Concurso público | Governo condenado a pagar 278 mil patacas João Santos Filipe - 18 Jun 2025 Um erro da empresa concorrente e uma correcção do IAM num concurso público esteve na origem de um diferendo judicial que terminou com uma indemnização de 278 mil patacas. Apesar de tudo, o Governo pagou um valor mais baixo do que o pretendido pela concorrente O secretário para a Administração e Justiça foi condenado pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI) a pagar uma indemnização de 278 mil patacas, depois de ter cometido um erro num curso público de recuperação de áreas florestais. A consequência do erro foi divulgada pelo Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, e a decisão tomada a 2 de Abril. Em causa, está a ponderação da experiência das empresas que concorreram ao concurso 4.ª Fase da Prestação de Serviços de Recuperação de Áreas Florestais, realizado em 2022. A identidade das empresas não foi revelada pelos tribunais. Num primeiro passo, a empresa que agora venceu o caso em tribunal cometeu um erro e indicou ter realizado um trabalho para o IAM numa área de 2 hectares. O valor da proposta era de 2,78 milhões de patacas. No entanto, o IAM, como conhecia este trabalho, corrigiu a informação sobre área onde os trabalhos foram feitos para 5 hectares, como de facto tinha acontecido. Com base nesta correcção, a empresa foi a melhor pontuada no concurso, pelo que lhe foi proposto o contrato para realizar parte dos trabalhos do concurso. Após a proposta do contrato, e antes da assinatura do mesmo, o IAM voltou atrás e decidiu que não devia ter feito a correcção, por sua iniciativa. Como consequência, os trabalhos acabam adjudicados a uma outra empresa, dado que a pontuação no concurso público daquela que tinha sido inicialmente vencedora foi reduzida. O primeiro diferendo correu nos tribunais da RAEM e subiu até ao Tribunal de Última Instância (TUI), com a vitória a ser atribuída à empresa que tinha sido declarada inicialmente vencedora, e com derrota para o IAM. Pagar a indemnização Quando o primeiro diferendo chegou ao fim, os trabalhos do concurso público já tinham sido realizados pela outra empresa. Por esse motivo, dado que não fazia sentido voltar a prestar os trabalhos, o IAM ficou obrigado a indemnizar a empresa prejudicada no concurso público. Como o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong e a empresa não chegaram a acordo sobre o valor da indemnização a pagar, o caso voltou aos tribunais. A empresa pedia uma indemnização no valor de 661.745 patacas, acrescida de juros. Por sua vez, o Governo defendia que a indemnização devia ser calculada com base no preço apresentado pela concorrente e numa margem de lucro de 10 por cento, ou seja, de 278 mil patacas. Em relação aos critérios para definir o pagamento da indemnização, o tribunal alinhou com a Administração, pelo que a indemnização foi fixada em 278 mil patacas. O tribunal justificou este entendimento com o facto de entender faltavam critérios objectivos para perceber os custos da prestação do serviço.
Saúde | Dois casos de gripe com 15 infectados Hoje Macau - 18 Jun 2025 Os Serviços de Saúde (SS) registaram dois casos colectivos de gripe em escolas locais, que resultaram num total de 15 infectados. Os casos foram detectados no Colégio do Sagrado Coração de Jesus, onde se registaram oito infectados, quatro do sexo feminino e quatro do sexo masculino, e na Escola dos Moradores de Macau, com duas alunas infectadas e cinco infectados. “Desde o dia 12 de Junho, os doentes começaram a manifestar sintomas de infecção do tracto respiratório superior como febre, tosse e entre outros, tendo alguns deles sido submetidos a tratamentos médicos”, foi comunicado pelos SS. “As condições clínicas dos doentes são consideradas ligeiras, não foram registados casos graves ou outras complicações”, foi acrescentado. Após os dois casos, foram aplicadas medidas de controlo, “como o reforço na desinfecção, limpeza e manutenção da ventilação de ar no interior das instalações”. Gastroenterite | Quatro crianças afectadas em infecção colectiva Um total de quatro crianças foi infectada por gastroenterite, naquele que foi um caso colectivo registado na Creche Internacional de São José, de acordo com os Serviços de Saúde. No total há três crianças do sexo masculino infectadas e uma do sexo feminino. “Desde o dia 13 de Junho, os doentes começaram a apresentaram, sucessivamente, sintomas como dor abdominal, diarreia, entre outros, tendo alguns deles sido submetidos a tratamento em instituições de saúde. Não houve registo de casos graves ou de outras complicações graves”, consta do comunicado dos SS. “Foi excluída a possibilidade de gastroenterite alimentar em conformidade com as horas de refeições de pacientes. De acordo com as horas de ocorrência da doença, os sintomas, o período de incubação, é provável que o agente patogénico esteja relacionado com uma infecção viral”, foi acrescentado.
AMCM / DSEDT | Alertas para publicidades falsas com celebridades Hoje Macau - 18 Jun 2025 A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) alertam a população para estar atenta a publicidades falsas a circular na Internet. De acordo com um comunicado, circulam “mensagens falsas relacionadas com um suposto plano de cooperação entre celebridades” e a AMCM e a DSEDT. “Por este meio, esclarecem, de forma solene, que o respectivo conteúdo é totalmente falso, alertando o público para a necessidade de prestar atenção a informações fraudulentas, de forma a evitar situações de burla e de prejuízos inesperados”, foi comunicado. “A AMCM e a DSEDT condenam, de forma veemente, os actos de falsificação e divulgação de informações falsas perpetrados por malfeitores, reservando-se o direito de responsabilizar judicialmente quaisquer acções que prejudiquem a reputação dos respectivos serviços”, foi acrescentado. A AMCM e a DSEDT não identificam as celebridades, mas nas redes sociais têm circulados anúncios com imagens de Ângela Leong ou Pansy Ho.
Segurança Social | Associação alerta para sustentabilidade João Luz e Nunu Wu - 18 Jun 2025 O presidente da Associação de Segurança Social de Macau defende que o cálculo para a pensão para idosos não deve ter em conta o índice mínimo de subsistência usado para definir subsídios para famílias carenciadas. Além da natureza distinta dos apoios, Chan Kin Sun alerta para o risco de subsistência do Fundo de Segurança Social Durante as Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai anunciou o aumento de 160 patacas da pensão para idosos para 3.900 patacas por mês. Fazendo eco de algumas opiniões de deputados, o Chefe do Executivo abriu a porta à possibilidade de indexar o cálculo para definir a pensão de idoso ao índice mínimo de subsistência, que delimita o risco social de pobreza. O presidente da Associação de Segurança Social de Macau, Chan Kin Sun, não concorda com esta posição. Num artigo publicado no Jornal do Cidadão, o dirigente e académico começou por realçar as diferentes naturezas dos apoios em causa. Enquanto a pensão para idosos se destina a indivíduos numa perspectiva do seguro social, com contribuições que mais tarde são gozadas em benefícios, o índice mínimo de subsistência tem sido usado para calcular apoios sociais destinados a famílias carenciadas. O dirigente, que também é membro da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, destaca os objectivos e naturezas diversas dos dois sistemas e grupos de beneficiários. O também professor auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau refere ainda que a natureza assistencialista dos subsídios para os mais carenciados nunca teve em conta a sustentabilidade do apoio, enquanto a pensão para idosos é calculada a pensar no desenvolvimento sustentável do sistema. Numa altura em que o Governo luta contra o envelhecimento populacional, o académico alertou para a possibilidade de a indexação da pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência poder ter um impacto negativo na sustentabilidade do Fundo de Segurança Social. Questão de percepção Em relação ao aumento da pensão para idosos, Chan Kin Sun indicou que os cálculos que definem o valor do apoio podem não corresponder à realidade económica dos beneficiários e da economia do território. Isto porque o peso da taxa de inflação pode não corresponder à realidade tendo em conta a tendência crescente de consumo no Interior da China, contornando o peso na carteira dos idosos do aumento dos preços em Macau. Em relação aos serviços sociais para a população mais velha, o académico defende que a rede de serviços não deveria ser sustentada exclusivamente pelos cofres do Governo e que as regras do mercado deveriam funcionar no sector. Chan Kin Sun mencionou a política de Hong Kong que permite aos residentes da região vizinha usar cupões em dinheiro em instituições de serviços sociais qualificados do Interior da China. As associações dos serviços sociais de Macau devem mudar a forma como operam, não vivendo apenas de subsídios do Governo, mas garantindo serviços de qualidade atractivos para clientes idosos numa perspectiva mais comercial.
ZAPE | Associação quer criar o Darling Harbour de Macau Hoje Macau - 18 Jun 2025 A Associação Industrial e Comercial da ZAPE de Macau sugeriu ao Governo que aposte na economia nocturna na ZAPE, para transformar esta zona no Darling Harbour de Macau, uma zona portuária de Sidney que mistura iates com restaurantes, café e esplanadas. Segundo o jornal Ou Mun, o presidente da associação, Wu Tat Chong, explicou que a economia nocturna é uma parte importante para a qualquer cidade moderna, e que a ZAPE pode aproveitar as suas vantagens como a localização e recursos para organizar feiras e espectáculos à noite, transformando-se numa zona comercial que funciona 24 horas por dia. Com base neste ponto de vista, o responsável sugeriu ao Governo que reforce os esforços na decoração das ruas, na valorização da paisagem verde, para criar um ambiente mais acolhedor e propenso ao consumo. Wu Tat Chong pediu também autorização para que os comerciantes possam instalar mesas e cadeiras nos passeios. Trabalho | Grupo promete 500 empregos O Grupo de Trabalho para a Coordenação da Promoção do Emprego deixou a promessa, na Assembleia Legislativa (AL), de que vai disponibilizar 500 vagas de emprego nos próximos seis meses. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, estas palavras foram citadas por Zheng Anting, deputado e presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública da AL, depois de uma reunião com responsáveis deste organismo. Zheng Anting disse ainda que o Grupo vai cooperar com o sector financeiro na disponibilização de 200 vagas na segunda metade do ano para jovens licenciados, além de que o mesmo Grupo já facultou 300 vagas que serão distribuídas em sessões de emparelhamento a realizar nas próximas semanas. O deputado citou dados que mostram que, até Abril, Macau possuía 183 mil trabalhadores não residentes, sendo que 82 por cento ocupam cargos não qualificados, com primazia para o sector das limpezas.
ZAPE | DSEDT visita lojas para divulgar apoios a PME Hoje Macau - 18 Jun 2025 No dia seguinte ao anúncio do encerramento de 11 casinos-satélite, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) começou a enviar pessoal para a Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) para falar com os comerciantes cujos negócios sobrevivem nas imediações destes casinos em vias de extinção. As equipas da DSEDT tiraram fotografias com os comerciantes e, “para dar resposta ao possível impacto na economia das zonas circundantes dos casinos-satélite”, divulgaram os vários planos de apoio às pequenas e médias empresas (PME). Entre eles, o Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas, o Plano de Bonificação de Juros de Créditos Bancários, os Planos de Garantia de Créditos Bancários e os Serviços de Apoio à Digitalização de PME. O pessoal da DSEDT prestou esclarecimentos sobre os apoios a empresários que tenham vontade de reestruturação ou reconversão dos seus negócios em estabelecimentos como lojas de roupa e restaurantes. Além de ter aberto uma linha aberta para ajudar os donos de negócios no ZAPE, a DSEDT promete “acelerar a apreciação e aprovação de pedidos, apoiando ainda mais as PME na obtenção de fundo de maneio, aliviando a pressão operacional, apoiando a exploração e o desenvolvimento contínuo das PME e assegurando, ao mesmo tempo, o emprego dos residentes”.
Casinos-satélite | Sands China abre vagas para trabalhadores João Luz - 18 Jun 2025 A Sands China lançou uma campanha de entrevistas de emprego esta semana para trabalhadores dos 11 casinos-satélite que vão fechar. A primeira sessão decorreu ontem no Sands Macao, com outra sessão de entrevistas marcada para hoje. A SJM e a Galaxy também terão iniciativas semelhantes para funcionários dos seus casinos-satélite Respondendo ao repto do Governo para absorver os recursos humanos dos 11 casinos-satélite que vão fechar portas no final deste ano, a Sands China organizou dois dias de entrevistas de emprego para estes trabalhadores. A primeira sessão decorreu ontem e hoje está marcada outra sessão, ambas no Sands Macao. A concessionária partilhou nas redes sociais anúncios para as entrevistas de emprego para cargos relacionados com um programa de clientes membros dos seus resorts integrados. Já aquando do anúncio do encerramento dos casinos-satélite, na semana passada, as concessionárias que detinham as licenças que sustentavam legalmente as operações destes espaços de jogo garantiram que iriam defender os postos de emprego dos residentes. Num comunicado em que a SJM anunciou o encerramento dos seus casinos-satélite, excepto o da Ponte 16 e L’Arc, a operadora afirmou estar “empenhada em salvaguardar o emprego local em Macau”, referindo que “todos os residentes de Macau que trabalham actualmente nos casinos-satélite com encerramento previsto, independentemente de serem empregados directamente pela SJM Resorts ou por seus parceiros terceirizados, receberão ofertas de emprego dentro do portfólio de propriedades da SJM Resorts”. A concessionária garantiu ainda que os funcionários que estão nos seus quadros e que trabalham em casinos-satélite “serão relocados para funções semelhantes relacionadas com o jogo em outros casinos, com base nas necessidades operacionais”. A Melco fez garantias semelhantes, assim como a Galaxy, no dia em que foi anunciada a solução para os casinos-satélite. Os muitos milhares No fim-de-semana passado, o Chefe do Executivo voltou a colocar a responsabilidade sobre o futuro emprego dos funcionários dos casinos-satélite nas concessionárias. Segundo os dados apresentados por Sam Hou Fai, os recursos humanos destes espaços têm cerca de 5.600 funcionários locais, perto de 4.800 são contratados pelas concessionárias de jogo, cabendo também as estas empresas contratar os restantes 800 trabalhadores. Sam Hou Fai garantiu que o Governo irá supervisionar “rigorosamente” as “concessionárias de jogo a fim de assumirem as devidas responsabilidades”. Em simultâneo, a Direcção para os Assuntos Laborais e a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico estão instruídas para acompanharem de perto a situação, tanto ao nível da mão-de-obra dos casinos-satélite, mas também em relação “aos estabelecimentos comerciais nas imediações dos casinos-satélite”.
Macau Investimento | Empresa com lucro de 1,61 milhões em 2024 João Santos Filipe - 18 Jun 2025 As contas da empresa que gere o Parque de Medicina Tradicional Chinesa foram “salvas” no ano passado pelos juros da aplicação do capital acumulado. O lucro contrasta com as perdas de 5 milhões de patacas em 2023 A Macau Investimento e Desenvolvimento, empresa com capitais da RAEM, registou um lucro de 1,61 milhões de patacas no ano passado. Os resultados positivos contrastam com a situação de 2023, quando a empresa teve um prejuízo de 5,08 milhões de patacas. Os dados foram actualizados ontem no portal da Direcção dos Serviços de Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP). A diferença entre o lucro e a despesa tem como grande explicação os ganhos com juros sobre o capital aplicado. Em 2023, a aplicação do capital acumulado tinha gerado 8,72 milhões de patacas, mas no ano passado os juros subiram para 17,77 milhões de patacas, uma diferença de quase 10 milhões de patacas. Ao mesmo tempo, as despesas também cresceram, principalmente ao nível dos salários. Em 2023 a empresa gastou 5,96 milhões de patacas com remunerações, mas o montante cresceu para 6,74 milhões de patacas no ano passado. No total, as despesas correntes aumentaram de 13,81 milhões de patacas para 14,35 milhões de patacas. No ano passado, houve uma outra despesa não recorrente, relacionada com tarocas cambiais, que atingiu 1,82 milhões de patacas. Este aspecto colocou o total das despesas de 2024 em 16,16 milhões de patacas. A Macau Investimento e Desenvolvimento tem como principal função a exploração do Parque de Medicina Tradicional Chinesa, na Ilha da Montanha, e tem como accionistas a RAEM, com uma participação de 94 por cento, o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, com uma participação de 3 por cento, e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), que também tem uma participação de 3 por cento. Ano de novos contratos Em relação às actividades desenvolvidas em 2024, a Macau Investimento e Desenvolvimento revelou que foram assinados 57 contratos novos de arrendamento de espaços no Parque de Medicina Tradicional Chinesa, assim como mais sete contratos de cooperação. Face aos novos contratos, a administração da empresa indica que há um total de 86 empresas de Macau instaladas no Parque de Medicina Tradicional Chinesa, na Ilha da Montanha. A informação oficial indica também que as empresas actuam em áreas como medicina tradicional chinesa, cosmética, produtos de saúde, equipamentos médicos ou biomedicina. A expansão da Medicina Tradicional Chinesa prevê para Macau um papel de plataforma com os países de língua portuguesa, e nestas funções a administração da empresa divulgou que em 2024 auxiliou empresas de Macau e do Interior da China a registarem 13 patentes de medicamentos em Moçambique, 11 patentes no Brasil, sendo que destes 15 medicamentos começaram a ser comercializados a nível mundial. A nível da formação em medicina tradicional chinesa, foi ainda indicado que a empresa contribuiu para a formação de 437 residentes.
Universidade de Pequim | Sam Hou Fai agradece formação de quadros Hoje Macau - 18 Jun 2025 O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, reuniu na segunda-feira com o reitor da Universidade de Pequim, Gong Qihuang, com quem trocou impressões sobre cooperação nos domínios do ensino superior, da investigação académica e da formação de quadros qualificados de alta qualidade. Como não poderia deixar de ser, Sam Hou Fai salientou o seu Governo “está a implementar plenamente o espírito consagrado nos discursos importantes do Presidente Xi Jinping proferidos durante a sua visita a Macau, e a concentrar todos os esforços no impulsionamento da diversificação adequada da economia local e na construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”. O Chefe do Executivo enalteceu a excelência do ensino da instituição, assim como o prestígio internacional e que coloca a Universidade de Pequim entre as melhores do ranking mundial das universidades, e lembrou o número crescente de alunos de Macau que frequentam a instituição. Como tal, o governante agradeceu ao reitor Gong Qihuang o apoio na “formação de quadros qualificados para a RAEM em todas as vertentes na qualidade de suporte ao desenvolvimento da economia local”.
Cancro da mama | Investigação da UM faz “descoberta revolucionária” Andreia Sofia Silva - 18 Jun 2025 Um estudo desenvolvido por uma equipa liderada por dois docentes da Universidade de Macau procura respostas para o combate ao cancro da mama. Os académicos concluíram que as células cancerígenas se disseminam principalmente através do sistema linfático, e não pela corrente sanguínea “O sistema linfático é a via principal para a disseminação e metástase do cancro da mama, revelado pelo rastreamento da linhagem de células únicas” é um artigo científico que procura aumentar o conhecimento que permita encontrar soluções para a doença. O trabalho foi desenvolvido por uma equipa de investigação liderada pela professora catedrática Chuxia Deng e pelo professor assistente Miao Kai da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau (UM) e, segundo uma nota da UM, trata-se de uma “descoberta revolucionária no estudo das metástases do cancro”. Assim, e pela primeira vez, foi feita “uma análise qualitativa e quantitativa das vias das metástases do cancro da mama”, tendo sido aplicado pelos cientistas “um sistema de código de barras baseado numa abordagem de rastreamento de linhagem de células únicas”, chamado CellTag. Com este método, foram obtidos resultados que revelam que “as células cancerígenas se disseminam principalmente através do sistema linfático, e não pela corrente sanguínea”. Além disso, aponta a nota da UM, “a investigação também descobriu que a interacção entre as células tumorais e o microambiente tumoral (TME) determina o potencial metastático das células cancerígenas”, ou seja, se estas poderão, ou não, reproduzir-se com facilidade. Neste sentido, “o estudo demonstra de forma sistemática as vias das metástases tumorais e abre novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias de tratamento do cancro”, é descrito. O artigo foi publicado na revista “Molecular Cancer” e é o resultado de uma investigação realizada por uma vasta equipa, constituída por Kai Miao, Aiping Zhang, Xiaodan Yang, Yipeng Zhang, Anqi Lin, Lijian Wang, Xin Zhang, Heng Sun, Jun Xu, Yuzhao Feng, Fangyuan Shao, Sen Guo, Zhihui Weng, Peng Luo, Xiaoling Xu e Chu-Xia Deng. Destaque para a colaboração de cientistas de outras instituições do ensino superior da região, como Aiping Zhang, da Universidade Hospitalar Hong Kong-Shenzhen, e Jingyao Zhang e Shuai Gao, ligados à China Agricultural University em Pequim. Por sua vez, Dong Wang e Xiao-Yang Zhao estão ligados à School of Basic Medical Sciences, da Southern Medical University, em Guangzhou. Microambiente é factor importante A UM explica, no mesmo comunicado, que o estudo em questão “fornece evidências empíricas para a preferência de rota na metástase do cancro”, demonstrando que as células tumorais estão “pré-programadas” com “informações intrínsecas que determinam o seu potencial metastático”, além de que estas células “adaptam de forma dinâmica a sua expressão genética com base no microambiente dos órgãos-alvo”. Desta forma, “estas descobertas estabelecem as bases para o desenvolvimento de terapias direccionadas à metástase linfática, como a inibição da sinalização de citocinas ou a interrupção da comunicação entre o tumor e o estroma para suprimir a metástase”. Na investigação foi utilizada a “tecnologia de sequenciamento de RNA de célula única”, o que permitiu à equipa “descobrir que células tumorais geneticamente idênticas exibem perfis de expressão genética específicos do órgão”, pelo que o microambiente se revela “fundamental na formação do comportamento das células tumorais”. “Por exemplo, as células metastáticas pulmonares regulam positivamente os genes relacionados com o stress oxidativo, enquanto as células metastáticas hepáticas activam vias reguladoras metabólicas”, é referido. O perigo das metástases A UM destaca que, nas doenças oncológicas, as metástases são a principal causa de morte. Porém, até à data, “os mecanismos que governam a selecção da rota” dessas mesmas metástases permaneciam “obscuros”. “Usando a tecnologia CellTag, a equipa de pesquisa fez o rastreio da disseminação de células de cancro da mama em modelos de camundongos”, tendo descoberto que “menos de 3 por cento das células cancerosas se espalham pela corrente sanguínea, enquanto mais de 80 por cento metastatizam através do sistema linfático para órgãos distantes, como os pulmões e o fígado”. Assim, “uma análise mais aprofundada mostrou que as células disseminadas pela linfa têm padrões de expressão genética distintos e comunicam estreitamente com as células estromais, tais como fibroblastos e células endoteliais, no microambiente, formando um mecanismo adaptativo ‘semente-solo'”. Olhando para o estudo, os autores explicam que a metástase do cancro “é um processo no qual as células tumorais do tumor primário invadem a membrana basal dos vasos sanguíneos ou linfáticos (intravasação), viajam pelo sistema sanguíneo ou linfático e colonizam órgãos e ou tecidos distantes para continuar o seu desenvolvimento”. Vários estudos apontam para o facto de as metástases serem responsáveis por 70 a 90 por cento da mortalidade relacionada com o cancro, sendo que “a disseminação de células tumorais na vasculatura e nos vasos linfáticos ocorre simultaneamente na grande maioria dos cancros”. Estradas de sangue Na discussão dos resultados, os autores do estudo dizem que, em termos gerais, “as células tumorais metastatizam principalmente através da circulação sanguínea e do sistema linfático”, sendo que até à publicação deste trabalho tinham sido realizados “inúmeros estudos para distinguir o papel de ambos os sistemas nas várias fases da metástase do cancro”, sem se saber “qual a via ‘preferida’ para a metástase à distância”. É referido no artigo, citando outros estudos, que as “células cancerígenas entram na corrente sanguínea através da intravasação para se tornarem CTCs [Circulating Tumor Cells – Células Tumorais em Circulação], tendo-se revelado altamente correlacionadas com os resultados de sobrevivência de pacientes com cancro da mama”. Os autores explicam também que “o sistema linfático é considerado crítico para a metástase”, pois “as células de melanoma com experiência no sistema linfático eram mais resistentes à ferroptose e formavam mais metástases”, sendo que nos casos de “ressecção de tumor primário, as células cancerosas podem se disseminar ainda mais dos gânglios linfáticos para os vasos sanguíneos e formar tumores metastáticos nos pulmões”. Até à data, “embora a disseminação metastática fosse viável por ambas as vias, a importância relativa de cada processo para um determinado tipo de cancro e o órgão-alvo era desconhecida devido à falta de ferramentas quantitativas adequadas”, algo a que este estudo, com recurso ao sistema CellTag, pretendeu dar resposta. Assim, “demonstramos que a maioria das células metastáticas do pulmão e do fígado pode ser detectada no sistema linfático, em vez de CTCs [Células Tumorais em Circulação] derivadas do sangue, indicando que os vasos linfáticos podem ser a via preferida para a metástase das células tumorais, pelo menos no cancro da mama”. Os autores prometem não parar por aqui na descoberta do percurso feito pela metástase das células cancerígenas, tendo já realizado “testes preliminares” com algumas células a fim de descobrir a possibilidade de redução “drástica” das células tumorais disseminadas por via linfática. “Continuaremos a trabalhar nisso para aprofundar o mecanismo de disseminação linfática e explorar as interrupções terapêuticas em nossos esforços futuros”, é referido.
Startup brasileira de biotecnologia vence concurso de inovação em Macau Hoje Macau - 17 Jun 2025 A ‘startup’ brasileira de biotecnologia Hilab venceu ontem um concurso de inovação em Macau, no qual foram distinguidas outras seis empresas portuguesas e brasileiras, abrindo as portas a apoios e financiamento e ao mercado chinês, anunciou a organização. A Hilab, com um capital de 200 milhões de patacas, dinheiro angariado de 125 milhões de patacas e à procura de contactos, oportunidades de negócio, de financiamento e de expandir-se na China, foi fundada em 2016. A ‘startup’, que venceu o Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para as Empresas de Tecnologia do Brasil e de Portugal 2025, desenvolveu um dispositivo de diagnóstico portátil que fornece resultados de qualidade laboratorial. De acordo com informação da Hilab, o dispositivo requer “apenas algumas gotas de sangue” e pode “realizar 25 tipos de exames, cobrindo 85 por cento dos diagnósticos médicos mais solicitados”. Actualmente, a empresa actua em 1.700 cidades brasileiras e já realizou mais de três milhões de exames, exportando os produtos para países da América do Sul, além de outras geografias, como Indonésia, Angola, Moçambique e África do Sul. Parabéns ao marketing Também ontem um painel de investidores, académicos e especialistas em finanças seleccionou o projecto brasileiro, Klike.AI LLC, uma plataforma de análise de marketing alimentada por inteligência artificial, e o projecto português OWLplaces, especializado em inteligência artificial e análise de dados geoespaciais, de acordo com a nota da organização. O concurso recebeu 20 candidaturas dos dois países e seleccionou 17 finalistas em áreas como inteligência artificial, biomedicina, dispositivos médicos, NB-IoT (baixa largura de banda para a Internet das Coisas). Os sete projetos premiados receberam prémios monetários, com um valor máximo de 180 mil patacas, e garantiram apoio para facilitar o acesso a financiamento chinês e ao mercado da China, nomeadamente da Grande Baía. O concurso foi organizado pela Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico e Tecnológico do Governo de Macau e realizado pela incubadora Parafuturo de Macau e pelo Centro de Incubação de Jovens Empreendedores de Macau. Os organizadores sublinharam, no comunicado, que os premiados podem participar em intercâmbios, exposições e negociações na China continental, para “promover o desenvolvimento conjunto das indústrias de inovação tecnológica entre a China e os países de língua portuguesa”. Após o concurso, as finalistas foram convidadas a realizar bolsas de contacto com agências de investimento, empresas, universidades e incubadoras das cidades de Xangai e Shenzhen e da província de Jiangsu (este), “para explorar a viabilidade da cooperação entre indústria, ensino superior e investigação e a implementação de projectos”.
Subsídio de nascimento | Aumentos de 940 patacas Hoje Macau - 17 Jun 2025 O subsídio de nascimento dos funcionários públicos vai aumentar para 6.580 patacas, um crescimento de 940 patacas, de acordo com a proposta de alteração do estatuto dos trabalhadores da administração pública de Macau e diplomas conexos que está a ser analisada pela 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. A alteração foi apresentada ontem por Chan Chak Mo, deputado e presidente da comissão, que explicou que com esta proposta o subsídio que actualmente é de 60 pontos, o equivalente a 5.640 patacas, vai subir para 70 pontos, o que representa uma subida de 940 patacas. Citado pelo jornal Ou Mun, o também deputado, apontou que a proposta da lei sugere ainda que os atestados médicos têm de ser emitidos pelos hospitais, centros de saúde, postos de saúde ou entidades médicas com protocolos assinados com os Serviços de Saúde. Chan Chak Mo explicou também que o Governo não vai permitir a apresentação de atestados médicos emitidos por entidades privados, por temer fraudes e pela dificuldade acrescida de supervisão.
UM | Subida de estatuto nos indicadores ESI Hoje Macau - 17 Jun 2025 A Universidade de Macau (UM) acaba de entrar para o grupo das 0,1 por cento melhores instituições de ensino superior do mundo nos indicadores ESI (Essential Science Indicators), em áreas como a Engenharia, Ciências da Computação, Farmacologia e Toxicologia. Segundo uma nota da UM, a instituição de ensino superior pública de Macau “subiu uma posição face à anterior”, tratando-se de uma “conquista que destaca o estatuto de classe mundial das três áreas de investigação da UM”. A entidade explica ainda que a base de dados dos indicadores ESI “classifica as instituições com base na frequência de citação dos seus artigos e inclui apenas 1 por cento dos artigos mais citados nos últimos 10 anos”, sendo que “actualmente, a UM está incluída na base de dados ESI em 15 áreas de investigação, com engenharia, ciência da computação e farmacologia e toxicologia classificadas entre os 0,1 por cento melhores do mundo”. Além disso, “no campo da ciência da computação a UM fez progressos notáveis nos últimos anos”, pois não só “subiu para o top 0,1 por cento no ESI” como está “classificada em 101.º lugar no ranking das melhores universidades globais de ciência da computação da US News & World Report de 2024-2025”.
Agência da ONU alerta para riscos de fugas radioactivas no conflito entre Israel e Irão Hoje Macau - 17 Jun 2025 O director da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou ontem para o risco de fugas radioactivas devido aos ataques israelitas contra instalações nucleares iranianas e ofereceu-se para se deslocar à região. Apesar do alerta, a AIEA assegurou que não detectou quaisquer fugas radioactivas desde que Israel lançou a ofensiva contra o Irão, na sexta-feira. Grossi informou ontem o Conselho de Governadores da AIEA de que a agência da ONU com sede em Viena acompanha a situação de perto desde o início do conflito. Disse que o centro de crise da AIEA está a trabalhar 24 horas por dia para avaliar o nível de radiação nas principais instalações iranianas. O objectivo é poder responder a uma eventual emergência no prazo máximo de uma hora, explicou, de acordo com a agência de notícias espanhola Europa Press. “A escalada militar ameaça vidas, aumenta a possibilidade de uma fuga radiológica com consequências graves para a população e o ambiente e atrasa o trabalho indispensável para uma solução diplomática que garanta a longo prazo que o Irão não obtenha uma arma nuclear”, afirmou. Contenção máxima Na intervenção perante o Conselho de Governadores da AIEA, o diplomata argentino à frente da agência desde Dezembro de 2019 apelou também para a “máxima contenção” de “todas as partes”. Apelou ainda a todos os países membros da AIEA para colaborarem numa aproximação entre as partes. Disse estar pronto para “viajar o mais rapidamente possível para avaliar a situação e garantir a segurança e a não-proliferação” no Irão. Sobre a situação dos últimos dias, marcada por “circunstâncias complicadas e complexas”, Grossi elogiou a troca de informações entre a AIEA e as autoridades iranianas. A troca de informações é fundamental que a comunidade internacional esteja a par do que se passa no terreno e possa prestar “assistência sanitária” em caso de emergência, afirmou. Grossi prometeu que a AIEA “não vai ficar à margem” do conflito, o segundo em três anos entre dois países membros da organização que possuem instalações nucleares, como acontece desde 2022 no caso da Rússia e da Ucrânia.
Michael Hui (II) David Chan - 17 Jun 2025 A semana passada, analisámos os factores determinantes no sucesso dos filmes de Michael Koon-Man’s (許冠文). Michael tem sido uma estrela do cinema dos últimos 50 anos. desde 1977. Uma pessoa que dedica 50 anos a uma carreira, demonstra dedicação, entusiasmo e reconhecimento pela sua profissão. Michael também compreende a diferença entre o pensamento da geração mais antiga e da geração mais recente e usou esse conhecimento para divertir as audiências. O diálogo sobre o amor no “Talk Show 2005″ é disso um exemplo. Hoje, vamos continuar a explorar os factores do sucesso dos filmes de Michael Koon-Man. Depois da cerimónia de entrega do seu doutoramento honoris causa, Michael aceitou dar uma entrevista. Assinalou que tinha estudado sociologia na universidade, o que lhe permitiu compreender mais profundamente a influência que os filmes têm nos espectadores. Os bons filmes são uma boa influência e esta é a responsabilidade social do cinema. Os filmes têm de ter uma influência benéfica na sociedade. Como trabalhador da indústria cinematográfica acredita que as películas não servem só para o beneficiar financeiramente, mas também para favorecer a sociedade. Como é que ele podia não se sair bem? Se uma pessoa quiser obter sucesso na sua profissão é indispensável que tenha visão. Michael dá o exemplo de uma refeição para ilustrar o mercado do cinema actual em Hong Kong. Se um restaurante servir uma óptima refeição, as pessoas da cidade gastam de boa vontade o seu dinheiro para a saborear; da mesma forma, gastam o seu dinheiro para ver um bom filme e, este último,”The Last Dance”, é certamente um bom exemplo. Mas se o filme tiver um travo vulgar, as audiências não vão gastar o seu dinheiro para o ver. Como é que se faz um bom filme? Uma das chaves para o sucesso é a descoberta de novos temas. É necessário ter coragem para optar por tratar um assunto que nunca foi abordado e transformá-lo no argumento de um filme. O tema de “The Last Dance ” é um funeral. Uma mãe que perdeu o filho acredita que ele pode ser ressuscitado e contrata um agente funerário para embrulhar o corpo e escondê-lo na morgue. Este comportamento leva as pessoas a pensar que esta mãe está louca de dor pela perda do filho, mas também mostra às audiências que ela está a violar as tradições chinesas; que defendem que as pessoas devem ser enterradas em paz. Num outro momento do filme, o agente funerário que preside à cerimónia distribui pelos familiares e amigos presentes, bonecos feitos à semelhança do falecido e miniaturas dos carros desportivos da sua preferência, para aliviar a atmosfera pesada do funeral. Poucos filmes até à data abordaram este tema, o que faz com que seja uma novidade. O protagonista “Hello Man” (Hello文) de “The Last Dance” é uma personagem irritante, mas Michael afirmou sem rodeios que a personagem faz as pessoas terem saudades da geração anterior, especialmente da figura do “pai” chinês tradicional. Hello Man é um taoísta (道教傳人) e ensinou ao filho todas as práticas e rituais taoístas (道家) que devem ser realizadas num funeral. O filho disfarçou a sua relutância de seguir as pisadas do pai e vir a tornar-se um monge taoísta (道士), mas porque o seu filho (o neto de Hello Man) queria frequentar uma escola católica, foi baptizado e tornou-se católico. Depois disso, deixou Hello Man, que tinha ficado paralisado devido a um AVC em Hong Kong e emigrou para a Austrália com a família, pedindo à irmã que tomasse conta do pai sozinha. No filme, Hello Man representa a antiga geração que valorizava mais os filhos do que as filhas e que não aceita religiões oriundas de fora da China. Esta é uma mentalidade que a nova geração não aceita. O argumento do filme ilustra o conflito entre duas gerações de forma simples e fácil de compreender, conquistando assim o reconhecimento de todos e indo ao encontro das várias sensibilidades das audiências. As audiências só podem ser atraídas por filmes com prestígio e nos quais se reconheçam. Só os filmes que tenham sucesso em Hong Kong têm oportunidade de chegar ao mercado internacional e só então o mundo poderá ver o cinema que é feito em Hong Kong. Na próxima semana, vamos continuar a analisar os elementos que determinaram o sucesso dos filmes de Michael Koon-Man. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo
Fundação Oriente inicia ciclo documental asiático sobre Goa Hoje Macau - 17 Jun 2025 A Fundação Oriente (FO), em Lisboa, inicia esta sexta-feira um ciclo de cinema documental intitulado “Goa em Foco – Vozes e Visões Documentais”; entre os dias 4 e 11 de Julho; 5 e 12 de Setembro e depois entre 3 e 10 de Outubro, sempre a partir das 18h. Segundo o programa oficial, o ciclo centra-se “na produção de realizadores e produtores goeses e revela a diversidade cultural, social e histórica deste território”. Além disso, “a par da exibição de filmes, o ciclo promove debates com cineastas e especialistas, afirmando o papel do documentário na resistência ao esquecimento e valorização das identidades plurais que definem Goa”. O “Goa em Foco” pretende afirmar-se “como uma mostra relevante ao panorama do cinema documental, ao concentrar-se na produção de realizadores e produtores goeses e, assim, relevar a diversidade cultural, social e histórica deste território”. “Através das narrativas visuais densas e multifacetadas, a selecção de documentários propõe uma viagem pelas memórias históricas de Goa, mas também pelo pulsar contemporâneo da sua sociedade, capturando o quotidiano, o sentido de pertença e as profundas transformações sociais e políticas que marcaram as últimas décadas”, lê-se ainda no programa. A voz de Aquino O filme exibido esta sexta-feira, “Enviado Especial”, da autoria de Nalini Elvino de Sousa foi realizado em 2018. Trata-se de um projecto que retrata a história de Aquino de Bragança, um intelectual e jornalista indiano que teve como objectivo de vida lutar contra o colonialismo e ajudar Goa e todos os países africanos a obter a independência e a paz. É também a história da sua amizade com Samora Machel, que foi tragicamente selada por um acidente de avião, a 19 de Outubro de 1986, onde ambos perderam a vida. No dia 4 de Julho apresenta-se “As Maçãs Azuis”, de Ricardo Leite; “A Dama de Chandor”, de Catarina Mourão, chega a 11 de Julho; enquanto “I Am Nothing, Vamona Navelcar”, de Ronak Kamat, exibe-se no dia 5 de Setembro. O cartaz prossegue com “Saxtticho Koddo: O Celeiro de Salcete”, de Vince Costa, exibido a 12 de Setembro; “A Delicate Weave”, de Anjali Monteiro e K.P. Jayasankar, marcado para 3 de Outubro; e ainda “Outra Goa”, filme do ano passado da autoria de Rosa Maria Perez, exibido a 10 de Outubro. Este documentário, da RTP2, “revela uma Goa desconhecida”. “Goa tem sido objecto de interesse privilegiado pelas ciências sociais e pelas humanidades, pelo cinema (particularmente de Bollywood) e pela literatura. As representações sobre este estado da Índia têm, todavia, adoptado uma perspectiva dominantemente lusocêntrica: a ideia de que Goa é maioritariamente católica, de língua e cultura portuguesas e, nesta medida, um prolongamento de Portugal na Índia”, explica o programa. Porém, “a Goa contemporânea força-nos, todavia, a um redimensionamento permanente de expectativas criadas pelos textos, pelos media e outros, e convida-nos a aceitar que, como Embree disse uma vez sobre a Índia, ela é uma cultura em formação onde as relações entre indivíduos e grupos são moldadas numa atmosfera social singularíssima”, lê-se ainda.
Fotografia | Imagens de Jorge Veiga Alves celebram Macau em Lisboa Andreia Sofia Silva - 17 Jun 2025 A Casa de Macau em Lisboa apresenta, na próxima segunda-feira, 23, o projecto fotográfico “À Procura de Macau”, da autoria de Jorge Veiga Alves, ex-residente de Macau e fotógrafo amador. O principal objectivo deste evento é celebrar o Dia de Macau e das Casas de Macau, data marcada no calendário a 24 de Junho Junho é o mês de celebrar Macau e o seu santo padroeiro, São João Baptista, nomeadamente no dia 24 de Junho, conhecido como o Dia da Cidade, em comemoração da vitória sobre os holandeses em 1622, na Batalha de Macau. É assim, num mês já com muito calor e pautado pelos Santos Populares que se celebra a tradição e a história de Macau, algo também feito, este ano, pela Casa de Macau em Lisboa, desta vez com recurso à fotografia. Assim, apresenta-se, na próxima segunda-feira, 23, o fotoprojecto da autoria de Jorge Veiga Alves, ex-residente do território e fotógrafo, intitulado “À Procura de Macau”. A partir das 16h30 podem ver-se imagens da Macau de um outro tempo. Segundo uma nota da Casa de Macau, trata-se de um evento que “simboliza a data festiva do dia de Macau e das Casas de Macau (24 de Junho)”, podendo o público participante ver “o trabalho foto-artístico das imagens e sensações capturadas ao longo de décadas distintas de pré e pós transição, recuperando memórias ao mesmo tempo que nos vai oferecendo a exaltação de uma Macau sempre presente em nós”. A apresentação digital de fotografias feitas em Macau percorre os anos de 1986-1994, 2005-2016 e 2024, tendo sido apresentada no Centro UNESCO de Macau da Fundação Macau e na Fundação Rui Cunha. As imagens serão apresentadas em 190 slides, e pretende-se dar respostas às questões “como era Macau no final da década de 80-princípios da década de 90” e ainda “como evoluiu ao longo do tempo aos olhos de um português curioso em tentar conhecer a cultura chinesa, as marcas portuguesas em Macau e a interacção entre as duas comunidades”. Desta forma, o público poderá ver o contraste entre o analógico e o digital, pois as fotografias feitas no período 1986-1994 foram captadas em modo analógico, tendo sido digitalizadas e alvo de alguma recuperação e tratamento em pós-produção digital. As imagens mais actuais foram já todas feitas no formato digital. Jorge Veiga Alves confessou: “Ao longo dos anos procurei evoluir na minha técnica fotográfica, todavia, algo tem permanecido constante: a admiração e afecto pela singular História de Macau e do que foi produzido nesse percurso, pela sua riquíssima cultura multifacetada e de convivência multisseculares, pelas suas gentes e locais”. Economista criativo Apesar de ser licenciado em Economia, Jorge Veiga Alves sempre teve uma grande paixão pela imagem. Exerceu grande parte do tempo da sua actividade profissional no Banco de Portugal, mas durante oito anos (de 1986 a 1994) esteve requisitado pelo Governo de Macau para trabalhar na AMCM – Autoridade Monetária e Cambial de Macau. Fotógrafo amador que entrou, no início da década de 70, no maravilhoso mundo da fotografia através do modo analógico, fez fotografia submarina e foi totalmente conquistado pelo modo digital. Participou em exposições e apresentações audiovisuais de fotografia colectivas e individuais. Em 2017, realizou uma apresentação digital de fotografias na Casa de Macau em Portugal com o título “Macau: Um Olhar de Jorge Veiga Alves”. Criou o projecto “À Procura de Macau /Searching for Macau” que abrange a recuperação, divulgação e disponibilização de imagens em fotografia e vídeo que fez em Macau quando aí residiu e quando revisitou. Este projecto foi concretizado na realização de diversas iniciativas, nomeadamente, exposições e apresentações digitais de fotografias e a disponibilização de imagens a diversas instituições em Portugal e em Macau com o objectivo de preservação de memórias e utilização e divulgação com fins científicos e culturais sem fins lucrativos. Grande parte do seu espólio de imagens feitas em Macau está depositado na Biblioteca digital do CCCM – Centro Científico e Cultural de Macau. Diversas fotografias da sua autoria estão presentes em sítios e instituições nacionais e internacionais, nomeadamente no sítio “Memória de Macau” da Fundação Macau, no Arquivo de Macau e no Museu de Arte de Macau. Algumas fotografias foram distinguidas em concursos nacionais e internacionais.
América Latina | Pequim exige que EUA deixem de interferir nos assuntos internos Hoje Macau - 17 Jun 2025 A China exigiu ontem aos Estados Unidos que deixem “de interferir nos assuntos internos de outros países”, após a embaixada norte-americana no Panamá anunciar que vai substituir 13 equipamentos de telecomunicações da empresa chinesa Huawei naquele país. “O Governo dos Estados Unidos tem há muito tempo conduzido vigilância e ciberataques na América Latina e Caraíbas, o que teve um impacto negativo no hemisfério ocidental e gerou insegurança nos países do continente americano”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, em conferência de imprensa. Guo salientou que “a China sempre apoiou os países da América Latina e Caraíbas, incluindo o Panamá, defende a independência e opõe-se à hegemonia, intimidação e ingerência externa”. “Pequim nunca procurou esferas de influência, nem se envolveu em competições geopolíticas, nem coagiu outros países a tomarem partido”, afirmou, acrescentando que a América Latina “não é o quintal de ninguém”. O porta-voz pediu ainda a Washington para “deixar de politizar os assuntos económicos, comerciais e tecnológicos, de interferir nos assuntos internos de outros países e de minar a sua soberania e independência”. As declarações do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China surgem depois de o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, ter exigido na semana passada aos Estados Unidos “respeito” e que se abstenham de arrastar o país para o “conflito geopolítico” entre Washington e Pequim. A reação do chefe de Estado panamiano seguiu-se ao anúncio feito pela embaixada norte-americana no Panamá, que declarou que o Governo liderado por Donald Trump substituirá, “por tecnologia norte-americana segura”, 13 equipamentos da Huawei no âmbito de uma campanha para “contrariar a influência maligna da China” na região.
Ásia Central | China defende projectos conjuntos Hoje Macau - 17 Jun 2025 Pequim defendeu ontem projectos conjuntos com os cinco países da Ásia Central para promover o desenvolvimento e beneficiar a população local, antes da realização da Cimeira China – Ásia Central, esta semana, em Astana. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun revelou ontem, em conferência de imprensa, que o volume comercial entre a China e os cinco países da região – Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Turquemenistão -, cresceu 116 por cento, entre 2013 e 2024. Guo afirmou que projectos de infraestrutura de transporte, como a ligação ferroviária China – Tajiquistão ou a auto-estrada China – Quirguistão – Uzbequistão, “elevaram a conectividade regional a um novo nível”. “A economia digital e a transformação verde ampliaram novas áreas de cooperação pragmática entre ambas as partes”, acrescentou o porta-voz, ao mesmo tempo que os intercâmbios culturais e pessoais entre a China e os países da Ásia Central “ganharam impulso” nos últimos tempos. Segundo Guo, uma série de planos para a cooperação futura entre a China e a Ásia Central serão elaborados em conjunto durante a cimeira, que se realiza em Astana desde ontem até quarta-feira, um evento que conta com a presença do Presidente chinês, Xi Jinping. Nos últimos anos, a China fortaleceu os seus laços com a Ásia Central, uma região vasta e rica em recursos que Pequim considera crucial para a expansão das suas rotas comerciais e segurança energética, bem como para manter a estabilidade na região ocidental de Xinjiang, onde vivem numerosas minorias étnicas de religião muçulmana.
Acidente | Busca por vítimas após explosão em fábrica de fogos-de-artifício Hoje Macau - 17 Jun 2025 Uma explosão abalou ontem uma fábrica de fogos-de-artifício na cidade de Changde, na província central chinesa de Hunan, anunciaram as autoridades locais, indicando que o número de eventuais vítimas ainda está a ser verificado. O incidente ocorreu pelas 08:23, na fábrica Shanzhou, localizada na aldeia homónima, no concelho de Linli, segundo o jornal local The Paper. Equipas de emergência, bombeiros, pessoal médico e forças de segurança deslocaram-se de imediato para o local, onde prosseguem os trabalhos de resgate. De acordo com o Gabinete de Gestão de Emergências local, “o número de vítimas ainda está em processo de verificação”, enquanto decorre a investigação para apurar as causas do acidente. As autoridades referiram que estão a ser tomadas “medidas de resposta de forma ordenada”. Nas redes sociais chinesas foram divulgados vídeos que mostram uma densa coluna de fumo a sair da fábrica, ilustrando a dimensão da explosão. Os fogos-de-artifício e os foguetes são muito populares no país asiático em diversas celebrações, embora as autoridades locais tenham tentado limitar o seu uso nos últimos anos, para reduzir a poluição e os riscos de segurança.
Irão/Israel | China apela a criação de condições para diálogo Hoje Macau - 17 Jun 2025 Na sequência dos ataques israelitas ao Irão, mais de 240 pessoas já perderam a vida. Pequim pede que seja aberto o caminho do diálogo antes que o conflito continue a escalar e traga ainda mais caos à região A China defendeu ontem que se criem “condições para retomar o caminho certo do diálogo” entre Irão e Israel, na sequência dos ataques dos últimos dias, que causaram mais de 20 mortos israelitas e mais de 220 iranianos. “Estamos profundamente preocupados com os ataques israelitas contra o Irão e com a súbita escalada do conflito militar”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, em conferência de imprensa. Guo apelou a todas as partes para que “tomem medidas imediatas para aliviar as tensões e evitem que a região mergulhe numa agitação ainda maior”, defendendo que “a força não pode trazer uma paz duradoura”. “O aprofundamento ou eventual alastramento do conflito entre Israel e o Irão terá como primeiras vítimas os países do Médio Oriente”, alertou, acrescentando que a China continuará a “manter a comunicação com as partes relevantes e a promover a paz e o diálogo”. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, manteve conversações com os seus homólogos do Irão e de Israel, nas quais condenou o ataque aéreo israelita em território iraniano, que classificou como “violação do direito internacional” com potencial para desencadear “consequências desastrosas”. Wang reiterou, em ambas as chamadas, a oposição da China ao uso da força, defendeu a via diplomática como única solução para a questão nuclear iraniana e voltou a oferecer a mediação de Pequim para evitar uma maior desestabilização no Médio Oriente. Alvos definidos Entre os mortos do lado iraniano, contam-se pelo menos oito oficiais superiores, incluindo o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Mohamad Hossein Baqari, o comandante-chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, e o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, general Amir Ali Hajizadeh. Os ataques israelitas, efectuados por 200 aviões contra uma centena de alvos, atingiram sobretudo Teerão (norte), as centrais de enriquecimento de urânio de Fordow e Natanz (centro), o aeroporto nacional de Mehrabad e várias bases militares. O Irão retaliou com centenas de mísseis direccionados às cidades de Telavive e Jerusalém. O conflito já fez dezenas de mortos e centenas de feridos de ambos os lados.
Ainda Camões: Biografia imaginada (con)sentida Ana Cristina Alves - 17 Jun 2025 Investigadora auxiliar e Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM Junho de 2025 Muito se tem escrito sobre Luís Vaz de Camões no seu quinto centenário, celebrado ao longo destes dois últimos anos, dado o ponto de interrogação, subsistente relativo à data exata do seu nascimento, 1524, 1525 ou sempre renascente? É no movimento perpétuo do seu eterno renascimento que o presente artigo se enquadra, desta feita na busca da biografia recriada a partir de poetas contemporâneos, leia-se nados e criados nos séculos XX e XXI, que estiveram, passaram ou simplesmente pernoitaram em sonhos em Macau. Alguns deles identificaram-se com o poeta nacional, outros dialogaram, distanciaram-se ou, simplesmente, o silenciaram. Diálogos Entre os que dialogaram com Camões, encontra-se Cecília Jorge1, que na obra dedicada ao escritor João Aguiar, com prefácio da Professora Vera Borges, medita e recria a identidade macaense, apresentando a valiosa perspetiva de filha da terra, na qual procura fornecer um olhar realista sobre o que é “ser macaense”, desconstruindo mitos. Já o antepassado português é apresentado na sua versão menos romantizada, no poema “Mestiçagem”, como “corsário, reinol, aventureiro”, na esteira da tradição cultural de Fernão Mendes Pinto. Assim sendo, é natural que Camões surja não no espaço solar do enaltecimento e mais no de diálogo, na sombra da desmistificação de uma ideia muito cara a uma certa intelectualidade macaense e portuguesa, a da “lusitanidade”, que remonta culturalmente ao poema épico Os Lusíadas e aos seus maravilhosos heróis a contracenarem com ilustres divindades do mundo greco-latino. Em “Fazendo de conta…” (sem esquecer as reticências), afirma o eu poético na última quadra do poema: Pés de barro da lusitanidade caravelas de vela solta que se vão rasgando no retorno à pátria (Jorge, 2021, 33) Ainda assim é a figura de Camões quem dá força ao poema, mesmo com uma “lusitanidade de pés de barro”, pois, numa leitura possível, enquanto as caravelas (ou naus) se mantiverem no mar, há um destino a cumprir, com pés de “carne e osso”, ou melhor dizendo, com pés íntegros; o espaço problemático parece surgir quando se dá o regresso que afasta os aventureiros da sua predestinada aventura marítima. Discute-se o ideário camoniano, talvez, para o melhor defender. António Duarte Mil-Homens2 será um poeta português, desta vez em diálogo aberto com Camões na sua obra Poemografia, no poema, sem título, iniciado pelo verso “Há uma gruta”: Há uma gruta No meu peito E não é a da Camões. Estrofes de sofrimento, Karma de outras vidas, Eco doutros poemas, Estoiro doutros panchões. Senda de muitas vindas, Rasgo de muitas idas, Sede da mesma fonte, Falha de outras paixões. (Mil-Homens, 2019, 16) Há uma nítida identificação existencial do eu poético de Mil-Homens com o poeta quinhentista, muito embora a gruta não seja a mesma, porque eles concretamente não são a mesma carne, é, no entanto, idêntico o espaço poético em que habitam, um e outro, tecido a sofrimento, alimentado por um movimento constante entre cá e lá, em que se imagina ambos a pararem apenas para irem beber à fonte inspiradora e alimentadora das mesmas paixões. Mitos e Imagens Camões é fonte inesgotável de mitos, não apenas pelo seu percurso existencial, mas ainda pela epopeia poética em torno da qual se desenvolveu, desde a sua morte aos nossos dias, uma imagem nacional que contribuiu para a criação de um imaginário coletivo e de uma filosofia portuguesa em torno dos heróis nacionais, os lusitanos e a lusitanidade. Os ilustres descendentes dos lusitanos são um povo de aventureiros e poetas, todos eles gente ligada ao mar, onde vão buscar a sua maior inspiração. Assim somos apresentados e vistos pelas lentes de descendentes, que se estendem de Portugal ao Oriente, passando naturalmente pelo Brasil. Leem-se os versos de “Taprobana Blues” de Ricardo Portugal3 em De Passagens, com os quais muitos portugueses instintivamente se identificam, simpatizam ou, mesmo quando se distanciam, não são capazes de se manter indiferentes: Mundo redondo o nome do pai Que soe a Camões, curto e grosso (…) Todo marinheiro busca o porto, todo poeta é marinheiro. Português o mar oceano que o porto abre pelas cristas de outro mar escrito, mal sagrado pelo fio da poesia, texto de outros textos, um país, mar morto sem bíblia. Todo o português é mal nascido, todo o poeta é português. (Portugal, 2004, 55) O apelo romântico do mar é mais forte nestes versos que cruzam marinheiros e poetas, ligando o mar indissoluvelmente a Portugal, “Português o mar oceano”, como um outro poeta maior, Fernando Pessoa4, já o dissera em “Mar Português”, vertido em sal, tanta lágrima de Portugal: Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! (Pessoa, 1986, 86) É claro que “valeu a pena”, até pelos mitos que tem vindo a acalentar sobre esta alma portuguesa, recriada literariamente até ao presente. O mar dos poetas, ou talvez o mar inspirado no Poeta Nacional, mas também o dos espíritos amorosos, onde mais uma vez Camões surge em lugar cimeiro. Este será aqui trazido pela pena de António Manuel Couto Viana5 no livro Até o Longínquo China Navegou… no longo drama em verso “Camões e Dinamene, Argumento para um Bailado”, no qual se narra o triste naufrágio de Camões e a sua história de amor com “Dinamene”6 . Couto Viana nada olvida, nem mesmo os versos poéticos do Poeta Nacional, que introduz no “argumento poético”. A reter a referência explícita a Os Lusíadas, que imbrinca na trama, a fim de explicar que a amada de Camões faleceu, mas o destino tinha outras contas para ele: Há-de o poeta terminar o canto. Se o não termina, Portugal é mudo. E Deus deseja que esta pátria seja A palavra do mundo. E Os Lusíadas São a fonte e a raiz dessa palavra. (Viana, 1991,84) Certas imagens podem ser discutidas por alguns intelectuais, mas ficarão para sempre ligadas a Macau, como a de Camões ter estado no Território, sendo estreitamente relacionado a um jardim, homónimo, no qual figura um busto seu e a primeira, segunda e terceira estâncias do Canto I de Os Lusíadas gravadas no pedestal. António Bondoso7 na obra Em Macau por acaso (1999) dedica-lhe o poema “Jardim de Camões”, contribuindo, com tantos outros poetas, incluindo os citados neste texto, para o consolidar da ligação da imagem cultural do Poeta Nacional a Macau, num poema de certeira simplicidade: No jardim há flores e pedras com história. E a sombra do busto do poeta recortada na laje húmida do tempo eterniza séculos de palavras! (Bondoso, 1999, 41) Camões na China e, especificamente, a sua morada de pedra em Macau são ainda cantados por José Augusto Seabra em “Da Gruta”, por José Valle de Figueiredo “na Gruta de Camões”, ou por Josué da Silva8 em “Camões a Oriente triste”, deste se traz a última estrofe: Por fim aqui me encontro Insigne Varão nesta gruta tão triste e tão sombria, tentando nela haurir toda a paixão que obriga com que desta pedra fria, se oiça o palpitar de um coração que fez de Portugal, a alma da Poesia. (Kelen e Han, 2009, 305) Mitos e diálogos, à parte, ou mitos e diálogos incluídos, a verdade é que ainda hoje os portugueses, errantes e migrantes, com mais ou menos portugalidade embutida, arrastam a tristeza, partilhando-a com Camões, alguns bem contrafeitos, devido à esperança de melhor e maior destino, aquele que só pode ser encontrado na “alma da Poesia”, com Josué Silva, ou “pátria da língua portuguesa” com Pessoa/Bernardo Soares . Este espaço conta com a colaboração do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, sendo as opiniões expressas no artigo da inteira responsabilidade dos autores” https://www.cccm.gov.pt Referências Bibliográficas Bondoso, António. 1999. Em Macau por acaso. Macau: Edição de autor com o patrocínio do Gabinete do Secretário Adjunto para a Comunicação, Turismo e Cultura e Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau. Jorge, Cecília. 2021. Poemas para Macau. (2ªed.). Macau: Livros do Oriente. Kelen, Kit, Lili Han. 2009. Poetas Portugueses de Macau. Portuguese Poets of Macau. Macau: ASM-Association of Stories in Macau. Mil-Homens, António Duarte. 2019. Poemografia de Macau. Macau: Instituto Cultural da Região Administrativa Especial de Macau. Pessoa, Fernando. “Mar Português”, in Mensagem. Blog Mar Português – Fernando Pessoa. Organização Internacional Nova Acrópole, Brasil. https://nova-acropole.org.br/blog/mar-portugues-fernando-pessoa/ Pessoa, Fernando. 1986. Mensagem. Tradução de Jin Guo Ping. Macau: Instituto cultural de Macau. Portugal, Ricardo. 2004. Depassagens. Porto Alegre: Ameop – ame o poema editora. Viana, António Manuel Couto. 1991. Até ao Longínquo China Navegou…Macau: Instituto Cultural de Macau. Informações adicionais: Cecília Jorge é natural de Macau, oriunda de uma ilustre família macaense. Veio a Portugal cursar Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa na década de 70 do século XX. A partir de 1973, dedica-se ao jornalismo. Nos anos 80, desenvolveu atividade cultural através do Instituto Cultural de Macau e da Direção dos Serviços de Assuntos Chineses. Em 1990, passa a desenvolver atividade editorial, fundando com Rogério Beltrão Coelho, consorte, a editora Livros do Oriente. Na sua obra, tem aprofundado, sob diversos ângulos, a identidade cultural macaense, atenta às influências das matrizes culturais portuguesa e chinesa, como o testemunham quer os trabalhos publicados em revistas, por exemplo, a Revista Macau, quer os livros que nos tem vindo a legar como autora, onde aborda temáticas relativas à sociedade e cultura macaenses. Do seu labor poético, destaca-se a obra Poemas para Macau. António Duarte Mil-Homens nasceu em Lisboa a 9 de outubro de 1049. Fotógrafo desde 1974, profissionalizou-se em 1984. Realiza desde 1989 cursos e workshops de fotografia, tendo participado em cerca de meia centena de exposições, individuais e coletivas, de fotografia e arte. Distingue-se também na atividade poética, quer em coletâneas, quer em obras individuais, destas últimas se referem Vida ou Morte duma Esperança Anunciada (2010), Universália (2019) e Poemografia de Macau (2019). Ricardo Portugal nasceu em 1962 em Porto Alegre, a 28 de fevereiro. É licenciado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo diplomata. Foi professor de literatura brasileira e língua portuguesa, bem como, em Porto Alegre, organizador de atividades culturais na área de literatura, na Secretaria Municipal de Cultura. Participou em diversas atividades de divulgação de poesia, como recitais, espetáculos, publicação em periódicos e antologias de poesia. Aqui se destaca Depassagens, texto poético individual publicado em 2004. Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888, viveu na África do Sul, tendo frequentado a Universidade do Cabo. Aí se distinguiu como aluno, tendo sido premiado com o “Queen Victoria Memorial Prize”. Em 1905, regressou a Portugal para não mais voltar a sair do país, onde subsistiu penosa e solitariamente como correspondente estrangeiro, empregado de escritório e tradutor, colaborando esporadicamente em jornais. Da sua vasta obra poética, homónima e heterónima, apenas deixou publicada em vida a Mensagem. António Manuel Couto Viana nasceu em 1923 em Viana do Castelo. Foi poeta, dramaturgo, ensaísta, memoralista e autor de literatura infantil. Foi também ator, encenador e empresário teatral, tendo dirigido a Companhia de Teatro Gerifalto e a Companhia Nacional de Teatro. Dedicou-se ainda ao teatro experimental, tendo sido ator, cenógrafo e encenador do Teatro-Estúdio do Salitre. Publicou, além de 40 títulos de diversos géneros literários, 25 obras em poesia, traduzidas em espanhol, inglês e chinês, das quais aqui se distinguem “No Oriente do Oriente” e “Até o Longínquo China Navegou…” Dinamene pode ser uma forma aportuguesa de referir um nome chinês “Dina Mei”, que talvez possa ser traduzido por “Menina Dina”. António Bondoso nasceu em Moimenta da Beira em 1950. Andou pelo espaço das antigas colónias portuguesas. Primeiro esteve em S. Tomé, onde cresceu, estudou e casou. Aí se profissionalizou na Rádio e também cumpriu serviço militar, que o levou a Nova Lisboa, em Angola. De regresso a Portugal em outubro de 1974, continuou ligado à rádio, primeiro na Emissora Nacional em Lisboa, depois no Emissor Regional do Norte, no Porto. Dedicou muita da sua atenção à área de formação, tendo participado no Centro de Formação de Jornalistas do Porto e na Fundação da Escola Superior de Jornalistas do Porto. Foi para Macau em 1994, tendo sido Chefe de Redação da TDM (Teledifusão de Macau), onde realizou uma série 31 Programas (Macau – O Oriente da História) para assinalar a Transferência da Administração Portuguesa de Macau para a RPC, em 1999. Possui mais de doze títulos publicados, dos quais se distingue aqui na poesia Em Macau por Acaso (1999). Josué da Silva nasceu em 1930. Foi jornalista, tendo iniciado a sua carreira no Diário de Lourenço Marques em 1955, em Moçambique. Colaborou depois com vários jornais portugueses como o Século, semanário Actualidades, Jornal do Fundão, entre outros. Enquanto escritor, foi colaborador do jornal Artes e Letras e dos suplementos literários do Diário de Lisboa e de A Capital. A sua primeira experiência poética data de 1963, Cadernos da Montanha. Passou a residir em Macau desde 1990, tendo publicado, entre outras obras, a novela Amor Oriente, em 1993.
Sequestro | Anunciada detenção de três pessoas Hoje Macau - 17 Jun 2025 Três membros de um grupo de troca ilegal de dinheiro foram detidos pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), depois de terem sequestrado duas pessoas. O caso foi relatado ontem pelas autoridades e citado pelo jornal Ou Mun. Segundo a informação divulgada, na origem do crime esteve uma troca de dinheiro ilegal que correu mal entre dois grupos. Num primeiro momento, o grupo com três membros concordou trocar dinheiro com um outro grupo. Os três membros ficaram assim de receber uma transferência bancária numa conta do Interior. Contudo, o outro grupo utilizou dinheiro com origem desconhecida nessa transferência bancária, o que levou a que os fundos fossem congelados, resultando numa perda de 94,5 mil renminbis para os três detidos. Insatisfeito, o grupo dos três detidos combinou uma nova troca de dinheiro, mas presencial. Assim que o outro grupo enviou duas pessoas para um quarto de hotel, onde a troca devia acontecer, os três detidos partiram para a violência e para o sequestro. Quando os sequestrados tiveram oportunidade de contactar o grupo a que pertenciam, inicialmente para pedir a devolução de 94,5 mil renminbis, aproveitaram a oportunidade para pedir auxílio. Por sua vez, o grupo dos sequestrados contactou as autoridades. Segundo a investigação da Polícia Judiciária (PJ), os suspeitos começaram a dedicar-se à troca ilegal de dinheiro em Fevereiro deste ano. Contudo, recusaram cooperar com a PJ. As autoridades ainda perseguem um suspeito. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, e os membros em causa estão indiciados pela prática de exploração de câmbio ilícito para jogo, sequestro, ofensa simples à integridade física, dano e ameaça.
Turismo | Paul Wong quer aposta no mercado internacional Hoje Macau - 17 Jun 2025 O presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, Paul Wong, considerou necessário realizar mais campanhas de promoção de Macau junto dos grupos de jovens, mulheres da Coreia do Sul e melhorar as ligações aéreas. Estas são tarefas que Paul Wong espera ver concretizadas durante a segunda metade do ano, além de defender a continuidade de outras acções, como a Semana de Macau e os contactos entre empresários. Segundo o jornal do Cidadão, o responsável considerou que os resultados na atracção de turistas internacionais nos primeiros meses deste ano foram bons, principalmente depois de o Governo lançar a promoção para atrair os turistas internacionais que visitam Hong Kong, com a oferta de bilhetes de autocarros dourados e ferries gratuitos. Com base nesta promoção, Wong indicou que o número de turistas sul-coreanos aumentou mais de 30 por cento. Paul Wong espera que o Governo se coordene com o sector de turismo e as companhias aéreas para criar um grupo de promoção de visitantes estrangeiros, de forma a ponderar mais voos directos para o território.