HK | Jimmy Lai em solitária há mais de quatro anos

O Governo de Hong Kong garantiu que Jimmy Lai Chee-ying, fundador do jornal pró-democracia Apple Daily, pediu para ficar em regime de solitária, desde que foi detido, há quatro anos e meio.

“O acordo para o afastamento de Lai Chee-ying da associação com outras PIC [sigla em inglês para pessoas sob custódia] foi feito a seu próprio pedido”, disseram as autoridades da região semiautónoma chinesa.

Num comunicado divulgado na segunda-feira à noite, o Governo de Hong Kong não revelou as razões apresentadas para sustentar o pedido da defesa de Jimmy Lai, que não foi autorizado a escolher os seus advogados de defesa.

Mas as autoridades recordaram que “o representante legal” do empresário “esclareceu ainda publicamente que ele está a receber o tratamento e cuidados adequados na prisão”.

Uma advogada irlandesa que representa Jimmy Lai, Caoilfhionn Gallagher, disse, porém, ao jornal canadiano “The Globe and Mail” na segunda-feira estar muito preocupada com a saúde do empresário, de 77 anos, que sofre de diabetes. O Governo de Hong Kong disse que o Departamento de Serviços Correcionais (CSD, na sigla em inglês) “está empenhado em garantir que o ambiente de custódia é seguro, protegido, humano, apropriado e saudável”.

Lai está detido desde o final de 2020 sob a acusação de conluio, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta pelo Governo Central chinês.

“Ne Zha 2” | Filme sai das salas como o quinto mais rentável de sempre

O filme de animação chinês “Ne Zha 2” terminou ontem cinco meses de exibição nos cinemas do país asiático, consagrando-se como o quinto filme mais rentável de sempre a nível mundial, segundo o portal de notícias Yicai.

A produção arrecadou mais de 15.900 milhões de yuan, sendo apenas ultrapassada por “Avatar” (2.460 milhões de euros), “Vingadores: Ultimato” (2.375 milhões de euros), “Avatar: O Caminho da Água” (1.950 milhões de euros) e “Titanic” (ligeiramente abaixo dos 1.950 milhões de euros).

Estreado a 29 de Janeiro, primeiro dia do Ano Novo Chinês – principal época festiva do país e temporada alta para a bilheteira -, “Ne Zha 2” surgiu como um sopro de ar fresco para o sector, após uma queda de 22,5 por cento nas receitas em 2024.

O filme tornou-se na primeira produção a ultrapassar os 1.000 milhões de dólares num único mercado, no maior sucesso de animação de sempre – superando “Divertida-Mente 2” – e no filme mais visto na China, com 324 milhões de entradas vendidas.

O êxito foi tal que, apesar de as exibições nos cinemas chineses durarem normalmente um mês, “Ne Zha 2” viu o seu período prolongado por quatro vezes. Tanto este filme como a sua prequela, “Ne Zha” (2019), são baseados num romance clássico chinês do século XVI, “A Investidura dos Deuses”.

A história acompanha Ne Zha, uma criança nascida com poderes sobre-humanos que regressa – após se ter dado a entender que morrera no primeiro filme – para enfrentar um demónio mitológico, depois de os deuses reconstruírem a sua alma com folhas de lótus. A produtora Enlight Media já prometeu uma terceira parte “com padrões ainda mais elevados” e está a negociar com várias cidades chinesas a construção de parques temáticos inspirados no universo de “Ne Zha”.

Tailândia | Tribunal Constitucional suspende PM

O Tribunal Constitucional da Tailândia suspendeu ontem a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra até à conclusão de um processo judicial, iniciado após a divulgação de uma chamada telefónica com um antigo líder cambojano.

De acordo com um comunicado, os juízes votaram unanimemente para aceitar uma petição, apresentada por cerca de 30 senadores conservadores, que acusam Shinawatra de “grave violação ética”.

Em meados de Junho, foi divulgada uma conversa com o ex-primeiro-ministro do Camboja e actual presidente do Senado, Hun Sen, em que Paetongtarn Shinawatra questionava o papel de um alto comandante do exército tailandês, no contexto de um conflito fronteiriço entre os dois países.

Os juízes aprovaram também, por sete votos a favor e dois contra, a suspensão de Shinawatra, que vigorará “até à decisão [final] do Tribunal Constitucional”, o que poderá demorar várias semanas ou mesmo meses, segundo o comunicado. “Aceito a decisão do tribunal”, disse ontem a primeira-ministra aos jornalistas, em frente ao Palácio do Governo, em Banguecoque.

“Quero reafirmar que sempre foi minha intenção agir no melhor interesse do meu país”, acrescentou Paetongtarn Shinawatra. O vice-primeiro-ministro Suriya Jungrungruangkit deverá tornar-se o primeiro-ministro interino, embora não haja ainda qualquer confirmação oficial.

Estabilidade em causa

A China manifestou ontem a esperança de que a Tailândia consiga manter a “estabilidade”, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional. “Como vizinho amigo, esperamos que a Tailândia mantenha a sua estabilidade e desenvolvimento”, afirmou Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa.

Em 24 de Junho, o rei Maha Vajiralongkorn ratificou uma remodelação ministerial, após o partido Bhumjaithai ter abandonado a coligação governamental, devido à chamada telefónica. A remodelação resultou no afastamento do Governo do antigo vice-primeiro-ministro e ministro do Interior Anutin Charvirakul, líder do Bhumjaithai.

No dia seguinte, o partido anunciou que iria apresentar uma moção de censura contra a primeira-ministra no Parlamento, em 03 de Julho. Shinawatra enfrenta também investigações por uma alegada violação de ética por parte da agência anticorrupção da Tailândia, cuja decisão também pode levar à sua destituição.

No sábado, milhares de manifestantes juntaram-se na capital da Tailândia para exigir a renúncia da primeira-ministra. Cerca de quatro mil manifestantes, segundo a agência de notícias France Press, encheram as ruas de Banquecoque, agitando bandeiras tailandesas e aplaudindo discursos, intercalados com gritos de indignação.

Também ontem, arrancou num tribunal da capital da Tailândia o julgamento de Thaksin Shinawatra, antigo primeiro-ministro e pai de Paetongtarn Shinawatra, acusado de difamar a monarquia.

Raul Brandão, os Açores e Macau

Raul Brandão (1867-1930), já tocado de uma certa fama pelos seu “Os Pescadores”, visitou os Açores e a Madeira em 1924 e esteve mesmo para partir num cruzeiro às colónias portuguesas da África ocidental. E se esse barco tivesse chegado a Goa, ou a Macau? Contudo, o escritor morreu apenas cinco anos após a sua viagem aos arquipélagos atlânticos, ditos adjacentes, e nem a Angola chegou a ir, muito menos a Cantão. Seria difícil imaginar em que termos leríamos um diário de viagem desse contemplador de almas ao sul da China, que um outro seu contemporâneo, no mesmo ano nascido, Camilo Pessanha, descreveu como a terra do mal. Sobretudo face às outras, as ilhas felizes da Macaronésia. Jorge Arrimar (n. 1953), poeta angolano que nos anos 80 dirigiu a Biblioteca Central de Macau, após ter passado pelos Açores, reflete sobre essa duplicação ou triangulação insular em “Viagem à Memória das Ilhas” (2002). No fundo, Macau também é uma ilha, desdobra a peninsularidade na insularidade.

Ora, os Açores e Macau mantêm ligações antigas, onde o peso da humidade não é o único denominador comum. Houve uma época em que, dizia-se, apenas açorianos e os transmontanos se aventuravam até estas paragens, daí o número vultuoso de nascidos em Freixo de Espada à Cinta ou das Velas, de São Jorge, que se encontravam ao largo do Senado. É o caso do Padre Teixeira e de José Silveira Machado, que aqui chegaram na mesma leva. Este último, açoriano que se tornou cidadão de Macau, é um dos exemplos de alguém que contribuiu para a literatura, jornalismo e educação desta península e duas ilhas ao longo de cerca de setenta anos. Por seu turno, Rodrigo Leal de Carvalho (n. 1932) — terceirense da Praia da Vitória, que desempenhou altas funções na magistratura de Macau durante várias décadas — dedicou-se também à escrita, documentando nemesianamente a vida destes outros arquipelágicos.

Já a tradição açoriana em fornecer o “Mundo Português” de hierarquia eclesiástica teve os seus pináculos em duas figuras: D. João Paulino de Azevedo e Castro (1852-1918), natural das Lajes do Pico, que foi o 19.º bispo de Macau, entre 1902 e 1918. Fundou este em 1903 o longevo “Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau” e pastoreou não só em Macau, mas em toda a vasta área do sueste asiático, algumas boas ovelhas. D. José da Costa Nunes (1880-1976), nascido na Candelária do Pico, acompanhou D. João Paulino como secretário em 1903, sendo posteriormente bispo de Macau (1920-1940), arcebispo de Goa e patriarca das Índias Orientais, chegando a receber barrete de cardeal em 1962. Costa Nunes é também escritor de monta, de quem um dia aqui falarei.

A este respeito, li recentemente o volume do investigador açorianófilo Vasco Rosa (n. 1958), publicado em 2019, sobre a recepção crítica da obra brandoneana sobre os Açores, “Raul Brandão e os Açores” (da Companhia das Ilhas, sedeada no Pico), e deparei-me com um livro que embora seja heuristicamente muito competente (quer dizer, pelo levantamento de fontes que promove, sobretudo fontes esquecidas dos jornais, esse vasto necrotério das ideias), revela-se, contudo, analiticamente insuficiente. Apresenta exaustivamente todo o contexto de recensão d’”As Ilhas Desconhecidas” (1926) de Raul Brandão, tanto nos Açores quanto no continente. Identifica os escritores contemporâneos que também se debruçaram sobre os Açores, distinguindo os partidários dos detratores do escritor nortenho. Todavia, poderia ter estabelecido comparações mais aprofundadas entre Brandão e os demais autores, demonstrando inclusivamente como o próprio Brandão provavelmente se inspirou nessas outras fontes.

Rosa prefere apresentar o autor como um génio absoluto — não o questiono — desprovido de influências, apenas gerador de discípulos. Teria sido mais enriquecedor situar a sua obra no contexto de um diálogo com outros escritores, continentais e insulares, abandonando a conceção de um livro isolado, um livro-ilha. Paradoxalmente, apesar de todas as evidências que Vasco Rosa apresenta, sugerindo precisamente que não se trata de uma obra única no panorama literário, essa dimensão permaneceu por explorar no seu, apesar de tudo, bem útil livro.

Macau também foi objeto de inúmeros relatos de viagem, de descoberta com ou sem fascínio, e todos se citam, se reescrevem uns outros. É assim que funciona. As autoridades textuais repetem-se, surgem novas, desaparecem outras, mas muita coisa é citação. Os seus nomes ficarão para próxima crónica, mas podemos perguntar-nos porque razão não funcionaria assim o belo volume de Brandão sobre as ilhas por conhecer.

Albergue SCM | O poder das mulheres e da caligrafia em exposição

Apresenta-se ao público no próximo dia 9, quarta-feira, uma nova exposição no Albergue SCM. Trata-se da “Exposição por convite de obras de mulheres calígrafas e pintoras notáveis” e apresenta uma série de obras de caligrafia onde, como o nome indica, a mulher artista assume o papel principal. Podem ver-se trabalhos de nomes como Hong San San e Ng Choi Ha, entre outros

 

O trabalho artístico desenvolvido por mulheres volta a estar em evidência em mais uma exposição do Albergue SCM – Santa Casa da Misericórdia. Desta vez é através da “Exposição por Convite de Obras de Notáveis Calígrafas e Pintoras” que abre ao público na próxima quarta-feira, dia 9, às 18h30, sendo possível ver dezenas de trabalhos de caligrafia que expressam vários sentimentos e mensagens.

Entre as artistas de destaque estão Hong San San, Ng Choi Ha, Ho Lai Sim, Ma Tang, Fu Sio Fan, Chau Hon Va, Lam Sau Lai, Ng Kam Fong, Hong Iok Chan, He Qunzhen, Lam Hong Kun, Ng Kam Lin, Tou Im Fan, Wang Zhaorong, Wong Hei U, Tsang Tseng Tseng, Mui Kim Fan, Ng Lai Ping e Leong Iok Leng, “que acrescentam destaques significativos à exposição”, lê-se numa nota do Albergue SCM e do CAC.

É ainda referido que a mostra em questão “apresenta um grupo distinto de calígrafas e pintoras a tinta de renome, exibindo uma variedade de obras que destacam vários estilos de caligrafia e pintura a tinta”, sendo que todas estas mulheres que colaboram com os seus trabalhos “utilizam o pincel e a tinta como meios de expressão, revelando as suas qualidades artísticas únicas através do ritmo das linhas e da profundidade da tinta, transmitindo os seus pensamentos íntimos e cultivo artístico”.

Charme feminino

O Albergue SCM e o CAC consideram que esta mostra “não só mostra as capacidades excepcionais das artistas femininas, mas também serve como uma importante plataforma para o intercâmbio cultural e o património artístico”.

Além disso, durante a exposição, “o público terá a oportunidade de apreciar de perto as obras dedicadas criadas por estas artistas, experimentando a sua perseverança e busca no reino da arte, enquanto explora o charme artístico único e a profunda riqueza cultural das artistas femininas”.

“Acreditamos que esta exposição irá adicionar um toque vibrante à atmosfera cultural e artística de Macau, inspirando um maior amor e apreço pela caligrafia e pela pintura a tinta”, descreve a organização.

A exposição prolonga-se por quase todo o período de Verão, podendo ser vista até ao dia 17 de Agosto. Além da organização do CAC, trata-se de uma iniciativa com apoio do Fundo de Desenvolvimento Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau e Associação de Calígrafas, Pintoras e Escultoras de Macau.

Moeda | Analistas projectam subida do yuan face ao dólar

O optimismo do mercado em relação à moeda chinesa continua a aumentar, com analistas a projectarem uma valorização do yuan face ao dólar norte-americano, impulsionada pelas crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida norte-americana.

O Banco Popular da China (banco central) fixou ontem a taxa de referência diária em 7,1534 yuans por dólar, uma valorização face à taxa de segunda-feira, de 7,1656, e o nível mais forte desde o início de Novembro.

Em junho, o yuan transaccionado no mercado interno (onshore) valorizou-se 0,41 por cento face ao dólar, acumulando ganhos de 1,2 por cento no segundo trimestre e 1,86 por cento no primeiro semestre do ano.

“Comparando com o final de Abril, os clientes no mercado interno estão menos pessimistas em relação às perspectivas de crescimento da China a curto prazo, uma vez que os dados macroeconómicos têm sido mais resistentes do que o inicialmente temido, apesar da divergência significativa entre as exportações e a procura doméstica”, escreveu o analista do banco de investimento Goldman Sachs, Lisheng Wang, num relatório divulgado no domingo.

Os investidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade da dívida pública dos EUA, antecipando uma desvalorização do dólar devido à diminuição da confiança na governação do país, às políticas fiscais expansionistas e ao aumento dos custos de financiamento a longo prazo, acrescentou Wang.

O banco de investimento norte-americano prevê que o yuan continue a fortalecer-se, baixando da barreira dos 7 por cada dólar nos próximos seis meses. Wang destacou que o sentimento no mercado interno está a melhorar, com expectativas de que as negociações China-EUA ajudem a sustentar as exportações chinesas no segundo semestre.

Embora as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses continuem a pressionar as exportações, a taxa de câmbio do yuan dependerá sobretudo do apoio político interno – especialmente ao consumo – e dos avanços nas negociações comerciais entre a China e os EUA, concluiu o banco de investimento.

Pequim sanciona ex-legislador filipino que defendeu reivindicações no mar do Sul

A China impôs ontem sanções a um ex-deputado filipino por posições consideradas “antichinesas”, incluindo a autoria de projectos de lei que demarcavam as reivindicações territoriais das Filipinas no disputado mar do Sul da China.

Francis Tolentino, que acaba de terminar o seu mandato como líder da maioria no Senado filipino, está proibido de entrar na China, bem como nos territórios de Hong Kong e Macau, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Há algum tempo, alguns políticos antichineses nas Filipinas têm adoptado uma série de palavras e acções maliciosas sobre questões relacionadas com a China, visando servir os seus próprios interesses egoístas, o que prejudicou os interesses da China e minou as relações entre a China e as Filipinas”, apontou o ministério, em comunicado. “O Governo chinês está determinado a defender a sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento”, acrescentou.

Numa declaração difundida ontem, Tolentino disse que “continuará a lutar – pelo que pertence por direito à nação” filipina, acrescentando que encarava a sanção como uma medalha de honra e que nenhuma potência estrangeira poderia silenciá-lo.

Disputas marítimas

Tolentino é autor de dois projectos de lei que demarcam as reivindicações das Filipinas no disputado mar do Sul da China. As duas leis, denominadas Lei das Zonas Marítimas das Filipinas e Lei das Rotas Marítimas Arquipelágicas das Filipinas, foram promulgadas em Novembro passado. As leis reafirmaram a extensão dos territórios marítimos do país no mar do Sul da China e o direito aos recursos dessas áreas.

As leis foram rapidamente condenadas e rejeitadas pela China, que reivindica praticamente todo o mar do Sul da China. “Quaisquer objecções da China devem ser respondidas com uma defesa inabalável dos nossos direitos soberanos e adesão aos resultados legais da arbitragem”, disse Tolentino na altura.

Tolentino também acusou a China de planear interferir nas eleições intercalares de Maio nas Filipinas e lançou uma investigação sobre alegada espionagem chinesa quando ainda era senador. As Filipinas e a China têm estado envolvidas em confrontos verbais e físicos sobre as respectivas reivindicações na região.

Tianwen-2 | Captadas novas imagens da Terra e Lua a 590.000 quilómetros

A operação da Tianwen-2 deverá durar mais de uma década e destina-se a trazer amostras de um asteroide para a Terra, além da exploração de um cometa, situado entre Marte e Júpiter

 

A Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) divulgou ontem novas imagens da Terra e da Lua captadas pela sonda Tianwen-2, incluindo fotografias tiradas a 590.000 quilómetros de distância. “Depois de transmitidas para a Terra, as imagens foram processadas e produzidas por investigadores científicos”, anunciou a agência espacial chinesa no seu portal oficial.

A Tianwen-2, encontra-se há 32 dias em órbita, estando agora a mais de 12 milhões de quilómetros da Terra, com todos os sistemas a funcionar normalmente. Esta missão representa um marco importante para o programa espacial chinês, sendo a primeira destinada a recolher amostras de um asteroide e trazê-las para a Terra.

A ambiciosa operação, com duração prevista de mais de uma década, incluirá também a exploração do cometa 311P, situado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. A primeira fase da missão concentrar-se-á no asteroide 2016HO3, conhecido como 469219 Kamo’oalewa, considerado um quase – satélite terrestre devido à sua órbita próxima da Terra e em torno do Sol.

Plano de viagem

Segundo o plano estabelecido, a sonda deverá demorar cerca de um ano a alcançar o seu primeiro destino. Após a chegada, realizará manobras de aproximação e permanecerá em órbita do asteroide para identificar a zona mais adequada para recolha de amostras. Uma vez concluída esta operação, a nave regressará às proximidades da Terra, onde uma cápsula separada deverá trazer as amostras para estudo no final de 2027, antes de a sonda prosseguir viagem em direcção ao cometa 311P, localizado a cerca de 300 milhões de quilómetros do nosso planeta.

Este projecto enquadra-se no ambicioso programa espacial chinês, que já alcançou feitos notáveis como o pouso da sonda Chang’e 4 na face oculta da Lua – uma primazia mundial – e a chegada a Marte, tornando a China no terceiro país a conseguir esta proeza, após a antiga União Soviética e os Estados Unidos.

O pensamento durandiano e o imaginário chinês (2)

Por Chaoying Durand-Sun

(continuação do número anterior)

De 1994 a 2016, entre quatro “continuos” de tradução, Hommes, bêtes et démons de Qian Zhong-shu para a Gallimard, Florilège de Su Dong-po para a You-Feng, L’Épopée des Trois Royaumes de Luo Guan-zhong em cinco volumes para a You-Feng, e uma série de adaptações de romances clássicos chineses em Lian huan hua (banda desenhada chinesa) novamente para a You-Feng: Publiquei três monografias, incluindo duas sobre o imaginário rabelaisiano que alargam as ideias desenvolvidas na minha tese: Les Mythologies de Rabelais (1996); Rabelais.

Mythes, images et sociétés (2000); e uma sobre o imaginário chinês aplicando a mitocrítica comparativa e a mitanálise: Essais sur l’Imaginaire chinois. Neuf Chants du Dragon. Mas o que me ensinou muito sobre a investigação do imaginário foi a minha participação em cerca de vinte colóquios internacionais ou publicações universitárias no seio da vasta rede de CRIs, tanto franceses como estrangeiros (chineses, belgas, romenos, italianos, espanhóis, canadianos, etc.), o que me permitiu aprofundar os meus conhecimentos sobre o estudo do imaginário através de uma variedade de temas: “Un Saint Antoine chinois au Gobi” (in Saint Antoine entre mythe et légende, 1996); “L’âge d’or, du Tibre au Fleuve Jaune” (in L’Imaginaire des âges de la vie, 1996); “Le statut saturnien de l’âge de la Grande Concorde (Datong)” (in L’Âge d’or, 1996), “Esquisse d’une structuration de l’imaginaire chinois” (in Imaginaire et Littérature II. Recherches Francophones, 1998); “Rédimer Babel, une Pentecôte rabelaisienne?” (in Études sur l’Imaginaire. Mélanges offerts à Cl.-G. Dubois, editado por G. Peylet, 2001); “Atlantides chinoises” (em Atlantide et autres civilisations perdues de A à Z, editado por J.-P. Deloux e L. Guillaud, 2001) e “L’Atlantide du… Pacifique?” (in Atlantides imaginaires, réécriture d’un mythe, editado por Ch. Foucrier e L. Guillaud, 2004); “Une méthode directive de la naissance et de la disparition des choses: Le Livre des Mutations (Yijing) (in Loxias: Éclipses et surgissements de constellations mythiques. Littérature et contexte culturel, champ francophone, editado por A. Chemain-Degrange, n.º 2-3, 2002); “Essai sur l”androgynie’ du vêtement en Chine” (in L’Entre-deux de la mode, editado por F. Franchi e P. Monneyron); “La pérégrination vers l’Ouest (Xiyou-ji) et les Cinq Points Cardinaux chinois” (in Imaginaires des Points Cardinaux. Aux quatre angles du monde, editado por M. Viegnes, 2005); “Un chaudron rempli de jiao-zi, ou l’imaginaire nocturne de la cuisine chinoise” (in Les Cahiers européens de l’Imaginaire, n.º 5, março de 2013, pp. 188-194); “Les structures fondamentales de l’imaginaire dans L’Épopée des Trois Royaumes de Luo Guan-zhong. Contribution à la mythocritique durandienne” (in “Actualité de la mythocritique. Hommage à Gilbert Durand”, Esprit Critique, editado por F. Gutierrez e G. Bertin, 2014 e a sua versão italiana: Le structture fondamentali dell’immaginario in L’Epopea dei Tre Regni di Luo Guan-zhong Contributo alla Mitocritica durandiana”, trans. M. Pia Rosati, in Atopon, 2015 e Posfácio para Actualité de la mythocritique. Hommage à Gilbert Durand); “Le mythe du Graal dans la légende arthurienne européenne et dans L’Épopée des Trois Royaumes de Luo Guan-zhong”, comunicação para as Journées de Littérature, Culture et Tradition arthurienne, Congrès ibérique, editado por J. Miguel Zarandona, Universidade de Valladolid-Soria, 18-19 de novembro de 2016, etc.

Escrevi também quatro artigos sobre a receção da obra de G. Durand: “Gilbert Durand et l’Imaginaire chinois” (in Symbolon, Bachelard: Art, Littérature, Science, 8/2012); “Gilbert Durand et l’imaginaire de l’Orient” (in L’Imaginaire durandien. Enracinements et envols en Terre d’Amérique, editado por R. Laprée e Ch. Bellehumeur, 2013) e “Gilbert Durand au château de Novéry” (em Gilbert Durand. De l’enracinement au rayonnement, textos compilados por A. Chemain-Degrange e P. Bouvier, 2016), e “L’art et la pensée: univers pictural et anthropologique de Gilbert Durand” (em Gilbert Durand Peintre, catálogo da exposição “L’Aurore dans le crépuscule”, editado por C. Durand-Sun, 2016), que acaba de ser publicado graças ao generoso apoio dos amigos de Gilbert Durand.

Para além destes trabalhos individuais, realizámos também duas publicações e um livro em colaboração com G. Durand: “Renversement européen du dragon asiatique”, publicado três vezes, em Rôle des Traditions populaires dans la construction de l’Europe. Saints et Dragons, n.º 86-87-88, Cahiers internationaux de symbolisme, 1997; Rôle des Traditions populaires dans la construction de l’Europe. Saints et Dragons. Tradition Walonne, n.º 13, 1997; “Il Drago in Asia e in Europa” (trans. M. Pia Rosati, in Atopon Psicoantropologia Simbolica e Tradizioni Religiose, vol. VI, 2000 e 2007); “Il Drago in Asia e in Europa” (trans. VI, 2000 e 2007); “Du côté des montagnes de l’Est (Taishan). Imaginaire chinois de la montagne” (in Montagnes imaginaires, montagnes représentées, 2000); Mythe, thèmes et variations (2000), que se compõe de dez estudos sobre o imaginário, ligados pelo fio vermelho da “viagem antropológica” do imaginário, tratando sucessivamente do labirinto, do Minotauro, do deus mercurial, a árvore divina no imaginário ocidental, os orixás brasileiros, o Graal em todos os seus estados, a “identidade cultural” chinesa, a “grande concórdia” confucionista e o mito antonino chinês, o Tripitaka no Gobi em busca de sutras budistas…

A maior parte destes contributos são uma aplicação, no texto e no contexto chineses, da mitodologia durandiana, da mitocrítica (de textos literários ou artísticos) e da mitanálise (de contextos socioculturais), pacientemente e meticulosamente desenvolvidas e postas em prática pelo próprio fundador do CRI, através dos seus numerosos livros e artigos: desde Le Décor mythique de la Chartreuse de Parme (1961), até L’Introduction à la mythodologie (1996), passando por Science de l’homme et tradition. Le nouvel esprit anthropologique (1975); Figures mythiques et visages de l’œuvre. De la mythocritique à la mythanalyse (1979); L’Âme tigrée (1980), etc. A nossa abordagem pretende ser comparativa, multidisciplinar, antropológica, fenomenológica ou “psicagógica”, com o objetivo de fornecer uma visão geral do pensamento chinês e do imaginário chinês, e de estudar as estruturas antropológicas do imaginário chinês através da literatura, mitologia, filosofia, sociologia, etnologia, antropologia, etc. – “O imaginário é o lugar do interconhecimento”, disse G. Durand – a fim de realçar a importância do imaginário chinês na história da China. Durand – para realçar o carácter primordial e fundamental do imaginário chinês, que não privilegia as estruturas heróicas do Regime Diurno, ao contrário do imaginário ocidental, mas dá maior importância às estruturas místicas e sintéticas do Regime Noturno. Ao contrário do Ocidente, geralmente conquistador, a China preocupa-se mais frequentemente com o equilíbrio, o diálogo, o convívio e a harmonia.

Ao contrário da busca filosófica ocidental desde Sócrates, que se centra na imutabilidade do ser, o paradigma filosófico veiculado e transmitido pelo núcleo do pensamento chinês, o I Ching, o Livro das Mutações, preocupa-se com a impermanência das coisas e o domínio da mudança. Este facto é demonstrado pela dualidade chinesa não exclusiva, mas implícita, que está na base do I Ching, e que é tradicionalmente representada pelos dois princípios fundamentais ou duas forças primordiais, Yin e Yang, cuja união perfeita forma a famosa imagem de Tai Ji, o Governante Supremo, que é o modelo simbólico do Dao (Tao): o caminho, o método, a lei… para gerir e harmonizar as dez mil coisas do mundo.

Confúcio disse: “Aos quinze anos, eu me dediquei ao estudo. Aos trinta, minha mente estava decidida. Aos quarenta, superei minhas incertezas. Aos cinquenta, descobri a vontade do Céu…”. Se pudermos extrapolar, se acreditarmos no grande mestre do pensamento chinês, Wu chi er zhi tain ming (五十而知天命), aos cinquenta anos, deveríamos descobrir a vontade dos Céus, e o CRI também deveria conhecer o desígnio celestial em relação ao seu próprio destino. O que é certo é que, segundo o Yi-jing, O Livro das Mutações, núcleo do pensamento chinês, o hexagrama quinquagésimo, Ding 鼎, o Tripé ou Caldeirão, é um sinal de muito bom augúrio, pois significa Fortuna Suprema, Sucesso e Prosperidade… e que o emblema do hexagrama, o carácter Ding 鼎, oferece a imagem do caldeirão: Na base estão os pés, depois o corpo, depois as orelhas, ou seja, as pegas, e, no topo, as argolas que servem para o transportar, e a imagem do caldeirão evoca a ideia de cozinhar, de alimentar.

O hexagrama Ding também evoca a ideia de preparação de alimentos, com Xun, madeira ou vento, em baixo, e Li, fogo ou chama, em cima. Mas o caldeirão não é apenas uma vulgar peça de louça, um utensílio de cozinha, é também um objeto mágico, como o Graal arturiano, dotado de incorporação divina, e desde a Antiguidade que é um emblema do soberano e do Império e que carrega a imagem do mundo. Fundar um trípode significa literalmente fundar uma dinastia, um reino ou um império. Associado aos dois hexagramas Jing, o poço, e Ge, a revolução, a muda, que o precedem na procissão dos 64 hexagramas, o Ding evoca também a reforma, a transformação… Também se pode dizer que o ano do quinquagésimo hexagrama Ding, o Tripé, é o ano da boa sorte, do sucesso, da prosperidade.

É por isso que, em 1995, a China ofereceu um Tripé gigante de bronze: “Tripé Maravilhoso do Século” (Shi ji bao ding 世纪宝鼎) à ONU em Nova Iorque pelo quinquagésimo aniversário da sua fundação_, e em 2015, o presente especial que o Presidente chinês Xi Jin-ping ofereceu à ONU em Nova Iorque para celebrar o seu 70º aniversário: O “Zun da Paz” (He ping zun 和平尊), adornado com uma série de animais fabulosos: dragão, fénix, elefante, Tao-tie… e nuvens auspiciosas, não é outro senão um dos avatares do tripé primordial Ding.

Neste sentido, o CRI, enquanto “caldeirão alpino”, insere-se, de facto, na vasta constelação de caldeirões mágicos ou Graais iniciáticos, onde se forjaram, em tempos propícios e em lugares de génio, pelo menos duas ou três gerações de investigadores do imaginário…

Em todo o caso, congratulamo-nos por ver tantos amigos reunidos para celebrar o jubileu do CRI e apresentamos as nossas sinceras felicitações pelo seu aniversário e os nossos melhores votos para o seu brilhante futuro… Esperamos que este colóquio inaugure um novo período de esplendor para a investigação sobre o imaginário, tal como anunciado por Jean-Jacques Wunenburger no seu artigo esclarecedor e entusiasta: “L’épistémologie de l’anthropologie de l’imaginaire selon Gilbert Durand”: “O pensamento de G. Durand continua, sem dúvida, a ser uma fonte de grande interesse para nós. O pensamento de Durand está, sem dúvida, ainda por compreender, descobrir, aprofundar e aplicar em novos domínios. A sua receção muda consoante a época e as categorias dominantes.

É provável que os desenvolvimentos actuais das neurociências, a naturalização do espírito e os avanços da interculturalidade favoreçam uma nova sequência de receção, não só em França mas em todo o mundo…”_A décima segunda edição de Structures anthropologiques de l’Imaginaire, que acaba de ser publicada, parece ter chegado no momento certo, tal como o nosso colóquio de celebração do cinquentenário da fundação do CRI, para confirmar este feliz presságio. Em chinês, dizemos tian-shi di-li ren-he (天时地利人和): momento celestial, lugar favorável, entre pessoas consensuais da mesma convicção…

Fechos de casinos-satélite podem levar novos jogadores às concessionárias

Seguindo a lei de Lavoisier, tanto na química, como na física ou nos jogos de casino, nada se perde e tudo se transforma. É o que consideram analistas e profissionais do sector, ouvidos pelo portal GGR Asia.

Com o encerramento dos casinos-satélites, o que acontecerá à clientela fiel habituada a jogar nestes espaços mais tradicionais, com apostas mínimas mais acessíveis e com bebidas e aperitivos grátis (algo que os casinos das concessionárias começaram a implementar há pouco tempo)?

Em primeira análise, os casinos que permanecerão abertos na península são os principais candidatos a receber estes jogadores, abrindo um novo segmento de mercado que no passado estava arredado dos maiores casinos do território.

“O mercado que os casinos-satélite serve parece ser bastante diferente do dos grandes resorts integrados. Snacks e as bebidas grátis têm sido o pilar dos casinos-satélite até que os resorts integrados entraram finalmente em acção no ano passado. Além disso, o mercado dos casinos-satélite é local e de Hong Kong e recorrente, uma clientela regular”, indica o analista da IGamiX Management and Consulting, Ben Lee, citado pelo GGR Asia.

Profundidade da carteira

O portal de notícias de jogo cita também um responsável de uma das concessionárias, que não se identifica, que entende que muitos dos jogadores dos casinos-satélite podem ficar excluídos do mercado devido aos limites mínimos de apostas serem mais elevados nos casinos operados directamente pelas concessionárias. Porém, em vez das mesas tradicionais de bacarat com dealers, estes jogadores podem optar pelas áreas de máquinas de jogo.

Esta visão de jogadores que tipicamente apostam menos é desmistificada por um executivo de um casino-satélite, que também não se identificou.

“A clientela dos casinos-satélite não é inteiramente de baixo nível. Há também alguns jogadores de nível médio que poderiam adaptar-se às ofertas de empresas como a MGM Macau e a Wynn Macau, que não servem apenas o segmento de topo de gama”, indicou. O responsável acrescentou que os casinos da MGM e Wynn na península estão bem colocados para captar parte da clientela dos casinos-satélite no próximo ano.

Ben Lee acrescenta que para captar este segmento “perdido”, os casinos só têm de oferecer o mesmo tipo de serviço providenciado há anos pelos casinos-satélite: bebidas e aperitivos locais grátis e limites-mínimos de apostas mais flexíveis. Recorde-se que nove dos 11 casinos-satélite que vão encerrar no fim deste ano estão localizados no NAPE e ZAPE.

Jogo | Receitas com maior crescimento em mais de um ano

As receitas do jogo em Macau aumentaram 19 por cento em Junho, em comparação com o mesmo mês de 2024, a maior subida em termos anuais desde Maio do ano passado. No mês passado, os casinos do território amealharam 21,1 mil milhões de patacas

 

Os casinos arrecadaram quase 21,1 mil milhões de patacas em Junho em receitas brutas, valor que representou um aumento anual de 19 por cento, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelados ontem.

Os resultados de Junho representaram o maior crescimento anual desde Maio de 2024 e seguiram a tendência ascendente, com o mês passado a ser o quinto consecutivo com crescimento em termos anuais, depois de ter começado 2025 com uma queda homóloga de 5,6 por cento em Janeiro. Na altura, a quebra foi explicada pela circunstância de o pico turístico do Ano Novo Lunar ter este ano acontecido mais tarde.

O aumento das receitas dos casinos também acelerou pelo terceiro mês consecutivo. Este valor foi superior ao esperado pelo banco Citigroup, que tinha inicialmente previsto receitas de 19 mil milhões de patacas para o mês, o que teria significado uma subida homóloga de 7,4 por cento. Em 23 de Junho, os analistas do Citigroup disseram, no entanto, que não seria uma surpresa se o valor fosse mais elevado, graças aos concertos do músico de Hong Kong Jacky Cheung, que começaram em 20 de Junho e decorrem até 5 de Julho.

Também os analistas da JP Morgan Securities, disseram que os casinos tinham beneficiado de dois concertos em Macau, em 7 e 8 de Junho, da estrela da pop sul-coreana G-Dragon. O sector do jogo está a ter o melhor arranque do ano desde 2019, antes do início da pandemia de covid–19.

Entre Janeiro e Junho, os casinos de Macau registaram receitas totais de 118,8 mil milhões de patacas, mais 4,4 por cento do que no mesmo período de 2024. Este valor representa 79,4 por cento do acumulado na primeira metade de 2019.

Em 12 de Junho, o Citigroup previu que as receitas do sector do jogo irão crescer 6 por cento no segundo trimestre de 2025, fechando o ano com um aumento de 4 por cento, para 235,7 mil milhões de patacas. Macau obteve em 2024 receitas totais de jogo de 226,8 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que em 2022, mas apenas 73,2 por cento do registado em 2019, antes da pandemia de covid-19.

Recorde-se que o Governo previu, no orçamento inicial para 2025, que o ano iria fechar com receitas totais de 240 mil milhões de patacas, o que representaria um aumento de 6 por cento em comparação com o ano passado.

Mas, em 11 de Junho, a Assembleia Legislativa aprovou um novo orçamento, proposto pelo Executivo, que reduz em 4,56 mil milhões de patacas a previsão para as receitas públicas. O secretário para a Economia e Finanças, Anton Tai Kin Ip, admitiu aos deputados que o corte se deve ao facto de as receitas brutas do jogo no primeiro trimestre de 2025 terem “ficado ligeiramente abaixo do previsto”.

Internet | Mostra-se nu e acaba chantageado

Um homem pagou cerca de 22,5 mil dólares de Hong Kong para evitar que imagens suas sem roupa fossem divulgadas. O caso, ocorrido no dia 25 de Junho, foi apresentado ontem pela Polícia Judiciária (PJ). De acordo com o relato apresentado, a vítima conheceu online outro utilizador que se apresentou como mulher.

Os dois começaram a “conhecer-se” melhor e a alegada mulher sugeriu à vítima que fizesse uma vídeo chamada sem roupa. A vítima aceitou, assim como também instalou uma aplicação móvel, a pedido da mulher, para facilitar a comunicação. No entanto, a aplicação móvel serviu para copiar os seus contactos e enviá-los para a alegada mulher.

Com os contactos do homem, a mulher disse à vítima que se não pagasse 10 mil dólares de Hong Kong divulgava as imagens pelos contactos. Após a primeira transferência, a vítima foi extorquida em mais 12,5 mil dólares de Hong Kong, que também aceitou pagar. No entanto, a partir desse momento decidiu fazer queixa às autoridades.

Crime | Mulher queixa-se de furto dentro de avião

Uma mulher do Myanmar queixou-se de ter sido alvo de um furto de 20 mil dólares de Hong Kong, em dinheiro vivo, quando estava num avião que voava de Banguecoque para Macau. De acordo com a queixa feita junto das autoridades, a mulher só se apercebeu que tinha sido roubada quando aterrou e começou os procedimentos fronteiriços para entrar no território.

Foi nessa altura que abriu a mochila e reparou que o dinheiro tinha desparecido. Durante o voo a mochila tinha sido colocada nos compartimentos de bagagem, por cima dos passageiros, e a mulher suspeita que o furto tenha acontecido quando estava a dormir. O caso foi entregue ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

USJ Criado novo mestrado com foco na saúde mental

A Universidade de São José (USJ) acaba de criar um novo mestrado de Serviço Social em que os alunos se podem especializar em saúde mental.

Segundo uma nota de imprensa ontem divulgada, a aposta nesta vertente de ensino pretende “responder à crescente procura de profissionais nesta área crítica”, tendo este programa sido concebido “com o objectivo de formar profissionais com as capacidades práticas e de investigação necessárias para contribuir para o desenvolvimento dos serviços de saúde mental na área da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau”.

As candidaturas já estão abertas para o próximo ano lectivo 2025-2026, sendo que o conteúdo programático se baseia “nos fundamentos do primeiro programa de bacharelato em Serviço Social da USJ, criado em 2006, evoluindo para responder às necessidades da comunidade à medida que estas mudam”.

Pretende-se que os alunos “obtenham conhecimentos e formação essenciais que lhes vão permitir prestar serviços de saúde mental eficazes, contribuindo para a melhoria global dos cuidados de saúde mental em Macau”. O período de candidaturas para o programa de mestrado está aberto até 29 de Agosto de 2025.

Resíduos | Ambientalista pede suspensão de “Ilha Ecológica”

Como Macau acordou exportar para o Interior resíduos de obras de construção, uma ambientalista defende que o Executivo deveria desistir do projecto do aterro de resíduos ao largo das praias de Coloane. A vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong realça a importância da zona para o habitat dos golfinhos brancos chineses

 

O Governo de Macau e Ministério da Ecologia e Meio Ambiente chinês assinaram um acordo para a RAEM enviar para o outro lado da fronteira os materiais inertes que resultam das obras de construção, revelou na semana passada o Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas.

A solução encontrada para larga produção de materiais inertes resultantes de demolições e construções faz com que não seja necessário o aterro de lixos de construção projectado para a costa marítima ao largo das praias de Coloane, de acordo com a vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, Viena Mak Hei Man.

Em declarações ao jornal Cheng Pou, a ambientalista voltou a reiterar que a opinião de que a chamada “Ilha Ecológica” representa uma ameaça à estabilidade do habitat natural dos golfinhos brancos chineses, preocupação partilhada por outros activistas de protecção do ambiente, como Joe Chan.

Os receios dos ambientalistas são suportados por estudos feitos por duas universidades chinesas, que além do impacto do aterro de grande dimensão indicam também o tráfego marítimo para transportar resíduos, e a poluição resultante, como um factor de risco para a espécie de cetáceos. Além disso, o processo de construção do aterro, que tem uma área projectada de quase um terço da Taipa, pode colocar em perigo a vida desta espécie local de golfinhos, que está em vias de extinção.

Nova vida

Um dos estudos encomendados pelo Governo da RAEM sobre o impacto ambiental da chamada “Ilha Ecológica”, elaborado por académicos da Universidade Sun Yat-Sen, revelou que, pelo menos, 144 golfinhos brancos chineses fazem da costa sul de Coloane o seu habitat. Os resultados do estudo realizado foram categorizados como confidenciais, mas foram tornados públicos pelo Canal Macau da TDM em Março do ano passado.

Os académicos salientaram a preservação dos golfinhos já seria complicada, mesmo sem o aterro de resíduos de construção e cinzas volantes, devido ao nível de poluição do estuário do Rio das Pérolas, que o estudo indica como um dos mais poluídos do país. Como tal, Viena Mak defende que a suspensão do projecto da “Ilha Ecológica” é urgente.

Porém, a ambientalista aplaude o acordo de transferência de resíduos, acrescentando que a RAEM deve ponderar alternativas de tratamento de resíduos, além de aterros e incineração, uma vez que mais de 80 por cento dos resíduos de materiais de construção de Macau são recicláveis e podem ser transformados em materiais agregados para cimento, asfalto e tijolos. Como tal, Viena Mak sugere que o Executivo da RAEM reforce a cooperação com o Interior da China para assegurar que os materiais enviados são reutilizados.

Saúde | Preocupação com redução do número de médicos

A redução do número de médicos no Centro Hospitalar Conde de São Januário não tem impedido o aumento do número de consultas e atendimentos. Contudo, o deputado da FAOM, Lei Chan U, alerta para a necessidade de garantir o direito ao descanso dos médicos e enfermeiros

 

O deputado Lei Chan U pretende que o Governo apresente planos para inverter a tendência de redução do número de médicos no Centro Hospitalar Conde de São Januário. O assunto é abordado numa interpelação oral que vai ser apresentada nas próximas semanas na Assembleia Legislativa.

De acordo com o deputado, os dados mais recentes mostram que entre os anos de 2022 e 2023 houve uma redução do número de médicos e enfermeiros no principal hospital público. Esta tendência verificou-se apesar de o número de consultas externas ter crescido 1,7 por cento nesse período e dos atendimentos nas urgências terem apresentado um aumento de 24,7 por cento, com o deputado a elogiar o trabalho das equipas médicas, por fazerem mais com menos.

No entanto, Lei Chan U pretende que o Governo explique como vai aumentar o número de profissionais de saúde, para garantir o direito ao descanso: “Nos últimos anos, o número de médicos no CHCSJ tem vindo a diminuir, mas o número de doentes não. A curto prazo, vão as autoridades aumentar, razoavelmente, a mão-de-obra para garantir o tempo de descanso razoável dos profissionais de saúde e para encurtar ainda mais o tempo de espera de doentes?”, é perguntado.

Clínicas e novo hospital

O legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pretende também que se explique o futuro da rede de cuidados de saúde comunitários, que tem por base as clínicas locais. “Nos últimos anos, o número de médicos na rede de cuidados de saúde comunitários tem vindo a diminuir de ano para ano. Em 2023, existiam 163 médicos nessa rede, ou seja, menos 21 do que os 184 médicos em 2019, mas não se registou uma redução significativa do número de serviços prestados”, aponta o deputado. “No âmbito dos cuidados de saúde comunitários, vão as autoridades aumentar o número dos profissionais de saúde na rede cuidados de saúde comunitários em prol do aumento da capacidade de serviço das consultas externas comunitárias?”, questiona.

Além de alertar para as maiores exigências para o menor número de médicos, Lei Chan U pede ao Governo que explique que papel vai ser assumido pelo Hospital das Ilhas, no sentido de aliviar a carga do hospital na Colina da Guia.

“Como será gradualmente concretizado o mecanismo de triagem do Peking Union Medical College Hospital para reduzir a pressão sobre o Centro Hospitalar Conde de S. Januário (CHCSJ)?”, questionou. “Quando é que se prevê que o Peking Union Medical College Hospital vá efectivar, eficazmente, o seu efeito de triagem?”, pergunta.

Por último, Lei Chan U pede ao Governo que faça uma actualização sobre o desenvolvimento do estudo que está a ser realizado sobre um plano de complementaridade entre os cuidados médicos privados e públicos no território.

FM | Candidaturas a subsídios abrem a 7 e 14 de Julho

A Fundação Macau (FM) vai disponibilizar, para o próximo ano, quatro planos de financiamento e subsídios, nomeadamente para despesas e funcionamento de associações, projectos académicos, realização de actividades comunitárias e ainda intercâmbios no Interior da China, Hong Kong e Taiwan e viagens internacionais.

Segundo uma nota da FM divulgada ontem, as candidaturas começam a 7 de Julho para o plano relativo às despesas de funcionamento de associações, sendo que para os restantes planos as candidaturas arrancam no dia 14 deste mês. O objectivo da FM é uma “utilização racional dos fundos públicos”, seguindo-se o princípio de “concessão por mérito”, existindo “um mecanismo de atribuição competitivo que enfatiza o benefício social, o planeamento e a capacidade de execução dos projectos”.

É ainda destacado que “o cumprimento dos requisitos de elegibilidade ou a obtenção de subsídio dos anos anteriores não garantem necessariamente a aprovação do subsídio”.

Eleições | CAEAL impede fotografias de informação que a lei obriga a divulgar

Seng Ioi Man estimou que as listas finais dos candidatos às eleições de 14 de Setembro possam ser reveladas entre 18 de Julho e 31 de Julho. Actualmente, os candidatos estão a ser avaliados pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que tem poderes de exclusão

 

Apesar de a lei eleitoral obrigar à afixação em lugar público dos dados dos candidatos às eleições de 14 de Setembro, para serem consultados pela população, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) proibiu que se tirem fotografias da informação. A decisão foi justificada pelo presidente da comissão, o juiz Seng Ioi Man, com a vontade de impedir que os dados pessoais acabam na internet.

De acordo com o definido na lei eleitoral, após serem apresentadas as candidaturas, a CAEAL tem de afixar a informação na sua sede. Parte desta informação inclui a “identificação completa dos candidatos e dos mandatários”, composta pelo nome, data de nascimento, profissão, naturalidade, residência habitual, endereço postal e número do Bilhete de Identidade de Residente.

No entanto, e apesar de a informação ser pública, os residentes não podem tirar fotografias das folhas afixadas. Em declarações aos jornalistas, Seng Ioi Man explicou a opção com o facto de a CAEAL pretender proteger os dados pessoais dos candidatos.

“De acordo com a lei eleitoral, é necessário apresentar a identidade dos mandatários e dos candidatos. É preciso afixar todas as informações. Mas a CAEAL verificou que estas informações contêm muitos dados pessoais, e tendo em conta a protecção dos dados pessoais destes indivíduos a CAEAL decidiu não permitir tirar fotos”, justificou ontem Seng Ioi Man.

Avisos sem penalizações

Quando a CAEAL foi questionada sobre o artigo da lei que permite impedir fotografias de documentos públicos, evitou especificar um artigo e pediu aos jornalistas que consultem a lei. “O senhor jornalista, se precisar, pode ler a lei, pode consultar a lei, porque há disposições muito pormenorizadas”, respondeu o presidente da CAEAL.

Com a afixação das listas surgem avisos a alertar que as pessoas que divulgarem os dados publicados arriscam assumir as responsabilidades legais e que não podem tirar fotografias. Em nenhum lado dos avisos é indicado a penalização correspondente à divulgação da informação nem de tirar fotografias.

“A lei exige uma informação muito completa, muito pormenorizada, até o número do BIR da pessoa é divulgado, assim como a data de nascimento, […] Depois de uma ponderação prudente, foi necessário publicar tudo […] mas não achámos prudente permitir tirar fotografias para salvaguardar os dados das pessoas constantes nas listas. Se for permitido tirar fotografias ou filmar, depois os dados vão parar à internet e essas informações vão ser divulgadas. A CAEAL não considerou isso prudente”, adicionou.

Listas em avaliação

Actualmente as listas apresentadas são provisórias e dado que não houve reclamações face à informação publicada pela CAEAL sobre os membros das listas, as candidaturas seguiram para Comissão de Defesa da Segurança do Estado. A comissão faz a avaliação política sobre a lealdade dos candidatos à RAEM. O parecer emitido é vinculativo para a CAEAL, e não admite recurso das decisões da Comissão de Defesa da Segurança do Estado.

Tendo em conta os trâmites processuais das eleições, Seng Ioi Man explicou que a decisão da comissão deverá ser conhecida o mais tardar até 15 de Julho. Como consequência, na melhor das hipóteses as listas definitivas serão confirmadas a 18 de Julho. Todavia, se houver recurso das decisões da CAEAL, por motivos que não os relacionados com as decisões da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, a divulgação da lista final pode acontecer apenas a 31 de Julho.

OMS | Estudo revela que uma em cada seis pessoas no mundo sente-se só

Um relatório da Organização Mundial de Saúde refere que a solidão é um problema crescente. Baseado num estudo realizado entre 2014 e 2023, o documento concluiu que uma em cada seis pessoas no mundo se sente só, com destaque para jovens dos 13 aos 29 anos. A região do Sudeste Asiático apresenta, contudo, valores menos problemáticos

 

Cada vez se fala mais do impacto devastador da solidão como causa potencializadora de doenças. Desta vez, um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado na segunda-feira e realizado pela Comissão para a Conexão Social, traz dados sobre o problema, concluindo que uma em cada seis pessoas diz sentir-se só, um estado que não sinónimo de estar sozinho.

Além disso, o problema é maior nos mais jovens, pois um em cada cinco diz sentir-se só, o que mostra que um quinto da população mundial entre os 13 e 29 anos diz sentir solidão.

O estudo, intitulado “Da solidão à conexão social – traçando um caminho para sociedades mais saudáveis: relatório da Comissão da OMS sobre Conexão Social”, incide sobre os anos de 2013 e 2024, abrangendo, portanto, a pandemia, um período em que grande parte das populações mundiais enfrentaram períodos de confinamento, algumas delas sozinhas nas suas habitações. O estudo foi enviado a jornalistas de 194 países membros da OMS, e os dados foram tratados em consonância com outros trabalhos já realizados sobre o tema e com apoio de especialistas de todo o mundo, incluindo da China. Bin Yu, do Medical College Tianjin University, foi um dos participantes do projecto.

O relatório aponta que entre 2014 e 2023 “estima-se que 16 por cento das pessoas em todo o mundo – uma em cada seis – sentiram a solidão”, algo que “afecta todas as idades e regiões”. Porém, é um sentimento “mais comum entre adolescentes e adultos jovens”, com uma taxa de 20,9 por cento de jovens entre os 13 e 17 anos, enquanto que a taxa reduz um pouco, para os 17,4 por cento, no caso dos jovens adultos dos 18 aos 29 anos.

O sentimento de solidão “diminui com a idade”, sendo também “mais comum em países de baixos rendimentos, onde quase uma em cada quatro pessoas (24 por cento) afirmou sentir-se solitária”.

O estudo da OMS destaca ainda que “as taxas mais elevadas se encontram na região africana da OMS”, com 24 por cento; seguindo-se as regiões do Mediterrâneo Oriental (21 por cento), sendo que no Sudeste Asiático esse sentimento é menos sentido pelos inquiridos, registando-se apenas 18 por cento.

“A região europeia tem a taxa mais baixa, com cerca de dez por cento”, diz a OMS, que distingue solidão de isolamento social. Neste campo, “os dados são mais limitados”, mas destaca-se o isolamento dos idosos. “As estimativas sugerem que 25-34 por cento dos idosos estão socialmente isolados”, tratando-se de dados relativos aos anos entre 1990 e 2022.

Quando se chega à idade adulta, dos 30 aos 59 anos, a percentagem de pessoas que se sente só baixa para 15,1 por cento, sendo que nas pessoas com 60 anos ou mais é ainda menor, com 11,8 por cento.

Relativamente ao género, “as taxas estimadas de solidão em mulheres e homens são semelhantes (16,1 e 15,4 por cento, respectivamente), com as maiores diferenças estimadas entre adolescentes (24,3 por cento entre mulheres e 17,2 por cento entre homens) e idosos (13 por cento entre mulheres e 9,9 por cento entre homens)”.

Quem mais sente

O relatório refere que hoje em dia “a desconexão social é generalizada em todas as regiões e em todas as faixas etárias”, com consequências que são “graves e subestimadas, afectando a mortalidade, a saúde física e mental, o bem-estar, a educação, a economia e a sociedade em geral”. “A sua ocorrência generalizada e as suas graves consequências tornam-na uma questão séria de saúde pública global “, é referido.

E quem se sente mais sozinho? A OMS dá destaque a “grupos marginalizados”, nomeadamente “pessoas com deficiência, lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, intersexuais, queer (ou, por vezes, em questionamento) e outros indivíduos (LGBTIQ+) e migrantes”. Estas pessoas “são mais propensas a sentir solidão e isolamento do que outros grupos”, deixando-se a ressalva que “os dados anteriores são demasiado limitados para determinar se as taxas de isolamento social e solidão aumentaram ou diminuíram”.

No caso dos portadores de deficiência, persistem cenários como não conseguir “aceder a instalações sociais e aproveitar oportunidades devido a barreiras físicas nos edifícios, acesso limitado a transportes e falta de informação e comunicação acessíveis, enquanto outras enfrentam estigma estrutural que limita as suas oportunidades de emprego ou outras barreiras socioculturais que levam a um nível de educação mais baixo, relações menos estáveis e condições de habitação mais precárias”.

São identificados “muitos factores” que levam as pessoas a sentir-se sozinhas, nomeadamente a “modernização, industrialização e as mudanças tecnológicas”, podendo ser “responsabilizados pelo que, muitas vezes, se presume ser um aumento do isolamento social e da solidão, mas a maioria permanece sem comprovação”.

“Sabemos que certos fatores aumentam o risco de os indivíduos sofrerem de desconexão social. Estes incluem má saúde física ou mental (especialmente depressão), traços de personalidade como neuroticismo, não ter um parceiro ou ser solteiro, viver sozinho e características do ambiente construído, como mau acesso a transportes públicos. O impacto da tecnologia digital ainda não é claro, mas os especialistas recomendam cautela, especialmente para proteger a saúde mental e o bem-estar dos jovens”, é ainda referido no estudo.

A OMS destaca, ao longo de todo o texto, como é difícil quantificar sentimentos de solidão, sendo relativamente recentes este tipo de definições e, sobretudo, diferenciação entre o sentimento de sentir-se só e o estar efectivamente só. O relatório inclui testemunhos de pessoas de vários países e culturas que descrevem que, mesmo estando com um companheiro ou amigos, sentem-se sós, num cenário causado por muitos factores.

No caso dos jovens, “a constatação de elevadas taxas de solidão entre adolescentes é consistente com os resultados de pesquisas anteriores, embora o resultado possa estar sujeito a considerações tanto de desenvolvimento como metodológicas”.

“Como a solidão resulta de uma discrepância percebida entre as conexões sociais reais e as desejadas ou esperadas, a taxa mais elevada na adolescência pode ser devida a expectativas mais elevadas de conexões sociais durante a fase de desenvolvimento, que é marcada por mudanças emocionais e psicológicas significativas. Os idosos relatam uma satisfação comparativamente maior com as suas relações sociais. De acordo com estas estimativas, os idosos apresentam as taxas mais baixas de solidão, o que contradiz estudos anteriores que realçavam os idosos como a faixa etário com algumas das mais elevadas taxas. Isto pode ser devido à disponibilidade e qualidade limitadas dos dados anteriores sobre idosos”, é explicado.

O estudo destaca, porém, ser “possível que a prevalência da solidão seja maior entre os adultos com 80 anos ou mais”, tratando-se de uma “conclusão consistente com estudos anteriores, nos quais se verificou uma distribuição em forma de ‘U’ de solidão entre os adultos mais velhos”.

Mais de 800 mil mortes

Estamos numa era em que a chamada saúde social está em risco, sendo considerada pela OMS como “um pilar vital, mas muitas vezes negligenciado, de saúde, tão essencial quanto a saúde física e mental”.

“As relações sociais podem reduzir o risco de doenças, aumentar a esperança de vida e fortalecer o tecido das comunidades e da sociedade. As relações sociais melhoram a vida, dando-nos significado e um sentimento de pertença”, lê-se ainda, sendo referido que hoje a solidão afecta uma em cada seis pessoas em todo o mundo e causa “cerca de 871.000 mortes anualmente (2014-2019)”.

“Novas estimativas sugerem que a solidão, por si só, pode ser responsável por cerca de 871.000 mortes por ano. O custo económico destes impactos abrangentes na sociedade está apenas a começar a ser compreendido. As estimativas sugerem custos substanciais para os empregadores, os sistemas de saúde e cuidados e os indivíduos. Ligações sociais mais fortes proporcionam uma protecção importante nos domínios da saúde, social e económico”, lê-se.

O relatório destaca que muitas destas questões só agora começam a ser percepcionadas e analisadas. “Provavelmente isso já acontece há anos, mas a pandemia da doença coronavírus 2019 (covid-19) e a crescente preocupação com a tecnologia digital trouxeram mais atenção para a questão, inclusive por parte dos governos”, é explicado.

A OMS aponta ainda uma correlação entre a pobreza ou baixos rendimentos e o sentimento de solidão.
“Em geral, quanto mais baixo é o grupo de rendimento de um país, maior é a taxa de solidão. Estima-se que os países de baixo rendimento tenham a prevalência mais elevada (24,3 por cento), seguidos pelos países de rendimento médio-baixo (19,3 por cento), países de rendimento médio-alto (12,1 por cento) e países de alto rendimento (10,6 por cento)”, pode ler-se.

Apesar de alguns cenários preocupantes, a OMS deixa algumas sugestões e diz mesmo que “há esperança” para contornar o problema. “Existem estratégias eficazes para promover a conexão social e estas devem ser ampliadas”, passando, por exemplo, pelo “monitoramento regular da prevalência da conexão social, do isolamento social e da solidão em nível global, regional e nacional”. Esse monitoramento deve ser encarado como “uma alta prioridade”, permitindo “acompanhar o progresso e medir o impacto das estratégias para lidar com a questão”.

Sugere-se ainda o “desenvolvimento e a adopção, a nível internacional, de instrumentos de medição fiáveis, válidos interculturalmente para a conexão social, o isolamento social e a solidão”, devendo ser encarada “como prioridade” a criação “de um instrumento para medir a conexão social, tal como concebida neste relatório: nas três dimensões de estrutura, função e qualidade”.

O estudo teve como base documentos de referência sobre estimativas globais e regionais da prevalência da solidão e da mortalidade devido à solidão, “as primeiras desse tipo”; uma revisão global de documentos políticos; mapeamento e análise de redes, a inclusão de 64 experiências vividas por pessoas em relação à conexão social, isolamento social e solidão, bem como “evidências de alta qualidade, priorizando revisões sistemáticas, meta-análises e estudos multinacionais em grande escala”, sem esquecer a experiência do próprio Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Conexão Social, “composto por 20 especialistas globais de renome”.

Índia | Dalai-lama reafirma continuidade

O líder espiritual tibetano dalai-lama reafirmou ontem a continuidade da sua instituição, numa das declarações mais claras até à data sobre a intenção de garantir um sucessor, a seis dias do seu 90.º aniversário.

Perante centenas de fiéis e monges reunidos no templo principal de McLeod Ganj, no norte da Índia, o líder espiritual tibetano e Prémio Nobel da Paz comprometeu-se a “servir a humanidade” não apenas pessoalmente, mas através da entidade que representa, numa referência velada à continuidade da linhagem espiritual.

A declaração do líder tibetano ocorreu durante um Tenshug, uma elaborada cerimónia de oferenda de longa vida organizada este ano pela comunidade da província de Dhomey. Usando o tradicional chapéu amarelo cerimonial de Pandita, o Dalai Lama recebeu, durante cerca de duas horas, oferendas de uma longa procissão de devotos que rezavam pela sua longevidade.

Com 89 anos, o Dalai Lama vive exilado na Índia desde 1959, ano em que fugiu do Tibete após uma revolta falhada contra a ocupação chinesa. Desde então, lidera a administração tibetana no exílio, a partir da cidade indiana de Dharamshala, defendendo a autonomia do Tibete e a preservação da sua cultura.

Fórum de Macau | António Lei substitui Casimiro Pinto

Entra hoje em funções o novo secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum de Macau por indicação da RAEM. Trata-se de António Lei Chi Wai e vai substituir o macaense Casimiro de Jesus Pinto.

Segundo uma nota de imprensa oficial, António Lei “assumiu vários cargos em diversos serviços governamentais e instituições públicas, tendo exercido funções de chefia e liderança em várias áreas, designadamente no Departamento Jurídico e de Fixação de Residência, no Centro de Apoio Empresarial de Macau e no Departamento de Promoção Económica e Comercial com os Mercados Lusófonos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau.

Além disso, António Lei foi director da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Actualmente, acumula as funções de administrador-delegado do Conselho de Administração e presidente da Comissão Executiva do Centro de Comércio Mundial Macau, S.A., bem como de presidente do Conselho Fiscal do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada.

“Possui profundo conhecimento dos mercados dos Países de Língua Portuguesa, do Interior da China e de Macau, dominando fluentemente as línguas chinesa e portuguesa”, descreve a mesma nota.

Hong Kong promove em Portugal tecnologia na construção de habitação pública

O Governo de Hong Kong anunciou ontem que vai promover em Portugal o uso de tecnologia na construção de habitação pública. De acordo com um comunicado, as autoridades de Hong Kong vão organizar em Portugal, na quinta-feira, um almoço de negócios intitulado “Desvendando Novos Horizontes: Habitação Acessível e Oportunidades em Hong Kong e na Grande Baía”.

A Comissária para o Desenvolvimento da Grande Baía, Maisie Chan Kit Ling, vai fazer um discurso sobre “as enormes oportunidades de negócio” que o projecto regional oferece aos empresários portugueses.

No evento vai-se “partilhar as experiências de Hong Kong no aumento da quantidade, rapidez, eficiência e qualidade da construção de habitações públicas, através da adopção de diversas tecnologias inovadoras de construção rápida e robótica”. A secretária para a Habitação de Hong Kong, Winnie Ho Wing Yin, convidou mais de 20 representantes do sector da construção da região e da China continental para participarem no evento.

Estas empresas vão falar sobre tecnologias como os módulos pré-fabricados, a integração das instalações mecânicas, eléctricas e de canalização, e a utilização de robôs na construção civil. O evento poderá servir “para fortalecer as ligações entre os sectores de Hong Kong e Portugal e explorar oportunidades” de negócios, sublinha-se no comunicado.

Em curso

Tanto Maisie Chan como Winnie Ho irão ainda participar no 17.º International Forum on Urbanism, que irá decorrer entre 01 e 04 de Julho, no renovado Pavilhão de Portugal, que, depois das obras levadas a cabo pelo arquiteto Siza Vieira, foi transferido para a Universidade de Lisboa.

O programa político do novo Governo português, liderado por Luís Montenegro, prevê a construção de 59 mil casas públicas até 2030 e financiamento para mais habitação, incluindo parcerias público-privadas em imóveis do Estado devolutos.

Em 17 de Junho, o primeiro-ministro admitiu no parlamento que a anterior meta, construir 26 mil casas públicas até 2026, teve “uma execução difícil”, mas recusou ser “derrotista e pessimista”. “Eu acho que nós temos ainda capacidade para estimular a construção no sector público”, disse Montenegro, assinalando que “a taxa de execução está agora a aumentar”.

“Nós estamos com uma taxa de execução no universo destas 26 mil casas de 27 por cento e, segundo a informação que os municípios nos transmitiram até o final do mês de Junho, 13.429 habitações estarão prontas nesse programa”, indicou.

O primeiro-ministro considerou também que foi preciso ultrapassar “bloqueios administrativos e burocráticos” que atrasaram a construção de novas casas.

O concerto de Jacky Cheung

Jacky Cheung (張學友), o famoso cantor de Hong Kong apresentou um concerto em Macau que recebeu óptimas críticas das quais se destacam em particular dois comentários.

Primeiro, o concerto fez aumentar as receitas do casino. Em média, a receita diária do jogo em Maio foi de 684 milhões de patacas, mas nos primeiros 22 dias de Junho, atingiu os 14,8 mil milhões, com uma média diária de jogo de 670 milhões. Junho é infelizmente um período de época baixa para o turismo, mas as receitas diárias do jogo foram comparáveis às de Maio, o que prova que o concerto atraiu muitos fãs de Jacky Cheung para Macau e ajudou a economia da cidade.

Jacky Cheung fará seis concertos em Macau entre Junho e Julho. O Citibank emitiu um relatório onde se afirma que os concertos de Jacky Cheung impulsionaram o desenvolvimento económico de Macau, tendo as receitas do jogo em Junho subido dos esperados 19 mil milhões para os 19,75 mil milhões. O HSBC também emitiu um relatório onde é dito que as receitas do jogo em Junho podem atingir valores entre os 19,7 e os 20,4 mil milhões. Um cantor internacional tem capacidade de trazer um lucro adicional de 700 milhões a Macau. Isto mostra como Jacky Cheung é querido dos seus fãs e a dimensão do seu carisma.

Jacky Cheung estreou-se nos anos 80 e está no activo há quase 40 anos. Os seus fãs cresceram com ele e são representantes de todas as faixas etárias, jovens, gente de meia-idade e também pessoas da idade de Cheung. Com uma base de fãs muito alargada, não surpreende que os seus concertos estejam sempre esgotados.

Se Macau pretender desenvolver a economia atraindo para os seus palcos cantores internacionais, deve tomar em linha de conta as suas bases de fãs. Quanto maior ela for, maior será o número de pessoas que se desloca a Macau para ver o concerto e maiores serão os benefícios económicos para a cidade. Para atingir este objectivo, Macau pode considerar a possibilidade de oferecer descontos a estes artistas no aluguer das salas e fornecer aos fãs facilidades de transporte para facilitar as viagens de e para os seus locais de origem; também pode organizar transportes para que os fãs visitem as áreas mais frequentadas pelos habitantes locais e os sectores não turísticos possam beneficiar do afluxo de consumidores. Macau também pode aproveitar esta oportunidade para desenvolver sectores de actividade para lá da indústria do jogo, o que trará centenas de benefícios e nenhum prejuízo.

O segundo foco do concerto é a utilização do cantonês e do mandarim. Durante o concerto, os fãs oriundos da China continental pediram a Jacky Cheung que falasse mandarim, ao que ele respondeu:

“Peço desculpa, mas não falo mandarim.”

Perguntaram então a Jacky Cheung: “Quantas pessoas falam cantonês?”

Os fãs que falavam cantonês gritaram imediatamente “uau”.

Depois, Jacky Cheung disse em mandarim: “Desculpem, mas não dá. Vá lá, aprendam cantonês.”

Os gritos de “uau” dos fãs mostraram que a maior parte falava cantonês.

Mesmo assim, Jacky Cheung cantou algumas canções em mandarim e os fãs da China continental ficaram muito felizes. Além disso, a frase de Jacky Cheung, “Não falo mandarim, vá lá, aprendam cantonês”, foi aclamada pelos cibernautas, que lhe chamaram “Embaixador da Promoção do Cantonês” e que o elogiaram pela sua grande inteligência emocional.

Os concertos são parte da indústria do entretenimento. Desde que os fãs fiquem felizes, que diferença faz se se usa o mandarim ou o cantonês? As pessoas que vão assistir a um concerto deveriam esquecer a barreira da língua, mergulharem no espectáculo, desfrutarem de cada momento, integrarem-se na atmosfera festiva e fazerem tudo para proporcionar a si próprios a maior felicidade possível. É para isto que serve assistir a um concerto. A música é a linguagem comum da humanidade e pode eliminar barreiras entre as pessoas. Pensem nisto, sempre que ouvem música, só podemos apreciar canções cantadas na vossa própria língua? Para além de canções em cantonês, também ouvimos canções em mandarim, em inglês, em coreano, em japonês, etc. Ao compreender isto, podemos quebrar a barreira e língua e divertirmo-nos todos.

Nos últimos anos, o poder da China aumentou muito, a economia desenvolveu-se rapidamente e o investimento estrangeiro também aumentou. Baseados no princípio que orienta as transações comerciais “os interesses económicos em primeiro lugar”, começa a ser comum os homens de negócio estrangeiros usarem o mandarim para comunicar com os seus parceiros chineses.

Em 1972, as Nações Unidas classificaram os “caracteres chineses simplificados” como uma das seis “línguas comerciais” a par do inglês, do francês, do russo, do árabe e do espanhol. Todos os documentos oficiais das Nações Unidas são escritos nestas seis línguas, e o dia 20 de Abril foi escolhido como o “Dia da Língua Chinesa das Nações Unidas”. Actualmente, cerca de 1,5 mil milhões de pessoas falam chinês em todo o mundo e a importância desta língua é evidente.

“Comunicação negocial” e “necessário para os assuntos de estado” demonstram que a partir de uma perspectiva política e económica, a procura global pela aprendizagem do mandarim cresce de dia para dia. De futuro, as pessoas que falam mandarim terão vantagem quando negoceiam com chineses.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau

Cinemateca | Festival de Cinema Infantil até Agosto

Julho e Agosto são meses do calendário guardados para a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, com exibições na Cinemateca Paixão. A iniciativa, do Instituto Cultural, integra-se na programação do Festival de Artes de Macau e traz os grandes clássicos para a infância, como “Aladino” ou “Rei Leão”

 

O Verão está aí e com ele também os grandes clássicos do cinema infantil que marcaram gerações, primeiro os pais, e agora os filhos. São estes clássicos que integram a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, integrado no Festival de Artes de Macau, e que decorre ao longo deste mês de Julho e de Agosto na Cinemateca Paixão.

Esta iniciativa do Instituto Cultural (IC) pretende levar às salas de cinema os mais pequenos e revelar-lhes histórias repletas de emoção e fantasia, muitas delas feitas numa época em que os telemóveis não eram ainda uma realidade. Nesta que é a segunda edição do festival, dedicada também aos “graúdos com um espírito jovem”, apresentam-se filmes integrados em várias secções, sendo possível ver ou rever “Aladino”, “O Rei Leão”, “Cinderela” ou ainda títulos mais recentes “George, o Curioso”, “Happy Feet” ou “Paddington no Perú”, entre tantos outros.

Numa das secções do festival, intitulada “Transformações Cinematográficas”, inclui-se uma selecção de filmes adaptados de livros infantis e ilustrados; ou ainda a secção “Clássicos para Todas As Crianças” que apresenta “animações originais, como a Branca de Neve e os Sete Anões, permitindo aos mais novos reviver o encanto das histórias clássicas”, descreve o IC.

Dentro dos clássicos, “O Rei Leão” exibe-se no dia 27 de Julho a partir das 15h e traz uma conversa pós-exibição. Apesar de este filme ter uma edição mais recente, é a versão de 1994 que será exibida na Cinemateca, repleta das emoções do jovem leão Simba em luta contra o seu tio Scar, ambicioso e mau que o leva a acreditar ter sido responsável pela morte do seu pai. Porém, Scar apenas quer liderar o reino. Nesta luta, Simba cresce, apaixona-se e ganha dois amigos, Timon e Pumba. Estes personagens acabaram, eles próprios, por ser integrados noutros projectos de animação.

No mesmo dia, mas às 11h, é a vez de ver “Aladino”, o homem do tapete voador, sendo exibida a história feita nos anos 90 que será depois analisada numa conversa pós-exibição. Dentro dos clássicos, no dia 20 de Julho apresenta-se uma versão antiga da “Branca de Neve e dos Sete Anões”, neste caso de 1937, quando a Cinderela tenta escapar à madrasta e às meias-irmãs más e feias, indo em busca do seu príncipe encantado.

Os mais recentes

Numa onda mais contemporânea, a Cinemateca Paixão exibe “Paddington na Amazónia”, filme do ano passado, numa versão que tem dobragem em cantonês. A exibição acontece sábado, 26 de Julho, e revela a história do urso que adora marmelada e fica perdido na selva, “numa aventura emocionante e cheia de perigos”.

Já este sábado, serão exibidas algumas curtas de animação, a partir das 15h. É o caso de “George, O Curioso”, em que “o explorador Ted, o homem do chapéu amarelo, viaja até África na esperança de recuperar um artefacto importante para o seu amigo Bloomsberry, director de um museu”. Porém, acaba por encontrar-se com George, um “macaco inquieto”, que se esconde no navio que traz Ted de volta a Nova Iorque. É então que se iniciam uma série de aventuras de um macaco metido no meio da cidade. Nessa mesma tarde exibe-se “Toc, Toc! Os Pequenos Animais Estão a Chamar”.

No domingo, dia 6, exibe-se novamente esta última curta, ao lado de “Onde Vivem os Monstros”. A partir das 11h é possível conhecer a história de “Max”, um “rapaz traquina e sensível que se sente incompreendido em casa e foge para onde vivem os monstros”. É então que ele chega a uma “ilha onde conhece criaturas misteriosas e estranhas, com emoções tão selvagens e imprevisíveis como os seus comportamentos”, sendo que os “monstros anseiam por um líder que os guie, tal como Max deseja ter um reino para comandar”. “No entanto, ele rapidamente percebe que governar não é assim tão simples, e que as relações nesse novo mundo são mais complicadas do que imaginava”, acrescenta a sinopse desta produção.

TCR China | André Couto participou na prova de Zhejiang

No fim de semana transacto, André Couto teve um regresso inesperado ao campeonato TCR China, naquela que foi a sua primeira prova desta temporada. O piloto da RAEM mostrou que “quem sabe, nunca esquece”, apesar de ter tido uma passagem atribulada pelo Circuito Internacional de Zhejiang

O piloto português residente em Macau, que não competia desde Novembro do ano passado – altura em que disputou as finais mundiais do Lamborghini Super Trofeo, tendo conquistado o título na categoria PRO-AM do Lamborghini Super Trofeo Asia – recebeu um convite de última hora por parte da MacPro Racing Team para conduzir um dos Honda Civic FL5 TCR da equipa do território na terceira prova da época do campeonato chinês de TCR.

Sem qualquer treino prévio, André Couto voltou a sentar-se num carro que já conhecia, contando também com uma estrutura técnica que lhe era familiar. Em 2023, o piloto do território já tinha disputado algumas provas do TCR China com este conjunto, então ao serviço da equipa oficial Dongfeng Honda Racing Team, tendo mostrado andamento logo de início.

“Os treinos livres não correram mal, mas na qualificação um piloto menos atento bateu-me logo na minha primeira volta de saída para a pista. Acertou-me por trás e nem percebi porquê. Danificou-me a traseira, desalinhou a convergência e o carro ficou torto. Entretanto, não havia nada a fazer — tinha que fazer a qualificação na mesma. A barra estabilizadora da frente também cedeu. Só descobriram depois que estava partida”, explicou o experiente piloto ao HM. “Ainda assim, qualifiquei-me em quarto no Q1, a cinco décimos do primeiro, o que, com o carro nas condições em que estava, não foi nada mau. O carro tinha potencial.”

Na Q2, devido aos estragos, o carro japonês “ficou muito mais difícil de guiar” e Couto terminou em décimo. No entanto, isso acabou por ter um efeito positivo: “Com a inversão da grelha de partida, o décimo lugar da Q2 permitia-me arrancar em primeiro para a segunda corrida.”

A primeira corrida, disputada no sábado na pista localizada em Shaoxing, não correu tão bem quanto o piloto desejava, não conseguindo acompanhar os Link & Co oficiais, nem os melhores Honda e Hyundai. “Acabei em oitavo. O carro não estava tão bom como esperava e acabámos por descobrir que tinha um amortecedor danificado, ainda do acidente na qualificação, que foi trocado para a corrida de domingo.”

Domingo inglório

Na corrida de 20 voltas de domingo, André Couto tinha tudo para brilhar, já que partia da pole-position e o Honda parecia finalmente em condições de lutar pelos primeiros lugares. “Na volta de formação, o carro estava bom. Já não sentia nada estranho e eu estava optimista.”

A ideia era arrancar bem para se distanciar dos concorrentes mais rápidos nas primeiras voltas e, depois, gerir a corrida com pneus novos. No entanto, tudo se desfez rapidamente quando foi abalroado por Wu Yi Fan logo na travagem para a primeira curva.

“Era essa a minha missão, mas não consegui”, reconheceu o vencedor do Grande Prémio de Macau de 2000. “Ele bateu-me logo na primeira curva e o carro ficou logo danificado. Aliás, bateu-me duas vezes. Primeiro deu-me um toque por trás, ainda tentei controlar, mas depois falhou a travagem e não virou e bateu-me na frente. Ele podia ainda ter galgado o corrector, mas não o fez. Já depois da corrida, foi penalizado pelo colégio de comissários desportivos, mas isso não altera o facto de eu ter desistido”.

Com a direcção danificada do Honda, André Couto não teve outra opção senão abandonar. “Fiquei um bocado desiludido porque tinha esperanças de conseguir um bom resultado para a MacPro Racing Team que me tinha dado um bom carro. Íamos arrancar em primeiro… mas as corridas são assim.”