Valores dúbios

[dropcap]N[/dropcap]os últimos dias tenho visto alguns trabalhadores dos Serviços de Saúde de Macau, a título pessoal nas redes sociais, a desvalorizarem a Pneumonia de Wuhan. Parece que o vírus da influenza é mais mortal e causa 40 mil mortes todos os anos nos Estados Unidos.

Como se não fosse suficiente ainda vêm falar de “manipulação” do Ocidente… Felizmente, depois de se reconhecer a dimensão do problema que temos em mãos, tanto o Governo Central como o Governo de Macau têm mostrado bem mais respeito pelos mortos, pelos infectados e pela população.

Estão à procura de soluções, apesar do enorme desafio. Mas não deixa de ser engraçado que pessoas que trabalham em serviços com tanta responsabilidade estejam mais focadas na política de agressão externa do que na população de Macau e da China. Numa fase tão complicada como a que atravessamos, que prioridades são estas? Acham que é assim que se tranquiliza a população com este discurso de ódio? Não percebo estes valores. Parece que para estes profissionais de saúde não importa que morram chineses, desde que morram mais americanos. São os nacionalistas de pacotilha, para quem o bem do país é secundário desde que o “Ocidente” esteja pior.

Finalmente, quero recordar Alexis Tam. Lutou pelo centro de doenças infecto-contagiosas e foi bloqueado pelos interesses locais. Ficou claro que era tão urgente quanto ele dizia. Defendeu a criminalização das pensões ilegais e o tempo deu-lhe razão. Quantos “turistas ilegais” de Wuhan estavam “escondidos” nesses viveiros de criminosos no NAPE e ZAPE sem que seja possível localizá-los? Pois…

7 Fev 2020

Hospital | Mulher confirmada como primeiro caso em Macau teve alta

A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença

[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.

“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.

A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.

Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.

Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.

Com escolta policial

Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.

Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.

Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.

Mala de 20 mil patacas

Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.

7 Fev 2020

Hospital | Mulher confirmada como primeiro caso em Macau teve alta

A empresária de 52 anos estava internada desde 21 de Janeiro e viajou, durante a tarde de ontem, para Zhuhai. É o primeiro, dos 10 casos no território, a ultrapassar a doença

[dropcap]A[/dropcap] mulher que tinha sido confirmada como o primeiro caso do coronavírus de Wuhan no território recuperou e teve alta. Com 52 anos, empresária e natural da cidade na origem da epidemia, encontrava-se internada desde 21 de Janeiro, depois de ter entrado na RAEM, a 19 de Janeiro, e de ter ficado hospedada no Hotel Landmark. Na hora da saída, admitiu que foi uma sorte ter sido tratada em Macau.
“Queria ficar mais tempo [em Macau], mas não posso. […] A experiência em Macau foi uma sorte no meio do azar”, afirmou a mulher, que recusou ser identificada, em declarações ao Governo da RAEM. ““Ao longo do tratamento, senti-me no meio de uma família, pela forma como fui tratada em Macau. Estou muito grata”, acrescentou.
A mulher que teve alta ontem pelas 16h45, recordou ainda o choque de receber a notícia. “Quando soube que estava infectada tive medo e preparei-me para o pior. Informei a minha filha por SMS e ela disse-me para ficar calma e ser optimista. Só ela estava informada sobre a minha situação, porque de resto nem o meu marido avisei”, recordou.
Entre os factores que mais medo lhe causaram, a empresária apontou as notícias do Interior, que não eram muito claras a informar que as vítimas mortais eram principalmente grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.
Já na RAEM, a mulher reconheceu que encontrou “um ambiente sempre calmo” e que os cuidados médicos foram “excepcionais”.

Com escolta policial

Após ter alta, a mulher foi deixada às 16h45 em Zhuhai, num percurso que foi feito com escolta policial. As autoridades desconhecem o que vai acontecer agora com a empresária de 52 anos, uma vez que nesta fase não há transportes para a cidade de origem. “Como não há transportes ela deve ficar por Zhuhai. Pode ficar nos hotéis destinados aos turistas de Wuhan, ou então escolher outro sítio onde possa ficar”, explicou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença.
Na altura de sair, a mulher pediu para não ter de pagar a conta que lhe foi apresentada de 34 mil patacas. O processo está agora a ser analisado e a isenção até pode ser aceite. Na conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, explicou que os não-residentes pagam o valor das despesas a dobrar, o que faz com que a despesa efectiva tenha sido de 17 mil patacas.
Lei deixou ainda garantias que a RAEM tem “vários meios” para forçar o pagamento da despesa a partir do Interior, mas não conseguiu nomear um único, nem se haverá lugar a recurso para os tribunais. Por sua vez, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública apontou que em caso de não haver pagamento, a mulher pode ser impedida de entrar na RAEM, numa próxima visita.

Mala de 20 mil patacas

Horas depois de se ter sabido que a mulher tinha pedido para ser dispensada do pagamento de 34 mil patacas com as despesas médicas, o caso gerou polémica nas redes sociais, uma vez que nas fotos de despedida de Macau aparece com uma mala da marca de luxo Bvlgari. O modelo em causa é o “Bvlgari Serpenti Forever” e, segundo o portal de Hong Kong da marca, tem um preço de 22.900 dólares de Hong Kong, o que equivale a 23.591 patacas.

7 Fev 2020

Escolas não precisam de antecipar férias por causa da gripe

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) adiantam, em comunicado, que a situação da gripe está controlada e que não é necessário antecipar as férias do ano novo chinês, como sugeriu um residente. “Os SS afirmam que a actual situação da gripe ainda está num nível esperado”, sendo que a taxa de vacinação permanece alta. Além disso, “os dados revelam a diminuição ligeira da gripe em Macau”.

O comunicado explica que “ainda existem vagas nas consultas externas, nas urgências”, além de existirem “camas disponíveis em diversas instituições médicas”. “Em articulação com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) os SS emitiram orientações de suspensão escolar, devido à influenza, para todas as escolas. No actual contexto foi decidido que as escolas ainda não precisam de antecipar as férias devido à epidemia da gripe.”

Numa semana “a proporção e o número de atendimento de pacientes adultos com gripe que recorrem às urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) passou de um nível elevado para um nível mais baixo”, sendo que “a proporção de pacientes infantis ainda é elevada”, ainda que com uma redução na última semana.

“Como Macau se encontra no período de pico da gripe não se pode excluir a possibilidade de aparecimento de infecções colectivas, sejam elas familiares ou escolares. Nem se pode excluir a possibilidade de aparecimento de casos graves de gripe e até casos mortais. Daí que os SS apelam a que os residentes cumpram de forma rigorosa as medidas de prevenção”, conclui o comunicado.

6 Fev 2018

Gravidez | Taxa moderadora no São Januário ajustada para portadoras de blue card

A direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário pretende aumentar as taxas moderadoras para as grávidas portadoras de blue card, mesmo que estas sejam casadas com residentes não permanentes. A medida, disse Kuok Cheong U, ainda está a ser analisada

 

[dropcap style≠’circle’]K[/dropcap]uok Cheong U, director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, disse, segundo o jornal Ou Mun, que as taxas moderadoras para casos de nascimentos irão aumentar para as grávidas portadoras de blue card, mesmo que estas sejam casadas com residentes não permanentes.

O médico explicou que a medida se prende com o aumento dos custos do hospital nos últimos anos, sendo que esse aumento também se explica com as actualizações salariais, rendas e compra de novos equipamentos.

Neste momento a medida ainda está a ser alvo de um processo de consulta de opiniões junto do hospital. Kuok Cheong U disse que vai divulgar os novos valores nos próximos meses e que os pormenores serão apresentados em breve.

Esta medida não é nova, uma vez que em Janeiro do ano passado Kuok Cheong U anunciou a vontade do Governo de aumentar as taxas moderadoras para as grávidas portadoras de blue card, uma vez que se tinha registado um aumento de pacientes entre dez a 12 por cento face a 2015.

Procriação em consulta

O director do hospital público disse ainda prever que a proposta de lei relativa à procriação medicamente assistida possa ser implementada em meados deste ano. Quanto ao processo de consulta pública, Kuok Cheong U adiantou que está a ser finalizado e que no prazo de três meses se pode dar entrada ao processo legislativo.

Apesar do Governo estar a preparar a legislação sobre esta matéria, Kuok Cheong U defendeu que a procriação medicamente assistida não é a única forma dos casais estéreis terem filhos e que os Serviços de Saúde esperam que as mulheres possam ficar grávidas de forma natural, recorrendo a outro tipo de tratamentos. A consulta pública decorre até 12 de Janeiro.

3 Jan 2018

Doença das vacas loucas | Registado caso suspeito em Macau

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi detectado no Centro Hospitalar Conde de São Januário um caso suspeito de infecção por doença das vacas loucas, também conhecida como a doença de Creutzfeldt–Jakob. Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde (SS), a mulher, de 60 anos e natural de Macau, está internada “em estado grave”, não existindo, até ao momento, quaisquer novidades sobre o caso, apurou o HM junto dos Serviços de Saúde.

Segundo um comunicado oficial, em Outubro a paciente “manifestou, durante uma estadia nos Estados Unidos, sintomas de hemiparesia, tendo manifestado também espasmos musculares, diminuição da força muscular dos membros, dificuldade de fala, entre outros, que gradualmente foram agravados”.

A doente foi internada no São Januário na quinta-feira, depois de ter recorrido a assistência médica nos Estados Unidos, em Zhongshan, no interior da China e Hong Kong, sem que a sua situação clínica tenha apresentado melhorias.

“A paciente não tem história familiar das doenças semelhantes, nem foi submetida a transfusões de sangue ou intervenção cirúrgica. De acordo com a história de contactos, história familiar, manifestações clínicas e Electroencefalograma (EEG), entre outros exames, a probabilidade de ter sido contraída a doença de Creutzfeldt–Jakob esporádica é muito elevada”, apontam os SS no mesmo comunicado. Em Macau foi relatado um caso de doença de Creutzfeldt–Jakob esporádica em 2012.

11 Dez 2017

Autocarros | Começam hoje mais dois trajectos rápidos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntram hoje em actividade mais duas carreiras rápidas extra. O autocarro n.º 3AX e o n.º 25AX têm o objectivo “de escoar a afluência dos passageiros da Zona Norte e de Seac Pai Van”, diz a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) em comunicado. 

As duas carreiras irão operar nos dias úteis durante a parte da manhã e horas de ponta, para responder à necessidades de deslocação dos residentes nos momentos de maior afluência de trânsito.
A carreira n.º 3AX terá um percurso em sentido único, saindo da zona de estacionamento de veículos pesados de passageiros do norte da Praça das Portas do Cerco, seguindo para as paragens, “Av.1 de Maio/ Kwong Wa”, “Av. Dr. Sun Yat-Sen/Av. Amizade”, “Nape / Centro Cultural”, “Centro Transfusões Sangue”, “Rua Cidade de Sintra”, até a última paragem “Praça Ferreira Amaral”. A frequência das partidas é de 8 a 10 minutos, das 7h à 8h45 da parte de manhã, nos dias úteis.
Já o n.º 25AX terá um percurso de sentido circular, saindo também das Portas do Cerco, e passando pelas paragens, “Av.1 de Maio/ Kwong Wa”, “Praça Ferreira Amaral”, “Esparteiro/ Regency”, “Edf. Chun Luen”, “Est. do Istmo/ C.O.D.”, “Av. Vale das Borboletas / Terminal”, em sentido oposto, “Al. da Harmonia/ Edf. Lok Kuan”, “Est. do Istmo/ Parisian”, “Treasure Garden”, “Av. Sun Yat Sen/ CTM”, “Praça Ferreira Amaral”, “R. Nova Areia Preta/ Nam Wa”.
Também os autocarros n.º 3A e 25 foram alvo de melhorias, tendo em conta a temporária suspensão de funcionamento do Terminal das Portas do Cerco.

 

 

São Januário | Funcionário do hospital encontrado sem vida

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), confirmou, na quarta-feira, um caso de suicídio dentro das suas instalações. De acordo com o comunicado dos Serviços de Saúde, foi encontrado o corpo de um funcionário do hospital, com 50 anos de idade numa sala de arrumos. O São Januário fez, de imediato, a notificação do caso às autoridades e a Polícia Judiciária já iniciou a investigação. A suspeita é de que se trata de suicídio até porque, antes do incidente, o funcionário tinha deixado uma nota nesse sentido em casa, tendo os familiares informado o hospital da situação. O CHCSJ tendo conhecimento da situação começou a procurar o funcionário que acabou por encontrar sem vida.

8 Set 2017

Quantidade de produtos terapêuticos é suficiente, dizem Serviços de Saúde

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) garantem que o stock de produtos terapêuticos no hospital público e nos centros de saúde é suficiente. De acordo com um comunicado, o esclarecimento é feito na sequência de notícias de alguns meios de comunicação social que revelaram que há pais de crianças com dificuldade de obtenção de cremes dermatológicos e de vitaminas, alegando haver ruptura de stock nas instituições médicas públicas.

Na nota enviada à imprensa, os SSM destacam que se “prestam enorme atenção às questões relacionadas com o desenvolvimento saudável dos bebés e das crianças”. Deste modo, desde que haja indicação clínica, durante a realização das consultas externas de saúde infantil, o médico prescreve vitaminas, pomadas ou cremes hidratantes para assegurar “a obtenção de tratamento adequado de quem realmente necessita”.

Os SSM esclarecem ainda que quer no Centro Hospitalar Conde de São Januário, quer nos centros de saúde, existe um mecanismo de monitorização de stock que garante quantidades mínimas para uso de um semestre. É feita ainda uma supervisão aos fornecedores de modo a evitar problemas na entrega dos produtos em causa.

Na mesma nota, os SSM pronunciam-se sobre a venda de medicamentos através da Internet – não tem sido raro encontrar à venda, nas redes sociais, produtos que foram dados a quem tenta fazer dinheiro com eles. “Existem mecanismos que permitem aos Serviços de Saúde monitorizar periodicamente as informações que são transmitidas nas redes sociais. Caso sejam detectadas irregularidades, haverá um imediato acompanhamento e tratamento da situação”, avisa-se.

26 Abr 2017

São Januário | Hospital volta a ser acreditado por entidade australiana

 

Foi ontem formalizada a acreditação do Centro Hospitalar Conde de São Januário pelo Conselho Australiano de Normas de Saúde. A distinção não é nova. Foi agora prolongada por mais quatro anos

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ecorreu ontem a cerimónia de entrega do certificado de acreditação, por mais quatro anos, ao Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). A distinção foi atribuída pelo Conselho Australiano de Normas de Saúde (ACHS, na sigla em inglês).

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura realçou que, para que a distinção alcançada, “todos os 47 critérios das três áreas de avaliação foram aprovados”. Entre os parâmetros constam a assistência médica, os serviços de apoio e a administração institucional.

Os critérios de avaliação tiveram em conta o funcionamento de quatro serviços: a informação ao público, a participação por parte dos utentes nos cuidados de assistência médica, a prevenção de recaídas e a gestão dos actos de vigilância nos cuidados médicos. Em todos, o São Januário teve a classificação de nível quatro que corresponde a uma “realização extensiva”, disse Alexis Tam.

De acordo com o secretário, as avaliações mais positivas dadas pelo ACHS registaram-se nas acções para a redução de listas de espera. A causa, afirmou, foi a “criação de consultas externas nocturnas”. À acção juntou-se o alargamento da divulgação de informação médica à comunidade, e a criação dos centros de avaliação conjunta pediátrica e de avaliação e tratamento da demência.

John Smith, presidente da ACHS, recordou o processo de avaliação que teve lugar em Outubro de 2016, em que foi identificado “um alto desempenho por parte do CHCSJ”. O responsável foi mais longe e sublinhou a qualidade dos serviços de informação que a entidade tem disponíveis, “o forte compromisso para com a participação da comunidade e a minimização de recaídas”.

A ACHS já existe há mais de 40 anos e é acreditada pela International Society for Health Care (ISQua) desde 1997. Actualmente, opera em cerca de 20 países e tem, como membros, mais de 1600 instituições hospitalares e dedicadas aos cuidados de saúde.

Melhoras de milhões

O CHCSJ conta também com novos equipamentos e estruturas de vanguarda na área da imagiologia. Em visita guiada, o director do centro hospitalar, Kuok Cheong U, fez questão de mostrar a convidados e jornalistas as novas aquisições.

O hospital tem agora um novo aparelho de rastreamento de cancro da mama. A ideia é, afirmou, conseguir diagnósticos cada vez mais precisos e com maior antecedência, de forma a permitir intervenções precoces.

Ainda na mesma área está em funcionamento uma sala para operações híbridas, ou seja, evasivas e não evasivas e que podem ser assistidas numa outra sala, criada para o efeito, por outros especialistas.

No total, o Governo investiu mais de 37 milhões de patacas: a sala de angiografia teve um custo de 33 milhões de patacas e o equipamento de rastreio de cancro mamário envolveu 4,4 milhões.

 

 

 

Classificação quanto antes

Alexis Tam quer que os procedimentos de avaliação para a classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun possam estar concluídos antes do período de um ano previsto por lei. “Vou dar ordens ao Instituto Cultural (IC) para que o procedimento de classificação possa ser acelerado”, disse ontem, à margem da cerimónia de acreditação do São Januário. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura esclareceu que o IC irá trabalhar com a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água e com as Obras Públicas, sendo que, por ora, estão suspensas as obras de demolição. Já há trabalho agendado a partir de Abril. “Vamos ter uma reunião com o Conselho do Património Cultural para ouvir as opiniões dos profissionais”, explicou. No entanto, Alexis Tam não deixou de ressalvar que uma futura classificação está dependente do processo de avaliação. Quanto ao futuro, caso os estaleiros sejam classificados como património cultural, o secretário já tem uma ideia. “É o maior conjunto deste tipo de instalações do sul da China e podemos requalificar o local, transformando-o numa zona de turismo e lazer, e oferecer aquela zona aos residentes.”

30 Mar 2017

Justiça | Prossegue julgamento contra São Januário

Continua o julgamento que senta no banco dos réus o Centro Hospitalar Conde de São Januário, um médico obstetra e uma enfermeira por erro e negligência que, alegadamente, originou o nascimento de um bebé com paralisia cerebral profunda. Ontem foram ouvidas testemunhas arroladas pelos réus

[dropcap style≠’circle’]“E[/dropcap]stive presente no bloco operatório e fiz a reanimação do bebé”, declarou ontem uma médica pediatra ouvida em sessão de julgamento em que se inquiriram testemunhas arroladas pelos réus. Em causa estiveram os primeiros momentos de vida do bebé que nasceu sem pulso e que terá ficado com uma paralisia cerebral profunda alegadamente na sequência de más práticas médicas durante o trabalho de parto.

Ainda antes, no início da inquirição, a médica revelou que não conhecia o caso em questão, uma vez que é também testemunha noutros casos e o departamento jurídico dos serviços hospitalares não lhe adiantou informações por razões de confidencialidade. A pediatra continua a trabalhar no Centro Hospitalar Conde de São Januário e foi colega do médico e réu Huang Yaobin.

A testemunha acompanhou o recém-nascido nos primeiros oito dias de vida, mas não atestou em tribunal acerca do seu estado de saúde. A inquirição girou em tornos dos procedimentos de reanimação e dos testes realizados posteriormente ao parto. Durante a operação de cesariana estava no bloco de parto uma vasta equipa. A saber, dois pediatras, dois obstetras, duas enfermeiras e um anestesista. A testemunha confirmou que a presença de um segundo médico pediatra se deveu à gravidade da situação, tendo sido a própria a efectuar a reanimação do recém-nascido.

Práticas questionadas

Um dos tópicos discutidos durante a sessão de julgamento foi a recolha de sangue do cordão umbilical para análises. Como o bebé nasceu sem pulso, segundo os clínicos ouvidos, as práticas médicas ditam que a prioridade seja dada à reanimação. Só depois de o recém-nascido ter estabilizado, já com batimento cardíaco e respiração normais, é que se procedeu à recolha de sangue do cordão umbilical para análise.

A segunda testemunha inquirida foi um médico obstetra e ginecologista com 27 anos de carreira, e que trabalhou no São Januário até 2014, onde foi colega do réu, Huang Yaobin, durante oito anos. Questionado pela defesa em relação às análises ao sangue da grávida, o obstetra indicou que havia indícios de uma inflamação, mas que não se pode afirmar, definitivamente, tratar-se de uma infecção nas membranas fetais.

Além disso, foi discutido o impacto da administração de oxigénio enquanto o parto estava a ser induzido à parturiente. Segundo o clínico, é procedimento normal dar oxigénio de forma a estabilizar tanto a grávida, como o feto – é, de resto, um método regular no São Januário.

O obstetra esclareceu ainda o colectivo de juízes que a administração de oxigénio apenas se torna prejudicial ao feto se for em grandes quantidades, deixando ainda claro que o método não serve para acalmar a grávida, nem se destina a produzir esse efeito.

A sessão de julgamento foi ainda marcada por alguma esgrima de litigâncias entre as partes, com a equipa de advogados da família autora do processo a protestar a repetição de questões já debatidas, e as interrupções da advogada de um dos réus. Por outro lado, as mandatárias dos réus protestaram perante a presidente do colectivo de juízes a postura em julgamento dos autores na concessão de quesitos durante a sessão.

Prosseguem os trabalhos com mais testemunhas arroladas pela defesa, depois de, na semana passada, terem sido ouvidos os familiares da criança no cerne deste processo, numa audiência marcada por emoções fortes.

15 Mar 2017

Saúde | São Januário refuta erro médico em paciente com grave trauma

 

O Centro Hospitalar Conde de São Januário descartou a possibilidade de erro no diagnóstico e tratamento de um paciente com um grave trauma. O esclarecimento chegou depois de queixas de familiares na sequência de uma segunda opinião clínica

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] caso teve início em Fevereiro de 2016, altura em que um homem, de 65 anos, deu entrada na urgência com um trauma grave na cabeça provocado por um acidente de trabalho, estando em causa o tratamento a que foi submetido pelo hospital público que realizou uma conferência para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Segundo declarações reproduzidas nas redes sociais chinesas, com base em relatos de familiares, o paciente foi diagnosticado erradamente, mas o director do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Kuok Cheong U, garantiu que não foi detectado qualquer erro após investigação interna na sequência das queixas apresentadas em cartas ao hospital, Serviços de Saúde e secretário da tutela.
Dado que o relatório clínico foi avaliado e reportado a Alexis Tam e se considera estar tudo em conformidade, o hospital deu o caso como fechado, cabendo à família decidir se pretende avançar com uma queixa para os tribunais.
De acordo com dados facultados pelo CHCSJ, após entrar na urgência, o diagnóstico do paciente, em coma profundo, foi de traumatismo crânio-encefálico grave e hérnia cerebral, pelo que foi submetido a uma intervenção cirúrgica urgente – drenagem de hematoma subdural e craniotomia descompressiva.
Essa operação foi “bem-sucedida” e o paciente ficou fora de perigo, segundo o CHCSJ. Após tratamento na Unidade de Cuidados Intensivos, e depois da traqueostomia, foi encaminhado para a enfermaria geral. Mas, entretanto, sempre segundo o hospital, verificou-se “acumulação do fluido subdural e infecção do sistema nervoso central” e, após tratamento, incluindo drenagem externa, ambas as situações foram “controladas”. Novas complicações surgiram gradualmente, como hidrocefalia, pelo que, em Maio, o paciente foi submetido à derivação ventrículo-peritoneal.
Segundo explicaram, em comunicado, os Serviços de Saúde, o estado do paciente estabilizou e melhorou face ao período anterior às operações, apesar de ainda estar em coma, pelo que “era necessário um tratamento de reabilitação”. Após discussão e consentimento da família, o doente foi transferido para o Centro de Reabilitação da Federação das Associações dos Operários de Macau, de acordo com a mesma fonte.

A opinião de Hong Kong

A família decidiu, no entanto, pedir uma opinião a um especialista de Hong Kong e, segundo as declarações divulgadas nas redes sociais, um médico da região vizinha afirmou que uma das operações não tinha sido bem-sucedida, pois “a pressão do tubo de drenagem estava muito baixa, levando a que as duas partes do cérebro ficassem inclinadas para um dos lados do mesmo” e “o tubo de drenagem tinha bloqueado, perdendo a respectiva função”.
O CHCSJ garante que adiou a derivação ventriculoperitoneal até a infecção intracraniana ficar completamente controlada, porque, caso contrário, poder-se-ia expandir e causar uma grave peritonite –, afirmando que não a fez apenas depois de os familiares terem relatado as recomendações do hospital de Hong Kong, como referido, e que uma nova TAC demonstra que essa cirurgia foi “bem-sucedida”.
“O tratamento e o diagnóstico do hospital atendem às regras convencionais do tratamento da neurocirurgia”, reiterou o CHCSJ, manifestando-se disponível para voltar a receber o paciente que, na sexta-feira, foi novamente operado, desta feita, no Kiang Wu.
Na conferência de imprensa, foi explicado que a intervenção naquele hospital privado de Macau serviu para voltar a colocar o dreno, que terá sido removido em Hong Kong após aconselhamento.

27 Fev 2017

São Januário garante que agiu de forma correcta em caso de bebé com hipóxia

O caso de uma criança que nasceu no São Januário com baixos níveis de oxigénio tem estado a dar que falar nas redes sociais. O hospital garante que o que se diz por aí é falso e vinca que fez o que podia

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma história que aconteceu já em Julho, mas que só agora chegou às redes sociais e que mereceu, nos últimos dias, dois esclarecimentos dos Serviços de Saúde. Na primeira nota à imprensa, o Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) explica que teve conhecimento de que há afirmações que estão a ser feitas e que não são verdadeiras: a unidade é acusada de atrasos na assistência médica no parto, o que teria provocado baixos níveis de oxigénio ao bebé em causa.

“Como essas afirmações não correspondem à verdade, o Centro Hospitalar Conde de São Januário entende divulgar o histórico da situação para verdadeiro esclarecimento público”, começam por escrever os Serviços de Saúde.

De acordo com CHCSJ, no passado dia 5 de Julho deu entrada no hospital uma parturiente de 40 semanas e 6 dias, de nacionalidade vietnamita, que não tinha feito a avaliação pré-natal em Macau. Uma vez que já apresentava “manifestos sinais do início do processo de parto”, o médico especialista de obstetrícia “cumpriu, de forma rigorosa, as orientações previstas para realizar o parto, após o conhecimento e consentimento da parturiente”.

O bebé nasceu no dia seguinte, a 6 de Julho, às 17h15. Foi enviado para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátrica, local onde acabaria por ficar até 9 de Setembro. O hospital explica que depois de feitos “diversos exames foi confirmada a existência de uma doença genética rara que provoca deficiência múltipla de carboxilase, ou seja, perante esta doença e após o nascimento, o bebé manifesta hipóxia e uma série de sintomas conexos”. Por outras palavras, os baixos níveis de oxigénio não se deveram a atrasos na assistência médica mas sim à doença do bebé.

O São Januário garante que “os médicos efectuaram de imediato os tratamentos indispensáveis e recomendaram à mãe a realização de exames indispensáveis, por forma a evitar a repetição de uma gravidez futura com o mesmo tipo de doença genética”. No comunicado, lê-se ainda que a mulher recebeu aconselhamento de um técnico do Serviço de Acção Social do hospital.

O problema dos medicamentos

O CHCSJ esclarece ainda que não exigiu aos pais o pagamento imediato das despesas médicas: “Para facilitar o pagamento autorizou os pais do bebé, cidadãos não residentes, a reunir as quantias necessárias para proceder, posteriormente, à liquidação das despesas médicas. Nunca foi exigido o pagamento imediato”.

A explicação dada pelos Serviços de Saúde não terá sido suficiente para apaziguar as vozes mais críticas, pelo que, um dia depois, é publicada nova nota à imprensa, em que se explica que “a mãe do bebé doente procedeu ao exame pré-natal”, sendo que fica por se perceber onde é que a cidadã vietnamita realizou o procedimento em questão.

“Mas ao bebé foi diagnosticada uma doença genética rara e metabólica que provoca deficiência múltipla de carboxilase congénita. (…) O diagnóstico da doença em causa é obtido através de um exame ao sangue ou teste genético”, continuam os Serviços de Saúde, que salientam que “caso não haja história clínica ou história genética, normalmente esta doença só pode ser diagnosticada após o nascimento”.

No novo esclarecimento, são ainda divulgadas novas datas: depois do nascimento, a 6 de Julho, o hospital procedeu “ao tratamento sintomático e ao diagnóstico etiológico”, a 12 de Agosto “estabeleceu o diagnóstico preliminar” e dez dias depois “adquiriu os medicamentos necessários para o bebé doente proceder ao tratamento”. O São Januário adianta que o estado clínico da criança é estável e não correu risco de vida.

“Dado que a doença é rara, neste momento não existem medicamentos para tratamento em Macau. Os pais do bebé terão de os adquirir e o CHCSJ está já a planear a compra dos medicamentos para prestar apoio a este caso”, diz ainda o comunicado.

31 Out 2016

Quem quer tramar o São Januário?

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário tem estado a ser vítima de acusações falsas. É o que diz o próprio hospital, que indica num comunicado que a colocação de lixo alegadamente médico na via pública terá sido “provocado por alguém que intencionalmente depositou os resíduos” na rua.
Nos últimos dias tem circulado na internet uma foto de um saco plástico vermelho com as palavras “Resíduos Médicos”, que colocou o hospital sob suspeita de abandono de resíduos nas ruas. Já em Março, o São Januário tinha recebido uma foto idêntica, sendo que o cidadão que apresentou a imagem disse que o saco plástico estava colocado junto ao Edificio Merry Court, na Estrada do Visconde de S. Januário.
O hospital, que “não usa sacos plásticos vermelhos para resíduos médicos”, iniciou uma investigação mas não sabe ainda quem possa ser o autor da acção.
“A colocação intencional de lixo em vias públicas é um comportamento que afecta a saúde pública, censurado pelo hospital que se reserva no direito de pedir a responsabilidade. O CHCSJ possui procedimentos rigorosos de eliminação de resíduos, todos os serviços da acção médica pedem mensalmente três tipos de sacos de lixos, nomeadamente, sacos pretos para resíduos gerais, sacos amarelos para resíduos médicos e sacos verdes para documentos confidenciais com necessidade de ser triturados antes de ser destruídos.”
O hospital público diz ainda que após a recolha dos resíduos, os sacos são selados, pesados e registados, sendo ainda transportados por veículos especializados.

20 Mai 2016

São Januário gastou 3,52 mil milhões em 2014. Mais de 200 milhões foram para o Kiang Wu

O orçamento do hospital público em 2014 foi de 3,52 mil milhões de patacas. Destes 240 milhões foram pagos ao Kiang Wu. O director dos Serviços de Saúde garantiu que, mesmo com o novo hospital, a parceria com o Kiang Wu é para continuar

[dropcap stule=’circle’]E[/dropcap]stá desvendado o mistério. Uma semana depois do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ter ordenado a organização de uma conferência de imprensa para divulgação do orçamento do hospital público, eis que os Serviços de Saúde (SS) divulgaram ontem os números. Em 2013, o orçamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário foi de 3,12 mil milhões, número que representa 73,5% das despesas totais dos SS, incluindo “pessoal, bens de consumo e bens adquiridos”, explicou Fanny Ho, sub-directora dos SS. Dessa fatia, 230 milhões foram pagos ao hospital Kiang Wu por prestação de tratamentos médicos.
Já o ano passado o orçamento do hospital público foi de 3,52 mil milhões, com 240 milhões a serem pagos ao Kiang Wu. Os valores dizem sobretudo respeito a tratamentos de hemodiálise, mas também ao serviço de urgência, pediatria e internamento.
O director dos SS prometeu fazer orçamentos autónomos para o São Januário no futuro, depois de ter referido que não havia um orçamento específico.
“No futuro haverá mais hospitais e os SS já pensaram em separar as contas. Na década de 80 as contas eram separadas, por se tratarem de dois sistemas autónomos, mas a situação mudou e, em muitas situações, temos de cooperar e trabalhar em conjunto com os centros de saúde”, explicou.

Kiang Wu para manter

Questionado sobre a extensão do pagamento de apoios financeiros ao sector privado de saúde aquando da abertura do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, Lei Chin Ion não teve dúvidas.
“Sem dúvida, vamos continuar, porque temos três suportes em todo o sistema de saúde de Macau. Esta cooperação será mantida e reforçada para proporcionar mais serviços à população e com os estabelecimentos de saúde não lucrativos.”
O director dos SS foi ainda confrontado com as razões pelas quais o dinheiro dado a entidades privadas não foi usado para melhorar o serviço público de saúde, mas Lei Chin Ion falou da necessidade de financiar o privado.
“O hospital tem que executar as suas tarefas através de um regime de concessão e adjudicação. Devem perceber que em Macau este é o único hospital público que presta serviços a toda a população. Temos de ter uma entidade para nos ajudar. Se toda a procura nos concentrasse no hospital, os nossos trabalhadores iriam ter muita pressão. Se houvesse mais hospitais, iríamos escolher, mas optámos pelo Kiang Wu para fazer uma parceria. Há muitas pessoas que não conseguem fazer viagens a Hong Kong”, apontou.
Lei Chin Ion citou ainda Chui Sai On, Chefe do Executivo, que na Assembleia Legislativa falou da necessidade de manter um sistema de saúde com três áreas: público, privado e associações não lucrativas.
“Na década de 80 praticamente tínhamos um sistema sustentado pelo hospital público e o sector público era só para funcionários públicos. Imaginem numa situação de calamidade se fosse só o hospital público a receber doentes. O hospital público não consegue dar resposta. A responsabilidade do Governo é garantir o funcionamento de todas estas instituições e temos de garantir que a qualidade do serviço e temos um mecanismo de fiscalização de todos os serviços”, rematou.

Hospital promete documentos electrónicos

Na conferência de imprensa de ontem os SS levaram dois sacos de cores diferentes e uma máquina de triturar papéis para exemplificarem o modo como os documentos confidenciais serão tratados. Para além da criação de grupos de trabalho para reforço da fiscalização, Kuok Cheong U, director do hospital, confirmou que há a intenção de digitalizar documentos. “A longo prazo vamos proceder ao estudo de um sistema de informatização dos dados e documentos, para que o papel seja menos utilizado e para reduzir o risco de desvio inadequado de tantas informações. Vamos criar o sistema de processo clínico informático. Ainda não temos um projecto que permita a substituição dos processos em suporte papel para formato electrónico. Para termos tudo informatizado ainda é muito complexo”, explicou. Os visados vão ainda receber cartas com pedidos de desculpa.

20 Nov 2015

Saúde | TSI nega recurso a Rui Sá, ex-administrador do São Januário

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]ui Sá viu negado o recurso que interpôs no Tribunal de Segunda Instância (TSI) contra o Governo, em consequência do despedimento a que foi sujeito após ter desviado medicamentos em nome de utentes do Centro Hospitalar Conde de São Januário. A decisão, a que o HM teve acesso, foi conhecida a 12 de Novembro. No acórdão, pode ler-se que Rui Sá tentou interpor recurso da decisão de Cheong U, na altura Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que o despediu em Dezembro de 2012.
Rui Sá, que era também administrador do hospital público, foi condenado a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, por burla através de receitas falsas, no valor de 160 mil patacas. Os fármacos eram receitados por dois médicos – Rui Furtado e António Martins – a dois pacientes (Cassiano Pinto e Eduardo Ribeiro, ex-director dos Serviços de Finanças) e levantados na farmácia do hospital por Rui Sá.
O Tribunal Judicial de Base, que condenou Sá, considerou que os dois médicos foram enganados pelo ex-administrador. Os fármacos prescritos eram para doenças do foro mental – os dois médicos que as prescreveram eram cirurgiões. Em causa neste processo estavam também as saídas de Rui Sá durante o horário de trabalho para deslocações fora de Macau, a maioria das vezes a Zhuhai.
No recurso, entre outros motivos, o antigo administrador evocava, por exemplo, que os factos apurados pela investigação “não revelavam qualquer acção que pudesse ser considerada violação dos deveres de lealdade e honestidade para com a entidade patronal”. Rui Sá defende-se, dizendo que a acção estava até “longe de ser lesiva dos interesses do hospital” e que era apenas para “facilitar” o levantamento dos medicamentos dos pacientes que sofriam doenças crónicas.
“Prestava um serviço a tais pacientes, poupando-lhes o estorvo e o inconveniente de terem de se deslocar ao São Januário”, pode ler-se no acórdão.
Os dois pacientes, contudo, assumiram em tribunal desconhecer que tinham consultas marcadas em seu nome e disseram mesmo que não só não consultavam os dois médicos, como nunca tomaram os medicamentos. O ex-administrador – que se mantém em funções em Portugal – fala de “falta de memória dos dois homens”.
No recurso, Rui Sá dizia ainda ser “verdadeiramente incompreensível” a sua punição, “quando nem sequer existiam normas internas que proibissem ou sequer regulassem tais condutas”. E acrescenta: mesmo que o seu comportamento fosse reprovável, “nunca daria despedimento”.
Os mais de 30 anos que esteve ao serviço da RAEM são constantemente descritos no recurso e caracterizados como “imaculados”. Mas o Executivo e o tribunal não entendem as coisas dessa forma.

Distorções e factos

No acórdão, fica-se a saber que houve profissionais da farmácia do hospital que chegaram a contactar um dos médicos envolvidos, Rui Furtado, “devido ao facto de as doses apresentadas nas receitas emitidas por ele serem consideradas elevadas”. As mesmas profissionais diziam ainda ter achado “estranho” aqueles medicamentos serem receitados por médicos da área de Cirurgia, quando eram medicamentos de foro psicológico.
Testemunhas no caso, os funcionários da farmácia hospitalar indicam ainda que Rui Sá levantava medicamentos “semanalmente ou duas a três vezes por semana” e relatam até conflitos entre o ex-administrador e uma farmacêutica, quando esta questionou estas visitas.
O Tribunal de Segunda Instância indica que Rui Sá “distorceu alguns factos apurados”, que foram dados como provados, e diz que não há dúvida que os actos cometidos “violam os deveres” do profissional.
“Antes pelo contrário, estava a praticar, por meio fraudulento, factos”, atira o acórdão, que diz ainda que estes levaram a que “houvesse prejuízo ao erário público e a utentes dos Serviços de Saúde”.
O comportamento, pode ainda ler-se no acórdão, foi feito de forma voluntária e consciente pelo menos ao longo de um ano, período durante o qual Rui Sá marcou mais de 40 consultas fraudulentas.
O ex-administrador – que, segundo o que o HM apurou, não foi sujeito a qualquer investigação pela Ordem dos Médicos em Portugal – viu, assim, o seu recurso negado.

20 Nov 2015