Investigadores pedem ao MP sul-coreano que acuse de insurreição líder deposto Hoje Macau - 24 Jan 2025 O gabinete anticorrupção da Coreia do Sul recomendou ontem ao Ministério Público que o presidente deposto, Yoon Suk-yeol, seja acusado de rebelião e abuso de poder por declarar lei marcial em Dezembro. O Gabinete de Investigação da Corrupção de Altos Funcionários (CIO) anunciou que transferiu o caso para o Ministério Público, que tem o poder de acusar formalmente um chefe de Estado sul-coreano. O CIO considera que Yoon conspirou com o então ministro da Defesa Nacional, Kim Yong-hyun, e outros oficiais militares para iniciar um motim, declarando lei marcial na noite de 03 de Dezembro. Defende, além disso, que Yoon abusou do poder ao enviar tropas para a Assembleia Nacional (parlamento), para impedir que os deputados revogassem a lei marcial. O Ministério Público dispõe agora de 11 dias para decidir se deve ou não dar início ao processo solicitado. Se Yoon for considerado culpado de liderar uma insurreição, crime para o qual um presidente não tem imunidade no país, pode ser condenado a prisão perpétua ou a pena de morte. Yoon encontra-se em prisão preventiva no Centro de Detenção de Seul, em Uiwang, a sul de Seul, desde 15 de janeiro. O Tribunal Constitucional está a realizar simultaneamente um julgamento para determinar se ratifica ou não a destituição aprovada pelos parlamentares em 14 de Dezembro. Se o mais alto tribunal da Coreia do Sul confirmar o ‘impeachment’, têm de ser convocadas eleições presidenciais antecipadas no prazo de 60 dias após a decisão da Justiça. Yoon, recusa-se a testemunhar na investigação sobre o alegado crime de rebelião. Yoon Suk-yeol surpreendeu o país em 03 de Dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das “forças comunistas norte-coreanas” e de “eliminar elementos hostis ao Estado”. Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes, Yoon foi obrigado a revogar a decisão horas depois.
Que caminho seguir? Paul Chan Wai Chi - 24 Jan 2025 No final do ano passado, durante a visita a Macau, para presidir à tomada de posse do novo Chefe do Executivo e para inspeccionar a RAE, o Presidente Xi Jinping proferiu dois discursos, realçando as “três expectativas” e as “quatro esperanças” para o futuro desenvolvimento de Macau. No corrente mês, realizaram-se vários encontros para analisar os discursos do Presidente, sendo o mais significativo o seminário temático que teve lugar em Pequim no passado dia 9, onde Xia Baolong, o director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China e do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, passou mensagens importantes. Mas independentemente das actividades e seminários realizados, a chave para aperfeiçoar o desenvolvimento de Macau é a actuação do Governo da RAE. Embora a integração de Macau e de Hengqin seja a meta a atingir nos próximos 25 anos, a Península de Macau, a Taipa e Coloane são actualmente as áreas sob jurisdição directa da RAE de Macau. Hengqin, sendo uma zona para “aperfeiçoamento do novo sistema de negociação, construção e administração conjuntas e compartilha de resultados” entre Guangdong e Macau, permanece uma zona de cooperação na China que visa facilitar a diversificação económica de Macau até à sua integração oficial na RAEM. No final de Outubro de 2024, mais de 16.000 residentes de Macau viviam na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, mas a grande maioria ainda reside em Macau. Como o “Grande Prémio para o Consumo em Macau” terminou em Dezembro do ano passado, houve pedidos continuados dos residentes para a retoma do Plano de Benefícios do Consumo por Meio Electrónico para compensar o aumento do custo de vida. Entretanto, as lojas locais, afectadas pelo aumento de consumo dos residentes na China continental e pelo aumento do preço dos alugueres, procuram maneira de tentar sobreviver. Apesar dos turistas do Interior da China chegarem em grupos, e de os jovens visitantes inundarem as atracções turísticas para tirarem fotos, que benefícios tangíveis trazem às pequenas e médias empresas locais? Além de aumentar o contacto próximo entre moradores e compatriotas da China nos transportes públicos, que outros benefícios económicos provêm destes turistas? As expectativas e esperanças para Macau do líder nacional, o Presidente Xi, são genuínas. Se Macau tiver um bom desempenho, pode tornar-se um modelo exemplar do princípio “Um país, dois sistemas”, valorizando a cidade e permitindo que se destaque. Quanto às “três expectativas” e às “quatro esperanças” sublinhadas pelo Presidente Xi, tenho uma opinião pessoal. Macau, é uma ponte que liga nos dias de hoje a cultura chinesa e a cultura ocidental e estabeleceu a sua posição no quadro do desenvolvimento nacional como “um centro, uma plataforma e uma base”. Para contribuir para a construção da Grande Baía, a principal tarefa de Macau deverá ser a salvaguarda das suas características. Só desta forma, pode ter oportunidade de fazer a diferença na cena internacional. Ser patriota e amar Macau são certamente os requisitos básicos para Macau recrutar pessoas capacitadas. Aqueles que cresceram na cidade não gostariam de ver os seus recursos esgotarem-se. No entanto, as ideias variam de pessoa para pessoa, mas desde que não ponham em risco os interesses de Macau ou representem um perigo para o país, devem ser vistos como patriotas. Existem ditados como “a grandeza vem de uma mente aberta”, “aquele que escuta todas as partes fica com uma visão clara da situação” e “só quando cada gota de água é retida se pode formar um rio e da confluência dos rios um oceano”. No clássico chinês “I Ching”, pode ler-se “Assim como os corpos celestes nunca perdem energia enquanto descrevem as suas órbitas, também devemos lutar constantemente pelo nosso aperfeiçoamento”, o que significa que nada no mundo é imutável. Para conduzir Macau rumo ao futuro, precisamos de indivíduos capazes e empreendedores. Quanto à diversificação adequada da economia de Macau, a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin será sem dúvida uma excelente plataforma. Na presente estrutura económica de Macau, com a diversificação das indústrias “1 + 4”, o sector do jogo desempenha um papel crucial. De futuro, será mais importante redobrar esforços para atingir o desenvolvimento progressivo de outros sectores, do que reduzir a escala das operações do sector do jogo de forma a alcançar e diversificação adequada da economia de Macau. No que diz respeito ao aperfeiçoamento do nível de governação, é fundamental evitar o “nepotismo”, alargar “os círculos de amigos” da equipa governativa e encorajar e apoiar a monitorização pública do desempenho do Governo, para que exista uma governação eficaz e efectiva. As reformas são a condição prévia para a abertura e a abertura é o resultado das reformas. Tirar partido da experiência de Macau na via da internacionalização permite ao Governo da RAEM ajudar a transformar a Grande Baía numa “plataforma aberta ao exterior”. Se o Governo da RAEM puder proteger o modo de vida dos cidadãos eles não terão naturalmente razões de queixa. Se o Governo da RAEM assegurar o emprego, a sociedade não cairá no caos. Uma sociedade justa e equitativa será certamente pacífica!
Arquitectura | Estudante da USJ vence prémio de melhor projecto de tese Hoje Macau - 24 Jan 2025 Vera Vong, estudante de arquitectura da Universidade de São José (USJ), acaba de vencer o prémio de “Melhor Projecto de Tese em Arquitectura do Ano da Ásia”, obtendo a categoria “Prémio d’Ouro” na competição “ARCASIA Thesis of the Year (TOY) 2024”. Em causa, está o projecto final de licenciatura, intitulado “Undulating Connections”, sendo que, com ele, Vera Vong ganhou também os prémios especiais de “Melhor [Projecto] em Inovação e Originalidade” e “Melhor em Orientação Global”. A cerimónia de atribuição do prémio decorreu no passado dia 16 de Janeiro. “Undulating Connections” é, segundo um comunicado da USJ, “um edifício dinâmico que oferece um espaço especializado para eventos regionais e globais”, estando situado “numa posição geográfica” com bastante significado. “O conceito do design do projecto inspira-se nos reflexos de luz do Lago Nam Van, verificados na parte da frente do edifício”, verificando-se ainda “a interacção de telhados curvos, iniciando-se com um ângulo suave, semelhante a uma montanha, e que cria uma experiência espacial envolvente”. Além disso, o projecto deste edifício “conta com duas salas de exposição, um auditório, duas galerias, uma área de exposição pública, um café e um miradouro”, sendo destinado “a um centro de ‘networking’, de apoio ao turismo, de incentivo ao crescimento económico e de aumento da interacção intercultural em Macau”, isto caso fosse construído. O projecto de tese de Vera Vong foi seleccionado, numa primeira fase, pela Associação de Arquitectos de Macau para concorrer ao Prémio TOY da ARCASIA – Architects Regional Council Asia.
Ano Novo Lunar | O que ver e fazer nos dias da celebração Hoje Macau - 24 Jan 2025 Além da Parada do Ano Novo Chinês promovida pelo Governo, os resorts integrados de Macau apostaram em várias actividades para celebrar a entrada num novo ano. Decorações especiais, concertos e muita animação com danças do leão e dragão e ainda algum fogo de artifício – eis o rol de actividades que marca a entrada no Ano Lunar da Serpente A Serpente é a protagonista dos próximos dias feriados que marcam o arranque de um novo ano. Amanhã começam oficialmente as celebrações do Ano Novo Lunar da Serpente, e, além das actividades promovidas pela Direcção dos Serviços de Turismo, há ainda muitas outras organizadas, na sua maioria, pelos resorts integrados, com uma grande componente artística. No caso do Studio City, até ao dia 23 de Fevereiro pode ser vista uma “imponente instalação de uma serpente mecânica gigante com cinco metros de altura”, com o sugestivo nome de “Serpente da Fortuna”. Com esta iniciativa, a Melco pretende “proporcionar uma experiência absolutamente única aos visitantes, com uma celebração da arte, das tradições culturais e da tecnologia moderna”. Haverá ainda um espectáculo de luzes gratuito, com referência à “Serpente da Prosperidade”, além de estar aberta ao público uma pista de gelo, jogos em tendinhas e uma outra parada, a “Splendid Snake Parade”. Destaque para, no dia 2 de Fevereiro, o rol de actividades incluir música, realizando-se o “2025 New Year Starlight Concert”. No caso do Lisboeta Macau, a festa faz-se na H853 Fun Factory, com a apresentação de “decorações temáticas de doces que simbolizam a felicidade e prosperidade”. Destaque ainda para a realização de uma “variedade de espectáculos culturais tradicionais”, incluindo a dança do leão ou o ‘Desfile do Deus da Fortuna’, entre outros. Além disso, a “Noite Lisboeta” irá acolher o “Mercado Nocturno do Ano Novo Chinês”, na Praça do Palácio de Macau e Rua Velha de Macau, disponível até ao dia 5 de Fevereiro; o “Mercado de Flores do Ano Novo Chinês”, também até ao dia 5, no mesmo local; e ainda a “Feira do Ano Novo Chinês”, aberta ao público até domingo, disponibilizando-se “uma variedade de produtos festivos e alimentos especiais”. A ideia é “criar uma atmosfera rica de Ano Novo”, promovendo-se “a cultura tradicional chinesa”, destaca o Lisboeta Macau, em comunicado. No dia 2 de Fevereiro realiza-se também o espectáculo “SJM A-Lin Music Show”, no Grand Pavilhão do Grand Lisboa Palace. A-Lin é a cantora que venceu os “Golden Melody Awards”, trazendo a Macau “a sua voz poderosa e baladas emotivas para celebrar o Ano Novo Lunar”. Barra em festa Na zona da Barra, o MGM promove o “Mercado da Bênção da Sorte da Barra”, localizado no antigo matadouro, que inclui uma exposição individual do ilustrador japonês Shinri Murakami, que “apresenta as suas ilustrações da moda num cruzamento criativo entre arte e retalho”, sendo esta mostra complementada com um “Café Pop-up”, com produtos temáticos. Citado por um comunicado, Shinri Murakami disse ser uma “honra apresentar as obras de arte num espaço tão rico em termos históricos”. “A fusão do património e da modernidade neste bairro é verdadeiramente inspiradora. Juntos, criámos um espaço partilhado inovador onde a minha arte vai além das exposições tradicionais, ligando-se a várias actividades e integrando-se na vida quotidiana de Macau”, referiu. Para a organização, este mercado e demais eventos “combinam elementos como o património cultural intangível chinês, ilustrações da moda, um mercado criativo de Ano Novo Chinês e música ao vivo”, sendo uma “convergência única de tradição e modernidade”. Desde o dia 26 de Janeiro que este mercado está aberto ao público na Barra. De referir ainda a realização, nos dias 1 e 2 de Fevereiro, do concerto sinfónico “Black Myth: Wukong”, no MGM Theatre. Neste espectáculo irá acontecer “um cruzamento ousado entre música e jogo que combina música sinfónica e música tradicional chinesa”, contando-se ainda com a reprodução de várias curtas-metragens de animação durante o espectáculo “para permitir que o público mergulhe no mundo da mitologia oriental” trazida pelo jogo “Black Myth: Wukong”, um jogo de vídeo chinês bastante conhecido. Com este espectáculo pretende-se ainda “dar a conhecer ao público a próspera indústria de jogos da China e a profundidade da sua cultura tradicional”. Qi Baishi e companhia Também a Wynn se junta à festa com a realização de espectáculos de dança do dragão e do leão, com fogo de artifício, marcados para os dias 3 e 4 de Fevereiro, ou seja, sexto e sétimo dias do Ano Novo Chinês. Aí, “os visitantes são convidados a seguir os passos do grupo de dança do leão enquanto este ‘serpenteia’ pelas principais localizações do Wynn Palace e Wynn Macau”, existindo ainda locais para tirar fotografias, como a “Árvore da Prosperidade” e o “Aquário dos Peixes Dourados”, ambos no Wynn Macau, e que “simbolizam a boa sorte” para um novo ano. A Wynn continua a apresentar a exposição “Flores de Lótus aos pares, Flores de Ameixoeira em grupos – O mundo artístico de Qi Baishi”, uma mostra de arte digital patente no Illuminarium, e disponível até ao dia 15 de Fevereiro. Destaque também para as apresentações especiais dos espectáculos “Galaxy Macau Diamond Show” e “Crystal Lobby Show” até ao dia 16 de Fevereiro. Em ambos os eventos o público pode esperar “um diamante de três metros de altura a descer até ao meio de um espectáculo aquático”, com uma sincronização de luzes e música. Além disso, “do primeiro ao quinto dia do Ano Novo Lunar, o Deus da Fortuna, acompanhado pelo ‘Rapaz de Ouro’ e pela ‘Rapariga de Jade’, aparecerá no Galaxy Macau e no StarWorld Hotel, distribuindo bênçãos e boa sorte para o ano que se aproxima”. Depois, “entre o terceiro e o quinto dia, irá actuar um grupo profissional de dança do leão”.
Afeganistão | Pequim pede punição severa para autores do assassínio de cidadão chinês Hoje Macau - 24 Jan 2025 A China apelou ontem às autoridades afegãs para que façam uma “investigação exaustiva” e “punam severamente” os responsáveis pelo assassinato, na quarta-feira, de um cidadão chinês que trabalhava numa mina de ouro na província afegã de Takhar. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse ontem em conferência de imprensa que Pequim está “profundamente chocada” com o ataque. “A China é contra todas as formas de terrorismo”, vincou a porta-voz, apelando à “repressão do Estado Islâmico e de outras organizações terroristas listadas pelo Conselho de Segurança da ONU”. “A China vai continuar a prestar muita atenção à situação de segurança no Afeganistão e a apoiar as autoridades afegãs no combate a todas as formas de violência terrorista e na manutenção da segurança e da estabilidade no país”, acrescentou Mao, exortando o governo afegão a tomar as medidas necessárias “para garantir a segurança dos cidadãos e das organizações chinesas no país”. De acordo com a polícia local, a vítima trabalhava numa mina de ouro na região, que faz fronteira com o Tajiquistão. Um ramo local do grupo islâmico Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque. A China é um dos poucos actores internacionais que manteve relações diplomáticas com o Afeganistão desde que os talibãs chegaram ao poder em Agosto de 2021. Os dois países partilham uma pequena fronteira internacional de apenas 76 quilómetros na parte mais oriental do chamado Corredor de Wajan, uma passagem remota na cordilheira de Pamir. As empresas chinesas, com o apoio de Pequim, têm procurado aproveitar as oportunidades de exploração dos vastos depósitos de recursos não desenvolvidos do Afeganistão, especialmente a mina de Mes Aynak, que se crê conter o maior depósito de cobre do mundo.
Comércio | Pequim diz que taxas não beneficiam China, EUA ou o mundo Hoje Macau - 24 Jan 2025 O Ministério do Comércio chinês afirmou ontem que a imposição pelos Estados Unidos de taxas alfandegárias sobre bens chineses “não beneficiaria a China, os Estados Unidos ou o mundo”, face às ameaças do líder norte-americano, Donald Trump. O porta-voz da pasta, He Yadong, disse em conferência de imprensa que o seu país “manteve sempre uma posição consistente” sobre o aumento das taxas. “A China está disposta a trabalhar com os EUA para colocar as relações económicas e comerciais entre os dois países numa direcção estável, saudável e sustentável”, afirmou. Questionado sobre se o seu ministério já comunicou com a equipa comercial da nova administração norte-americana, He disse que a China “mantém sempre o contacto com as autoridades competentes” nos Estados Unidos. A diplomacia chinesa assegurou na quarta-feira que “não há vencedores numa guerra comercial”, depois de Trump ter avançado que está a considerar impor taxas de 10 por cento sobre as importações chinesas em retaliação pelo fluxo de fentanil. “Estamos a falar de uma taxa de 10 por cento com base no facto de eles estarem a enviar fentanil para o México e para o Canadá”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, na terça-feira. O líder republicano referiu que falou “no outro dia” com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e que este lhe disse que não queria essa “porcaria” no país. No ano passado, foram registadas cerca de 70 mil mortes nos Estados Unidos devido ao consumo daquele opioide sintético. Membros da equipa de Trump incluíram na segunda-feira a China, juntamente com o Canadá e o México, entre os países cuja relação comercial com os EUA seria revista pelo republicano, que lançou uma guerra comercial contra a nação asiática durante o seu primeiro mandato.
Pequim ordena fundos a comprar mais acções para dinamizar mercados Hoje Macau - 24 Jan 2025 O Governo chinês anunciou ontem que vai ordenar os fundos de pensões e de investimento a comprar mais acções de empresas chinesas, visando estimular as praças financeiras do país, após anos de marasmo. As autoridades disseram que, a partir deste ano, os fundos mútuos devem aumentar as suas participações em acções nacionais, denominadas acções A, em, pelo menos, 10 por cento por ano, durante os próximos três anos. Os fundos de seguros comerciais terão de investir 30 por cento dos seus novos prémios anuais nos mercados de acções a partir deste ano, acrescentaram. “Isto significa que, pelo menos, várias centenas de milhares de milhões de yuan de fundos de longo prazo serão adicionados [ao mercado accionista] todos os anos”, disse Wu Qing, presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China. “A implementação das várias medidas do plano aumentará ainda mais a capacidade de afectação de capital dos fundos de médio e longo prazo, expandirá constantemente a escala do investimento, melhorará a oferta e a estrutura dos fundos no mercado de capitais e consolidará as boas condições para a recuperação do mercado de capitais”, explicou. O Partido Comunista Chinês anunciou esta medida pouco antes do maior feriado do ano na China, o Ano Novo Lunar, que começa na quarta-feira, 29 de Janeiro. É uma altura em que as famílias tendem a aumentar os gastos com refeições, viagens e prendas em dinheiro para crianças e jovens adultos. Os mercados de Hong Kong e Xangai subiram após o anúncio, com o índice Shanghai Composite a ganhar inicialmente cerca de 1,5 por cento, embora ao meio da sessão estivesse a subir 0,8 por cento. O índice Hang Seng de Hong Kong perdeu os primeiros ganhos e manteve-se praticamente inalterado. Os mercados accionistas chineses atingiram o seu valor máximo antes da crise financeira asiática e, desde então, têm-se mantido muito abaixo desse nível. A falta de apreciação nos preços das acções, juntamente com a queda dos preços dos imóveis, diminuiu a confiança dos investidores, suscitando riscos deflacionários na segunda maior economia do mundo. Avanços e reformas Até à data, os esforços do Governo chinês para fazer com que as pessoas gastem mais e poupem menos têm tido um sucesso mitigado. Uma iniciativa para promover a compra de veículos e electrodomésticos energeticamente eficientes através do pagamento de subsídios aos consumidores que entregam versões antigas desses artigos aumentou as vendas. Mas os preços das acções estancaram, após uma breve recuperação no final do ano passado. Wu afirmou que os fundos de pensões vão ser obrigados a reformular a forma como avaliam o seu desempenho e que as empresas vão ser incentivadas a realizar mais recompras de acções e a pagar dividendos mais elevados para proporcionar aos accionistas melhores rendimentos. “Este é um avanço institucional muito importante para a entrada de fundos de médio e longo prazo no mercado. Pode dizer-se que resolve um problema que esteve por resolver durante muitos anos”, acrescentou. “As vendas dos principais accionistas e a elevada volatilidade do mercado prejudicaram as praças financeiras chinesas”, afirmou Lei Meng, analista de acções chinesas da UBS Securities, num comentário difundido ontem. “A vontade dos investidores de longo prazo de participar no mercado bolsista diminuiu”, acrescentou. “A proposta de reforma da gestão do valor de mercado aborda directamente esta questão, porque está directamente relacionada com o sentido de ganho dos investidores”, sublinhou.
Ucrânia | Pequim e Brasília destacam “consenso crescente” para encontrar solução política Hoje Macau - 24 Jan 2025 As duas nações continuam a desenvolver esforços para encontrar uma solução que ponha fim ao conflito na Ucrânia. Wang Yi e Celso Amorim, falaram ontem pelo telefone O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, destacou ontem o “crescente consenso de todas as partes para promover uma solução política” para a guerra na Ucrânia, durante uma conversa por telefone com o conselheiro especial brasileiro Celso Amorim. Em 2024, Wang e Amorim avançaram com uma proposta conjunta para pôr termo ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “O objectivo é reunir o consenso do ‘sul global’ e criar e acumular condições para conversações de paz”, disse ontem Wang Yi, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Wang afirmou que a China e o Brasil têm “trajectórias de desenvolvimento semelhantes e economias altamente complementares” e que a “forte confiança e amizade mútuas estabelecidas entre os chefes de Estado dos dois países lançaram uma base política sólida para que ambos levem a cabo uma cooperação abrangente”. “A China apoia firmemente a liderança do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para que o povo brasileiro explore um caminho de desenvolvimento, de acordo com as suas condições nacionais”, acrescentou o ministro, ao mesmo tempo que transmitiu o seu “apoio” ao país sul-americano durante a sua actual presidência do bloco de países emergentes BRICS. Wang manifestou ainda a sua esperança de “trabalhar com o Brasil para defender um multilateralismo genuíno”. Amorim apelou aos esforços para “construir uma comunidade de destino comum entre o Brasil e a China para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”. “Brasil e China, como potências emergentes, podem fortalecer ainda mais a cooperação e desempenhar um papel maior na manutenção da paz mundial e no combate às mudanças climáticas”, afirmou o conselheiro especial da Presidência brasileira. Amigo preferencial De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008. O mercado chinês foi o destino de 30 por cento das exportações brasileiras em 2023, quando as vendas para o país asiático totalizaram 104 mil milhões de dólares, constituídas maioritariamente por produtos alimentares e matérias-primas. A China, por sua vez, mantém investimentos no Brasil de cerca de 40 mil milhões de dólares, que nos últimos anos têm sido aplicados no sector energético.
Da China e dos Chineses – 2 António Graça de Abreu - 24 Jan 2025 (continuação do número anterior) Goethe, que sempre foi um apaixonado pela civilização chinesa, glosou o antigo princípio de Sócrates, o grego, o “quanto mais sei, mais sei que nada sei” e escreveu “O homem só sabe quando sabe que pouco sabe. Com o conhecimento cresce a dúvida”. E Confúcio 孔夫子, que também muito sabia das coisas da vida e do seu povo, disse, seis séculos antes de Cristo: “Se conheces, actua como homem que conhece. Se não conheces, reconhece que não conheces; isso é conhecer!” São sábios os velhos Chineses, uma sabedoria alicerçada em cinco mil anos de História e de histórias. São inteligentes os velhos Chineses, uma inteligência adquirida ao longo de muitos e muitos séculos dura e intensamente vividos. Lao Zi, 老子 (600 a. C. ? – 510 a.C, ?) o patriarca do taoismo filosófico, escrevia no capítulo 2 do seu Tao Te Ching: Debaixo do Céu,[1] todos vemos que o belo é belo porque o feio existe. Todos sabemos que o bom é bom porque o mau existe. Coexistem o ser e o não-ser, completam-se o difícil e o fácil, aproximam-se o alto e o baixo, harmonizam-se a voz e o som, sucedem-se o da frente e o de trás. Por isso, o sábio avança e nada faz,[2] ensina sem nada dizer e os dez mil seres desenvolvem-se, sem cessar. Ele trabalha e nada possui, ele cria e de nada se apropria. Tudo feito, tudo esquece, assim, para sempre, a obra permanece.[3] O espantoso Lie Zi 列子 (450 a.C.-376 a. C.) que, segundo a tradição taoista era capaz de cavalgar ventos e nuvens, diz, no seu Livro, cap. II, 11: “Dois meninos viviam junto ao mar e amavam as gaivotas. Todas as manhãs brincavam no meio dos pássaros e muitas outras gaivotas, às centenas, poisavam junto deles. Um dia o pai disse-lhes: ‘Sei que brincam com as gaivotas. Apanhem algumas e tragam-mas. Também me quero divertir.’ No dia seguinte, os meninos chegaram à orla do mar, as gaivotas pairaram no ar e não pousaram na praia. Em conclusão, o melhor de todos os discursos é o que não utiliza palavras, a actuação perfeita é actuar sem agir, a sabedoria do mais sábio dos sábios é sempre pouco profunda ” Outra história do Livro de Lie Zi, no capítulo VII, 32: “Um camponês não sabia onde estava o seu machado. Suspeitou então que o filho do vizinho lho havia roubado e começou a observar o rapaz, com atenção. Tinha exactamente os modos de um ladrão de machados, as palavras que pronunciava soavam a ladrão de machados, todo o seu comportamento e atitudes eram as de alguém que tinha roubado um machado. Mas, de repente, ao cavar a terra, o camponês encontrou o seu machado. No dia seguinte, o homem olhou de novo para o filho do vizinho. Reparou então que os modos, as palavras, o comportamento e as atitudes do rapaz não eram, de modo algum, as de um ladrão de machados.” A sabedoria chinesa tem, quase sempre, escapado à inteligência ocidental. Ocidente e Oriente dificilmente se interpenetram, olham-se ora com sobranceria, ora com desconfiança, e sobretudo ignoram-se. Vou citar um curioso exemplo recente: Em 1970, no seu “Testamento Final”, o russo Nikita Kruchtchev escrevia, a propósito de Mao Zedong: “Eu nunca tinha a certeza de entender o que ele queria dizer. Pensava, nessa altura, que isso se relacionava com certos aspectos da mentalidade chinesa e com a maneira de pensar dos Chineses. Algumas declarações de Mao chocavam-me pela sua simplicidade, outras pela sua complexidade. Nunca soube com segurança qual a posição de Mao. É impossível, com os Chineses, saber em que lei se vive.” É verdade que pensamento russo e pensamento chinês não se entendem, desde sempre. O conflito sino-soviético, iniciado em finais dos anos cinquenta, foi, para além das divergências políticas, um confronto de culturas e, por estranho que pareça em dois países comunistas, um conflito entre diversas, diferenciadas concepções do mundo. Há uns bons anos atrás, em Pequim, o meu amigo Li Shunbao, companheiro de trabalho nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras, contou-me um pequeno diálogo que terá sido travado, em 1961, entre exactamente Kruchtchev e Zhou Enlai, então primeiro-ministro da China. As relações entre os dois países eram já bastante más e, depois de uma discussão azeda sobre questões de natureza política, Kruchtchev resolveu ser “simpático” para Zhou Enlai e disse-lhe: “Apesar das divergências, nós temos muita coisa em comum. Acreditamos ambos no marxismo, você é primeiro-ministro, eu também, e você e eu somos responsáveis pelo Governo de duas das maiores nações do mundo. Mas existe uma grande diferença entre nós, eu sou filho de camponeses e você é filho de mandarins.” Zhou Enlai, que, de facto, não era filho mas neto de um mandarim, sorriu e respondeu: “Desculpe, isso não é uma diferença, é mais uma semelhança. Significa que somos ambos traidores.” “Traidores?!…Como?…”, perguntou Kruchtchev. “Bem, ambos traidores porque o senhor traiu os camponeses e eu traí os mandarins.” A propósito de política e de políticos, o filósofo Han Feizi 韓非子escreveu 240 anos antes do nascimento de Cristo: “Podeis esperar, em geral, encontrar cerca de dez homens honestos em cada reino, o que é uma média excelente. Mas o Estado deve contar uma centena de cargos. Daí resultar que tendes mais postos oficiais do que homens de bem para ocupá-los, o que dá dez homens honestos e noventa patifes para preencher todos esses lugares. Pode-se, portanto, apostar que o resultado será a desordem generalizada, mais do que um governo organizado. Eis porque o soberano sensato acredita num sistema e não nas capacidades individuais, tem fé num método e desconfia da probidade pessoal.” Han Feizi foi o maior teórico da escola Fa Jia 法 家, conhecida no Ocidente como o Legismo. Morreria envenenado numa prisão, talvez por ter esquecido uma das exemplares citações de Confúcio “o homem honesto diz a verdade, o tolo diz a verdade toda.” De qualquer modo, os seus princípios exerceriam grande influência na China moderna e no próprio Mao Zedong. Zhuang Zi庄 子(369-286 A. C.), o maior dos pensadores taoistas, um dos grandes poetas da liberdade, conta-nos esta história: “Estava Zhuang Zi pescando na margem do rio quando chegaram junto dele dois mandarins enviados pelo príncipe de Zhou. — O nosso príncipe deseja ver-vos e nomear-vos primeiro-ministro de reino de Zhou. Zhuang Zi continuou a pescar e, sem voltar a cabeça, respondeu: — Ouvi dizer que no reino de Zhou existe uma tartaruga sagrada que foi morta há muitos, muitos anos. O príncipe conserva essa tartaruga fechada no templo dos antepassados e venera a sua carapaça. Ora a tartaruga preferiria estar morta e ter os seus restos venerados, ou preferiria estar viva, abanando o rabo na lama dos pântanos? — Preferiria estar viva, abanando o rabo na lama dos pântanos, responderam os mandarins. — Podem ir embora, disse Zhuang Zi. Eu também prefiro abanar o rabo na lama dos pântanos.” Na China, mais do que em qualquer outro país do mundo, vemos como se manifesta, século após século, a continuidade de ideias, tradições, usos e costumes. Mao Zedong, que conhecia bem o alicerce cultural da sua pátria, citava por vezes os velhos filósofos e as histórias da tradição popular, em proveito da ideologia que defendia. Eis como, em 1945, Mao fala de uma dessas histórias: “Na China Antiga havia uma fábula intitulada ‘Como Yukong removeu as Montanhas’. Essa fábula conta que, em tempos que já lá vão, vivia no norte da China um velho chamado Yukong. Do lado sul, em frente da sua casa, encontravam-se duas grandes montanhas, Taihang e Wangwu, que lhe impediam a passagem. Dirigindo os seus filhos, Yukong decidiu arrasar as montanhas a golpes de picareta. Vendo-os em tal trabalho, um outro velho chamado Chezou, desatou a rir e disse-lhes: ‘Que tolice! Sozinhos, vocês nunca conseguirão arrasar essas duas montanhas’. Yukong respondeu: ‘Quando eu morrer ficarão os meus filhos; quando, por sua vez, eles morrerem, ficarão os meus netos, e assim se sucederão ininterruptamente as gerações. Quanto a essas duas montanhas, por muito altas que sejam, já não podem crescer mais e, a cada golpe de picareta, vão-se tornando mais pequenas. Porque razão não poderemos arrasá-las?’ E Yukong continuou, inabalável, a cortar a pedra, dia após dia, o que comoveu o deus do céu que enviou dois anjos à Terra que carregaram e levaram as duas montanhas. Hoje há também duas montanhas que pesam sobre o povo chinês: o imperialismo e o feudalismo. Desde há muito que o Partido Comunista da China decidiu arrasá-las. Nós devemos ser perseverantes e trabalhar sem descanso, pois também podemos comover o deus do céu. Para nós, o deus do céu não é outro senão a massa do povo chinês.” Uma das características do pensamento chinês é a unidade dos contrários, a complementaridade e permanente transformação dos opostos, o movimento e a dialéctica, o anular das contradições e o imediato aparecimento de renovadas contradições sempre insolúveis porque, ao serem solucionadas, dão origem a outras novas contradições. Nos anos vinte do século XX, o filósofo Chen Lifu 陳立夫 escrevia coisas como estas: “Como os homens não se parecem, as suas analogias caracterizam-se por sete períodos. No primeiro, o forte tolera o fraco; no segundo, o forte despreza o fraco; no terceiro, o forte escraviza o fraco; no quarto, o forte tem piedade do fraco; no quinto, o forte torna-se fraco; no sexto, o fraco protege o forte; no sétimo, o fraco e o forte confundem-se. ” Regressando a Zhuang Zi e ao seu edifício da sabedoria taoista, velho de vinte e três séculos, lemos: “O universo com tal não é expressão do absoluto. Tudo muda, ao longo dos tempos, no decurso da evolução, de acordo com o que começa e o que acaba. A ciência ensina que as coisas mudam de aspecto e que o absoluto se transforma em relativo. Por isso, esbate-se a distância entre grande e pequeno, entre o que vem antes e o que vem depois numa cadeia que não tem fim”. E mais adiante, no seu Livro de Zhuang Zi, o mestre diz: “Aqueles que afirmam existir o correcto e o justo sem o seu correlativo, o incorrecto e o injusto, ou o bom governo sem o seu correlativo, o mau governo, não compreendem os grandes princípios do universo nem a essência de toda a criação. Como se pode falar da existência do Céu sem se referir a existência da Terra, ou do princípio negativo sem se referir o princípio positivo? No entanto, ainda há pessoas que continuam estas intermináveis discussões. Essas pessoas ou são loucas ou são ingénuas. ” O aparente estatismo das civilizações orientais tem muito a ver com o carácter cíclico do seu pensamento. Também com a sua sabedoria, bem diferente da nossa ocidental, tão ligada à velha lógica grega e ao aparente dinamismo judaico-cristão. Eis mais uma antiquíssima história do taoismo chinês, agora retirada do Huainanzi 淮南子, um clássico da filosofia chinesa que data do século II a.C.: “Um velho e pobre camponês possuía um cavalo e o animal fugiu. À noite, os vizinhos vieram manifestar o seu pesar, dizendo-lhe que ele tivera muito pouca sorte. O camponês respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, o cavalo regressou acompanhado de seis éguas selvagens. A noite, os vizinhos vieram felicitar o camponês, dizendo-lhe que afinal ele tivera muita sorte. O homem respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, o filho do camponês montou uma das éguas selvagens, mas caiu e partiu uma perna. À noite, os vizinhos vieram lamentar a pouca sorte do camponês que respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, chegaram à aldeia os funcionários do governo responsáveis pelo recrutamento de jovens para o exército, encontrando-se o império em tempo de guerra. O filho do camponês não seguiu para os campos de batalha porque tinha uma perna partida. À noite, os vizinhos vieram felicitá-lo uma vez mais pela sua boa sorte e o velho respondeu simplesmente: ‘Talvez.’ Agora um velho apólogo, de Pe Yu king, que ninguém sabe quem é mas que terá sido escrito há catorze séculos: “Uma vez viajavam juntos um monge, um bandido, um pintor, um avarento e um sábio. Caiu a noite e albergaram-se numa gruta. — Não se encontraria melhor lugar para um eremitério, exclamou o monge. — Que óptimo refúgio para salteadores, disse o bandido. — A luz dos archotes, estes jogos de sombras, que extraordinários motivos para o pincel!, murmurou por sua vez o pintor. — Mas que local excelente para se esconder um tesouro!, observou o avarento. O sábio escutou em silêncio e, por fim, disse: — Que gruta maravilhosa!”. Na China nunca nada é exactamente o que parece. Pode ser, pode não ser, tudo depende de subtis ou canhestros entendimentos de cada pessoa, da perspectiva, do olhar. No século XVI, em plena dinastia Ming, o letrado Yuan Jing袁 晶 contava a interessante história de um gato. Assim: Um mandarim da corte, de nome Ji, possuía um gato magnífico. Tinha tanto orgulho no felino que resolveu chamar-lhe Tigre. Um dia, num serão em sua casa com vários amigos, todos começaram a falar sobre o gato. Um deles disse: –É verdade que o Tigre é um animal poderoso, mas o Dragão tem ainda mais poder. Porque não chamar Dragão ao gato? Um outro interveio: –Admito que o Dragão é mais poderoso do que o Tigre, mas ele tem de se elevar nos ares para atingir as nuvens. Parece-me pois evidente que as nuvens são mais fortes do que o dragão. Porque não chamar Nuvem ao gato? Um terceiro disse então: –As nuvens podem cobrir toda a terra, mas não resistem ao vento que as dispersa rapidamente. Porque não chamar Vento ao gato? Um quarto conviva acrescentou: — O que pode o vento diante de um muro de pedra. Porque não chamar Muro ao gato? Um quinto amigo argumentou depois: — Um muro é capaz de resistir ao vento, mas os ratos sabem como esburacar um muro. Porque não chamar Rato ao gato? Um velho da aldeia de Dongli ouviu toda a conversa em silêncio. Por fim, perguntou: — Como se chama o animal que caça ratos? O nosso João de Barros (1496-1570), excelente cronista quinhentista, na sua Ásia, Terceira Década, onde entram mais de cem páginas que dedicou à China e ao mundo chinês, escreveu por volta de 1550: “Os chins dizem que êles têm dois olhos de entendimento àcerca de tôdalas as cousas, nós, os da Europa, depois de nos comunicarem, têmos um olho, e tôdalas as outras nações são cegas.” Referências: [1] 天下 tian xia significa “debaixo do céu”, mas traduz-se normalmente pelo mundo em que vivemos. [2] 无为 wu wei é um conceito fundamental do taoismo. Significa “ausência de acção” mas não é inacção, corresponde a actuar não agindo. O sábio parece não produzir, não laborar. Nada faz, no entanto nada fica por fazer. O wu wei é difícil de entender para as nossas mentes ocidentais. [3] Tao Te Ching, (trad. António Graça de Abreu), Lisboa, Vega Ed., 2013, pag.31.
DST | Desmanteladas seis pensões ilegais em 12 dias Hoje Macau - 24 Jan 2025 A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) montou uma operação de combate às pensões ilegais, entre os dias 1 e 12 de Janeiro, em jeito de preparação para os feriados do Ano Novo Lunar, na qual foram desmanteladas seis pensões que estavam a funcionar ilegalmente. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DST, as autoridades acabaram com as operações de 186 pensões ilegais durante todo o ano de 2024. A DST indicou ainda que, em conjunto com o Corpo de Polícia de Segurança Pública, reforçou o combate às actividades ilegais dos guias turísticos com o envio de agentes para vários postos fronteiriços, e locais de comércio e de maior fluxo de turistas. As autoridades têm feito inspecções aleatórias a grupos de turistas para averiguar as condições de trabalho dos profissionais de turismo e reprimir ilegalidades, foi indicado pela DST. Para preparar a indústria e todos os departamentos relevantes para o aumento do fluxo de turistas durante o Ano Novo Lunar, a DST irá reunir com representantes do sector. “A DST irá também colaborar com vários serviços para reforçar as inspecções e reprimir infracções”. O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes acrescentou ter como objectivo proteger os direitos e interesses dos turistas e manter a imagem de Macau como cidade turística.
Hotelaria | Mais de 14,4 milhões de hóspedes em 2024 João Luz - 24 Jan 2025 No ano passado, os hotéis de Macau hospedaram mais de 14,4 milhões de pessoas, com a taxa de ocupação média dos quartos a atingir 86,4 por cento, uma subida anual de quase 5 por cento. Os preços dos quartos em hotéis de 5 estrelas subiu 2,8 por cento, com a pernoita média a fixar-se em 1.585 patacas A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou ontem que no ano passado os estabelecimentos hoteleiros de Macau hospedaram cerca de 14.433.000 pessoas, total que representou um aumento de 6,4 por cento face a 2023. Os dados estatísticos mostram a subida significativa dos clientes internacionais, que totalizaram mais de 1,1 milhões, com um crescimento anual de 57,4 por cento. Neste capítulo destaque para hóspedes vindos da República da Coreia, que duplicaram anualmente, e atingiram os 321 mil. Também o número de hóspedes da Malásia (87.000), do Japão (81.000), da Índia (73.000) e de Singapura (68.000) ascenderam 53,4, 49,1, 97,2 e 24,1 por cento, respectivamente. Numa perspectiva mais operacional, em 2024 a indústria registou uma taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes de 86,4 por cento, mais 4,9 pontos percentuais face a 2023. Os hotéis de 5 estrelas foram os que registaram maiores taxas de ocupação dos quartos (88,6 por cento), com uma subida de 6,1 por cento. Lados da medalha Durante 2024, o preço médio dos quartos dos hotéis de cinco estrelas foi de 1.585 patacas, um aumento de 2,8 por cento em relação a 2023, segundos dados da Associação de Hotéis de Macau, citados pela Direcção dos Serviços do Turismo. Os dados revelam que os preços do ano passado ficaram apenas 0,6 por cento abaixo do registo de 2019 O mês de Dezembro ultrapassou a média dos preços praticados ao longo de 2024, com o preço médio em hotéis de 4 e 5 estrelas a atingir 1.624 patacas, ainda assim, uma descida de 8,1 por cento face a Dezembro de 2023. Destaque para o mês passado que completou seis meses consecutivos de quedas homólogas dos preços, descida que começou em Julho. No fim do ano passado existiam em Macau 146 estabelecimentos hoteleiros que prestaram serviços de alojamento ao público (+4, face ao fim do ano 2023), disponibilizando um total de 43.000 quartos de hóspedes (-7,8 por cento).
ICBC | Banco tenta cobrar dívida de Alvin Chau Hoje Macau - 24 Jan 2025 O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês) está a executar uma habitação do empresário Alvin Chau, que actualmente se encontra detido no Estabelecimento Prisional de Coloane. De acordo com um anúncio judicial, a fracção autónoma fica situada na Avenida Dr. Sun Yat-Sen, e tem como fim habitação. O montante da dívida do ex-promotor do jogo não é revelado, sendo que esta não é a primeira vez que o património do empresário vai ser alvo de vendas judiciais. No passado, vários apartamentos e estacionamentos foram vendidos para saldar dívidas. Alvin Chau foi condenado a 18 anos de prisão, por um crime de associação criminosa, 103 crimes de exploração ilícita de jogo em local autorizado, e 57 crimes de burla de valor consideravelmente elevado.
Incêndios | Nova lei leva à punição de 83 pessoas Nunu Wu - 24 Jan 2025 Desde a entrada em vigor da nova lei de prevenção contra incêndios, em Agosto de 2022, foram punidas 83 pessoas, disse ontem o comandante do Corpo de Bombeiros (CB), Leong Iok Sam, durante a conferência de imprensa para a divulgação dos dados de trabalho do ano passado. O responsável destacou que “nos casos em que a situação é grave e os infractores insistem [em manter a mesma situação], aplicámos 83 sanções administrativas depois de os avisarmos várias vezes”, disse. Em 2024, foram feitas pelo CB 15.924 inspecções em edifícios habitacionais para identificar potenciais riscos de incêndios, ou obstáculos no acesso a extintores ou saídas de emergência. No tocante à formação, o CB realizou 220 cursos com 11.172 pessoas até Dezembro do ano passado, nas áreas de encarregados de segurança contra incêndios, uma exigência da nova lei. Ainda em relação aos incêndios, o comandante do CB destacou o “ligeiro aumento” no ano passado. “Em 2024 houve 882 casos de incêndios, um aumento de 46 casos, o que representa uma subida de 5,5 por cento em comparação a 2023”. Estes incidentes ocorreram por esquecimento de desligar o fogão, queima de incensos e papéis votivos ou curto-circuito de instalações eléctricas. No caso das saídas de ambulância, houve uma subida anual de 5,06 por cento, de 2.177 casos para 4.523. As grandes causas foram questões médicas como indisposições, tonturas ou dores de cabeça, entre outros. Leong Iok Sam referiu também que já existem três viaturas inscritas para o projecto experimental “Transporte Transfronteiriço em Ambulância entre Hong Kong e Macau”.
Trânsito | Acidentes e multas disparam em 2024 João Luz - 24 Jan 2025 O ano passado fechou com mais de 15,5 mil acidentes de viação, uma subida anual de 14 por cento. Apesar do aumento de feridos, que ultrapassam os 5.300, as mortes na estrada diminuíram para cinco. Em 2024, as autoridades apuraram quase 190 milhões de patacas em multas, mais 9,12 por cento, apesar de as infracções só terem subido 0,4 por cento Mais acidentes nas estradas, mais patacas em multas e menos mortos em acidentes de viação. Assim se pode resumir 2024, segundo os dados estatísticos divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). No ano passado, as estradas e ruas de Macau somaram 15.510 acidentes de viação, um total que representou uma subida anual de 14,36 por cento face a 2023. Ainda assim, 2024 foi menos mortal nas estradas do território, com cinco fatalidades (todas relativas a condutores) contra oito mortes registadas em 2023, ou seja, um decréscimo de 37,5 por cento. Porém, o número de feridos aumentou quase 13 por cento, para um total de 5.341, subida impulsionada pelo aumento de feridos ligeiros num ano em que os feridos que necessitaram de internamento hospitalar caíram quase 50 por cento. Ainda no capítulo da sinistralidade, destaque para o aumento dos acidentes que envolveram peões, com a subida anual de 6,7 por cento para um total de 510 ocorrências. Diversificação económica O ano de 2024 foi também um período em que o valor das multas adicionou quase 16 milhões de patacas em relação ao ano anterior. No ano passado, o valor total das multas foi de quase 189,8 milhões de patacas, uma subida de 9,12 por cento face ao período homólogo. Apesar do aumento do montante amealhado pelas autoridades, as infracções à lei do trânsito rodoviário e ao código da estrada mantiveram praticamente o mesmo nível, com uma subida ligeira de 0,4 por cento para 703,8 mil ocorrências. No capítulo das multas, o estacionamento continuou a dominar, com 618.260 multas, a larguíssima maioria por estacionamento ilegal em vias públicas. Ainda assim, as multas por estacionamento diminuíram 2,38 por cento face a 2023. Contudo, o número de veículos bloqueados aumentou 24,5 por cento em 2024, para um total de 2.226. No pólo inverso, os dados de 2024 do CPSP revelam o regresso de um clássico, com a subida quase 48 por cento das irregularidades praticadas por taxistas para um total de 870 casos. Em relação aos condutores apanhados a conduzir sob o efeito do álcool, as autoridades contabilizaram 170 pessoas alcoolizadas ao volante, uma subida anual de quase 7 por cento. Destas 170 pessoas, 155 eram do sexo masculino. Uma das estatísticas que tem aumentado nos últimos tempos no capítulo das multas são os peões que atravessam a estrada sem cumprirem as regras de trânsito. No ano passado, as autoridades multaram 7.460 peões, total que representou um aumento de 58,5 por cento.
Advogados | Associação promete estudar discursos de Xi Jinping Hoje Macau - 24 Jan 2025 A Associação dos Advogados de Macau (AAM) realizou uma sessão para estudar “o espírito dos discursos importantes” de Xi Jinping, aquando a passagem em Macau, por altura da celebração do 25.º aniversário da RAEM. O evento foi moderado por Oriana Pun, secretária geral da AAM, e contou com a participação de Huang Wenjun, sub-chefe do Departamento Jurídico do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM. Vong Hin Fai, presidente da AAM, e Leonel Alves, presidente da Mesa da Assembleia Geral, foram outros dos presentes. Segundo o comunicado que relata os eventos, a AAM prometeu que os advogados de Macau vão “estudar, divulgar e implementar profundamente o espírito dos discursos importantes do Presidente Xi Jinping proferidos durante visita a Macau, aproveitar as vantagens profissionais no exercício da advocacia, participar activamente na construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, alargar e melhorar os serviços jurídicos externos, ajudar a promover a reforma jurídica e judiciária em Macau, apoiando o governo na governação de acordo com a lei, e contribuindo em conjunto com todos os sectores da sociedade da RAEM”. No final do evento, Huang Wenjun afirmou que o “evento organizado pela AAM demonstra plenamente a sua responsabilidade e o sentimento de amor pela pátria por parte do sector de advocacia”. Huang aconselhou ainda a AAM a “continuar a estudar e implementar o espírito dos importantes discursos do Presidente Xi, valorizando as vantagens próprias para dar um maior contributo para o desenvolvimento do país e de Macau”.
Ano Novo Lunar | Feriados decisivos para analisar despesas além jogo Andreia Sofia Silva - 24 Jan 2025 O professor da Universidade de Macau e especialista em turismo Glenn Mccartney considera que os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão essenciais para se perceber a dimensão do turismo regional e as despesas não relacionadas com o jogo O Ano Novo Lunar da Serpente começa na próxima quarta-feira e, mais uma vez, abre um período de feriados que vão trazer muitos turistas a Macau. Segundo o professor assistente da Universidade de Macau (UM) Glenn Mccartney os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão importantes para “medir e avaliar o interesse e as despesas não relacionadas com o jogo, bem como os números de visitas regionais, dado o investimento em eventos à escala da cidade e o esperado grande número de visitantes “, disse ao HM. “Do ponto de vista empresarial, a questão fundamental é a forma como o número de visitantes se traduz em despesas efectivas e o impacto que isso traz às pequenas e médias empresas, como restaurantes, bares e lojas, quer se tratem de visitantes que pernoitem ou de excursionistas que regressem a Hong Kong ou Zhuhai no mesmo dia.” Desta forma, “há expectativas de que a taxa de ocupação dos hotéis de Macau seja elevada, sendo que haverá alguns visitantes de um dia que regressarão para ficar em Zhuhai”, estimou. Mais de um milhão Uma vez que no período homólogo do ano passado o território recebeu quase 1,4 milhões de turistas durante o período de 8 dias do Ano Novo Chinês, é esperado para os próximos dias “um elevado número de visitantes”, sendo que “como este ano o Ano Novo Chinês começa a 29 de Janeiro, Macau pode beneficiar do aumento do número de turistas nos fins-de-semana anteriores e posteriores”. Mas Glenn Mccartney destaca também outros factores que podem potenciar os números do turismo, “uma vez que temos assistido a uma maior acessibilidade e facilidade na passagem das fronteiras como um factor importante desde a reabertura após a covid, por exemplo, com o aumento de visitantes de Hong Kong através da ponte”. Glenn Mccartney defende também que as acções promocionais dos resorts e as festividades nas ruas também podem atrair turistas, sendo que “uma característica importante das actividades do Ano Novo Chinês é a componente de ‘feedback'”, com os “residentes e visitantes a poderem dar a sua opinião, permitindo às autoridades perceberem o impacto dessas actividades do Ano Novo Chinês”. “Este tipo de feedback pode ser uma fonte valiosa para melhorar vários aspectos da organização, das operações e do marketing dos eventos do Ano Novo Chinês, a fim de analisar os visitantes actuais e potenciais no futuro. A utilização das redes pode fazer parte da avaliação da análise de impacto das promoções do Ano Novo Chinês”, descreveu. Para estes dias Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar uma média diária de 185 mil visitantes, dos quais apenas oito mil deverão ser internacionais. A principal atracção durante este período em Macau será a Parada do Ano Novo Lunar, realizada em 31 de Janeiro e repetida a 8 de Fevereiro.
Concursos | Deputados discutiram “negociação competitiva” Hoje Macau - 24 Jan 2025 A possibilidade dos representantes da Administração Pública negociarem directamente as propostas dos concursos públicos com os candidatos foi ontem discutida na 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. Esta novidade vai ser criada pela proposta de lei da contratação pública, aprovada na generalidade a 11 de Janeiro do ano passado. Segundo as explicações de Ella Lei, presidente da comissão, a possibilidade da chamada “negociação competitiva” com os candidatos é uma novidade da lei, mas apenas poderá ser utilizada em três situações: quando todas as propostas do concurso público forem recusadas, embora sem alterar substancialmente o caderno de encargos do concurso, quando os trabalhos forem demasiado complexos, que torne inviável estabelecer um preço anterior para as propostas, ou quando a natureza dos trabalhos impossibilitarem a fixação prévia de um preço. De acordo com o jornal Ou Mun, a proposta de lei estabelece que quando a Administração opta por evitar o concurso público, e pede propostas a um determinado número de empresas, a consulta tem de ser feita pelo menos a cinco empresas. No entanto, Ella Lei indicou que os deputados estão preocupados que a alegada “aleatoriedade” das empresas consultadas não seja garantida nem resulte num procedimento justo, pelo que este aspecto vai ser discutido com o Executivo.
Imprensa | Sam Hou Fai frisa diversidade e internacionalização João Santos Filipe - 24 Jan 2025 A mensagem foi deixada pelo Chefe do Executivo durante o jantar oferecido aos órgãos de comunicação social em português e inglês. Sam Hou Fai destacou o elo de ligação estabelecido com a comunidade internacional O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que os órgãos de comunicação social em língua portuguesa e inglesa desempenham um papel de elo de ligação com a comunidade internacional. A mensagem foi deixada durante o tradicional jantar oferecido aos órgãos de comunicação social. De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, Sam Hou Fai afirmou que “a comunicação social em língua portuguesa e inglesa é um exemplo importante da diversidade cultural e da internacionalização de Macau”. O líder do Governo afirmou esperar que estes órgãos “prossigam também no bom desempenho da função de elo internacional, potenciando as vantagens dos laços linguísticos, culturais e internacionais, continuando a apresentar ao exterior a singularidade de Macau, resultante da fusão das culturas oriental e ocidental”. Com esta esperança, o líder do Governo acredita que os órgãos de comunicação social contribuam para “elevar o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, bem como de plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”. O Chefe do Executivo afirmou também esperar que “o sector continue a aumentar o seu desenvolvimento e a promover, juntamente com o Governo, a internacionalização, para que Macau seja mais atractivo e tenha uma maior influência global”. Como tal, Sam Hou Fai espera que transmitam “para o exterior, através das reportagens profissionais, as ‘experiências de Macau’ e a ‘sabedoria da China’, favorecendo um melhor esclarecimento e evitando desentendimentos e más interpretações do estrangeiro, tornando assim a RAEM numa janela importante de intercâmbio objectivo, racional e genuíno das culturas oriental e ocidental”. Liberdades protegidas Nas esperanças endereças no jantar com os representantes dos órgãos de comunicação social, Sam pediu também fiscalização “à acção governativa”. Face ao ano de 2024, Sam Hou Fai fez um balanço positivo da actuação dos órgãos de comunicação social, indicando que “desempenharam a importante função de elo com as comunidades portuguesa e inglesa no exterior no acesso às informações sobre Macau”. Além disso, indicou que aproveitaram “bem as vantagens singulares da região, decorrentes da proximidade ao Interior da China e da sua abertura ao mundo” e deram “a conhecer a realidade e o desenvolvimento de Macau e prestar informações em primeira mão ao público sobre a implementação bem-sucedida do princípio um país, dois sistemas”. O líder do governo indicou também que “a liberdade de imprensa está totalmente assegurada pela Lei Básica e pela Lei de Imprensa da RAEM, pelo que a mesma será salvaguardada, como sempre e nos termos da lei, pelo Governo da RAEM, o qual apoiará o sector no correcto cumprimento dos seus deveres, na cobertura noticiosa e no acesso a notícias, colaborando activamente na troca eficiente de informações entre os diversos serviços públicos e o sector”.
Trabalho | Ásia Oriental com baixa satisfação laboral e desmotivação Andreia Sofia Silva - 24 Jan 2025 O relatório mundial sobre o panorama laboral, da Associação Internacional Gallup, concluiu que em países e regiões da Ásia Oriental, como a China, Taiwan ou Hong Kong, a maioria dos trabalhadores procura um novo emprego. Em Hong Kong, apenas seis por cento dos inquiridos estão empenhados com os seus empregos Perceber como se sentem os trabalhadores de todo o mundo no local de trabalho, e em relação ao emprego que têm, é o objectivo do relatório da Associação Internacional Gallup, intitulado “State of the Global Workplace 2024”. Se no panorama mundial e regional a Ásia Oriental se sai bem em alguns indicadores, o cenário não é nada favorável no que diz respeito ao compromisso ou empenho que os trabalhadores têm pela empresa a que estão vinculados ou pelas funções que desempenham. Dentro da Ásia Oriental incluem-se países e regiões como a China, Hong Kong, Japão, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan. Esta zona do globo tem “a mais baixa percentagem, a nível regional, de empregados que sentem tristeza diária”, mas tem “a terceira percentagem mais elevada, a nível regional, de empregados que dizem estar à procura, e de forma activa, de um novo trabalho”. Além disso, a Ásia Oriental tem “a terceira percentagem mais baixa a nível regional de empregados comprometidos” com o trabalho que têm (18 por cento, o que ainda assim representa uma subida de 1 por cento face ao período correspondente entre 2022 e 2023). Bem pelo contrário, 67 por cento dos inquiridos não estão, de todo, comprometidos ou empenhados com o trabalho, mais cinco por cento face a igual período. Além disso, 14 por cento diz estar totalmente descomprometida com a empresa para onde trabalham, menos seis por cento. Quanto a emoções negativas vividas diariamente, e com maior frequência, o factor “stress” lidera, com 46 por cento de respostas, menos seis por cento face ao período entre 2022 a 2023. Destaque para a entrada do sentimento “raiva”, com 17 por cento de respostas, e que não gerou quaisquer respostas no último inquérito. “Tristeza” foi um sentimento revelado por 12 por cento dos inquiridos, mais 1 por cento face ao inquérito anterior, e “solidão”, que tem também entrada directa para esta lista de sentimentos menos bons vividos no trabalho, com 18 por cento. Se a insatisfação com o trabalho se demonstra nos números anteriores, as certezas sobem de tom na categoria “ambiente de trabalho – boa altura para encontrar um trabalho”, com 51 por cento a responder afirmativamente, mais 11 por cento de respostas face ao inquérito anterior. Além disso, a categoria “Intenção de deixar – Olhando ou procurando de forma activa por um novo trabalho” foi escolhida por 54 por cento dos inquiridos, menos dois por cento face aos anos de 2022 a 2023. Na categoria “Avaliação de Vida”, os que dizem ter uma vida próspera são 32 por cento, menos sete por cento, em contraste com os 62 por cento de inquiridos que diz estar a sofrer algum tipo de dificuldades, mais sete por cento em relação ao último inquérito. A categoria “sofrimento” relacionado com o posto de trabalho foi escolhida por seis por cento dos participantes no inquérito, uma entrada directa neste estudo. Tristeza em baixo Para o estudo da Gallup, foram entrevistadas 40.428 pessoas em 41 países, sendo que a amostra por país contém cerca de 1.000 homens e mulheres. A margem de erro da sondagem “está entre +3-5 por cento com um nível de confiança de 95 por cento”, é referido. O estudo compara ainda os dados registados pelos trabalhadores da Ásia Oriental com os restantes países. E mais uma vez se denota a falta de compromisso e da sensação de “vestir a camisola” que persiste em muitas empresas. Em termos mundiais, 62 por cento das respostas apontam para a ausência de compromisso, quando na Ásia Oriental essa percentagem sobre para os 67 por cento. No tocante à “Avaliação de Vida”, se a nível mundial 58 por cento dos inquiridos diz estar a passar dificuldades, a percentagem da Ásia Oriental é de 62 por cento. Porém, o sofrimento sentido está apenas em seis por cento das respostas, enquanto a nível mundial a fasquia fica nos oito por cento. Em relação a este factor destaca-se ainda a baixa percentagem do sentimento de “tristeza diária”, com 12 por cento de respostas, quando a nível mundial a fasquia sobe para os 22 por cento. A sensação de “stress” é também superior, com 46 por cento de respostas, quando a nível global é de 41 por cento. China: raiva e dificuldades Olhando para os critérios em cada país, 19 por cento dos trabalhadores da China disseram estar comprometidos com o trabalho, mais dois por cento em termos anuais, enquanto em Hong Kong apenas seis por cento de pessoas estão comprometidas e que gostam do que fazem, o que constitui uma quebra de um por cento. Na “Avaliação de Vida”, 36 por cento dos trabalhadores da China dizem estar a enfrentar dificuldades, mais 1 por cento, enquanto em Taiwan 41 por cento diz enfrentar momentos menos bons, representando uma entrada directa na classificação, sem pontuação anterior para comparar. Já no caso de Hong Kong, 17 por cento de inquiridos assumem atravessar dificuldades, mais 1 por cento face ao inquérito anterior. Quanto ao sentimento de “stress diário”, a China sobe ao primeiro lugar do ranking com 53 por cento de respostas, ainda assim menos 2 por cento em termos anuais, com Hong Kong a seguir-lhe as pisadas, com 49 por cento de respostas. O Japão está em terceiro lugar com 41 por cento de pessoas a sentirem stress diariamente. Em resposta à pergunta se sentiu raiva no dia anterior, a China lidera novamente com 18 por cento de respostas, apesar da quebra anual de 2 por cento; seguindo-se a Coreia do Sul, com 17 por cento de respostas afirmativas, e depois Hong Kong com 16 por cento. Na China apenas 12 por cento dos trabalhadores disseram sentir tristeza, colocando, assim, o país em terceiro lugar. Já em relação a Hong Kong houve 11 por cento de respostas afirmativas neste domínio. Jon Clinfton, CEO da Gallup, deixa um alerta sobre o aumento dos problemas de saúde mental em todo o mundo, sobretudo relacionados com o meio laboral e a forma de relacionamento no meio empresarial. Cerca de 20 por cento dos trabalhadores de todo o mundo “experienciam solidão diária”, sendo que este sentimento “é maior entre trabalhadores em teletrabalho total”. “No relatório deste ano, 41 por cento dos trabalhadores afirmam sentir ‘muito stress’. No entanto, o stress varia significativamente em função da forma como as organizações são geridas. Quem trabalha em empresas com más práticas de gestão (activamente desmotivadas) têm quase 60 por cento mais probabilidades de estar stressadas do que as pessoas que trabalham em ambientes com boas práticas de gestão (empenhadas). De facto, a experiência de ‘muito stress’ é referida cerca de 30 por cento mais frequentemente pelos empregados que trabalham sob má gestão do que pelos desempregados”, disse o CEO da Gallup. Para o responsável, “os líderes sabem que o stress no local de trabalho é um problema – viram os dados, ouviram colegas e sentiram-no eles próprios”. “Um quarto dos líderes sente-se esgotado frequentemente ou sempre, e dois terços sentem-no, pelo menos, algumas vezes. Muitos estão a tentar resolver o problema, mas muitas vezes de forma ineficaz”, conclui-se.
Óbito | Morreu Rocha Vieira aos 85 anos Andreia Sofia Silva - 23 Jan 2025 Vasco Rocha Vieira, o último Governador português de Macau, morreu ontem aos 85 anos. O general encontrava-se doente há bastante tempo. Marcelo Rebelo de Sousa recordou-o como “um dos mais ilustres oficiais” do Exército, mas, para Macau, Rocha Vieira fica para a história como o grande obreiro das medidas decididas na Declaração Conjunta de 1987 Há muito que se encontrava doente, falhando mesmo alguns eventos recentes em Lisboa sobre Macau e a transição. Vasco Rocha Vieira, general, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, e último Governador português de Macau, morreu na madrugada de ontem com 85 anos de idade. Nascido a 16 de Agosto de 1939, exerceu o cargo de Governador de Macau entre 1991 e 1999, quando se processou a transferência do território para a China. Porém, Rocha Vieira já tinha uma ligação a Macau, pois esteve no território após o 25 de Abril. Além disso, foi ainda ministro da República dos Açores entre os anos de 1986 e 1991. Uma das primeiras personalidades a reagir à sua morte, em Portugal, foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que manifestou, numa nota oficial, o “profundo pesar” pela morte de Vasco Rocha Vieira, recordando-o como “um dos mais ilustres oficiais” do Exército e enaltecendo o seu “marcado patriotismo”. Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado recorda Rocha Vieira como “um dos mais ilustres oficiais do Exército Português na transição para a Democracia e nas primeiras décadas da sua afirmação”. “Desde sempre muito ligado aos Comandos, exerceu ainda funções políticas como as de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores”, é recordado na nota. Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda que Rocha Vieira foi “muito próximo do Presidente António Ramalho Eanes”, tendo sido por ele “designado Chanceler das Antigas Ordens Militares”. “O simbolismo do momento da transferência da administração portuguesa para a chinesa permanecerá na memória de muitos portugueses como um exemplo de sentido de Estado, sentido de serviço da causa pública e de marcado patriotismo”, lê-se na nota de pesar. O Presidente da República, que afirma ter acompanhado “de perto os últimos meses” da vida de Rocha Vieira, “apresenta à sua família, e, muito em especial, à sua viúva e filhos, o testemunho de gratidão de Portugal, com muito saudosa amizade”. Na sua biografia, intitulada “A todos os portos a que cheguei”, descreve-se o momento em que Mário Soares, então Presidente da República, disse a Rocha Vieira: “Preciso de si. Vá para Macau e veja se põe aquilo na ordem”, numa referência ao caso do fax de Macau, relacionado com a construção do Aeroporto Internacional de Macau, que tantas dores de cabeça deu ao seu antecessor, Carlos Melancia, também já falecido. O general terá então respondido que nada exigiu para ir para Macau. “Não lhe perguntei nada, nem lhe pus condições. Fui para Macau com o mesmo espírito com que fui para os Açores. Não era um cargo político inerente a uma carreira. Era, de facto, uma missão”, descreve-se. Coube então a Rocha Vieira e à sua equipa a concretização de todos os objectivos e ideais para o futuro de Macau presentes na Declaração Conjunta que tinha sido assinada entre Portugal e a China em 1987. O Governo liderado por Rocha Vieira viu nasceu o aeroporto, construiu todo o quadro legislativo bilingue que ainda hoje está em vigor e ergueu o Centro Cultural de Macau, inaugurado já por Jorge Sampaio a 19 de Março de 1999, entre tantas outras iniciativas, inclusivamente na área do urbanismo. Um “grande amigo” Rocha Vieira chegou, aliás, a pôr o lugar à disposição à frente do Executivo de Macau quando Jorge Sampaio foi eleito Presidente da República, na viragem de 1995 para 1996. “Quando fui para Macau não sabia como as coisas iam correr e quanto tempo ia lá ficar”, recordou na sua biografia. Porém, e apesar de uma inicial hesitação de Sampaio numa mudança, a verdade é que Rocha Vieira acabou por ficar, pois “a sua substituição iria afectar a regular sequência do processo” de transição, numa altura em que “já estava à vista a passagem da administração do território para a China”, descreve-se em “A todos os Portos a que cheguei”. Em declarações à RTP, Chito Rodrigues, general que foi governador de Macau em exercício, deixou palavras de pesar pelo falecimento daquele que foi um amigo. “Recordo-o como grande amigo e sócio honorário da Liga dos Combatentes. Sempre se relacionou connosco e é uma referência nossa. Sabíamos que estava mal e não fomos, de certo modo, surpreendidos [com a notícia da morte], mas é sempre uma surpresa desagradável.” Chito Rodrigues recorda-o no exercício de funções em Macau como alguém que contribuiu “para que Macau fosse um lugar tranquilo para que a descolonização fosse feita de forma ‘exemplar'”. “Estive com ele na abertura do aeroporto e tive relações próximas com ele na qualidade de Governador. Foi alguém que substituiu os seus antecessores com êxito e humildade, repondo a tradição de Governadores militares em Macau”, acrescentou. No livro “Macau entre dois mundos”, de Fernando Lima e Eduardo Cintra Torres, o antigo Governador de Hong Kong, Chris Patten, recordou Rocha Vieira como “um homem corajoso e judicioso, com enorme integridade e um excelente servidor do seu país”. “Acho que Portugal teve muita sorte em ter um homem tão bom como último Governador, um lugar tão difícil”, apontou. As polémicas O nome de Rocha Vieira esteve, no entanto, envolto em algumas polémicas, nomeadamente com a criação da Fundação Jorge Álvares e Fundação Oriente, sobretudo no tocante aos fundos alocados para estas duas entidades. “O grosso da opinião pública do território e as autoridades de Pequim contestavam a legitimidade de um contrato nos termos do qual uma entidade com sede em Lisboa era alimentada com recursos gerados em Macau”, lê-se na biografia de Rocha Vieira. Este apenas pretendia que a fundação “desempenhasse um papel útil para Macau”, tendo a polémica sido diluída com o tempo. Nas redes sociais, o jornalista e antigo director do Macau Hoje, João Severino disse “lamentar muito” o desaparecimento de Rocha Vieira. “O General Vasco Rocha Vieira deixou-nos, após várias semanas internado no hospital. O último Governador de Macau foi um homem bom para muita gente e discriminatório para muitos. De todo o modo a sua carreira militar foi exemplar e deixou marcas na administração de Macau. Mantive com o ilustre Governador alguns momentos controversos, sempre dentro da maior cordialidade e consideração pelo representante máximo do meu país em Macau. Apresento à sua esposa dra. Leonor e aos seus filhos as minhas condolências e que descanse em paz”, escreveu. Uma entidade que reagiu ao desaparecimento de Rocha Vieira foi a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), que nas redes sociais divulgou uma nota de pesar sobre a morte daquele que foi o 138.º Governador português de Macau e que presidia ao conselho estratégico da CCILC. “O General Rocha Vieira desempenhou um papel marcante e exemplar ao longo de toda a sua vida, destacando-se pelo compromisso com o serviço à nação, pela dedicação às relações entre Portugal e a China, e pelo papel histórico no encerramento do ciclo da administração portuguesa em Macau.” A mesma nota refere ainda que “na liderança do conselho estratégico da CCILC, a sua visão estratégica, sabedoria e valores humanos foram sempre fonte de inspiração para toda a Direção e equipa executiva”. Também a Câmara Municipal de Lisboa reagiu oficialmente ao seu desaparecimento. “Rocha Vieira dedicou a sua vida à defesa do interesse nacional, servindo notavelmente Portugal como Chefe do Estado-Maior do Exército e como último Governador de Macau. Estadista de visão, assegurou uma transferência pacífica da soberania de Macau para China. Homem de coragem, contribuiu para a consolidação do processo democrático, sendo peça fundamental do 25 de Novembro de 1975. Foi uma honra contar com o seu depoimento na primeira cerimónia de evocação do 25 de novembro nos Paços do Concelho, em 2023.” O adeus a Macau São célebres as imagens de Rocha Vieira a segurar a bandeira portuguesa ao peito no dia 19 de Dezembro de 1999, com o rosto visivelmente emocionado, como quem diz adeus à “missão” que aceitou desempenhar em Macau. Terminada a sua função de Governador, Rocha Vieira foi mantendo laços estreitos com o território, sendo que a última vez que esteve em Macau foi em 2023, para receber a distinção de doutoramento honoris causa da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. Aí, destacou que as “boas relações históricas” com a China são “um trunfo para Portugal” e que hoje o país é “uma superpotência em afirmação”. O general disse que “um outro grande trunfo” para Portugal é o interesse na China pela língua portuguesa, sublinhando o número crescente de universidades chinesas que ensinam português. No final de 2020, o Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da Universidade Politécnica de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng, disse que havia cerca de 50 instituições de ensino superior com cursos de português na China continental. “A China está interessada em que o português se desenvolva (…) também para poder ter, através de Portugal, uma relação mais estreita com os países de língua portuguesa”, salientou Rocha Vieira. Numa última entrevista concedida à agência Lusa, em 2019, Rocha Vieira recordou os tempos em Macau e as suas vicissitudes, sobretudo no tocante ao processo de transição. “Tive mais problemas com a parte portuguesa do que com a parte chinesa (…) muitas vezes, por falta de percepção. Normalmente, as pessoas estão longe, em Lisboa – isso é uma coisa histórica, que não é só de agora – e acham que sabem melhor as soluções do que aqueles que estão em Macau”, afirmou. Rocha Vieira assegurou que, quando foi necessário definir “o rumo, os objectivos fundamentais das políticas para Macau, foram discutidos pelo Governo de Macau, em Lisboa, com quem deviam ser discutidos, com o Presidente da República e com o primeiro-ministro”, havendo “sempre” sobre isso “uma grande compreensão por parte dos órgãos de soberania portugueses e uma grande prova de confiança em relação a quem estava no território”.
CAEAL | Chefe do Executivo recebeu delegação para acompanhar eleições Hoje Macau - 23 Jan 2025 O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, recebeu uma comitiva da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa para assistir a uma apresentação sobre a preparação das eleições dos futuros deputados. O encontro realizou-se na Sede do Governo, na terça-feira. De acordo com o relato oficial, Sam “agradeceu ao presidente e aos cinco vogais da Comissão por aceitarem a nomeação e assumirem esta grande responsabilidade”, “incentivando” a comissão a efectuar “de forma activa e melhor os trabalhos eleitorais”. Sam Hou Fai pediu ainda à CAEAL que assegure que as eleições “decorrem de forma ordenada e conforme a lei, sob o princípio da imparcialidade, justiça, transparência e integridade”. Ao mesmo tempo, Sam afirmou que “o Governo da Região Administrativa Especial de Macau irá envidar todos esforços para apoiar os trabalhos da Comissão”. No encontro, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, Seng Ioi Man, fez uma breve apresentação sobre o andamento e planeamento dos trabalhos da Comissão. O encontro contou ainda a presença dos vogais da Comissão, Lai U Hou, Ng Wai Han, Mak Kim Meng, Ho In Mui e Wong Lok I.
Cooperação | Sam Hou Fai quer mais ligação com empresas lusófonas Hoje Macau - 23 Jan 2025 O Chefe do Executivo defendeu a necessidade de mais cooperação entre empresas locais e dos países de língua portuguesa. Num discurso perante o cônsul português e os delegados do Fórum Macau, Sam Hou Fai sublinhou a importância das directrizes propostas por Xi Jinping durante a visita a Macau Macau e os países de língua portuguesa devem estreitar a cooperação empresarial. Este foi um dos principais destaques do discurso do Chefe do Executivo no jantar de recepção aos cônsules-gerais na RAEM e aos delegados dos países de língua portuguesa do Fórum Macau. Sam Hou Fai apelou ao aperfeiçoamento dos “vários mecanismos de intercâmbio e cooperação” entre Macau e os mercados lusófonos, para “alavancar de forma abrangente o intercâmbio e cooperação ao nível do sector privado”. “Serão sempre calorosamente bem-vindas as delegações que cheguem dos vossos países para visitar Macau”, garantiu o líder do Governo. Sam prometeu apoiar a deslocação de delegações lusófonas à China continental, incluindo à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin, e à Grande Baía Guangdong-Hong Kong–Macau. Sam defendeu a necessidade de uma “cooperação pragmática (…) nas diversas áreas” e sublinhou a importância do novo plano de acção do Fórum de Macau até 2027. Além da ligação aos países de língua portuguesa, o líder do Governo da RAEM apontou à cooperação entre Macau e os países do Sudeste Asiático. Salientando a relação amigável entre Macau e a lusofonia e que a RAEM é a única região no mundo que tem o chinês e o português como línguas oficiais, Sam Hou Fai vincou a necessidade de “impulsionar um desenvolvimento conjunto caracterizado pela igualdade, cooperação e benefícios mútuos, elevando de forma abrangente o nível da cooperação sino-lusófona”. Amigos próximos Num discurso marcado por múltiplas referências aos “importantes discursos” do Presidente Xi Jinping, que Sam Hou Fai aponta como a chave para abrir uma nova fase da governação da RAEM, o líder do Executivo diz ter sido criado “um novo cenário de intercâmbio e cooperação” entre os países lusófonos e do Sudeste Asiático, a China e a RAEM. Em relação aos Sudeste Asiático, Sam Hou Fai destacou as Filipinas. “A RAEM e os países do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, geograficamente próximos, têm uma cooperação económica e comercial estreita, com intercâmbio intenso de pessoas e na área cultural, sendo tradicionalmente bons vizinhos e bons parceiros.” O governante sublinhou os “contributos valiosos para o desenvolvimento socioeconómico de Macau” da comunidade filipina, que, de acordo com os Censos de 2021, correspondia a cerca de 5 por cento da população total de Macau, sendo a segunda maior comunidade na Região a seguir à comunidade chinesa”. “Esta boa base de cooperação tradicional”, como Sam Hou Fai a categorizou, é um factor a aproveitar para “agarrar novas oportunidades, explorar mais potencialidades de cooperação em todas as vertentes”.
Conselho de Assuntos Continentais avisa para “possíveis riscos” em Macau Hoje Macau - 23 Jan 202523 Jan 2025 Taiwan recomendou à população que não viaje para Hong Kong ou Macau durante o período do Ano Novo Lunar, devido a “possíveis riscos para a segurança”. O Conselho de Assuntos Continentais (MAC, na sigla em inglês) de Taiwan lembrou que o alerta de viagem para os dois territórios permanece no “nível laranja”, o segundo nível mais elevado. O órgão responsável pelas relações com a China justifica o alerta “tendo em conta as alterações à situação em Hong Kong e Macau e em resposta às leis e regulamentos locais e os métodos de aplicação das leis”. “Os cidadãos são aconselhados a evitar viagens não essenciais” às duas cidades, incluindo em trânsito, devido a “possíveis riscos para a segurança e direitos individuais”, acrescentou o MAC, num comunicado. O Ano Novo Lunar é a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais, e este ano em Taiwan inclui um período de nove dias de feriados entre 25 de Janeiro a 2 de Fevereiro. O MAC aconselhou a população a registar-se, com antecedência, numa base de dados criada para taiwaneses que viajem para o Interior, Hong Kong ou Macau e recordou que existem linhas telefónicas directas para apoiar os cidadãos. Registos a subirem Embora não seja obrigatório, o número de taiwaneses que fizeram o registo de viagens para território chinês entre Janeiro e Outubro de 2024 aumentou cerca de 14 vezes em comparação com o ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo organismo em Dezembro. Os registos para Hong Kong e Macau “ultrapassaram cinco vezes o total do mesmo período do ano passado”, disse o MAC. A China “continuou a adoptar e a alterar as leis de segurança nacional, o que levou a vários incidentes, envolvendo a detenção arbitrária, a prisão e interrogatório de cidadãos taiwaneses na China continental, Hong Kong e Macau”, referiu o organismo. Em Setembro, o MAC disse que um dirigente do conglomerado taiwanês Formosa Plastics estava há 18 dias sob “controlo fronteiriço”, um tipo de medida que o impede de sair do país. Taiwan elevou em meados de Junho o nível de alerta de viagem e aconselhou a população a evitar China, Hong Kong e Macau, após Pequim ter ameaçado executar pessoas consideradas “acérrimas defensoras” da independência taiwanesa.
Reserva financeira | Perto do melhor registo anual desde pandemia Hoje Macau - 23 Jan 2025 Após os anos da pandemia, a reserva financeira da RAEM está perto de registar o melhor ano, com ganhos de 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses do ano A reserva financeira de Macau está perto de registar o melhor ano desde a pandemia, após ganhar 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses de 2024, foi ontem anunciado. De acordo com dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), este poderá ser o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. A reserva financeira da RAEM ganhou 22,2 mil milhões de patacas em 2023, depois de ter perdido quase quatro vezes esse valor no ano anterior. O valor da reserva cifrou-se em quase 618 mil milhões de patacas no final de Novembro, o valor mais elevado desde Março de 2022, de acordo com dados publicados no Boletim Oficial. Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,6 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19. A reserva financeira do território ganhou 4,63 mil milhões de patacas em Novembro, em comparação com Outubro, mês em que tinha sofrido a segunda queda em 2024. O valor da reserva extraordinária no final de Novembro era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas. Orçamento previa excedente O orçamento para 2024 previa uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 243,2 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 121,6 mil milhões de patacas e até 247,1 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Em Janeiro de 2024, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem transferido quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público. O orçamento de Macau para 2024 previa o regresso dos excedentes nas contas públicas, antecipando um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, sem “necessidade de recorrer à reserva financeira”.