Japão | Sanae Takaichi eleita primeira mulher a liderar o Governo

A nova líder do Japão é conhecida pelas suas posições conservadoras. Chega ao poder graças a uma aliança com o partido reformista de direita, Ishin, mas não detém maioria absoluta no parlamento nipónico

A nacionalista Sanae Takaichi foi ontem nomeada primeira-ministra do Japão, tornando-se a primeira mulher a ocupar este cargo, graças a uma coligação parlamentar formada na véspera, após negociações de última hora. A Câmara Baixa do Parlamento japonês nomeou Takaichi, de 64 anos, logo na primeira votação e a sua nomeação será oficializada quando se encontrar com o imperador Naruhito.

A quinta líder do arquipélago no mesmo número de anos enfrenta uma situação política delicada no país, mas também uma agenda internacional densa, que tem como primeiro ponto mais alto a visita ao Japão do Presidente norte-americano, Donald Trump, já na próxima semana.

Sanae Takaichi conquistou, em 04 de Outubro, a presidência do Partido Liberal Democrático (PLD), a formação conservadora de direita no poder, quase ininterruptamente desde 1955, mas que nos últimos meses perdeu a maioria nas duas câmaras do Parlamento nipónico devido, nomeadamente, a escândalos financeiros.

O aliado tradicional do PLD, o partido centrista Komeito, abandonou a coligação em vigor desde 1999, incomodado com os escândalos e as opiniões conservadoras de Sanae Takaichi. Para garantir a eleição para a chefia do Governo e suceder ao primeiro-ministro cessante, Shigeru Ishiba, Takaichi formou na segunda-feira uma aliança com o Partido Japonês para a Inovação (Ishin), uma formação reformista de centro-direita.

“À escandinava”

A nova líder do Governo do Japão, admiradora da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, apelidada de “Dama de Ferro”, prometeu um Executivo com um número de mulheres “à escandinava”, em contraste com apenas duas na equipa do antecessor.

Uma delas deverá ser Satsuki Katayama, ex-ministra da Revitalização Regional, que ocupará o cargo de ministra das Finanças, de acordo com a imprensa japonesa. O Japão está classificado em 118.º lugar entre 148 no relatório de 2025 do Fórum Económico Mundial sobre a disparidade entre os sexos e a câmara baixa do Parlamento nipónico é exemplo disso mesmo, contando com apenas 15 por cento de mulheres.

Takaichi quer trazer para agenda das políticas publicas uma nova sensibilidade para as dificuldades relacionadas com a saúde das mulheres e não hesita em falar abertamente sobre os seus sintomas relacionados com a menopausa.

No entanto, as suas posições políticas sobre a igualdade de género colocam-na à direita de um PLD já conservador. Por exemplo, a nova chefe do Executivo opõe-se à revisão de uma lei que obriga os casais a usarem o mesmo apelido e apoia uma sucessão imperial reservada aos homens.

Takaichi também enfrentará a luta contra o declínio demográfico do Japão e a recuperação da quarta maior economia mundial. Além disso, a coligação com o Ishin representa 231 assentos no Parlamento, abaixo dos 233 necessários para a maioria absoluta, pelo que terá que negociar com outros partidos para governar.

Sanae Takaichi já se manifestou a favor do aumento da despesa pública para reanimar a economia, seguindo o exemplo de seu mentor, o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, e sua vitória impulsionou a Bolsa de Tóquio a atingir níveis recordes, sobretudo devido à reputação “pomba fiscal”, com a empresas a apostarem num novo ciclo de redução dos impostos.

No plano externo, Takaichi também moderou o discurso sobre a China e, na semana passada, absteve-se prudentemente de visitar o santuário Yasukuni, símbolo do passado militarista japonês, agressivo contra os vizinhos do Japão.

A nível interno, finalmente, a primeira mulher líder do PLD e por inerência primeira chefe de Governo nipónico tem como principal desafio recuperar a popularidade do seu partido depois de uma série de reveses eleitorais que viram a ascensão do Sanseito, um pequeno partido populista que qualifica a imigração como uma “invasão silenciosa”.

22 Out 2025

DeepSeek lança modelo de IA que combina texto e imagem para reduzir custos computacionais

A empresa chinesa de inteligência artificial DeepSeek apresentou um novo modelo multimodal que combina texto e informação visual para processar documentos extensos com menos recursos computacionais, anunciou ontem o jornal South China Morning Post.

O sistema, denominado DeepSeek-OCR, utiliza a percepção visual como meio de compressão para reduzir significativamente o número de tokens – as unidades mínimas de texto processadas por modelos linguísticos. Segundo a empresa, o método permite reduzir o volume de texto entre sete e vinte vezes, tornando possível o processamento de grandes quantidades de informação sem aumento significativo dos custos computacionais.

Disponível em código aberto nas plataformas Hugging Face e GitHub, o modelo é composto por um codificador visual (DeepEncoder) e um descodificador com arquitetura Mixture-of-Experts (MoE), com 570 milhões de parâmetros. Para além de reconhecer texto, o sistema consegue interpretar elementos visuais como tabelas, fórmulas e diagramas, o que o torna aplicável em áreas como finanças, investigação científica e análise documental.

Muito à frente

Nos testes publicados pela empresa, o DeepSeek-OCR superou outros modelos de reconhecimento óptico de carateres (OCR), como o GOT-OCR 2.0 e o MinerU 2.0, ao manter uma precisão de 97 por cento com compressão inferior a dez vezes.

A DeepSeek garante que o sistema pode gerar mais de 200.000 páginas de dados de treino por dia utilizando apenas uma placa gráfica Nvidia A100-40G. O lançamento integra a estratégia da empresa sediada em Hangzhou de desenvolver modelos mais eficientes e de menor custo, a par dos anteriores modelos V3 e R1, focados em raciocínio e aprendizagem por reforço.

A DeepSeek integra a nova geração de desenvolvedores chineses de inteligência artificial de código aberto, a par de empresas como Baidu, Tencent ou Alibaba. No entanto, especialistas alertam que as rigorosas regras de controlo de conteúdo na China podem limitar a expansão internacional destes sistemas.

22 Out 2025

HK | Sany vai estrear-se na bolsa por 1.375 MME

O fabricante chinês de maquinaria de construção Sany vai entrar na bolsa de Hong Kong em 28 de Outubro, com uma operação de 1.600 milhões de dólares, reforçando o dinamismo do mercado local.

A Sany, que já está cotada em Xangai, planeia vender mais de 580 milhões de acções por um valor total de 12.360 milhões de dólares de Hong Kong, noticiou ontem a imprensa local. A empresa fabrica escavadoras, maquinaria para betão, plataformas elevatórias, equipamentos de perfuração e compactação, e pavimentadoras, ocupando actualmente o terceiro lugar no sector a nível mundial.

Com 62 por cento do volume de negócios proveniente do estrangeiro, a Sany continua a considerar a China o seu principal mercado, mas alertou para os riscos decorrentes da prolongada crise no sector imobiliário chinês. De acordo com o jornal South China Morning Post, a empresa vai canalizar 45 por cento dos fundos angariados para expandir as suas vendas internacionais e a rede de assistência técnica.

A mesma fonte sublinha que a próxima semana será marcada por outras três grandes ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) em Hong Kong: a CIG Shanghai, fabricante de dispositivos de conectividade, com uma operação avaliada em 595 milhões de dólares; a empresa de soluções de inteligência artificial Deepexi, com 91 milhões de dólares; e a marca de chá Bama Tea, com 58 milhões.

Estes lançamentos, combinados com cerca de 290 pedidos activos para IPO registados em Setembro, colocam a bolsa de Hong Kong como uma forte candidata ao título de principal mercado mundial de estreias bolsistas em 2025. Entre as próximas estreias mais esperadas contam-se as dos dois principais operadores chineses de veículos autónomos (‘robotáxis’), Pony.ai e WeRide, que poderão captar até 2.300 e 1.100 milhões de dólares.

22 Out 2025

Trump anunciou que visitará a China “no início do próximo ano”

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou segunda-feira que viajará para a China “no início do próximo ano” para se encontrar com o homólogo chinês Xi Jinping. “Fui convidado para ir à China e provavelmente irei no início do próximo ano. Está praticamente tudo organizado”, disse Trump aos jornalistas, ao lado do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que recebeu na Casa Branca.

Trump deverá encontrar-se presencialmente com Xi no final deste mês, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, naquele que será o primeiro encontro bilateral desde 2019. O encontro esteve em risco devido às tensões entre os dois países devido aos controlos anunciados por Pequim sobre a exportação de terras raras, bem como de máquinas e tecnologias que permitem o seu refinamento e transformação.

Em resposta, Trump ameaçou aumentar as tarifas a Pequim depois daquela que qualificou como uma decisão “extremamente agressiva” por parte da China. Trump também expressou segunda-feira, na mesma ocasião e na presença de jornalistas, dúvidas sobre uma possível invasão chinesa a Taiwan. “Acho que tudo vai correr bem com a China. A China não quer fazer isso”, adiantou.

Paz e defesa

Também segunda-feira, o líder taiwanês, William Lai, afirmou que a paz entre China e Taiwan não se alcança “com um simples acordo”, em declarações na sequência da eleição da nova líder do partido de oposição Kuomintang, favorável ao diálogo com Pequim.

Num discurso dirigido a representantes da diáspora taiwanesa, Lai defendeu que tanto ele como a sua antecessora, Tsai Ing-wen (2016-2024), apostaram em “reforçar a defesa nacional”, uma vez que “a paz deve ser um ideal, mas não uma ilusão”.

“A paz não pode ser obtida através de um simples acordo. Tampouco se pode alcançar a paz aceitando as propostas da China, como o chamado ‘Consenso de 1992’ ou o princípio de ‘uma só China'”, declarou, referindo-se ao entendimento tácito entre o KMT e o Partido Comunista Chinês (PCC), segundo o qual ambos reconhecem a existência de “uma só China”, embora com interpretações distintas.

22 Out 2025

Hong Kong | Acolhida entidade multilateral dedicada à mediação internacional

O organismo de mediação deverá, segundo o Chefe do Executivo, John Lee, ter um estatuto semelhante ao do Tribunal Internacional de Justiça

A Organização Internacional para a Mediação (IOMed) iniciou ontem formalmente actividades em Hong Kong, com representantes de mais de 30 países, afirmando-se como o primeiro organismo multilateral dedicado à mediação internacional.

O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, já havia afirmado em Maio que a nova entidade teria um estatuto “análogo ao do Tribunal Internacional de Justiça”, em Haia, pelo papel como centro de resolução de disputas, o que, segundo disse, “reforçará o prestígio externo da cidade, gerará vantagens económicas e consolidará o Estado de Direito”.

Durante a cerimónia de inauguração, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da China Hua Chunying destacou que a Convenção da IOMed foi assinada, entrou em vigor e permitiu a criação formal da organização em apenas cinco meses, o que considerou um “recorde histórico” e prova do apoio internacional à iniciativa, segundo o jornal oficial Diário do Povo.

Ligada à Iniciativa para a Governação Global promovida por Pequim, a nova organização “promove a conciliação, a equidade e a cooperação, dando um impulso construtivo para uma comunidade internacional mais integrada”, afirmou Hua.

O Governo local salientou que, num contexto internacional de incerteza e tensões, a mediação ganha relevância como mecanismo para preservar relações e fomentar o diálogo. “Hong Kong, com profissionais altamente qualificados, vai liderar esta tarefa”, declarou John Lee.

Trata-se do primeiro organismo intergovernamental dedicado exclusivamente à mediação de litígios transnacionais, oferecendo mecanismos próprios de resolução de disputas, promovendo métodos actualizados e acolhendo encontros internacionais, com atenção especial aos países em desenvolvimento.

Marco jurídico

A IOMed procurará ainda cooperar com outras entidades multilaterais, conforme estipulado na Convenção assinada em Maio. A jurista de Hong Kong Teresa Cheng, antiga secretária da Justiça (2018–2022) e especialista em arbitragem internacional, foi nomeada secretária-geral da organização.

Louis Chen, da Fundação de Intercâmbio Jurídico de Hong Kong, classificou a inauguração como “um marco para a cultura jurídica”, sublinhando que a nova entidade “combina diferentes sistemas normativos, oferece soluções acessíveis e reforça a arquitectura legal global”.

A região administrativa especial chinesa, que opera segundo o princípio “Um país, dois sistemas”, procura afirmar-se como ponte entre a Ásia e o resto do mundo. Segundo o professor Willy Fu, da Associação Chinesa de Estudos sobre Hong Kong e Macau, a independência judicial e o elevado número de profissionais bilingues tornam a cidade “um ambiente ideal para tratar disputas multiculturais”.

A IOMed apresenta-se assim como a primeira entidade multilateral vocacionada exclusivamente para a mediação em litígios internacionais, alinhada com os princípios da Carta das Nações Unidas, num contexto global marcado por tensões crescentes e pelo questionamento dos canais tradicionais de resolução de conflitos.

A criação da organização coincide com críticas ao custo e à morosidade de mecanismos como o sistema de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou os processos de arbitragem no investimento internacional.

22 Out 2025

Khamenei diz a Trump que está a “sonhar” se acha que destruiu as instalações nucleares do Irão

O líder supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, afirmou ontem que o Presidente norte-americano, Donald Trump, está “a sonhar” se acredita que os Estados Unidos destruíram as instalações nucleares iranianas.

Em Junho passado, no âmbito de um conflito entre Israel e o Irão que durou 12 dias, os Estados Unidos juntaram-se ao aliado israelita nas operações de bombardeamento a alegadas infraestruturas nucleares do regime iraniano. “Isso é óptimo, continuem a sonhar!”, afirmou o líder iraniano, referindo-se às repetidas alegações de Trump de que o programa nuclear de Teerão foi “totalmente destruído”.

“Quem julga que é para dizer que um país deve ou não ter [o direito] à energia nuclear?”, perguntou Khamenei durante um encontro com atletas na capital iraniana. No sábado, o Irão anunciou que já não estava vinculado às restrições do seu programa nuclear definidas num acordo internacional concluído há 10 anos, que expirou nesse mesmo dia, reiterando, no entanto, o seu compromisso com a diplomacia.

Este acordo, assinado em 2015 pelo Irão, França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China, visava regular as actividades nucleares da República Islâmica em troca do levantamento das sanções da ONU, que pesavam fortemente sobre a economia iraniana.

A data do fim do prazo do documento tinha sido fixada para 18 de Outubro de 2025, exactamente 10 anos após o texto ter sido aprovado pela ONU através da resolução 2231. O acordo limitava o enriquecimento de urânio do Irão a 3,67 por cento e previa a supervisão rigorosa das atividades nucleares pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o organismo de supervisão nuclear da ONU.

Apesar de o negar, o Irão é frequentemente acusado pelo Ocidente e por Israel, um inimigo declarado de Teerão, de desenvolver secretamente armas nucleares. A partir de agora, “todas as disposições [do acordo], incluindo as restrições ao programa nuclear do Irão e mecanismos relacionados, são consideradas encerradas”, escreveu no sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

Com história

O acordo já tinha sido alvo de vários reveses. Em 2018, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump, os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções contra o Irão. Em retaliação, Teerão retirou-se gradualmente de certos compromissos estabelecidos no acordo.

Segundo a AIEA, o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60 por cento), próximo do limite técnico dos 90 por cento, necessário para o fabrico de uma bomba atómica. Teerão suspendeu também toda a cooperação com a AIEA em Julho, após a guerra de 12 dias desencadeada por Israel.

Os Estados Unidos também realizaram ataques contra algumas instalações nucleares iranianas durante esse conflito e, em retaliação, Teerão lançou mísseis e drones contra Israel. O conflito pôs fim a uma série de negociações indirectas entre os Estados Unidos e o Irão sobre o programa nuclear iraniano, que estavam em curso desde Abril.

Posteriormente, e por iniciativa da França, do Reino Unido e da Alemanha, a ONU restabeleceu as sanções contra o Irão no final de Setembro, suspensas há 10 anos. O fim do acordo nuclear torna as sanções “nulas e sem efeito”, afirmou o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, numa carta enviada no sábado à ONU. Ainda assim, acrescentou, “o Irão expressa firmemente o seu compromisso com a diplomacia”.

21 Out 2025

Japão | PLD preparado para assinar acordo de coligação

O Partido Liberal Democrático (PLD, direita), no poder no Japão, estava ontem em vias de assinar um acordo de coligação, abrindo caminho para que Sanae Takaichi se torne a primeira mulher a governar o país.

“Hoje (ontem), vamos assinar um acordo para lançar uma coligação governamental. Às 18:00 (hora de Tóquio, 09:00 TMG) vamos formalizá-lo”, indicou Hirofumi Yoshimura, co-líder do Partido da Inovação do Japão (JIP), formação reformista da oposição de centro-direita. Este partido da oposição associa-se ao poderoso Partido Liberal Democrático (PLD, direita conservadora), no poder, em turbulência desde a implosão da tradicional coligação com o pequeno aliado centrista, Komeito.

Sanae Takaichi, 64 anos e com posições ultraconservadoras, parecia estar no bom caminho para substituir o primeiro-ministro cessante Shigeru Ishiba, quando assumiu a liderança do PLD a 04 de Outubro, após uma votação interna. Mas a retirada do Komeito da coligação governamental, após 26 anos de apoio, mergulhou o Japão numa crise política, e o PLD intensificou as discussões com vista a formar uma aliança alternativa.

Os principais meios de comunicação japoneses davam ontem como certo o acordo de coligação entre o PLD e o JIP para permitir que Takaichi, a primeira mulher à frente do partido governante, conquiste a vitória na votação parlamentar desta terça-feira, que a deverá eleger como sucessora de Shigeru Ishiba à frente do Executivo.

O acordo agendado para ontem à tarde põe fim a mais de uma semana de profunda incerteza política no Japão, após a saída do partido budista Komeito da coligação que mantinha com o PLD há mais de 26 anos. A votação parlamentar para a nomeação da nova liderança do Governo nipónico será realizada alguns dias antes da visita prevista do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao país no final do mês.

21 Out 2025

ASEAN | Entrada de Timor-Leste é reconhecimento de que já não é um país frágil

O presidente do Futuros Alternativos – Instituto de Políticas e Assuntos Internacionais, Fidélis Magalhães, afirmou ontem que a adesão de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático serve como reconhecimento de que o país já não é frágil.

Timor-Leste vai tornar-se no próximo dia 26 deste mês, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que se vai realizar em Kuala Lumpur, na Malásia, o 11.º estado-membro da organização, 14 anos depois de ter apresentado o pedido de admissão.

Questionado sobre os objectivos de Timor-Leste com a adesão à organização, Fidélis Magalhães considerou que o principal é ter um “reconhecimento dos países-membros de que Timor-Leste é um país soberano e independente”.

“Também pode servir como uma garantia da sua integridade, da soberania timorense no futuro. Para ter uma segurança e um compromisso dos países-membros de não ingerência, de não intervenção. Finalmente, Timor-Leste é reconhecido como um país soberano e independente na sua própria região”, salientou o analista.

A antiga colónia portuguesa restaurou a sua independência em 20 de Maio de 2002, após ter sido ocupada pela Indonésia, país fundador da ASEAN, em 07 de Dezembro de 1975, nove dias depois de ter declarado unilateralmente a independência de Portugal, em 28 de Novembro de 1975.

21 Out 2025

Seul | Detenção de mais de 50 sul-coreanos por fraudes ‘online’

Dos 64 sul-coreanos vindos do Camboja, apenas cinco foram libertados. Os restantes encontram-se detidos até se perceber se trabalharam voluntariamente em esquemas de burlas ou se forma forçados a fazê-lo

Seul prepara-se para deter formalmente a maioria dos 64 sul-coreanos repatriados do Camboja por supostamente trabalharem para organizações de golpes na internet nesse país, informou ontem a polícia da Coreia do Sul.

Os 64 sul-coreanos foram detidos no Camboja nos últimos meses e foram repatriados para a Coreia do Sul num voo charter no passado sábado. Ao chegarem a Seul, foram detidos e a polícia está agora a investigar se estas pessoas se juntaram voluntariamente a organizações de golpes no Camboja ou foram forçadas a trabalhar nas mesmas.

Os esquemas fraudulentos ‘online’, muitos dos quais baseados em países do Sudeste Asiático, aumentaram drasticamente desde a pandemia de covid-19 e produziram dois tipos de vítimas: as dezenas de milhares de pessoas que foram forçadas a trabalhar nestes esquemas sob ameaça de violência e os alvos das respectivas fraudes.

Grupos de monitorização destas actividades afirmam que os esquemas fraudulentos ‘online’ rendem biliões de dólares anualmente a gangues criminosas internacionais. Os procuradores sul-coreanos solicitaram aos tribunais locais que emitissem mandados de prisão para 58 dos 64 repatriados, a pedido da polícia, informou a Agência Nacional de Polícia da Coreia em comunicado.

A polícia acrescentou que as pessoas que devem ficar detidas são acusadas de se envolver em actividades fraudulentas ‘online’, como golpes românticos, propostas de investimento falsas ou ‘phishing’ por voz, aparentemente visando compatriotas sul-coreanos no país. Espera-se que os tribunais determinem se aprovam as detenções nos próximos dias.

Zona de alto risco

A agência policial informou que cinco pessoas foram libertadas, mas recusou-se a divulgar os motivos da libertação, alegando que as investigações ainda estão em curso. A polícia sul-coreana informou que quatro dos 64 repatriados disseram aos investigadores que foram espancados enquanto estavam detidos contra a sua vontade por organizações criminosas no Camboja.

A Coreia do Sul enfrenta apelos públicos para tomar medidas mais enérgicas para proteger os seus cidadãos de serem forçados a trabalhar em centros de fraude ‘online’ no estrangeiro, depois de um dos seus cidadãos ter sido encontrado morto no Camboja em Agosto.

O jovem sul-coreano terá sido atraído por um amigo para viajar para o Camboja, e aí foi obrigado a fornecer os dados da sua conta bancária, que foi usada por uma organização fraudulenta. As autoridades do Camboja afirmaram que o estudante universitário de 22 anos foi torturado.

Estimativas da ONU e de outras agências internacionais indicam que, pelo menos, 100.000 pessoas foram traficadas para centros de fraude no Camboja, outras tantas para Myanmar e dezenas de milhares mais para outros países.

Autoridades em Seul estimam que cerca de mil sul-coreanos estejam em centros de golpes no Camboja e, na semana passada, as autoridades sul-coreanas impuseram uma proibição de viagens a partes do Camboja, enviando paralelamente uma delegação do Governo para discutir medidas conjuntas.

Os centros de golpes ‘online’ estavam anteriormente concentrados em países do Sudeste Asiático, incluindo Camboja e Myanmar, sendo que a maioria dos trabalhadores traficados eram provenientes desta região e outros países da Ásia.

Um relatório da Interpol divulgado em Junho fez saber, porém, que, nos últimos três anos, houve vítimas traficadas para o Sudeste Asiático provenientes de regiões distantes, incluindo América do Sul, Europa Ocidental e África Oriental, e que novos centros foram identificados no Médio Oriente, África Ocidental e América Central.

21 Out 2025

Investigada perda de controlo de Boeing 747-481 de carga em Hong Kong

As autoridades de Hong Kong estão a investigar as causas de um acidente ocorrido ontem no aeroporto internacional, quando um Boeing 747 de carga proveniente do Dubai saiu da pista e caiu parcialmente ao mar, causando dois mortos.

Segundo Man Ka-chai, chefe de investigação da Autoridade de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIA), o voo EK9788 da Emirates SkyCargo, operado pela turca Air ACT Cargo, foi autorizado a aterrar normalmente, mas não emitiu qualquer sinal de emergência antes de perder o controlo e atravessar o gradeamento até ao mar.

O avião, proveniente do aeroporto Al Maktoum (DWC), tocou a pista norte (07L/25R) por volta das 03:50 locais, onde embateu num veículo de patrulha com dois trabalhadores antes de se despenhar. Ambos foram socorridos minutos depois, mas um morreu no local e o outro no Hospital North Lantau. Os quatro tripulantes do cargueiro saíram ilesos e foram retirados através do escorrega de emergência.

À procura de respostas

O director de operações da Autoridade Aeroportuária, Steven Yiu, assegurou que o veículo “se encontrava na zona de patrulha autorizada” e que as condições meteorológicas e da pista eram “óptimas” no momento do sinistro. Segundo Yiu, as duas vítimas tinham mais de uma década de experiência em operações aeroportuárias.

Dados do portal Flightradar24 indicam que o avião se deslocava a cerca de 167 quilómetros por hora quando se desviou para o quebra-mar e a 91 quilómetros por hora no momento do impacto com o mar, que destruiu a parte frontal do aparelho. A AAIA abriu uma investigação para determinar se o acidente resultou de falha técnica, erro humano ou factor operacional imprevisto. A polícia também não exclui uma eventual investigação penal.

A pista norte permanecerá temporariamente encerrada, com as operações concentradas nas pistas central e sul. O Departamento de Aviação Civil e a Secretaria dos Transportes e Logística expressaram condolências pela morte dos trabalhadores, sublinhando que “a segurança aérea é uma prioridade do Governo”.

O incidente é semelhante ao acidente do voo CA605 da China Airlines, em Novembro de 1993, quando um Boeing 747-400 saiu da pista do antigo aeroporto de Kai Tak durante um pouso com vento cruzado e chuva intensa, terminando com o nariz submerso na baía de Vitória, sem vítimas.

21 Out 2025

Diplomacia | China celebra cessar-fogo e pede que Islamabade e Cabul dialoguem

A China saudou ontem o cessar-fogo alcançado entre Afeganistão e Paquistão, após vários dias de confrontos fronteiriços, e pediu que ambos resolvam as suas diferenças “através do diálogo”.

“O Afeganistão e o Paquistão são vizinhos amigos da China, que não se pode separar deles”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim. Guo expressou esperança de que a trégua seja “duradoura” e que se mantenham “em conjunto a paz e a estabilidade em ambos os países e na região”.

“A China está disposta a trabalhar com a comunidade internacional para continuar a desempenhar um papel construtivo na melhoria e desenvolvimento das relações entre o Paquistão e o Afeganistão”, acrescentou. Os dois países puseram fim no domingo a uma semana de combates e trocas de acusações na fronteira comum, marcada por ataques aéreos e confrontos armados que causaram dezenas de mortos e elevaram o risco de uma nova crise regional.

A escalada teve início a 9 de Outubro, quando o Paquistão lançou um alegado ataque com veículos aéreos não tripulados (“drones”) em Cabul contra o líder do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), Mufti Noor Wali Mehsud. Islamabade não confirmou a operação. O episódio espoletou dias de bombardeamentos e trocas de tiros ao longo da linha Durand, uma fronteira de 2.600 quilómetros entre os dois países.

Perante a escalada, o Qatar e a Turquia mediaram uma ronda de contactos diplomáticos em Doha, com a participação de delegações de ambos os lados, que no domingo resultou num acordo para cessar imediatamente as hostilidades.

O entendimento, firmado após 12 horas de negociações conduzidas pelos ministros da Defesa afegão e paquistanês, prevê ainda um novo encontro a 25 de outubro, em Istambul. No centro do conflito está a acusação – rejeitada pelas autoridades talibãs – de que Cabul oferece refúgio ao TTP, um grupo insurgente que pretende derrubar o Estado paquistanês.

21 Out 2025

OMC | Pequim substitui embaixador

O Presidente chinês, Xi Jinping, destituiu Li Chenggang do cargo de representante permanente da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), informou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua.

O anúncio faz parte de uma série de mudanças diplomáticas aprovadas pelo chefe de Estado, e não apresenta motivos para as mudanças. A Xinhua também não menciona se Li manterá outras responsabilidades no Ministério do Comércio, onde exerce as funções de vice-ministro e representante para as negociações internacionais.

Li foi uma das principais figuras nas negociações entre Pequim e Washington, no âmbito da guerra comercial, liderando as delegações chinesas nas rondas realizadas este ano em Genebra, Londres, Estocolmo e Madrid. Participou ainda no acordo preliminar sobre a rede social TikTok alcançado no mês passado.

A saída de Li do cargo na OMC é conhecida numa semana crucial para as relações bilaterais: o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng têm previsto reunir-se nos próximos dias na Malásia para retomar o diálogo, após semanas de tensão devido às tarifas e restrições tecnológicas.

No final de Agosto, Li também protagonizou um episódio de atrito com Washington depois de Bessent classificar a sua visita à capital norte-americana como “improvisada”. Pequim defendeu então que a viagem se enquadrava na aplicação dos consensos alcançados entre Xi Jinping e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, acusando os Estados Unidos de “distorcer os factos”.

O Governo chinês não esclareceu se a mudança na OMC afectará o papel de Li nas negociações com os EUA, embora a demissão ocorra num momento especialmente delicado para a política comercial do país.

21 Out 2025

Nova líder da oposição taiwanesa diz estar pronta para reunir-se com Xi

A nova presidente do Kuomintang (KMT), principal partido da oposição em Taiwan, disse estar disponível para reunir-se com o líder chinês, Xi Jinping, visando resolver diferenças e promover a cooperação entre Taiwan e a China continental.

Cheng Li-wun, antiga porta-voz do Governo taiwanês (2012-2014), venceu no sábado as eleições internas do KMT com 50,15 por cento dos votos, superando largamente o seu principal adversário, o ex-presidente da câmara de Taipé Hau Lung-bin, que obteve 35,85 por cento. Em declarações à rádio, citadas pela agência estatal CNA, Cheng garantiu que o KMT vai passar de ser “um rebanho de ovelhas a uma manada de leões” sob a sua liderança, e sublinhou que a paz entre Taipé e Pequim é “a questão mais importante” para o partido.

A nova líder considerou ainda que a estratégia de “usar a oposição à China como arma política” perdeu eficácia na sociedade taiwanesa, defendendo a necessidade de “reunir o maior consenso possível dentro de Taiwan” para que o partido tenha uma “representação mais legítima no outro lado do estreito”.

Cheng não excluiu a possibilidade de visitar a China continental nem de se encontrar com Xi Jinping: “Estou disposta a fazer qualquer trabalho e a reunir-me com quem for necessário”, declarou, rejeitando, no entanto, que o KMT venha a adoptar uma posição pró-reunificação sob a sua liderança.

“Todos os candidatos nestas primárias afirmaram ser chineses. A minha posição sobre as relações através do estreito sempre foi coerente e resiste a qualquer escrutínio. É, além disso, a posição histórica do Kuomintang”, afirmou a dirigente, cujo partido tem como nome oficial em mandarim “Partido Nacionalista Chinês”.

Mensagem do Norte

Após a vitória de Cheng nas primárias, Xi Jinping enviou-lhe uma mensagem de felicitações, na qual manifestou a esperança de que o KMT e o Partido Comunista Chinês “reforcem a sua base política comum” e unam “a grande maioria do povo taiwanês para aprofundar os intercâmbios e a cooperação, impulsionar o desenvolvimento conjunto e avançar rumo à reunificação nacional”.

Na mensagem, divulgada pela agência noticiosa oficial Xinhua, Xi apelou também à salvaguarda da “casa comum da nação chinesa” e dos “interesses fundamentais da população de ambos os lados do estreito”.

Cheng, por sua vez, respondeu que os habitantes da China e de Taiwan “fazem parte da mesma nação chinesa” e defendeu que os dois partidos devem reforçar os intercâmbios e a cooperação para “promover a paz e a estabilidade”, segundo a mesma fonte. A líder do KMT tomará posse a 01 de Novembro, durante o congresso nacional do partido.

21 Out 2025

PCC | Reunidos para traçar planos para os próximos cinco anos

O plenário do Comité Central do PCC com vista a definir estratégias para o desenvolvimento do país deverá ocupar a cúpula das autoridades chinesas durante os próximos quatro dias

Um dos encontros mais importantes da política chinesa arrancou ontem com a elite do Partido Comunista a reunir-se à porta fechada para delinear as prioridades económicas e sociais da China para os próximos cinco anos.

O quarto plenário do Comité Central, que deverá durar quatro dias, servirá para finalizar o plano quinquenal 2026-2030, documento que orienta a estratégia do país até ao final da década. A reunião decorre num contexto de tensões comerciais com os EUA e antes de um possível encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, à margem de uma cimeira regional.

Com cerca de 370 membros, o Comité Central reúne-se normalmente sete vezes por ciclo de cinco anos. Estas sessões visam reforçar a coesão interna em torno da agenda do partido, podendo também incluir mudanças de pessoal, embora os detalhes só sejam divulgados posteriormente.

O conteúdo integral do plano será anunciado apenas em Março de 2026, durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, mas analistas não antecipam mudanças profundas face aos planos anteriores. Segundo Lynn Song, economista do ING Bank, “não há razão para esperar uma rutura radical”.

A economia chinesa deverá crescer 4,8 por cento este ano, valor próximo da meta oficial. A crise imobiliária, o excesso de capacidade industrial e a guerra comercial com os EUA continuam a pesar sobre o desempenho.

Entre as prioridades estão o estímulo ao consumo e ao investimento privado, o controlo do excesso produtivo e a liderança tecnológica em áreas como a inteligência artificial. A aposta na autossuficiência, nomeadamente na produção de semicondutores, deverá acelerar à medida que Washington reforça os controlos à exportação. Segundo Ning Zhang, economista do banco de investimento UBS, isso implicará mais investimento chinês em tecnologia avançada.

Mais estímulos

Outro ponto-chave é saber se haverá mudanças mais ambiciosas na política de estímulo ao consumo. Até agora, Pequim adoptou medidas graduais, como subsídios à infância, créditos ao consumo e incentivos à renovação de electrodomésticos e veículos. Zhang considera que “estimular o consumo é hoje mais importante do que nunca”, mas lembra que a confiança dos consumidores continua fragilizada pelo colapso do sector imobiliário.

Casos como a guerra de preços no sector automóvel ilustram os riscos da concorrência excessiva. Ao mesmo tempo, o aumento das exportações chinesas para países do Sudeste Asiático e África tem gerado novas fricções comerciais com os EUA e outros parceiros.

Desde a pandemia da covid-19, a China tem enfrentado dificuldades em recuperar um crescimento mais robusto. A crise imobiliária levou a despedimentos e reduziu o consumo das famílias. Segundo a professora Wendy Leutert, da Universidade de Indiana, o país continua a investir pouco em áreas como saúde, educação ou cuidados infantis e a idosos, que poderiam estimular o consumo interno.

“Os líderes chineses parecem dispostos a aceitar custos económicos em nome da auto-suficiência e da liderança tecnológica”, escreveu. A demografia é outro desafio: a população começou a diminuir e envelhece mais rapidamente. A taxa de desemprego jovem ronda os 19 por cento, segundo dados oficiais, limitando o contributo das novas gerações para a economia.

Pequim quer duplicar o tamanho da economia entre 2020 e 2035. “Tal como qualquer outro governo, a China ainda se preocupa com o crescimento e quer continuar a enriquecer”, afirmou Zhang, que considera manter o crescimento entre 4 por cento e 5 por cento por década “desafiante, mas essencial” para sustentar a legitimidade do partido.

“O que importa à liderança chinesa? Estabilidade, legitimidade e apoio contínuo”, concluiu.

21 Out 2025

Israel bombardeia Rafah alegando que Hamas atacou unidade militar

Israel lançou uma série de ataques aéreos contra a cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, após acusar o Hamas de atacar uma unidade de engenharia militar, avançaram ontem fontes de segurança citadas pela imprensa israelita.

Enquanto se aguarda uma declaração oficial das Forças de Defesa de Israel e do grupo islamita Hamas, fontes militares confirmaram ao ‘site’ israelita Walla e ao jornal Times of Israel terem sido realizados ataques aéreos e terrestres em Rafah, alegando ter-se tratado de uma resposta a um ataque a uma escavadora militar israelita encarregada de destruir os túneis da organização islamita.

Embora não haja ainda informações oficiais sobre a existência de mortos ou feridos, fontes militares israelitas adiantaram a uma televisão israelita que dois alegados militantes do Hamas foram mortos. Desconhece-se também se este fogo cruzado pode pôr em causa o cessar-fogo que entrou em vigor a 10 de Outubro, mas o ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Givr, já instou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a retomar a ofensiva contra a Faixa de Gaza.

“Peço ao primeiro-ministro que ordene às Forças de Defesa de Israel (FDI) que retomem totalmente os combates na Faixa de Gaza com todo o seu efectivo”, disse o ministro, que foi condenado no passado por incitar ao ódio contra os palestinianos, ao vandalismo e ao apoio ao terrorismo. De acordo com uma fonte do braço armado do Hamas, o grupo tinha lançado uma operação em Rafah para eliminar o líder da milícia rival, conhecida como ‘Forças Populares’, Yasser Abu Shabab.

No entanto, os soldados israelitas intervieram para apoiar Shabab, o que resultou num fogo cruzado e provocou a explosão da escavadora israelita. Os Estados Unidos avisaram no sábado que tinham “informações credíveis” sobre um “ataque iminente” do Hamas contra civis palestinianos, numa “violação clara” ao cessar-fogo.

Caos instalado

Ontem de manhã, o grupo islamita rejeitou a acusação e culpou Israel por ter armado e financiado outras milícias, que, segundo disse, realizaram “assassinatos, raptos, roubos de camiões de ajuda humanitária e furtos contra civis”.

Segundo o Hamas, os seus membros em Gaza estão, “com o amplo apoio civil e popular”, a perseguir estes gangues e a responsabilizá-los “de acordo com mecanismos legais claros, para proteger os cidadãos e preservar a propriedade pública e privada”.

Apenas um dia após o cessar-fogo, os militantes do Hamas começaram a reprimir todos os clãs e milícias que alegadamente colaboraram com Israel durante a guerra dos últimos dois anos, incluindo execuções públicas de alegados colaboradores, cujas imagens se tornaram virais.

O cessar-fogo em Gaza – proposto pelos Estados Unidos e acordado entre Israel e o Hamas – está em vigor desde o dia 10 de Outubro, prevendo três fases: a libertação dos reféns, o desarmamento do Hamas e a reconstrução gradual do território, sob supervisão internacional. A segunda etapa, centrada na “desmilitarização”, continua a ser a mais controversa e a que Israel considera essencial para pôr fim ao conflito.

19 Out 2025

Partido Liberal do Japão perto de garantir novo acordo de coligação

O Partido Liberal Democrático (PLD), no poder no Japão, está perto de formar uma coligação governamental, que deixaria a líder Sanae Takaichi a apenas dois deputados de garantir a eleição como primeira-ministra.

Os principais meios de comunicação japoneses avançaram ontem que o acordo com o Partido da Inovação do Japão (Ishin) poderá ser fechado já na segunda-feira, um dia antes do parlamento se reunir para escolher o sucessor de Shigeru Ishiba. O primeiro-ministro cessante demitiu-se em Setembro da liderança do Governo e do PLD, que, em primárias realizadas no início de Outubro, escolheu a conservadora e nacionalista Takaichi como candidata a ser a primeira mulher a liderar o Japão.

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, o PLD e o Ishin terão concordado em formar uma coligação sem que o partido da oposição garanta lugares no novo Governo. Em troca, o PLD comprometer-se-ia a cumprir uma série de propostas, incluindo a redução do número de deputados, a eliminação do imposto sobre o consumo alimentar e a eliminação de donativos políticos de empresas e organizações. Hoje, é esperada uma reunião final com o PLD.

Liderança frágil

O jornal referiu que o partido da oposição está relutante em ocupar cargos no possível Governo de Takaichi e prefere primeiro garantir que a nova líder do PLD cumpre os termos do acordo. Se for eleita, a conservadora irá liderar um dos governos mais fracos da história política do Japão, com uma clara minoria em ambas as câmaras do parlamento, o que a obrigaria a cooperar com a oposição para aprovar qualquer lei.

O apoio de Ishin é fundamental para Takaichi, especialmente depois de o partido budista Komeito, ao qual o PLD esteve aliado durante 26 anos, ter abandonado a coligação no poder. O centrista Komeito retirou-se da aliança devido a notícias publicadas sobre alegados fundos secretos do PLD, tendo também criticado Sanae Takaichi devido a supostas mudanças de postura da líder face às visitas a Yasukuni.

Temores diplomáticos

Takaichi, conhecida pela postura de linha dura em relação à China, visitou inúmeras vezes no passado, principalmente quando era ministra, o santuário xintoísta, considerado um símbolo do passado militarista do país. Mas, na sexta-feira, no primeiro dia do festival de Outono de Yasukuni, 64 anos, esteve ausente e enviou apenas uma oferenda, por, segundo os meios de comunicação japoneses, temer que uma visita pudesse incomodar os países vizinhos.

As visitas anteriores de altos funcionários japoneses ao santuário irritaram Pequim e Seul. A China e a península coreana foram palco de atrocidades cometidas pelos militares japoneses na primeira metade do século XX. Nenhum primeiro-ministro japonês em funções visitou o santuário em Tóquio desde 2013, quando a visita de Shinzo Abe provocou fúria entre os países vizinhos e reprimendas dos Estados Unidos.

O santuário presta homenagem aos cerca de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos em combate, mas também a oficiais e políticos japoneses condenados por crimes de guerra por um tribunal internacional após a Segunda Guerra Mundial. O PLD tem governado o Japão quase em permanência desde 1955, apesar das frequentes mudanças de liderança.

19 Out 2025

Camboja | Deportados 64 sul-coreanos por práticas criminosas

Seul estima que cerca de mil cidadãos sul-coreanos sejam tratados como escravos e trabalhem em centros no Camboja dedicados a praticar fraudes via internet

A polícia da Coreia do Sul confirmou sábado que o Camboja deportou 64 cidadãos sul-coreanos acusados de envolvimento com centros que praticam fraudes através da Internet. A Coreia do Sul enviou na quarta-feira uma equipa para o Camboja, onde acredita que cerca de mil sul-coreanos estão a trabalhar nestes centros, para discutir dezenas de casos de raptos através de ofertas de emprego fraudulentas.

Seul anunciou então, na sexta-feira à noite, que estava a fretar um voo para trazer de volta cerca de 60 cidadãos, “participantes voluntários e não voluntários” dos esquemas de burlas, que estavam detidos pela polícia cambojana. O grupo aterrou na manhã de sábado no Aeroporto de Incheon, disse um dirigente da polícia sul-coreana à agência de notícias France-Presse. As autoridades policiais foram vistas a preparar-se para os transportar em carrinhas de segurança pretas.

A maioria dos sul-coreanos regressados foi detida no Camboja durante repressões contra centros de burla e vai enfrentar investigações policiais em casa, disse o director de segurança nacional de Seul, Wi Sung-lac.

Na sexta-feira, o Governo da Coreia do Sul proibiu os sul-coreanos de viajar para o Camboja, face ao aumento do número de pessoas supostamente raptadas por redes de tráfico de seres humanos e grupos de crime organizado com base no Camboja. Os grupos criminosos obrigaram os cidadãos sul-coreanos a praticarem fraudes, envolvendo criptomoedas, através da Internet, num ambiente semelhante ao de uma prisão.

De acordo com fontes diplomáticas de Seul e da ONU, os cidadãos sul-coreanos são mantidos como escravos e foram submetidos a actos de tortura pelos grupos de crime organizado. O alerta de Seul recomenda igualmente aos cidadãos sul-coreanos a abandonarem certas zonas do Camboja.

Encontros capitais

O aviso foi difundido no dia em que o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kim Jina, se reuniu com o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, em Phnom Penh. O encontro na capital do Camboja aconteceu após a morte de um estudante sul-coreano que terá sido forçado a trabalhar num centro de burlas no Camboja.

Phnom Penh informou na quinta-feira que, nos últimos meses, deportou 180 cidadãos sul-coreanos envolvidos em cibercrime e outros 60 aguardam repatriamento. Segundo um relatório das Nações Unidas, pelo menos 200 mil pessoas estão actualmente retidas em centros de fraude no Camboja, enquanto em Myanmar (antiga Birmânia), outro epicentro deste fenómeno, o número ascende a cerca de 120 mil.

A decisão de Seul surgiu na mesma semana em que os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos anunciaram a aplicação de sanções conjuntas contra o conglomerado Prince Group, com base no Camboja. O presidente do grupo de empresas, Chen Zhi, é acusado de montar rede de cibercrime e tráfico de seres humanos.

19 Out 2025

Física | Morreu Chen Ning Yang, vencedor do Prémio Nobel

O físico chinês Chen Ning Yang, vencedor do Prémio Nobel da Física em 1957 e considerado um dos investigadores mais influentes do século XX da física moderna, morreu sábado aos 103 anos em Pequim, anunciou a Xinhua.

Chen Ning Yang, nascido na cidade oriental chinesa de Hefei em 1922, recebeu o Prémio Nobel da Física, juntamente com o investigador e seu compatriota Tsung Dao Lee, por investigações sobre a lei da conservação da paridade, princípio fundamental da física nuclear.

Os dois investigadores fugiram da China durante a guerra contra o Japão (1937-1945) e desenvolveram a sua carreira profissional nos Estados Unidos, onde Chen Ning Yang era professor na Universidade de Princeton e Tsung Dao Lee na Universidade de Columbia, quando receberam o prémio.

Por esta razão e por ambos terem adquirido a nacionalidade norte-americana – a China não reconhece a dupla nacionalidade —, durante muitos anos Yang não foi considerado um vencedor “chinês” do Nobel.

Chen Ning Yang regressou à China como professor da prestigiada Universidade Tsinghua de Pequim em 2003, que o destacou como “o físico mais influente” da era actual e lembrou que, após o descongelamento das relações com Washington em 1971, foi o primeiro cientista chinês residente nos Estados Unidos a poder regressar ao seu país.

Em 2015, 51 anos depois de obter a nacionalidade norte-americana, renunciou-a. “Yang foi um dos maiores físicos teóricos do século XX. Ele estava mais próximo de Einstein do que os seus contemporâneos”, afirmou Shi Yu, professor do Instituto de Estudos Avançados de Xangai, citado sábado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Além do seu trabalho académico, o físico tornou-se uma celebridade a nível nacional ao casar-se em 2004, aos 84 anos, com Weng Fan, uma estudante de 28 anos. Meses antes, no final de 2003, tinha morrido a sua primeira esposa, Tu Chih-li, com quem se casara em 1950.

19 Out 2025

Mar do Sul | Pequim pede às Filipinas que abandonem fantasias

As disputas marítimas na região provocaram mais um embate entre embarcações chinesas e Filipinas

Pequim instou sábado as Filipinas a abandonar o que descreveu como “ilusões irrealistas” e farsas, após uma colisão entre navios dos dois países, no domingo passado, no disputado mar do Sul da China.

“Os factos são muito claros e as Filipinas não têm motivos para justificar ou negar as suas intrusões, provocações e acções impróprias”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Zhang Xiaogang acusou Manila de realizar uma “intrusão ilegal” junto ao arquipélago conhecido na China como Nansha e denunciou a recente reivindicação por parte das Filipinas da soberania sobre Nansha e a ilha de Huangyan.

“O âmbito do território filipino foi definido por uma série de tratados internacionais, e as ilhas de Huangyan e Nansha, que pertencem à China, não estão incluídos nele”, argumentou o porta-voz. O Governo chinês prometeu novas “medidas resolutas” para defender a soberania sobre as ilhas e os direitos marítimos, face ao que disse ser a “distorção deliberada” de “factos históricos e jurídicos” por parte das Filipinas.

Em 12 de Outubro, um navio da Guarda Costeira chinesa e uma embarcação das autoridades filipinas embateram perto da ilha Thitu, conhecida nas Filipinas por Ragasa, no mar do Sul da China. A Guarda Costeira chinesa atribuiu a responsabilidade do incidente às Filipinas, afirmando que três embarcações de Manila se aproximaram de navios de patrulha chineses e que uma delas terá causado o embate.

Voz da América

Dois dias depois, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos EUA, Tommy Pigott, condenou o embate “e o uso de canhões de água por parte da China” contra o navio do Gabinete de Pesca e Recursos Aquáticos das Filipinas. Pigott acusou Pequim de estar a intensificar acções “cada vez mais coercivas” no quadro das suas “amplas reivindicações territoriais e marítimas” nesta zona disputada, que envolve também outros países do sudeste asiático.

Estas acções perigosas continuam, segundo o responsável, “a minar a estabilidade regional” e “contradizem os compromissos anteriores de resolver as disputas de forma pacífica”. O porta-voz reiterou o apoio de Washington a Manila e recordou que o Tratado de Defesa Mútua entre os dois países cobre qualquer ataque armado “contra as Forças Armadas, embarcações públicas ou aeronaves filipinas, incluindo as da Guarda Costeira, em qualquer ponto do mar do Sul da China”.

As águas disputadas do mar do Sul da China são atravessadas por rotas comerciais cruciais e especialistas acreditam que os fundos marinhos poderão conter importantes reservas de petróleo e gás. Pequim tem reiteradamente tomado medidas contra embarcações filipinas, acusando-as de entrarem em águas que reivindica como sendo território chinês.

19 Out 2025

Taiwan | Kuomingtang elege Cheng Li-wun como nova líder

O principal partido da oposição em Taiwan, os nacionalistas do Kuomingtang (KMT), escolheu uma antiga deputada como nova presidente.

Cheng Li-wun — a única candidata na corrida que se posicionou como reformista — derrotou no sábado, por larga margem, o ex-presidente da Câmara de Taipé, Hau Lung-bin, e outros quatro candidatos à liderança do partido pró-Pequim. Numa conferência de imprensa após a vitória, Cheng disse que os nacionalistas iriam defender os princípios da igualdade, do respeito e dos benefícios mútuos na condução das relações externas.

“Não devemos deixar que Taiwan se torne um criador de problemas. Em segundo lugar, não devemos deixar que Taiwan seja sacrificada à geopolítica”, disse, acrescentando que o KMT seria também um pacificador. Os nacionalistas mantêm uma forte influência política em Taiwan, apesar de terem perdido três eleições presidenciais consecutivas para o DPP, que defende um afastamento da China.

O KMT detém lugares suficientes para formar um bloco maioritário com os aliados no parlamento. Com tomada de posse prevista para Novembro, Cheng Li-wun poderá influenciar a forma como Taiwan lida com Pequim e outras políticas importantes e questões políticas nacionais e internacionais. Cheng será também a líder do partido nas eleições locais de 2026. O KMT deverá ainda preparar um candidato que desafie o DPP de William Lai Ching-te nas eleições de 2028.

19 Out 2025

Air China | Avião desviado para Xangai após fogo numa bateria guardada em bagagem

Um avião da companhia Air China foi desviado com segurança para Xangai sábado, depois de uma bateria guardada na bagagem de mão de um passageiro se ter incendiado, informou a companhia aérea.

O incidente ocorreu a bordo do voo da cidade de Hangzhou, no leste da China, para o Aeroporto Internacional de Incheon, perto de Seul, na Coreia do Sul. “Uma bateria de lítio guardada na bagagem de mão de um passageiro no compartimento superior do voo CA139 incendiou-se espontaneamente”, disse a companhia aérea, num comunicado publicado na rede social chinesa Weibo.

“A tripulação lidou imediatamente com a situação com base nos procedimentos, e ninguém ficou ferido”, refere o documento, acrescentando que o avião foi desviado para o Aeroporto Internacional de Xangai Pudong “para garantir a segurança do voo”. Uma imagem tirada por um passageiro e publicada pelo meio de comunicação nacional estatal Jimu News mostra chamas num compartimento superior, onde é visível fumo preto e, pelo menos, um passageiro a tentar apagar o fogo.

De acordo com dados do Flightradar24, que faz a monitorização do tráfego aéreo global, o voo descolou de Hangzhou às 09:47 locais (, sobrevoou o mar, aproximadamente equidistante da costa leste da China e da ilha japonesa de Kyushu, antes de aterrar em Xangai pouco depois das 11:00 locais.

19 Out 2025

Três cidadãos chineses condenados por Moçambique violarem suspensão de mineração

O tribunal judicial do distrito de Sussundenga, na província moçambicana de Manica, condenou sexta-feira três indivíduos de nacionalidade chinesa a uma pena de três meses de prisão efectiva por violarem a suspensão de mineração naquela província.

Condenados pelo crime de desobediência, ao terem sido apanhados a explorar ouro “num período em que as actividades se encontravam suspensas temporariamente de forma global na província de Manica”, os três homens terão ainda de pagar uma multa diária de sete mil meticais (93,84 euros), disse a juíza da causa, Eugénia Conceição.

De acordo com a fundamentação do tribunal, os cidadãos chineses foram encontrados a fazer extracção de ouro por uma equipa multissectorial que incluía a polícia de protecção dos recursos naturais e meio ambiente, sendo que, durante a sua actividade de mineração, deitavam resíduos poluentes directamente num rio.

O executivo moçambicano decidiu, em 30 de Setembro, suspender todas as licenças de mineração na província de Manica e criou uma comissão interministerial para rever o regime de licenciamento, reforçar a fiscalização e avançar com medidas de recuperação ambiental com a participação activa dos prevaricadores, autoridades locais, populações e outras entidades relevantes.

Lei da selva

Esta suspensão acontece após o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, ter avançado, em 17 de Setembro, que a mineração está a causar um “desastre ambiental”, tendo admitido a possibilidade da suspensão total da actividade. A suspensão das licenças mineiras em Manica ocorre após o executivo ter apreciado o relatório do comando operativo das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que esteve naquela província entre 17 e 19 de Julho para averiguar a situação ambiental face à mineração.

Foi constatado no terreno, em Manica, uma “mineração descontrolada” feita por operadores licenciados, com empresas a operar sem plano de recuperação ambiental e sistemas de contenção de resíduos, além de violações dos direitos dos trabalhadores.

O Governo classificou de crítica a situação ambiental em Manica, apontando para “grave poluição” dos rios que apresentam “águas com coloração avermelhada, turva e opaca,” resultante de lavagem directa de minérios e despejo de resíduos desta actividade sem qualquer tratamento.

19 Out 2025

Segurança | China acusa EUA de ciberataque contra centro que gere o horário

As autoridades chinesas acusam a NSA de promover ataques cibernéticos contra o Centro Nacional de Serviço de Horário que põem em risco actividades como o sistema financeiro, os transportes ou lançamentos espaciais

 

O Ministério da Segurança do Estado (MSS) chinês acusou ontem os Estados Unidos de realizarem um ciberataque contra o Centro Nacional de Serviço de Horário, a instituição responsável por manter a precisão da hora oficial do país.

Num artigo publicado numa aplicação de mensagens, o MSS, que é a principal agência de inteligência da China, afirma ter descoberto recentemente “provas irrefutáveis” de um “grande ciberataque” orquestrado pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) contra a referida instituição para “roubar segredos, infiltrar-se e sabotar”.

O ministério explica que o Centro Nacional de Serviço de Horário (NTSC) fornece serviços essenciais para sectores como a energia, os transportes e a defesa, e que um ciberataque pode resultar em falhas de rede, problemas para o sistema financeiro, apagões, interrupções nos transportes ou falhas nos lançamentos espaciais.

Segundo a China, o ataque “sistemático e planeado há muito tempo” dos EUA contra o NTSC começou em 2022 através de uma vulnerabilidade no serviço de SMS (mensagens curtas) de uma “marca estrangeira” de telemóveis, que permitiu “atacar secretamente e obter o controlo dos telemóveis de vários funcionários do NTSC e roubar dados confidenciais armazenados nos mesmos”.

Um ano depois, a NSA terá utilizado credenciais roubadas para aceder à rede informática do NTSC e espiar e, em Junho de 2024, lançou “ataques cibernéticos de alta intensidade contra vários sistemas de rede internos” da instituição, alegam os serviços secretos chineses.

“As autoridades de segurança nacional responderam aos ataques reunindo provas de ataques cibernéticos dos EUA, ordenando ao NTSC que conduzisse uma investigação, interrompendo a cadeia de ataques e melhorando as capacidades de prevenção para eliminar potenciais ameaças”, refere o artigo.

Guerra contínua

Nos últimos anos, a China e os EUA têm-se acusado mutuamente de inúmeros ciberataques, e o MSS reiterou ontem esta acusação: “As agências de espionagem, lideradas pela NSA, têm agido de forma imprudente, realizando ataques cibernéticos contínuos contra a China, o sudeste asiático, a Europa e a América do Sul”.

Neste caso, a acusação surge dias antes de uma nova ronda de negociações presenciais entre Pequim e Washington para tentar aliviar as renovadas tensões comerciais entre as duas principais potências económicas do mundo.

Além disso, os presidentes da China e dos EUA, Xi Jinping e Donald Trump respectivamente, deverão reunir-se ainda este mês durante a cimeira de líderes da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico, na sigla em inglês), que se realizará na Coreia do Sul.

19 Out 2025

China | Descoberta grande jazida com mais de 40 toneladas de ouro

A província chinesa de Gansu anunciou a descoberta de um novo jazigo de ouro de grandes dimensões na zona de Qianhongquan-Heishanbeitan, no município de Yumen, com reservas estimadas em mais de 40 toneladas, informou ontem a televisão estatal CCTV.

Segundo o Departamento de Recursos Naturais provincial, a descoberta equivale, em volume, a duas grandes minas de ouro e soma-se aos depósitos já identificados no cinturão de Beishan, um dos principais polos auríferos da região.

Gansu ocupa o segundo lugar na China em volume de reservas de ouro. Nos últimos anos, o Governo local intensificou as prospecções no âmbito do plano nacional de exploração geológica, com maior concentração de investimentos no norte da província. O projecto de prospecção em Qianhongquan recebeu um investimento total de 76,28 milhões de yuan e permitiu concluir 30.000 metros cúbicos de escavações e mais de 35.000 metros de perfurações, segundo a CCTV.

Os trabalhos resultaram na identificação de uma nova faixa mineralizada com cerca de 14 quilómetros de comprimento e entre 10 e 100 metros de largura, com reservas superiores a 40 toneladas de ouro. A descoberta em Gansu ocorre num contexto de forte valorização do ouro, cujo preço ultrapassou recentemente os 4.000 dólares por onça, atingindo um novo máximo histórico.

O metal precioso acumula uma subida superior a 50 por cento desde o início do ano, impulsionado pela fraqueza do dólar, pelas tensões geopolíticas e pelas compras de bancos centrais – sobretudo de economias emergentes – que procuram diversificar as suas reservas. Nos últimos anos, o crescimento da classe média chinesa e a procura por lingotes como forma de protecção contra a volatilidade macroeconómica global também contribuíram para o aumento da procura interna pelo metal precioso.

17 Out 2025