25 de Novembro | Novo livro de Ribeiro Cardoso lançado em Lisboa

“25 de Novembro, o depois”, da autoria do antigo jornalista do Comércio de Macau Ribeiro Cardoso, foi lançado em Lisboa na terça-feira. O autor, falecido em Março, deixou o relato de vários episódios associados a militares envolvidos no movimento de 25 de Novembro de 1975, incluindo Rocha Vieira, último governador de Macau

Foi lançado na terça-feira o novo livro da autoria do jornalista e ex-residente de Macau Ribeiro Cardoso, que foi director-adjunto do semanário extinto “O Comércio de Macau”, entre 1989 e 1992. Falecido em Março deste ano, Ribeiro Cardoso escreveu a sua última obra sobre o movimento militar do 25 de Novembro de 1975, intitulada “25 de Novembro, o depois”, com a chancela da editora Caminho.

O 25 de Novembro, movimento que pôs fim ao período conturbado do Processo Revolucionário em Curso (PREC), que se viveu em Portugal após a revolução do 25 de Abril de 1974, deixou histórias por contar relativas aos tempos que se seguiram, que se prolongaram durante anos.

Lê-se, logo na abertura do livro, que após o 25 de Novembro ocorreram “numerosas prisões arbitrárias e incontáveis perseguições a militares sérios e honrados, que fizeram e estiveram empenhadamente com o 25 de Abril”, a “arbitrariedade sem conta nas promoções” desses profissionais ou ainda “a nomeação para os mais altos cargos das forças armadas de oficiais que não só nunca defenderam Abril como, ainda por cima, conspiraram activamente contra a revolução libertadora dos cravos”.

O caso Rocha Vieira

O livro inclui um capítulo sobre Vasco Rocha Vieira, último governador português de Macau, intitulado “Rocha Vieira esconde processo de Spínola”. O caso foi noticiado em 1995 pelo jornal “Tal & Qual”, onde Ribeiro Cardoso foi redactor, revelando que Rocha Vieira escondeu, em 1978, o processo judicial “já pronto” de António de Spínola, militar e ex-Presidente da República. Esse processo foi mantido “fechado numa gaveta, durante meses”.

O caso foi revelado em Maio de 1978 pelo relatório de Costa Neves, Conselheiro da Revolução, documento noticiado pelo “Tal&Qual”. Nessa altura, já Spínola tinha sido reintegrado no exército português.

Rocha Vieira, que à época era general graduado e Chefe do Estado-Maior do Exército português, actuou “à revelia do Conselho da Revolução e, admite-se, do próprio Presidente da República, Ramalho Eanes”.

“25 de Novembro, o depois” contém também episódios de figuras como Barbosa Pereira e a sua “insana perseguição silenciosa” ou da “perseguição sem quartel” feita ao Comandante Marques Pinto. Descrevem-se ainda os “191 casos de perseguição política na Marinha”, entre outros momentos dos anos que sucederam ao 25 de Novembro.

A vida e os jornais

Ribeiro Cardoso nasceu no Porto em 1945 e licenciou-se em Filologia Germânica. Iniciou a carreira de jornalista em 1971, primeiro em Lisboa, em publicações como o “Diário de Lisboa”, “O Jornal” e ainda “Diário” e o “Europeu”. Em Macau foi ainda correspondente de diversos órgãos de comunicação social portugueses, nomeadamente a RDP – Antena 1 e do “Jornal de Notícias”.

Em 1995 foi co-autor, juntamente com Rogério Beltrão Coelho, jornalista radicado em Macau, do filme “Exílio Dourado em Macau”, com realização de Manuel Tomás. Publicou ainda diversos livros depois de deixar o jornalismo, nomeadamente “Jardim, a Grande Fraude” ou “O 25 de Novembro e os Media estatizados”, entre outros.

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