Gonçalo Lobo Pinheiro premiado no concurso de fotografia no PX3

Uma imagem das Ruínas de São Paulo da autoria do fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro venceu o prémio prata na categoria de arquitectura nos prémios PX3 – Prix de La Photographie Paris. O fotojornalista, radicado em Macau há vários anos, foi distinguido também com uma menção honrosa com a fotografia “Close to Me”, na categoria de retrato.

“Fico contente por mais uma distinção. Gosto de participar em concursos, tenho participado em vários nos últimos anos. Enviei o trabalho ‘Close to Me’ porque é muito especial e tem tido uma boa aceitação, além de já ter arrecadado alguns prémios”, contou ao HM. A fotografia das Ruínas de São Paulo foi enviada para um concurso pela primeira vez. “Talvez não a envie mais [para outros concursos], pois até ao final do ano não vou participar em mais até saírem os resultados de outros concursos em que participei”, contou ainda.

Livro e exposição a caminho

O fotógrafo adiantou também que está a ultimar o projecto de fotografias antigas que vão culminar na exposição e edição de um livro em Novembro. O fotojornalista publicou diversas obras em que Macau surge como tema principal, mas a objectiva da sua câmara focou outras latitudes.

Prova disso foi a edição, no ano passado, do livro “Tonlé Sap”, obra que retrata as vivências no lago com o mesmo nome, localizado no Cambodja, e que tem uma extensão de 2.590 quilómetros quadrados. Na estação das chuvas, o lago pode atingir 24.605 quilómetros quadrados, tornando-se na maior extensão de água doce da região do sudeste asiático.

Também em 2021, mas em Abril, o fotojornalista português lançou o livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL – Covid-19. A vida nos lares de idosos vai muito além da pandemia”, um projecto que partiu de uma reportagem fotográfica realizada em lares de idosos durante a primeira fase da pandemia.

31 Ago 2022

Centro de Ciência | Exposição interactiva sobre Macau em exibição até Fevereiro

“Macao Vast” é o nome da exposição interactiva que poderá ser vista no Centro de Ciência até 26 de Fevereiro. Dividida em três partes, a mostra pretende dar a conhecer todos os recantos e detalhes de um território com características peculiares, aliando o conhecimento às componentes criativa e científica

 

Conhecer Macau de uma forma interactiva, com recurso às tecnologias LED, holografia e aparelhos que, mediante o toque, vão revelando vários dados e curiosidades sobre o território, é agora possível graças à exposição que está patente no Centro de Ciência de Macau. Em “MACAO VAST” pretende-se que o público vá conhecendo mais sobre a cidade onde habita ou que visita de forma interativa, numa junção de conhecimento, ciência e tecnologia.

A tecnologia interactiva e a projecção são veículos centrais de transmissão de conhecimentos, proporcionando momentos de aprendizagem e diversão aos visitantes que podem ter acesso “a ilustrações de alta qualidade, design e experiências com recursos culturais e criativos”.

Dividida em três partes, “MACAO VAST” pretende apresentar um outro lado dos monumentos e sítios históricos de Macau, incluindo outros aspectos da cultura do território. A ideia é reunir toda a informação em pavilhões interactivos “a fim de promover, de forma efectiva, o turismo de Macau e aumentar a diversidade das experiências culturais”, desenvolvendo “a imagem do turismo cultural de Macau enquanto marca”.

Além da interacção constante com dados sobre a cidade, os visitantes podem ainda tirar fotografias de realidade aumentada através do telemóvel.

LED e outras histórias

A primeira parte da exposição intitula-se “Área das Imagens Holográficas em Suspensão” e, tal como o nome indica, oferece ao visitante uma plataforma que gera imagens dos monumentos de Macau em três dimensões que podem ser vistas de todos os ângulos e perspectivas, proporcionando uma sensação de presença no local. Para este efeito é usada a tecnologia LED, criando uma imagem realista tridimensional.

A segunda parte de “MACAO VAST” é uma área interactiva com uma plataforma que funciona mediante o toque, destinada tanto a adultos como crianças. Nesta parte, “o público pode tocar livremente na área interactiva e desfrutar de uma animação gerada pela área correspondente na parede, pelo que as ilustrações estáticas podem tornar-se em demonstrações dinâmicas”, explica o Centro de Ciência.

“MACAO VAST” conta ainda com uma área circular panorâmica de 360º, também com recurso à tecnologia LED, que apresenta toda a cidade, incluindo paisagens, monumentos e outros espaços icónicos. “Através desta experiência visual panorâmica, todos podem desfrutar do cenário de Macau e participar em jogos interactivos, visitando cada canto de Macau”, indica o website da exposição.

31 Ago 2022

FRC | Inaugurada hoje a exposição “Peerless”

“Peerless” é o nome da exposição colectiva da ARK – Associação de Arte de Macau (AAMA), que abre hoje portas na Fundação Rui Cunha (FRC) e que pode ser visitada até ao dia 10 de Setembro. A mostra reúne trabalhos de 30 membros da ARK e conta com curadoria da pintora Yaya Vai, além de ter o apoio da Fundação Macau.

Os trabalhos apresentam uma diversidade de géneros artísticos, que vão da pintura, à produção multimédia, à fotografia e artesanato, sendo que todos os participantes são amadores e fazem arte nos tempos livres. O título da mostra, “Peerless” – inigualável, sem par, único, insubstituível – foi o repto dado aos participantes, para que exprimissem através das obras os seus sentimentos sobre pessoas, objectos e memórias, sem preconceitos ou julgamentos de valor.

«Existe uma expressão: “Sem paralelo no mundo”, significando que não há outro igual no mundo. Isto pode ser usado para descrever algo muito precioso, (…) mas também pode significar coisas com valor pessoal e sentimental, como camisolas tricotadas por mães ou receitas usadas por avós. O que é para você inigualável? Um objecto, uma cena, um momento, ou mesmo algo considerado menor aos olhos dos outros?», questiona a proposta de intenções de “Peerless”.

A ARK – Associação de Arte de Macau tem por missão promover a arte e a cultura através da realização de actividades como exposições, seminários e workshops. A associação pretende dinamizar também a aprendizagem da arte para residentes, servindo de plataforma na divulgação do talento e criatividade dos membros, melhorando a sua qualidade de vida e oferecendo um escape para a pressão do trabalho e da vida quotidiana destes artistas amadores.

30 Ago 2022

Fundação Macau | Estudo sobre calçada portuguesa ganha menção honrosa

O estudo “The Portuguese Calçada in Macau Paving Residual Colonialism with a New Cultural History of Place”, das académicas Vanessa Amaro e Sheyla Zandonai, acaba de ser distinguido pela Fundação Macau na sexta edição dos prémios de investigação em humanidades e ciências sociais. A tese de doutoramento de Han Lili, sobre Luíz Gonzaga Gomes, também foi distinguida

 

“The Portuguese Calçada in Macau Paving Residual Colonialism with a New Cultural History of Place” é o nome do estudo desenvolvido pelas académicas Vanessa Amaro e Sheyla Zandonai que acaba de receber uma menção honrosa da Fundação Macau (FM) na sexta edição dos prémios destinados à investigação sobre Macau nas áreas das humanidades e ciências sociais.

O artigo foi publicado em Agosto de 2018 no conceituado Journal Current Athropology, com a chancela da University of Chicago Press, e conclui que a calçada portuguesa em Macau é única no mundo, com base na comparação feita com calçadas portuguesas em cidades como Lisboa, Rio de Janeiro e outras marcadas pela presença portuguesa. O artigo traça também a forma como a calçada passou de um projecto urbano desenvolvido pela Administração portuguesa para um “item cultural” do território, constituindo uma marca visual e urbana de Macau.

A sexta edição dos prémios atribuídos pela FM na área das ciências sociais e humanas distinguiu também a tese de doutoramento de Han Lili, directora da Faculdade de Línguas e Tradução da Universidade Politécnica de Macau (UPM), sobre o macaense Luís Gonzaga Gomes. A tese, defendida em 2018 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, intitula-se “Luís Gonzaga Gomes, filho da terra: divulgador e tradutor de imagens da China e de Macau”.

Nascido em 1907, e falecido em 1976, Luís Gonzaga Gomes escreveu inúmeros artigos sobre Macau e China editados pela Colecção Notícias de Macau. Em meados do século XX, o território atravessava um importante período cultural, marcado pela valorização dos conhecimentos sobre a língua e cultura chinesas.

A tese recorre a conceitos como “identidade, imagem e tradução, cruzando os Estudos de Imagens com os Estudos Descritivos de Tradução”, propondo “analisar as imagens construídas pelas obras de Gonzaga Gomes”.

O trabalho académico de Han Lili “apresenta o resultado da pesquisa de arquivo para a identificação das publicações de Gonzaga Gomes e procede a uma análise paratextual e textual, a fim de desvendar as considerações poéticas e ideológicas de Gonzaga Gomes sobre a identidade macaense”, lê-se no resumo da investigação.

O primeiro prémio

A FM distinguiu dezenas de trabalhos, entre livros e teses académicas, assim como outros géneros de investigação.
O primeiro prémio foi atribuído a vários trabalhos, um dos quais o livro “Casino Capitalism, Society and Politics in China’s Macau”, da autoria do académico Sonny Lo. Publicada em 2020, a obra analisa as relações sociais num território onde a economia é marcada pelo jogo, num modelo capitalista, sem esquecer as ligações que se vão estabelecendo com o projecto de integração regional da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Esta edição dos prémios contou com um total de 260 candidaturas, sendo que 60 chegaram à fase final de selecção. Foram atribuídos quatro primeiros prémios, quatro segundos prémios, oito terceiros prémios e 12 distinções de mérito na categoria “Livro”, com prémios pecuniários de 50 mil, 30 mil, 15 mil e 10 mil patacas, respectivamente.

Na categoria “Tese” a FM atribuiu quatro primeiros prémios, quatro segundos prémios, 12 terceiros prémios e 12 distinções de mérito com prémios pecuniários de 25 mil, 15 mil, oito mil e cinco mil patacas, respectivamente.

30 Ago 2022

Cinema | Mostra de filmes portugueses em Pequim até 11 de Setembro

Começou na sexta-feira em Pequim a mostra “Filmes de Portugal”. Até ao dia 11 de Setembro, serão exibidas seis longas-metragens e um documentário de cineastas portugueses no Museu Nacional de Cinema da China. O cartaz é composto por filmes tão díspares como o clássico “Os Verdes Anos”, “Listen” de Ana Rocha da Sousa e “Km 224”, de António-Pedro Vasconcelos

 

Começou na sexta-feira a mostra “Filmes de Portugal”, em exibição no Museu Nacional de Cinema da China, em Pequim. A celebração da sétima arte lusa será feita no grande ecrã com seis longas-metragens e um documentário portugueses, naquela que é a primeira exibição de cinema estrangeiro realizada pela instituição pública com sede na capital chinesa este ano.

A mostra “Filmes de Portugal” inclui o clássico a preto e branco “Os Verdes Anos”, de 1963, e “Listen”, a primeira longa-metragem realizada por Ana Rocha de Sousa. “Km 224”, o novo filme de António-Pedro Vasconcelos, integra também o cartaz que será exibido até ao dia 11 de Setembro.

Tratam-se sobretudo de filmes artísticos, que mostram como pessoas reais e a cultura inspiram os cineastas portugueses a contar as histórias no grande ecrã, descreveu o jornal Global Times.

Também em 2016, Pequim recebeu uma exposição cinematográfica composta por um total de 24 filmes portugueses, como parte de um acordo entre os dois países para promover obras portuguesas na China e filmes chineses em Portugal. Em 2015, foram exibidos 32 filmes chineses em duas salas de cinema em Lisboa.

Pais e filhos

Num longo e elogioso artigo, o Global Times descreve “Os Verdes Anos” como uma película que reflecte a forte influência do movimento artístico francês Nouvelle Vague, que imortalizou mestres como Jean-Luc Godard e François Truffaut.

Uma das obras contemporâneas em destaque no evento é “Listen” um filme escrito e realizado por Ana Rocha de Sousa, que estreou em 2020 e venceu um prémio especial do júri no 77º Festival Internacional de Veneza. Com Lúcia Moniz e Ruben Garcia nos papéis principais, “Listen” retrata a realidade e os dramas sociais de uma família de emigrantes portugueses que luta contra os serviços sociais britânicos.

Baseado em factos reais, o filme de Ana Rocha de Sousa centra-se na luta de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido, a quem os serviços sociais retiram a guarda dos três filhos por considerarem estar em risco de sofrer danos emocionais. Situação que desencadeia os protocolos do sistema de adopção forçada e que leva à consequente angústia, inquietação e desespero de uma família que tenta encontrar a felicidade e provar junto dos serviços sociais a sua capacidade de cuidar dos filhos.

Outra produção incluída no cartaz é o mais recente filme de António-Pedro Vasconcelos, “Km 224”, que como “Listen” será exibido na China pela primeira vez. O epicentro do filme é a tensão dramática que surge dos múltiplos episódios gerados por um divórcio e a luta pela custódia legal dos filhos.

Dívidas e girafas

“Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, de Tiago Guedes, é uma das propostas mais originais do cartaz do “Filmes de Portugal”. Sob o tema das dores de crescimento, o argumento desta obra tem como ponto fulcral a história de uma menina de 10 anos que atravessa a cidade de Lisboa em busca da única pessoa que pode ajudá-la: o primeiro-ministro. Esta viagem de fantasia é narrada pela voz de uma criança que empreende a tarefa de tentar explicar o mundo, ultrapassando a fronteira que separa a adolescência da inocente pureza da infância.

Com estreia comercial em 2017, “São Jorge” valeu a Nuno Lopes o Prémio Orizzonti de melhor actor no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2016. Realizado por Marco Martins, o filme tem um elenco recheado, com nomes como Mariana Nunes, David Semedo, Gonçalo Waddington, Beatriz Batarda, José Raposo e Jean-Pierre Martins.

A história de “São Jorge” centra-se na queda do personagem interpretado por Nuno Lopes, um boxer desempregado afogado em dívidas que, à beira de perder o filho, decide aceitar um emprego numa agência de cobrança de dívidas. Com o Portugal da era da Troika em plano de fundo, a narrativa segue a descida do protagonista ao mundo do crime e da violência extrema.

O “Filmes de Portugal” exibe também “Aquele Querido Mês de Agosto”, de Miguel Gomes, e o documentário “Silêncio – Vozes de Lisboa”.

Além deste cartaz, o evento terá ainda uma exposição dedicada ao mestre Manoel de Oliveira, uma unidade de revisão de filmes clássicos e alguns trabalhos contemporâneos, incluindo “Cartas da Guerra”, realizado por Ivo Ferreira.

29 Ago 2022

Creative Macau | 19 anos celebrados com exposição colectiva

Fundada a 28 de Agosto de 2003, a Creative Macau celebra o 19º aniversário com a exposição “0 ZERO and SINE DIE”, que retrata, através de múltiplas formas de expressão artística, o estado de vida em suspenso que muitos atravessam desde que a pandemia começou. A mostra reúne 45 trabalhos criados por 37 artistas, membros da Creative Macau

 

“0 ZERO and SINE DIE” é o nome da nova exposição da Creative Macau, que abre hoje portas em jeito de celebração do 19º aniversário da entidade, fundada a 28 de Agosto de 2003. Apesar de data festiva, a ocasião não escapa à inevitável condição das vidas marcadas pela pandemia e pela forma como a política de zero zero casos remete tudo e todos para um estado de imobilidade. Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, adiantou ao HM que “0 ZERO and SINE DIE” reúne 45 trabalhos de 37 membros da Creative, onde constam nomes como Francisco Ricarte, Gonsalo Oom, Adalberto Tenreiro, Carmen Lei e Alice Ieong, entre outros, incluindo a própria Lúcia Lemos.

“Assistimos à política de zero casos covid-19 e isso traz consequências para as pessoas que sempre viajaram ou que costumam reunir com a família. Essa política afecta tudo, o nosso quotidiano pessoal e profissional, e temos pessoas que já foram embora. [A mostra] remete também para a ideia de que agora podemos estar muito bem e dentro de 15 dias a situação alterar-se para algo totalmente diferente, com tudo fechado”, adiantou ao HM.

Em “0 ZERO and SINE DIE” os artistas foram convidados a “inspirarem-se no facto de a nossa vida estar constantemente a ser adiada”, sempre com a ideia de que “o tempo é muitíssimo importante, pois uma pessoa pode planear sair e fazer coisas simples, mas depois não as conseguir fazer, nessa inconstância”. Lúcia Lemos quis que os artistas trabalhassem em torno de “um tema bastante amplo”, para que se poderem expressar com total liberdade.

Com uma calendarização definida ao longo do ano, a Creative Macau tem a sorte de ser uma entidade mais pequena que pode ir agilizando os eventos marcados, consoante as possibilidades. “Não somos como o Instituto Cultural, com projectos de grandes dimensões, com pessoas que vêm de fora. Como só trabalhamos com artistas locais temos mais facilidade de organização.”

Inspirações múltiplas

Há muito que Lúcia Lemos queria fazer um trabalho sobre a escultora portuguesa Rosa Ramalho e, desta vez, aproveitou para revelar a peça de cerâmica “Diabo Santo”. “Ela [Rosa Ramalho] fazia umas peças de barro em forma de diabo porque tinha variações de humor, colocando cá fora os seus sonhos e pesadelos. Inspirei-me num dos diabos dela e chamei-o de ‘Diabo Santo’, porque está a rezar.” A direcțora da Creative Macau apresenta também o trabalho “Stay Home”, feito em papel.

Ricardo Meireles, arquitecto e um dos nomes integrantes da exposição colectiva, participa com o trabalho “Ascensão”, uma fotomontagem digital e impressão em papel. “A temática deste ano [da exposição] acabou por ser desafiante pela abertura do tema e levou-me a uma introspecção profunda. Mesmo que o resultado final nem sempre seja aquilo que imaginamos de início, acabou por resultar em algo positivo”, contou.

Ricardo Meireles diz ter explorado vários temas e ideias, culminando na elaboração de um auto-retrato. “Nestes tempos de momentos e realidades inesperadas, acabamos por perder o nosso foco principal, aqueles objectivos que nos regem no dia-a-dia e, de repente, tudo se altera de um momento para o outro.”

Desta forma, “Ascensão” remete para a mensagem que “mesmo que nos sintamos confinados num pequeno quarto ou mesmo impossibilitados de fazermos aquilo que gostaríamos, podemos abrir as portas para o mundo do imaginário onde tudo é possível, onde a nossa ‘imaginação voa’ em busca de aventuras inesperadas que nos permitem estar onde quisermos”.

Francisco Ricarte, também arquitecto, é outro dos membros da Creative Macau que acedeu ao desafio de colaborar na mostra. Fotógrafo nas horas vagas, participa em “0 ZERO and SINE DIE” com uma fotografia tirada num contexto de quarentena no hotel Tesouro, quando o isolamento era ainda de 21 dias. “É uma alegoria a esse período de confinamento, onde a maçã sobre a cama tem uma série de significados, desde a natureza não acessível ao desejo ou afastamento”, declarou. Com esta imagem, Francisco Ricarte quis ensaiar “a experiência do confinamento, traduzindo para imagens um tempo muito carregado e, por vezes, difícil de ultrapassar”. “0 ZERO and SINE DIE”, uma mostra que se pretende eclética e resultado de diversas expressões artísticas”, pode ser visitada até ao dia 24 de Setembro nas instalações da Creative Macau.

26 Ago 2022

MAM | “Zhao Zhao: Um Longo Dia” inaugurada esta sexta-feira

O Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, a partir desta sexta-feira, a exposição “Zhao Zhao: Um Longo Dia”, que estará patente até ao dia 30 de Outubro. Esta é a primeira exposição individual em Macau do artista chinês contemporâneo que contém um total de 82 peças ou conjuntos de obras, com curadoria de Cui Cancan.

A carreira de Zhao Zhao teve início em 2006 e o artista explora as vertentes da pintura, instalação e escultura, sem esquecer os estudos sobre a cultura antiga chinesa. “Ligando obras que evidenciam a exploração constante de questões associadas ao tempo, ao espaço e à nossa era, a mostra pretende dar a conhecer aos visitantes as ideias artísticas únicas de Zhao Zhao, bem como os seus novos métodos criativos e o seu uso de diversos meios de expressão”, aponta uma nota de imprensa.

Em 2014 a revista Modern Painters destacou Zhao Zhao como um dos 25 artistas a ter em atenção em todo o mundo. Este foi reconhecido com o Prémio de Artista do Ano no âmbito da 13.ª edição do Prémio de Arte da China em 2019, sendo uma figura representativa da nova geração de artistas contemporâneos chineses.

Nas suas obras, Zhao Zhao estabelece uma ligação entre a tradição histórica chinesa ao longo do tempo e do espaço, a realidade actual e as tendências artísticas em constante transformação. Combinando expressões artísticas contemporâneas e a essência da cultura tradicional, Zhao Zhao criou o seu próprio estilo artístico e método de trabalho para dar expressão à vida humana no actual ambiente global e à nossa realidade na sociedade moderna, mostrando ainda a sua atitude em relação à coexistência do colectivismo e dos ideais individuais.

25 Ago 2022

Mara Bernardes de Sá, autora de “Senhor da Chuva” | O poeta que abraçou Timor

Lançado primeiro em Díli, no passado mês de Maio, o livro “Senhor da Chuva” é apresentado hoje ao público português em Lisboa na Fundação Oriente. A obra de Mara Bernardes de Sá conta a história do poeta Ruy Cinatti, que carregou Timor no coração quase toda a vida, ao ponto de ter celebrado pactos de sangue com duas famílias de chefes tradicionais, os “liurais timorenses”. A autora falou com essas pessoas

 

Como surgiu a oportunidade de fazer este livro?

Em 2005, quando fui para Timor ofereceram-me o livro do padre Peter Stilwell [ex-reitor da Universidade de São José], intitulado “A Condição Humana em Ruy Cinatti”. Foi esse livro que me deu a conhecer o autor e Timor-Leste. Como ele [Ruy Cinatti] escrevia muito sobre os sítios por onde passava, fui conhecendo-os também através dos seus escritos. A partir daí esteve sempre presente, e muitas vezes quando viajava em Timor pesquisava o que ele tinha escrito sobre esse sítio. Muitas vezes escrevia poemas e fui a certos sítios por causa dos poemas dele. Conheci as famílias que fizeram o pacto de sangue com Ruy Cinatti. Tenho uma filha que, quando tinha cinco anos, na sala de aula na Escola Portuguesa Ruy Cinatti, em Díli, disse que a mãe era amiga do Cinatti e que tinha fotografias dele. Acabei por ir falar do autor aos alunos e percebi que os encantava. As histórias dos pactos de sangue não são assim tão comuns, e quando falava disso com timorenses percebi que estava a falar de uma lenda que lhes interessava. Como Ruy Cinatti era uma pessoa tão completa e contribuiu tanto para Timor, fez sentido escrever a história dele de uma forma concisa, clara, com história, mas transmitindo um pouco a poesia dele e a intensidade de vida com que ele abraçava os dias.

Como classifica este livro, uma vez que não o considera uma biografia de Cinatti?

[A obra representa] o universo pessoal e a ligação dele a Timor. Esse é o ponto principal. O livro do padre Peter Stilwell já abraça todas as dimensões de Ruy Cinatti. Peter Stilwell, que o conheceu em pequeno, escreveu sobre momentos como quando Ruy Cinatti se vestia de fantasma e aparecia atrás das crianças, na brincadeira. O meu foco foi ouvir as pessoas que ainda são memória viva do que ele viveu lá, nomeadamente os pactos de sangue. Como disse atrás, não é coisa que se faça regularmente em Timor, e muito menos com estrangeiros. São uma prova da relação de intimidade e confiança que Cinatti criou no país. Há um respeito, porque os timorenses percebem que não é uma coisa que se faça diariamente. Fui ao encontro dessas famílias, ouvindo as memórias vivas. Percebi que não é só uma história registada no livro “A Condição Humana”, mas ficou em Timor também. Estas pessoas consideram Ruy Cinatti um familiar.

Apesar de não serem comuns, os pactos de sangue persistem na sociedade timorense nos dias de hoje?

Ainda acontecem, mas é algo silencioso, de que não se fala sempre. Creio que acontece com menos frequência nos dias de hoje.

O que Ruy Cinatti deixou a estas famílias, que mensagens, que sentimentos?

Ele tinha uma relação pessoal e de convivência com eles. São duas famílias diferentes. A história que ficou neles é o facto de o considerarem como familiar querido e também respeitam o contributo que deu e o registo que deixou, como, por exemplo, o livro “Arquitectura Timorense”. Havia uma casa consagrada para Ruy Cinatti escrever e desenhar, e eles tinham noção que o autor abraçava a sua cultura. Um dos filhos [do líder da família] é Ruy Cinatti Ximenes, porque Ruy Cinatti fez esse pedido.

E o que Ruy Cinatti lhe deu a si?

Fascinou-me a poesia dele, mas também os episódios que fui conhecendo, bem como a forma intensa como vivia a vida e a entrega que tinha à poesia, não apenas na poesia como nos actos. Recordo-me de um episódio que ele conta, quando entrou mar adentro depois de se “apaixonar” por um fim de tarde. Depois chegou ao palácio do Governo encharcado. Essa intensidade e entrega aos dias fascina-me. Há também o lado humano dele, o respeito pela cultura e pelo outro. Em 1951 foi proibido as pessoas irem a Díli com os trajes tradicionais e ele escreveu sobre o que considerava uma injustiça, sem respeito pela cultura e tradições.

O livro tem ilustrações. Neste sentido, pretende chegar a todas as idades?

Sim, tenho esse objectivo. Pedi para que fossem feitas duas ilustrações, uma do Ruy Cinatti em criança, intitulada “Rui menino”, e outra seria uma tela que expusesse as várias componentes daquilo que o autor gostava em Timor, como as montanhas ou as casas sagradas. Há ainda uma terceira ilustração sobre os pactos de sangue e uma quarta imagem de Ruy Cinatti nas montanhas e no seu silêncio. O Bosco Alves abraçou o projecto e transmitiu mesmo [o que era pretendido]. Ele disse-me que, quando começou a pintar a primeira ilustração [de Ruy Cinatti em criança, antes de chegar a Timor], que percebeu que Timor já estava com ele, daí ter pintado tantos elementos do país. Timor já estava à espera de Cinatti.

De todas as figuras vindas de Portugal para a antiga colónia, Ruy Cinatti foi a que melhor compreendeu a sociedade timorense?

Sim, sem dúvidas. Compreendeu, sentiu, abraçou e respeitou.

 

Agrónomo e poeta

Ruy Cinatti nasceu em Londres em 1915, foi agrónomo e poeta, dividindo-se entre as ciências humanísticas e as ciências naturais. Chegou a Timor-Leste, pela primeira vez, em Julho de 1946, como secretário do então Governador Oscar Ruas, e no ano seguinte, com o país a recuperar da invasão japonesa, percorreu o território, realizando um primeiro estudo. O estudo sobre Timor englobou temas tão diversos como botânica, meteorologia, etnologia e arqueologia, tendo no pacto de sangue, alcançado uma ligação eterna aos rituais mais sagrados do país. Cinatti, que nunca deixou de viver essa ligação de “irmão” timorense, é autor do que se pensa ser o primeiro plano de fomento agrário do país e deixou uma vasta obra ainda hoje referência essencial para estudiosos de Timor-Leste. Vencedor de vários prémios literários, incluindo o Prémio Nacional de Poesia, viveu uma forte ligação com Timor-Leste. Em 2015, num evento alusivo ao centenário de Cinatti, na Escola Portuguesa de Díli, a que ‘emprestou’ o nome, os herdeiros dos dois ‘liurais timorenses’, Cornélio Ximenes (Mau-Nana), filho de Adelino Ximenes, e Saturnino Barreto, bisneto de Armando Barreto estiveram presentes.

Agentes culturais

A autora de “Senhor da Chuva” nasceu em Chaves, em 1976. É agente cultural em Timor-Leste desde 2005 e membro do Conselho da Sala de Leitura Xanana Gusmão desde 2011. A primeira publicação de poemas na antologia “Mouth Ogres” foi editada por Oxmarket Press, Frinch Festival e University College Chichester em 1999. Por sua vez, Bosco Alves, ilustrador, nasceu em Díli, Timor-Leste a 26 de Março de 1965, tendo feito a primeira exposição em 2000. Inaugurou no Centro Cultural Português – Embaixada de Portugal em Timor, a 5 de Maio 2019, a exposição de pintura “Alfabetização” integrada no dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Participou como ilustrador no livro “Contos Tradicionais da CPLP”, representando Timor-Leste numa equipa de artistas de todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

25 Ago 2022

A Fundação Rui Cunha abre o apetite com filme “Pranzo di Ferragosto”  

A Fundação Rui Cunha apresenta esta tarde, às 18h30, o filme “Pranzo di Ferragosto” (Mid-August Lunch, em inglês), o quarto de uma série de seis sobre o tema Gastronomia e Cinema. A película é assinada pelo realizador Gianni di Gregorio, que é também o escritor do guião e o protagonista da fita italiana. A entrada é livre, mas limitada a 25 espectadores.

O tema do filme, apresentado com legendas em em inglês, alude ao feriado católico da Assunção de Nossa Senhora, que se celebra a 15 de Agosto em países como Itália, Espanha ou Portugal.

Ao longo dos cerca de 75 minutos da duração da exibição, Gianni di Gregorio faz uma incursão por valores como a tolerância, o envelhecimento, a solidão, num tom bem-humorado, que surpreende pelos momentos únicos e edificantes.

A história narra as peripécias de Gianni, um homem de meia-idade, desempregado e solteiro, que aceita tomar conta de quatro senhoras idosas para ajudar a pagar algumas dívidas, durante o feriado em meados de Agosto.

Quando todos os italianos fogem do calor para as praias da costa, Gianni é chantageado pelos seus credores para hospedar as respectivas mães em Roma, onde mora com a sua exigente progenitora. Falido e sem argumentos, aceita a difícil responsabilidade, que acaba por resultar numa casa cheia, onde todos se acomodam e entreajudam, gerindo os caprichos que vêm com a idade, cozinhando a refeição do Dia da Assunção e divertindo-se mais do que o esperado.

Experiência biográfica

O director Gianni Di Gregorio escreveu o argumento baseado num incidente retirado da sua vida, com um baixo orçamento e muito improviso, actuando como protagonista no seu próprio apartamento e recrutando as demais actrizes entre centenas de não profissionais. Contratou-as num lar próximo, para garantir a espontaneidade, e ficou encantado com a alegria e o humor que trouxeram à fita. Só a actriz que representou a sua mãe, Valeria De Franciscis, era de facto profissional, entretanto falecida em 2014 aos 98 anos.

O filme conquistou diversos galardões entre 2008 e 2009, nomeadamente o Grande Prémio do Público no Bratislava International Film Festival, o Prémio de Melhor Realizador Emergente pela FICE – Federazione Italiana Cinema d’Essai, o Prémio de Melhor Realizador Emergente pelo Italian National Syndicate of Film Journalists, o Prémio Especial para Melhor Primeira Metragem no Italian Online Movie Awards (IOMA), o Prémio Satyajit Ray no London Film Festival, o AITS Award para Melhor Som noRome Film Fest, e ainda o Luigi De Laurentiis Award para Melhor Primeiro Filme, o Young Cinema Award para Melhor Filme Italiano e o Pasinetti Award para Melhor Filme no Festival de Cinema de Veneza.

24 Ago 2022

Exposição | Memphis Ng leva mostra de figurinos à Fundação Rui Cunha

Alterações nos mapas, convívio do chinês e português, arquitectura das ruas e festivais e feriados, foram o mote para a designer Memphis Ng contar a história da transformação de uma aldeia de pescadores na cidade actual

 

Desde ontem, e até 27 de Agosto, os interessados podem visitar a Exposição de Design de Figurinos “Macasaphis”, na Fundação Rui Cunha, com peças de Memphis Ng Chi Wai. Os figurinos em questão serão exibidos no teatro “Macasaphis” Stand Up Comedy, agendado para o próximo mês.

Em exposição, vão estar cinco figurinos, criados a partir de quatro ideias que têm por base Macau, e que reflectem a história do território na passagem de uma aldeia de pescadores até à cidade actual. Os elementos escolhidos por Memphis Ng foram as alterações nos mapas, a presença do chinês e português, a arquitectura das ruas e os festivais e feriados, que se reflectem nas roupas.

“A escolha do vestuário é uma expressão de afirmação individual. Usar as quatro características principais de Macau nas pessoas é também uma expressão de identidade e orgulho, já que os figurinos traçam a trajectória de desenvolvimento da cidade, vendo as mudanças na paisagem e as emoções dos jovens em relação à cidade”, pode ler-se no manifesto da companhia Frost Ice Snow Creative Experimental Theatre, responsável pela organização do espectáculo.

Formação em Xangai

Memphis Ng é formada em Design de Moda e Modelagem pela Universidade de Xangai – Instituto Internacional de Moda e Arte de Paris, desde 2021, e tem trabalhado como figurinista e assistente de guarda-roupa para diversas criações teatrais.

Em Macau, tem acumulado prémios e menções de honra. Memphis ficou no 1.º lugar no Concurso de Design de Moda de Protecção Ambiental do Instituto de Estudos do Turismo de Macau, recebeu o 2.º lugar no 15.º Concurso de Tecnologia de Moda Jovem de Macau, organizado pelo Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, e foi 2.ª classificada no Concurso de Tecnologia da Moda na 16.ª Moda Jovem de Macau pelo Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau.

Teatro experimental

A mostra funciona como uma antevisão do espectáculo “Macasaphis” Stand Up Comedy, que está agendado para 24 de Setembro na Torre de Macau. Este evento é apresentado como teatro experimental, num formato de talk-show, dividido em quatro partes, permitindo aos artistas explorarem diferentes aspectos da realidade local.

A peça foi construída pelo Teatro Experimental Criativo Frost Ice Snow, criado em Janeiro de 2017. A Frost Ice Snow uma companhia profissional de jovens em Macau que procura integrar o multiculturalismo com o pensamento criativo e inovar a produção artística independente local. Realizou mais de 120 digressões nacionais em 15 cidades, com repertórios originais de drama, comédia, farsa e tragédia, incluindo arte chinesa, clássicos culturais, nova poesia e teatro sobre família, amor, amizade, sonhos e actualidade social, entre outros.

24 Ago 2022

Cinema | Curtas de Cheong Kin Man exibidas nos EUA e Austrália

“Uma Ficção Inútil”, do antropólogo visual Cheong Kin Man, já foi exibida em 40 países, mas o percurso mundial do projecto do residente de Macau ainda não chegou ao fim, pois já em setembro será exibido na Austrália e também em Nova Jérsia, EUA. Entretanto, o artista está a preparar um novo filme etnográfico experimental que deverá ter Macau como tema

 

Cheong Kin Man, residente de Macau, vive há muitos anos em Berlim, onde estudou antropologia visual. Um dos seus projectos cinematográficos mais conhecidos, “Uma Ficção Inútil”, já correu o mundo, tendo sido exibido em 40 países.

Mas o filme etnográfico experimental está de volta aos grandes ecrãs já em setembro, ao ser exibido em Melbourne, Austrália, no âmbito de um projecto de investigação e promoção do cinema, intitulado “Zooming In”, da Swinburne University of Technology. Também neste contexto serão exibidos mais dois projectos cinematográficos de Cheong Kin Man, nomeadamente “A Etimologia de um Sonho” e “As Fontes de Água de Macau”, documentário feito em parceria com Season Lao. De frisar que este documentário data dos anos 2007 e 2008.

Estes três filmes serão exibidos, no próximo ano, no “Student World Impact Film Festival”, em Nova Jérsia, dos EUA. Cheong Kin Man confessa estar “contente” com o facto de “Uma Ficção Inútil” já ter sido apresentado em 40 países. No entanto, “cada vez discordo mais do que fiz na fase final dos meus estudos em Antropologia Visual, entre 2012 e 2014”.

Este filme etnográfico fez parte do projecto final de mestrado do artista e antropólogo na Universidade Livre de Berlim. “É uma auto-etnografia visual e experimental que discute muitas das problemáticas existentes no conhecimento ocidental. Mas hoje penso que muitos dos pensamentos que inseri no filme são imaturos ou mesmo ingénuos”, confessou ao HM.

“Este é um filme que tem uma base teórica na antropologia visual. Ele tem sido rejeitado pela maioria dos festivais de cinema etnográfico no mundo, à excepção da França, Dinamarca e Macedónia. ‘Uma Ficção Inútil’ tem sido caracterizada como uma curta-metragem experimental, e parece que o seu lado antropológico tem menos importância. Neste aspecto, a antropologia visual, para mim, é uma disciplina tão rígida que não aceita essa arte abstracta como um conhecimento académico válido”, frisou.

Este ano “Uma Ficção Inútil” foi ainda apresentado no “FilmForum”, da Universidade de Arte de Braunschweig, por mão da cineasta alemã Deborah Uhde. Mas Cheong Kin Man já sente o peso do passar dos anos.

“Ela convidou-me a escrever sobre a sua nova obra, ‘White Slices Blind Spots’. Senti-me honrado mas, ao mesmo tempo, sinto-me obrigado a escrever algo novo para contar a minha história de outra maneira, depois de tantos anos”, frisou.

Um novo filme a caminho

Questionado sobre novos projectos nesta área, Cheong Kin Man confessou que está a desenvolver um novo filme etnográfico experimental. “Macau nunca deixará de ser o meu tema de trabalho, de forma directa ou indirecta, sobretudo quando imagino o território depois de 2049. O tema de Macau é muito trabalhado do ponto de vista da nostalgia.”

Este projecto está a ser desenvolvido em parceria com o fotógrafo amador Jorge Veiga Alves, que concedeu a Cheong Kin Man o acesso ao seu arquivo de vídeos e fotografias feitos nos primeiros anos a seguir à transferência de soberania de Macau para a China.

Entretanto Cheong Kin Man continua a desenvolver projectos em parceria com a artista polaca Marta Sala. Em Outubro, os dois artistas vão ter a primeira exposição em nome próprio na Alemanha, intitulada “Os Ideogramas de Berlim”, onde serão expostos “uma série de ideogramas inspirados na escrita chinesa e nas paisagens da capital alemã”.

Uma outra exposição, que vai durar entre Outubro e Dezembro, também promovida por Cheong Kin Man e Marta Sala, conta com o apoio do Fórum da Sociedade Cooperativa Berlinense, chama-se “As Intervenções Utópicas nas Paisagens de Berlim”. Para esta mostra poderão ser convidados artistas de Macau, confessou o antropólogo.

22 Ago 2022

CCM acolhe “A Inesperada Família” em Setembro 

As produções locais estão de regresso aos palcos do Centro Cultural de Macau (CCM). Isto porque entre os dias 23 e 24 de Setembro o musical “A Inesperada Família” estreia no pequeno auditório. Com encenação de Mabina Choi e dramaturgia de Mok Keng Fong, o espectáculo “retrata as peripécias de um grupo de pessoas que, impelido por uma alegre energia, se muda furtivamente para uma grande loja de mobiliário”.

“Levado pelas mesmas ilusões, buscando um determinado estilo de vida, aspirando aos mesmos sonhos e padrões da classe média, o bando torna-se mais íntimo, transformando o espaço público num improvável lar”, revela uma nota de imprensa. O espectáculo “A Inesperada Família” é, assim, “um divertido musical local concebido por um grupo de artistas com uma visão e experiências em comum”.

Humor a rodos

Mabina Choi, natural de Macau, mas actualmente a residir em Hong Kong, traz, assim, ao território “uma história bem-humorada, cantada e dançada ao som de temas originais inspirados em clássicos da pop cantonense”.

Haverá, portanto, em palco uma interpretação de uma “diversidade de géneros” musicais, sendo que a direcção musical e arranjos estão a cargo de Wong Yee Lai, oriundo de Hong Kong. A coreografia é assinada pela bailarina de Macau Annette Ng.

Este musical faz arte do programa de comissões da responsabilidade do CCM, com o objectivo de “incentivar as artes performativas na região e dar visibilidade a projectos social e culturalmente relevantes, tendo como alvo uma diversidade de públicos”.

21 Ago 2022

Comércio | Arraiais de promoção ao consumo arrancam no próximo mês

A fim de incentivar o consumo no comércio tradicional, o Governo vai continuar a organizar os arraiais de comércio nas zonas de Taipa, Coloane e Rua dos Ervanários, na península de Macau. A ideia é que, com a ajuda do telemóvel e da tecnologia de Realidade Aumentada, os residentes e turistas possam comprar de uma forma lúdica e divertida

 

A zona da Taipa irá receber no próximo mês a actividade “Arraial na Taipa”, destinada a promover o comércio local. O evento, organizado pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), pretende receber os turistas que chegarão a Macau no período da Semana Dourada de Outubro, aquando da celebração do aniversário da implantação da República Popular da China.

A ideia é que o “Arraial da Taipa” possa “atrair residentes e turistas a divertirem-se e consumirem naquele bairro através da introdução da tecnologia RA (Realidade Aumentada) com características do bairro, conjugada com benefícios de consumo e ofertas de prémios, de modo a dinamizar a economia do bairro comunitário”. Os comerciantes irão receber formação sobre esta tecnologia, de forma a poderem participar na actividade, estando a ser preparadas as instalações com o apoio de uma associação comercial local.

Actividades como o “Arraial na Ervanários”, que decorre na Rua dos Ervanários, na península de Macau, e “Arraial em Coloane” irão prolongar-se até finais de Outubro.

Bons resultados

Os dados mostram que estes arraiais têm registado uma grande participação do público, além de contribuírem “para prolongar o tempo de permanência dos residentes e turistas nos bairros comunitários e estimular o consumo”. Desta forma, as autoridades entendem que os arraiais “desempenham um papel positivo na promoção dos negócios dos comerciantes nos bairros comunitários”.

Lançado em Novembro do ano passado, o “Arraial dos Ervanários” registou, até à última quarta-feira, 47 mil participantes no jogo AR, tendo sido distribuídos mais de 95 mil cupões de compras das lojas aderentes. De acordo com os dados apurados nos inquéritos, cerca de 82 por cento dos inquiridos afirmaram que o tempo de visita foi prolongado e cerca de 78 por cento responderam que consumiram mais devido à actividade em questão.

Por sua vez, o “Arraial em Coloane”, criado em Abril deste ano, teve, até 17 de Agosto, 16 mil participantes no jogo AR, além de terem sido distribuídos aos participantes mais de 192 mil cupões de compras das lojas aderentes. De acordo com os dados apurados nos inquéritos, cerca de 86 por cento dos inquiridos disseram que o tempo de visita foi prolongado e cerca de 81 por cento responderam que consumiram mais devido ao arraial.

21 Ago 2022

IIM | Crónicas de Jorge Sales Marques sobre a pandemia editadas em livro

Jorge Sales Marques, médico pediatra e anterior porta-voz dos Serviços de Saúde de Macau para as questões relacionadas com a pandemia, acaba de editar, com a chancela do Instituto Internacional de Macau o livro “Covid-19 – Artigos e entrevistas durante a pandemia”. O autor entende que a obra não é mais do que uma “ferramenta” para não esquecer o passado e evitar erros no futuro

 

“Covid-19 – Artigos e entrevistas durante a pandemia” é a obra de Jorge Sales Marques que acaba de ser editada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e que não é mais do que uma compilação de crónicas de jornal e entrevistas concedidas pelo médico pediatra sobre a pandemia, não apenas em Macau como também em Portugal, onde trabalha actualmente. Jorge Sales Marques foi, no início da pandemia que mudou o mundo, o porta-voz dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) para estas questões.

“Para mim este livro é uma ferramenta para não nos esquecermos das coisas boas que foram feitas e para que possamos evitar repetir os mesmos erros numa próxima pandemia”, contou o autor ao HM. “Fui porta-voz dos SSM e, quando regressei a Portugal, ainda não levavam muito a sério o vírus que vinha do Oriente. Depois de ter dado várias entrevistas e escrito imensos artigos sobre a covid-19, achei que seria útil compilar 60 desses textos em livro”, acrescentou.

Sales Marques entende que a obra é uma “memória descritiva” do bom e do mau que aconteceu “por falta de experiência” ou por “pura e simples teimosia”.

“Não devemos voltar a repetir as mesmas asneiras num futuro próximo que poderá ser já amanhã porque mais pandemias virão e, desta vez, teremos de estar mais bem preparados para evitar mortes desnecessárias”, referiu ainda o médico.

Vacinar e vacinar

Questionado sobre a actual situação pandémica em Macau, que recentemente registou um surto que obrigou a um confinamento parcial da população, Jorge Sales Marques diz não estar “espantado” com o ocorrido.

“Houve um surto que levou a diversas tomadas de posição por parte das entidades competentes, uma vez que a variante Ba5 da Ómicron é mais contagiosa e o uso de uma simples máscara cirúrgica pode não ser totalmente eficaz, daí ter-se optado pela máscara KN95. Sobre o confinamento prolongado, é uma decisão das entidades que decidiram ser o melhor para parar a propagação do vírus.”

Neste sentido, Jorge Sales Marques volta a insistir na necessidade de aumentar a taxa de vacinação, sobretudo no seio da população idosa. “É importante a vacinação da população com três doses e, quiçá, com uma quarta dose para as pessoas idosas que, do ponto de vista imunitário, são mais frágeis, apresentando um maior risco de mortalidade. Não foi por acaso que os casos fatais ocorreram nesta faixa etária.”

Para o médico, “quanto maior a percentagem de pessoas vacinadas menores serão os dias que terão de estar confinadas”, disse.

17 Ago 2022

Fernando Pessoa | Publicada primeira antologia organizada por Casais Monteiro

Fernando Pessoa nunca teve “o imediato como valor de expressão poética”, afirma o escritor e ensaísta Adolfo Casais Monteiro, na introdução à antologia do autor de “Mensagem”, uma edição pioneira que organizou e que é publicada na próxima quarta-feira.

Para o poeta, tradutor, professor, crítico e ensaísta Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), um dos primeiros investigadores a ousar “a construção de um percurso reflexivo” sobre a obra pessoana, Fernando Pessoa é “um dos quatro maiores” da poesia portuguesa, ao lado de Luís de Camões, Teixeira de Pascoaes e Antero de Quental.

Na antologia “Poesia de Fernando Pessoa”, que organizou na década de 1950, uma das primeiras dedicadas ao poeta, e para a qual escreveu a introdução, Casais Monteiro afirma que “nem por sombras” pretende “‘explicar’ a poesia” do criador de Alberto Caeiro e Álvaro de Campos, referindo a sua obra como ”um produto de cultura, uma dessas obras cujas raízes vão buscar o mínimo de sangue que lhes é necessário a uma tradição literária”.

O “segredo” do poeta Pessoa “é que ele transforma, diga-se assim, em emoções os seus pensamentos”, “sensibilizou o cerebral, deu raízes de existência ao absoluto”, escreve o autor de “Canto da Nossa Agonia” sobre o criador de “Chuva Oblíqua”.

A antologia, publicada sob a chancela da Editorial Presença, conta mais de 30 poemas de Pessoa, incluindo dos seus heterónimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Casais Monteiro defende uma absoluta unidade na obra de Fernando Pessoa, mesmo tendo em conta os seus heterónimos.

16 Ago 2022

Literatura | “Os Memoráveis”, de Lídia Jorge, traduzido para chinês e publicado na China

Publicado em 2014, o livro de um dos nomes mais sonantes da literatura portuguesa contemporânea vai ser agora publicado na China com o cunho da editora Haitian Publishing House. O livro de Lídia Jorge já tinha sido traduzido para outros idiomas, mas esta é uma estreia no mercado chinês

 

A obra “Os Memoráveis”, da escritora portuguesa Lídia Jorge, foi traduzida para chinês e publicada esta semana pela editora chinesa Haitian Publishing House. A editora, detida pelas autoridades da Zona Económica Especial de Shenzhen, já tinha publicado em Outubro a tradução chinesa de “Essa Dama Bate Bué!”, o primeiro romance da luso-angolana Yara Nakahanda Monteiro.

“Os Memoráveis” é protagonizado por Ana Maria Machado, uma repórter portuguesa em Washington que, em 2004, foi convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador norte-americano à época, em Lisboa, “um raro momento da História”.

Segundo comunicado da editora, Publicações D. Quixote, a repórter aceita o trabalho, forma uma equipa e entrevista vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, “revisitando os mitos da Revolução de Abril”.
“Os Memoráveis”, publicado em 2014, venceu no ano seguinte o Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues, atribuído pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

O júri considerou que o romance “constitui uma assumida marca de cidadania ao trazer a Revolução de Abril de 1974 para as páginas de uma obra literária, cuja intensidade de linguagem e mestria narrativa, conjugada por uma hábil técnica compositiva, faz dela uma notável presença na literatura portuguesa contemporânea”.

Mais traduções

A obra foi traduzida para francês, logo em 2014, e para espanhol e eslovaco em 2020, com apoio da Linha de Apoio à Edição e Tradução da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e do Instituto Camões.

Nascida há 75 anos em Boliqueime, no Algarve, Lídia Jorge estreou-se em 1980 com o romance “O Dia dos Prodígios”. Além de inúmeros romances, da sua bibliografia fazem igualmente parte coletâneas de contos, obras de literatura infantil, de ensaio, de teatro, de poesia e de crónicas.

Lídia Jorge recebeu vários prémios literários portugueses e internacionais, entre os quais o Prémio FIL de literatura em Línguas Românicas em 2020, de Guadalajara, um dos mais importantes da América Latina.

A Universidade de Massachussets, nos Estados Unidos, inaugurou a 5 de Abril a Cátedra Lídia Jorge, dedicada ao estudo da obra da escritora portuguesa, juntando-se a uma cátedra criada em Setembro de 2021 na Universidade de Genebra, na Suíça. Lídia Jorge é também, desde Março de 2021, membro do Conselho de Estado, órgão político de consulta do Presidente da República português.

16 Ago 2022

Lisboeta | Okuda Yuta mostra trabalho em Macau pela primeira vez

A galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, acolhe pela primeira vez o trabalho do artista japonês Okuda Yuta. A mostra “With Gratitude” pode ser vista até ao dia 11 de Setembro

 

O conceituado artista japonês Okuda Yuta mostra, pela primeira vez, o seu trabalho no território. Até ao dia 11 de Setembro o público poderá ver os trabalhos na exposição “With Gratitude” [Com Gratidão] na galeria Humarish Club Art Space, situada no empreendimento Lisboeta Macau, no Cotai.

O antigo designer de moda revela trabalhos cheios de cor e criatividade produzidos no período da pandemia, transmitindo a mensagem de que é necessário lidar com o mundo que nos rodeia com “um coração cheio de gratidão”. Esta é uma exposição que revela “o amor pela vida e o abarcar num mundo mais colorido”. A mostra foi inaugurada no último sábado.

Foi no pior período da pandemia, há cerca de dois anos, que o artista japonês compreendeu que “as coisas que sempre tinha tido como garantidas eram extraordinárias”, e desde então que começou a pintar flores focado em transmitir uma mensagem de gratidão num período difícil para a maioria das pessoas, que se viram obrigadas a parar as suas vidas e negócios e a ficar em confinamento em casa. As obras de arte de Okuda Yuta transmitem, assim, uma onda de positivismo, levando as pessoas a “abraçar a vida e o mundo”.

Em mudança

“With Gratitude” acontece em Macau depois de o artista ter marcado presença com a mesma exposição em Singapura, com a qual está a percorrer várias cidades. Muito antes de se dedicar à arte, a partir de 2016, participando em diversas mostras colectivas e individuais, Okuda Yuta foi também designer de moda para a marca Takeo Kikuchi. Nascido na prefeitura de Aichi, em 1987, Okuda Yuta estudou design de moda não apenas no seu país, mas também em Inglaterra.

A nova série de flores desenhadas para esta exposição marca uma transformação no seu trabalho, em busca de maior oportunidade e a descoberta de novas coisas por acaso. “As flores [desenhadas] em diferentes cores recordam-nos do trabalho feito pelos artistas pop, mas se observarmos com mais detalhe percebemos que cada pétala foi pintada de forma bastante delicada”, lê-se na nota de imprensa. Para os quadros, Okuda Yuta inspirou-se nas memórias de infância, num processo de busca e de salvação de si mesmo.

16 Ago 2022

FRC acolhe “Exposição de Banda Desenhada e Animação de Macau” até sábado

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura amanhã, a partir das 18h30, uma mostra que reúne trabalhos dos membros da Associação de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau 2002, em exibição até ao próximo sábado. A organização indica que não haverá lugar a cerimónia de abertura, uma vez que já ocorreu no passado dia 16 de Julho.

A mostra colectiva é composta por cerca de 30 trabalhos criados por oito artistas de banda desenhada, cartoon e animação. Seis dos artistas representados neste projecto são locais e amadores, que se dedicam de alma e coração ao género. Outros dois, são profissionais de Hong Kong e do Japão.

Vincent Ho é um dos artistas de Macau, com o background em cinema, que se dedica há muitos anos à banda desenhada e está neste momento concentrado no seu primeiro trabalho pessoal, denominado “Cruel Angel”.

Outro dos participantes na mostra, é Wing Mo, um ilustrador iniciante que começou por explorar diferentes técnicas de pintura e explora agora o universo da mixed media. Por sua vez, Greymon Chan é o autor de “Bony Guy”, uma personagem popular e amplamente divulgada nas redes sociais, cujos subprodutos estão em plena promoção.

Z é desenhadora de manga desde 2012 e conhecida pelo seu trabalho mais recente, “Inumanos”, embora continue a explorar novas técnicas e temas de pintura.

Nasu define-se como «50 por cento artista, 50 por cento beringela» e concentra a sua arte em ilustrações e personagens no estilo kawaii, hoje pintando sobretudo com aquarela e iPad.

ST é outro dos membros da associação que organiza a mostra a ser inaugurada amanhã. O criador teve grande sucesso no mercado infantil de banda-desenhada com o seu primeiro trabalho, “The Caterpillar Family”, passando a publicar regularmente cartoons no jornal diário Vakio. O mais recente projecto de ilustração foi “Super Awakening” e hoje, além de continuar a explorar diferentes estilos, é também professor de ilustração.

Os profissionais

Leung Wai Ka é cartoonista profissional em Hong Kong e foi editor-chefe de projectos como “Eternal Dragon Slayer”, “The Legend of Black Panther”, e tantos outros. Depois de se tornar um criador independente, co-editou “Extinction Game” com Beyen Dai, produziu ilustrações e storyboard para a série de TV “The Detective”, coordenou a banda-desenhada de “Black Comics”, ilustrou o capítulo africano do “Jogo de Extinção” e está agora a trabalhar no novo projecto “One Hundred Spirits, One Kind of Man”.

Hiroshi Kanatani é um consagrado cartoonista japonês, cujos trabalhos incluem Shonen Sunday, ilustrações encomendadas de Godzilla para a Toho Studios, contributos para o Famous Monsters of Filmland e a Monster Attack Team, e a colaboração com Clint Eastwood e o espólio de Bruce Lee. A sua paixão por monstros e heróis levou-o desenvolver projectos em Hong Kong, Taiwan e na América. Hoje é membro da Japan Manga Association e 2019 marcou a sua segunda aparição no San Diego Comic Fest.

14 Ago 2022

10 Fantasia | Embrace the Rainbow – “An Emotional Outlook” até 28 de Setembro

As exposições estão de regresso ao espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM, sob a batuta organizadora da Ark-Association of Macau Art. Até 28 de Setembro, está em exibição Embrace the Rainbow – “An Emotional Outlook”, que reúne trabalhos de U Weng Kam, Cheong Un Mei entre pinturas a óleo e composições mistas

 

Depois de as nuvens se dissiparem, os primeiros raios de sol no céu artístico de Macau voltam a brilhar. É com essa filosofia de retorno que a Ark-Association of Macau Art retoma o ciclo de exposições no segundo andar do espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM, aberto ao público todos os dias, excepto à segunda-feira, das 11h às 18h.

Ontem, foi inaugurada a 4.ª e penúltima edição do ciclo Embrace the Rainbow, intitulado “An Emotional Outlook”, que reúne trabalhos das artistas U Weng Kam e Cheong Un Mei.

Segundo a Ark-Association of Macau Art, a exposição que estará patente no espaço 10 Fantasia até ao dia 28 de Setembro representa a saída de um período negro em direcção a um horizonte colorido. “Depois da neblina surge o sol, e o arco-íris vem sempre depois da tempestade. O título desta série de exposições gira em torno das ideias de esperança e recuperação. O que nos aconteceu durante a pandemia? O que merece a nossa gratidão? O que nos inspirou?”, questiona a associação.

A organização da mostra realça a importância da arte no reajuste de mentalidades e no reforço da confiança e esperança. A estética e a expressão artística são instrumentos para encontrar paz interior, num mundo ditado por distâncias sociais e restrições de toda a ordem.

Na apresentação da peça de U Weng Kam, é referido o aspecto permanente da existência de arcos-íris, apesar da presença ou não de seres humanos. “Animais e plantas que povoam o planeta vão continuar a viver, partilhando os recursos da Terra em harmonia contínua. Talvez um arco-íris não tenha significado para eles, porque é apenas um fenómeno físico”, teoriza a artista.

U Weng Kam acrescenta que a sua expressividade artística é impregnada por elementos existencialistas, que procura questionar a posição do ser humano e das sociedades organizadas, e a forma como a pandemia veio baralhar tudo.

Raízes no território

U Weng Kam é mestrada em pintura a óleo e educação artística pelo Instituto Politécnico de Macau. Além da criação artística, lecciona em centros de educação no território.

No que à inspiração diz respeito, U Weng Kam entende que a arte vai muito além da apreciação do que é belo, passa também pela interacção entre artista e público, na busca de espaços de reflexão, exploração, alívio e entendimento sobre as realidades sociais e pessoais.

Cheong Un Mei teve um percurso semelhante à sua companheira de exposição, também passando pela formação em artes visuais no Instituto Politécnico de Macau, hoje em dia designado como Universidade Politécnica de Macau.

Apesar de não se dedicar exclusivamente a uma forma de expressão artística, Cheong Un Mei tem predilecção pela arte conceptual e interactiva, em particular em peças tridimensionais e escultura que provoquem reacções.

A Ark-Association of Macau Art irá organizar mais uma exposição depois de “An Emotional Outlook” para completar o ciclo de mostras que pretendem apresentar a criatividade e a esperança depois da pandemia.

14 Ago 2022

Traçando a história do cristianismo na China a partir da estela

(História da Primeira Entrada do Cristianismo na China • Parte 1)
Texto e imagens: Ritchie Lek Chi, Chan

O cidadão de Macau não é alheio ao catolicismo, que deve ser chamado correctamente de cristianismo. Este nome não se refere ao “cristianismo” (protestante) que surgiu mais tarde. Isso é especificamente declarado no meu artigo em chinês, porque os chineses chamam ao cristianismo “a religião de Deus” (“Tian zhu jiao” em mandarim), enquanto o protestantismo é chamado de “cristianismo” (“Ji du jiao” em mandarim). Na história moderna, Macau não foi apenas o primeiro lugar no Extremo Oriente a estabelecer uma diocese católica, mas tornou-se também num importante “entreposto” (Nota 1) para governar os assuntos católicos na China, Japão, Vietname e Sudeste Asiático (excluindo as Filipinas). Muitos missionários famosos viajaram para a China continental via Macau para realizar missões. Em 1568, D. Belchior Nunes Carneiro Leitão (Figura 1), jesuíta, foi nomeado bispo de Macau pelo Papa Júlio II. Embora o catolicismo possa criar raízes em Macau, não é a primeira vez na história que entra na China.

Nestorianismo antecede os jesuítas por mil anos

Até agora, de acordo com a “A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China” (Nota 2) no Museu da Floresta de Estelas em Xi’an, os círculos arqueológicos ou religiosos geralmente reconhecem que o catolicismo chegou à China pela primeira vez durante a dinastia Tang e pertencia à seita nestoriana. O nestorianismo foi fundado mais de mil anos antes dos jesuítas serem conhecidos do povo de Macau (os jesuítas foram fundados em 1534). A Wikipédia descreve, “O nestorianismo originou-se no que hoje é a Síria e foi estabelecido na Pérsia entre 428 e 431 d.C. pelo padre sírio, Patriarca Nestório de Constantinopla. O nestorianismo é considerado a primeira seita cristã a entrar na China e tornou-se um campo activo de pesquisa em Sinologia.”

A mente e a confiança da Dinastia Tang

Em 17 de Novembro de 2021, o Papa Francisco encontrou-se com Mar Gewargis III, Patriarca da Igreja Assíria Oriental, no Vaticano (Figura 2). Esta antiga igreja foi subitamente sinalizada novamente. A “Igreja Assíria Oriental” também era chamada de “Nestianismo” na China antiga. Em 635 d.C., o imperador Taizong Li Shimin (Figura 3) encontrou-se com o bispo nestoriano Aroben da Síria e permitiu que o nestorianismo se estabelecesse em Chang’an e realizasse o trabalho missionário, de modo que a igreja se expandiu para as planícies centrais por duzentos anos. A Dinastia Tang não apenas aceitou o nestorianismo, mas teve também uma atitude aberta para aceitar outras culturas e religiões estrangeiras, de modo que o budismo, o islamismo, o zoroastrismo e o maniqueísmo pudessem sucessivamente “aterrissar” em Chang’an e expandir-se para outras partes da China. A razão pela qual os imperadores da Dinastia Tang tinham uma mente tão aberta e confiança mostrou que havia um ambiente político estável e uma forte força nacional naquela época.

De volta à ” A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China”. Em 1623, no final da Dinastia Ming, esta estela foi escavada no Oeste de Xi’an (Figura 4), o que não só chocou os círculos arqueológicos e religiosos na China e no exterior, mas também atraiu muitos especialistas e pessoas para Xi’an para observar e estudar esta estela. Além disso, um grande número de jornais chineses e estrangeiros ou artigos introdutórios apareceram para apresentar esta antiga estela. Até agora, através de muitos documentos ou da Internet podem consultar-se informações relevantes. Vale a pena ressaltar que a estela tornou-se uma das “quatro estelas” de maior prestígio na história das descobertas arqueológicas do mundo (Nota 3).

No Inverno, há dois anos, fui a Xi’an visitar parentes. Para ter um vislumbre deste autêntico trabalho arqueológico, enfrentei o frio para ir ao Museu da Floresta de Estelas para ver “A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China” (Figura 5). Além disso, em 2001, na mostra “A Civilização da Dinastia Tang rumo ao mundo” realizada pela Câmara Municipal de Macau Provisória (actual Municipal Affairs Bureau), o papel de fricção da estela foi uma das peças importantes da exposição.  (Figura 6)

Traços de Nestorianismo foram vistos antes da Dinastia Tang

Devido à descoberta da ” A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China”, é amplamente reconhecido que o catolicismo pisou pela primeira vez a China no nono ano de Tang Zhenguan, 635 d.C. Mas o que é surpreendente é que alguns documentos antigos e muitos estudiosos agora revelam que o catolicismo chegou às planícies centrais da China antes da dinastia Tang.

A 19 de Fevereiro de 2016, o jornal português “Hoje Macau” publicou um artigo de José Simões Morais “Os primeiros cristãos na China”, o conteúdo apresenta de forma concisa e clara a expansão do cristianismo para o leste e a situação histórica do nestorianismo na China. A primeira frase do artigo afirma, “Como lenda, o Apóstolo S. Tomé teria visitado a China no século I, onde dessa data há pedras gravadas com desenhos em baixos-relevos de histórias bíblicas”. Na segunda parte do artigo, o último parágrafo que descreve a Igreja de S. Tomé refere que, “uma nova actualidade quando Wang Weifan, mestre estudioso da História do Primitivo Cristianismo assim como de Arte e Cultura Chinesa, ao analisar as pedras em baixo-relevo de dois túmulos da dinastia Han do Leste (25-220) encontradas em Xuzhou, na província de Jiangsu, nelas descobriu representados episódios Bíblicos. Se os estudos provarem que Wang Weifan tem razão, então a chegada do Cristianismo à China recua para o final do século I, quinhentos anos antes do que até hoje se pensava”.

Três mil monges na Dinastia Wei do Norte(386 d.C.-535 d.C.)

Embora esta afirmação não tenha sido comprovada, não é infundado que o catolicismo tenha entrado no Império Chinês antes da Dinastia Tang. Do que se sabe actualmente, um artigo da página Daily Headlines, o título é “A China espalhou o cristianismo tão cedo⁈” O artigo expõe que no livro “Luoyang Jialan Ji” (Mosteiro Budista na cidade de Luoyang, província de Henan) escrito por Yang Xuanzhi, um escritor de prosa da Dinastia Wei do Norte, uma passagem sobre “Templo Yongming” no Volume 4, “Os monges de centenas de países, mais de 3.000 pessoas, aqueles das regiões do extremo oeste e até mesmo do Grande Reino de Qin, todos eles estão no que diz respeito ao mundo”. Diz-se que no templo budista em Luoyang, capital da Dinastia Wei do Norte no início do século VI, havia mais de 3.000 católicos nas regiões ocidentais (o Grande Estado Qin).

O site do condado de Luoning, cidade de Luoyang, apresentou o antigo templo local Xiangshan Temple, expressou muito claramente a situação do nestorianismo chegando à China naquela época, “O cristianismo, conhecido como nestorianismo na literatura chinesa antiga, originou-se na Palestina no início do primeiro século d.C. Acredita-se geralmente que o cristianismo foi introduzido na China durante a Dinastia Wei do Norte, quando para os locais o cristianismo e o budismo eram colectivamente chamados de ‘monastérios’. O antigo livro “Luoyang Jialan Ji” regista que o Templo Yongming em Luoyang construído pelo Imperador Xuanwu da Dinastia Wei tinha monges de Da Qin . Naquela época, a religião em que Daqin acreditava era o cristianismo, e o Templo de Yongming deveria ser a primeira igreja cristã na China. ”

A evidência dos dois livros coincide

“A Descoberta da Arte Nestoriana nas Regiões Ocidentais (da China)”, coautoria de Lin Meicun, professor da Escola de Arqueologia da Universidade de Pequim, e Szonja Buslig, professora da Universidade Húngara Roland.

Além de mencionar “Luoyang Jialan Ji” de Yang Xuanzhi, o artigo também lista evidências mais específicas. “No século V d.C., o nestorianismo espalhou-se para o leste até o vale de Amu Darya, na Ásia Central, e muitas igrejas foram construídas nas cidades-estados de Sogdian (Nota 4). No início do século VI, o mais tardar, os sacerdotes nestorianos chegaram a Luoyang, a capital da Dinastia Wei do Norte, ao longo da antiga rota da seda.

Ao descrever a “Igreja de São Tomé”, o artigo também usa um livro chinês antigo “Zizhitongjian” (Reflexos da Governança) Volume 147 regista o oitavo ano Tianjian (509 d.C.) da descrição do Imperador Liang Wu: “Naquela época, o budismo floresceu em Luoyang. Além dos monges chineses, havia mais de 3.000 monges das regiões ocidentais”. O imperador Xuanwu da dinastia Wei do Norte também construiu mais de 1.000 salas de meditação no Templo Yongming para abrigá-los.” Os dois livros antigos “Luoyang Jialan Ji” e “Zizhi Tongjian” coincidentemente descrevem o conteúdo do Nestorianismo, indicando que havia mais de 3.000 católicos na Dinastia Wei do Norte, todos “fora dos monges”, que imigraram de Daqin para a cidade de Luoyang na China e as actividades no noroeste da China e nas planícies centrais são os primeiros materiais históricos chineses que reflectem a entrada do catolicismo na China (Nota 5).

Se de acordo com as informações em livros chineses antigos e sites relacionados, pode ver-se que o Nestorianismo chegou à China antes da data indicada na “A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China”, então o ano exacto em que o primeiro grupo de cristãos chegou à China e acredita-se que seja anterior. Por mais de duzentos anos, esse argumento ainda não foi completamente estudado e confirmado por especialistas arqueológicos e históricos.

 

Notas:

Em 23 de Janeiro de 1576, foi instituída a Diocese de Macau, segundo a ordem do Papa Gregório XIII, a primeira diocese da Ásia Oriental.

“A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China”, Daqin refere-se à Roma antiga. “Quando os antigos chineses descobriram o Império Romano, eles o chamaram de Daqin, que significa ‘grande China’, porque reconheceram que o reino governado pelo Império Romano, tanto em tamanho quanto em poder político, era o mesmo da China naquela época. .O domínio da dominação é bastante”. Há também registos escritos sobre Roma no “Livro da Dinastia Han Posterior”: “O Grande Estado Qin (Roma), um arado (Grécia)…”.

As quatro estelas de pedra são “A estela de Da Qin Nestoriana espalhada na China” da Floresta de Steles em Xi’an, a “Rosetta Stele” egípcia no Museu Britânico em Londres, a “Jordan Moab Stele” no Museu do Louvre em Paris e a “Pedra do Calendário Solar” no Museu Nacional do México. (Monumento Ztec Time Service).

Sogdian, uma antiga nação na Ásia Central, a raça iraniana na corrida Europa, os chineses chamam de “Nove Sobrenomes de Zhaowu” ou “Nove Sobrenomes Hu”, distribuídos principalmente no Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão e vários países oásis. O Han Oriental Dynasty começou a controlar a Rota da Seda da Ásia Central para Roma e Pérsia. “Comemorando 1500 Anos de Cristianismo Entrando na China,” http://www.aiming4j.net/history9.html

10 Ago 2022

Cinemateca Paixão | Agosto com selecção internacional, se pandemia deixar

Se a pandemia der um descanso a Macau, esta semana começa com uma selecção eclética de filmes na Cinemateca Paixão, com produções do Japão, Estados Unidos, Espanha, Irão, Coreia e Taiwan. “El Buen Patrón”, com Javier Barden, “Just Remembering”, do japonês Daigo Matsui e a produção iraniana “A Hero” serão algumas das películas em exibição

Poucos dias antes de Macau ter voltado a encerrar edifícios devido à pandemia, a Cinemateca Paixão anunciou o cartaz de Agosto com sessões diárias ao longo do mês e uma panóplia de filmes que vão estar em exibição, se não forem impostas novas restrições no combate à pandemia.

Assim sendo, as sessões na Travessa da Paixão devem regressar amanhã com a exibição de “Just Remembering”, às 19h e “Love Talk” às 21h30.

Inspirado no clássico “Night on Earth”, do cineasta Jim Jarmusch, “Just Remembering” é uma espécie de álbum de recordações de uma história de amor. O filme do japonês Matsui Daigo ganhou no ano passado o prémio do público do Festival Internacional de Tóquio.

O argumento de “Just Remembering” centra-se na relação entre um bailarino, Teruo, que trabalha como assistente de iluminação numa companhia e teatro, e uma condutora de táxi, Yo, que reencarna o papel interpretado por Winona Ryder na obra de Jarmusch.

Com base no eixo amoroso entre Teruo e Yo, o filme retrocede na relação amorosa entre as personagens, do fim para o princípio. “Just Remembering” tem exibições marcadas para amanhã e sexta-feira, às 19h e domingo às 21h30, e ao longo do mês nos dias 16, 17, 19, 21 e 23 de Agosto.

O outro filme que inaugura amanhã o cartaz deste mês é “Love Talk”, um projecto que resultou da inspiração da realizadora de Taiwan Kuo Chen-Ti, nos contos do autor japonês Kanoko Okamoto.

Com a acção a desenrolar-se em Taiwan, Yamagata (Japão) e Kuala Lumpur (Malásia), “Love Talk” apresenta uma série de “paisagens amorosas” e episódios cómicos que retratam as relações amorosas contemporâneas. “Love Talk” será exibido amanhã, quinta-feira, sábado e dia 19, sempre às 21h30.

Na quarta-feira, às 19h, é exibido “El Buen Patrón”, uma comédia do realizador Fernando León de Aranoa, que conta na sua filmografia com películas marcantes como “Barrio” e “Los Lunes al Sol”. O protagonista de “El Buen Patrón”, interpretado por Javier Bardem, é um empresário carismático e manipulador que gere uma unidade fabril familiar numa pequena cidade espanhola. No meio da rotina de trabalho, o empresário imiscui-se na vida dos operários, numa tentativa desesperada de ganhar um prémio de Excelência Empresarial e apresentar a imagem do melhor patrão da história da indústria.

Além de ter entrado na lista preliminar para o Óscar de melhor filme estrangeiro, “El Buen Patrón” foi o grande vencedor dos Prémios Goya. Tem exibições marcadas para quarta-feira, sábado, 16 e 18 de Agosto às 19h, e depois com sessões às 21h30 nos dias 23 e 24 de Agosto e às 18h30 no dia 28 de Agosto.

Do drama ao épico

“The Northman” é o filme de maior orçamento na selecção de Agosto da Cinemateca Paixão. Realizado por Robert Eggers, este thriller épico inspirado na mitologia nórdica tem um elenco de luxo com Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke, Björk e Willem Dafoe nos papéis principais.

Partindo da premissa simples da sede de vingança de um jovem príncipe viking que procura vingar a morte do seu pai, assassinado pelo tio, “The Northman” parece catapultar a brutalidade da guerra, sangue a correr, ossos a partir e lama a invadir todos os poros para a dimensão de personagens. Um filme que convida a um duche depois de ser visto.

“The Northman” será exibido na quinta-feira e domingo às 19h, e ao longo do mês, dias 18, 20, 21 e 24, em horários diversos.

Finalmente, “A Hero” é a outra proposta cinematográfica do cartaz de Agosto da Cinemateca Paixão. Realizado por Asghar Farhadi, “A Hero” tem merecido o reconhecimento de festivais de cinema pelo mundo fora, como os Globos de Ouro, o Festival Internacional de Cinema de Palm Springs ou o Festival de Cinema de Cannes. A produção iraniana assenta na atribulada vida de Rahim, interpretado por Amir Jadidi, que acaba por ser preso devido a uma dívida que não consegue pagar ao seu cunhado. Durante uma saída precária de dois dias, o protagonista tenta de tudo para saldar a dívida, incluindo convencer o cunhado a retirar a queixa que apresentou.

Mais uma vez, Asghar Farhadi, que realizou o aclamado “A Separation”, consegue transportar o público para ambientes intensamente dramáticos com aparente leveza, através de uma narrativa que desafia os limites da moralidade. Um exemplo da vitalidade e subtileza do cinema iraniano.

“A Hero” será exibido às 21h30 de quarta-feira e sexta-feira, e nos dias 17, 20, 25 e 27 de Agosto às 19h.

A selecção de Agosto conta ainda com o filme sul-coreano “Broker” que só tem uma data de projecção na Travessa da Paixão e que já está esgotada.

A entrada para cada sessão custa 60 patacas.

8 Ago 2022

Exposição de caligrafia e pintura “Lee Chau Ping e Alunos” até 13 de Agosto na Fundação Rui Cunha

De regresso à programação cultural, a Galeria da Fundação Rui Cunha alargou o período em que estará patente a exposição de Caligrafia e Pintura “Lee Chau Ping e Alunos” até ao final da próxima semana, dia 13 de Agosto. A entrada é livre

 

 

Passados apenas quatro dias de exibição, a mostra de pintura e caligrafia “Lee Chau Ping e Alunos” foi interrompida pelo surto de covid-19 que paralisou completamente Macau. Como tal, e face à reabertura da Galeria da Fundação Rui Cunha, foi ontem anunciado que o período de exibição da mostra será alargado até ao final da próxima semana, 13 de Agosto.

A mostra conjunta reúne trabalhos do metre Lee Chau Ping e de 43 aprendizes que colaboram nas suas aulas, oficinas e actividades artísticas, regularmente organizadas pela Associação de Amizade das Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, presidida por Lee Chau Ping.

A mostra dá a conhecer 44 peças de pintura e caligrafia, uma por cada participante, que reflectem a preocupação de Lee Chau Ping em “promover a cultura da caligrafia e pintura chinesa, bem como a arte, com o objectivo de reunir entusiastas para estudar a sua essência, para que os membros possam pesquisar, aprender e observar os outros durante estas actividades”, de acordo com o manifesto da iniciativa.

O propósito da exposição é também “fornecer uma plataforma para exibir as obras de pintura e caligrafia dos alunos. E é uma boa oportunidade para criar e praticar esta arte, permitindo que os alunos comuniquem com outros, cultivando a alfabetização cultural, incentivando sentimentos, enriquecendo a sua vida espiritual e levando adiante a cultura e as tradições chinesas para serem transmitidas de geração em geração”, refere o mestre, citado por um comunicado da organização da mostra.

Lee Chau Ping (李秋平), calígrafo e pintor local, é conhecido como discípulo do estilo artístico da Escola de Pintura de Lingnan. Nascido em 1959, o artista começou a sua carreira como designer de interiores, formado pelo Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. A paixão pelas artes vem da infância, tendo aprendido pintura e caligrafia chinesas por influência do pai, quando tinha cerca de seis anos de idade.

O percurso académico levou-o depois para o mundo do design e da gestão de negócios. Seguiu para a Canadian Public Royal University, onde fez um Master of Business Administration, passou pela Princeton University, onde obteve um PhD em Gestão, e ainda pela Renmin University of China, para uma graduação em Administração de Empresas. “Aos 63 anos, o espírito incansável do artista é admirável, sendo igualmente licenciado e praticante de Medicina Chinesa desde 1999”, indica a Fundação Rui Cunha.

A galeria reabriu portas na quarta-feira, em horário integral das 10h às 19h, incluindo o período do almoço de segunda a sexta-feira, e aos sábados das 15h às 19h. A entrada é livre.

5 Ago 2022

CCCM | Novos livros sobre diplomacia chinesa e disputa sobre as ilhas Diaoyu

O Centro Científico e Cultural de Macau lançou recentemente duas obras sobre questões da actualidade chinesa. “Narrativas e Percepções: O Soft Power Chinês no Século XXI”, com coordenação de Carmen Amado Mendes e Daniel Cardoso e “Narrativas Estratégicas Chinesas e Japonesas: a Disputa Diaoyu/Senkaku” com autoria de Diogo Silva foram apresentadas no passado dia 11

 

Foram lançadas, no dia 11 deste mês, pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), duas obras da área da ciência política e relações internacionais que espelham problemáticas relacionadas com a China dos dias de hoje. Uma das obras aborda o modelo diplomático chinês no século XXI, e intitula-se “Narratives and Perceptions: Chinese Soft Power in the 21st Century” [Narrativas e Percepções: O Soft Power Chinês no século XXI], sendo coordenada pela própria presidente do CCCM, e especialista em relações internacionais, Carmen Amado Mendes, e Daniel Cardoso.

Este livro conta com autores como Anabela Santiago, Diego Santana Mathias, Diogo Silva, Emanuel Leite Jr., Sérgio Ribeiro, Tiago Carvalho e Rui Campos. Anabela Santiago traça um olhar sobre a informação usada pelas autoridades chinesas na divulgação das políticas de saúde do país. O foco é colocado na forma como a propaganda “tem sido usada no período de Reforma e Abertura do país até ao momento actual”, além de se analisar “a forma como influencia a disseminação das políticas de saúde pública chinesas e a percepção da liderança de Xi Jinping”, Presidente do país.

Anabela Santiago, doutoranda da Universidade de Aveiro, analisou o exemplo concreto das políticas na área da saúde relacionadas com o projecto “Rota da Seda”, inserido na iniciativa “Uma Faixa, uma Rota”. Isto porque “a saúde é um sector com bastante relevância para a República Popular da China”, tendo vindo a ganhar “uma maior proeminência no panorama internacional, uma vez que existe um interesse em demonstrar o compromisso [por parte da China], na qualidade de actor internacional, em colocar o crescimento saúde pública mundial como prioridade”. Esta posição reforçou-se com a pandemia, escreve a autora.

Desta forma, Anabela Santiago conclui que a China tem vindo a recorrer ao projecto “Rota da Seda” para a promoção de políticas de saúde e bem-estar em todos os países aderentes, com base na ideia da criação de uma comunidade para “um futuro partilhado” na área da saúde. A China apresenta-se, assim, como um país disposto a fomentar este tipo de políticas e a prestar apoio neste sector.

“Concluímos que a propaganda e os media podem ser um veículo para ‘contar bem a história da China’, uma vez que o Presidente Xi Jinping deseja o recurso à ‘Rota da Seda’ como uma bandeira do grande compromisso chinês para a promoção da boa governança de saúde a nível global”, lê-se no capítulo do livro.

Media e disputas

“Chinese and Japanese Strategic Narratives: The Diaoyu/Senkaku Dispute” [Narrativas Estratégicas Chinesas e Japonesas: A Disputa Diaoyu / Senkaku] é o nome da obra de Diogo Silva também lançada pelo CCCM no passado dia 11. Este é o resultado da tese de mestrado do autor, que analisa as estratégias usadas pelos governos dos dois países em jornais online de língua inglesa sobre as disputas territoriais nas ilhas Diaoyu, para os chineses, e Senkaku, para os japoneses.

O estudo foca-se no ano de 2012, quando a disputa subiu de tom face ao anúncio do governo japonês relativamente à possível compra das ilhas.

Diogo Silva analisa as notícias e as perspectivas políticas e estratégias que estas revelam perante o público, estabelecendo um quadro comparativo das visões da China e do Japão sobre esta disputa territorial que se tem prolongado no tempo.

28 Jul 2022

Henrique Sá Pessoa “entusiasmado” com abertura de restaurante em Londres

O ‘chef’ Henrique Sá Pessoa vai abrir um restaurante em Londres no final deste ano, projeto que o português encara com “entusiasmo”, mas também está consciente dos desafios que vai enfrentar devido à dimensão e dificuldades na indústria.

O “Joia” vai abranger os três andares superiores de um novo hotel, com um bar no 14.º andar, um restaurante no 15º andar e outro bar no telhado, junto à piscina, que terá vista sobre a capital britânica.

O hotel de 164 quartos no sudoeste de Londres situa-se junto à antiga central elétrica a carvão Battersea Power Station, cujo edifício e torres emblemáticas são consideradas património histórico e foram preservadas no âmbito de um grande projeto imobiliário.

Sá Pessoa disse à Agência Lusa estar “super entusiasmado”, mas reconhece que “um dos grandes desafios” vai ser a falta de mão-de-obra que está a afetar o setor da restauração britânico, sobretudo na capital.

“Para um português ter um restaurante numa cidade como Londres é sempre um orgulho e também uma enorme responsabilidade. Da mesma forma que estou entusiasmado também tenho a consciência de que não tenho um trabalho fácil pela frente”, disse.

Restaurantes e hotéis londrinos têm optado por reduzir o horário de funcionamento ou o número de serviços disponíveis, e estas são possibilidades que Sá Pessoa não exclui.

“Mas, se não quisesse esse desafio, não o tinha aceite”, vincou, mostrando-se confiante de que “clientes não faltam”, como observou numa visita recente a Londres.

O restaurante vai oferecer “pratos despretensiosos mas inovadores” com sabores da Península Ibérica – “60% de cozinha portuguesa, 40% espanhola” -, com destaque para o marisco, carne de porco e arroz.

Os pratos e ingredientes anunciados incluem camarão carabineiro grelhado, bisque cremoso de orzo, bacalhau com tomate e coentros, cebola em pickles ou caviar de azeite.

Henrique Sá Pessoa entende que a cozinha portuguesa já “tem alguma força em termos comerciais e de perceção” em Londres graças ao trabalho de ‘chefs’ como Nuno Mendes e Leandro Carreira, que abriram restaurantes na cidade e publicaram livros em língua inglesa.

O “Joia” é uma segunda colaboração de Sá Pessoa com a rede de hotéis Art’otel, parte do grupo PPHE, após a abertura em 2021 do restaurante “Arca” em Amesterdão, capital dos Países Baixos.

Em ambos trabalha como ‘chef’ consultor, escolhendo e formando a equipa e definindo o menu, mas só estará em cada um dos locais uma semana por cada dois meses, fazendo o resto do acompanhamento à distância.

Para o português, este é um regresso a Londres, onde iniciou a carreira entre 1997 e 1999 num grande hotel antes de seguir para Sidney, onde trabalhou também para a cadeia Sheraton, acabando por se restabelecer em Portugal em 2002.

Henrique Sá Pessoa dirige desde 2015 o “Alma” no Chiado, em Lisboa, que ganhou uma estrela do Guia Michelin no primeiro ano de atividade e em 2018 passou para duas estrelas (três estrelas é a distinção máxima).

No ano passado entrou para 38.º lugar na tabela dos 100 distinguidos na lista dos “The Best Chef Awards”, a maior entrada na classificação.

Além do “Alma”, possui mais três restaurantes em Portugal e outro em Macau, mas este encontra-se encerrado desde fins de 2020 devido ao confinamento imposto para travar a pandemia covid-19.

27 Jul 2022