos automóveis” foi mais forte e o piloto macaense decidiu continuar e no início do ano até tinha grandes planos para a temporada de 2022. Isto, até pandemia lhe ter trocado as voltas.

Filipe Souza estava decidido a disputar o TCR Asia, competição que este ano apenas disputa corridas em solo chinês, e até tinha garantido um dos novos Audi RS 3 LMS TCR que vieram para o continente asiático. O novo carro do construtor de Ingolstadt, que foi apresentado na Ásia no Grande Prémio de Macau do ano passado, dava garantias a Souza de finalmente ter uma viatura capaz de ombrear com os carros oficiais das marcas chinesas Lynk & Co e MG. Contudo, o destino quis outra coisa e o recente confinamento parcial de Macau colocou a época de Filipe Souza, e de muitos outros pilotos da RAEM, em dúvida.

“Faltam duas semanas para o início da temporada, mas com esta situação, acho que vai ser muito difícil participar na primeira prova ou até mesmo na maioria das provas do campeonato”, afirmou o experiente piloto do território ao HM. “O meu novo carro já chegou ao Circuito Internacional de Guangdong, mas não tenho como testá-lo ou realizar uma preparação mínima para a nova temporada”.

“Este ano está a ser pior que 2020 e 2021”, reconhece Filipe Souza que na primeira metade do ano viajou até Zhuzhou para tomar conhecimento da pista que abre a temporada do TCR Asia em 2022. Além das restrições de viagens e dos sucessivos adiamentos das provas, Filipe Souza antevê “que o clima económico vai piorar e que para os pilotos de Macau vai ser mais difícil encontrar os imprescindíveis apoios”.

Perante este cenário de indefinição, Filipe Souza escusa-se a fazer previsões sobre o que será a sua temporada desportiva, mas espera, pelo menos, “realizar algumas provas na China ainda este ano, e claro, o Grande Prémio de Macau, se houver.”

Macau e Wuhan no calendário

Pelo segundo ano consecutivo, o Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC na sigla inglesa) correrá em conjunto com o campeonato TCR Asia, num calendário que engloba sete eventos. A temporada, se a pandemia permitir, arranca com uma jornada de quatro corridas em quatro dias no Circuito Internacional de Zhuzhou, na Província de Hunan, de 27 a 31 de Julho. Em Agosto e Setembro, o campeonato prevê duas provas em Xangai, uma no pequeno circuito de Tianma e outra no circuito de Fórmula 1, que, entretanto, reabriu após praticamente quatro meses encerrado.

Em Outubro, a competição de velocidade mais popular da República Popular da China regressa a Zhuzhou antes do muito antecipado retorno ao circuito citadino de Wuhan. O traçado citadino da província de Hubei, que chegou a fazer parte do calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, tem estado em “banho-maria” desde a sua última edição em 2019. Por fim, o binómio CTCC/TCR Asia tem a sua prova final de temporada agendada para o 69º Grande Prémio de Macau, de 17 a 20 de Novembro.

19 Jul 2022

WTCR prepara-se para cancelar prova de Macau

A entidade promotora da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, a Discovery Sports Events, vai avançar com o cancelamento das três rondas no continente asiático, incluindo aquela marcada para o Circuito da Guia em Macau.

O Conselho Mundial de Automobilismo da Federação Internacional do Automóvel, que se realiza este final de semana, irá ratificar e confirmar a alteração no calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR de 2022, em que o Circuito da Guia irá ser retirado do calendário pelo terceiro ano consecutivo. Esta informação foi dada por Jean-Baptiste Ley, o director da Taça do Mundo, ao portal especializado TouringCarTimes.com.

“Há mais de um ano, quando tivemos de submeter o calendário à FIA, tivemos de tomar uma decisão sobre se iríamos para a Ásia ou se nos manteríamos na mesma situação”, disse Ley a TouringCarTimes. “Por isso decidimos permanecer positivos e optimistas e esperar que a situação melhorasse, o que foi o caso em todo o mundo excepto na Ásia. Por causa disso, e desde o início, ficou claro que, se a Ásia saísse do calendário, reduziríamos (o calendário) a nove eventos em vez de dez, procurando um cenário no Médio Oriente ou fora da Europa”.

Em Abril, Jean-Baptiste Ley, o director da Taça do Mundo, deixou claro ao HM que uma quarentena longa poderia afastar a intenção de realizar a última prova do ano no território. A organização de matriz francesa tentou adiar uma decisão ao máximo, mas os indicadores que chegaram a Paris vindos deste lado do mundo e a pressão das equipas para que fosse tomada uma decisão o mais cedo possível forçaram o cancelamento do “tour” asiático.

Regresso a Vila Real

A FIA WTCR disputa este fim-de-semana mais uma prova, desta vez no Circuito Internacional de Vila Real. No regresso, após dois anos de ausência do circuito urbano português, nenhuma medida restritiva será colocada aos participantes. Protocolos habituais nos dois últimos anos, como o uso obrigatório de máscaras, o certificado de vacinação ou a prova de teste negativo, tudo isso já não será mandatório num fim de semana em que se espera “casa cheia” na cidade de Trás-dos-Montes.

As três provas agendadas para o continente asiático – Inje (Coreia do Sul), Ningbo (China) e Circuito da Guia (Macau) – vão dar lugar muito provavelmente a corridas nos circuitos de Jidá, na Arábia Saudita, e Marraquexe, em Marrocos. O Circuit international automobile Moulay El Hassan no norte de África deverá ocupar o lugar de Macau como prova de encerramento de temporada.

O 69º Grande Prémio de Macau está agendado de 17 a 20 de Novembro e a histórica Corrida da Guia deverá, a exemplo dos dois anos anteriores, ser disputada por um conjunto de concorrentes oriundos dos campeonatos TCR Ásia e TCR China, a que se juntam uma série de pilotos convidados, incluindo vários pilotos locais, da RAE de Hong Kong ou até mesmo do estrangeiro, caso sejam encontradas soluções viáveis, dentro do contexto do combate à pandemia no território, para a sua participação.

Entretanto, o Conselho Mundial da FIA também deverá decidir se a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA se mantém por mais algum tempo no calendário, tendo como palco o Grande Prémio de Macau, ou se é também cancelada. Segundo a última versão do calendário do Campeonato da China de Fórmula 4, a competição que tem substituído a Fórmula 3 nos últimos dois anos no Circuito da Guia, a temporada de encerramento de temporada será novamente disputada na RAEM.

29 Jun 2022

Asiático de Karting cancela prova dias depois de simulacro no kartódromo

Depois de dois anos e meio sem realizar corridas, os organizadores do Campeonato Open Asiático de Karting (AKOC na sigla inglesa) estavam entusiasmados com a possibilidade de os motores voltarem a rugir em meados de Julho em Macau. Contudo, a série de novos casos que assolam o território obrigaram ao cancelamento do evento

 

Num comunicado colocado nas redes sociais, os organizadores do Campeonato Open Asiático de Karting anunciaram na passada quarta-feira o cancelamento do evento no território: “A ronda de Julho de 2022 em Macau está cancelada. Isto é devido ao recente ressurgimento de casos de covid e novas medidas de quarentena impostas”.

No calendário internacional da CIK FIA, o órgão que regula o karting internacional, o Campeonato Open Asiático de Karting tinha agendado para o Kartódromo de Coloane uma prova no fim de semana de 16 e 17 de Julho, para as seguintes categorias: 125 Open Junior, 125 Open Master, 125 Open Senior, 125 Open Veteranos, MAX, MAX Junior, MAX Veteranos, MINI ROK, ROK-GP, X30 Junior e X30 Senior.

Antes da pandemia, o Kartódromo de Coloane era um dos palcos favoritos para acolher eventos do Campeonato Open Asiático de Karting. Inaugurada no dia 17 de Outubro de 1996, a infra-estrutura continua a ser uma das melhores equipadas no continente asiático. Para além das competições de Macau, o kartódromo recebia habitualmente duas provas do AKOC, a ronda de abertura e a de encerramento, sendo que esta última costumava coincidir com o Grande Prémio Internacional de Karting.

Segundo o que apurou o HM, a organização do AKOC, que tem o seu quartel-general nas Filipinas, acreditava inicialmente que o evento iria ser realizado usando o sistema de bolha implementado com sucesso durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, mas até ao início desta semana aguardava ainda mais informações. A organização do AKOC, cujos campeonatos são maioritariamente compostos por pilotos de vários países do sudeste asiático, vai aguardar por uma decisão da AAMC quanto a uma nova data para evento.

Entretanto, as provas organizadas pela Associação Geral Automóvel de Macau – China (AAMC) no Kartódromo de Coloane marcadas para o fim de semana, foram também canceladas. Numa nota colocada na sua página electrónica, a AAMC esclareceu: “Tendo em conta a grave situação epidémica, em resposta à política anti-epidemia do Governo da RAEM, a AAMC vai continuar a suspender os serviços externos de 22 a 24 de Junho. Obrigado pela vossa compreensão.”

Simulacro no Kartódromo

No fim de semana passado, o Kartódromo de Coloane serviu para um simulacro com vista à preparação do 69.º Grande Prémio de Macau. Numa iniciativa gerida pelo Instituto do Desporto, com o intuito de explorar a viabilidade de convidar atletas estrangeiros para competir em Macau, foi testada a possibilidade de realizar o evento em “circuito fechado”, à imagem do que foi feito nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim.

Segundo o que foi noticiado pela imprensa local de língua chinesa, o conceito passa por dividir os intervenientes do evento em duas zonas: “zona verde” e “zona vermelha”. Todas as equipas participantes, o seu pessoal e mesmo alguns meios de comunicação social são colocados na zona vermelha em “circuito fechado”, onde autocarros farão o seu transporte entre o circuito e o hotel. O simulacro terá incluído operações de socorro, eliminação de lixo, cerimónia de entrega de prémios, entrevistas instantâneas em vídeo entre os meios de comunicação social e os pilotos, e até autocarros realizaram o transporte de pessoas em “circuito fechado”.

24 Jun 2022

GP Macau | Pessimismo ocidental contrasta com optimismo nacional

A contagem decrescente para a 69.ª edição do Grande Prémio de Macau já começou. Contudo, a cerca de cinco meses do maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM são mais as dúvidas do que as certezas

 

O Macau Daily Times revelou na passada terça-feira que na pretérita semana vários pilotos receberam convites formais da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau para participarem no Grande Prémio de Motos de Macau, prova que não se realizou nos últimos dois anos devido às restrições de entrada de estrangeiros de acordo com as medidas de prevenção e controlo da pandemia de Covid-19. Segundo a publicação de língua inglesa, do ponto de vista dos pilotos, parece ser unânime a opinião de que desejam regressar a Macau “desde que as restrições de quarentena sejam abandonadas”.

Entretanto, a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo – WTCR mantém no seu calendário as três provas asiáticas – Inje (Coreia do Sul), Ningbo (China) e Circuito da Guia (Macau) – contudo, o optimismo sobre um eventual regresso à Ásia não é grande. Em Abril, Jean-Baptiste Ley, o director da Taça do Mundo, deixou claro ao HM que uma quarentena longa poderia afastar a intenção de realizar a última prova do ano em Macau.

Neste momento, tudo aponta que a entidade promotora da FIA WTCR, a Discovery Sports Events, opte pelo plano B e cancele as rondas do continente asiático nas próximas semanas. Segundo a edição desta semana da revista alemã Motorsport Aktuell, a cidade marroquina Marraquexe, é a mais forte candidata mais forte a receber a prova de final de temporada. O Circuit international automobile Moulay El Hassan deverá ocupar o lugar de Macau, no mês de Dezembro. Os circuitos de Jidá, na Arábia Saudita, e de Istambul, na Turquia, têm sido apresentados como outras possibilidades caso o “tour” asiático não aconteça novamente.

A confirmar-se este cenário, um novo calendário da FIA WTCR poderá ser apresentado no final de Junho, durante o Conselho Mundial de Automobilismo da FIA.

Paddock da F3 na expectativa

A Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 está no calendário da FIA agendada para o período de 17 a 20 de Novembro, no entanto a expectativa entre as equipas é tão grande como a incerteza. O Campeonato FIA de Fórmula 3 corre nos fins-de-semana da Fórmula 1, onde a obrigatoriedade de testagem à Covid-19 foi abolida este ano, sendo a apresentação do certificado de vacinação o suficiente para a livre circulação.

Apesar da elevadíssima reputação da prova do território e da vontade geral que esta recupere a pujança de outros tempos, caso seja imposta uma quarentena à chegada, estes factores poderão não ser suficientes para convencer um paddock que está todo vacinado e livre de restrições em todos os sítios para qual viaja. Entretanto, a Fórmula 3 garantiu ontem que a partir do próximo ano acompanhará a Fórmula 1 na viagem a Melbourne, na Austrália.

TCR Asia e F4 China contam voltar

Se nas competições internacionais o optimismo de um regresso a Macau está em declínio, em contrapartida nas nacionais, o regresso as ruas do território é quase “ponto assente”. Devido aos confinamentos a que tiveram sujeitas as grandes metrópoles de Pequim e Xangai, os calendários de todas as competições automobilísticas chinesas foram revistos e alterados. Com o arranque previsto para o segundo fim de semana de Julho, o campeonato TCR Asia manteve no seu calendário a visita à RAEM para a prova de encerramento de uma temporada que duas semanas antes de Macau regressa ao circuito citadino de Wuhan, um evento que não se realiza desde 2019.

O Campeonato da China de Fórmula 4, que já não realiza uma prova desde o Grande Prémio de Macau de 2021, prevê começar no mês de Agosto, em Ningbo. O revisto calendário provisório de quatro jornadas enviado esta semana às equipas volta a incluir o Circuito da Guia como prova final. A concretizar-se, esta será a terceira vez consecutiva que o campeonato reconhecido pela FIA se desloca a Macau. O piloto local Charles Leong Hon Chio venceu em ambas as ocasiões.

17 Jun 2022

Automobilismo | F1 na China com dificuldades inesperadas de vingar

Três meses depois do arranque da temporada de 2022, o entusiasmo da chegada do piloto chinês Guanyu Zhou ao Campeonato do Mundo de Fórmula 1 tem perdido força. Uma série de factores fora de pista têm contribuído para isso, e o próprio estreante Zhou, o primeiro piloto da República Popular da China a correr na disciplina, admite que não tem a certeza se vai manter o seu lugar na Alfa Romeo na próxima temporada

 

Nos últimos dias, o nome do jovem de 23 anos apareceu várias vezes na imprensa internacional entre os pilotos cujo futuro na Fórmula 1 não é claro para além de 2022. Isto, apesar do chefe de equipa da Alfa Romeo, Frédéric Vasseur, parecer satisfeito com a época de Zhou até agora, especialmente porque a relação que o piloto chinês tem com o colega de equipa Valtteri Bottas tem sido profícua.

“O Valtteri é rápido no carro, bom com a equipa fora do carro, é fantástico em termos de motivação e contribuição”, disse o responsável francês. “E a colaboração com Zhou é mais do que boa”.

No entanto, Zhou não tem a certeza sobre a sua continuidade, até porque não tem um contrato assinado. “Ainda estamos no início desta temporada, por isso ainda não tenho planos para o futuro e ainda não sei qual é o plano”, disse o piloto natural de Xangai. “Claro que tem sido uma temporada com pontos altos e baixos, mas no geral sinto-me muito feliz por estar aqui. E sinto que ainda há muitas corridas para eu desenvolver as minhas capacidades na Fórmula 1”.

A boa temporada que Bottas está a realizar este ano deverá mantê-lo na equipa, mas o lugar de Zhou é muito cobiçado pelo francês Théo Pourchaire. O piloto de reserva da Alfa Romeo F1 Team Orlen e membro da Sauber Academy é também um protegido de Vasseur. Vice-campeão em 2021 da Fórmula 2, Pourchaire ocupa a segunda posição no campeonato este ano e quer dar o assalto, preferencialmente em 2023.

Com um ponto já alcançado esta época, o que o coloca no 18.º lugar entre os vinte e um pilotos participantes, Zhou está aparentemente tranquilo e confiante. “Se tudo correr como planeado, não vejo razão para estar demasiado preocupado com o que vai acontecer no próximo ano”, referiu.

Outras dificuldades

Durante décadas acreditou-se que a presença de um piloto chinês no “Grande Circo” iria quebrar as barreiras e finalmente se iriam abrir as portas do actual maior mercado automóvel do mundo. Contudo, na prática, tal não está a acontecer, bem longe disso. A presença de Zhou trouxe o interesse de novos patrocinadores para o desporto, principalmente para a Alfa Romeo, mas ainda não se assistiu à chegada de fortes patrocinadores chineses.

Apesar dos intentos que a Fórmula 1 tem em realizar um dia dois Grandes Prémios na China, a verdade é que a categoria rainha do automobilismo não pisa solo chinês desde 2019. O contrato de Xangai foi mesmo assim renovado até 2025, mas hoje ninguém se atreve a garantir que haverá Grande Prémio da China em 2023 devido às actuais restrições de entrada de estrangeiros no país.

Outro problema que a Fórmula 1, neste caso a Liberty Media, tem encontrado na China prende-se com as transmissões televisivas. Fora das duas Regiões Administrativas Especiais, apenas em Xangai e na província de Guangdong é possível assistir às transmissões em directo dos eventos. Apesar dos rumores que a China Telecom poderia ter ganho o concurso dos direitos de transmissão online, a verdade é que não existe ainda uma plataforma autorizada a transmitir as corridas pela internet, o que condiciona a expansão da disciplina no país.

9 Jun 2022

VP da FIA não vê possível circuito de HK como ameaça ao GP Macau

A Hong Kong Automobile Association (HKAA) voltou a apresentar uma proposta ao Executivo da RAE vizinha para a construção de um circuito permanente no território. Contudo, se tal se vier a concretizar, uma pista de automobilismo em Hong Kong não é vista pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) como uma ameaça ao Grande Prémio de Macau

 

Em declarações ao South China Morning Post (SCMP), no mês passado, Lawrence Yu Kam-kee, o presidente da HKAA, a Associação Desportiva Nacional de Hong Kong, revelou que um plano de vinte páginas foi entregue ao Gabinete do Chefe do Executivo e aguarda resposta. Yu referiu que a HKAA esteve em contacto com os vários departamentos governamentais antes de submeter a proposta, com a esperança de segurar uma localização no lado norte da Ilha de Lantau, onde estava anteriormente o Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Yu afirmou ao SCMP que ainda é muito cedo para dizer se o local poderia ajudar a trazer as corridas de Fórmula 1 para Hong Kong, isto numa altura em que a categoria rainha do automobilismo deseja ter mais corridas na China.

“Um evento de Fórmula 1 precisa de um circuito longo e uma recta de uma ponta à outra, …, será parte do circuito proposto para apenas quando precisássemos dele para realizar grandes eventos – o que tornaria a instalação mais económica. Isto acontece em outros circuitos de automobilismo em todo o mundo.”

O comissário dos desportos Yeung Tak-keung respondeu ao SCMP que o projecto de reaproveitamento ainda está em fase de planeamento e “a proposta de fornecer instalações desportivas será incluída no estudo detalhado”.

Criar sinergias

Este renascer do interesse da ex-colónia britânica num circuito permanente é visto com bons olhos para o novo Vice-Presidente da FIA para a Ásia, Lee Lung Nien. O ex-presidente da Motor Sports Singapore (MSS) referiu ao HM que ambas as RAE só têm a ganhar caso o governo de Hong Kong dê seguimento à proposta.

“Será positivo para todos, porque dá possibilidades às pessoas”, disse Lung ao HM. “E se fizerem [grandes eventos] em fins-de-semana consecutivos ainda melhor. Um fim de semana Hong Kong, outro Macau, ou vice-versa.”

“Se Hong Kong tiver o seu próprio circuito, óptimo. Cria melhores corridas para todos; [Os pilotos] podem treinar em Hong Kong, e correr em Macau”, acrescenta Lung, também ele um praticante de desportos motorizados, particularmente de karting. “Tens escolhas, e no momento que tens escolhas, o nível aumenta, a participação aumenta, e permite às pessoas terem opções para correrem. Quando tens opções as pessoas aparecem. O problema é quando não há oferta ou estamos limitados a uma corrida ou a um só circuito. Ambos [Macau e Hong Kong] poderão co-existir e ambos podem beneficiar um com o outro”.

Não é ameaça

Apesar de nunca ter tido um evento com a dimensão do Grande Prémio de Macau, Hong Kong realizou ao longo dos anos várias corridas locais de diferentes disciplinas do desporto motorizado e chegou mesmo a organizar um Grande Prémio Internacional de Karting, em Victoria Park. Em 2016, 2017 e 2019, Central Harbourfront recebeu o Campeonato FIA de Fórmula E, de carros eléctricos. O evento, que foi uma vitória pessoal do presidente da HKAA, seria descontinuado, primeiro devido aos protestos pró-democracia e depois devido à pandemia.

O responsável máximo do automobilismo para a Ásia não acredita que Macau poderá sequer estar em risco caso Hong Kong use a sua infra-estrutura para cativar eventos internacionais de alto nível. “Macau não irá desaparecer, é como o Mónaco. Eu descreveria o Grande Prémio de Macau como o ‘Mónaco do Este’. É um festival, um grande evento internacional, todos querem lá ir”.

5 Mai 2022