Hoje Macau EventosFAM | Bilhetes à venda a partir de domingo Os bilhetes para a 33.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que se realiza entre os dias 28 de Abril e 28 de Maio, começam a estar à venda no próximo domingo. O público poderá, assim, adquirir ingressos para um programa composto por 20 espectáculos que abrangem áreas como o teatro, ópera chinesa, dança, música e artes visuais, entre outros meios de expressão artística. A edição deste ano do festival começa com o espectáculo “A Sagração da Primavera”, uma produção da bailarina chinesa Yang Liping que procura inspiração na combinação de elementos ocidentais e orientais, para descobrir novos caminhos artísticos e liderar a sensibilidade estética. Em “Na Substância do Tempo”, da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, por exemplo, os bailarinos “farão a vida cintilar através dos seus corpos e movimentos”, descreve o Instituto Cultural, em comunicado. Por sua vez, o encenador de teatro chinês Liu Fangqi, conhecido pelas suas peças de grande sucesso, levará à cena a sua comovente adaptação teatral de uma das três obras-primas de Higashino Keigo: “Os Milagres dos Armazéns Namiya”. O leque variado de programas conta ainda com “Eu Sou uma Lua”, uma peça escrita pela jovem dramaturga Zhu Yi que narra os desejos e os segredos de citadinos. No ano em que comemora o seu 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau encerrará o Festival deste ano com a peça de teatro em patuá “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, Que Arraial!), convidando o público a observar, a partir de múltiplas perspectivas, a vitalidade desta manifestação do património cultural intangível nacional, na nova era. Entre as demais produções locais desta edição do festival, destacam-se a Ópera Cantonense Multimédia Completa Ligações de Hato; o concerto “Cordas Embriagadas”, da Orquestra de Macau; o teatro de dança “Clube Solidão” e uma série de peças de teatro diversificadas, nomeadamente “m@rc0 p0!0 endg@me 2.0”, “Lift Left Life Live” e “O Vestido Fica-lhe Bem”.
Hoje Macau EventosIIM lança nova edição de “Jogos e Brincadeiras de Macau”, de J.J. Monteiro O Instituto Internacional de Macau (IIM) lança, na próxima sexta-feira, 31, o livro “Jogos e Brincadeiras de Macau”, de José Joaquim Monteiro, mais conhecido por J.J. Monteiro, o “poeta-soldado”, já falecido. A edição ilustrada, e em versão bilingue, é o extracto do livro do autor “Meio Século em Macau”, onde narra em versos, os seus primeiros dias em Macau e como rapidamente se apaixonou por esta terra e pelas suas gentes. De 1937 a 1988, J. J. Monteiro assistiu a muitos jogos e brincadeiras da época, em especial o tempo de infância e adolescência dos seus filhos na rua do Bairro do S. Lourenço, à volta do conhecido poço da Caixa Escolar, mesmo em frente ao Liceu em Tap Seac e, posteriormente, na Praia Grande, brincando às escondidas, agarradas, triól, talu (bilharda), cromos, tapa, 5 sacos, chiquia. No prefácio, da autoria de Jorge Rangel, presidente do IIM é referido que J.J. Monteiro “surpreendia pela facilidade com que versejava, com boa rima e correcta métrica, sobre os mais variados assuntos de Macau, desde as cenas do quotidiano e os usos e costumes à história de Macau e à filosofia chinesa, também identificou as diversificadas actividades que ocupavam as muitas horas de lazer dos jovens e crianças.” “É precisamente este o tema da edição agora dedicada aos jogos e brincadeiras das gentes de Macau. Uma introdução, escrita pelo seu filho Rogério, que também coordenou a edição e produziu muitas das ilustrações, explica o contexto e o significado destas manifestações lúdicas que fizeram a delícia de muitas gerações e os rapazes e raparigas de hoje já mal conhecem”, adianta o prefácio. Muitas obras “A Minha Viagem para Macau” (1939), “A História De Um Soldado” (1940, 1952, 1963 e 1983), “De Volta a Macau” (1957 e 1983) e “Macau Vista Por Dentro” (1983) são os títulos dos seus primeiros livros, sendo talvez “Macau Vista Por Dentro” a sua obra mais importante, revelando já um visível amadurecimento e um conhecimento profundo das origens e do percurso dos portugueses no Oriente, assim como de aspectos relevantes da cultura da China milenar. Após o seu falecimento, em 1988, a família do autor procurou dar vida ao legado e às suas obras que não tinham sido editadas, tendo posteriormente feito publicar pelo Instituto Cultural “Anedotas, Contos e Lendas” (1989), e pelo Instituto Internacional de Macau “Meio Século em Macau”, em dois volumes (2010), e “Memórias do Romanceiro de Macau” (2013), e a sua última obra “Vulgaridades Chinesas” encontra-se em preparação pela família.
Hoje Macau Eventos“Hold On to Hope” | Exposição de Georgia Creeden abre ao público dia 2 “Beauty & The Beach” é o nome da nova exposição da fotógrafa Georgia Creeden que estará patente na galeria “Hold On to Hope” entre os dias 2 e 23 de Abril. Em Coloane, será assim possível ver imagens que prestam homenagem à natureza, mas que, acima de tudo, visam celebrar o Mês da Terra Abril será o mês de celebrar a natureza e o planeta em que vivemos a partir da fotografia. Entre os dias 2 e 23 a galeria “Hold On to Hope”, gerida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) na pitoresca vila de Ka-Hó, em Coloane, recebe a exposição “Beauty & The Beach”, com fotografias da autoria de Georgia Creeden. Esta exposição mostra imagens únicas da praia Hác Sá e Coloane. Segundo uma nota de imprensa, a fotógrafa “adora tirar fotos de um ponto de vista diferente, pois as coisas nem sempre são como parecem ser”. “Como diz o ditado: a beleza está nos olhos de quem vê”, lê-se ainda. De frisar que esta será a 22ª exposição organizada pela galeria que, recentemente, acolheu uma outra mostra de fotografia com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, a propósito do Dia Internacional da Mulher. Dos EUA para a Ásia Georgia Creeden chegou pela primeira vez a Hong Kong em 1989 e viajou extensivamente por toda a China e Sudeste Asiático durante mais de 30 anos, produzindo principalmente roupas desportivas para o mercado europeu. Deixou permanentemente a Nova Inglaterra, EUA, em 1997 e fundou a “Cia Consultadoria Roupa Dunfey Lda” em Macau, onde residiu durante mais de 25 anos. Recentemente, em 2021, Georgia mudou-se para Melbourne, Austrália. Georgia fez parte do comité do International Ladies Club of Macau (ILCM) durante mais de 17 anos e esteve activamente envolvida em actividades sociais e eventos de angariação de fundos para instituições de caridade locais, incluindo a ARTM. Durante esse tempo, organizou bazares de caridade, manhãs de café social e jantares vínicos, e também produziu boletins informativos e materiais gráficos e de marketing. No período de residência em Macau, Georgia “adorava caminhar e raramente saía de casa sem a sua câmara”, estando sempre “interessada em capturar imagens e momentos especiais ao longo do caminho”.
Andreia Sofia Silva EventosStudio City | Leon Lai dá série de concertos entre Maio e Junho A estrela do cantopop de Hong Kong, Leon Lai, inicia, a partir de Maio, um conjunto de espectáculos no Studio City que só chegará ao fim em Junho. O ciclo de concertos “Leon Lai’s Stage On 8” pretende ser um exemplo da chamada diversificação económica e turística. Os bilhetes encontram-se à venda a partir desta sexta-feira Em Las Vegas, a meca do jogo dos EUA, há muito que estrelas da música de renome mundial assinam contratos milionários para fazerem ciclos de concertos por um determinado período de tempo. Tem sido assim com a cantora Celine Dion, por exemplo, que este ano continua a sua residência no “The Theatre”, na chamada “Las Vegas Strip”. No caso de Macau, que até à pandemia batia Las Vegas em matéria de receitas do jogo, não existe ainda uma longa tradição de ciclos de concertos com um artista residente. A tendência tem vindo a mudar nos últimos anos. Desta vez, é a operadora Melco Crown a anunciar que, a partir do dia 1 de Maio e até ao mês de Junho, o cantor de cantopop de Hong Kong, Leon Lai, fará uma residência musical no Studio City, no Cotai, com o espectáculo “Leon Lai’s Stage On 8”. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir desta sexta-feira, estando programados 14 concertos. Esta iniciativa integra-se na segunda edição do projecto “Melco Residency Concert Series”, um ciclo de concertos de três anos que traz a Macau grandes nomes da música cantada em chinês. Segundo um comunicado, estes espectáculos pretendem ser um exemplo em como a operadora de jogo “está determinada em promover, de forma consistente, a diversificação e o desenvolvimento [da economia e do turismo] criando experiência de entretenimento e ao vivo sem precedentes para os locais e visitantes”. David Sisk, Chefe de Operações da empresa, disse estar entusiasmado por receber a primeira residência musical de Leon Lai. “A Melco tem vindo a apoiar o Governo da RAEM no desenvolvimento da estratégia de diversificação ‘Turismo+’, criando experiências de entretenimento e culturais de topo que poderão elevar ainda mais a posição de Macau no Mapa Mundial do Turismo”. Colecção de êxitos Esta não é a primeira vez que Leon Lai actua no Studio City, mas será a primeira vez que o fará de forma regular. “É com enorme prazer que estou de regresso aos palcos do Centro de Eventos do Studio City. De cada vez que planeio um concerto, procuro sempre por novos avanços. A minha insistência em constantemente promover experiências de entretenimento inovadoras coloca-me na mesma página que a Melco”, disse. Citado pelo mesmo comunicado, o artista considera que esta série de espectáculos irá “definitivamente trazer uma nova experiência de concertos para todos os fãs da Ásia”, com uma grande aposta nas novas tecnologias. Conhecido como um dos reis do cantopop, Leon Lai conta com vários êxitos na sua carreira, como é o caso de “Come Tonight”, “Summer Romance”, “Not A Day Without Thinking of You” e “Just Love Me for One Day”, entre outros sucessos. Foi em 2016 que Leon Lai actuou em Macau, no concerto intitulado “Leon Random Love Songs Live in Studio City 2016 Concert”.
Hoje Macau EventosIPOR volta a organizar festival “Letras & Companhia” em Abril O Instituto Português do Oriente (IPOR) organiza, entre os dias 10 e 24 de Abril, o festival “Letras & Companhia”, uma iniciativa ligada à cultura e literatura e pensada para pais e filhos. Este ano o evento tem como tema a “Água – de todas as formas e feitios”. Em torno do conceito dos “três L’s”, nomeadamente a Língua, Livro e Leitura, pensado para a edição deste ano, o festival volta a incorporar dois programas, um aberto ao público e outro dirigido às escolas, com actividades que passam pela música, artes performativas, oficinas para pais e filhos, sessões de leitura e lançamento de livros, entre outras. O IPOR convidou a bióloga Ana Pêgo para apresentar em Macau a versão em chinês do livro de sua autoria, intitulado “Plasticus Maritimus – uma espécie invasora”. Durante a sua passagem pelo território, Ana Pêgo irá promover um conjunto de workshops nas escolas e um aberto ao público em geral, assim como uma formação para professores no âmbito do trabalho de sensibilização que tem vindo a fazer em torno do livro que editou em 2018 e que já vai na quarta edição. O espetáculo “A Jornada da Menina Peixe Rumo ao Fundo do Mar”, que junta vídeo, música e narração de histórias, apresentado pela flautista Joana Radicchi e a actriz Nina Rocha, fará também parte de ambos os programas Parceria com associações O programa contará ainda com a participação de vários projectos de associações e artistas de Macau, entre os quais, a SÍLABA – Associação Educativa e Literária, a da Livraria Júbilo 31, o grupo de teatro The Funny Old Tree Theatre Ensemble, a artista plástica Tchusca Songo, a professora da Escola Portuguesa de Macau Andreia Martins, a cantora Jandira Silva e a SOMOS! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa. O festival, criado em 2021, é um projecto transversal e multidisciplinar que, tendo como destinatários prioritários crianças e jovens em idade escolar, procura mobilizar e convocar efectivamente, não apenas a comunidade, nas suas várias faixas etárias, mas também as escolas e os seus actores. O evento é organizado anualmente em parceria com o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, contando também com a colaboração da Fundação Oriente, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, da Livraria Portuguesa, da Porto Editora e da Escola Portuguesa de Macau. As actividades do programa têm entrada livre, devendo a participação nalgumas atividades ser feita através de inscrição.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | A arte da xilogravura no Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall Chama-se “Carving in Three Styles: One Woodblock, Multiple Impressions” e é a exposição de xilogravura patente até ao dia 2 de Abril na galeria do Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall, na Taipa. O público poderá ver trabalhos de três artistas, Hsu Yi Hsuan, Lam King Ting e Mel Cheong Hoi I, que é também curadora da mostra Está patente, desde o dia 12 deste mês, uma nova exposição no centro da Taipa, no terceiro andar do Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall. Chama-se “Carving in Three Styles: One Woodblock, Multiple Impressions – Taiwan-Hong Kong-Macau Woodblock Print Exchange Exhibition” e, tal como o nome indica, revela o trabalho na área da xilogravura de três artistas, nomeadamente Hsu Yi Hsuan, Lam King Ting e a artista local Mel Cheong Hoi I, que faz também a curadoria do projecto. A mostra é organizada pela Associação de Xilogravura de Macau [Macau Woodblock Print Association]. Segundo uma nota de imprensa, podem ser vistas, até ao dia 2 de Abril, 55 trabalhos de xilogravura que revelam três técnicas diferentes, sendo que as impressões “mostram uma rica diversidade de estilos e temas para deleite do olhar do público”. “A xilogravura constitui uma categoria especial no meio de vários materiais de impressão. [Esta exposição] revela a paixão dos três artistas pela impressão. Diferentes técnicas de escultura artesanal e ideias fazem destes trabalhos distintos nos seus temas e composição. Com antecedentes e experiências de vida distintas, os três artistas apresentam diferentes paisagens ao público”, lê-se na mesma nota. No caso de Hsu Yi Hsuan, revelam-se as paisagens campestres de Taiwan onde animais vivem livremente numa terra de fantasia. O artista trabalhou essencialmente com óleo e técnicas de impressão ocidentais. Lam King Ting trabalhou com o relevo de madeiras de Taiwan, inspirado pela natureza. Daí que o seu trabalho tenha árvores e flores como tema principal. Por sua vez, Mel Cheong adoptou a tradicional impressão à base de água e faz as suas obras de forma policromada com recurso ao Baren, uma ferramenta manual em formato de disco própria da xilogravura japonesa. Algumas das ideias destes trabalhos baseiam-se numa infância vivida nas grandes cidades que faz surgir um desejo por uma maior proximidade à natureza. Assim, o trabalho de Mel Cheong apresenta “uma concepção artística rica e vibrante”, traçando um retrato da arquitectura da cidade, mas também dos animais “esquecidos nos jardins e espaços verdes esquecidos nas cidades, incluindo personagens como animais vadios ou ursos polares que se vêm forçados a migrar”. As peças de Mel Cheong mostram “os seus pensamentos sobre a Metrópolis”. Exercício de partilha Ao HM, Mel Cheong contou que o principal objectivo desta exposição é revelar a diversidade que a impressão no formato de xilogravura pode ter. Sobre o seu trabalho em específico, a artista disse que optou por expôr apenas 20 peças, “a maioria pertencente a uma série continuada, como é o caso da colecção ‘Macau Series’ que fiz sobre Macau como colónia. Outra é a série ‘Urso Polar'”. Este projecto nasce de uma história. “A primeira impressão é sobre a urbanização do Pólo Norte, em que o urso polar olha para o céu, em vez de olhar para a habitual aurora, e vê as luzes do prédio. A segunda impressão fala do urso que não consegue estar mais no seu icebergue, necessitando de continuar a nadar até encontrar uma nova casa. A terceira impressão mostra já a sua nova casa. Ele percebeu que está mobilada, porque nós, humanos, já deitámos a mobília ao mar. Uma quarta impressão fala do urso polar a procurar salmão.” Mel Cheong adiantou que a Associação de Xilogravura de Macau visa “criar uma plataforma para que artistas que trabalham na Ásia possam partilhar as suas técnicas de impressão em gravura. Por norma não precisamos de um atelier ou estúdio, trabalhamos sozinhos em casa”. Ao fazer esta exposição em conjunto, Mel Cheong acredita que os três artistas “podem partilhar o conhecimento que têm dos materiais e da pesquisa que fazem, bem como as ferramentas com que trabalham o artesanato, as técnicas de impressão ou as novidades das exposições”. “Por norma planeamos mostrar as nossas exposições em diferentes conferências profissionais, mas como esta é uma associação baseada em Macau, quando recolho os trabalhos dos membros prefiro mostrá-los primeiro ao público local, como se fosse uma apresentação prévia para um público VIP”, acrescentou. A associação conta com membros de várias nacionalidades e não apenas de Macau. Exemplo disso é o caso de uma artista, oriunda da Noruega, que iniciou o projecto “Tales that Splits Apart”, com o qual juntou diferentes trabalhos dos membros da associação e os apresentou no seu país.
Hoje Macau EventosGravura | Exposição MYPA 2023 abre hoje ao público na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a partir de hoje, e até ao dia 1 de Abril, a “Exposição Anual da MYPA 2023”, em parceria com a Associação Juvenil de Gravura. Apresenta-se, assim, um conjunto de 31 peças de 15 artistas membros da Associação Juvenil de Gravura de Macau, com destaque para as monogravuras, com “diferentes aparências e expressões criativas”. Numa nota divulgada pela FRC, pode ler-se que a gravura “tem desempenhado um papel importante nos intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente em Macau”. “Na história moderna, a tipografia, a gravura e a impressão litográfica foram introduzidas na China continental através de Macau. Até hoje, continua a influenciar a melhoria da tecnologia de impressão na China, ao mesmo tempo em que estimula o entusiasmo pela criação de gravuras”, revela o manifesto da exposição. A Associação Juvenil de Gravura de Macau existe há mais de 20 anos. O objectivo desta associação é promover a arte gráfica junto da geração mais jovem, através da realização de exposições, workshops, promoções na escola, e outras actividades, de forma a fomentar junto da população jovem de Macau uma compreensão mais profunda da gravura e descobrir os talentos do printmaking. O manifesto da mostra fala ainda da gravura “como um tipo de meio artístico replicável, que é mais propício à comunicação do que a pintura, permitindo que mais pessoas apreciem o trabalho original em diferentes lugares ao mesmo tempo”. No caso de Macau, a gravura criativa começou a surgir com mais frequência no final dos anos 80. “Passados mais de 30 anos, foi estabelecendo gradualmente um percurso de criação, tendo a gravura como eixo principal. Embora a rotogravura seja muito atraente, ela precisa de equipamentos profissionais para mostrar o seu efeito. No entanto, as impressões em relevo, o stencil e a monotipia não exigem equipamentos sofisticados, e ainda ostentam uma aparência única”, lê-se ainda.
Hoje Macau EventosIC | Fábrica de Panchões e Centro de Ciência acolhem artistas de rua O Instituto Cultural (IC) decidiu criar dois novos locais para artistas de rua na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na vila da Taipa, e no largo em frente ao Centro de Ciência de Macau, com o objectivo “de fortalecer a revitalização dos bairros comunitários, criar uma atmosfera cultural, proporcionar mais espaços de actuação aos profissionais das artes e promover actuações de rua de qualidade”. Os artistas começam a actuar nestes espaços a partir de sexta-feira, podendo fazê-lo entre as 10h e as 18h de sexta-feira a domingo e também nos dias feriados. Actualmente, existem cinco locais no território onde os artistas de rua podem actuar, no âmbito do “Programa Excursionando pelas Artes” lançado pelo IC em 2016. Até Fevereiro deste ano, mais de 1.200 artistas locais e não locais requereram o cartão para poder actuar, tendo mais de 170 mil espectadores assistido aos espectáculos do programa.
Andreia Sofia Silva EventosAdalberto Tenreiro, arquitecto: “Desenhar é para mim uma terapia” “1983 Food . Space 2023”, a exposição de desenhos do arquitecto Adalberto Tenreiro, pode ser vista na galeria 10 Fantasia, no bairro de São Lázaro, até ao próximo domingo. Radicado em Macau há muitos anos, o arquitecto expõe desenhos feitos em restaurantes onde se sente mais o pulsar da cidade antiga e das memórias de sítios peculiares Não tem uma exposição individual há algum tempo. Como surgiu a oportunidade de realizar esta mostra? Esta e as três exposições individuais que fiz pertencem a um processo de organização dos desenhos que vou fazendo como passatempo. Em 1997 a exposição chamada “Diário” organizou todos os desenhos feitos até esse ano, a de 2006 teve os desenhos feitos em Itália durante os sete cursos de Verão feitos no Centro de Estudos Andrea Palladio, a de 2020 teve todos os desenhos feitos em Portugal. Meng Shu Shangyuan é a curadora desta exposição e é uma amiga minha, artista de Xangai, que ensina e pratica em Macau desde há muitos anos e com quem costumo dialogar sobre o que faço. Os desenhos em restaurantes são actos que por vezes faço na companhia de amigos. A Meng Shu conhecia esse meu ritual e aceitou os restaurantes como tema da exposição, expandindo o conceito de comida que, por exemplo, engloba as fachadas dos edifícios que têm restaurantes, ou mercearias desenhadas por estarem inseridas em desenhos maiores que fiz das ruas de Macau. Que Macau poderemos encontrar nestes desenhos? Temos uma Macau parcial, não toda a Macau. Há um viver antigo da cidade por entre restaurantes e cafés baratos com comida boa e tradicional, muitas vezes com mesas ao ar livre. [Surge] a comida tradicional de Yum Cha que há cada vez menos, e mesas ao ar livre que foram retiradas. Os desenhos são feitos nas áreas antigas ou muito antigas da cidade e são poucos os que são feitos em áreas com torres de apartamentos onde estão localizados os raros restaurantes de Yum Cha frequentados quase só por pessoas na terceira idade. São poucos os filhos ou netos destes comensais que vão a estes restaurantes. Quase não desenho as novas áreas urbanas e os restaurantes frequentados pelas novas gerações. Porque decidiu expor os desenhos de forma circular na galeria, a cair do tecto? Já há muitos anos que desenho muitas páginas em forma de círculos, formando panoramas, que depois imprimo e coloco em plástico transparente para serem colocados como planos em paredes. Numa exposição colectiva, realizada por volta de 2015, em que participei com dois desenhos, um do interior da capela da Guia, outro do exterior, onde se vê o Farol da Guia, expus o primeiro círculo, mas de um modo ainda demasiado complicado. Em Outubro do ano passado, numa outra exposição colectiva, foi usado o modo de expor os desenhos que agora repito [nesta mostra]. As salas de exposição da galeria 10 Fantasia são muito irregulares, pelo que os desenhos cilíndricos suspensos do tecto libertaram as paredes e deixaram as cortinas abertas, bem como as janelas para o exterior e as portadas para a generosa varanda. Assim, entra uma brisa na sala que coloca os cilindros num movimento delicioso. Os visitantes podem entrar e sair pela varanda e na sala de exposições, olhando para as grandes árvores exteriores ou para o espaço interior ocupado pelos cilindros. Esta mostra contém desenhos que tem feito nos últimos anos, em jeito de diário. Que lugares ou pessoas podemos encontrar nestes esboços? São poucos os desenhos expostos que estão terminados, mas caso não venham a ser finalizados também ficarão muito bem assim. Cada desenho tem muitas páginas feitas ao longo dos anos, diria que desde há três, nove, 15 ou 31 anos, com 15 ou 45 minutos gastos em cada desenho. Por isso são desenhos antigos e recentes ao mesmo tempo. Na lista dos desenhos exposta na sala da galeria coloco-os por ordem do início da execução. Se tivesse usado a data da última vez em que foram retomados seriam quase todos trabalhos deste ano ou do ano passado. Todos nós vamos a cafés ou restaurantes várias vezes por dia, por isso é que é um tema trabalhado com muitas páginas. Em temas como espectáculos de música ou teatro os desenhos são feitos com menos páginas, ou tenho uma maior quantidade deles feitos numa só folha. Isso deve-se ao acto de ser menos assíduo, em mim, o prazer de assistir a espectáculos. É importante para si desenhar com frequência, além do exercício habitual da arquitectura? Sinto que desenhar o que se considera em muita quantidade é para mim uma terapia. Outras pessoas praticam mais a leitura, ou desporto, ou preferem ainda cozinhar, gastando mais tempo nessas actividades que lhes estruturam o quotidiano. O desenhar confunde-se com a profissão de artista, mas onde ganho ou ganhava honorários é a fazer arquitectura. Na arquitectura alguns arquitectos desenham, outros não. Temos três exemplos de um extremo ao outro, que são o arquitecto e pintor Nadir Afonso, que trabalhou com Corbusier, construiu arquitectura de grande qualidade em Portugal e é famoso pela pintura que fez. Corbusier deixou uma arquitectura de referência mundial e uma pintura de qualidade de segunda linha. Existe uma foto de uma reunião de arquitectos famosos onde todos têm um lápis na mão à excepção do [Walter] Gropius, que privilegiava outras capacidades de conceber arquitectura sem passar pelo acto de desenhar. No balançar entre o desenho e arquitectura, agora ocupo mais horas a desenhar, porque tenho menos trabalho profissional de arquitectura.
Hoje Macau EventosMorreu empresário Rui Nabeiro aos 91 anos O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro – Delta Cafés morreu ontem aos 91 anos, vítima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa. “A data e o programa das exéquias serão oportunamente comunicados”, indicou. “É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro — Delta Cafés”, pode ler-se num comunicado enviado ontem pelo grupo. “O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida. Em 1961, criou a Delta Cafés, dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e hoje em forte expansão nos mercados internacionais. Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo. Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade”. O Comendador Rui Nabeiro “encontrava-se hospitalizado no Hospital da Luz, devido a problemas respiratórios”, pode ler-se no mesmo comunicado, enviado pelo Grupo Nabeiro. História de vida Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu a 28 de Março de 1931 na vila alentejana de Campo Maior, no seio de uma família humilde. Começou a trabalhar por volta dos 12 anos. Aos 17 anos, após a morte do pai, assumiu os destinos da empresa da família, uma pequena torrefação. Apostou na venda de café em Espanha e constituiu, mais tarde, uma sociedade com os tios, a Torrefação Camelo, que mais tarde vendeu. Em 1961, criou a Delta Cafés. “Na vila alentejana de Campo Maior, num pequeno armazém com 50 metros quadrados e sem grandes recursos, inicia a actividade com apenas duas bolas de torra de 30 kg de capacidade”, pode ler-se no site da empresa, hoje com 62 anos de história. “Um Cliente um Amigo” era a filosofia de gestão de Rui Nabeiro, incorporada no que a Delta escreve sobre si própria, “Uma Marca de Rosto Humano”. Em 2007 inaugurou o Centro Educativo Alice Nabeiro para dar resposta às necessidades extra-escolares das crianças de Campo Maior. Com o patrocínio da Delta a Universidade de Évora criou, em 2009, a Cátedra Rui Nabeiro, destinada à promoção da investigação, do ensino e da divulgação científica na área da biodiversidade. Recordação de Timor O Presidente da República timorense lamentou a morte de Rui Nabeiro, um “homem bom e generoso”, recordando os esforços do empresário português para promover o café timorense no exterior. “Uma vida longa de grandes iniciativas empresariais, de criar emprego, riqueza para Portugal, para as comunidades onde a Delta estava instalada”, disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli. “Fez algumas tentativas de comprar café de Timor no início, mas o mercado na altura já era bastante orientado para outros países como os Estados Unidos. Ainda assim a sua passagem por Timor foi sentida”, recordou. O chefe de Estado timorense disse que Nabeiro acabou por não poder voltar a Timor-Leste, apesar de a Delta continuar a promover café de Timor-Leste, e recorda uma viagem que fez com o empresário a um evento internacional em Nova Iorque. “Falámos muito, falámos muito da Delta e do café de Timor. Tenho grata recordação dele. Uma pessoa boa, generosa para os trabalhadores e as suas famílias”, lembrou Ramos-Horta, que falava à margem da inauguração de um novo espaço multiúsos do grupo de media GMN, em Díli. O lote “Timor” é hoje um dos que integra a coleção da Delta, descrito com “um blend harmonioso, exótico e de deliciosa plenitude”, com café da região de Ermera, a sul de Díli, e que se distingue segundo a empresa pelo seu “sabor cheio, acidez suave e traços doces de chocolate”, segundo a empresa. No inicio de 2000 as autoridades transitórias timorenses chegaram a anunciar que Rui Nabeiro e a Delta Cafés pretendiam comprar todo o café do país então armazenado, com um programa de pretendia colaborar com o desenvolvimento do setor que emprega cerca de 70 mil famílias. O apoio da Delta era essencial para travar o que era, na opinião das autoridades timorenses, o monopólio norte-americano que até então controlava quase toda a exportação de café de Timor-Leste. O empresário português visitou Timor-Leste em março de 2000.
Andreia Sofia Silva EventosPainel de conferências sobre a Ásia arranca hoje no CCCM Decorre entre hoje e quinta-feira, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, o painel de conferências sobre a Ásia, integrado no evento anual “Conferências da Primavera”. Hoje, a partir das 10h (hora de Lisboa), o evento começa com a conferência “Abordagens ao Multilateralismo na Arte e Arquitectura Qing”, de Cristina Osswald, académica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) e Pedro Luengo Gutierrez, da Universidade de Sevilha. Segue-se o painel “As antigas Rotas da Seda da Ásia Ocidental”, moderado por João Paulo Oliveira e Costa, e que conta com a participação de quatro académicos. À tarde decorre o painel dedicado à arte e ao património de Goa, com moderação de Paulo Teodoro de Matos. Aqui irão abordar-se temas como “Igreja de Santa Cruz dos Milagres, em Goa: Subsídios para uma (possível) Tipologia Goesa de Fachada”, por Joaquim Rodrigues dos Santos, da Universidade de Lisboa. Por sua vez, Teresa Teves Reis, da Universidade de Évora, vai falar da “Galeria de Retratos dos Vice-Reis e Governadores de Goa”, entre outras palestras. Economia e companhia Terça-feira será um dia dedicado às conferências sobre “Economia e Geopolítica”, com destaque para a participação do académico Luís Tomé, da Universidade Autónoma de Lisboa, que falará das “Interligações Geopolíticas e Securitárias entre a Europa e a Ásia”. Segue-se a apresentação “O Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura e o Banco Asiático de Desenvolvimento: o seu contributo para o relacionamento entre a Europa e a Ásia”, de João Sabido Costa, da Universidade Católica Portuguesa. Diogo Cardoso falará, de seguida, das “Implicações Geopolíticas e Geoestratégicas do Programa Espacial da China para a Ásia e para o Mundo”. No painel “História de Sociedade”, que acontece também na terça-feira, destaque para a participação da académica Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, com a palestra “Os Portugueses no Sião”. Na quarta-feira, algumas palestras irão debruçar-se sobre a presença dos Jesuítas na Ásia, sendo dado também destaque às áreas da língua e literatura. Na quinta-feira, último dia, o painel “Imprensa e Sociedade” conta com uma apresentação de Carlos Picassinos sobre “A Imprensa Portuguesa e os Direitos Fundamentais: Lições para Portugal dos Contextos Híbridos de Hong Kong”, tema da tese de mestrado defendida no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa. António Caeiro, jornalista e ex-delegado da Lusa em Pequim, vai falar sobre o seu mais recente livro, “Os Retornados de Xangai”, que conta a história da comunidade de lusodescendentes que viveram na cidade chinesa durante várias décadas até à implementação da República Popular da China, criando laços e negócios.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Venetian Theatre recebe concerto da banda MFM AJ, Josie Ho e Hyper Lo, três músicos locais, compõem o grupo MFM e dão, este sábado, um concerto no Venetian Theatre apoiado pela Fundação Rui Cunha. “MFM Concert Tour – Macau 2023” não marca apenas o regresso do grupo aos espectáculos, mas serve também de celebração para o décimo aniversário da banda São três nomes bem conhecidos da música feita no território com influências da pop e do cantopop. Criada há dez anos, a banda MFM, composta por AJ, Josie Ho e Hyper Lo, dá este sábado um concerto no Venetian Theatre, com início às 20h30. “MFM Concert Tour – Macau 2023” marca o regresso da banda à tournée regional, iniciada em 2021 e interrompida devido às restrições da pandemia, mas serve também de celebração do décimo aniversário do grupo. A Fundação Rui Cunha (FRC) apoia esta iniciativa, tendo em conta que a banda criou o tema musical da instituição, intitulado “樂而忘返” (So Happy That You Forgot to Return Home), divulgado por ocasião do quinto Aniversário da FRC em 2017. O concerto é organizado pela produtora SP Entertainment e irá apresentar as músicas “de um dos mais reputados grupos de música de Macau”. Trata-se de um espectáculo que promete revelar “todos os momentos memoráveis dos últimos dez anos e celebrar este marco histórico com todos os fãs”. Além da composição da música da FRC, os MFM foram também responsáveis pela criação do tema “Get Ready” para um evento de boxe, a convite da Sands China. Foi esse projecto que catapultou o grupo para a fama e o reconhecimento junto do público. “Time” será o tema central deste espectáculo, mas os fãs poderão ouvir todos os êxitos de que estão à espera, num concerto que é também uma festa de aniversário. Êxitos e mais êxitos Após a gravação para o evento da Sands China seguiram-se outros êxitos musicais, como é o caso de “Let’s Get It On”, “Paradise”, “Show Time”, “Love Matters”, “Read But Ignored” e “Karma”. Seguiram-se também os prémios em eventos como “SIM Music Awards” e “Oh! Macao MV Awards”. Em 2018 o grupo organizou o espectáculo “MFM Rule of Three – Macao Concert”, também no Venetian Theatre, que registou muito sucesso, com uma plateia cheia de fãs. Seguiu-se, no ano seguinte, o lançamento da música “The Lonely Song”, um sucesso que chegou às tabelas musicais na China e fez parte de várias bandas sonoras. Em Dezembro desse ano, o canal de televisão Hunan TV convidou os MFM para participar no pequeno filme “The Pride of Macao China – MFM” [O Orgulho de Macau, China – MFM], que regista todos os episódios da escalada de sucesso do grupo, os papéis desempenhados pelos três artistas, o funcionamento da indústria do espectáculo e o caminho percorrido para AJ, Josie Ho e Hyper Lo conseguirem atingir os seus sonhos. Em 2021, teve então lugar a tournée “MFM Concert Tour” que passou por diferentes cidades da China, contando com o apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Instituto Cultural. Este ano, os MFM foram convidados para os habituais concertos anuais de Ano Novo Chinês, onde Josie Ho actuou ao lado de Jacky Chan e outros artistas da China, Hong Kong e Taiwan.
Andreia Sofia Silva EventosFotolivro “Treasure Hotel”, de Francisco Ricarte, lançado este sábado No regresso à chamada normalidade pós-pandemia, a ideia de passar 21 dias fechado num quarto de hotel em quarentena parece já uma miragem ligada a um passado distante. Mas a verdade é que este regime vigorou até há bem pouco tempo e o fotógrafo Francisco Ricarte viveu-o aquando do regresso de uma das viagens que realizou ao exterior. O registo fotográfico desta experiência pode ser visto em “Treasure Hotel” [Hotel Tesouro], novo fotolivro do fotógrafo a ser lançado no próximo sábado, às 17h, na Creative Macau. De um quarto de hotel consegue-se ver pouco, mas a imaginação levou a lente de Francisco Ricarte a capturar as cores do céu, os raios de sol sob o aeroporto e as sombras surgidas no meio das mobílias. São, ao todo, 40 imagens a cores e a preto e branco em 64 páginas. Foram impressos apenas 60 exemplares. “Para quem reside em Macau, o nome ‘Treasure Hotel’ estará, porventura, associado às quarentenas obrigatórias para quem entrasse em Macau durante o período de pandemia vivido recentemente. Este é um registo visual, mas sobretudo intimista, de uma quarentena por mim vivida em Janeiro de 2022”, contou o fotógrafo ao HM. Esta é, portanto, uma “viagem interior”, que assenta “em pequenos capítulos visuais – a viagem, a chegada, o espaço de estadia e vivência quotidiana, as leituras realizadas, o espaço exterior visível – revelando estados de espírito naturalmente diferenciados, alguns de maior introspecção ou acutilância”. Um ano bom Francisco Ricarte, arquitecto de formação, está afastado dessa área, e dedica-se agora com maior regularidade à fotografia. Num ano em que o confinamento foi uma realidade em Macau, a pandemia acabou por revelar-se benéfica para a sua carreira, pois o autor de “Treasure Hotel” realizou três exposições individuais de fotografia. Lançar este livro funciona agora como o fechar de um ciclo, confessa. “As imagens dizem-me muito. A história de pandemia narrada neste conjunto de fotografias conta algo mais do que cada foto individual. Há uma consequência e a leitura de uma história que se conta com esta narrativa visual. Penso que o facto de já não haver pandemia terá ajudado a concluir o projecto e a colocá-lo cá fora.” Francisco Ricarte confessa “ter curiosidade para ver a reacção final” daqueles que abrirem o livro, numa tentativa de perceber “se os leitores encontram pontos de identificação e de referência, ou se se revêem, de alguma forma, no projecto, no caso dos que viveram uma experiência similar de quarentena”. “Também quero ver se será possível imaginar ou entrar na cabeça de quem vive uma experiência destas”, adiantou. Francisco Ricarte ainda fez uma nova quarentena depois de Janeiro do ano passado, mas acabou por decidir que seria esta a experiência a transformar-se numa obra. “Foi a quarentena mais longa, para a qual nunca estamos suficientemente preparados. Daí o meu desejo de contar esta história”, rematou.
Hoje Macau EventosRússia | Navalny “terrivelmente satisfeito” com Óscar a documentário sobre o seu activismo O líder oposicionista russo, Alexei Navalny, que está detido, afirmou quarta-feira que está “terrivelmente satisfeito” que um filme sobre o seu envenenamento e ativismo político tenha ganho o Óscar para o melhor documentário. Em várias mensagens na sua conta da rede social Twitter, o político congratulou o realizador Daniel Roher e os outros envolvidos na produção de ‘Navalny’, bem como a sua esposa Yulia e os seus aliados na Fundação Anticorrupção. “Claro que estou terrivelmente contente, mas enquanto me alegro, procuro não esquecer que não fui eu quem ganhou o Óscar, afinal de contas”, disse. O documentário descreve a carreira de Navalny no combate à corrupção dos dirigentes, o seu envenenamento quase fatal em 2020, que atribuiu ao Kremlin a sua recuperação ao longo de cinco meses na Alemanha e o seu regresso a Moscovo, em 2021, quando foi imediatamente colocado sob custódia, no aeroporto. Condenado depois a dois anos e meio de prisão, Navalny viria a ter outra condenação de mais nove anos. Navalny tem sofrido uma pressão constante dos dirigentes russos. Passou várias semanas em regime de isolamento, dentro de uma designada “cela de punição” e no mês passado foi colocado em uma unidade residencial restrita durante seis meses. Em termos concretos, tem sido privado de telefonemas ou visitas de familiares, apesar de aparentemente ser autorizado a escrever cartas e a receber advogados. Nas mensagens na Twitter, Navalny confirmou que tinha sabido sobre o Óscar enquanto estava à espera de uma audiência em tribunal, através de uma ligação vídeo a partir da sua prisão. Adiantou que o seu advogado procurou dar-lhe a notícia colocando uma folha de papel frente à câmara, mas que não conseguiu ver o que tinha escrito, pelo que o advogado teve de gritar “O teu filme ganhou um Óscar”.
Hoje Macau EventosCCCM | “Sons do Oriente Lírico” este sábado O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe este sábado, em Lisboa, a partir das 14h30, o evento “Sons do Oriente Lírico”, que integra uma série de palestras e momentos musicais que exploram “as artes da Lira no Oriente”. O público poderá, assim, ter contacto “com os sons da poesia e da música numa paisagem auditiva e visual expressa nos sons da voz e da música, num encontro entre o Ocidente e o Oriente”. Destaque para as palestras “Música e Instrumentos Musicais Chineses”, com o investigador Enio Souza, e “Apontamentos para a Poesia Chinesa”, com a académica Wang Suoying. Ao longo da tarde acontecem ainda as iniciativas “Poema da Dinastia Tang, Chun Xiao, ‘Madrugada da Primavera'”, lido por Luciana Lu, e o “Momento Musical com contrabaixo e Guzheng”, com o duo Miguel Leiria e Xin Su. António Graça de Abreu, tradutor de poesia chinesa, vai falar da “Poesia de poetas chineses”, enquanto Joaquim Pereira e os “Amigos do Patuá” vão falar da “Poesia do Adé”, um dos grandes nomes da poesia macaense em patuá. O evento encerra com um recital de poemas com Maria Maya e convidados.
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Festival “Macau Films & Videos Panorama” arranca sexta-feira Está de regresso mais uma edição do festival de cinema “Macau Films & Videos Panorama”, que termina dia 26 deste mês. Com organização da Associação Audiovisual CUT, esta é a oportunidade para ver, na Casa Garden, os melhores filmes feitos por realizadores locais, com o cinema universitário em destaque A Casa Garden acolhe, a partir desta sexta-feira e até ao dia 26, mais uma edição do festival “Macau Films & Videos Panorama”, uma iniciativa da Associação Audiovisual CUT que pretende mostrar o que de melhor se faz no cinema local, mas não só. Serão exibidos filmes locais, parte deles integrantes da iniciativa “O Poder da Imagem”, do Instituto Cultural (IC). Há também quatro filmes escolhidos pelas universidades locais, revelando-se, assim, os melhores projectos dos estudantes de cinema. Destaque ainda para 11 filmes de Hong Kong, China e Taiwan. Todos eles vão a concurso. Os organizadores convidaram Joyce Yang, veterano crítico de cinema de Hong Kong, para fazer parte do júri na primeira fase de selecção de filmes, tendo sido eleitas 12 de um total de 40 submissões. O júri é ainda composto por outras personalidades ligadas ao cinema asiático, como é o caso de Song Wen, fundador do FIRST – Festival Internacional de Cinema de Xining, na China; Kattie Fan, directora da programação do ifva Festival, promovido pelo Centro de Artes de Hong Kong, e Esther Chen, curadora dos Taiwan Golden Harvest Awards. A partir destes eventos, foram seleccionados os seis filmes da China, Taiwan e Hong Kong que integram a secção “Panorama Screenings”. Destaque ainda para o facto de o público poder assistir a conversas após a exibição dos filmes, “permitindo que os realizadores locais possam comunicar com o público”. Enquanto isso, “o público poderá ter acção e dar apoio, votando nos seus trabalhos favoritos”, escolhendo as películas que vão ganhar o prémio “Escolha do Público” [Audience Choice Award]. Relativamente à secção “Made in Macau”, apresentam-se 22 filmes, incluindo dez da iniciativa “O Poder da Imagem” e 12 escolhidos das submissões feitas pelos realizadores locais. Haverá seis sessões para exibir as curtas-metragens. A organização descreve esta lista de trabalhos cinematográficos como “demonstrando inovação e vitalidade da parte dos criadores locais”, competindo pelos prémios do júri e do público. Uma vez que grande parte dos temas explorados pelos realizadores giram em torno da pandemia e das experiências pessoais vividas nestes últimos meses de confinamentos, medos, traumas e expectativas, os organizadores “convidam o público a olhar para a perspectiva dos realizadores locais e ver como registaram as experiências do passado, como se pode ganhar um novo ritmo e fazer com que as experiências mais pesadas do passado se tornem no poder do futuro”. O cartaz Neste festival poderão ser vistas longas e curtas-metragens, trabalhos de ficção e também documentários. Na sexta-feira, as exibições começam às 19h30 com os filmes “Peaceful”, “The Unearthed Memory”, “Sea” e “The Ceremony of Coloane”. Este último título é um documentário sobre a ilha de Coloane e as suas vivências tão específicas, contando a história da cerimónia de abertura da Associação de Construção e Desenvolvimento de Coloane. Trata-se de um “momento histórico” contado em filme, que pretende “reforçar a felicidade, o sentido de pertença e o desenvolvimento sustentável dos residentes”. No caso de “The Unearthed Memory” conta-se a história dramática de Ngai, que, deparando-se com a morte do pai, tem de lidar com traumas da sua infância, confrontando-se com memórias fragmentadas dos seus pais no seu dia-a-dia. Esse processo faz com que Ngai se consiga redescobrir e preparar-se para aceitar tamanha perda. Este é um filme de Ho Kueng Lon, que iniciou os estudos em cinema e televisão em 2017, na Polónia, onde continua a estudar ficção e documentário. Este realizador de Macau pretende explorar mais o chamado cinema narrativo, contando histórias “focadas na condição humana”. As quatro películas de Macau voltam a ser exibidas no dia 25, às 21h30. Também esta sexta-feira, mas no horário das 21h30, destaque para as exibições de “The Last Sunrise” e “The Lily Yet to Bloom (Director version)”. Estes filmes voltam a ser exibidos no dia 25, às 17h. No sábado, dia 18, às 16h30, o público poderá ver “Tantalus”, “Shipwright”, “Ghost & Cat” e “Backyard”, que voltam a ser exibidos no dia 24, sexta-feira, às 19h30. Também no sábado, mas no horário das 21h30, o festival exibe “One Night Legends”, “Before the Flight”, “Jellyfish” e “The Best Gift Ever”, repetidos no dia 26, domingo, às 19h30. Destaque ainda para as exibições, neste sábado, no horário das 19h30, dos filmes “Daughter and Son”, “Almost Summer” e “To The Sea”. De frisar que “Daugther and Son”, filme do realizador chinês Cheng Yu, foi escolhido para a lista das melhores curtas-metragens do Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim. Este domingo, 19, às 16h30, exibem-se os filmes “By 3pm”, “Flower”, “Family Heriloom” e “Homework”, que poderão ser vistos novamente na sexta-feira, dia 24, às 21h30. A partir das 21h30 deste domingo serão exibidos “Where the Luck Goes?”, “Punctum”, “The Lost Eden of Birds” e “A Beautiful Bird Day”, novamente exibidos dia 26, às 17h. No dia 25, serão exibidos os filmes integrantes da selecção feita pelas universidades locais, com entrada livre. A Universidade de Macau escolheu “One Day That Day”, a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau apresentou a película “Rupert’s Tears”, a Universidade de São José seleccionou “Flowers For My Mother” e a Universidade Politécnica de Macau trouxe para o festival o filme “Imprisoned”.
Hoje Macau EventosFestival de Artes de Macau volta ao formato pré-pandemia com bailado português A 33.ª edição do Festival de Artes de Macau regressa em Abril ao formato pré-pandemia, com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo a trazer ao território uma homenagem a Sophia de Mello Breyner. Ao longo de um mês, serão apresentados 20 espectáculos entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais O Festival de Artes de Macau (FAM) está de volta à velha forma, com um cartaz preenchido por artistas internacionais, na 33.ª edição que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio. Ao contrário das últimas edições, condicionadas pela pandemia da covid-19, o festival recebe este ano grupos do exterior, como é o caso da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, com o espectáculo “Na substância do tempo”, em que “os coreógrafos portugueses de renome internacional Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho transformam versos de Sophia de Mello Breyner Andresen em coreografias”, refere um comunicado à imprensa do Instituto Cultural (IC) de Macau. Mas, apesar do regresso dos grupos artísticos estrangeiros, a próxima edição do FAM tem este ano um orçamento inferior ao do ano passado: cerca de 22 milhões de patacas face aos 24 milhões da edição passada, limitada pelas restrições da pandemia. “No ano passado, a envergadura dos programas e leque eram maiores, por isso [o orçamento] era mais para a estadia dos artistas e o transporte”, justificou ontem, em conferência de imprensa, a presidente do IC, Leong Wai Man. Questionada sobre se a redução revela um desinvestimento do Governo nas artes, a responsável respondeu: “Estamos dentro da média do que temos feito”. Gregos e macaenses Com um total de 20 programas, entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais, a 33.ª edição do FAM, que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio, arranca com “A Sagração da Primavera”, um espectáculo da autoria da bailarina e coreógrafa chinesa Yang Liping. O evento traz a palco também o trabalho do encenador chinês Liu Fangqi, com a adaptação do romance do autor japonês Higashino Keigo “Os Milagres dos Armazéns Namiya”. O programa inclui ainda “Electra”, com base no clássico do poeta da Grécia Antiga Sófocles, um trabalho conjunto do Centro de Artes Dramáticas de Xangai e de uma equipa de produção grega, e “Xiao Ke”, colaboração de dança entre a bailarina independente chinesa Xiao Ke e o coreógrafo francês Jérôme Bel, pretende ilustrar a evolução da dança e da cultura chinesas ao longo das últimas quatro décadas. A celebrar o 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, um dos vários grupos locais e presença habitual no cartaz do evento, encerra o festival com a peça em patuá “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, Que Arraial). Está prevista ainda a inauguração da mostra “Doci Papiaçam di Macau – 30 anos no Palco da Multiculturalidade: Uma Exposição Fotográfica”. Como é habitual, o FAM volta este ano com o Festival Extra, extensão da iniciativa principal, com um total de 22 programas, entre sessões com artistas, visitas aos bastidores, palestras, oficinas, exposições e projecções de espectáculos internacionais.
Hoje Macau EventosSegunda fase da mostra das Ruínas de S. Paulo em realidade virtual dia 24 A nova versão da exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” poderá ser vista a partir do dia 24 deste mês, sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Esta mostra, promovida pelo Instituto Cultural (IC), apresenta a reconstrução virtual das características históricas da antiga Igreja da Madre de Deus antes de ter sido destruída por um incêndio, permitindo ao público apreciar uma conjectura interpretativa sobre a tipologia arquitectónica barroca da Igreja, com base em dados históricos relativos a um período de cerca de 400 anos. Assim, podem ser vistos “aspectos adicionais relativos ao restauro virtual do exterior e do ambiente envolvente da Igreja” bem como “o panorama interior e exterior da antiga Igreja de forma mais abrangente e tridimensional”. Além disso, o público poderá aceder a duas novas cenas de realidade virtual, nomeadamente a “Procissão e Missa” e “A missa e a dança do caranguejo”. História digital A primeira fase experimental da exposição foi lançada na segunda quinzena de Dezembro do ano passado e, segundo o IC, atraiu “um grande número de visitantes”. Até ao dia 28 de Fevereiro, quando terminou a primeira fase da exposição, já a tinham visitado cerca de 13 mil pessoas. A antiga Igreja da Madre de Deus era o principal do antigo Colégio de S. Paulo. Fundado em 1594 e encerrado em 1762, o Colégio de S. Paulo foi a primeira instituição de ensino superior de modelo ocidental na China e até na Ásia, tendo oferecido um contributo histórico importante para o intercâmbio económico, tecnológico e cultural entre o Oriente e o Ocidente. Construída em 1640, a Igreja da Madre de Deus foi outrora reconhecida como um marco arquitectónico único no Extremo Oriente. O Colégio e os edifícios principais da antiga igreja foram destruídos por um incêndio, em 1835, sobrevivendo apenas a fachada principal da igreja, a maior parte das fundações e a escadaria de granito, que milagrosamente resistiram ao longo de cerca de 400 anos, fazendo com que este monumento seja um dos mais importantes marcos culturais do Património Mundial de Macau hoje em dia.
Hoje Macau EventosConto de Saramago inspira peça da companhia Dirks Theatre A companhia de teatro de Macau Dirks Theatre está a apresentar a peça “Echoes in Dreams” (“Ecos em Sonhos”), inspirada no conto “Centauro”, do escritor português e Prémio Nobel da Literatura José Saramago (1922-2010). O co-director artístico do Dirks Theatre, Ip Ka Man, disse à Lusa que, após ler o conto, incluído num dos primeiros livros de Saramago, “Objecto Quase” (1978), e durante a criação da peça, tinha “uma pergunta em mente: o que é a minha terra”. “O conceito de terra pode ser dividido em duas partes: uma é a física e a outra é a nossa história, os nossos sentimentos, a nossa experiência. E de alguma forma têm de estar juntas. Senão, é como o centauro, sempre metade humano, metade cavalo”, disse. A personagem principal de “Ecos em Sonhos”, apesar de já ter deixado a sua terra natal há algum tempo, continua assombrada por uma voz interior que, em cantonês, “continua a perguntar-lhe por que não volta a casa”, revelou Ip. “Há muitas pessoas, em todo o lado no mundo, que têm de partir das suas terras, seja à força ou por vontade própria, sobretudo nesta altura”, disse à Lusa a codirectora artística do Dirks Theatre, Mable Wu May Bo, referindo-se à pandemia de covid-19. De acordo com dados oficiais, Macau perdeu 24.200 pessoas durante a pandemia, devido à subida do desemprego e às restrições impostas para controlar o novo coronavírus. “Sentíamo-nos seguros, mas por outro lado sabíamos que havia tantas coisas que estavam fora do nosso controlo, que qualquer coisa podia acontecer a qualquer momento. Isso criou muita incerteza”, disse Mable. Ip Ka Man admitiu que a pandemia levou também o duo a questionar o seu futuro artístico. “Durante estes três anos por vezes tivemos algumas dificuldades, até para formular planos”, explicou. Maior ligação Ip diz que o Dirks Theatre quer agora “ligar-se mais à comunidade local” e “inspirar a audiência a ter a imaginação para questionar a vida, o ambiente”. Com o fim das restrições pandémicas, “toda a gente está sempre a falar da importância do crescimento económico, mas a verdade é que sacrificamos muito para conseguir isso”, sublinhou o co-director. “A relação entre as pessoas de Macau é tão íntima, tão complicada. Isso afecta e muito a capacidade das pessoas de se expressarem”, lamentou Ip Ka Man. “As pessoas de Macau não são tão francas sobre como se sentem”, acrescentou Mable Wu, que nasceu na vizinha Hong Kong. “Sinto que nos anos mais recentes elas têm vontade de se expressarem, mas talvez não saibam como se dirigirem a pessoas fora da sua zona de conforto”, disse a co-directora do Dirks Theatre. “Ecos em Sonhos”, que mistura cenas teatrais e a projecção de vídeos, vai estar em cena no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2 entre hoje e sábado.
Hoje Macau EventosPortugal a acompanhar “o que se está a passar” com capela portuguesa em Damão O Governo português assegurou ontem que está a acompanhar “o que efectivamente se está a passar” com a ameaça de demolição pelas autoridades indianas de Damão de uma capela portuguesa do século XVI, muito rica enquanto património histórico. “Através da embaixada na Índia, temos tido informação sobre o que efectivamente se está a passar”, garantiu em declarações à comunicação social o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, à margem da sessão de apresentação da Ação Cultural Externa (ACE) para 2023, que decorreu segunda-feira de manhã no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. “Há aqui um lado que temos que aguardar e esperar o desenvolvimento, mas temos tido a informação através da embaixada [de Portugal] na Índia, assim que surgiram os primeiros relatos de que podia haver um tema com essa capela”, disse o governante, acrescentando que Lisboa tentou sensibilizar as autoridades indianas, assim que “teve notícia de que poderia estar em risco essa capela, que é muito significativa para uma comunidade muito pequena no contexto da Índia, mas com grande significado”. A notícia, divulgada pela Lusa no início de Fevereiro, deu conta dos esforços da comunidade católica de Damão, na Índia, para impedir a demolição da Capela de Nossa Senhora das Angústias, com mais de 400 anos, ainda local activo de culto, que o administrador provincial, Praful Kodhabai Pratel, membro do Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano, nacionalista conservador hindu, no poder desde 2014), quer transformar num campo de futebol. A comunidade católica de Damão está a “preparar-se” para a eventualidade de ter que levar o caso até à decisão do Supremo Tribunal em Bombaim, disse à Lusa o pároco da capela, Brian Rodrigues. Processo em curso O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, igualmente presente no evento, admitiu que o Governo português “ainda não” obteve resposta das autoridades indianas, mas garantiu que “é um trabalho que está em curso”. “Há um diálogo próximo com as autoridades indianas e vamos procurar soluções”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa. A intenção de aquisição da Capela da Nossa Senhora das Angústias – enquadrada pela lei indiana de Aquisição de Propriedades, Reabilitação e Reinstalação, de 2013 – tem como propósito o alargamento de um campo de futebol contíguo ao monumento e o “embelezamento” do local, de acordo com o governo provincial, que administra os municípios de Dadra e Nagar Haveli e Damão e Diu, fundidos desde 2020. De acordo com o advogado da comunidade católica, Mário Lopes, a intenção de compra é sustentada por fundamentos “muito frágeis”, afirmou à Lusa em fevereiro. “Não há qualquer fundamento legal para adquirir a capela e demoli-la com o propósito de ampliar um pequeno campo de futebol. E também não se percebe o argumento de tudo ser para tornar o lugar mais bonito. O que é que isso significa? Embelezamos um local destruindo uma igreja?”, acrescentou o causídico que defende os interesses da Igreja Católica no processo. “A capela tem mais de 400 anos, tem muito valor arquitectónico, histórico e cultural, e é um local de culto, venerado não apenas pela comunidade católica, mas também pelos não-católicos de Damão, ininterruptamente, desde há mais de quatro séculos”, sublinhou ainda. Se o processo não for travado, entretanto, na previsão de Mário Lopes, deverá demorar “um ano” até chegar ao Supremo de Bombaim, que terá a decisão final.
Hoje Macau EventosFRC | Palestra sobre Grande Baía amanhã ás 18h30 A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje, às 18h30, a palestra “O Presente e o Futuro da Grande Baía e a integração de Macau-Hengqin-Hong Kong-Shenzhen” que contará com a participação de Sonny Lo, professor de Ciência Política na Hong Kong University Space. A conferência, organizada pela revista Macau Business e agência Macau News Agency, será moderada pelo jornalista José Carlos Matias e director destas plataformas de media. Na palestra, será debatido “o novo impulso” ganho pela Grande Baía, projecto político de cooperação e integração regional definido por Pequim com o final da pandemia. Uma nota da FRC dá conta de que “o desenvolvimento conjunto da Zona de Cooperação aprofundada de Guangdong-Macau, em Hengqin, assumirá um lugar de destaque com a adopção de um conjunto de incentivos e de medidas adicionais já em preparação”. Além disso, agilizam-se também processos na Zona de Cooperação de Qinghai, a fim de facilitar a actividade financeira, logística e de serviços informáticos entre Shenzhen e Hong Kong. Sonny Lo, habitual comentador da situação sócio-política de Macau, Hong Kong e China, vai analisar “até que ponto, e a que velocidade, o território irá integrar-se regionalmente nos próximos anos”. O académico é ainda autor de diversas obras, nomeadamente “Casino Capitalism, Society and Politics of China’s Macau”, que ganhou o primeiro prémio atribuído pela Fundação Macau, em 2009. Publicou ainda “Macau in the Second World War, 1937-1945”, “Political Development in Macau” [Desenvolvimento Político em Macau], “The Politics of Cross-Border Crime in Greater China”, “Hong Kong’s Indigenous Democracy” e “The Politics of Democratization in Hong Kong”. Está já no prelo a obra “The Politics of District Elections and Administration in Hong Kong”. Sonny Lo é, igualmente, colunista sénior da Macau News Agency/Macau Business.
Andreia Sofia Silva EventosMAM | “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo YiiMa, chega a Macau Depois do périplo feito pela Europa, nomeadamente em Lisboa e na Bienal de Arte de Veneza, a exposição dos artistas Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que integram o colectivo “YiiMa”, chega a Macau pela primeira vez, sendo inaugurada esta sexta-feira. Ung Vai Meng diz-se feliz pelo facto de as obras de “Alegoria dos Sonhos”, com curadoria de João Miguel Barros, serem expostas no território que lhes deu vida A mostra “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo “YiiMa”, composto pelos artistas Guilherme Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural (IC), e Chan Hin Io, chega esta sexta-feira à sua terra de origem, depois de ter sido exibida no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, com o nome “(Des) Construção”, e de ter representado Macau na 59.ª Bienal de Arte de Veneza, já com o nome de “Alegoria dos Sonhos”. A exposição de fotografia, escultura, instalação e até arte performativa, estará patente na Galeria do Tap Seac até ao dia 21 de Maio, proporcionando ao público local a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma mostra reconhecida internacionalmente. Ao HM, Ung Vai Meng falou da “felicidade” sentida pelo colectivo “pela devolução das obras à nossa cidade natal, para as podermos exibir aos cidadãos e amigos locais”. Afinal de contas, “essas obras foram todas criadas neste pequeno território”, adiantou. Fazendo o balanço das duas exposições, Ung Vai Meng frisou que “o público respondeu muito bem, tendo estado particularmente interessado nas cenas da vida em Macau, já que as obras mostram as culturas chinesa e ocidental”. Além disso, o antigo dirigente cultural, que actualmente se dedica à arte a tempo inteiro, referiu uma análise feita por uma crítica norte-americana, que se referiu a “A Alegoria dos Sonhos” como “uma das dez obras que valia a pena ver na Bienal de Veneza”. Parque a caminho Convidado a comentar as políticas culturais após o regresso à normalidade, no contexto da pandemia, Ung Vai Meng diz acreditar que “o Governo poderá pensar em novas estratégias do ponto de vista cultural, exigindo às concessionárias de jogo que seja dado um maior apoio e feito um maior investimento em empreendimentos culturais.” Ung Vai Meng acredita também que será possível uma maior cooperação com artistas e entidades culturais estrangeiras para que Macau venha a acolher mais eventos de cariz internacional. Quanto ao colectivo YiiMa, poderão surgir novos projectos. “A fim de aumentar o interesse dos residentes de Macau pela arte pública, o nosso colectivo está a estudar a viabilidade do projecto ‘Parque Temporário de Esculturas de Macau’, mas estamos ainda na fase de concepção.” Palavra de curador Ao HM, João Miguel Barros, curador, recorda um processo de adaptação entre a mostra de Lisboa e aquela que foi exibida em Veneza. “Quando discuti com os artistas a nossa candidatura à Bienal de Veneza, havia uma ideia estruturada para a ‘Alegoria dos Sonhos’ e que incluía várias componentes, desde a fotografia, a instalação e a vídeo arte. Mas sabíamos que se ganhássemos a representação de Macau teríamos de ajustar muito essa ideia devido às limitações do espaço disponível em Veneza. A mostra da galeria do Tap Seac acaba por ser a que permite uma aproximação mais fiel à ideia original.” O curador acrescenta que, graças à “generosidade dos meios que o IC colocou à disposição dos artistas”, foi permitido “delimitar os espaços dos diversos ‘sonhos’ dando a conhecer o conteúdo que o YiiMa produziu para ser mostrado em Veneza, com o sucesso que lhe foi reconhecido. Nessa perspectiva os visitantes de Macau são uns privilegiados ao visitarem esta exposição do YiiMa”, rematou. Na mostra patente em Lisboa, no então Museu Colecção Berardo, já encerrado, mostraram-se imagens com os próprios artistas transformados em anjos e a representação de lugares icónicos de Macau que foram mudando ao longo do tempo, como casas de matriz chinesa, estruturas de bambu, templos budistas no meio da cidade. Em todas as obras se faz um exercício de reflexão sobre a Macau do passado e do presente e as constantes mudanças urbanísticas que têm ocorrido ao longo do tempo.
Hoje Macau EventosÓbito | Nobel da Literatura japonês Kenzaburo Oe morre aos 88 anos O escritor Kenzaburo Oe morreu na madrugada de 3 de Março de causas naturais, anunciou ontem a editora japonesa do Prémio Nobel da Literatura, Kodansha. Num comunicado, a editora sublinhou que Oe “morreu de velhice” e que a família já realizou, entretanto, o funeral do escritor, um ícone japonês progressista e inconformista. Nascido em 1935, numa remota aldeia da ilha de Shikoku, no sudoeste do Japão, no meio de uma vasta floresta, cenário que utilizaria frequentemente no seu trabalho, Oe estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio. Na sua obra, denunciou incansavelmente a violência infligida aos fracos e manifestou-se contra o conformismo da sociedade japonesa moderna. Em 1958, ganhou o prestigiado prémio Akutagawa para jovens autores por “A Captura”. A trágica história de um piloto afro-americano capturado por uma comunidade japonesa durante a Segunda Guerra Mundial seria mais tarde adaptada para o cinema por Nagisa Oshima. Oe ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1994, tornando-se o segundo autor japonês a alcançar essa distinção. Na altura o júri elogiou o escritor como alguém “que, com grande força poética, cria um mundo imaginário onde vida e mito se condensam para formar um quadro confuso da actual frágil situação humana”. Pouco depois Oe recusou a Ordem da Cultura, uma distinção japonesa atribuída pelo imperador, algo que causou polémica. “Não posso reconhecer nenhuma autoridade, nenhum valor superior à democracia”, justificou. O escritor foi um ardoroso defensor da causa antinuclear e da constituição pacifista adotada pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial. Odiado pelos nacionalistas japoneses, Oe seria processado por difamação, mas absolvido, por ter lembrado no ensaio “Notas de Okinawa” (1970), que civis tinham sido levados ao suicídio por soldados japoneses durante a Batalha de Okinawa em 1945.
Hoje Macau EventosÓscares | Michelle Yeoh faz história ao ganhar estatueta de melhor actriz Pela primeira vez na história dos Óscares uma actriz asiática conquista o Óscar de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh, de origem malaia, ganhou o prémio pelo seu papel no filme “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, um dos grandes vencedores da noite, também considerado o Melhor Filme. Brendan Fraser, protagonista de “A Baleia”, foi o Melhor Actor Foram precisos muitos anos para que uma actriz asiática subisse ao palco dos Óscares e se sagrasse vencedora na categoria de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh fê-lo na 95.ª edição dos Óscares, na noite deste domingo [hora dos EUA], pelo seu papel em “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, destronando outros nomes favoritos, nomeadamente Cate Blanchett, que concorria pelo seu papel de Lydia Tár em “Tár”, Ana de Armas, em “Blonde”, Andrea Riseborough, em “Para Leslie”, e Michelle Williams, em “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg. No discurso de aceitação do Óscar, Michelle Yeoh dedicou o prémio “a todos os pequenos rapazes e raparigas que me estão a ver esta noite, isto é um farol de esperança e de possibilidades”. “É a prova de que os sonhos sonhados são grandes e que se tornam realidade. Dedico-o à minha mãe, a todas as mães do mundo, porque são verdadeiros super-heróis, e sem elas nenhum de nós estaria aqui esta noite”, acrescentou. Brendan Fraser recebeu o Óscar de Melhor Actor pelo desempenho em “A Baleia”, de Darren Aronofsky, filme que já esteve em exibição na Cinemateca Paixão. A interpretação de Fraser já recebera este ano o prémio do Sindicato dos Actores, entre outras distinções. Para o Óscar de Melhor Actor estavam nomeados Austin Butler, por “Elvis”, Colin Farrell, por “Os Espíritos de Inisherin”, Paul Mescal, por “Aftersun”, e Bill Nighy, por “Viver”. O grande vencedor “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, da dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, conhecida como “Os Dois Daniéis”, teve 11 nomeações e venceu grande parte delas, nomeadamente a de Melhor Argumento, Melhor Filme, Melhor Actor Secundário, com Ke Huy Quan, o segundo asiático na história dos Óscares a ganhar nesta categoria, e Melhor Actriz Secundária, com Jamie Lee Curtis. O filme foi o mais premiado desde “Quem Quer Ser Bilionário”, em 2008. Michelle Yeoh considerou, à saída da cerimónia, que este foi “um momento histórico que quebrou o tecto de vidro” com um movimento de Kung-Fu. “Isto é para todos os que foram identificados como minorias”, considerou a actriz. “Nós merecemos ser ouvidos, merecemos ser vistos e ter oportunidades iguais, para podermos ter um lugar à mesa”, continuou. “Deixem-nos provar que nós valemos a pena”. Urgindo todos os que têm sonhos a “acender esse fogo na alma”, Yeoh, de 60 anos, também mandou um recado aos que têm preconceitos contra as mulheres após uma certa idade. “Não deixem que vos ponham dentro de uma caixa, que vos digam que já não estão no auge”, afirmou. A importância da representação e reconhecimento de actores asiáticos também foi abordada por Ke Huy Quan, que ganhou um Óscar depois de andar afastado da indústria durante décadas por falta de oportunidades. “Quando comecei a representar em criança, lembro-me de o meu agente me dizer que seria mais fácil se eu tivesse um nome que soasse americano”, disse Ke Huy Quan. Foi por isso que na fase inicial da carreira o seu nome aparecia como Jonathan Ke Quan. “Quando decidi voltar à representação há três anos, a primeira coisa que quis fazer foi regressar ao meu nome de nascimento”, explicou. Quan foi o vencedor mais exuberante da noite na sala de entrevistas, para onde entrou aos saltos e a gritar de alegria. “Conseguem acreditar que estou a segurar uma [estatueta] destas na mão?”, perguntou. “Isto é tão surreal”. Pelos bastidores também passaram os ‘dois Daniéis’, que levaram ainda para casa a estatueta Melhor Realização, batendo Steven Spielberg. “Estamos numa crise de saúde mental, em especial a geração mais jovem, que não tem muito por que ansiar”, disse o co-realizador Daniel Kwan. “Há uma desolação que se infiltra”, referindo que ele próprio passou por tempos muito difíceis na adolescência. “O poder radical e transformador da alegria, do absurdo e de perseguir a nossa felicidade é algo que quero trazer às pessoas”, disse, “e este filme é um tiro de alegria, absurdo e criatividade”. O produtor Jonathan Wang acrescentou que a intenção da equipa era que o filme culminasse num abraço caloroso, apesar de ser uma história de caos. “Decidimos dedicar a nossa vida a fazer filmes que são bons e que levam a algo bom, e não apenas a algo que vai obter atenção”, afirmou. A história de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade (“Evelyn Wang”) que se vê atirada para uma aventura em múltiplos universos e linhas temporais. Quase lá A Melhor Longa-Metragem de Animação acabou por ser “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, mas estes Óscares foram marcantes para o cinema português pelo facto de “Ice Merchants”, de João Gonzalez, ter sido o primeiro filme de sempre a ser nomeado. Guillermo Del Toro disse que o filme é uma afirmação da animação como arte e dos animadores como artistas. “Esta é uma forma de arte que tem sido mantida comercial e industrialmente na mesa das crianças por demasiado tempo”, disse Guillermo Del Toro nos bastidores dos Óscares, após vencer a estatueta. “É na verdade uma forma de arte madura, expressiva, bonita e complexa”, afirmou o realizador, que estava extático com a vitória. Usando a técnica ‘stop motion’ e não ‘live action’, o filme da Netflix afirmou-se com uma história que diverge do conto infantil escrito por Carlo Collodi e das várias adaptações que se seguiram. Del Toro disse, na sala de entrevistas, que o Óscar é um triunfo desta técnica, que considerou ser “uma das formas mais democráticas de animação”. “Era muito importante para mim ter a oportunidade de dizer que a realização, escrita, direcção de arte e design de produção, tudo o que fazemos na animação é análogo, tão ou mais complexo que ‘live action’”, referiu o cineasta. Del Toro, que fez várias piadas e deu algumas respostas em espanhol na sala de entrevistas, também disse ser importante que a animação tenha sido feita por pessoas “a quem foi prometido serem tratadas como artistas e não como técnicos”. Sobre o impacto da história em si, o cineasta mexicano disse que o filme tem vários aspectos reversos e significativos. “Um dos mais importantes é que não é uma criança a aprender a ser um menino de verdade, mas um pai a aprender um pai de verdade”, disse. “É uma lição urgente no mundo”. O realizador acrescentou que o filme também mostra uma urgência de desobedecer. “Estamos a dizer que a desobediência não é apenas necessária, é uma virtude urgente no mundo”. É “um pai imperfeito e um filho imperfeito”, descreveu, que representam a forma como podemos amar-nos uns aos outros com “os nossos falhanços, defeitos e a nossa humanidade”.