Pequim-Luanda | Comércio cresceu no primeiro semestre e asiáticos reafirmam parceria

China e Angola atravessam uma fase positiva nas relações bilaterais com benefícios no desenvolvimento económico das duas nações

As trocas comerciais entre China e Angola atingiram os 10,6 mil milhões de dólares, no primeiro semestre, um crescimento homólogo superior a 4 por cento, evidenciando o bom relacionamento bilateral defendeu na quarta-feira uma diplomata chinesa.

Chen Feng, ministra conselheira da embaixada da China em Angola, falava aos jornalistas à margem de uma conferência sobre a promoção da globalização económica universalmente benéfica e inclusiva”, no âmbito do Fórum de Cooperação China-África, e sublinhou que a proximidade com os Estados Unidos da América não compromete a relação da China com Angola.

“Somos países independentes, soberanos, temos toda a liberdade de ser amigos de qualquer país. Estamos num bom período para desenvolver as relações bilaterais China-Angola, não houve alterações nesse âmbito”, disse a diplomata enfatizando que a China quer continuar a partilhar as suas experiências com Angola.

“Queremos aprimorar a nossa cooperação bilateral e apoiar Angola a diversificar a economia e a realizar o desenvolvimento sustentável”, salientou, apontando a agricultura e a indústria como áreas preferenciais, bem como a formação de recursos humanos.

Sobre a visita do Presidente norte-americano Joe Biden a Angola, que deveria ter acontecido entre 13 e 15 de Outubro, mas foi adiada sem data, Chen Feng considerou que Angola é um país relevante e estratégico em África, com influência nas questões regionais e internacionais.

Assinalou, por outro lado, que também a China contribuiu para o desenvolvimento do Corredor do Lobito, investindo na modernização do Caminho de Ferro de Benguela e no Porto do Lobito.

Ponto chave

A China era um dos países que tinha manifestado interesse na concessão do Corredor do Lobito, que acabou por ser entregue a um consórcio europeu.

A infra-estrutura ferroviária que percorre Angola ao longo de mais de 1.300 quilómetros, ligando o Porto do Lobito à República Democrática do Congo, conta também com um financiamento norte-americano que poderá chegar aos 1,3 mil milhões de dólares.

O Corredor do Lobito é considerado estratégico para a exportação dos minerais da República Democrática do Congo, surgindo como contraponto ocidental à iniciativa de infra-estruturas chinesa Belt and Road (Faixa e Rota).

18 Out 2024

Ucrânia | Kremlin rejeita plano de vitória de Zelensky

O Kremlin rejeitou ontem o “plano de vitória” apresentado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao parlamento, em Kiev, argumentando que a Ucrânia “precisa de acordar”. “O único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que a sua política não tem perspectivas e que precisa de acordar”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.

O líder da Ucrânia esteve ontem de manhã a apresentar aos deputados ucranianos o seu “plano de vitória” para a guerra, depois de ter abordado o documento com alguns dos principais aliados ocidentais com o objectivo de os convencer a ajudá-lo a pôr em prática as medidas delineadas por Kiev e a derrotar a Rússia.

Esta apresentação no parlamento ucraniano acontece na véspera de Zelensky ir a Bruxelas para participar, como convidado, no Conselho Europeu que decorre entre hoje e amanhã. Na ocasião, o líder ucraniano irá apresentar os pormenores do plano aos 27 do bloco europeu.

O plano de Zelensky inclui uma vertente militar, prevendo-se para isso ajuda e autorizações dos aliados ocidentais – sobretudo da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos – para usar armas de longo alcance doadas para atacar alvos em solo russo.

O plano prevê também que a Ucrânia continue a fazer avanços no terreno contra as forças russas, o que lhe daria argumentos para obrigar a Rússia a sentar-se à mesa das negociações, nomeadamente numa cimeira de paz.

Com certeza

Ontem, na intervenção no parlamento ucraniano, Zelensky rejeitou a possibilidade de ceder território à Rússia ou aceitar um “congelamento” na linha da frente, sublinhando que Moscovo vai perder a guerra iniciada em Fevereiro de 2022.

“A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um ‘congelamento’ [da frente]. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania”, defendeu.

A Ucrânia e os seus aliados devem “forçar a Rússia a participar numa cimeira de paz e estar pronta para acabar com a guerra”, afirmou ainda o Presidente ucraniano, sublinhando que o plano de vitória foi preparado “para os ucranianos”.

Ainda no parlamento, Zelensky propôs a instalação na Ucrânia de um conjunto completo de medidas estratégicas de dissuasão não nucleares que, segundo defendeu, “serão suficientes para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar da Rússia”.

Outra vertente do plano, mais encaminhada, é a adesão da Ucrânia à UE, indicaram esta semana funcionários europeus, que realçam os progressos ucranianos nas reformas exigidas para entrada no bloco comunitário e que servem de inspiração a outros países candidatos dos Balcãs Ocidentais, que iniciaram o processo há vários anos.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, a 24 de Fevereiro de 2022. Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra sectores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

17 Out 2024

Pyongyang | Mais de um milhão de jovens alistaram-se no exército

As tensões entre as duas Coreias levaram, segundo o Governo, milhões de jovens a juntarem-se ao exército norte-coreano. Pyongyang ameaça, mais uma vez, retaliar em força se o Sul praticar mais alguma acção provocatória

 

A Coreia do Norte afirmou ontem que mais de um milhão de jovens se alistaram esta semana no exército, depois de Pyongyang acusar Seul de enviar ‘drones’ para território norte-coreano e ameaçar retaliar.

“Milhões de jovens juntaram-se à luta nacional para eliminar a escória da República da Coreia que cometeu uma grave provocação ao violar a soberania da República Popular Democrática da Coreia através da infiltração de um ‘drone’”, escreveu a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, referindo-se aos dois países pelos nomes oficiais.

De acordo com a KCNA, mais de 1,4 milhões de jovens, incluindo estudantes e líderes de ligas juvenis, voluntariaram-se na segunda e na terça-feira para se juntarem ao Exército Popular da Coreia.

A Coreia do Norte, onde o longo serviço militar é obrigatório para todos os homens, registou no passado vagas maciças de alistamento patriótico durante períodos de grande tensão com Seul ou Washington.

O regime norte-coreano queixou-se do envio de vários ‘drones’, desde Outubro, que terão alegadamente lançado panfletos de propaganda com “rumores inflamatórios e disparates” sobre a capital. Pyongyang responsabilizou Seul pelas acções e avisou que o envio de mais um ‘drone’ vai ser considerado “uma declaração de guerra”.

No domingo, o Governo norte-coreano disse ter ordenado a oito brigadas de artilharia para estarem “totalmente preparadas para abrir fogo”, além de ter reforçado os postos de observação aérea em Pyongyang.

Olha o balão

O Ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, negou qualquer envolvimento. No entanto, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) disse que “não podia confirmar se as alegações norte-coreanas eram verdadeiras ou não”.

O envio poderá ter partido de grupos sul-coreanos que habitualmente enviam propaganda e dólares para o Norte, normalmente em balões, mas por vezes em pequenos ‘drones’ difíceis de detectar pelas defesas aéreas do Norte e do Sul, indicaram observadores.

As autoridades da província de Gyeonggi, que faz fronteira com a Coreia do Norte, vão designar as cidades fronteiriças de Yeoncheon, Gimpo e Paju “como zonas especiais de ‘perigo’ onde qualquer pessoa que tente enviar panfletos para o Norte pode ser investigada criminalmente”, disse um funcionário à agência de notícias France-Presse.

17 Out 2024

Taiwan | Pequim protesta contra visita à Europa de Tsai Ing-wen

A embaixada da China na República Checa manifestou ontem o seu repúdio pela recente visita a Praga da antiga líder de Taiwan Tsai Ing-wen, que se encontra actualmente em Paris no âmbito de um périplo pela Europa.

“A posição da China sobre a questão de Taiwan é consistente e clara: opomo-nos firmemente a que quaisquer separatistas a favor da ‘independência de Taiwan’ visitem, sob qualquer pretexto, países que mantêm relações diplomáticas com a China”, afirmou a embaixada chinesa, num comunicado publicado no portal oficial.

“Exortamos a parte checa a aderir estritamente ao princípio de ‘uma só China’, a respeitar a soberania e a integridade territorial da China e a parar qualquer forma de apoio às forças separatistas de Taiwan, tomando medidas concretas para manter o desenvolvimento saudável e estável das relações bilaterais”, acrescentou o texto oficial.

Tsai Ing-wen (2016-2024), que deixou o poder em Maio, participou na segunda-feira no Fórum 2000 de Praga, um encontro de promoção da democracia e dos Direitos Humanos, no mesmo dia em que a China lançou uma nova vaga de manobras militares em torno de Taiwan.

Tsai aproveitou o encontro para manter conversações com a presidente da Câmara dos Deputados da República Checa, Markéta Adamová, e o presidente do Senado checo, Miloš Vystrčil, entre outros políticos.

A antiga líder da ilha, cujo programa de actividades em França não foi divulgado, deverá deslocar-se mais tarde ao Parlamento Europeu em Bruxelas, o que faria dela a primeira líder de Taiwan a visitar a capital belga.

A China opõe-se a qualquer forma de contacto oficial entre as autoridades de Taipé e políticos estrangeiros, já que considera a ilha uma província sua.

17 Out 2024

China pede ao Paquistão mais esforço na segurança após atentados suicidas

A China apontou ontem ao Paquistão a importância de um ambiente seguro para a cooperação entre os dois países, num contexto de recrudescimento da violência armada e de atentados que visam sobretudo cidadãos e projectos chineses no país.

A questão da segurança fez parte das conversações entre o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que se encontra em Islamabade para a 23.ª reunião do Conselho de Chefes de Governo da Organização de Cooperação de Xangai.

Num comunicado conjunto sobre a reunião, o Paquistão e a China concordaram em desenvolver esforços conjuntos em matéria de segurança.

Em Outubro passado, dois cidadãos chineses foram mortos e mais de uma dezena de pessoas ficaram feridas num atentado suicida no aeroporto do sul da cidade de Carachi. Li instou o Paquistão a adoptar “medidas de segurança específicas” para criar um ambiente seguro para a cooperação entre os dois países, de acordo com a declaração conjunta.

Em Março passado, um outro bombista suicida matou pelo menos cinco chineses e um paquistanês, todos trabalhadores do projecto hidroeléctrico de Dasu, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país.

O Paquistão sublinhou “o seu compromisso firme e inabalável de continuar a aumentar a contribuição e a coordenação em matéria de segurança, de reforçar as medidas de segurança e de envidar todos os esforços para garantir a segurança do pessoal, dos projectos e das instituições chinesas no Paquistão”.

Pequim comprometeu-se a investir 64 mil milhões de dólares em projectos de infra-estruturas no Paquistão no âmbito do Corredor Económico China – Paquistão (CPEC), parte da iniciativa chinesa “Faixa e Rota”.

Injecção dourada

Durante a visita de Li Qiang, que chegou a Islamabade na segunda-feira, os países manifestaram a sua determinação em acelerar o desenvolvimento do porto de Gwadar, transformando-o num centro de ligação regional. Li Qiang e Sharif inauguraram virtualmente o Aeroporto Internacional de Gwadar, financiado pela China.

A China investiu cerca de 30 mil milhões de dólares em projectos no Paquistão desde o lançamento da CPEC em 2014, de acordo com dados do Governo paquistanês.

17 Out 2024

Hong Kong | Imposto sobre bebidas alcoólicas reduzido para reactivar vida noturna

Com a implantação das novas medidas, Hong Kong tenta recuperar a dinâmica pré-pandemia e conseguir manter os seus residentes a consumir internamente em vez de os ver a viajar para o Interior nos fins-de-semana

 

 

O líder de Hong Kong anunciou ontem um corte no imposto sobre bebidas alcoólicas, numa altura em que o centro financeiro asiático espera reavivar a reputação como destino turístico com vida nocturna e gastronomia vibrantes. Depois de promulgar uma lei de segurança nacional, como definido por Pequim, o Chefe do Executivo, John Lee, enfrenta agora desafios económicos e rivais regionais como Singapura, Japão e até cidades da China continental.

As mudanças nos estilos de vida dos residentes de Hong Kong e uma vaga de emigração da classe média durante a pandemia da covid-19 reduziram a procura local.

Muitos residentes preferem agora passar fins de semana no interior da China, atraídos pelos preços mais baixos e por uma maior variedade de opções de entretenimento. Os visitantes do continente também estão a gastar menos na cidade do que antes.

É comum ver lojas vazias nas zonas comerciais mais populares da cidade e as receitas dos bares da cidade diminuíram cerca de 28 por cento no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, indicam dados oficiais preliminares.

No discurso político anual, Lee disse que a taxa de imposto para bebidas alcoólicas com um preço de importação de mais de 200 dólares de Hong Kong vai ser agora reduzida de 100 por cento para 10 por cento acima desse preço.

O responsável disse esperar que esta política promova os sectores da logística, do armazenamento, do turismo e da restauração de luxo. Em 2008, quando Hong Kong aboliu as taxas sobre o vinho, as importações aumentaram 80 por cento num ano e a cidade acolheu centenas de novas empresas relacionadas com o vinho.

Lee, um antigo secretário de Segurança escolhido por Pequim para liderar a região administrativa especial chinesa, fez aprovar a nova lei de segurança em Março.

Esta lei seguiu-se a uma lei semelhante imposta a Hong Kong por Pequim em 2020, na sequência dos protestos que abalaram a cidade em 2019. Desde que entrou em vigor, muitos dos principais activistas locais foram processados e outros exilaram-se. Para o governo regional, as leis de segurança são necessárias para a estabilidade do território.

Estas mudanças políticas dramáticas levaram também muitas famílias de classe média e jovens profissionais a emigrar para Reino Unido, Canadá, Taiwan e Estados Unidos.

Bolsos cheios, portas abertas

Para atrair mais emigrantes ricos, Lee reviu também um esquema que concede residência aos candidatos que invistam um mínimo de 30 milhões de dólares de Hong Kong em certos tipos de activos. A partir de ontem, as compras de casas avaliadas em 50 milhões de dólares de Hong Kong, ou mais, podem ser contabilizadas até um terço do requisito, disse.

Horas antes do discurso de Lee, um pequeno grupo de activistas da Liga dos Sociais-Democratas organizou uma pequena manifestação diante da sede do governo. Exigiram o sufrágio universal para as eleições para o executivo e um regime de pensões de reforma: “regresso à democracia, melhoria das condições de vida das pessoas”, gritavam.

17 Out 2024

Líbano | Mais de 400 mil crianças deslocadas em três semanas

Mais de 400 mil crianças foram deslocadas nas últimas três semanas no Líbano, afirmou ontem um alto funcionário do UNICEF, alertando sobre uma possível “geração perdida” devido à guerra entre o Hezbollah e Israel.

O director executivo adjunto para as acções humanitárias do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Ted Chaiban, visitou escolas que foram transformadas em abrigos para acolher famílias deslocadas no Líbano. “O que me impressionou foi que esta guerra tem três semanas e tantas crianças já foram afectadas”, disse Chaiban à agência de notícias Associated Press (AP) em Beirute.

“Hoje, enquanto estamos aqui, 1,2 milhões de crianças estão a ser privadas de educação. As suas escolas públicas tornaram-se inacessíveis, foram danificadas pela guerra ou estão a ser utilizadas como abrigos. A última coisa de que este país precisa, para além de tudo o que já passou, é do risco de uma geração perdida”, sublinhou o responsável do UNICEF.

“É preocupante saber que temos centenas de milhares de crianças libanesas, sírias e palestinianas que correm o risco de perder a sua aprendizagem”, disse Chaiban. Mais de 2.300 pessoas no Líbano foram mortas em ataques israelitas, quase 75 por cento destas no último mês, segundo o Ministério da Saúde libanês. Nas últimas três semanas, mais de 100 crianças foram mortas e mais de 800 ficaram feridas, disse Chaiban.

O alto funcionário do UNICEF sublinhou que as crianças deslocadas estão amontoadas em abrigos sobrelotados, onde três ou quatro famílias podem viver numa sala de aula separada por uma lona de plástico e onde 1.000 pessoas podem partilhar 12 casas de banho. Muitas famílias deslocadas montaram tendas ao longo das estradas ou em praias públicas.

Embora algumas escolas privadas libanesas ainda estejam em funcionamento, o sistema escolar público foi gravemente afectado pela guerra, juntamente com as pessoas mais vulneráveis do país, como os refugiados palestinianos e sírios.

A escalada da violência deixou fora de serviço mais de 100 unidades de cuidados de saúde primários e 12 hospitais já não funcionam ou estão a atender de forma parcial.

Desejo pelo fim

Nas últimas três semanas, 26 estações que fornecem água a quase 350 mil pessoas foram danificadas. O UNICEF está a trabalhar com as autoridades locais para as reparar, segundo Chaiban. “O que devemos fazer é garantir que isto acabe, que esta loucura acabe, que haja um cessar-fogo antes de chegarmos ao tipo de destruição, dor, sofrimento e morte que vimos em Gaza”, disse Chaiban.

Com tantas necessidades, disse, o apelo de resposta de emergência de 108 milhões de dólares para o Líbano só foi financiado em 8 por cento três semanas após o início da escalada. Chaiban pediu que a infra-estrutura civil fosse protegida e apelou a um cessar-fogo no Líbano e em Gaza, dizendo que é necessário haver vontade política e uma compreensão que o conflito não pode ser resolvido através de meios militares.

Após um ano de trocas de tiros na fronteira, Israel intensificou a sua campanha contra o grupo xiita Hezbollah no Líbano nas últimas semanas, incluindo operações terrestres. Os combates no Líbano expulsaram 1,2 milhões de pessoas das suas casas, a maioria das quais fugiu para Beirute e outras partes do norte nas últimas três semanas desde a escalada da violência.

16 Out 2024

China avisa que tensão na península coreana não interessa a nenhuma das partes

A China advertiu ontem que a “situação tensa na península coreana não é do interesse de nenhuma das partes”, depois de Pyongyang ter destruído vários troços da estrada que liga o seu território à Coreia do Sul.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China, enquanto “vizinho próximo da península”, está “preocupada com a evolução da situação”. Mao afirmou que “é imperativo evitar uma escalada do conflito”.

“A China está empenhada em manter a paz e a estabilidade na península”, acrescentou, referindo que Pequim “não alterou a sua posição de promover uma solução política” para o conflito coreano. Mao exortou “todas as partes” a “envidarem esforços conjuntos” para encontrar uma solução política.

Na semana passada, Pyongyang anunciou que ia cortar as estradas e os caminhos-de-ferro que ligam as duas coreias e fortificar essas zonas, em resposta a uma alteração constitucional recentemente aprovada que terá redesenhado unilateralmente as fronteiras nacionais por ordem do líder norte-coreano, Kim Jong-un.

O corte de rotas de transporte por parte de Pyongyang surge numa altura de tensões acrescidas na península, devido às acusações norte-coreanas de que a Coreia do Sul enviou veículos aéreos não tripulados (“drones”) carregados de propaganda para o seu território e às ameaças de responder com fogo de artilharia se ocorrerem incidentes semelhantes.

Amizade e tradição

Este mês, o Presidente chinês, Xi Jinping, trocou mensagens de felicitações com Kim por ocasião do 75.º aniversário do estabelecimento de laços entre Pequim e Pyongyang, destacando a “amizade tradicional” entre os dois países, que “resistiu a desafios numa situação internacional em mudança”.

A troca de mensagens ocorreu numa altura em que as relações entre os dois vizinhos terão esfriado, coincidindo com a forte aproximação entre Pyongyang e Moscovo.

China e Coreia do Norte estão a celebrar este ano o “Ano da Amizade Coreia do Norte-China” para assinalar o aniversário, mas as trocas entre os dois países em 2024 têm sido escassas. No entanto, a China continua a ser o principal parceiro estratégico e comercial da Coreia do Norte, com quem partilha uma fronteira de mais de 1.400 quilómetros.

16 Out 2024

Rússia / China | Relações no “nível mais elevado da História”

O vice-presidente do principal órgão militar chinês, Zhang Youxia, disse ontem ao ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que as relações bilaterais atingiram “o nível mais elevado da História” e que Pequim quer “continuar a trabalhar” com Moscovo.

O ministro russo está na China para o segundo dia da sua visita oficial, sendo a guerra na Ucrânia um dos principais temas da agenda.

A visita surge uma semana antes de o Presidente chinês, Xi Jinping, se deslocar à Rússia para participar na cimeira dos BRICS. Zhang, vice-presidente da Comissão Militar Central, sublinhou que o desenvolvimento da relação ocorreu sob a “liderança estratégica” de Xi e do seu homólogo russo, Vladimir Putin.

As relações “continuam a evoluir de forma saudável e estável”, afirmou o responsável, segundo um comunicado do ministério da Defesa chinês.

O general manifestou a disponibilidade da China para continuar a trabalhar com a Rússia, considerando o 75.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países como um “novo ponto de partida” para consolidar e desenvolver continuamente uma “amizade de boa vizinhança a longo prazo”, bem como uma “elevada confiança estratégica” e uma “cooperação mutuamente benéfica”.

Durante a reunião, Zhang sublinhou a importância de implementar o consenso alcançado pelos dois líderes, através dos intercâmbios de alto nível e aprofundamento das relações militares, para “defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento de ambos os países”.

Belousov elogiou a “amizade histórica” entre a Rússia e a China e manifestou disponibilidade para reforçar a cooperação e aproveitar as oportunidades para expandir a parceria estratégica em vários domínios.

Os dois líderes concordaram com a necessidade de continuar a reforçar a parceria estratégica, centrada na defesa, na segurança e na estabilidade regional.

16 Out 2024

Sichuan | Dois pandas a caminho de Washington

Um casal de pandas, aguardado com expectativa em Washington, iniciou na segunda-feira uma longa viagem da China até à capital norte-americana, anunciou a organização chinesa responsável pela protecção da espécie.

Partindo da província chinesa de Sichuan, o macho Bao Li e a fêmea Qing Bao, ambos com três anos, foram colocados em jaulas individuais com um grande fornecimento de bambu para a viagem, de acordo com a Associação de Conservação da Vida Selvagem da China e imagens transmitidas pela estação CNN.

Estes dois mamíferos, com um forte símbolo diplomático, foram ontem recebidos pelos meios de comunicação social, em Washington, uma vez que a cidade não tinha pandas há quase um ano. Os pandas viajam num avião especial, sob o controlo veterinário constante de uma equipa de cuidadores de Washington.

O anúncio da chegada de Bao Li e Qing Bao foi feito no final de Maio pela primeira-dama norte-americana, Jill Biden, e pelo Jardim Zoológico Nacional do Smithsonian. É neste jardim zoológico de Washington que o público norte-americano poderá conhecer os novos inquilinos dentro de poucas semanas, depois de passado o período de quarentena e aclimatação ao ar da capital.

Três pandas anteriores alojados em Washington regressaram à China em Novembro de 2023. Uma partida, após o termo de um contrato de empréstimo, que foi amplamente percepcionada como reflectindo as tensões entre Washington e Pequim.

O primeiro par de pandas foi oferecido por Pequim aos Estados Unidos em 1972, após uma visita histórica do presidente Richard Nixon à China comunista de Mao Tse-Tung.

16 Out 2024

Pequim pede a Irão e Israel que recorram à diplomacia para evitar escalada

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem ao recurso da diplomacia para evitar nova escalada do conflito no Médio Oriente, em telefonemas com os homólogos iraniano e israelita, numa altura em que a China tenta reduzir tensões.

Numa conversa telefónica com o seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi, Wang Yi sublinhou o dever da China de acalmar as tensões e promover o diálogo, de acordo com um comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.

“A China sempre defendeu a resolução dos conflitos através do diálogo e da consulta”, apontou o ministro, sublinhando ainda que Pequim continuará a reforçar a comunicação entre as partes envolvidas para construir um consenso internacional mais alargado. “Opomo-nos à exacerbação das tensões e à expansão dos conflitos”, acrescentou.

Araghchi manifestou a preocupação do Irão com o risco de nova escalada e sublinhou o valor da influência da China nos assuntos internacionais, salientando a disponibilidade de Teerão para trabalhar com Pequim na procura de soluções diplomáticas.

“O Irão não quer assistir a uma nova expansão do conflito”, afirmou, exortando Israel a ser cauteloso.

O ministro iraniano sublinhou igualmente a importância de uma coordenação estreita com a China, o seu principal parceiro comercial e aliado estratégico, para resolver a situação, enquanto aguarda a resposta de Israel ao ataque iraniano com 180 mísseis balísticos contra o Estado hebreu, a 1 de Outubro.

Travão na violência

Numa outra chamada telefónica com o seu homólogo israelita, Israel Katz, Wang sublinhou que “os desastres humanitários em Gaza não devem continuar” e que “combater a violência com violência não responde verdadeiramente às preocupações legítimas de todas as partes”.

Katz informou Wang sobre os combates no norte de Israel contra o grupo xiita libanês Hezbollah, que faz parte do “Eixo de Resistência” liderado por Teerão e pelo Hamas palestiniano.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros sublinhou que a China exige “um cessar-fogo imediato, completo e permanente em Gaza e a libertação de todos os reféns israelitas” raptados pelo Hamas.

Pequim tem reiterado em várias ocasiões o apoio à “solução dos dois Estados”, manifestando a sua “consternação” perante os ataques israelitas contra civis em Gaza, e mantém um papel cada vez mais activo como mediador nos conflitos do Médio Oriente, que surge em paralelo com os seus crescentes interesses económicos e energéticos enquanto maior importador mundial de petróleo.

Em Julho passado, foi assinado em Pequim um acordo entre o grupo islâmico Hamas, o partido secular Fatah e uma dúzia de outros grupos palestinianos e, no ano passado, a China mediou o restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita.

16 Out 2024

Astronomia | Pequim revela plano para se tornar líder mundial em ciências espaciais até 2050

Os passos dados nos últimos anos, e o plano em marcha no domínio da ciência espacial, visam transportar o país para a liderança internacional no estudo do universo

 

A China revelou ontem um plano para se tornar líder mundial em ciências espaciais até 2050, aproveitando o seu progresso na exploração do espaço, que inclui já a construção de uma estação espacial e trazer rochas da lua.

“A investigação em ciências espaciais do nosso país está ainda numa fase inicial”, afirmou Ding Chibiao, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências, o principal instituto científico do país, em conferência de imprensa.

O plano, publicado conjuntamente com a Administração Espacial Nacional da China e o Gabinete de Engenharia Espacial Tripulada da China, visa realizar feitos marcantes “com uma influência internacional significativa”, que impulsionem avanços na inovação e transformem a China numa potência no estudo do espaço.

O Plano Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento das Ciências Espaciais (2024-2050), dividido em três fases, prevê que a China realize entre cinco e oito missões científicas até 2027, com o objectivo de fazer descobertas significativas no domínio da astronomia de alta energia e da exploração de Marte e da Lua.

Entre 2028 e 2035, vão ser efectuadas 15 missões, incluindo algumas de especial relevância, na procura de planetas habitáveis e no estudo das ondas gravitacionais.

Na fase 2036-2050, o país aspira a realizar mais de 30 missões espaciais, com o objectivo de fazer progressos em domínios como a origem do universo e a exploração tripulada.

Entre as áreas prioritárias do plano está a investigação sobre a origem e a evolução do cosmos, o estudo das ondas gravitacionais para explorar fenómenos como a formação de buracos negros e a natureza do espaço-tempo e a ligação Sol-Terra, centrada na análise do impacto da actividade solar no clima espacial e na tecnologia da Terra.

Será dada ainda prioridade à procura de planetas habitáveis dentro e fora do sistema solar, investigando o seu potencial para albergar vida.

Rivais “extraterrestres”

Além de colocar em órbita uma estação espacial, a China já aterrou uma sonda em Marte. O seu objectivo é colocar uma pessoa na Lua antes de 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos. O país também planeia construir uma estação de investigação na Lua.

O programa lunar faz parte de uma rivalidade crescente com os Estados Unidos – ainda líder na exploração espacial – e outros países, incluindo o Japão e a Índia. Os Estados Unidos estão a planear colocar astronautas na Lua pela primeira vez em mais de 50 anos, embora a NASA tenha adiado a data prevista para 2026, no início deste ano.

Os EUA lançaram esta semana uma nave espacial numa viagem de cinco anos e meio com destino a Júpiter, onde tentará estudar uma das luas do planeta para ver se o seu vasto oceano oculto contém vida.

16 Out 2024

China | Dívida oculta regional resgatada em títulos do Tesouro

O plano da China para trocar “dívida oculta” dos governos locais e regionais por títulos do Tesouro ultrapassará os 2,2 biliões de yuan, segundo estimativas divulgadas pela agência noticiosa oficial Xinhua.

O ministro das Finanças chinês, Lan Fo’an, anunciou no fim de semana o aumento extraordinário “numa escala relativamente grande” do limite máximo da dívida, com o objectivo de trocar estes passivos ocultos para ajudar as administrações locais a reduzir os riscos de endividamento e a limpar os seus balanços.

Enquanto Lan se limitou a referir que os pormenores do plano seriam conhecidos quando os respectivos procedimentos legais estivessem resolvidos, a Xinhua detalhou que o ministro também garantiu que seria “o mais forte dos últimos anos”, e recorda que o montante do ano passado foi de 2,2 biliões de yuan, pelo que as novas medidas “vão definitivamente ultrapassar” esse valor.

Há anos que “dívida oculta” dos governos regionais preocupa Pequim: em 2018, já tinha apelado às administrações locais para que deixassem de acumular dívida através de canais de financiamento informais conhecidos como “veículos financeiros da administração local” (LGFV).

Os LGFV são entidades semipúblicas que foram criadas para contornar as restrições ao endividamento das autoridades regionais e que se espalharam por toda a China após a crise financeira de 2008, acumulando uma dívida total de cerca de 66 biliões de yuans, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional. Até 2024, o ministério das Finanças atribuiu cerca de 1,2 biliões de yuan para apoiar os governos locais na resolução da “dívida oculta”.

O académico He Daxin, citado pela Xinhua, afirmou que o plano de redução da dívida visa não só reduzir os riscos, mas também libertar as administrações locais para aumentarem novamente as despesas públicas, expandindo o investimento e promovendo o consumo. “Isto encorajará os governos locais a desempenhar um papel mais activo no desenvolvimento económico e ajudará a melhorar ainda mais o ambiente empresarial local, aumentando a confiança nos mercados e produzindo um efeito de amplificação”, disse He.

O plano envolverá a troca de dívida extraorçamental com taxas de juro elevadas por obrigações do Tesouro a mais longo prazo e de baixo custo.

Wang Tao, da UBS, escreveu numa nota que este novo programa será muito maior do que o realizado em 2023 e 2024, e será mais comparável ao realizado entre 2015 e 2018, que totalizou cerca de 12 biliões de yuans.

De acordo com Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, embora “os esforços para fazer face aos riscos da dívida da administração local (…) sejam positivos para a estabilidade financeira a longo prazo, envolvem principalmente a transferência de dívida de uma bolsa do Estado para outra, pelo que terão relativamente pouco impacto na procura a curto prazo”.

15 Out 2024

Taiwan | Tropas chinesas cercam ilha em exercício militar

Na sequência do discurso do líder de Taiwan, no dia 10 de Outubro, entendido como uma provocação, Pequim lançou um exercício militar abrangente destinado a provar que exerce controlo sobre a ilha, entre outros objectivos.

Na segunda-feira, o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular (PLA) enviou as suas tropas do exército, da marinha, da força aérea e da força de foguetões para realizar exercícios militares conjuntos com o nome de código Joint Sword-2024B no Estreito de Taiwan e nas áreas a norte, sul e leste da ilha de Taiwan. “O exercício serve como um aviso severo aos actos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’. É uma operação legítima e necessária para salvaguardar a soberania do Estado e a unidade nacional”, afirmou o capitão Li Xi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do PLA, num comunicado divulgado na manhã de segunda-feira.

Com navios e aviões a aproximarem-se de Taiwan a partir de diferentes direcções, “as tropas de vários serviços participam em exercícios conjuntos, centrados em temas como a patrulha de prontidão de combate marítimo e aéreo, o bloqueio de portos e áreas importantes, o assalto a alvos marítimos e terrestres, bem como a tomada conjunta de superioridade abrangente, de modo a testar as capacidades de operações conjuntas das tropas do comando do teatro”, disse Li.

O âmbito da dissuasão no exercício de segunda-feira expandiu-se, e o exercício está a aproximar-se de Taiwan em comparação com os anteriores, especialmente com os navios da Guarda Costeira da China a realizar operações de patrulha e controlo em torno da ilha, alcançando novos avanços sucessivos, disse Zhang Chi, professor da Universidade de Defesa Nacional do PLA, na segunda-feira.

Zhang disse que o exercício de segunda-feira, “com força avassaladora e profundidade estratégica”, reduziu significativamente o “espaço operacional e de defesa” das forças armadas de Taiwan. As forças navais e aéreas do ELP, juntamente com o CCG, estão a avançar em direção a Taiwan a partir de várias direcções, impondo um bloqueio total à ilha. “É como se uma espada afiada estivesse a atravessar o chamado espaço de defesa das autoridades de Taiwan, aproximando-se cada vez mais da ilha, demonstrando plenamente as capacidades operacionais conjuntas do ELP em vários domínios operacionais em torno da ilha de Taiwan”, disse Zhang.

Após uma análise mais aprofundada das áreas designadas para este exercício, Zhang disse que o ELP estabeleceu seis zonas: duas no Estreito de Taiwan, duas a leste da ilha, uma no norte e uma no sul. Zhang referiu que os exercícios no mar e no espaço aéreo do norte servem de aviso directo às principais figuras da ‘independência de Taiwan’. Em comparação com os exercícios anteriores do ELP em torno da ilha de Taiwan nos últimos anos, o âmbito de dissuasão do atual exercício aumentou significativamente e a localização do exercício está a aproximar-se da ilha. “Em resposta às provocações das forças separatistas em conluio com potências externas, o ELP desenvolveu uma postura proactiva de combate para lidar com estes desafios”, disse Zhang.

Provocações e respostas

“Quanto mais agressivamente os separatistas fizerem avançar a sua agenda, maiores serão as contramedidas que terão de enfrentar. O exercício também transmite um forte sinal de oposição firme à ‘independência de Taiwan’ e um compromisso inabalável de salvaguardar a reunificação nacional, dissipando a ilusão entre as forças separatistas de que o continente se absterá de tomar medidas militares”, disse Wang Wenjuan, um especialista da Academia de Ciências Militares do PLA.

Wang disse que o exercício também mostra o espírito inabalável dos militares chineses, a preparação de alto nível e as fortes capacidades de combate. “Como uma espada pendurada no alto ou um martelo pronto para atacar a qualquer momento, ele força Lai a sentir a dissuasão da guerra em primeira mão, transmitindo uma mensagem clara em uma linguagem que elas entendem – que secessão significa guerra”, disse Wang.

Wang observou que este exercício mostrará a Lai e às forças separatistas da “independência de Taiwan” a determinação e a confiança do continente em defender a unidade nacional e a integridade territorial. “Quanto maior for a provocação, mais forte será a resposta”.

Taipé | Lidar com o assunto

O Gabinete Presidencial de Taiwan apelou à China para “cessar as provocações militares que prejudicam a paz e a estabilidade regionais e deixar de ameaçar a democracia e a liberdade de Taiwan”. “As nossas forças armadas irão definitivamente lidar com a ameaça da China de forma adequada”, disse Joseph Wu, secretário-geral do conselho de segurança de Taiwan, num fórum em Taipé, a capital de Taiwan. O ministério da Defesa de Taiwan informou que enviou navios de guerra para pontos designados, para efectuar a vigilância. Também colocou grupos móveis de mísseis e radares em terra para seguir os navios no mar.

A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, altura em que levou a cabo a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.

Japão e EUA acompanham situação

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, assegurou que Tóquio está a acompanhar as manobras militares chinesas em torno de Taiwan e que o Japão está preparado para “qualquer evolução”. “A paz e a segurança no Estreito de Taiwan e nas suas imediações são extremamente importantes para a região. O Japão está a acompanhar de perto a situação”, declarou Ishiba aos meios de comunicação locais. “Estaremos preparados para qualquer evolução”, acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

O ministro da Defesa japonês, general Nakatani, também disse que Tóquio está a observar as manobras com grande atenção. Nakatani referiu que as tropas japonesas tomaram as precauções necessárias para o caso de um míssil utilizado pela China durante as manobras cair em águas territoriais do Japão.

Os Estados Unidos, o principal fornecedor de armas a Taiwan, descreveu os exercícios como uma reação “militarmente provocadora” de Pequim a um “discurso anual de rotina” de Lai.

“Apelamos à República Popular da China para que actue com moderação e evite qualquer acção que possa prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e em toda a região, o que é essencial para a paz e a prosperidade regionais e uma preocupação internacional”, advertiu o Departamento de Estado.

Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros reiterou que a independência de Taiwan é incompatível com a paz. “Se os EUA estão interessados na paz entre os dois lados do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio ‘uma só China’, não enviar sinais errados às forças pró-independência e deixar de fornecer armamento a Taiwan”, declarou a porta-voz da diplomacia de Pequim Mao Ning.

15 Out 2024

Japão | PM destaca significado do Nobel da Paz

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, congratulou-se sexta-feira com a atribuição do Prémio Nobel da Paz à Nihon Hidankyo, a organização que representa os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, qualificando-a de “extremamente significativa”.

“O facto de o Prémio Nobel da Paz ter sido atribuído a esta organização, que trabalhou durante muitos anos para a abolição das armas nucleares, é extremamente significativo”, declarou Ishiba à imprensa, segundo a agência francesa AFP.

O Comité Nobel norueguês atribuiu sexta-feira o Prémio Nobel da Paz à Nihon Hidankyo, uma organização formada por sobreviventes às radiações atómicas (conhecidos por ‘hibakusha’) das bombas lançadas há 79 anos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.

Fundada em 10 de Agosto de 1956, a Nihon Hidankyo defende “a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e a eliminação das armas nucleares”, segundo a página da organização na Internet.

Um dos líderes da organização galardoada, Toshiyuki Mimaki, disse que “gostaria de ver a abolição das armas nucleares” e lembrou as ameaças actuais com os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.

Trançando um paralelo, Mimaki disse que situação em Gaza é “como a do Japão há 80 anos”, devastado pelas bombas no final da Segunda Guerra Mundial, referindo-se às imagens das “crianças a sangrar” do território palestiniano. O Prémio Nobel, que consiste num diploma, numa medalha de ouro e num cheque de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 970 mil euros), será entregue formalmente em 10 de Dezembro, em Oslo.

Em 2023, o comité norueguês atribuiu o Prémio Nobel da Paz à activista iraniana Narges Mohammadi, presa no Irão, pela sua luta contra o uso obrigatório do véu pelas mulheres e a pena de morte.

13 Out 2024

Pyongyang adverte Seul sobre “desastre” se voltar a enviar ‘drones’ para o Norte

A Coreia do Norte advertiu ontem a Coreia do Sul de que enfrentará um “horrível desastre” se voltar a enviar ‘drones’ para sobrevoar Pyongyang.

“A próxima vez que um ‘drone’ da República da Coreia [nome oficial da Coreia do Sul] for avistado no céu sobre a nossa capital irá certamente desencadear um desastre horrível”, avisou a irmã do líder norte-coreano, Kim Yo-jong, num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal norte-coreana.

Na sexta-feira, Pyonyang afirmou que o Sul tinha enviado ‘drones’ que sobrevoaram a capital norte-coreana pelo menos três vezes na última semana, numa grave violação militar da soberanía. A KCNA afirmou que os ‘drones’ transportavam panfletos de propaganda contra o regime de Kim Jong-un.

“Desencadearemos uma forte retaliação, independentemente dos factores envolvidos nos ‘drones’ que transportam propaganda política da República da Coreia e que se infiltram no nosso território”, afirmou a também vice-directora do Departamento de Propaganda e Agitação da Coreia do Norte.

“Não estamos preocupados em saber quem é a principal força provocadora por trás do recente incidente com o ‘drone'”, acrescentou Kim, na mesma nota.

Trocas aéreas

A KCNA publicou também uma imagem em que alegadamente mostra um dos ‘drones’ e um pacote de panfletos a sobrevoar o céu nocturno, classificando a acção como uma “violação flagrante” da soberania e segurança norte-coreanas e uma “violação violenta do direito internacional”.

O Ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, negou estas afirmações no mesmo dia e disse “desconhecer a situação” quando questionado pelos deputados, na sequência da publicação da KCNA.

Por seu lado, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul indicou que “não pode confirmar a veracidade das alegações da Coreia do Norte”, estando a investigar se organizações civis podem ter enviado panfletos por ‘drone’.

Nos últimos meses, a Coreia do Norte enviou mais de 5.000 balões de lixo para o Sul, em resposta aos balões de propaganda antirregime enviados regularmente por activistas do Sul. Estes grupos de activistas dos direitos humanos afirmaram que, por vezes, também conseguiram enviar ‘drones’ carregados de panfletos para a Coreia do Norte.

13 Out 2024

Timor-Leste | Xanana Gusmão em visita oficial a Portugal

O líder do governo timorense tem uma agenda apertada com deslocações aos Açores, lançamento de livros e a assinatura do Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 no valor de 75 milhões de euros

 

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, iniciou sábado uma visita oficial a Portugal durante a qual será assinado o Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 e mais dois acordos relativos a reabilitação de património e infraestruturas.

O novo Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 tem o valor de 75 milhões de euros e terá cinco áreas prioritárias, nomeadamente Desenvolvimento Humano, Estado de Direito e Boa Governação, Administração Pública, Finanças Públicas e Economia, Juventude e Emprego e Oceanos Sustentabilidade e Infraestruturas.

O último PEC entre os dois Estados, que vigorou no período 2019-2023, teve uma execução de 102 por cento e tinha um envelope financeiro de 70 milhões de euros para intervenções nos setores de Consolidação do Estado de Direito e Boa Governação, Educação, Formação e Cultura e Desenvolvimento Socioeconómico Inclusivo.

Programa das festas

Para hoje, estão marcados encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando se realizará também um jantar oficial, oferecido pelo chefe do Governo português.

Na terça-feira, Xanana Gusmão viaja para a ilha do Faial, no arquipélago dos Açores, onde vai ter vários encontros, incluindo com o presidente da Assembleia Legislativa Regional, Luís Garcia.

No Faial, onde vai permanecer até quarta-feira, o primeiro-ministro timorense vai visitar também a Escola do Mar dos Açores, o edifício das actividades marítimas e turísticas, o Instituto de Investigação em Ciências do Mar e o Observatório do Mar dos Açores.

Na quinta-feira à tarde, já em Lisboa, Xanana Gusmão participa na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa numa sessão solene e lança dois livros, nomeadamente um de discursos com o título “Dalan ba Dame” e um de poemas denominado “Mauberíadas”. Os livros vão ser apresentados pelo antigo chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado.

Xanana Gusmão vai, na visita oficial a Portugal, liderar uma delegação que inclui o vice-primeiro-ministro, ministro coordenador dos Assuntos Económicos e ministro do Turismo, Francisco Kalbuadi Lay, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Bendito Freitas, e ainda os ministros da Educação, Dulce Neves, do Ensino Superior, José Jerónimo, da Justiça, Sérgio Hornai, e do Interior, Francisco Guterres, bem como o secretário de Estado da Comunicação Social, Expedito Ximenes, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria timorense, Jorge Serrano.

13 Out 2024

China | Anunciadas grandes divergências nas negociações com UE sobre carros eléctricos

O Ministério do Comércio chinês anunciou no sábado que as discussões em Bruxelas sobre os direitos aduaneiros impostos pela União Europeia aos veículos eléctricos importados da China terminaram com a observação de que permanecem “grandes divergências”.

“Ainda existem grandes diferenças entre os dois lados. Até agora, as consultas não resultaram numa solução aceitável para ambos os lados”, disse o ministério num comunicado, acrescentando que convidou negociadores da União Europeia (UE) para a próxima ronda de negociações na China.

Na sexta-feira, o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou à China para que “adapte o seu comportamento” de forma a aliviar as tensões comerciais com Bruxelas, na sequência de uma série de medidas aduaneiras contestadas por ambas as partes.

“Contamos com a China para adaptar o seu comportamento e compreender que é necessário reequilibrar as relações económicas para uma maior equidade, para uma concorrência leal”, afirmou o dirigente, que se encontrou com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à margem da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático, no Laos.

Charles Michel disse esperar que se chegue a um acordo nos próximos dias ou semanas, embora o contexto seja “muito difícil”.

Na passada terça-feira, Pequim impôs mais condições para a importação de brandy europeu – sobretudo conhaque francês – na sequência da decisão de Bruxelas de impor taxas alfandegárias punitivas sobre os automóveis eléctricos fabricados na China.

A Comissão Europeia acusa Pequim de distorcer a concorrência ao subsidiar os fabricantes no seu território, permitindo-lhes oferecer preços mais baixos. A China retaliou lançando inquéritos ‘antidumping’ sobre a carne de porco e os produtos lácteos.

13 Out 2024

Pequim anuncia emissão de obrigações no valor de quase 300 mil milhões de euros

A gigantesca injecção financeira visa dar um novo ânimo ao desenvolvimento da economia chinesa

O ministro das Finanças chinês anunciou no sábado que a emissão de quase 300 mil milhões de euros em obrigações especiais do Tesouro para reanimar a segunda maior economia do mundo, que está a perder dinamismo.

Pequim vai emitir “obrigações especiais do Tesouro” para “ajudar os grandes bancos comerciais estatais a reconstituir a base de capital, melhorar a resistência ao risco e capacidade de empréstimo e servir melhor o desenvolvimento da economia”, afirmou Lan Fo’an, em conferência de imprensa.

“Nos próximos três meses, um total de 2,3 biliões de yuan em obrigações especiais estará disponível para utilização”, acrescentou.

Esta despesa pública vem juntar-se a uma série de medidas anunciadas nas últimas semanas, incluindo a redução das taxas de juro e a concessão de liquidez aos bancos. Pequim vai também aumentar o limite máximo da dívida das autoridades locais para que estas possam gastar mais em infra-estruturas e aumentar o emprego.

O Governo central chinês ainda tem “uma margem considerável” para emitir dívida e aumentar o défice e vai continuar a estudar possíveis medidas anticíclicas, disse Lan.

O responsável procurou acalmar os receios de muitos analistas e investidores, que apontavam precisamente a sustentabilidade da dívida como um possível travão ao aumento da despesa pública para relançar o crescimento da segunda maior economia do mundo, que não tem sido o esperado após o fim dos anos das restrições impostas para combater a pandemia da covid-19.

A cobrança de impostos deste ano será inferior ao previsto, mas o sistema mostra resiliência suficiente para equilibrar receitas e despesas, disse o ministro, sem números específicos sobre os estímulos fiscais.

Em andamento

Na manhã de sábado, a emissora estatal CCTV noticiou que os principais bancos chineses vão baixar as taxas de juro da maioria dos empréstimos à habitação a partir de dia 25, em conformidade com um pedido feito pelo banco central em Setembro.

No ano passado, a China registou uma das taxas de crescimento mais fracas das últimas três décadas.

Lan avançou outras iniciativas para resolver problemas-chave da economia chinesa, como a dívida oculta dos governos locais e regionais – mais de nove biliões de dólares acumulados através de canais de financiamento informais – ou uma crise imobiliária prolongada que parece não estar a chegar ao fim.

Em relação à primeira questão, o plano consiste em aumentar o limite máximo da dívida “numa escala relativamente grande”, a título excepcional, com o objectivo de trocar estes passivos ocultos e, assim, ajudar as administrações locais a reduzir os seus riscos de endividamento, um plano cujos pormenores serão conhecidos quando os respectivos procedimentos legais estiverem resolvidos.

Lan precisou que, nos últimos três meses do ano, as regiões do país poderão ainda beneficiar de cerca de 2,3 biliões de yuans em obrigações especiais para acelerar o avanço dos projectos.

Relativamente à crise imobiliária, o ministro adjunto das finanças Liao Min afirmou que serão emitidas obrigações a nível da administração local para “abrandar a queda do mercado imobiliário e estabilizá-lo”.

Estas obrigações poderão ser utilizadas para comprar terrenos ociosos a promotores imobiliários em dificuldades ou propriedades não vendidas, com o objectivo de as converter em habitações a preços acessíveis, um plano que inicialmente envolvia a construção, mas que agora se centrará mais numa solução para casas já construídas e que não encontraram compradores, a fim de equilibrar a oferta e a procura.

Além disso, Liao disse que as Finanças estão a estudar a possibilidade de eliminar o IVA sobre os imóveis residenciais.

13 Out 2024

China | Acções de empresas caem face a desilusão com estímulos

As principais praças financeiras da China registaram ontem perdas, depois de os pormenores sobre os planos de estímulo económico de Pequim terem ficado aquém das expectativas dos investidores, enquanto outros mercados na Ásia subiram.

As acções em Hong Kong oscilaram entre ganhos e perdas, com o índice Hang Seng a cair 2,4 por cento, para os 20.418,61 pontos. Esta descida seguiu-se a uma queda de mais de 9 por cento na terça-feira, com os investidores a venderem acções, após as recentes subidas.

“A falta de novos estímulos tem sido a causa da desilusão, com muitos participantes no mercado a esperarem políticas fiscais que seguissem os passos da ‘bazuca’ financeira entregue no final de Setembro, mas houve claramente um recuo no anúncio de terça-feira”, escreveu Yeap Jun Rong da IG, líder mundial no comércio e investimentos ‘online’, num comentário.

O Shanghai Composite, o índice de Xangai, perdeu 5,1 por cento, depois de ter encerrado com ganhos de 4,6 por cento, na terça-feira. O índice CSI300, que acompanha as 300 principais acções negociadas nos mercados de Xangai e Shenzhen, cedeu 5,6 por cento.

10 Out 2024

Gaza | Mortes superam 42.000 após um ano de guerra

O número de mortos na Faixa de Gaza, onde Israel mantém há um ano uma intensa ofensiva militar, ultrapassou ontem os 42.000, a maioria mulheres e crianças, após uma noite de ataques no norte e centro do enclave palestiniano.

“Nas últimas horas, a ocupação israelita cometeu três massacres contra famílias na Faixa de Gaza, incluindo 45 mártires e 130 feridos”, pormenorizou, num comunicado, o Ministério da Saúde local, tutelado pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que controla o enclave desde 2007.

O número total de mortos aumentou assim para 42.010, incluindo mais de 16.900 crianças e cerca de 11.500 mulheres, o que equivale a 69 por cento do total de vítimas mortais, segundo dados do Hamas.

Entre as crianças estão mais de 700 que morreram antes de completar um ano de idade, referiu ainda o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas. A mesma fonte indicou que o número total de feridos na rede de hospitais locais é de 97.720 desde 7 de Outubro de 2023.

Efeito borboleta

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, a 7 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes. Devido à guerra, Gaza está também a enfrentar uma crise humanitária sem precedentes, com milhares de pessoas a necessitarem de ajuda urgente, segundo as organizações internacionais. O conflito em Gaza tem desestabilizado toda a região do Médio Oriente.

10 Out 2024

Taiwan | Pequim acusa Lai de quebrar laços históricos

Pequim acusou ontem o líder de Taiwan de “quebrar deliberadamente os laços históricos entre os dois lados do estreito”, após William Lai ter afirmado “ser impossível” que a República Popular da China seja a pátria dos taiwaneses.

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), Zhu Fenglian, disse, em conferência de imprensa, que “Taiwan é um território sagrado da China com base em fundamentos históricos e legais claros”.

Zhu lembrou que, em 25 de Outubro de 1945, o Governo chinês declarou a “recuperação da soberania sobre Taiwan”, depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.

Em 01 de Outubro de 1949, com a fundação da República Popular da China, o novo regime de Pequim “substituiu a República da China como único representante legítimo de todo o país”, disse.

A porta-voz sublinhou que, “embora a reunificação ainda não tenha sido totalmente alcançada”, a soberania e o território da China “nunca foram e nunca poderão ser divididos” e o “facto de a China continental e Taiwan pertencerem à mesma China nunca mudou e nunca poderá mudar”.

“Não importa que tipo de paradoxos históricos e declarações bizarras sobre a independência de Taiwan Lai faça, isso não muda o facto objectivo de que os dois lados do estreito de Taiwan pertencem à mesma China e não destruirá o sentimento patriótico dos nossos compatriotas de Taiwan”, disse Zhu, acusando Lai de “suprimir a identidade nacional dos compatriotas de Taiwan”.

O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan (MAC), o organismo governamental responsável pelas relações com a China continental, emitiu um comunicado a denunciar as “declarações absurdas” de Zhu, sublinhando que a República Popular da China “nunca governou Taiwan”, desde a criação em 1949.

10 Out 2024

Pequim pede aos EUA que clarifiquem limites da segurança nacional

O ministro do Comércio da China pediu ontem aos Estados Unidos que “clarifiquem os limites da segurança nacional na esfera económica e comercial”, numa conversa telefónica com a homóloga norte-americana, Gina Raimondo.

Nos últimos anos, Washington e Pequim têm utilizado a segurança nacional como motivo para impor restrições comerciais.

De acordo com um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês, Wang Wentao afirmou que uma clarificação sobre os limites do conceito de segurança “contribuiria para manter a segurança e a estabilidade nas cadeias de abastecimento da indústria global e para criar um bom ambiente político para a cooperação entre as indústrias dos dois países”.

O ministro manifestou também preocupação com “as restrições” dos EUA sobre os veículos eléctricos chineses e com a política de semicondutores de Washington em relação à China. Os EUA limitaram a exportação de ‘chips’ e tecnologias estrategicamente importantes para o país asiático.

Wang instou Washington “a prestar atenção às preocupações específicas das empresas chinesas, a levantar as sanções impostas a estas firmas o mais rapidamente possível e a melhorar o ambiente empresarial para as companhias chinesas nos Estados Unidos”.

O responsável pediu que as relações económicas entre Pequim e Washington se tornem o “pilar fundamental” das relações bilaterais entre as duas potências. De acordo com o comunicado, a conversa foi “franca, profunda e pragmática”.

Raimondo sublinhou as preocupações expressas pela comunidade empresarial dos EUA relativamente à “falta de transparência regulamentar” na China, bem como às “práticas de mercado pouco competitivas e ao excesso de capacidade estrutural”, de acordo com um comunicado do Departamento do Comércio dos EUA.

A responsável sublinhou que a segurança nacional dos EUA “é inegociável” e explicou que a abordagem do Governo dos EUA procura proteger a segurança nacional de “forma direccionada, sem fechar o espaço para um comércio e investimento saudáveis” entre as duas nações.

Luta continua

A China tem manifestado repetidamente preocupação com as restrições comerciais impostas pelos EUA nos últimos anos, que vão desde a imposição de taxas punitivas sobre as importações chinesas até à proibição de vendas de tecnologia a empresas chinesas.

Em particular, o sector dos semicondutores é fundamental para a China, uma vez que constitui uma das pedras angulares dos planos para reforçar a autossuficiência tecnológica e reduzir a dependência de países terceiros.

Os Estados Unidos têm criticado o que descrevem como “excesso de capacidade industrial” chinesa, ao qual reagiram impondo taxas sobre os veículos eléctricos chineses, entre outras medidas.

Desde o início de 2018, os dois países estão envolvidos numa guerra comercial e tecnológica que tem vindo a desgastar significativamente as relações bilaterais.

10 Out 2024

Médio Oriente | China opõe-se à expansão do conflito e deplora contradições na região

Um ano passado desde o início do conflito no Médio-Oriente, Pequim manifesta a sua extrema preocupação com a escalada da violência que já provocou a morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza e condena a possibilidade de um ataque ao Irão pelas forças israelitas

 

A China manifestou ontem a sua “oposição à expansão do conflito no Médio Oriente”, referindo-se à possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação pela ofensiva de mísseis iranianos da semana passada. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China está “profundamente preocupada” com “a intensificação das contradições” na região.

A China está “profundamente preocupada” com a “intensificação das contradições” na região e “lamenta que a escalada do conflito israelo-palestiniano se tenha arrastado durante um ano, resultando na morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza, a maioria das quais mulheres e crianças”, afirmou Mao.

“O que é necessário para resolver o conflito israelo-palestiniano não são armas e munições ou sanções unilaterais, mas sim vontade política e esforços diplomáticos”, afirmou, apelando às grandes potências para que “desempenhem o papel que lhes compete, respeitem a objectividade e a imparcialidade e assumam a liderança no cumprimento do direito internacional”.

Mao instou ainda “todas as partes” a “manter a paz e a estabilidade regionais e a abordar a situação actual com calma, racionalidade e responsabilidade”.

“A comunidade internacional, especialmente as potências influentes, deve desempenhar um papel construtivo para evitar mais instabilidade”, acrescentou.

Tensão palpável

Nos últimos dias, tem crescido a preocupação sobre a possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação contra o ataque de Teerão a território israelita na semana passada. Alguns analistas temem que Israel ataque as instalações nucleares iranianas, enquanto Teerão instou Israel a não testar a “vontade” do Irão.

A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” face aos ataques israelitas contra civis em Gaza, e os seus funcionários realizaram numerosas reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.

A China é o maior parceiro comercial do Irão, com o qual tem vindo a reforçar as suas relações nos últimos anos.

Em Maio passado, quando o Irão realizou um ataque de menor dimensão contra Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, indicou ao seu homólogo iraniano que a China tinha “tomado nota das declarações do Irão de que as suas acções são limitadas e no exercício do seu direito à autodefesa”, sublinhando a boa relação entre Pequim e Teerão.

10 Out 2024