Inteligência artificial | Huawei anuncia que lançará em 2026 novo ‘chip’

A tecnológica chinesa Huawei prevê lançar no primeiro trimestre de 2026 um novo processador de inteligência artificial, o Ascend 950PR, no âmbito dos esforços da China para reduzir a dependência de semicondutores estrangeiros. O calendário do novo componente foi anunciado ontem, durante a conferência anual Huawei Connect, em Xangai, onde a empresa destacou que o ‘chip’ terá memória avançada para processamento de dados em larga escala.

Citado pelo jornal local Yicai, o presidente rotativo da companhia, Eric Xu, disse que o 950PR integra uma nova série de processadores Ascend, que inclui também os modelos 950DT, 960 e 970, a lançar nos próximos três anos.

O anúncio surge numa altura em que Pequim intensificou o apoio à indústria nacional de semicondutores, em contexto de tensões tecnológicas com Washington. A Administração do Ciberespaço da China, principal regulador da Internet no país, ordenou recentemente a grandes empresas como ByteDance ou Alibaba que suspendessem encomendas de processadores da norte-americana Nvidia concebidos especificamente para o mercado chinês, noticiou esta semana o Financial Times.

Fontes citadas pelo jornal britânico referiram que os reguladores chineses acreditam que os processadores desenvolvidos na China já oferecem um desempenho comparável ao dos produtos da Nvidia autorizados para venda no país.

19 Set 2025

Desemprego juvenil na China atinge máximo de dois anos em Agosto

A taxa de desemprego juvenil na China atingiu em Agosto o nível mais alto dos últimos dois anos, devido à desaceleração económica e às dificuldades de acesso ao mercado laboral, segundo dados oficiais divulgados ontem.

A taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos – excluindo estudantes – fixou-se em 18,9 por cento em Agosto, mais 1,1 pontos percentuais do que em Julho e acima dos 18,8 por cento registados no mesmo mês do ano passado, informou o Gabinete Nacional de Estatísticas. No grupo etário dos 25 aos 29 anos, também sem incluir estudantes, a taxa subiu de 6,9 por cento em Julho para 7,2 por cento em Agosto.

O South China Morning Post sublinhou que cerca de 12,2 milhões de universitários chineses, um número recorde, terminaram os estudos este Verão, enfrentando um mercado de trabalho marcado por tendências deflacionistas, pela desaceleração do crescimento económico e pela incerteza externa ligada, entre outros factores, à guerra comercial.

Muitos recém-licenciados enfrentam dificuldades em encontrar empregos adequados à sua área e nível de formação, optando alguns por prolongar os estudos com pós-graduações para se diferenciarem, enquanto outros têm sido forçados a aceitar empregos de baixa qualificação, como o de estafeta.

“Muitas gerações sofreram e trabalharam em excesso. O que caracteriza os jovens de hoje é o seu nível de educação e a percepção de que o esforço não será recompensado numa economia em dificuldades”, afirmou Barclay Bram, do Center for China Analysis, da Asia Society, num relatório recente.
Pequim deixou de publicar dados de desemprego juvenil em Julho de 2023, depois de estes atingirem o recorde de 21,3 por cento. A divulgação foi retomada em Dezembro, com um novo método de cálculo que exclui os estudantes, justificando que a procura de trabalho “não era prioritária” para este grupo.

19 Set 2025

Impostos | Alargada cobrança a rendimentos no estrangeiro

A China está a intensificar a cobrança de impostos sobre rendimentos no estrangeiro, alargando a fiscalização a cidadãos menos ricos depois de, no ano passado, ter-se focado, sobretudo, em ultramilionários

 

De acordo com fontes citadas pela agência Bloomberg, as autoridades estão a escrutinar uma ampla gama de rendimentos ‘offshore’, incluindo ganhos de investimento, dividendos e opções de acções de funcionários. Estes rendimentos podem ser tributados até 20 por cento.

Prestadores de serviços fiscais registaram, nos últimos meses, um aumento de pedidos de clientes com menos de um milhão de dólares (845 mil euros) em activos, num contraste com a campanha de 2024, que visava indivíduos com património superior a 10 milhões (8,45 milhões de euros). Residentes chineses com investimentos ‘offshore’, em especial em acções nos Estados Unidos e em Hong Kong, estão entre os principais alvos, segundo a Bloomberg.

Pequim procura reforçar a receita fiscal e reduzir um défice orçamental recorde, depois de intensificar o estímulo para contrariar os efeitos das tarifas norte-americanas. Os governos locais, pressionados pela crise prolongada do sector imobiliário e pela desalavancagem, deixaram de poder contar com a venda de terrenos ou o recurso excessivo a endividamento.

Entre Janeiro e Abril, a receita total do Governo central caiu 1,3 por cento em termos homólogos, enquanto a despesa aumentou 7,2 por cento, fazendo com que o défice disparasse mais de 50 por cento, para mais de 360 mil milhões de dólares (304 mil milhões de euros) – o valor mais alto de sempre para o período, segundo cálculos da Bloomberg com base em dados do Ministério das Finanças.

Em simultâneo, investidores chineses têm transferido mais riqueza para fora do país, face ao abrandamento económico e ao aumento da fiscalização sobre o sector privado. A política de “prosperidade comum” promovida pelo Presidente chinês, Xi Jinping, também afectou a confiança, embora Pequim tenha lançado recentemente esforços para a restaurar entre os empresários.

Só este ano, investidores do interior canalizaram cerca de 658 mil milhões de dólares de Hong Kong para acções cotadas em Hong Kong através do mecanismo de ligação transfronteiriça, mais do dobro das saídas líquidas registadas no mesmo período de 2024.

Segundo uma fonte citada pela Bloomberg, o Ministério das Finanças vê margem para aumentar a receita através de uma fiscalização mais apertada sobre rendimentos sujeitos a imposto que não foram declarados ou identificados.

Baterias apontadas

Vários serviços fiscais em Pequim, Xangai e províncias como Zhejiang emitiram avisos para que os residentes verifiquem os seus ganhos no estrangeiro e apresentem declarações até 30 de Junho, prazo para a entrega do rendimento de 2024.

Desde Março, as autoridades locais têm actuado em coordenação, após análises de grandes bases de dados terem revelado residentes que omitiram rendimentos ‘offshore’. Em alguns casos divulgados, os valores cobrados em impostos em atraso e coimas foram de 127.200 yuan. A nova ofensiva segue-se à adesão da China, em 2018, ao Common Reporting Standard (CRS), sistema global de partilha de informações destinado a prevenir a evasão fiscal.

Apesar de a legislação sempre ter estipulado a tributação dos rendimentos mundiais, só no ano passado a regra passou a ser aplicada de forma mais sistemática.

Segundo estimativas da Bloomberg Intelligence, os activos financeiros pessoais na China continental poderão atingir 80 biliões de dólares (67 biliões de euros) até 2030, com os investimentos no estrangeiro a subirem para 11 por cento do total, face a 8 por cento em 2023.

19 Set 2025

Timor-Leste | Estudantes cantam vitória para o “povo maubere”

Os estudantes universitários timorenses reunidos em protesto em frente ao Parlamento Nacional celebraram ontem a vitória do “povo maubere”, após o anúncio de que os deputados se tinham comprometido com as suas exigências.

“A nossa luta não foi fácil, passou pelo esforço colectivo de todos ao longo destes três dias”, afirmou aos jornalistas o coordenador-geral dos Estudantes Universitários de Timor-Leste (EUTL), José da Costa, após o fim das negociações com os deputados timorenses. Segundo José da Costa, a vitória dos estudantes resultou numa “conquista para o povo maubere”.

José da Costa disse que o protesto, que deveria continuar na próxima semana, foi temporariamente suspenso, mas os Estudantes Universitários de Timor-Leste vão continuar a “dinamizar a acção política no país”.

O coordenador-geral da EUTL agradeceu também aos timorenses e estrangeiros que apoiaram financeiramente a sua acção, permitindo a compra de comida e água para os manifestantes.

Os cinco partidos com representação parlamentar em Timor-Leste comprometeram-se ontem com as todas as exigências dos estudantes universitários do país, que protestavam há três dias em frente ao Parlamento Nacional.

O acordo foi anunciado após quase sete horas de reunião entre os representantes dos estudantes universitários e os deputados do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT, no poder), da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), do Partido Democrático (PD), do Partido de Libertação Popular (PLP) e do Khunto.

18 Set 2025

Gaza | Pequim condena Israel e pede contenção a todas as partes

A China manifestou ontem “firme oposição” às operações militares de Israel contra o Hamas em Gaza e a que “qualquer das partes envolvidas atice o conflito”, após a visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a Israel.

O porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian afirmou em conferência de imprensa que Pequim “condena todos os actos que prejudicam civis e violam o direito internacional” e disse estar “profundamente preocupada com a escalada de tensões”.

Lin instou Israel “a atender aos enérgicos apelos da comunidade internacional e a pôr fim imediato às operações militares em Gaza”, para alcançar “um cessar-fogo integral e duradouro o mais cedo possível” e evitar uma crise humanitária de maior escala. “Esperamos que todas as partes deem prioridade à paz e à estabilidade regionais, mantenham uma posição imparcial e uma atitude responsável e desempenhem um papel construtivo”, acrescentou.

Lin reagia a declarações de Rubio que na terça-feira disse que as forças israelitas “começaram a levar a cabo operações” na cidade de Gaza e advertiu que resta “pouco tempo para chegar a um acordo” de cessar-fogo.

“O prazo já não se conta em meses, mas provavelmente em dias e talvez poucas semanas”, afirmou Rubio, referindo-se à possibilidade de uma trégua para a Faixa de Gaza, onde o Exército israelita combate desde 2023 o movimento islamita Hamas, responsável pelos piores ataques terroristas em solo israelita, que mataram mais de 1.200 pessoas e raptaram mais de duas centenas. Segundo os islamitas, a retaliação israelita já matou cerca de 65.000 pessoas em Gaza.

18 Set 2025

Internet | Controlo sobre actividades religiosas ‘online’ reforçado

A China divulgou novas regras que regem a actividade de figuras religiosas nas redes sociais, incluindo a permissão para pregar na rede social WeChat e a proibição do uso de inteligência artificial para fins de proselitismo.

O texto, intitulado “Regras de Conduta Online para Pessoas Religiosas”, foi divulgado na terça-feira pela Administração Nacional para os Assuntos Religiosos, responsável pela regulamentação das práticas religiosas na China.

As figuras religiosas estão proibidas de pregar “através de transmissões em directo, vídeos curtos, reuniões online, grupos WeChat ou Momentos WeChat”, pode ler-se no texto, referindo-se aos recursos da principal rede social da China. É ainda proibido “oferecer cursos de formação virtuais como ‘meditação’, ‘retiros espirituais’ ou ‘terapia’ com conteúdos religiosos”, destaca ainda o aviso, citado pela agência France-Presse (AFP).

Apenas os membros de organizações religiosas que tenham obtido uma permissão emitida pelo Estado podem ser isentos destas proibições. O texto proíbe ainda o uso de “inteligência artificial generativa” para fins de proselitismo.

Excepcionalmente, o documento especifica que também se aplica às figuras religiosas que utilizam “plataformas estrangeiras”, bem como às localizadas em Taiwan.

Estas novas regras baseiam-se numa série de leis que entraram em vigor desde a década de 2000 e que reforçaram significativamente o controlo estatal sobre as religiões, particularmente na esfera digital. Em 2022, a China já tinha proibido qualquer serviço online relacionado com religião sem uma licença oficial.

Estas políticas visam explicitamente a ‘sinização’ das religiões e encorajar uma fé “patriótica” sob a “orientação” do Partido Comunista Chinês, pode ler-se nos documentos oficiais.

18 Set 2025

Hong Kong | Governo promete mais educação patriótica e segurança nacional

O líder de Hong Kong apresentou ontem, nas quartas Linhas de Acção Governativa, um plano para promover a educação patriótica e reforçar a lei de segurança nacional, para consolidar a estabilidade e a identidade chinesa

 

O Executivo de Hong Kong vai manter a aposta na promoção do nacionalismo, através da educação patriótica e reforço da lei de segurança nacional, para consolidar a estabilidade na região e a identidade chinesa dos residentes. Ao contrário dos anos anteriores, não houve protestos em frente ao parlamento local, onde John Lee Ka-chiu proferiu o discurso, após a dissolução da esmagadora maioria dos grupos de oposição e perante uma maior presença policial.

O Chefe do Executivo enfatizou a importância de aprofundar as reformas, fomentar o crescimento económico e melhorar as condições de vida, capitalizando os pontos fortes da região.

O dirigente reflectiu ainda sobre os cinco anos desde a implementação da lei de segurança nacional, afirmando que Hong Kong ultrapassou um período de “caos e desordem” e caminha em direcção à prosperidade. No entanto, John Lee prometeu continuar a melhorar a lei – imposta por Pequim sem passar pelo Conselho Legislativo local – e os seus mecanismos de implementação para punir qualquer acto que ameace a segurança nacional.

O líder do Governo sublinhou que mais de um milhão de pessoas já visitou uma exposição sobre segurança nacional inaugurada em 2024 e que mais de 3.300 instrutores foram formados para promover o assunto.
Lee reafirmou o compromisso com o modelo ‘Um País, Dois Sistemas’, que descreveu como a melhor opção para garantir a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong a longo prazo.

Regresso às origens

Originalmente proposto pelo líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), o conceito ‘Um País, Dois Sistemas’ prometeu a Macau e Hong Kong um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativo e judiciário por um período de 50 anos. Este princípio foi aplicado em 1997 e 1999, com a transferência de soberania de Hong Kong e da administração de Macau, respectivamente.

John Lee comprometeu-se ainda a manter a ordem constitucional estipulada na Constituição chinesa e na Lei Básica, a ‘mini-constituição’ de Hong Kong. Em relação à educação, o Chefe do Executivo anunciou um impulso à educação patriótica, promovendo instalações na China continental como “bases para a educação patriótica” para estudantes e jovens.

Dezenas de polícias patrulhavam ontem a zona em redor do Conselho Legislativo, em forte contraste com 2024, quando os membros da Liga dos Sociais-Democratas protestaram exigindo o sufrágio universal. O grupo de oposição, um dos últimos bastiões da dissidência em Hong Kong, anunciou a dissolução definitiva em Junho, citando a “imensa pressão política” resultante da implementação da lei de segurança nacional.

Organizações internacionais denunciaram a lei como uma “emergência de direitos humanos”, que acusaram de ter criminalizado a dissidência pacífica e levado a mais de 1.800 detenções políticas arbitrárias, minando as liberdades de expressão e de associação.

18 Set 2025

ONU | Comissão independente acusa Israel de genocídio em Gaza

Uma comissão internacional independente de investigação da ONU acusou ontem Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de Outubro de 2023, com a “intenção de destruir” os palestinianos.

“Nós chegamos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel”, disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.

Israel “rejeita categoricamente” este “relatório tendencioso e mentiroso e pede a dissolução imediata” da Comissão, afirmou ontem, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.

Os mais altos dirigentes israelitas “orquestraram uma campanha genocida”, acrescentou Navi Pillay, de 83 anos, antiga alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. A Comissão “concluiu que o Presidente israelita, Isaac Herzog, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, incitaram o genocídio e que as autoridades israelitas não tomaram qualquer medida contra estas pessoas para punir essa incitação”.

As investigações demonstraram que as autoridades e as forças de segurança israelitas cometeram “quatro dos cinco actos genocidas” definidos pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio de 1948.

Estes crimes são “matar membros de um grupo; causar danos físicos ou mentais graves a membros de um grupo; impor deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para causar a sua destruição física, total ou parcial; e medidas destinadas a impedir nascimentos dentro de um grupo”.

“A comunidade internacional não pode permanecer em silêncio perante a campanha genocida lançada por Israel contra o povo palestiniano em Gaza. Quando surgem sinais e provas claras de genocídio, a omissão em agir para o impedir equivale a cumplicidade”, segundo a Comissão.

17 Set 2025

Timor-Leste | Segundo dia de protestos termina com dança e recolha do lixo

O segundo dia de protestos de estudantes em Díli contra as regalias dos deputados timorenses terminou com dança e recolha de lixo, depois de uma intensa troca de gás lacrimogéneo e pedras entre manifestantes e polícia

 

Ao início da manhã de ontem, os jovens iniciaram a manifestação em frente à Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) e junto ao parlamento sob um forte dispositivo policial, que condicionou os manifestantes e acabou por os empurrar para dentro do estabelecimento de ensino.

Depois de negociações entre estudantes e as forças de segurança, a polícia permitiu a manifestação mais ao cimo da Avenida de Lisboa, onde fica situado o Parlamento Nacional, a UNTL e o Arquivo do Museu da Resistência. Mas os ânimos exaltaram-se e rapidamente começou a ser disparado gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que responderam com o arremesso de pedras e pneus queimados nas estradas, tendo sido incendiada uma viatura do Estado.

Os distúrbios afectaram a zona do Palácio do Governo, do Banco Nacional Ultramarino, do Páteo, da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) e do Ministério da Justiça.

Ao início da tarde, após novas negociações entre manifestante e polícias, o dispositivo das forças de segurança foi reduzido e os jovens voltaram para a frente da UNTL e do Parlamento Nacional para terminar o segundo dia de protesto.

“Os 65 deputados que estão actualmente no Parlamento Nacional não representam o povo timorense, não discutem os interesses legítimos do povo. Os deputados aproveitam o cargo para atingir os seus direitos pessoais, de grupo e partidários, mas não se responsabilizam pelo sofrimento que o povo enfrenta”, disse à Lusa o estudante César João Batista.

Vicentino da Costa Lemos também criticou a actuação dos deputados “malandros”, salientando que os universitários estão a representar a voz do povo. “Os deputados tomam decisões malandras e nós vamos lutar contra. A resistência dos universitários, firmeza sem reserva, a luta continua”, afirmou Vicentino da Costa Lemos.
Junto ao parlamento, os jovens gritaram palavras de ordem contra os deputados, mas também dançaram músicas tradicionais timorenses. O protesto terminou de forma pacífica, com os estudantes a serem convocados para o último dia de manifestação, que se realiza hoje. No fim, os jovens recolheram o lixo, incluindo os pneus queimados, deixados pelas várias ruas por onde passaram em confronto com a polícia.

Ruas em chamas

Os bombeiros de Timor-Leste apoiaram as forças de segurança com quatro viaturas e a apagar os fogos provocados pelos manifestantes em Díli, que protestam contra as regalias dos deputados. “Este acontecimento obrigou-nos urgentemente a intervir para apoiar a polícia em incêndios ligeiros. Considerámos necessário combater desde logo estas pequenas situações”, disse à Lusa Aníbal o director nacional dos bombeiros, Paulo de Oliveira Maia, enquanto se encontrava no terreno a apagar pneus incendiados por estudantes em frente à zona de Benfica.

“Quando há um alerta, nós respondemos de imediato e a nossa intervenção procura evitar que um incêndio se transforme em algo grave que possa afectar recursos importantes. É essa a nossa intervenção, de caráter preventivo”, afirmou o director. O responsável disse que, até ao momento, os estudantes incendiaram apenas objectos ligeiros, como pneus.

“As nossas viaturas de bombeiros também sofreram alguns danos, mas algumas, devido à protecção existente, não chegaram a ser atingidas. Sempre que há manifestações, deparamo-nos com estas condições e situações”, acrescentou Oliveira Maia.

A polícia timorense conseguiu deter ontem dois estudantes do sexo masculino, que foram levados para a esquadra.
Um deles, Nilton Xavier Belo, afirmou que durante a manifestação houve desentendimentos entre a Polícia Nacional de Timor-Leste e os estudantes. “Estou pronto para assumir a responsabilidade pelo acto que acabou por ser provocado pelos meus colegas. Estou pronto para ser responsabilizado”, declarou o estudante. “Isto faz parte da democracia e da liberdade de opinião. Estou aqui para representar os meus colegas, mas em relação ao anarquismo, não pratiquei nenhum acto. Esta é a minha posição, não há nada que justifique a polícia deter-me”, afirmou o estudante da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), pedindo aos companheiros para continuarem a lutar.

Os estudantes de quatro universidades de Timor-Leste iniciaram segunda-feira um protesto contra as regalias dos deputados, que acabou por ser disperso com gás lacrimogéneo pela polícia, depois de os manifestantes atirarem pedras e outros objectos contra o Parlamento Nacional, onde decorria a abertura da terceira legislativa da sexta legislatura.

17 Set 2025

Diplomacia | MNE defende que China e Europa “devem ser amigos”

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, defendeu que “China e Europa devem ser amigas, não rivais, e cooperar, não confrontar-se”, durante um périplo pela Europa, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

De acordo com o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian, Wang expressou durante o périplo, que incluiu paragens na Áustria, Eslovénia e Polónia, o desejo de que estes países “contribuam para o desenvolvimento saudável e estável das relações entre a China e a União Europeia”, numa altura em que Pequim tenta reforçar os laços com o bloco europeu, face ao agravamento das tensões com os Estados Unidos.

Durante a viagem, que decorreu entre sexta-feira e ontem, Wang criticou “a hegemonia unilateral” num contexto internacional “turbulento e complexo”, numa alusão indirecta a Washington. Em resposta, os líderes dos três países visitados manifestaram apoio ao multilateralismo, à autoridade das Nações Unidas e ao reforço da paz e do desenvolvimento globais, afirmou o porta-voz.

A guerra na Ucrânia foi um dos temas centrais da agenda. Em Viena, a ministra austríaca Beate Meinl-Reisinger apelou a Pequim para exercer a sua influência sobre Moscovo no sentido de pôr fim à invasão, reiterando a disponibilidade da Áustria para acolher futuras negociações.

Em Liubliana, a ministra eslovena dos Negócios Estrangeiros, Tanja Fajon, apelou à China para ajudar a alcançar uma paz “justa e duradoura”, enquanto em Varsóvia, as autoridades polacas pediram medidas contra as “acções destrutivas da Rússia” e as provocações por parte da Bielorrússia.

17 Set 2025

Comércio | DiDi investirá 320 ME na sua filial de entregas no Brasil

O grupo chinês DiDi vai investir dois mil milhões de reais (320 milhões de euros) na expansão da plataforma de entregas 99Food no Brasil, anunciou ontem a Presidência brasileira. A aplicação, que visa competir com a brasileira iFood e a colombiana Rappi, já opera em São Paulo (sudeste) e Goiânia (centro-oeste).

Com o novo investimento, a empresa pretende estender os serviços a pelo menos 15 capitais regionais até ao final de 2025 e atingir 20 até Janeiro de 2026, informou o grupo, após uma reunião entre o presidente da DiDi, Will Cheng Wei, e o chefe de Estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o comunicado, os fundos servirão também para apoiar a criação de infra-estruturas para estafetas, com pelo menos 50 milhões de reais (oito milhões de euros) destinados à construção de postos físicos em várias cidades, com casas de banho, locais de descanso, carregadores de telemóveis e fornecimento de água. Está igualmente previsto um programa de crédito para a compra ou aluguer de motas eléctricas das empresas Galgo, Riba e Vammo, que poderá beneficiar até 600 mil estafetas ao longo de cinco anos.

O montante total deste programa, de até seis mil milhões de reais (967 milhões de euros), não está incluído no investimento de dois mil milhões de reais anunciado.

A DiDi também assinará uma parceria com o fabricante chinês de motas eléctricas Yadea, que possui uma fábrica em Manaus (norte), para produzir veículos a serem oferecidos em condições preferenciais aos entregadores da 99Food. “Esse investimento reforça o papel central do Brasil na estratégia global da DiDi. Poucos mercados combinam escala, inovação e oportunidades como o brasileiro”, declarou Cheng, citado no comunicado.

O mercado de entregas por aplicação no Brasil é atualmente dominado pela iFood, com cerca de 50 milhões de utilizadores, enquanto a Rappi afirma contar com 20 milhões.

17 Set 2025

Soberania | China acusa Manila após incidente em recife disputado

A China acusou ontem as Filipinas de “violar gravemente” a sua soberania, após a Guarda Costeira chinesa afirmar ter tomado “medidas de controlo” contra embarcações filipinas que alegadamente realizavam actividades “ilegais” nas imediações do recife disputado de Scarborough

“As Filipinas enviaram vários navios governamentais para invadir as águas territoriais da ilha Huangyan [nome dado pela China ao recife], infringindo gravemente a soberania, os direitos e os interesses da China, além de minar a paz e a estabilidade marítimas”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa. Segundo Lin, as acções adoptadas por Pequim para proteger a sua soberania territorial e os seus direitos marítimos “são legítimas e irrepreensíveis”.

“As provocações deliberadas de Manila são a principal causa da actual tensão”, disse, instando as Filipinas a cessarem de imediato as “violações” e a não subestimarem “a firme determinação da China em defender os seus interesses legítimos”.

A Guarda Costeira chinesa indicou que mais de dez navios filipinos entraram no recife “a partir de diferentes direcções”. Em resposta, foram emitidas advertências por rádio, realizados controlos de rota e utilizadas mangueiras de água.

Um dos navios filipinos, identificado como 3014, “ignorou repetidas advertências” e colidiu “de forma deliberada e perigosa” com uma embarcação chinesa em missão de patrulha, afirmou o porta-voz Gan Yu, culpando Manila pelo incidente.

Ir mais além

O recife de Scarborough – conhecido nas Filipinas como Bajo de Masinloc – está sob controlo chinês desde 2012 e é um dos principais focos de fricção entre os dois países. Manila protestou recentemente contra o plano de Pequim de declarar a área como reserva natural, alegando que se encontra na sua zona económica exclusiva. O recife fica a cerca de 220 quilómetros da costa ocidental de Luzon, nas Filipinas, e a cerca de 850 quilómetros de Hainan, a ilha chinesa mais próxima.

A China reivindica quase a totalidade do mar do Sul da China, uma via estratégica por onde circula cerca de 30 por cento do comércio marítimo global, rica em recursos pesqueiros e com potencial de exploração energética, apesar das reivindicações sobrepostas de outros países, como Filipinas, Vietname ou Malásia.

17 Set 2025

UE | Assis diz que redução de delegação em Timor é problema sério

O eurodeputado Francisco Assis considerou ontem, em Díli, que a redução da presença da União Europeia em Timor-Leste é um problema sério, sobretudo numa altura em que há uma grande diminuição do apoio dos Estados Unidos ao desenvolvimento.

O socialista Francisco Assis lidera uma delegação do Parlamento Europeu que iniciou ontem uma visita a Díli, durante a qual estão previstos encontros com as autoridades timorenses, parceiros de cooperação, embaixadores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sociedade civil, estudantes e universidades timorenses e organizações económicas.

Questionado pela Lusa sobre a redução da presença da representação da União Europeia em Timor-Leste, Francisco Assis afirmou que é um “problema sério”. “É um problema sério ainda por cima porque alguns dos membros da delegação serão deslocados para Jacarta. Isto revela uma certa incompreensão por parte da Comissão Europeia da singularidade desta situação”, disse o eurodeputado.

Francisco Assis salientou também que apesar das boas relações entre Timor-Leste e a Indonésia, os timorenses foram vítimas de uma invasão e “há uma memória viva dessa invasão”. “Creio que isto é uma má decisão da Comissão Europeia”, afirmou, salientando que já pediu uma reunião com a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, para debater o assunto.

“Penso que tem de haver um esforço concertado no Parlamento Europeu e a nível dos governos. O próprio Governo português, julgo estará sensibilizado para a importância de não desqualificar, não desgraduar a nossa delegação aqui em Timor-Leste, porque isso seria uma má decisão e um mau sinal”, disse.

16 Set 2025

Coreia do Sul investiga violação de direitos de emigrantes nos EUA

A Coreia do Sul vai investigar a possível violação dos direitos de mais de 300 sul-coreanos detidos pela polícia de imigração norte-americana no estado da Geórgia, entretanto repatriados, anunciou ontem a presidência em Seul.

A operação ocorreu em 4 de Setembro numa fábrica de baterias para veículos eléctricos operada conjuntamente pela Hyundai e pela LG. Foram detidas cerca de 475 pessoas, incluindo mais de 300 sul-coreanos. Trata-se da maior operação realizada num único local no âmbito da campanha de expulsões ordenada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo as autoridades norte-americanas.

Os sul-coreanos foram libertados após delicadas negociações diplomáticas e repatriados na sexta-feira. “Planeamos examinar mais de perto se ocorreram violações dos direitos dos nossos cidadãos ou se eles tiveram de enfrentar inconvenientes injustificados”, disse a porta-voz da presidência sul-coreana, Kang Yu-jung, numa conferência de imprensa.

Os dois países “estão a verificar se houve falhas nas medidas tomadas, e as empresas também estão a investigar”, acrescentou, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A operação foi notícia nos meios de comunicação sul-coreanos, um país que prometeu investir 350 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, após ameaças norte-americanas sobre direitos aduaneiros.
Aliado fundamental dos Estados Unidos para a segurança no Pacífico, a Coreia do Sul é também a quarta maior economia asiática, um grande fabricante de automóveis e de produtos electrónicos. Importa referir que várias fábricas sul-coreanas estão instaladas nos Estados Unidos.

Tratados como gado

Especialistas em trabalho admitiram que os trabalhadores detidos provavelmente não teriam um visto que os autorizasse a realizar trabalhos de construção.

Alguns deles descreveram à imprensa local condições terríveis durante a detenção e permanência no centro de detenção. Os trabalhadores afirmaram também ter sido detidos sem serem informados dos seus direitos.
O Presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, considerou que a operação da imigração norte-americana foi desestabilizadora e “pode ter um efeito dissuasor sobre futuros investimentos”.

A operação da imigração vai causar um atraso de dois a três meses no arranque da fábrica de baterias, admitiu na semana passada o presidente da Hyundai, Jose Munoz, segundo a televisão norte-americana CNN. A fábrica em Ellabell, parte de um complexo industrial de 7,6 mil milhões de dólares para a produção de automóveis eléctricos, deveria entrar em operação ainda este ano.

16 Set 2025

Timor-Leste | Deputados recuam na compra de viaturas depois de protestos

Os deputados timorenses do Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste, do Partido Democrático e do Khunto recuaram na decisão de comprar novas viaturas para os parlamentares, após protestos de estudantes universitários e da sociedade civil

 

“Decidimos em conjunto, as três bancadas, e entendemos pedir ao Parlamento Nacional a anulação de todo o processo relativo à aquisição de viaturas para os deputados”, afirmou aos jornalistas o porta-voz das três bancadas, o deputado Patrocínio Fernandes do Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), partido liderado pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Estudantes de quatro universidades timorenses e elementos da sociedade civil realizaram ontem um protesto em frente ao Parlamento contra as regalias dos 65 deputados do país, que incluem a decisão recente de adquirir novas viaturas por um valor superior a três milhões de dólares.

A manifestação acabou por ser dispersa com gás lacrimogéneo e balas de borracha, depois dos estudantes terem lançado pedras e outros objectos contra o edifício do Parlamento. Apesar de terem sido dispersos, os manifestantes voltaram a reunir-se em protesto no mesmo local, mas sem registo de mais incidentes.

O deputado explicou que a decisão é de não adquirir carros para os deputados durante a presente legislatura. Patrocínio Fernandes sublinhou que a medida não resulta de pressão externa, mas sim da análise interna das preocupações manifestadas pelos próprios deputados, que, no entanto, reconhecem também a sensibilidade da opinião pública.

A conferência de imprensa contou também com a presença do presidente da bancada do Partido Democrático (PD) (partido da coligação no Governo), Armando dos Santos Lopes, e ainda do presidente da bancada da KHUNTO, na oposição, António Verdeal.

Patrocínio Fernandes recordou que a intenção de adquirir as viaturas tinha como fundamento o estatuto dos deputados, que prevê a disponibilização de condições adequadas para o exercício do mandato parlamentar, incluindo transporte. Segundo o deputado, as preocupações tinham surgido devido ao mau estado da frota actual, aos elevados custos de manutenção e às dificuldades do secretariado parlamentar em gerir de forma eficiente os veículos atribuídos aos deputados.

Água na fervura

Após uma análise mais aprofundada da situação, as bancadas do CNRT, PD e KHUNTO decidiram agora suspender a execução da verba de 3,5 milhões de euros para compra de viaturas, inscrita no Orçamento de Estado para este ano. “As bancadas do CNRT, PD e KHUNTO [que representam a maioria dos deputados] estão conscientes de que a decisão de comprar viaturas não corresponde às preocupações do público”, acrescentou Patrocínio Fernandes.

O hemiciclo do Parlamento timorense inclui também as bancadas da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido da Libertação Popular (PLP).

O líder da oposição timorense, Mari Alkatiri, apelou na semana passada ao Governo para resolver com urgência os problemas sociais e políticos no país, de modo a evitar cenários semelhantes ao que estão a ocorrer em países vizinhos.

“Eu digo sempre que a situação no nosso país hoje pode parecer melhor, mas todos sabemos que os problemas se acumulam. Podemos dizer que estamos a entrar numa situação de ‘bomba-relógio'”, afirmou o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) na passada quinta-feira, referindo-se expressamente aos estudantes universitários.

Os jovens universitários e a sociedade civil vinham a protestar há algum tempo contra a aquisição de novas viaturas para os deputados. “Se não fizermos uma boa gestão desta situação, poderemos enfrentar, em pouco tempo, muitos problemas sociais, políticos e mesmo conflituais”, avisou na altura o secretário-geral da Fretilin.

Aliás, o líder da bancada da Fretilin, Aniceto Guterres, agradeceu aos estudantes pelo protesto dirigido contra os deputados dos partidos do Governo, que levou ao cancelamento da compra de viaturas. “Hoje, ainda sem ter passado um dia inteiro ou uma noite, a bancada do Governo já começou a mudar a sua posição. Isso é positivo, era o que a Fretilin esperava desde o início”, afirmou aos jornalistas o deputado da Fretilin, líder da oposição timorense.

“A posição da Fretilin sempre foi clara. Queríamos eliminar essa verba porque existem outras prioridades: o país tem outras necessidades e o povo enfrenta muitas carências que precisam de ser atendidas”, disse Aniceto Guterres.

16 Set 2025

Xangai | Adolescentes multados por urinarem em panela de ‘hot pot’

Um tribunal de Xangai condenou dois adolescentes que urinaram num ‘hot pot’ a pagar uma multa de mais de 2 milhões de yuan. Segundo o portal de notícias local Shine, serão os pais desses jovens – ambos com 17 anos – que pagarão a multa, que ascende a 130.000 yuan pela limpeza e substituição de materiais e outros 2,07 milhões de yuan por perda de facturação, danos à reputação e despesas legais.

A empresa que opera o restaurante onde os factos ocorreram, a popular cadeia Haidilao, reclamava inicialmente até 23 milhões de yuan.

Depois de o vídeo se ter tornado viral nas redes sociais chinesas, a polícia de Xangai deteve os adolescentes, apelidados Tang e Wu. O tribunal considerou que ambos “cometeram actos deliberados que afectaram tanto a propriedade como a reputação” do restaurante afectado e que “permitiram conscientemente que o vídeo circulasse nas redes sociais, apesar do seu provável impacto social”.

Além disso, afirmou que os acusados eram “capazes de compreender a ilegalidade das suas acções e as consequências da denúncia”, acrescentando ainda que os pais “tinham iludido a sua obrigação de os supervisionar”.

16 Set 2025

Internet | Trump diz que futuro do TikTok nos EUA depende da China

O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, afirmou este domingo que o futuro do TikTok no país depende da China, quando se aproxima o prazo para que a aplicação de vídeos curtos deixe de operar em território norte-americano. “Talvez a deixemos morrer, ou talvez… Não sei, depende.

Depende da China”, declarou Trump à imprensa em Nova Jérsia, antes de regressar a Washington.
Amanhã expira o prazo legal para que a empresa chinesa ByteDance venda o TikTok ou a aplicação deixe de funcionar nos Estados Unidos. Trump, que no mês passado abriu uma conta oficial da Casa Branca no TikTok, adiou por três vezes a entrada em vigor do veto à operação da aplicação nos Estados Unidos.

O futuro da plataforma é um dos temas centrais nas conversações que começaram no domingo em Madrid entre o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, nas quais as partes procura avançar para um acordo tarifário.

Durante o primeiro mandato, Trump foi abertamente crítico do TikTok, considerando que os dados dos utilizadores norte-americanos poderiam ser acessíveis ao Governo chinês, mas agora defende o uso da plataforma como ferramenta para se conectar com o eleitorado mais jovem. “Fui muito bem no TikTok. Consegui o voto dos jovens e obtive números que ninguém no Partido Republicano jamais conseguiu”, afirmou.

16 Set 2025

Tailândia | Exercícios aéreos conjuntos marcados para este mês

As forças aéreas da China e da Tailândia vão realizar este mês, em território tailandês, a oitava edição do exercício militar conjunto ‘Falcon Strike’, anunciou ontem o Ministério da Defesa chinês.

De acordo com um comunicado divulgado na conta oficial do ministério na rede social WeChat, a China vai enviar “vários tipos de aeronaves” e unidades de defesa antiaérea terrestre para participar nas manobras, previstas para meados de Setembro. O objectivo é “elevar o nível técnico e tático das tropas envolvidas” e “aprofundar a confiança mútua e a cooperação pragmática” entre os dois exércitos, referiu o ministério.

Na edição anterior, realizada em Agosto de 2024, também na Tailândia, os exercícios prolongaram-se por 19 dias e envolveram caças J-10C da China e Gripen tailandeses, bem como treinos de combate aéreo dissimilar, apoio aéreo próximo, ataques de penetração e evacuações médicas em cenário de combate.

Os ‘Falcon Strike’ decorrem desde 2015 e fazem parte de uma série de manobras bilaterais que incluem também exercícios navais como os ‘Blue Strike’, cuja última edição ocorreu em Março passado, ao largo da província chinesa de Guangdong, com a participação de 11 navios e forças terrestres em treinos de ataque marítimo, defesa anti-míssil, resgate no mar e combate ao terrorismo.

A Tailândia tem procurado equilibrar as suas relações com os Estados Unidos e a China, mas tem vindo a aprofundar a cooperação militar com Pequim através deste tipo de exercícios conjuntos.

16 Set 2025

China | Estabelecidos prazos de até 4 horas para relatar incidentes cibernéticos

A Administração do Ciberespaço da China (CAC) anunciou ontem uma nova regulação que obriga os operadores de redes e serviços digitais a reportar incidentes de cibersegurança em prazos que variam de meia hora a quatro horas. A norma, intitulada “Medidas para a gestão de relatórios de incidentes de cibersegurança”, entrará em vigor a 1 de Novembro.

A CAC definiu como incidentes de cibersegurança aqueles causados por ataques, falhas técnicas ou erros humanos que provoquem danos a sistemas, dados ou serviços com impacto nacional, social ou económico.

O texto, com 14 artigos, estabelece que os operadores de infra-estruturas críticas devem notificar as autoridades de protecção e a polícia em menos de uma hora e que estas, em casos “graves ou especialmente graves”, devem elevar o alerta à CAC e ao Ministério da Segurança Pública num prazo máximo de 30 minutos.

Os órgãos centrais do Estado terão um prazo de duas horas e os demais operadores, de quatro.
Os relatórios deverão incluir informações básicas sobre o sistema afectado, o tipo de incidente, os danos causados, as medidas adoptadas e pistas para uma possível investigação, como vectores de ataque ou vulnerabilidades detectadas.

Em ataques de ‘ransomware’ – programa malicioso que emprega criptografia, evitando que a vítima tenha acesso aos dados –, será obrigatório detalhar o valor exigido como resgate.

A CAC habilitou seis canais para as notificações: um portal específico, um endereço de correio eletrónico, fax e contas oficiais no WeChat. Os operadores também serão obrigados a apresentar, no prazo de 30 dias após a resolução do incidente, um relatório final com as causas, os danos, as responsabilidades e as medidas correctivas.

O regulamento prevê sanções para aqueles que ocultem, atrasem ou falsifiquem dados, com agravantes se isso gerar “consequências graves”.nPor outro lado, se forem aplicadas medidas razoáveis e for feito um relatório atempado, as autoridades poderão reduzir ou mesmo isentar de responsabilidade.

Ir mais além

O anexo da norma estabelece quatro níveis de gravidade, que incluem desde vazamentos de milhões de dados pessoais até a manipulação de portais governamentais com divulgação “em grande escala de informações ilegais”.

As autoridades insistem que a medida se inspira em práticas internacionais, como as dos Estados Unidos ou da União Europeia, embora o seu alcance alimente o debate sobre se também constitui um reforço do controlo estatal sobre o ciberespaço num país onde o Google, o X ou o YouTube continuam bloqueados há anos.

16 Set 2025

China | Crescimento da produção industrial volta a abrandar em Agosto para 5,2% em termos anuais

A produção industrial na China registou um crescimento homólogo de 5,2 por cento em Agosto, que marca o terceiro mês consecutivo de desaceleração, segundo dados oficiais divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatísticas

 

O número do oitavo mês do ano ficou abaixo das expectativas dos analistas, que previam que o dado se recuperaria dos 5,7 por cento interanual registados em Julho (uma queda sensível em relação aos 6,8 por cento de Junho) para cerca de 5,8 por cento.

Dos três grandes sectores em que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divide o indicador, o que mais aumentou a produção em Agosto foi o da indústria transformadora (+5,7 por cento), superando o sector mineiro (5,1 por cento) e o da produção e fornecimento de electricidade, aquecimento, gás e água (+2,4 por cento). Os dados também indicam que a produção industrial chinesa acumulou um crescimento de 6,2 por cento entre Janeiro e Agosto de 2025.

O INE também divulgou ontem outros dados estatísticos de Julho, como as vendas a retalho, um indicador-chave para medir o estado do consumo, que seguiram a mesma tendência, desacelerando de 3,7 para 3,4 por cento, enquanto os analistas esperavam uma ligeira recuperação para 3,8 por cento.

“A produção e a procura cresceram de forma sustentada, o emprego e os preços mantiveram-se estáveis em geral, e novos motores de crescimento foram cultivados e ampliados. A economia nacional manteve uma inércia geralmente estável, com progresso firme”, apontou a instituição.

Por sua vez, a taxa oficial de desemprego nas zonas urbanas situou-se em 5,3 por cento, um valor superior aos 5,2 por cento do mês anterior.

A questão imobiliária

Entretanto, o crescimento do investimento em activos fixos foi de 0,5 por cento nos primeiros oito meses do ano, um valor significativamente inferior ao acumulado até Julho, que tinha sido de 1,6 por cento, ou até Junho (2,8 por cento). Neste caso, os especialistas previam uma descida, mas a um ritmo muito mais lento do que o que acabou por se verificar, até 1,4 por cento.

Na análise por sectores, o investimento destinado à indústria transformadora cresceu 5,1 por cento e o de infra-estruturas 2 por cento, enquanto o destinado à promoção imobiliária caiu 12,9 por cento no contexto da prolongada crise que o sector atravessa. Sobre este último ponto, o INE indicou que as vendas comerciais de imóveis medidas por área de terreno caíram 4,7 por cento em termos homólogos até Agosto.

O organismo também publicou ontem o relatório sobre os preços imobiliários, que aponta para uma descida de 0,3 por cento entre Julho e Agosto nas habitações novas em 70 cidades seleccionadas, marcando o 27º mês consecutivo de descidas.

16 Set 2025

Japão | Número de pessoas com 100 anos ou mais chega quase aos 100 mil

O número de centenários no Japão atingiu um novo recorde, ultrapassando pela primeira vez os 99.000 indivíduos, informou o governo nipónico, dias antes do feriado do Dia do Respeito aos Idosos, comemorado hoje.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do país asiático, os números actualizados apontam para um recorde de 99.763 pessoas com 100 anos ou mais no arquipélago, um aumento de 4.644 indivíduos em relação ao ano anterior, sendo que este número que não parou de crescer nos últimos 55 anos. As mulheres representam 88 por cento do total, com 87.784 pessoas, enquanto o número de homens centenários é de 11.979.

A pessoa mais velha do Japão é Shigeko Kagawa, uma mulher com 114 anos da cidade de Yamatokoriyama, na prefeitura de Nara (oeste), e a sexta pessoa mais velha do mundo, de acordo com o Gerontology Research Group, uma organização que mantém um registo dos centenários a nível global.

O homem mais velho do país asiático é Kiyotaka Mizuno, com 111 anos, residente na cidade de Iwata, em Shizuoka (centro).

O Japão atingiu uma média de 80,58 centenários por cada 100.000 habitantes. Por prefeituras, a de Shimane, no oeste do país, lidera a lista de concentração, com uma média de 168,69 centenários por cada 100.000 residentes.

Quando estes dados começaram a ser recolhidos em 1963, havia 153 centenários no Japão. Em 1981, esse número ultrapassou os mil e, em 1998, os 10.000, um aumento da longevidade que os especialistas atribuem principalmente ao desenvolvimento de tecnologias e tratamentos médicos.

De acordo com o Ministério da Saúde do país, a esperança de vida dos japoneses é de 87,13 anos para as mulheres e 81,09 anos para os homens.

15 Set 2025

Filipinas | Estudantes manifestaram-se contra corrupção no país

Milhares de estudantes nas Filipinas manifestaram-se na cidade de Quezon contra a corrupção, quando decorrem investigações a projectos de controlo de cheias que alegadamente foram concluídos, mas que são inexistentes ou de baixa qualidade

 

Em comunicado, o Conselho Estudantil da Universidade das Filipinas-Diliman declarou que o “vasto sistema de corrupção e a corrupção dentro do governo” é exposto diariamente. A organização de estudantes acrescentou que “os corruptos vivem no luxo” enquanto milhões de cidadãos filipinos continuam a viver em extrema pobreza.

Mais de dois mil jovens vestidos de negro protestaram na universidade da cidade de Quezon, de acordo com os dados do conselho estudantil citados pela emissora filipina ABS-CBN. A manifestação universitária na província de Quezon, organizada por vários grupos estudantis e da sociedade civil, ocorreu no dia em que estavam também planeados outros protestos em Manila, incluindo um protesto frente à sede do Departamento de Obras Públicas e Estradas das Filipinas (DPWH).

As autoridades mobilizaram uma força de segurança reforçada de 2.500 polícias em vários pontos da capital das Filipinas.

De acordo com o porta-voz da polícia de Manila, Randulf Tuaño, o objectivo do destacamento foi evitar surtos de violência como os que se registaram durante recentes protestos anticorrupção em outros países asiáticos. “O que aconteceu na Indonésia e no Nepal não faz parte da cultura filipina”, disse Tuaño em entrevista à emissora estatal PTV.

Bolsos cheios

Os protestos ocorridos nas Filipinas foram organizados numa altura em que se regista indignação no país sobre projectos multimilionários de controlo de cheias, mas que se revelaram inexistentes ou de baixa qualidade.

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., ordenou em Agosto uma investigação sobre os projectos. De acordo com o ministro das Finanças, Ralph Recto, os projectos causaram prejuízos de 1,771 mil milhões de euros ao erário público nos últimos dois anos.

Marcos criou um órgão independente para rever os contratos atribuídos pelo DPWH, enquanto o Senado conduz uma própria investigação sobre o assunto, marcada por alegações de corrupção contra dois senadores.

15 Set 2025

Mar do Sul da China | Pequim acusa Manila de conluio com forças “extra-regionais”

A China acusou as Filipinas de conluio com “forças extra-regionais” para organizar patrulhas marítimas conjuntas, divulgar “reivindicações ilegais” de soberania marítima e de minar a estabilidade regional, num novo episódio de tensão entre os dois países

 

“Advertimos solenemente o lado filipino para que pare imediatamente de provocar incidentes e de se envolver em acções que aumentam as tensões no Mar da China Meridional”, afirmou o porta-voz do Comando do Teatro Sul do Exército Popular de Libertação (EPL, Exército chinês), Tian Junli, citado pela agência estatal chinesa, Xinhua.

Tian enfatizou que as “tentativas de provocar distúrbios ou perturbar a ordem” naquela região marítima estão “condenadas ao fracasso”.

As “tropas do Comando do Teatro Sul permanecem em alerta máximo para salvaguardar resolutamente a soberania territorial e a segurança nacional da China, bem como para manter a paz e a estabilidade no Mar da China Meridional”, acrescentou, de acordo com um comunicado oficial, divulgado pela Xinhua.

A marinha de guerra chinesa realizou “patrulhas de rotina no Mar da China Meridional na sexta-feira e no sábado”, dias 12 e 13, informou ainda o porta-voz. As manobras coincidem com a crescente actividade naval de Pequim no Pacífico. No sábado, a imprensa oficial chinesa informou que o porta-aviões Fujian, o terceiro do país, tinha atravessado o estreito de Taiwan em direção ao Mar da China Meridional para realizar testes e treinos.

Zona cinzenta

Especialistas em defesa em Taipé, citados pela agência de notícias CNA, alertaram que a futura entrada ao serviço do Fujian permitirá à China operar permanentemente três grupos de combate de porta-aviões, o que aumentará a pressão sobre Taiwan e ampliará a projecção naval de Pequim em relação aos Estados Unidos.

No mesmo dia, a Guarda Costeira de Taiwan denunciou a presença de um navio da guarda costeira e de um barco de pesca chineses nas proximidades da ilha de Dongsha, sob controlo taiwanês, que obrigou ao envio de patrulhas para os expulsar. Taipei classificou as incursões como “tácticas na zona cinzenta” e comprometeu-se a manter a vigilância.

A China considera o estreito de Taiwan parte das suas águas territoriais, enquanto Taipé, Washington e aliados o classificam como via marítima internacional. O trânsito de navios de guerra pela zona costuma aumentar a tensão entre as duas margens, num contexto de crescente mobilização militar de Pequim em torno da ilha.

O Mar da China Meridional, para onde se dirige o porta-aviões Fujian, é outro foco de atritos: Pequim reivindica a maior parte desse espaço marítimo, também disputado por países como as Filipinas ou o Vietname.

15 Set 2025

China recebe restos mortais de trinta soldados mortos na Guerra da Coreia

Um avião militar chinês aterrou em Shenyang com os restos mortais de 30 soldados chineses que combateram na Guerra da Coreia (1950-1953), repatriados da Coreia do Sul ao abrigo de um acordo bilateral. Trata-se da 12ª repatriação conjunta desde 2014, elevando para 1.011 o número total de soldados chineses cujos restos mortais foram devolvidos pela Coreia do Sul.

A cerimónia de entrega decorreu no aeroporto internacional de Incheon, onde os caixões, cobertos com a bandeira chinesa, receberam honras militares. Os restos mortais dos soldados foram depois transportados num avião Y-20 da Força Aérea chinesa, escoltado por quatro caças J-20 ao entrar no espaço aéreo da China. O avião aterrou no aeroporto de Taoxian, em Shenyang, nordeste do país, onde foi recebido com um arco de água tradicional feito por camiões de bombeiros, em sinal de respeito máximo.

Perto da fronteira

A maioria dos soldados chineses mortos na guerra – na qual Pequim enviou mais de dois milhões de combatentes em apoio à Coreia do Norte – permanece sepultada em território norte-coreano. Dados oficiais chineses indicam cerca de 197.600 mortos, embora estimativas ocidentais apontem para números mais elevados.

Os 30 soldados agora repatriados serão sepultados no cemitério de mártires de Shenyang, construído em 1952 para acolher combatentes chineses mortos no conflito. A cidade situa-se a cerca de 350 quilómetros da fronteira com a Coreia do Norte.

Em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, existe um monumento em homenagem aos soldados chineses mortos na guerra, visitado por vários líderes chineses em deslocações oficiais ao país vizinho.

Conhecida na China como a “Guerra para Resistir à Agressão dos Estados Unidos e Ajudar a Coreia”, a Guerra da Coreia tem recebido crescente atenção no país nos últimos anos, impulsionada por superproduções patrióticas como A Batalha do Lago Changjin (2021), o segundo filme mais visto da história do cinema chinês.

15 Set 2025