FRC | “Muda as Regras”, exposição de Zheng Yu, a partir de amanhã

Zheng Yu é o artista em destaque na exposição que abre portas amanhã na Fundação Rui Cunha. “Muda as Regras” questiona as formas mais tradicionais de criar arte e traz diversas obras, entre escultura e pintura, apresentadas nos formatos artísticos habituais e também em NFT (Non-fungible Tokens)

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe, a partir de amanhã, às 18h30, uma nova exposição co-organizada pela Associação Internacional de Arte Contemporânea de Macau. De nome “Muda as Regras” [Change the Rules], a mostra é do artista Zheng Yu, que propõe, com este evento, um exercício de reflexão sobre as formas de apresentar arte ao grande público e a crescente importância da arte digital.

Com curadoria de Bill Wong, esta mostra reúne 79 peças de arte contemporânea, entre pintura acrílica, escultura e NFT (Non-fungible Tokens), criados como obras de arte digital transaccionável, mas apresentados aqui em conjuntos de peças físicas.

Nos últimos anos, com o rápido desenvolvimento da Internet, a tecnologia de blockchain e o surgimento dos NFT tiveram um significativo impacto no mundo da arte contemporânea. A forma como as pessoas apreciam a arte já não se limita aos museus e galerias. O público pode facilmente desfrutar de obras de arte online, em qualquer lugar e a qualquer hora. Para os artistas, a forma de criar e publicar arte também se tornou mais conveniente, rápida e eficaz.

Segundo um comunicado da FRC, Zheng Yu entende que o papel dos NFT no mercado da arte tem sido “dominado pelas regras artísticas da sociedade ocidental”, segundo as quais se um artista criar uma obra de arte física e produzir um NFT da mesma obra, os dois formatos não poderão coexistir. O artista considera, assim, que “se a obra permanecer na forma de NFT, o físico deverá ser destruído. E vice-versa”.

Ainda sobre este mundo da arte digital, mais concretamente o NFT, o curador entende que este tem “características únicas, assim como as obras físicas”. “Zheng acredita que, embora no sentido visual o NFT e o trabalho físico pareçam iguais, a sua existência em diferentes meios determina que eles sejam únicos de forma independente. Na verdade, são duas obras de arte diferentes. Então, porque temos de seguir as regras de arte feitas pelo Ocidente? Por que não tentamos nós mesmos fazer as regras?”, questionou.

Estímulo ao pensamento

O curador adiantou também, sobre esta mostra, que “o mais interessante sobre a arte contemporânea é que os artistas muitas vezes apresentam as suas ideias artísticas de formas inesperadas”.

“No campo da arte contemporânea, a definição de beleza e fealdade tornou-se confusa, as posições de liderança e assistência podem ser invertidas e as regras tradicionais de apreciação das coisas são quebradas. O público também deve tentar mudar os seus próprios hábitos de visualização, de modo a compreender melhor o que é expresso pelas obras de arte contemporânea”, disse.

Bill Wong explica ainda que o trabalho de Zheng Yu pretende, acima de tudo, “estimular o pensamento das pessoas”. “O que é arte? O que é arte “única”? Como apreciar a arte? Qual é o valor da vida? Como convive o ser humano com o meio ambiente? E assim por diante”, sugeriu.

Bilhete de identidade

Zheng Yu é membro do conselho da Associação Internacional de Arte Contemporânea de Macau, vice-director geral da Sociedade Internacional de Pintura a Óleo de Macau e membro do conselho da União dos Artistas da Área da Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau. Zheng Yu pertence ainda à Sociedade dos Artistas de Macau. A sua obra “Tsuimu” recebeu o Prémio de Prata na Société Nationale des Beaux Arts 2018. Foi convidado a expor os seus trabalhos em diversas exposições em França, nos EUA e em cidades da China continental, incluindo Hong Kong e Macau. A exposição pode ser vista até ao dia 23 de Setembro e tem entrada livre.

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