O Hotel Fortuna pediu a 20 trabalhadores não residentes para assinar uma declaração onde tomam conhecimento do seu despedimento, fazendo-os acreditar que seriam dispensados de trabalhar apenas durante dois meses. Alguns funcionários já trabalhavam na empresa há 12 anos
[dropcap]N[/dropcap]ove trabalhadores não residentes de dois espaços de entretenimento localizados no interior do Hotel Fortuna acabaram despedidos, acreditando estar apenas dispensados de trabalhar pelo período de dois meses, após terem sido convencidos a assinar uma declaração redigida em chinês que não conseguiam ler.
Os trabalhadores, oriundos do Vietname, Filipinas e Indonésia, estavam empregados no Fortuna Night Club e no Supreme Sauna, localizados no interior do Hotel Fortuna, no ZAPE (Zona de Aterros do Porto Exterior), de acordo com informações avançadas ontem pelo Macau Daily Times. A tomada de posição da empresa responsável pela exploração dos dois espaços está relacionada com o anúncio do encerramento dos casinos e espaços de entretenimento durante duas semanas, decretado pelo Governo na passada terça-feira, como medida de contenção do surto do novo tipo de coronavírus.
De acordo com a mesma fonte, o Hotel Fortuna terá alegadamente dito aos trabalhadores que estariam dispensados de trabalhar durante dois meses devido ao encerramento anunciado pelo Governo de duas semanas e que para o efeito teriam de assinar uma declaração onde constava esse mesmo conteúdo. No entanto, de acordo com o Macau Daily Times que teve acesso ao documento redigido em chinês, contrariamente ao que a empresa disse aos trabalhadores, a declaração atesta que “a situação laboral terminou, tendo sido entregues todas as remunerações devidas”.
Alta pressão
Segundo um representante dos trabalhadores da instituição, que pediu para não ser identificado segundo a mesma fonte, nove dos funcionários que estiveram de serviço durante a noite de quarta-feira já assinaram a declaração, enquanto outros 20, todos não residentes, foram instruídos para fazer o mesmo até às 18 horas de ontem. Uma das funcionárias afectadas confirmou ter sido induzida a assinar a carta por não saber ler caracteres chineses, afirmando que o documento foi apresentado ao mesmo tempo que os trabalhadores recebiam os salários de Janeiro. Alguns funcionários, avançou o Times, já trabalhavam para o Hotel Fortuna há 12 anos.
Recorde-se que todos os trabalhadores não residentes devem obrigatoriamente ter uma autorização de trabalho para exercer funções laborais em Macau, sendo que, em caso de cessação do contrato de trabalho, os ex-funcionários têm oito dias para sair da cidade antes de estarem em situação de incumprimento.
Ao saber o conteúdo que constava realmente no documento que foram induzidos a assinar, os trabalhadores procuraram obter ajuda junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). No entanto, não tiveram sucesso nem sabem agora como proceder, devido ao facto de a DSAL estar encerrada juntamente com outros serviços públicos, de acordo com as medidas decretadas pelo Governo.
O HM entrou em contacto com a DSAL para obter esclarecimentos acerca do caso mas, apesar de ter confirmado a situação, até ao fecho da edição não forneceu mais detalhes acerca dos trabalhadores do Hotel Fortuna.
O Hotel Fortuna pediu a 20 trabalhadores não residentes para assinar uma declaração onde tomam conhecimento do seu despedimento, fazendo-os acreditar que seriam dispensados de trabalhar apenas durante dois meses. Alguns funcionários já trabalhavam na empresa há 12 anos
[dropcap]N[/dropcap]ove trabalhadores não residentes de dois espaços de entretenimento localizados no interior do Hotel Fortuna acabaram despedidos, acreditando estar apenas dispensados de trabalhar pelo período de dois meses, após terem sido convencidos a assinar uma declaração redigida em chinês que não conseguiam ler.
Os trabalhadores, oriundos do Vietname, Filipinas e Indonésia, estavam empregados no Fortuna Night Club e no Supreme Sauna, localizados no interior do Hotel Fortuna, no ZAPE (Zona de Aterros do Porto Exterior), de acordo com informações avançadas ontem pelo Macau Daily Times. A tomada de posição da empresa responsável pela exploração dos dois espaços está relacionada com o anúncio do encerramento dos casinos e espaços de entretenimento durante duas semanas, decretado pelo Governo na passada terça-feira, como medida de contenção do surto do novo tipo de coronavírus.
De acordo com a mesma fonte, o Hotel Fortuna terá alegadamente dito aos trabalhadores que estariam dispensados de trabalhar durante dois meses devido ao encerramento anunciado pelo Governo de duas semanas e que para o efeito teriam de assinar uma declaração onde constava esse mesmo conteúdo. No entanto, de acordo com o Macau Daily Times que teve acesso ao documento redigido em chinês, contrariamente ao que a empresa disse aos trabalhadores, a declaração atesta que “a situação laboral terminou, tendo sido entregues todas as remunerações devidas”.
Alta pressão
Segundo um representante dos trabalhadores da instituição, que pediu para não ser identificado segundo a mesma fonte, nove dos funcionários que estiveram de serviço durante a noite de quarta-feira já assinaram a declaração, enquanto outros 20, todos não residentes, foram instruídos para fazer o mesmo até às 18 horas de ontem. Uma das funcionárias afectadas confirmou ter sido induzida a assinar a carta por não saber ler caracteres chineses, afirmando que o documento foi apresentado ao mesmo tempo que os trabalhadores recebiam os salários de Janeiro. Alguns funcionários, avançou o Times, já trabalhavam para o Hotel Fortuna há 12 anos.
Recorde-se que todos os trabalhadores não residentes devem obrigatoriamente ter uma autorização de trabalho para exercer funções laborais em Macau, sendo que, em caso de cessação do contrato de trabalho, os ex-funcionários têm oito dias para sair da cidade antes de estarem em situação de incumprimento.
Ao saber o conteúdo que constava realmente no documento que foram induzidos a assinar, os trabalhadores procuraram obter ajuda junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). No entanto, não tiveram sucesso nem sabem agora como proceder, devido ao facto de a DSAL estar encerrada juntamente com outros serviços públicos, de acordo com as medidas decretadas pelo Governo.
O HM entrou em contacto com a DSAL para obter esclarecimentos acerca do caso mas, apesar de ter confirmado a situação, até ao fecho da edição não forneceu mais detalhes acerca dos trabalhadores do Hotel Fortuna.
José Pereira Coutinho, deputado à Assembleia Legislativa, entende que, à semelhança do sector do jogo, também o da construção civil deveria parar por completo a fim de garantir a segurança dos trabalhadores. Associações reuniram com o Governo, tendo sido posta a hipótese de alargar prazos das obras caso faltem materiais e trabalhadores
[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho defende que o Executivo deveria obrigar o sector da construção civil a parar por completo, uma vez que decretou o encerramento dos casinos por um período de duas semanas.
“Se o Chefe do Executivo fez, por diversas vezes, o apelo para que as pessoas fiquem em casa, tendo determinado o fecho dos casinos, não se percebe porque é que se excluem os trabalhadores das obras”, defendeu ao HM.
O deputado faz, assim, “um apelo ao Governo para repensar esta medida, porque o que está em causa é a saúde dos trabalhadores”. Questionada pelo HM, a presidente da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM), Christine Choi, defendeu que, nesta altura, é necessária cautela.
“Esta é uma situação difícil para todos nós e devemos ser muito cautelosos em relação às nossas decisões. Há razões para o Governo querer adiar a data do início de novas obras e tentar minimizar ao máximo os riscos das travessias diárias nas fronteiras para os trabalhadores. Como uma associação profissional, respeitamos a sugestão do Governo e as empresas também devem considerar a sua responsabilidade social neste momento.”
Para Christine Choi, “as empresas necessitam de assumir mais responsabilidades e não podemos esperar que seja apenas o Governo a tomar a iniciativa”.
Esta segunda-feira Tommy Lau, ex-deputado e presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial, disse à TDM Rádio Macau que alguns projectos, que “envolvem muito pessoal”, podem mesmo parar por completo, uma vez que o sector “depende dos trabalhadores da China”. “Pelo que consegui observar, a maioria dos projectos está ainda parada, não começou sequer”, frisou. Em relação aos projectos de pequena dimensão, “é possível que tenham trabalhadores locais suficientes”, ressalvou o empresário.
Em cima da mesa
Algumas obras em Macau continuam em andamento, ainda que a meio gás, mas o Governo já tem medidas caso os trabalhos sejam afectados pela falta de materiais de construção ou de trabalhadores. De acordo com um comunicado emitido pela AAM esta terça-feira, as empresas podem pedir a extensão do prazo de construção à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).
“A DSSOPT sugeriu que os projectos de construção que estejam a enfrentar o problema da falta de materiais de construção e de trabalhadores podem considerar uma extensão razoável do prazo de construção, com os ajustamentos a terem como referência o tufão Hato”, pode ler-se.
Ficou ainda decidido que “cada estaleiro, empresa ou trabalhador deve evitar a passagem de trabalhadores nas fronteiras para minimizar o trânsito e o risco de infecção”. Desta forma, “os trabalhadores que estão em Macau de forma permanente devem ser prioridades e devem encorajar-se aos trabalhadores a que fiquem em Macau.”
No que diz respeito “aos trabalhos de construção já estão em andamento, o foco principal deve ser feito na situação de saúde dos trabalhadores e nas condições de higiene e de ventilação”.
Relativamente à situação laboral dos trabalhadores, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deixou claro, segundo o comunicado da AAM, que “tendo em conta a actual situação (com trabalhadores que não podem regressar a Macau e que têm de ficar em casa), devem ser feitos diferentes acordos entre patrões e empregados”, sendo que estes devem ser feitos “por mútuo acordo”.
“No caso de saída e substituição de um trabalhador não residente, a DSAL vai adoptar medidas especiais para acelerar o processo”, adianta a nota emitida pela AAM.
José Pereira Coutinho, deputado à Assembleia Legislativa, entende que, à semelhança do sector do jogo, também o da construção civil deveria parar por completo a fim de garantir a segurança dos trabalhadores. Associações reuniram com o Governo, tendo sido posta a hipótese de alargar prazos das obras caso faltem materiais e trabalhadores
[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho defende que o Executivo deveria obrigar o sector da construção civil a parar por completo, uma vez que decretou o encerramento dos casinos por um período de duas semanas.
“Se o Chefe do Executivo fez, por diversas vezes, o apelo para que as pessoas fiquem em casa, tendo determinado o fecho dos casinos, não se percebe porque é que se excluem os trabalhadores das obras”, defendeu ao HM.
O deputado faz, assim, “um apelo ao Governo para repensar esta medida, porque o que está em causa é a saúde dos trabalhadores”. Questionada pelo HM, a presidente da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM), Christine Choi, defendeu que, nesta altura, é necessária cautela.
“Esta é uma situação difícil para todos nós e devemos ser muito cautelosos em relação às nossas decisões. Há razões para o Governo querer adiar a data do início de novas obras e tentar minimizar ao máximo os riscos das travessias diárias nas fronteiras para os trabalhadores. Como uma associação profissional, respeitamos a sugestão do Governo e as empresas também devem considerar a sua responsabilidade social neste momento.”
Para Christine Choi, “as empresas necessitam de assumir mais responsabilidades e não podemos esperar que seja apenas o Governo a tomar a iniciativa”.
Esta segunda-feira Tommy Lau, ex-deputado e presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial, disse à TDM Rádio Macau que alguns projectos, que “envolvem muito pessoal”, podem mesmo parar por completo, uma vez que o sector “depende dos trabalhadores da China”. “Pelo que consegui observar, a maioria dos projectos está ainda parada, não começou sequer”, frisou. Em relação aos projectos de pequena dimensão, “é possível que tenham trabalhadores locais suficientes”, ressalvou o empresário.
Em cima da mesa
Algumas obras em Macau continuam em andamento, ainda que a meio gás, mas o Governo já tem medidas caso os trabalhos sejam afectados pela falta de materiais de construção ou de trabalhadores. De acordo com um comunicado emitido pela AAM esta terça-feira, as empresas podem pedir a extensão do prazo de construção à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).
“A DSSOPT sugeriu que os projectos de construção que estejam a enfrentar o problema da falta de materiais de construção e de trabalhadores podem considerar uma extensão razoável do prazo de construção, com os ajustamentos a terem como referência o tufão Hato”, pode ler-se.
Ficou ainda decidido que “cada estaleiro, empresa ou trabalhador deve evitar a passagem de trabalhadores nas fronteiras para minimizar o trânsito e o risco de infecção”. Desta forma, “os trabalhadores que estão em Macau de forma permanente devem ser prioridades e devem encorajar-se aos trabalhadores a que fiquem em Macau.”
No que diz respeito “aos trabalhos de construção já estão em andamento, o foco principal deve ser feito na situação de saúde dos trabalhadores e nas condições de higiene e de ventilação”.
Relativamente à situação laboral dos trabalhadores, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deixou claro, segundo o comunicado da AAM, que “tendo em conta a actual situação (com trabalhadores que não podem regressar a Macau e que têm de ficar em casa), devem ser feitos diferentes acordos entre patrões e empregados”, sendo que estes devem ser feitos “por mútuo acordo”.
“No caso de saída e substituição de um trabalhador não residente, a DSAL vai adoptar medidas especiais para acelerar o processo”, adianta a nota emitida pela AAM.
A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença
[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.
“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.
A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.
Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.
Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.
Com escolta policial
Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.
Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.
Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.
Mala de 20 mil patacas
Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.
A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença
[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.
“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.
A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.
Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.
Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.
Com escolta policial
Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.
Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.
Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.
Mala de 20 mil patacas
Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.
Com as ruas vazias, os casinos e as lojas fechadas e um silêncio ensurdecedor por todo o território, também os empresários portugueses vivem tempos difíceis devido ao surgimento do coronavírus. Santos Pinto, proprietário do restaurante O Santos, na famosa Rua do Cunha, deixou praticamente de servir refeições e pondera fechar durante uns dias. Célia Ferreira e Manuela Salema lidam com a falta de pessoas e de encomendas
[dropcap]E[/dropcap]sta quarta-feira, à hora de almoço, quem entrasse no restaurante O Santos, na famosa e muito movimentada Rua do Cunha, na Taipa, deparava-se com uma cena inédita, observando o proprietário e os seus empregados sentados a olhar para a televisão. Um dos restaurantes portugueses mais conhecidos do território e muito procurado por turistas tem estado praticamente vazio desde que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, decretou o encerramento dos casinos por um período de duas semanas devido ao novo coronavírus.
Santos Pinto é, nesta altura, um homem preocupado, estando a ponderar fechar o seu estabelecimento. “Não perdi um cliente, nem dois, nem três, perdi-os todos praticamente”, contou ao HM.
“Na Segunda-feira servi cinco almoços e dois jantares e hoje (Quarta-feira) servi apenas 12 almoços. A rua está vazia, não há animação nenhuma, não há pessoas. Mesmo antes de fecharem os casinos já era mau, e agora pior ficou. Neste momento estou a pensar seriamente o que vou fazer, tenho aqui o meu pessoal a olhar para mim e eu estou a olhar para eles, e acho que vou fazer o mesmo que toda a gente aqui na rua fez.”
Se as dificuldades no fornecimento de comida e mercadoria não existem, pois “existe tudo com fartura”, o mesmo não acontece a nível de lucros. “Não perdi 50 por cento do negócio, perdi 90 por cento”, assegura.
Santos Pinto, alentejano a viver há décadas em Macau, viveu os tempos da SARS e assegura que esta crise traz uma situação bem mais complicada. “Está a ser pior do que a SARS. Nessa altura, em 2003, eu já estava aqui e muita malta portuguesa vinha aqui, e eu chamava-lhe os solteiros, os divorciados e os mal- casados, pessoas que estavam sós. E não houve o pedido do Governo para as pessoas ficarem em casa e os casinos não fecharam. As coisas são diferentes, bateu no fundo em termos de clientes. Se calhar é melhor fechar e ir para casa descansar e esperar que a crise passe.”
Ainda na Taipa, mas na também turística zona da Taipa Velha, encontra-se a Cool-ThingzZ & Portuguese Spot, de Manuela Salema, que vende produtos tipicamente portugueses e que tem os turistas como os principais clientes. Manuela Salema conta ao HM que a crise provocada pelo coronavírus só veio somar-se às crises anteriores com os quais o negócio vinha sofrendo.
“Isto tem sido um embate um atrás do outro. A nossa loja abriu em Outubro de 2018 e logo a seguir aconteceu o conflito comercial entre a China e os EUA. A maior parte dos nossos clientes são turistas que passam todos por Hong Kong, cidadãos da Coreia, Japão. Essa foi a nossa primeira batalha, e a segunda foi os conflitos em Hong Kong. Deixámos de ter clientes nessa altura.”
“Quando finalmente tudo parecia estar a voltar ao normal acontece-nos isto”, acrescentou Manuela Salema, que se queixa do vazio total à sua volta. “Acarretamos todas as sugestões do Executivo e tentamos não andar nas ruas, mas temos tido a loja semi-abertas. Aproveitamos para fazer limpezas, rever stocks. Mas não entra aqui ninguém.”
Portugal devia ajudar
Manuela Salema elogia Ho Iat Seng pelo facto de ter decretado que a Administração não irá cobrar renda a comerciantes durante três meses. Mas para aqueles que alugam lojas no mercado privado de imobiliário, a empresária pede uma ajuda do Executivo mais efectiva.
“O Chefe do Executivo fez um apelo aos senhorios para procederem da mesma maneira e fazerem um desconto, e o que ele sugere é óptimo porque deu o exemplo, mas vamos envidar todos os esforços para que o nosso senhorio abata a renda da maneira que lhe for mais conveniente.”
Em condições normais, já são valores difíceis de suportar, assegura Manuela Salema. “O que salvava a situação era de facto a Administração fazer uns empréstimos a fundo perdido, porque dão-nos a possibilidade de fazermos uns empréstimos, mas temos de devolver o dinheiro e é mais um encargo mensal que vou ter, e não me ajuda.”
A fundadora da Cool-ThingzZ & Portuguese Spot deseja também que as autoridades venham a ajudar no transporte de mercadorias entre Portugal e Macau, uma vez que os custos são muito elevados. “O Governo poderia ajudar nos transportes de mercadorias que são caríssimos. São cerâmicas, arte, imensa coisa, divulgamos Portugal e a cultura portuguesa e não há uma ajuda que seja neste sentido.”
FOTO: Victor Li
Import e Export parado
Apenas com um showroom montado num espaço físico, a AlmaViva Portuguese Heritage dedica-se sobretudo ao comércio de importação e exportação de produtos. Célia Ferreira, responsável pela empresa, assegura que está tudo parado neste momento devido ao fecho dos casinos e às medidas de quarentena.
“Fechámos na sexta-feira pois não fazia sentido estarmos abertos. Os nossos principais clientes são de Hong Kong, Japão, Coreia, Taiwan, que já não estão a viajar para Macau”, contou ao HM.
O panorama de crise começou a fazer-se notar antes do Ano Novo Chinês, algo que piorou depois das medidas adoptadas pelo Executivo. Mas se o presente é difícil, o futuro também se avizinha complicado.
“Além deste impacto directo teremos também grandes perdas em relação a negócios de distribuição. Os nossos clientes estão muito receosos e não temos novas encomendas. Temos o nosso negócio do café que também era afectado, pois sem pessoas a consumir os nossos clientes não vendem e nós também não”, frisou Célia Ferreira.
Com um showroom aberto há pouco mais de um mês, a crise do coronavírus foi uma espécie de presente envenenado. “Esta mudança implica um investimento e um aumento das despesas também. Iremos muda, mas ninguém consegue prever quanto é que o turismo ficará normalizado. Vendemos produtos gourmet, que não são bens de primeira necessidade, mas mesmo os clientes locais consomem menos, por existir este impasse e por terem receio”, rematou a empresária.
O impacto económico da epidemia no mundo
O sector de viagens e turismo tem sido prejudicado pela quarentena em dezenas de cidades na China e pela interdição de viagens organizadas de chineses para o estrangeiro para conter a epidemia.
Alguns países desaconselham os seus cidadãos a viajarem para a China e outros suspenderam as atividades provenientes do país. Várias companhias aéreas, incluindo a Air France, British Airways, Air Canada, Lufthansa ou Delta, suspenderam os voos para a China continental. Com sede em Hong Kong, a Cathay Pacific pediu a 27.000 funcionários para tirarem três semanas de licença sem vencimento.
Os casinos de Macau também encerraram, o mesmo sucedendo com parques da Disney em Xangai e Hong Kong. Em Paris, os efeitos em várias cadeias de lojas habitualmente frequentadas por turistas chineses também são visíveis. A indústria do turismo em Itália teme vir a registar uma perda anual de 4,5 mil milhões de euros, segundo o laboratório de ideias Demoskopika.
No sector dos cruzeiros, MSC Cruises, Costa Crociere e Royal Caribbean pediram aos seus navios para não fazerem escalas na China.
Da electrónica
As fábricas na China do grupo tecnológico com sede em Taiwan Foxconn vão ficar fechadas até meados de Fevereiro e alguns funcionários receberam a indicação de que devem tirar 14 dias suplementares para deixar passar o tempo de incubação do vírus.
Os fabricantes de ‘smartphones’, de ecrãs e de computadores que são clientes de componentes da Foxconn correm o risco de virem a ser afectados. A Apple indicou que está a trabalhar em planos para compensar a baixa produção dos seus fornecedores na China.
A sul-coreana LG Electronics cancelou a sua participação no Mobile World Congress, um evento sobre o ‘smartphone’ e a Huawei ainda não indicou se vai participar na mostra, que decorre em Barcelona de 24 a 27 de Fevereiro.
Da indústria
A cidade de Wuhan é uma placa giratória para os grandes construtores automóveis norte-americanos, europeus e asiáticos. A Hyundai Motor indicou que suspendeu toda a sua produção na Coreia do Sul devido às dificuldades no fornecimento de peças provenientes da China.
A fabricante de veículos eléctricos Tesla reconheceu que a epidemia pode afectar a produção na sua nova fábrica de Xangai, com potenciais efeitos nos resultados do primeiro trimestre.
No domínio da aeronáutica, a Airbus encerrou até nova ordem a sua linha de montagem do modelo A320 em Tianjin, perto de Pequim.
O conglomerado francês de equipamentos Safran também suspendeu a produção até 10 de Fevereiro nas várias instalações que tem em território chinês, com 2.500 trabalhadores.
Já afectada pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a Caterpillar (máquinas, motores e veículos pesados) manifestou preocupação com um “possível período de incerteza económica mundial” ao longo deste ano.
Do consumo
A cadeia de cafés Starbucks, para a qual a China constitui o segundo mercado mundial, encerrou temporariamente metade dos 4.000 pontos de venda que tem no país. A McDonald’s indicou recentemente que decidiu fechar “várias centenas” de restaurantes na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. Foi indicado que 3.000 outros restaurantes permanecem abertos.
Outras cadeias como a Pizza Hut ou KFC também decidiram fechar portas, devido às medidas impostas nas suas parcerias com empresas chinesas.
O fabricante de equipamento desportivo Nike, que receia “um forte impacto” nas suas operações na China e Taiwan, encerrou cerca de metade das suas lojas na China e constatou que há uma queda nas vendas das que continuam abertas. Neste panorama sombrio há também quem consiga tirar proveito, como o fabricante de máscaras de protecção 3M.
Com as ruas vazias, os casinos e as lojas fechadas e um silêncio ensurdecedor por todo o território, também os empresários portugueses vivem tempos difíceis devido ao surgimento do coronavírus. Santos Pinto, proprietário do restaurante O Santos, na famosa Rua do Cunha, deixou praticamente de servir refeições e pondera fechar durante uns dias. Célia Ferreira e Manuela Salema lidam com a falta de pessoas e de encomendas
[dropcap]E[/dropcap]sta quarta-feira, à hora de almoço, quem entrasse no restaurante O Santos, na famosa e muito movimentada Rua do Cunha, na Taipa, deparava-se com uma cena inédita, observando o proprietário e os seus empregados sentados a olhar para a televisão. Um dos restaurantes portugueses mais conhecidos do território e muito procurado por turistas tem estado praticamente vazio desde que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, decretou o encerramento dos casinos por um período de duas semanas devido ao novo coronavírus.
Santos Pinto é, nesta altura, um homem preocupado, estando a ponderar fechar o seu estabelecimento. “Não perdi um cliente, nem dois, nem três, perdi-os todos praticamente”, contou ao HM.
“Na Segunda-feira servi cinco almoços e dois jantares e hoje (Quarta-feira) servi apenas 12 almoços. A rua está vazia, não há animação nenhuma, não há pessoas. Mesmo antes de fecharem os casinos já era mau, e agora pior ficou. Neste momento estou a pensar seriamente o que vou fazer, tenho aqui o meu pessoal a olhar para mim e eu estou a olhar para eles, e acho que vou fazer o mesmo que toda a gente aqui na rua fez.”
Se as dificuldades no fornecimento de comida e mercadoria não existem, pois “existe tudo com fartura”, o mesmo não acontece a nível de lucros. “Não perdi 50 por cento do negócio, perdi 90 por cento”, assegura.
Santos Pinto, alentejano a viver há décadas em Macau, viveu os tempos da SARS e assegura que esta crise traz uma situação bem mais complicada. “Está a ser pior do que a SARS. Nessa altura, em 2003, eu já estava aqui e muita malta portuguesa vinha aqui, e eu chamava-lhe os solteiros, os divorciados e os mal- casados, pessoas que estavam sós. E não houve o pedido do Governo para as pessoas ficarem em casa e os casinos não fecharam. As coisas são diferentes, bateu no fundo em termos de clientes. Se calhar é melhor fechar e ir para casa descansar e esperar que a crise passe.”
Ainda na Taipa, mas na também turística zona da Taipa Velha, encontra-se a Cool-ThingzZ & Portuguese Spot, de Manuela Salema, que vende produtos tipicamente portugueses e que tem os turistas como os principais clientes. Manuela Salema conta ao HM que a crise provocada pelo coronavírus só veio somar-se às crises anteriores com os quais o negócio vinha sofrendo.
“Isto tem sido um embate um atrás do outro. A nossa loja abriu em Outubro de 2018 e logo a seguir aconteceu o conflito comercial entre a China e os EUA. A maior parte dos nossos clientes são turistas que passam todos por Hong Kong, cidadãos da Coreia, Japão. Essa foi a nossa primeira batalha, e a segunda foi os conflitos em Hong Kong. Deixámos de ter clientes nessa altura.”
“Quando finalmente tudo parecia estar a voltar ao normal acontece-nos isto”, acrescentou Manuela Salema, que se queixa do vazio total à sua volta. “Acarretamos todas as sugestões do Executivo e tentamos não andar nas ruas, mas temos tido a loja semi-abertas. Aproveitamos para fazer limpezas, rever stocks. Mas não entra aqui ninguém.”
Portugal devia ajudar
Manuela Salema elogia Ho Iat Seng pelo facto de ter decretado que a Administração não irá cobrar renda a comerciantes durante três meses. Mas para aqueles que alugam lojas no mercado privado de imobiliário, a empresária pede uma ajuda do Executivo mais efectiva.
“O Chefe do Executivo fez um apelo aos senhorios para procederem da mesma maneira e fazerem um desconto, e o que ele sugere é óptimo porque deu o exemplo, mas vamos envidar todos os esforços para que o nosso senhorio abata a renda da maneira que lhe for mais conveniente.”
Em condições normais, já são valores difíceis de suportar, assegura Manuela Salema. “O que salvava a situação era de facto a Administração fazer uns empréstimos a fundo perdido, porque dão-nos a possibilidade de fazermos uns empréstimos, mas temos de devolver o dinheiro e é mais um encargo mensal que vou ter, e não me ajuda.”
A fundadora da Cool-ThingzZ & Portuguese Spot deseja também que as autoridades venham a ajudar no transporte de mercadorias entre Portugal e Macau, uma vez que os custos são muito elevados. “O Governo poderia ajudar nos transportes de mercadorias que são caríssimos. São cerâmicas, arte, imensa coisa, divulgamos Portugal e a cultura portuguesa e não há uma ajuda que seja neste sentido.”
FOTO: Victor Li
Import e Export parado
Apenas com um showroom montado num espaço físico, a AlmaViva Portuguese Heritage dedica-se sobretudo ao comércio de importação e exportação de produtos. Célia Ferreira, responsável pela empresa, assegura que está tudo parado neste momento devido ao fecho dos casinos e às medidas de quarentena.
“Fechámos na sexta-feira pois não fazia sentido estarmos abertos. Os nossos principais clientes são de Hong Kong, Japão, Coreia, Taiwan, que já não estão a viajar para Macau”, contou ao HM.
O panorama de crise começou a fazer-se notar antes do Ano Novo Chinês, algo que piorou depois das medidas adoptadas pelo Executivo. Mas se o presente é difícil, o futuro também se avizinha complicado.
“Além deste impacto directo teremos também grandes perdas em relação a negócios de distribuição. Os nossos clientes estão muito receosos e não temos novas encomendas. Temos o nosso negócio do café que também era afectado, pois sem pessoas a consumir os nossos clientes não vendem e nós também não”, frisou Célia Ferreira.
Com um showroom aberto há pouco mais de um mês, a crise do coronavírus foi uma espécie de presente envenenado. “Esta mudança implica um investimento e um aumento das despesas também. Iremos muda, mas ninguém consegue prever quanto é que o turismo ficará normalizado. Vendemos produtos gourmet, que não são bens de primeira necessidade, mas mesmo os clientes locais consomem menos, por existir este impasse e por terem receio”, rematou a empresária.
O impacto económico da epidemia no mundo
O sector de viagens e turismo tem sido prejudicado pela quarentena em dezenas de cidades na China e pela interdição de viagens organizadas de chineses para o estrangeiro para conter a epidemia.
Alguns países desaconselham os seus cidadãos a viajarem para a China e outros suspenderam as atividades provenientes do país. Várias companhias aéreas, incluindo a Air France, British Airways, Air Canada, Lufthansa ou Delta, suspenderam os voos para a China continental. Com sede em Hong Kong, a Cathay Pacific pediu a 27.000 funcionários para tirarem três semanas de licença sem vencimento.
Os casinos de Macau também encerraram, o mesmo sucedendo com parques da Disney em Xangai e Hong Kong. Em Paris, os efeitos em várias cadeias de lojas habitualmente frequentadas por turistas chineses também são visíveis. A indústria do turismo em Itália teme vir a registar uma perda anual de 4,5 mil milhões de euros, segundo o laboratório de ideias Demoskopika.
No sector dos cruzeiros, MSC Cruises, Costa Crociere e Royal Caribbean pediram aos seus navios para não fazerem escalas na China.
Da electrónica
As fábricas na China do grupo tecnológico com sede em Taiwan Foxconn vão ficar fechadas até meados de Fevereiro e alguns funcionários receberam a indicação de que devem tirar 14 dias suplementares para deixar passar o tempo de incubação do vírus.
Os fabricantes de ‘smartphones’, de ecrãs e de computadores que são clientes de componentes da Foxconn correm o risco de virem a ser afectados. A Apple indicou que está a trabalhar em planos para compensar a baixa produção dos seus fornecedores na China.
A sul-coreana LG Electronics cancelou a sua participação no Mobile World Congress, um evento sobre o ‘smartphone’ e a Huawei ainda não indicou se vai participar na mostra, que decorre em Barcelona de 24 a 27 de Fevereiro.
Da indústria
A cidade de Wuhan é uma placa giratória para os grandes construtores automóveis norte-americanos, europeus e asiáticos. A Hyundai Motor indicou que suspendeu toda a sua produção na Coreia do Sul devido às dificuldades no fornecimento de peças provenientes da China.
A fabricante de veículos eléctricos Tesla reconheceu que a epidemia pode afectar a produção na sua nova fábrica de Xangai, com potenciais efeitos nos resultados do primeiro trimestre.
No domínio da aeronáutica, a Airbus encerrou até nova ordem a sua linha de montagem do modelo A320 em Tianjin, perto de Pequim.
O conglomerado francês de equipamentos Safran também suspendeu a produção até 10 de Fevereiro nas várias instalações que tem em território chinês, com 2.500 trabalhadores.
Já afectada pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a Caterpillar (máquinas, motores e veículos pesados) manifestou preocupação com um “possível período de incerteza económica mundial” ao longo deste ano.
Do consumo
A cadeia de cafés Starbucks, para a qual a China constitui o segundo mercado mundial, encerrou temporariamente metade dos 4.000 pontos de venda que tem no país. A McDonald’s indicou recentemente que decidiu fechar “várias centenas” de restaurantes na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. Foi indicado que 3.000 outros restaurantes permanecem abertos.
Outras cadeias como a Pizza Hut ou KFC também decidiram fechar portas, devido às medidas impostas nas suas parcerias com empresas chinesas.
O fabricante de equipamento desportivo Nike, que receia “um forte impacto” nas suas operações na China e Taiwan, encerrou cerca de metade das suas lojas na China e constatou que há uma queda nas vendas das que continuam abertas. Neste panorama sombrio há também quem consiga tirar proveito, como o fabricante de máscaras de protecção 3M.
[dropcap]A[/dropcap] organização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 anunciou hoje a criação de um grupo de trabalho para lidar com o surto do coronavírus, a menos de seis meses do início das provas, e realçou que o evento “decorrerá conforme previsto”.
O objectivo deste grupo de trabalho é “analisar a situação e tomar as medidas necessárias para garantir que os Jogos Olímpicos sejam seguros para atletas e público”, explicou o presidente do comité organizador do evento, Toshiro Muto.
“Quero deixar claro que os Jogos [Olímpicos Tóquio2020] serão organizados conforme o planeado”, disse em conferência de imprensa Toshiro Muto, que enfatizou que, “em vista da situação actual, não há problemas em organizá-los”.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou também que em nenhum momento foi considerado um possível adiamento dos Jogos Olímpicos devido ao surto de coronavírus, que surgiu na China e afectou mais de quarenta pessoas no Japão.
Toshiro Muto explicou que o grupo de trabalho integra responsáveis por Tóquio2020, do Executivo Nacional e do governo regional da capital japonesa, e disse que estará “em permanente consulta” com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comité Olímpico Internacional (COI).
“Vamos nos encontrar regularmente”, disse Muto, que destacou a necessidade de o grupo de trabalho “ser objectivo e manter a cabeça fria”, para “não criar um sentimento desnecessário de preocupação, já que o número de infecções é limitado por enquanto”.
O responsável pelo comité organizador acrescentou que as medidas contempladas se concentram na prevenção de infecções e acrescentou que, em princípio, “não incluirão acções que não foram aplicadas anteriormente em outras situações de alerta de saúde”.
A China elevou hoje para 563 mortos e mais de 28 mil infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detectado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos. A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica terça-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]A[/dropcap] organização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 anunciou hoje a criação de um grupo de trabalho para lidar com o surto do coronavírus, a menos de seis meses do início das provas, e realçou que o evento “decorrerá conforme previsto”.
O objectivo deste grupo de trabalho é “analisar a situação e tomar as medidas necessárias para garantir que os Jogos Olímpicos sejam seguros para atletas e público”, explicou o presidente do comité organizador do evento, Toshiro Muto.
“Quero deixar claro que os Jogos [Olímpicos Tóquio2020] serão organizados conforme o planeado”, disse em conferência de imprensa Toshiro Muto, que enfatizou que, “em vista da situação actual, não há problemas em organizá-los”.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou também que em nenhum momento foi considerado um possível adiamento dos Jogos Olímpicos devido ao surto de coronavírus, que surgiu na China e afectou mais de quarenta pessoas no Japão.
Toshiro Muto explicou que o grupo de trabalho integra responsáveis por Tóquio2020, do Executivo Nacional e do governo regional da capital japonesa, e disse que estará “em permanente consulta” com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comité Olímpico Internacional (COI).
“Vamos nos encontrar regularmente”, disse Muto, que destacou a necessidade de o grupo de trabalho “ser objectivo e manter a cabeça fria”, para “não criar um sentimento desnecessário de preocupação, já que o número de infecções é limitado por enquanto”.
O responsável pelo comité organizador acrescentou que as medidas contempladas se concentram na prevenção de infecções e acrescentou que, em princípio, “não incluirão acções que não foram aplicadas anteriormente em outras situações de alerta de saúde”.
A China elevou hoje para 563 mortos e mais de 28 mil infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detectado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos. A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica terça-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]A[/dropcap]s companhias aéreas Air France e KLM anunciaram hoje a prorrogação até 15 de março da suspensão dos voos para a China continental, interrompidos no dia 9 de Fevereiro, devido ao surto do novo coronavírus no país asiático.
“A Air France e a KLM planeiam retomar gradualmente as suas operações de e para Xangai e Pequim, no dia 16 de março de 2020, dependendo da evolução da situação” e “retomar todas as ligações aéreas a partir de 29 de março”, informou o grupo Air France-KLM. Entre aquelas ligações aéreas estão os voos para Wuhan, o epicentro da epidemia.
A cidade, que tem mais de 11 milhões de habitantes, foi colocada sob quarentena no dia 23 de janeiro, com as saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante período indefinido. A medida foi, entretanto, alargada a mais 15 cidades próximas, afetando, no conjunto, mais de 50 milhões de pessoas.
A China elevou hoje para 563 mortos e mais de 28 mil infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV).
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infecção confirmados em mais de 20 países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]K[/dropcap]irk Douglas, que morreu na quarta-feira aos 103 anos, nunca esqueceu as origens e foi um trabalhador incansável que só abandonou o cinema aos 80 anos na sequência de uma apoplexia grave. Issur Danielovitch Demsky nasceu em 9 de Dezembro de 1916, em Amesterdão, uma localidade do estado de Nova Iorque, filho de um casal de emigrantes judeus de origem bielorrussa, Herschel e Bryna Danielovitch.
Cresceu num bairro pobre, mas era bom estudante e formou-se em Letras na Universidade de St. Lawrence, em 1934. Concluídos os estudos, mudou-se para Nova Iorque, onde até 1939 estudou na Academia Americana de Arte Dramática.
Desempenhou pequenos papéis em obras na Broadway antes de se alistar na Marinha em 1941 para combater na Segunda Guerra Mundial. Dois anos depois foi dispensado do serviço devido aos ferimentos sofridos em combate e voltou a Nova Iorque, onde participou em várias produções teatrais e actuou em emissoras de rádio.
A recomendação da atriz Lauren Bacall, com quem estudou teatro em Nova Iorque, abriu as portas de Hollywood e em 1946 participou na meca do cinema, no primeiro filme “O estranho amor de Marta Ives” de Lewis Milestone, em que os protagonistas em Barbara Stanwyck e Van Heflin.
Foi o início de uma longa carreira, que se estendeu por seis décadas e mais de 90 filmes, além de produzir uma dezena de películas e dirigir duas longas-metragens, “Scalawag” (1973) e “Cavalgada dos Destemidos” (1975).
Douglas trabalhou com vários realizadores, Vincent Minelli, Jacques Tourneur, King Vidor, Otto Preminger, Billy Wilder, Elia Kazan, Howard Hawks e William Wyler, entre outros, mas foi Stanley Kubrick quem mais marcou a carreira do ator com “Horizontes de Glória” (1957) e “Spartacus” (1960).
Nesta longa carreira, só conseguiu um Oscar honorário em 1996. Honorários foram também os prémios Cecil B. de Mille, em 1968, o César da Academia Francesa em 1980 e o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim em 2001.
Foi também condecorado com a Ordem das Artes e das Letras, concedida pelo Governo de França em 1979, e com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1981 e em 2011 recebeu a Medalha Nacional dos Estados Unidos de Arte e Humanidades.
Além do cinema, Kirk Douglas trabalhou nos palcos e na televisão. A última interpretação teatral foi em Março de 2009 na sala com o seu nome em Culver City (Los Angeles, Califórnia) em “Antes que me esqueça”, comédia sobre a vida do actor.
Douglas apareceu pela última vez em público há dois anos, na gala dos Globos de Ouro, na companhia da nora Catherine Zeta-Jones, para entregar o prémio para o melhor argumento.
Durante algum tempo foi também porta-voz do centro Simon Wiesenthal, especializado em estudos sobre o holocausto judeu.
Do primeiro casamento com Diana Dill, em 1943, nasceram dois filhos: o ator Michael Douglas e Joel Andre. Em 1945, voltou a casar-se com Anne Buydens e teve mais dois filhos: Peter e Eric Anthony, que em julho de 2004, foi encontrado morto devido a excesso de álcool e medicamentos.
A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença
[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.
“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.
A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.
Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.
Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.
Com escolta policial
Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.
Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.
Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.
Mala de 20 mil patacas
Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.
A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença
[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.
“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.
A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.
Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.
Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.
Com escolta policial
Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.
Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.
Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.
Mala de 20 mil patacas
Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.
[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde chinesas elevaram para 563 o número de mortos provocados pelo novo coronavírus, que infectou no total 28.018 pessoas. A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que 3.589 casos de pneumonia provocada pelo vírus são considerados graves e que 1.153 pessoas já tiveram alta. Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos.
Os serviços médicos continuam a manter sob observação 183.354 pessoas, de um total de 282.813 que foram observadas com suspeita de ter contraído o vírus, cujo surto começou na cidade de Wuhan, na província central de Hubei.
Cerca de 200 casos foram identificados em mais de 20 países diferentes e na quarta-feira morreu a primeira pessoa contaminada no território de Hong Kong.
Num paquete mantido em quarentena ao largo do Japão, o número de casos detetados subiu para 20, depois de terem sido observados 273 dos 3.700 passageiros a bordo.
O contágio no navio começou com um homem que desembarcou na passagem do paquete por Hong Kong, durante o mês de Janeiro.
A Organização Mundial de Saúde declarou na quinta-feira passada uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde chinesas elevaram para 563 o número de mortos provocados pelo novo coronavírus, que infectou no total 28.018 pessoas. A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que 3.589 casos de pneumonia provocada pelo vírus são considerados graves e que 1.153 pessoas já tiveram alta. Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos.
Os serviços médicos continuam a manter sob observação 183.354 pessoas, de um total de 282.813 que foram observadas com suspeita de ter contraído o vírus, cujo surto começou na cidade de Wuhan, na província central de Hubei.
Cerca de 200 casos foram identificados em mais de 20 países diferentes e na quarta-feira morreu a primeira pessoa contaminada no território de Hong Kong.
Num paquete mantido em quarentena ao largo do Japão, o número de casos detetados subiu para 20, depois de terem sido observados 273 dos 3.700 passageiros a bordo.
O contágio no navio começou com um homem que desembarcou na passagem do paquete por Hong Kong, durante o mês de Janeiro.
A Organização Mundial de Saúde declarou na quinta-feira passada uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM), com 22 casinos no território, anunciou ontem que vai doar 20 milhões de patacas para combater o surto do novo coronavírus chinês.
Em comunicado, a SJM indica que a doação destina-se a comprar equipamento de proteção e material médico para ajudar nos esforços de prevenção e de combate à doença na província chinesa de Hubei, onde os primeiros casos de infeção foram detetados em Wuhan.
“Desejamos uma rápida recuperação a todas as pessoas e todas as economias afectadas pelo vírus”, disse a presidente do conselho de administração da SJM, Daisy Ho, filha do fundador do grupo Stanley Ho.
De acordo com a mesma nota, a concessionária indicou observar estritamente as medidas de prevenção definidas pelo Governo de Macau, mantendo-se unida com a comunidade na luta para evitar a propagação da doença.
A SJM é a terceira concessionária a fazer uma doação para a província de Hubei. Em 29 de Janeiro, a Melco Resorts tinha anunciado uma doação de 20 milhões de dólares de Hong Kong para Hubei. Em 2 de Fevereiro foi a vez do Galaxy Entertainment Group, com seis casinos, a anunciar também 20 milhões de patacas para a mesma província. Todas as doações foram feitas em coordenação com o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau.
[dropcap]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM), com 22 casinos no território, anunciou ontem que vai doar 20 milhões de patacas para combater o surto do novo coronavírus chinês.
Em comunicado, a SJM indica que a doação destina-se a comprar equipamento de proteção e material médico para ajudar nos esforços de prevenção e de combate à doença na província chinesa de Hubei, onde os primeiros casos de infeção foram detetados em Wuhan.
“Desejamos uma rápida recuperação a todas as pessoas e todas as economias afectadas pelo vírus”, disse a presidente do conselho de administração da SJM, Daisy Ho, filha do fundador do grupo Stanley Ho.
De acordo com a mesma nota, a concessionária indicou observar estritamente as medidas de prevenção definidas pelo Governo de Macau, mantendo-se unida com a comunidade na luta para evitar a propagação da doença.
A SJM é a terceira concessionária a fazer uma doação para a província de Hubei. Em 29 de Janeiro, a Melco Resorts tinha anunciado uma doação de 20 milhões de dólares de Hong Kong para Hubei. Em 2 de Fevereiro foi a vez do Galaxy Entertainment Group, com seis casinos, a anunciar também 20 milhões de patacas para a mesma província. Todas as doações foram feitas em coordenação com o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau.
[dropcap]U[/dropcap]m bebé chinês com pouco mais de 24 horas de vida foi diagnosticado com o novo coronavírus (2019-nCov) detectado na cidade de Wuhan, na China, anunciaram ontem os meios de comunicação social públicos chineses. O recém-nascido tornou-se no caso mais jovem a ser confirmado com o vírus, desde o surgimento da epidemia em Dezembro passado.
Segundo especialistas citados pela televisão pública CCTV, pode tratar-se de um caso de “transmissão vertical”, isto é, uma criança que foi infectada pela sua mãe no útero, durante o parto ou logo após. Antes do parto, a mãe da criança foi diagnosticada com o novo coronavírus.
A CCTV não especificou a gravidade dos possíveis sintomas da mãe e do filho e indicou apenas que o recém-nascido se encontra “estável”. A agência de notícias chinesa Xinhua noticiou na segunda-feira que um bebé nascido na semana passada de uma mãe infectada não era portador do vírus.
A China elevou ontem para 490 mortos e mais de 24.300 infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detectado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
[dropcap]A[/dropcap]s 20 pessoas que estão internadas voluntariamente em Lisboa, onde chegaram no domingo provenientes da China, encontram-se bem de saúde, sem sintomas de infecção causada novo coronavírus (2019-nCov), indicou ontem a directora-geral da Saúde.
Graça Freitas falava numa conferência de imprensa, em Lisboa, onde foi feito um novo balanço sobre a infeção pelo ‘2019-nCov’, detectado na China em dezembro.
O grupo, que inclui 18 cidadãos portugueses e duas cidadãs brasileiras, esteve na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus – família de vírus que pode causar pneumonia – e chegou no domingo à noite ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa.
Com o seu consentimento, as pessoas estão em “isolamento profilático” em instalações no Hospital Pulido Valente e no Parque da Saúde, ambos em Lisboa.
A possibilidade de receberem visitas de familiares, se o desejarem, está a ser equacionada, adiantou Graça freitas.
A diretora-geral da Saúde referiu que as pessoas “estão bem de saúde, não desenvolveram sintomas” e “têm cumprido as orientações” que lhes são dadas, nomeadamente o uso de máscaras, assinalando que o “isolamento profilático” foi uma “medida excecional”, mas “adequada ao grupo”, que esteve na cidade chinesa onde começou o surto e, por isso, teve “maior probabilidade” de exposição ao vírus.
Novos testes de despistagem do ‘2019-nCov’ serão feitos quando forem considerados oportunos. “Não há vantagem de repetir os testes várias vezes”, frisou Graça Freitas. Análises preliminares efetuadas ao grupo tiveram resultados negativos.
As 20 pessoas vão estar internadas durante 14 dias, período de incubação (até ao aparecimento de sintomas de infeção) do novo coronavírus.
A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infectados o balanço do surto provocado pelo ‘2019-nCov’, considerado pela Organização Mundial de Saúde uma emergência de saúde pública internacional devido ao risco elevado de propagação do coronavírus à escala global.
Além do território continental da China e das regiões de Macau e Hong Kong, há casos de infecção confirmados em mais de 20 países.
[dropcap]A[/dropcap]s 20 pessoas que estão internadas voluntariamente em Lisboa, onde chegaram no domingo provenientes da China, encontram-se bem de saúde, sem sintomas de infecção causada novo coronavírus (2019-nCov), indicou ontem a directora-geral da Saúde.
Graça Freitas falava numa conferência de imprensa, em Lisboa, onde foi feito um novo balanço sobre a infeção pelo ‘2019-nCov’, detectado na China em dezembro.
O grupo, que inclui 18 cidadãos portugueses e duas cidadãs brasileiras, esteve na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus – família de vírus que pode causar pneumonia – e chegou no domingo à noite ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa.
Com o seu consentimento, as pessoas estão em “isolamento profilático” em instalações no Hospital Pulido Valente e no Parque da Saúde, ambos em Lisboa.
A possibilidade de receberem visitas de familiares, se o desejarem, está a ser equacionada, adiantou Graça freitas.
A diretora-geral da Saúde referiu que as pessoas “estão bem de saúde, não desenvolveram sintomas” e “têm cumprido as orientações” que lhes são dadas, nomeadamente o uso de máscaras, assinalando que o “isolamento profilático” foi uma “medida excecional”, mas “adequada ao grupo”, que esteve na cidade chinesa onde começou o surto e, por isso, teve “maior probabilidade” de exposição ao vírus.
Novos testes de despistagem do ‘2019-nCov’ serão feitos quando forem considerados oportunos. “Não há vantagem de repetir os testes várias vezes”, frisou Graça Freitas. Análises preliminares efetuadas ao grupo tiveram resultados negativos.
As 20 pessoas vão estar internadas durante 14 dias, período de incubação (até ao aparecimento de sintomas de infeção) do novo coronavírus.
A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infectados o balanço do surto provocado pelo ‘2019-nCov’, considerado pela Organização Mundial de Saúde uma emergência de saúde pública internacional devido ao risco elevado de propagação do coronavírus à escala global.
Além do território continental da China e das regiões de Macau e Hong Kong, há casos de infecção confirmados em mais de 20 países.
[dropcap]A[/dropcap] decisão do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, de encerrar os casinos por um período de duas semanas pode trazer um período negro ao sector do jogo. Analistas dizem ser cedo para fazer previsões, mas algumas estimativas apontam para perdas de 75 por cento nas receitas de Fevereiro, além do impacto nos ganhos anuais.
Ao HM, o economista Albano Martins destaca sobretudo as perdas para a economia e PME. “Tomando o ano passado [como referência], e se tudo se mantivesse constante, esses 15 dias representam uma perda de cerca de 4,7 mil milhões de patacas para os cofres públicos. Para a economia, uma perda de 12 milhões.”
Ainda assim, Albano Martins prevê que “o impacto será provavelmente muito maior na economia e no sector público”, uma vez que existe ainda “uma grande incógnita quanto ao tempo de impacto do vírus”.
De acordo com o portal informativo GGRAsia, a JP Morgan Securities (Asia Pacific) disse num comunicado emitido esta terça-feira que os custos de operação fixos consomem cerca de 19 por cento das receitas obtidas pelas operadoras de jogo, a maioria relacionadas com os funcionários. DS Kim, Derek Choi e Jeremy An, analistas da JP Morgan, falam de perdas na ordem dos 75 por cento em termos das receitas oriundas do jogo de massas em Fevereiro, e uma perda anual de seis por cento, sem esquecer uma quebra do EBITDA na ordem dos dez por cento.
A analista Roth Capital Partners LLC defendeu, também na terça-feira, esperar uma quebra anual de 14 por cento nas receitas, comparando com anos anteriores. “Enquanto existem muitas incertezas no que diz respeito ao coronavírus, antecipamos um declínio das receitas do jogo de massas na ordem dos 31 por cento na primeira metade de 2020”, escreveu o analista David Bain.
Ambrose So à espera
Ao Hong Kong Economist Journal, Ambrose So, vice-presidente e CEO da SJM, disse que o encerramento dos casinos coincide com um período que seria sempre “calmo”, por ser posterior ao Ano Novo Chinês. O empresário disse também que tudo depende das respostas rápidas que as autoridades de Macau apresentem para a crise de saúde pública. No entanto, a redução das despesas com o fecho dos casinos “não compensa completamente” as receitas perdidas.
No caso da analista Sanford C. Bernstein Ltd, espera-se uma recuperação das receitas oriundas das apostas de massas caso surja uma melhoria da situação causada pelo coronavírus.
“A questão chave em torno de Macau tem a ver com tempo de restituição da emissão de vistos e o regresso aos valores normais de entrada de turistas. A segunda metade do ano deveria constituir uma grande recuperação (a não ser que a situação médica piore)”, escreveram os analistas Vitaly Umansky, Eunice Lee and Kelsey Zhu.
[dropcap]A[/dropcap] decisão do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, de encerrar os casinos por um período de duas semanas pode trazer um período negro ao sector do jogo. Analistas dizem ser cedo para fazer previsões, mas algumas estimativas apontam para perdas de 75 por cento nas receitas de Fevereiro, além do impacto nos ganhos anuais.
Ao HM, o economista Albano Martins destaca sobretudo as perdas para a economia e PME. “Tomando o ano passado [como referência], e se tudo se mantivesse constante, esses 15 dias representam uma perda de cerca de 4,7 mil milhões de patacas para os cofres públicos. Para a economia, uma perda de 12 milhões.”
Ainda assim, Albano Martins prevê que “o impacto será provavelmente muito maior na economia e no sector público”, uma vez que existe ainda “uma grande incógnita quanto ao tempo de impacto do vírus”.
De acordo com o portal informativo GGRAsia, a JP Morgan Securities (Asia Pacific) disse num comunicado emitido esta terça-feira que os custos de operação fixos consomem cerca de 19 por cento das receitas obtidas pelas operadoras de jogo, a maioria relacionadas com os funcionários. DS Kim, Derek Choi e Jeremy An, analistas da JP Morgan, falam de perdas na ordem dos 75 por cento em termos das receitas oriundas do jogo de massas em Fevereiro, e uma perda anual de seis por cento, sem esquecer uma quebra do EBITDA na ordem dos dez por cento.
A analista Roth Capital Partners LLC defendeu, também na terça-feira, esperar uma quebra anual de 14 por cento nas receitas, comparando com anos anteriores. “Enquanto existem muitas incertezas no que diz respeito ao coronavírus, antecipamos um declínio das receitas do jogo de massas na ordem dos 31 por cento na primeira metade de 2020”, escreveu o analista David Bain.
Ambrose So à espera
Ao Hong Kong Economist Journal, Ambrose So, vice-presidente e CEO da SJM, disse que o encerramento dos casinos coincide com um período que seria sempre “calmo”, por ser posterior ao Ano Novo Chinês. O empresário disse também que tudo depende das respostas rápidas que as autoridades de Macau apresentem para a crise de saúde pública. No entanto, a redução das despesas com o fecho dos casinos “não compensa completamente” as receitas perdidas.
No caso da analista Sanford C. Bernstein Ltd, espera-se uma recuperação das receitas oriundas das apostas de massas caso surja uma melhoria da situação causada pelo coronavírus.
“A questão chave em torno de Macau tem a ver com tempo de restituição da emissão de vistos e o regresso aos valores normais de entrada de turistas. A segunda metade do ano deveria constituir uma grande recuperação (a não ser que a situação médica piore)”, escreveram os analistas Vitaly Umansky, Eunice Lee and Kelsey Zhu.
[dropcap]Q[/dropcap]uando nos debruçamos sobre as notícias referentes a fenómenos meteorológicos extremos podemos verificar que frequentemente os comentários tecidos por várias entidades, por vezes responsáveis governamentais e de organizações internacionais, atribuem essas ocorrências às alterações climáticas. Há que ter cuidado na apreciação das causas desses fenómenos na medida em que é frequente confundir-se variabilidade climática com alterações climáticas. São conceitos diferentes, mas facilmente confundíveis, na medida em que ambos se referem a modificações no comportamento do clima, embora em escalas temporais e espaciais diferentes. Vejamos como se distinguem, de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC).
Variabilidade climática, numa determinada região, consiste em variações do estado médio do clima em períodos relativamente curtos como um mês, uma estação ou um ano, enquanto que alterações climáticas se referem a variações estatisticamente significativas do estado médio do clima, que persistem por um período prolongado (décadas ou períodos mais longos) e abrangem regiões mais vastas. Por exemplo, a ocorrência de secas numa determinada região, com certa regularidade, poder-se-á atribuir à variabilidade climática. No entanto, se as secas ocorrerem mais frequentemente e se a tendência para a diminuição da precipitação se mantiver durante algumas décadas, poder-se-á pressupor de que se trata de uma alteração climática. A UNFCCC distingue, assim, a variabilidade climática, que atribui a causas naturais e perdura durante períodos relativamente curtos, das alterações climáticas que considera atribuíveis à atividade humana e se repercutem por muito mais tempo. São frequentemente atribuídas às alterações climáticas a maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como ciclones tropicais de grande intensidade, períodos de seca mais longos e mais frequentes em algumas regiões e chuvas torrenciais noutras, etc.
Na realidade sempre ocorreram alterações do clima durante milhões de anos, desde que a atmosfera do nosso planeta se formou. Basta pensar que as glaciações e os períodos interglaciários foram resultado de milhares de anos de arrefecimento da atmosfera terrestre, alternando com longos períodos de aquecimento.
As causas das glaciações estão essencialmente relacionadas com os parâmetros orbitais da Terra, o que implica maior ou menor radiação solar que atinge o nosso planeta. A grande diferença entre essas alterações e as que ocorrem atualmente consiste no facto de as glaciações e os períodos interglaciários se arrastarem durante milhares de anos, enquanto que as alterações climáticas que atualmente se processam estão a ocorrer desde há relativamente pouco tempo e as suas causas são atribuídas à injeção de enormes quantidades de gases de efeito de estufa produzidos desde o início da era industrial, ou seja, há menos de duzentos anos.
Um fator importante que está na base de alguma variabilidade climática são as chamadas teleconexões, que consistem em ligações entre certos fenómenos que ocorrem na atmosfera ou no sistema atmosfera-oceanos, em algumas regiões do globo, e que causam alterações na circulação geral da atmosfera e, consequentemente, a ocorrência de fenómenos meteorológicos significativos em regiões distantes. Entre as teleconexões contam-se o “El Niño” e “La Niña”, que se referem, respetivamente, a aquecimento e arrefecimento anómalos da água do mar na região equatorial do Pacífico Sul, próximo do Peru. No caso do El-Niño, a água sobreaquecida aquece o ar que se lhe sobrepõe, provocando perturbação na circulação geral da atmosfera, o que é a causa de fenómenos meteorológicos significativos em regiões distantes. Por exemplo, durante o El-Niño, ocorrem secas no Nordeste brasileiro e chuvas intensas no sul do Brasil, enquanto que nas regiões do Sudeste asiático, onde se situa Macau, os meses de dezembro a maio são anormalmente mais chuvosos.
Pode não ser correta, por exemplo, a afirmação de que as alterações climáticas foram a causa de certos fenómenos meteorológicos extremos, como por exemplo o furacão Katrina (agosto de 2005) que causou cerca de 1.800 vítimas mortais nos EUA, ou o tufão Haiyan, que tirou a vida a mais de 7.000 filipinos, em novembro de 2013, ou até o tufão Hato, que afetou Macau em agosto de 2017.
Ocasionalmente, ocorre um acontecimento ou sequência de acontecimentos meteorológicos que nunca foram registados antes, como o furacão Catarina que atingiu o estado de Santa Catarina, no Brasil, em março de 2004, ou a temporada excecional de furacões no Atlântico Norte em 2005. O furacão Catarina foi, até à presente data, o único a ser detetado no Atlântico Sul, o que causou estranheza no meio científico ligado às ciências da Terra. Será que tais acontecimentos são manifestações das alterações climáticas ou tratar-se-ão de simples variabilidade natural do clima? Nem o IPCC poderá responder a esta pergunta, mas a realidade é que fenómenos meteorológicos extremos têm vindo a ocorrer com maior frequência, e em latitudes em que são raros ocorrerem. Esta série de acontecimentos incomuns, a tornar-se persistente, poderá sugerir uma muito provável alteração do clima. É o caso, por exemplo, de tempestades tropicais terem vindo a afetar com mais frequência os Açores, e até mesmo o continente português. Esta realidade fez com que Portugal tenha recentemente sido admitido como membro do Comité dos Furacões, com sede em Miami.
O aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos e a sua ocorrência em regiões onde previamente eram raros levam-nos a acreditar que as alterações climáticas causadas pela ação antropogénica são altamente prováveis. Digo “altamente prováveis” porque é arriscado afirmar certeza absoluta quando se trata do comportamento de um sistema tão complexo como é o clima. Mesmo não havendo essa certeza, é absolutamente necessário que os governos tomem medidas para que se recorra cada vez mais às energias renováveis, na medida em que os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) demoraram milhões de anos a se formarem e não são inesgotáveis. Ao ritmo cada vez mais acelerado a que são consumidos, tornar-se-ão cada vez mais escassos. Não apostar em alternativas é contribuir para que as gerações futuras encontrem um planeta cada vez menos sustentável. Apesar do protocolo de Quioto, em 1997, das vinte e cinco Conferências das Partes promovidas pela UNFCC e do acordo de Paris (2016), o consumo desses combustíveis não diminuiu.
Mesmo que as alterações climáticas não fossem uma realidade, o simples facto de a variabilidade climática ser inegável deveria fazer com que os governos de todos os países se empenhassem no incremento da utilização de energias renováveis. A menor exploração dos combustíveis fósseis seria uma benesse para o meio ambiente, evitando terríveis desastres como os que ocorreram com o derramamento de petróleo no Alasca devido ao naufrágio do petroleiro Exxon Valdez, em 1989; na costa da Galiza em 2002 com o naufrágio do petroleiro Prestige; no Golfo do México em 2010 devido a explosão numa plataforma de exploração petrolífera, etc.
É evidente que a política de descarbonização interfere com grandes interesses instalados e daí aparecerem dirigentes governamentais de alguns países que, para serem fiéis às forças que financiaram as respetivas campanhas eleitorais, insistem em remar contra esta grande maré que é a tomada de consciência de grande parte da humanidade.