Japão | Pelo menos nove feridos ligeiros no sismo de quarta-feira

Pelo menos nove pessoas ficaram ligeiramente feridas num sismo de magnitude 6,6 registado no oeste do Japão na quarta-feira à noite, disseram ontem autoridades e meios de comunicação social locais

 

Um sismo de magnitude 6,6 na escala de Richter abalou o oeste do Japão na quarta-feira à noite, provocando, pelo menos, nove feridos ligeiros. O hipocentro do abalo situou-se a uma profundidade de cerca de 25 quilómetros, perto do porto de Uwajima, no estreito de Bungo, que separa as ilhas de Kyushu e Shikoku, indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

A agência meteorológica japonesa JMA apontou uma magnitude de 6,4 e estimou a profundidade em 50 quilómetros. “Nos locais onde o sismo foi forte, afastem-se das zonas perigosas. Não há risco de tsunami”, declarou a JMA, depois de o sismo ter ocorrido pelas 23h14 (22h14 de quarta-feira em Macau).

A autoridade japonesa para a segurança nuclear declarou que a central nuclear de Ikata, na região, estava a funcionar normalmente. “Não foi detectada qualquer anomalia na central de Ikata”, declarou. Nessa manhã, os meios de comunicação social locais noticiaram uma dúzia de condutas de água partidas em Uwajima, onde várias estradas ficaram bloqueadas devido a aluimento de terras e à queda de pedras.

Em conferência de imprensa, já de madrugada, o secretário-geral do Governo, Yoshimasa Hayashi, informou terem sido registados vários feridos ligeiros devido ao terramoto, que não levou a aviso de tsunami. Entre os feridos, em Ainan, uma mulher, na casa dos 70 anos, foi levada para o hospital depois de ter desmaiado, segundo os bombeiros locais.

Anel em brasa

O Japão situa-se no chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma das zonas do mundo com maior actividade sísmica.
No ano passado, foram sentidos no arquipélago 2.227 sismos, incluindo 19 de magnitude 6,0 ou superior, de acordo com a JMA. A grande maioria destes sismos, mesmo os mais fortes, causam geralmente poucos danos devido à aplicação de normas de construção antissísmicas extremamente rigorosas.

No entanto, muitos edifícios, sobretudo nas zonas rurais, estão degradados e, por conseguinte, são vulneráveis a sismos fortes. Foi o que aconteceu no sismo de 1 de Janeiro na península de Noto (centro), onde morreram mais de 240 pessoas e foram registados elevados prejuízos materiais.

Em Março de 2011, o Japão registou um sismo de magnitude 9 ao largo da costa nordeste, o sismo forte alguma vez medido no país de 125 milhões de habitantes. Cerca de 20 mil pessoas morreram ou desapareceram, principalmente devido a um tsunami que causou também o acidente nuclear de Fukushima, o pior do mundo desde o acidente da central de Chernobil em 1986.

19 Abr 2024

Banco Popular da China | Abordada situação económica em Washington

O governador do Banco Popular da China (banco central), Pan Gongsheng, abordou ontem, em Washington, “a actual situação económica e a política monetária” da China e dos Estados Unidos, com o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell. O encontro teve lugar durante as reuniões da primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) na capital norte-americana, segundo a instituição monetária do país asiático.

De acordo com o comunicado, Pan e Powell debateram a “estabilidade financeira” entre os dois países. Na segunda-feira, as duas potências realizaram em Washington reuniões entre os seus grupos de trabalho económico e financeiro, que se centraram na “situação macroeconómica mundial” e no “crescimento equilibrado”. O vice-ministro chinês das Finanças, Liao Min, e o subsecretário do Tesouro norte-americano, Jay Shambaugh, conduziram uma sessão económica “pragmática e construtiva”, na qual abordaram questões como as restrições comerciais, segundo um comunicado do Governo chinês.

A parte chinesa manifestou a sua preocupação com as “medidas restritivas” impostas pelos EUA, enquanto as duas partes concordaram em manter um “diálogo aberto” e “continuar os intercâmbios construtivos”. No mesmo dia, os grupos de trabalho financeiro das duas potências mantiveram diálogos “profissionais, pragmáticos, sinceros e construtivos” na capital norte-americana.

Apesar da aproximação entre as duas potências nos últimos meses, as tensões comerciais agravaram-se recentemente, em parte devido ao que Washington considera ser o “excesso de capacidade industrial” da China, especialmente em sectores como a energia solar e os veículos eléctricos.

Os EUA anunciaram na quarta-feira que vão lançar uma investigação sobre as práticas comerciais chinesas nos sectores da construção naval, o que poderá conduzir à imposição de taxas alfandegárias punitivas.

19 Abr 2024

China pede conferência internacional para reconhecimento da Palestina

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China pediu ontem, durante uma visita oficial à Indonésia, à realização de uma conferência internacional de paz para reconhecer oficialmente a Palestina como membro das Nações Unidas. “Em breve será possível aceitar a Palestina como membro oficial da ONU”, disse Wang Yi, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo indonésio, Retno Marsudi.

Os dois responsáveis pediram a protecção dos civis no conflito na Faixa de Gaza. “Apelamos para uma conferência internacional de paz mais alargada, com mais autoridade e mais eficaz, para abrir caminho a uma solução de dois Estados” em Israel e na Palestina, disse o ministro chinês.

Wang apoiou o cessar-fogo exigido pelo Conselho de Segurança da ONU em Gaza e apelou aos Estados Unidos para que ponham de lado “a arrogância” e trabalhem com outros países da ONU para pôr fim às hostilidades entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas. “Apelamos igualmente às partes para que sejam calmas e prudentes”, acrescentou Wang Yi, sublinhando a necessidade de a ajuda humanitária chegar ao enclave palestiniano de forma “rápida, segura e sustentável”.

Questão prioritária

O ministro indonésio concordou em defender a solução de dois Estados e a importância do cessar-fogo em Gaza. “A Indonésia apoiará a Palestina como membro integrante da ONU. A estabilidade no Médio Oriente não é possível sem a resolução da questão palestiniana”, afirmou Retno.

Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza em Outubro passado, depois de um ataque do Hamas em território israelita ter causado cerca de 1.200 mortos.

Mais de 33.800 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza e cerca de 30 crianças morreram de desnutrição aguda no meio de um conflito que ameaça alastrar-se a todo o Médio Oriente na sequência dos ataques entre Israel e Irão.

19 Abr 2024

Comércio | Pequim chama hipócrita a Biden por acusações de xenofobia

A China acusou ontem o Presidente dos Estados Unidos de hipocrisia, um dia depois de Joe Biden ter criticado as autoridades do país asiático por alegada xenofobia e batota no comércio mundial de aço

 

“Gostaria de lhe perguntar: está a falar da China ou está a falar dos Estados Unidos”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa, quando questionado sobre as declarações do líder norte-americano. Durante uma visita de campanha ao estado norte-americano da Pensilvânia, Joe Biden acusou Pequim de “fazer batota” no comércio mundial de aço, prejudicando os fabricantes norte-americanos e os seus trabalhadores.

Trata-se de um eleitorado fundamental para as eleições presidenciais de Novembro, nas quais deverá enfrentar o seu rival Donald Trump, que concorre pelo Partido Republicano. “Eles são xenófobos”, disse o Presidente americano, referindo-se à China, durante um discurso na sede do sindicato dos trabalhadores do aço (USW) em Pittsburgh, a histórica capital do aço dos Estados Unidos.

O líder democrata lamentou o facto de as empresas siderúrgicas chinesas “não terem de se preocupar em obter lucros porque o Governo chinês as subsidia fortemente”. “Não competem, fazem batota. E nós vimos os danos aqui na América”, acrescentou. “Não estou à procura de um confronto com a China, quero concorrência, mas uma concorrência justa”, acrescentou Joe Biden, garantindo que não haverá “guerra comercial” com Pequim.

Dureza na campanha

O Presidente norte-americano anunciou também na quarta-feira que pretende triplicar as taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio provenientes da China. “Vou considerar a possibilidade de triplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio da China”, disse Biden no comício em Pittsburgh.

A tarifa actualmente aplicada a determinados produtos de aço e alumínio é de 7,5 por cento, pelo que a sua triplicação significaria um aumento para 22,5 por cento. No entanto, este aumento não entrará em vigor imediatamente, uma vez que tem de passar primeiro por um processo de revisão no Gabinete do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).

“Sempre pedimos aos Estados Unidos que respeitem sinceramente os princípios da concorrência leal, que respeitem as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que ponham imediatamente termo às suas medidas proteccionistas contra a China”, reagiu o porta-voz Lin Jian. “A China tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar os seus direitos legítimos”, sublinhou, sem especificar a natureza dessas medidas.

Os comentários de Joe Biden surgem num contexto de intensa rivalidade política e económica com a China, apesar do diálogo renovado entre os dois países.

19 Abr 2024

Cinema | Brasil é convidado de honra do Festival Internacional de Pequim

O Brasil é convidado de honra da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Pequim, que exibe a partir de amanhã quatro filmes brasileiros, coincidindo com os 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas.

“Retratos Fantasmas”, “Marte Um”, “Que Horas Ela Volta” e “Uma História de Amor e Fúria” são os quatro filmes brasileiros que vão estar em exibição no principal evento da capital chinesa dedicado ao cinema estrangeiro.

A participação do Brasil como convidado de honra coincide com o 50.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, cuja proximidade política e económica foi reforçada nas últimas décadas, com a formação do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.

Desde 2009, a China é também o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 150 mil milhões, em 2022. O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20 por cento das importações agrícolas do país asiático.

19 Abr 2024

Myanmar | Aung San Suu Kyi transferida da prisão devido a onda de calor

A ex-líder de Myanmar Aung San Suu Kyi foi transferida da prisão, onde cumpria uma pena de 27 anos, devido a uma onda de calor, disse a junta militar. O porta-voz da junta, major-general Zaw Min Tun, disse aos jornalistas da imprensa estrangeira na terça-feira que Suu Kyi, de 78 anos, e o ex-presidente Win Myint, de 72 anos, estavam entre os presos idosos e doentes transferidos das prisões.

A transferência ainda não foi anunciada publicamente em Myanmar, nem foi confirmado se os dois políticos estão actualmente em prisão domiciliária ou se foram transferidos por outro centro de detenção. Suu Kyi está a cumprir uma pena de 27 anos de prisão em Naypyidaw, devido a uma série de condenações criminais que os apoiantes da prémio Nobel da Paz e grupos de defesa dos direitos humanos disseram ter sido fabricadas por razões políticas.

Naypyidaw registou temperaturas de 39ºC na terça-feira, de acordo com os serviços meteorológicos birmaneses. Win Myint cumpria uma pena de oito anos de prisão em Taungoo, na região de Bago, no centro-sul do país.

Ontem, a junta militar anunciou também uma amnistia para mais de três mil presos, para assinalar o Ano Novo birmanês, que se celebra esta semana, mas não adiantou se os libertados incluíam activistas pró-democracia e presos políticos.

De acordo com a televisão estatal MRTV, o líder da junta militar, general Min Aung Hlaing, perdoou 3.303 presos, incluindo 28 estrangeiros que serão deportados de Myanmar, e reduziu também as sentenças para outros reclusos.

O golpe militar de 2021, que derrubou o governo democraticamente eleito de Aung San Suu Kyi, pôs fim a 10 anos de transição democrática e prosperidade económica e abriu uma espiral de violência que exacerbou a guerrilha que dura há décadas no país.

18 Abr 2024

Ministro chinês pede mais “confiança” entre Pequim e Washington

O Ministro da Defesa da China pediu “mais confiança” entre Pequim e Washington durante uma reunião na terça-feira com o homólogo norte-americano, a primeira a este nível em ano e meio, foi ontem anunciado.

China e Estados Unidos “devem considerar a paz como a coisa mais preciosa, a estabilidade como a coisa mais importante e a confiança como a base para as trocas”, disse Dong Jun a Lloyd Austin, de acordo com um comunicado pelo Ministério da Defesa chinês.

“O sector militar é crucial para (…) estabilizar o desenvolvimento das relações bilaterais e prevenir grandes crises”, sublinhou Dong Jun, acrescentando que o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente norte-americano, Joe Biden, estão “determinados a estabilizar e melhorar as relações bilaterais”.

O Ministro da Defesa chinês reafirmou a posição sobre Taiwan, a ilha com 23 milhões de habitantes que a China reivindica como parte do seu território. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses fundamentais da China e os interesses fundamentais da China não devem ser prejudicados”, sublinhou.

O exército chinês “nunca se calará nem se resignará perante as acções separatistas que defendem a independência de Taiwan e perante a conivência e o apoio do exterior”, declarou Dong Jun, numa crítica velada a Washington, principal apoiante militar de Taipé.

Águas tensas

O ministro da Defesa chinês apelou também aos Estados Unidos para que respeitem as reivindicações de soberania do país no mar do Sul da China. Pequim reivindica uma grande parte das ilhas e recifes desta vasta zona marítima, onde as tensões com as Filipinas aumentaram nos últimos meses.

“A situação actual no mar do Sul da China é geralmente estável e os países da região têm a vontade, sabedoria e capacidade de resolver os problemas”, sublinhou Dong Jun. “Os Estados Unidos devem reconhecer a posição firme da China, respeitar sinceramente a soberania territorial, os direitos e interesses marítimos da China no mar do Sul da China e adoptar medidas concretas para salvaguardar a paz regional”, disse.

18 Abr 2024

Ucrânia | Conflito deve ser resolvido através de negociações, defende Pequim

Pequim afirmou ontem que “qualquer conflito” deve ser resolvido “através de negociações”, referindo-se à conferência que vai ter lugar em Junho, na Suíça, com base na proposta de paz de Kiev para a guerra na Ucrânia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, recordou que o Presidente chinês, Xi Jinping, já tinha dito na segunda-feira, em Pequim, ao Chanceler alemão, Olaf Scholz, que encoraja “todos os esforços que conduzam a uma resolução pacífica da ‘crise’ na Ucrânia” e que apoia a “convocação atempada de uma conferência internacional de paz reconhecida pela Rússia e pela Ucrânia, com a participação de todas as partes”.

Lin afirmou que, apesar de a conferência estar ainda “numa fase preparatória”, o seu país está “pronto a manter a comunicação” com todas as partes.

O porta-voz recordou que Xi disse a Scholz, na segunda-feira, que as conversações deveriam “lidar de forma justa com todas as propostas de paz”.

Scholz apelou a Xi para que use a sua influência sobre Moscovo para pôr fim à guerra na Ucrânia e reiterou a necessidade de evitar o envio de bens com dupla utilização militar e civil para a Rússia.

“A palavra da China tem peso na Rússia. Por isso, pedi ao Presidente Xi que exercesse influência sobre a Rússia para que [o Presidente russo Vladimir] Putin pare finalmente a sua cruzada insana, retire as suas tropas e ponha fim a esta guerra terrível”, afirmou o Chanceler alemão na sua conta na rede social X.

O líder chinês declarou que “não se deve atirar lenha para a fogueira”, apelando ao esforço de reunir condições para que a paz seja restabelecida e se evite nova escalada do conflito.

18 Abr 2024

Myanmar | Pequim vai efectuar “exercícios com fogo real” na fronteira

As Forças Armadas da China começaram ontem a realizar “exercícios com fogo real” no lado chinês da fronteira com Myanmar, visando testar o estado de alerta das tropas e as capacidades de defesa aérea.

O Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular explicou, na terça-feira, num comunicado na rede social chinesa Wechat, que os exercícios se destinam a “avaliar e melhorar” as capacidades das tropas em domínios como vigilância, controlo tridimensional do espaço aéreo, dissuasão e capacidade de resposta a incursões aéreas.

“As tropas do Comando do Teatro do Sul estão sempre prontas para lidar com várias emergências e salvaguardar resolutamente a soberania nacional [chinesa] e a estabilidade das fronteiras, bem como a segurança da vida e das propriedades das pessoas”, de acordo com um comunicado.

No início do mês, as Forças Armadas chinesas efectuaram exercícios militares do seu lado da fronteira para “testar a mobilidade e a capacidade de ataque conjunto” das tropas.

A China e Myanmar partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros e, embora Pequim tenha aumentado a influência no país após o golpe de Estado dos militares que pôs fim a uma década de transição democrática no país, alguns movimentos guerrilheiros na oposição têm uma longa história de aliança étnica, económica e militar com a segunda maior economia do mundo.

18 Abr 2024

IA | Procura por água pode aumentar devido aos centros de dados

A procura de água na China deve disparar, na próxima década, devido ao crescimento dos centros de dados e das tecnologias de inteligência artificial (IA), segundo a China Water Risk, organização sediada em Hong Kong. De acordo com a organização não-governamental, o consumo anual de água destes servidores atinge 1,3 mil milhões de metros cúbicos, o equivalente à utilização residencial de 26 milhões de pessoas.

A China Water Risk estima que o consumo anual de água dos centros de dados na China poderá ultrapassar os três mil milhões de metros cúbicos até 2030, o que equivale à procura de uma população superior à da Coreia do Sul.

Esta situação coloca desafios “em termos de abastecimento de água e de sustentabilidade” no país asiático, tornando imperativo “responder à necessidade crescente de recursos hídricos, para assegurar um equilíbrio adequado entre o desenvolvimento tecnológico e a preservação dos recursos naturais”.

De acordo com o estudo, os centros de dados chineses não só consomem água directamente para evitar o sobreaquecimento dos equipamentos informáticos, como também geram um consumo indirecto devido à produção de electricidade a partir do carvão.

As projecções do estudo preveem que, até ao final desta década, haverá mais de onze milhões de centros na China para alojar servidores, cabos e outros equipamentos, quase o triplo do número em 2020.

Além disso, prevê-se que o crescimento da tecnologia de IA generativa aumente a procura de recursos hídricos no sector das tecnologias da informação e das telecomunicações.

Futuro desidratado

O relatório da organização não governamental com sede em Hong Kong referiu um estudo realizado por investigadores norte-americanos, que afirma que o modelo linguístico GPT-3 consome 500 mililitros de água por cada 10 a 50 respostas geradas, o que é 20 vezes mais do que o tempo necessário para efectuar 50 pesquisas no Google.

Os peritos da organização observaram que os ‘chatbots’ têm cada vez mais utilizadores e que os gigantes tecnológicos chineses, como o Baidu, Tencent e Alibaba, lançaram os seus próprios serviços de inteligência artificial no ano passado, aumentando o impacto potencial no consumo de água.

De acordo com a análise, se 100 milhões de utilizadores conversassem através do ChatGPT, o programa “consumiria 50 mil metros cúbicos de água, o equivalente a 20 piscinas olímpicas, enquanto a utilização da Google exigiria apenas uma delas”.

A directora da China Water Risk, Debra Tan, sublinhou a importância de adoptar medidas mais eficientes em termos de recursos para atenuar os actuais desafios em matéria de água, tais como “a recuperação de bacias hidrográficas, a melhoria da eficiência da água nas instalações existentes, a reutilização de águas residuais e a recolha de águas pluviais”.

18 Abr 2024

China-Alemanha | Scholz pede a Xi Jinping que actue em prol de uma “paz justa”

O chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu ontem junto do Presidente chinês, Xi Jinping, um acordo com a China sobre a melhor forma de alcançar uma “paz justa” na Ucrânia. Scholz chegou à China no domingo, acompanhado por uma grande delegação de ministros e líderes empresariais. Esta é a sua segunda visita ao país desde que tomou posse no final de 2021.

Durante a visita de três dias, que incluiu paragens em Chongqing, Xangai e Pequim, o líder alemão tentou reforçar os laços económicos do seu país com a China, o principal parceiro comercial da Alemanha, ao mesmo tempo que representa uma União Europeia (UE) que quer ser menos dependente economicamente do país asiático.

No complexo diplomático de Diaoyutai, em Pequim, Olaf Scholz disse a Xi que queria discutir uma forma de “contribuir mais para uma paz justa na Ucrânia”.

Relativamente à crise ucraniana, a China apela ao diálogo, opõe-se a qualquer utilização de armas nucleares e apela ao respeito pela integridade territorial de “todos os países”, ou seja, da Ucrânia. Mas Pequim nunca condenou publicamente Moscovo pela sua invasão da Ucrânia e pede regularmente que sejam tidas em conta as preocupações de segurança de todas as partes, incluindo as da Rússia face à NATO.

“A guerra de agressão russa na Ucrânia e o armamento da Rússia estão a ter um impacto negativo muito significativo na segurança da Europa”, disse Olaf Scholz a Xi Jinping, de acordo com uma gravação fornecida pelo gabinete do Chanceler.

“O conflito afecta directamente os nossos interesses fundamentais”, continuou Scholz. “Indirectamente, prejudica toda a ordem internacional porque viola um princípio da Carta das Nações Unidas – o princípio da inviolabilidade das fronteiras dos Estados”, acrescentou.

Potências responsáveis

“China e Alemanha são a segunda e a terceira maiores economias do mundo”, afirmou Xi Jinping. “A importância de consolidar e desenvolver as relações sino – alemãs vai para além das relações bilaterais e tem um impacto significativo na eurásia e até no mundo inteiro”.

O líder chinês apresentou ao seu interlocutor aquilo que os órgãos chineses apresentaram como “quatro princípios” para evitar que a crise “fique fora de controlo e para restaurar a paz”.

A CCTV difundiu um vídeo dos dois homens a passear depois das discussões, entre árvores floridas, pontes de pedra e edifícios tradicionais chineses com colunas vermelhas. Olaf Scholz deve manter ainda conversações com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e reunir-se com o Comité Económico China – Alemanha.

17 Abr 2024

Alemanha | Xi avisa país para ter cuidado com “crescente proteccionismo”

O Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu ontem ao Chanceler alemão, Olaf Scholz, que a cooperação entre a China e Alemanha “não é arriscada” e que ambas as partes devem “ter cuidado com o crescente proteccionismo”.

“Não há riscos na nossa cooperação. A nossa cooperação é uma garantia para a estabilidade das nossas relações e uma oportunidade para criar um futuro. Existe um enorme potencial, quer em domínios tradicionais como a maquinaria e os automóveis, quer em novos domínios como a transformação ecológica, a digitalização e a inteligência artificial”, disse Xi, numa reunião, em Pequim, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado.

De acordo com o líder chinês, a cooperação sino – alemã é “benéfica para todas as partes e para o mundo”, acrescentando ainda que “a política da China em relação à Alemanha é consistente”.

“Devemos continuar a manter intercâmbios estreitos com uma mente aberta, aderir ao respeito mútuo e procurar um terreno comum, sendo capazes de resolver as nossas diferenças”, disse. Xi realçou ainda que “as cadeias industriais e de abastecimento da China e da Alemanha estão profundamente enraizadas uma na outra e os mercados dos dois países são altamente interdependentes”.

“As exportações chinesas de veículos eléctricos, baterias de lítio ou produtos fotovoltaicos não só enriqueceram a oferta global e aliviaram a pressão inflacionista global, como também contribuíram grandemente para a resposta global às alterações climáticas e para a transformação verde e com baixas emissões de carbono”, afirmou.

“Temos de ter cuidado com o proteccionismo. Temos de analisar as questões relacionadas com a capacidade de produção de forma objectiva, numa perspectiva de mercado e numa perspectiva global. A China adere a uma política nacional de abertura e espera que a Alemanha proporcione um ambiente de negócios justo, transparente, aberto e não discriminatório para as empresas chinesas”, disse.

O líder chinês afirmou ainda que os laços entre China e Alemanha têm um impacto “importante” na eurásia e em “todo o mundo”, pelo que os dois países devem “desenvolver os seus laços numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, a fim de “injectar mais estabilidade e certeza no mundo”.

Competição saudável

Scholz afirmou que “a Alemanha está disposta a trabalhar com a China para reforçar ainda mais as relações bilaterais, aprofundar o diálogo e a cooperação em vários domínios”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A Alemanha opõe-se ao proteccionismo e apoia o comércio livre. A Alemanha está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com a China para responder conjuntamente aos desafios globais”, afirmou.

Na segunda-feira passada, Scholz disse em Xangai que ia abordar as condições para uma concorrência leal, a transformação verde e o investimento, no seu encontro com Xi, numa altura em que existe preocupação com o impacto dos veículos eléctricos fabricados na China no mercado europeu.

O chanceler sublinhou em Xangai, onde visitou uma empresa alemã de plásticos que trabalha com tecnologias verdes e sustentáveis, que a economia da Alemanha, “um dos países exportadores mais bem-sucedidos do mundo”, baseia-se em ser “globalmente competitiva”, defendendo ao mesmo tempo “condições de concorrência leal” e não “proteccionismo”.

A nível geopolítico, Scholz disse que ia pedir a Xi que a China deixasse de fornecer bens civis e militares de dupla utilização à Rússia, uma vez que “ninguém deve contribuir” para a “guerra de conquista” de Moscovo na Ucrânia, um conflito sobre o qual Pequim tem adoptado uma posição ambígua.

17 Abr 2024

Médio Oriente | Pequim apela novamente à contenção para evitar escalada

A China voltou ontem a apelar à contenção de todas as partes, depois de o Irão ter disparado no sábado dezenas de veículos aéreos não tripulados (“drones”) e mísseis contra Israel.

“A China apela às partes para que mantenham a calma e a contenção para evitar uma nova escalada das tensões”, respondeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, quando questionado sobre se a China está preocupada em ser arrastada para um conflito.

No domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês manifestou a sua preocupação “com a actual escalada da situação” na região e apelou a “todas as partes para que mantenham a calma e a contenção”. A diplomacia chinesa apelou igualmente à comunidade internacional, “especialmente aos países influentes”, para que desempenhem “um papel construtivo na manutenção da paz e da estabilidade regionais”.

Na semana passada, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, condenou “veementemente” o ataque atribuído por Israel ao consulado iraniano em Damasco, numa conversa com o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na qual apelou também ao respeito pela soberania do Irão e da Síria. Durante a conversa, Wang sublinhou a “inviolabilidade” das instituições diplomáticas.

A China reiterou que o recente aumento das tensões é “uma extensão” do conflito em Gaza e que, por conseguinte, a “prioridade imediata” é “acalmar a situação” nessa zona.

Desde Outubro passado, Pequim tem manifestado o seu apoio à “causa justa do povo palestiniano para restabelecer os seus direitos e interesses legítimos” e à solução de dois Estados, ao mesmo tempo que exprime a sua “consternação” face aos ataques contra civis por parte de Israel, que tem instado repetidamente a respeitar a Carta das Nações Unidas.

16 Abr 2024

Pequim | Meia Maratona investiga vitória polémica de atleta

Os organizadores da Meia Maratona de Pequim instauraram ontem um inquérito à vitória do chinês He Jie, por aparente desinteresse dos adversários em vencer a prova disputada no domingo.

He Jie, de 25 anos, medalha de ouro na maratona dos Jogos Asiáticos de 2023, venceu a corrida chinesa, com um segundo de vantagem sobre os quenianos Robert Keter e Willy Mnangat e sobre o etíope Dejene Hailu.

Na chegada, nenhum dos três forçou o ritmo e Hailu até parece abrandar e encaminhar o chinês para a abordagem à meta. “Estamos a investigar e anunciaremos a conclusão ao público quando for conhecida”, disse ontem um funcionário da cidade de Pequim responsável pelos desportos, citado pela agência noticiosa AFP, sob anonimato.

16 Abr 2024

HK | Segurança nacional apontada como caminho do desenvolvimento

Xia Baolong apresentou a sua visão de um futuro próspero para a região em dia de celebração do “Dia da Educação para a Segurança Nacional”

 

O chefe do Gabinete do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau, Xia Baolong, disse ontem que a antiga colónia britânica deve “agarrar-se firmemente” aos objectivos de segurança nacional para “garantir a sua prosperidade”.

Num discurso por ocasião do “Dia da Educação para a Segurança Nacional”, Baolong expôs a sua visão para a região, que, defende, “deixou para trás uma era de conflitos políticos para abraçar um período de estabilidade e de oportunidades económicas”.

“Hong Kong está agora posicionada como um centro global para concretizar as suas aspirações e gerar riqueza”, afirmou. O político rejeitou categoricamente qualquer argumento segundo o qual a economia da cidade estaria em declínio, afirmando que “a sua prosperidade não pode ser minada por alguns rumores”, e rejeitou os seus críticos como “meros pessimistas”.

Argumentou que a cidade se enquadra no conceito mais amplo de segurança nacional da China, especialmente após a promulgação da controversa Lei de Segurança Nacional.

Reacção explosiva

Em Março passado, Hong Kong aprovou uma nova lei de segurança nacional, designada por artigo 23.º, que introduz ou actualiza disposições que proíbem a traição, a sabotagem, a sedição, o roubo de segredos de Estado e a espionagem, e estabelece penas que podem levar à prisão perpétua.

O novo texto é separado da lei de segurança nacional imposta por Pequim, aprovada em Junho de 2020 após meses de protestos, que criminaliza a secessão, a subversão, a conivência com estrangeiros e o terrorismo.

“Completar a legislação com o artigo 23.º é como inocular a cidade com uma vacina eficaz contra as ameaças à segurança nacional, que ainda estão presentes e se propagam como um vírus, pelo que são essenciais os esforços contínuos de proteção”, sublinhou o Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, que insistiu que “as forças hostis continuam a vigiar a cidade”.

A reforma gerou um intenso debate e críticas ferozes por parte dos governos democráticos e das organizações ocidentais, que prevêem o início de uma “nova era de autoritarismo” susceptível de pôr em causa o princípio “um país, dois sistemas”, fundamental para a autonomia e o estatuto semiautónomo da cidade.

Em resposta às críticas, as autoridades locais rejeitaram o que consideram ser “manobras políticas com comentários tendenciosos” por parte de “deturpadores, alarmistas e promotores do pânico”. O chefe da segurança, Chris Tang, sublinhou ontem que a natureza da legislação era muito precisa e se centrava num pequeno grupo de pessoas susceptíveis de ameaçar a segurança nacional e não no público em geral.

“Depois da versão de Hong Kong de uma revolução colorida em 2019, os cidadãos compreenderam finalmente a importância da legislação de segurança nacional para manter a prosperidade”, sublinhou.

16 Abr 2024

José Cesário: Portugal tem “tudo preparado se for preciso evacuação” de Israel

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu ontem que “está tudo preparado se for preciso” retirar portugueses expatriados de Israel, revelando ainda que há 47 portugueses a tentar sair do Irão.

Em declarações à agência Lusa a propósito do ataque iraniano a Israel, no sábado, José Cesário referiu que em Israel “há uma comunidade de cerca de 30 mil cidadãos com nacionalidade portuguesa” e “alguns portugueses expatriados em turismo ou a trabalhar”, estando neste último caso referenciadas 13 pessoas. Segundo José Cesário, o Governo português está “atento à evolução da situação”, estando “tudo preparado se for preciso uma evacuação”, havendo os meios para o efeito. Sublinhou ainda que esse acompanhamento da situação será feito em “articulação com os parceiros da União Europeia”.

Quanto aos portugueses que estejam em Israel e precisem de apoio, o mesmo responsável lembrou que devem recorrer ao Gabinete de Emergência Consular em Lisboa, por via telefónica, podendo ainda entrar em contacto com a Embaixada de Portugal em Israel. De momento, aconselhou ainda, os cidadãos portugueses devem abster-se de viajar para a região em conflito e “quem lá estiver deve cumprir as orientações das autoridades locais em matéria de segurança”.

Quanto aos portugueses que tentam sair do Irão não foram adiantados mais pormenores.
O espaço aéreo israelita, encerrado no sábado à noite pouco antes do ataque iraniano a Israel, reabriu às 07h30 locais (12h30 em Macau), anunciou a autoridade aeroportuária. O portal na Internet do aeroporto dá conta de atrasos significativos, tanto nas partidas como nas chegadas.

Acções em cadeia

O Irão lançou no sábado à noite um ataque com ‘drones’ contra Israel “a partir do seu território”, confirmou o porta-voz do exército israelita num discurso transmitido pela televisão.

Numa mensagem na rede social X, a missão iraniana junto da ONU alegou que, “de acordo com o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas sobre a legítima defesa, a acção militar do Irão foi uma resposta à agressão do regime sionista” contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco. As tensões entre os dois países subiram nas últimas semanas, depois do bombardeamento do consulado iraniano em Damasco, a 1 de Abril, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

15 Abr 2024

Japão | Uma em cinco famílias com idosos a viver sozinhos em 2050

Um em cada cinco agregados familiares japoneses vai ser constituído por uma pessoa idosa a viver sozinha em 2050, aponta um estudo do Instituto Nacional de Investigação sobre População e Segurança Social do Japão, divulgado na sexta-feira. Nesse ano, 10,8 milhões de idosos vão estar a viver sozinhos, representando 20,6 por cento dos agregados familiares, projecta-se no documento.

Estes números representam um aumento significativo em relação a 2020, ano em que 7,37 milhões de idosos viviam sozinhos, ou seja, 13,2 por cento dos agregados familiares, de acordo com o instituto. Os jovens japoneses estão a casar cada vez mais tarde e muitos optam por não ter filhos por questões económicas.

O Japão enfrenta um desafio demográfico, com o número crescente de idosos a provocar o aumento das despesas médicas e de cuidados de saúde, numa altura em que o país se vê confrontado com a diminuição da população activa capaz de financiar estas despesas. Muitos idosos têm filhos ou familiares que podem prestar cuidados, mesmo que estes vivam sozinhos, observa o instituto. “No entanto, dentro de cerca de trinta anos, a proporção de agregados familiares com um idoso sem filhos a viver sozinho” deverá aumentar. Também o número de irmãos que prestam assistência familiar deverá diminuir, acrescenta.

A população do país diminuiu em 595 mil pessoas, atingindo 124 milhões em 2023, segundo as estatísticas do Governo nipónico publicadas na sexta-feira. A diminuição foi compensada pela chegada de estrangeiros, com a população de cidadãos japoneses a diminuir em 837 mil, para 121 milhões.

15 Abr 2024

Tailândia adverte forças birmanesas contra qualquer violação da fronteira

A Tailândia advertiu na sexta-feira que não permitirá qualquer violação do seu território, na sequência de combates junto à fronteira com Myanmar, cujos militares confirmaram a retirada das tropas governamentais de uma cidade fronteiriça estratégica. “Os nossos soldados estão de guarda ao longo da fronteira, mostrando que estamos prontos a proteger e a não permitir que ninguém viole a nossa soberania”, disse o chefe da diplomacia tailandesa, Parnpree Bahiddha-Nukara.

As forças da União Nacional Karen (KNU), que combatem os militares no poder na antiga Birmânia, anunciaram na quinta-feira que as tropas governamentais tinham abandonado Myawaddy, uma cidade estratégica para o comércio com a Tailândia. Cerca de 200 soldados birmaneses deixaram a cidade para se refugiarem numa ponte que a liga a Mae Sot, disse o porta-voz do KNU, Padoh Saw Taw Nee, à agência francesa AFP.

O porta-voz da Junta Militar, Zaw Min Tun, confirmou aos meios de comunicação birmaneses na quinta-feira à noite que os soldados “tiveram de se retirar”, invocando a segurança das suas famílias. Zaw Min Tun disse à televisão britânica BBC que as autoridades birmanesas e tailandesas estavam em conversações sobre os soldados governamentais, mas sem precisar o número de militares em causa.

Reconheceu também que alguns combatentes do KNU tinham entrado em Myawaddy, sem dar mais pormenores. “A Tailândia deixou bem claro que não permitirá que ninguém viole o seu território, que não o aceitará”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês aos jornalistas em Mae Sot, junto à fronteira com Myanmar.

Mar de gente

Centenas de birmaneses têm-se dirigido à fronteira nos últimos dias para fugir aos combates. A Tailândia tem uma fronteira de 2.400 quilómetros com Myanmar, onde um golpe militar em 2021 reacendeu o conflito com as minorias étnicas.

A situação tinha acalmado na sexta-feira de manhã junto ao rio Moei, que separa os dois países do Sudeste Asiático, constataram jornalistas da AFP no local.
Uma fonte do KNU disse que os seus combatentes e as Forças de Defesa do Povo aliadas tinham entrado em confronto com o exército em Kawkareik, a cerca de 40 quilómetros de Myawaddy, sem dar mais pormenores. Fontes militares disseram à AFP que a junta birmanesa estava a enviar reforços para Myawaddy.

15 Abr 2024

Hong Kong | Mais de 1.000 detidos em operações antifraude

A polícia de Hong Kong deteve 1.121 pessoas suspeitas de pertencerem a redes criminosas que roubaram 2,2 mil milhões de dólares de Hong Kong em fraudes telefónicas e na Internet. A operação “Plano de Ataque” decorreu entre 25 de Março e 11 de Abril, disse na sexta-feira à noite (hora local) a polícia da região.

Os alegados autores foram acusados de vários crimes de branqueamento de capital, conspiração para defraudar e obtenção de bens através de fraude. De acordo com a polícia, 768 homens e 353 mulheres, com idades compreendidas entre os 14 e os 89 anos, foram detidos em ligação a 952 casos de fraude e crimes tecnológicos, principalmente relacionados com o comércio ou o investimento.

O inspector-chefe Tang Kwok-hin, do departamento de cibersegurança e crimes tecnológicos, apelou ao público para utilizar a aplicação “Scameter”, desenvolvida pela polícia e que detecta números de telefone e páginas da Internet fraudulentos. Nos últimos anos, Hong Kong, região vizinha de Macau, adoptou medidas mais rigorosas para combater o branqueamento de capitais, com penas que podem ir até 14 anos de prisão. A polícia de Hong Kong registou um aumento de casos de fraude no ano passado, com 39.824 casos que envolveram perdas de 9,1 mil milhões de dólares de Hong Kong.

15 Abr 2024

Taiwan | Duas empresas dos EUA sancionadas por venda de armas

A China anunciou a imposição de sanções contra duas empresas norte-americanas por causa da venda de armas a Taiwan. As sanções implicam o congelamento dos activos da General Atomics Aeronautical Systems e da General Dynamics Land Systems na China e a interdição de entrada no país de membros da direcção das duas empresas.

“As vendas contínuas de armas dos Estados Unidos à região chinesa de Taiwan violam gravemente o princípio ‘Uma só China’ (…), interferem nos assuntos internos chineses e minam a soberania e a integridade territorial” do país, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado, sem avançar pormenores sobre o alegado envolvimento das empresas no fornecimento de armas à ilha.

A General Dynamics opera meia dúzia de jactos executivos e desenvolve operações em serviços de aviação na China, que continua fortemente dependente da tecnologia aeroespacial estrangeira, mesmo quando tenta construir uma presença própria no sector. A empresa também ajuda no fabrico do tanque Abrams, que está a ser comprado por Taiwan para substituir equipamento obsoleto. A General Atomics produz os veículos aéreos não tripulados (drones) Predator e Reaper, usados pelas Forças Armadas norte-americanas.

As sanções foram decretadas ao abrigo da lei de combate sanções estrangeiras, recentemente promulgada por Pequim, para retaliar contra restrições financeiras e de viagem impostas pelos EUA a funcionários chineses acusados de violações dos Direitos Humanos na China e em Hong Kong. As entidades detidas a 100 por cento pela General Dynamics estão registadas em Hong Kong.

15 Abr 2024

Médio Oriente | China expressa “profunda preocupação” com agravamento de tensões

A China expressou “profunda preocupação” com o agravamento da situação no Médio Oriente, após o ataque do Irão contra Israel, e pediu “calma e contenção”. 99 por cento dos mísseis e drones lançados por Teerão foram interceptados, não causando grandes danos

 

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês manifestou preocupação “com a actual escalada da situação” na região e apelou a “todas as partes para que exerçam a calma e a contenção”. O Irão lançou no sábado à noite um ataque com ‘drones’ contra Israel “a partir do seu território”, confirmou o porta-voz do exército israelita num discurso transmitido pela televisão.

As tensões entre os dois países subiram nas últimas semanas, depois do bombardeamento do consulado iraniano em Damasco, a 1 de Abril, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios. “Esta é a mais recente manifestação das repercussões do conflito em Gaza. A prioridade máxima é a aplicação efectiva da Resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU e o fim do conflito em Gaza o mais rapidamente possível”, indicou o comunicado de Pequim.

A China deixou ainda um apelo à comunidade internacional, “especialmente aos países influentes”, para que desempenhem “um papel construtivo na manutenção da paz e da estabilidade regionais”. O Conselho de Segurança da ONU realizou ontem uma sessão de emergência, a pedido de Israel, para discutir os ataques iranianos de sábado à noite.

Na semana passada, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, condenou “de forma veemente” o ataque atribuído por Israel ao consulado iraniano em Damasco.
Numa conversa com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, Wang pediu ainda respeito pela soberania do Irão e da Síria e sublinhou “a inviolabilidade” das instituições diplomáticas.

A China reiterou que a recente escalada das tensões é “uma extensão” do conflito na Faixa de Gaza e que a “prioridade imediata” é “acalmar a situação” na região. Pequim tem manifestado apoio à “causa justa do povo palestiniano para restaurar os seus direitos e interesses legítimos” e à solução de dois Estados, ao mesmo tempo que manifesta consternação pelos ataques contra civis por parte de Israel.

Ataque bloqueado

O Corpo de Guardas da Revolução do Irão, o exército da República Islâmica, lançou um ataque “em grande escala” com drones e mísseis contra Israel, anunciou a televisão estatal iraniana. “Em resposta aos numerosos crimes cometidos pelo regime sionista, incluindo o ataque à secção consular da embaixada da República Islâmica do Irão em Damasco e o martírio de um grupo de comandantes militares e conselheiros do nosso país na Síria, a força aérea da Força Aeroespacial do Corpo dos Guardas da Revolução Islâmica disparou dezenas de mísseis e drones contra alvos específicos dentro dos territórios ocupados”, disse a televisão estatal citando o departamento de relações públicas dos Guardas.

Israel, com a ajuda dos principais aliados ocidentais, incluindo os EUA, o Reino Unido e a Jordânia, afirmou ter interceptado cerca de 99 por cento dos lançamentos durante o ataque em massa, mas acrescentou que alguns mísseis balísticos chegaram a Israel, danificando a base aérea de Nevatim, no sul de Israel.

15 Abr 2024

China | Exportações caíram em Março, depois de subidas em Janeiro e Fevereiro

As exportações chinesas sofreram uma contracção em Março, depois de terem crescido nos dois primeiros meses do ano, expondo o desequilíbrio na recuperação da segunda maior economia mundial após a pandemia. Os dados aduaneiros divulgados na sexta-feira mostram que as exportações diminuíram 7,5 por cento, em Março, em relação ao período homólogo, enquanto as importações caíram 1,9 por cento. Ambos os valores ficaram aquém das expectativas dos analistas.

No período entre Janeiro e Fevereiro, as exportações aumentaram 7,1 por cento, em termos homólogos, enquanto as importações subiram 3,5 por cento.
A China, a segunda maior economia do mundo, registou um excedente comercial de 58,55 mil milhões de dólares em Março. O excedente nos primeiros dois meses do ano foi de 125 mil milhões de dólares.

O declínio das exportações reflectiu, em parte, uma base de comparação mais elevada com Março de 2023, quando as exportações aumentaram 14,8 por cento, à medida que a economia reabriu após ter definhado, sob a política de ‘zero casos’ de covid-19.

A economia abrandou a médio prazo, em parte devido a uma crise no sector imobiliário. O enfraquecimento das exportações é mais um entrave ao crescimento. “Pensamos que os volumes de exportação aumentarão mais lentamente este ano, dado que o consumo nas economias desenvolvidas está a arrefecer e que o estímulo suscitado pela queda acentuada dos preços das exportações do ano passado está a desaparecer”, afirmou Zichun Huang, economista da Capital Economics para a China, numa nota. Huang disse que as importações provavelmente ganharão impulso, já que o aumento das despesas do Governo impulsiona a demanda.

Época de saldos

Um inquérito oficial aos gestores de compras das fábricas em Março mostrou que a actividade industrial se expandiu pela primeira vez em seis meses. O inquérito revelou uma expansão das novas encomendas de exportação pela primeira vez em quase um ano.

A China estabeleceu um objectivo de crescimento económico de cerca de 5 por cento para este ano, uma ambição que exigirá mais apoio político, segundo os economistas.
Os últimos dados desmentem as preocupações de que a China possa aumentar as suas exportações para ajudar a atingir o seu objectivo de crescimento, aumentando o excesso de capacidade em muitas indústrias. O aumento dos envios de veículos eléctricos para a Europa fez soar o alarme sobre a possibilidade de as viaturas eléctricas fabricadas na China poderem vir a substituir os produzidos pelos fabricantes locais.

Os exportadores têm vindo a reduzir os preços para aumentar as suas vendas no estrangeiro, mas com o aumento das perdas, a capacidade dos fabricantes para reduzir os preços está a diminuir, disse Huang.

15 Abr 2024

Repórteres sem Fronteiras | Representante impedida de entrar em HK

A Repórteres sem Fronteiras (RSF) declarou que um dos seus representantes teve entrada recusada em Hong Kong, onde pretendia assistir ao processo do empresário pró-democracia Jimmy Lai, que está detido.

A representante da RSF, Aleksandra Bielakowska, baseada em Taipé, teve a entrada negada no aeroporto internacional de Hong Kong, onde pretendia “reunir com jornalistas e seguir uma audiência no processo de Jimmy Lai”, segundo a organização não-governamental. Bielakowska foi “detida durante seis horas, revistada e interrogada (…), antes de ser expulsa do território”, especificou-se no texto.

Esta foi a primeira vez que um representante dos RSF teve a entrada recusada no território ou foi detido à chegada a Hong Kong. A RSF está “consternada por este tratamento inaceitável”, declarou Rebecca Vincent, dirigente da organização em comunicado. “Nunca testemunhámos esforços tão flagrantes das autoridades para se subtraírem ao exame dos processos judiciais”, acrescentou.

12 Abr 2024

Coreia do Sul | Primeiro-ministro e líder do partido no poder demitem-se

O primeiro-ministro e o líder do partido no poder na Coreia do Sul demitiram-se ontem, depois da derrota do Partido do Poder Popular nas legislativas, deixando o Presidente numa posição difícil até ao final do mandato

O primeiro-ministro Han Duck-soo “manifestou a intenção de se demitir”, disse um funcionário presidencial aos jornalistas, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Também o líder do Partido do Poder Popular (PPP) pediu “desculpas ao povo por não ter sido escolhido”. “Assumo toda a responsabilidade pelos resultados das eleições e vou demitir-me do cargo”, declarou à imprensa Han Dong-hoon.

Os principais conselheiros do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, igualmente do PPP, estão a considerar demitir-se após a derrota eleitoral, informaram meios de comunicação social sul-coreanos, incluindo a Yonhap.

Com a maior parte dos votos contados, o Partido Democrático, principal partido da oposição, e o partido satélite deste, deverão ter conquistado um total de 175 lugares na Assembleia Nacional, composta por 300 membros. Um outro pequeno partido liberal da oposição deverá obter 12 lugares, de acordo com os ‘media’ sul-coreanos. Já o PPP e o partido satélite deverão ter alcançado 109 lugares.

Ventos liberais

Os resultados das eleições de quarta-feira representam um golpe político para Yoon, fazendo recuar a agenda interna do líder e deixando-o perante uma ofensiva política cada vez mais intensa da oposição liberal durante os três anos que lhe restam no cargo, escreveu a agência de notícias Associated Press (AP).

Numa reacção aos resultados, Yoon Suk-yeol prometeu reformas: “Honrarei humildemente a vontade do povo expressa nas eleições gerais, reformarei os assuntos do Estado e farei o meu melhor para estabilizar a economia e os meios de subsistência das pessoas”, disse o dirigente, de acordo com o chefe de gabinete Lee Kwan-sup.

O resultado significa que as forças liberais da oposição vão alargar o controlo do parlamento, embora seja possível que não consigam alcançar a maioria de 200 lugares que lhes confere poderes legislativos para anular vetos e até mesmo destituir o Presidente, indicou a AP.

Na Coreia do Sul, o poder executivo está fortemente concentrado no Presidente, mas o primeiro-ministro é o segundo responsável e dirige o país em caso de incapacidade do chefe do Estado.

A eleição de quarta-feira foi vista como um voto de confiança a meio do mandato de Yoon, um antigo procurador de topo que assumiu o cargo em 2022. Yoon tem feito pressão para impulsionar a cooperação com os Estados Unidos e o Japão de forma a enfrentar uma combinação de desafios económicos e de segurança. Mas o Presidente sul-coreano tem-se debatido com baixos índices de aprovação no país e com um parlamento controlado pela oposição liberal.

12 Abr 2024